MARANHAY 11 - JANEIRO2024

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MARANHAY “ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE”

REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536

NÚMERO 11 – JANEIRO – 2024 MIGANVILLE – MARANHA-Y


A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor. EXPEDIENTE MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIAS DO MARANHÃO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 82067923 CHANCELA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.


UM PAPO

Atualmente, tenho me dedicado à algumas pesquisas, como o resgate das poesias publicadas nos jornais maranhenses. Até o momento foi feito o resgate de 6.600 obras, publicadas em edições especiais da ALL EM REVISTA; a seguir, procuro identificar esses autores, com a construção de Abecedário de autores, também publicada na ALL EM REVISTA – Edição especial. Além dessa atividade, ainda tenho a editar duas revistas, esta, dedicada às História(s) do Maranhão, e a REVISTA DO LÉO, dedicada ao LAZER: Educação física e esportes no/do Maranhão. Aqui, na MARANHAY, conto com um sem-número de sócios-atletas, colaboradores, que vêm publicando ‘coisas’ do/sobre o Maranhão, de interesse específico. Segue a edição de janeiro 2024...

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ Editor


SUMÁRIO EXPEDIENTE EDITORIAL SUMÁRIO GARCIA DE ABRANCHES E A EXPERIÊNCIA CONSTITUCIONAL MARANHENSE: DEBATES, IMPRESSOS E EXPECTATIVAS DURANTE O VINTISMO WEDERSON DE SOUZA GOMES O BAZAR 1° DE DEZEMBRO RAMSSÉS SILVA DESCOBERTOS 43 ESQUELETOS HUMANOS SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE 10 MIL ANOS E 45 ESQUELETOS É DESCOBERTO EM OBRA NO MARANHÃO

JOSÉ DE ALMEIDA PORTUGAL... UM “FERREIRA DE VERAS”. JOÃO BOSCO GASPAR ÁREA ITAQUI-BACANGA, HÁ 200 ANOS FLAVIOMIRO MENDONÇA CONHECEM A ORIGEM DO APELIDO BITENCOURT?

“A Águia que Pousa OFICINA DOS NOVOS.= REMINISCÊNCIAS NA CIDADE DE VIANA AUREO MENDONÇA

PANORAMA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. PINTURA DE LEONE RIGHINI, 1863. SINHAZINHA CARVALHO DANIEL LEMOS CERQUEIRA SOBRE O SARGENTO-MOR CAETANO FREIRE DO PRADO RAMSSÉS SILVA

PRAIA DO DESTERRO, DESTERRO, 1959 OS ALBUQUERQUE MARANHÃO MARIO SEVERO DE A. MARANHÃO CODÓ: ALGUNS DOS IMORTALIZADOS MARCO SILVA ESCRETE, A SEREIA DO MARANHÃO E OS 40 ANOS DO BLOCO AKOMABU MANOEL DOS SANTOS NETO


Garcia de Abranches e a experiência constitucional maranhense: debates, impressos e expectativas durante o vintismo Wederson de Souza Gomes, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutor em História pela UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil.

Garcia de Abranches e a experiência constitucional maranhense: debates, impressos e expectativas durante o vintismo | SciELO em Perspectiva: Humanas A Revolução Liberal do Porto movimentou o mundo português e modificou a dinâmica daquele vasto império. O artigo A Revolução Liberal vista no Maranhão: o espelho crítico-político de Garcia de Abranches expõe singularidades da experiência constitucional no Maranhão, bem como o papel da imprensa nesse processo. O texto apresenta considerações sobre como os folhetos, as petições e outros escritos foram direcionados aos deputados do Maranhão que tomaram assentos nas Cortes Gerais de Lisboa com o objetivo de que os tribunos defendessem os interesses da província. Questões envolvendo os tributos, críticas à penetração inglesa na praça mercantil de São Luís e o tráfico de escravizados foram alguns dos pontos debatidos nesses impressos. Em meio a esse universo, Marcelo Cherche Galves analisa a produção do jornal Espelho crítico-político da província do Maranhão (1822), de autoria de João Antônio de Garcia Abranches. Cherche explicita que o periódico não foi direcionado ao parlamento e aos parlamentares, contudo revelava a realidade provincial e as expectativas em relação às cortes para superar os entraves enfrentados pelos lavradores. O autor traz uma breve biografia de Garcia Abranches, destacando que ele vivenciou parte do vintismo em Lisboa e retornou ao Maranhão logo que soube das notícias sobre o esgarçamento da união entre os reinos. O autor destaca que não há vestígios da circulação do Espelho em outros periódicos e que sua circulação parece ter se restringido aos amigos próximos.


Imagem: Arquivo Nacional (Biblioteca Digital Luso-Brasileira)

Figura 1. Carta topográfica e administrativa da província do Maranhão, 1850. Coleção Proveniência Desconhecida.

O periódico trazia algumas considerações topográficas e históricas da província com base em referências clássicas e alguns contemporâneos. Abranches não se furtou em denunciar aquilo que enxergava como o


enriquecimento de negociantes grossistas em detrimento dos lavradores. Um ponto defendido por Abranches era o comércio de escravizados, com ampla liberdade e isenção para o exercício da prática. Criticava as cobranças e tributos que incidiam sobre o infame comércio e a ação britânica, com particular ênfase às restrições decorrentes do Congresso de Viena. As preocupações de Abranches estavam ligadas ao desenvolvimento da agricultura e, por consequência, a indispensabilidade da força de trabalho escravizada. O autor também usou as páginas do periódico para denunciar as crueldades da escravidão, timidamente. Em 1922, no centenário da independência, seu neto Dunshee de Abranches tentou resgatar a memória do avô com uma releitura dos acontecimentos. Para isso, intentou dar ênfase aos horrores da escravidão presente em o Espelho para resgatar a memória do avô.

Para ler o artigo, acesse GALVES, M.C. A Revolução liberal vista do Maranhão: O Espelho crítico-político, de Garcia de Abranches. Almanack [online]. 2022, nº 30, ed00522 [viewed 13 September 2022]. http://doi.org/10.1590/2236463330ed00522. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/zhFGhCY7tvJddLYV8CF5hNS/.

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O BAZAR 1° DE DEZEMBRO POR RAMSSÉS SILVA O Bazar 1° de Dezembro era um grande e sortido comércio que existia no Largo do Carmo. Vendia, desde sofisticadas bebidas a miudezas, cigarros, charutos, brinquedos, manteiga, etc. Reunia, em um só lugar, artigos de luxo, importados e grande sortimento de outras mercadorias vendidas a varejo. Ocupava uma quadra inteira com um grande sobrado azulejado. O primeiro registro que encontrei sobre o famoso Bazar foi em 1877, numa propaganda no periódico Publicador Maranhense, referenciando o seu local de funcionamento; Largo do Carmo, n° 1.

O rótulo original do Bazar (de data desconhecida) pertence à coleção de Domingos Perdigão, está exposta e faz parte do acervo do Museu Histórico e Artístico do Maranhão - MHAM. Mostra escravos pelas ruas em sua lida diária, crianças, transeuntes e pessoas das camadas sociais mais abastadas passeando em frente ao comércio. Homens de fraque e cartola. Mulheres com "chapéus de sol" e longos vestidos. Enquanto isso, circula tranquilamente pelo Largo o bonde, ainda puxado à tração animal. A data 1° de Dezembro é muito importante para a comunidade lusitana pois foi a data da Restauração da Independência, em 1640. Vários estabelecimentos comerciais, associações e sociedades de portugueses em solo brasileiro faziam alusão à essa data. Em São Luís, uma das cidades mais portuguesas do Brasil, isso não seria diferente e o Bazar 1° de Dezembro pertencia à sociedade "Sampaio & CIA". Infelizmente, no limiar do séc. XX, quando alargaram a Rua do Egito, o imóvel que abrigava o Bazar foi demolido, dando lugar, nos dias atuais, a dois prédios em estilo moderno; a Caixa Econômica da Praça João Lisboa e o antigo prédio do Banco do Estado do Maranhão - BEM, na Rua do Egito. Pesquisa: Ramssés Silva Fontes: O Publicador Maranhense (1877) A Pacotilha (1881)


Durante escavações no bairro Vicente Fialho, em São Luís, foram descobertos 43 esqueletos humanos. No local, a construtora MRV está erguendo condomínios residenciais do programa federal de habitação Minha Casa Minha Vida. Também foram encontrados cerca de 100 mil fragmentos, entre cerâmicas, materiais líticos (ferramentas de pedra), carvão, ossos e conchas decoradas - peças com valor histórico. O trabalho de pesquisa e escavação arqueológica é realizado pela empresa W Lage Arqueologia e coordenado pelo arqueólogo Wellington Lage. Quarenta e três esqueletos e mais de 100 mil peças arqueológicas são descobertos durante construção de condomínio em São Luís Estudos em curso podem apontar a 'idade' dos fragmentos. Descoberta feita pela equipe do arqueólogo Wellington Lage é mais um indício da extensa ocupação do território brasileiro muito antes de 1.500. Por Isabel Seta, g1 06/01/2024 05h00 Atualizado há 7 minutos



Infográfico mostra esqueletos encontrados durante obra da MRV em São Luís, no Maranhão — Foto: g1 Quarenta e três esqueletos humanos foram encontrados nas escavações de uma obra no bairro Vicente Fialho, em São Luís, onde a construtora MRV está erguendo condomínios residenciais do programa federal de habitação Minha Casa Minha Vida. Além das ossadas, o trabalho de pesquisa e escavação arqueológica, realizado pela empresa W Lage Arqueologia e coordenado pelo arqueólogo Wellington Lage, descobriu um número enorme de peças de valor histórico: são cerca de 100 mil fragmentos, entre cerâmicas, materiais líticos (ferramentas de pedra), carvão, ossos e conchas decoradas. Clique nos links abaixo para navegar pelas seções desta reportagem Novos achados 'a cada dia' Robustos, baixos e fortes O sítio arqueológico e o andamento das obras Para onde vão os esqueletos Análises de laboratório ainda estão em andamento para descobrir com precisão quão antigos são esses materiais e os esqueletos, mas o número de sepultamentos e a quantidade de peças encontradas apontam para um sítio arqueológico que pode vir a ter um valor ímpar para o estudo do passado brasileiro. "Além da importância implícita desses materiais, as datações [preliminares] realizadas oferecem novos panoramas inéditos para a arqueologia do Maranhão e, consequentemente, do Brasil", afirmou o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ao g1. "Os achados arqueológicos contribuem, ainda, para a escrita de uma história indígena de longa duração." Vários esqueletos foram localizados embaixo de um sambaqui (espécie de morro de conchas e sedimentos construído na beira de rios e no litoral por populações que habitaram o Brasil há milhares de anos) e podem pertencer, pelo que indicam análises preliminares, a homens e mulheres fortes e de baixa estatura que foram cuidadosamente enterrados (leia mais sobre eles abaixo). Em uma das sepulturas, foi encontrado um vaso de cerâmica que possivelmente é do tipo Mina, um tipo de produção que data de cerca de 5 mil a 7 mil anos atrás e é encontrado em outras áreas do Norte do Brasil – a tradição ceramista dos povos amazônicos remonta a 8 mil anos. Não é a primeira vez que sítios arqueológicos são descobertos durante obras de engenharia em São Luís, que, segundo pesquisas, é ocupada há mais de 7 mil anos. Um outro sambaqui, o Vinhais Velho, foi encontrado durante a construção da Via Expressa, uma rodovia, e guardava registros de povos pescadores e coletores de marisco que viveram na região há cerca de 3 mil anos. A nova descoberta foi feita a poucos quilômetros dali e, após a retirada dos itens de interesse arqueológico, o terreno – localizado num bairro de classe média a pouco menos de 5 km da avenida litorânea – irá abrigar 4 condomínios que, pelo fato de São Luís ser uma ilha, foram batizados com nomes caribenhos (Aruba, Havana, San Andrés e San Martin). Novos achados 'a cada dia'


Terceiro esqueleto encontrado durante pesquisa arqueológica em área em que será construído um condomínio pela MRV, em São Luís. — Foto: Reprodução de W Lage Arqueologia O trabalho de pesquisa e escavação arqueológica, realizado pela empresa W Lage Arqueologia, começou ainda em 2019 e segue em andamento. Procurado, o arqueólogo coordenador do trabalho, Wellington Lage, disse que prefere não dar mais informações enquanto o material está em análise - e em descoberta. Um relatório parcial da W Lage de novembro de 2023 diz que "novos achados estão sendo evidenciados a cada dia". Os resultados das análises - que indicarão, por exemplo, a datação dos esqueletos e dos fragmentos devem levar meses para sair, dado o volume de material e o fato de que alguns exames estão sendo feitas fora do Brasil. A análise mais aprofundada do conjunto de artefatos e esqueletos pode vir a revelar, ainda, mais informações sobre os grupos que habitaram São Luís e quais eram suas práticas funerárias. A MRV, dona do empreendimento, diz que "vivenciar estas descobertas foi incrível ainda mais porque pudemos e poderemos contribuir para que mais pessoas tenham a oportunidade de estudar e conhecer esta riqueza arqueológica de valor inestimável". A construtora afirma ter fornecido, desde o início, materiais e colaboradores para o trabalho arqueológico e que buscou atender todas as exigências legais. Por determinação do Iphan, a empresa está construindo um centro na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) para guarda dos itens. A legislação brasileira não impede a construção de empreendimentos imobiliários em locais de interesse arqueológico, desde que seguido o licenciamento ambiental, o que foi feito. Em casos de interesse arqueológico, o Iphan é incluído no processo. A respeito dos sambaquis, a lei que trata dos monumentos arqueológicos e pré-históricos diz apenas que eles terão "precedência para o estudo" e que não pode haver aproveitamento econômico nem destruição das estruturas antes da devida pesquisa. Não há, na legislação, regulamentação específica para o trabalho com remanescentes humanos. Robustos, baixos e fortes


Décimo quinto esqueleto encontrado em escavação. Pela análise inicial, se tratava de uma mulher de cerca de 1,46 metro de altura. — Foto: Reprodução de Ana Luzia Freitas/W Lage Arqueologia Os dois primeiros esqueletos na área das obras foram descobertos em 2020. Ambos estavam calcados em fragmentos cerâmicos em meio a camadas de concha do sambaqui. Um deles foi sepultado junto a um vaso de cerâmica possivelmente do tipo Mina (ainda são necessárias pesquisas para se ter certeza), nome dado a uma produção que data de cerca de 3 mil a 5 mil anos antes de Cristo e já foi encontrada em outros sambaquis de São Luís e do Norte do país, como no município de Quatipuru (PA), a cerca de 350 km (em linha reta) da capital maranhense. Datações preliminares de sedimentos próximos aos esqueletos apontam para uma ampla faixa de antiguidade entre cerca de 9 mil e 1 mil anos atrás. A faixa condiz com pesquisas do arqueólogo Arkley Bandeira, da UFMA, que mostram que São Luís começou a ser ocupada há mais de 7 mil anos, e que os povos associados à cerâmica Mina apareceram por volta de 5,8 mil anos antes de Cristo. Coincidentemente, dois dos sambaquis estudados por Bandeira também foram descobertos "acidentalmente em obras de engenharia" e já estavam impactados pelas construções em andamento. "Os sítios Vinhais Velho e Maiobinha I não mais existem. O que permaneceu para as futuras gerações foram a cultura material resgatada, a documentação produzida nas atividades de campo e a interpretação dos dados coletados", escreveu ele em sua tese de doutorado. Nas escavações do empreendimento da MRV, foram encontrados mais 41 esqueletos ao longo deste ano. Observações iniciais apontam para homens e mulheres adultos de baixa estatura: um deles tinha cerca de 1,51 metro de altura; outro, possivelmente uma mulher, 1,46 metro. Pelo menos um deles, o esqueleto do indivíduo 19, foi enterrado com um enfeite. Segundo uma análise inicial, trata-se de um adorno feito de concha, encontrado na região pélvica. Não foi possível precisar o sexo biológico, mas a observação inicial aponta para um adulto de cerca de 1,47 metro.


“Do que pude analisar, aparecem pessoas de diferentes faixas etárias, bastante robustas e de estatura baixa. Pelo tipo de marca que os músculos deixaram nos ossos, eram pessoas acostumadas a muito esforço físico, muita caminhada, muita remada, eram fortes”, diz a arqueóloga Claudia Cunha, que trabalhou como consultora de bioarqueologia no local entre fevereiro e outubro deste ano. A bioarqueologia estuda remanescentes biológicos humanos, como ossos e dentes. Em campo, bioarqueólogos também buscam garantir os direitos dos esqueletos encontrados -- "porque são pessoas, não coisas", lembra Cunha. Na avaliação dela, a legislação nacional é hoje insuficiente para orientar o trabalho com remanescentes humanos -- e garantir a proteção deles. Ainda são necessários mais estudos para saber detalhes sobre as pessoas que ali viveram e a cultura que tinham, como o tipo de trabalho que realizavam, do que se alimentavam, que doenças tiveram em vida, como eram seus ritos funerários, quais eram suas idades ao morrer, além de possíveis causas das mortes. Também ainda não se sabe se o local era um cemitério sobre o qual foi, posteriormente, construído um sambaqui, ou se os corpos foram enterrados no sambaqui, segundo análise feita por Claudia Cunha e Ana Luiza Freitas, respectivamente professora e mestranda na Universidade Federal do Piauí, a pedido da W Lage. O sítio arqueológico e o andamento das obras Achados arqueológicos em área de construção de condomínio em São Luís

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Pesquisa arqueológica determinada pelo Iphan em terreno que a MRV está construindo condomínios residenciais encontrou dezenas de esqueletos humanos milenares, além de mais de 60 mil peças, entre cerâmicas, ossos e pedras polidas. O potencial arqueológico da área em que o condomínio da MRV está sendo construído é conhecido desde os anos 1980. À época, os pesquisadores Olir Correia Lima Aroso e Olavo Correia Lima encontraram um conjunto de urnas funerárias que indicavam que o local poderia ser um "sítio de enterramento” -- hipótese que, agora, pode vir a ser confirmada. Em 2019, a MRV iniciou o processo de licenciamento ambiental junto ao Iphan para poder tocar a obra. A empreiteira até tentou, em um primeiro momento, que o órgão dispensasse o investimento em pesquisa arqueológica - sem sucesso. Mais recentemente, em fevereiro deste ano, o relatório de uma visita técnica do Iphan ao local apontou que "os responsáveis da obra reclamaram da morosidade em liberar os espaços onde estão sendo feitas as pesquisas arqueológicas". Na ocasião, as peritas registraram terem explicado a importância do sítio arqueológico. “A necessidade de adoção dessas medidas no contexto de um licenciamento ambiental impõe um ritmo específico à execução do empreendimento, de modo que não há como comparar o ritmo de obras em um local com a presença de sítio arqueológico em relação a uma obra em um terreno onde não exista a presença desses bens”, informou o órgão ao g1. Questionada, a MRV diz que buscou atender todas as exigências legais desde o início, e que o diálogo entre todos os envolvidos - o que inclui o Iphan - ''sempre foi pautado nas soluções técnicas do trabalho e nas tratativas referentes ao andamento da execução do empreendimento, que seguiu paralelo nas áreas previamente liberadas pela arqueologia". Em 2021, a construtora dividiu o terreno em quatro condomínios de quatro prédios cada um: Ilha de Aruba (praticamente pronto), Ilha de San Martin (previsto para 2025), Ilha de San Andrés (em fase preliminar da obra) e Ilha de Havana (segundo a MRV, quase metade da obra já está pronta). A maioria dos esqueletos foi encontrada na área onde será erguida a terceira torre do condomínio Ilha de Havana, que já teve dois dos quatro prédios construídos. No último mês de novembro, o trecho foi colocado à disposição da MRV, após a retirada dos esqueletos. Alguns deles foram removidos em blocos para posterior escavação e exumação. Em dezembro, as pesquisas continuaram sendo feitas na área onde será o condomínio Ilha de San Andrés. Após a descoberta, pela W Lage, de muitas peças de cerâmica e indícios da existência de um sambaqui (não se sabe se o mesmo de outras áreas do terreno, ou se é um novo), a licença de operação desse empreendimento foi suspensa pelo Iphan. Até o início do mês passado, o Iphan aguardava a apresentação de um relatório sobre o trabalho arqueológico feito nesta parte do terreno para se manifestar sobre a possibilidade de liberação de novas áreas para as obras do San Andrés.


Esqueletos e objetos vão ficar na UFMA

Foto aérea mostra construção dos condomínios da MRV. Pesquisa arqueológica na área, determinada pelo Iphan e realizada pela W Lage Arqueologia, encontrou esqueletos e 100 mil peças de valor arqueológico. — Foto: Paulo Soares Todos os achados arqueológicos, incluindo os esqueletos, serão alocados em um espaço que a MRV vai construir, a partir deste ano, na UFMA. Enquanto o espaço não fica pronto, alguns esqueletos foram abrigados provisoriamente em containers instalados pela empreiteira no campus da universidade. A construtora diz que vai investir R$ 1 milhão na preservação dos achados, incluindo os custos dos serviços de arqueologia e da construção do Centro de Curadoria e Guarda, como será chamado o local. “A MRV buscou ainda, fornecer toda a estrutura necessária para preservar a integridade dos achados, isolando áreas, fornecendo salas climatizadas, produzindo caixotes sob medida para os achados mais sensíveis, dentre outras ações no trato diário das atividades”, diz a empresa.


SÍTIO ARQUEOLÓGICO DE 10 MIL ANOS E 45 ESQUELETOS É DESCOBERTO EM OBRA NO MARANHÃO Empresa MRV, responsável pela obra, encontrou além dos esqueletos, mais de 100 mil peças arqueológicas de aproximadamente 10 mil anos. Um sítio arqueológico, que também é um cemitério indígena com 45 esqueletos e possibilidade de ter até 10 mil anos, foi descoberto durante a construção de um condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida, em São Luís, Maranhão. A Descoberta Arqueológica no Maranhã e o Resgate dos Esqueletos A descoberta ocorreu durante prospecções iniciadas em 2019, na Chácara Rosane, no bairro Vicente Fialho. Os artefatos resgatados incluem cerâmicas, ferramentas de pedra e conchas. A avaliação arqueológica, sob o comando do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), revelou fragmentos que vão desde as antigas cerâmicas do tipo Mina até o período de contato com os europeus. “Existem peças de diferentes períodos, indicando quatro ocupações distintas”, afirma o arqueólogo Wellington Lage, responsável pelo resgate. Teoria de Ocupação Pré-Sambaquieira Os pesquisadores sugerem a possibilidade de existência de um sítio pré-sambaquieiro, tendo em vista a disposição dos esqueletos abaixo das camadas de conchas, conhecidas como sambaquis. As datações preliminares apontam para idades entre 7.120 a 10.465 anos. Essa descoberta poderá contribuir significativamente para o conhecimento da pré-história brasileira. O Iphan ainda deve emitir um comunicado oficial sobre os achados arqueológicos. Construção da Obra Continua Apesar dos importantes achados, a construção do empreendimento imobiliário da MRV seguirá normalmente, respeitando o cronograma de retirada dos itens arqueológicos. Para preservar e estudar o novo acervo, a MRV está construindo um centro de curadoria na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O Iphan acompanha de perto todo o processo e deve fornecer em breve mais informações sobre o cemitério indígena descoberto. Este é certamente um avanço significativo na compreensão da história indígena do Brasil e pode lançar novas luzes sobre como essas antigas civilizações viviam e morriam há milhares de anos. Este é um exemplo perfeito de como o avanço da modernidade pode revelar preciosos segredos do passado. Cada descoberta arqueológica desta natureza é um passo adiante na compreensão dos nossos antepassados e é crucial que essas descobertas sejam preservadas e estudadas.


JOSÉ DE ALMEIDA PORTUGAL... UM “FERREIRA DE VERAS”. JOÃO BOSCO GASPAR Encontra-se na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, das Frecheiras da Lama (Cocal-PI), uma lápide da segunda metade do século XIX, com os seguintes dizeres: “Aqui jaz o alferes José d’Almeida Portugal, que nasceo em 1830 e falleceo em 23 d’agosto de 1872, deixando sua mulher D. Anna Maria Joaquina Fortes e seu único filho Antônio Fortes d’Almeida Portugal”. Pois bem... o alferes José de Almeida Portugal, nasceu nas Frecheiras da Lama (termo da vila da Parnaíba) no ano de 1830, filho de Antônio de Almeida Portugal e de dona Sebastiana Maria do Rosário [Ferreira de Veras] de Almeida Portugal. Antônio de Almeida Portugal (pai de José) era natural da villa de Viçosa da Tutóia-MA, e chegou nas Frecheiras no ano de 1827. Dona Sebastiana Maria do Rosário (mãe de José), era filha de José Alves Ferreira de Veras e de Domingas Maria de Veras, portanto, irmã do líder balaio Domingos Ferreira de Veras (o novo). Os construtores da Igreja do Rosário das Frecheiras da Lama (edificada a partir do ano de 1781), o mestre de campo Diogo Alves Ferreira (português radicado no Ceará-Grande) e sua esposa, dona Francisca Thomazia Ferreira de Veras (cearense da Granja), eram, portanto, avós de dona Sebastiana Maria do Rosário. O alferes José de Almeida Portugal foi casado com dona Anna Maria Joaquina Fortes [de Sá Menezes], natural da freguesia de Piracuruca, onde nasceu no ano de 1834, sendo filha de Antônio de Souza Fortes Bustamante de Sá Menezes e de Henriqueta Rosa Castello Branco.



ÁREA ITAQUI-BACANGA, HÁ 200 ANOS FLAVIOMIRO MENDONÇA Existem diferentes formas de representar o espaço geográfico. Uma alternativa é por meio de um mapa, pois é uma representação dos elementos que compõem determinado lugar, com uma série de informações que nos ajuda a compreender melhor o mundo em que vivemos. Um mapa histórico nos faz viajar no tempo, como esse que vos apresentamos, o MAPA DE SÃO LUIZ DO MARANHÃO, de 1820, levantado por Antônio Bernardino Pereira do Lago, coronel do Real Corpo de Engenheiros, feito apenas dois anos antes da Independência do Brasil. Fizemos um recorte da área que seria hoje o Itaqui-Bacanga, na tentativa de fazer uma releitura mais próxima possível da realidade do espaço geográfico do século vigente. Levamos em consideração que alguns lugares citados ainda perduram os mesmos nomes de dois séculos atrás. Quatro ilhas são representadas no mapa: a Ilha do Medo (em frente a Praia do Amor), a Ilha das Pombas (a ilhota acoplada a ilha citada anteriormente), as Ilhas Duas Irmãs e a Ilha Carapirá (aquela ilhota em frente ao Porto do Itaqui), todas elas na área do temido Canal do Boqueirão. Quanto às pontas, somente duas são citadas: a do Itaqui (hoje porto) e da do Aguiar (entre a Praia do Amor e o Terminal Hidroviário). Uma das pontas não citadas é a da Guia, somente o nome Nossa Senhora da Guia, referência à Ermida de Nossa Senhora da Guia (protetora dos navegantes), que atualmente encontra-se em ruinas, datada de 1616, uma das primeiras construções religiosas do Maranhão. Bonfim, também é outra ponta não citada como tal, que era uma propriedade dos carmelitas. Aliás, esses frades já foram proprietários de boa parte da área Itaqui-Bacanga, incluindo o sítio Tapicuraíba, onde está assentado o bairro do Anjo da Guarda. Outro sítio citado é o Tamancão, de conhecimento da maioria da população, que funcionou como fábrica de beneficiamento de arroz, com moinho de maré. Também, destaca-se o Sá Viana, que possuía outra soque de arroz, com seu moinho de vento. Dois lugares com a mesma denominação chama-nos muita atenção: Salgado. Será que eram salinas? Precisamos aprofundar-nos no assunto! É só uma especulação!


Quanto aos igarapés (palavra de origem tupi, cujo significado é caminho de canoa), são citados o Itapicuraíba e o do Gapara. Às margens deste último, aponta para a existência de uma olaria, que em épocas distintas foi um Sambaqui e, posteriormente, uma aldeia tupinambá. Próximo ao Itaqui, percebemos um lugar chamado Tira-pedra, possivelmente uma pedreira. Encontramos uma referência muito curiosa, as Terras do Coronel Isidoro, primeiro marido da Ana Jansen, onde estão assentados a Vila São Luís, Mauro Fecury II, São Raimundo, Vila Ariri e parte do Alto da Esperança. Por fim, há apontamentos sobre antigos caminhos por terra que interligavam várias localidades, além daquelas feitas pelos igarapés e por via marítima. A exemplo, podemos citar o trecho ligando o Sitio Tapicuraíba até as Terras do Coronel Isidoro, possivelmente, caminho que deu origem à Avenida Mocambique, a principal do Anjo da Guarda. Por Flaviomiro Silva Mendonça – Historiador da ALEART (ACADEMIA DE LETRAS, CIÊNCIAS, ARTES E SABERES CULTURAIS DA ÁREA ITAQUI-BACANGA).


CONHECEM A ORIGEM DO APELIDO BITENCOURT?

O apelido ou sobrenome Bittencourt é nome de família de origem toponímico. O solar da família e o lugar de Bethancourt, na Picardia (França), do qual se diz que tiveram o senhorio. Tanto no país de origem como em Portugal, tiveram sempre nobreza e neste se aliaram com as mais distintas famílias. Béthencourt-sur-Mer é uma comuna francesa situada no departamento de Somme e na região de Hauts-de-France . O patriarca da família "Jean de Bettencourt (Héricourt-en-Caux, Grainville-la-Teinturière, Ducado da Normandia, 1362 - † 1425), também conhecido por Jean de Béthencourt, Jean de Ventancorto ou João de Bentancour, foi um fidalgo normando e iniciador da conquista cristã das Canárias. Em conjunto com Gadifer de la Salle organizou em 1402 uma expedição destinada à conquista das ilhas e submissão das populações guanche. Tendo sucesso parcial na conquista, passou a usar o título de Rei das Canárias." ( Wikipédia) "Os Bettencourt, sobrenome também grafado por vezes como Bitencourt, bithencourt ou Bittencourt, são originários da Normandia, onde foram Senhores de Béthencourt e Granville. Fixaram-se primeiro nas ilhas Canárias em 1402 nas pessoas de Henrique e Maciot de Bettencourt, sobrinhos de Jean de Bettencourt, que recebera o senhorio das ilhas e que se chegou a intitular rei das Canárias. Das ilhas Canárias passaram à ilha da Madeira e desta para os Açores, na pessoa de Francisco de Bettencourt que faleceu em Angra em 1592, deixando como herdeiro o filho primogénito João de Bettencourt de Vasconcelos, tristemente celebrizado pela adesão que teve à causa de Filipe II de Espanha. Esta adesão valeu-lhe ter sido degolado na Praça Velha da cidade de Angra do Heroísmo, a mando da justiça do Prior do Crato."


( Wikipédia) Bitencourt: Significa "aqueles provenientes do pátio de uma fazenda". Os nomes cujo final acabavam em Court com um nome germânico em seu inicio, devem sua origem a fazendas cujos donos eram alemães, como Beet em alemão significa Acelga ou beterraba, concluísse que o sobrenome se refira a um agricultor destas hortaliças, foram registradas as variantes: Betencor, Betancor, Batancor e Bethencourt. Os Bitencourt, nas suas diferentes grafias, são franceses de origem. Vieram para os Açores através da Ilha da Madeira e posteriormente para o Brasil e Portugal Continental. Os historiadores são praticamente unânimes em afirmar que todos nós que tivemos ancestrais com o apelido Bitencourt são descendentes de Jean de Béthencourt. Grande parte das pessoas com antepassados açorianos possuem algum Bitencourt na sua árvore genealógica. No meu caso, através da minha trisavó picarota , Luísa Joaquina de Jesus. Embora tenha nascido na freguesia de Santa Luzia, o seu pai , José de Sousa Pinheiro era natural de São Mateus. José passou a viver em Santa Luzia após casar com Laureana Rosa da Conceição. Portanto, os Pinheiro de Santa Luzia possuem origem em São Mateus. Através do meu tetravô José de Sousa Pinheiro descendo dos Goulart e dos Bitencourt. José de Sousa Pinheiro era filho legítimo de Manuel de Sousa Pinheiro ( 1747/1823) e Rita Maria Bitencourt. Rita Bitencourt era de São Mateus, um dos nove filhos de Manuel Rodrigues Rosa e Luísa de Bitencourt, nascida em São Mateus, no dia 12 de Janeiro de 1690. Luísa de Bitencourt era filha legítima dos meus sétimo-avós Pedro de Bettencourt ,falecido em São Mateus no dia 5 de Julho de 1719 e Maria Goulart que morreu em São Mateus no dia 5 de Janeiro de 1721.


“A Águia que Pousa” foi um monumento instalado nas imediações da Capitania dos Portos do Maranhão (no trecho da antiga Rampa de Palácio, que ligava o Cais da Sagração ao Palácio do Governo do Maranhão) e que homenageava o aviador Euclides Pinto Martins (1892-1924), nascido em Camocim, no Ceará. Ele era um dos pilotos do hidroavião Sampaio Corrêa, que pousou no estuário do rio Anil por ocasião das comemorações do centenário da Independência. Na ocasião, era o pioneiro na rota Nova Iorque Rio de Janeiro. Posteriormente o monumento foi demolido, tendo o pedestal sido arrasado e a águia tem paradeiro desconhecido e atualmente é procurada pelas instituições de proteção do patrimônio cultural de São Luís.


SÃO LUIS MEMÓRIA. OFICINA DOS NOVOS.=1900 Um registro da Oficina dos Novos, instituição fundada a 28 de julho de 1900. A maioria dos seus membros fundaria, em 10.08.1908, a Academia Maranhense de Letras. (Sentados da esquerda pra direita: José Luso Torres – Antônio Lobo – Fran Paxeco – Sebastião Sampaio. Em pé da direita para esquerda: Jerônimo José Viveiros – Raul Astolfo Marques – Luís Carvalho – Alfredo de Assis Castro – Edgar Almeida – Raimundo Correia de Araújo – Raul Soares Pereira). Registro dos membros da Oficina dos Novos, instituição fundada a 28 de julho de 1900. Fonte: Imagem extraída da Dissertação de Mestrado de Matheus Gato: NEGRO, PORÉM REPUBLICANO: Investigações sobre a Trajetória Intelectual de Raul Astolfo Marques (1876-1918). São Paulo: USP, 2010.


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REMINISCÊNCIAS NA CIDADE DE VIANA.(*) AUREO MENDONÇA O dia das crianças nos remete as reminiscências nos bons tempos na querida cidade de Viana na baixada maranhense, minha terra natal. Quem nasceu nas décadas de 1960/1970 sabe o que era brincar, tudo era muito simples e se transformava em brinquedos, graças à criatividade, a diversão era garantida para as crianças nesse período. Latinhas de óleo, de leite de sardinha eram transformadas em brinquedos e as brincadeiras aconteciam. Minha infância e adolescência na cidade de Viana nas décadas de 1960/1970 época em que a cidade ia da praça da matriz passando pela Barreirinha até o Caminho Grande, tempo onde se conhecia todos os moradores da pacata cidade. Lembranças que deixaram saudades na geração dessa época que era maravilhoso brincar com amigos de infância nas ruas estreitas e nas Praças da Prefeitura e da Praça da Matriz. Recordo-me de alguns amigos de infância como Cândido filho de Sebastiao que foi gerente dos Correios, que depois que saiu de Viana nunca mais o vi, seu Beto (Betinho Gouveia), Stenio de Luís de Oiama, César Lopes (Cheleleu), Antônio Filho, Silvio Nogueira (Sipitilha), Benedito de Joaquim Gomes, Neto de Carim, Cleinaldo Bil, Jacinto de João Carbureto e tantos outros. Das peladas no final da tarde na lateral da casa de Quincas Campelo e dona Juraci com o amigo de infância Augusto Campelo também me lembro dos jogos no campinho no quintal da casa de Arnaldo Lindoso com outro amigo de infância Zé Ângelo e demais colegas. Dos jogos no campinho na Praça da Prefeitura em frente a casa do comerciante Raimundo Cutrim. Lembro-me de quase todas os colegas de escola, não vou citar porque posso deixar de citar alguns. Das peladas na quadra do Grêmio no inverno e no campo no período de estiagem. Sempre costumava no período do inverno ir às tardes para a Praça Duque de Caxias para observar as lanhas que chegavam de São Luís, Marisol, Ribamar entre outras. E no verão no local onde as lanhas atracavam se transformava em um parque de vaquejada que ficava localizado às margens do Rio Maracu no local denominado praia, o parque era nos fundos da casa de Zé Silva e dona Mariana Gomes onde tinha o curral de gados. Recordo-me das aventuras nas subidas pelos fundos das ruinas do Sobrado Amarelo já abandonado ao lado da casa de Raimundo Parma, onde se observava uma bela vista do majestoso lago de Viana. Das noites enluaradas onde se ficava nas calçadas e nas portas das casas batendo papo e não havia violência urbana, período que a energia na cidade era gerada a motor e funcionava a óleo diesel a usina ficava no cruzamento da Rua Coronel Campelo com a Rua Professora Amélia Carvalho, ao lado da casa do Sr. Benedito Lima, a usina funcionava das 18h00 às 22h00 e, cerca de 10 minutos antes de desligarem a luz era dado o sinal e as pessoas que estavam na rua iam rápido para suas casas. Após esse período a cidade ficava na escuridão, quando quebrava algumas peças do motor e às vezes faltava óleo diesel a cidade voltava à escuridão até que fossem sanados os problemas. Os jogos das copas do mundo se ouviam pelos rádios e nem todos possuíam rádios na cidade. Anos depois a cidade passou a ter energia elétrica da usina de Boa Esperança, recordo-me do senhor Enésio Vieira o Piúta que morreu eletrocutado. Época que Dr. José Gomes e Zezizo Costa eram os únicos que possuíam televisão em Viana e com imagem cheias de chuviscos, somente depois que foi colocado uma TV no teleposto no centro da Praça da Prefeitura onde a população podia assistir os programas, somente a copa de 1978 foi que assistir pela primeira vez na TV na época ainda em preto e branco. Das visitas a fazenda Ponta próximo ao Igarapé do Engenho de propriedade de Milton Mendonça e dona Cely e mais a lateral esquerda de quem vai pelos campos no sentido Viana/Igarapé do Engenho ficava outra fazenda de Zé Chuva e dona Dadá a qual também frequentava com minha avó Olivia Mendonça. Das visitas ao Caminho Grande no sitio de Zé Cubana e da família Pinheiro, em frente ao Poço do Pará, um local bem bonito onde nos fundos do sitio tinha um poço de agua potável e cristalina para se chegar ao sítio se passava entre duas grandes barreiras, conhecida como barreira funda.


Dos filmes nos cinemas como o cine glória próximos ao Canto do Galo, ou nos cinemas improvisados como no Cinelândia clube, os circos meridianos e outros que no período do inverno se instalavam na Praça da Matriz e no verão ficavam no areal. Das padarias de Chico Padeiro e Zé Lopes, do Bar de Dico de Estefânia, do Café Pinheiro torrado no sobrado amarelo, de João Curuba, de Daniel Franco com sua bela voz, do Benedito Garça e o seu banjo. Alguns personagens marcaram essa época, João da Cruz, Quarenta e três, Seu Raimundo que trabalhava no balcão elétrico de João Lino, Os filhos de Carino o trio Amador, Dudi e Jori, da senhora Isabel tem ovo, do João de Ozimo, Neli Côfo entre outros. Haviam personagens que na época de criança tínhamos muito medo como André bumbum, pombo roxo (Moraes) e Coureiro. Dos festejos juninos que eram realizados na Praça da Matriz e gostava de vê as pessoas confeccionar as barracas de palha. No antigo areal, atual Parque Dilú Melo, no verão era uma atração sendo o local de diversão nessa época onde poderíamos degustar melancias e apreciar os ranchos onde os pescadores colocavam traíras para secar além do lago e suas belezas naturais, de onde se avistava o outeiro do Mocoroca na ilha do mesmo nome e a ilha de Sacoã. Época que na praia chegavam as canoas cheias de peixes ainda vivos pulando dentro, também se adquiria melancias e milho verde. No local dona Faustina Careca vendia o famoso Arroz de toucinho e outras iguarias e sua irmã Marina Careca vendia um delicioso mingau de milho. Das compras de carne bovina no mercado municipal no amanhecer do dia com os açougueiros Luís Aragão, Benedito Cambute e Bacholi. Dos antigos carnavais nos clubes Grêmio, Alvorada, Cinelândia e Jaguarema. Do estádio da Conceição que era cercado com bambu e palhas as margens do lago e dos jogos dos torneios intermunicipal de futebol da rivalidade entre as seleções de Viana, Penalva e Matinha. Das apresentações do bum-meu-boi Flor do Ano na casa de Josias Carreiro. Dos primeiros professores Didi Magalhães, Paulo Carteiro, Vilma Reis. Outra lembrança eram as enfermeiras Mae Santinha e Luzia Carteiro que sempre que precisávamos ia acompanhado da minha mãe, para fazer alguns curativos devido às peraltices de infância. Conheci também alguns vianenses ilustres como Ozimo de Carvalho, Bonifácio Serra, Anica Ramos, Feliciano Gonçalves, Chico Travassos, Lino Lopes, Padre Eider e tantos outros que marcaram a minha infância. Recordo-me no inicio dos anos 1980 quando fiz uma viagem para São Luís e nessa ocasião ainda era a empresa Florêncio que fazia a linha Viana/São Luís, embarquei no pau-de-arara na agência na Praça da Matriz que funcionava no casarão colonial onde nasceu Dilu Melo, na época pertencente à família Coelho onde hoje é o hotel vianense e ao chegarmos à cachoeira após a travessia em canoa, na época também se usava o pontão de ferro uma espécie de balsa puxada à corda e no outro lado da margem do rio Pindaré estava o ônibus à espera para prosseguir a viagem e depois desse período a empresa Continental passou a fazer esse trajeto cachoeira/São Luís, até a construção das pontes do igarapé do engenho e das demais pontes incluindo a ponte sobre o Rio Pindaré na Cachoeira e a inauguração da MA 014. Período que não existiam cirurgiões dentistas na cidade, conheci ainda menino João de Pudica, que teve uma dimensão social para a cidade de Viana, deixou um legado na história e marcou época, foi dentista prático sem diploma e seus relevantes serviços aliviou a dor de muitos vianenses, pois a qualquer hora do dia ou da noite socorria quem o procurava, conquistou o respeito da sociedade vianense e entrou para a história da odontologia em Viana. Recordo-me no início da década de 1980 numa madrugada fui até a sua casa acompanhado da minha mãe, com uma dor de dente e nessa época se fazia extração e nos atendeu prontamente e sair de lá com um alívio. João de pudica contribuiu com sua profissão para a cidade de Viana e merece o reconhecimento “in memoriam” pelo gesto de servir aos vianenses. Das quitandas de Senhor Penha, João Penha (lanchonete), Chico Frango, Feliciano Gonçalves, Zé Gonçalves, Raimundo Xandico, Betrone, João trindade, João Rodrigues e outras onde se comprava de tudo, e onde as pessoas faziam a compra de mantimentos para as suas residências, se comprava óleo a varejo em pequenas quantidades e levava um copo de vidro para ser colocado o óleo, os produtos eram embalados no papel de embrulho muito comum nesse período, especialmente a barra de sabão comprada em unidade. Outro produto de bastante comercialização era o querosene que era usado nas lamparinas fabricadas pelo senhor Pires, as mesmas eram a luz utilizada nas residências. Lembro que na nossa casa havia uma geladeira


movida a querosene. Dos picolés de João Penha, Aquiles, João Lino e Edinho Cutrim. Enfim uma época maravilhosa que permanece para sempre na memória. (*) Áureo Mendonça é pesquisador, escritor e membro fundador do IHGV.


PANORAMA DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO. PINTURA DE LEONE RIGHINI, 1863.



SINHAZINHA CARVALHO

Daniel Lemos Cerqueira

Biografia Sinhazinha Carvalho foi uma reconhecida professora de piano atuante em São Luís na primeira metade do século XX. Manteve de cerca de 1917 até 1955 o Instituto Musical São José de Ribamar, que funcionava em sua residência à rua dos Afogados, n.º 130, no centro de São Luís. Além de aulas, a pianista organizava saraus nesse palacete. Colaboraram com as atividades didáticas deste instituto os músicos Pedro Gromwell dos Reis e Marcellino Antonio da Silva Maya. Bibliografia CERQUEIRA, D. L. Audio-Arte: memórias de um blog musical. Rio de Janeiro: Edição do autor, 2017. CERQUEIRA, D. L. O Piano no Maranhão: uma pesquisa artística. Tese (Doutorado em Música) – PPGM, UNIRIO, Rio de Janeiro, 2019. Daniel Lemos Cerqueira, “Sinhazinha Carvalho,” APEM - Acervo Digital, acesso em 17 de janeiro de 2024, http://apem.cultura.ma.gov.br/acervo/items/show/252+


SOBRE O SARGENTO-MOR CAETANO FREIRE DO PRADO RAMSSÉS SILVA A historiografia cearense está devendo um estudo aprofundado sobre esta figura importante. Trata-se do sargento-mor Caetano Freire do Prado, paraibano radicado no Ceará ainda no séc. XVIII. Encontra-se em Aquiraz em 1730 já casado com a também paraibana Izabel Álvares Martins. Envolve-se diretamente com a transferência da capital do Siará Grande de Aquiraz para Fortaleza, assinando uma das atas da Câmara de Aquiraz. Aparece, em seguida, em Russas-CE, com filhos ligados ao processo de emancipação da Vila e sua descendência logo se espalha por Quixeramobim, Baturité, Guaramiranga, Crateús, Independência, etc. O clã Freire do Prado deu origem a outros clãs cearenses como os Caracas, os Linhares do Prado, os Távora... Entre seus milhares de parentes, consta José Alves Linhares, 15° presidente do Brasil, pentaneto de Caetano Freire do Prado. Há também cangaceiros célebres como Manoel da Rocha Oliveira, meu pentavô materno, filho de Antônio da Rocha Oliveira e Agostinha Freire do Prado, provável neta do sargento-mor. Outro ilustre parente é o Coronel Francisco Epiphânio Rodrigues de Almeida, fazendeiro em Independência no início do séc. XX, primo da minha bisavó. Outros parentes deste pioneiro são Abner Rodrigues Chaves Junior , Breitner Chaves , Elanisia Temoteo , Orlando Figueiredo Nascimento , Paula Soares Bezerra , Vania Mendes , Ana Sonia Maia , Ademárcia Temoteo Rosa Ivoneide Chaves , Izabel Leite Galrito Rocildo Vieira Caracas e outros milhares, espalhados pelo Brasil e pelo mundo... Texto: Ramssés Silva Imagem: ilustração de um Sargento-Mor


PRAIA DO DESTERRO, DESTERRO, 1959

Imagem que mostra aspectos do cais da antiga Praia do Desterro, onde funcionava um porto e era também ponto de chegada e partida de embarcações de pequeno e médio porte, seja embarcações a vela ou a motor. No lado esquerdo da imagem, podemos ver alguns casarios que ainda existem só que com arquitetura diferente, mas essas casas foram testemunhas das mudanças que a área começou a ter a partir da década de 1970 com os aterros, construção de avenidas que afastaram mais as embarcações da área onde fica atualmente a Praça do Pescador e a Avenida Vitorino Freire. Pra quem tem dúvida, essa foto foi tirada no perímetro do Desterro, descendo a escadaria da igreja, perto da avenida, na área onde tem os casarios que são mostrados no lado esquerdo da foto antiga, que atualmente são torneadoras e peixarias que vendem peixes, crustáceos e mariscos. : Diário da Manhã Texto e Pesquisa: São Luís Memória(@slzmemoria)






MARANHÃO, M. S. de A. Os Albuquerque Maranhão. Revista de História, [S. l.], v. 39, n. 79, p. 203-207, 1969. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.1969.128828. Disponível em: https://www.periodicos.usp.br/revhistoria/article/view/128828. Acesso em: 20 jan. 2024.


CODÓ: ALGUNS DOS IMORTALIZADOS POR MARCO SILVA | EM: 29/01/2020, 00:04 Conforme está escrito na Revista Leia Hoje – Ano VI – Nº 49, Ed. 2000, foi o Comendador José Luís Nicolau Henrique, cognominado de Paul Real o marco inicial do município de Codó, com a construção de um depósito de taipa, coberto de palha, às margens do Rio Itapecuru. Ele foi sem duvida o principal colonizador do importante município de Codó, tento em vista que chegou a esta cidade no ano de 1820.

Ele era um homem de grandes posses, inclusive construiu um templo religioso com adoração a Santa Filomena. Acrescenta-se ainda, de acordo com a revista já citada, que o Governador da Província pediu-lhe o templo, o que foi aceito, sob a condição de que a Santa Filomena tornar-se padroeira de Codó. Por esta razão, Codó tem 2 padroeiras: Santa Rita e Santa Filomena. Francisco Sérgio Bayma Do livro Codoenses e não Codoenses (Sínteses Biográficas) autor Professor Carlos Gomes, transcreve-se a seguir: Primeiro Intendente de Codó (1896), após a emancipação política do município, que se deu em 16 de abril de 1896, conforme lei provincial, nº 133, sancionada pelo então Governador da Província, Dr. Alfredo da Cunha Martins. Foi Deputado Estadual, na 26ª Legislatura – 1886-1887. Nasceu em Codó, no dia 8 de fevereiro de 1840. Era casado com Maria Luisa Bayma. Seus filhos: Raimundo Muniz Bayma, Angelina Muniz Bayma, Francisco Sérgio Bayma Filho, Manoel (Minico) Muniz Bayma, João Muniz Bayma, Luiz Muniz Bayma e Carlos Muniz Bayma, pai da senhora Maria do Carmo de Carvalho Bayma Saads (Marina Bayma). Descendente de tradicional família, radicada em Codó, proprietários de terras e políticos, o que lhe oportunizou a dirigir os destinos do município, durante um ano de exercício, (1896-1897), sendo substituído pelo seu tio Manoel Ferreira Bayma. Tendo em vista o seu efêmero mandato, de apenas doze meses, preocupou-se em estruturar o novo município que nascia. Entendemos, que por este motivo, não se encontram arquivados documentos comprobatórios referentes à sua administração. O ilustre codoense, de tão alta estripe, faleceu a 12 de fevereiro de 1902.


Antonio Almeida Oliveira Dados biográficos transcritos da Pequena Antologia de Escritores Codoenses Editados. Autor João Batista Machado, grande escritor, transcreve-se a seguir: Maranhense, nasceu na fazenda “Sitio do Meio”, município de Codó, em 17 de outubro de 1843 e faleceu no dia 27 de outubro de 1887 no Rio de Janeiro, carinhosamente cercado não só dos seus familiares, como também, pelos administradores de sua sapiência de homem detentor de vasta cultura. Filho de Antônio Soares de Oliveira e da Ana Rosa de Jesus Oliveira.

Podemos dizer, que a sua vida foi ceifada prematuramente com grande perda para a intelectualidade brasileira. As suas atividades sempre foram brilhantes em todos os ramos em que eram exercidas: Publicista, Jurídica, exerceu o Ministério Publico: Promotor, no município de Guimarães neste Estado, e advogado em São Luís, quando se elegeu Deputado Geral da Província do Maranhão. Além de suas atividades já mencionadas, foi também um grande jornalista, colaborando em diversos jornais como “O democrata e o Liberal, sendo inclusive, escolhido como patrono da cadeira número 1 da Academia Maranhense de Letras. Luiza D”lly Alencar de Oliveira Em 2018, no mês agosto, dias 22, 23, 24 e 25, ocorreu a II Feira Literária de Codó – FLIC, na Praça São Sebastião, sendo homenageada a ilustre professora Luiza D’lly Alencar, autora da letra e música do Hino de Codó, que exulta como canção maior, a beleza e a grandeza de suas tradições. Luiza D’lly Alencar é natural da cidade Água Branca no Piauí. Acompanhando seus pais chegou a Codó, onde iniciou sua brilhante carreira estudantil no grupo escolar Colares Moreira, daí em diante até sua formação Universitária –


UFMA, em 1995. Além de sua formação universitária, participou de vários cursos, jornadas e encontros que enriquecem o seu valioso currículo.

Exerceu a Secretaria Municipal de Educação, na administração do prefeito Moisés Reis (1970/1973). Possui várias honrarias entre as quais, o titulo de Cidadã Codoense, outorgado em 16 de abril de 2000. (trecho colhido do Discurso do Professor Carlos Gomes, quando homenageado pela III FLIC, em 14 de agosto de 2019) Raimundo Nonato de Sousa, conhecido como Dinaná Este codoense foi o criador da bandeira e o brasão, símbolos do município como estabelece o Art. 9º da Lei Orgânica Municipal (1990).


Conforme o Livro Codó Histórias do Fundo do Baú, de João Batista Machado, o nosso pavilhão possui as seguintes cores: Preto, Branco e Vermelho. Preto – representa a raça negra existente no município, donde herdamos muitas lendas, religiões e costumes. Branco – representa os europeus que aqui vieram para colonizarção da nossa terra, trazendo consigo seus hábitos. Vermelho – a raça indígena já existente no território local, homenageando os Guanarés. As mesmas cores estão simbolizadas na Bandeira do Maranhão. Na parte central, de cor branca, encontramos o Escudo do Município assim formado: Brasão O BRASÃO divide-se em quatro losângulos, sendo: Superior Esquerda – Encontra-se cinco torres do Castelo do Rei de França, Luís XIII. Superior Direita – A Cruz Vermelha de Malta, simbolizando o cristianismo no Município, com a chegada dos missionários jesuítas. Inferior Esquerda – Instrumentos representativos da musicalidade africana. A cultura e as tradições folclóricas, o misticismo, nela representada pelo totum, tambor e maracá. Inferior Direita – O homem de macacão e capacete, representando o extrativismo mineral (cal, calcário, Bauxita e gesso). Raimundo Nonato de Sousa, Dinaná como era conhecido e querido pela comunidade Codoense, era também um grande designer e carnavalesco. Preparava fantasias e alegorias que davam brilho ao carnaval de Codó. Ele foi aluno do autor destas linhas, nos cursos de primeiro e segundo graus, por sinal muito inteligente. Os ilustres codoenses imortalizados, como bem diz o titulo deste texto, são merecedores do aplauso de todos os munícipes. Codó-MA, 29 janeiro de 2020. Professor Carlos Gomes


ESCRETE, A SEREIA DO MARANHÃO E OS 40 ANOS DO BLOCO AKOMABU MANOEL DOS SANTOS NETO Neste ano de 2024, em que se comemoram os 40 anos de fundação do Bloco Akomabu, muitos personagens não podem ser esquecidos. Um deles é o cantor e compositor José Henrique Pinheiro Silva, o Escrete, que faleceu em São Luís, aos 54 anos, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Geral. Ele não resistiu a complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral, agravado por insuficiência renal, diabetes, cirrose e úlcera elevada. A morte do artista causou enorme consternação em São Luís, e mobilizou dezenas de pessoas que foram homenageá-lo no Memorial Maria Aragão, onde o corpo foi velado. O falecimento de Escrete, que aconteceu na manhã do dia 25 de janeiro de 2007, representou uma grande perda para a cultura popular do Maranhão. Ao som de um surdo da Favela do Samba e dos atabaques e agogôs do Bloco Afro Akomabu, o cantor e compositor foi sepultado, no final da manhã de 26 de janeiro de 2007, no Cemitério do Gavião. Uma verdadeira multidão acompanhou a pé o cortejo fúnebre, que saiu da Praça Maria Aragão, com o caixão bem à frente colocado sobre um carro do Corpo de Bombeiros. Familiares, amigos, artistas, intelectuais, sambistas, mães-de-santo, brincantes e dirigentes de grupos da cultura popular e militantes de entidades do Movimento Negro foram dar o último adeus ao famoso compositor maranhense, numa cerimônia carregada de emoção. Ao longo do percurso da Avenida Beira-Mar até o Cemitério do Gavião, vários intérpretes, entre eles Tadeu de Obatalá, Paulinho Akomabu, Professor Carlão, Luís Carlos Guerreiro e Gisele Padilha, revezaram-se sobre um carro de som, cantando as canções de Escrete, sambas da Favela e músicas do Akomabu. Sob aplausos, o corpo de Escrete foi sepultado no momento em que muitas pessoas rezavam e integrantes do Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN-MA), da Favela do Samba, do Boi Pirilampo e do Bloco Akomabu, cantando e dançando, também gritavam “Viva Escrete, Viva!”, com uma expressão de dor e sofrimento estampada em seus rostos. INÍCIO NA LIBERDADE Escrete iniciou sua vida musical no Bairro da Liberdade, onde compôs sua primeira música, no ano de 1979, motivado na luta dos palafitados. A música “Palafita” foi cantada pelo grupo “Rabo de Vaca”. Depois disso compôs para as escolas de samba Unidos da Camboa o enredo “Encantos do mar” e para a Favela do Samba “Sonho infantil”.


Autor de dezenas de sambas-enredos e durante muitos anos compositor da Favela do Samba, Escrete ganhou fama ao fazer um dos primeiros registros da música afromaranhense, com o LP “Malungos”, cujas músicas foram levadas às ruas de São Luís pelo Bloco Afro Akomabu. Depois disso, Escrete gravou a música “Gaiola não é prisão para negro”, em parceria com Joãozinho Ribeiro, e compôs “Sereia”, juntamente com Carlos Gomes e Nicéias Dumont, que se transformou num hino do carnaval maranhense. Além de ser um dos grandes vencedores de sambas de enredo, Escrete ganhou destaque com o Show Bumba Maranhão, fez parte do Show Canto Afro, gravou seu CD solo intitulado “Lua de Luanda”, participou dos CDs “Pérolas Negras” e “Canto Afro”, em parceria com Paulinho Akomabu e Tadeu de Obatalá, e chegou a lançar uma coletânea com músicas de bumba-meu-boi. Dando sinais de que já estava com sua saúde muito debilitada, Escrete acabou ganhando uma grande homenagem, no primeiro sábado do ano de 2007 (era o dia 6 de janeiro), com o show “Viva Escrete”, que reuniu um grande número de artistas na sede do Centro de Cultura Negra do Maranhão, na Rua do Barés, no João Paulo. A festa cultural contou com a presença dos cantores Tadeu de Obatalá, Cláudio Pinheiro, Josias Sobrinho, Teresa Canto, Sami do Cavaco, Walbinho Vamu di Samba, Ribão D’Oludô, Daffé e Joãozinho Ribeiro (atual secretário de Estado da Cultura) e a banda de reggae Guetos. Os cantores maranhenses Cláudio Pinheiro, Zé Carlos Daffé e Rosa Reis, além de Neguinho da Beija-Flor e Ovelha são apenas alguns dos nomes que gravaram músicas de Escrete. Nascido em São Luís, no dia 15 de março de 1952, Escrete, com tino e talento extraordinários, teve várias participações especiais em shows de cantores maranhenses e teve suas músicas gravadas por vários deles. Escrete foi parceiro de Joãozinho Ribeiro, Paulinho Akomabu, Tadeu de Obatalá, Josias Sobrinho, José Raimundo Gonçalves e Niceas Drumont e outros compositores Suas músicas foram gravadas por outros músicos maranhenses e por músicos de outros estados: Cláudio Pinheiro, Rosa Reis, Neguinho da Beija-Flor, Ovelha, Lourival Tavares. Participou do Festival Internacional de Música de São Luís, no show Asa do Vento, onde apresentou músicas do CD Lua de Luanda, e realizava anualmente os shows Canto Afro e Bumba Maranhão.



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