Boletim informativo - Março 2014

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Boletim Informativo N.º 75

Ano VIII

Paróquia São José - Osvaldo Cruz - SP

Março 2014

A PALAVRA DE DEUS NOS INTERPELA Francisco está ressuscitando a Igreja que preferia perdoar que condenar, entender o coração humano em vez de anatematizar, convencido como está de que a Igreja que, por exemplo, faz do confessionário (em expressão sua) um “local de tortura”, não responde àquela sonhada por seu fundador: uma Igreja que não condena ninguém e que deixa o julgamento final nas mãos de Deus, da qual dizia o profeta Isaías, “é mais mãe do que pai"... escreve Juan Arias, jornalista, em artigo publicado pelo jornal El Pais, 16-02-2014. A conclusão do jornalista nasce da provocativa reflexão do Papa Francisco quando, no último dia doze de fevereiro, afirmou que o cristão que “não se considera um pecador” é melhor que “não vá à missa”. O papa Francisco, como o Homem de Nazaré, provoca a humanidade, fomentando reflexão que pode alterar o rumo das coisas. Provoca os católicos, não de forma clássica, burocrática ou distante, mas no corpo a corpo, nas ruas e praças. Há tão grande expectativa de mudança, que a humanidade, agraciada com Francisco, se põe a refletir as afirmações mais óbvias, do mesmo, como a novidade com autoridade. Segundo Francisco, os que vão à missa para aparentar que “são melhores que os outros”, melhor que fiquem em casa. Não há espaço para eles na igreja. Sente-se seguro porque resgata e atualiza a prática da Igreja primitiva com a força da palavra de Deus. A afirmação de que, se um cristão não se sente pecador é melhor que não vá à missa, não deixará de soar quase como o texto bíblico que menciona. A Palavra do Senhor menciona: · E em um momento, quando criticado por sentar-se à mesa com os pecadores: “Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento”, e acrescenta: “Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos”. (Lucas 5, 27- 32) · Em um canto, o publicano pecador não ousava nem levantar os olhos e batia no peito dizendo: “Senhor, ajuda-me porque eu sou um pecador”. Jesus resume: “Digo-vos que o publicano voltou à sua casa justificado e não o fariseu”. (Lucas 18, 9 -14) · Aos legalistas Jesus afirma: Aquele que não tem

pecado atire a primeira pedra. À mulher flagrada em pecado, Jesus pergunta: “Ninguém te condena? Eu tampouco, vai em paz e não peques mais”.(Jo 8,2ss) Francisco resgata o espírito da verdadeira Igreja de Jesus Cristo, a Igreja do carinho, do afeto, do abraço, da ternura, do perdão e da misericórdia. Rompe com a ideia de uma Igreja como sociedade perfeita, legalista, triunfante, ufanista, constituída por perfeitos e santos. Francisco renova a Igreja pelos Evangelhos, proclamando no nosso tempo a Boa Nova de Jesus Cristo. Francisco é, na verdade, o primeiro papa a surpreender desde o primeiro momento ao adotar como lema do seu pontificado o nome de um santo jovem e pobre, ao inclinar-se, quando apresentado, pedindo a bênção do povo e sobretudo ao confessar, publicamente, com coragem: “Eu também peco”. Francisco inaugura um novo tempo na Igreja, uma Igreja que não só questiona a sociedade, mas que se deixa questionar. Neste compasso não basta ficarmos admirados com o Carisma pessoal de Francisco, mas adotar como Igreja, como pessoa, este Carisma que rompe todo o poder torturador da dignidade humana e massacrante da vida em comunidade. Assumindo o jeito de Jesus Cristo e tomando a postura fraterna de Francisco, sintamo-nos questionados onde estamos, deixemo-nos envolver pela vida de Deus, formemos comunidade como um novo jeito da Igreja ser. As pastorais, os grupos de reflexão, de oração, de missão, as comunidades, fazem a Igreja em movimento, oportunizando as famílias, as pessoas, a humanidade , em torno da Palavra de Deus, vivenciar o verdadeiro sentido de caminhar com Jesus: *Viver como pessoas de fé *Fidelidade à Igreja de Jesus Cristo *Considerar a realidade do mundo em mudança * Ser missionário permanente * Ser humano e solidário * Ser pessoa da escuta e do diálogo * Ser transparente , * Cidadão da esperança e sem pessimismo * Gosto pelos instrumentos de convivência fraterna. “Coração ardente, gera coração ardente” Não ardia nossos corações enquanto Ele nos explicava as escrituras?

Pe. Marcos Leite Azevedo, cp


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