Boletim informativo 79 julho 2014 final

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Boletim Informativo N.º 79

Ano VIII

Paróquia São José - Osvaldo Cruz - SP

Julho 2014

MEDO DE QUE? O AMOR LANÇA FORA O TEMOR Quando criança, há mais de quarenta anos, íamos para a escola e a recomendação de nossas mães era quase sempre a mesma: “Vai e volta sem se desviar do caminho... não fique fazendo parada. Cuidado, olha para o chão para não ser picado por alguma cobra, passa longe dos cachorros bravos e desvia dos raivosos, não pegue atalho nos pastos, que têm touros bravos, se chover se esconda num lugar seguro... vai um pé lá e outro cá.” Eram medos ligados à realidade da natureza, quase descartadas a ação do próprio homem. Hoje os medos são outros: drogas, violência, assaltos, acidentes... envolvendo o homem que virou o lobo do próprio homem. Como nos desvencilhar de tudo isto? Como superar estes medos, que são reais? No último domingo, festa de São Pedro e São Paulo, o Papa Francisco recordou as perseguições ocorridas nos primeiros tempos do serviço de Pedro na comunidade cristã de Jerusalém. O apóstolo chegou a ser preso, mas Deus o libertou de todos os medos e de todas as cadeias. A partir desse fato, o papa citou um problema da atualidade: “o problema do medo.” Perguntou Francisco: “ Nós, amados, temos medo? De que é que temos medo? E, se o temos, que refúgios procuramos, na nossa vida pastoral, para nos pormos a seguro? Procuramos, porventura, o apoio daqueles que têm poder neste mundo? Ou deixamo-nos enganar pelo orgulho que procura compensações e agradecimentos, parecendo-nos seguros com isso? Amados, onde colocamos a nossa segurança?” A verdadeira Igreja não se apoia nos bens e recursos deste mundo. O que faz a Igreja de Cristo são os homens e mulheres irmanados na mesma fé e comprometidos com a Vida e a Esperança. Homens e mulheres consagrados pelo batismo e conscientes de que devem ser eles mesmos o pão que sacia, o remédio que cura, o abraço que acolhe, a justiça que liberta. Aqueles que se comportam desta forma são anjos de Deus, mensageiros do Deus libertador. Francisco destacou que o testemunho de Pedro mostra que o verdadeiro refúgio é a confiança em Deus, o que afasta de todo o medo e torna o homem livre de toda escravidão e tentação mundana. Hoje, em especial, o Papa disse que o cristão deve entender que o exemplo de São Pedro o desafia a verificar sua confiança no Senhor. Ser mulher e homem de Deus requer não se fechar em si mesmo, como uma ostra, nem mesmo se fechar em seu grupo familiar, como uma ilha e muito menos se colocar

como suficientes e necessários, desconsiderando que só a Graça de Deus pode tornar o cristão instrumento do Reino. “A fidelidade de Deus, que nunca abandona os seus, é a fonte de confiança e, por sua vez, da paz desejada por todos e querida pelo próprio Senhor. A fidelidade do Senhor para com a humanidade suscita o desejo do homem de fé corresponder a Ele, através da caridade aos irmãos. A nota principal da Igreja é a solidariedade e compaixão. Sem estas especiais características a Igreja se perde em si mesma, se fecha como um clube de filantropia ou uma associação sem gratuidade. A Igreja tem por missão a própria missão. Ela não existe para si mesma, mas ela visa dar de si mesma, de forma voluntária, partilhada e gratuita. Francisco concluiu destacando que a experiência de Pedro em seguir Jesus traz uma mensagem importante para os cristãos de hoje: Deus repete a cada um este convite – “Segue-me”. Ele exortou a todos a não perderem tempo com questões banais ou conversas inúteis, mas a seguirem sempre Jesus, sobretudo nas adversidades, em meio às dificuldades. A Igreja só é verdadeiramente cristã, se aliada a Cristo, que é cabeça, guia e o centro. Sem a pessoa de Jesus Cristo, anúncio e vivência autêntica da Boa Nova, o cristianismo não passa de uma corrente filosófica, que ideologicamente, apresenta meias-verdades. Só com Jesus Cristo a Igreja pode ser fonte de Vida, Graça e Salvação para todos. Neste espírito, confiemos em Deus, e tenhamos a prática do Amor como resposta de fidelidade àquele que, até as últimas conseqüências, nos amou. Não nos deixemos intimidar pelas tribulações e aflições do tempo presente, pois com Ele já somos mais que vencedores. Jo16,19. Obedientes ao ensinamento “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado ”Jo 15,12 sejamos fiéis ao Evangelho, sem medo de enfrentar os obstáculos e sem medo de doar a própria vida. Como afirma João, sejamos revestidos do amor, puro e verdadeiro, pois como ele expressa na sua primeira carta “O amor lança fora o temor”. 1Jo 4,18. O dia em que reinar o amor, o coração do homem se transformará, a violência cessará, as drogas acabarão, as doenças desaparecerão, a morte será tão somente uma realidade natural... e o mundo será transformado, no Reino desejado por Deus que é o Supremo Bem. “Eis que faço novas todas as coisas.” Ap 21, 1-27

Pe. Marcos Leite Azevedo, cp


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