MARANHA Y 27- fevereiro-ABRIL 2025

MARANHAY “ÁGUAS REVOLTAS QUE CORREM CONTRA A CORRENTE”

REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536

NÚMERO 27 – FEVEREIRO-ABRIL – 2025 MIGANVILLE – MARANHA-Y

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE MARANHA-Y REVISTA DE HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO Revista eletrônica EDITOR Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 82067923 CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da IHGM EM REVISTA, desde 2023; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras, números 1 a 10; Editor da Revista do Léo, desde 2017, e desta MARANHAY – Revista Lazeirenta, dedicada à(s) História(s) do Maranhão; Editor da Revista Ludovicus, dedicada à literatura ludovicense/maranhense, desde 2024; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

UM PAPO Acaba de sair o resultado do concurso para o cartaz de divulgação da Copa do Mundo de Futebol, promovida pela FIFA, que acontecerá ano que vem em Miami-USA. E adivinha? Um maranhense foi o vencedor. Rubem Robierb é um artista visual, escultor e fotógrafo baseado em Miami, Flórida. Nascido em Bacabal, Maranhão, Brasil, ele ganhou reconhecimento internacional por suas obras impactantes que frequentemente exploram temas existenciais e a resiliência humana. Sua arte está intimamente associada ao movimento Pop art e frequentemente utiliza metáforas para criar imagens cheias de significados ocultos.

Em reunião da Academia Ludovicense de Letras – ALL -, do dia 11 de abril de 2025, por determinação do Excelentissimo Senhor Presidente foram estabelecidas niovas regras, para publicação no Mural da ALL, do Jornal Pequeno. Dentre elas, de que não mais se publiquem artigos meus, pois não são condizentes com os designios da ALL, e sim, do IHGM. Decisão tomada, ordens cumpridas.

Assim, com o que mais foi tratado, incluindo a ANTOLOGIA 2024/25, creio que não tenho mais a chancela daquela Academia. Tomo a decisão, então, de retira-la, seu brasão e chancela, das minhas publicações.

Paralelo à esta publicação, REVISTA DO LÉO - dedicada à Educação Física, Esportes e Lazer - manterei as outras: LUDOVICUS – dedicada à literatura, agora sem a chancela da Academia Ludovicense de Letras MARANHA-Y – Dedicada à(s) História(s) do Maranhão Vou transcrever, aqui, as matérias sobre esportes publicadas na Maranha-y...

O CRIME DA BARONESA DE GRAJAÚ "Em 1876, Inocêncio, um garoto negro, escravizado, morreu na casa de Anna Rosa Viana Ribeiro, uma senhora da alta sociedade, casada com o médico e político liberal Carlos Fernando Ribeiro, que depois se tornaria Barão de Grajaú, no Maranhão. O caso, emblemático da crueldade da escravidão da época, ficou famoso como "o crime da Baronesa de Grajaú".

Antes das 6h de 14 de novembro de 1876, uma movimentação no centro de São Luís chamou a atenção de Geminiana, uma jovem negra de cerca de 25 anos, que recentemente comprara sua alforria e vivia na rua do Mocambo. Era um enterro.

O caixão era pequeno e estava trancado a chave. Dada a hora, antes do sol forte da manhã maranhense, era de se imaginar que alguém ordenara um enterro discreto de uma criança, quase que na surdina. Junto a sua mãe, Simplícia, Geminiana seguiu os carregadores que levavam o caixão rumo à capela de São José, ao lado do cemitério do Gavião. Lá, precisou protestar para abrirem o esquife. E confirmou o que temia: era seu filho, Inocêncio.

Geminiana viu o corpo de Inocêncio coberto por cicatrizes, contusões e ferimentos. O exame de corpo de delito depois revelaria que a criança tinha sofrido hemorragia cerebral, escoriações, equimose, queimaduras, feridas provocadas por cordas e chicotes, sinais de ruptura do reto e machucados no ânus.

Inocêncio vivera os últimos três meses de vida no Solar das Rosas, o sobrado de Anna Rosa Viana Ribeiro, no centro de São Luís. Ele e seu irmão mais novo, Jacinto, tinham sido comprados como "presentes" para os filhos dela, que estavam estudando na Europa.

Jacinto morrera no dia 27 de outubro de 1876, também no casarão, mas o caso não foi investigado.

Anna Rosa, que se dizia alvo de uma "devassa difamatória", argumentava que os garotos tinham "vício de comer terra", o que lhes teria feito adoecer e morrer.

Entretanto, Anna Rosa, vinda de uma das principais famílias escravistas de Codó, no interior do Maranhão, já era conhecida pelos castigos cruéis infligidos a seus serviçais.

Certa vez, por exemplo, mandou arrancar todos os dentes de Militina, uma escrava que sorriu a seu marido, o médico Carlos Fernando Ribeiro - em 1884, Dom Pedro II lhe concedeu o título de Barão de Grajaú.

Dado o histórico de Anna Rosa, foi aberto inquérito para investigar a morte de Inocêncio. Os autos do processo, que ficou conhecido como "o crime da Baronesa de Grajaú", contam com mais de 800 páginas. Ela foi processada pelo promotor Celso Magalhães (1849-1879) A baronesa chegou a ser presa e foi julgada por homicídio, mas terminou absolvida pelo júri, em fevereiro de 1877, apesar das evidências de tortura e dos testemunhos. O promotor tentou recorrer, sem sucesso.

Magalhães, o promotor que processou Anna Rosa, acabou demitido por Ribeiro, o marido da ré, recém-empossado presidente da Província do Maranhão, em 1878.

O julgamento da baronesa escandalizou a sociedade do século 19, foi bastante discutido na imprensa da época e ficou marcado na memória maranhense. Entretanto, os documentos originais se perderam com o tempo — até que, em 1975, foi publicado o romance Os tambores de São Luís, de Josué Montello (1917-2006), que reconstitui, literariamente, o caso de Anna Rosa.

O Ex-presidente José Sarney recolheu documentos do processo que seriam jogados fora do Tribunal de Justiça do Maranhão, onde trabalhou na juventude. Após escrever o livro, Montello entregou os papéis ao Museu Histórico e Artístico do Maranhão.

A partir da documentação disponível, entende-se que Geminiana nasceu no engenho da família Teixeira Belfort, na vila de Rosário, a 70 km de São Luís.

Ela, escravizada, foi cedida como dote de casamento da filha de Teixeira Belfort, mudando-se para São Luís, onde teve duas filhas, Zaira e Constança. Depois, voltou para o engenho, onde teve dois filhos, Inocêncio e Jacinto.

Na década de 1870, Geminiana e sua mãe, Simplícia, conseguiram comprar alforria. Constança faleceu, mas não há detalhes sobre sua trajetória, devido à ausência de registros. Zaira, de cerca de 12 anos, foi vendida para outra família, os Araújo Trindade.

Inocêncio e Jacinto foram vendidos para negociantes, que os passaram para Anna Rosa. Eram chamados de "escravinhos".

"Eles viveram torturas terríveis. As crianças eram amarradas em gaiolas de jabuti, chicoteadas. O exame de corpo de delito é apavorante. O corpo de Inocêncio, que nunca foi notado em vida, que era visto como uma mercadoria, passou a ser notado só depois da morte".

Mais de um século depois do caso, Celso Magalhães seria consagrado como patrono do Ministério Público do Maranhão, em 1991.

Fonte: A terrível história da baronesa que torturou e matou um garoto negro de 8 anos no Maranhão em 1876 - BBC News Brasil

O USO DA MACONHA NO MARANHÃO , Escritos de Darcy Ribeiro, Fotos de Gautherot e Pintura de Djanira As fotografias dessa postagem, no total de 7 fotografias, mostram um senhor fumando algo numa cabaça, provavelmente está fumando maconha (diamba ou liamba). Essas fotografias do senhor fumando na cabaça foram tiradas pelo francês Marcel Gautherot, em São Luís, na década de 1950. A oitava imagem da sequência é uma pintura da artista Djanira da Motta e Silva, conhecida apenas por Djanira, a pintura de Djanira se chama "Fumadores de Liamba", essa pintura é datada de 1974, a inspiração veio das viagens que a pintora paulista fez ao Maranhão. As 3 últimas imagens das postagens são prints de trechos das páginas 45, 46, do livro de Darcy Ribeiro: "Diários índios: os Urubus-Kaapor". Nesses prints das páginas do livro de Darcy Ribeiro, escritos entre o fim dos anos 1940 e início dos 1950, quando o antropólogo brasileiro viajou para a fronteira do Maranhão e Pará para pesquisar os índios Ka'apor, ele fala sobre o uso da maconha, os usuários, como é consumido a maconha, o cultivo e a distribuição da erva. O interessante é que no print das páginas do livro, mostra um desenho da cabaça bem semelhante à cabaça que está sendo usada pelo senhor retratado nas fotografias de Gautherot e da pintura de Djanira.

1-7: Imagens feitas em São Luís-MA, na Década de 1950, de Marcel Gautherot via Instituto Moreira Salles 8: Pintura de Djanira via livro Nordeste Histórico e Monumental, Volume 1, organizado por Clarival do Prado Valladares//Odebrecht. Acervo Biblioteca Pública Benedito Leite(@bpbloficial) 9-11: Prints de trechos do livro: "Diários índios: os Urubus-Kaapor", de Darcy Ribeiro, página 45-46, editora Companhia das Letras(1996) Texto e Pesquisa: São Luís Memória(@slzmemoria)

NA ILHA DE SAIÇOITÁ, MUNICÍPIO DE CEDRAL, onde o tempo tece mistérios e o mar sussurra segredos, um barco de pesca ancorou na areia, como uma sombra que se alonga na tarde. As velas, antes brancas como a esperança, agora pendiam inertes, como asas cansadas de um pássaro que perdeu o rumo.

Um misterio que até hoje nada se sabe, nenhuma resposta. Dentro do barco, cadáveres. A pergunta ainda ecoa, como o murmúrio das ondas: o que teria acontecido?

Seriam piratas, com seus olhos famintos por tesouros e suas espadas sedentas por sangue? Ou a sede, implacável como o sol do meio-dia, teria consumido suas forças, transformando-os em esqueletos ambulantes? Ou, quem sabe, um assassino invisível, como a névoa que paira sobre o mar, teria ceifado suas vidas, um a um, em um jogo macabro?

As ondas, como testemunhas silenciosas, lavaram as pegadas do tempo, mas a pergunta permanece: o que teria acontecido com os tripulantes do navio que ancorou na areia? De onde veio o barco? O que aconteceu de fato?

BUMBA MEU BOI DA MADRE DEUS, MADRE DEUS, DÉCADA DE 1970/1980 Imagens que registram o Boi da Madre Deus(@boidamadredeus), um dos destaques na sequência de fotos é a figura de Hermenegildo Tiburcio da Silva, mais conhecido como Tabaco. O Tabaco era o dono/patrão do Boi da Madre Deus. Tabaco é considerado um dos maiores baluartes da Madre Deus, fortemente envolvido com o Bumba Boi e com o Samba e Carnaval por causa da Turma do Quinto. Provavelmente, essas fotos foram feitas na Madre Deus, na casa de Tabaco. Além do Tabaco, outra figura importante era o irmão do Tabaco, o Manoel Pinto. Manoel Pinto era um dos organizadores do boi e responsável pela maioria das indumentárias de pena da brincadeira.

Essas belíssimas fotografias foram feitas pelo saudoso fotógrafo pernambucano Carlos da Silva Assunção Filho(1950-2019), conhecido como CAFi(@cafidigital). CAFi ficou muito conhecido na indústria fonográfica devido a suas fotografias que se tornaram capas icônicas da MPB, no total de mais de 260 capas de discos.

Além das capas de discos, CAFI retratou e teve participação em movimentos culturais, realizou diversas exposições e também retratar muito os vários lugares do Brasil, o seu povo e a sua cultura plural. O Bumba Meu Boi do Maranhão foi retratado pelas suas lentes. Essas imagens feitas na Madre Deus, parece uma apresentação do Bumba Meu Boi de Matraca para o fotógrafo pernambucano. As fotos do boi, trajes, instrumentos e personagens que fazem parte da brincadeira.

Cada fotografia tem uma história que pode ser contada em conjunto entre o fotógrafo e os nossos olhares. : CAFi via CAFi(@cafidigital) Texto e Pesquisa: São Luís Memória(@slzmemoria)

CARTA ABERTA À PREFEITA DE PARAIBANO-MA

São Luís, de janeiro de 2025 – MA

Ilmª Srª Vanessa Furtado Prefeita de Paraibano – MA

Antes desse meu relato, quero me identificar: Meu nome: Rosely Dantas Brito Agostino. Pai Antonio Brito Lira – fundador dessa cidade junto com meus irmãos Mãe; Maria Dantas Brito. Sou professora aposentada da cidade de São Luís – MA. Trabalhei 29 anos em cargo comissionado na Prefeitura de São Luís – Trabalhei em vários cargos - sempre na educação, e, só sair por solicitação minha.

Desejo que a senhora leia este texto com relato, com carinho e atenção.

Este relato tem relação com as pessoas da cidade nas angustias, tristezas e outros.

1- Paraibano não tem rios e os poucos riachos estão sumindo, com certeza por falta de cuidados daqueles que se dizem donos. No Sul o marejar da água no solo eles tem um zelo grande que dá gosto de ver.… não demora para o resultado aparecer.

2- Essa rua que desce para as cacimbinhas, tinha o riacho que saia do sitio do Manoel Coelho com direção a essas. Costumava passar por ele. Já não existe mais.

3- O riacho do Faustino no qual s pessoas iam tomar banho e lavar roupa (não tenho notícias desse).

4- O riacho de Dona Satú – corria pelo seu terreno e atravessava a estrada do Marajá – a beira da cerca era colocado uns paus e por cima uma carreira de tabuas para se atravessar. A cerca era o nosso corrimão.

Esse riacho desaguava no terreno do Sr. Nicéias Essa passagem aterraram ao invés de colocarem bueiros para as águas escoarem naturalmente sem prejudicar o trabalho da natureza.

5- As cacimbas que boa parte da cidade ia lavar roupa e tomar banha também (nem se fala) 6- Ligado as cacimbas existiam u grande alagado, coberto por mangueiras, um lugar muito bonito. / O Divaldo Brito, quando Prefeito, fez um açude nessa área que servia aos moradores dessa região.

7- Antes desse açude – Guilhermino Brito Lira, meu irmão fez um grande açude do outro lado da cidade – era um espaço grande em volume de água. Parecia um espaço de diversão aos domingos. Guilhermino que viveu seca na Paraíba tinha uma grande preocupação com a água. Ele sabia e sentia o quanto a água era importante. Esse açude foi feito na época que José Brito Lira, Filho de Guilhermino era prefeito de Paraibano. – NÂO SE VIVE SEM ÀGUA! 8- Ai.Vem a maior loucura, a maior barbárie-Não sei sobre esse prefeito que fez isso, acabando com o açude e fizeram morada para as pessoas. Hoje esse povo tem casa, mas não tem água.

9- Outro aterro da memória da cidade: A IGREJA DE SÂO SEBASTIÂO. Acabaram com as características.

Mudaram as portas e acabaram com o coro. Está sendo depredada, é uma lástima – Aqui em São Luís no bairro Recanto dos Vinhais está a igreja de São João Batista a mais antiga de São Luís, estava deteriorada – não foi o estado nem município a restaurar- foi a comunidade que levantou a bandeira e restaurou portas, janelas, o coro a sacristia e ainda fez banheiros e outros. Essa igreja estava fechada, eu conseguir reabrir depois se juntaram a mim quatro pessoas e um padre. Três anos depois, minha irmã e uma vizinha dela começaram a restauração com trabalhos e ajuda e hoje é uma igreja linda com trabalhos direcionados a comunidade.

10- Voltamos a Paraibano. A casa de pedra. O Antonio filho do Divaldo reformou e ficou linda. Na inauguração ele falou que o sobrado seria a próxima reforma, mas não aconteceu. O sobrado foi destaque para Paraibano, pois o povo da redondeza vinha conhecer e admiravam a beleza.

11- A casa do Zé Paraibano, como era conhecido, é de um estilo diferente. Está morrendo aos poucos. Esta casa está em suas mãos. Ninguém paga impostos, principalmente o IPTU. A prefeitura pode se apoderar do imóvel. Fazer uma escola, uma repartição pública. Com tanto que seja para o bem da comunidade.

Se não doe para a igreja católica. Temos que salvar o imóvel não podemos fazer ouvido de mercador.

12- Quero lembrar que toda prefeitura deve ter um fiscal de obras – novas construções afins de verificar se a obra está obedecendo as normas determinadas pela prefeitura. – Vale lembrar que construíram em

cima da calçada da casa do Zé Paraibano. Isso é falta de fiscalização – de pessoas entendidas do assunto. As janelas da sala foram vedadas, mas é só entrar na justiça e vai ser resolvido rápido.

13- O mercado, graças a deus está de pé...

14- A entrada de Paraibano (de quem vai de São Luís). Certa época estava linda, com uma iluminação de chamar atenção dos visitantes. Já na última vez que estive aí o brilho não era o mesmo. Até a praça já não tinha o brilho de antes.

15- O momento mais triste, muito triste é a falta de água. Eu vejo quanto sofre minhas primas com a falta de água. Todos os dias elas compram água. É uma tristeza que deve ser tomado uma decisão rápida. Todos os dias ouvimos as informações dos avanços do clima. Nós já começamos a vê a falta de água - não muito distante de nós – aqui no Maranhão o calor que sentimos, os animais morrendo. Os ribeirinhos salvando peixes levando-os para lugares com água. O clima está avançando a galope ou em ritmo de foguete é o que os entendidos falam.

16- Sabemos que o estado tem obrigação de levar água aos municípios, mas o prefeito é quem comanda a cidade. O prefeito quer vê seu povo feliz, alegre e você reconhecido pela comunidade. Levante essa bandeira e AVANTE !

Tudo que foi falado são coisas que gostaria em vê de outra forma, como professora gosta de preservar a memória.

FALECEU HOJE, AOS 99 ANOS, UM DOS MAIS ANTIGOS FOTÓGRAFOS DO BRASIL, O MARANHENSE DE VIANA, RIBAMAR ALVES. JOAQUIM HAICKEL Quando soube que um dos maiores fotógrafos brasileiros era o vianense José de Ribamar Alves, que ficou mundialmente conhecido graças ao seu trabalho inovador.

Filho do alfaiate Benício Franco Alves e de dona de casa Clara Sousa Alves, Seu Riba foi convidado pelo seu tio Pedro Viegas para estudar em São Luís. Seu sonho era de se tornar engenheiro. Iniciou seus estudos no extinto Colégio Ateneu Teixeira Mendes, e depois resolveu prestar seleção para a Escola Técnica Federal do Maranhão onde concluiu o cursos Industrial Básico e de Formação de Técnicos em Construção de Máquinas e Motores, na época com 21 anos de idade.

Em 1948, partiu para o Rio de Janeiro, decidido a cursar Engenharia, mas enquanto isso trabalhava no jornal Folha Carioca e foi aprovado em 1º lugar no concurso para o IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC) onde trabalhou com o também maranhense Odylo Costa Filho.

Durante o curso de Engenharia Civil pela tradicional Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, despertou nele o gosto pela fotografia, ao ingressar na Associação Cinematográfica da referida escola, filiando-se à Associação Brasileira de Artes Fotográficas (ABAF).

Em uma de suas primeiras fotos, a qual retratava os pescadores vianenses em plena atividade, rendeu-lhe o 2º lugar num dos concursos promovidos pela associação.

Ribamar tem dezenas de premiações em exposições e salões de fotografias do Brasil e do exterior, cujo somatório lhe proporcionou o título de Artista Honorifico da FIAP, com sede em Bordeaux (França) e membro da PSA (Estados Unidos).

Uma de suas fotografias mais famosas, uma casa de palha de dois andares, no então povoado Raposa (hoje município da Região Metropolitana de São Luís), faz parte do acervo da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Maranhão.

Entre as incontáveis premiações do fotógrafo vianense, destacam-se: Medalha de Ouro, em Bordeaux (França), com a fotografia “Carro de Bois”, feita em Viana, 1985; Medalhas de Ouro (Cisne Branco) – Salão de Artes Plásticas da Escola Naval (Rio de Janeiro) – 1983/1984/l985; Medalhas de Ouro – Salão Internacional de Jaú (São Paulo) – 1985/1987/1991 ; Medalha de Ouro – Salão de Artes Plásticas da Polícia Militar do Rio de Janeiro – 198ó; Medalha de Ouro – Salão de Artes Plásticas da SBBA (Rio de Janeiro) – 1990 .Medalha de Ouro – Salão do Foto Clube de Volta Redonda (RJ) -1989; Medalha de Ouro – Salão do Foto Clube de Nova Friburgo (RJ) – 1987; Medalhas de Ouro e Prata – Salão Iris Foto Clube (São Paulo) -1984 ; Medalhas de Ouro e Bronze – Foto Clube de Londrina (PR) -1986; Medalha de Ouro – Foto Clube do Paraná- 1990; Medalha de Ouro – Sociedade Fluminense de Fotografia (Niterói/RJ)-199 ;Medalha de Ouro – Foto Clube Gaúcho (RS) – 1994; 1º lugar no concurso promovido pela revista “Realidade”, sob o tema “Nosso País”, com a foto Simetria à Vela, feita em Viana.

Apesar de toda a tecnologia dos dias atuais, Ribamar vangloriava-se de que todas as suas máquinas fotográficas eram analógicas, pois elas lhe davam mais liberdade.

Está sendo produzido pelo MAVAM, Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, um documentário sobre vida e a obra de Ribamar Alves, e seu acervo será totalmente digitalizado por essa instituição.

"PRAIA DE SÃO JOSÉ DE RIBAMAR", CARTÃO POSTAL DA DÉCADA DE 1940.

Em 1913, a cidade alcançou a categoria de vila, mas, como município, a partir de 1952. Até a década de 1970, sua população instalada era de pouco mais de 20 mil habitantes. Foi adotada como destino turístico de veraneio das famílias de posse da capital, onde passavam suas férias. Nessas semanas, o lugar se transfigurava de tanto movimento. Algumas moradas sobreviventes dessa época, no entorno da igreja, ainda exibem traços da charmosa arquitetura coloquial da primeira metade do século XX. Buscava-se, especialmente, as praias rasas e mornas, e a tranquilidade, hoje perdida, daquela antiga povoação.

Acervo de Diogo Guagliardo Neves.

"NOSSA LINDA JUVENTUDE, PÁGINA DE UM LIVRO BOM..." E O SONHO DE REVITALIZAR NOSSO MAIOR ESPAÇO DE LAZER E CULTURA DAS ANTIGAS. "Nossa linda juventude Página de um livro bom Canta que te quero, gás e calor Claro como o sol raiou Claro como o sol raiou" (Letra: Linda Juventude-Compositores: Flavio Venturini /Marcio Borges) Nas fotos abaixo, personalidades do Brejim de Açúcar, no tempo em que a juventude tinha como local para eventos de festas, bailes, matinês, tardes alegres com banho na piscina, vesperal, tertúlias, serestas, tudo regado à grandes amizades sadias e saudáveis com climas que só o Esporte Clube Ideal proporcionava.

A cidade ainda era diminuta e subir e descer a Rua 7 de setembro até a Rua da Piçarra (atual Av. 1º de Maio) para tomar umas geladas no Bar do Bila era um programa que a linda juventude fazia.

Mas aquela garotada da calça boca de sino e moças com minissaias da Jovem Guarda e estilo hippie evoluiuse com o tempo e muitos tomaram outras paragens, se formaram, viraram grandes profissionais e ficou só o sonho do antigo Brejim...

Porém como diz a poesia, sonhos não morrem, eis que a algum tempo uma equipe de jovens vem tentando reerguer essa memória e concretizar o sonho de revitalizar o Esporte Clube Ideal de Paraibano.

Uma campanha nas redes sociais tem despertados antigos sócios e tentado sensibilizar os descendentes dos mesmos.

A página do Instagram "Esporte Clube Ideal" tem publicado esses chamados, realizado reuniões, feito estratégias de marketing como leilão para arrecadação de doações, e muito outros meios de divulgação com o intuito de revitalizar o espaço que está em ruínas.

Estou pautando outra matéria a respeito do Clube e em breve devo está postando.

Enquanto isso, acessem a página do Esporte Clube Ideal de Paraibano no Instagram e faça a sua parte. Ajude a tornar o local como atração da alegria e cultura de Paraibano.

BUMBA MEU BOI DA LIBERDADE, CONHECIDO COMO BOI DE LEONARDO, BAIRRO DA LIBERDADE, DÉCADA DE 1970/1980 Nessa sequência de fotos, podemos ver fotos de Mestre Leonardo com os bois, fotos do boi, algumas pessoas e brincantes que estavam dentro da casa de Leonardo, onde é a sede do boi. A pessoa fotografada de vaqueiro nas fotos 6 e 7 é o brincante que se chama Anastácio Filho, conhecido como Anastacinho. O pai de Anastácio Filho era muito amigo de Leonardo, era regente do Boi de Leonardo, ajudava o boi na questão de bebida e fazia o fogo para afinar os instrumentos. Já a última foto, as pessoas registradas eram: Maria Nora, Laurizete(falecida) e Juscelino. Maria Nora e Laurizete vindas do interior, moravam na casa de Leonardo. O Leonardo acolhia na sua casa parentes vindos do interior que iam estudar e trabalhar em São Luís.

Ver esses registros das antigas da nossa cultura popular é uma maravilha, ainda mais essas fotos do boi da Liberdade na época de "Lió", como era chamado carinhosamente Leonardo Martins Santos(1921-2004), o Mestre Leonardo, fundador do Boi da Liberdade(@boideleonardooficial). O Boi da Liberdade foi fundado em 1956, no antigo bairro Matadouro, atual bairro da Liberdade, considerado quilombo urbano. Leonardo é um dos baluartes do bairro da Liberdade, ele já foi para o andar de cima, como diz uma toada, mas o legado ainda continua graças a sua filha Regina Avelar que mantém firme o Boi do sotaque de zabumba que tem quase 70 anos.

Essas belíssimas fotografias foram feitas pelo saudoso fotógrafo pernambucano Carlos da Silva Assunção Filho(1950-2019), conhecido como CAFi. CAFi ficou muito conhecido na indústria fonográfica por causa de suas fotografias que se tornaram capas icônicas da MPB, no total de mais de 260 capas de discos. Além das capas de discos, CAFI retratou e teve participação em movimentos culturais, realizou diversas exposições e também se aprofundou muito para retratar o Brasil, o seu povo e a sua cultura plural.

Mil agradecimentos à Dona Regina Avelar por nos ajudar a identificar as pessoas fotografadas pelo saudoso CAFI. : CAFi via CAFi(@cafidigital) Texto e Pesquisa: São Luís Memória(@slzmemoria)

CATARINA PARAGUAÇU: A MATRIARCA DO BRASIL

Dona Catarina Álvares Paraguaçu (1495-1583), ou Paraguassu, a quem Pedro Calmon chamou de "a mais antiga figura feminina da história do Brasil" era filha do cacique Tupinambá Taparica, (que deu o nome ilha de Itaparica, na Bahia). Na década de 1520, Paraguaçu foi oferecida como esposa por seu pai ao náufrago português Diogo Álvares Correia, "o Caramuru", primeiro povoador português da região, que gozava de grande proeminência entre os Tupinambás da Bahia.

Para Frei Jaboatão, a alcunha de "Caramuru" do português cujo nome significa moreia, teria sido dado por sua futura esposa Catarina Paraguaçu, que referindo-se a Diogo Álvares, pediu ao pai que não o matasse.

Caramuru e Paraguaçu formaram a primeira família brasileira documentada, a mais antiga raiz genealógica no Brasil. Deles descenderam muitos nobres, incluindo os da Casa da Torre de Garcia d'Ávila.

Diogo Álvares tinha boas relações com exploradores franceses que aportavam ao litoral da Bahia em busca de Pau Brasil. Essa aliança com os franceses levaram-no, entre 1526 e 1528, a visitar aquele país, onde a sua companheira foi batizada.

Em 1527, Caramuru e Paraguaçu foram para Saint-Malo, na França, onde Paraguaçu foi batizada em 1528, na Cathédral Saint-Vincent-de-Saragosse de Saint-Malo, com o nome cristão de Katherine du Brézil. Na França, não faltavam padres ansiosos para batizar uma princesa brasileira. Se os indígenas do Brasil estavam se tornando cristãos na França católica, certamente isso indicava o favor de Deus para com eles em sua luta contra os protestantes.

Paraguaçu foi batizada em 30 de julho de 1528, em Saint-Mâlo, na França, cidade natal do explorador Jacques Cartier. A esposa de Cartier, Catherine de Granches, foi sua madrinha de batismo. Quando Paraguaçu se casou formalmente com Diogo logo após seu batismo (numa elaborada cerimônia de casamento presidida por nada menos que um bispo), ela se tornou Catarina Álvares Paraguaçu. Os nobres franceses cobriram a noiva exótica com vestidos caros e joias brilhantes.

Certamente Paraguaçu havia se distanciado muito da simplicidade das donzelas índias que se vestiam com nada mais substancial do que tinturas de frutas. Nos séculos seguintes, esse casal improvável passou a simbolizar para os brasileiros a união da Europa e da América, unidas no amor e na fé e celebrada na Igreja Católica. Diogo tinha regressado à Europa para rever os amigos e a família em Portugal. Depois de uma estada na França eles voltaram para o Brasil. Enquanto se preparavam para a viagem transatlântica, Diogo providenciou o retorno à Bahia de dois navios cheios de mercadorias européias para negociar com os índios que ele esperava que continuassem a ajudá-lo a derrubar pau-brasil. Esse investimento inicial trouxe ricos dividendos; nos anos que se seguiram, a fortuna da família Álvares cresceu muito à medida que o casal acumulou importantes propriedades e Escravos. Certamente Paraguaçu, agora Dona Catarina Álvares, tinha tantas saudades da Bahia quanto Diogo de Viana do Castelo. Mas o tempo que ela passou na Europa a mudou; ela partiu como uma jovem índia e voltou como uma respeitável mulher casada e devota cristã.

Pouco depois de seu retorno, outro navio europeu afundou na costa da Bahia. Ao saber que um grupo de espanhóis a caminho de Mar del Plata havia chegado à praia, Diogo organizou uma expedição de resgate para protegê-los das intempéries e também dos ataques dos índios. Ele e sua esposa arranjaram moradia e comida para os espanhóis, muitos deles nobres ricos. Ao longo dos anos, Diogo estendeu a ajuda cristã e a hospitalidade a vários portugueses, franceses e espanhóis retidos involuntariamente na costa da Bahia.

Ele certamente se lembrava de sua própria experiência com naufrágio e das horas ansiosas em que temia ser devorado por índios hostis. Agora Paraguaçu juntou-se aos esforços do marido para resgatar os náufragos.

O Rei de Portugal Dom João III reconheceu Catarina, como "Senhora legítima dos gentios desta Província lhes ordenou que reconhecessem por soberano a El-Rei de Portugal na pessoa do seu Governador Tomé de Souza".

Como filha do Cacique Tupinambá principal da Bahia, Catarina teve reconhecida sua Soberania de Estado, no ato de doação de terras no Brasil, em 1549, quando da chegada à Bahia do primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Souza, "Senhora que foi da Capitania da Bahia, a que deu aos nossos Sereníssimos Senhores Reis de Portugal", fazendo jus ao título de Princesa: Princesa Catarina Paraguaçu. Esposa que foi, do português Diogo Alvares, o Caramuru, a que "fundou e deu a Igreja da Virgem Santíssima e Senhora da Graça e terras anexas ao Príncipe dos Patriarcas São Bento, no ano de 1582".

A Metrópole não esqueceu a lealdade, a sinceridade e a dedicação de Catarina Álvares. "Concedeu-lhe muitas regalias, ordenando aos seus Governadores que lhe fizessem guardar" (Rocha Pita).

O Atribuiram-se a ela inumeros atos de bravura. Quando Caramuru foi feito prisioneiro de colonos portugueses partidarios do donatário Pereira Coutinho, Catarina teria organizado as forças que resgataram seu marido e acabaram expulsando Pereira Coutinho. Sua devoção a fé católica também foi ressaltada pelos cronistas de epoca, que registraram a construção da ermida do Mosteiro de Nossa Senhora da Graça, a mais antiga de Salvador A ermida foi construida com o patrocinio de Catarina, assim como a igreja situada no mesmo local, com o proposito de abrigar futuramente seus restos mortais.

Catarina Paraguacu foi uma figura histórica; representou a uniao das duas culturas e sua vida deu origem a inumeras imagens criadas ern torno desse processo civilizatório, especialmente por autores do seculo xix.

Algumas destas representações permaneceram no imago da cultura brasileira, como a imagem da mulher indigena que, ao as cristianizar, ingressou na civilizacio ocidental. Consolidou-se na memoria construida em torno das mulheres indigenas como urns das mães do povo brasileiro.

Sua vida foi longeva, sobrevivendo a seu companheiro Caramuru por muitos anos. Viveu tempo suficiente para promover bons casamentos entre seus filhos e membros influentes da Corte.

Paraguaçu teve quatro filhas, que deram origem as mais antigas famílias da Bahia: Ana Álvares, casada com Custódio Rodrigues Correia, de Santarém, Portugal; Genebra Álvares, casada com Vicente Dias de Beja, do Alentejo, Portugal; Apolônia Álvares, esposa do Capitão João de Figueiredo Mascarenhas, da cidade portuguesa de Faro, no Algarve, e Grácia Álvares, casada com Antão Gil, de Évora, Portugal. Genebra Álvares era mãe de Diogo Dias, que se casou com Isabel D'Ávila, filha de Garcia D'Ávila, dando origem ao maior latifúndio que se tem notícias no Brasil.

Faleceu, em 26 de janeiro de 1583, e foi sepultada na sua Igreja, doada por ela aos beneditinos do Mosteiro de São Bento. Até hoje, a Igreja da Graça permanece subordinada ao Mosteiro, que guarda o testamento original de Paraguaçu.

O padre jesuíta Simão de Vasconcellos conta em sua Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, publicado em 1663, a visão de Paraguaçu, que teria resultado na construção da Igreja da Graça. Segundo ele, Paraguaçu teve uma visão em que uma mulher teria vindo em uma nau castelhana, que naufragara, e estava entre os índios. Nessa visão, a mulher lhe pedia que a trouxesse para junto de si e lhe fizesse uma casa.

Paraguaçu pediu a Caramuru que buscasse essa mulher. Foi encontrada entre os índios uma imagem de Nossa Senhora, a qual Paraguaçu identificou como sendo a mulher da sua visão. Simão de Vasconcellos relata que a imagem foi honrada com o título de Nossa Senhora da Graça, enriquecida de muitas relíquias e indulgências, que então mandou o Sumo Pontífice.

Identificada popularmente como "Cabocla", símbolo de congraçamento racial, é a figura de destaque das comemorações da Independência do Brasil na Bahia: " [...] todos os anos, integrada aos festejos do 2 de julho na Bahia, Paraguaçu reflete sua fisionomia mística e sua alma ingênua, levada às ruas em carro triunfal, ao impulso da massa popular, conciliando os brios nacionalistas, sem deslustrar Portugal — nação amiga —, pelos séculos afora. Fonte: O Brasil no império marítimo português/O feudo: a Casa da Torre de Garcia d'Avila/Revista trimensal do Instituto Geografico e Historico da Bahia

MANUEL SÉRGIO VIEIRA E CUNHA – FILÓSOFO DO ESPORTE Manuel Sérgio Vieira e Cunha, frequentemente referido como Manuel Sérgio, foi um destacado filósofo do desporto, académico e político português. Nascido em 20 de abril de 1933, faleceu em 19 de fevereiro de 2025. Sérgio é conhecido por suas contribuições significativas no campo da cinética humana e por defender a inclusão do desporto como área de estudo no ensino superior.

Ele teve um impacto significativo na educação física e esportiva no Brasil. Algumas de suas principais contribuições incluem: Teoria da Motricidade Humana: Sérgio desenvolveu a teoria da motricidade humana, que defende a existência de uma ciência dedicada ao estudo do movimento humano intencional, espontâneo e livre. Essa teoria influenciou a formação de cursos de graduação em educação física no Brasil, promovendo uma abordagem mais holística e integrada Medalha de Mérito Desportivo: Em reconhecimento ao seu trabalho, Sérgio recebeu a medalha de mérito desportivo do governo brasileiro, outorgada pelo presidente José Sarney Professor Convidado na UNICAMP: Sérgio foi professor convidado na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) durante os anos de 1987-1988, onde contribuiu para a formação de profissionais e a disseminação de suas ideias sobre motricidade humana Participação em Colóquios e Publicações: Sérgio participou de diversos colóquios e publicou artigos em revistas brasileiras, contribuindo para o debate e desenvolvimento da educação física e esportiva no país Essas contribuições ajudaram a moldar a educação física no Brasil, promovendo uma visão mais ampla e integrada do desporto e do movimento humano Quanto ao Brasil, teve uma visão crítica e construtiva. Ele acreditava que a educação física deveria ir além da mera prática de exercícios e esportes, incorporando uma abordagem mais holística e integrada, centrada na motricidade humana Principais pontos de sua visão: Educação Física como Ciência: Sérgio defendia que a educação física deveria ser vista como uma ciência da motricidade humana, focada no estudo do movimento humano intencional e espontâneo. Ele acreditava que essa abordagem poderia enriquecer a formação dos profissionais da área e melhorar a qualidade da educação física no Brasil.

Integração de Valores: Ele enfatizava a importância de integrar valores éticos e sociais na prática esportiva, promovendo uma competição saudável e o desenvolvimento de habilidades sociais como cooperação, respeito e trabalho em equipe Impacto Social: Sérgio via o desporto como uma ferramenta poderosa para promover a coesão social e a integração, contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária Formação Acadêmica: Durante seu período como professor convidado na UNICAMP, ele contribuiu para a formação de profissionais e disseminação de suas ideias sobre motricidade humana, influenciando a educação física no Brasil .Esses pontos refletem sua visão de que a educação física e os esportes devem ser mais do que atividades físicas, mas sim uma parte integral da formação humana e social.

Ao longo de sua carreira, escreveu inúmeras obras sobre filosofia do desporto e foi uma figura chave na promoção do estudo acadêmico do desporto em Portugal. Também serviu como deputado na Assembleia da República e foi o primeiro presidente do Partido Nacional Solidariedade.

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Entre o nevoeiro da serra (1963) Para uma nova dimensão do desporto (1974) Para uma renovação do desporto nacional (1974) Desporto em Democracia (1976) A prática e a educação física (1977) Homo Ludicus (1978)

7. Heróis Olímpicos Do Nosso Tempo (1980) 8. Filosofia das Actividades Corporais (1981) Suas propostas específicas para a educação física, baseadas em sua teoria da motricidade humana. Educação Física como Ciência da Motricidade Humana: Sérgio defendia que a educação física deveria ser vista como uma ciência dedicada ao estudo do movimento humano intencional e espontâneo. Ele acreditava que essa abordagem poderia enriquecer a formação dos profissionais da área e melhorar a qualidade da educação física Integração de Valores Éticos e Sociais: Ele enfatizava a importância de integrar valores éticos e sociais na prática esportiva, promovendo uma competição saudável e o desenvolvimento de habilidades sociais como cooperação, respeito e trabalho em equipe Educação Holística: Sérgio propunha uma abordagem holística para a educação física, onde o desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos fosse igualmente valorizado. Ele acreditava que a educação física deveria contribuir para a formação integral do indivíduo Formação Acadêmica e Pesquisa: Durante seu período como professor convidado na UNICAMP, Sérgio contribuiu para a formação de profissionais e a disseminação de suas ideias sobre motricidade humana, influenciando a educação física no Brasil .

"Homo Ludicus" é uma obra de Manuel Sérgio que explora a dimensão lúdica do ser humano, destacando a importância do jogo e do desporto na formação e desenvolvimento pessoal. O título, que pode ser traduzido como "Homem Lúdico", reflete a visão de Sérgio sobre o papel central do jogo na vida humana, não apenas como uma atividade recreativa, mas como uma expressão fundamental da nossa natureza e cultura.

Na obra, Sérgio argumenta que o desporto e outras atividades lúdicas são essenciais para a educação e o bemestar, promovendo valores como a cooperação, a criatividade e a busca pelo belo. Ele também discute como essas atividades podem contribuir para uma sociedade mais justa e solidária, ao invés de uma competição hostil e tecnocrática "Homo Ludicus" de Manuel Sérgio explora a importância do jogo e do desporto na formação e desenvolvimento humano, destacando como essas atividades são essenciais para a educação. Sérgio argumenta que o desporto e outras atividades lúdicas não são apenas recreativas, mas fundamentais para a construção de valores como cooperação, criatividade e busca pelo belo Ele defende que a educação deve incorporar o jogo e o desporto como ferramentas pedagógicas, promovendo uma aprendizagem mais holística e integrada. Segundo Sérgio, essas atividades ajudam a desenvolver habilidades sociais e emocionais, além de contribuir para uma sociedade mais justa e solidária Em "Homo Ludicus", Manuel Sérgio destaca várias habilidades sociais que são desenvolvidas através do jogo e do desporto. Algumas das principais habilidades mencionadas incluem: Interação: A capacidade de se comunicar e interagir eficazmente com os outros.

Colaboração: Trabalhar em conjunto para alcançar objetivos comuns.

Negociação: Resolver conflitos e chegar a acordos mutuamente benéficos.

Trabalho em equipe: Cooperar com outros membros do grupo para atingir metas.

Respeito: Demonstrar consideração e respeito pelos outros, incluindo adversários.

Competição saudável: Participar de competições de maneira ética e respeitosa.

Decisões éticas: Tomar decisões que refletem valores morais e éticos Essas habilidades são fundamentais para o desenvolvimento pessoal e social, e Manuel Sérgio argumenta que o desporto e o jogo são ferramentas poderosas para cultivá-las. Nnão se limita a um único esporte, mas explora uma variedade de atividades lúdicas e desportivas para ilustrar suas ideias. Ele menciona esportes como futebol, atletismo, e ginástica, entre outros, para destacar como diferentes formas de jogo e competição podem contribuir para o desenvolvimento humano e social Esses exemplos são usados para mostrar como o desporto pode ser uma ferramenta poderosa na educação, promovendo habilidades sociais, valores éticos e o bem-estar geral. Sérgio argumenta que cada esporte tem seu próprio valor e pode ensinar lições importantes sobre cooperação, respeito e ética

Manuel Sérgio explora a relação entre "Homo Ludicus" e "Homo Sportivus" em suas obras, destacando como ambos conceitos se complementam na compreensão do papel do desporto e do jogo na vida humana.

Homo Ludicus: Refere-se ao ser humano como um ser lúdico, que encontra no jogo e na brincadeira uma expressão fundamental de sua natureza. Sérgio argumenta que o jogo é essencial para o desenvolvimento pessoal e social, promovendo habilidades como cooperação, criatividade e ética Homo Sportivus: Refere-se ao ser humano como um ser esportivo, que participa de atividades físicas e desportivas. Este conceito enfatiza a importância do desporto na formação do caráter e na promoção de valores como disciplina, respeito e trabalho em equipe A relação entre os dois conceitos está na ideia de que o desporto (Homo Sportivus) é uma forma de jogo (Homo Ludicus) que contribui para o desenvolvimento integral do indivíduo. Sérgio vê o desporto como uma extensão do jogo, onde as habilidades e valores aprendidos no contexto lúdico são aplicados e aprofundados através da prática esportiva As principais diferenças entre "Homo Ludicus" e "Homo Sportivus" de Manuel Sérgio estão relacionadas ao foco e à aplicação dos conceitos: Homo Ludicus: Foco no Jogo: Refere-se ao ser humano como um ser lúdico, que encontra no jogo e na brincadeira uma expressão fundamental de sua natureza.

Desenvolvimento Pessoal: Enfatiza a importância do jogo para o desenvolvimento pessoal e social, promovendo habilidades como cooperação, criatividade e ética.

Educação Holística: Defende que a educação deve incorporar o jogo como uma ferramenta pedagógica essencial para uma aprendizagem mais integrada e completa Homo Sportivus: Foco no Desporto: Refere-se ao ser humano como um ser esportivo, que participa de atividades físicas e desportivas.

Formação do Caráter: Destaca a importância do desporto na formação do caráter, promovendo valores como disciplina, respeito e trabalho em equipe.

Competição e Desempenho: Enfatiza a competição saudável e o desempenho como meios para alcançar o desenvolvimento pessoal e social Enquanto Homo Ludicus abrange uma visão mais ampla do jogo como uma atividade fundamental para o ser humano, Homo Sportivus foca especificamente no desporto como uma extensão do jogo, onde as habilidades e valores aprendidos são aplicados e aprofundados através da prática esportiva explora a relação entre "Homo Ludicus" e "Homo Sportivus" com a cultura, destacando como o jogo e o desporto são expressões fundamentais da natureza humana e da cultura.

Homo Ludicus: Expressão Cultural: O jogo é visto como uma manifestação cultural que reflete valores, tradições e práticas sociais. Sérgio argumenta que o jogo é uma forma de expressão que transcende barreiras culturais, promovendo a interação e a compreensão entre diferentes grupos Educação Cultural: O jogo é utilizado como uma ferramenta pedagógica para transmitir valores culturais e sociais, ajudando na formação de uma identidade coletiva e na preservação de tradições Homo Sportivus: Desporto como Cultura: O desporto é uma extensão do jogo, onde a competição e o desempenho são valorizados. Sérgio destaca que o desporto é uma forma de expressão cultural que reflete a busca por excelência, disciplina e respeito Impacto Social: O desporto tem um impacto significativo na cultura, promovendo a coesão social e a integração. Sérgio argumenta que o desporto pode ser uma ferramenta poderosa para promover valores éticos e sociais, contribuindo para uma sociedade mais justa e solidária

A relação entre esses conceitos e a cultura está na ideia de que tanto o jogo quanto o desporto são formas de expressão que refletem e moldam a cultura humana. Sérgio vê o desporto como uma evolução do jogo, onde os valores e habilidades aprendidos no contexto lúdico são aplicados e aprofundados através da prática esportiva

Um dos vários mapas do Brasil em 1680.

DIOGO GUALHARDO NEVES ESTÁ EM CURURUPU - MARANHÃO. 3 DE MAIO ÀS 09:16 · SANTA HELENA · Nos anos 1950 a vila do Cururupu foi uma das mais charmosas e culturalmente ricas do Maranhão, atraindo fotógrafos e antropólogos, como Marcel Gautherot e Miécio Jorge.

Num desses registros, a cidade vista a partir do rio, aparece a casa de meus bisavós maternos Dida e João Cardoso. É a varanda de arcadas, antes abertas a receber a brisa marinha, e de onde se via os barcos chegando da pescaria. O quintal arborizado e cercado, ia até a linha d’água. A fachada é rua 13 de Maio. Dessa mesma época foi tirada a fotografia da família na porta. Notar o formato da entrada da residência que havia na época, visível também, por trás, na foto da paisagem.

ÁUREO VIEGAS MENDONÇA Nasceu em Viana-MA, em 1965. Pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci, obteve a graduação como Geógrafo e pós-graduação lato sensu em Metodologia do Ensino em Geografia. Experiência na área de Ciências Sociais Aplicadas com ênfase em Gestão de Pessoas. Pesquisador, servidor público, ocupa o cargo de Técnico Administrativo em Educação, no IFMA Campus São Luís Monte Castelo.

Em sua árvore genealógica, Áureo tem descendência paterna do tronco português, em Sebastião José de Carvalho e Melo – o “Marquês de Pombal” que foi Secretário de Estado do Reino, durante o Reinado de Dom José I, sendo considerado uma das figuras mais controversas e carismáticas da história portuguesa. O autor é herdeiro da veia literária de Sávio Mendonça, autor do livro “História de um menino pobre”, e neto da famosa bordadeira de “lombo de boi” Olívia Mendonça. tem se destacado por suas iniciativas para preservar e promover a história de Viana. Ele tem trabalhado em projetos que visam documentar e divulgar a história local, incluindo a publicação de artigos e a organização de eventos culturais. Além disso, ele tem colaborado com instituições locais para a preservação de documentos históricos e a promoção do patrimônio cultural da cidade.

Essas ações têm sido fundamentais para manter viva a memória histórica de Viana e para educar as novas gerações sobre a importância do patrimônio cultural da região.

Já recebeu diversos reconhecimentos por seu trabalho em Viana. Ele foi homenageado por instituições locais e regionais por suas contribuições para a preservação da história e cultura da cidade. Além disso, seu trabalho tem sido destacado em publicações e eventos acadêmicos, reforçando a importância de suas iniciativas para a comunidade.

Esses reconhecimentos são um testemunho do impacto positivo que ele tem tido em Viana e da importância de seu trabalho para a preservação do patrimônio cultural da região.

Publicou vários artigos e obras sobre a história de Viana. Um dos destaques é o livro “Resgate histórico de Viana”, lançado em 2022. Este livro é uma importante fonte de pesquisa sobre a história, os costumes e a cultura de Viana1. Além disso, ele tem contribuído com artigos em revistas acadêmicas e participado de eventos como palestrante, compartilhando suas descobertas e insights sobre a cidade23.

FUTEBOL VIANENSE DE LUTO. Viana perde um de seus maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Herói dos títulos de 1966 e 1967 o Bicampeonato do torneio intermunicipal de futebol maranhense, fez parte de uma geração de ouro no futebol e contribuiu para muitas alegrias aos torcedores do futebol vianense. Faleceu Severiano Mendes o Marreco esposo da querida professora Mariinha Gonçalves.

Severiano Mendes sempre será lembrado como um personagem que fez parte da história e da memória da cidade de Viana.

Meus profundos e sinceros sentimentos aos familiares e amigos e que Deus conforte todos.

Na foto está entre chucho e goleiro Lobé.

EVENTO NO HALL DO TEATRO VIRIATO CORREIA, NA SEMANA PEDAGÓGICA 2025 DO IFMA CAMPUS SÃO LUÍS MONTE CASTELO. EXPOSIÇÃO DE LIVROS E OBRAS DE AUTORES DA CASA.

MORRE AOS 98 ANOS UM DOS MAIORES FOTÓGRAFOS DO MARANHÃO, O VIANENSE ZÉ ALVES. ÁLVARO MENDONÇA O premiado fotógrafo a nível nacional e internacional, vianense Ribamar Alves, o qual chamávamos de Zé Alves que foi homenageado no meu primeiro livro Resgate Histórico da Cidade de Viana, faleceu hoje em São Luís, foi um dos gigantes da fotografia maranhense.

Zé Alves dedicou boa parte da sua vida à fotografia e representou o nosso Estado em diversos concursos e exposições no Brasil e no mundo.

Uma das fotos mais famosa do premiado fotógrafo Ribamar Alves, uma casa de palha de três andares, no então povoado Raposa, hoje município da região metropolitana de São Luís, essa foto original faz parte do acervo da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (IPHAN).

NOTÍCIAS DA SERRA DE IBIAPABA

JOÃO BOSCO GASPAR – poeta, pesquisador e historiador. Filho de Gerardo Vieira Gaspar e Perpétua das Neves Gaspar. Nasceu nos alcantis paradisíacos da Serra Grande (em Tianguá-Ce), numa manhã de inverno tipicamente fria e neblinada, no dia 14 de janeiro de 1964, precisamente na residência da parteira Alcety Moita, no quadrilátero que circunda a atual catedral de Santana.

De origem humilde, estudou no Ginásio Municipal de Tianguá e na Escola de 2º Grau Regina Coeli. Graduado em Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA, e Pós-Graduado (Lato Sensu) em História, Cultura e Patrimônio pelas Faculdades INTA (Instituto Superior de Teologia Aplicada), ambas de Sobral-CE. É casado com a Sra. Angelita Fontenele Magalhães, pai de dois filhos (João Victor e João Arthur Fontenele Magalhães Gaspar) e trabalha no Cartório do 1º ofício (Registro Civil das Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas) da comarca de Tianguá, como Tabelião Substituto.

Foi chefe do Grupo de Escoteiros Mons. Agesilau de Aguiar (hoje Dom Timóteo); apresentador de programa de rádio; projetista cinematográfico (Cine Santana); representante da juventude da Paróquia de Santana, junto à diocese de Tianguá; membro fundador da Pastoral de Juventude do Meio Popular (PJMP) na diocese de Tianguá; participou de vários encontros, seminários, palestras, assembleias e cursos representando a juventude da diocese de Tianguá junto ao Regional Nordeste I da CNBB; foi presidente do Centro Cívico da Escola de 2º Grau Regina Coeli; membro fundador do Grupo de Artes e Tradições Folclóricas Serra Grande; presidente da comissão permanente de licitação e assessor administrativo da câmara municipal de Tianguá; foi membro da Comissão Censitária municipal de Tianguá em 2007, e é membro do Conselho de Sentença do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Tianguá.

Foi um dos autores da Lei Municipal nº 473/2007, que dispõe sobre a preservação mediante tombamento, do patrimônio (material e imaterial) histórico, artístico, ambiental e cultural do município de Tianguá, e “autor” da Lei Municipal nº 487/2007 que instituiu o Ipê-Amarelo (Pau-D’arco-Amarelo) como árvore símbolo do município de Tianguá. É autor do pedido de tombamento da tanajura como patrimônio imaterial do município de Tianguá.

CONSTRUÇÃO MISTERIOSA NO NORTE DO CEARÁ.

Resquícios das feitorias francesas estabelecidas na Ibiapaba e Camocim entre os anos de 1590 e 1604?

Fragmentos das fortificações holandesas no contexto da extração do Pau Violenta (1637-1654) nas fraldas da Ibiapaba e Meruoca? Ou vestígios da colonização luso-pernambucana no norte do Ceará, levada a efeito a partir do ano de 1700?. É o que tentam desvendar historiadores e geógrafos que visitam os resquícios da "Casa de Pedras" ou "Casa do Cão" localizada no município de Senador Sá, norte do Ceará.

Por João Bosco Gaspar

ANO DE 1714 - MANDU LADINO TENTA INVADIR À ALDEIA DA IBIAPABA – O EMBATE ENTRE TAPUYOS E TABAJARAS. Texto extraído das cartas inéditas escritas em latim pelo jesuíta João Antônio Andreoni (Cartas Annuas de 1714-1716 e 1721).

Narra o padre Andreoni, que a revolta indígena levantada entre os anos de 1712-1719 e que ficou conhecida como a <<Revolta dos Tapuyos>>, “exigiu constante sacrifício dos padres residentes na povoação de Ybiapaba com os índios domesticados, e lhes fez correr grande perigo”. PROSSEGUE o padre Andreoni, relatando os fatos ocorridos depois do assassinato do mestre de campo Antônio da Cunha Souto Maior, levado a efeito pelo <<bando de Mandu Ladino>>: “Estes mataram à traição em [rio] Parnahyba o comandante dos soldados que os tratava mal e não lhes pagava o soldo, como também assassinaram a mulher do comandante em chefe, tendo posto em fuga os soldados e sentinelas das fortificações, e matando de manhã cedo os que encontravam indefesos; apoderando-se das armas, pólvora, balas e de quase trezentas espingardas. Esta presa levantou os ânimos guerreiros dos tapuyos, acostumados a antes combater (...) com armas desiguais, servindose do arco e da flecha, e assim tendo tirado a estes o seu melhor meio de defesa, resolveram assaltar a povoação de Ybiapaba, a maior de todas naquela região, e confiada à administração dos nossos padres”. PROSSEGUE A NARRATIVA: “Estava ausente o comandante em chefe [Dom Jacó de Sousa e Castro], que fora à Parnahyba com os índios mais esforçados afim de cessar os tumultos, e tendo-se descoberto a resolução dos inimigos [tapuyos], enquanto estes esperavam outros que haviam chamados e passavam inutilmente o tempo a alimentar-se de carne bovina, tiveram os padres ocasião de mandar um mensageiro aos ausentes [Dom Jacó e demais tabajaras], e pedir armas ao governador da Fortaleza [do Siará], ainda que distasse 80 léguas da povoação [de Ybiapaba]”.

PROSSEGUE A NARRATIVA: “Neste interim o Superior [da Missão de Ybiapaba], por necessidade, exerceu com denôdo [bravura] o cargo de comandante e chefe dos soldados [tabajaras], já exercitando os índios ao combate e preparando as fortificações, já designando as sentinelas, enviando espias, e procurando mantimentos, ao mesmo tempo que com os outros padres consolavam as mulheres que choravam segundo seu costume e oravam com elas na Igreja, pedindo a Deus não entregasse para serem devoradas pelas feras sanguinárias aqueles que confessavam seu nome. Vendo-se indefesos e expostos aos ataques dos inimigos [tapuyos], os vaqueiros dispersos naqueles campos se refugiaram na povoação [de Ybiapaba] com suas armas e escravos, com o consentimento do Superior [da Missão]. Aumentando assim a força para a resistência, desapareceu entre todos o temor, sendo mortos quase 400 tapuyos, alguns feridos, outros postos em fuga, e outros com grande aflição dos padres reduzidos a cativos pelos comandantes que moviam a guerra”.

PROSSEGUE A NARRATIVA: “O que os contristou naqueles meses foi a falta que houve do necessário para a quotidiana celebração do Santo Sacrifício, que dificilmente se oferecia aos domingos. Durante dois anos não aportou um só navio em porto cearense (...) porque não eram enviados de Pernambuco (...). Em meio a tantas calamidades não se interromperam, contudo, os costumes e exercícios da piedade, a pregação, a catequese nem a frequência dos sacramentos. Houve 335 confissões, 228 batizados e 46 casamentos”. O padre Andreoni relata, ainda, a primeira visita feita aos altiplanos da Ibiapaba, pelo padre João Guedes (sucessor do padre Ascenso Gago), em dezembro de 1714, e diz que: “O padre João Guedes visitando a mandado do padre Provincial à povoação de Ybiapaba, onde se contam 3.000 índios e índias, e afastou energicamente da empresa a um estranho <<perturbador, que pretendia dividir a povoação e constituir novos chefes à sua vontade>>, dizendo-se primo do governador dos índios [Dom Jacó de Sousa e Castro], e mostrou-lhes que o cuidado dos índios e das demais coisas daquela povoação [de Ybiapaba] confiadas à Companhia [de Jesus] pelo Rei, dependia só dos padres, tanto no espiritual como no temporal”. Finaliza o padre Andreoni, já na Carta Anua de 1721, que: “Neste ano [1721] os nossos padres que cuidam dos índios residentes na serra da Ybiapaba, conduziram das florestas para os aldeamentos um grande numero de selvagens, quase 5.000 e se esforçaram por reuni-los aos demais habitantes da povoação”.

Fonte: Cartas inéditas escritas em Latim pelo jesuíta João Antônio Andreoni (1714-1721), traduzidas para o português por José Gerardo Ferreira Gomes, a pedido do historiador cearense Barão de Studart. “Documentos da Collecção Studart” da Revista do Instituto do Ceará.

MANDU LADINO - O FIM DO LÍDER DOS TAPUIAS - ANO DE 1719.

Não existe honra alguma em assassinar uma pessoa. A pecha de “matador” é o conceito mais vil que permeia a sociedade. Entretanto, existe um princípio jurídico que diz: “Suum Cuique Tribuere”, ou seja, “a cada um o que é seu”. Com a História não é diferente... devemos atribuir a cada um, o fruto dos seus atos.

Com relação a morte do líder indígena Mandu Ladino, ocorrida na segunda década do século XVIII, o que dizem as fontes primárias e secundárias? Por incrível que pareça, os principais historiadores que tratam sobre Mandu Ladino são estrangeiros: o britânico, Charles Ralph Boxer, o canadense John Hemming e a portuguesa Virgínia Rau. Virgínia Rau diz que: “Até [o ano de] 1700 estivera sossegado o gentio vizinho da aldeia da serra da Ibiapaba, porque os padres tinham feito as pazes com os tapuias, que todos os anos as vinham renovar à aldeia. Viera perturbar este estado, o desatino duma tropa do Ceará. Ordenando el-Rei de Portugal ao capitão-mor do Ceará que mandasse sondar a barra do rio Parnaíba, recomendando que a tropa não ofendesse o gentio e apenas se defendesse se fosse atacada, enviara o capitão-mor [do Ceará] Francisco Gil Ribeiro, 700 homens, dando-lhes por cabo o coronel Leonardo de Sá [irmão do ex-governador do Ceará, Sebastião de Sá], a quem ordenara que fizesse toda a diligência por trazer alguns cativos. Descobrira a tropa o resto dos tapuias chamados Vidais e, perseguindo-os, encontraram-nos, matando e cativando muitos e entre eles a mulher do seu principal (...). Os que escaparam, foram imediatamente à ribeira de Piracuruca, vingando-se nos moradores e fazendo grande estrago nas suas fazendas” [01]. Na exposição que o padre Antônio de Sousa Leal fez ao Rei de Portugal, consta que: “Em 1708, depois de muitas guerras, Antônio da Cunha Soto-Maior fizera a paz com os que ainda restavam destes tapuias, exceptuados os Anapuruassus (...). [Que] os soldados do Maranhão tiravam-lhes as mulheres e filhas, e tratavam-nos como escravos, sem qualquer recompensa. Além disto, enforcara quatro ou cinco Arayos, desterrara e mandara matar outros, entre os quais uma irmã do Mandu Ladino e o seu marido” [01].

Charles R. Boxer informa que: “Em 1712-13, quando uma revolta geral dos <<tapuias do norte>> envolveu não só muitos dos que tinham sido anteriormente dominados naquela região, mas numerosas tribos dos distritos fronteiriços do Maranhão e Ceará. Dois destacamentos grandes e bem armados, compostos de moradores e soldados, foram feitos em pedaços pelos selvagens, cujo perigoso chefe era um ex-convertido dos jesuítas, chamado Mandu Ladino. Existiam 400 sítios naquela região quando a revolta começou, e mais de uma quarta parte deles foi destruída ou teve de ser evacuada. Depois de muitos combates, Mandu Ladino foi morto e a retaguarda da revolta abatida, embora alguns pontos de resistência permanecessem em distritos mais remotos durante vários anos. A extinção da revolta foi devida, em grande parte, à lealdade dos índios da missão jesuíta da Serra de lbiapaba, no Ceará, que se mostraram muito mais eficazes do que os brancos nos combates dentro dos matagais. Bernardo Carvalho [mestre de campo do Maranhão e Piauhy] estava ansioso para que aqueles índios fossem separados da capitania do Ceará e incluídos no Estado do Maranhão, mas tal sugestão encontrou forte resistência por parte dos missionários jesuítas e dos moradores do Ceará” [02].

John Hemming, informa que: “Em junho de 1712 todas as tribos assentadas no acampamento de Soto-Maior, com exceção de duas, se rebelaram, mataram o comandante [Soto-Maior] e a maioria de seus oficiais, vinte soldados e alguns criadores de gado (...). A revolta foi comandada por Mandu Ladino (...). Os quatrocentos homens de Mandu Ladino se apoderaram de trezentas armas de fogo e de munição, e sua rebelião espalhouse pelo Piauí e Ceará (...). Em 1718 o Conselho Colonial em Lisboa manifestou sérias preocupações com as guerras empreendidas por Mandu Ladino que se travavam no Maranhão, Piauí e Ceará (...). Afinal foram outros índios que derrotaram Mandu Ladino. Os tabajaras da serra da Ibiapaba, que tinham estado sob a influência dos jesuítas desde a partida dos holandeses, eram tupis e tradicionais inimigos dos tapuias que viviam mais além. Os tabajaras, comandados pelo cacique Dom Jacó de Sousa e Castro, avançaram contra os tapuias sem a companhia de quaisquer brancos, que constituíam um embaraço para eles nas florestas” [03].

De fato, a morte de Mandu Ladino, ocorrida antes de novembro de 1719, deu-se pelas armas dos tabajaras da Ibiapaba, capitania do Ceará, justamente no período em que o mestre de campo Bernardo Carvalho de Aguiar, estava ausente do Piauí. Vejamos o que diz o padre João Guedes, contemporâneo daqueles fatos: “Que se

podia guerrear os tapuias revoltados sem mestres-de-campo nem arraiais, provavam-no as cinco grandes vitórias que tinham tido os índios da serra da Ibiapaba, nos dois anos em que o citado mestre-de-campo [Bernardo Carvalho de Aguiar] estivera ausente do Piauí” [01].

A narrativa coesa desses três grandes historiadores, encontra respaldo nas palavras do Rei de Portugal, Dom João V, sobretudo nas três cartas-patente concedidas aos principais índios da serra da Ibiapaba, com o hábito de Cavaleiros da Ordem de Santiago: Dom José de Vasconcelos, Dom Felipe de Sousa e Castro e Dom Sebastião Saraiva Coutinho. Na carta concedida a Dom Felipe de Sousa e Castro (e nas demais), consta que tal mercê foi conferida em virtude da sua participação na luta que tinha: “desenfestado os gentios bárbaros das capitanias do Ceará e Piauhy, alcançando muitas vitórias e ultimamente em que mataram o índio Mandu Ladino, um dos mais cruéis inimigos nossos”. Essa fonte primária encontra-se registrada no livro do Registro Geral de Mercês de D. João V, livro 12 fls. 660.

Por João Bosco Gaspar, pós-graduado em História, Cultura e Patrimônio, Tianguá Ceará.

[01] Livro “Os Manuscritos do Arquivo da Casa de Cadaval Respeitantes ao Brasil – Volume II”, de Virgínia Rau – Professora da Universidade de Lisboa.

[02] Livro “A Idade do Ouro no Brasil - Dores de crescimento de uma sociedade colonial”, de Charles Ralph Boxer – Professor Emérito da Universidade de Londres.

[03] Livro “Ouro Vermelho – A Conquista dos índios Brasileiros” de John Hemming – Diretor da Royal Geographic Society de Londres.

O TÍTULO DE “DOM” CONCEDIDO AO ÍNDIO FELIPE DE SOUSA E CASTRO. O índio Felipe de Sousa e Castrou foi agraciado com o Hábito de Cavaleiro da Ordem de Santiago da Espada, por ter comandado a nação tabajara da Ibiapaba no extermínio do "rebelde tapuya" MANDU LADINO em 1719, e passou a receber uma tença de 8 mil reis descontados dos dízimos da capitania do Ceará.

NOTA: Lei Filipina - Desde 1611, que por lei do rei Filipe II de Portugal (III de Espanha), o uso do título de “Dom” passou a ser privilégio dos Grandes do Reino, compreendendo estes a realeza (rei, rainha, príncipes e infantes), os membros do alto clero (cardeais, arcebispos e bispos), os membros da Alta Nobreza (duques, marqueses, condes, bem como viscondes e barões com honras de Grandeza), os oficiais generais do exército e da armada e os grão-mestres das Ordens de Cavalaria.

TRANSCRIÇÃO INTEGRAL Livro de Registro Geral de Mercês do Reinado de Dom João V de Portugal. Livro nº 12, fls. 333 (660), ano de 1721.

“D. Felipe de Sousa e Castro, filho de D. Jacob. Houve Sua Majestade por bem, e com respeito aos muitos serviços que os índios da Serra da Ibiapaba se tem feito <<não só na restauração de Pernambuco mas também continuamente desde que os padres da Companhia os aldearam e instruíram na fé católica>> desinfestando os gentios bárbaros das capitanias do Ceará e Piauhi, e alcançando muitas vitórias, e ultimamente em que mataram o índio Mandu Ladino, um dos mais cruéis inimigos nossos, e ser um dos principais índios que se achava nas referidas ocasiões, com muito valor e zelo de seu Serviço Real, D. Felipe de Sousa e Castro, filho do governador que foi dos índios, D. Jacob de Sousa; e por sua Majestade, espera dele, que da mesma maneira se haverá daqui em diante em tudo do que for encarregado do seu serviço; Hei por bem fazer-lhe mercê a DOM DE ARMAS [Senhor das Armas], que pelos mesmos respeitos que lhe fez do posto de mestre de campo dos ditos índios; que vagou-se pela promoção de D. Joseph de Vasconcelos que o exercitava de antes; com o qual posto [de Dom] gozará o dito D. Felipe de Sousa e Castro, de honras e privilégios, liberdades, favores e franquezas que em razão dele lhe tocarem, da qual, por esta o há, Sua Majestade, emitido de posse do que lhe foi passada carta a 28 de janeiro de 1721”.

A CARTA PADRÃO DE TENÇA DE CAVALEIRO DA ORDEM DE SANTIAGO, 8 MIL RÉIS, PAGOS PELA CAPITANIA DO CEARÁ.

“Houve Sua Majestade por bem, tendo respeito aos valorosos serviços que tem feito a esta coroa os índios da Serra da Ibiapaba, não só na restauração de Pernambuco mas também continuamente desde que os padres da Companhia os aldearam e instruíram na fé católica, desinfestando dos gentios bárbaros as capitanias do Ceará e do Piauhi, alcançando muitas vitórias contra eles, matando-lhe o seu cabo de corso [Mandu Ladino, como dito acima] que fazia grandes hostilidades de mortes e fazendas destruídas, e se tem os ditos índios da mesma Serra da Ibiapaba, este vencimento; e ser um dos principais índios que se acha nestas jornadas e ocasiões, com muito valor e zelo do Real Serviço, o D. Felipe de Sousa e Castro, filho de D. Jacob, já falecido, Hé Sua Majestade, por bem, fazer-lhe mercê a DOM DE ARMAS, que com os mesmos respeitos fez na 81ª sentença e registro, por contados 20, com que foi impedido, porque dos 12 que faltava para o cumprimento dela [sentença], se repassou outro padrão para os ter como CAVALEIRO DA ORDEM DE SANTIAGO, os quais 8 [mil réis em tença] lhes serão assentados nos rendimentos dos DÍZIMOS DO CEARÁ e por os da capitania do Rio Grande, e os começará a vencer do dia que dele se lhe fizer assento. De que esta foi passada ao dia 15 de fevereiro de 1721”.

Fonte: Livro de Registro Geral de Mercês do Reinado de Dom João V de Portugal. Livro nº 12, fls. 333 (660), ano de 1721.

Por João Bosco Gaspar – Pós-Graduado em História, Cultura e Patrimônio - Tianguá - Ceará Link para confirmação: https://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=1890501

O SANTO GRAAL DA IBIAPABA. O Cálix trazido para a Ibiapaba pelos padres Francisco Pinto e Luís Figueira foi roubado pelos índios tocarijus.

Após matarem barbaramente o padre Francisco Pinto no dia 11 de janeiro de 1608, os tapuyas tocarijus roubaram todos seus pertences. Entre as relíquias levadas pelos índios tocarijus estava o Cálix usado nas celebrações religiosas (Missas).

O padre Luís Figueira, companheiro do padre Francisco Pinto e sobrevivente daquele terrível massacre, ficou impedido de celebrar o mistério da transubstanciação... conforme deixou registrado: "levarão calix, alva, cordão e o missal (...). Deixaram me sem missa e sem sacramento naquele desterro, seja o S.r [Senhor] cõtudo louvado pera sempre ".

Fonte: Documento "Relação do Maranhão" escrita pelo padre Luís Figueira em 1608. RIC Revista do Instituto do Ceará

OS POVOS ORIGINÁRIOS DO BRASIL. Por: Getulio Valls.

"Antes da chegada dos portugueses em 1500, o território que hoje conhecemos como Brasil era habitado por milhares de povos indígenas, que já viviam aqui há milhares de anos. Estima-se que existiam entre 2 e 5 milhões de indígenas espalhados pelo país, organizados em diversas etnias, cada uma com sua própria cultura, língua e modo de vida.

Os indígenas brasileiros pertenciam a diferentes troncos linguísticos, como o Tupi-Guarani, o Macro-Jê, o Aruak e o Karib. Os Tupis, por exemplo, ocupavam grande parte do litoral e eram os primeiros a serem encontrados pelos portugueses. Já os Jês habitavam o interior do Brasil, enquanto os Aruak e Karib viviam mais ao norte e na região amazônica.

A organização social variava entre os povos. Alguns viviam em aldeias grandes e sedentárias, praticando agricultura de mandioca, milho e outros alimentos, enquanto outros eram mais nômades, dependendo da caça, pesca e coleta. A religiosidade também era um aspecto fundamental da vida indígena, baseada na relação com a natureza e na crença em espíritos e forças sobrenaturais.

Os indígenas brasileiros tinham uma profunda conexão com a terra e desenvolveram conhecimentos sofisticados sobre o meio ambiente, influenciando até hoje práticas como o uso de plantas medicinais e técnicas agrícolas. Porém, com a chegada dos colonizadores, muitos desses povos foram dizimados por doenças, escravização e conflito s, sofrendo um impacto devastador.

Apesar de séculos de perseguição e tentativa de apagamento, os povos indígenas continuam resistindo e preservando suas culturas, línguas e tradições. Atualmente, há mais de 300 etnias indígenas no Brasil, que lutam por seus direitos e pelo reconhecimento de suas terras, mantendo viva a memória dos primeiros habitantes deste território".

O SOBERBÍSSIMO CHEFE INDÍGENA “LAGARTIXA ESPALMADA”. ANO DE 1608.

No retorno para Pernambuco, após o trágico assassinato do padre Francisco Pinto ocorrido nos altiplanos da Ibiapaba em 11 de janeiro de 1608, o Padre Luís Figueira passou na aldeia de São Lourenço (litoral de Fortaleza), onde “levantou uma formosa cruz de cedro lavrado com seu título”. Nesta aldeia, o Padre Luís Figueira encontrou o principal Lagartixa Espalmada. Figueira diz que: “(...) Entre estes avia hu p. nome Lagartixa Espalmada, o qual era soberbiss. [soberbíssimo] e antes q’ eu viesse varias vezes me ameaçou q’ me avia de matar e aos meus, e p. lhe dizerem outros alguns louvores meus com q’ o abrandarão, ultimamente disse q’se avia de ir da aldea antes q’ eu chegasse p. me não ver (...)”.

NOTA: Thomaz Pompeu Sobrinho, em "Três Documentos do Ceará Colonial", diz que “Lagartixa Espalmada é o nome de um principal potiguara da nova aldeia de São Lourenço. Era soberbíssimo, diz o Padre, aliás como convinha a um chefe índio”.

Fonte: “Relação do Maranhão” do Padre Luís Figueira, ano de 1608. Archivum Romanum Societatis Iesu, em Roma sob registro - ARSI, Bras. 8 I ff. 71-84v.

A IBIAPABA CALVINISTA – A PRETENSA "REPÚBLICA DE CAMBRESSIVE": “Os índios que serviram no exército holandês, e os que seguiram seu partido e abraçaram a sua religião, a de reforma calvinista e luterana, não se julgando seguros em Pernambuco após a sua restauração [1654], apesar do prometido esquecimento do passado e do perdão geral concedido aos indivíduos de qualquer nação, qualidade e religião, ainda mesmo que fossem rebeldes à coroa de Portugal, o que tudo constava do termo de capitulação dos holandeses firmado em 26 de janeiro deste ano de 1654, emigraram logo para os sertões do Ceará, e depois se foram refugiar na serra da Ibiapaba, seus extremos norte, onde lhes parecia, não recear o ataque dos seus inimigos, e fazendo assim de tais paragens o seu baluarte, a sua vendéa, contra os vencedores, e pretendendo mesmo alguns dos mais instruídos e exaltados, fundar ali um estado índio independente, exclusivamente da sua gente e repelindo a branca. Os índios refugiados na serra da Ibiapaba, nos limites norte do Ceará, atingiam a um número superior a quatro mil almas”.

Fonte: Trecho do livro “Anais Pernambucanos, Tomo III, 1635-1665” de autoria de F. A. Pereira da Costa, p.

393-394.