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5.4 Embalagem

DESIGN: EMBALAGEM

de acordo com Wheeler (2019), embalagens são apenas “marcas nas quais você confia o suficiente para levar para dentro de casa”, sendo elas o único formato de mídia das marcas com o qual o cliente interage totalmente. Desse modo, é preciso pensar muito bem não apenas no formato das embalagens como também no seu discurso, na ergonomia, nos materiais e tudo que envolve esse primeiro contato com o seu público alvo. Inclusive, é importante ressaltar que a responsabilidade por parte da marca para com as suas embalagens não termina no momento em que elas passam pelo caixa e vão para a casa do cliente — a vida útil de uma embalagem não termina por aí; é preciso pensar, igualmente, no pós-vida, o que inclui não apenas o descarte como, também, as possíveis formas de evitar ao máximo grandes impactos ao meio ambiente (CARDOSO, 2016). Primeiramente, vamos falar das questões estéticas para, em seguida, adereçar a questão da vida útil de um produto. À vista disso, podemos observar que o processo de desenvolvimento de uma embalagem, normalmente, há de passar pelas seguintes etapas: inicialmente, é necessário esclarecer pontos básicos, como as metas e o posicionamento da marca em relação àquele produto, o público alvo, os benefícios do produto, o preço e delimitar a concorrência; então, partimos para a parte de pesquisa, seja ela interna (como, por exemplo, o valor, os padrões e a arquitetura da marca) ou externa (pesquisa de fornecedores, materiais, exigências legais etc.); em seguida, há a determi-

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figura 36 Projeto de redesign da embalagem de pasta de dentes. (Fonte: Behance, 2019).

a vida útil de uma embalagem não termina na compra do consumidor.

nação de critérios funcionais, como o espaço que o produto deve ocupar na prateleira, dimensões, uso, capacidade de conteúdo, durabilidade, entre outros; com isso definido, é preciso escolher os materiais, as especificações de impressão e de acabamento — como será o rótulo? Adesivado? Como será impresso? E o material do recipiente? Terá uma caixa?; a partir daí já entramos na fase de finalização da parte básica do produto, definindo seu visual e, em seguida, partindo para testes e prototipação. O processo, no entanto, não termina quando o produto é lançado — sempre há espaço para entender o que poderia ter sido feito melhor e aprimorar cada vez mais o seu produto (WHEELER, 2019). Sendo assim, a textura e sensação dos materiais, o formato, o acabamento e o visual — todos esses elementos mexem com as emoções de quem os observa e manuseia,

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trazendo consigo uma boa (ou má) experiência sensorial. Por esse motivo, o processo de desenvolvimento das embalagens acaba sendo extenso e muito bem planejado, a fim de que o resultado seja sempre positivo (WHEELER, 2019). Um ótimo exemplo de design de embalagem que preza muito pela experiência do cliente é o da Apple: se você nunca comprou um produto da Apple, provavelmente não faz ideia de como a experiência é satisfatória, mas posso garantir que a sensação física e emocional de abrir a caixinha de um celular pode ser incrível. Isso acontece porque, de acordo uma matéria que saiu no Gizmodo Estados Unidos (2012), a empresa possui um time de packaging design inteiramente dedicado e experimentar e a testar, por meses a fio, simples tarefas como abrir caixas — a intenção da marca é aperfeiçoar cada vez mais suas embalagens, a fim de que, ao abrir os seus produtos, os consumidores tenham uma resposta emocional 100% positiva e prazerosa (e pode-se dizer que eles obtiveram sucesso, uma vez que isso, realmente, é o que acontece). Entretanto, como mencionado anteriormente, a estética e a experiência não são as únicas coisas que devem ser levadas em consideração durante o desenvolvimento de uma embalagem. A vida útil de um objeto vai muito além do simples ciclo de produção e compra — ele deve englobar, igualmente, o seu descarte e decomposição (ou reaproveitamento). Como vimos no capítulo sobre sustentabilidade, uma das grandes causas da poluição atualmente é o

figura 37 Embalagens e produtos da marca Apple. (Fonte: Unsplash, 2017).

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figura 38 Embalagens sustentáveis de protetor solar. (Fonte: Behance, 2020).

setor de embalagens (sejam elas alimentícias ou da indústria cosmetológica), principalmente, quando a composição de tais produtos envolve plástico. Apesar de as opções de embalagem mais sustentáveis ainda não serem o principal motivo de escolha por parte dos consumidores, elas vêm, aos poucos, conquistando seus corações e se tornando uma expectativa na hora da compra (RONCARELLI; ELLICOTT, 2010). Dessa forma, com essa preocupação cada vez mais latente com relação ao meio ambiente, por parte da opinião pública, governos no mundo todo se viram na obrigação de implementar uma legislação mais rigorosa, que favorecesse o meio ambiente e colocasse a responsabilidade da gestão de embalagens nas mãos das próprias empresas. Tais regras exigem, principalmente, o uso de materiais com menor impacto ambiental possível; documentação das características técnicas e de comercialização das embalagens; rotulagem das mesmas indicando seu material, os responsáveis por sua coleta, entre outros itens importantes (RONCARELLI; ELLICOTT, 2010). Ainda que a legislação brasileira tenha alguns furos com relação à produção de embalagens eco-friendly, como dito nos capítulos anteriores, algumas marcas já se mobilizaram, ao observar que, gradualmente, o ecodesign se torna um pré-requisito, a criar (ou recriar) linhas e produtos que estejam cada vez mais dentro das diretrizes da sustentabilidade. Dito isso, algumas opções de mudanças relacionadas a embalagens e que impactam o meio ambiente de uma maneira mais positiva são: a troca de materiais menos duráveis para materiais com mais resistência e vida útil maior (como, por exemplo, trocar plástico por vidro), ou ainda, a substituição por materiais biodegradáveis; a implementação da política de refil, quando possível; a coleta e reciclagem de embalagens antigas, por parte da própria empresa; o uso de materiais que já passaram por um processo de reciclagem e, dessa forma, recebem uma segunda vida; entre outras. Dessa forma, as boas soluções advindas de um design bem pensado e estruturado podem fazer toda a diferença para o planeta em períodos de médio a longo prazo (RONCARELLI; ELLICOTT, 2010).

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