Boletim Informativo N.º 83
Ano VIII
Paróquia São José - Osvaldo Cruz - SP
Novembro de 2014
ADEUS AO PADRE LUCAS Era domingo, dia cinco de outubro de dois mil e quatorze e transcorria o primeiro turno das eleições. A enfermeira Lia Coradin, acompanhando o P. Lucas no seu leito de morte percebeu que caía, paulatinamente, a sua pressão. Como profissional experiente, sem alardes e alarmes, controlou os últimos momentos do P. Lucas até perceber que estava no fim. E pontualmente, às quinze horas, ele deu o último suspiro. Tudo foi administrado para que a sua inevitável morte se desse de forma tranquila e serena, sem dor e sem sofrimento, sem traumas ou desespero. Todos sabíamos que a hora do P. Lucas estava se aproximando. Ele tinha fina sensibilidade e relutava em modificar qualquer coisa, a sua volta, que tivesse conotação de fim. O seu Calvário foi curto, quarenta dias, sem deixar de ser doloroso. A consciência de que sua enfermidade não regredia, o fez muito silencioso, sobretudo, nos últimos dias. Falava como um homem apaixonado, agarrando-se ao último fio de esperança. Suas últimas 24 horas foram de agonia, lutando para se levantar, aflito e ansioso... Doía ver a sua luta pela vida. Foi muito doloroso para ele quando, há dois anos, fraturou o úmero – braço -- em uma queda e teve que, por ordem médica do Dr. Walter, deixar o seu quarto no segundo piso para se acomodar no novo quarto adaptado para ele. Adaptou-se bem com os cuidadores, primeiramente, Dulce Helena Lourenço, depois, Cleide Borro e Vicente Yamamoto. Eles foram uns anjos para o P. Lucas, na atenção, no carinho e na presença diuturnamente. A estes cuidadores somam-se dezenas de voluntários, Nilsa, Marcos, Antunes, Freitas, Maria Teresa, Genete, Áurea, Valdir, Festa, Pedrina, Ermelindo, Vilma, Geraldo, Lídia, Maria de Sá, Avani, Eduardo, José Roque, Wilson, Marilene, entre outros bons samaritanos. Esta presença consistiu por longos meses em presença solidária... Foram estes Cirineus, Verônicas, Marias, João... no caminho do Calvário até o pé da Cruz. Com este apoio humano P. Lucas continuou a fazer sua rotina... Caminhadas matinais, voltinhas após o almoço, programa da Ave Maria, sua visita aos amigos, atividades pastorais na Santa Casa, no Asilo, Missas na Matriz e nas Capelas... Era lindo ver a sua preparação para boas homilias das missas, boas mensagens no rádio... Gostava mesmo era de quermesse, na companhia do Festa e Valdir, sem deixar uma só vez sequer de assistir a fritura das batatas e o trabalho com os frangos assados. Nunca se recusava a programa social algum. Passeios, confraternizações e reuniões da Diocese e Setor nunca deixou de participar sem uma boa justificativa. Tudo corria bem, quando no dia 24 de agosto de 2014, domingo, sentiu-se indisposto e muito cansado. Os médicos Dr. Walter e Dra. Verediana abraçaram logo sua causa e constataram insuficiência renal, anemia profunda e, aprofundando mais na causa, detectaram uma massa tumoral que constatou-se tratar de um tumor. Após junta médica, com aval do Dr. José Luis, definiu-se, em vista da sua situação fragilizada, fazer seu tratamento em casa mesmo. Submetido a um tratamento de manutenção, recebeu cama hospitalar, cadeira de rodas, aplicação de soro, sonda alimentar e sonda urinária. Também pela insuficiência respiratória passou a receber oxigênio. Quando era preciso receber aplicação de sangue, na Santa Casa, recebia tratamento carinhoso e especial. A família do P. Lucas sempre esteve acompanhando sua vida. Recebeu neste período de maior fragilidade visitas de suas sobrinhas,
Laura, Gema, Isabel, Ir. Fausta, Joana Consagrada, Graziela, Joana Costa, Maristela, Filomena, Jackson e Joana Nodari e dos amigos D. Miryan Johnsson, Geraldo, Rosangela e Leoni Kusma, Plinio Gasparin, Agnaldo Mottin, entre outros... Neste tempo em que se encontrava enfermo, recebeu Unção dos Enfermos por três vezes, a última conferida no dia 07 de setembro por Dom Luiz Antonio Cipolini, Bispo de Marília. Comungava diariamente. Sua última missa com o povo foi na Abertura da Visita Pastoral quando permaneceu sentado todo o tempo, já bem cansado e abatido. Faltavalhe forças nas pernas. O povo muito preocupado com a saúde do Padre Lucas, recebia durante as Missas, informações do seu quadro, dia-a-dia. As visitas nunca foram proibidas, mas o povo tinha alta compreensão quando não podia fazê-las por razões de higienização, repouso ou outras intervenções. Com frequência publicávamos fotografias do P. Lucas, informando sobre seu estado de saúde. Quando pedíamos para ele posar para uma foto ele logo dizia: - “Já vai pro Futibook”. Era bem pândego! Tão logo Dra. Verediana declarou seu óbito, às 17 horas o seu corpo foi removido para a Funerária Tamoyos, onde foi preparado no caixão já previamente escolhido – com uma linda estampa do Coração de Jesus, hábito preto com coração passionista, ornado com flores brancas e detalhes em amarelo. Terço e crucifixo na mão e abaixo a estola roxa transversal. Seu corpo foi entronizado, solenemente, pelos Ministros na Igreja Matriz, às 20h30, e aí permaneceu para o velório até o sepultamento. Cinco missas foram rezadas: à noite às 20 horas do dia 05, e no dia do sepultamento às 7h00 – P. Hélio, 9h00 – P. Arlindo Vieira, 12h00 – P. Vitor Lourenço e às 15h00 Missa presidida pelo Sr. Bispo Emérito D. Osvaldo Giuntini e concelebrada pelos padres passionistas Arlindo, Vitor, Amilton, Hélio, José Luis, Antonio Gusso, Joaquim, Marcos, e Diocesanos PP. Edson, Ademilson, Miro, Milton, Padula, Miguel, Domingos e Mons. Nivaldo. Outros padres como P. Luiz Vanderlei, Wilson, Marcelo, Orandir estiveram durante o velório. Também as Irmãs de São José de Cluny e as Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Da família, estiveram presentes: Isabel, Laura, Gema, Ir. Fausta e Joana consagrada. As Paróquias de Sagres e de Salmourão juntaram-se a Osvaldo Cruz e representantes de Adamantina (irmão e cunhada do P. José Luis) Parapuã, Inúbia, Bastos, Rinópolis entre outros. De Cascavel veio Cl. Hélcio Garcia e de Colombo Daniel Elisiário. Recebeu mensagem do P. Fernando Costa, sobrinho do P. Lucas e Everaldo Galheira que enviou em nome destes uma linda Orquídea Azul. A Câmara Municipal e o Executivo Municipal decretaram três dias de luto. Às 15h00, representando a Diocese, D. Osvaldo Giuntini presidiu Missa de corpo presente do P. Lucas e, após as exéquias, o féretro saiu da Matriz percorrendo as ruas Salgado Filho, Ricardo Ponciano, Av. Brasil, Getúlio Vargas e Benedito Cassirarghi. O povo acompanhou, em multidão, a pé e os carros enfileirados fizeram o cortejo fúnebre. O Corpo de bombeiros cedeu o caminhão para o translado e outros caminhões levavam dezenas de coroas de flores. O corpo do P. Lucas foi inumado no Jazigo da Família Passionista do Cemitério Municipal de Osvaldo Cruz. A Missa de sétimo dia do P. Lucas foi um momento especial para se agradecer o Dom da vida do Revmo Padre amigo e companheiro e cada um dos seus cuidadores puderam partilhar a alegria de ter servido a ele com amor e o aprendizado que tiveram. Descanse em paz, P. Lucas! Pe. Marcos Leite Azevedo, cp