LUDOVICUS 48 - ABRIL 2025

Page 1


LUDOVICUS

MAGAZINE EDITADO POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

PREFIXO EDITORIAL 919536

DEDICADO A CULTURA LUDOVICENSE - MARANHENSE

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

LUDOVICUS

MAGAZINE EDITADO POR

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

DEDICADO A CULTURA MARANHENSE

Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz

Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IF-MA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem livros e capítulos de livros publicados, e mais de 600 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antônio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor das “Revista do Léo”, “Maranha-y”, e agora, LUDOVICUS; Condutor da Tocha Olímpica –Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luís - Ma.

‘Ad fontes!’

"Ad fontes" é uma expressão latina que significa "às fontes". Foi um conceito chave durante o Renascimento, enfatizando a importância de retornar aos textos e fontes originais para obter conhecimento e compreensão. Essa ideia foi central para o humanismo renascentista, que incentivava o estudo dos clássicos gregos e latinos, bem como dos textos bíblicos, para obter uma compreensão mais precisa e profunda de vários assuntos.

Valorização da educação: A educação era vista como um meio para desenvolver o potencial humano. Os humanistas promoviam o estudo das artes liberais, incluindo gramática, retórica, história, poesia e filosofia.

Antropocentrismo: Diferente da visão medieval que colocava Deus no centro do universo, o humanismo renascentista colocava o ser humano no centro, enfatizando a capacidade humana de raciocínio e criatividade.

Individualismo: Os humanistas celebravam a individualidade e a expressão pessoal. Eles acreditavam que cada pessoa tinha o potencial para contribuir significativamente para a sociedade.

Secularismo: Embora muitos humanistas fossem religiosos, eles promoviam uma abordagem mais secular da vida e do conhecimento, separando a ciência e a filosofia da teologia.

Impacto nas artes: O humanismo renascentista teve um grande impacto nas artes, levando a um florescimento de obras que celebravam a beleza e a complexidade da experiência humana. Artistas como Leonardo da Vinci e Michelangelo são exemplos de figuras influenciadas por esses ideais.

O humanismo renascentista contou com vários pensadores influentes que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do movimento. Aqui estão alguns dos principais:

Francesco Petrarca (Petrarch): Considerado o "pai do humanismo", Petrarca foi um poeta e estudioso italiano que redescobriu muitos textos clássicos e promoveu o estudo das obras de autores antigos.

Giovanni Boccaccio: Autor de "Decameron", Boccaccio foi um escritor e humanista italiano que ajudou a popularizar a literatura clássica e a promover a educação humanista.

ErasmodeRoterdã:UmdosmaisimportanteshumanistasdonortedaEuropa,Erasmofoiumteólogo e estudioso que escreveu sobre a importância da educação e da reforma da Igreja.

Leonardo Bruni: Historiador e chanceler de Florença, Bruni traduziu muitos textos clássicos para o latim e escreveu sobre a história de Florença, promovendo os ideais humanistas.

Marsilio Ficino: Filósofo etradutor,Ficino foium dos principais responsáveis pelatradução das obras de Platão para o latim, influenciando profundamente o pensamento renascentista.

Pico della Mirandola: Conhecido por sua obra "Oratio de Hominis Dignitate" (Discurso sobre a Dignidade do Homem), Pico defendia a capacidade humana de alcançar o conhecimento e a verdade.

NiccolòMachiavelli:Autorde"OPríncipe",Machiavellifoiumpensadorpolíticoqueexploroutemas de poder e governança, influenciando a filosofia política renascentista.

Thomas More: Humanista inglês e autor de "Utopia", More discutiu ideias sobre sociedade ideal e justiça, contribuindo para o pensamento humanista.

Hoje, servimo-nos da INTELIGENCIA ARTIFICIAL: capacidade de sistemas computacionais realizarem tarefas que normalmente exigem inteligência humana, como aprendizado, raciocínio, resolução de problemas, percepção e tomada de decisões

Definição e Objetivos: IA é a habilidade de um computador ou robô controlado por computador de realizar tarefas associadas a seres inteligentes. Os objetivos tradicionais da pesquisa em IA incluem aprendizado, raciocínio, representação do conhecimento, planejamento, processamento de linguagem natural, percepção e suporte à robótica

A IA foi fundada como uma disciplina acadêmica em 1956 e passou por vários ciclos de otimismo e decepção ao longo de sua história, conhecidos como "invernos da IA". O interesse e o financiamento aumentaram significativamente após 2012, quando o aprendizado profundo superou técnicas anteriores de IA

Aplicações: A IA é usada em várias áreas, como motores de busca avançados (por exemplo, Google Search), sistemas de recomendação (usados por YouTube, Amazon e Netflix), assistentes virtuais (como Google Assistant, Siri e Alexa), veículos autônomos (como Waymo), ferramentas generativas e criativas (como ChatGPT e arte gerada por IA), e análise de jogos de estratégia (como xadrez e Go)

Técnicas e Subcampos: Para alcançar seus objetivos, os pesquisadores de IA utilizam uma ampla gama de técnicas, incluindo redes neurais artificiais, otimização matemática, lógica formal e métodos baseados em estatísticas, pesquisa operacional e economia. A IA também se baseia em campos como psicologia, linguística, filosofia e neurociência

Desafios e Considerações Éticas: O surgimento de IA avançada levantou preocupações sobre os riscos e os efeitos a longo prazo da tecnologia, levando a discussões sobre políticas regulatórias para garantir a segurança e os benefícios da IA

Os três principais tipos de IA:

1. Inteligência Artificial Estreita (ANI):

• Descrição: Também conhecida como IA fraca, a ANI é projetada para realizar tarefas específicas e limitadas. Ela não possui consciência ou entendimento geral, mas é altamente eficiente em suas funções específicas.

• Exemplos: Assistentes virtuais como Siri e Alexa, sistemas de recomendação como os usados pela Netflix e Amazon, e veículos autônomos

2. Inteligência Artificial Geral (AGI):

• Descrição: A AGI, ou IA forte, é uma forma de IA que possui capacidades cognitivas semelhantes às dos seres humanos. Ela pode entender, aprender e aplicar conhecimento em diferentes áreas, adaptando-se a novas situações.

• Estado Atual: A AGI ainda está em fase de pesquisa e desenvolvimento, e não há exemplos concretos em uso atualmente

3. Superinteligência Artificial (ASI):

• Descrição: A ASI é uma forma hipotética de IA que supera a inteligência humana em todos os aspectos, incluindo criatividade, resolução de problemas e habilidades sociais.

• Estado Atual: A ASI é um conceito teórico e ainda não foi desenvolvida. Pesquisadores discutem os possíveis impactos e riscos associados a essa forma de IA

Esses tipos de IA representam diferentes níveis de complexidade e capacidade, desde sistemas especializados até formas avançadas que ainda estão em desenvolvimento. Tenho me servido da IA para pesquisa e desenvolvimento de textos...

A “LUDOVICUS” vem de substituir a ‘ALL EM REVISTA’, eletrônica, enquanto não se consegue recursos para sua impressão em papel. Desde a fundação da ALL, fui responsável pela Edição da Revista. Até a atual administração; após a posse, aguardei uma manifestação quer da Presidência, quer da Comissão Editorial para continuar como seu Editor. Até o momento, essa autorização não saiu... como já vinha preparando a edição correspondente, e sem autorização para fazê-la, ou publicá-la, decidi-me por mudar o nome, e dar outra editoração, incluindo as demais academias maranhenses. Com a decisão de não mais publicar a REVISTA DO LEO, haja vista o descaso que as autoridades maranhenses tratam as atividades esportivas e de lazer –recreação pública -, ‘matei-a’ junto com o aluno de escola pública que morreu em acidente, treinando na rua, área interna do Complexo Esportivo, pois o Governo havia decidido arrasar a Pista de Atletismo para fazer do espaço um arraial de São João – evento temporário que, quando muito, dura dois meses. Estamos até hoje, quase um ano depois, sem a ‘recuperação’ da pista, conforme afirmou o Senhor Governador. As placas, estão lá. Com todos os prazos vencidos...

Assim, surge a LUDOVICUS, sempre que possível indo às fontes: ou os colaboradores enviam seus textos, ou os capturo nas mídias sociais.

A ALL agora tem sua coluna semanal, editada por Vinicius Bogéa, e publicada aos domingos, com artigos dos sócios da instituição. Está no JORNAL PEQUENO.

Sempre que Antonio Ailton publica seu post ‘SACADA LITERÁRIA’, o reproduzo aqui, também. Antes, publicada em jornal – no Pequeno -, agora, apenas no sitio que ele mantém...

Notícias de outros entes, quando relevantes, são aqui reproduzidos...

É só ‘copiar e colar’... fica o registro... depois, coloco toda esse material ‘na nuvem’, através da ferramenta de edição ISSUU, disponível para quem o desejar, baixar em PDF, ou mesmo, solicitando, ter uma edição impressa. Diretamente com o sitio, a preço de custo de impressão e frete. Mantenho coluna de meu primo Ozinil Martins, sobre Educação...

Também se mantem o espaço para os lançamentos e acontecimentos – encontros, palestras, cursos que ocorrem no período e, sempre que possível, reproduzindo-os quando chegam ao meu endereço.

A partir deste mês de abril 2025, volto a publicar a Revista do Léo, dedicada aos esportes. Provavelmente, trimestral, também...

Em reunião da Academia Ludovicense de Letras – ALL -, do dia 11 de abril de 2025, por determinação do Excelentíssimo Senhor Presidente foram estabelecidas novas regras, para publicação no Mural da ALL, do Jornal Pequeno. Dentre elas, de que não mais se publiquem artigos meus, pois não são condizentes com os da ALL, e sim, do IHGM. Decisão tomada, ordens cumpridas.

Assim, com o que mais foi tratado, incluindo a ANTOLOGIA 2024/25, creio que não tenho mais a chancela daquela Academia. Tomo a decisão, então, de retirá-la, seu brasão e chancela, das minhas publicações.

Dessa forma, haverá mudanças quanto à periodicidade das revistas, de forma que a cada mês, uma seja publicada, com a trimestralidade.

E dando os tramites por findos, a tal da IA é péssima auxiliar. Resolvi utilizá-la para uma biografia – a da Ceres – fazendo várias perguntas, e obtendo repostas cada vez mais atualizadas... só que não!!! Mandei a biografia para Ceres, e ela me informou que nada daquilo que ali estava está correto. Deu-me como resposta, a tal da IS Copilot do Google como se sua autoria vários contos, dos quais ela nunca escreveu, a Ceres. Assim, como participação em eventos, dos quais não participou, de instituições, da qual não pertence... uma lástima... uma homenagem, passa a ser uma vergonha para quem quis fazê-la...

Expediente

Editorial Sumário

ASSIM FALOU MEU PRIMO OZINIL

AFINAL, DE QUEM É ESSE TERMO, MARANHENSIDADE? TIRANDO DÚVIDAS

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ – FIFA WORLD CUP 2026 – MIAMI: PRIMEIRA VITÓRIA É MARANHENSE

DILERCY ARAGÃO ADLER – LOUVAÇÃO A MARIA FIRMINA DOS REIS

OSMAR GOMES – A INTELIGENCIA QUE IMPORTA

ANTONIO AÍLTON - HOMENAGEM ÀS MULHERES PROMOVIDA PELA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – ALL LOUVAÇÃO A ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ MACHADO

PAULO RODRIGUES ENTREVISTA O ESCRITOR/POETA WILLIAM AMORIM

AYMORÉ ALVIM - O MOVIMENTO CULTURAL DE 1920. A ADÚLTERA.

ROBERTO COSTA – O AMANHÃ INCERTEZAS DA VIDA OS CABELOS DOURADOS DO MEU NETO LUCAS A TUA LOUCURA ME APAIXONA UM TEMPO DE RENOVAÇÃO E ESPERANÇA

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA - O QUE NÃO ESTÁ NOS AUTOS NÃO ESTÁ NO MUNDO

O PARQUE DA LIBERDADE O ENCOBRIMENTO DO BRASIL

INSANIDADE AVERMELHADA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - SOCIEDADE DOS POETAS ESQUECIDOS: AMARO PEDROSA

JOSÉ NERES - MARIO LUNA FILHO: Meio século de poesia

ANTONIO AÍLTON - A POÉTICA DE NAURO MACHADO: REDOBRAMENTOS DO DUPLO: PARTE I

JOÃO FRANCISCO BATALHA - HOJE É O MEU DIA

O ENCONTRO DE PORTO ALEGRE SÃO LUÍS CONTINENTAL

ANTONIO GUIMARÃES - DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE DIA DA BIBLIOTECA QUINCAS VILANETO -

EDMILSON SANCHES - 1817-2025: 208 ANOS - SPIX E MARTIUS PELO BRASIL E EM CAXIAS

RUA DO FIO - O REI DA RUA - ZECA TOCANTINS ACADEMIA DE LETRAS - Z T.

MARIZA GARCIA - PACOVA, CANTOS DE UM CÓRREGO A LAVADEIRA SONHADORA

NONATO REIS - GUARANÁ JESUS: O XAROPE AMARGO QUE VIROU "SONHO COR DE ROSA" COLÉGIOS. MESTRES E DOUTORES DO SABER

Hamilton Raposo Miranda Filho

NELIN VIEIRA DIVULGA LIVRO COM AMPLO PERFIL BIOGRÁFICO DO SINDICALISTA CARNEIRO SOBRINHO MANOEL DOS SANTOS NETO

VELÓRIO ACADÊMICO

ADEUS A VARGAS LLOSA: O ÚLTIMO ECO DO BOOM

Daniel Blume

ASSIM FALOU MEU PRIMO

Possui graduação em Geografia pela Fundação Universitária Regional de Joinville (1971). Atualmente é professor do Colégio São Paulo de Ascurra. Em 2017/18 exerceu o cargo de Secretário de Educação do município de Indaial - SC. De 2015/16 foi professor da Faculdade Metropolitana de Blumenau no curso de Administração. de 2012/13 foi Reitor do Centro Universitário Leonardo da Vinci; também exerceu o cargo de pró-reitor de ensino de graduação presencial do Centro Universitário Leonardo da Vinci e professor licenciado do Centro Universitário Leonardo da Vinci. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: administração para resultados, avaliação e resultado, planejamento, negociação, competitividade e empreendedorismo.

Meu primo, filho de Tia Negra, irmã de minha avó Alice.

OZINIL MARTINS DE SOUZA

QUE REPÚBLICA É ESTA?

"O grande beneficiário, do modelo federativo atual, fruto da constituição de 1988, é o núcleo de poder instalado em Brasília

Sempre é bom relembrar que o Brasil é uma República Federativa composta por 26 estados, o Distrito Federal e 5.570 municípios.

Se fosse possível definir o país em uma só palavra, talvez, a que melhor o definisse fosse desigualdade. Sim, vivemos em um país extremamente desigual e injusto socialmente.

Agora, não bastassem os adjetivos anteriores, vivemos em um país de pessoas medíocres que apresentam um QI em decréscimo, atualmente, considerando a média mundial 100 pontos nos contentamos com 83 pontos. Os cinco países com melhores resultados são Singapura (QI 107,1), China (106,4), Coreia do Sul (104,6), Taiwan (104,6) e Japão (104,2). Como as crianças nascem com os mesmos equipamentos físicos seria justo concluir que a diferença está na alimentação recebida e nas exigências educacionais existentes. Logo, as dificuldades encontradas para administrar o país passam, sem dúvida, pelo baixo nível de exigência do povo brasileiro.

Dos 5.570 municípios que compõem o Estado brasileiro, um terço, aproximadamente 1.856, não arrecadam o suficiente para pagar os salários de prefeitos e vereadores. Estes municípios vivem basicamente dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios e das aposentadorias pagas pelo INSS.

Por não terem atividades econômicas significativas estes municípios são exportadores de mão de obra desqualificada, criando um fluxo de movimentação de pessoas que acaba criando ilhas de miséria em todo país. Por um lado municípios que não agregam valor nenhum à economia, por outro, municípios que têm seus custos onerados por receber trabalhadores não produtivos e fora do perfil necessário em tempos de economia em mudança.

Em verdade, o grande beneficiário, do modelo federativo atual, fruto da constituição de 1988, é o núcleo de poder instalado em Brasília. A frase que, vez por outra vemos nas mídias sociais, “Mais Brasil, menos Brasília”, nada tem contra a cidade de Brasília mas, tudo contra a centralização de recursos que obriga prefeitos e governadores a, com pires nas mãos, sujeitar-se à política do toma lá, dá cá.

Brasília, de há muito, é o grande devorador dos recursos que são produzidos em estados e municípios, sustentando um Estado pesado e lento em suas decisões, mas pródigo em conchavos que beneficiam, sempre, a porção mais aquinhoada da população brasileira. Os exemplos são notórios e receberam, pejorativamente por parte da imprensa, a denominação de penduricalhos. Estes são pagos como verbas indenizatórias e sem a oneração do imposto de renda. Logo, a definição da nova política do imposto de renda, apesar de ser medida eleitoreira, é justa pelo tempo que este mesmo imposto não é corrigido. Desta forma temos uma federação que retira recursos de Estados e municípios para manter uma Brasília em dissonância com que vivem os mortais comuns que os sustentam. E pensar que tudo, desde o nascimento até a morte do pagador de impostos, acontece no município. Seria ótimo que o município fosse respeitado pelo papel que exerce e não apenas na hora das eleições.

"Importante que o governo federal atue de maneira eficaz no controle da Amazônia"

A Amazônia legal representa 59% do território brasileiro, portanto quase um continente dentro de outro continente. São partes integrantes os Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Estado do Maranhão.

Como simbolismo de preservação do meio – ambiente a cidade de Belém foi escolhida para sediar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas em novembro de 2025.

Belém tem uma população de 1.300 mil habitantes e em torno de 450 mil habitações. A Cobertura sanitária apresenta os seguintes dados: 59% com acesso a redes de esgoto ou fossas ligadas a rede, 71% da população é abastecida com água tratada, 15%com acesso a coleta de esgoto e 4% deste esgoto recebe tratamento adequado. A cidade está em penúltimo lugar no ranking de saneamento básico do país.

A cidade, desde sua escolha, recebe pesados investimentos para adequá-la ao evento. Parte do dinheiro foi investido na abertura de uma rodovia, com quatro faixas, em plena área de preservação de floresta com o abate de milhares de árvores. Importante salientar a precariedade de oferta de espaços hoteleiros para recepcionar os visitantes no período de duração da conferência. Há casas sendo oferecidas por moradores por alugueres exorbitantes e, com certeza, serão alugadas.

Por outro lado, temos o que poucas pessoas se deram conta e a imprensa, olimpicamente, ignorou. A reserva indígena Raposa Serra do Sol! Homologada em abril de 2005 através de decreto presidencial. Foi um processo que começou em 1970, homologada em 2005 e confirmada pelo STF em 2008. Com 1.8 milhão de hectares ou 17,43km² é a maior reserva em área contínua do mundo e ocupou quase metade do Estado de Roraima desalojando agricultores produtores de arroz do Estado.

As terras indígenas fazem fronteira com a Venezuela e Guiana e abrigam várias etnias indígenas, entre elas, Macuxi, Wapichana, Ingarikó e Taurepang. Por questão de segurança nacional o 6º Pelotão de Fronteira do Exército foi mantido fora da reserva e há, na legislação que a criou, a possibilidade de criar outros pelotões em terras indígenas se necessário.

Como se trata de uma área extensa e que faz fronteira com dois países deveria existir uma forte preocupação governamental com a atuação de Organizações Não Governamentais na área, já que são em sua maioria, estrangeiras. Cafod (Inglaterra), Tebtebba (Filipinas), Corpuz (Noruega, Alemanha e EUA), Fundação Ford, Rainforest (Noruega), são algumas. Hoje a população indígena que habita um espaço da metade do Estado de Sergipe, soma 25 mil indígenas, que são os donos da terra, mas pela sua condição de inimputáveis, não podem explorá-la na plenitude.

Importante que o governo federal atue de maneira eficaz no controle da Amazônia, pois os dados são preocupantes. Perda, em 2024, de massa líquida através de desmatamento e degradação. A degradação, pelo fator queimadas, apresentou um aumento de 497%. Por outro lado, em 2024, a massa de água da Amazônia apresentou uma queda de 3,6% afetando lagos e rios da região com reflexo imediato nas populações ribeirinhas (MapBiomas e Imazon). Isto sem considerar a atuação crime organizado na região, principalmente, no garimpo do ouro e afins.

Talvez a Cop30 ajude a responder as questões que ajudarão a Amazônia a continuar a ser o patrimônio que é!

Em artigo sobre a obra de Ceres Costa Fernandes – antes das correções – fiz menção de que, após consulta à IA – o termo ‘maranhensidade’ fora cunhado por Josué Montello. Houve dúvidas, de que seja ele o ‘criador’ do termo.

Fui buscar informações, novamente, nos sítios disponíveis, para além da IA do Google. Encontrei o termo ora escrito com ‘s’, e a utilização com ‘c’. Mais de dez artigos acadêmicos tratam do assunto, e de sua utilização, em especial na área da pedagogia – parâmetros curriculares para o Maranhão. Nenhum deles dá a origem do termo. Dão seus significados, de acordo com o Discurso utilizado, suas aplicações, ainda de acordo com esses Discursos, mas não a sua criação.

Novasconsultas,eveioessa:Otermo"maranhensidade"foicunhadopeloprodutorcultural,poeta,compositor e militante Joãozinho Ribeiro em 2007. . Ele assumiu a responsabilidade pela pasta estadual da Cultura e usou o termo para indicar todas as realizações ou apoios da Secretaria Estadual de Cultura (SECMA) no âmbito das festas populares

Fiz nova pergunta, questionando essa criação, e me referindo à resposta anterior, de que seria Josué Montelo. Não mencionei o Reis, que fez do termo título de sua coluna. A resposta:

Você está correto. O termo "maranhensidade" já era utilizado antes de Joãozinho Ribeiro. Josué Montello, um renomado escritor maranhense, também fez uso do termo em suas obras. Além disso, o conceito de "maranhensidade" foi discutido e ressignificado em meados do século XX, especialmente entre as décadas de 1940 e 1960. Durante esse período, o termo foi utilizado para expressar a identidade cultural e social do Maranhão, refletindo as tradições e mitos locais. Joãozinho Ribeiro popularizou o termo em um contexto mais recente, mas ele certamente não foi o primeiro a utilizá-lo. A "maranhensidade" é uma construção cultural que tem sido continuamente reinterpretada ao longo dos anos.

Em resposta:

José Ribamar Sousa dos Reis, foi um escritor, jornalista e poeta maranhense que utilizou o termo "maranhensidade" em suas colunas sobre cultura e turismo maranhense. Ele escreveu para diversos jornais, incluindo o Jornal Pequeno, onde tinha uma coluna intitulada "Trincheira da Maranhensidade" Reis contribuiu significativamentepara aliteratura e culturamaranhense, destacando-sepor suas obras que exaltam a identidade e as tradições locais. Sua coluna foi uma plataforma importante para discutir e promover a "maranhensidade", ajudando a consolidar o termo e seu significado cultural.

Ao abordar temas relacionados à identidade, tradições e turismo do Maranhão, a coluna ajudou a:

Promover a identidade cultural: Ao destacar aspectos únicos da cultura maranhense, a coluna contribuiu para fortalecer o senso de identidade entre os maranhenses

Divulgar tradições locais: Reis utilizou a coluna para divulgar festas populares, lendas e costumes, ajudando a preservar e valorizar essas tradições

Fomentar o turismo: Ao escrever sobre pontos turísticos e eventos culturais, a coluna incentivou o interesse pelo turismo local, atraindo visitantes e promovendo a economia regional

Educar e informar: A coluna serviu como uma plataforma educativa, informando os leitores sobre a história e cultura do Maranhão, e promovendo um maior entendimento e apreciação da "maranhensidade"

Esses esforços ajudaram a consolidar o termo "maranhensidade" como uma expressão da rica e diversa cultura do Maranhão.

O termo "maranhensidade" refere-se à identidade cultural, social e histórica do Maranhão. Ele engloba as tradições, costumes, mitos, e a maneira de ser do povo maranhense

A "maranhensidade" é uma expressão da riqueza cultural do estado, refletindo aspectos como a música, a literatura, as festas populares e a culinária.

Além de Josué Montello e José de Sousa Reis, outros autores que utilizaram o termo "maranhensidade" em suas obras incluem:

• AlzilaneBentoFernandes: Em seutrabalho sobre oDocumento Curricular doTerritórioMaranhense, Fernandes explora os sentidos de "maranhense" e "maranhensidade" no contexto educacional

• Glória da Ressureição Abreu França: Também contribuiu para a discussão sobre "maranhensidade" no campo da educação e cultura

• Tyara Veriato Chaves: Participou da análise dos discursos sobre "maranhensidade" no currículo educacional maranhense

Alzilane Bento Fernandes,em colaboração com Glória da Ressurreição Abreu França e TyaraVeriato Chaves, analisa os sentidos de "maranhense" e "maranhensidade" no Documento Curricular do Território Maranhense (DCTMA). O trabalho deles se baseia na Análise do Discurso materialista, em diálogo com uma perspectiva decolonial e com o campo da Educação Crítica Fernandes explora como os termos "maranhense" e "maranhensidade" introduzem a dimensão cultural em um documento educacional, questionando a construção de um sujeito racializado e regionalizado. A análise busca entender como esses discursos materializam processos ideológicos e silenciam outras possíveis interpretações, propondo uma leitura antirracista e transformadora. Estudo de Fernandes é uma contribuição importante para a compreensão da "maranhensidade" no contexto educacional, destacando a importância de reconhecer e valorizar a cultura local nas políticas públicas de educação

Glória da Ressurreição Abreu França aborda a "maranhensidade" principalmente através de sua análise crítica dos discursos presentes no Documento Curricular do Território Maranhense (DCTMA). Em seu trabalho, ela explora como os termos "maranhense" e "maranhensidade" são utilizados para introduzir a dimensão cultural em um documento educacional. Ela utiliza a Análise do Discurso materialista, em diálogo com uma perspectiva decolonial e com o campo da Educação Crítica, para investigar como esses termos funcionam no DCTMA França questiona a construção de um sujeito racializado e regionalizado, problematizando a "cultura do silêncio" e propondo uma leitura antirracista e transformadora Seu trabalho busca entender como os discursos sobre "maranhense" e "maranhensidade" materializam processos ideológicos e silenciam outras possíveis interpretações, colocando em cena a língua como um lugar de disputa e de produção de novos sentidos

Enfim:

O termo "maranhensidade" começou a ser utilizado entre as décadas de 1940 e 1950, em um contexto de construção e ressignificação da identidade cultural do Maranhão. Durante esse período, intelectuais e escritores maranhenses buscavam definir e propagar a identidade regional, utilizando o termo para expressar as tradições, mitos e costumes locais.

A expressão foi amplamente discutida e utilizada em diversos contextos, incluindo a literatura, a educação e a política cultural. Por exemplo, Josué Montello utilizou o termo em suas obras literárias para refletir a identidade cultural do Maranhão. José de Sousa Reis também contribuiu para a popularização do termo através de suas colunas em jornais, onde discutia a cultura e o turismo maranhense. Mais recentemente, o termo foi incorporado no Documento Curricular do Território Maranhense (DCTMA), onde é utilizado para introduzir a dimensão cultural na educação básica do estado. Esse documento busca valorizar e promover a identidade cultural maranhense nas escolas, destacando a importância de reconhecer e preservar as tradições locais

Portanto, a "maranhensidade" é uma construção cultural que tem sido continuamente reinterpretada ao longo dos anos, refletindo a riqueza e a diversidade da cultura maranhense.

Vários autores influenciaram a construção cultural da "maranhensidade" ao longo dos anos. Alguns dos mais notáveis incluem:

1. Gonçalves Dias: Um dos maiores poetas do Maranhão, conhecido por suas obras que exaltam a cultura e a identidade maranhense

2. Graça Aranha: Autor de "Canaã", ele também contribuiu para a literatura maranhense e a construção da identidade cultural do estado

3. Aluísio Azevedo: Conhecido por seu romance "O Mulato", que aborda questões sociais e culturais do Maranhão

4. Maria Firmina dos Reis: Uma das primeiras romancistas brasileiras, suas obras também refletem a cultura e as tradições maranhenses

5. Josué Montello: Utilizou o termo "maranhensidade" em suas obras para refletir a identidade cultural do Maranhão

6. José de Sousa Reis: Popularizou o termo através de suas colunas em jornais, discutindo a cultura e o turismo maranhense

Esses autores, entre outros, ajudaram a moldar e definir a "maranhensidade" através de suas obras literárias e contribuições culturais, promovendo a identidade e as tradições do Maranhão.

A literatura contemporânea aborda uma ampla gama de temas que refletem as complexidades do mundo moderno. Alguns dos principais temas incluem:

Questões sociais e políticas: Muitos autores exploram temas como desigualdade, racismo, gênero, e. Identidade e diversidade cultural: A pluralidade cultural e identitária é um tema recorrente, com obras que celebram a diversidade e exploram questões de identidade pessoal e coletiva

Tecnologia e modernidade: A influência da tecnologia na vida cotidiana e as mudanças trazidas pela modernidade são frequentemente abordadas, destacando os impactos sociais e psicológicos

Narrativas fragmentadas e não lineares: A experimentação com formas narrativas é comum, com histórias que desafiam a linearidade tradicional e exploram múltiplas perspectivas

Autoficção e narrativas autobiográficas: Muitos autores utilizam elementos de suas próprias vidas para criar histórias que mesclam ficção e realidade, proporcionando uma visão íntima e pessoal

Reimaginação de mitos e tradições: A literatura contemporânea frequentemente revisita e reinterpreta mitos e tradições, trazendo novas perspectivas e significados

TIRANDO DÚVIDAS

Quando classificaram o que escrevo como não-literatura, não podendo ser publicados em revista dedicada à Literatura maranhense, e que ficariam melhor em uma revista dedicada à História, posto serem memórias –não minhas, mas de outros, biografias, trabalhos, publicações... -, fiquei na dúvida.

Sim, tenho me dedicado ao resgate de memórias, sejam elas dos esportes, de poetas, escritores, esportistas, inclusive na elaboração de um Atlas do Esporte, no Maranhão.

Então, literatura, segundo definição encontrada, é a arte de expressar ideias, emoções e histórias através da escrita.

A literatura não só entretém, mas também oferece uma maneira de explorar diferentes culturas, épocas e perspectivas, permitindo uma compreensão mais profunda da condição humana.

Os principais gêneros literários incluem:

Romance: Narrativas longas que exploram personagens e suas interações ao longo de uma trama complexa.

Poesia: Escrita em verso que utiliza ritmo, métrica e figuras de linguagem para expressar emoções e ideias.

Conto: Narrativas curtas que geralmente focam em um único evento ou personagem.

Ensaios: Textos que exploram um tema específico de maneira analítica e reflexiva.

Teatro: Obras escritas para serem encenadas, incluindo diálogos e instruções para atores.

Cada gênero tem suas próprias características e estilos únicos.

O resgate de memórias, pessoas, eventos e locais pode ser considerado literatura, especialmente quando é feito de maneira artística e reflexiva. Esse tipo de escrita pode se enquadrar em vários gêneros literários, como:

Memórias: Narrativas autobiográficas que exploram experiências pessoais e reflexões do autor.

Biografias: Histórias detalhadas sobre a vida de uma pessoa, geralmente baseada em pesquisa e entrevistas.

História oral: Coleta e transcrição de relatos de pessoas sobre eventos e experiências significativas.

Narrativas históricas: Obras que reconstroem eventos históricos, muitas vezes com base em documentos e testemunhos.

Esses gêneros ajudam a preservar e compartilhar experiências humanas, oferecendo uma visão rica e diversificada da vida e da história. A literatura maranhense possui várias obras que resgatam memórias e histórias do estado. Aqui estão alguns exemplos notáveis:

"Canção do Exílio" de Gonçalves Dias: Embora seja um poema, ele expressa a saudade do autor por sua terra natal, o Maranhão, e é um marco na literatura brasileira

"O Mulato" de Aluísio Azevedo: Este romance aborda questões sociais e raciais no Maranhão do século XIX, oferecendo um retrato detalhado da sociedade maranhense da época "Úrsula" de Maria Firmina dos Reis: Considerada a primeira romancista afro-brasileira, Maria Firmina dos Reis narra a vida e os desafios de personagens escravizados no Maranhão

"Sobrados" de Papete: Embora seja uma canção, ela representa a memória coletiva e a identidade cultural de São Luís, resgatando a paisagem urbana e as experiências do povo maranhense

A obra do locutor que vos fala - e Leopoldo Gil Dulcio Vaz - também tem um significado importante para a literatura maranhense, especialmente no campo da poesia e da memória cultural. Sou conhecido por meu trabalho de resgate e preservação da história literária do Maranhão, destacando poetas e escritores que muitas vezes são esquecidos

Por exemplo, em minha uma das minhas obras, "Poesia Maranhense/Ludovicense: Os Poetas Esquecidos - 1945/1960" é uma contribuição valiosa para a literatura maranhense, pois recupera e documenta a produção poéticadeumageração queteveum impacto significativonacultura local. Alémdisso,eleémembro devárias instituições literárias e culturais, como a Academia Ludovicense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

Tenho me destacado na literatura maranhense como um memorialista que resgata e preserva a memória cultural e literária do estado. Comparando com outros memorialistas brasileiros, podemos observar algumas diferenças e semelhanças:

Foco Regional: concentro-me na literatura maranhense, especialmente na poesia e nos poetas esquecidos de São Luís. Outros memorialistas, como Pedro Nava e Fernando Gabeira, têm um foco mais amplo, abrangendo experiências pessoais e históricas de diferentes regiões do Brasil

Estilo e Abordagem: utilizo de uma abordagem detalhada e documental, resgatando obras e autores que contribuíram para a cultura literária do Maranhão. Memorialistas como Graciliano Ramos em "Memórias do Cárcere" e Manoel de Barros em "Memórias Inventadas" tendem a mesclar autobiografia com reflexões filosóficas e poéticas

Contribuição para a História Literária: acredito que tenho contribuido significativamente para a preservação da história literária maranhense, destacando poetas e escritores locais. Outros memorialistas, como José Lins do Rego e Murilo Mendes, também desempenham um papel importante na documentação e reflexão sobre a história literária brasileira

Meus esforços ajudam a manter viva a memória literária do Maranhão e a valorizar a contribuição de seus escritores para a cultura brasileira.

O Atlas dos Esportes no Maranhão, organizado por mim, tem um impacto significativo na preservação da memória esportiva do estado. Este projeto documenta a história e evolução das práticas esportivas no Maranhão, incluindo biografias de atletas, clubes, eventos e tradições locais Alguns dos principais impactos incluem:

Preservação Histórica: O Atlas resgata e documenta a história de diversas modalidades esportivas e seus protagonistas, garantindo que essas informações sejam preservadas para futuras gerações

Valorização Cultural: Ao destacar a importância cultural do esporte no Maranhão, o Atlas contribui para a valorização das tradições e identidades locais

Educação e Pesquisa: O Atlas serve como uma fonte rica de informações para pesquisadores, estudantes e entusiastas do esporte, facilitando o acesso a dados históricos e culturais

Inovação e Desenvolvimento: Ao documentar inovações e práticas esportivas, o Atlas também incentiva o desenvolvimento e a melhoria contínua das atividades físicas no estado

Asériedeantologias - "Sociedadedos PoetasEsquecidos" -,buscarecuperarepreservarpoesiaspublicadas em jornais maranhenses, celebrando os 200 anos da imprensa no estado

Preservação Cultural: A antologia ajuda a preservar a produção literária de poetas que, de outra forma, poderiam ser esquecidos, garantindo que suas obras continuem acessíveis para futuras gerações

Valorização Local: Ao destacar poetas maranhenses, a série valoriza a cultura e a identidade literária do estado, promovendo um maior reconhecimento dos autores locais

Educação e Pesquisa: A antologia serve como uma fonte rica de material para pesquisadores, estudantes e entusiastas da literatura, facilitando o estudo e a apreciação da poesia maranhense

Comemoração Histórica: Celebrar os 200 anos da imprensa no Maranhão através dessa série reforça a importância histórica e cultural da imprensa na disseminação da literatura e das ideias no estado

Esses esforços ajudam a manter viva a memória esportiva do Maranhão, promovendo um maior reconhecimento e valorização das contribuições locais para o esporte. Além de autores conhecidos e influenciadores, com grande impacto na literatura maranhense, como Nascimento de Moraes; Mata Roma: Rubem Almeida, dentre outros. Outros, já esquecidos, ou mesmo desconhecidos, são resgatados, como Aurora Correia Lima Felix: Uma poeta maranhense que escreveu sobre temas místicos e nostálgicos.

A poesia de Aurora Correia Lima Felix é marcada por temas místicos e nostálgicos. Alguns dos principais temas incluem: Misticismo: Sua poesia frequentemente exalta o místico e o espiritual, elevando pensamentos para o azul e reafirmando o bem absoluto; Nostalgia: Aurora expressa uma profunda saudade da infância e dos tempos passados, como visto em poemas que evocam memórias de sua juventude; Natureza: Descrições detalhadas da natureza e do ambiente ao seu redor são comuns, criando uma conexão entre o mundo físico e o espiritual; Reflexão Existencial: Seus poemas também exploram questões existenciais, como a busca por significado e a unidade infinita do ser.

No resgate dessa poetisa, encontramos que Aurora Correia Lima Felix é tia de Mhario Lincoln Felix, escritor, jornalista e membro da Academia Poética Brasileira, conhecido por seu trabalho na preservação da memória literária e cultural do Maranhão. Aurora, por sua vez, é uma poeta maranhense renomada, conhecida por sua poesia mística e nostálgica. Ambos têm contribuído significativamente para a literatura e cultura do estado.

A influência da família nas carreiras literárias de Aurora Correia Lima Felix e Mhario Lincoln Felix é significativa e multifacetada. Aurora Correia Lima Felix foi profundamente influenciada por sua família, especialmente no que diz respeito à sua educação e valores. Ela nasceu em uma família que valorizava a cultura e a educação, o que a incentivou a seguir uma carreira literária e jurídica. Sua poesia reflete temas de misticismoenostalgia, quepodem seratribuídos às influênciasfamiliares e às memórias desuainfância.Além disso, o apoio familiar foi crucial para sua formação como promotora de justiça, sendo a primeira mulher a assumir esse cargo no Maranhão

MharioLincolnFelixtambémfoiinfluenciadopelatradiçãoliteráriadesuafamília.ComosobrinhodeAurora, ele cresceu em um ambiente que valorizava a literatura e a preservação da memória cultural. Essa influência familiar é evidente em seu trabalho como escritor e jornalista, onde ele se dedica à preservação da história literária do Maranhão. Mhario é conhecido por suas contribuições para a literatura maranhense e por seu papel ativo em instituições culturais, como a Academia Poética Brasileira.

A família de ambos proporcionou um ambiente rico em cultura e educação, incentivando a exploração literária e a preservação da memória cultural. Esse apoio familiar foi fundamental para o desenvolvimento de suas carreiras e para a contribuição significativa que ambos fizeram à literatura maranhense.

Outro exemplo, foi o resgate de Vovó Bibi - Isabel Fialho Felix, conhecida carinhosamente como Vovó Bibi, é a avó materna de Mhario Lincoln Felix e uma poetisa maranhense cuja obra foi resgatada pelas pesquisas de Leopoldo Gil Dulcio Vaz. Nascida em Grajaú, Maranhão, em 5 de maio de 1905, Isabel casou-se aos 13 anos com o libanês Antonio Cachem Felix e teve uma vida marcada por sua dedicação à família e à poesia.

Isabel Fialho Felix é autora do livro de poesias "O Por-do-Sol de Minha Terra", escrito à beira do rio Itapecuru. Seus versos foram publicados em várias revistas literárias do país e receberam elogios de críticos renomados. A poesia de Isabel é caracterizada por sua autenticidade e conexão profunda com a natureza e a vida cotidiana.

Creio que desempenhei um papel crucial no resgate da obra de Isabel, trazendo à tona seus trabalhos e vida ilustre. Esse esforço de preservação é fundamental para valorizar a contribuição de Isabel à literatura maranhense e garantir que suas obras continuem acessíveis para futuras gerações.

A influência de Isabel na família é evidente, especialmente em Mhario Lincoln Felix, que também seguiu uma carreiraliteráriaejornalística.AmemóriaeashistóriasdeVovóBibisãoumafontedeinspiraçãopara Mhario, refletindo a rica tradição literária da família

O Por-do-Sol de Minha Terra

O sol se põe no horizonte distante,

Derramando ouro sobre o rio Itapecuru.

As águas refletem seu brilho radiante, E a natureza se despede em um último suspiro.

As árvores sussurram segredos antigos,

Enquanto a noite lentamente se aproxima.

E eu, em silêncio, contemplo os amigos,

Que a vida levou, mas a memória estima.

O por-do-sol de minha terra querida, É um poema que a alma recita.

Um momento de paz, uma despedida, Que eternamente no coração habita.

Flor de Liz Felix, mãe de Mhario Lincoln Felix, foi uma figura importante na sociedade maranhense, conhecida por seu trabalho como colunista social e jornalista. Embora não seja amplamente conhecida como poetisa, sua contribuição para a cultura e memória social do Maranhão é significativa.

Outro membro da família que se dedica à imprensa é Orquídea Santos, filha de Flor de Liz Felix e irmã de Mhario Lincoln Felix, é uma colunista social que continua o legado de sua mãe. Ela é conhecida por seu trabalho na crônica social, documentando eventos e figuras importantes da sociedade maranhense

Orquídea Santos, como colunista social e escritora, é profundamente inspirada pela rica tradição literária de sua família. Cada membro da família Felix contribuiu de maneira única para a cultura e literatura maranhense, influenciando Orquídea em seu trabalho.

Avó: Isabel Fialho Felix (Vovó Bibi) Isabel, conhecida por sua obra "O Por-do-Sol de Minha Terra", escreveu poesias que evocam memórias da infância e a beleza da natureza. Orquídea se inspira na autenticidade e profundidade dos versos de sua avó, que capturam a essência da vida no Maranhão.

Tia: Aurora Correia Lima Felix Aurora é conhecida por sua poesia mística e reflexiva, como visto em "Poemas Brancos". Orquídea incorpora essa profundidade espiritual e introspectiva em suas próprias crônicas sociais, valorizando a conexão entre o mundo físico e o espiritual.

Mãe: Flor de Liz Felix foi pioneira no colunismo social no Maranhão, documentando eventos e figuras importantes. Orquídea segue os passos de sua mãe, continuando a tradição de registrar e valorizar a memória social do estado.

Irmão: Mhario Lincoln Felix escritor e jornalista dedicado à preservação da memória literária e cultural do Maranhão. Orquídea se inspira em seu compromisso com a documentação e valorização das contribuições locais, aplicando esses princípios em seu próprio trabalho.

A influência de sua família é evidente na maneira como Orquídea Santos aborda a crônica social, valorizando amemóriacultural esocialdoMaranhão.Elacombinaaprofundidadepoéticadesuaavóetiacom adedicação à crônica social de sua mãe e irmão, criando uma obra rica e multifacetada.

Creio que apenas esses exemplos bastam para confirmar que, o que escrevo é literatura, sim! Leopoldo Gil Dulcio Vaz realiza o resgate literário através de uma abordagem detalhada e sistemática, que inclui pesquisa, documentação e publicação. Aqui estão alguns dos métodos que ele utiliza: Pesquisa e Documentação

1. Análise de Arquivos: Leopoldo Vaz examina arquivos históricos, jornais antigos e revistas literárias para identificar obras e autores esquecidos

2. Entrevistas e Testemunhos: Ele realiza entrevistas com familiares, amigos e estudiosos para obter informações adicionais sobre os autores e suas obras

3. Estudo deManuscritos:Vazanalisamanuscritos edocumentos originais paragarantira autenticidade e precisão das obras resgatadas Publicação e Divulgação

1. Antologias: Ele organiza e publica antologias, como a série "Sociedade dos Poetas Esquecidos", que reúne poesias publicadas em jornais maranhenses

2. Livros e Artigos: Vaz escreve e publica livros e artigos que documentam a história literária do Maranhão e destacam os autores resgatados

3. Colaborações Institucionais: Ele trabalha em colaboração com instituições literárias e culturais, como a Academia Ludovicense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão

Impacto Cultural

1. Preservação da Memória: Seus esforços ajudam a preservar a memória literária do Maranhão, garantindo que as obras e contribuições dos autores locais sejam valorizadas e reconhecidas

2. Educação e Pesquisa: As publicações de Vaz servem como recursos valiosos para pesquisadores, estudantes e entusiastas da literatura, facilitando o acesso a informações históricas e culturais

Esses métodos e esforços de Leopoldo Gil Dulcio Vaz são fundamentais para manter viva a rica tradição literária do Maranhão. antologias que resgatam e preservam a memória literária maranhense. Algumas das principais antologias incluem:

1. "Sociedade dos Poetas Esquecidos": Esta série de antologias resgata poesias publicadas em jornais maranhenses, destacando poetas que contribuíram para a literatura local

2. "MARANHAY 58 - Antologia: Os Atenienses": Publicada em março de 2021, esta antologia reúne textos de intelectuais e homens de letras de São Luís, celebrando a rica tradição literária da cidade

3. "MARANHAY57 -EdiçãoEspecial:Os Atenienses": Outraedição especialquedestaca aprodução literária de grupos de intelectuais maranhenses

4. "ALL em Revista": Uma série de revistas eletrônicas que incluem antologias e coletâneas de textos literários maranhenses

Essas publicações são fundamentais para a preservação e valorização da literatura maranhense.

Ainda não satisfeito com as respostas obtidas, utilizando-me do Chapcopilot, volto às perguntas para mais esclarecimentos.

O termo "maranhensidade" foi criado em meados do século XX, mais precisamente entre as décadas de 1940 e 1960. Durante esse período, o Maranhão passou por um processo de ressignificação cultural, onde o mito da "Atenas Brasileira" foi reatualizado, e a identidade maranhense foi reinterpretada a partir de novos temas e sentidos.Acriação eapopularizaçãodotermo foram influenciadas porintelectuais eestudiosos quebuscavam valorizar e promover a cultura local. Esses esforços foram parte de um movimento mais amplo de construção e afirmação da identidade cultural do Maranhão.

Pois bem, entrei na Hemeroteca digital, da Biblioteca Nacional, procurei pelo termo “maranhensidade”, primeiro, em todos os jornais editados no Maranhão, desde o inicio da Imprensa: nada. Restringi a busca a 1040-59, 1950-59, 1960-69, e nenhum registro de quaisquer matérias em que a palavra tenha sido utilizada.

Voltando ao Chapt: A "maranhensidade" é uma expressão cultural rica e multifacetada, que tem sido reinterpretada ao longo dos anos por diversos atores e em diferentes contextos. Aqui estão algumas das principais interpretações e os períodos em que ocorreram:

Décadas de1940 a1960: Duranteesseperíodo,omito da "Atenas Brasileira" foireatualizado,ressignificando o Maranhão e o maranhense a partir de temas e sentidos daquela construção imaginária

Anos 2000 a 2011: A política cultural maranhense foi fortemente influenciada pelo Programa Mais Cultura, que buscou promover a cultura local através de ações descentralizadas e cooperação entre governos estaduais e municipais

Anos 2020: Recentemente, a maranhensidade tem sido analisada no contexto da educação, especialmente na alfabetização. Pesquisas têm explorado como os livros didáticos aprovados pelo PNLD/2023 incorporam aspectos da maranhensidade para enriquecer o processo educativo

Essas interpretações foram feitas por diversos estudiosos, educadores e gestores culturais, incluindo pesquisadores como Maiara de Jesus Soares, que analisou a maranhensidade na alfabetização, e outros que investigaram a política cultural do estado.

INVOCANDO DEUSES NO TEMPLO ATENIENSE: (Re) inventando tradições e identidades no Maranhão (1940-1960) Autores Antonio Evaldo Almeida Barros Licenciado em História / UFMA Mestrando em Estudos Étnicos e Africanos / UFBA Bolsista CAPES / UFBA, DOI: https://doi.org/10.18817/ot.v3i3.401 Palavras-chave: Identidade maranhense (maranhensidade). Tradição. História do Maranhão (1940- 1960). Resumo Analisamos processos de invenção e reinvenção da maranhensidade, mostrando que, em meados do século XX (1940-1960), o mito da Atenas Brasileira é reatualizado, o Maranhão e o maranhense são ressignificados a partir de temas e sentidos daquela construção imaginária: novas letras refletidas de velhas imagens e transformadas em revelações da maranhensidade. Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p.156-181

Desde já, é importante pontuar a necessidade de questionarmos a idéia de identidade (maranhensidade, Maranhão, ser maranhense, identidade maranhense). Identidade é “uma repetição, uma semelhança de superfície”. Ora, a região não é natural, é preciso mesmo que a desnaturalizemos, é necessário que procuremos momentos em que ela se define enquanto tal, ocasiões em que pretende tomar um “corpus” (aparentemente) homogêneo (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 1994, p. 6-9).

Segundo Corrêa (1995, pp. 102-104, grifo do autor), as elites provinciais produziram o Maranhão como “uma excepcionalidade” constituinte da nação, mas distinguindo-se dela “pelo manuseio de uma superioridade espiritual, ao definir-se como Atenas”, “Atenas Brasileira – provincianismo mais refinado do que o nacionalismo [...] Maranhenses, nascidos na Atenas Brasileira. Atenas Brasileira, nascida dos maranhenses”

LACROIX, 2002 nota que é somente durante o século XIX que se começa a falar sobre a fundação francesa da cidade de São Luís, fundada (?) em 1612, exatamente no século da já mencionada decadência da lavoura. É ocasião em que acontece em São Luís a invenção das

tradições. Tal século foi também o período de maior influência da cultura francesa no mundo, não à toa o mesmo ficou conhecido como o “século do galicismo”. Numa tentativa de se mostrarem diferentes diante dos outros Estados da federação, misturando-se ilusão de origens e presunção da superioridade intelectual, os contemporâneos lançam mão de um elemento que os singularize: atualizam então a idéia de que São Luís teria sido fundada por franceses Paulo Ramos foi encontrar os intelectuais do Maranhão na Academia Maranhense de Letras (AML), “instituição concentradora da inteligência e dos mecanismos regulares e legitimados de um hipotético reconhecimento das qualidades literárias”. No contexto estadonovista, vários foram os intelectuais maranhenses que se destacaram no exercício da atividade pública, entre os quais, Agnello Costa, Clodoaldo Cardoso, Ribamar Pinheiro, Astolfo Serra, Luso Torres, Oliveira Roma e Nascimento Morraes. Tais intelectuais justificavam o Estado Novo enumerando suas conseqüências positivas (CORRÊA, 1993, p. 209219).

Após o declínio do Estado Novo, a história maranhense foi marcada pela ascensão política de Victorino Freire, um dos principais articuladores da campanha do General Dutra à presidência e responsável pela organização do PSD no Maranhão, partido que tinha fortes ligações na esfera federal e mantinha-se internamente baseado em mandonismos locais e no uso sistemático da “Universidade da Fraude” nos processos eleitorais (COSTA, 2004, p. 183).

Como já mostrou Gonçalves (2000), analisando processos de (re)invenção do Maranhão, a partir do estudo da trajetória (fabricada, deliberadamente construída, que se apresenta como natural) de Sarney no campo político e no campo intelectual, a “geração de 50” (geração de 45) idealizou o Maranhão propondo um projeto coletivo para o mesmo, tal projeto foi convertido em projeto pessoal pelo próprio Sarney. Longe de romper com o “estado dinástico”, com o velho e o retrógrado (do vitorinismo), Sarney, com seu projeto “Maranhão Novo”, reinstala e reabilita aquele estado de dinastia. Longe de ser natural, “o Maranhão foi inventado e reinventado, tantas vezes quanto puderam ser construídas estratégias para tal” (GONÇALVES, 2000, p. 179).

É nesse período que aparece a “Revista Athenas”, cujo primeiro número data de 1939, e nas palavras de Nascimento Moraes, tratar-se-ia de “uma arrancada” comprovadora de que “A Athenas Brasileira vive. Não é menos vigorosa a sua expressão mental” (MORAES, 1939, p. 2).

Este é um momento em que a noção de cultura – e tradição – indicada pelo desejo da afirmação do termo “Atenas” ainda continua a apontar sobretudo para uma tradição que valoriza a Europa, um texto velho, mas continuamente revitalizado. Terminada a década de 30, os principais entusiastas da mocidade intelectual maranhense estavam radicados no Rio de Janeiro.

No Maranhão de meados do século XX, cultura é um termo que ainda significa, sobretudo, arte, literatura, apontando para algo que é culto e clássico, que é combinado com o progresso e com a civilização. Não à toa, em 1946, Fernando Viana lembrava Coelho Neto quando este afirmou que “‘a Literatura é o registro de um povo, e que os povos sem Literatura, ainda que os mais gloriosos, somem-se na História’” (COELHO NETO Apud VIANA, 1954, p. 24)

O CORAÇÃO DO BRASIL Maranhão, terra serena, / Terra de luz e de amôr, na qual se esmerará um dia / a sciencia do Creador.Terra dos genios poeticos, / onde num palco fulgi, Naquelle mesmo theatro / onde a luz primeira eu vi.[...] Maranhão, terra dos sonhos, / “onde canta o sabiá”,Minhalma sempre saudosa / de ti se recorderá. [...] Maranhão, meu solo amado, / que regam aguas do Anil, Serás, em todos os seculos, / o Coração do Brasil ! (DUAS ..., 1940)

GONÇALVES DIAS: ATENAS PARA ALÉM DO ESQUECIMENTO Gonçalves Dias era, em geral, lembrado e rememorado como um ataque à apatia que estaria dominando o Maranhão. A própria fundação do CCGD, em 28 de junho de 1945, foi lida como “reação ao marasmo que dominava as letras maranhenses”. Nas sessões do Centro, “todos têm externado os seus sentimentos, todos têm trabalhado pela mesma causa, que é a do reconhecimento das

nossas possibilidades sem, todavia, relegar a segundo plano os valores das gerações antecessoras.” (O CLARIM, 1946)

ALUCINAÇÕES NO TEMPLO Em meados do século XX, a AML apresenta-se como a legítima herdeira da tradição escrita, grande legado da dita civilização ocidental, em que o próprio início da história é marcado pelo “surgimento da escrita”, apontando que o tempo anterior seria uma “pré-história” e sugerindo que aqueles grupos e sociedades que não tivessem tal marca – a escrita – ainda estariam lá, na pré-história, que, enfim, os povos sem escrita seriam povos sem cultura e sem história. A AML, nesse contexto, é decifrada como um espaço da Civilização, da Cultura. Nela chegam, de modo menos embaçado, as luzes do progresso civilizador, identificando de modo claro e indelével o “legado branco” daquela sociedade, espólio modelo, civilização paradigmátic

A Academia é lida como um “Templo erigido em honra e pela glória dos numes tutelares do Maranhão” (BRAGA FILHO, 1954, p. 82) 12. Em seu discurso de posse, Arnaldo Ferreira, depois de afirmar que “A Tradição não se interrompe, senão pela infeliz escolha do substituto”, diz que a Academia é a “Casa, onde pontifica a Inteligência Maranhense e se acolhem, ao sol da Imortalidade, como num refúgio sagrado, em hora tão conturbada, os expoentes das tradições da Atenas Brasileira, para o culto divino do Belo, no labor cotidiano do Espírito” (FERREIRA, A., 1954, p. 74-75) 13. De modo geral, os acadêmicos se consideravam como uma espécie de guardiões da cultura maranhense, os legítimos revitalizadores da Atenas Brasileira como teria sido a Atenas grega “no glorioso século de Péricles”.a; desenvolver-se é caminhar em sua direção, é fantasiar um sonho cuja substância é uma certa Europa.

Chegando à Academia, assim discursou efusivamente Fernando Viana: Senhoras e Senhores; Não pode o Maranhão sumir na História. Tem nossa terra, como patrimônio inestimável, um passado de glórias que nos legaram os ínclitos “barões assinalados”. Cumpre-nos, pois, a nós, “mente às Musas dada”, zelar por essa riqueza que os séculos juntaram – riqueza que é um padrão de glória inexaurível, mas à qual devemos, em esforço e dedicação, acrescentar nossa moeda humilde, por que se ela não desbarate, – antes se avolume e cresça, e brilhe, num fulgor de lumaréu, à luz forte do sol americano, para a grandeza rediviva, Atenas imortal, Atenas sempre Atenas, cada vez mais Atenas – a do esplendor literário e artístico da Grécia, no glorioso século de Péricles! (VIANA, 1954, p. 24,

O ápice da alucinação se dava nos discursos. As palavras criavam coisas, inventavam situações concretas. Nas palavras de Manoel Sobrinho saudando o recém-admitido Fernando Ribamar Viana, as “gloriosas tradições maranhenses” seriam mantidas pelo pensamento, pela escrita e pela rima (SOBRINHO, 1998, p. 27).

Certamente, pretendiam estar agredindo e negando uma realidade supostamente decadente com a presentificação de mitos de prosperidade. O mito era a própria essência constitutiva dos seus discursos. Os acadêmicos, uma vez que eram “rapsodos legados pela Grécia”, “iluminados das letras” visavam sempre contribuir “para a fulguração maior do áureo nome de Atenas”, haja vista que teriam conseguido “galgar os altiplanos augustos” (VIANA, 1998, p. 23).

Os “ínclitos ‘barões assinalados’” (Gonçalves Dias, Sousândrade, além de outros) que teriam legado “um passado de glórias”ao Maranhão sugerem não um mundo real, concreto, ligado ao que é prático, mas um mundo ideal, épico, das armas e barões assinalados de Camões; um mundo fantástico, sobre-humano, mítico.

Como num ritual, os discursos da AML eram repetitivos. O ritual não está somente ligado ao mundo estritamente religioso, ele pode atingir outros campos da vida social. De todo modo, “Qualquer tipo de ritual utiliza uma linguagem, verbal e/ou não-verbal, condensada e muito repetitiva” (AMARAL, 1998, p. 18).

As mensagens dos livros, revistas e jornais produzidos na casa de Antonio Lobo comparavam-se à mensagem salvífica do evangelho cristão católico e os acadêmicos a apóstolos que teriam recebido a mensagem de “ir por todo o mundo” levando a mensagem. A própria geografia da cidade de São Luís, cujo horizonte é o oceano, representaria tal vocação de

dimensões universais: “Não nos esqueçamos de que o mar que envolve a cidade abre-nos uma estrada real para todos os continentes” (MONTELLO, 1998, p. 55)

Enfim, em meados do século XX, o mito da Atenas Brasileira é reatualizado, o Maranhão e o maranhense são ressignificados e singularizados a partir de temas e sentidos da construção imaginária , são pensados como singulares, são propagados como decadentes, mas

Outros Tempos, www.outrostempos.uema.br, ISSN 1808-8031, volume 03, p.156-181 177sempre prontos para reerguerem os cada vez mais longínquos – e também sempre próximos –tempos áureos de Atenas: novas letras refletidas de velhas imagens e transformadas em revelações da maranhensidade.

No documento O significado da cultura no processo de desenvolvimento: a configuração do Programa Mais Cultura pela Biblioteca Pública Benedito Leite a partir das ações do segmento livro, leitura, literatura e biblioteca (páginas 67-78)

4 O PROGRAMA MAIS CULTURA: contextualização e caracterização

4.1 O contexto maranhense: a expressão da “maranhensidade”

A política cultural ainda que se conforme com o envolvimento privado e da sociedade civil, no Brasil, ela tem o Estado como principal responsável por sua promoção. (BEZERRA; GUERRA, 2012; RUBIM, 2011). Além disso, o período (2007-2011) para a escrita da história da política cultural maranhense corresponde à postura eà atitudede umagestão ministerial, como jáse mencionou, que nãodesejavafazer cultura paraos brasileiros, ainda que entendesse que fazer política cultural seja fazê-la (PROGRAMA..., 2006). Desta forma, trazer à tona a atuação dos governos do executivo estadual no Maranhão, situando os aspectos socioeconômicos e políticos, porém com ênfase para os aspectos culturais, pode nos conduzir a desvelar qual a cultura, ou melhor, considerando o Programa Mais Cultura, qual a dimensão cultural foi privilegiada pelos governos maranhenses de 2003 a 2011, uma vez que esse programa foi tratado, pelo menos discursivamente, como política cultural? O que de diferente a proposta do Programa Mais Cultura possibilitou a esses governos na elaboração de políticas culturais para o Maranhão? Esses questionamentos se tornam necessários, uma vez que se sabe que o governo José Reinaldo Tavares correspondeu ao período em que se articulou na esfera federal a criação dos instrumentos para a institucionalização da cultura, a exemplo do Sistema Nacional de Cultura que se consolidaria a partir da criação de seu congênere no âmbito estadual e municipal. O governo Jackson Lago (2007-2009) que compreendeu o período da criação oficial do Programa Mais Cultura, selando a sua relação com ele através do Acordo de Cooperação para a Implementação Descentralizada de suas Ações (ACORDO..., 2007). E, o governo Roseana Sarney assumiu, por ordem judicial, em abril de 2009, ficando até 2010, renovando o seu mandato para mais 4 (quatro) anos, permanecendo de2011 a 2014.Sendoqueelajáhaviagovernadooestadode 1995a2002ecujaadministração tem sido responsabilizada, de acordo com oposicionistas e estudiosos, por muitas das mazelas que ainda atingem o estado e que de certa forma influenciaram e ainda influenciam os desafios que se apresentaram e ainda são vigentes no setor cultural maranhense.

A vitória de Lula para a presidência do Brasil reacendia no povo brasileiro a esperança de dias melhores. Seu discurso pós-vitóriaa“esperançavenceu o medo”reafirmava isso.Nocaso maranhense,tal perspectiva nãose mostraria tão evidente, visto que o governo só mudaria de nome, mas o endereço e a política que se iria praticar era velha e muito bem conhecida do povo maranhense. Quatro décadas eram mais que suficientes para comprovar esse fato, pois governaria o estado maranhense, em 2003, início do primeiro mandato do presidente Lula, José Reinaldo Tavares, “trigésimo quarto candidato do grupo Sarney eleito no Estado” (BORGES, [2004]). Todavia o que parecia comprometer o desenvolvimento do Maranhão se mostrou foi mais promissor, ainda, para o projeto de desenvolvimento do Maranhão24, pois esse “[...] governador rompeu com a oligarquia Sarney em 2004 e auxiliou a oposição nas eleições de 2006, o que contribuiu para a eleição de Jackson Lago.” (SOUSA, 2011, p. 206). Oqueconcorreriaparao enfraquecimentodessaoligarquianapolíticamaranhense,quesepretendiainabalada, pois: O grupo Sarney apresenta-se com trunfos acumulados em décadas de experiência político-administrativa e ocupação de posições importantes, que se desdobram em notáveis recursos de poder, tais como: dinheiro, suportes midiáticos de grande alcance, popularidade/visibilidade e, sobretudo, inserções na esfera governamental (estadual e federal) que lhes favorece o acesso a recursos e instâncias decisórias, ampliando seu papel redistributivo, ou seja, sua capacidade de distribuir benefícios coletivos e seletivos. (BORGES, [2009], p. 2).

Tais fatores mostram que o embate do governador José Reinaldo Tavares com a família Sarney lançaria entraves para a sua proposta governamental no Maranhão. Querendo ou não, no estado maranhense, a política sarneyista está enraizada há décadas e ainda é fortalecida por ser a representação da cultura política que prepondera em todos os âmbitos da cultura brasileira. Além disso, apesar de seu rompimento com a oligarquia

Sarney, seu programa de governo tinha a finalidade de dar continuidade às realizações do governo Roseana Sarney (1995-2002) que estampadas nas propagandas publicitárias dos veículos de comunicação do estado maranhense26, mostravam um “Novo Tempo” para os maranhenses, divergindo do atraso que assolava o Estado e que era atestado pelas pesquisas encomendadas pelos órgãos federais, onde, em muitas esferas, o Maranhão despontava nas piores posições, o que o fazia apresentar um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os Estados da federação.

Sendo assim a melhoria do IDH se constituiria para o então governo de José Reinaldo o ponto de partida e de chegada, o que lhe obrigaria a olhar o social a partir do econômico, do cultural, principalmente deste, pois essegovernoestavainseridoemumcontextomuitomaisamplonoqualoprojetonacionaldedesenvolvimento tinha a cultura como estratégia para movimentá-lo, pelo menos, como já é sabido, era o que o discurso do presidente enunciava. Isso sujeitaria, entre outras medidas, ao governador refazer o seu planejamento para o Estado, pois em seu “discurso de posse27”, apesar do termo cultura compreender ações e relações cultivadas pelo homem em tudo o que ele faz, não foram referenciadas, pelo governador, ações contundentes para a cultura, principalmente para a dimensão cultural adotada pela gestão ministerial. Sua mobilização para elevar o IDH, pode até ter sido planejada em 2003, seu primeiro ano de governo, mas não foi executada neste ano, visto que segundo BORGES ([2009]) suas ações foram marcadas pela continuidade do governo anterior. No entanto, certamente foi se efetivando com o seu rompimento com o Grupo Sarney, pois em discurso proferido na Assembleia Legislativa, José Reinaldo assim se pronunciou: Como governante, tenho sido vítima da maior campanha difamatória e caluniosa já sofrida por um chefe de Executivo neste Estado, nas últimas décadas, mas tive a coragem de romper as amarras que me prendiam a um grupo que nada fez pelos milhares de infelizes que se encontram abaixo da linha de pobreza. Agora que empunho a bandeira da liberdade dos meus atos na perspectiva de poder realizar um trabalho voltado para o bem-estar e o progresso da nossa terra, quero tê-los, nobres parlamentares, como meus aliados nessa histórica mudança de página. Para tanto, tenho certeza agora de que poderei contar com o apoio de parlamentares, senhorpresidente, comprometidos,exclusivamente,com apossibilidadedetransformaçãosocialdesteEstado. (TAVARES, 2005, não paginado)

O compromisso do então governador José Reinaldo Tavares com a transformação social e bem-estar da população maranhense consistia em se diferenciar também do governo passado, neste caso do governo Roseana Sarney e seu também já que foi seu vice-governador naquela gestão. Sendo assim, o PPA de sua gestãoparao período2004-2007,regulamentadopelaLei nº8.051 de19de dezembrode2003,colocavacomo ação desse governo a elevação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, utilizando-se, conforme artigo 3º da lei acima citada, das seguintes definições de estratégias de desenvolvimento:

I - inserção dinâmica da economia maranhense nos sistemas econômicos do Nordeste, do Brasil e do exterior; II - competitividade sistêmica da economia local; III - transformação econômica do Estado, promovendo a mudança quantitativa e qualitativa do sistema produtivo maranhense; IV - transformação social, visando fazer de cada maranhense um cidadão; V - economia baseada no conhecimento; e VI - adoção da sustentabilidade como valor de planejamento e ação governamentais. (MARANHÃO, 2003, não paginado).

Nota-se que, principalmente, no inciso VI as estratégias de desenvolvimento do Maranhão deveriam incluir a cultura, porém em 2004, a inclusão dos indicadores culturais, como medida de avaliação do IDH das nações, sentenciou que o governo de Tavares deveria se ajustar a essa nova sistemática de colocar a cultura como estratégia do desenvolvimento maranhense se quisesse alcançar o próprio desenvolvimento do Estado. Isso requereria a sua gestão um planejamento com a cultura como meio e fim de todas as outras esferas, não apenas como coadjuvante do planejamento turístico do Estado onde suas ações se concentravam em intervenção no patrimônio edificado e eventos para o turismo cultural, mas a colocava como protagonista, para o próprio setor cultural e para as demais esferas, de ações com a amplificação sociológica e antropológica de seu conceito.

Em 2005, o governador José Reinaldo assinou o protocolo de intenção de adesão do Maranhão ao SNC, ato que também contou com a assinatura dos municípios de Barreirinhas, Bom Jesus das Selvas, Amapá do Maranhão, Pedreiras, Cururupu e Santa Rita do Maranhão (MARANHÃO..., 2005). Aquele documento

colocava as ações da cultura no estado maranhense na rota da política cultural prevista com o projeto nacional de desenvolvimento do País que se espelhava em projetos já desenvolvidos, mas que buscava se diferenciar deles, principalmente, por privilegiar a mobilização e participação da sociedade a partir de instrumentos que propiciassem isso, a exemplo da realização da I Conferência Estadual de Cultura (CEC) ocorrida nesse governo, de 1 a 3 de dezembro de 2005 e da I Conferência Municipal de Cultura (CMC).

A I CMC aconteceu na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) (MARANHÃO..., 2005), de 19 a 22 de outubro de 2005, contou com a participação, nas mesas-redondas, conferências e grupos de trabalho, com professores dessa Instituição e de outras Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil, de produtores culturais, principalmente maranhenses e de personalidades da política envolvidas com a causa da Cultura no LegislativoMunicipaldeSãoLuís.DuranteaCMC,oPrefeitodeSãoLuís,TadeuPalácio, assinouoprotocolo de intenção de adesão ao SNC, conforme consta na programação da I CMC de São Luís (ANEXO B). Tanto a CEC quanto a CMC tiveram como eixos estruturantes os previstos na Conferência Nacional de Cultura (CNC).

O documento síntese com as propostas da I CEC a serem enviadas para compor o relatório da CNC traz um total de 107 propostas. Para fundamentar as análises da pesquisa, apresentam-se, a seguir, algumas das propostas que assinalam ações para o fortalecimento do segmento LLLB nos 5 (cinco) eixos estruturantes: 1) Gestão pública da cultura que tinha entre outras propostas a implantação do SNC; 2) Economia da Cultura que previa o encaminhamento para a Assembleia Legislativa do Maranhão do Projeto de Criação do Sistema Estadual de Cultura; 3) Patrimônio Cultural, esse eixo que apresentava como proposta:

recomendar a elaboração de Lei de proteção e salvaguarda do patrimônio cultural em cada município; 4) Cultura é Cidadania e Democracia (Cultura é Direito e Cidadania), constava entre as propostas, para esse eixo, a criação com inclusão

digital de bibliotecas públicas municipais e a modernização das existentes, principalmente com a revitalização dos seus acervos bibliográficos; 5) Comunicação é Cultura, as propostas desse eixo tratavam do caráter comunicativo que abrangia a cultura, principalmente com o advento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Para as bibliotecas públicas, as propostas se pautaram na criação de sistemas informatizados interligados à internet para pesquisas (DIRETRIZES..., 2005).

Aadesão earealizaçãodeconferênciasconsistiam nos passos iniciais paraqueoEstadodoMaranhão também institucionalizasse a sua Cultura, pois conforme já relatado, para criação do SNC era necessário que os sistemas estaduais e municipais também fossem criados. Além disso, o SNC é composto por outras estruturas: Órgãos Gestores da Cultura, Conselhos de Política Cultural, Conferências de Cultura, Planos de Cultura, Sistemas de Financiamento à Cultura, Sistemas Setoriais de Cultura (quando pertinente), Comissões Intergestores Tripartite e Bipartites, Sistemas de Informações e Indicadores Culturais, Programa de Formação na Área da Cultura (BRASIL, 2012).

Essa estrutura também deveria se fazer constar nos SEC e nos SMC. No entanto, os sistemas setoriais de cultura só se constituiriam se fosse pertinente, pois é de conhecimento de todos que muitos municípios, a exemplo dos maranhenses, podem não contar com uma biblioteca, seja ela pública ou escolar, quanto mais com um número suficiente para a constituição de um Sistema. Além disso, os sistemas setoriais abrangem outros equipamentos e instituições culturais, os museus, que também deveriam se articular de forma sistêmica, mas o Sistema Brasileiro de Museus (SBM) “[...] criado pelo decreto n° 5.264, de 5 de novembro de 2004, e revogado pelo decreto nº 8.124, de 17 de outubro de 2013 [...].” (SISTEMA..., 2018, não paginado), certamente também tem dificuldades de conseguir essa integração nos municípios.

A empreitada do governo José Reinaldo para colocar a cultura na rota do desenvolvimento do Maranhão foi decisiva, empreendendo estratégias pontuais para o principal desafio que atormentava esse Estado – o IDH que indicava parte da população maranhense abaixo da linha de pobreza. Sendo também fundamental o

seu rompimento com o grupo Sarney, iniciando o movimento político contra a oligarquia sarneyista intitulado Frente de Libertação que foi decisivo para a eleição do candidato a governador Jackson Lago para o pleito 2007-2009 (CABRAL apud FERREIRA, F., 2009).

Quando assumiu em 2007 o governo do Estado, Jackson Lago não negligenciou o processo, já em curso no estado, para a cultura. Esse governo deu prosseguimento a ele. O seu Programa de Governo se redimensionou e passou a ser o Plano Estadual da Cultura (PEC) 2007-2010 que encabeçaria a sua ação governamental, tendo a cultura como estratégia do desenvolvimento do Maranhão. (MARANHÃO, 2007).

Para a gestão da cultura no Estado, ele nomeou como secretário estadual de cultura João Batista Ribeiro Filho, político e artista com experiência já atestada pelo governador Jackson Lago desde 1998 quando este, no seu governo no executivo municipal de São Luís, o designou para o cargo de gestor da Fundação Municipal de Cultura (FUNC). Essa indicação do secretário também se mostrava conectada com a política cultural e cultura política que se apresentava no governo federal, o que poderia concorrer para ampliar as possibilidades de avanços na política cultural do Maranhão. Sobre sua gestão a frente da cultura, tanto no estado do Maranhão, quanto no Município de São Luís, Ribeiro afirma que nas duas gestões se fez política cultural. Na sua gestão da cultura no âmbito estadual, fato que interessa para esta pesquisa, o que caracteriza a política cultural é os 3 (três) Dês significando Democracia, Diversidade e Descentralização das ações (DDD) (REIS, 2009).

O então secretário não evidencia essas características por acaso, pois elas se apresentavam na essência, justificativa e finalidade da política cultural que se efetivou, no âmbito federal com o MinC, principalmente através do Programa Mais Cultura.

A verdade é que na sua gestão na Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, justamente a descentralização das ações foi decisiva para o empreendimento de fazer cultura a partir da política cultural, fato que se consolidou em 13 de dezembro de 2007, quando o governo do Estado, através do governo Jackson Lago e a União, por meio do MinC, assinaram o Acordo de Cooperação para a implementação descentralizada das ações do Programa Mais Cultura. (ACORDO..., 2007). A partir daí essas três palavras dariam a conformação para a política cultural do Estado no que diz respeito às estratégias para a sua a ação nos 12 focos seguintes:

1. A cultura na agenda estadual de desenvolvimento; 2. Cultura e educação;

3. Cultura e comunicação; 4. Economia da Cultura; 5. Maranhensidade;

6. Financiamento, fomento e investimento;

7. Implantação pactuada com os Municípios do Sistema Estadual de Cultura;

8. A participação popular organizada: Seminários, fóruns, conselhos e conferências;

9. Direito à memória, à identidade e à diversidade cultural; 10. Censo cultural do estado do Maranhão;

11. Livro, linguagem e leitura;

12. Intercâmbio cultural. (MARANHÃO, 2007, não paginado).

Constatando também no foco relativo ao livro e a leitura quando o então gestor da cultura assim se pronuncia sobre o desenvolvimento da política para o segmento LLL no Maranhão nos dois anos que correspondem a sua gestão.

[...] a política do Livro, Leitura e Literatura praticada nos dois últimos anos no estado do Maranhão deu saltos significativos no que diz respeito à descentralização das ações, à democratização do acesso aos serviços e bens culturais e ao respeito à diversidade cultural do nosso estado. (RIBEIRO, 2009, p. 3).

Com relação a esse segmento, esse fato deve-se à BPBL, sendo reconhecido pelo secretário, pois através do SEBP, ela prestava supervisão para as bibliotecas públicas criadas ou modernizadas pelos programas e projetos pertencentes ao SNBP/FBN. Além disso, essas ações da BPBL possibilitavam ao governo Jackson Lago cumprir as cláusulas do Acordo de Cooperação, pelo menos no que diz respeito às políticas para o Livro

e Leitura do Programa Mais Cultura. Aliás, para esse segmento o governo do Maranhão contou ainda mais com a FBN quando as ações sob a sua coordenação são incorporadas a lógica do Programa Mais Cultura com a Portaria Ministerial.

Considerando a já comprovada experiência da FBN na implantação e modernização de bibliotecas públicas, na formação de mediadores culturais, no programa de incentivo à leitura, articulado com Comitês regionais e municipais, na editoração de livros, na difusão da informação, tem sido natural, simples e conveniente a sua função coordenadora de algumas das ações do Programa Mais Cultura. Para que ficasse bem caracterizada essa nova cooperação, a amplitude e setores desse apoio, foi de todo oportuna a Portaria Ministerial que disciplina a matéria, atribuindo à FBN as suas outras e novas competências. (FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL, 2009a, p. 10).

As ações da BPBL eram necessárias para o governo do Maranhão implementar o Mais Cultura. No entanto, essas mesmas ações teriam sua efetividade comprometida, no Estado, se os mecanismos para a institucionalização da cultura não fossem constituídos. Desta forma, muitos instrumentos foram instituídos, a exemplo da Lei estadual nº 8.912 de 23 de dezembro de 2008 que altera e consolida o Sistema de Gestão e de Incentivo à Cultura (SEGIC) do Estado do Maranhão e que foi uma das ações criadas, no governo do então Jackson Lago, com esseintuito epara manter a congruência com a políticacultural doBrasil que se caracteriza pelo uso das leis de incentivo a cultura. Aquela como se pode constatar pela sua natureza, substitui a Lei nº 8.319 de 12 de dezembro de 2005, alterando o seu objetivo único de“[...] consolidar as políticas e ações do Governo do Estado, na área da cultura, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura” (MARANHÃO, 2005, p. 1) para os muitos objetivos apresentados, a saber:

I - apoiar as manifestações culturais, com base na pluralidade e na diversidade de expressão;

II - facilitar o acesso da população aos bens, espaços, atividades e serviços culturais incentivados pelo SEGIC;

III - estimular o desenvolvimento cultural do Estado em todas as suas regiões, de maneira equilibrada, valorizando o planejamento e a qualidade das ações culturais;

IV - apoiar ações de manutenção, conservação, ampliação, produção e recuperação do Patrimônio Cultural Material e Imaterial do Estado; V - proporcionar a capacitação e o aperfeiçoamento profissional de artistas e técnicos das diversas áreas de expressão da cultura;

VI - promover o intercâmbio cultural com outros estados brasileiros e outros países, neles fomentando a difusão de bens culturais maranhenses, enfatizando a atuação dos produtores, artistas e técnicos de nosso Estado;

VII - propiciar a infra-estrutura necessária à produção de bens e serviços nas diversas áreas culturais abrangidas por esta Lei;

VIII - possibilitar a formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões, através do estímulo ao estudo e à pesquisa nas diversas áreas culturais;

IX - difundir na rede estadual de ensino fundamental e médio um conceito amplo de cultura, entendido como o conjunto de saberes e fazeres das sociedades, valorizando a diversidade cultural maranhense;

X - trabalhar a cultura como questão estratégica para a construção de políticas públicas de desenvolvimento sustentável parao Maranhão,visandoà geração de emprego erenda, através doestímuloàs indústrias criativas e aos arranjos produtivos locais. (MARANHÃO, 2008, p. 1).

Percebe-se que a alteração da lei no que tange ao seu objetivo consistiu em através do quantitativo abranger a essência do qualitativo quea cultura possibilitaao desenvolvimento.OqueimputaaoEstadoir além depensar a política cultural como um agregado de ações para a cultura sem significado para quem.

Acredito que venha do uso de "brasilidade", termo que se às características e particularidades de quem ou do que é do Brasil. Ele engloba aspectos culturais, costumes, tradições e o sentimento de simpatia e amor pelo país. Abrasilidade éformadapordiversoselementos culturais, como arte,dança,música,culinária, e símbolos que representam a identidade brasileira

A palavra "brasilidade" surgiu na primeira metade do século XX. Durante esse período, houve um esforço significativo para construir uma identidade nacional, especialmente após a década de 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder. Esse processo envolveu tanto aspectos culturais quanto políticos, buscando uma coesão social que refletisse a diversidade e a riqueza cultural do Brasil

Oconceitode brasilidade foiamplamentediscutidoedesenvolvidopordiversosintelectuais e artistas ao longo dos anos. Entre os autores que contribuíram para a construção desse conceito estão José de Alencar, com suas obras literárias que exaltavam as belezas naturais do Brasil e a figura do indígena, e Jorge Amado, cujas obras são conhecidas por retratar a cultura e o povo brasileiro

Os principais símbolos da brasilidade são diversos e refletem a rica diversidade cultural do Brasil. Aqui estão alguns dos mais emblemáticos:

1. Samba: Este gênero musical e dança é um dos maiores símbolos da cultura brasileira, especialmente associado ao Carnaval

2. Feijoada: Um prato tradicional feito com feijão preto e carne de porco, é considerado uma das comidas mais típicas do Brasil

3. Futebol: O esporte mais popular do país, com ícones como Pelé e Neymar, é uma grande parte da identidade nacional

4. Carnaval: A maior festa popular do Brasil, conhecida mundialmente pelas suas escolas de samba e desfiles exuberantes

5. Churrasco: A prática de assar carne, especialmente no sul do Brasil, é um símbolo de convivência e celebração

6. Café: O café brasileiro é famoso mundialmente e o hábito de tomar café é uma parte importante da cultura diária

7. Filtro de barro: Um item comum nas casas brasileiras, conhecido por sua eficiência na filtragem de água

8. Copo americano: Um ícone do design brasileiro, usado para servir desde café até cerveja

O Nordeste brasileiro possui uma rica diversidade cultural e vários símbolos que representam a brasilidade da região. Aqui estão alguns dos mais significativos:

1. Rede de dormir: Muito utilizada para descanso e sono, especialmente em áreas rurais

2. Chapéu de couro: Associado ao cangaço e aos vaqueiros, representa a resistência e a força do povo nordestino

3. Cacto: Símbolo da resiliência e adaptação às condições áridas do sertão

4. Forró: Gênero musical e dança tradicional que é parte essencial das festas juninas e celebrações regionais

5. Literaturadecordel: Folhetos com histórias rimadas, geralmentependurados em cordas, quesão uma forma popular de expressão cultural

6. Carne de sol: Um tipo de carne seca ao sol, muito consumida na região

7. Cangaceiros: Figuras históricas como Lampião e Maria Bonita, que simbolizam a luta e a resistência

O Maranhão possui uma rica cultura e diversos símbolos que representam a brasilidade da região. Aqui estão alguns dos mais importantes:

1. Bumba-meu-boi:Umadasmanifestações culturaismaistradicionaisdoMaranhão,quemisturadança, música e teatro, celebrada especialmente durante as festas juninas

2. Tambor de Crioula: Uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão, muito presente nas festividades maranhenses

3. Azulejos portugueses: A arquitetura colonial de São Luís é famosa pelos azulejos que decoram as fachadas dos prédios, refletindo a influência portuguesa

4. Culinária maranhense: Pratos típicos como o arroz de cuxá, feito com vinagreira, e o peixe-pedra são símbolos da gastronomia local

5. Reggae: O Maranhão é conhecido como a "Jamaica brasileira" devido à popularidade do reggae, especialmente em São Luís

6. Festas juninas: As celebrações juninas no Maranhão são marcadas por quadrilhas, fogueiras e comidas típicas, sendo um dos eventos mais esperados do ano

Na cidade de São Luís, vários símbolos refletem a rica cultura e história local. Aqui estão alguns dos mais importantes:

1. Azulejos portugueses: As fachadas dos prédios históricos de São Luís são decoradas com azulejos, refletindo a influência portuguesa na arquitetura da cidade

2. Bumba-meu-boi: Uma das manifestações culturais mais tradicionais, que mistura dança, música e teatro, celebrada especialmente durante as festas juninas

3. Tambor de Crioula: Uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão, muito presente nas festividades maranhenses

4. Reggae: São Luís é conhecida como a "Jamaica brasileira" devido à popularidade do reggae, especialmente na capital

5. Culinária maranhense: Pratos típicos como o arroz de cuxá e o peixe-pedra são símbolos da gastronomia local

6. Hino e brasão de São Luís: O brasão da cidade, com suas estrelas representando a constelação das Plêiades, e o hino que exalta a beleza e a história da cidade

Os povos indígenas do Maranhão têm uma rica cultura e diversos símbolos que ainda são representativos e presentes na região. Aqui estão alguns dos principais:

1. Cestaria: Os cestos feitos de palha e fibras naturais são utilizados para diversas funções e são um símbolo da habilidade artesanal dos povos indígenas

2. Máscaras: Utilizadas em rituais e celebrações, as máscaras são feitas com materiais naturais e decoradas com grafismos tradicionais

3. Colares e pulseiras: Feitos de miçangas, sementes e outros materiais naturais, esses adornos são usados tanto no dia a dia quanto em cerimônias especiais

4. Cuias: Utilizadas para servir alimentos e bebidas, as cuias são feitas de frutos secos e decoradas com grafismos indígenas

5. Instrumentos musicais: Como tambores e flautas, utilizados em rituais e celebrações, são parte importante da cultura musical indígena

6. Jenipapo e urucum: Utilizados para tingimentos corporais e de artefatos, esses materiais naturais são fundamentais na arte indígena

7. Redes: Utilizadas para descanso e sono, as redes são um símbolo da vida cotidiana nas aldeias

Esses símbolos são parte da exposição "Maranhão: Terra Indígena" no Centro Cultural Vale Maranhão, que apresenta a cultura material, cosmovisões, territórios e línguas dos povos indígenas do estado

Os principais povos indígenas que ocuparam e ainda ocupam o território do Maranhão são diversos e possuem uma rica história e cultura. Aqui estão alguns dos mais significativos:

1. Guajajara (Tenetehara): Um dos maiores grupos indígenas do Maranhão, conhecidos por sua resistência e preservação cultural

2. Ka'apor: Vivem principalmente na Terra Indígena Alto Turiaçu e são conhecidos por suas práticas de agricultura e artesanato

3. Awá-Guajá: Um dos últimos grupos nômades do Brasil, conhecidos por sua habilidade de viver em harmonia com a floresta

4. Timbira: Incluem subgrupos como os Krikati e os Krenyê, conhecidos por suas tradições de guerra e festividades

5. Canela: Divididos em subgrupos como os Apanyekrá e Ramkokamekrá, são conhecidos por suas complexas cerimônias e rituais

6. Gamela: Um grupo que ainda luta pelo reconhecimento e demarcação de suas terras Esses povos têm contribuído significativamente para a diversidade cultural do Maranhão.

A colonização portuguesa deixou vários símbolos importantes no Maranhão, especialmente na cidade de São Luís. Aqui estão alguns dos mais notáveis:

1. Palácio dos Leões: Este edifício histórico, que hoje é a sede do governo do Maranhão, foi originalmente construído pelos franceses e depois reformado pelos portugueses. É um símbolo da história e da arquitetura colonial

2. Azulejos portugueses: As fachadas dos prédios históricos de São Luís são decoradas com azulejos, refletindo a influência portuguesa na arquitetura da cidade

3. CentroHistórico deSão Luís: Tombadocomo Patrimônio Mundial pelaUNESCO,ocentro histórico preserva a malha urbana do século XVII e seu conjunto arquitetônico original, incluindo igrejas, casarões e ruas estreitas

4. Forte de Santa Maria de Guaxenduba: Embora em ruínas, este forte é um símbolo da resistência portuguesa contra invasões estrangeiras e marca o início da colonização portuguesa no Maranhão

A ocupação francesa no Maranhão, embora breve, deixou marcas significativas na cultura e na arquitetura da região, especialmente em São Luís. Aqui estão alguns dos principais símbolos deixados pelos franceses:

1. Fundação de São Luís: A cidade de São Luís foi fundada pelos franceses em 1612, sendo a única capital brasileira estabelecida por essa nação europeia

2. Palácio dos Leões: Originalmente construído pelos franceses como um forte, o Palácio dos Leões foi posteriormente reformado pelos portugueses e hoje é a sede do governo do Maranhão

3. Arquitetura colonial: A influência francesa pode ser vista na arquitetura do centro histórico de São Luís, que é Patrimônio Mundial da UNESCO. As ruas de paralelepípedos e os edifícios coloniais são testemunhos dessa herança

4. Nomes de ruas e bairros: Alguns nomes de ruas e bairros de São Luís ainda refletem a presença francesa, como a Rua do Giz e a Praia Grande

A ocupação holandesa no Maranhão foi breve, ocorrendo entre 1641 e 1644, e deixou poucos símbolos duradouros. No entanto, alguns vestígios dessa presença ainda podem ser encontrados:

1. Fortaleza do Calvário: Embora em ruínas, esta fortaleza foi um dos principais pontos de defesa dos holandeses durante sua ocupação

2. Influência na arquitetura: Alguns elementos arquitetônicos em São Luís podem refletir a breve influência holandesa, embora sejam menos evidentes comparados à influência portuguesa

3. Nomes históricos: Alguns locais e documentos históricos ainda fazem referência à presença holandesa, como o nome de Cornelis Jol, o líder da expedição holandesa

Esses símbolos são menos visíveis que os deixados pelos portugueses e franceses, mas ainda fazem parte da rica história do Maranhão.

Durante o período do tráfico negreiro, diversos povos africanos foram trazidos para o Maranhão, contribuindo significativamente para a cultura e a identidade da região. Entre os principais grupos estavam:

1. Bantu: Originários da região central e sul da África, os Bantu trouxeram práticas agrícolas e técnicas de construção que influenciaram a vida cotidiana no Maranhão

2. Nagô (Yorubá): Este grupo, originário da atual Nigéria, trouxe consigo tradições religiosas, como o candomblé, e influências na música e dança

3. Jeje: Originários da região do Golfo do Benim, os Jeje contribuíram com suas práticas religiosas e culturais, que ainda são visíveis nas celebrações e rituais locais

Os símbolos deixados por esses povos africanos incluem:

1. Culinária: Pratos como o vatapá e o caruru, que têm raízes africanas, são comuns na gastronomia maranhense

2. Religiosidade: O candomblé e outras práticas religiosas de matriz africana são amplamente praticados e celebrados

3. Dança e música: O tambor de crioula e o reggae são exemplos de influências africanas na música e dança do Maranhão

4. Artesanato: A cestaria e a produção de objetos de palha e fibras naturais são práticas artesanais que têm origem africana

A maranhensidade é profundamente influenciada pelo entrelaçamento das culturas indígena, europeia (especialmente portuguesa e francesa) e africana. Esse encontro de culturas criou uma identidade única e rica, refletida em diversos aspectos da vida cotidiana, tradições e manifestações culturais do Maranhão. Aqui estão alguns exemplos de como essas influências se manifestam:

Influência Indígena

1. Culinária: Ingredientes como a mandioca, o tucupi e o urucum são utilizados em pratos típicos, como o arroz de cuxá

2. Artesanato: A cestaria e a produção de objetos de palha e fibras naturais são práticas artesanais que têm origem indígena

3. Rituais e Festividades: Festas como o Bumba-meu-boi incorporam elementos de mitologia e rituais indígenas

Influência Europeia

1. Arquitetura: A presença de azulejos portugueses nas fachadas dos prédios históricos de São Luís e a arquitetura colonial são marcas da influência europeia

2. Literatura e Arte: A literatura maranhense, com autores como Gonçalves Dias, que exaltam a beleza natural e cultural do estado, refletem a influência europeia

3. FestasJuninas:Ascelebraçõesjuninas,comquadrilhasefogueiras, têmraízesnastradiçõeseuropeias trazidas pelos colonizadores

Influência Africana

1. Música e Dança: O tambor de crioula e o reggae são exemplos de influências africanas na música e dança do Maranhão

2. Religiosidade: O candomblé e outras práticas religiosas de matriz africana são amplamente praticadas e celebradas

3. Culinária: Pratos como o vatapá e o caruru, que têm raízes africanas, são comuns na gastronomia maranhense

Síntese Cultural

1. Bumba-meu-boi: Esta manifestação cultural é um exemplo perfeito da síntese entre as culturas indígena, europeia e africana, combinando música, dança, teatro e mitologia

2. Carnaval: As celebrações do Carnaval em São Luís incorporam elementos de todas essas culturas, criando uma festa única e vibrante

Esses exemplos mostram como o entrelaçamento dessas culturas contribuiu para a formação de uma identidade maranhense rica e diversificada.

O Maranhão é conhecido por suas festas tradicionais vibrantes e culturalmente ricas. Aqui estão algumas das principais:

1. Bumba-meu-boi: Uma das festas mais emblemáticas do Maranhão, celebrada especialmente durante o mês de junho. Mistura dança, música e teatro, contando a história da morte e ressurreição de um boi

2. Tambor de Crioula: Uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão, realizada em diversas festividades ao longo do ano

3. Festa do Divino Espírito Santo: Realizada em maio, especialmente na cidade de Alcântara, mistura homenagens ao Império e devoção ao Divino Espírito Santo

4. Carnaval de São Luís: Conhecido pelas brincadeiras populares e a profusão de cores, ritmos e diversão. As ruas se enchem de escolas de samba, blocos tradicionais e outras manifestações

5. Festas Juninas: Celebradas em junho, incluem quadrilhas, fogueiras, comidas típicas e muita música. O São João Maranhense é especialmente famoso

6. Cacuriá: Uma dança alegre e contagiante, originária de São Luís, marcada por coreografias animadas e trajes coloridos

As festas juninas no Maranhão são conhecidas por suas deliciosas comidas típicas, que refletem a rica diversidade cultural da região. Aqui estão algumas das principais:

1. Arroz de cuxá: Feito com vinagreira, camarão seco, gergelim e farinha de mandioca, é um prato tradicional maranhense.

2. Bolo de milho: Um bolo feito com milho verde, que é muito popular nas festas juninas.

3. Canjica: Feita com milho branco, leite de coco e açúcar, é uma sobremesa cremosa e saborosa.

4. Pamonha: Massa de milho verde recheada com queijo ou carne, envolvida em palha de milho.

5. Cuscuz: Feito com farinha de milho e geralmente servido com leite de coco ou carne.

6. Cocada: Doce feito com coco ralado e açúcar, que pode ser encontrado em diversas variações.

7. Bolo de macaxeira: Feito com mandioca, leite de coco e açúcar, é um bolo úmido e delicioso.

8. Quentão: Bebida quente feita com cachaça, gengibre, cravo e canela, perfeita para as noites frias de junho.

As festas juninas no Maranhão têm características únicas que as diferenciam das celebrações em outras regiões do Brasil. Aqui estão alguns dos principais diferenciais:

Bumba-meu-boi O Bumba-meu-boi é uma das manifestações culturais mais emblemáticas do Maranhão, especialmente durante as festas juninas . Esta celebração mistura dança, música e teatro, contando a história da morte e ressurreição de um boi. Existem diferentes "sotaques" ou estilos de Bumba-meu-boi, como o de matraca, zabumba, orquestra, entre outros

9. Tambor de Crioula O Tambor de Crioula é uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão, muito presente nas festividades juninas do Maranhão . Essa manifestação cultural celebra a herança africana e é um diferencial importante das festas juninas maranhenses.

10. Cacuriá O Cacuriá é uma dança típica do Maranhão, conhecida por sua coreografia sensual e músicas de duplo sentido . Originada na festa do Divino Espírito Santo, o Cacuriá é uma mistura de marcha, valsa e samba, e é uma parte essencial das celebrações juninas no estado

11. Diversidade de Ritmos As festas juninas no Maranhão são marcadas pela diversidade de ritmos e danças, incluindo o bumba-meu-boi, tambor de crioula, cacuriá, dança portuguesa, entre outras Essa variedade torna as celebrações únicas e vibrantes.

12. Arraiais Os arraiais maranhenses são conhecidos por sua organização e decoração, com barracas de comidas típicas, brincadeiras, e apresentações culturais . Os arraiais são espaços onde a comunidade se reúne para celebrar, dançar e comer.

13. Comidas Típicas A culinária das festas juninas no Maranhão inclui pratos típicos como arroz de cuxá, bolo de milho, canjica, pamonha, cuscuz, cocada, bolo de macaxeira, e quentão . Esses pratos refletem a rica diversidade cultural da região.

O Carnaval maranhense tem características únicas que o diferenciam dos carnavais de outras regiões do Brasil. Aqui estão alguns dos principais diferenciais: Blocos Tradicionais - Os blocos tradicionais são uma marca registrada do Carnaval de São Luís. Esses blocos possuem uma batucada única, feita com tambores grandes tocados com as mãos espalmadas, criando um som característico e cadenciado. Cada bloco tem figurinos próprios e uma história rica, sendo reconhecidos como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil

Fofões - Os fofões são personagens tradicionais do Carnaval maranhense, caracterizados por suas roupas de chitão ou tecido estampado, máscaras de papel machê ou borracha, e guizos nas extremidades da gola, mangas e pernas. Eles são uma figura emblemática que não se encontra em outros carnavais brasileiros. Tambor de Crioula O Tambor de Crioula é uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão, muito presente nas festividades carnavalescas do Maranhão. Essa manifestação cultural é uma celebração da herança africana e é um diferencial importante do Carnaval maranhense.

Casinha da Roça A Casinha da Roça é uma tradição que começou na década de 1940, onde uma casa de palha é construída na carroceria de um caminhão, com tambor de crioula, cozinheiras fazendo comidas típicas e índios para vigiar a casa. Essa tradição é única do Carnaval de São Luís. Influência Cultural O Carnaval maranhense é uma mistura rica de influências indígenas, africanas e europeias, especialmente portuguesas e francesas. Essa diversidade cultural se reflete nas músicas, danças, e nas brincadeiras que ocorrem durante o Carnaval

A Festa do Divino Espírito Santo tornou-se um símbolo maranhense devido à sua profunda ligação com a história, cultura e religiosidade do estado. Aqui estão alguns pontos que explicam essa transformação: Origem e História

A festa tem suas raízes na tradição portuguesa, trazida ao Brasil pelos colonizadores no século XVII . No Maranhão, o culto ao Divino Espírito Santo começou com os colonos açorianos e portugueses, especialmente na cidade de Alcântara . A partir de meados do século XIX, a festa começou a se enraizar entre a população local, tornando-se muito popular entre diversas camadas da sociedade Influência Cultural

A festa é marcada pela presença das caixeiras, mulheres devotas que tocam caixas e entoam cânticos durante as celebrações . Essa prática é uma característica única do Maranhão e contribui para a identidade cultural da festa. Além disso, a festa incorpora elementos do catolicismo popular e das tradições afro-brasileiras, especialmente nos terreiros de tambor de mina

2 .

Celebração e Ritual

A Festado Divino duracercade12diaseincluiumasériederituaisecelebrações,como aaberturadatribuna, buscaelevantamentodo mastro,visitadosimpérios,missaecerimôniadosimpérios,derrubamentodomastro, repasse das posses reais, e o carimbó de caixeiras. Esses rituais são realizados com grande pompa e envolvem toda a comunidade, reforçando o sentimento de pertencimento e identidade cultural.

Impacto Social A festa atrai milhares de visitantes anualmente e é uma das celebrações mais populares do Maranhão . Ela une o sagrado e o profano, criando um espaço de convivência e celebração que é essencial para a vida social e cultural do estado

Preservação e Difusão A tradição da Festa do Divino é mantida viva por diversas comunidades e organizações culturais, como a Associação do Divino e da Cultura de Alcântara . Essa preservação contínua ajuda a reforçar a importância da festa como um símbolo da identidade maranhense.

O Cacuriá é uma dança típica da cultura popular do Maranhão, conhecida por sua coreografia sensual e músicas de duplo sentido . A dança é realizada em pares ou em formato de roda, e é acompanhada por instrumentos de percussão chamados caixas

Origem e Criação O Cacuriá surgiu na década de 1970 . Foi criado por Alauriano Campos de Almeida, conhecido como "Seu Lauro", em 1973, na capital São Luís . Mais tarde, em 1986, Dona Teté popularizou a dança ao criar o famoso Cacuriá de Dona Teté, que se tornou um dos mais conhecidos

Influências e Características O Cacuriá é inspirado no Carimbó das Caixeiras, uma tradição realizada ao final da Festa do Divino Espírito Santo . Após a derrubada do mastro, as caixeiras e os festeiros aproveitam para se divertir tocando o carimbó de caixas, de maneira sensual . A dança incorpora elementos de outras manifestações culturais maranhenses, como o Bumba-meu-boi e o Tambor de Crioula

Símbolo de Maranhensidade

O Cacuriá se tornou um símbolo de maranhensidade devido à sua forte ligação com as festas juninas e a Festa do Divino Espírito Santo . A dança representa a mistura de influências africanas, indígenas e europeias, refletindo a diversidade cultural do Maranhão . Além disso, a popularidade e a presença constante do Cacuriá nas festividades locais ajudaram a consolidar sua importância como parte da identidade cultural maranhense

O Tambor de Crioula é uma manifestação cultural afro-brasileira que surgiu no Maranhão entre os séculos XVIII e XIX . Foi trazido por escravos africanos e é praticado principalmente em louvor a São Benedito, um dos santos mais populares entre os negros

Origem e Criação O Tambor de Crioula não tem um criador específico, pois é uma tradição que se desenvolveu coletivamente entre os descendentes de escravos africanos no Maranhão . A dança envolve uma roda de mulheres, conhecidas como coreiras, que dançam ao som de tambores tocados por homens . A dança é marcada pela punga ou umbigada, um gesto característico que simboliza saudação e convite

Teoria da Capoeira Primitiva Alguns estudiosos e mestres de capoeira sugerem que o Tambor de Crioula pode ter evoluído de uma forma primitiva de capoeira, conhecida como punga . Segundo essa teoria, durante a proibição da capoeira, os homens deixavam a roda ao perceberem a aproximação da polícia, e as mulheres começavam a dançar, mantendo a roda ativa com a umbigada . Essa adaptação teria ajudado a preservar a prática cultural, disfarçando-a como uma dança.

Reconhecimento e Importância

O Tambor de Crioula foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN em 2007 . Essa patrimonialização reconhece a importância da manifestação como um referencial de identidade e resistência cultural dos negros maranhenses

Símbolo deMaranhensidade OTambor deCrioulasetornou um símbolo demaranhensidadedevido avários fatores:

1. Resistência Cultural: Representaa resistênciae a preservaçãoda cultura afro-brasileirano Maranhão

2. Patrimônio Cultural: Em 2007, foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)

3. Presença nas Festividades: É praticado em diversas ocasiões, como Carnaval, festas juninas e celebrações religiosas, reforçando sua importância na cultura local

4. Identidade e Pertencimento: O Tambor de Crioula é um referencial de identidade para os negros maranhenses, propiciando o exercício dos vínculos de pertencimento e a reiteração de valores culturais afro-brasileiros

Esses elementos combinados fizeram do Tambor de Crioula uma expressão vibrante e significativa da cultura maranhense.

A punga, também conhecida como umbigada, é uma prática cultural que tem raízes profundas no Maranhão e é reconhecida como uma forma primitiva de capoeira . Aqui estão alguns pontos sobre sua origem, características e como se tornou um símbolo de maranhensidade:

Origem e Características A punga surgiu como uma forma de resistência cultural entre os escravos africanos no Maranhão . Durante a proibição da capoeira, os homens deixavam a roda ao perceberem a aproximação da polícia, e as mulheres começavam a dançar, mantendo a roda ativa com a umbigada . Essa prática ajudou a preservar a tradição, disfarçando-a como uma dança.

Conexão com o Tambor de Crioula

A punga é uma parte essencial do Tambor de Crioula, uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão . A umbigada, ou punga, é um gesto característico que simboliza saudação e convite, e é realizado pelas mulheres durante a dança . Essa prática é comum em várias manifestações culturais de origem africana no Brasil, como o samba de roda e o jongo

Símbolo de Maranhensidade A punga se tornou um símbolo de maranhensidade devido a vários fatores:

1. Resistência Cultural: Representaa resistênciae a preservaçãoda cultura afro-brasileirano Maranhão

2. Patrimônio Cultural: O Tambor de Crioula, que incorpora a punga, foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN em 2007

3. Presença nas Festividades: A punga é praticada em diversas ocasiões, como Carnaval, festas juninas e celebrações religiosas, reforçando sua importância na cultura local

4. Identidade e Pertencimento: A punga é um referencial de identidade para os negros maranhenses, propiciando o exercício dos vínculos de pertencimento e a reiteração de valores culturais afrobrasileiros

A prática da punga dos homens, uma forma primitiva de capoeira, ainda é exaltada por alguns mestres capoeiras no Maranhão. Aqui estão alguns dos mestres que têm contribuído para a preservação e valorização dessa tradição:

1. Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel): Ele esclarece que, antigamente, a punga era praticada por homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade, passou a ser dançada por mulheres

2. Mestre Firmino Diniz: Um dos mestres mais antigos de São Luís, nascido em 1929, teve seus primeiros contatos com a capoeira na infância e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade

3. Mestre Roberval Serejo: Conhecido por sua prática de uma capoeira "primitiva", ele tem raízes em estilos de luta que antecedem a capoeira moderna

4. Mestre Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues): Um dos personagens marcantes da capoeira no Maranhão, especialmente nas rodas de rua de São Luís

Esses mestres têm desempenhado um papel fundamental na preservação e valorização da punga dos homens, mantendo viva essa tradição cultural única do Maranhão.

Mestre Patinho (Antônio José da Conceição Ramos) foi uma figura central na preservação e valorização da punga dos homens e na criação da capoeira tradicional maranhense. Aqui estão alguns pontos sobre seu posicionamento e contribuição:

Posicionamento em Relação à Punga dos Homens Mestre Patinho reconheceu a punga dos homens como uma forma primitiva de capoeira, praticada no Maranhão . Ele valorizou essa tradição como parte essencial da cultura afro-brasileira e maranhense. A punga, caracterizada pela umbigada, era vista por Mestre Patinho como uma expressão de resistência cultural e identidade

Criação da Capoeira Tradicional Maranhense Mestre Patinho utilizou elementos da punga dos homens para desenvolver a capoeira tradicional maranhense. Ele incorporou a umbigada e outras características da punga em suas rodas de capoeira, criando um estilo único que refletia a rica herança cultural do Maranhão Além disso, Mestre Patinho fundou a Escola de Capoeira do Laborarte em 1985, onde promoveu a capoeira como uma arte e uma forma de terapia, destacando sua musicalidade e valores culturais

Contribuições e Legado Mestre Patinho foi um grande incentivador da capoeira no Maranhão, organizando eventos como o Festival de Cânticos da Capoeira e o IÊ! Camará - Encontro de Capoeira Angola . Esses eventos ajudaram a divulgar a capoeira maranhense e a conectar mestres de diferentes regiões, fortalecendo a comunidade capoeirista.

SímbolodeMaranhensidadeAcapoeiratradicionalmaranhense,desenvolvidaporMestrePatinho,setornou um símbolo de maranhensidade devido à sua forte ligação com a cultura local e sua presença constante nas festividades e rodas de capoeira . A prática da punga dos homens, integrada na capoeira, representa a mistura de influências africanas, indígenas e europeias, refletindo a diversidade cultural do Maranhão Esses elementos fizeram de Mestre Patinho uma figura fundamental na preservação e valorização da capoeira e da punga dos homens no Maranhão

Características da Punga

1. Origem Afro-Brasileira: A punga tem suas raízes nas tradições africanas trazidas pelos escravos para o Maranhão

2. Umbigada: O gesto característico da punga é a umbigada, onde os dançarinos se saúdam e convidam uns aos outros para dançar, tocando os umbigos

3. Roda de Dança: A punga é realizada em formato de roda, onde os participantes se alternam no centro para realizar a umbigada

4. Instrumentos de Percussão: A dança é acompanhada por instrumentos de percussão, como tambores, que marcam o ritmo e a cadência da dança

5. Resistência Cultural: Durante a proibição da capoeira, a punga foi uma forma de resistência cultural, onde os homens deixavam a roda ao perceberem a aproximação da polícia, e as mulheres começavam a dançar

6. Integração com o Tambor de Crioula: A punga é uma parte essencial do Tambor de Crioula, uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão

Acapoeirapraticadano Maranhãopossuicaracterísticasúnicasqueadiferenciamdosdemaisestilos e técnicas praticados no Brasil. Aqui estão alguns dos principais diferenciais:

Características da Capoeira Maranhense

1. Punga dos Homens: A capoeira maranhense incorpora a punga, uma forma primitiva de capoeira caracterizada pela umbigada . Essa prática é uma expressão de resistência cultural e identidade, e é integrada nas rodas de capoeira maranhenses

2. Influência do Tambor de Crioula: A capoeira maranhense é fortemente influenciada pelo Tambor de Crioula, uma dança afro-brasileira que envolve canto e percussão . A musicalidade e os ritmos do Tambor de Crioula são incorporados nas rodas de capoeira, criando uma conexão cultural única

3. Estilo de Jogo: O estilo de jogo da capoeira maranhense é marcado por movimentos ágeis e fluidos, com uma forte ênfase na musicalidade e na interação entre os participantes . A presença de instrumentos como o berimbau e os tambores é essencial para definir o ritmo e a intensidade do jogo

4. Preservação de Tradições: Mestres como Mestre Patinho e Mestre Marco Aurélio têm desempenhado um papel fundamental na preservação e valorização das tradições da capoeira maranhense, incluindo a punga dos homens

Reconhecimento como Símbolo de Maranhensidade

A capoeira tradicional maranhense começou a ser reconhecida como um símbolo da maranhensidade ao longo do século XX, especialmente com a atuação de mestres que promoveram e preservaram essa prática . Em 2014, a capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, reforçando sua importânciacultural ehistórica .NoMaranhão,a capoeira évistacomo umaexpressãovibrantedadiversidade cultural do estado, refletindo a mistura de influências africanas, indígenas e europeias Esses elementos fazem da capoeira maranhense uma prática única e significativa, distinta dos estilos de capoeira praticados em outras regiões do Brasil.

A capoeira maranhense é rica em história e tradição, e vários mestres têm desempenhado papéis fundamentais na preservação e promoção dessa arte. Aqui estão alguns dos mestres mais influentes:

Mestres Influentes na Capoeira Maranhense

Mestre Firmino Diniz: Um dos mestres mais antigos de São Luís, nascido em 1929, teve seus primeiros contatos com a capoeira na infância e foi um dos maiores incentivadores dessa manifestação na cidade

Mestre Sapo (Anselmo Barnabé Rodrigues): Um dos personagens marcantes da capoeira no Maranhão, especialmente nas rodas de rua de São Luís

MestrePatinho (AntônioJosédaConceiçãoRamos): FundadordaEscoladeCapoeiradoLaborarte, Mestre Patinho foi um grande incentivador da capoeira no Maranhão, organizando eventos como o Festival de Cânticos da Capoeira e o IÊ! Camará - Encontro de Capoeira Angola.

Mestre Índio Maranhão: Com mais de 43 anos de experiência, Mestre Índio é conhecido por sua dedicação à capoeira e por manter viva a tradição dos toques de berimbau e a história da capoeira maranhense

Mestre Marco Aurélio (Marco Aurélio Haickel): Ele esclarece que, antigamente, a punga era praticada por homens e que após a abolição e a aceitação da mulher no convívio em sociedade, passou a ser dançada por mulheres

Contribuições de Mestre Alzamor

1. Preservação da Tradição: Mestre Alzamor tem sido fundamental na preservação das tradições da capoeira maranhense, incluindo a prática da punga dos homens

2. Ensino e Formação: Ele tem dedicado sua vida ao ensino da capoeira, formando novos capoeiristas e transmitindo os valores culturais e históricos dessa arte

3. Eventos e Encontros: Mestre Alzamor organiza e participa de diversos eventos e encontros de capoeira, promovendo a integração e o intercâmbio cultural entre mestres e praticantes

4. ValorizaçãoCultural:Suaatuaçãotemajudadoavalorizaracapoeiracomo umsímbolodaidentidade cultural maranhense, destacando a importância da punga e outras práticas tradicionais

. Contribuições de Mestre Rui Pinto

1. Transparência e Responsabilidade: Mestre Rui Pinto é reconhecido por sua transparência e responsabilidade, servindo de modelo para outros mestres capoeiristas

2. Inspiração para Outros Mestres: Ele tem sido uma fonte de inspiração para mestres como Mestre Marco Aurélio, que o considera um exemplo de integridade e dedicação

3. Participação em Eventos Internacionais: Mestre Rui Pinto tem levado a capoeira maranhense para o cenário internacional, participando de eventos na Itália e na França

4. Valorização da Capoeira Tradicional: Sua atuação tem ajudado a valorizar a capoeira tradicional maranhense, destacando a importância da punga e outras práticas culturais

Mestre Curió (Jaime Martins dos Santos) é uma figura influente na capoeira, especialmente na Capoeira Angola. Aqui estão algumas de suas principais contribuições: Contribuições de Mestre Curió

1. Preservação da Capoeira Angola: Mestre Curió é reconhecido como um dos guardiões das tradições e saberes da Capoeira Angola . Ele foi discípulo de Mestre Pastinha, um dos maiores nomes da Capoeira Angola, e tem dedicado sua vida à preservação dessa arte.

2. Ensino e Difusão: Mestre Curió continua ensinando e difundindo a Capoeira Angola, mantendo viva a tradição e formando novos capoeiristas . Sua escola, Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos de Mestre Curió, é um centro importante para a prática e aprendizado da Capoeira Angola

3. Eventos e Reconhecimento: Ele organiza e participa de diversos eventos de capoeira, promovendo a integração e o intercâmbio cultural entre mestres e praticantes . Em reconhecimento às suas contribuições, Mestre Curió foi agraciado pela Assembleia Legislativa da Bahia com o título de cidadão baiano

4. Valorização Cultural: Sua atuação tem ajudado a valorizar a Capoeira Angola como um símbolo da identidade cultural afro-brasileira, destacando a importância da mandinga, malícia e filosofia da capoeira

A ocupação da região dos Pastos Bons, no sul do Maranhão, teve um impacto significativo nas características da maranhensidade. A colonização dessa área foi marcada pela chegada de migrantes nordestinos que fugiam da seca, trazendo consigo suas tradições, cultura e modos de vida Algumas influências notáveis incluem:

• Economia: A introdução da pecuária extensiva, com grandes fazendas de gado bovino, moldou a economia local e criou uma cultura de vaqueiros e criadores

• Cultura: Os migrantes trouxeram suas festas, músicas e danças, que se integraram às tradições maranhenses, enriquecendo a cultura local com elementos do Nordeste

• Sociedade: A estrutura social foi influenciada pelo poder autoritário dos senhores rurais, criando tensões entre os poderes locais e provinciais durante o período imperial Esses fatores contribuíram para a formação de uma identidade maranhense única, que combina elementos do sertão nordestino com as características próprias do Maranhão.

A região tocantina do Maranhão, especialmente áreas como Imperatriz e Açailândia, foi profundamente influenciada por diversas migrações e fatores históricos. Aqui estão algumas das principais influências:

Influências de Goiás e Tocantins

• Economia: A pecuária e a agricultura extensiva, práticas comuns em Goiás e Tocantins, foram introduzidas na região tocantina, moldando a economia local

• Cultura: A cultura sertaneja, com suas festas e tradições, também se integrou à maranhensidade, trazendo elementos como a música sertaneja e as festas juninas

Influências do Pará

• Economia: A exploração de recursos naturais, como madeira e minérios, foi uma prática trazida pelos migrantes do Pará, contribuindo para o desenvolvimento econômico da região

• Cultura: Aculináriaparaense,com pratos como o tacacá eopato no tucupi,influenciou agastronomia local, adicionando novos sabores à maranhensidade Influências de Minas Gerais e Espírito Santo

• Economia: A mineração e a agricultura, especialmente a produção de café e leite, foram introduzidas pelos migrantes de Minas Gerais e Espírito Santo, diversificando a economia regional

• Cultura: A religiosidade e as festas tradicionais, como as festas do Divino Espírito Santo, foram incorporadas às tradições locais, enriquecendo a cultura maranhense

Influências da Construção da Rodovia Belém-Brasília

• Desenvolvimento Urbano: A construção da rodovia Belém-Brasília facilitou a migração e o desenvolvimento urbano, especialmente em cidades como Imperatriz e Açailândia

• Economia: A rodovia impulsionou o comércio e a indústria, atraindo investimentos e promovendo o crescimento econômico da região

A HISTÓRIA DO MARANHÃO ATRAVÉS DE SUA CULINÁRIA

A culinária maranhense é uma rica mistura de influências indígenas, africanas, portuguesas e de outras regiões do Brasil, especialmente devido às migrações e trocas culturais ao longo dos anos . Aqui estão algumas maneiras pelas quais ela se diversificou: Influências Indígenas

• Ingredientes: Uso de mandioca, beiju (tapioca), e peixes de água doce.

• Pratos: Farinha de mandioca e pratos como o peixe assado e o beiju Influências Africanas

• Ingredientes: Leite de coco, dendê, e pimenta-de-cheiro.

• Pratos: Vatapá, caruru, e galinha d'angola Influências Portuguesas

• Ingredientes: Vinagreira (azedinha), arroz, e frutos do mar.

• Pratos: Arroz de cuxá, peixada maranhense, e torta de camarão Influências Regionais

• Nordeste: Carne de sol, paçoca, e pratos com banana frita

• Pará: Tacacá, pato no tucupi, e pratos com açaí

• Minas Gerais e Espírito Santo: Café, leite, e pratos como o arroz com pequi

Diversificação Contemporânea

• Novos Ingredientes: Introdução de ingredientes de outras regiões e países, como queijos e vinhos.

• Fusão de Sabores: Combinação de técnicas e ingredientes tradicionais com influências modernas, criando pratos únicos e inovadores

Essa diversidade faz da culinária maranhense uma experiência rica e saborosa, refletindo a história e a cultura do estado.

Aqui estão alguns dos mais conhecidos:

Arroz de Cuxá Feito com vinagreira (azedinha), é um dos pratos mais tradicionais do Maranhão. Geralmente servido com peixe frito ou ensopado

Peixada Maranhense Um cozido de peixe bem temperado, semelhante à moqueca, mas com a adição de ovos cozidos

Carne de Sol Muito consumida no Nordeste, a versão maranhense é acompanhada de mandioca frita, farofa, queijo coalho e banana frita

Sururu ao Leite de Coco Um ensopado de sururu (molusco) com leite de coco, dendê, coentro e pimenta-decheiro

Moqueca de Camarão Camarão cozido com leite de coco, dendê, e temperos típicos como coentro e pimenta Torta de Camarão Uma torta recheada com camarão, muito apreciada na culinária maranhense

Juçara Similar ao açaí, é servido com farinha ou camarão seco, uma iguaria típica da região

Caranguejo Consumido em diversas preparações, especialmente em ensopados e moquecas

A panelada e o mocotó são pratos tradicionais do Maranhão, cada um com suas características únicas e influências regionais.

Panelada

• Região: Tocantina (sul do Maranhão)

• Ingredientes: Feita com pedaços de bucho, tripas e outras partes do boi, cozidas com temperos como alho, cebola, pimenta e cheiro-verde

• Preparação: Cozida lentamente até que as carnes fiquem bem macias. É um prato pesado e saciante, semelhante à dobradinha

• Serviço: Geralmente servido com arroz branco e farinha de mandioca Mocotó

• Região: Litorânea (norte do Maranhão)

• Ingredientes: Feito com pés de boi (mocotó), cozidos com temperos como alho, cebola, pimenta e cheiro-verde

• Preparação: Cozido até que os pés de boi fiquem bem macios e liberem o colágeno, criando um caldo espesso e nutritivo

• Serviço: Servido com arroz branco e, às vezes, acompanhado de farinha de mandioca Diferenças Principais

• Tipo de Carne: A panelada usa várias partes do boi, enquanto o mocotó é específico aos pés de boi

• Caldo: O mocotó tende a ter um caldo mais espesso devido ao colágeno liberado pelos pés de boi

• Região: A panelada é mais comum na região tocantina, enquanto o mocotó é apreciado na região litorânea

Esses pratos refletem a diversidade e riqueza da culinária maranhense

A panelada é um prato tradicional nordestino, especialmente popular no Ceará e no Maranhão. Sua origem é um pouco controversa, com algumas teorias diferentes:

Origem Nordestina

• História: Muitos historiadores afirmam que a panelada é um prato genuinamente nordestino, com raízes na culinária sertaneja

• Ingredientes: Feita com miúdos de boi, como tripas, estômago e pés, cozidos com temperos fortes Influência Portuguesa

• História: Alguns acreditam que a panelada tem influências portuguesas, semelhante ao prato "Tripas à Moda do Porto"

• Preparação: A técnica de cozinhar miúdos de animais foi trazida pelos colonizadores portugueses e adaptada às condições locais

Difusão Regional

• História: A panelada se tornou popular em várias regiões do Nordeste, especialmente no Ceará e no Maranhão, onde é consumida há mais de 80 anos

• Cultura: É um prato icônico da culinária sertaneja, apreciado por sua riqueza de sabores e capacidade de saciar

Essas influências combinadas ajudaram a moldar a panelada como um prato típico e amado na região

O mocotó é um prato tradicional brasileiro, com uma história rica e multifacetada. Aqui estão alguns pontos sobre sua origem:

Origem Africana

• Etimologia: O termo "mocotó" vem do quicongo "makooto", que significa "pata de bovino"

• História: O prato foi originalmente feito em Angola e foi trazido para o Brasil pelos portugueses durante a colonização

Influência Portuguesa

• História: Os portugueses adaptaram o prato, incorporando ingredientes locais e técnicas culinárias. Em Portugal, é conhecido como "mão de vaca com grão", que inclui grão-de-bico

Desenvolvimento no Brasil

• História: No Brasil, o mocotó se popularizou devido aos seus ingredientes nutritivos e de baixo custo, aproveitados durante o abate de gado nas regiões pecuárias e matadouros urbanos

• Cultura: Durante o período colonial, partes menos nobres do boi, como pés e tripas, eram frequentemente consumidas pelos escravos, que criaram pratos saborosos e nutritivos a partir desses ingredientes

Variedades Regionais

• Mocotó Gaúcho: No Rio Grande do Sul, o mocotó é preparado com dobradinha, tripa e coalheira, além dos pés de boi

• Mão-de-Vaca com Grão: Em Portugal, o prato inclui grão-de-bico, cenoura, alho, azeite, chouriço de carne, cebola, tomate e vinho branco

a culinária maranhense recebeu influências significativas das ilhas dos Açores, especialmente devido à imigração açoriana durante o período colonial. Aqui estão alguns pratos que têm origem ou foram influenciados pelos Açores:

Doce de Espécie

• Origem: Este doce tradicional de Alcântara, no Maranhão, tem raízes açorianas. É feito com massa de trigo, açúcar, ovos e especiarias

• Cultura: Associado à Festa do Divino Espírito Santo, uma celebração que também tem influências açorianas

Arroz de Cuxá

• Influência: Embora seja um prato típico maranhense, o uso de vinagreira (azedinha) e a combinação de ingredientes refletem técnicas culinárias trazidas pelos açorianos

Peixada Maranhense

• Influência: A tradição de preparar peixes com temperos fortes e ingredientes locais, como leite de coco e pimenta, tem paralelos com pratos açorianos que utilizam peixes frescos e temperos regionais

Torta de Camarão

• Influência: A técnica de preparar tortas recheadas com frutos do mar é comum nos Açores e foi adaptada na culinária maranhense

Festas e Tradições

• Cultura: Além dos pratos, muitas festas e tradições maranhenses, como a Festa do Divino Espírito Santo, têm influências açorianas, refletindo a integração cultural entre os povos

Essas influências ajudaram a moldar a rica e diversificada culinária maranhense.

A migração de pessoas do Pará para a região da Baixada Maranhense trouxe diversas influências para a culinária maranhense, enriquecendo ainda mais a gastronomia local. Aqui estão algumas das principais contribuições:

Ingredientes e Pratos

• Tacacá: Um caldo feito com tucupi (suco damandioca),jambu (ervaamazônica)ecamarão.Esteprato típico do Pará foi incorporado à culinária maranhense

• Pato no Tucupi: Pato cozido no tucupi, temperado com jambu e pimenta-de-cheiro. Embora mais comum no Pará, é apreciado também no Maranhão

• Açaí: O consumo de açaí, tanto na forma de suco quanto como acompanhamento de pratos salgados, é uma prática trazida pelos migrantes paraenses Técnicas e Sabores

• Uso de Tucupi: O tucupi, um caldo amarelo extraído da mandioca, é utilizado em diversos pratos maranhenses, refletindo a influência paraense

• Ervas e Temperos: A introdução de ervas amazônicas como o jambu e o uso de pimentas típicas do Pará enriqueceram os sabores da culinária maranhense

Cultura e Tradições

• Festas e Celebrações: As festas e tradições paraenses, como o Círio de Nazaré, influenciaram as celebrações maranhenses, trazendo consigo pratos típicos dessas festividades

Além dos pratos já mencionados, a culinária maranhense tem outros pratos influenciados pelos Açores: Caldeirada

• Descrição: Um ensopado de peixe e frutos do mar, temperado com alho, cebola, tomate e pimentão. A versão maranhense pode incluir leite de coco e dendê

Bolo de Milho

• Descrição: Embora o bolo de milho seja comum em várias partes do Brasil, a versão maranhense tem influências açorianas, especialmente na forma de preparo e nos ingredientes utilizados

Pudim de Leite

• Descrição: Um doce tradicional que tem raízes portuguesas e açorianas. No Maranhão, é feito com leite condensado, ovos e açúcar caramelizado

Arroz de Marisco

• Descrição: Similar ao arroz de cuxá, mas com mariscos e temperos típicos dos Açores. É um prato que combina arroz com frutos do mar, temperado com alho, cebola e pimentão

Sopa de Peixe

• Descrição: Uma sopa rica feita com peixe fresco, temperada com alho, cebola, tomate e pimentão. A versão maranhense pode incluir leite de coco

Esses pratos refletem a diversidade e a riqueza da culinária maranhense, influenciada pelas tradições açorianas

A culinária maranhense é um verdadeiro caldeirão de influências culturais, refletindo a rica história de migrações e colonizações. Além das influências portuguesas, africanas e indígenas, há também contribuições de outros países, incluindo a França e a Holanda.

Influências Francesas

• História: São Luís, a capital do Maranhão, foi fundada pelos franceses em 1612, e essa presença deixou marcas na cultura e na culinária local

• Pratos: Embora não haja pratos específicos diretamente atribuídos aos franceses, a influência pode ser vistanasofisticaçãodealgumaspreparações enousodetécnicasculinárias.Apresençadeingredientes como o vinagre e o uso de ervas finas são exemplos dessa herança

Influências Holandesas

• História: A ocupação holandesa no Nordeste do Brasil, embora mais curta e menos impactante que a portuguesa e a francesa, também deixou algumas influências

• Pratos: A influência holandesa é mais sutil, mas pode ser percebida em alguns aspectos da culinária, como o uso de laticínios e a introdução de técnicas de conservação de alimentos

Outras Influências

• Africana: A presença africana é fortemente sentida na culinária maranhense, com pratos como vatapá, caruru e o uso de dendê e leite de coco

• Indígena: Ingredientes como mandioca, beiju (tapioca) e peixes de água doce são contribuições indígenas importantes

O arrozdecuxá éamplamenteconsideradoopratotípicoquemelhorrepresentaamaranhensidade. Esteprato é feito com vinagreira (azedinha), arroz, camarão seco, gergelim torrado e farinha de mandioca, e é tradicionalmente servido com peixe frito ou ensopado

Por que o Arroz de Cuxá Representa a Maranhensidade?

• Ingredientes Locais: Utilizaingredientes típicosdaregião,como avinagreira,queéumaplantanativa do Maranhão

• Sabor Único: A combinação de sabores ácidos, salgados e umami reflete a diversidade e riqueza da culinária maranhense

• Tradição: É um prato que está presente em muitas celebrações e refeições familiares, simbolizando a cultura e as tradições do estado

Além do arroz de cuxá, outros pratos como a peixada maranhense e a torta de camarão também são muito representativos da culinária local

Arroz de Cuxá

No coração do Maranhão, um prato singular, Arroz de cuxá, sabor que faz sonhar.

Vinagreira azedinha, camarão seco a dançar, Gergelim torrado, farinha a misturar.

Na panela, o aroma se espalha pelo ar, Tradição que une, histórias a contar.

Peixe frito ao lado, um banquete a celebrar, Cada garfada, um pedaço do lar.

De festas e encontros, é sempre o anfitrião, Arroz de cuxá, orgulho do Maranhão.

Sabor que encanta, memória a preservar, Um prato típico, difícil de igualar.

DOCE DE LEITE

(Uma réplica ao Arroz de Cuxá de Arthur Azevedo)

Em um poema Arthur Azevedo

Exaltou o Arroz de Cuxá, Prato que um seu amigo

O convidara a degustar.

Sem poder desmerecer

Tal símbolo do Maranhão, Bati palmas ao poeta

Por tão justa inspiração,

Que um maço de vinagreira

Com um punhado de camarão

Levam o sujeito a asneira

De andar léguas de chão.

Porém, pedindo desculpas

Ao ilustre cidadão

Que ao longo da nossa história

Engrandece este torrão,

Aqui a contestação,

Até de grande ousadia, É preciso que se faça.

Pois, em matéria de iguaria, Nossa terra tem muito mais

Que o famoso arroz de cuxá

Por ele tão decantado,

E que outro lugar não há.

Ó, meu senhor, que um peixe seco assado

Com uma cuia de juçara; Um mexido de sarnambi,

Coisa cada vez mais rara;

Uma torta de tarira,

Sarnambi ou camarão,

Incomodando a vizinha

Com aquele cheirinho "bão", É fome que se avizinha,

Com urgência e devoção

Pedindo à boca farinha

E alegrando o coração.

Mas, preciso que fique claro, Não teve o meu versejar

Qualquer intenção de afronta

Ao poeta secular.

Acontece, que ainda ontem

Veio a acontecer comigo, Certo causo semelhante

Ao com Arthur ocorrido.

Um primo, que há muitos anos

Dele eu nada sabia,

Ofereceu-me de presente

A mais sublime iguaria, Deliciosa e divina,

Que meu espirito e paladar

Desde os tempos de menina

Costumava encantar.

Uma lata de doce de leite, De todos, meu preferido.

Ainda mais se na Baixada

Foi em caldeirão cozido.

O talento do poeta

Não ouso desmerecer, Tão pouco à sua preferência, Jamais crítica hei de fazer. Mas, um doce de leite assim, Extasia o paladar, Deixa-me o coração contente, Bem mais que arroz de cuxá.

A MISSÃO DE VIEIRA: DESTRUIR

A REPÚBLICA DO CAMBRESSIVE

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Qual a real missão de Vieira quanto à serra de Ibiapaba? Quando da conquista do Maranhão, por portugueses vindos de Pernambuco, ao passarem pela Serra aprisionaram os índios ali residentes e foram levados para Pernambuco. Entre os anos de 1604/1608.

O Maranhão de hoje, por essa época, estava sob o domínio espanhol, assim como Portugal. E assim ficou até 1640, quando houve a restauração.

Várias tentativas de ocupação da região, sob posse francesa desde 1594, com a fundação da colônia da França Equinocial, 1612, avinda dos jesuítas,apartirde 1616,com a expulsãodos franceses e ainstauração doestado colonial do Maranhão, em 1617/21, onde o Ceará, então, fazia parte.

Invasão holandesa, incluindo o Maranhão, e quando de sua expulsão, não só do Maranhão, como do Brasil, os índios que viviam em Pernambuco se preocupam com a retomada pelos portugueses, e temendo serem aprisionados de novo, tornados escravos, resolvem fugir, retornando para aquela terra em que os mais velhos se lembravam, na Serras do Ibiapaba.

Convertidos ao protestantismo, após uma longa jornada de 1600 km, vem a se estabelecer lá no alto. E fundaram uma república, cerca de 4600 índios, a República Protestante do Cambressive.

A Missão Jesuítica da Ibiapaba fora fundada pelo padre Antonio Vieira em data de 1655, em oposição a pretensa República de Cambressive, estabelecida na Serra Grande por Antônio Paraupaba e seus liderados indígenas procedentes de Pernambuco. Os primeiros missionários da Companhia de Jesus na Ibiapaba foram os padres Pedro Pedrosa e Francisco Ribeiro, os quais foram substituídos pelo padre Ascenso Gago. A Missão Jesuítica da Ibiapaba cuja sede era a atual cidade de Viçosa do Ceará, foi destituída em 1758 por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marques de Pombal.

Essa a missão de Vieira, com a Missão do Ceará. Converter os índios à fé católica. Conseguiu, e os dispersou pelo Maranhão, muitos como escravos, pois, apesar da legislação vigente, por guerra justa, poderiam ser escravizados.

Em 1660, o padre Antonio Vieira havia sido enviado de Portugal com a missão de recatolizar os potiguaras aliados aos holandeses, que haviam se refugiado na Serra da Ibiapaba no Ceará. O refúgio não era passivo, ou seja, não esperavam apenas se esconder dos portugueses, mas ativamente esperavam para que o Estado Holandês ouvisse as duas petições feitas por Antônio Paraupaba em 1654 e 1656 em Haia, a fim de socorrer os índios. Assim, pode-se dizer, que mesmo após a restauração, uma parte desse “Estado Potiguara Holandês” ainda resistia. Em sua “Relação da Missão da Serra da Ibiapaba” discorre sobre a variedade religiosa existente no Brasil Holandês. Porém, reprovava a todas – o que não poderia ser diferente em sua condição de padre jesuíta. Vieira identifica como “calvinistas de França” os huguenotes, luteranos alemães e suecos; no entanto, usa o termo “protestantes da Inglaterra”, talvez porque se referisse a vários grupos. É possível que existissem calvinistas, anglicanos e batistas entre os ingleses:

No Recife de Pernambuco, que era a corte e empório de toda aquela nova Holanda, havia judeus de Amsterdã, protestantes de Inglaterra, calvinistas de França, luteranos de Alemanha e Suécia, e todas as outras Seitas do Norte, e desta Babel de erros particulares se compunha um ateísmo geral e declarado, em que não se conhecia outro Deus mais que o interesse, nem outra lei mais que o apetite

Vieira acredita que com a ida “dos de Pernambuco” ao Maranhão, se espera grande quietação e proveito espiritual de uns e outros, porque os pernambucanos, com a vizinhança e sujeição dos portugueses, estando debaixo de suas fortalezas, acudiram a suas obrigações, como têm prometido, e poderão ser obrigados a isso por força, quando o não façam por vontade. Pois, se de fato não houve evangelismo ou, ao menos, uma grande influência teológica ou comportamental nos tabajaras, por que a saída dos potiguaras de Pernambuco seria tratadacomo um fato que trariaquietude eproveito espiritual atodos naótica deum padre católico? – pergunta Variação (2021, 1). Além disso, Vieira destaca um aspecto que para ele pode ser uma solução, mas que para Paraupaba é uma preocupação – a convivência com os portugueses. Em suas representações, Paraupaba deixa claro seu temor de que os índios percam a fé por falta de professores. Vieira demonstra acreditar nessa possibilidade e, portanto, a vê com bons olhos. Essa perspectiva também explica a afirmação do padre

[...] e os da serra, sem o exemplo e doutrina dos pernambucanos, que eram os seus maiores dogmatistas, ficarão país desimpedidos e capazes de receber a verdadeira doutrina, e de os padres lhes introduzirem a forma da vida cristã, o que, endurecidos com a contrária, se lhes não imprimia. Na tentativa de conquistar a confiança indígena, o general Francisco Barreto publicara, em 4 de maio de 1654, um perdão geral aos índios que se aliaram aos holandeses:

Hei por bem de conceder, como pelo presente concedo, em nome de Sua Majestade (Deus Guarde) perdão geral a todos os índios, de qualquer nação que sejam, de todos os erros e rebeldias passadas, os quais dou por esquecidos como se nunca fossem cometidos, pelo que podem todos os ditos índios vir sujeitar-se à obediência de Sua Majestade diante dos Capitães-mores e Governadores que estiverem governando as Capitanias onde os tais índios residirem, aos quais Capitães-mores e Governadores encomendo por parte de Sua Majestade aceitem benevolamente a amizade dos ditos índios e lhes deem bom tratamento, tomando o juramento aos seus capitães ou principais de como prometem serem leais vassalos de Sua Majestade El Rei de Portugal Nosso Senhor e bem assim professarem verdadeira amizade com a Nação Portuguesa, como são obrigados e devem à razão de parentesco tão chegado [...]. Recife, 4 de maio de 1654. Francisco Barreto.

HÁ 365 ANOS... OS ÍNDIOS DA SERRA DA IBIAPABA, CAPITANIA DO CEARÁ, JURAM FIDELIDADE À IGREJA CATÓLICA ROMANA E AO REI DE PORTUGAL - ANO DE 1660.

ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO DE PORTUGAL - AHU-CEARÁ, CAIXA Nº 01

DOCUMENTO Nº 46.

"Carta de Sua Majestade [o Rei de Portugal], para Dom Simão Taguaibuna, principal dos índios tabajaras da Serra da Ibiapaba. Que por carta do padre Antônio Vieira (...), se recebeu o aviso do juramento que o dito principal havia feito nas mãos do dito padre, de ser fiel vassalo de Sua Majestade toda à sua nação e todos os seus descendentes, e de como assim ele, como os outros principais haviam recebido suas legítimas mulheres conforme os ritos da Igreja Romana, e prometido de em tudo o mais guardarem a lei de Deus, como verdadeiros cristãos, e tratarem de ajudar ao descobrimento do Rio Pará [Parnaíba] e conquista de todas as outras nações vizinhas às suas terras [Ibiapaba], para se reduzirem todos a fé de Deus e vassalagem de Sua Majestade, de que todos, Sua Majestade recebes [com] grande contentamento, pelo desejo que Sua Majestade tem de que todas essas nações venham ao conhecimento do verdadeiro Deus; e lhe agradece o zelo e vontade com que se tem disposto a esta empresa, cujo sucesso Sua Majestade fica esperando para lhe mandar fazer mercê, e que o mesmo diga da parte de Sua Majestade aos demais principais, aos quais todos encarrega Sua Majestade, particularmente a obediência e respeito que devem ter aos padres como ministros de Deus e da Santa Madre Igreja, seguindo em todos seus conselhos”.

Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino de Portugal – Documentos da Capitania do Ceará – AHU-Ceará, Caixa nº 01, Documento nº 46, ano de 1660.

Retorno do blogue dOs Integrantes da Noite em grande estilo, com uma seleção de poemas de José Ewerton Neto.

osintegrantesdanoite.blogspot.com Os Integrantes da Noite Gerar link Facebook X Pinterest E-mail Outros aplicativos - quarta-feira, abril 02, 2025 A CIDADE

ARITMÉTICA de José Ewerton Neto AOS NÚMEROS Ao número um que às vezes me cabeNas vezes em que não estou mais em mim mesmo Ao número dois que em si desabeA vontade de partir de mim, vagando ...

O "Lendo a Literatura Infantil",

em celebração ao Dia Internacional do Livro Infantil, aconteceu na Biblioteca Pública Benedito Leite, de 1º a 4 de abril. A edição de 2025 foi especial: tivemos recorde de público e uma participação linda das escolas, que são o coração desse projeto.

Meu agradecimento especial para essa equipe maravilhosa, que, com tanto amor, dedicação e compromisso, torna possível esse trabalho tão bonito de semear a leitura e abrir caminhos para o encantamento dos livros. Foi emocionante!

Café Freudiano estreia em 2025 com debate sobre racismo e psicanálise

São Luís, 12 de abril de 2025 – O que significa, no Brasil, “tornar se negro”? Como a psicanálise pode escutar esse percurso sem silenciar o pacto narcísico da branquitude? E se o inconsciente tem cor, de que forma essa dimensão atravessa o sofrimento psíquico? Estas são as questões centrais de “Um defeito de cor? Racismo à luz da psicanálise”, primeira edição do Café Freudiano em 2025, que acontece neste sábado, 12 de abril, no Teatro Napoleão Ewerton SESC, a partir das 9h30.

A abertura fica por conta de William Amorim (escritor e psicanalista), que recebe a convidada principal Anicia Ewerton, psicanalista e mestre em Psicologia. Juntos conduzirão a discussão sobre as contribuições específicas de psicanalistas negros – como Neusa Santos Souza e Isildinha Baptista – para um debate já amplamente explorado em suas dimensões jurídicas, sociológicas e antropológicas, mas talvez ainda pouco interrogado no campo analítico.

O software foi elaborado por professores, técnicos administrativos, estudantes e indígenas.

https://imirante.com/.../ifma-desenvolve-aplicativo-para... (Foto: Divulgação)

imirante.com

IFMA desenvolve aplicativo para compreensão da Língua Guajajara - Imirante.com

O software foi elaborado por professores, técnicos administrativos, estudantes e indígenas.

OS POLIFENÓIS DO SOL, MEIO AMARGO, O RETORNO DA AURA E RUA DAS HORTAS: TEMPOS DE MEIAS MORADAS. EIS AS OBRAS DO POETA LUIS AUGUSTO CASSAS QUE

SERÃO LANÇADAS NO 2º. SARAU PRA EMBALAR SÃO LUIS, EM JUNHO. EXEMPLARES

ESTÃO NA LIVRARIA AMEI. SHOPPING SÃO LUIS.

Já se encontram na Livraria Amei, no Shopping São Luis, à disposição dos interessados, os quatro novos livros do poeta Luis Augusto Cassas, que terão lançamento duplo em São Luis, no início de junho. São eles, Os Polifenóis do Sol; Meio Amargo, O Retorno da Aura e Rua das Hortas: Tempo de Meias Moradas.

O primeiro, acontecerá na própria Livraria Amei, palco dos maiores lançamentos da nossa cidade, no dia 07 de julho, sábado, com lua crescente, a partir das 17h30m.

Já o segundo lançamento, voltará a ocupar o espaço do Miolo Café e Bar, na Avenida Litorânea, a partir das 18h30m, na lua cheia. O Miolo Bar é o espaço musical e cultural mais badalado da cidade. O 2º. Sarau pra embalar São Luis, iniciado ano passado, está em edição continuada, fundindo poesia e musica, duas das grandes artes de nossa terra, graças ao entrelaçamento dos valores da poesia e música: a palavra e o som.

Os dois saraus iniciam mais cedo pelo hábito do autor em autografar seus livros antes do início dos espetáculos, já que gosta de assisti-los e tem participação neles.

Anote em sua agenda para quando junho chegar: 07 e 14. Sob a emanação da lua ludovicense.

Conheça as Histórias, Memórias e Curiosidades da cidade de Cantanhede/MA. Marcus Saldanha conversa com o pesquisador da História de Cantanhede, escritor e jornalista, Luiz Carlos Amaral. Assista e participe no link abaixo ��

https://www.youtube.com/live/j7T1v-XmzXc?si=he1Nfi4aBeylj8fD

O jornalista Luís Cardoso foi encontrado morto, neste sábado, pela família, em sua residência em São Luís. Há suspeita de que ele tenha sofrido um infarto fulminante. A falta de contato fez com que um dos membros da família se deslocasse até a sua residência e arrombasse a porta. Ele já estava sem vida.

Luís Cardiso foi um dos mais bem informados repórteres de política da capital. Seu blog era um dos mais acessados. Durante muitos anos cobriu a Câmara Municipal de São Luis, da qual foi Diretor de Comunicação, e fundou, junto com Roberto Kenard, o jornal Diário da Manhã. Ultimamente enfrentava problemas de saúde. Aos familiares e amigos, os meus sinceros pêsames.

FALECEU HOJE, AOS 99 ANOS, UM DOS MAIS ANTIGOS FOTÓGRAFOS DO BRASIL, O MARANHENSE DE VIANA, RIBAMAR ALVES.

JOAQUIM HAICKEL

Quando soube que um dos maiores fotógrafos brasileiros era o vianense José de Ribamar Alves, que ficou mundialmente conhecido graças ao seu trabalho inovador.

Filho do alfaiate Benício Franco Alves e de dona de casa Clara Sousa Alves, Seu Riba foi convidado pelo seu tio Pedro Viegas para estudar em São Luís. Seu sonho era de se tornar engenheiro. Iniciou seus estudos no extinto Colégio Ateneu Teixeira Mendes, e depois resolveu prestar seleção para a Escola Técnica Federal do Maranhão onde concluiu o cursos Industrial Básico e de Formação de Técnicos em Construção de Máquinas e Motores, na época com 21 anos de idade.

Em 1948, partiu para o Rio de Janeiro, decidido a cursar Engenharia, mas enquanto isso trabalhava no jornal Folha Carioca e foi aprovado em 1º lugar no concurso para o IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários (IAPC) onde trabalhou com o também maranhense Odylo Costa Filho.

Durante o curso de Engenharia Civil pela tradicional Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil, despertou nele o gosto pela fotografia, ao ingressar na Associação Cinematográfica da referida escola, filiando-se à Associação Brasileira de Artes Fotográficas (ABAF).

Em uma de suas primeiras fotos, a qual retratava os pescadores vianenses em plena atividade, rendeu-lhe o 2º lugar num dos concursos promovidos pela associação.

Ribamar tem dezenas de premiações em exposições e salões de fotografias do Brasil e do exterior, cujo somatóriolheproporcionouotítulodeArtistaHonorificoda FIAP, com sedeem Bordeaux (França) e membro da PSA (Estados Unidos).

Uma de suas fotografias mais famosas, uma casa de palha de dois andares, no então povoado Raposa (hoje município da Região Metropolitana de São Luís), faz parte do acervo da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Maranhão.

Entre as incontáveis premiações do fotógrafo vianense, destacam-se:

Medalha de Ouro, em Bordeaux (França), com a fotografia “Carro de Bois”, feita em Viana, 1985; Medalhas de Ouro (Cisne Branco) – Salão de Artes Plásticas da Escola Naval (Rio de Janeiro) – 1983/1984/l985; Medalhas de Ouro – Salão Internacional de Jaú (São Paulo) – 1985/1987/1991 ; Medalha de Ouro – Salão de Artes Plásticas da Polícia Militar do Rio de Janeiro – 198ó; Medalha de Ouro – Salão de Artes Plásticas da SBBA (Rio de Janeiro) – 1990 .Medalha de Ouro – Salão do Foto Clube de Volta Redonda (RJ) -1989; Medalha de Ouro – Salão do Foto Clube de Nova Friburgo (RJ) – 1987; Medalhas de Ouro e Prata – Salão Iris Foto Clube (São Paulo) -1984 ; Medalhas de Ouro e Bronze – Foto Clube de Londrina (PR) -1986; Medalha de Ouro – Foto Clube do Paraná- 1990; Medalha de Ouro – Sociedade Fluminense de Fotografia (Niterói/RJ)-199 ;Medalha de Ouro – Foto Clube Gaúcho (RS) – 1994; 1º lugar no concurso promovido pela revista “Realidade”, sob o tema “Nosso País”, com a foto Simetria à Vela, feita em Viana. Apesar de toda a tecnologia dos dias atuais, Ribamar vangloriava-se de que todas as suas máquinas fotográficas eram analógicas, pois elas lhe davam mais liberdade. Está sendo produzido pelo MAVAM, Museu da Memória Audiovisual do Maranhão, um documentário sobre vida e a obra de Ribamar Alves, e seu acervo será totalmente digitalizado por essa instituição.

MORRE AOS 98 ANOS UM DOS MAIORES FOTÓGRAFOS DO MARANHÃO, O VIANENSE ZÉ ALVES.

ÁLVARO MENDONÇA

O premiado fotógrafo a nível nacional e internacional, vianense Ribamar Alves, o qual chamávamos de Zé Alves que foi homenageado no meu primeiro livro Resgate Histórico da Cidade de Viana, faleceu hoje em São Luís, foi um dos gigantes da fotografia maranhense.

Zé Alves dedicou boa parte da sua vida à fotografia e representou o nosso Estado em diversos concursos e exposições no Brasil e no mundo.

Uma das fotos mais famosa do premiado fotógrafo Ribamar Alves, uma casa de palha de três andares, no então povoado Raposa, hoje município da região metropolitana de São Luís, essa foto original faz parte do acervo da Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Maranhão (IPHAN).

Com o poeta e diplomata e querido amigo Márcio Catunda, na Livraria Martins Fontes, da Paulista, no lançamento de sua Sinfonia Italiana, um rico e apurado estudo da arte da Itália, que vislumbra a todos que a estão lendo.

HOMENAGEM ÀS MULHERES PROMOVIDA PELA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS – ALL LOUVAÇÃO A ARLETE NOGUEIRA DA CRUZ MACHADO

Por Antonio Aílton

Amada escritora Arlete Nogueira da Cruz, Senhor presidente da Academia Ludovicense de Letras, Sanatiel Pereira, Senhora presidente em exercício da Academia Maranhense de Letras, Laura Amélia Damous, Acadêmicos, autoridades; senhoras e senhores aqui presentes, Prezadas escritoras, Boa noite.

“Os começos existem para uma precipitação.” (Arlete Nogueira, A Parede, 1961/2021)

“Para cada peixe tirado das águas para a fome dos homens, outro peixe menor ficava para a nutrição da alma pura do rio”. (Arlete Nogueira, O Rio, 2012)

Agradeço a incomensurável honra de me convidarem para esta tão feliz tarefa de exaltar a quem merece ser exaltada e destacar um bem que se espalha por si mesmo, isto é, de fazer esta “Louvação à Escritora Arlete Nogueira da Cruz”, sendo minhas palavras quase uma excrescência, não fora este desejo de abrir ainda mais as portas da casa, para que a luz mais nela esplenda.

A louvação é um enaltecimento que se consagra ou se tributa sobretudo aos deuses, ou às deusas, o que faço aqui em nome da Academia Ludovicense de Letras e, com respeito ao lugar em que nos encontramos, também em nome da Academia Maranhense de Letras, a essa DIVA da literatura maranhense. Diva, como se diz das mestras mais brilhantes, na medida da sua importância literária, do seu nome e do seu timbre, que haverão de permanecer enquanto se abrirem as suas palavras, a história da nossa literatura e a eternidade que a poesia proporciona. Diva também na sua condição de mulher representativa de tantas mulheres fortes, que construiu com independência a sua própria história, muitas vezes com sacrifícios excruciantes, e se concedeu estender-se como esteio de tantas outras pessoas que amparou e ampara com cuidado; e, como tal, capaz de nutrir muitas outras almas de admiração e inspiração.

No entanto, sabemos que em se tratando de Arlete Nogueira da Cruz, tal distinção (“Diva”) talvez deva ser utilizada com muita licença poética, uma vez que, conforme a conhecemos, e para sermos coerentes com o modo como sempre se apresentou, ela nunca se colocou em pedestais ou posições altissonantes. E nunca abraçou o discurso da “figura sagrada entre os mortais”; mas, pelo contrário, sempre nos abraçou como a pessoa simples, humana e amiga que é, enchendo de alegria amorosa e secular os espaços que pisa e se coloca, com sabedoria.

Essa humanidade aberta e despretensiosa coaduna a escritora e sua escritura; ela, que abraçou a tarefa de ser verdadeira poeta, conjuntamente com o de estar ao lado de outro poeta a quem ama, o seu esposo Nauro Machado, e sem que tenha jamais querido escapar ao desafio do chamamento da poesia e da escrita, acolhendo uma tarefa certamente ainda mais dolorosa e difícil para uma mulher, como a sua mãe a poeta Enói Nogueira, também enfrentou em situação ainda mais adversa à expressão feminina. Sobre isso, diz Arlete no, no livro Colheita (2017): “sem que eu, no entanto, tenha podido escapar da teia à qual me enrosquei sob os mesmos desafios que ela enfrentou, contentando-me com o pouco que foi tudo aquilo que continua sendo nosso.”

É essa mulher terna, simples, humana, que nascida em 8/05/1936, seguiu o curso de um conhecido rio, o Itapecuru, e de uma ferrovia, a que cruzava sua cidade de origem, Cantanhede, ali pela década de 1940, e dava para São Luís; e depois, para outros rios, cujas terceiras margens a levaram ao curso de seus estudos, sua formação e de sua profissão, tornando-se professora do curso de Filosofia da Universidade Federal do Maranhão.

É também no curso vital de uma profícua atividade cultural e literária que se torna Diretora do Departamento de Cultura do Estado e Diretora do mais importante palco da dramaturgia no Maranhão, o Teatro Arthur Azevedo, entre tantos outros cargos importantes na gestão pública. Ela chegou assim, por sua competência, conquista e sensibilidade, às diretrizes do meio cultural e literário do Maranhão, dando não apenas o apoio necessário a diversas aparições no mundo literário, tais como a publicação, em 1972, da hoje

histórica Antologia dos Antroponautas, mas ela mesma sendo o centro e articulação da ambiência de um enredo composto por alguns dos mais emblemáticos poetas e artistas do Maranhão, conforme nos revela em Sal e Sol (2011):

“Início dos anos 60 ainda, os mais chegados a mim eram justamente, José Chagas, Antônio Almeida, Nauro Machado, Henrique Moreira Lima, Bandeira Tribuzi, Luís de Mello, José Maria Nascimento, Paulo Morais. Nas tardes de sábado, impreterivelmente, eu já podia esperar, lá vinham eles: Antônio Almeida, José Chagas com seu inconfundível saxofone, e Paulo Moraes, disposto a cantar e dançar.[...] “De minha casa, o grupo saía para um barzinho que ficava ali perto, na Rua São Pantaleão, e uma vez insistiram tanto comigo que acabei indo com eles, dia em que fiquei a tomar um guaraná com Bandeira Tribuzi, que conseguiram também arrastar até lá, Tribuzi não bebia cerveja e morava perto de mim, numa porta e janela, na Rua da Inveja.” (Sal e sol, 2011).

Essa mesma Arlete, anos depois, continua encantando e acolhendo em seus braços, sua casa e suas falas instigantes, jovens poetas de outras gerações, até por vezes dando-lhes necessárias orientações sobre o universo literário-cultural, e que reconhecem sua incomensurável oferta.

Também recebemos de seu coração uma obra imaginativa e emotiva pautada nesses mesmos princípios de simplicidade, ternura, abertura, despretensão e empatia, tanto no que diz respeito às experiências ali invocadas quanto à linguagem que se entrega a qualquer leitor, como acontece seja com sua prosa, seja com sua poesia ou com seus ensaios. É o caso, por exemplo, dos Contos Inocentes (2000), da poética novela O rio (2012), dos romances A Parede (1961/2021) e Compasso Binário (1972/2022), e aquela em que tais prerrogativas nos impactam ainda com maior alarde: A Litania da Velha – obra escrita em versos longos e pungentes, apresentando uma idosa senhora devastada pelo tempo e pelo abandono, percorre as ruas da velha cidade de São Luís do Maranhão.

Nestas obras, de um lado, temos um painel de heroínas e heróis comuns: pessoas frágeis e cotidianas, jovens estudantes liceístas, proletários, despossuídos, trabalhadoras, andarilhas e andarilhos, a lembrar o que diz aquele autor tão caro a Arlete, Walter Benjamin, em Charles Baudelaire, um lírico no auge do capitalismo (1994), segundo o qual o papel do herói está disponível, nas ruas da modernidade, não para deuses ou semideuses, mas para as pessoas comuns, pessoas como nós, e não mais radicalmente “heróis”, mas lutadores e lutadoras, no mais das vezes incógnitos.

De outro lado, tais personagens são detentores de um percurso para a iluminação, ou portadores dessa iluminação, como a lembrar também, não apenas Platão com seu mito da caverna (caso do quarto/caverna da personagem Cínzia, envolta em sombras, versus Luiza, portadora da luz, em A Parede), como também a retomada do percurso para a iluminação, como em Nietzsche. Personagens que apontam para suas imagens /e seus duplos, como em Compasso binário, e que, ao fim e ao cabo, trazem uma epifania, uma descoberta, uma alegoria ao ínclito leitor.

Tanto mais poderíamos nos aprofundar nessas qualidades de Arlete, da Diva enquanto artista senhora do seu fazer, de sua imaginação criadora que, com palavra e ternura, nos lega criaturas e linguagens a quem podemos amar como a nós mesmos. Isto porque estas também são parte da vida e de uma eternidade construída por essa mulher de enorme coração e generosidade, doada ao seu marido, ao seu filho Frederico Machado, às suas netas, e a nós, que temos o privilégio do seu largo abraço.

Salve, Arlete, mulher que representa tantas outras mulheres daqui e de alhures, com sua potência, e que nos engrandece, por tê-la nossa. Que o longo tempo nos deixe viver, para que mais possamos aprender de tua poesia.

O nosso coração te louva!

Muito obrigado.

LOUVAÇÃO À MARIA FIRMINA DOS REIS, PATRONA DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS E PRIMEIRA ROMANCISTA DO BRASIL

31 de março de 2025

EU TE LOUVO SENHORA

À Maria Firmina dos Reis

Eu te louvo senhora pela agonia sentida que te tirou o prazer do gozo do corpo impondo agonia profunda doída mas que te fez renascer em palavras e versos de puro querer!

Eu te louvo senhora pelos crus dissabores nesta vida sofridos …

Eu te louvo senhora por tua teimosia por tua leveza de corpo e de alma... por suave alegria parcamente sentida apesar da tirania da dor revelada em toda tua vida…

Eu te louvo senhora pelo amor do qual abdicaste

-quimera humana!de uma vida a outra vida ... para entregar-te a outro amor também profundo aquele amor aos desvalidos abandonados pela sorte jogados aos destinos inumanos neste mundo!…

Eu te louvo senhora pelo teu imensurável amor à humanidade por tua luta incansável pela igualdade por tua excepcional dedicação materna aos filhos abandonados nesta terra pela vida pela história pela verdadeira e única humanidade! renasce agora - nesta hora o gozo do corpo e da alma neste louvor que hoje a ti dedico e não há gozo maior que este gozo devolvido em palavras e versos desejos...fantasias... eternos perenes romanescamente femininos! Eu te louvo senhora agora nesta hora hoje e para sempre te louvarei também amém!

(Antologia Cento e Noventa Poemas para Maria Firmina / Dilercy Aragão Adler, Leopoldo Gil Dulcio VazOrganizadores. – São Luís: ALL, 2015).

Com esse meu louvor a Maria Firmina, almejo expressar os meus cumprimentos à Mesa, a todas as autoridades aqui presentes, a todos os confrades da Academia Ludovicense de Letras, aos pesquisadores e admiradores de Maria Firmina dos Reis e, enfim, a todos que estão neste auditório para esta louvação à Mulher maranhense. E, muito especialmente, faço uma saudação a todas as mulheres!

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís, Maranhão no dia 11 de março de 1822. Ela participava ativamente da vida intelectual maranhense, publicando livros, participando de Antologias e sendo colaboradora de revistas e jornais, no momento do seu despontar de escritora na sociedade. Como exemplo, podemos citar o comentário sobre o romance Úrsula no jornal Jardim dos Maranhenses (30 de setembro de 1861, n° 24 - ano 1):

Existe em nosso poder, com destino a ser publicado no nosso jornal um belíssimo interessante ROMANCE, primoroso trabalho da nossa distinta comprovinciana, a Exma. Sra. D. Maria Firmina dos Reis, professora pública da Vila de Guimarães, cuja publicidade tencionamos dar princípio do número 25 em diante.[...] Garantimos ao público a beleza da obra...

Quanto ao livro de poemas Cantos à-beira-mar, a Imprensa, no Folhetim 7 de 19 de outubro de 1861, publicou:

Os versos de Maria Firmina dos Reis indicam uma imaginação cheia de vivacidade da parte da autora; muita leitura e gosto, e do doce perfume dos sentimentos saídos do coração sem ensaio nem afetação.

De há muito que todos conhecem os talentos e a habilidade da autora de Úrsula, assim não causou estranheza as poesias que mandou para o Parnaso.

No entanto, foi posteriormente esquecida e excluída do Panteão dos grandes nomes da cultura local e brasileira por mais de um século, assim como outras representantes da expressão feminina que sofreram o cancelamento e a exclusão do cânone literário. No entanto, as condições, embora extremamente proibitivas, impediram menos do que se imagina a presença da mulher no âmbito literário, como comprovado hoje, com o desenvolvimento de diversos projetos de resgate das escritoras brasileiras do passado, principalmente a partir da segunda metade do século XX. Dentre essas escritoras, está Maria Firmina, que voltou ao cenário literário, com suas obras reveladas e (re)descobertas por Nascimento Morais Filho (maranhense) e Horácio de Almeida (paraibano).

Maria Firmina é indubitavelmente grande intelectual de múltiplos talentos e o seu legado é deveras substancial e variado:

· Em 1847, Firmina foi aprovada em um concurso para a cadeira de primeiras letras para o sexo feminino na cidade de Guimarães.

· Em 1859, lançou Úrsula, um romance original brasileiro com o criptônimo “por uma maranhense”, pela tipografia do Progresso, localizada na Rua de Sant'Anna, 49.

· Em 1861, publicou GUPEVA, um romance de temática indianista que apresenta situações polêmicas nas relações entre os personagens europeus e a Nação Tupinambá.

· Em 1871, lançou CANTOS À BEIRA-MAR, uma obra de poesia.

· Em 1887, publicou A ESCRAVA, um conto antiescravista.

· Em 1861, teve participação na ANTOLOGIA POÉTICA PARNASO MARANHENSE, uma coleção de poesias editada por Flávio Reimar e Antonio Marques Rodrigues.

Nascimento Morais Filho compilou publicações em 14 jornais literários, 8 composições musicais e 11 poemas avulsos.

O romance Úrsula, sua obra mais conhecida e estudada, completa este ano 166 anos. Está estruturado com um prólogo, 20 capítulos e o epílogo, e, em sua totalidade, traduz a coragem e ousadia da escritora. Embora inicie com um prólogo tímido, que traduz um sentimento de menos-valia, depreciação da obra, ao afirmar: "mesquinho e humilde livro é este que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros..." e uma auto-depreciação: "Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados [...] o seu cabedal intelectual é quase nulo", ambivalentemente, demonstra firmeza e ousadia quando expressa: "e ainda assim o dou a lume."

A seguir, algumas passagens do romance que traduzem sua inteligência, força e beleza. No Capítulo 1, intitulado “Duas almas generosas”, Firmina se refere a um branco (Tancredo) e a um negro escravizado (Túlio). Dessa forma, ela expressa um teor de igualdade entre os dois personagens, numa sociedade escravocrata, marcada por preconceitos exacerbados, em uma época de naturalização da dominação, exploração e depreciação dos africanos, que eram arrancados de sua terra para serem tratados de forma degradante: desde o brutal sequestro de sua família e de sua terra, o traslado sofrido em porões fétidos, até o tratamento desumano, em que eram reduzidos a mercadoria, avaliados e vendidos no mercado, como instrumentos de trabalho ou até como animais.

Senhor Deus! quando calará no peito do homem a tua sublime máxima - ama a teu próximo como a ti mesmo - e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!... a aquele que também era livre no seu país ... aquele que é seu irmão?!

E o mísero sofria; porque era escravo, e a escravidão não lhe embrutecera a alma; porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantou no coração, permaneciam intactos, e puros com a sua alma. Era infeliz; mas era virtuoso; (REIS,1988, p.25).

Não há como refutar a grandiosidade da obra de Maria Firmina dos Reis. Ao publicar o romance Úrsula, ela materializou um ato extremo de coragem e ousadia, ao efetivá-lo vinte e nove (29) anos antes da assinatura da Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial n.º 3.353, sancionada em 13 de maio de 1888. Essa lei se firma como o diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil (1859-1888).

Outro dado digno de realce é que, dos 95 anos que Maria Firmina viveu neste plano físico, 66 foram vividos sob o regime da escravidão. Sua mãe, Leonor Felippa dos Reis, foi escrava do Comendador Caetano José Teixeira, tendo sido posteriormente alforriada.

Maria Firmina dos Reis cumpriu uma função social não apenas divulgando suas criações, mas também contribuindo significativamente para as letras brasileiras. Na educação, foi pioneira ao criar a escola mista para meninos e meninas em Maçaricó, na cidade maranhense de Guimarães, onde lecionava para os filhos de lavradores e fazendeiros do povoado. Contudo, a iniciativa foi alvo de críticas e não perdurou por muito tempo.

Isso posto, ratifica-se a ousadia e a teimosia de uma mulher que, apesar da fragilidade e das severas restrições impostas pelos ditames sociais de sua época, lutou não só pelo seu espaço, mas pela liberdade dos segmentos oprimidos, entre os quais se incluem: a mulher, o negro, o índio e o economicamente pobre.

A Academia Ludovicense de Letras (ALL), desde sua fundação em 2013, incorporou-se ao projeto de consolidar a ressignificação dessa incontestável precursora da cultura e educação maranhense e brasileira, colocando-a como Patrona da Academia.

Costumo dizer que, dado o fato de a ALL ter sido fundada 401 anos após a fundação da cidade de São Luís, talvez essa demora tenha sido providencial para que Maria Firmina tivesse nela um lugar de destaque. Às vezes me pergunto: se a academia tivesse sido fundada antes, seria ela a Patrona? Acredito que dificilmente. Nas últimas décadas a ilustre maranhense tem sido contemplada com algumas honrarias, dentre as quais:

A data de seu nascimento foi instituída como o Dia da Mulher Maranhense (11 de março), conforme a Lei Estadual nº 10.763/2017, sancionada pelo governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, em 29 de dezembro de 2017. Anteriormente, a Lei nº 3.754 de 27 de maio de 1976, sancionada pelo governador Osvaldo da Costa Nunes Freire, marcava a data de 11 de outubro.

O Título de Doutor Honoris Causa Póstumo foi concedido à Maria Firmina dos Reis, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 11 de novembro de 2022 (esse título se encontra em Guimarães).

A Medalha Simão Estácio da Silveira (26ª edição) foi concedida à Maria Firmina dos Reis, pela Câmara Municipal concedeu a, em 22 de dezembro de 2022.

A Lei nº 7.501, de 30 de outubro de 2023, declara Maria Firmina dos Reis como Patrona da Educação de São Luís, no Maranhão. A lei foi sancionada pelo prefeito da cidade, Eduardo Salim Braide (Originária do Projeto de Lei n° 229/2023 de autoria do Vereador Dr. Gutemberg).

A Medalha Ronald Carvalho foi concedida à professora e poetisa Maria Firmina dos Reis (in memoriam), em 14 de dezembro de 2023.

O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) solicitou o reconhecimento nacional de Maria Firmina dos Reis como Heroína da Pátria.

O nome de Maria Firmina dos Reis foi proposto para inclusão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria por meio do Projeto de Lei (PL) 2171/2023, de autoria do deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Após a aprovação na Comissão de Cultura em 18 de outubro de 2023, o PL foi encaminhado à Comissão de Constituição,

Justiça e Cidadania (CCJC), onde aguarda a designação de um novo relator desde 19 de março de 2025. Após a aprovação nas comissões pertinentes, o projeto seguirá para o Senado Federal, e, uma vez aprovado, será

encaminhado para sanção presidencial. Com a sanção e a publicação da lei, será organizada uma cerimônia para a inclusão formal de Maria Firmina dos Reis no livro, como um reconhecimento póstumo de sua contribuição histórica ao Brasil.

O novo cabo submarino do Google, que homenageia Maria Firmina dos Reis, conecta a América do Norte à América do Sul, entre a costa leste dos Estados Unidos e Las Toninas, na Argentina, com "escalas" ou estações de pouso em Praia Grande, no Brasil, e Punta del Este, no Uruguai. Será o cabo mais longo do mundo e, com isso, o "Firmina" vai aprimorar o acesso aos serviços do Google para usuários na América do Sul. Não se pode negar que o reconhecimento de Maria Firmina se consolida cada vez mais, e isso é essencial para que ela não seja esquecida novamente.

Ficamos felizes com a continuidade do reconhecimento do legado de Maria Firmina dos Reis, que remonta a Nascimento Morais Filho, o qual, além de descobri-la nos jornais de São Luís, empenhou-se para garantir que seu nome e legado jamais fossem esquecidos.

Tenho a honra de ocupar a Cadeira nº 8 patroneada por Maria Firmina dos Reis. na Academia Ludovicense de Letras (ALL) e, ao lado da confreira Ana Luiza Almeida Ferro, tive a satisfação de indicar o seu nome para ser a Patrona da Casa. Esta escolha é uma reverência à força e à relevância de Maria Firmina para a educação e a literatura maranhense e brasileira, cujo legado é tão imortal quanto o próprio espírito de nossa gente.

A ALL, instituição à qual tenho a honra de pertencer, busca ocupar todos os espaços culturais locais, nacionais e internacionais, com o objetivo de desenvolver e difundir a cultura e a literatura ludovicense, a defesa das tradições do Maranhão e, particularmente, de São Luís. Ao fazermos isso, levamos o nome de Maria Firmina dos Reis, uma das maiores escritoras do Brasil, como missão precípua. Sua obra é um marco, não só da literatura, mas também da luta pela igualdade e liberdade. E, para finalizar, gostaria de compartilhar o hino À LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS, escrito em 1888 por Maria Firmina dos Reis, que ainda ecoa como um símbolo de nossa resistência e luta pela liberdade e justiça. Que sua poesia, seu exemplo e sua luta continuem nos inspirando, para que jamais deixemos de lutar por um Maranhão e um Brasil verdadeiramente livres e justos para todos.

HINO À LIBERTAÇÃO

DOS ESCRAVOS,

Maria Firmina dos Reis

Salve Pátria do Progresso!

Salve! Salve Deus a Igualdade!

Salve! Salve o Sol que raiou hoje,

Difundindo a Liberdade!

Quebrou-se enfim a cadeia

Da nefanda Escravidão!

Aqueles que antes oprimias, Hoje terás como irmão! (1888)

E que não faltem almas generosas neste mundo!

OBRIGADA!

Vídeo do WhatsApp de 2025-03-31 à(s) 23.14.54_746b5e29.mp4

JOSÉ CLÁUDIO PAVÃO SANTANA

é um renomado professor de Direito Constitucional na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Ele possui doutorado em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e pósdoutorado no Instituto Ius Gentium Conimbrigae da Universidade de Coimbra, Portugal. Algumas de suas principais áreas de atuação incluem:

• Direito Constitucional

• Direito Eleitoral

• História do Direito

• Teoria Geral do Direito José Cláudio Pavão Santana é autor do livro "O Pré-constitucionalismo na América" e possui diversos trabalhos em coautoria. Ele também é membro fundador da Academia Ludovicense de Letras e membro efetivo da Academia Maranhense de Letras Jurídicas

O QUE NÃO ESTÁ NOS AUTOS NÃO ESTÁ NO MUNDO

março 29, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Ensaios, Jurídico, Opinião Ano 13 – vol. 03 – N. 27/2025 https://doi.org/10.5281/zenodo.15106089

“Quod non est in actis, non est in mundo”

Costumo afirmar aos estudantes que são meus alunos que o processo é um cenário em que se contrapõem as aflições.

Digo mais. Afirmo que o processo judicial é a confissão explícita de que o estado falhou, pois não conseguiu que as pretenções conflitantes fossem conciliadas.

Claro que as afirmações têm um propósito pedagógico ao forçarem que o interlocutor use de sua capacidade crítica que possa chegar à Constituição, identificando as garantias constitucionais previstas. De fato, a Constituição está repleta de previsões que nem lá necessitariam ou deveriam estar, posto serem óbvias ao grau de evolução humana. Demais, não é a lei que molda a lei, mas a boa-fé de quem a interpreta e a aplica.

Estou verdadeiramente convencido que essa quadra judicial brasileira é de dar vergonha na cara. Sim, vergonha foi feita para quem não porte psicopatias agudas e tenha um senso mínimo de humanismo correndo nas veias.

Na semana que termina tive a oportunidade de assistir parte do julgamento realizado pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal. Não farei comentários (inobstante me fosse lícito) sobre toda a sessão, até porque não me prostro diante da TV tendo meus afazeres. Mas posso ao menos expressar meu sentimento sobre o acontecimento.

As sustentações orais retratam tudo o quanto o Direito prevê, as leis impõem, o bom senso exige, mas os julgadores (na maioria) não enxergaram.

Na verdade, nem deveria ter havido aquela sessão. Não compete ao STF o que um dia competiu, depois passou a não ser competência e depois voltou a ser de novo.

Essa corda bamba judicial é completamente deletéria. Pôs “subjudice” a credibilidade do próprio fracionamento do tribunal – e para os telespectadores todo ele – uma vez que não há pacificação sobre o que é texto constitucional expresso e que nem poderia ser alvo de interpretação que não fosse literal. Basta ler o art. 102 da CRFB.

Eu sei que sempre invocarão a competência para alterar regimentos. Entretanto, o que os ministros sabem, como eu também sei, como qualquer indivíduo de poucas letras é capaz de saber, a Constituição não possui um chapéu com abas que a cubra. Ou ela está acima de tudo ou isto se chama ditadura.

Não há mais segurança jurídica no país. Há uma régua descalibrada que tem medidas em pontos de ódio, com fracionamentos de vingança, uns traços de politicagem e muito, mas muito abuso de poder.

Mas vi alguns pontos delucidezquandoo assuntofoi acompetência. Ouo tribunal só é competenteparajulgar quem tenha foro privilegiado, e nesse caso a competência é do Pleno do tribunal, ou não tem competência para julgar e nesse caso, induvidosamente, a competência é do juízo singular como ocorreu no caso do atual presidente posto na cadeira por eles, como já afirmou o decano.

Vi, também, que há um tumulto cometido em torno de penas aplicadas que tratam réus em outros processos como se fossem matéria prima colocada em forno que se transforma em um produto: um batom, por exemplo.

Mas quando achei que já tinha visto de tudo eis que o relator do processo resolveu exibir recortes de vídeos contendocenas escolhidas adedo.Mas opioraindaviria.Saberqueaquelesvídeosnãoforam disponibilizados nos processos, como todo um vasto material, conforme foi afirmado por advogados de memoráveis sustentações.

Quase não acreditei no que vi e (confesso) lembrei de uma demanda em que isso ocorreu e prontamente fiz a questão de ordem e o julgamento foi suspendo. Só faltou isso aos advogados.

Não me tenham por rabugento, mas eu insisto em dizer que não me conformo que autores de livros de Direito Constitucional traiam suas obras. Desqualifica a obra e o homem e, também por isso, desaconselharei com vigor, desestimulando o uso, de livros assim em Direito Constitucional. São impróprios. Na ciência exige-se coerência.

Pois bem, senti saudades das aulas do Mestre Pedro Leonel Pinto de Carvalho na graduação e do Mestre José de Moura Rocha no mestrado em Recife. Sábios, estudiosos e devotados ao que ensinavam: O QUE NÃO ESTÁ NOS AUTOS NÃO ESTÁ NO MUNDO.

Acho que já vi esse filme antes na história e não gostei do final, mas não darei spoiler, para não frustrar ninguém. O que posso dizer é que em processo em que os acusados não têm acesso pleno a documentos e meios magnéticos para se defenderem parece estarmos em uma sessão de um filme, nesse caso o terror é claro, tão bem retratado pelo julgamento do capitão Alfred Dreyfus.

Não há processo, mas um punhadodedocumentos quemais parece aquele entulhoautoritárioque os reticentes insistem em rememorar.

De uma vez por todas é preciso admitir. A ditadura dos fuzis acabou. As das canetas apenas começou.

E pelo visto, não precisa estar no processo.

O PARQUE DA LIBERDADE

abril 5, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião, Poesia

Ano 13 – vol. 04 – n. 29/2025 https://doi.org/10.5281/zenodo.15155719

Lembro da infância na Rua das Hortas, quando nossa casa do Apeadouro era reconstruída. Amanheci com essa saudade, mas o que deveria ser só nostalgia ganhou um ar de tristeza, incredulidade e, confesso, uma profunda dose de indignação, sem, contudo, perder a esperança.

Lembro que vovô Pavão se esmerava em construir papagaios para os netos, enquanto vovó Georgiana preparava as guloseimas do que era possível comer. Lembrei da carroça do seu Braz que vendia gelo e nos

distribuiaas lascas do cortedas barras, separadoda serragem. Lembrei dos pregoeirosdefrutas, doces epeixes ou frangos, do vendedores de jornais.

Quando na lembrança parecia visível o mais belo momento ainda tinha por vir: a FEdic (ou seria FIDIC?) uma espécie de feira de exposição onde nos divertíamos entre brinquedos que pareciam do outro mundo.

A feira era armada na praça Deodoro e naquele universo tão diverso, homens, com seus trajes de linho, mulheres e suas longas saias plissadas ou vestidos estampados, davam um certo ar de elegância ao ambiente noturno, enquanto nós, em calças curtas, sapatos (ainda não existiam os tênis) meias e camisas de botões, sempre irrequietos, nos lambuzávamos todos entre a pipoca, o algodão doce e o sorvete de côco, acondicionado naquelas imensas e pesadas caixas de madeira.

Tivemos infância simples, hoje poderia ser classificada de pobre, mas não miserável, como grande parte vive (?!) nesses dias famélicos.

Hoje a sofisticação do tênis, a calça jeans, a camisa polo, os bonés, as mochilas, os óculos (com armações variadas em formatos e cores – acho que nasci com eles), o celular (quase um órgão do corpo humano) nas mãos, tudo isto, traduz um cenário cotidiano contemporâneo, como se eu tivesse vivido na Idade Média. E eu, imerso nessas memórias, sou despertado subitamente:

Acorda, homem! Já não és mais criança! És um senhor a recortar memórias como quem colava figurinhas em álbuns de filmes ou de campeonatos de futebol. Quando pensavas que era ontem o amanhã havia chegado.

Só então compreendi por que não se consegue conjugar o verbo SER na primeira pessoa do singular, no presente do indicativo; quando se termina a oração já é pretérito!

O tempo me despertou com o espanto de quem está incrédulo. Não pela rotação da terra ou pela escuridão da noite e o clarear do dia. O tempo me despertou para que me arreliasse uma vez mais e indignado perguntasse a mim mesmo, com rispidez e desencanto:

– Onde estão os pipoqueiros, os vendedores de picolé e os vendedores de algodão doce? Sumiram?

Foi então que o celular soou, revelando no toque a resposta, pondo-me na boca o gosto amargo na saliva, o mesmo que sentia quando tomava os purgantes na infância.

Homens assim haviam sido condenados por homens que usam capas, como refinada indumentária, com vistosos relógios de pulso, óculos de grife e canetas importadas, com a indiferença de quem tem a convicção de que o mundo gira em torno do próprio umbigo.

Atônito, indignado e, inevitavelmente, com a pressão arterial alterada, compreendi que o tempo passou, a idade chegou, mas o que me parece não ter mudado em nada é a crueldade humana. Essa se estampa em faces, flutuantes entre perfis pérfidos, cruéis e psicopatas, como se a insensibilidade permitisse a indiferença com a aflição.

Por mais que se busque imaginar, na construção delirante de que circunstâncias, fatos e versões possam construir uma fábula – não mais do que isto – é inconcebível que haja espaço para concluir que morador de rua e vendedores ambulantes possam, organicamente, pretender assaltar o poder.

A eles são próprios todos os espaços onde buscam a mercancia para garantir a refeição, eventualmente, o mínimo básico dos seus familiares. Lutam para sobreviver, ter dignidade na vida, a mesma que não lhes deu a oportunidade justa para desfrutar do que usufruem os que hoje os condenam.

Há, para essa gente simples, uma espécie de dupla condenação: a da vida carente, pela ausência de oportunidades, e a da imputação penal feita pelos homens de quem não podem se sentir semelhantes, apenas porque estavam no lugar certo em momento impróprio.

É repugnante! É injusto! É cruel!

Como compreender que um processo judicial que não se encontra em sede própria – por mais que os autoritários bradem em contrário – consiga produzir tamanho terror?

A condenação desmedida de vendedores ambulantes, moradores de rua etc., põe na berlinda aquele parque do meu passado, quando impõe segregações e restrições que só aumentam o abismo entre os homens.

Acabou o parque. Acabou a infância, felizmente eu consegui guardar as lembranças que os filhos desses homens simples não conseguirão guardar, porque seus pais estão condenados a mofar em prisões, por condenações desmedidas, ou submetidos a restrições que em essência são adaptações (não romanceadas) da obra de Alexandre Dumas – O Conde de Monte Cristo.

Espero que o sol volte a brilhar para essas criaturas com a intensidade mais radiante que jamais viram, porque a liberdade haverá de chegar com a solução mais pacífica da anistia. E quando chegar, todos brincarão sorridentes, no parque da liberdade.

Anistia Já!

ENCOBRIMENTO DO BRASIL

abril 22, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Jurídico, Opinião, Política

Ano 13 – vol. 04 – n. 32/2025

https://doi.org/10.5281/zenodo.15261467

Em 22 de abril o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral. E nós, no Colégio Batista “Daniel de la Touche”, tínhamos a brincadeira na ponta da língua:

• No dia 22 de abral, Pedro Álvares Cabril descobriu o Brasal!

E logo aparecia um para dizer:

• Mentira! Foi José Bonifício, com grande Sacrifácio.

O trocadilho era uma brincadeira inocente de que não nos cansávamos, porque o imaginário fértil traduzia uma época em que o conhecimento envelhecia, sem a pressa que hoje nos arrebata a coleira que nos amarra: o celular.

Mas o descobrimento passou a ser posto em dúvidas. Os ressignificadores da história passaram a “descobrir” que o Brasil não foi descoberto, porque nas costas desse imenso território já navegavam e exploravam os corsários, piratas etc. Sem falar no discurso dos “povos originários”. Por isso, seu Cabral não teria descoberto nada.

É fato que descobrir e achar podem ter dimensões diferenciadas, dependendo de como se observar o objeto. Posso achar algo que nunca foi descoberto como descobrir o que nunca foi achado. Mas Brasil não existia, embora as terras sim, expostas a que alguém as encontrassem.

A história das descobertas na América e, a rigor, sobre todo o mundo, está repleta de simbologias que sempre acompanharam os aventureiros e desbravadores. Tudo com as particularidades de cada povo conquistador.

Fincar cruzes, estandartes, bandeiras e brasões, marchas e procissões, recolhimento de torrões do solo, medição de estrelas e a produção de mapas tudo eram formas de registro para as conquistas[1] .

O que se registra é que o acontecimento entrou para história como sendo o descobrimento do Brasil e sobre ele importa contrapor o que se pode chamar de encobrimento do Brasil. Sim, encobrimento.

Falo de mais um dos acontecimentos que levaram uma revista internacional – The Economist – a produzir inúmeras notícias sobre a postura disruptiva que tem adotado o Supremo Tribunal Federal em face de processos que entrarão para história como distopias judiciais.

Poupo-me de detalhar o que de exótico tem ocorrido porque já enfrentei o tema em diversos artigos publicados aqui. Contudo, o que a mim nesse episódio se revelou, fora de qualquer propósito e mesmo de bom senso, foi o presidente do tribunal emitir uma nota a um órgão de imprensa. Por ela, ele negou o que disse que não disse, embora toda a internet, inclusive por órgãos de imprensa de grande circulação – já não falo de credibilidade –também disseram que o que ele disse não ter dito foi, sim, dito. Um imbróglio e tanto!

Já considerei desnecessária uma nota porque a notícia veiculada é fato sabido, portanto, a melhor coisa a ter sido feita seria ignorar a notícia, já que nota oficial não foi feita para qualquer coisa.

Mas a nota foi além, a despeito de considerar que tudo anda bem no Brasil. Deixo ao leitor o julgamento.

O Brasil, que institucionalmente vem remando contra a maré da história das conquistas das liberdades, inclusive com a cumplicidade da imprensa tradicional, finalmente vê a confissão (inconsciente) da razão de querer tanto censurar as redes socais com a frágil alegação de regulação da internet.

Na realidade já existe o Marco Civil da Internet – lei n. 12.965/2014 -, sem que haja realmente necessidade séria e fiel aos princípios que devem nortear uma democracia.

Percebem a importância da liberdade de informação na internet? Como confrontaríamos fato e versão nesse episódio? Jamais, ou, quando muito, seríamos impedidos de veicular, comentar ou difundir de qualquer modo qualquer consideração sobre o assunto.

O que é mais grave nesse episódio é que só empurra ainda mais ladeira abaixo a já fraturada confiança do povo no seu tribunal de cúpula, expondo-o, ademais, no plano internacional.

No caso há um desmentido de si próprio do que consta, para quem quiser ver, em toda rede de internet, sem que possa ser negado, o que nos leva a imaginar se foi produzida uma auto-fakenews por quem acusa delas aqueles que contrariarem o discurso que não se alinhe com o que desejam os ministros.

O Brasil foi exposto a uma situação – mais uma – vexatória e nada mais indigesto do que comemorar sua data de descobrimento com o encobrimento de sua história contemporânea inundada por irrazoabilidades, falta de bom senso e excesso de exposição de quem deveria guardar discrição e recato.

Bons tempos aquelesemque,estudantes doColégioBatista,tínhamosapiadaprontaeditaquandooscoturnos eram os calçados da opressão. Hoje também a temos, mas, atualmente, quando a vigorosa democracia das canetas impulsiona a civilização, é prudente silenciar, mas não encobrir o que descoberto foi.

[1] SANTANA, José Cláudio Pavão – O pré-constitucionalismo na América. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2010.

INSANIDADE AVERMELHADA

abril 29, 2025 por A PENA DO PAVÃO, publicado em Crônicas, Opinião, Poesia

Ano 13 – vol. 04 – n. 34/2025

https://doi.org/10.5281/zenodo.15303435

Não sou especialista em futebol, muito embora torça para a maior força do futebol brasileiro: Clube de Regatas Flamengo. Ok, discorde, mas confesse: você já foi vítima dessa gente bronzeada que mostra o seu valor – brincam com a bola.

E por que o valor hoje é pesado em barras de mediocridade e corrupção é bem apropriado falar sobre a nova especulação (alguns afirmam ser certo e definido) que é a camisa número 2 da seleção brasileira, uma espécie de time de várzea que aparece vez por outra composta por jogadores que na maioria aqui não jogam.

Eu sei que a seleção é apenas um time de futebol que traz as cores do país. A nossa, no caso, já foi uma instituição que juntava famílias com a tradução de unidade e fidelidade à bandeira e ao hino nacionais. Foram épocas em que abundavam talentos e, aparentemente, não se misturava futebol e judiciário como hoje, em que em tudo ele se mete e, quase sempre, para descompensar a balança.

O mundo girou e aí apareceram umas pessoas que passaram a se vestir com a camisa da seleção brasileira indo às ruas como uma espécie de legião religiosa liderada por um político identificado como do baixo clero e deu no que deu.

Mas como a balança sempre pesa com a “mão do carcamano” por aqui, eis que passaram a se apropriar da camisa verde e amarelo e então os próprios insatisfeitos passaram a identificar aquela legião como “apropriadora indébita” da camisa da seleção. Uns optaram pelo uso da camisa azul, como no manto de Nossa Senhora; outros fizeram opção pelo branco, como se evitar o verde e amarelo os diferenciasse dos demais. Se o assunto fosse a camisa do Flamengo não haveria problemas. Nós a chamamos de manto sagrado e tudo bem. Mas uma coisa é falar do Flamengo, outra, que a ele hoje não se compara, é a seleção brasileira. Ontem, como nada neste país é o próprio fundo do poço, circulou pela internet uma versão de camisa da seleção em vermelho, como se pretendesse “dar o troco” ao uso do verde e amarelo, sem qualquer obediência às próprias regras que circundam essa instituição que já foi alvo de investigação e que parece ser um braço da corrupção no Brasil: a CBF. Basta ver a última eleição da entidade.

Ontem assisti algumas entrevistas e li opiniões sobre essa nova insanidade que, pelo visto, a se confirmar, será um tiro no pé. Vestir a seleção brasileira com uma camisa vermelha apenas aprofunda ainda mais a fragmentação que existe no Brasil de hoje. Querem apostar como venderão bem mais camisas amarelas?

Ressalvada a liberdade de ser idiota, e neste país abundam os que abusam desse direito, a tentativa de agradar uma quadrilha (bem mais do que bando) talvez traduza a confissão do nível de corrupção que se vive hoje. O vermelho é bem apropriado aos níveis de governo e seleção que possuímos atualmente, o que sinaliza já um novo 7 x1.

Não sei se Mr. Jordan sabe bem. Talvez o que imagine ser popular deixe uma certa mácula na sua marca, mas o certo é que a camisa vermelha além de não identificar o Brasil por suas cores nacionais, não é compatível nem mesmo com a identidade visual prevista nos estatutos da CBF quanto à definição de seus símbolos.

Não duvido que, aseconfirmaressaestulticedaCBFem anodecopadomundo coincidindo com ano eleitoral, haja a ilusão de que muitos camisas vermelhas substituirão as camisas verde e amarelo, assim como na Europa existiu durante um certo tempo gente usando camisas pardas e camisas pretas. Preparem-se, forças armadas. A insanidade não tem limites.

CERES COSTA FERNANDES

é uma ensaísta, cronista, contista e professora universitária brasileira, nascida em Salvador, Bahia, em 28 de dezembro de 1942. Ela se mudou para o Maranhão com sua família em 1944 e é irmã do escritor Ronaldo Costa Fernandes.

Ceres é licenciada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e mestre em Letras pela PontifíciaUniversidade CatólicadoRio de Janeiro(PUC-RJ).Ela foiprofessorado Curso deLetras daUFMA de 1975 a 1996, onde ministrou disciplinas como Inglês, História da Literatura, Teoria da Literatura e Literatura Portuguesa. Em 2020, recebeu o título de Professora Emérita da UFMA.

Ceres Fernandes receberá na quinta, a formalização de sua Cidadania Maranhense

A formalização da cidadania maranhense, ideia do Deputado Wellington do Curso e aprovada unanimente pelo plenário da Casa, reúne calorosamente a dimensão de fato e de direito, e acaba servindo uma grande festa cultural, por ser uma autora festejada pela sociedade maranhense.

Ceres Costa Fernandes : "Com muito orgulho, vou dizer que sou maranhense".

Wellington do Curso ( Novo ) o autor da iniciativa

Em sessão solene, nesta quarta-feira (10), no Plenário Nagib Haickel, a Assembleia Legislativa do Maranhão concedeu o título de ‘Cidadã Maranhense’ à professora, escritora e membro da Academia Maranhense de Letras (AML) Ceres Costa Fernandes. O deputado Wellington do Curso (Novo) é o autor da proposição.

O ato foi comandado, alternadamente, pelos deputados Wellington do Curso (Novo) e Eric Costa (PSD), e contou com a presença de convidados, familiares e amigos.

Prestigiaram o evento, dentre outras autoridades, o desembargador Lourival Serejo, representando o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ/MA); a secretária extraordinária de Estado de Políticas para as Comunidades, Helena Duailibe; o procurador do Estado Daniel Blume; o ex-deputado Max Barros; o presidente da Academia Ludovicense de Letras, Salatiel Pereira; o presidente da Academia de Medicina, José Márcio Soares Leite; a presidente da Academia de Artes e Letras de São Bento, Maria das Graças Costa e Costa; a promotora de justiça Cristiane Lago e a representante da Academia Maranhense de Letras (AML), Sônia Almeida.

Em sua fala de saudação à homenageada, o deputado Wellington do Curso destacou a trajetória de vida de Ceres Costa Fernandes e os serviços prestados ao desenvolvimento do Maranhão.

“Homenageamos uma mulher guerreira, lutadora, batalhadora, professora e escritora. Nesta manhã, a Assembleia Legislativa do Maranhão faz um justo reconhecimento. De forma unânime e com muito orgulho, outorga o título de Cidadã Maranhense à Ceres Costa Fernandes. Uma justa homenagem a uma mulher educadora e escritora que tem prestado muitos serviços ao Maranhão”, afirmou.

Daniel Blume parabenizou a Assembleia pela iniciativa e disse que o Maranhão preenche uma lacuna na história da literatura maranhense com a outorga do título de ‘Cidadão Maranhense’ à professora Ceres da Costa Fernandes.

“Ela só nasceu na Bahia. Desde os três anos de idade mora do Maranhão. Tem muitos serviços prestados ao povo maranhense. Agora, Ceres CostaFernandes é cidadãmaranhense eissomuito nos honraealegra”,frisou.

Agradecimento

CeresCostaFernandesagradeceuahonrariafazendoumanarrativadetodasuatrajetóriadevidanoMaranhão, desde sua passagem inicial pelo município de Icatu, até chegar em São Luís, com seis anos de idade.

“Minha maranhensidade foi alimentada pelas minhas andanças a trabalho por mais de 60 municípios do Maranhão ao longo desse tempo. Até parentes meus não sabiam que eu nasci em Salvador. Agora, com muito orgulho, vou dizer que sou maranhense. A partir de hoje, não gaguejarei mais em responder que sou maranhense. E agradeço de coração à Assembleia Legislativa por tão honroso título”, enfatizou.

Um pouco sobre a Biografia

Ceres Costa Fernandes é natural de Salvador (BA). É Licenciada em Letras – Inglês e Português, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Mestra em Letras pela Pontifícia Universidade Católica (PUCRJ). Possui curso de especialização em Metodologia do Ensino Superior, Semiologia Aplicada à Literatura e Ensino à Distância.

Foi professora da TV Educativa do Maranhão. É professora aposentada do Curso de Letras da UFMA. É cronista, contista e ensaista. Ocupa a cadeira 39 da Academia Maranhense de Letras (AML), que tem por patrono Gomes de Castro.

Ocupou vários cargos públicos como o de pró-reitora de Graduação e assessora de Relações Internacionais da UFMA, gestora de Programas Especiais do Governo do Estado e diretora do Centro de Criatividade Odylo Costa, filho.

Já foi agraciada, dentre outras premiações, com a medalha do Mérito Timbira e a medalha Laura Rosa (concedida às mulheres educadoras que se destacam em outros ramos do saber); do Governo do Estado Maranhão; Medalha Odorico Mendes, da Academia Maranhense de Letras.

Download do arquivo

https://sistema.ciclipping.com.br/arquivos/RTV/2025/4/1888835.1.20250410_1906.mp4

Reportagem de Joellson Braga fala sobre a sessão solene que concedeu o título de cidadã maranhense à professora Ceres Fernandes, por iniciativa do deputado Wellington do Curso. É entrevistado o advogado Daniel Blume.

Emissora: TV ASSEMBLEIA - SLZ

Programa: ASSEMBLEIA EM FOCO 2°EDIÇÃO

Apresentador(a): Ely Coelho

Exibição: Local

Impacto: neutro

Data: 10/04/2025

Hora: 18:04:58

Duração: 00:03:18

Tópico: ADVOGADOS

Código: 1888835

Praça: SÃO LUÍS

AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

é uma figura distinta no campo da medicina e academia. Ele é professor aposentado do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Nascido em Pinheiro, Maranhão, ele fez contribuições significativas para a educação médica e pesquisa, especialmente nas áreas de parasitologia e doenças tropicais.

Ao longo de sua carreira, Aymoré Alvim ocupou várias posições importantes, incluindo Chefe do Departamento de Patologia, Pró-Reitor de Graduação e Chefe de Gabinete do Reitor na UFMA. Ele também foi reconhecido com várias honrarias, como o Diploma de Honra ao Mérito Médico Nacional pela Federação Brasileira de Academias de Medicina em 2006.

Além de suas realizações acadêmicas, ele é autor de várias obras, incluindo "Pinheiro em Foco," "Contos e Crônicas de um Pinheirense," e "400 Anos de Medicina no Maranhão".

O MOVIMENTO CULTURAL DE 1920.

Aymoré Alvim, APLAC, ALL, AMM.

Até o fim da segunda década do século XX, Pinheiro era um lugar pacato, a não ser pelas animosidades políticas, no período eleitoral, entre Conservadores e Liberais que, de alguma forma, como relata Viveiros, J., intranqüilizavam o sossego dos pinheirenses, quebrando a monotonia que dominava o cotidiano da vila.

As oportunidades que muitas famílias tinham para alguns momentos de congraçamento eram poucas e periódicas como o carnaval, a festa do Divino, as festas juninas, do padroeiro Santo Inácio e de Natal com as pastorais, no salão “Recreio da Maria”, na residência do casal dona Santa e José Cruz Lima.

Ao iniciar a década de 1920, Pinheiro experimentou uma grande mudança. Um conjunto de atividades e realizações começaram a ocorrer, desencadeando o início de um movimento que iria se estender até nossos dias, o “Movimento Cultural de 1920” ou “ Movimento Cultural Pinheirense” que foi a base do desenvolvimento cultural, intelectual e artístico de Pinheiro e que o tem distinguido, até hoje, como o centro cultural da Região onde está inserido

Tudo começou com a reativação da Comarca e o retorno do Juiz Elizabetho Barbosa de Carvalho como seu titular. Coincidência ou não, ocorreu a elevação da Vila à categoria de cidade pela Lei nº 911 de 30 de março de 1920.

Vários nomes locais e procedentes de outros lugares, inclusive de São Luís, ao lado do Dr. Elizabetho, destacaram-se, nesse processo, como Clodoaldo Cardoso, Carlos Humberto Reis, João Hermógenes de Matos, Othon Franco de Sá, Basiliano Barroca, José Paulo Alvim, Antônio Pedro de Sousa, Alberto Serejo, Albino Paiva, Josias Abreu, Raimundo Silva, Domingos de Castro Perdigão, Alcides Reis, George Gromwell e as Senhoras Fausta Carvalho, Alice Soares, Dona Santa Cruz Lima, Raimunda Nogueira que, dentre outras, tiveram participação ativa, na arrancada do Movimento.

Omarco inicial foia fundação, em julhode1920, daLoja MaçônicaRenascimentodePinheiro, nome bastante sugestivo considerando o objetivo a que se propunha, que era reunir pinheirenses, em laços fraternais, de forma a reduzir ou mesmo acabar com as querelas políticas alimentadas por alguns.

No ano seguinte, Dr. Elizabetho, Clodoaldo Cardoso e Josias Abreu, com a ajuda financeira da família pinheirense, fundaram, em 25 de dezembro, o Jornal Cidade de Pinheiro, atualmente, o mais antigo em circulação, no Estado.

Oferecendo espaço para a produção intelectual e movimentos culturais, o jornal foi e tem sido um instrumento de grande valor para a promoção de Pinheiro e dos municípios circunvizinhos. Nessa mesma linha, José Alvim, em 1925, fundou “A Vanguarda,” o segundo semanário a se integrar ao Movimento deflagrado, ampliando, assim, o espaço da imprensa local e regional. A direção foi confiada ao jornalista George Gromwell.

Com um grupo de amigos, Dr. Elizabetho instalou, em 1923, a Biblioteca Popular e o Salão de Leitura que grandes oportunidades deram à juventude e ao povo.

Outra atividade, constante da política de ação do Movimento, foi a educacional. Em junho de 1921, o Dr. Elizabetho e outros companheiros fundaram, através do Guarany Sport Club, uma Escola Noturna e gratuita com 70 alunos de ambos os sexos. No ano seguinte, em 1º de julho de 1922, foi instalado o Instituto Pinheirense com os cursos de primeiras letras, primário e secundário também para ambos os sexos sob a sua direção. Outros estabelecimentos de ensino foram criados, ao longo da década, dos quais destacamos, a Escola Normal, em 1926 e o Grupo Escolar Odorico Mendes, em 1927. Ainda, nessa década, o grupo, tendo à frente a Maçonaria, fundou, em maio de 1925, a Escola Antônio Souza para crianças pobres

No campo das artes, foi fundado, em maio de 1921, o Teatro Guarany oferecendo um espaço para entretenimento dos pinheirenses e uma oportunidade para a juventude mostrar os seus pendores artísticos, promovendo as artes cênicas e como auxílio ao seu desenvolvimento cultural, social e intelectual. Devido sua vida efêmera, foi inaugurado, em 1926, o Teatro Santo Inácio e, em 1935, o Teatro São José. Para aproveitar as oportunidades, no campo da comunicação, foi fundado, em 1934, o Rádio Clube Pinheirense.

OMovimento, buscandoampliaroseuraio deaçãoeatingirosdiferentessegmentos dasociedadepinheirense, investiu no esporte. Assim,foram criados os times GuaranySportClub, Pinheirense Foot-ball Club, oAymoré Sport Club e outros que animavam as tardes de domingo dos amantes do esporte. Na década de1930, foram organizadas equipes de rapazes e moças, nas modalidades volley-ball e basquetebol.

O Movimento não se deteve aí. Tendo por sede provisória a residência do Capitão João Batista Soares, foi fundado, em fevereiro de1925, a Sociedade Cívico-teatral Recreativa Cassino de Pinheiro. Era mais um ambiente de lazer e entretenimento posto à disposição dos pinheirenses com vista à sua promoção cultural. Outros clubes sociais sugiram dando prosseguimento às atividades do Movimento cujas realizações alicerçaram a atual vida cultural de Pinheiro.

Evangelho deste 5º Domingo da Quaresma. João, Cap. VIII.

Aqui temos uma demonstração de amor, compaixão, perdão.

Um exemplo para todos nós. Não julguemos o nosso irmão

Antes de nos julgarmos primeiro.

A ADÚLTERA.

Aymoré Alvim, APLAC, AMM, ALL.

Por que choras, mulher,

O que fizeste?

Tu bem sabes, Senhor, Do meu pecado.

Das razões que me levaram

A este estado

De ser julgada como vês Por adultério.

Que crime contra vós Foi praticado, Bando de víboras,

Fariseus hipócritas?

Cumprimos de Moisés

A santa Lei.

Que manda apedrejá-la

Ate à morte.

Foi o vosso coração

Duro qual pedra.

Impregnado de impurezas e paixões.

Incapaz de sentir misericórdia

Por um tropeço, na vida do irmão.

Quem dentre vós a julgará primeiro

Se carregais iniquidade, em vossas mãos?

Como vês, mulher,

Ninguém te condenou.

Nem eu, tampouco, te condenarei.

Vá e sê feliz como mereces

E não esqueças:

Não peques outra vez.

Não te iludas com o fascínio deste mundo.

Que corrompe, degrada e aniquila.

Mantém teu coração fiel e puro

E viverás feliz por toda a vida.

é um cirurgião-dentista em São Luís, Maranhão. Ele se formou em odontologia pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 1979 e atua como clínico geral1. Dr. Roberto é conhecido por seu comprometimento em oferecer tratamentos individualizados e eficazes para seus pacientes. é também um escritor talentoso. Além de sua carreira como cirurgião-dentista, ele se dedica à poesia e à literatura. Ele publicou vários livros de poesia, incluindo:

• "Todos os Sonhos": Seu primeiro livro de poesias, que contém 201 poemas inspirados e de leitura prazerosa

• "Além da Esperança": Uma coleção de poesias publicada em 2016

• "Tuas Mãos": Outro livro de poesias lançado em 2026

• "Tempo de Amar": Poesias publicadas em 2016

• "Amor Sempre": Uma coleção de poesias e textos também publicada em 2016 Dr. Roberto é membro da Academia Mundial de Literatura e Cultura, ocupando a cadeira nº 91, e é membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni é um membro ativo da Academia Ludovicense de Letras. Ele foi empossado como imortal da academia durante uma cerimônia realizada no Palácio Cristo Rei. Sua atuação na academia inclui a participação em eventos literários, concursos e atividades culturais que promovem a literatura e a cultura local. Além disso, Dr. Roberto contribui com suas obras e experiências literárias, enriquecendo o acervo cultural da academia e incentivando novos escritores a desenvolverem suas habilidade

O Amanhã

O sol ainda não havia raiado, e São Luís, envolta em numa atmosfera de inverno, nuvens carregadas encobrindo o sol, respirava lentamente. Entre os primeiros acordes da vida cotidiana, poucas almas vagavam pelas ruas, cada uma carregando sua própria vida e expectativa sobre o que o amanhã poderia trazer. O amanhã, essa promessa acobertada, era motivo de esperança para alguns e de apreensão para outros. Num bar da esquina de uma de nossas ruas, Marta observava os rostos que entravam e saíam. Especialista em cafés Barista há anos, ela conhecia as histórias de cada um que passava por ali. Havia Artur, o sonhador que sempre falava em publicar seus livros de poesias e de abrir sua própria livraria; Luiza, a artista que se perguntava se o dia seguinte traria uma nova oportunidade; e seu próprio marido, Miguel, que na noite anterior havia mencionado um novo emprego que poderia mudar suas vidas. Para Marta, o amanhã sempre trazia consigo um ar de renovação. Ela se lembrava de seus sonhos adolescentes, quando acreditava que o mundo seria diferente ao acordar. O amanhã simbolizava a chance de reescrever sua história, de tomar decisões que a levariam para onde sempre desejou. Mas, à medida que os anos passaram, aprendeu que o amanhã também poderia carregar as incertezas e os medos que outrora ignorara. Enquanto preparava o café, Marta refletia sobre como o tempo é um maestro silencioso. Ele orquestra alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, tudo em uma dança frenética que nunca para. “O amanhã pode ser a adjacência do sonho”, pensava, “mas também do desafio”. O importante, para ela, era não deixar que as incertezas a paralisassem. Quando o movimento da manhã começou a crescer, ela decidiu compartilhar seus

sonhos com os clientes. “O amanhã,” disse, servindo um expresso fumegante para Artur, “é como um café. Às vezes, precisamos adicionar um pouco de açúcar para adoçar o amargo, e em outros momentos, um toque de creme para adicionar suavidade aos desafios.” Ele sorriu, pensando em sua livraria, e em como poderia, de fato, adoçar seu futuro.

O tempo passava, e em cada encontro, mais histórias se desenrolavam. Luiza falava de sua arte, mostrando pequenos esboços em um caderno, enquanto Miguel, grato pela nova oportunidade, prometia surpreender a todos. E a cada risada, cada compartilhamento de sonhos, o amanhã se tornava mais leve, mais palpável. No final do dia, enquanto a cidade se iluminava sob o céu crepuscular, Marta encerrou suas atividades com a certeza de que o amanhã não era um destino, mas uma jornada. Uma jornada que se constrói a cada dia, a cada escolha. E assim, enquanto o último cliente saía, ela já pensava nos aromas do café que manhãs futuras ainda trariam.

O amanhã é, afinal, o que decidimos fazer dele. Uma folha em branco, esperando para ser impressa com nossas esperanças, medos e sonhos. E, com essa reflexão, Marta estava pronta para o que quer que viesse.

INCERTEZAS DA VIDA

O que perturba e intimida o meu espírito forte não são as sombras da morte que, inevitavelmente, se colocam à frente de todos nós. Essas sombras, embora implacáveis, são uma certeza que sabemos que um dia encontrará nosso caminho. O que realmente agita o coração, o que faz a mente raciocinar em círculos, são as incertezas da vida.

Estamos imersos em um mar de possibilidades que, muitas vezes, mais parecem um turbilhão de dúvidas. Cada escolha feita num dia ensolarado pode transformar-se em uma tempestade no dia seguinte. Essa inconstância é o que realmente nos desafia. Ao longo da jornada, factos inesperados nos deparam em cruzamentos da vida – oportunidades que se tornam armadilhas e promessas que se dissipam como neblina. É curioso como a rotina, que tanto buscamos pela segurança que oferece, se transforma em uma gaiola. O dia a dia se desenrola em um ciclo que, embora previsível, nos transforma em marionetes da monotonia. O espírito forte anseia por liberdade, por experiências que viram a mesa das certezas e nos ensinam a dançar na incerteza.

E assim, nos deparamos com o paradoxo: buscamos segurança, mas a vida é feita de riscos. O amor, por exemplo, é uma entrega cega. Damos as mãos, mas não garantimos que não nos afastaremos um dia. As amizades que tanto prezamos podem se esvair com o tempo, e planos bem elaborados podem se desmanchar com um simples “não”.

É nessa fragilidade que reside a beleza da existência, e ainda que cause medo, é também o que a torna vibrante. Aprender a navegar nessas águas turvas se torna um exercício diário, o mesmo que nos ensina a celebrar cada pequeno triunfo e cada recomeço. Em vez de nos deixarmos abater pelas incertezas, talvez seja hora de abraçá-las e deixar que nos guiem.

Quem sabe a verdadeira força não esteja em enfrentar a morte, mas em dançar nas incertezas da vida com coragem e daring, transformando o medo em poesia e a insegurança em arte? Afinal, somos todos viajantes nesse grande e misterioso palco que é a vida, e o que perturba e intimida meu espírito forte se torna uma chance de florescer, mesmo na incerteza.

Os Cabelos Dourados do Meu Neto Lucas

Quando olho para o Lucas, minha alma se enche de uma alegria silenciosa que só os avós conhecem. Ele tem apenas três anos, sempre quando aqui em casa chega fala logo:” Cacá eu vou dormir aqui hoje”, Cacá é como ele me chama devido a minha calvície (CARECA) mas seu cabelo ah, aquele cabelo! brilha como raios de sol em um dia de primavera. Cabelos dourados, tão luminosos que parecem capturar a luz ao redor, e isso lhe confere um ar quase mágico eu costumo sempre dizer para ele que com aqueles cabelos louros cacheados,

“CACHINOS DOURADOS”, são mais parecidos com a cabeleira de um POETA, e assim ficou quando alguém se refere aos seus cabelos ele logo responde: “CABELO DE POETA”

Lembro-me da primeira vez que o vi depois do seu nascimento. Fui até o hospital onde ele se encontrava juntamente com a minha filha, olhei para berço e o peguei nos braços, lá estavam aqueles fios finos e reluzentes. "Você vai ser um pequeno príncipe", pensei comigo mesmo, admirando a beleza pura de seu ser que havia nascido e, conforme os anos passaram, os cabelos de Lucas se tornaram sua marca registrada. Todo final de semana, temos um ritual: vou buscar Lucas na casa de seus pais, e logo ele salta na minha direção, abraçando-me com toda a força que suas pequenas mãozinhas podem reunir. Um abraço que derrete corações. Depois, saímos para brincar no shopping, e é nesse momento que os cabelos dourados ganham vida própria. Enquanto corre e se empoleira nas estruturas de brinquedos, os fios dançam ao vento, reluzindo como se fossem fios de ouro.

A inocência de Lucas é refletida em seu olhar e nos sorrisos largos que ele distribui. Ele sabe que faz parte de uma família, onde todos apreciam o brilho dos cabelos louros, sua beleza e sua vivacidade vendo Lucas, sou transportado para aqueles dias antigos, onde as risadas e as travessuras eram abundantes.

Um dia, enquanto estávamos no parque, Lucas parou e me pediu: "Vovô Cacá, você pode me contar a história do cabelo dourado? Como ele brilha tanto?" Eu sorri e, naquele momento, percebi que aquele cabelo não era apenas uma característica física, mas sim um símbolo de alegria, caindo como um fio de luz em nossas vidas.

Naquele instante, contei a ele que os cabelos são como nossos sonhos: precisam de cuidado e amor para brilhar. E enquanto falava, percebi que o brilho dele é o que ilumina os meus dias. Os cabelos dourados de Lucas são a luz que me lembra da beleza da infância, da leveza de ser, e de como é precioso viver momentos assim, repletos de amor e magia.

E assim, à medida que as estações mudam e os anos passam, os cabelos de Lucas continuarão a brilhar, e eu estarei aqui, ao seu lado, guardando cada risada e cada aventura, sempre lembrando que o verdadeiro tesouro está na simplicidade dos momentos que compartilhamos.

Saudades

Saudades é uma palavra única e intrínseca à língua portuguesa, que expressa um sentimento profundo e nostálgico. É a mistura de amor, perda e esperança, que surge quando lembramos de momentos especiais, pessoas amadas ou lugares que um dia foram significativos em nossas vidas.

Saudades dos meus pais dos meus irmãos que já partiram, Tomaz o Tom Braga primo de Fernando Braga outro querido que tenho saudades, irmão por parte de mãe foi quem me deu maior apoio quando iniciei a escrever ficou muito alegre quando assumir a cadeira de número 40 da ALL saudades do meu outro irmão Franklin que na época da adolescência quando tinha 20 anos sempre saíamos juntos nos sábados após deixar nossas namoradas em casa, íamos sempre a um bar no bairro do filipinho e depois , depois nos perdíamos em lugares de meninas fantásticas.

Saudade, um sentimento que pode ser desencadeado por diversas situações, como relembrar um abraço apertado, o riso compartilhado com amigos, um amor do.passado ou até mesmo uma tarde ensolarada em um lugar que traz boas memórias. As saudades transmitem uma sutil dor, mas ao mesmo tempo, aquecem o coração ao reavivar recordações de felicidade.

A saudade nos ensina sobre a importância das relações e das experiências que vivemos. É um convite para valorizar o presente, enquanto nos permite refletir sobre o que já passou. Cultivar as lembranças é, de certa forma, manter viva a essência daquelas que amamos e das vivências que nos transformaram.

E assim, mesmo na ausência, as saudades fazem com que possamos sentir a presença do que foi significativo em nossas vidas, fortalecendo nossos laços e nos lembrando da beleza das conexões humanas.

Nosso Jaguarema

O Clube Jaguarema foi, sem dúvida, um lugar mágico onde sonhos se tornaram realidade. Repleto de alegria, amizade e encontros inesquecíveis, o clube abrigou momentos que ficarão para sempre gravados em nossas memórias. Cada canto remetia a risadas compartilhadas, conversas animadas e a sensação de que pertencimento a uma comunidade.

Lembramos das tardes ensolaradas dos sabados e domingos, das festas emocionantes de Carnaval, dos encontros que aqueceram nossos corações. O Clube Jaguarema era mais do que um simples espaço recreativo; era um lar de vivências que nos uniam e nos faziam sonhar juntos. Os laços de amizade formados ali eram profundos, e as histórias contadas tornaram-se parte de nossas vidas.

Hoje, ao refletirmos sobre o que restou, são apenas lembranças e um lugar destruifo e as pedras que testemunharam minha entrada , que nos aquecem a alma. Embora o clube não exista mais , os momentos vividos e os laços criados permanecerão para sempre em nossas recordações. O Clube Jaguarema pode ter fechado suas portas, mas o espírito de amizade e alegria que ele trouxe continua vivo em nossos corações.

Olhar de Criança

Lucas no brilho dos teus olhos mora o encanto do mundo inteiro Ali, cabem sonhos sem medida e esperanças de um tempo verdadeiro

Teu olhar desvenda o invisível que enxerga além do que se vê Com ele, o simples vira mágico, e a tristeza tem medo de aparecer

Olhar de criança é janela aberta pra um coração que só sabe amar É luz que acalma qualquer tormenta é riso que insiste em brotar

Nesse olhar mora a inocência a pureza em seu mais lindo tom É promessa de um novo amanhã é ternura em forma de dom.

A Tua Loucura Me Apaixona

A tua loucura me fascina. Há uma beleza única na forma como vives intensamente, como se cada momento fosse uma nova aventura a ser vivida. Teu sorrisos inesperado, as risadas que brotam em meio ao caos cotidiano e a maneira destemida com que enfrentas o mundo me cativam de uma maneira inigualável. A cada manhã, seu sorriso ilumina meu dia e, à medida que as horas passam, sua loucura me envolve, transformandome em sua presa fácil.

Teus pensamentos são um turbilhão de cores vibrantes. Cada ideia que surge de ti é como uma explosão de vida, repleta de possibilidades. É essa autenticidade, essa entrega total às emoções que sentes e à forma tão particular que tens de te expressar que me encanta. Teu jeito de ser me fascina, me levando a um estado de total euforia. A vida ao teu lado é um mistério constante, uma dança de emoções que me captura e me instiga a descobrir cada faceta dessa loucura que chamas de vida, proporcionando-me um orgasmo sentimental numa completa dança de prazer.

A tua loucura é um convite para me libertar das amarras do cotidiano, para viver de maneira ousada e apaixonada. Mesmo que o mundo, muitas vezes, não compreenda essa essência tão singular, eu vejo a beleza no que é diferente, no que é genuíno. É nessa complexidade que encontro um amor que transcende e transforma. A cada dia que passa, me apaixono mais por ti e pela singularidade que te define. É essa loucura vibrante que me faz acreditar que a vida é muito mais do que uma mera sequência de dias; é um quadro repleto de emoções, nuances e pinceladas inesperadas. Com você, aprendi a abraçar a incerteza e a celebrar o inesperado. A tua loucura é, na verdade, uma forma de saborear a vida em sua plenitude, e eu sou grato por ter a chance de compartilhar essa jornada ao seu lado

UM TEMPO DE RENOVAÇÃO E ESPERANÇA

A Páscoa é uma celebração que vai além das tradições e dos símbolos, como os ovos de chocolate e os coelhos. É um período de reflexão, renovação e esperança. Comemorada por milhões de pessoas ao redor do mundo, essa data marca a ressurreição de Jesus Cristo, simbolizando a vitória da vida sobre a morte e a promessa de um novo começo.

Durante a Semana Santa, que antecede a Páscoa, muitas pessoas se dedicam a práticas de devoção, como a oração e a reflexão sobre seus valores e ações. É um momento propício para se reconectar com a fé, com a família e com os amigos. A celebração da Páscoa é uma oportunidade para renovar os laços afetivos e fortalecer os vínculos familiares, reunindo as pessoas em torno de uma mesa farta e de momentos de alegria.

Os ingredientes tradicionais, como o chocolate, também têm seu significado. O ovo de Páscoa, por exemplo, é um símbolo de renascimento e fertilidade. Assim como a natureza se renova na primavera, a Páscoa convida a todos a refletir sobre a possibilidade de renovação em suas próprias vidas. É um convite para deixar para trás o que não nos serve mais e acolher novos começos com fé e amor.

Neste espírito de renovação, que possamos nos lembrar da importância da solidariedade e do amor ao próximo. A Páscoa nos ensina a compartilhar, a perdoar e a valorizar cada momento da vida. Que essa data especial traga paz, alegria e muitos momentos felizes para você e sua família.

Feliz Páscoa!

DILERCY ADLER

LOUVAÇÃO À MARIA FIRMINA DOS REIS, PATRONA DA ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS E PRIMEIRA ROMANCISTA DO BRASIL

31 de março de 2025

EU TE LOUVO SENHORA

À Maria Firmina dos Reis

Eu te louvo senhora pela agonia sentida que te tirou o prazer do gozo do corpo impondo agonia profunda doída mas que te fez renascer em palavras e versos de puro querer!

Eu te louvo senhora pelos crus dissabores nesta vida sofridos …

Eu te louvo senhora por tua teimosia por tua leveza de corpo e de alma... por suave alegria parcamente sentida apesar da tirania da dor revelada em toda tua vida…

Eu te louvo senhora pelo amor do qual abdicaste -quimera humana!de uma vida a outra vida ... para entregar-te a outro amor também profundo aquele amor aos desvalidos abandonados pela sorte jogados aos destinos inumanos neste mundo!…

Eu te louvo senhora pelo teu imensurável amor à humanidade por tua luta incansável pela igualdade

por tua excepcional dedicação materna aos filhos abandonados nesta terra pela vida pela história

pela verdadeira e única humanidade! renasce agora - nesta hora o gozo do corpo e da alma neste louvor que hoje a ti dedico e não há gozo maior que este gozo devolvido em palavras e versos desejos...fantasias... eternos perenes romanescamente femininos! Eu te louvo senhora agora nesta hora hoje e para sempre te louvarei também amém!

(Antologia Cento e Noventa Poemas para Maria Firmina / Dilercy Aragão Adler, Leopoldo Gil Dulcio VazOrganizadores. – São Luís: ALL, 2015).

Com esse meu louvor a Maria Firmina, almejo expressar os meus cumprimentos à Mesa, a todas as autoridades aqui presentes, a todos os confrades da Academia Ludovicense de Letras, aos pesquisadores e admiradores de Maria Firmina dos Reis e, enfim, a todos que estão neste auditório para esta louvação à Mulher maranhense. E, muito especialmente, faço uma saudação a todas as mulheres!

Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís, Maranhão no dia 11 de março de 1822. Ela participava ativamente da vida intelectual maranhense, publicando livros, participando de Antologias e sendo colaboradora de revistas e jornais, no momento do seu despontar de escritora na sociedade. Como exemplo, podemos citar o comentário sobre o romance Úrsula no jornal Jardim dos Maranhenses (30 de setembro de 1861, n° 24 - ano 1):

Existe em nosso poder, com destino a ser publicado no nosso jornal um belíssimo interessante ROMANCE, primoroso trabalho da nossa distinta comprovinciana, a Exma. Sra. D. Maria Firmina dos Reis, professora pública da Vila de Guimarães, cuja publicidade tencionamos dar princípio do número 25 em diante.[...] Garantimos ao público a beleza da obra...

Quanto ao livro de poemas Cantos à-beira-mar, a Imprensa, no Folhetim 7 de 19 de outubro de 1861, publicou:

Os versos de Maria Firmina dos Reis indicam uma imaginação cheia de vivacidade da parte da autora; muita leitura e gosto, e do doce perfume dos sentimentos saídos do coração sem ensaio nem afetação.

De há muito que todos conhecem os talentos e a habilidade da autora de Úrsula, assim não causou estranheza as poesias que mandou para o Parnaso.

No entanto, foi posteriormente esquecida e excluída do Panteão dos grandes nomes da cultura local e brasileira por mais de um século, assim como outras representantes da expressão feminina que sofreram o cancelamento e a exclusão do cânone literário. No entanto, as condições, embora extremamente proibitivas, impediram menos do que se imagina a presença da mulher no âmbito literário, como comprovado hoje, com o desenvolvimento de diversos projetos de resgate das escritoras brasileiras do passado, principalmente a partir da segunda metade do século XX. Dentre essas escritoras, está Maria Firmina, que voltou ao cenário

literário, com suas obras reveladas e (re)descobertas por Nascimento Morais Filho (maranhense) e Horácio de Almeida (paraibano).

Maria Firmina é indubitavelmente grande intelectual de múltiplos talentos e o seu legado é deveras substancial e variado:

· Em 1847, Firmina foi aprovada em um concurso para a cadeira de primeiras letras para o sexo feminino na cidade de Guimarães.

· Em 1859, lançou Úrsula, um romance original brasileiro com o criptônimo “por uma maranhense”, pela tipografia do Progresso, localizada na Rua de Sant'Anna, 49.

· Em 1861, publicou GUPEVA, um romance de temática indianista que apresenta situações polêmicas nas relações entre os personagens europeus e a Nação Tupinambá.

· Em 1871, lançou CANTOS À BEIRA-MAR, uma obra de poesia.

· Em 1887, publicou A ESCRAVA, um conto antiescravista.

· Em 1861, teve participação na ANTOLOGIA POÉTICA PARNASO MARANHENSE, uma coleção de poesias editada por Flávio Reimar e Antonio Marques Rodrigues. Nascimento Morais Filho compilou publicações em 14 jornais literários, 8 composições musicais e 11 poemas avulsos.

O romance Úrsula, sua obra mais conhecida e estudada, completa este ano 166 anos. Está estruturado com um prólogo, 20 capítulos e o epílogo, e, em sua totalidade, traduz a coragem e ousadia da escritora. Embora inicie com um prólogo tímido, que traduz um sentimento de menos-valia, depreciação da obra, ao afirmar: "mesquinho e humilde livro é este que vos apresento, leitor. Sei que passará entre o indiferentismo glacial de uns e o riso mofador de outros..." e uma auto-depreciação: "Sei que pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados [...] o seu cabedal intelectual é quase nulo", ambivalentemente, demonstra firmeza e ousadia quando expressa: "e ainda assim o dou a lume."

A seguir, algumas passagens do romance que traduzem sua inteligência, força e beleza. No Capítulo 1, intitulado “Duas almas generosas”, Firmina se refere a um branco (Tancredo) e a um negro escravizado (Túlio). Dessa forma, ela expressa um teor de igualdade entre os dois personagens, numa sociedade escravocrata, marcada por preconceitos exacerbados, em uma época de naturalização da dominação, exploração e depreciação dos africanos, que eram arrancados de sua terra para serem tratados de forma degradante: desde o brutal sequestro de sua família e de sua terra, o traslado sofrido em porões fétidos, até o tratamento desumano, em que eram reduzidos a mercadoria, avaliados e vendidos no mercado, como instrumentos de trabalho ou até como animais.

Senhor Deus! quando calará no peito do homem a tua sublime máxima - ama a teu próximo como a ti mesmo - e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!... a aquele que também era livre no seu país ... aquele que é seu irmão?!

E o mísero sofria; porque era escravo, e a escravidão não lhe embrutecera a alma; porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantou no coração, permaneciam intactos, e puros com a sua alma. Era infeliz; mas era virtuoso; (REIS,1988, p.25).

Não há como refutar a grandiosidade da obra de Maria Firmina dos Reis. Ao publicar o romance Úrsula, ela materializou um ato extremo de coragem e ousadia, ao efetivá-lo vinte e nove (29) anos antes da assinatura da Lei Áurea, oficialmente Lei Imperial n.º 3.353, sancionada em 13 de maio de 1888. Essa lei se firma como o diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil (1859-1888).

Outro dado digno de realce é que, dos 95 anos que Maria Firmina viveu neste plano físico, 66 foram vividos sob o regime da escravidão. Sua mãe, Leonor Felippa dos Reis, foi escrava do Comendador Caetano José Teixeira, tendo sido posteriormente alforriada.

Maria Firmina dos Reis cumpriu uma função social não apenas divulgando suas criações, mas também contribuindo significativamente para as letras brasileiras. Na educação, foi pioneira ao criar a escola mista para meninos e meninas em Maçaricó, na cidade maranhense de Guimarães, onde lecionava para os filhos de lavradores e fazendeiros do povoado. Contudo, a iniciativa foi alvo de críticas e não perdurou por muito tempo.

Isso posto, ratifica-se a ousadia e a teimosia de uma mulher que, apesar da fragilidade e das severas restrições impostas pelos ditames sociais de sua época, lutou não só pelo seu espaço, mas pela liberdade dos segmentos oprimidos, entre os quais se incluem: a mulher, o negro, o índio e o economicamente pobre.

A Academia Ludovicense de Letras (ALL), desde sua fundação em 2013, incorporou-se ao projeto de consolidar a ressignificação dessa incontestável precursora da cultura e educação maranhense e brasileira, colocando-a como Patrona da Academia.

Costumo dizer que, dado o fato de a ALL ter sido fundada 401 anos após a fundação da cidade de São Luís, talvez essa demora tenha sido providencial para que Maria Firmina tivesse nela um lugar de destaque. Às vezes me pergunto: se a academia tivesse sido fundada antes, seria ela a Patrona? Acredito que dificilmente. Nas últimas décadas a ilustre maranhense tem sido contemplada com algumas honrarias, dentre as quais:

A data de seu nascimento foi instituída como o Dia da Mulher Maranhense (11 de março), conforme a Lei Estadual nº 10.763/2017, sancionada pelo governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, em 29 de dezembro de 2017. Anteriormente, a Lei nº 3.754 de 27 de maio de 1976, sancionada pelo governador Osvaldo da Costa Nunes Freire, marcava a data de 11 de outubro.

O Título de Doutor Honoris Causa Póstumo foi concedido à Maria Firmina dos Reis, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em 11 de novembro de 2022 (esse título se encontra em Guimarães).

A Medalha Simão Estácio da Silveira (26ª edição) foi concedida à Maria Firmina dos Reis, pela Câmara Municipal concedeu a, em 22 de dezembro de 2022.

A Lei nº 7.501, de 30 de outubro de 2023, declara Maria Firmina dos Reis como Patrona da Educação de São Luís, no Maranhão. A lei foi sancionada pelo prefeito da cidade, Eduardo Salim Braide (Originária do Projeto de Lei n° 229/2023 de autoria do Vereador Dr. Gutemberg).

A Medalha Ronald Carvalho foi concedida à professora e poetisa Maria Firmina dos Reis (in memoriam), em 14 de dezembro de 2023.

O Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) solicitou o reconhecimento nacional de Maria Firmina dos Reis como Heroína da Pátria.

O nome de Maria Firmina dos Reis foi proposto para inclusão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria por meio do Projeto de Lei (PL) 2171/2023, de autoria do deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA). Após a aprovação na Comissão de Cultura em 18 de outubro de 2023, o PL foi encaminhado à Comissão de Constituição,

Justiça e Cidadania (CCJC), onde aguarda a designação de um novo relator desde 19 de março de 2025. Após a aprovação nas comissões pertinentes, o projeto seguirá para o Senado Federal, e, uma vez aprovado, será encaminhado para sanção presidencial. Com a sanção e a publicação da lei, será organizada uma cerimônia para a inclusão formal de Maria Firmina dos Reis no livro, como um reconhecimento póstumo de sua contribuição histórica ao Brasil.

O novo cabo submarino do Google, que homenageia Maria Firmina dos Reis, conecta a América do Norte à América do Sul, entre a costa leste dos Estados Unidos e Las Toninas, na Argentina, com "escalas" ou estações de pouso em Praia Grande, no Brasil, e Punta del Este, no Uruguai. Será o cabo mais longo do mundo e, com isso, o "Firmina" vai aprimorar o acesso aos serviços do Google para usuários na América do Sul. Não se pode negar que o reconhecimento de Maria Firmina se consolida cada vez mais, e isso é essencial para que ela não seja esquecida novamente.

Ficamos felizes com a continuidade do reconhecimento do legado de Maria Firmina dos Reis, que remonta a Nascimento Morais Filho, o qual, além de descobri-la nos jornais de São Luís, empenhou-se para garantir que seu nome e legado jamais fossem esquecidos.

Tenho a honra de ocupar a Cadeira nº 8 patroneada por Maria Firmina dos Reis. na Academia Ludovicense de Letras (ALL) e, ao lado da confreira Ana Luiza Almeida Ferro, tive a satisfação de indicar o seu nome para ser a Patrona da Casa. Esta escolha é uma reverência à força e à relevância de Maria Firmina para a educação e a literatura maranhense e brasileira, cujo legado é tão imortal quanto o próprio espírito de nossa gente.

A ALL, instituição à qual tenho a honra de pertencer, busca ocupar todos os espaços culturais locais, nacionais e internacionais, com o objetivo de desenvolver e difundir a cultura e a literatura ludovicense, a defesa das tradições do Maranhão e, particularmente, de São Luís. Ao fazermos isso, levamos o nome de Maria Firmina dos Reis, uma das maiores escritoras do Brasil, como missão precípua. Sua obra é um marco, não só da literatura, mas também da luta pela igualdade e liberdade.

E, para finalizar, gostaria de compartilhar o hino À LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS, escrito em 1888 por Maria Firmina dos Reis, que ainda ecoa como um símbolo de nossa resistência e luta pela liberdade e justiça. Que sua poesia, seu exemplo e sua luta continuem nos inspirando, para que jamais deixemos de lutar por um Maranhão e um Brasil verdadeiramente livres e justos para todos.

HINO À LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS,

Maria Firmina dos Reis

Salve Pátria do Progresso!

Salve! Salve Deus a Igualdade!

Salve! Salve o Sol que raiou hoje, Difundindo a Liberdade!

Quebrou-se enfim a cadeia

Da nefanda Escravidão!

Aqueles que antes oprimias, Hoje terás como irmão!

(1888)

E que não faltem almas generosas neste mundo! OBRIGADA!

EU, MÃE!!!

Não sei se consegui ser essa mãe que atendesse a todas as necessidades das filhas, no meu caso, só filhas! Afinal, a gente nunca consegue realizar concretamente algum feito como o idealizamos… As benditas utopias, na sua grande maioria, ficam mais no imaginário!

Mas, o certo é que eu tinha um desejo muito grande de ser mãe, assim eu parei de tomar a pílula naqueles idos de 1973, no meio do último ano do curso de psicologia, de modo que colei grau com uma amada e orgulhosa barriga de seis meses. Isso deveu-se ao medo de acontecer algo que me impedisse de engravidar e de ser MÃE.

Naquele ano de 1973, minha vida era uma “correria só” entre trabalho, estágio em clínica de psicologia, aulas, tomando vários ônibus, afinal, em Brasília, tudo é longe!… Mas eu sempre com muita disposição, a ponto de uma vizinha, maranhense, dizer que admirava a minha força, o meu entusiasmo, considerando que eu, em Brasília, estava longe da minha família, aos 23 anos, primeira gravidez, com uma rotina de trabalho e estudos intensa, e ainda apresentava vigor e ares visíveis e incontestáveis de felicidade.

Foram três grandes felicidades, no tocante à maternidade: Danielle, Milena e Michelle.

Procurei cumprir a "missão de mãe" o melhor, dentro do meu entendimento, nele incluídos alguns sábios exemplos da minha mãe.

Certa vez, uma adolescente, que fazia terapia comigo, me disse:

- Como eu gostaria de ser sua filha, doutora!

Fiquei surpresa e feliz, mas lhe respondi sorrindo:

- Pergunte para as minhas filhas se elas gostam de me ter como mãe!

Claro que ela não ia perguntar, por não ter contato com elas, mas usei esse argumento como forma de fazêla refletir sobre a questão.

Ainda tenho comigo a certeza de que eu não consegui ser essa “mãe perfeita”, porque sou sabedora da impossibilidade dessa proeza. Também tenho a consciência do dever cumprido, pois, considerando a nossa condição humana, o erro e o acerto coexistem em todos nós.

Hoje vejo claramente algumas falhas no exercício da minha “profissão” de mãe, até mudaria alguns preceitos adotados. Mas, nunca me esqueço do meu grande desejo de ser mãe… de ser uma boa mãe, e de que, acima de tudo, as minhas filhas fossem muito felizes por toda a vida!

Obrigada, Danielle, Milena e Michelle, por terem feito possível o meu desejo da maternidade. Sou muito feliz e grata a Deus pela bênção de tê-las como filhas e, ainda mais, por terem me presenteado com sete lindos netos: Daniel Victor, João Marcelo, Caetano, Arthur, Lara, Diana e Gabriela, tornando, assim, mais completa e bela nossa amada família.

Amo vocês!

… De montão!

... Infinito!

A MÃO E O FLAGRUM ROMANO

Eu sou contra a anistia!

Acredito na lei, na ordem e na justiça. Acredito que todo aquele que comete um crime deve ser processado, julgado e sentenciado, mas é imperativo que tudo isso aconteça dentro do devido processo legal e respeitando o pleno estado democrático de direito. As pessoas devem responder pelos crimes que realmente tenha cometido e não por crimes que um inquisidor desvairado, que é ao mesmo tempo vítima, investigador, acusador e juiz, escolheu para elas. Um criminoso deve obrigatoriamente ser processado e julgado no foro adequado e os direitos dele não podem ser desrespeitados de forma e de maneira alguma.

Sou contra essa anistia!

Sou a favor é de uma enérgica revisão dos julgamentos eivados de irregularidades e prevaricações, respaldadas por brechas e firulas jurídicas, como o ativismo judicial, a jurisprudência criativa e o tal livre convencimento motivado, que são usados para justificar muitas das barbaridades que têm sido cometidas. É inaceitável que em processos que correm na mais alta corte de justiça de nosso país, não haja a indispensável individualização das condutas, que haja desrespeito as prerrogativa dos acusados, que mendigos, pipoqueiros e sorveteiros sejam presos e até condenados por golpe de estado, apenas por estarem presentes, comercializando seus produtos, em uma manifestação que descambou para o vandalismo, injustificável, que deve ser condenado por todos e devidamente punível.

Toda minha defesa é quanto aos participantes presenciais das ações de visível e comprovado crime de depredação do patrimônio público. Não dedico um único movimento de ventilação pulmonar em defesa daqueles que podem ter participado de um planejamento ou tentativa de golpe de estado. Penso que se ficar comprovado, de forma cabal, correta e imparcial, a existência de tentativa de golpe de estado, que os responsáveis por esse crime, devem ser devidamente punidos, respeitando todos os procedimentos legais, de forma imparcial, sem uso de viés ideológico e na forma da lei.

Vejo apenas três caminhos possíveis para superarmos os problemas que enfrentamos: 1 - A aprovação de anistia aos vândalos e as pessoas acusadas injustamente por crimes maiores, que não os cometeram, sem que essa anistia possa ser estendida a possíveis idealizadores de uma tentativa de golpe de estado. 2 - O STF reconhecer os abusos cometidos e promover uma revisão dos julgamentos e das penas surgidas deles. 3Não acontecer nada, nem anistia, nem o que seria o correto, nem as revisões dos processos, o que fará que nosso país continue muito dividido e tenso.

Acredito que nada disso ocorrerá. No primeiro caso porque os defensores da anistia, não a querem realmente para que a justiça seja feita em relação aos injustiçados, e no segundo, porque os ministros do STF, não desejam fazer justiça, desejam apenas punir os vândalos de 8 de janeiro de 2023, para que essas punições fiquem de exemplo, além do que, eles desejam ameaçar aqueles que pensam de forma diferente deles.

No final das contas estão todos errados. São todos uma vergonha para o povo brasileiro, tantos aqueles que estão do lado do cabo do Flagrum Romano, quanto aqueles que estão do lado das pontas dele, em uma ou em outra narrativa.

SOCIEDADE DOS POETAS ESQUECIDOS

Estou resgatando a memória dos esportes e lazeres do Maranhão, com a construção de um “Novo Atlas dos Esportes no Maranhão”, já com dois volumes disponibilizados. Nesse resgate, busco informações sobre as cidades maranhenses, as 217 hoje existentes. Chama atenção a falta de infraestrutura da grande maioria, sendo 81 fundadas em 1994, contando, a maioria, com menos de 10 mil habitantes. Algumas, evoluíram, outras, regrediram, não tendo quaisquer possibilidades de sobreviverem, sem os auxílios externos, pois não geram rendas suficientes.

Em Lima Campos - Ma, encontrei, no plano cultural, a existência de dois escritores ali nascidos. O primeiro, aqui uma tentativa de se lhe tornar conhecido do grande público, porém sem maiores informações, embora haja uma monografia – não localizada, indisponível, sobre sua obra, escrita por Evangelista Mota – ‘surpresas da vida’ -

Amaro Pedrosa, nascido em 20 de junho de 1924, poeta e escritor conhecido por suas contribuições literárias e políticas. Ele escreveu várias obras, incluindo:

• O Homem e o Crédito (2001)

• Tempos do Fim (2002)

• Evangelho em Poesia e Malabarismo Político (2004)

• Terra do Já Teve (2006)

Além de sua carreira literária, Amaro Pedrosa também foi prefeito de Lima Campos, MA, onde deixou um legado significativo para a comunidade local. Sob sua biografia, encontramos o seguinte poema, de autoria de Hélio Rodrigues Braz, Membro da A, A, L, Cadeira N, 10 Patrono Gabriel Braz. Biografia e Comenda Amaro Pedrosa

Biografia e Comenda Amaro Pedrosa

Prefácio da biografia e Comenda Amaro Pedrosa - vou fazer mais este prefácio Só que desta vez faço em cordel

Da biografia do poeta Amaro Pedrosa

Que hoje já se encontra lá no céu

Ele foi meu professor de poesia Devo a ele esse honrado troféu.

Para mim foi uma ótima surpresa

prefaciar o livro Surpresas da Vida

Mais uma obra de Evangelista Mota que com certeza será bem reconhecida

A biografia e Comenda amaro Pedrosa

Será lembrada por toda a nossa vida.

Esta medalha de honra ao mérito

Não poderia ter melhor representação

Não apenas por ter sido nosso presidente

Mas pela simplicidade e a dedicação

Que ele sempre fazia suas belas poesias

Sem nunca ter tido uma formação.

Não fiz muito pela nossa academia

Quando dela eu fui presidente

Mais esta comenda de honra ao mérito

Jamais poderia ter sido diferente

Teria que levar o nome Amaro Pedrosa.

Pela nobreza que vale este presente.

Nossa Academia Açailandense de Letras

Hoje tem muito orgulho e satisfação em homenagear pessoas importantes

Que fizeram cultura em nossa região

Com esta Comenda Amaro Pedrosa

Símbolo de trabalho com dedicação;

Além de dentista e bom poeta

Em Lima Campos ele foi prefeito

Apesar de muito poucos recursos

Ele fez o que poderia ser feito. foi autor da sua própria história

Com dignidade e muito respeito.

No dia 20 de janeiro de 1924

Exatamente a 97 anos passados

Nasceu o poeta Amaro Pedrosa cidade de Teixeira Paraíba o estado

Pelos pais Maria José e José Pedrosa

Amaro Pedrosa ali foi batizado.

Casou-se no dia 12 de fevereiro de1946

Com a fiel companheira Maria Pedrosa

O casal teve ao todo onze filhos e filhas

Formou-se uma família unida e generosa somente filhas mulheres eram seis Inteligentes, educadas e carinhosas.

Sua bela árvore genealógica ainda não chegou ao seu teto

O casal teve onze filhos e filhas que geraram dezessete netos sua arvore foi tão bem adubada que tem 17 bisnetos 2 tataranetos. quando a terra é muito fértil

e se planta uma boa semente tem que nascer muitos frutos, Quem diz isto nunca mente Hoje já são mais de 60 pessoas Fazendo parte desta corrente.

é um intelectual brasileiro versátil, conhecido por sua carreira extensa tanto no setor público quanto no privado. Ele já ocupou várias posições, incluindo assessor especial da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), além de atuar em bancos e seguradoras. Batalha também é um escritor prolífico, com obras como "Um Passeio pela História do Arari," "Família Batalha," e "Arari em Datas".

Ele contribuiu significativamente para a literatura e história, especialmente focando na região de Arari, no Maranhão. Sua dedicação à preservação da história e cultura local é evidente em suas numerosas publicações e participação ativa em academias literárias.

1. Um Passeio pela História do Arari - Esta obra é um resgate histórico, geográfico, político e sóciocultural do município de Arari, abrangendo desde o ano de 1920 até os dias atuais

2. Família Batalha - Um livro que explora a história e genealogia da família Batalha

3. Arari em Datas - Uma compilação de datas importantes na história de Arari

4. Passageiro da Aurora - Outra obra significativa que contribui para a literatura regional

5. Mearim, a Morte de um Gigante - Focado na história do rio Mearim e suas transformações

HOJE É O MEU DIA

Perfil do jornalista

João Francisco Batalha

Jornalista Memorialista.

DRT/MA 00592jp, filiado à Associação Brasileira de Imprensa sob o número C-001399. Foi diretor dos jornais Vanguarda, A Luta e O Combate Arariense, de Arari; e O Maçom, da Maçonaria Maranhense.

Artigos publicados nos periódicos:

Jornal Pequeno, O Imparcial, O Estado do Maranhão, O Debate e Jornal da Tarde de São Luís. Vanguarda, A Luta, O Combate Arariense, Cidade de Arari e Folha do Arari, de Arari. No O Canto do Sabiá do Lions Clube e nos jornais O Confrade e O Historiador, da AMML e IHMM. Também contribuiu para a Folha da AVL, de Arari/Vitória, e no Notícias de Vanguarda, de Anajatuba. Publicou artigo no Trabalhismo em Movimento, de Brasília/DF, e no Jornal da ABI, do Rio de Janeiro. Escreveu ainda para a revista A Trolha, de Londrina/PR, e para A Gazeta Maçônica, de São Paulo.

Participou de mais de uma dezena de coletâneas editadas pela Editora Alternativa, de Porto Alegre; Elos Literários, de Salvador/BA; Ampla Visão, de Surubim/PE; Púcaro Literário, de Itapecuru-Mirim; e O Iguaraense, de Vargem Grande, Maranhão.

Seu trabalho “Minha Resistência contra o Câncer”, foi capa da Revista Maçônica A TROLHA, Órgão Oficial da Maçonaria Brasileira, filiada à ABIM – Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, com circulação Internacional, sobre o qual recebeu dezenas de mensagens de aplausos, de todo o país.

Tem uma dezena de obras publicadas e atualmente escreve para a coletânea do Movimento Nacional Elos Literários e para o Mural da Academia Ludovicense de Letras, editado semanalmente pelo Jornal Pequeno, de São Luís.

Recebeu o Diploma de Participação no Desenvolvimento Intelectual e na Divulgação da Cultura Maçônica no Brasil, concedido pelo jornal Correio Maçônico, e o prêmio Destaque do Ano, concedido pela coluna Expressão, do Jornal Pequeno, editada pela da jornalista Rosanira Alves,

Seu perfil foi publicado na antologia Perfil dos Vencedores, da Ampla Visão de Pernambuco.

Cursou jornalismo na Faculdade São Luís, com curso interrompido

O ENCONTRO DE PORTO ALEGRE

(*) João Francisco Batalha

Desde 2014 quando foi realizado o I Encontro Elos Literários, em Salvador, cidade contagiante que já tive a satisfação de visitar por mais de uma dezena de vezes e participar de quase todos os simpósios organizados pela nossa e animadora Pérola Bensabath, poetisa, escritora e criativa de belas inspirações, participei recentemente de mais um magnifico encontro promovida pela nossa Promotora Cultural.

Este ano de 2025 o feito e a realização do XII Encontro Elos Literários foi em Porto Alegre, no período de 20 a 22 de março.

Foram três dias de muita cordialidade, cumprimentos, interação afetiva e troca de conhecimentos entre os elos escritores na capital gaúcha, onde estive pela terceira vez.

Cidade alegre, moderna e de intensa vida cultural, com diversificada geografia e debruçada sobre o Guaíba, para uns, Rio; para outros, Lago; entre o delta do Jacuí e a Laguna dos Patos.

Aproveitei para rever o centro histórico da cidade e a CCMQ (Casa de Cultura Mário Quintana) que abriga teatro, cinema, biblioteca e museu. Espaço frequentando por milhares de pessoas diariamente, onde participei de uma oficina de crônicas, proferida pelo Prof. Flávio Madalosso. Fiz compras na Rua da Praia, fui ao Mercado Público, frequentei os seus restaurante, e como não poderia deixar de ser, fui ao desembarcadouro do Porto da Av. Mauá para fazer um Tour no Cisne Branco pelo rio Guaíba, onde me deleitei com a vista do pôr-do-sol e a linda paisagem ribeirinha. Fui aos melhores restaurantes do Cais Embarcadero e deliciei-me nos aperitivos Misse Favela do Wills Bar, um dos melhores destinos de entretimento da capital gaúcha.

Estendi a temporada por mais alguns dias e aproveitei para, retornar à cidade de Igrejinha, no Vale do Paranhana, conhecida pela segurança e qualidade de vida e conheci Três Coroas, a Cidade Verde e seu Templo Budista. Voltei, também pela terceira vez, a Gramado, cidade florida de natureza exuberante com gastronomia requintada e destino popular conhecida como a “Europa do Brasil”; e igualmente a Canela a Capital das Hortênsias, ambas na Serra Gaúcha.

Contemplei a beleza das famílias que se reúnem em união à margem da Rota Romântica, para solver chimarrão no final da tarde.

Voltei de Porto Alegre mais encantado que das vezes anteriores e retornei extasiado com a polidez, simpatia e civilidade do seu povo e principalmente com a amabilidade e gentileza, fineza, educação e cordialidade do casal Ilma Borges e Milton Pantaleão Jr. que nos receberam com muito carinho e apreço. Gente fina é outra coisa!

Completei meu roteiro turístico com mais uma semana em Brasília e dois dias em Pirenópolis, cidade turística de Goiás contornada pelo rio das Almas, seus afluentes, cascatas e fontes em queda-livre, conhecida por suas lindas cachoeiras e aproveitei para adentrar-me nas águas cristalinas da Cacheira Usina Velha.

Já confirmei presença e se Deus quiser estaremos no XIII Encontro que será realizado em Salvador, no período de 26 a 29 de março de 2026.

(*) Memorialista DRT/MA 00592jp, ABI C-001399.

Titular da Cadeira 19 na ALL.

Publicado na XIII edição da Coletânea Baú das Inspirações do Movimento Nacional Elos Literários Edição Porto Alegre, março de 2025.

SÃO LUÍS CONTINENTAL

João Francisco Batalha

Engana-se quem pensa que o município da capital (São (Luís), sempre se restringiu à ilha de Upaon Açú.

Dele fez parte uma vasta porção territorial continental que avançava 38 léguas às margens do Mearim acima até o Arari. Lugar outrora rico em atividade pesqueira, campos nativos, matagais frutíferos, com riqueza exuberante da fauna e da flora nas orlas, onde sobrevoavam bandos de pequenas araras que tingiam seus céus de verde e amarelo avermelhado.

A localidade recebeu o nome de Arary, embora não se saiba ao certo se a origem está relacionada às pequenas aves Psitácidas, da família dos Canindés, da ordem dos Psittaciformes, do gênero Ara, outrora abundantes na região e conhecidas popularmente como Jandaia ou Arary, ou se o nome deriva do igarapé que antes era chamado de Arary e, posteriormente, passou a ser conhecido como Nema por antonomásia, devido a alguém com esse sobrenome que teria vivido às margens de sua foz.

Se confirmada essa versão, teriam existido, nessa região, quatro igarapés com a nomenclatura Arary: O Nema, o existente Igarapé do Arari, o Arariaçu e o Arariaçumirim.

Não só o Arari pertenceu ao município da capital, mas também São José de Ribamar, no extremo leste da ilha, reconstituído em 24 de setembro de 1952; Paço do Lumiar, localizada na antiga Vila do Paço, recriado em sete de dezembro de 1957; e Raposa, de frente para a praia do mesmo nome, próximo ao paraíso de areias do Carimã, emancipado em 10 de novembro de 1994.

Enquanto isso, pesa a dúvida se Vitória do Mearim, um dos municípios mais antigos do Maranhão, emancipado em 19 de abril de 1833, teria sido parte territorial de Viana ou se se desmembrou também de São Luís.

Quanto ao Arari, a Câmara Municipal de São Luís, em ato de 22 de outubro de 1820, diz: “a Câmara Municipal de São Luís faz saber a todos os habitantes do termo que tendo deliberado por posturas policiais a bem do público e ao desembarque de gêneros que vem para a Praça de São Luís, etc.”.

Em seu item 58, dita normas que dizem: “no Mearim e em Arary o local para venda de peixes e outras atividades serão qualquer lugar que o Juiz de Paz determinar por seu Edital.

Não podendo negociar em outra qualquer parte, sob pena de multa de mil réis e a dobra nas reincidências”.

O ato reforça a tese de que o município de Arari, em 1820, pertencia ao município da capital e somente em 13 de janeiro de 1834 passou a integrar ao Arraial da Vitória.

O Prof. Mauro Rego, de Anajatuba, estudioso da história do Maranhão e dos costumes da Baixada Maranhense, em depoimento oral, afirma que Vitória do Mearim foi emancipado de Viana.

Em busca da verdade, que se faça uma investigação maior para esclarecer a dúvida se Vitória do Mearim desmembrou-se de Viana, ou se também do município da capital, como esclarecido o caso do Arari.

Uma das manias que tenho é não abandonar um livro durante o processo de leitura. Mas, confesso, há livros que leio com a esperança de que o tempo acelere ao máximo para me livrar dos tormentos que se escondem por trás das páginas e das linhas.

Felizmente, também existem aqueles livros que me prendem de tal modo que sinto vontade de pedir para o relógio parar só para poder aproveitar mais e mais cada uma das palavras ali impressas.

Esse segundo grupo é imenso e ensejaria uma lista enorme e sempre crescente. Hoje, irei destacar dessa lista o livro Do sapato ao pé descalço, do poeta e médico Mario Luna Filho. Sempre que posso leio esse volume de apenas 95 páginas, mas que tem a potência artística de mil toneladas de palavras empilhadas na bruma das emoções.

A primeira edição do livro é de 1975 e este ano completa sua quinta década encantando seus leitores. Como mesmo o tempo é capaz apenas de amarelecer as páginas de um livro e de transformá-lo em raridade bibliográfica, sem envelhecer seu conteúdo, é possível ler, em pleno século XXI essa coletânea de poemas como se cada verso tivesse sido escrito no início deste ano de 2025, tal a atualidade dos textos de Mario Luna Filho, poeta que sabe transformar olhares e sentimentos em palavras. Como não tenho a primeira edição, recorro então à segunda, publicada em 2016.

Hoje, releio os poemas desse livro e percebo que o poeta, atento ao fato de que…

Apenas sonhando os nossos olhos conquistando estrelas… (pag. 48)

O poeta mescla em seu livro trechos de extrema sensibilidade com potentíssimas críticas sociais. Se, em uma página fica a mensagem dizendo que “Há uma janela aberta para a liberdade” (pág. 39), bem antes é relembrada a triste figura de Pedrinho, um menino “sem sobrenome”, que “nunca viu Papai Noel” que é “o filho da esquistossomose” (pág. 30).

Caso esse menino tenha sobrevivido às agruras de uma vida mesquinha e incerta, com uma breve mudança de nome, ele poderia servir como ilustração e exemplo para outros poemas do livro, como é o caso de Canção da estrada, que traz João, um garoto aparentemente cheio de sonhos, mas que se perdeu nas esquinas da vida e teve que lutar pela sobrevivência. Desse modo:

(...)

João já não canta um samba de amor. lata vazia, lata-tambor, lata sem nada no meio da estrada, lata que o carro amassou.

E assim o João se foi,

esqueceu o samba, esqueceu o amor. (Pág. 82)

Quase seguindo os passos estéticos de Augusto dos Anjos, o poeta lembra a seus leitores que:

Somos vísceras do universo! As mil bocas da terra clamam por nós em ritmos de covas. (Pág. 69)

Ele também reconhece que nem o futuro, nem o presente estão perdidos, pois ainda pode haver esperança dentro de casa um de nós, afinal:

Ainda existem mãos para dizer adeus.

Ainda existem sonhos para cultivar eternidade. (Pág. 44)

Ao longo do livro, o leitor tem oportunidade de mergulhar tanto na beleza estética dos versos de Mário Luna Filho, poeta que recebeu elogiosos comentários leitores existentes como é o caso de Conceição Quadros, Fernando Braga, Carlos Cunha e Erasmo Dias, e que sabe imiscuir na simplicidade das palavras a complexidade do fazer poético, tornou-se um dos poetas a atravessar gerações sem perder o fôlego e deixando claro que:

Meu verso anda descalço como o meu povo e é marquise para alma sem teto. (Pág. 63)

Do sapato ao pé descalço é um desses livros que “Fecunda o vazio das horas e o vazio das consciências” (pág. 57)

Vale a pena ler todos os poemas deste grande poeta que é Mario Luna Filho…

ANTONIO AÍLTON

é poeta, crítico, Doutor em Teoria da Literatura pela UFPE. Publicou, entre outros livros, A camiseta de Atlas (EDUFMA/FAPEMA, 2023), Cerzir – livro dos 50 (Penalux, 2019), Ménage – Antologia trilíngue de poesia (Helvetia, 2020); e MARTELO & FLOR: Horizontes da forma e da experiência na poesia brasileira contemporânea (EDUFMA, 2018). É editor do sacadaliteraria.com.br. e-mail: ailtonpoiesis@gmail.com

A POÉTICA DE NAURO MACHADO: REDOBRAMENTOS DO DUPLO : PARTE I | ANTONIO AÍLTON

ByRevista Incomunidade

“Redimir-me é a função do tempo. Redimir-me do que sou ou serei, como se em mim já ido fosse de outro futuro, para acontecer-me.” (MACHADO, N. Quem publicará meus livros depois de eu morto? Um oceano particular, 2021)

“Opoderverbal de Nauro Machado,nos leva, às vezes, a FernandoPessoa,tais as possibilidades desuamagia, tal a complexidade de certos estados explorados artisticamente [por sua poesia]. A força expressiva dos poemas rapidamente convoca o leitor a meditações sobre o destino, o absurdo da vida, a solidão incurável, a ânsia do eterno” (Fábio Lucas [Lucas, 2020, p. 83]);

“O canto audacioso, não raro tocado de pungente lirismo – o da inconformação – não me parece seja um único ponto de aferição para sua poesia, porém; ela não é moral nem didática. É uma extroversão freudiana do ‘eu’, interior, trabalhado pela lição da autognose que só ao poeta interessa, mergulhado em seu ser abissal e existencial.” (Cassiano Ricardo [Ricardo, 2020, p. 89, destaque meu]);

“A opção por uma poesia nuclearmente metafísica, as sondagens das angústias, inquietações e dilacerações do eu mais profundo do ser humano, dão a sua obra um caráter de permanente atualidade e autenticidade, emparelhando-o com algumas das melhores vozes da poesia universal” (Alberico Carneiro [Carneiro, 2020, p. 195]).

Ditas por diferentes observadores críticos da literatura brasileira, essas frases se encontram em variados ensaios do mais importante livro de comentários sobre o poeta: Impressões sobre Nauro, reunião monumental de artigos e ensaios que foram organizados em 2020, por sua esposa, viúva, Arlete Nogueira da Cruz. Nauro faleceu em 28 de novembro de 2015, aos 80 anos, na mesma cidade em que nasceu e com a qual manteve, até o fim, uma relação de amor conflitivo: São Luís do Maranhão, em 02 de agosto de 1935. Neste 2025, completam-se, portanto, dez anos de sua passagem.

O livro dá bem a medida da importância desse poeta, que viveu quase em obscuridade, fixado em sua “província” – e mesmo na pouca visibilidade que ela proporciona –, com poucas incursões alhures, no entanto, pouco antes de sua morte e logo depois, recebeu reconhecimento e tem sido redimensionado numa amplitude surpreendente, haja vista o impacto e a profundidade da sua poética. Em São Luís, passou a ser reconhecido por um volume cada vez maior de pessoas, jovens acadêmicos, mesmo por iletrados em becos e ruas, e nos lugares onde, às vezes por dias seguidos, vivia suas próprias estações de infernos, em desregramento ébrio.

É bom lembrar que, mesmo com todas as dificuldades que teve materialmente, numa terra com pouquíssima estrutura editorial, esse poeta tem hoje o impressionante limiar de 50 títulos publicados, sendo seu livro de estreia o Campo sem Base, de 1958.

Nauro Machado vem de uma geração que consolidou o modernismo no Maranhão, lugar afeito a uma poesia mais tradicional e de tom solene. Um modernismo que já nasceu na perspectiva das poéticas da chamada “Geração de 45” e que só se tornou mais programático modernamente a partir da chegada de Bandeira Tribuzi ao estado. Este chega (retorna) de Portugal, com um modernismo bem definido na algibeira, que se consolida a partir da publicação do seu Alguma Existência, em 1948. Nomes importantes daquele momento de convivência, consolidação e alarde criativo, além desses dois, são: Ferreira Gullar, Odylo Costa, filho (o mais velho deles); Lucy Teixeira, José Sarney, José Chagas, Lago Burnett, e a própria Arlete Nogueira, grande articulista e agregadora de sua geração.

Pode-se dizer, no entanto, que o modernismo de Nauro sempre foi atípico. Ele preferiu a atualidade de uma poesia menos relativa a momentos de virada cultural, e mais universal – como o caso da poesia moderna de um Jorge Luís Borges, por exemplo. Em sua linguagem, de tom solene e elevado, nunca rejeitou os grandes mestres da tradição poética, inclusive mais da literatura universal do que da propriamente “tupiniquim”, acolhendo na sua família poética vozes que vão de Dante, William Blake e Walt Whitman; de Victor Hugo aos “poetas malditos”; de Garcia Lorca ao já referido Pessoa – pelo menos no que diz respeito à escavação reiterada de um eu estilhaçado, não heteronômico; porém, neste caso, resolvido em termos de uma cisão existencial, na criação de um “duplo”, um “outro” (ou Outro, como veremos), na disputa da aguda angústia do existir. E, por outro lado, o domínio de um léxico inusitado, que alcança tanto a visceralidade e o telúrico, quanto o místico e a abstração reflexiva, em seu dizer poético. Há mostras disso disseminadas em toda sua obra, como no poema I, em Antibiótica nomenclatura do inferno: É difícil o contacto entre mim e o meu ser: por díspares, nenhum pacto lhes poderá acontecer. Soube-os no escuro tacto sem podê-los conhecer: estilete, pedra, cacto, são o espaço entre o eu e o você. entre o sentado e o de pé, entre o fora e o que dentro é desigual no mesmo estar – como o escuro e a claridade –e que são de igual idade no meu duplo molestar.

(MACHADO, 1980, p. 381)

O que se vê neste curto poema é justamente essa cisão carregada, reflexionada e transposta como um “duplo molestar” para percepção do existir e do mundo que o poeta imprimirá em sua fatura poética, conforme será mostrado em seguida.

O duplo, o gêmeo carregado

Algumas faces da poética de Nauro se revelam inicialmente na manifestação desse “outro”. Essa imago ou imagem é mobilizada e investida como motivo, do início ao final do périplo de toda a sua poesia, na configuração das presenças que caminham em dissidência, em cisão, no sentido do que Nicole Fernandez Bravo (2005) coloca como o “Duplo”, isto é, a dualidade da persona expressa como alter ego ou como uma dicotomia tensiva, com diversas possibilidades. O duplo é “aquele que caminha ao lado”, o “companheiro de estrada”, “eu – o outro”, eu – o mesmo”, “a homonímia ou a semelhança, a proximidade estranha assinalada pelo ‘eu’ que levanta a questão da identidade” (Bravo, 2005, p. 261).

Na poesia de Nauro, essa dualidade se torna um conflito inesgotável: “homem x poeta”, o homem, eu-cidadão (tratado como tal, porém, na verdade, também um ser de linguagem, simbólico, criado como função ancorada, ou seja, uma imagem discursiva e autoficcionalização do eu-histórico); e o poeta, carregado pelo “homem” como seu alter ego maldito, vociferante e pesaroso, cujo maior encargo é o sacerdócio da palavra sob o signo da Revolta, como sina e destino. É essa palavra poética/profética que faz enxergar sua própria treva, que se torna imprecação e com a qual impreca contra o Outro: o absurdo existencial, Deus, a sociedade burocrática e escorchante, a morte, o Nada, o lugar ingrato que o renega, maldiz e exila. Em Nauro se cumpre aquilo que Henri Lemaitre falou sobre os “poetas malditos” franceses: porque são malditos – renegados pela sociedade materialista e utilitarista –, maldizem.

Esse “gêmeo” carregado deixa de realizar uma conjunção harmoniosa, na medida em que engendra alternância de papéis, desejos, potência/fracasso. No emblemático poema O parto (Campo sem Base, 1958), a relação manifesta é de completude (do homem) versus a incompletude (do poeta). Porém, em momentos posteriores, a chave pode se inverter, uma vez que essa “completude” leva ao fechamento desse homem como completo, mas não temporalmente transcendente, como mortal. Este homem apresentado é existencialmente, vitalmente, portanto historicamente realizado, porém será cavalgado pelo poeta, que se torna seu algoz, seu chamariz. Ele precisa renunciar a confluência com o capital e com o poder, que almeja utilitários, entretanto o poeta é este “outsider”, este “inadequado”, desencaixado, que quer ter sua palavra livre, então o homem há de pagar o preço dessa co-vivência.

O poeta pretende, desta maneira, a prerrogativa da voz autêntica e desimpedida, assumir a transgressão. Deseja o ócio, a alucinação, o desregramento (como parte essencial de sua “incompletude”, daquele que busca na expansão da sua linguagem), enquanto o homem precisa submeter-se às regularidades das obrigações pessoais e sociais; responder às necessidades do corpo, da casa, da família. Por outro lado, se o poeta é o monstro, o pária, o anátema, o exilado, o “maldito”, é ele quem constrói o discurso que ultrapassa o momento e a temporalidade do homem, porque sua palavra ecoa pela eternidade, sua voz se refaz sempre que o poema é revivido, sempre que sofra e se solidifique; a ele pertence a possibilidade de “recriar-se em nova forma”, como diz no Metamorfose Inicial, também de Campo sem Base

Mas eis o Parto: Meu corpo está completo, o homem – não o poeta. Mas eu quero e é necessário que me sofra e solidifique em poeta, que destrua desde já o supérfluo e o ilusório e que me alucine na essência de mim e das coisas, para depois, feliz ou sofrido, mas verdadeiro, trazer-me à tona do poema com um grito de alarma e de alarde: ser poeta e dura e dura e consome toda uma existência.

(MACHADO, 1980, p. 5)

Esse contraste entre as particularidades de cada um, com suas nuances de fundo ou reflexo, eu-tu, eu-outro, real e do ideal, matéria e alma, pode ser exemplificado por inúmeros poemas, como neste neobarroco Quase

irmãos (MACHADO, 2021, p. 49): “Até o fim: poeta, / maldição de Deus / para amém do diabo. / Certeza de ser / herança na carne / na doença da alma”. Ou, sobre o mesmo propósito, como se pode ver no poema 4 de A Travessia do Ródano:

Uma presença sou, contigo e tua, Num compromisso, carne, que já atrasa: que o real, vil, não prostitua meu pensamento que com ele casa! Metade feito pelo mesmo espaço, metade feito qual se fora um troço pregado à ideia, por faltar-me ao braço: tu, tu nos outros, sim, chamado meu, tu, tu nas coisas, pois nelas posso dizer-me em outro – não és tu, pois tu sou eu.

(MACHADO, 1997, p. 4)

Essa é uma poesia que também se almeja construir sobretudo como um périplo em torno da própria vastidão, estendendo esse eu a uma dimensão épica de caráter metafísico, como se quisesse entregar ao leitor a navegação em uma obra que se constitui como um hiperpoema – uma nau reiterada, que se desdobra ou redobra sobre um mar sempre recomeçado, porém que jamais se esgota, uma vez que é do caráter não do poeta, mas da própria linguagem com a qual ele lida, estar sempre incompleta, esteada em sentidos adiados, desejosos, insatisfeitos, mancos.

Somente cinquenta anos depois do primeiro livro, no Trindade Dantesca, como se executasse um projeto e desejasse revelá-lo, é que Nauro aponta para um reconhecimento da “completude” do [seu] poeta, e o manifesta, aparentemente, a parear os semelhantes e encaminhar a conciliação das divergências: “já acabado, enfim completo / como resto que alguém cobra / pela soma do alfabeto / para fazer-me sem sobra / cubro a palavra que é feto / para fazer-me Verbo e Obra” (NAURO, 2008, p. 11, destaque meu). Importante, porque aqui ele transmuda essa chave para outro prisma, “Verbo e Obra”, geminação na qual uma parte não existe sem a outra, e da qual se pode inferir que, se ao poeta pertence o verbo, o homem acaba sendo seu resultado, sua obra. E, de fato, sem querer especular, em sua lida histórica o homem (público) Nauro já não era senão o Poeta Nauro, fosse para a elite, fosse para os mendigos dos abrigos, fosse para a turma que já o assediava. Uma nova abertura para a persona do poeta, sobre a conscientização do seu papel, pode ser vista posteriormente, no segundo livro póstumo de Nauro, como a nos despertar para o lugar imprescindível do “gêmeo” nessa relação, num discurso não apenas redentor do poeta, mas conciliador, em relação ao seu peso e encargo, por via única e necessária do verbo poético. Trata-se do poema O Novo Parto, de O Pombo Negro dos Sobrados (2020, p. 117), livro que ele deixou já pronto e que foi publicado por Arlete Nogueira da Cruz. Aqui, ele entrega ao “homem” a responsabilidade de reconhecer que sem o “poeta”, pior seria, e incompleto certamente seria, como um cego em meio às trevas (o mito prometeico, encarnado na persona do poeta).

Minha vida que é vã muito pior seria,

Não houvesse em podre mesa o pão que oferto aos outros,

O pão deste poema que escrevo dia a dia

Na germinação de um trigo a ser para todos,

A cada manhã de uma manhã desigual

Até que o verdadeiro homem após se farte

No interminável verbo de única boca:

– o poema é o sol que humana noite quer

Que o cego, além da córnea carrega por dentro

Querendo ver a luz que jamais nos morra,

No verdadeiro chão por onde ainda andarmos

Sem a calosidade falsa de humanos ossos.

Por outro lado, ele busca, aí, realizar outra conciliação: aquela entre o extremo da subjetividade e a abertura à coletividade: na palavra do poeta há um alimento para os outros. Observe-se a universalização anunciada neste Novo Parto, aparentemente nunca expresso por ele de forma tão clara: “Na germinação de um trigo a

ser para todos”. Joga as cartas do valor que ele tem não somente em relação ao outro, mas a sua oferta aos outros, ao mundo, e o que oferece é o alimento verbal que produz, “querendo ver a luz que jamais nos morra”, no sentido de que “o poema é o sol que a humana noite quer”. É de se notar também que o poeta parece responder a uma intimação que lhe tem sido feita ante o exercício premente de sua subjetividade e introspecção poética, dado que, tendo desenvolvido em toda a sua obra uma poética sobre as reentrâncias desse eu, é intimado a responder mais objetivamente sobre o que uma contínua queixa do sujeito face à existência tem a ver com os outros, a coletividade corporificada na demanda social. Neste Segundo Parto, o poeta (re)nasce para os outros, afirma-se, declara-se e esclarece (sobre o que pode ter deixado inexplícito a alguns leitores), que as questões são partilhadas, são de todos que nele se espelham, sentem por via da escritura poética e dela se alimentam a partir da experiência leitora, nesta “germinação de um trigo a ser para todos”. Nauro não era de fazer concessão interpretativa em sua poética, no entanto aqui parece ter sentido essa necessidade, e o faz poeticamente.

Para quem conheceu o poeta pessoalmente, sabe que nele morava uma angústia sentida como autêntica, e que ele, proveniente de família da elite da capital maranhense, parecia não se coadunar com esse papel, a dedicarse inteiramente à escrita não largamente vendável, ao menos a não midiática e não utilitária – a poesia –, e a tornar-se, muitas vezes, um vagante pelas ruas, becos e crepúsculos embriagados de São Luís. Porém, em se tratando da poesia em si, quem a criaria e enunciaria, senão o poeta? É este quem sempre acaba construindo a representação, as personas; eleéoenunciadordeum homemquesetornapalavra,enunciado,em seus poemas. Nestes, o que temos é a redobrada figuração do eu, e a projeção de condições universalizadas (o Outro, o verbo…).

O poeta é o primeiro a, finalmente, desfazer os enganos e nos jogar isso no rosto. O que vemos no poema?… É o poeta? é o homem? Ambos são figuras, máscaras no espaço intermediário da semi-ficcionalização desse eu. É esse pressuposto que o leva finalmente a revelar o jogo das personas, a modo de esclarecimento, em Tirando a Máscara, no livro Um oceano particular (2021, p. 156, destaque meu): “Deixei de me produzir / como ator em outro palco / numa tragédia a sorrir / por um palhaço com talco / […] Agora quando antevejo o que se faz pelo olhar, / sinto que, desperto, vejo / que sou um só e não em mim um par. O jogo é de revelação para si mesmo, antes que para o leitor. E como é próprio de uma poesia que continuamente se retoma, é importante percebemos que Nauro não deu por encerrado esse moto/motivo, ao “tirar a máscara”, conciliando imagens e personas. Muito pelo contrário, em seus livros mais atuais e principalmente naqueles publicados postumamente – mesmo admitindo que não tenha publicado seus livros necessariamente numa ordem cronológica de escrita e que alguns temas podem ser de momentos anteriores –a questão do duplo torna-se ainda mais constante nos últimos livros e, agora, claramente nomeada. É o que acontece em poemas como Irmãos Gêmeos (Um oceano particular, 2021) e O Duplo (Chumbo e Rugas de uma Boca Octogenária, 2023). Em Irmãos Gêmeos, faz uma alusão ao poema O Parto e associa a linguagem, prerrogativa do poeta, ao sacrilégio pesaroso do corpo (homem, “cavalo” do poeta): “No corpo que, incompleto, queria tê-lo, / sabendo, dura embora, a ingrata sina / a acompanhar-me por toda a existência, / sabendo o verbo, o Grande Criminoso / o criminoso em série, o sacerdote / da Missa Negra em hóstia sacrílega”. Notemos o dimensionamento da linguagem como sendo do domínio desse Gêmeo criminoso que repete seu feito como em seriado. Já no poema O Duplo, escreve: “Pela última vez, / a estar num defunto, / meu irmão siamês, / pois de mim tão junto, / renego o caroço/ a crescer em mim / por feito num osso / de estéril jardim, /e cuja colheita, /se acaso colhida, / será aquela feita/ com a morte da vida”.

(continua na próxima edição)

William Amorim, escritor e paicanalista – foto: divulgação

WILLIAM AMORIM DE SOUSA

Escritor, Prof. Me. Depto. Acadêmico de Letras/IFMA – Campus Monte Castelo, Mestrado em Letras/UFPE – Área de concentração em Literatura e Psicanálise. Palestrante, Chefe da Divisão de Qualidade de Vida IFMA/Campus Monte Castelo, Especialista em Saúde Mental, Psicanalista membro e Diretor do Corpo Freudiano Escola de Psicanálise Seção São Luís, Fundador e Presidente do CIAMM – Clínica da Infância e Adolescência Maud Mannoni. Desenvolveu estudos de formação e estágios em instituições nacionais e internacionais de referência no tratamento de crianças, adolescentes e jovens autistas e psicóticos: Lugar de Vida/USP; École Expérimentale de Bonneuil-sur-Marne – Paris/França; Institut Médico-Pédagogique NotreDame de la Sagesse Le Courtil – Bélgica; Coordenador regional e pesquisador do Programa de Estudos e Pesquisas em Autismo – PreAut Brasil – do Institut PRÉAUT/France; Membro-pesquisador do GPLINCE: Grupo de Pesquisa em Linguagem, Cultura e Ensino; pesquisador do Laboratório de Literatura e Psicanálise – IFMA e UNIRIO; membro permanente do Conselho Editorial da Coleção Janus, Ed. Contra Capa/Rio de Janeiro; autor do livro O amor em uma aprendizagem ou o livro dos prazeres: uma abordagem psicanalítica (São Luís, Viegas Editora, 2018), Coautor dos livros Internautas: os chips reinventando o nosso dia a dia (São Paulo: Ed. Melhoramentos, 2011), Clínica e estrutura (Rio de Janeiro: Contra Capa, 2014); Gatos (São Luís: Viegas Ed. 2019); Poemas em espelho (e-book, 2020. Site rosenamurray.com); Coletânea Poetas Maranhenses: prêmio Gonçalves Dias (São Luís: Viegas Ed. 2020); Estudos e práticas de lingua(gens): para a formação profissional, científica e tecnológica (São Luís: EDIFMA, 2020), Balaio de felicidades (São Paulo: Ed. Estrela Cultural 2023), Antologia Poética: Um abraço em Galeano (Rio de janeiro, Ed. Ornitorrincobala, 2024) Inéditos que serão lançados em

2025/26 Coletânea sobre Clarice Lispector (Rio de Janeiro: Contra Capa, 2025); O menino que matou o carneiro (Curitiba, Fatum), (IN) Felicidade comum: contos (Curitiba: Fatum)

ATIVIDADES NA TV E NO TEATRO: Idealizador, coordenador e apresentador do Projeto Café Freudiano – Psicanálise, Literatura, Música e outras artes (2017 até agora) – Teatro Napoleão Ewerton –SESC – MA.

Roteirista e apresentador do Programa de entrevistas EntreLetras (Literatura) – TV UFMA.

1. Paulo Rodrigues – William Amorim, Sigmund Freud afirmou: “Aonde quer que eu vá, eu descubro que um poeta esteve lá antes de mim”. Ele tem razão?

William Amorim –Ah, o Freud! Sempre tão genial. Acho que ele está coberto de razão. Bom, mas primeiro é preciso dizer que a linguagem possui suprema primazia em sua obra, a ponto de constituir-se em um instrumento imprescindível para o oficio do psicanalista. Não bastasse isso, o estilo de Freud, seu uso magistral, eloquente e poético da língua alemã renderam-lhe o Prêmio Goethe de Literatura.

Eletomao poeta como representante privilegiado daclassedos artistas. Mas quando fala dopoeta, Dichter em alemão, está referindo-se ao escritor de literatura, ao escritor criativo. É que os artistas nos dão notícias sobre o inconsciente. Então, nesse sentido, eles sempre precedem os não artistas (pessoas comuns, cientistas, filósofos, psicanalistas, por exemplo) e, como bem lembra Lacan, não há como bancar o psicólogo quando o artista desbrava o caminho.

Parece-me que, tanto Freud quanto Lacan, apontam para o limite da razão, o limite da ciência ou de um ideal de ciência. Como a matéria do poeta/artista não exclui o inconsciente, ele pode ir além: “Os poetas e escritores estão bem a frente de nós, gente comum, no conhecimento da mente, já que se nutrem em fontes que ainda não tornamos acessíveis à ciência”, diz Freud.

Poderíamos fazer ainda toda uma discussão sobre o papel da fantasia na criação , uma vez que a realidade é sempre insatisfatória e o artista se distancia dela e volta a ela com sua produção singular e, ao mesmo tempo, universal. Mas isso ai fica para outro momento pois já me alonguei muito nessa sua pergunta inteligente e provocadora.

2. Paulo Rodrigues – O que é ser feliz numa sociedade de consumo?

William Amorim – Ser feliz, ser cidadão, existir, em uma sociedade de consumo resume-se em consumir, ser consumidor. O discurso capitalista quer nos fazer acreditar que tamponaremos nossa falta estrutural com objetos. Uma ilusão de completude. A promessa de felicidade estaria na posse de gadgets, de objetos que podem ir de um celular, a apartamentos e carros de luxo etc. Como nada disso traz a felicidade permanente , porque ela não existe, o risco é o sujeito tornar-se um adicto de objetos sempre frustrantes ao fim da experiência de consumo. Afinal, a felicidade é apenas uma contingência, não é mesmo?

3. Paulo Rodrigues – O prazer estético é importante para o ser humano? A literatura continua necessária nessa quadra histórica?

William Amorim – Sim. O Belo, como a Arte nos ensina, é aquilo que possibilita um encontro mais possível com o Real, ou seja, ele é, assim como a psicanálise, um dos modos de dar tratamento simbólico ao inassimilável.

Em seu belíssimo texto O mal-estar na cultura, de 1930, Freud aponta a criação da arte, da religião e da ciência como artifícios culturalmente criados para tentar dar conta do horror que a morte, a finitude, nos causa.

Segundo ele, a arte seria talvez a mais honesta destas três modalidades que o ser de fala encontrou para se colocar perante o inapreensível.

A vida, como bem sabemos, é extremamente complexa. Não à toa a arte trágica continua existindo até hoje: coloca o horror em cena transmutando-o em Beleza. Ou seja, mesmo sem negar o horror da tragédia humana, afirma a vida em toda sua dimensão paradoxal, isto é, como palco de alegria e sofrimento, de beleza e seu oposto radical, luz e sombra, fragilidade e potência. A vida, nesse sentido, é bem barroca (risos)

Então a literatura continua e continuará fundamental para nos ajudar a roçar através das palavras, o mais-além delas, o que nem mesmo elas podem roçar.

Ao fim de tudo, de que serviria um mundo sem a arte? Qual seria o sentido da vida sem ela?

Poeta Roseana Murray e o escritor psicanalista William Amorim, no lançamento do Balaio de Felicidades, 2023 – foto: divulgação

4. Paulo Rodrigues – Há uma relação de interconexão entre psicanálise e poesia, William Amorim?

William Amorim – De certo modo, sim. Ambas têm como matéria prima a linguagem, esse solo comum. O poeta a retira de seu uso ordinário, limpa as palavras de suas camadas de lodo de sentidos adquiridas ao longo dos tempos para que algo de novo, um sentido inusitado, tocado pelo fulgor do belo, surja. Creio que o psicanalista, de algum modo, através de sua escuta significante, possibilite aos seus analisantes despirem-se dos sentidos do Outro e construírem seu próprio poema autoral a partir do encontro com o vazio, com os tropeços da linguagem.

Freud, desde o inicio da Psicanálise, com o seu Interpretação dos sonhos, estabeleceu comparação do trabalho do sonho com o do poeta: a modificação verbal dos elementos latentes, a dimensão metaforonímica, imagética etc.

Não apenas o sonho, mas também todas as outras formações do inconsciente (chistes, atos falhos, sintomas) constituem-se ao modo do poema, com suas próprias metáforas e metonímias, que revelam a singular relação que o sujeito mantém com suas satisfações pulsionais, de como goza a vida.

Não sem razão , Lacan, na primeira parte de seu ensino, a partir de Freud, afirma que o Inconsciente se estrutura como linguagem. E como lindamente diz o escritor francês Pascal Quignard, “A linguagem é a única

ressurreição para o que desapareceu. É o que permite responder ao primeiro enigma: porque o êxtase do passado se tornou um êxtase da linguagem. A linguagem é a casa para tudo o que não está”.

5. Paulo Rodrigues – A leitura do texto literário pode ajudar crianças autistas?

William Amorim – Toda oferta de simbólico pode ser bastante fértil para os sujeitos autistas, mas tudo depende de como isso é feito. Com eles precisamos aprender a demandar como se não estivéssemos demandando, a fazer suaves forçagens para que nossa aproximação não produza mais fechamento e o tiro saia pela culatra. O pulo do gato é deixar que nos deem as pistas e a gente ir seguindo, como se fossemos uma espécie de guia turístico que vai atrás e não na frente, entende?

6. Paulo Rodrigues – Fale um pouco sobre o livro Gatos, que você lançou com a poeta Roseana Murray.

William Amorim – Eu e Roseana lançamos três livros juntos: Gatos; Poemas em espelho e, por último, final de 2023 , o Balaio de felicidades. que foi escolhido pela editora para concorrer ao Prêmio Jabuti. É sempre um desafio escrever a quatro mãos , sobretudo com uma poeta gigante e com lugar garantido na história da literatura brasileira como a Roseana, ainda que ela seja uma parceira muito generosa.

Gatos (Viegas Ed., 2019), livro de Roseana Murray e William Amorim

Foi algo inédito para mim e para ela, como experiência. Nossos estilos são bem diferentes, mas se completam/descompletam, dialogam bem. Teve e tem um caráter lúdico porque a gente se diverte muito escrevendo juntos, interferindo um na escrita do outro, dividindo um poema ou escrevendo cada um o seu. O ofício do escritor e do psicanalista são de uma solidão profunda, como você sabe. Então escrever juntos foi um artificio que eu e Roseana encontramos para escapar um pouquinho dessa condição.

Não bastasse isso, os livros que escrevemos juntos são, ao mesmo tempo, fruto e testemunho de uma admiração mútua imensa e uma amizade consistente que se mantem bastante viva e fecunda há 31 anos.

O Gatos é considerado um livro-objeto pelo grande valor literário e estético. As ilustrações belíssimas estão realmente à altura dos poemas e vice-versa.

O Balaio de felicidades (Ed. Estrela Cultural) é um primor. Belíssimo também. Roseana preza muitíssimo pelo seu prestigiado nome e eu pelo meu. Vale a pena o leitor conferir e acrescentar algumas felicidades ao seu próprio balaio.

7. Paulo Rodrigues – Como é o processo criativo de William Amorim?

Internautas, coletânea com poema de Wiliam Amorim, 2011.

William Amorim – Diferentemente da minha colega Roseana Murray, que é uma escritora profissional (no melhor sentido), vive da literatura e para a literatura, eu sou um escritor amador e quero conservar sempre essa liberdade de escrever quando eu quero, quando eu posso. Não me obrigo a publicar um livro por ano. E nem poderia porque meu trabalho no mundo acadêmico e psicanalítico é muitíssimo intenso e importante para mim.

Não sou do tipo de escritor que senta todo dia em frente ao computador em determinada hora. Quando pego um caderno ou o computador é porque algo, dentro de mim, está quase pronto, pedindo inquietantemente para sair. Uma vez escrito, posso ou não fazer algumas modificações. Ao contrário de mim, minha amiga Hilda Hilst sentava-se toda manhã em seu escritório para escrever. Tinha uma disciplina invejável.

Mas ainda que não tenha essa disciplina hilstiana, coloco-me em estado de disponibilidade para a poesia e para a prosa. Uma ou outra se impõe e eu obedeço.

8. PauloRodrigues–Vocêdiznumpoema:“háquesebebericar/pequenosgolesdetranscendência. É isso mesmo?

William Amorim – Acho que sim, Paulo. Como é para você isso? Somos seres tão presos à imanência, tudo conspira para isso, para nos anestesiar, nos embrutecer. O antídoto para não sucumbir à essa condição é tentar perfumar o cotidiano com imprevistos bons, como diria Clarice Lispector, tomar esses pequenos goles de transcendência que cada um pode inventar para si, para experimentar a sensação de estar “um pouco acima do chão”.

9. Paulo Rodrigues – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.

William Amorim – Pode ser uma do Freud que eu gosto muito e tem tudo a ver com nosso papo? Vamos lá! “. . . não desprezemos a palavra. Ela é um instrumento poderoso. É o recurso pelo qual comunicamos nossos sentimentos uns aos outros, é o caminho pelo qual influenciamos o outro. Palavras podem ser extremamente benfazejas e podem ferir terrivelmente. É verdade que no princípio era o ato, a palavra veio depois, sob certas circunstâncias foi um progresso quando a ação se reduziu à palavra. Mas a palavra originalmente era magia, um ato mágico, e ainda preservou muito de sua antiga força”. Freud. A questão da análise leiga (1926)

O amor em uma aprendizagem ou o livro dos prazeres: uma abordagem psicanalítica, William Amorim (2018)

POEMAS ESCOLHIDOS

1 – Desejo

Há um vento de alhures a sussurrar que o amor vem de norte a sul, vem por aqui, por ali, com a imprecisão de um mapa inacabado a se trilhar. Ainda que não acredites, não sou impossível de tocar. Orgulho, medo ou timidez abismam nossos corpos, mas o desejo é uma potência cega e certeira que não arrefece, pura água impondo-se desde o chão. Não há pressa, teus passos vacilantes não errarão mais o caminho nunca andado, eu sei.

Ouça, amor, a macia canção do vento que varre de um lado para outro os passinhos indeléveis do amor que aqui espera e sonha. Vem.

2 – Adeus

O medo de perder-te era maior que a perda em si, eu sei.

Há tempos vínhamos perdendo-nos do encanto que nos revelou um ao outro em meio a tantos outros, vastas multidões.

A gravidade comia a leveza que só parecia possível ao teu lado e as palavras perderam a esperança com incessantes repetições.

Repetições avessas a qualquer fagulha de novidade, repetir por repetir, letra morta, apenas. Brindes crispantes de tesão e curiosidade perderam-se não sei onde ou quando. Corpos faiscantes tornaram-se distantes, burocráticos, quase invisíveis de tão indiferentes.

A boca, sinônimo de beijos e ardências, tornou-se porta-voz de eternas ladainhas consumindo todo o tempo que não tínhamos. Fartas mensagens de outrora são lavoura devastada de silêncios e trivialidades. Então com lágrimas de dor insabida e alívio hesitante, vesti-me de adeus para nunca mais ter que voltar.

3- Junho

(Coletânea Novos Poetas Maranhenses. Prêmio Gonçalves Dias/AMEI, 2019.)

Quando amanheço, num piscar de olhos, junho chega metade sol, metade chuva sobre telhados, ladeiras e casarões exalando os longes das gentes como aromas de afetos em mesa posta para o café.

Quando anoiteço, abro os olhos dos sentidos. Ê boi! É lua prateada! É junho pedindo entrada num céu de estrelas e ruas enfeitadas com laços de fitas e sedas e chitas de saias-rodadas.

Quando entardeço, abro fé e ouvido, é junho anunciando São João, São Pedro, Cosme e Damião entre Ave-Marias e Toadas, entre Pai-Nosso, tambor de crioula e cacuriá, entre Salve-Rainhas e matracas, entre o sagrado e o profano requebrado ancestral de corpos suados. Os meses são mágicos

quando pintamos de junho a inconsistência dos dias, quando a fogueira da esperança aquece de sentidos toda vida adormecida.

4 – Palavras (poema do livro Poemas em Espelho)

Palavras sabem o mais o longe dos meus longes. Palavras me antecedem. Palavras me ultrapassam, sucedem. Palavras me vestem. Palavras me despem, tecem e destecem na roca dos dias e das noites.

Palavras matam.

Palavras salvam, falam, calam, ressuscitam, suscitam. Palavras causam. Palavras fazem guerra e paz. Palavras fazem amantes, amigos, inimigos, notas dissonantes. Palavras desbotam palavras: nazismo, fascismo, autoritarismo. Palavras sonham asas. Querem mesmo é fazer arte: liberdade da alma.

5 – Mar palimpsesto

Te vejo de perto, tão de perto que a imagem se desfaz na imediatez do olhar sem horizonte, então já não estás aqui diante de mim, mas dentro e teus olhos são os meus porque és continente interior e rogo que navegues nosso mar palimpsesto de memórias e afetos e nunca atraques no cais da dúvida para que o fim não nos alcance.

6 – Da janela (poema do livro Poemas em Espelho)

Da janela do tempo a chuva encharca a praça, a noite, o nada.

Relâmpagos riscam sustos e sombras.

Sonhos dormem na criança e no homem de outrora.

Da janela da vida, fio e desfio imanências, ato e desato contingências. E então bordo-me inexato.

7 – Transitoriedade

O tempo ameaça os dias, trai os vorazes de eternidade acorrentados em corpos por fora desgastados.

A mesa posta, em algum quintal, entorpece Cronos, desperta a criança de além dos muros da memória.

O café invade as narinas e os longes , o pão é a hóstia atemporal.

A banalidade cotidiana vela a transitoriedade da vida, a beleza do que não é excepcional, o brilho de opacas rotinas.

E porque a vida não basta, há que se bebericar pequenos goles de transcendência.

8 – Poeminha para o escritor José Luís Peixoto

A tépida voz atravessa meus longes sem algum pudor.

O timbre mais calmo que doce enlaça-me sorrateiro e diligente no elétrico âmbar das palavras que me vêm de ti e reverberam.

Teus lábios e dedos orquestram a melopeia indômita de rebatizados sentidos.

E arrebatado por teu corpo-linguagem, sou fênix.

9 – Do livro Gatos:

Gato escaldado tem medo de água fria. Gato amado não teme alegria!

II

Um pé em casa, um pé na rua, um olho no dono o outro na lua.

III

Mais silencioso que espelho, mais aventureiro que o tempo, mais indecifrável que esfinge. Gato, dorso de solidão e carícia, a liberdade é teu segredo.

10 – Do livro Balaio de Felicidades:

De que matéria?

Então um balaio pode ser uma casa onde juntamos tesouros e por suas frestas traçamos uma rota de voo?

Ou um balaio pode ser um dentro da gente, uma gaveta, um armário, mala de afetos e desejos colhidos no tempo feito conchas do mar em areia branca?

Cada balaio é um mundo, cada mundo um ser. De que matéria é feito o meu balaio e o teu?

Coletânea Novos Poetas Maranhenses, com poema de William Amorim

EDMILSON SANCHES

1817-2025: 208 ANOS

SPIX E MARTIUS PELO BRASIL E EM CAXIAS

IMAGENS - Martius e Spix, o percurso da expedição (Caxias no círculo) e o volume 2 da “Viagem pelo Brasil”, onde relatam sua chegada a Caxias, permanência na cidade e observações, em 1819, acerca da economia, dos índios e do cotidiano de “uma das mais florescentes vilas do interior do Brasil”. (O mapa é do livro “A Grande Aventura de Spix e Martius”, nº 5 da Coleção Documentos (Brasília: MEC/INL, 1972). Palmeiras em “fazenda na margem do Rio Itapicuru, no Maranhão”, segundo Spix e Martius.

Em dezembro de 1817, dois cientistas alemães iniciaram a partir do Rio de Janeiro uma viagem pelo Brasil (aliás, “Viagem pelo Brasil 1817-1820” é o nome da obra onde detalharam essa verdadeira odisseia, publicada originalmente em três volumes, de 1823 a 1831).

Carl Friedrich Philipp von Martius e Johann Baptiste von Spix já haviam sido designados, por ordem real, a realizar pesquisas na América do Sul. Era 1815 e questões políticas e econômicas impediram a viagem da dupla de cientistas. No começo de 1817 nova ordem real os leva a integrarem-se à comitiva da arquiduquesa da Áustria, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, que vinha para o Brasil, pois contratara casamento com Dom Pedro de Alcântara, futuro imperador Dom Pedro 1º.

Em 15 de julho os dois desembarcaram no Brasil, na baía da Guanabara. Martius era botânico e também médico e antropólogo, tendo se tornado um dos mais importantes pesquisadores alemães que estudaram o Brasil. Spix era zoólogo. A dupla embrenhou-se Brasil adentro. De 1817 a 1820 percorreram mais de 10 mil

quilômetros (4.000 de norte a sul e 6.500 de leste a oeste) em território dos atuais estados Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Pernambuco, Piauí, Pará e Amazonas.

É imensa a contribuição de Spix e Martius aos estudos naturais e culturais do Brasil. Eles coletaram dezenas de milhares de amostras de plantas, animais, minerais, além de artefatos e anotações e desenhos, registros sobreeconomiaeetniasetambémsobreocotidianodoslugaresquevisitaram.Comletras,númeroseimagens, além dos espécimens utilizados em estudos, os dois alemães fizeram uma radiografia da riqueza e diversidade natural e cultural do Brasil pré-Independência.

Os três volumes de “Viagem pelo Brasil” são divididos em nove livros que totalizam 36 capítulos. É no segundo volume, livro sétimo, que se encontra o capítulo 3 intitulado “Viagem de Oeiras, passando pela Vila de Caxias, a São Luís, capital do Maranhão”. A descrição do capítulo pontua: “Índios de São Gonçalo do Amarante. Adoece o grupo de viajantes. A Vila de Caxias. Cultivo e comércio de algodão. Índios das tribos dos apaonejicrãs e macamecrãs. Descrição das demais tribos existentes na província do Maranhão. Viagem pelo Rio Itapicuru, até a costa do mar, e passagem à Ilha do Maranhão, até à capital da província.”

O relato da chegada de Spix e Martius a Caxias e a descrição da cidade, com extensas anotações sobre plantio, produção e comércio de algodão e sobre índios, ocupam mais de nove páginas, cada uma destas com 48 linhas de 80 caracteres cada. Destaque-se que no capítulo 2 do segundo volume já se antecipa um registro que mostra a importância econômica de Caxias naqueles idos de 1819. Comentando sobre a inferioridade de Oeiras, então capital do Piauí, em relação a Parnaíba, escrevem os pesquisadores alemães:

“[...] Acontece que a própria Oeiras nem mesmo pode ser o empório para os produtos do interior da província; de fato, as outras vilas, Pernaguá, Jerumenha, Valença, Campo Maior, Marvão, mandam as suas mercadorias quer diretamente ao mar, para a Bahia, Parnaíba e Maranhão, quer para a VILA DE ALDEIAS ALTAS, que, situada no navegável Itapicuru, é o mais apropriado empório para o comércio do Maranhão. [...]” Como se sabe, essa “Vila de Aldeias Altas” é Caxias.

Cerca de 18 meses depois da saída da expedição do Rio de Janeiro, em dezembro de 1817, Spix e Martius pisaram em terras caxienses, provavelmente em 16 de maio de 1819. A caminhada por matas virgens e a desorientação em terrenos desconhecidos, além das doenças e a extrema debilitação física, atrasaram a chegada à zona urbana (vila) de Caxias. Talvez Martius, o primeiro a chegar à vila, só tenha chegado após o dia 20 ou na última semana de maio de 1819, já que dia 16 desse mês e em pelo menos nos dois dias seguintes, segundo seu relato, ficou muito doente, febril, a custo indo a cavalo de uma fazenda a outra (Buriti, São Pedro, Todos os santos...). Depois dele, foi a vez de Spix adoecer gravemente, com chuva torrencial sobre os dois.

Repetindo: Martius adoecera primeiro e recebeu cuidados de Spix; depois, este adoeceu violentamente e Martius, sob tempestade, improvisou medicação para o amigo. Martius teve de deixar Spix doente no meio do caminho enquanto ele, também doente e fraco, ia a cavalo rumo a Caxias, onde pretendia socorrer-se e mandar recolher Spix.

Cotejando datas e relatos, pode-se afirmar como praticamente certo: Martius e Spix devem ter permanecido pelo menos uma e, no máximo, duas semanas na vila de Caxias.

Spix morreu em 14 de março de 1826, aos 45 anos; assim, os dois últimos volumes da “Viagem”, de 1828 e 1831, foram escritos por Martius, que, devidamente autorizado, utilizou as anotações de seu companheiro de expedição científica. Martius morreu em 13 de dezembro de 1868, com 74 anos.

A seguir, trechos do relato de Martius, cobrindo do momento em que ele, tentando chegar a Caxias, se perdeu na viagem e foi localizado até a viagem dos dois cientistas e amigos, que tomaram em Caxias uma barcaça que os levou a São Luís.

*

“[...] Estávamos distantes nove léguas da VILA DE CAXIAS; mas como não havia escravos para o transporte do doente grave, faltavam-nos meios para lá chegar. Não restava, entretanto, outro alvitre, senão seguir eu mesmo na frente, para buscar socorro. Com o coração pesado, prometi ao amigo [Spix] voltar logo; fiz-me içar a cavalo, duplamente enfraquecido pela canseira da véspera, e toquei apressadamente o animal no caminho solitário. Sob os raios do sol tropical, consumido pelo calor interno da febre, passei primeiro por extensos palmeirais, que agora estavam cheios de água, depois por diversas séries de outeiros matagosos, condenado, como Tântalo, a sofrer o tormento da sede, pois que, se me apeasse, receava não poder tornar a montar. Anoitecia, sem que eu tivesse alcançado o termo da viagem; e, quando subia uma íngreme colina, e

os últimos raios do sol poente iluminavam uma região de mata, perdi o estreito trilho no meio do capim alto. Em breve, escureceu de todo; e achei-me só, doente e perdido no sertão. Na profunda apatia resultante do abalo dos últimos dias, procurava um lugar numa árvore baixa para apear-me, quando ouvi alguém assobiar, e ao meu chamado apareceu, agitando um archote, um negro que vinha de CAXIAS, pelo mato, àquela hora insólita, trazendo remédios. Esse guia, tão felizmente encontrado, pôs-me de novo na estrada, e, afinal, avistei as luzes da vila [de Caxias]. Apeei-me à porta do juiz de fora, e pude ainda entregar ao digno Sr. Luís de Oliveira Figueiredo e Almeida as nossas cartas de recomendação; mas, nesse momento, pagou o corpo o tributo dos esforços dos últimos dias, e caí sem sentidos no chão. Voltando a mim, achei-me na cama, em um quarto bem mobiliado e diante de mim, a tratar-me, um homem que me falou em inglês. Era um médico português, formado em Edimburgo [capital da Escócia, no Reino Unido], e que, pouco antes, se havia estabelecido em CAXIAS. Graças a seus cuidados, não tardei a recuperar o bem-estar, e tive a felicidade, na manhã seguinte, de ver aqui o meu amigo doente [Spix], em estado sofrível, transportado pelos negros, que haviam sido mandados a buscá-lo.

“Se tivemos, no decorrer dessa narração de viagem, não raro oportunidade de descrever momentos recompensadores e deliciosos em cenas, como as que acabo de contar, poderá o leitor ver o lado de sombra do quadro. Entretanto, o viajante que passa por tais dissabores no cumprimento do dever, também deles forma não só belo fundo de cenário para as recordações na velhice, como também mais alta confiança n’Aquele, cujo imperscrutável plano logo dispõe o socorro ao lado do perigo. A nossa saúde dia a dia foi melhorando em CAXIAS, graças aos cuidados que nos dispensavam o médico e o novo juiz de fora, Sr. Francisco Gonçalo Martins; este, embora tivesse partido da Bahia, por mar, muito depois de nós, já o encontramos aqui, para assumir a função de juiz, que em todo o Brasil é em geral exercida durante três anos, num mesmo lugar, pela mesma pessoa.

“CAXIAS (Vila desde 1812), antigamente Arraial das Aldeias Altas, é uma das mais florescentes vilas do interior do Brasil. Monta a 30.000 o número de habitantes do seu termo. Deve a sua prosperidade à cultura do algodão,exploradadesde uns vinteetantos anos, com afinco,em seuinterior,efomentada em todaa província apela Companhia de Comércio do Maranhão e Grão-Pará, assim como à atividade comercial de seus habitantes, entre os quais se encontram muitos europeus. Mais da metade de todo o algodão produzido na provínciaédespachadodaquiparaacapital, e,nos últimosanos,onúmerodefardosembarcadosem CAXIAS, cada um do peso de 5 a 6 arrobas, subiu a 25.000 e até 30.000, que, avaliando baixo, mesmo no interior, vale uns 1.650.000 ou 1.980.000 florins. Entre as qualidades de algodão do Brasil, só a de Pernambuco, na qual são incluídas as de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, é superior à do Maranhão. [...]

“[...] Nos primeiros dias de nossa estada, fomos certa vez, à tarde, atraídos à janela por berreiros na rua, onde se oferecia o singular espetáculo do bando de uns 50 índios, que passavam em completa nudez e incultura primitiva. [...] Semelhantes passeatas não são raras agora, e constituem um dos meios de que se servem os colonos para conservar em pé de amizade esses antigos donos da terra. Somente nos últimos decênios se conseguiu estabelecer pacífico tráfego entre os índios livres da província do Maranhão e os colonos; e, como a prudência manda tudo fazer para extirpar das numerosas tribos os sentimentos hostis hereditários, assim se esforçam os habitantes de CAXIAS em recebê-los bem e cumulá-los de fartas provisões de farinha, cachaça, fumoetecidosdealgodãodevariegadascores.[...]FranciscodePaulaRibeiro,numtratadomanuscrito“Sobre o gentilismo do Maranhão”, e Luís de Oliveira Figueiredo e Almeida, juiz de fora de CAXIAS, de 1812 a 1819, e que de novo encontramos na capital, relataram-nos, de viva voz, o seguinte sobre os índios dessa extensa província. [...]”.

“[...] Comunica-se CAXIAS com a capital do Maranhão apenas pelo Rio Itapicuru. Os caminhos por terra, que passam ao longo dele, de uma fazenda para outra, só servem para cavaleiros e são apenas transitáveis para os cargueiros, pois só a custo se podem manter abertos no meio dos palmeirais pantanosos e cerrados e são, além disso, expostos às inundações do rio. Chegávamos, aqui, portanto, ao termo da nossa viagem por terra e nos alegrávamos com a ideia de poder agora aproveitar de bem aparelhadas canoas, com mais comodidade, como exigia a nossa saúde abalada, para a parte restante da nossa empresa. As nossas mulas cargueiras foram vendidas aos comboieiros, que, de quando em quando, empreendem com numerosas tropas a longa viagem de 300 léguas por terra, passando por Oeiras a São Félix e Natividade, a fim de levarem a essa remota parte da província de Goiás os produtos europeus. O Rio Itapicuru, até cujas nascentes nenhum brasileiro ainda se teria aventurado, corre a sudoeste de CAXIAS, quase sempre paralelo ao seu vizinho do sul, o Rio Parnaíba, na direção do nordeste; perto dessa vila, porém, ele ruma para noroeste e, fazendo muitas curvas, lança-se no mar. De CAXIAS para cima, só é navegável em canoas muito pequenas, devido à pouca profundidade, como

pelas frequentes quedas, até a região da freguesia dos Pastos Bons ou de São Bento das Balsas. Rio abaixo, porém, admite embarcações grandes e pesadamente carregadas, tendo, embora fora do tempo da cheia, em quase todo o percurso, 60 a 80 pés de largura. Estando justamente no ponto de partir uma barcaça para o Maranhão, oferecendo segura e agradável viagem, abreviamos a demora em CAXIAS, e, na tarde de 3 de junho, armamos, por cima de um carregamento de 350 fardos de algodão, a nossa tenda, 20 pés acima do rio. [...] Quanto mais nos afastávamos de CAXIAS, mais numerosas eram as fazendas, cujo extenso casario indicava a opulência de seus donos. [...]”. (E. S.)

edmilsonsanches@uol.com.br

ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA

DIA MUNDIAL DA JUVENTUDE

JUVENTUDE & ETERNIDADE

A juventude. Ah! A juventude!!! É aquela fase onde se pode tudo e se tem todo o tempo do mundo. Pelo menos, pensa-se que tem...

Durante essa fase, "cometemos" todo tipo de atrevimento. Chegamos até a desafiar nossos queridos pais. Temos, nessa época, como diz o adágio popular: "o rei na barriga ".

O tempo, contudo, passa implacável e num momento "certo', coloca freios em nossas audácias. O que era pura intrepidez, vira experiência...

"Viramos" seres responsáveis e cheios de tarefas e preocupações. Estamos, agora, no lugar dos nossos queridos e pacientes pais...

Tudo ficou então obsoleto. Tudo!!! Lembramos com saudade da saúde e da musculatura nas alturas. Vem à mente certos modismos que eram tão bons, mas que ficaram para trás...

É uma questão de tempo "a tal" juventude. Isso me faz lembrar do cantor e compositor Belchior: "o que hoje é novo, amanhã será velho". Corretíssimo, o nosso querido artista - que saudade...

O que seria, portanto da existência senil, se não fora, um dia a juventude? Ah! Certamente não existiria idosos, nem outros jovens, nem histórias para contar...

A eternidade, nem seria assunto em pauta... Não teríamos ao longo do tempo como discorrer algo sobre ela, sem sermos um dia jovens e depois senis... Deixemos, então para Deus, cuidar desse assunto.

CONFIRMADO EM OUTRA ANTOLOGIA!

Feliz e grato, informo que fui CONFIRMADO como coautor na antologia BICENTENÁRIO DE DOM PEDRO II - UM PRESENTE AO IMPERADOR, patrocinada pela Diretoria da Academia de Letras, Ciências e Artes da Amazônia Brasileira - ALCAAB -, em parceria com o Selo Editorial: Antologias Brasil, na pessoa do editor/poeta Zecca Paim.

DIA INTERNACIONAL DO LIVRO INFANTIL

No mundo atual, a visão que temos sobre a literatura infantojuvenil, incluindo diversos segmentos: histórias, livros, revistas e poemas. No dia Internacional do livro infantojuvenil, uma homenagem escritor dinamarquês Hans Cristian Andersen, autor de inúmeros livros desse gênero, marcante para Humanidade, e admirado por crianças, jovens e adultos.

Considero os livros infantojuvenis marcantes, e recordo-me ainda criança, e adolescente, das leituras e narrativas (roda de conversa) diárias efetuada por Laura Guimarães (minha avó materna), com uma entonação perfeita, uma narrativa e dicção ideal. Conforme o livro, ela era sempre rodeada por ávidas crianças em busca de conhecimentos, ouviam sua “contação”, de suas próprias criações: “O Príncipe Pássaro”, “A Porca Ensapatada”, “O Homem que Virava Bicho”, “Agapito e Dom Sapo”, “Reino dos Milindros”, e outros. Na literatura universal, são marcantes os livros e fábulas infantojuvenis: “O Pequeno Príncipe” (Antoine de Saint-Exupéry),“OGato deBotas”(Charles Perrault),“Aliceno País das Maravilhas”(Lewis Carroll),Contos de Jacob Ludwig Carl Grimm (“A Bela Adormecida”, “A Branca de Neve”, “Chapeuzinho Vermelho”, “Cinderela”, “João e Maria”, “O Pequeno Polegar”, “Rapunzel”), “O Patinho Feio”, “A Gata Borralheira”, “Viagem ao Centro da Terra”, “As Aventuras de Pinóquio”, “As Mil e uma Noites” (“Simbá, o Marujo”, “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”), Fábulas de Esopo (“A Cigarra e a Formiga”, “A Raposo e o Corvo”, “A Lebre e a Tartaruga”, “A Raposa e as Uvas”, “O Cão e a Sombra”, “A Rã e o Touro”, “O Burro Carregando Sal”, “O Cão e a Máscara”, “O Galo e a Pérola”, “O Corvo e o Jarro”, “O Leão e o Rato”, “A Galinha e os ovos de ouro”, “O Vento Norte e o Sol”, “O Lobo e o Cordeiro”, “O Pastor Mentiroso e o Lobo”, “O Urso e as Abelhas”, O Cavalo e o Burro”, “As Aves e o Morcego”), Peter Pan (James Matthew Barrie), e outros inúmeros clássicos.

Aqui ou acolá, nos deparamos ainda com geniais livros, como: a série de sete romances de fantasia escrita pela autora britânica J. K. Rowling (Harry Potter e a Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter e o Cálice de Fogo, Harry Potter e a Ordem da Fênix, Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Harry Potter e as Relíquias da Morte, Harry Potter e a Criança Amaldiçoada).

Ainda nos deparávamos com a maravilhosa série Senhor dos Anéis, de autoria de J. R. R. Tolkien (O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, O Senhor dos Anéis: As Duas Torres, O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei).

Temos ainda as maravilhas da Marvel (Homem de Ferro, Homem Aranha, Wolverine, Pantera Negra, Feiticeira Escarlate, Capitão América, Viúva Negra, Magneto, Thor, Doutor Octopus, Demolidor, Doutor Estranho, Capitão América, Gavião Arqueiro, Fantasma etc.

As histórias de Wald Disney, que fizeram parte de minha infância e juventude, e que vale a pena listar: Pato Donald, Zé Carioca, Tio Patinhas, Pateta, Os Irmãos Metralhas, Mickey, sempre foram marcantes.

Emnossopaís,comumaliteraturaquemarcouemarcaminhainfânciaedemilhõesdecriançaseadolescentes: “Cazuza” (Viriato Corrêa), “O Sítio do Picapau Amarelo”, “Reinações de Narizinho”, “O saci”, “A chave do tamanho”, “Histórias de Tia Nastácia”, “Fábulas”, “Memórias da Emília”, “Caçadas de Pedrinho”, “Ideias de JecaTatu”,Urupês, Aventuras deHans Staden, (MonteiroLobato),“OMeninoMaluquinho”(Ziraldo),“Pluft, o fantasminha”, “O cavalinho azul”, “A bruxinha que era boa” "Turma do Pererê", e outras peças, Avosidade: Relação jurídica entre avós e netos (Maria Clara Machado).

No meu estado, o Maranhão, com suas diversas literaturas, temos inúmeros escritores de livros infantojuvenis, citarei alguns deles, e, conhecendo a maioria desses escritores e escritoras, perdoe-me por eventuais falhas de nomes: Cléo Rolim (“Miguel na Terra das Cores”, “O Gato que Queria ser Sapo”), Lívia Abadia, Elizeu Arruda, Fernanda Figueiredo ("Guga:o poodle: Memórias de um peludo"), Susana Pinheiro, Raimunda Fortes, Walterline Maia, Erica Natacha, Neurivan Sousa, Sharlene Serra (Ouvindo com Vitória, Interagindo com Lucas, Aprendendo com Biel, Diário Mágico, Caminhando com Paulo, Olhando Com Ritinha), Wilson Marques (O tambor do Mestre Zizinho, Quem tem medo de Ana Jansen, Os dois irmãos e o Olu, A lenda do Rei Sebastião e o Touro Encantado, Menina Inhame, O jovem João do Vale), Francinete Braga, Marcia Montenegro, Surama Cristina Caldas, Aldenora Resende dos Santos Neta, Natinho Costa Fênix (“As Aventuras de Uma Gotinha D’água”, “O Gatinho Que Não Sabia Miar”), Anizia Maria Costa Nascimento (“A Bruxinha Lenlenzinha e as Cores”), Iramir Araújo (revistas, sendo uma adaptação de clássicos: “O Mulato”, “Úrsula” em quadrinhos, “Ajurujuba - A fundação da cidade de São Luís”, “Além das lendas, Tambores de

São Luís”), Nuna, CordeiroFilho,“Cabral, Caju, Cabalau”,EricodeOliveiraJunqueiraAyres (Inmemoriam), Lourença Melo ("O vestido de Rosas" e "Cambacica um passarinho confiado", "O saci da perna metálica", "A flor do meu pequeno jardim: ternas lembranças", "O Quatipuru Bulicoso"), Antônio Melo (“A Face Inspiradora da Poesia”, “Nem Crise Nem Gripe”, “Contos e Histórias de Melo II”, “O Bicho do Zoolhão”, “As Proezas do Filho do Pescador”, “Felipe Pai D´égua”, “Cozinhando Osso”, “Robô Tote: Sucata de Aço”, "O lobo-guara e o quatipuru"), Amanda Belo, Uilmar Junior, Gilson César (mímico), Linda Barros, Beto Nicácio, Marcos Caldas, Rom Freire, Ronilson Freire, Wescley Brito, Nayra Gomes, Raimunda Frazão, Goreth Pereira, e outros.

Informações colhidas através do jornalista e memorialista José Gomes - Gojoba, nas emissoras de rádio e na "nascente", televisão no Maranhão, tinhamos programas (leituras), voltados exclusivamente para o público infantojuvenil: programa de Nicomar Costa (Dona Caronchinha); na televisão, o "Palhaço Pipiu", Elvas Ribeiro (Parafuso) e Marreta. (TV-Difusora), falecido recentemente.

Atualmente, questiona-se a importância dos livros infantojuvenis, alguns críticos e estudiosos interrogam-se: será se na era dos computadores, aparelhos celulares, inteligência artificial e outras mídias, o livro infantojuvenil terá espaço? Ora, respondo: claro e evidente, que sim, pois quem irá produzir o conhecimento, necessário para esse segmento de leitores? O mundo atual vive uma transformação (uma nova realidade), onde profissões, ofícios e materiais, acabaram ou estão próximos disso. Isso me torna inquieto ao ponto de eu perguntar: será se ocorrerá o mesmo com o livro? Acredito que não. Pois ainda hoje, em sala de aula, alunos ficam abismados - curiosos, quando falo que escrevo livros. O livro sempre será a maior fonte de conhecimento, daí a admiração deles... Eu, por minha vez, ouço de um ou de outro, que nunca olharam ou leram um livro infantojuvenil. O que vejo, nesse momento, são leitores sem norte, pois não mostramos o caminho, não lhes garantindo o conhecimento, pelo contrário, dificulta. Que nossos passos ou pegadas, no planeta Terra, deixem livros, pois são expressões da verdade e contradições. Trata-se da nossa dignidade enquanto seres humanos - estáveis ou instáveis, vitoriosos ou derrotados. Acredito, porém, que o bem sempre vence, pois, a força da vida está com os que nunca desistem de tentar. No dia do livro infantojuvenil, saúdo os pequenos leitores, escritores, contadores de histórias.

DIA DA BIBLIOTECA

Não existiria esse dia tão especial se não fora os ilustres pesquisadores, abaixo relacionados. Diz respeito a seres especiais - que vivem nas "sombras" - e que, desenvolvem pesquisas, a partir de um método científico. Em outras palavras, a partir de uma metodologia que testa e comprova hipóteses, estabelecendo com veracidade, precisão, amplitude e conclusão nas diversas áreas de conhecimento.

Ei-los: Zacarias, Luiz Melo, Maria de Lourdes Lauande Lacroix, Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Euges Lima, Elizabeth Sousa Abrantes, Natalino Salgado, Marise Ericeira, Henrique Borralho, os pesquisadores do Arquivo TJMA,RaimundoBalby SilvaSilva,JoséNeres, RoqueMacatrão,CélioGitahyVazSardinha,Iramir Alves Araujo, Aline Mendonça, Eden Do Carmo Soares Junior, José Reinaldo, André Barreto Campelo, Claunísio Amorim Carvalho, Germana, Eduardo Cordeiro, Ana Lívia, Diogo Gualhardo Neves, Cândida Íris Moreira Lima, Alan Kardec Pacheco, José Eulálio Figueiredo de Almeida, Rossini Corrêa, pesquisadores da Biblioteca Pública Benedito Leite, os pesquisadores do Arquivo Público, os pesquisadores da Biblioteca Municipal José Sarney, os pesquisadores da Casa de Cultura Josué Montello, os pesquisadores do Mavam, os pesquisadores do Ipham, os pesquisadores do Instituto de Genealogia do Maranhão, os pesquisadores do IHGM, Flaviomiro Mendonça, Nelin Vieira Vieira, Antonio Noberto, José Jorge, Joseane Souza, Wilson Martins, Iury Costa, Manoel Barros, Kathia Salomão, Maria Rachel Souza Soares de Quadros, Paulo Oliveira, André Luís Ferreira, Paulo Helder, Luanvyson Mello, Gabriela, Hugo Enes, Osias Filho, Djalda Muniz, Antônia da Silva Mota, Aldy Mello de Araújo, Aline Nascimento, José Almeida, Paulo Meneses Pereira, Joaquim Pedro Aguiar, Ananias Martins, Aureo Mendonça, Flaviano Meneses da Costa, Bruno Azevedo, Ademar Danilo, Herbeth de Jesus, Dulcinea Llopes Espindola Espindola , Marcelo Cheche Galves, Giniomar Ferreira Almeida, Lissandra Leite, Regina Farias e Wagner Cabral, Eziquio Barros Neto, Washington Cantanhede, Inaldo Lisboa, Mundinha, José Marcelo do Espírito Santos, Manoel dos Santos Neto, Herbeth de Jesus, Edmilson Sanches, José Carlos de Araújo, Carlos Alberto, Joaquim Haickel, Júlia Camêlo Camêlo,

Marcelo Barros, Mundicarmo Ferretti, Ana Luisa Almeida Ferro, Flávio Braga, Ramssés De Sousa Silva, Agenor Gomes, Christopherson Melo, dentre outros.

Profissionais de relevância e "apaixonados" por seus ofícios e lugares que frequentam. São pesquisadores de arquivos e bibliotecas, buscando em jornais, partituras, filmes, pergaminhos, livros antigos e anuários, os fatos e conhecimentos.

São providos das observações, investigações, espíritos críticos e perseveranças. Não existem por acidente, são personagens constantes nos Arquivos públicos e particulares, blibliotecas públicas ou particulares, em museus e mesmo em outras plagas.

MÉRITO LITERÁRIO

Feliz e grato, informo o Recebimento do Certificado de Mérito Literário, emitido por AUGUSTÍSSIMA E SOBERANA CASA REAL E IMPERIAL DOS GODOS DO ORIENTE, A ACADEMIA DE LETRAS, CIÊNCIAS E ARTES DA AMAZÔNIA BRASILEIRA - ALCAAB, A FEDERAÇÃO DAS ACADEMIAS BRASILEIRAS DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES - FEBACLA E O CENTRO SARMATHIANO DE ALTOS ESTUDOS FILOSÓFICOS E HISTÓRICOS E O SELO EDITORIAL ANTOLOGIA BRASIL.

Muito obrigado!

DIOGO GALHARDO NEVES

ZECA TOCANTINS

Eram poucas as ruas naquele tempo, mas aquela era a mais conhecida. Os postes de madeiras perfilados ostentavam o único fio da cidade, que se estendia por toda rua, aliás, ia muito além: varava matas, subia morros, cruzava os varjões até chegar a São Luís, capital do estado.

Era o fio do telégrafo, revelando o grau de importância que a pequena Imperatriz ganhara com a estrada Belém-Brasília. A rodoviária confirmava esse crescimento com a chegada de pessoas de várias regiões. Terras eram invadidas e transformadas em bairros, só depois de muito tempo chegaram os fios de eletricidade.

A rua era iluminada por lamparinas e as crianças conheciam as primeiras letras em casas particulares como a da professora Zezé, depois veio a Escola Municipal União, bem ao lado do campo de futebol. Dona Amélia e minha mãe se tratavam por comadre, consideração que mantiveram até o fim de suas vidas.

O vizinho mais rico era seu Antônio Simão, que tinha casa de aluguel, quatro carroças e animais de sua propriedade, os outros: Antônio da Mata, seu Jorge, Supercílios, Maria Joana, seu Osmar, eram iguais a nós. A colher de café emprestada ou qualquer alimento era normal entre os vizinhos.

A molecada se divertia no areião da rua, alguns desempenhava a difícil tarefa de manter os potes cheios com água do rio. Todo mundo tinha apelido, aquilo gerava atrito no começo, depois acabavam substituindo o próprio nome de batismo. Nossos pais incutiam em nossas cabeças a importância do estudo, alguns até analfabetos, mas certos que a escola poderia mudar aquela realidade. Nossos estudos se misturavam com trabalhos e brincadeiras.

Aqueles meninos cresceram, muitos deles assumiram papéis importantes na sociedade. Birico classificado num concurso público, passou a ser chamado de sargento Neres, assumindo grandes responsabilidades na aeronáutica, fiscalizando aeroportos. A rua do fio tinha orgulho de seus filhos ilustres, notícias como esta eram divididas com muita alegria pela vizinhança.

Um dia a rua perdeu seu nome, passou a ser chamada de D. Pedro II, homenagem a um rei que nunca pisou aquele areião e que nenhum de nós o conhecia. O rei de nossa rua é Birico, menino que jogava bola, empinou papagaio e fez dos livros escada para conquistar seu espaço na sociedade. O rei de nossa rua é Birico, filho de família pobre que viveu honestamente. O rei da rua do fio é Birico: que resgatou o Neres, sobrenome de sua família e colocou em destaque na sociedade. O cidadão Neres, o pai de família, o nosso querido Birico de infância. Z T.

ACADEMIA DE LETRAS

Na minha juventude a vida pulsava forte nas instituições: associações, sindicatos, união de moradores... nós mesmo criamos a Associação Artística de Imperatriz - ASSARTI, que brigou tanto até conseguir um teatro para a cidade. Quase todas tinham seu próprio jornal mimeografado, digitados no estencil, depois rodado no mimeografo. O nosso era vendido na praça de Fátima, onde a rapaziada amante do teatro costuma se encontrar.

Na cidade de Conceição do Araguaia, em um Festival de música encontrei Masofi vendendo seu livro de poesias chamado Pegadas, todo feito na máquina de escrever e xerocado. Achei o máximo, tinha encontrado a fórmula secreta para editar. Cheguei em Imperatriz e preparei com todo zelo o meu primeiro livro: Calumbi. Nas atividades culturais eram normais apresentarem-se objetos trabalhados artesanalmente para venda. Por esse tempo nascia a ética editora, comandada pelo prestigioso Adalberto Franklin que leu Calumbi e declarou que ele merecia melhor tratamento estético. Em pouco tempo o livro ganhara cara nova. Daí ele começou insistir que eu integrasse uma instituição chamada Academia de Letras, resisti. Naquele tempo o postulante era ingressado com apresentação de três membros da instituição, Adalberto conseguiu mais dois. No dia 27 de janeiro de 1994, me tornava membro da Academia de Letras. Portanto, há quase trinta anos.

A Academia ainda levou alguns anos para completar seu quadro de membros fundadores. Mas, sob o comando de Vito Milesi, professor aposentado, já utilizando o Paço de Cultura como sede, a Academia foi assumindo papel importante na vida literária da cidade. Com a criação do Salão do Livro esse papel se ampliou por todo o estado e fez brotar em várias cidades outras Academias.

Os desafios continuam e exigem de cada membro uma parcela de dedicação: Agostinho, Edna, Sanches, Vito, Porto, Trajano, comandantes que conduziram e conduzem essa nau na direção de um porto seguro, onde o livro reine soberano; instruindo, educando, descobrindo em cada novo leitor um caminho para uma cidade mais humana. Z T.

MEU REINADO

Hoje o meu reino amanheceu mais pobre e é justo que seja assim, que ele vá sendo reduzido gradativamente até desaparecer, mas não posso negar a dor de cada perda. Não é nenhuma decadência, é a regra universal, tudo nasce, cresce e morre. Como ser catalisador, capaz de sentir as dores das crianças da Ucrânia, de Gaza e do mundo, agredidas pela nossa insensibilidade, sinto-me na obrigação de deixar cair estas lágrimas por Zezé da Flauta. Esse ser distante que sempre morou em mim.

São raros no meio musical pessoas com a cordialidade de Zezé, chegava ser exagerada, pra nós acostumados aos pontapés. Não citarei as muitas contribuições ao meu trabalho, pois sei que muitos como eu foram beneficiados pela sua generosidade. Esse mestre, dotado de ricos conhecimentos musicais adquiridos ao longo de seus estudos, se empenhava em um projeto lindo que colocava a música maranhense em partitura, para que os jovens estudantes tivessem acesso a esse patrimônio tão importante da cultura maranhense. Incluiu em seus estudos uma música minha. Como se isso fosse pouco, queria a minha opinião sobre o seu trabalho. Ele o professor procurava ao aluno se ele estava certo.

Ver meu reinado desmoronando me entristece, mas não me causa nenhum tormento, todos nós, sabendo ou não, seremos o último tijolo nesse desmontar da existência. É nesse desaparecer que tudo ganha importância, o abraço, o sorriso, a companhia. É disso que é feito o meu reinado, dessas coisas desimportantes que se ornamentam de grandiosidade nesses momentos que chegam parecer milagres, e o coração pulsa agradecido por ter sido pelo prazer da amizade.

Nelson Brito, Gigi Moreira, Zezé, tantos outros, hei de carregar comigo como partes importantes de minha construção. Mas reconheço que todos eles pesam, justamente quando as minhas forças estão se esvaindo. Isso produz um desequilíbrio e a parte mais forte acaba conduzindo a mais fraca. Mas essa morte de Zezé produz alívio, não há insônia. A pior morte é aquela que nos atormenta todos os dias, quando estamos vivos, tentando ser útil e os senhores do poder não nos permite.

É claro que estou menor, que estou mais pobre. Nesse momento só a minha lagrima é grande e arde o meu corpo como se quisesse purificar toda a minha alma. Z T.

MARIZA GARCIA

Mariza da Graça Santos Garcia da Mota, nasceu no Povoado do Mota, Cururupu-MA, em 16 de agosto de 1952. Realizou seus estudos em SãoLuís-MA,entreos anos de1956 a1962.Voltou paraCururupu econcluiu seu Ensino Fundamental no ano de 1967 na Escola Ginasial de Cururupu. Após a conclusão, retornou para São Luís por falta de escola, iniciou em 1968 o Curso Normal Colegial do Instituto de Educação do Município de São Luís (São Luís – MA). Em 1970 prestou vestibular para Universidade Federal do Maranhão (UFMA), para Letras e Artes, onde concluiu com êxito em 1975. Em seguida realizou os cursos: Radialista pela UFMA, e pós-graduação pela Universidade Salgado de Oliveira Filho em Planejamento Educacional. Atualmente nomeada membrofundadordaAcademiaCururupuensedeLetras,seguenoexercíciodofascíniodesdegarota pelas escritas de textos românticos.

PACOVA, CANTOS DE UM CÓRREGO

O olho d´agua, onde árvores se deitam. Entre ruas da cidade, um oásis rareia.

Pássaros sem medo em galhos, se aninham. Cantando vida, em harmonia perfeita!

Lá brincávamos com peixinhos de prata, No córrego cristalino, nossa alegria.

A maré enchia e o rio se animava, Nossa infância cheia de pureza e graça.

Hoje, esquecido, o rio chora sua sorte, Desprezado, sem cuidado, sem amor.

O mundo mudou e a beleza se perdeu, Deixando saudade, tristeza e dor.

Lembro-me das brincadeiras, junto ao córrego. Peixinhos nadando, sorrisos sem medo. Preservemos essa joia natural.

Para as gerações futuras encontrarem um legado real.

Não deixemos morrer, esse olho d´agua, Fonte de vida, onde a natureza renova. Um pedaço do coração que não volta mais. Que possamos aprender com o passado.

E preservar a beleza que ainda resta

O rio da infância, um tesouro raro,

Guarde-o em sua memória

Com carinho e cuidado.

O sol se põe sobre as águas tranquilas. Pássaros migratórios cantam suas histórias, Esquecendo o mundo lá fora. A brisa suave acaricia a minha face. Nesse local sagrado encontro a minha paz. Águas cristalinas, um refúgio escondido nas ruas da cidade.

Mas na memória guardo essa beleza, E o rio da infância, eternamente serás!

A LAVADEIRA SONHADORA

Mariza Garcia

Lavava roupa, sonhava só. Três vezes por semana, eu ia, Ao encontro da natureza, a Pacova sorria!

Meus irmãos traziam a banheira cheia. Mamãe não queria que eu me cansasse. Apenas acessórios eu carregava: palha de milho ou bucha, sabão e a cuia. E a beleza do local, meu coração enlevava.

Com sonhos de vitória, eu lavor. Alegrar mãe, meu maior tesouro. Não gostava de faltar as aulas, vencer era meu objetivo. Mãos brancas de sabão, coração cheio de emoção!

Rejubilava em ajudar, sem medo ou pejo. Nunca me envergonhei do meu trabalho. O orgulho de contribuir, meu maior prêmio.

Lúcidas são as marcas guardadas, Memórias vivas, nunca esquecidas, caminho familiar. Lavadeira poetisa, alma singular, dou vida ao que vivi, Versos que brotam, coração que senti, Venci obstáculos, realizei sonhos, E agora, em versos, minha história conto.

Mãe com orgulho, me via crescer, Mocinha habilidosa, com mãos que sabem fazer, Com satisfação e alegria, Sempre queria me agradecer.

A lavadeira (1966) - Newton Pavão

JORGE ANTÔNIO SOARES LEÃO

Jorge Antônio Soares Leão é professor no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Ele possui mestrado em Educação pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e graduação em Filosofia pela mesma instituição. Seu trabalho acadêmico se concentra no ensino de filosofia, especialmente através do uso de arte, literatura, cinema, dramaturgia e música.

Ele também contribuiu para pesquisas sobre a relação entre educação e práxis emancipatória, analisando as perspectivas críticas de Adorno sobre o modelo educacional em sociedades capitalistas

1. Dissertação de Mestrado: "Contribuições do Ensino de Filosofia para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio, no Contexto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão". Este trabalho foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em 2011.

2. Artigos e Pesquisas: Ele também tem contribuído com artigos e pesquisas focados na relação entre educação e práxis emancipatória, analisando as perspectivas críticas de Adorno sobre o modelo educacional em sociedades capitalistas

3. "A Relação entre Educação e Práxis Emancipatória" - Neste trabalho, Leão analisa as perspectivas críticas de Adorno sobre o modelo educacional em sociedades capitalistas, destacando a importância da educação para a emancipação social

São Luis, capital do amor..

Constelação de poetas em versos...

No terreno da flor...

Que desabrocha em becos e praças... imersos...

Na memória do povo ancestral... Indígena tupinamba...

África em tambor filial...

Língua portuguesa na dança cacuriá...

Ilha dos encantos e lendas... Das festas de junho em torno da fogueira...

Uma promessa tremenda, Acendendo a devoção costumeira...

Upaon Acu... grande terreiro...

De sabores e luz...

No arroz de cuxá faceiro...

Com o mingau de milho e cuscuz...

Toca o reggae também por cá... Agarradinho e pausado...

No grave timbre da caixa a vibrar...

O sotaque certeiro do amor cultivado...

Ilha de encantos, amores e belezas... Saudades que ficam quando partimos daqui... Levando no peito imensas certezas... De que és uma flor encantada a florir...

GUARANÁ

NONATO REIS

O Guaraná Jesus, quem diria! Surgiu de uma tentativa de refrigerante à base de gengibre, amargo pra danar. A gênese dessa bebida remete a dois maranhenses, Jesus Noberto Gomes, o legítimo criador; e Sálvio Mendonça, uma espécie de conselheiro. Ambos nasceram praticamente na mesma época. Noberto, em Vitória do Mearim, em 1891; Sálvio, em Viana, em 1892. Norberto veio para São Luís aos 14 anos, à procura de emprego. Sálvio foi para a Bahia estudar Medicina.

O encontro dos dois se deu em São Luís em 1925, quando Norberto já era dono de farmácia e Sálvio, médico recém-formado. Dois anos depois surgia a fórmula que seria disputada por grandes marcas de refrigerantes, e a partir dos anos 2000 se tornou patrimônio da Coca-Cola. O Guaraná Jesus, de tal forma caiu no gosto dos maranhenses, que em São Luís chegou a bater em vendagem a própria Coca-Cola, líder mundial desse segmento.

1905. Jesus Norberto desembarcou em São Luís, na Rampa Campos Melo, aos 14 anos, “sem dinheiro no banco ou parentes importantes”. Vinha do seu berço de origem, Vitória do Mearim, para, como se diz no interior, “ganhar a vida”. Jesus Norberto Gomes era pobre, não tinha nada, exceto a vontade de crescer e conquistar um lugar ao sol.

Queria trabalhar “em qualquer coisa e ganhar qualquer dinheiro”, como escrevera Sálvio Mendonça em seu livro “História de um menino pobre”. Sálvio, então médico recém-formado, quando conheceu Jesus Norberto, este já era proprietário da Farmácia Sanitária, em cujo laboratório gestaria a fórmula do famoso “Sonho Cor de Rosa”.

Seu primeiro emprego, espécie de zelador e officie-boy, foi na Farmácia César Marques. Lavava vidros, empacotava remédios e os entregava a domicílio. Inteligente, sagaz, com enorme tino empreendedor, em pouco tempo Jesus Norberto aprendeu a manipular as receitas e começou a se familiarizar com os processos de reações químicas em laboratório.

Aos 20 anos, deixou de ser empregado e tornou-se dono do próprio negócio, com a aquisição da Farmácia Galvão, na Rua Grande, que arrematou por três contos e 600 mil réis, dinheiro que economizara durante os seis anos de trabalho duro na farmácia César Marques.

A Farmácia Galvão estava praticamente falida: não tinha estoque, capital de giro, nem freguês, o que exigiu do novo dono suor e determinação.

Jesus Gomes trabalhava dia e noite no preparo de medicamentos injetáveis, cujas encomendas entregava pessoalmente a domicílio, independente de horário, de tempo bom ou ruim. Dor de dente, desarranjo

estomacal, cólicas intestinais, o mal que fosse, ele sempre tinha um remédio para combatê-lo, que poderia ser iodo, gaiacol, elixir paregórico, porção de Ravier.

Quando Sálvio conheceu Jesus Noberto e os dois se tornaram amigos, a Farmácia Sanitária já funcionava na Rua de Nazaré, em instalações bem melhores do que as da Rua Grande. Ali Sálvio, a convite de Noberto, montou consultório num pequeno espaço cedido pelo proprietário. Atendia casos de doenças venéreas e problemas gástricos.

Começava a expansão das atividades deNoberto como empreendedor e sua farmácia assumiu ares de indústria farmacêutica, produzindo medicamentos injetáveis em larga escala.

Norberto cresceu como empresário, mas procurou manter um regime de cooperativismo com seus empregados, dando-lhes o direito de participação nos lucros da empresa, o que fazia do empreendimento algo compartilhado por todos. Em 1922, a Farmácia Sanitária já era estruturada com sessões de farmácia, drogaria e laboratório.

Sálvio sugere então a Noberto que comece a fabricar águas gasosas e refrigerantes.

Em 1925, num galpão de fundo de quintal, na rua Nina Rodrigues, dá-se início à fabricação de “guaraná, colaguaraná e gengibre”. "Seu Jesus", como era conhecido, havia comprado uma máquina de gaseificação da Alemanha para fazer magnésia fluida, só que ele não tinha autorização do Ministério da Saúde para preparar esse produto, que já era fabricado pela Farmácia Granado, no Rio de Janeiro.

Então lançou-se na tentativa de produzir um concorrente para o "ginger ale", refrigerante à base de gengibre fabricado na Ingaterra e muito popular no Brasil, especialmente em São Luís. Os primeiro produtos eram quase insípidos e amargavam pra chuchu. Noberto aprimora a fórmula, corrige o sabor. Os filhos dele experimentam e aprovam. Estava criado o embrião da bebida que faria história dentro e fora do Estado. O Guaraná Jesus é talvez hoje o produto que mais se identifica com o Maranhão. No festival junino de anos atrás, organizado para celebridades no Convento das Mercês pela maranhense Thaynara OG, maior nome do snapchat no Brasil, o refrigerante foi a grande estrela do evento, dado de presente aos convidados como marca genuína do Estado. Acabou viralizado nas redes sociais pelo sabor único e inigualável. O que era reserva do Maranhão ganhou ares de preferência universal, sendo apreciado não apenas por boiolas, ao contrário do que pensa o Presidente da República, mas também por héteros, bi, trans, machões, enrustidos e assemelhados.

Nonato Reis é um jornalista e escritor maranhense com mais de 30 anos de carreira. Ele lançou seu primeiro livro de memórias, "Lembranças de Repórter", em setembro de 2022. Este livro resgata o ambiente das redações jornalísticas do passado no Maranhão, oferecendo um panorama sobre a rotina dos jornalistas entre os anos 80 e 90. Além de "Lembranças de Repórter", Nonato Reis é autor de vários outros livros, incluindo: "Lipe e Juliana" (2017) "A Saga de Amaralinda" (2018) "A Fazenda Bacazinho" (2019) "Ossos do Ofício" (2020), escrito em parceria com Jil Borges "Os Sinos da Matriz" (2021) Ele também trabalhou nos principais jornais de São Luís e foi correspondente da Folha de São Paulo. Atualmente, Nonato Reis é oficial de justiça no Maranhão

MANOEL DOS SANTOS NETO

Ainda sob a consternação ocasionada pela morte de José de Ribamar Elvas Ribeiro, o estimado ‘Parafuso’, que faleceu em São Luís na noite de quinta-feira (27 março), passei o final de semana ocupado com a releitura de um dos melhores livros do saudoso Bernardo Coelho de Almeida (1927-1996): o ensaio autobiográfico intitulado “Éramos felizes e não sabíamos”.

Para quem não sabe, Bernardo Almeida, um dos pioneiros no jornalismo radiofônico do Maranhão, foi o predestinado diretor artístico e administrativo da Rádio Difusora do Maranhão, no esplendor do extraordinário prestígio desta emissora, inaugurada na capital maranhense no dia 29 de outubro de 1955. No livro “Éramos felizes e não sabíamos”, publicado em 1989, Bernardo Almeida - jornalista, poeta, romancista e político - faz o magistral registro em 48 crônicas de uma São Luís cujos filhos foram felizes sem se dar conta disso.

Na condição de cronista Bernardo Almeida registra, com muito orgulho, a sua rica trajetória de radialista que teve papel central e decisivo na animação daquele “mundo singelo” pelas ondas de rádio, que produziram naquele momento a Era de Ouro do Rádio no Maranhão, sendo ele o todo-poderoso diretor artístico da Rádio Difusora AM 680, a mais completa e influente emissora do Estado.

Seu relato é rico de situações e mostra que naquele tempo uma emissora de rádio era uma grande empresa segmentada – programas de estúdio, programas de auditório, rádio-jornalismo intenso, departamento de esporte, equipe de repórteres, rádio-escuta, cast de cantores e de músicos e de locutores de radionovela – e que influenciava, às vezes decisivamente, qualquer situação, principalmente as de viés político. O ponto alto era o editorial ‘Difusora Opina’, ao meio dia, por ele redigido diariamente, e por meio do qual a emissora se posicionava, o que fazia com que o governador e o motorista de táxi parassem para ouvi-lo. A audiênciaeainfluênciadaemissoraforamconsagradascom aversãodaGuerrados Mundos,deOrsonWelles, produzida pelo radialista Sérgio Brito. Neste episódio entram também a genialidade, o talento e a sonoplastia do nosso célebre ‘Parafuso’, que quase levou a cidade à loucura com a suposta invasão de marcianos. Ele protagonizou este episódio marcante do rádio maranhense: a Guerra dos Mundos. Na ocasião, ‘Parafuso’ fez parte da sonoplastia da adaptação radiofônica da obra literária que narra uma invasão de marcianos ao planeta. Por mal-entendidos, muitos ludovicenses acreditaram que, de fato, estavam sob uma invasão alienígena, o que gerou fechamento de comércios e até intervenções policiais.

A história foi tão marcante que mais tarde tornou-se obra literária. O episódio está registrado em detalhes no livro “Outubro de 1971 – Memórias fantásticas da Guerra dos Mundos”, organizado por Francisco Gonçalves da Conceição.

“Eu era sonoplasta, fazia os sons dos extraterrestres. Foi muito divertido, mas também muito sério. Fui interrogado pela Polícia Federal na época. As pessoas se zangaram comigo. Foi um acontecimento”, lembrou “Parafuso” sobre o ocorrido em uma entrevista a um jornal impresso.

Como radialista veterano, “Parafuso” eternizou sua experiência e conhecimento no livro autobiográfico intitulado “Memórias de um Parafuso”, uma obra que revela bastidores do rádio maranhense e sua trajetória profissional. O livro, lançado em São Luís em 2014, tornou-se uma referência para aqueles que desejam conhecer mais sobre importância deste grande sonoplasta e sobre a evolução do rádio no Estado do Maranhão. No livro “Éramos felizes e não sabíamos”, Bernardo relata o começo do fim da Era de Ouro do Rádio quando, por ironia do destino, ele próprio, que foi um dos seus ícones, apareceu na primeira transmissão da TV Difusora, em 1963. A Difusora AM resistiu, manteve-se no topo por alguns anos, mas quedou. “Éramos felizes e não sabíamos” é, portanto, um retrato do mundo feliz no qual o autor viveu. Mas ele acabou por se dar conta de que esse mundo não mais existia quando, infelizmente, o Rádio perdeu força e o prestígio, a TV impôs uma nova realidade, os bares deixaram de ser redutos da boemia autêntica e a violência das ruas começou a mostrar sua cara em São Luís.

Foi nesse novo cenário, muito desafiador para as novas gerações, que Bernardo Almeida faleceu aos 69 anos, no dia 4 de agosto de 1996. ‘Parafuso’ deixou saudades e partiu para a eternidade, aos 93 anos, na última quinta-feira (dia 27 março).

Manoel Santos Neto é um jornalista maranhense conhecido por suas pesquisas e escritos sobre figuras históricas. Um de seus trabalhos notáveis é o livro "Othelino: um herói da imprensa livre", que detalha a vida e carreira de Othelino Nova Alves, um jornalista proeminente e controverso do Maranhão. O livro foi lançado em São Luís e faz parte de uma série de 12 livros-reportagem intitulada "Valha-me Deus!".

1. "O Negro no Maranhão: A escravidão, a liberdade e a construção da cidadania" - Este livro aborda a história dos negros no Maranhão, desde a escravidão até a construção da cidadania

2. "Jornais do Império e o Cativeiro no Maranhão 1821 – 1888" - Este livro explora os quilombos e o movimento abolicionista no Maranhão durante o século XIX

COLÉGIOS. MESTRES E DOUTORES DO SABER

(do Livro Minhas Memórias de São Luís)

Hamilton Raposo Miranda Filho

Todos os dias eu agradeço por nascer e morar na melhor e mais bonita cidade do Brasil. São Luís é riquíssima em cultura, gastronomia, arquitetura e belezas naturais. Nenhuma cidade do Brasil reúne esses elementos com tamanha harmonia e predominância.

São luís também tem seus encantos na educação. Colégios que resistem, outros que fisicamente deixaram de existir, mas insistem em permanecerem vivos na memória da cidade.

Professores, grandes mestres da educação, escolas que se eternizaram na história de São Luís e que marcaram a vida social da cidade, formando cidadãos e cidadãs, numa época em que as aulas eram ministradas com o suporte de giz, quadro negro e cartolina. E aqui vai uma lembrança de uma geração que viveu o privilégio de conhecer estas escolas e seus grandes mestres:

1- Instituto Raimundo Cerveira e Colégio Zoé Cerveira - Família Nascimento de Moraes.

2- Colégio Conceição de Maria - Professoras Maria Ferreira e Lucinha Ferreira.

3 Colégio São Luís Gonzaga - Professora Zuleide Bogéa.

4- Colégio Liceu Maranhense - Professores José Rosa, Sued, Concita Quadros, Luís Aranha e muitos outros.

5- Colégio Maristas - Irmão Jorge, Irmão Pio, Irmão José...

6- Colégio São Luís - Professores Luís Rego e Luís Augusto.

7- Colégio Ateneu Teixeira Mendes - Professor Solano Rodrigues.

8- Colégio Cardoso Amorim - Professor Capitulino.

9- Colégio Centro Caixeiral - Professores Washington e Álvaro.

10 - Academia do Comércio: Professor Waldemar Carvalho.

11- Colégio Santa Teresa: Madre Câmara, Madre Coutinho, Madre Guiomar, Madre Lima.

12 - Colégio Batista: Professor Figueiredo.

13 - Colégio Rosa Castro - Professora Zuíla.

14 - Escola Técnica - Professor Ronald Carvalho.

15 - Escola Santa Terezinha - Família Valois.

16 - Colégio Dom Bosco - Professor Luís Pinho e Professora Maria Isabel.

18 - Colégio Girassol - Professora Déa Vasques e Ana Maria Belfort.

19 - Colégio São Vicente de Paula

20 - Curso de Inglês John Kennedy - Professora Jean Mouse Camarão. Mestres, os doutores do saber, merecerão sempre o registro da história pela dedicação na arte de educar. Aqui cito alguns que passaram pela minha vida e me marcaram para sempre: Dimas, Raimunda Santos, Maria da Graça Jorge, Concita Quadros, Sued, Monteiro, Cota Varela, Adelaide, dona Severa, Floriano de Jesus, Bibiano, Ramiro Azevedo, Botão, Conceição Bastos, e muitos outros que levarei na memória para sempre. Confesso com orgulho e admiração que tive a honra de estudar em algumas dessas escolas e de ser aluno destes grandes Mestres.

MANOEL DOS SANTOS NETO

O jornalista e escritor Nelin Vieira está às voltas com a divulgação de seu mais novo livro, intitulado ‘Carneiro Sobrinho: Vida, Sindicalismo e Discursos". Esta obra é uma biografia do sindicalista arariense Carneiro Sobrinho, destacando sua atuação no movimento sindical, em São Luís, nos cargos de juiz classista nos Tribunais Regionais do Trabalho do Maranhão e Ceará, e conselheiro na 19ª Junta de Recursos da Previdência Social do Maranhão.

Lançado em novembro de 2024, o livro ‘Carneiro Sobrinho: Vida, Sindicalismo e Discursos’ traça um amplo perfil biográfico do sindicalista José de Ribamar Carneiro Sobrinho, maranhense, natural da cidade Arari. Carneiro Sobrinho, na juventude, marcou época como locutor do serviço de alto-falantes Voz de Arari, fundado pelo padre Brandt e Silva, foi gráfico no Jornal do Dia que, a partir de 1º de maio de 1973, passou a circular com o nome de ‘O Estado do Maranhão’. Ele é sindicalista, jornalista, advogado, juiz classista aposentado e titular-fundador das academias Arariense-Vitoriense de Letras e Arariense de Letras, Artes e Ciências.

“Sua vida pessoal, familiar e profissional têm sido uma corrente de inesquecível e cristalino valor, pontilhada de muita beleza. Orador de refinadas palavras que, por diversas vezes foi indicado para saudar altas personalidades, no Brasil e no exterior. E assim o fez com muita competência ao saudar o presidente Ernesto Geisel em nome da classe dos dirigentes sindicalistas, no Palácio do Planalto, em Brasília. Na saudação que fez ao governador João Castelo, por ocasião do lançamento da Pedra Fundamental da Casa do Trabalhador, em São Luís e ao presidente Figueiredo, quando de sua inauguração. Na Capital Federal, também teve a honra de falar para o seu conterrâneo, o presidente José Sarney, em nome dos magistrados classistas do Brasil”, escreve Nelin Vieira no livro de sua autoria.

Com 283 páginas, o livro ‘Carneiro Sobrinho Vida, Sindicalismo e Discursos’ tem prefácio assinado pelo escritor João Francisco Batalha. Nelin Vieira nasceu em São Mateus do Maranhão, em 1957. É jornalista e contista. Graduou-se em Comunicação Social em 2002, pela Universidade Ceuma, com habilitação em Publicidade e Propaganda, e é pós-graduado em Jornalismo Cultural pela UFMA – Universidade Federal do Maranhão (2007).

Como contista e jornalista Nelin Vieira já colaborou com os principais jornais e revistas do Estado do Maranhão. É sindicalista desde 1985, e ocupa o cargo de presidente do Sindicato dos Securitários do Estado do Maranhão. Também é membro da Federação Nacional dos Securitários e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito. Foi juiz do Tribunal Regional do Trabalho, como representante dos trabalhadores (1998/2001) e conselheiro da 19ª Junta de Recursos da Previdência Social do Estado do Maranhão, de 2005 a 2018.

É fundador do jornal são-mateuense O Tamburi e membro das Academias de Letras de Arari, Magalhães de Almeida e da Academia Literária do Maranhão (ALMA). É autor também do livro ‘O centésimo emprego de Seu Lelé Bristol’ (contos).

VELÓRIO ACADÊMICO

Daniel Blume, Cadeira n. 15 da AML

Era o velório de um imortal. Os soluços quase gritos de uma senhora de preto chamava boa parte das atenções, enquanto os dois filhos do falecido recebiam as condolências. Eles estavam tristes, no entanto, conformados. Afinal, seu pai morrera profissionalmente consagrado, porém com a saúde bastante combalida, após mais de nove décadas de uma vida dedicada aos livros.

Com abundantes cabelos loiros, bem escovados, nem gorda nem magra, apresentava certa altura. Os cerca de sessenta anos de idade lhe lançavam como diva. Não consegui entrever o rosto da mulher chorosa. Até tentei, mas a enlutada usava um daqueles chapéus com véu negro, bem incomuns aqui pelos trópicos. Não intentei me aproximar, na esperança de que se recompusesse para receber meus pêsames. Seria de bom tom cumprimentá-la, pois consternada com a partida do intelectual. Devia ser próxima do “de cujus”.

Membro da Academia Brasileira de Letras, o escritor Aparecido Magro morrera com pouca lucidez. Meses antes de falecer, já frequentava os chás das quintas-feiras em cadeira de rodas empurrada por uma cuidadora. Veias roxas saltavam de sua pele pálida quase encoberta por um terno folgado. Tinha dificuldade ao falar, balbuciava com olhar difuso.

Apesar de famoso, Magro não era rico, mesmo porque escritor e professor universitário aposentado. Quando de sua posse no Sodalício, seus amigos mais próximos cotizaram-se para encomendar o fardão verde oliva, com o qual se encontrava vestido em seu velório.

Foi quando, no meio das exéquias, a exuberante senhora começou a berrar, “eu não acredito”, “digam que é mentira”, “me leva contigo, me leva”, fitando o caixão aberto. Rapidamente, alguém lhe ofereceu um copo d’água e mais condolências. Ela agradeceu com a cabeça.

Desconfortável e um tanto irritada, a filha mais velha do acadêmico indagou ao irmão quem era aquela mulher. Antes deste instante, jamais desconfiara que seu pai tivesse qualquer relacionamento, mesmo depois da morte de sua mãe, que nem o viu ingressar na Academia. Faleceu meses antes da eleição, em estado avançado de Alzheimer. Aparecido Magro Filho acabou sorrindo ao reportar que não conhecia a “aparente viúva”.

Em uma roda próxima, ouvi dois confrades do falecido que conversavam sobre um eventual seminário acerca da biografia e da obra de Aparecido, quando um questionou ao outro, “conhece a protagonista do velório?” O colega lhe respondeu que sim, “ela me foi apresentada por um amigo em comum. Soube que é escritora e que aprecia o legado de Magro. Mas o próprio nem a conhecia”.

“Como assim?!” Exclamou o ouvinte com olhos de coruja. De pronto, respondeu-lhe o confrade, “a distinta é candidata à Casa de Machado de Assis”.

A Quinta de Stanislau guardava o marco zero da colonização de Viana, mas, ausente das preocupações do município e da própria grade de ensino das escolas, não despertava qualquer interesse, seja do poder público ou mesmo dos moradores. Era um ponto esquecido na cartografia e também na memória coletiva.

Um dia de céu claro e sol inclemente, o velho Solano Silva procurou Pedro Castro, estudioso da catequese jesuítica no Maracu, e Newton Muniz, neto de Stanislau, e pediu a eles que o acompanhassem numa inspeção às terras remanescentes do patriarca dos Muniz, o que gerou desconfiança da parte de Pedro.

- Meu velho tem certeza que aguenta fazer essa trilha?

Sol respondeu com firmeza e uma certa dose de irritação.

- Por que não aguentaria? Toda minha infância eu passei na mata, em meio a onças, insetos e outros bichos ferozes.

Newton ponderou.

- Mas isso foi há muito tempo, Sol. As coisas mudaram...

O velho cortou o raciocínio de Newton...

- Mesmo nesta idade e andando apoiado em muletas, eu ainda tenho muito fôlego e disposição. Mais do que muitos que se dizem jovens.

Vencidos, Pedro e Newton se puseram a caminho da quinta, tendo o velho na retaguarda, que parecia se movimentar por entre os arbustos com relativa facilidade. Cruzaram as cercas de arame que demarcavam a área e adentraram o matagal.

Mas do que localizar o terreno em que fora fundada a fazenda São Bonifácio do Maracu, sede da empresa agrícola dos jesuítas, agora perdida em meio à floresta sem qualquer vestígio, Sol desejava ao menos encontrar o velho poço que abastecia a casa grande. Consultando fontes históricas e o próprio Pedro Castro, o velho entendeu que a fazenda fora erguida a poucos metros do local onde, tempos depois, Marcelino Trancoso edificara a sua residência, sendo sucedido por Stanislau.

Mesmo que identificassem a localização exata do marco zero, o que era absolutamente improvável, não havia qualquer vestígio que desse suporte à investigação, a menos que localizassem o poço, que segundo relato dos mais antigos, ficava a cerca de 30 braças em linha reta, a partir dos fundos da casa.

Murilo Muniz, irmão de Newton, e atual proprietário da quinta, contara a Sol que, além do poço em questão, havia mais cinco cacimbas da época da catequese, espalhadas pelas terras do seu avô, que se estendiam ao Saragoço, até atingir as margens do Lago do Aquiri, já na divisa entre Viana e Matinha. Com a morte de Stanislau e, posteriormente, dos seus filhos, as terras foram rateadas entre os herdeiros remanescentes, sendo que a Murilo coube o quinhão que abrigara a sede da quinta.

A tarefa para localizar o marco zero parecia inglória, haja vista a mata densa que se formara nos quase 40 anos que separavam aquele momento da morte de Stanislau, quando a quinta passou à condição de desabitada Porém, a intuição do velho Sol, acostumado a se movimentar por florestas virgens, durante a infância, sugeria que, contando com alguma dose de sorte, poderiam decifrar o diagrama, e a chave era encontrar o poço.

Logo ao se embrenharem no matagal, Sol compreendeu que aquela era uma expedição que implicava um certo grau de aventura por área salpicada de árvores seculares e ervas daninhas, repleta de insetos, cobras e outros répteis próprios daquele tipo de vegetação, mesmo distando apenas algumas braças do rio Maracu.

As pesquisas sobre a catequese no Maranhão indicam que no ano de 1683 os jesuítas da Ordem de Inácio de Loyola desembarcaram às margens do rio Maracu e ali fundaram o que veio a ser o maior projeto agrícola da região.

Chegaram no lugar movidos por dois objetivos, um mercantil, que constituía as suas reais intenções em solo do Grão-Pará, e outro religioso - converter gentios ao catolicismo -, que soava mais como cortina de fumaça, para ocultar o foco de suas ambições na Colônia.

Os jesuítas já tinham ouvido falar da provável existência de minas de ouro na bacia do rio Turiaçu. Como exímios mercadores, excursionaram pelo Golfão Maranhense, em busca do tesouro especulado. Mas, por razões não esclarecidas, ao invés de pegarem o rio Gurupi, navegaram pelo Pindaré, até alcançarem um de seus braços, o rio Maracu.

Em meio a tribos de índios, possivelmente guajajaras, não encontraram ouro no Maracu, mas, fascinados pelo relevo planificado, decidiram investir na produção de gado de corte. Assim fora implantada a Fazenda São Bonifácio do Maracu, considerada o marco inicial da colonização de Viana.

Sol e seus auxiliares chegaram a uma área de vegetação rasteira, que parecia uma tapera, com árvores frutíferas nas proximidades. O velho deu alguns passos em linha reta e, de repente, seus olhos deram, ao longe, 0com o rio Maracu, que se estendia preguiçosamente na direção de Viana. “Ali ficava a casa do meu avô”, disse Newton, apontando o indicador para um velho pé de manga bacuri. Pedro Castro sinalizou para a outra margem do rio.

- Perto do Cemitério dos Anjos, naquele oitão do lado esquerdo, os jesuítas ergueram a sua igreja, que ficava de frente para a fazenda, na margem oposta do rio.

Newton completou:

- E um pouco mais acima está o pé de manga burra enorme, que meus avós diziam ter sido plantado pelos jesuítas. Até hoje dá frutos, e dos bons.

Sol concordou com a cabeça.

- Eu já conheço a mangueira, porque estive lá pouco tempo depois de chegar ao Ibacazinho, e acho provável que as informações sobre a origem dessa árvore e da igreja estejam corretas.

Depois, dirigindo a visão no sentido da antiga casa de Mariana Mendonça, Sol fez um sinal indicativo com o queixo.

- Vejo ali, um pouco mais à direita do cemitério, um grande tamarindeiro. Essa árvore tinha a função de marco das terras coloniais. Os jesuítas costumavam plantá-las próximas a cemitérios, igrejas ou casas de fazenda.

Pedro completou.

- Por isso que havia diversos pés de tamarindo pelo Ibacazinho e redondeza. Tinha um na Fazenda Bacazinho, outro no Taberneiro, também no Muricituba, Juncal, Malhada do Mato e dois no cemitério dos adultos.

Sol tirou o chapéu da cabeça e esfregou a testa com as mãos para afastar o suor. E antes que os ajudantes fizessem menção de dar uma parada para descanso, ordenou. “Vamos em frente, que, se não estou errado, a fazenda dos jesuítas era logo ali adiante”.

A Fazenda São Bonifácio, em sua fase áurea, chegou a dispor de 15 mil cabeças de gado e quatro engenhos, para o beneficiamento da cana de açúcar. O empreendimento também produzia rapadura, mel de abelha, farinha de mandioca, arroz e legumes. Todo o excedente era exportado para São Luís e também Lisboa.

Com a expulsão dos padres, em 1759, pelo Marquês de Pombal, o espólio dos jesuítas foi confiscado pela Coroa, que nomeou como gestor um parente de Pombal, José Feliciano Botelho de Mendonça, elevado ao cargo de capitão-mor das terras do Maracu. Esse descendente de Pombal assinala a chegada da família Mendonça no Ibacazinho, cujo domínio prevalece até os dias atuais.

Sem o braço forte dos jesuítas, o projeto da Missão de Conceição do Maracu entrou em declínio, até se extinguir inteiramente. Séculos depois, sem a devida preservação, restaram apenas vestígios do que outrora fora um grande marco colonialista.

Ainda é possível encontrar, em meio ao matagal, pedras, cerâmicas, artefatos e até moedas.

Sol divisou uma grota antiga, de onde surgiu um enorme cameleão, que fugiu por entre as folhagens em desabalada carreira, o que provocou um comentário do velho, em tom de otimismo.

- Acho que estamos próximos de encontrar o nosso tesouro.

Newton sinalizou um pé de jatobá com o dedo indicativo.

- A fazenda deve ter sido erguida aqui, neste ponto. E o poço, que eu conheci quando menino, é logo ali adiante. Ele tinha a boca grande e era revestido de tijolos maciços. Meu avô usava a água dele para tomar banho e até lavar roupa. Se não estou enganado, ele deve estar à nossa esquerda, um pouco mais à frente. De repente uma serpente deu o bote na perna de Newton, e só não o atingiu, mortalmente, graças às botas de borracha que usava na expedição.

Newton deu um pulo do lado e sacou o patacho que trazia preso à cintura, pronto para golpear a cabeça da serpente, mas foi impedido pela mão do velho, que segurou o seu punho no ar.

- Não faça isso. Ela apenas se sentiu ameaçada com a nossa presença. Este é o seu habitat, nós somos os intrusos. Matá-la é uma agressão à vida e também à harmonia do meio ambiente.

Newton protestou.

- Mas ela é um perigo, Sol. Se não matamos essa cobra, ela pode matar outras pessoas, inclusive nós.

- Você mata uma e acha que acabou com a espécie. Iguais a ela existem milhares de outros exemplares. Sigamos em frente e deixemos a cascavel em paz.

Sol não perdeu tempo, e ordenou que se lançassem à caçada daquele marco colonial. Seu faro de conhecedor dos mistérios da mata indicava que estavam a ponto de alcançá-lo e ver como estaria a sua conservação. De facão em punho, os três foram abrindo picadas e se embrenhando pelo matagal, em meio ao cantar de cigarras e picadas de membecas que cruzavam o ar feito nuvem. De repente um grito de vitória.

- Achei!

Sol olhou para a sua direita e viu Newton à beira de um enorme buraco, praticamente fechado por cipós e ervas daninhas. Ele e Pedro se aproximaram e foram roçando o matagal até a boca do poço, que ficou inteiramente visível. As paredes internas ainda conservavam o revestimento em tijolos maciços e miúdos. O diâmetro media não mais que um metro e meio, mas o fundo, repleto de sedimentos, não havia como estimar a sua extensão.

Pedro comentou, revelando seus dotes de pesquisador.

- Esse poço deve remeter, realmente, ao período catequético, e a prova é o tipo de tijolos usados para o revestimento das paredes internas, estreitos e maciços. Esse material era empregado nos

empreendimentos coloniais, e há relatos de que os jesuítas mantinham olarias nas terras do Ibacazinho, para a demanda das suas edificações.

Sol olhou em volta com ar de desolação, e Newton quis saber o que se passava com ele.

- Fico triste de ver o descaso do poder público com a história deste lugar. O Ibacazinho guarda a origem de Viana, e ainda assim é tratado com absoluto desprezo.

Pedro questionou Sol.

- O que vamos fazer agora?

- Primeiro, localizar e mapear cada achado jesuítico: o Porto do Padre, a Quinta do Maracu, os dois cemitérios, a croa, o canal da mutuca, o fojo, a igreja, os engenhos e todos os poços, para depois estabelecer marcas informativas. Se a Prefeitura não faz, faremos nós. Devemos isso ao Ibacazinho e à história deste lugar.

Capítulo 8, do romance A MENINA E O SOL POENTE, com lançamento para dezembro de 2025.

ADEUS A VARGAS LLOSA: O ÚLTIMO ECO DO BOOM

Peruano escreveu o ruído das instituições, o desconforto da memória, os becos de uma moral que nunca se resolve.

tentou iluminar, com palavras, os labirintos da história (Foto: Reprodução)

Na madrugada opaca de Lima, silenciou-se Mario Vargas Llosa, aos 89 anos. Não houve cerimônia, nem cortejo: apenas o anúncio breve dos filhos e a reverberação de suas páginas entre os que ainda leem com fome.

Vargas Llosa era talvez o último farol aceso do chamado boom latino-americano aquele tempo em que a literatura do sul explodia em línguas estrangeiras e nos olhos da crítica europeia. Mas, mais do que parte de um rótulo editorial, ele foi um cronista incansável do poder e de suas engrenagens invisíveis. Escreveu o ruído das instituições, o desconforto da memória, os becos de uma moral que nunca se resolve.

Deixou uma obra extensa e inquieta: A Cidade e os Cachorros, com seus cadetes endurecidos; Conversa na Catedral, onde o destino se esconde num bar esquecido de Lima; A Festa do Bode, que expõe a anatomia do medo sob o regime de Trujillo. Sua última oferenda, Le dedico mi silencio (2023), parece título de epitáfio: um silêncio dedicado, talvez, ao ofício da linguagem, à América Latina que ele tentou traduzir. Llosa também transbordou para o cinema. Pantaleão e as Visitadoras virou filme em 1999, dirigido por Francisco Lombardi. Antes, A Cidade e os Cachorros ganhara versão audiovisual em 1985. Em 2005, A Festa do Bode foi adaptada por seu primo, Luis Llosa, numa narrativa dura, sem romantismos.

Além da literatura, houve a política e nela um ruído dissonante: a candidatura à presidência do Peru em 1990, a cidadania espanhola depois, as posturas que dividiam os leitores entre o autor e o homem. Mas talvez isso também seja parte de sua complexidade: Vargas Llosa não queria agradar, queria provocar.

A morte de Vargas Llosa é o fim de uma era. Seu desaparecimento físico não apaga a voz que atravessa continentes e décadas. Ela segue ecoando em frases longas, em personagens dilacerados, em perguntas que jamais foram respondidas.

Num continente que sempre arde, Llosa tentou iluminar, com palavras, os labirintos da história. E agora, resta o silêncio dedicado, literário, definitivo.

Llosa

A CAMISETA POÉTICA DE ANTONIO AILTON

TwitterFacebookWhatsAppCompartilhar

Rafael Oliveira*

Cada leitor procura algo no poema. E não é insólito que o encontre, pois já o trazia dentro de si (Octavio Paz)

Com um discurso poético absolutamente singular, Antonio Ailton responde, com palavras que pensam, às diferentes perguntas que a vida e o mundo lhe sussurram diariamente. Essas respostas não vêm estampadas em panfletos, outdoors, televisão, jornais ou revistas, mas, sim, impressas em seus livrospoemas: Os dias perambulados & outros tOrtos Girassóis (Fundação Cultural do Recife, 2008), Compulsão Agridoce (Paco Editorial, 2015), CERZIR – livro dos 50 (Penalux [Litteralux], 2019), MENAGE – Antologia Trilingue de Poesia (Helvetia Editora, 2019) e a camiseta de atlas (EDUFMA/FAPEMA, 2023). É neste último que encontramos a bela imagem que inspira parte do título deste texto: a “camiseta poética” com a qual o autor se veste para enfrentar o mundo — suportando, assim, o peso (e o espanto) da contemporaneidade.

Na escrita de Ailton, o conceito aristotélico de poiesis confunde-se com a própria lapidação do ser um processo artesanal, talvez alquímico, em que o verbo atua como cinzel e a poesia, como argila. Para isso, o poeta se vale da linguagem como um observador que, ao mesmo tempo, encanta e critica, mantendo suas antenas sensíveis voltadas para o espetáculo que a poesia encena ao seu redor e, sobretudo, em si mesma. Pela sua natureza transgressora, subverte norma e forma, rompendo a rigidez da língua com originalidade e inventividade. Age como quem atravessa múltiplas camadas da realidade, que, como um espelho, reflete o que está oculto entre os interstícios do tempo, da memória, da existência e do humano. Um exemplo disso é esta crítica (irônica) aos sucessos imediatos e midiáticos das redes sociais:

Agora

basta o artifício e um título bacana

O resto

é cair em campo e postar sua fama

(a camiseta de atlas, p. 61).

A poesia de Antonio Ailton se entranha em todos os poros (e encantos) da linguagem. Como um escafandrista insubmisso, ele mergulha nos contextos densos e reais do cotidiano para acender fósforos no imprevisto da linguagem, iluminando sentidos pelas frestas dos versos. Com delicada irreverência, tensiona o tecido da tradição para criar uma poesia autoral, viva que sua, brada, inspira e que está sempre atenta à sua realidade. Por isso, cada verso é ruptura e sopro. Afinal, Ailton flagra o poético antes que ele se dissolva na névoa da mesmice. Em seus poemas, a plasticidade das imagens se entrelaça à densidade do existir, encarnando, muitas vezes, a ironia precisa de Padre Antônio Vieira ou a língua afiada de Gregório de Matos como em “Nariz de Hilux”, poema que merece ser lido na íntegra:

Nariz de Hilux

A maior arte da política é o cinismo travestido de pós-humano

Os que são pobres por natureza não precisam dividir seus bens ou porque não os têm ou porque nunca os tiveram

Mas não é preciso ter bens para dividi-los, quando se quer

O cínico ri dos outros, que para ele ou são cães

ou são crédulos

A maior arma do cínico é o nariz

É incrível, seu nariz permanece sempre para cima como se tudo mais estivesse ao seu dispor, abaixo dele

(a camiseta de atlas, p. 41).

Por isso, a camiseta de atlas torna-se uma peça poética cheia de significantes e significados enigmáticos ou uma armadilha delicada que, como uma esponja, aprisiona a seiva bruta do poético para, na oficina das palavras, ser transformada em imagens altamente simbólicas. Inspirado em Atlas, Ailton sustenta seus poemas dentro de um livro que revela sua habilidade em esculpir versos curtos, longos ou prosaicos , mostrando que a vida é um amontoado de verdades e mentiras estocadas no tempo-espaço do mundo.

Com recursos linguísticos e estilísticos precisos, Antonio Ailton firma-se como um poeta respeitado e, sobretudo, comentado em razão de sua lírica ser tecnicamente um tecido de significados sutis e plurais.

Basta ler, por exemplo, estes versos que refletem sobre o destino (ou a desimportância) de um livro diante da lógica utilitária do mundo:

Na reciclagem dos objetos inúteis o futuro deste livro é ser flor de plástico ou amparo de abajur (a camiseta de atlas, p. 81).

Enfim, Ailton se transfigura em um Outro um “eu” lírico movido pelas engrenagens invisíveis das palavras. Embora seja, em si, um cidadão como outro qualquer, que está inserido na dinâmica mecanicista do mundo, ele, por vezes, habita conforme Heidegger o espaço mais sublime da linguagem, onde seu coração literário pulsa inquieto, resistente e poético, entre epifanias existenciais e estranhezas cotidianas. Além de nos presentear com seus versos de alto rigor/teor estético-simbólico, ele nos envolve com sua “camiseta poética” de palavras e sentidos, ajudando-nos a suportar, com sensibilidade e imaginação, o peso (e a leveza) do nosso tempo.

20 cofres vazios para carregadores indispostos

(Antonio Aílton – a camiseta de atlas – FAPEMA/EDUFMA, 2023)

“O caracol, para sempre desperto, em sua Concha estremece e navega em favor da China” (Philip Levine – A Sleepless Night)

1

Que ninguém apareça para chutar o carregador de perdas auferidas que parou pra juntar sua história da bagana

2

À falta de sentido, resta-nos dar sentido à concisão hipersensível dos restos

3

À margem de cada página genial havia uma pilha de cigarros e embrulhos com alertas de câncer e impotência

4

Escandir uma rosa não filtra sua beleza apenas mutila sua linguagem de espinhos

5

Toda vez que um poema se completa, uma borboleta se desprega dos pequenos guardados de Deus e começa a voar por aí por isso novos poetas são continuamente incorporados à Sua extensa coleção de lagartas (Não confundir com a coleção do poeta Manoel de Barros)

6

A última consequência do primado da imagem na poesia é a construção de uma autopoiesis em disputa real

por teus olhos no Instagram

7

Quando o fiscal de roubo da palavra alheia mostra sua face de despeito e entra em falência, passamos a chamar os larápios de homens de negócios, os penduricalhos de poemas, de gadgets e os lugares-comuns, de “habitação intertextual”

8

O mitômano fala com a gente em terceira pessoa – e reserva a primeira para sua autobiografia

9

Um dia ainda haveremos de entender a relação entre a Poesia e a Secretaria do Tesouro Nacional

Por enquanto nosso papel é garantir a inutilidade pública das nossas escavações em poços clandestinos de palavras.

10

Há duas espécies de contemporâneos, diz-se

O do agora, dentro da moda e aquele que habita a zona cinza de todos os tempos

Nesta pegada, ser contemporâneo é compreender é ser extra e intra, habitante da Anacronia distância e desmembramento, sem evasão

No mais das vezes, o trabalhador não tem a chance de aluir-se de si, senão para o contemporâneo de seus pedaços e em sua cela compor a visão de um morto que está vivo, e só

11

“Sufocamento dos desejos”, “aniquilamento do eu” “asfixia da subjetividade” estão definitivamente selados no cândido coração dos teus cards

12

Da poesia também se extrai a mais-valia. Alguns aproveitam para aliar os meios de produção aos seus respectivos meios de interpretação

13

O movimento contínuo do discurso para engrandecer-se é desqualificar o anterior.

A própria poesia tem seus discursos, mas deve aprender a puxar o pino sem perder a perna.

14

A unidade entre o caracol e sua concha só é comparável à unidade entre o trabalhador e os aparelhos multifuncionais de apaziguamento coletivo na áspera concha de sua mão

15

Caracol para navegar precisa virar de costas com risco de apenas boiar de um lado para outro.

Se ele se esticar bastante, seu próprio corpo servirá de remo, sem que alguém lhe suba às ancas, mas deixemos que ele desperte por si só: é uma questão de dignidade.

16

Alguns caracóis permanecem aquela coisa mole dentro de sua casca, “gerando a pestilência”

17

O homem está mais próximo do caracol do que Deus, salvo quando suas costas começam a se dobrar numa espiral de possibilidades infinitas, para dentro de si mesmo

18

O amor também é um fato social quando se entende, com Durkheim, que a felicidade pode estar tanto no progresso quanto no suicídio

19

O amor tem o peso de um cofre. Amar é uma forma de carregar Não se sabe, porém, se o melhor para o carrega’Dor é que o cofre esteja cheio ou vazio

Carrego a dor dos pianos até que você me acorde para outro canto, co-movido

20

A quem ousar tomar de assalto o que está lá dentro encontrará apenas a matriosca em ferro e louça deixada como prêmio pelos deuses da fortuna Um cofre sobre outro levas por reserva Um cofre em outro cofre deixas quando cessas

*Rafael Oliveira é Médico, poeta, membro da SOBRAMES-MA, autor de o avesso abstrato das coisas (Penalux [Litteralux], 2021).

Joizacawpy Costa.

O poema Eu te Louvo Senhora de autoria da grande Dilercy Adler, é uma reverência inestimável, pois ela coloca em versos e palavras expressões tão reais que acabamos sentido profundamente o que Firmina é, e fazemos uma viagem para encontrá-la. Ela traz de forma muito viva a agonia, a resiliência a coragem de abdicar de Prazeres pessoais em prol de outras pessoas, traz consigo as ideais que não eram só dela e que se estendia a muitos que precisavam.

Apesar do peso que lhe foi imposto, na escrita de Adler em seus versos ela pôde renascer.

Dilercy faz referência no poema a teimosia dessa nobre mulher em sustentar suas causas alicerçadas sobre sua sabedoria, ainda que isso lhe custasse abrir mãos de muita coisa, inclusive da experiência do amor, que transferira para o amor ao próximo aqueles mais vulneráveis.

Alder finda o poema devolvendo em versos o gozo perdido por Firmina desejando fantasias eternas louvando-a agora e para sempre.

EU TE LOUVO SENHORA

À

Maria Firmina dos Reis

Eu te louvo senhora pela agonia sentida que te tirou o prazer do gozo do corpo impondo agonia profunda doída

mas que te fez renascer em palavras e versos de puro querer!

Eu te louvo senhora pelos crus dissabores nesta vida sofridos … Eu te louvo senhora por tua teimosia por tua leveza de corpo e de alma... por suave alegria parcamente sentida apesar da tirania da dor revelada em toda tua vida…

Eu te louvo senhora pelo amor do qual abdicaste -quimera humana!de uma vida a outra vida ... para entregar-te a outro amor também profundo aquele amor aos desvalidos abandonados pela sorte jogados aos destinos inumanos neste mundo!…

Eu te louvo senhora pelo teu imensurável amor à humanidade por tua luta incansável pela igualdade por tua excepcional dedicação materna aos filhos abandonados nesta terra pela vida pela história pela verdadeira e única humanidade! renasce agora - nesta hora o gozo do corpo e da alma neste louvor que hoje a ti dedico e não há gozo maior que este gozo devolvido em palavras e versos desejos...fantasias... eternos

perenes romanescamente femininos!

Eu te louvo senhora agora nesta hora hoje e para sempre te louvarei também amém!

(Dilercy Adler)

Honraria literária. Ressalto um importante marco na história da literatura maranhense, a instituição da comenda “Maria Firmina do Mérito Literário e Cultural”.

A Medalha “’Maria Firmina’ do Mérito Literário e Cultural” foi instituída por meio da Resolução ALL nº 001/2017, de 09 de dezembro de 2017, subscrita pela Presidente Dilercy Aragão Adler, devidamente aprovada pela Diretoria e, por unanimidade, pelo Plenário da Academia Ludovicense de Letras (ALL), em sessão ordinária realizada em 25 de novembro de 2017.

Trata-se da mais elevada honraria conferida por esta Academia, destinada a distinguir personalidades cujos relevantes serviços prestados à literatura e à cultura os tornem merecedores do reconhecimento público que a referida outorga representa.

O título desta crônica foi extraído da lendária fala do impagável Chacrinha, que entoava a frase, durante algumas vezes, no seu inesquecível programa semanal O Cassino do Chacrinha, de saudosa memória. Repetindo sempre, para lembrar aos desavisados, que “quem não se comunica se trumbica”, o velho guerreiro Abelardo Barbosa, ícone do humorismo brasileiro e dos programas de auditório, jogava, ocasionalmente, às vezes, ao vivo, em seu programa, para a sua esfuziante plateia, vários bacalhaus durante o seu horário na TV. Bons tempos aqueles!

Se o Chacrinha ainda estivesse vivo e com seu programa no ar, talvez ficasse improvável ele continuar a jogar bacalhau para seu público. Se o Cassino do Chacrinha fosse realizado hoje no Maranhão, provavelmente ele gritaria: “olha a tapiaca!” E com certeza também não seriam tantas as salvadoras tapiacas que poderiam aterrissar nas mãos dos frequentadores do famoso programa. Mesmo sendo bem consumido pela população, tem gente que não sabe que tapiaca é uma designação usada pelos maranhenses para identificar um peixe de água doce de pequeno porte, geralmente encontrado salpreso nas feiras.

O preço do filé do bacalhau do Porto atingiu nos hipermercados patamares estratosféricos, atingindo, em alguns lugares, cifras estarrecedoras, sendo comercializado a R$ 309,99 o quilo. É pra deixar qualquer um de queixo caído ou de bolso esmorecido. Mas não apenas o bacalhau está nas alturas. O custo da pescada amarela, peixe pedra ou camorim também esvazia o ânimo do consumidor. Já de há muito tempo que o preço do pescado não está para peixe miúdo...

E o camarão? Desse, nem se fala. Dantes, no quartel de Abrantes, como dizia a saudosa Dona Maria Lavadeira, “peixe era comida de pobre, e carne, comida de rico!” Hoje, os papeis se inverteram. A carne de frango está com preços alcançáveis pelo assalariado e o peixe, cada vez mais vasqueiro na mesa dos menos favorecidos, quanto mais o tal do bacalhau...

As explicações para o preço elevado do pescado são várias, e estão interligadas com a escassez do produto diante da pesca predatória, bem como a rede de atravessadores e a descoberta de que o peixe é um alimento mais saudável do que a carne vermelha, dentre outros fatores, além da tradição de se comer peixe neste período da Semana Santa, o que já altera para cima o valor cobrado. Mesmo assim, os peixes ditos menos nobres estão com valor elevado. O custo não está bom para cristão, como dizia o velho Chapéu de Couro.

Só resta ao assalariado levar para casa uma tapiaca, que no leite de coco fica uma delícia, embrulhar numa quitanda uma sardinha em lata, e meia dúzia de ovos, mesmo com valor inflacionado. Existem uns aventureiros que se arriscam ainda da mureta da Avenida Beira-Mar para tentar capturar uns papistas, infelizmente já contaminados por falta de saneamento básico no Rio Anil. Mas, como diz minha querida amiga Teresa Nascimento, “é o que há!”. Para quem também não sabe o que é o tal do papista, cabe informar que se trata de um peixinho chamado carataí (nome científico: Pseudauchenitterus nodosus), que chegam a medir até 15 cm de comprimento, conhecidos também pelos nomes populares de peixe-cachorro, gravataí ou garavataí, dentre outras designações. Bem freqüentes no rio Anil e no Bacanga, que banham São Luís.

Nesta época do ano, é tradição se comer peixe e se abster de carne, em razão da Semana Santa. Tem até um dito que a memória me resgatou da infância: “Aleluia, aleluia; peixe no prato e farinha na cuia!”. Mesmo jogando o orçamento familiar no vermelho, muita gente humilde ainda segue o antigo costume. Atento ao problema econômico, a Igreja desde há muito liberou o cristão desse sacrifício, entendendo que não é a carne como alimento que conspurca o fiel. Na acepção bíblica, “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem”, segundo o Evangelho de Mateus 15, 11. Se nem a carne, muito menos o peixe contamina o homem (se não estiverem afetados pela poluição), o que foi que gerou e multiplicou toda essa contaminação espiritual da humanidade, num mundo onde a desigualdade social provoca a falta de acesso econômico à maioria, enquanto alimenta a luxúria de poucos? Vivemos num sistema capitalista que se opõe diretamente aos preceitos cristãos. Está escrito na Bíblia que “é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”. Dessa forma, seria de se supor que todos os ricos estariam condenados a penar no inferno, enquanto que os pobres continuariam na penúria em vida, aguardando uma salvação paradisíaca depois da “passagem desta para melhor”. Ora, essa visão é reducionista. Tudo o que está no mundo foi criado para ser apreciado, usufruído. O mundo, contudo, é injusto, até segunda ou enésima ordem, e no derradeiro frigir do mais refinado azeite de oliva ainda não existe, diretamente importado da zona do euro, bacalhau para todos...

Resta ao cristão verdadeiro permanecer na sua fé, fortalecendo os seus princípios éticos, morais e espirituais, razão de sua existência enquanto fiel, de forma solidária. Aliás, é isso o que anda faltando na mesa da humanidade: partilha, comunhão verdadeira. Neste período da quaresma, na qual se relembra a paixão de um Cristo que se deseja sempre vivo, repartir o pão em forma de peixe ou de qualquer outro alimento (igualmente sagrado) com quem está passando necessidade não deixará ninguém mais pobre ou menos rico. De qualquer forma, não importa se o sujeito tem dinheiro no bolso ou não; o que importa é se ele é pobre ou rico de espírito. Enquanto muitos néscios passearão tristes pelas feiras ou hipermercados apenas olhando o bacalhau que não será possível comprar, os verdadeiros ricos de espírito estarão simplesmente exercitando com o coração leve a partilha, a mais pura comunhão, que pode se tornar viva ao se transmutar numa palavra amiga ou numa ação solidária, que são, na verdade, os melhores dentre todos os alimentos.

Paulo Melo Sousa é poeta, jornalista e membro da Academia Ludovicense de Letras

O SILÊNCIO DO POETA

No interior de uma sala iluminada apenas pela luz suave da tarde, um poeta se encontra imerso em seus pensamentos. O mundo ao seu redor parece ter se silenciado, como se o próprio universo aguardasse suas palavras. O silêncio é tanto um abrigo quanto uma prisão, onde a criação encontra seu espaço, mas também onde as dúvidas e incertezas se multiplicam.

O poeta escuta as batidas do coração, cada uma delas ecoando como versos não escritos. Ele contempla a beleza do instante, mas o medo de não conseguir traduzir a profundidade de suas emoções em palavras o paralisa. O papel em branco à sua frente, um campo de possibilidades, mas também um reflexo de suas inseguranças. O silêncio cobra vida, tornando-se uma ponte entre o que sente e o que pode expressar. Na ausência de palavras, o poeta observa o mundo a dança das folhas ao vento, o sussurrar das ondas no mar, e o olhar perdido de um desconhecido na rua. Cada elemento se transforma em uma inspiração silenciosa, moldando-se em novas ideias que esperam para emergir. E, assim, o silêncio se torna um aliado, permitindo que a essência da sua arte se revele.

Com o passar do tempo, o poeta percebe que esse silêncio não é apenas uma falta de palavras, mas um espaço de reflexão e entendimento. Nele, se encontra a força para colocar no papel não apenas o que é fácil, mas também o que é difícil e autenticamente humano. E quando finalmente as palavras começam a fluir, elas trazem consigo a riqueza do silêncio que antecedeu a criação, revelando que, às vezes, o silêncio do poeta é o prelúdio da mais bela poesia.

E assim, ao final, o silêncio se transforma em som, e o poeta, em sua jornada solitária, descobre que mesmo nas pausas, há uma profundidade inexplorada, uma musicalidade que ressoa no coração de quem lê. A verdadeira poesia não está apenas nas palavras, mas também no espaço entre elas, onde o silêncio fala mais alto do que qualquer verso já escrito.

Roberto Franklin é poeta, escritor e membro da Academia Ludovicense de Letras

A obra denuncia um dos aspectos mais cruéis do Brasil do século XIX, ao mesmo tempo em que destaca coragem e resistência diante dos horrores da escravidão

Museu Histórico e Artístico do Maranhão, em São Luís. (Foto: Reprodução)

Por: Da Redação14 de Abril de 2025

Como parte do projeto Museu Antirracista, do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MHAM), será lançado no dia 25, às 16h, o livro “Geminiana e seus filhos: Escravidão, maternidade e morte no Brasil do século XIX”. O evento será na Galeria Floriano Teixeira, com acesso pela Rua São João, 500, Centro.

O lançamento terá a presença dos autores Maria Helena P. T. Machado (USP) e Antônio Alexandre Isidio Cardoso (Ufma), além do promotor de justiça Washington Luiz, que realizarão uma roda de conversa sobre o acontecimento, o contexto social da época e os desdobramentos desse crime. Além disso, serão apresentados alguns materiais referentes ao período escravagista, que fazem parte do acervo do Museu e que não são expostos com frequência.

A partir de uma pesquisa minuciosa e reveladora, “Geminiana e seus filhos” coloca em foco a sociedade de São Luís do Maranhão no ano de 1876, quando os meninos Inocêncio e Jacintho, nascidos pouco antes da Lei do Ventre Livre e mantidos sob jugo da baronesa Ana Rosa Viana Ribeiro foram torturados e assassinados por ela.

Analisando os diferentes personagens envolvidos no caso e seus papéis, a obra denuncia um dos aspectos mais cruéis da sociedade escravagista brasileira do século XIX, ao mesmo tempo em que destaca a coragem de Geminiana e Simplícia, mãe e avó das crianças mortas, e da rede de resistência que se formava diante dos horrores da escravidão.

O Museu Histórico abarca o projeto Museu Antirracista há 2 anos. Nesse período está compondo o acervo do museu com objetos da Cafua das Mercês (Museu do Negro). Além disso, batizou o jardim conhecido como Solar do Barão – numa referência ao médico e político liberal Carlos Fernando Ribeiro, que depois se tornaria Barão de Grajaú, no Maranhão -, de Jardim Inocêncio, um afago a Inocêncio, filho de Geminiana, torturado e morto naquele casarão, em novembro de 1876, no caso que ficou conhecido como o Crime da Baronesa. Antes, em 27 de outubro de 1876, Jacintho, seu irmão, também morrera no casarão, mas o caso não foi investigado. Anna Rosa, a Baronesa de Grajaú, se dizia alvo de difamação. Ela argumentava que os garotos tinham “vício de comer terra”, o que lhes teria feito adoecer e morrer.

“O Museu Antirracista tem essa perspectiva porque a casa onde funciona o museu é uma casa que representa bem a aristocracia maranhense e toda a parcela da sociedade maranhense do século 19 que vivia uma vida abastada, com muita riqueza, com muita exploração de mão de obra. E por isso, estamos desconstruindo essa imagem, trazendo esse debate, tirando de dentro do acervo que estava guardado, um material que leva à reflexão, pois ainda se precisa muito pensar a respeito, tanto sobre a escravidão, como do papel da mulher da mulher negra escravizada trazendo para o contexto atua”, disse a gestora do Museu Histórico, Amélia Cunha.

Os materiais a que ela se refere e que serão apresentados durante o evento, são documentos referentes ao período escravagista no Maranhão e que não são expostos com frequência dado o teor sensível que contém.

Museu Antirracista

JOSIAS SOBRINHO entrevistado por PAULO RODRIGUES

TwitterFacebookWhatsAppCompartilhar

PAULO

ENTREVISTA O COMPOSITOR JOSIAS SOBRINHO

Josias Sobrinho – Maranhão - Nascido em 1953, no município de Penalva, no interior do Maranhão, o cantor, compositor e violonista Josias Sobrinho começou a compor em Belo Horizonte (MG), onde morou por dois anos. De volta ao seu estado natal, em 1972, aproximou-se do recém-criado Laboratório de Expressões Artísticas, mais conhecido como Laborarte, que reunia artistas locais em torno de pesquisas sobre a cultura maranhense.

Em 1978, o músico Papete gravou quatro canções de Josias Sobrinho no disco Bandeira de Aço, dando visibilidade ao jovem cantor e compositor que vinha atuando intensamente na cena cultural maranhense dos anos 70. Na década seguinte, Josias Sobrinho teve algumas músicas incluídas em coletâneas, até que em 1987 lançou seu álbum solo de estreia, Engenho de Flores.

Com mais de 50 anos de carreira, Josias Sobrinho teve composições gravadas por grandes nomes da MPB, como Alcione, Rita Bennedito, Diana Pequeno, Pena Branca e Xavantinho, Leci Brandão e até pela apresentadora Xuxa Meneghel. Josias é um dos grandes nomes da música maranhense, por sua atuação dentro e fora dos palcos.

Paulo Rodrigues – Josias Sobrinho, você afirmou certa vez: “fazer música essencialmente maranhense significa uma posição política para mim”. Continua com esse pensamento?

Josias Sobrinho – Salve, Paulo Rodrigues! Ao longo desses mais de cinquenta anos de atuação no métier musical maranhense, fazendo essencialmente musica autoral própria, nossa convicção é de que se trata de uma posição que busca fortalecer a identidade cultural que nos é cara, produto de séculos de lutas em prol de afirmações socioculturais. Ainda é assim. Razão de ser e estar.

Paulo Rodrigues – Josias, para alguns críticos o disco Bandeira de Aço é um dos principais álbuns da música brasileira. Sérgio Habibe, César Teixeira, vocês fazem parte dessa obra-prima. Esse disco ainda representa um pouco da alma do povo brasileiro/maranhense?

Josias Sobrinho – … E Ronaldo Mota, o autor da música Boi de Catirina, uma das mais belas do disco. Sim. Assim creio, pois lá estão presentes o modo de ser e estar no mundo que o maranhense concebeu e deu vida. Elementos do bumba meu boi, do tambor de mina, da encantaria, do samba e da canção genuinamente

maranhense, com um elenco de compositores que lançam nesse álbum bases solidas para o que viria (um pouco mais tarde) ser chamado de MPM.

Paulo Rodrigues – No samba Terra de Noel temos: “Não vou tirar meu chapéu/ Pra qualquer vagabundo/ Nasci na terra de Noel/Sou cidadão do mundo”. Você dialoga com a tradição musical do Brasil? Faz música maranhense pensando nosso país e o nosso povo?

Josias Sobrinho – Noel Rosa é uma referência primordial para a canção brasileira. O cara que saído da classe média carioca dos anos vinte do século passado sobe o morro e troca figurinhas com os bambambãs do samba ainda favelado naquela época. Um campeão que viveu pouco e criou muito e definitivamente. Bebo nessa fonte desde o início. O samba é presença nacional. Em todo e qualquer lugar do país se tem um samba nativo e original. No Maranhão não é diferente. Na minha música também não.

Paulo Rodrigues – Você é um grande estudioso da cultura do Maranhão. E o Bumba meu boi é a expressão máxima da cultura popular do nosso estado. Nós poderíamos ser mais influentes na cultura nacional? Falta apoio?

Josias Sobrinho – Um dos nossos problemas mais graves, o que é de fato uma estupenda vantagem, é termos originalidade cultural enraizada na tradição popular nossa que é única no país, com elementos próprios, personagens, léxico e sintaxe inventadas pelo povo mais sofrido do estado. Os outros são a ignorância cultural reinante na grande maioria da classe política e social dominante. Tem também a ausência de formação cultural favorável dos que compõem o mercado consumidor da cultura que aí está.

Paulo Rodrigues – Josias Sobrinho, como é o seu processo criativo? É autodidata?

Josias Sobrinho – Comecei compondo solitariamente, letra e música ao violão, isso durante duas décadas, salvo os trabalhos em parceria feitos para o teatro, com Tácito Borralho, Aldo Leite e outros. Durante e depois do Rabo de Vaca, fui me adaptando as condições de socialização necessárias para criações em parceria. Começando com Betto Pereira, o mais frequente e outros, como Kleber Albuquerque, Ronald Pinheiro, Chico Saldanha e mais um tanto.

Meu aprendizado inicial foi autodidata, depois frequentei alguns cursos de instrumento e teoria musical, literatura musical teórica e prática. Aos 53 anos me formei em Música (Licenciatura pela UEMA), mas estudo até hoje.

Paulo Rodrigues – Fale um pouco para nós sobre a criação de Engenho de Flores, que é uma obra primorosa do cancioneiro nacional.

Josias Sobrinho – Essa é uma canção que me remete as origens em Tramaúba, Penalva e Cajari. Lugares onde se fundaram as bases de minha persona artista e social. Vem com ela lembranças da vó Antonina, nossa mãe Nhêm, também os cantadores de boi desses lugares que plantaram em mim esse sabor especial

Os Autores da Canção – Parceria de Beto Pereira e Josias Sobrinho

de ser e estar no mundo, assim como as coisas que se pode fazer em uma canoa numa manhã de pesca no Rio Maracu, ali próximo de sua desembocadura no Pindaré. É também minha música mais gravada.

Paulo Rodrigues – A sensação que eu tenho ao ouvir Catirina, As Perigosas, Dente de Ouro e (outras canções dentro da sua extensa obra musical), é que Josias Sobrinho não seria tão genial se não fosse maranhense. Como você analisa essa minha afirmação?

Josias Sobrinho – Sem o Maranhão, eu não seria Josias Sobrinho. Eu sou um dos tantos que o Maranhão produziu ao longo de sua história, que se dedicaram à afirmação de suas origens e lugar de fala. Apenas isso.

Paulo Rodrigues – Quais são os novos projetos do Josias Sobrinho?

Josias Sobrinho – Fiz este ano o Embaixadeiros, em parceria com Aziz Jr e Elizeu Cardozo, uma mostra, através da Lei Paulo Gustavo, reunindo dez atrações oriundos da Baixada Maranhense, entre interpretes, compositores e músicos, que pretende se estender a outros municípios da região agregando participações de locais e do entorno. Faço ainda este mês um outro projeto reunindo quatro artistas vindos dos anos setenta ainda presentes na cena, o Quatro 70, com Chico Saldanha, Sergio Habibe, Josias Sobrinho e Joãozinho Ribeiro. E mais adiante, ainda este ano uma circulação estadual com o material do Canção em Canção, gravação de cem músicas inéditas de minha obra que gravei em 2023.

Paulo Rodrigues – Deixe uma mensagem para os nossos leitores.

Josias Sobrinho – Espero nos encontrarmos bem brevemente em um desses lances culturais que tanto nos são caros. Obrigado, por tudo. Um abraço. E até!!!

DENTE DE OURO

[Josias Sobrinho]

Se eu tivesse um dente de ouro

Eu mandava tirar pra viver

Eu mandava encruzar e benzer

Eu mandava entregar pra gegê

Se eu quisesse uma vida comprida

Eu seria no fundo um besouro

Teria no escuro da ilha

Enterrado um bonito tesouro

Se eu tivesse no peito um novelo

Eu tecia com ele um caminho

Com o rumo voltado pra dento E aberto pro mundo todinho

Se eu tivesse um rosário de pena

Eu andava com ele no dente so guardava no fundo do poço do outro lado da gente.

TERRA DE NOEL

[Josias Sobrinho]

Não vou tirar meu chapéu

P’ra qualquer vagabundo

Nasci na terra de noel

Sou cidadão do mundo

Vai o feijão

Vai o café

Vai o amor

Daquela mulher

Mesmo não tendo dinheiro

Mesmo perdendo a razão

Me resta ainda o direito de ser

Consciente da situação.

CORAÇÃO SEM PARADEIRO

[Josias Sobrinho]

Anhangá gritou na mata

Ele se foi, foi, foi

Coração sem paradeiro

O meu filho, o brasileiro

No barco que afundou

Chega lá, vai buscar ele

Tira ele do escuro

Bem ali pelo baixio

Canoa grande fez um furo

Ele sozinho com ele mesmo

O que amou pelos caminhos

Num mar de sal e desatino

Fez sua casa, seu destino

Guerreiro pega esse menino

Traz ele pra morar comigo

Carrega ele com cuidados

Quero ele sempre sorrindo

Guerreiro pega esse menino

Esse gigante sem tamanho

Traz ele para sua gente

Que entre a gente ele cante.

BRASIL LEGAL

[Josias Sobrinho]

Está escrito em toda rede social

O Brasil pintou na tela

Uma linda aquarela

P’ras crianças do Xingu

Mandou recado para os anciãos da mata

E das brenhas do cerrado

Para o nobre deputado

Cidadão e cidadã

Um instrumento de botar pé na estrada

De ir onde o povo está

De renúncia estatal

De fazer a festa no palácio, na floresta

No picadeiro, na fresta

Na memória que ainda resta

E na que se pode buscar

No preto velho a criança que engatinha

No samba de gafieira

Na sanfona estradeira

E nas tintas que se pinta

Paulo Rodrigues é poeta e jornalista premiado. Entre outros livros, publicou recentemente seu sexto livro de poemas, Cordilheira (Patuá, 2025)

A LUTA

CAMPANHA

Esta matéria mostra a força coletiva da sociedade artística em prol da justiça. Vale muito à pena.

Por: Mhario Lincoln

Há alguns anos, o performista Uimar Junior protagonizou uma das mais emocionantes campanhas de resistência cultural em São Luís, erguendo sua voz contra uma ação do Poder Público que muitos ludovicenses viram como predatória. Seu objetivo era simples, mas de imensa força simbólica: resgatar a escultura em tamanho natural da Mãe D’água, peça central que ornamentava a Fonte Luminosa da Praça D. Pedro II e que jamais deveria ter saído de seu lugar de honra.

Movido por um amor profundo à memória arquitetônica da cidade, Uimar conquistou o apoio de diversos artistas locais pintores, poetas, músicos e transformou indignação em arte e poesia pelas ruas

históricas. A população, tomada por um sentimento quase romântico de devoção às suas esculturas, ocupou praças e avenidas numa demonstração de carinho e orgulho, declamando versos e entoando cânticos que ecoaram entre os corações ludovicenses.

Quando, enfim, a Mãe D’água retornou ao seu pedestal, o que se viu foi mais do que a restauração de um monumento: foi a celebração da união entre povo e patrimônio. Sob aplausos e emoção, ficou claro que a verdadeira beleza de São Luís reside na alma de quem a habita e que, com determinação e afeto, é possível manter viva a história esculpida em pedra.

Nessa hora é que entra a “Mulher Babaçu”, personagem criativa de Uimar Junior, que tomou as rédeas e lançou às ruas de São Luís a vibrante campanha “VOLTA PARA CASA, MÃE D’ÁGUA”. Era a Mulher Babaçu quem, sob indumentária de mitológica guardiã, convocava a cidade a resgatar a obra em bronze que, esquecida em um recanto do jardim do Museu do Maranhão, clamava por retorno ao seu trono de pedra na Praça D. Pedro II. “Passei dias buscando seu paradeiro”, revela Uimar Junior, “até a encontrei escondida sob a névoa de poeira e descaso nos fundos do Museu. Gritei, reuni artistas e admiradores e ela veio para casa”.

Reerguida ao seu lugar, a Mãe D’Água brilhou novamente sob o olhar emocionado dos ludovicenses, que viram, naquele gesto, mais que uma vitória cultural: um ato de amor coletivo. A escultura, última obra do mestre Newton Sá "primeiro escultor maranhense a conquistar reconhecimento nacional e agraciado com Medalha de Prata no Salão Nacional de Belas Artes" (FSP). ressurgiu eminente, não apenas como arte monumental, mas como símbolo de resistência e carinho pelo patrimônio histórico.

No vídeo abaixo fiz a minha participação, onde prestei homenagem a esse trabalho elogiável de Uimar Junior e dos artistas maranhenses empenhados em preservar nossa história. Neste poema, composto na viagem que fiz na época, entre Curitiba-Brasília-São Luís, retratei essa imagem que se entrelaça a uma luta necessária onde nossa alma grita por respeito maior ao nosso patrimônio histórico e artístico, reforçando essa nossa paixão pelo berço e pela honra de onde nascemos.

VÍDEO-BÔNUS/A CAMPANHA VITORIOSA

A AMIZADE

Em um mundo repleto de correria e distrações, a verdadeira amizade é um refúgio silencioso. Lembro-me de um dia ensolarado, quando decidi visitar meu amigo Pedro. Nos conhecemos na infância, brincando nas calçadas, trocando figurinhas e sonhando com o futuro. Hoje, nossas vidas tomaram rumos diferentes, mas a essência daquela amizade permaneceu intacta.

Quando cheguei à sua casa, o cheiro do café fresco invadiu meu nariz, e logo fui recebido com um abraço caloroso. As conversas começaram a fluir como um rio, repletas de risos e lembranças. Fala-se sobre o tempo, os desafios que a vida nos trouxe, os amores e desamores, mas, principalmente, sobre os sonhos que ainda persistem. A amizade é esse laço que nos permite ser sinceros, a ponto de compartilhar até as vulnerabilidades.

Certa vez, conversando sobre os percalços da vida, Pedro me disse: “Amigo é aquele que te dá a mão, mesmo quando você está em poças. Não importa quão sujo você fique, ele vai estar lá para te levantar.” Essa frase ecoou em mim, pois capta a essência do que significa ter alguém ao nosso lado. Relações, como as flores, precisam ser cuidadas. Regadas com paciência, amor e respeito, florescem mesmo nas estações mais secas. As redes sociais têm mudado a dinâmica das amizades. Temos amigos de todos os cantos do mundo, mas a verdadeira conexão vai além de likes e comentários. É o olhar sincero, o gesto de se importar que nos lembra do que é ter um amigo de verdade. No nosso encontro, desligamos os celulares e mergulhamos no presente, lembrando que as melhores recordações são feitas de momentos vividos juntos.

Ao final da visita, fui embora com um sorriso no rosto e uma leveza no coração. A amizade é um presente, uma fonte de alegria e apoio, um verdadeiro abrigo em tempos de tempestade. É nas pequenas trocas, nos encontros inesperados e nas conversas sinceras que nos tornamos mais humanos.

E assim, entre gargalhadas e confidências, percebemos que a amizade verdadeira é um dos maiores tesouros que podemos cultivar. Afinal, enquanto estivermos juntos, nada mais importa.

A Amizade: Um Tesouro Incomparável

A amizade é um dos presentes mais preciosos que a vida nos oferece. É um laço forte, tecido com fios de confiança, respeito, afeto e compreensão. É um porto seguro em meio à tempestade da vida, um ombro amigo para chorar e um sorriso para celebrar as alegrias.

A amizade verdadeira transcende o tempo e as circunstâncias. É uma conexão autêntica que resiste às provações da vida, enriquecendo-nos com a troca de ideias, experiências e apoio mútuo. Um amigo é aquele que nos conhece por dentro e por fora, que nos aceita com nossas falhas e nos encoraja a sermos a melhor versão de nós mesmos.

Compartilhar momentos, segredos e sonhos com um amigo é construir uma história única e insubstituível. É ter alguém para dividir as alegrias e as tristezas, para celebrar os sucessos e para nos levantar nas derrotas. A amizade nos ensina a empatia, a compaixão e a importância de dar e receber amor incondicional.

Em um mundo cada vez mais individualista e virtual, cultivar amizades verdadeiras é fundamental. É fortalecer os laços humanos, desfrutando da companhia genuína, do diálogo sincero e do abraço caloroso. É encontrar um refúgio em um mundo muitas vezes frio e impessoal.

A amizade é um tesouro que devemos guardar com carinho, nutrindo-a com cuidado, respeito e afeto. É uma dádiva que nos acompanha por toda a vida, tornando-a mais rica, mais leve e mais feliz.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.