Jornal_VivaDouro_ed84_fev2022

Page 1

PUB

Ano 6 - n.º 84 - fevereiro 2022|

Preço 0,01€ Mensal

|Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos Almeida

Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org

SECA

SEVERA    

Barragem do Vilar (na foto) parou a produção hidroelétrica Na última avaliação, capacidade era menos de 20% do total Entidades preocupadas com prolongar da situação Armazenamento e rega poderão ser solução no futuro

PAULO SILVA “Eu sou alinhado com o meu povo, e é esse que eu tenho que defender, seja contra quem for"


2

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Editorial José Ângelo Pinto Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT Caros leitores, O momento atual, em que um governo de minoria e criado para que existam equilíbrios entre fações de esquerda e de extrema-esquerda está a dar as últimas e estando em curso as negociações para um governo de maioria, que se espera seja verdadeiramente fiel aos ideais sociais-democratas e socialistas do PS, é um daqueles momentos em que o estado parece que não é de ninguém e que ninguém fica responsável pelas consequências das decisões. Parece que estamos a assistir ao fim de ciclo. Ao final do poderzinho que os extremistas tinham sobre o país. Ao fecho do ciclo em que os donos dos poderzinhos correm para tomar decisões que possam melhorar este ou aquele aspeto particular ou aquela aplicação ou aquele impacto, decisões em que o médio e o longo prazo nenhuma importância têm e que sacrifica o esforço e o trabalho com visão de futuro pelo imediatismo e pelas soluções baseadas em geringonças que caiem como castelos de cartas ao primeiro sinal de vento. Venha muito rapidamente o novo governo. Terá uma oportunidade única na história recente de Portugal para fazer mais pelo país do que qualquer outro, pois a maioria confortável e séria de que dispõe permite que exista total alinhamento entre o poder executivo e o poder legislativo, o que só ocorreu por duas vezes na nossa história. Mas cuidado. Porque poder absoluto, mesmo de inspiração social-democrata e socialista, precisa absolutamente de contraponto. Precisa absolutamente de oposição séria e construtiva. Precisa de alternativas claras e fiáveis. Precisa de opositores, líderes que façam a oposição. Opositores que olhem para o país e que o defendam do governo quando tal seja necessário, mas que também ajudem o governo a construir e a melhorar o país. Oposição séria e elevada e que trabalhe com o sistema de governo para o melhorar e não contra tudo e contra todos. Precisamos de um bom governo. E precisamos de um bom PSD. E de um bom CDS. Onde estão?

PRÓXIMA EDIÇÃO 23 MARÇO

SUMÁRIO:

Vila Nova de Foz Côa Página 4 Destaque Páginas 5, 6 e 7 Mesão Frio Página 8 Região Páginas 9 e 15 Entrevista Autarca Páginas 10 e 11 Alijó Página 12 Torre de Moncorvo Página 13 Mesão Frio/Lamego Página 14 Armamar Página 16 Carrazeda de Ansiães Página 18 S. João da Pesqueira Página 19 Sabrosa Página 20 S. Marta de Panaguião Página 21 Entrevista Páginas 22 e 23 Moimenta da Beira /Tabuaço Página 24 Opinião Páginas 26, 28 e 30 Celorico de Basto Página 27 Nacional Página 29

ANUNCIE AQUI Tel.: 962 258 630 | 910 599 481 carlos.rodrigues@vivadouro.org geral@vivadouro.org

SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER E A NOSSA ASSINATURA MENSAL geral@vivadouro.org VISITE-NOS NAS NOSSAS REDES SOCIAIS: www.vivadouro.org www.facebook.com/jornalvivadouro www.instagram.com/vivadouro www.twitter.com/vivadouro

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org POSITIVO Turismo fluvial no Douro recupera 23% em 2021 face a ano difícil de 2020. No total viajaram na via navegável 279.151 passageiros

NEGATIVO Produção deste ano pode ser comprometida com o prolongamento do cenário de seca que a região atravessa.

Luís Braga da Cruz

Presidente da FORESTIS, Associação Florestal de Portugal. Engenheiro Civil

“Rio Branco - Lições diplomáticas para a Ucrânia” Quem visita o Rio de Janeiro fica a saber o nome de uma das suas mais importantes artérias urbanas - a Avenida Barão do Rio Branco. Menos saberão que tal barão se chamava José Maria da Silva Paranhos, justamente por seu pai ser natural da freguesia do Porto de que tomou o nome. O Barão do Rio Branco (1845-1912) foi um dos mais importantes diplomatas da história do Brasil e internacionalmente reconhecido. Haverá poucas personalidades a quem o Brasil tenha ficado a dever tanto. Primeiro como ministro plenipotenciário, nomeado como árbitro de complexos contenciosos fronteiriços que foram cometidos à arbitragem internacional. Depois, a partir de 1902, como responsável pelo Itamaraty, onde deixou uma marca perene na diplomacia brasileira. Recorde-se que, na segunda metade do século XIX, a força das armas se impunha. A invasão territorial precedia a diplomacia e os tratados de paz apenas reiteravam a aceitação deste padrão de comportamento. Foi o caso do belicismo prussiano de Bismarck que foi alargando territórios que acabaram por integrar a Alemanha unificada, subtraindo-os ao Império Austríaco, à França e à Dinamarca. Na passagem do século, o Brasil confrontava-se com inúmeras disputas fronteiriças e o recurso à guerra também se colocou, mas a via diplomática acabou por prevalecer. Rio Branco foi escolhido para defender estes su-

cessivos interesses do Brasil1. Em Washington (1895), para acompanhar a questão fronteiriça das Missões com a Argentina, levada à arbitragem do presidente norte-americano Grover Cleveland, que conferiu a soberania brasileira a um território de 30.622 km2. Foi a sua primeira grande vitória diplomática. Junto do presidente Walter Hauser da Suíça (1898-1900), para defender os direitos do Brasil na questão de Amapá (Guiana), em disputa com o governo francês. Esta arbitragem teve como desfecho, após dois séculos de difícil contencioso, o pleno reconhecimento dos direitos brasileiros sobre um território de 260.000 km2. Com a Bolívia, na questão do Acre, que fora território bolviano, que se declarara independente e que, pelo Tratado de Petrópolis (1903), se incorporou no Brasil mais 191.000 km2. Assinou o tratado de limites com o Perú (1909), pelo qual se acrescentaram mais 403.000 km2 ao território brasileiro. Enfim, recorrendo ao estudo sistemático e aprofundado da história e da geografia do Brasil, que cultivava com mestria, fundamentou com êxito as pretensões brasileiras. Conseguiu vencimento em todos os contenciosos em que se envolveu, recusou o fácil abuso da força, de que o Brasil também dispunha, e acrescentou ao território brasileiro 900.000 km2, cerca de dez vezes a área de Portugal. Serve esta história para a confrontarmos com a actual disputa das regiões orientais da Ucrânia. A situação da Ucrânia tem antecedentes históricos que vêm do tempo das repúblicas soviéticas e envolve diferenças culturais profundas. Mas hoje, também põe em confronto concepções distintas de organização política, entre as novas formas do nacionalismo autocrático russo e os modelos ocidentais de democracia liberal. O que está em causa não é só a estabilidade, é a forma de exercer a soberania no futuro. A opção pela paz recomenda que se privilegie a negociação e não se percam todos os ensinamentos da história, de que Rio Branco foi um caso exemplar. 1 “O Barão do Rio Branco visto por seus contemporâneos”, Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), Centro de História e Documentação Diplomática, Palácio Itamaraty, Rio de Janeiro, 2002

Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Diretor Adjunto: Carlos Almeida | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: Rita Lopes | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Av.ª da Republica nº6 1º Esq. 1050-191 Lisboa | Colaboradores: André Rubim Rangel, António Costa, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Freire de Sousa, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Paulo Costa, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Sílvia Fernandes. | Impressão: Luso Ibéria | Tiragem: 10 mil exemplares


PUB


4

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Vila Nova de Foz Côa

João Paulo Sousa: "Voltamos com muita energia e vontade de oferecer às pessoas uma festa moderna" Dois anos após a realização da última Festa das Amendoeiras em Flor, quais são as expectativas da autarquia para a edição deste ano? São as melhores. Depois de um ano de interregno, pelos motivos que todos conhecem, (relembro que em 2020 a festa ainda se realizou), voltamos agora com muita energia e com vontade de oferecer às pessoas uma festa moderna, com um cartaz diversificado e atraente não só para quem nos visita como para os Fozcoenses de todo o concelho. Este é um evento que conta sempre com uma forte participação da população, em especial através das diversas associações do concelho. É uma ligação que se reforça após o interregno causado pela pandemia? Exatamente. As diversas associações do nosso concelho tiveram e continuam a ter um papel central e fundamental na festa da amendoeira. Também os agentes locais são convidados a participar nesta festa, que é também a celebração da Primavera. Passamos tempos difíceis, é tempo de virar a página e como as crises também são oportunidades, o Município arregaçou as mangas e preparou uma festa num formato diferente, mais arrojado, mas que respeita a essência do que é ser Fozcoense. A amêndoa é um produto com bastante peso no tecido económico do concelho de Vila Nova de Foz Côa. Como está este setor e como pode a autarquia ajudar a potenciar ainda mais este produto? A área do amendoal no concelho de Vila nova de Foz Côa foi afetada no início do ano 2009 pela implementação dos projetos de reestruturação da vinha ao abrigo dos diferentes programas, nomeadamente o VITIS. A baixa produção levou a baixa de preços. Passados estes anos, a plantação da vinha lidera, o olival tem vindo a ser uma aposta

séria dada a excelente qualidade do nosso azeite mediterrânico e a amêndoa tem vindo a crescer, mas de uma forma lenta. O município está atento e tem apoiado sectorialmente as associações de agricultores ligadas a este sector. Olhando para o cartaz desta edição vemos tradição, irreverência, desporto, animação um pouco de tudo. É um cartaz em que Foz Côa se apresenta na sua plenitude? Sim. Como refere é um cartaz, atrativo, diversificado, abrangente, todos os artistas de renome nacional e internacional são importantes, mas o nosso desfile etnográfico que ocorre no último fim de semana é o ex-libris deste certame. Ali podemos ver recriadas as tradições e costumes do nosso concelho.

Ao longo dos oito dias de festa há momentos que agradam aos mais diversos públicos. Que momentos destacaria deste extenso programa? Aproveito para destacar a aposta e o investimento que foi feito na parte noturna da festa. Se a festa diurna se mantém com o envolvimento das Associações e com muita animação de rua devidamente adaptada ao nosso território, a festa noturna foi completamente alterada. Transformamos o nosso edifício da Expocoa, um atrativo salão de festas com diversão das 18 às 2 da manha. Teremos uma mostra de produtos locais e estarão representadas todas as freguesias do concelho. Complementam a oferta espaços de restauração, bar e diversas atrações para miúdos e graúdos, que passam pelo

ballet, teatro e vários espetáculos musicais. A poucos dias de iniciar este evento, pedimos-lhe uma mensagem, em forma de convite, para os nossos leitores. Aproveito a oportunidade para convidar todos os leitores a visitarem Foz Coa nos próximos dois fins de semana e a deslumbrarem-se com as nossas paisagens. Convido-os a visitarem o Museu do Coa, provarem da nossa gastronomia e beberem daquilo que é um território cheio de alma e de vontade de receber bem que nos visita. De 25 fevereiro a 6 de março venha viver a Festa da Amendoeira em Flor em Vila Nova Foz Coa. Para mais informação visite-nos: www.amendoeiraemflor.pt


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO

5

DESTAQUE A situação de seca meteorológica que se verifica em Portugal desde novembro de 2021, agravou-se em janeiro e, segundo os primeiros dados deste mês, deverá crescer ainda mais. No primeiro mês deste ano, todo o território nacional já se encontrava em situação de seca: 1% em seca fraca, 54% em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema.

Falta de chuva deixa região em alerta Desde o início do corrente ano hidrológico (outubro de 2021) que se registam no território nacional valores de precipitação inferiores ao valor normal (1971-2000), sendo de salientar os meses de novembro e janeiro, muito secos. Em fevereiro a tendência tem sido a mesma, de acordo com os dados atualizados do IPMA, choveu apenas 7% do que seria normal em média em Portugal Continental e não se prevê precipitação significativa no que resta de fevereiro (e também em março). A 15 de fevereiro 91 % do território estava nas classes de seca severa e extrema. O índice de percentagem de água no solo (SMI) apresenta uma diminuição significativa em relação ao final de dezembro em todo o território, salientando-se os valores inferiores a 20% na região Nordeste e na região Sul, sendo que em muito locais dessas regiões já se atingiu o ponto de emurchecimento permanente. O ponto de emurchimento permanente (Ɵce) traduz-se no valor máximo do teor volúmico de humidade de um solo já não utilizável pelas plantas (quantidade de água existente na zona das raízes das plantas a partir da qual a planta não consegue recuperar a turgidez).

DRAPN atenta à situação A garantia que a situação está a ser acompanha pelas entidades públicas responsáveis pelo setor da agricultura é deixada à

nossa reportagem por Carla Alves, Diretora Regional da Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), que afirma que estão a "monitorizar o estado das reservas de água", acrescentando ainda estar "em contacto com as Associações de Produtores da Região para obter informações sobre o estado de evolução das culturas”. “É a conjugação destes dois fatores e se a evolução da situação se mantiver, que nos irá permitir efetuar uma análise prospetiva de qual será o impacto da atual situação climatológica nas principais culturas da região Norte", conclui a responsável. Carla Alves explica ainda que está a ser monitorizada a quantidade de água, não só nas grandes reservas de água (rios, barragens, etc), "mas o estado das nascentes, minas de água e poços”. Com as culturas típicas da região neste momento "numa fase de dormência vegetativa", a diretora regional afirma que a situação por agora "não é preocupante, no entanto toda a situação é alterada se a falta de chuva continuar”. Neste momento as principais preocupações são com os criadores de gado que "já demonstram alguma apreensão sobre qual será a evolução dos pastos e pastagens nos próximos tempos, uma vez que a continuação do tempo seco vai impedir o normal desenvolvimento das mesmas, originando a baixa produção de forragens, obrigando

os produtores a recorrer à compra de alimentos grosseiros, tais como feno e palha", uma situação que, explica Carla Alves, "pode onerar bastante os custos de produção e em algumas situações, tornar a mesma economicamente inviável".

Armazenamento e rega podem ser solução São vários os especialistas que defendem o recurso ao armazenamento das águas pluviais para aproveitamento na agricultura, fazendo assim uma gestão mais sustentável dos recursos hídricos ao longo de todo o ciclo. Cristina Matos, Professora da Escola de Ciências e Tecnologias da UTAD, defende uma urgente alteração dos comportamentos, desde logo com políticas mais permissivas a este respeito, "permitir a utilização, por exemplo, das águas cinzentas (águas provenientes de lavatórios, duches e lavagens de roupa), em fins menos nobres”. A docente universitária defende ainda um melhor aproveitamento do ciclo hidrológico," construindo sistemas de aproveitamento de água pluvial, que nos permitam usar com maior rapidez a água, sem que tenha que ir a uma estação de tratamento e depois regressar às nossas torneiras". Cristina Matos dá o exemplo de algumas quintas da região, "em especial de grandes dimensões, que já têm grandes tanques de

armazenamento". O problema, explica, é que esses tanques são alimentados por furos no solo, "se os lençóis freáticos estão a zero, ou próximo disso, não se conseguem abastecer". "Isto tem que ser pensado numa lógica cíclica, quando chove, essa água tem que ser automaticamente aproveitada. Não falamos de sistemas complicados, quando se fala em acumulação de água vem logo à ideia as barragens, não é necessária uma barragem para acumular água. Podemos ter até soluções mais naturais como lagos e lagoas, coisas mais pequenas, podendo assim evitar soluções mais complicadas", explica a professora. A solução de armazenamento de águas pluviais para posterior utilização é também defendida por Rosa Amador, Diretora Geral da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), acusando os governantes de "não darem a devida importância" a esta solução. "Em 2012 tivemos cá um cientista americano, muito conceituado nestas questões, que fez as projeções climáticas para 2020, 2050 e 80, em três cenários de emissão de gases estufa (disponíveis no site da ADVID, ver caixa), e o resultado desse trabalho é que haverá um aumento da temperatura. Quanto à precipitação, essas projeções apontam para que as médias se mantenham mas com alterações na dispersão temporal, ou seja, choverá menos durante o ciclo vege-


6

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Destaque

tativo e depois haverá uma concentração de pluviosidade mais na parte de inverno, com situações pontuais e extremas, algo que este ano não se verifica, de todo. É importante que estejamos preparados para armazenar água durante esses ciclos, para depois a utilizar quando necessário. Assim como as águas tratadas que saem das ETAR's, será uma ferramenta muito importante no futuro", afirma a dirigente. Também no entender da DRAPN o regadio é uma solução, apesar de "não chegar a todo o território”, sendo importante por isso, continuar “desenvolver técnicas culturais diminuam a necessidade de utilização deste recurso, otimizando as produções de sequeiro. No âmbito da Agenda para a Inovação, implementada pelo Ministério da Agricultura e nos vários avisos que foram até ao momento abertos no âmbito da " Terra Futura", financiada pelo PRR, temos notado uma preocupação, nos vários projetos de investigação que têm sido apesentados, com a utilização dos recursos hídricos disponíveis, com a poupança de água e com o estudo do modo como as várias culturas respondem à falta de água. Projetos em grande parte feitos em parceria com a DRAPN. Acreditamos que a conjugação destes dois factos referidos, investimento em regadio e investimento em investigação e inovação, será a melhor forma de preparamos o futuro”.

Vindima ainda não preocupa

do território. "Fala-se muito agora das alterações climáticas mas são situações já vividas no passado, lembro-me em pequena de ouvir na televisão os agricultores a queixarem-se com a falta de água, em especial no sul do país. Portanto, há aqui alguma coisa que tem que mudar em termos de mentalidades e política para estarmos melhor preparados na resposta a situações como a que vivemos atualmente, e que serão cada vez mais frequentes". Cristina Matos assume-se como "defensora da eficiência hídrica e de tudo o que envolve esse conceito", partindo "dos nossos comportamentos". À nossa reportagem a docente conta que nas discussões sobre este tema tem por hábito colocar uma questão "simples mas que deixa toda a gente com um olhar muito admirado. Como é possível continuarmos a despejar o autoclismo com água potável? É isso que fazemos. Água que tem custos para ser tratada e que pode ser bebida". A docente não esconde alguma indignação por ver "mesmo nesta situação de seca que vivemos", pessoas a ter comportamentos inconscientes como "lavar as ruas e os carros".

Com as vinhas numa fase de dormência vegetativa, os alarmes ainda se mantém no silêncio por toda a região, contudo as mãos já estão nos botões para os acionar. Para Rosa Amador, da ADVID, "ainda é prematuro falar do que será a vindima 2022, não sabemos qual vai ser o comportamento da meteorologia a esta distância". Contudo, a Diretora Geral da associação explica que "o reflexo desta situação poderá ser uma produtividade mais reduzida". "O stress hídrico afeta a produtividade, evita a maturação das uvas, levando-as a ficar secas e verdes, daí a importância da água. Não é necessário uma rega, no verdadeiro sentido da palavra, até porque a videira não quer demasiada água, apenas quer a gestão do stress hídrico. A vinha gosta desse stress, precisa desse stress para potenciar a sua produção", explica. No entender da dirigente, esta pode também ser uma "fórmula para conseguir aumentar a nossa produção potenciando a qualidade", de acordo com os números

Carlas Alves - DRAPN

Cristina Matos - UTAD

atuais, "no Douro produzimos cerca de 4000 quilos por hectar, quando a legislação diz que pode ir até aos 7500, ou seja, poderíamos quase duplicar a nossa produção, mantendo a qualidade". Em relação à produção deste ano, a docente da UTAD, Cristina Matos, defende que este poderá ser um "ano difícil". "A preocupação neste momento não é imediata, porque as grandes culturas no Douro como a vinha e o olival, por exemplo, estão num período de dormência, de hibernação, contudo quando iniciarem o seu ciclo vegetativo, iremos certamente sentir os efeitos desta seca. Sem água a planta não irá prosperar, a videira tem mecanismos de defesa quanto à falta de água mas não tanta como está a acontecer".

CIM Douro atenta à situação Carlos Silva, autarca sernancelhense e Presidente da CIM Douro, questionado sobre esta situação pelo nosso jornal afirmou apenas que a Comunidade Intermunicipal "está atenta" ao desenvolvimento da mesma.

Gestão do recurso não pode ser esquecida De acordo com Cristina Matos, docente da UTAD, a solução não passa apenas pelo armazenamento e rega, tem que existir uma gestão eficaz da água, "Portugal não é parco em água, o nosso país vive em stress hídrico por falta de estratégia na utilização da água que temos". Desde logo, a gestão deveria começar na nascente, defende Cristina Matos, "os nossos três maiores rios nascem em Espanha", o que nos faz depender muito do país vizinho que se gere pelas "cotas de partilha da água" atualmente em vigor mas que estão "desajustadas da situação extrema atual", devendo ser revistas. Para completar, uma gestão eficaz dentro

Rosa Amador - ADVID


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO

7

Destaque

Plataforma ADVIDclim Para a sua elaboração a ADVID contou com a colaboração do Professor americano Gregory Jones, Department of Environmental Studies, Southern Oregon University. De acesso livre através do site da ADVID (www.advid.pt), a ADVIDclim, permite analisar 11 parâmetros climáticos resultantes das projeções para Portugal Continental para os períodos 2020, 2050 e 2080 sob os cenários de gases de estufa B2 (moderado), AB1 (médio) e A2 (elevado). A validação das projeções para 2020 está a ser processada e será divulgada logo que possível. A informação disponibilizada poderá ser uma ferramenta essencial de apoio à tomada de decisão, não só dos empresários e técnicos vitivinícolas, mas para toda a atividade agrícola.

Medidas preventivas já estão no terreno Numa reunião interministerial da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca, que se realizou há cerca de duas semanas, foram definidas diversas medidas para o setor agrícola: Quanto ao abeberamento animal e estado das culturas, foi decidido: • Intensificar o acompanhamento da evolução do estado das culturas ao nível das Direções Regionais de Agricultura; • Fazer o levantamento das necessidades de investimento em captação e transporte de água e aquisição de equipamentos para abeberamento de gado; • Dar continuidade à avaliação da possibilidade de instalar pontos de água ou cisternas associadas a albufeiras de águas públicas; Quanto às medidas administrativas dos regimes de apoio aos agricultores, ficou decidido: • Fazer o levantamento das medidas de carácter administrativo nos regimes de apoio aos agricultores (medidas de superfície dos Pagamentos Diretos e do Desenvolvimento Rural) para mitigar o impacto da seca na atividade agrícola; • Foi solicitado à Comissão Europeia a redução das taxas de controlo, a autorização para reforço dos adiantamentos das medidas de apoio às superfícies e a simplificação da atribuição dos adiantamentos; • Continuidade da execução da medida de apoio à eletricidade verde; • Abertura dia 7 de fevereiro, de um Aviso no âmbito da Medida 3.4.2 do Programa de Desenvolvimento Rural, no valor de 2,5 milhões de euros, para a aquisição e instalação de painéis fotovoltaicos nos aproveitamentos hidroagrícolas. De acordo com Carla Alves, DRAPN, as medidas têm sido tomadas a nível central porque a situação de seca se regista em todo o território nacional. Segundo a mesma, o evoluir da situação irá ditar a aplicação de novas medidas e apoios financeiros. “Como temos visto, infelizmente esta situação não se limita só á região Norte, mas sim a todo o país, pelo que as ajudas que forem decididas a nível central, também serão aplicadas aos nossos produtores. Estão ainda a ser discutidas algumas medidas, e sempre tendo em consideração a possibilidade da situação se agravar, de criar linhas de crédito para melhorar a tesouraria das explorações agrícolas, apoios para a aumentar a capacidade de reservas das explorações agrícolas, nomeadamente apoiar a construção de charcas, aberturas de poços e furos e aligeirar alguns compromissos que os produtores possam ter quando se dedicam a produções em modo de produção biológico ou em produção integrada".

Para Cristina Matos, docente da UTAD, as medidas são necessárias mas surgem como uma reação, quando deveríamos olhar mais para o lado da prevenção destas situações e da preparação para as mesmas. "Temos o hábito de reagir às situações, e não agir para as prevenir. Isso não resolve o problema, apenas atenua as suas consequências. As medidas que foram tomadas relativamente à produção hidroelétrica, para garantir água para o consumo humano, servem para controlar a situação mas não podem ser mantidas indefinidamente. Estas situações serão cada vez mais frequentes, portanto, temos que nos preparar melhor, pensando em soluções que permitam dar uma resposta mais efetiva a quem mais depende da água. O ministro veio afirmar que haverá sempre água para consumo humano, essa será sempre, e bem, a prioridade mas, ao tirarmos a água da agricultura estamos a tirar sustento a boa parte dos humanos e, por consequência, menos alimento disponível para todos.

Previsões não indicam mudança Márcio Santos, criador da página Meteo Trás os Montes, em declarações à nossa reportagem afirma que, mesmo nas previsões de prazo alargado, não trazem indicação de qualquer chuva até ao final de fevereiro, situação que se poderá estender até março. “Atendendo às atuais tendências a largo prazo, e previsões mensais, não se prevê precipitação significativa, pelo que o cenário mais provável é de agravamento da seca até ao final do que resta de mês As previsões para março não são melhores, os 2 principais centros de previsão, o europeu ECMWF e o americano da NOAA indicam que março também será seco, em linha com os últimos meses. Para que se entenda a magnitude do que estamos a falar, nos primeiros 15 dias deste mês, em Vila Real caíram apenas 5.8 litros por m2, pouco mais de 4% do que seria normal”. O especialista em meteorologia lembra ainda a atualização dos dados do IPMA, até 15/02, que indica que já superamos a seca de 2005. “Os dados a 15 de fevereiro que indicam que esta seca já superou a grande seca de 2005 quando comparada a superfície em seca severa e extrema no nosso país, ou seja, há décadas que não chegávamos a meados de fevereiro com este grau de seca meteorológica”.

Agravamento do índice de seca meteorológica


8

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Mesão Frio

Foi dada por concluída, em dezembro de 2021, a obra de reabilitação dos taludes e zonas ajardinadas da Zona de Lazer de Mesão Frio, intervenção adjacente a uma outra obra já terminada - o Interface de Mobilidade Urbana Sustentável. O Investimento total foi de 94.764,00 euros, cofinanciado em 85%, no valor de 80.549,40 euros, pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) da União Europeia e pelo Programa Operacional Regional do Norte – NORTE 2020, integrado no Portugal 2020. Iniciada em setembro de 2021, a operação incidiu na intervenção dos espaços verdes, com o objetivo de melhorar o uso e a manutenção dos taludes existentes, através de uma remodelação de terras cuidada e das plantações arbóreas arbustivas, que conferiram atratividade ao espaço. Em simultâneo, as plantações visam consolidar os taludes e criar uma espécie de guarda verde, nas zonas mais inclinadas. A reabilitação contemplou uma maior definição dos limites dos passeios, a criação de um local de visitação turística, com amplos

Concluída reabilitação dos taludes e zonas ajardinadas da zona de lazer espaços verdes, com parque de estacionamento público na área envolvente, a criação de uma linha de árvores junto ao arruamento público, a plantação de árvores noutros pontos sensíveis, bem como, de material arbustivo e herbáceo nos taludes, sobretudo no topo dos mais inclinados, a plantação de sementeira de prado de sequeiro na zona mais plana, o revestimento de brita na mesma, junto ao cubo de granito existente e a implementação de um sistema de rega, que garante a sustentabilidade de toda a superfície. A conceção do projeto de reabilitação dos taludes e das zonas ajardinadas da Zona de Lazer obedece à integração urbanística, facilitando e melhorando a mobilidade pedonal. Situado nas imediações do Rio Teixeira e da Zona de Lazer de Mesão Frio, o espaço ficou mais aprazível, com uma integração urbanística e paisagística harmonizada.

Escola de Mesão Frio é única no distrito com ciclismo No âmbito da Educação e da dinamização do Desporto Escolar, a Câmara Municipal de Mesão Frio adquiriu bicicletas, capacetes e cotoveleiras, para desenvolver o projeto «DE Sobre Rodas», como forma de fomentar na comunidade escolar, a introdução a esta nova prática desportiva. Os equipamentos foram disponibilizados à escola sede do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade, a única no distrito de Vila Real que até ao momento oferece a modalidade desportiva de ciclismo aos seus alunos. Esta ação, por parte da Câmara Municipal de Mesão Frio, antecipa-se ao Programa Estratégico do Desporto Escolar 2021/2025, do Ministério da Educação, que visa criar condições para o alargamento gradual da oferta de atividades físicas e desportivas, de carácter regular e ocasional, a todos os

alunos, alinhadas com o Projeto Educativo da Escola. O Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, visitou a escola sede do Agrupamento de Escolas, fazendo-se acompanhar pelo Vereador com o Pelouro da Educação, Fernando Correia e garantiu à Diretora, Aldina Pereira, reforçar os equipamentos, até ao momento em que o Ministério da Educação irá conceder a totalidade prevista. Em conjunto com a Direção do Agrupamento de Escolas, é ainda objetivo do Executivo Municipal, fomentar uma política direcionada para outras modalidades desportivas, como o andebol e o basquetebol, prosseguindo numa estratégia de promover na comunidade escolar, o sucesso educativo, estilos de vida saudáveis, competências e valores como a solidariedade e a resiliência.

CREACTIVITY BUS passou por Mesão Frio CREACTIVITY BUS, esteve, ao longo de dois dias, 21 e 22 de fevereiro, em Mesão Frio, na Avenida Conselheiro José Maria Alpoim, em frente à Câmara Municipal. As sessões foram abertas à população em geral, das 16h00 às 17h30, durante os dois dias. Os restantes horários estiveram reservados a grupos de alunos do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade.

O Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva e o seu staff político visitaram, na manhã do dia 21, o CREACTIVITY BUS, oficina pedagógica destinada a crianças a partir dos 7 anos de idade, onde é praticada a arte de pensar com as mãos, e pôde testemunhar o entusiasmo das crianças, que estiveram a desfrutar de uma aprendizagem dinâmica, inovadora e lúdica, organizada pelo Município.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO

1ª Edição Magos da Guitarra, festival A 1ª edição do Magos da Guitarra, festival acontece em março em quatro concelhos do Douro: Carrazeda de Ansiães, Tabuaço, Torre de Moncorvo e Sabrosa. Esta iniciativa é pensada para divulgar e dinamizar culturalmente este território de Trás-os-Montes e Alto Douro como um todo, trazendo a esta região uma série de guitarristas que se destacam pelas suas habilidades em área musicais diversificadas como: fingerstyle, blues, jazz e flamenco. Em declarações ao VivaDouro, Rui Fernandes, membro da organização, disse que não se trata apenas de uma estratégia cultural e que “faz mais sentido a existência de um evento que deixe marca, por isso insistimos na existência de workshops ou encontros informais com os guitarristas, nas localidades”. Nesta primeira edição foram convidados Pedro Andrea, guitarrista espanhol aclamado por Carlos Santana; Cláudio César Ribeiro, guitarrista brasileiro da área do jazz; David Silva, destacado guitarrista de flamenco e Sönke Meinen¸ que vem da Alemanha, demonstrar a sua técnica fingerstyle. No total serão oito concertos que se vão realizar durante o mês de março, nos dias 4 e 5, em Tabuaço e Carrazeda de Ansiães; dia 11 em Torre de Moncorvo; 18 e 19 em Sabrosa e Tabua-

ço, e, finalmente, 25 e 26, em Sabrosa, Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães. A existência do Magos da Guitarra, festival é também uma resposta a verdadeiras legiões de seguidores da guitarra nas suas mais variadas tendências e, segundo o organizador, “é, ela também, um teste e resposta a uma iniciativa que não privilegia nenhuma área musical em específico, mas, antes, o virtuosismo e a excecionalidade da performance dos intervenientes”. Magos da Guitarra, festival marca pela diferença numa manifestação musical alargada que conjuga todas as características e especificidades de um novo mundo à volta da guitarra. No que diz respeito ao planeamento do evento, a organização não apontou nenhuma dificuldade, pelo contrário, acreditam que o mesmo será um sucesso e que irá marcar a diferença na programação e dinâmicas culturais. “Tivemos a sorte de Carrazeda de Ansiães, Sabrosa, Tabuaço e Torre de Moncorvo, desde que lhes foi apresentada a ideia, acarinharem o projeto, se envolverem ativamente na sua realização e confiarem, como nós, que este “Magos da Guitarra, festival” poderá ser uma mais valia cultural enorme quer para as dinâmicas culturais de cada uma e para este território de Trás-os-Montes e Alto Douro como um todo”, conclui Rui Fernandes.

Região

9


10

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Paulo Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio

"Não pode ser proporcional, Mesão Frio não pode estar na me Paulo Silva, eleito para o primeiro mandato à frente da autarquia de Mesão Frio, em setembro de 2021, fala ao VivaDouro da longa vida de dedicação que leva ao serviço da causa pública, e das ambições que tem para o seu concelho. Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. O que se perde ao dedicar o dia a dia à causa pública? Eu não acho estranho, estou ligado à política desde miúdo praticamente, o meu pai foi autarca, o meu irmão foi autarca e depois estive aqui também como autarca, portanto é uma atividade que a mim, pela sua intensidade, pela sua ocupação, não me surpreende, nem estranho sequer. Agora, temos todos que perceber que isto não é um emprego, isto é uma missão para servir as pessoas. Nesse sentido, faço com gosto. O cansaço é mais mental que outra coisa, agora aqui há prejuízos, prejuízos de amigos e família, mas temos de conviver com isso. No meu caso, a tarefa é mais fácil, porque eu não vejo isto no longo prazo, tenho um propósito limitado no tempo, por isso não é uma carga. Vejo isto realmente como uma missão, com tempos definidos. Tomar decisões como autarca implica sempre agradar a uns e desagradar a outros. Do lado mais pessoal, consegue-se lidar com o facto de saber que a decisão irá desagradar alguém? Vamos colocar um pouco de humor nisto… as nossas decisões agradam a toda a gente, aos que tiram proveito delas, agradam pela positiva, às oposições, agradam pela negativa, também é uma maneira deles terem o que criticar. Portanto, cada decisão que se tome, vai agradar sempre a toda a gente, uns mais outros menos, uns pela positiva outros pela negativa. O que é fundamental é focarmo-nos nos problemas que a nossa terra tem, que as nossas pessoas têm. Eu sou daqueles que digo que grande parte da minha vida foi dedicada à causa pública, estive 25 anos nos bombeiros, servi nas forças armadas 5 anos, em missões humanitárias, poucas no meu caso, portanto tenho toda essa experiência. Se tomar a decisão errada, tenho a humildade de a corrigir ou de cancelar, anular ou alterar, não sou torrão, muitas vezes na minha vida recuei, porque reconheço ou porque me fazem reconhecer que não foi a melhor decisão. Quando entendi candidatar-me, tentei reunir à minha volta, gente competente, gente sensível, essencialmente, porque a competência não é tudo, gente que pensasse um pouco como eu, que pensasse: o que é que eu posso fazer para melhorar a vida ao meu conterrâneo, ao meu vizinho. É essa a minha postura, mais obra menos obra, o importante aqui é darmos boa qualidade de vida à nossa gente, e nós temos muito trabalho pela frente nessa matéria. Mesão Frio é um concelho pequeno, pobre, cada vez mais pobre, e os governos teimam

em tornar Mesão Frio cada vez mais pobre. Esta Lei do Financiamento Local é terrível para o interior, perdemos gente e cortam à verba, porque há menos gente, quando devia ser precisamente ao contrário. Sejam 10 ou 100 habitantes, nós temos que lhes criar as melhores condições de vida. Costuma-se dizer que um doente ocupará sempre 5 ou 6 técnicos de saúde, 10 doentes ocuparão se calhar os mesmos, portanto a base é esta, não se pode olhar para o interior e, porque tem menos gente, dar menos apoio, não. Esta é a minha preocupação neste mandato, que está a começar mal, sou confrontado com uma quebra de rendimento, por parte das transferências do Estado em cerca de 10%. Isto é matar o concelho. Vou ter reunião com os meus pares e com os deputados, vou forçar reuniões com os secretários de Estado, com o ministro, seja com quem for. Um concelho como Mesão Frio não pode ser prejudicado desta forma. Eu entendo a lei, fruto das receitas fiscais que o país tem, agora um concelho como o nosso é uma gota no orçamento do país, aliás nem é uma gota, é uma partícula. Os Estados têm de ser sensíveis a isto, cortar 10% de Mesão Frio, que se traduz em 340 mil euros, não é a mesma coisa que cortar meio milhão ao Porto ou quatro ou cinco milhões que seja. Eles têm receitas que nós não temos, nós não temos indústria, não temos comércio, nós temos é, pelo contrário, que ajudar o tecido local, que é na sua maioria baseado na agricultura. Quando a Câmara foi chamada a ajudar o Estado, porque ajudou, na pandemia, o resultado é, -“vou-te dar um corte nas transferências”, porquê? Nós paramos tudo, dedicamos tudo ao tratamento, ao acompanhamento das populações, demos comida, máscaras, demos tudo, meios humanos e materiais, tudo. Agora, vem o Estado, “porque recebi menos, pega lá menos”, não. Não pode ser proporcional, Mesão Frio não pode estar na mesma balança que Lisboa, Porto, Coimbra, Chaves ou Vila Real que seja, não pode. Portanto, quando me diz que um autarca está ocupado 24h por dia é isto, nós podemos cumprir a nossa missão e chegar à noite e dedicarmos um bocadinho do nosso tempo à família, ao descanso, entre outras coisas mas não, a gente deita-se com o problema, acorda com o problema e não vemos ninguém capaz de o resolver. Sendo eu novo no cargo, é a minha exigência, quer gostem quer não gostem. Eu não sou alinhado, os partidos servem para as ideologias e também como veículos para a gente chegar ao poder e, portanto, é aí que eu vou reclamar. Eu sou alinhado com o meu povo, e é esse que eu tenho que defender, seja contra quem for. Nestes próximos 4 anos, quais são as grandes preocupações do presidente Paulo Silva, da Câmara Municipal de Mesão Frio? A grande preocupação, como disse, é o bem-estar das pessoas e isso abrange tudo, desde a área social ao lazer, tudo e mais alguma coisa. Há um problema que nós temos, fruto de

Em perfil Um filme: O rapaz de pijama às riscas Um livro: Os Maias Uma banda: Pink Floyd Não passo sem: Família Prato favorito: Cabrito Local de férias: Mar, praia Em Mesão Frio, gostava de ter: não sei dizer, tanta coisa… Clube desportivo: Sporting, sempre!


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO

11

NOTA PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.

esma balança que Lisboa, Porto, Coimbra, Chaves ou Vila Real"

anos anteriores, (não vou estar aqui a culpabilizar ninguém), temos um património completamente degradado. A piscina coberta, de água quente, é fundamental para os nossos idosos, para a sua saúde e terapias. É uma mais valia para a qualidade de vida dos nossos utentes, é um equipamento que já tem quase 20 anos, está completamente degradado e a Câmara não tem a mínima hipótese de o requalificar, isto é um exemplo. Temos a residência de estudantes que é um monstro que está ali, é um edifício excelente, foi das primeiras residências de estudantes do país, ainda vem do tempo do meu pai (estamos a falar dos anos 80), e que está fechada, tudo a apodrecer. O edifício não é nosso e o Estado não tem sido honesto con-

nosco, isto é transversal aos vários governos. Está acordado e escrito que, quando o Estado não utilizasse aquele edifício, revertia automaticamente para o Município, andamos aqui de Governo para Governo, de Ministro em Ministro, secretário em secretário e não passam aquilo para a nossa posse. É um edifício que está fechado, está a degradar-se. Estamos a falar de uma residência que terá capacidade para alojar 60 crianças ou adultos, com cantina, salas de formação, recreios, com tudo. Portanto, temos esse foco. Também a nossa praia fluvial se está a degradar completamente, ninguém quer saber daquilo. Era uma zona de lazer onde a nossa população no verão, passava lá o tempo, completamente degradada. As nossas estradas estão completamente esburacadas, é isto, umas atrás das outras. Relativamente à saúde, está em cima da mesa a transferência das competências na área da saúde, o que é que nos querem transferir? Os funcionários e nem dinheiro para pagar os salários nos dão, está um acordo em cima da mesa, andamos a tentar negociar com o Ministério da Saúde, fizemos as nossas contas e a transferência da verba do Estado, não chega para pagar os salários. Atrás disso ainda teremos as viaturas, manutenção do edifício, água, luz e a segurança, quer dizer, como? A viatura, a mais nova tem mais de 20 anos, é assim que tratam as autarquias? Não pode ser. Um pilar de uma ponte em Lisboa, resolveria todos os problemas do concelho de Mesão Frio, todos. Falta sensibilidade a quem governa para perceber isso? Vou mandar um recado para o país, vou-me atrever, posso estar a ser injusto para algumas pessoas, mas para a maioria julgo que não. Há um certo interesse do turista nacional, para não ir mais longe, em olhar para o Douro como uma coisa engraçada, “vou visitar o jardim zoológico, entro num barco, rio acima e depois chego ali e tenho os macacos em cima das bananeiras”, é isto que ele pensa. Vamos à questão fulcral do nosso concelho que é o vinho, o problema do Douro. O turista não tem a noção do valor que está dentro de uma garrafa de vinho. Ele bebe o vinho, sabe-lhe bem, mas não imagina o trabalho e o esforço que aquela garrafa representa para nós, isto para não falarmos já dos nossos antepassados que lavraram, que fizeram estes calços à mão, não havia máquinas. Este paraíso teve um custo e tem um custo para quem cá vive, portanto, quando quiserem falar do interior venham cá, não é pegar numa carta, numa régua e num lápis e traçam ali coisas mirabolantes. Dou-lhe outro exemplo, nós andamos há 40 anos para ter um acesso digno à autoestrada. Há 40 anos que andam a estudar, é projetos, mais projetos e mais projetos e agora está no 20-30, depois está no 40-50, depois está no 10-20 e ninguém faz nada, ninguém quer saber, no entanto, pega-se

numa estrada secundária e gastam-se lá 1, 2, 3, 4 milhões aqui perto. Temos aqui o exemplo da 101, que é aquilo que estamos a falar, e o mais engraçado, é que ligo o meu GPS e o que é que eu vejo lá? IC26, gargalhada geral, que IC26? Estão a gozar connosco? Na 101 há um ramal que liga aqui duas freguesias, e bem, eu não sou contra essas obras atenção, sou contra fazerem essas, mas não outras. Nós temos uma via principal, salvo erro é a segunda estrada do Douro com mais movimento, que é a 101 (a ligação Amarante - Régua). A entrada no Douro é a 101, não se prega lá um prego e a meio da 101, para servir duas aldeias de Baião, vão se gastar 1.2 ou 1.6 milhões de euros, isto é um absurdo. Portanto, eu acho muito bem que componham as estradas que precisam ser compostas, mas quer dizer, e para chegar a essa estrada? Vou por um caminho? É isto que se está a fazer. Os governantes não têm sensibilidade, eu lamento muito dizer isto, porque conheço pessoalmente muitos governantes. Quando estamos à mesa é agradável, gostam de nos ouvir, mas depois a viagem é longa daqui a Lisboa e esquecem-se quando lá chegam, ou perdem o caderno de notas. Aqui ninguém me cala com isto, prejudicar mais já não prejudicam, só se abrirem um buraco e nos enfiarem lá dentro, porque Mesão Frio, a porta do Douro, merece um tratamento mais digno, por parte de quem nos governa. Corremos o risco de amanhã, nos fecharem o centro de saúde, nessa altura vamos atuar, as escolas a mesma coisa. O parque escolar precisa de uma reforma profunda, os computadores que temos, os mais novos, têm 12 anos, os projetores para os miúdos estão todos danificados, tudo avariado, e Mesão Frio não tem dinheiro. Nós temos um orçamento para este ano de pouco mais de 3 milhões de euros, não há milagres. Chega para pagar os salários? Vai chegando, 50% ou mais é para pagar salários, não tenho aqui o número preciso. Um dia vai chegar a um ponto que nós pagamos os salários e acabou, vão haver contas que vamos mandar para Lisboa, se não, não tenho dinheiro para transportar os miúdos da escola, porque também isso é à custa da Câmara. Às empresas, aumentam o salário mínimo e há uma ajuda, aos municípios e aos bombeiros, acrescento aqui outra associação importante, não há ajuda, onde é que isto vai parar? O Governo esquece que a maior parte do transporte de doentes é feito por nós, gratuitamente. O carro da presidência já esteve ao serviço, para levar doentes ao hospital, em plena pandemia, tudo isso nós fizemos. Um presidente da Câmara não mete ajudas de custo, não mete nada, até me arrepio, quer dizer, ir almoçar fora e trazer a conta à câmara eu até me arrepio, não consigo, isso não é justo, até porque o sa-

lário do presidente da Câmara é miserável. Tantos anos de dedicação à causa pública, também lhe deu uma certa amargura de fazer, mas não conseguir obter resultados, porque há sempre uma força maior? Sim. Nas entrevistas coloco este tom, para as pessoas perceberem que é sentido, porque é sentido. Você vem aqui tomar um café comigo, com todo o gosto, contamos uma piada e estamos bem, quando falamos destes assuntos eu transfiguro-me, porque nos sentimos impotentes, não é justo tratarem as pessoas desta forma. Um individuo em Mesão Frio que corte um dedo às 18h vai para Vila Real ou para Lamego, e pode não ter transporte assegurado, é este o tempo que se vive em Mesão Frio. Temos famílias a pedir, que necessitam de comida, é um problema e o Governo sabe disto, só se andarem com os olhos fechados. A aposta no interior não passa por grandes obras, não quero. Quando me candidatei, coloquei no programa que não me interessam os fontanários, nem as rotundas, nem as avenidas, a mim interessam-me as pessoas, e temos que criar condições para as pessoas se sentirem aqui bem. Se daqui a 4 anos fizéssemos uma nova entrevista e sentisse, já nessa altura sentisse da parte do Estado uma maior preocupação com o interior, seria uma missão cumprida com sucesso? Olhe essa missão de sucesso depende da minha crença num homem, e não estou a ser bajulador, nem por ser do Partido Socialista, não. Eu tenho no nosso Primeiro Ministro, António Costa, um individuo sensível às pessoas, tenho por aquilo que ouço, que vou vendo, as intervenções que ele tem, é essa a minha fé. Também sei que os fundos do Estado não são inesgotáveis e problemas o país tem-nos, agora, nesta matéria, eu julgo que ele é sensível. Dá-me a ideia que ele se calhar é mal assessorado, é a ideia que eu tenho. Vejo-o com uma preocupação social, e o país nisso não se pode queixar, basta ver o que se passou na pandemia. O país só tem de reconhecer o que ele fez, portanto é essa a crença que eu tenho, com a ajuda do PRR, do 20-30 e de todos os quadros comunitários. Nas reuniões da CIM Douro, também se fala nisto mas as dotações já vêm de cima, quando reunimos, já está tudo decidido, somos uns palhaços. Porto, Lisboa continuam a levar o bolo todo e nós aqui coitadinhos… Se eu visse o Porto ou Lisboa a evoluir humanamente ainda se aceitava, mas não vejo, continuo a ver bairros degradados, gente altamente carenciada, continuo a ver isso tudo, portanto há aqui qualquer coisa que não está a funcionar bem. Se daqui a 4 anos, o meu discurso for o mesmo, possivelmente eu não estarei aqui e pronto cá estarei com o pau para dar a quem direito.


12

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Alijó

Balões com mensagens de amor coloriram Alijó no Dia de São Valentim O Dia de São Valentim serviu de pretexto para, mais uma vez, o Município celebrar o amor e a partilha de afetos e, ao mesmo tempo, incentivar a leitura e divulgar textos de grandes autores, dando resposta a uma das missões da Biblioteca Municipal. Vários balões biodegradáveis com mensagens de amor foram distribuídos pela população de todo o Concelho. Depois de ter distribuído cinco mil cartas de amor por espaços públicos e comerciais, em 2020, e de ter interrompido as iniciativas públicas por causa da pandemia, Alijó volta à rua para espalhar o amor pelas ruas no Dia de São Valentim. Os jardins e ruas ficaram mais coloridos com balões que tinham no seu interior textos dedicados ao amor da autoria de Fernando Pessoa, Almeida Garrett, Pablo Neruda,

Honoré de Balzac, Ludwig van Beethoven, Wolfgang Amadeus Mozart, o Rei Henrique VIII ou o Imperador Alexandre II. De referir que os balões utilizados nesta iniciativa são biodegradáveis e não foram lançados para a atmosfera. A iniciativa contou com o apoio das Juntas de Freguesias para chegar às vilas e aldeias do Concelho. Também foi lançado o vídeo da série “Viver para Contá-la”, produzida pela Biblioteca Municipal de Alijó, com testemunhos de como era o amor romântico de outros tempos, que está disponível na página de Facebook do Município de Alijó. O Município agradece a colaboração das 14 Juntas de Freguesia e da Biblioteca Municipal de Alijó, que permitiram que esta iniciativa chegasse a todas as localidades do Concelho.

Município avança com candidatura para criar Estação Náutica

O Município de Alijó está a preparar uma candidatura para a certificação de uma Estação Náutica, a primeira a ser criada na região do Douro. Este projeto representa um selo de qualidade e abre uma janela de oportunidade ligada ao Turismo Náutico, enquanto produto diferenciador e estratégico para o Município. A certificação vai permitir confirmar o potencial único do Concelho de Alijó ao nível dos seus recursos fluviais, com destaque para os rios Douro e Tua. Uma Estação Náutica funciona como uma rede de oferta turística náutica de qualidade, organizada a partir da valorização integrada dos recursos náuticos presentes no território, que inclui a oferta de alojamento, restauração, atividades náuticas e outras atividades e serviços relevantes para a atração de turistas e outros utilizadores, acrescentando valor e criando experiências diversificadas e integradas. Assim, uma Estação Náutica visa oferecer ao visitante atividades náuticas, mas tam-

bém outras atividades de animação, criando experiências diversificadas e integradas que permitam prolongar o tempo médio de estadia. A participação dos agentes locais na elaboração do projeto de candidatura para constituição da Estação Náutica é fundamental, sendo que o Município, entidade coordenadora do projeto, conta já com vários parceiros ligados a diferentes setores de atividade. A certificação da Estação Náutica de Alijó permitirá dar continuidade ao trabalho que o Município tem vindo a desenvolver no setor do Turismo, contribuindo para a valorização do Concelho enquanto destino turístico. As Estações Náuticas são certificadas pela Fórum Oceano - Associação da Economia do Mar, enquadradas no projeto “Portugal Náutico”, e possibilitam a promoção do território certificado através da integração na rede de Estações Náuticas já existente, a nível nacional e internacional.

Voluntários da Missão País vão estar em Alijó Alijó vai receber, de 27 de fevereiro a 6 de março, um grupo de cerca de meia centena de jovens universitários da Missão País, um projeto através do qual voluntários prestam um serviço social à comunidade que visitam, nomeadamente atividades de animação em lares e visitas porta a porta a quem mais precisa. Os jovens são provenientes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e irão dividir-se em pequenos grupos que irão fazer voluntariado nas IPSS de Alijó, Carlão, Favaios, Pegarinhos, Sanfins do Douro, Santa Eugénia, Vila Chã, Vila Verde e Vilar de Maçada e ainda na Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM). Este projeto inclui ainda a recuperação de uma habitação, em colaboração com a associação Just a Change. Durante a semana, o grupo

irá também ao Agrupamento de Escolas D. Sancho II para dar a conhecer o seu projeto. No dia 4 de março, os voluntários irão atuar numa peça de teatro no Auditório Municipal de Alijó, aberta à comunidade. A retoma pós-pandemia vai permitir que os voluntários realizem visitas porta a porta, em estreita colaboração com as IPSS e Juntas de Freguesia, de forma a levar algum conforto e companhia às pessoas mais isoladas. Sendo este o primeiro ano desta iniciativa, o Município espera poder alargá-la a todas as freguesias do Concelho no próximo ano. Tendo em conta que o objetivo deste projeto é também inspirar outros jovens, o Município de Alijó decidiu abrir este projeto a todos os voluntários do Concelho interessados em acompanhar e colaborar com os jovens da Missão País.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 13

Torre de Moncorvo

Autarquia Moncorvense prepara Festividades das Amendoeiras em Flor 2022 A Câmara Municipal de Torre de Moncorvo prepara no decorrer dos meses de fevereiro e março, inúmeras atividades para assinalar o belo espetáculo das amendoeiras em flor. O florescimento das amendoeiras, é uma época bastante marcante na região do Douro Superior, tornando Torre de Moncorvo um ponto turístico bastante atrativo. Nos dias 26, 27 de fevereiro e 5, 6 de março realiza-se o Mercado de Produtos Regionais "Torre de Moncorvo Com Sabor Amendoeiras em Flor", em parceria com o CLDS Moncorvo 4G. O mercado, que tem lugar na Praça Francisco Meireles, terá em exposição e para venda os vários produtos endógenos produzidos no concelho. A nível gastronómico destaque para o fim de semana gastronómico do Borrego da Churra da Terra Quente, que decorrerá de 4 a 6 de março, nos restaurantes aderentes do concelho. Do programa fazem parte várias atividades culturais das quais destacamos a exposição "Texturas D ouro" de Claúdia

Marina Telheiro, que estará patente no auditório do Museu do Ferro e da Região de Moncorvo a partir de dia 26 de fevereiro. No dia 7 de março, comemoram-se os 146 anos do nascimento de Campos Monteiro, com a apresentação da nova edição do livro "Ares da Minha Serra" de Campos Monteiro e a inauguração da exposição itinerante "Arte Solta 11" da Associação Espaço Q/Quadras Soltas, na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo. Nos dias 11 e 26 de março o cineteatro de Torre de Moncorvo recebe "Os Magos da Guitarra Festival" e nos dias 18 e 19 de março desenrolam-se as Festividades do Feriado Municipal e dia de S. José. Muitas outras atividades irão acontecer como a rota das pipas e a rota das amendoeiras, na Açoreira, o 5º Passeio TT Roscas 4X4 e o circuito de Margem Norbass. As festividades das Amendoeira em Flor terminam em Torre de Moncorvo com a realização da Feira Medieval de 8 a 10 de abril. Motivos mais do que suficientes para programar uma visita a Torre de Moncorvo e conhecer as belíssimas paisagens, a magnífica gastronomia e as suas gentes acolhedoras.


14

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Vila Real

Docente da UTAD é a primeira mulher eleita Presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Veterinárias Maria dos Anjos Pires, professora e investigadora da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) na área de Histopatologia, acaba de ser eleita presidente da Sociedade Portuguesa das Ciências Veterinárias (SPCV), uma instituição centenária, fundada em 1902 por 33 dos primeiros Veterinários de Portugal. A nova direção, eleita para os próximos três anos, tem assim a primeira mulher como Presidente, sendo composta por elementos de várias instituições de todo o país e de diferentes atividades das ciências veterinárias, incluindo um não-veterinário. Os novos órgãos diretivos são assim constituídos: Assembleia Geral, como presidente, Daniel Murta (CEO e Fundador da Ingredient Odyssey SA - EntoGreen e professor da Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz); como vice-presidente, Carlos Godinho, (que já foi presidente da SPCV, Médico Veterinário, Formador/ Consultor da distribuição Farmacêutica); e como secretário, Maria Leonor Orge (diretora do Laboratório de Patologia do INIAV e do setor das TSE). Por sua vez, a direção, presidida por Maria dos Anjos Pires, tem como vice-presidente Rita Payan-Carreira (professora de Reprodução da U.Évora); como Bibliotecário João Requicha (professor da UTAD da área da clínica de animais de companhia); como Tesoureiro, Jorge Correia (professor de Patologia da FMV-UL; e como o Secretário, Alexandre Trindade (investigador e professor da Cooperativa de Ensino Superior Egas Moniz). O Conselho Fiscal tem como presidente Rui Pedro Faísca (Patologista Experimental do Instituto Gulbenkian Ciência e professor da Universidade Lusófona); como relator, Irina Amorim (professora de Patologia do ICBAS e investigadora do I3s); e como

vogal, Helena Vala Correia (professora da ESAV e Vice-presidente do Instituto Politécnico de Viseu). Segundo a nova presidente, esta direção propõe-se realizar “atividades de divulgação da SPCV e seminários com diferentes profissionais das Ciências Veterinárias, assim como promover a entrega dos prémios da SPCV aos melhores alunos do Mestrado Integrado em Medicina Veterinária das diferentes instituições de ensino de Medicina Veterinária do país, atribuição tradicional, e com várias décadas de existência, mas que sofreu uma interrupção devido à recente pandemia” É de referir que esta instituição é uma das antigas Sociedades Científicas com atividade ininterrupta em Portugal, e tem como objetivos promover o progresso das Ciências Veterinárias e a cultura científica, profissional e geral dos seus Associados, tendo em vista a dignificação da profissão Médico-Veterinária e de profissões de áreas científicas afins, e o desenvolvimento socioeconómico do País. Edita também a Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias (RPCV), que se mantém edição online (https:// www.spcv.pt/rpc v-volumes/) e que entra este ano no seu volume 117.

Lamego

Lamego rumo à Jornada Mundial da Juventude A cidade de Lamego acolheu, na tarde do último domingo, dia 20, uma etapa importante na caminhada rumo à Jornada Mundial da Juventude ( JMJ) que decorrerá em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto de 2023, sob a presidência do Papa Francisco. Em ambiente de grande confraternização, os jovens dos arciprestados da Diocese de Lamego reuniram-se na Sé de Lamego, onde foi entregue uma bandeira da Jornada Mundial da Juventude aos Comités Organizadores Paroquiais deste evento. Marcaram presença neste grande encontro de preparação, o Bispo Auxiliar de Lisboa, D. Américo Aguiar, e o Bispo da Diocese de Lamego, D. António Couto, bem como

o Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes, acompanhado pelo executivo municipal. “O encontro de jovens realizado na nossa Igreja Catedral foi muito emotivo e demonstrou que a juventude está determinada em construir um mundo mais próspero e mais solidário. É também um sinal que a Igreja Católica está aberta a todos, com o objetivo de promover a paz e a fraternidade entre os povos”, afirma Francisco Lopes. Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude vão agora continuar a peregrinação pelas dioceses de Portugal, antecipando o encontro internacional promovido pela Igreja Católica em Lisboa.

Misericórdia acolhe ação de sensibilização sobre violência doméstica Um estudo recente da Organização Mundial da Saúde mostra que a violência doméstica começa cada vez mais cedo e é frequente em faixas etárias mais jovens. Os dados oficiais são cruéis: uma em cada quatro mulheres já foi vítima deste crime público pelo seu parceiro. Em 2021, registou-se em Portugal neste contexto vinte e três vítimas mortais. Com o objetivo de melhorar a prevenção, proteção e combate à violência contra mulheres e à violência doméstica, decorreu no

Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia de Lamego uma ação de sensibilização dinamizada pela UCC Lamego - Unidade de Cuidados na Comunidade. A assistência foi composta por beneficiários do Rendimento Social de Inserção e por utentes do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) desta Misericórdia. A ação de sensibilização “Violência Doméstica - Uma Realidade para Falar e Parar" integrou o Plano de Ação do Núcleo Local de Inserção de Lamego.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 15

Legislativas-2022:

Palavra do Autarca

O VivaDouro, na ressaca dos resultados das Legislativas 2022, falou com dois autarcas da região, representantes dos concelhos com maiores vitórias do PSD e PS, Carlos Silva de Sernancelhe e Nuno Ferreira de Freixo de Espada à Cinta, respetivamente.

Nuno Ferreira

Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta (PS) Freixo de Espada à Cinta. E, quanto a isso, foi o voto certo, o voto que acarreta ainda mais força e determinação a nós enquanto Executivo, e a mim enquanto Presidente de Câmara, de reivindicar tudo aquilo que é necessário para a população de Freixo de Espada à Cinta, porque apesar de estarmos no interior do país somos, também, as portas de entrada da Europa em Portugal e, nesse sentido, tudo faremos para dar a maior qualidade de vida e lutar por todos os serviços que devem existir e estar afetos a Freixo de Espada à Cinta. Mais do que falar do Interior, é necessário praticar o Interior.

Carlos Silva

Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe (PSD) Apurados todos os votos, olhando à realidade dos 19 municípios da CIM Douro, foi em Sernancelhe que o Partido Social Democrata obteve a vitória mais folgada. Como analisa este resultado no seu concelho? A prestação do PSD no Concelho de Sernancelhe nas últimas Eleições Legislativas não foi uma surpresa. Aliás, esteve muito próxima da votação que os sociais-democratas tinham obtido nas Legislativas de outubro de 2019 (55,94%) e veio na linha da votação nas Autárquicas de 26 de setembro, em que atingimos uma percentagem histórica de 81,89%. Estes resultados demonstram, desde logo, a expressão da vontade democrática do povo do Concelho, que tem sido claro na manifestação das suas preferências e nas suas escolhas políticas. Naturalmente, deixa-me muito satisfeito que haja uma correspondência entre os resultados concelhios nas Eleições Legislativas e as Autárquicas, e, acima e tudo, que Sernancelhe continue a ser apontado também pelas boas taxas de participação eleitoral, que nas últimas Legislativas foi de aproximadamente 64%. A composição da próxima Assembleia da República contará com cinco deputados eleitos pela região (CIM Douro). Que preocupações da região devem ser levadas ao debate político nacional? Aproveito, em primeiro lugar, para felicitar os nossos cinco deputados pela eleição para a Assembleia da República e desejar um mandato muito produtivo em favor do nos-

so território e das nossas gentes. Os desafios que enfrentarão são muito concretos e farão parte da agenda nacional nos próximos anos: o papel do Interior do País no Portugal do Futuro; e a demografia como problema transversal aos territórios, influindo cada vez mais nos modelos de desenvolvimento que se pretendem implementar. E neste contexto, o Douro tem necessidades inadiáveis, que aliás têm sido bandeiras assumidas pelos 19 autarcas deste nosso território da CIMDOURO: a construção do IC26, uma ligação rodoviária que liga o Douro à Fronteira de Vilar Formoso e une as autoestradas A24 e A25, e que terá impacto muito positivo no setor económico; o Douro ´s Inland Waterway, que tornará o Rio Douro numa via navegável segura e ligada verdadeiramente à Europa, fazendo parte da rede Transeuropeia de Transportes, com evidente impulso no turismo e no transporte de mercadorias; e a Linha do Douro, reconhecida por todos os estudos de viabilidade económica, inclusive pelas Infraestruturas de Portugal, como rentável só com o transporte de passageiros. É tida como essencial para o transporte de mercadorias entre a região e Espanha, é considerada essencial como itinerário ferroviário da Área Metropolitana do Porto e de toda região norte com a restante Península Ibérica e Europa. Será para que estas grandes realizações cheguem ao Douro que contamos com os nossos deputados na Assembleia da República e com a sua capacidade de intervenção para que sejam colocadas na ordem do dia e no centro do debate político nacional.

Apurados todos os votos, olhando à realidade dos 19 municípios da CIM Douro, foi em Freixo de Espada à Cinta que o Partido Socialista obteve a vitória mais folgada. Como analisa este resultado no seu concelho? Estes resultados espelham bem o trabalho que tem sido levado a cabo, quer pelo governo de António Costa ao longo destes anos, quer também, pelo nosso Executivo Autárquico que tomou posse há cerca de quatro meses. Há aqui duas notas importantes a referir: no dia 26 de setembro de 2021, o povo de Freixo de Espada à Cinta deu um voto de extrema confiança, com a vitória histórica obtida nessas eleições, e nota disso é o facto de ter sido o concelho a nível nacional com menor taxa de abstenção, o que mostra a responsabilidade que os nossos eleitores colocaram a quem querem que governe os destinos do seu concelho. E o mesmo se verificou nestas eleições legislativas de 2022, sendo que a vitória que o Partido Socialista obteve no concelho de Freixo de Espada à Cinta foi a maior na CIMDOURO, espelhando bem a responsabilidade que os eleitores de Freixo de Espada à Cinta colocam no futuro governo português, pugnando pela estabilidade do país ao votarem no Partido Socialista, e fazendo jus ao trabalho levado a cabo pelo atual Executivo Autárquico ao longo destes quatro meses, o que nos leva a crer que estamos no caminho certo, na rota do desenvolvimento e do progresso para

A composição da próxima Assembleia da República contará com cinco deputados eleitos pela região (CIM Douro). Que preocupações da região devem ser levadas ao debate político nacional? Os cinco deputados eleitos pela região sabem a responsabilidade que lhes foi atribuída na luta por esta Região do Douro Demarcada a nível nacional e internacional e, é com essa premissa que devemos reivindicar a reabertura da linha ferroviária da Barca D´Alva, porque permite desbloquear o desenvolvimento e o progresso para a nossa região. Outra das linhas que deve ser levada em conta pelos cinco deputados referidos, mais concretamente pelos dois deputados eleitos pelo Distrito de Bragança, é o alargamento do horário do centro de saúde até às 00h. É nossa premissa devolver à população qualidade de vida e saúde e, nesse sentido, estou certo que os deputados eleitos pelo Partido Socialista tudo irão fazer para lutar ao nosso lado, exigindo o alargamento dos cuidados de saúde primários, para que estes se tornem uma realidade. Outro tema em que estamos a trabalhar e que informámos atempadamente os candidatos na altura, agora deputados eleitos, é a necessidade de implementação do ensino secundário profissional no concelho de Freixo de Espada à Cinta. Esta é uma das premissas pela qual o Executivo Autárquico tem lutado e pela qual se congratula visto termos já acordado, para iniciar ainda este ano, o ensino secundário profissional, e contamos com a ajuda dos deputados eleitos para levar a cabo esta missão, que será uma realidade no nosso concelho. Por último, não posso de deixar de referir o foco que deve ser o novo PRR, pois é de extrema importância alocar verbas consideradas fundamentais para o desenvolvimento e progresso do nosso território. E quando digo nosso território, falo do Douro em concreto, mas também do meu concelho, pelo qual luto diariamente, juntamente com o meu Executivo: Freixo de Espada à Cinta.


16

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Armamar

AFC é Campeão Distrital A equipa Juniores C do Armamar Futsal Clube (AFC) sagrou-se ontem à noite campeã distrital da modalidade e vai disputar pela primeira vez a partir de 20 de março a Taça de Portugal de Juniores C de Futsal. A Câmara Municipal, cheia de orgulho, fe-

licita os nossos pequenos grandes atletas, a equipa técnica, a direção do clube, os pais destes jovens e todos os que têm contribuído para a crescente afirmação de Armamar na modalidade do Futsal a nível regional e nacional.

Assembleia da CIM Douro reuniu em Armamar O salão nobre do edifício da Câmara Municipal de Armamar foi, no passado dia 11 de fevereiro, palco da primeira sessão da Assembleia da Comunidade Intermunicipal (CIM) Douro, no mandato de 2021-2025. João Paulo Fonseca, presidente da Autarquia Armamarense, acolheu os participantes com uma mensagem de breve apresentação do concelho. Referiu o potencial de desenvolvimento de Armamar, que se enquadra numa estratégia mais vasta e que abrange todo o território abrangido por esta comunidade intermunicipal. O Autarca fez ainda o ponto de situação relativo às preocupações centrais que norteiam a ação da CIM Douro. Foi

recentemente apresentado o documento Douro 2030, que elenca ações com o objetivo de tornar a região mais coesa e inclusiva, sustentável, empreendedora e reconhecida pela qualidade de vida que proporciona. Os autarcas querem na próxima década ver concretizados os investimentos na melhoria das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias, prosseguir as melhorias no canal navegável e margens ribeirinhas do rio Douro; na acessibilidade digital; valorização do capital humano; promoção do empreendedorismo, tudo para alavancar o desenvolvimento económico e combater a desertificação do território regional.

Igreja Matriz de Armamar vai ter obras de requalificação Estão a começar as obras de requalificação da Igreja Matriz de São Miguel em Armamar, o único Monumento Nacional classificado no território do município. As intervenções consistem na substituição e/ou reparação das coberturas, melhoramento dos acessos verticais, reparação de alvenarias internas e externas, conservação e restauro do património integrado, reparação e limpeza dos sinos e do relógio mecânico, tratamento dos bancos, instalação de nova iluminação, sistemas de som, de alarmes de incêndio e de intrusão.

Formação + Próxima para o turismo Já começaram as ações de formação previstas num protocolo assinado entre a Câmara Municipal de Armamar e o Turismo de Portugal, através da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego. Armamar é um dos municípios piloto do Programa Formação + Próxima. Este programa tem por objetivo capacitar os colaboradores do setor turístico, com formação para empresários e gestores, quadros intermédios e operacionais, numa lógica de maior proximidade, procurando dar resposta ajustada às necessidades apuradas no contexto territorial em que se aplicam. O Formação + Próxima pretende acrescentar valor ao tecido empresarial local, e dar também oportunidade às pessoas de outros setores que, a beneficiar dos temas comuns como Atendimento e Protocolo ou Gestão das Reclamações na relação com o cliente, uma vez que este cliente pode muitas vezes ser um turista ou visitante. O Turismo de Portugal quer assim contribuir para a qualidade do serviço prestado pelas empresas e agentes, envolvendo os municípios enquanto entidades conhecedoras das potencialidades locais e capazes de mobilizar de perto os agentes do setor.

Pretende-se assim devolver ao edifício as condições necessárias enquanto lugar de culto religioso, e também de usufruto turístico, pela importância que tem no contexto do património histórico-cultural do Alto Douro Vinhateiro. O investimento de 377.586,86 euros, é comparticipado em 85 por cento, no âmbito de uma candidatura ao FEDER. A obra é acompanhada e fiscalizada pela Direção Regional de Cultura do Norte. Refira-se que a última intervenção no monumento aconteceu na década de 50 do século passado.


A CUIDAR DE QUEM CUIDA HÁ VÁRIOS APOIOS PARA QUEM CUIDA

DOS SEUS

Faça o seu pedido na Segurança Social


18

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Carrazeda de Ansiães

Abertura da exposição fotográfica de Rui Pires

O Centro de Inovação Tecnológica Inovarural de Carrazeda de Ansiães (CITICA), já abriu portas com a Exposição Fotográfica de Rui Pires. As fotografias estão inseridas na Coleção Museu do Douro e estarão em exibição desde o dia 14 de fevereiro até 26 de

Carrazeda de Ansiães vai ter estação de mobilidade O Município de Carrazeda de Ansiães teve aprovada uma candidatura, no âmbito da mobilidade urbana, cofinanciada pelos fundos comunitários Norte2020. A finalidade é a criação de uma estação de mobilidade no nosso concelho. Atualmente o transporte urbano de passageiros não dispõe infraestruturas de apoio, com a construção da estação de mobilidade, local de embarque de passageiros, com edifício de apoio para as diversas modalidades

de transporte. A estação de mobilidade pretende atrair novos utilizadores através da melhoria de conforto e acessibilidades, bem como afirmar Carrazeda como centro urbano com funcionalidades diferenciadas. As obras no valor de 293.847,90€ são cofinanciadas pelos fundos comunitários do Norte2020 a 85% e tem prazo de execução de oito meses, prevendo-se que a obra esteja concluída em maio de 2017.

maio de 2022. A Exposição divide-se em três áreas: gentes, património e paisagens, que representam o que de melhor a região tem para oferecer. Esta exposição pode ser visitada todos os dias, entre as 09h00 e as 17h00 no CITICA.

Município participa na maior exposição mundial

Expo Dubai, é uma exposição mundial com mais de 190 países representados, que teve lugar no Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante os dias 12 e 13 de fevereiro, decorreu a promoção e divulgação do território e de produtos de eleição de Carrazeda de Ansiães.

No stand promocional, junto ao Pavilhão de Portugal, deu-se a conhecer o território com a promoção e divulgação da oferta turística do Concelho, destacando os principais pontos turísticos, bem como a apresentação da maçã, do vinho e do azeite, enaltecendo as características dos dife-

rentes produtos e contactos. Os três Municípios do Douro Superior, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada À Cinta e Torre de Moncorvo, realizaram um seminário de apresentação conjunto, onde se apresentou turística e culturalmente o concelho de Carrazeda de An-

siães, para empresários do setor turístico e agrícola. No Restaurante Al Lusitano foi feita a degustação gastronómica, onde os produtos dos três Municípios foram colocados à disposição dos stakeholders e do público em geral.

Obras de reparação e restauro na Igreja Paroquial de Stº Amaro

Inseridas na preservação do património religioso do Concelho de Carrazeda de Ansiães, que o Município tem vindo a desenvolver, estão a decorrer obras de reparação e restauro na Igreja Paroquial de Stº Amaro, em Pereiros. A conservação centra-se no restauro do forro da falsa abóbada de berço da nave do edifício, contendo nas extremidades a representações dos quatro apóstolos (S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João), e ao centro a iconografia de Santo Amaro. Os trabalhos encontram-se em fase de consolidação e representam um investimento de 38. 962, 00€ (trinta e oito mil, novecentos e sessenta e dois euros). Estão também a ser alvo de trabalhos

de conservação as Igreja de S. Lourenço em Pombal, Igreja de S. Miguel em Linhares e Igreja de S. Bartolomeu em Parambos. Estas obras de reparação

e restauro visam a criação de um Circuito de Visitação do Património Religioso no concelho de Carrazeda de Ansiães.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 19

S. João da Pesqueira

Festa dos Saberes e Sabores do Douro 2022 A Câmara Municipal, depois de um interregno de 1 ano devido à pandemia Covid-19, vai voltar a organizar nova edição da Festa dos Saberes e Sabores, que irá decorrer nos dias 5, 6, 12 e 13 de Março, no Salão de Exposições Municipal. Este evento pretende ajudar a impulsionar a economia do Concelho, dando a conhecer e a comercializar os produtos da terra, os deliciosos sabores dos produtos tradicionais e a boa gastronomia regional. Neste evento podemos encontrar o delicioso pão caseiro confecionado à moda antiga, em forno de lenha; os enchidos típicos, tais como, o moiro, a alheira, a chouriça e a tabafeira; o azeite; o vinho; o mel; a amêndoa e o figo seco. Esta festa inclui ainda a participação de diferentes artesãos, trabalhando ao vivo materiais diversificados, dando a conhecer as artes e ofícios de outrora. Com muita música e animação ao longo dos 2 primeiros fins de semana de março e com as amendoeiras em flor, a colorir ainda mais, a já bela paisagem do Coração do Douro, são várias as razões para marcar na sua agenda e fazer uma visita a este evento.

Medidas estratégicas para mitigação dos efeitos da seca Face à baixa precipitação que se faz sentir em todo o território nacional, se nenhumas medidas forem tomadas, o volume útil de água disponível na albufeira de Ranhados que abastece os concelhos de S. João da Pesqueira, Mêda, Vila Nova de Foz Côa e uma freguesia de Tabuaço, apenas permitirá o abastecimento com segurança até abril de 2022. Neste sentido, o Município de S. João da Pesqueira, numa ação conjunta com os Municípios da Mêda, Tabuaço e Vila Nova de Foz Côa, elaboraram um Plano de Ação para a

Gestão Eficiente do Abastecimento de Água, a partir do Subsistema de Ranhados. Assim, em resposta à situação de seca vivida na região vão ser implementadas no imediato as seguintes medidas: 1 - Dar início à preparação de uma campanha de sensibilização junto da população em consonância com a empresa Águas do Norte, S.A. e os municípios referidos); 2 - Utilizar água nos jardins de outras fontes que não da rede de abastecimento público;

Município promove programa “Cultura para todos”

No âmbito da candidatura Cultura Para Todos-PesqueirAnima, promovida pela Câmara Municipal de S. João da Pesqueira e cofinanciada pelo Norte 2020, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu, a companhia Filandorra – Teatro do Nordeste vai

proporcionar momentos únicos de animação teatral em todas as Freguesias e IPPS’s. Um programa cultural inovador na Região que pretende levar o Teatro a todo o Concelho. A entrada é gratuita!

3 - Racionalizar a utilização da água da rede de abastecimento nos edifícios públicos (proibição de lavagens de vidros, viaturas, fachadas, pátios, espaços interiores e exteriores, entre outros); 4 - Afetar uma equipa permanente para deteção e resolução de avarias em condutas de abastecimento; 5 - Colocar válvulas redutoras de pressão para diminuição de consumos e redução de perdas; 6 - Desligar todos os fontanários existentes nas freguesias, deixando apenas um em fun-

cionamento para utilização estritamente necessária por parte das populações; 7 - Conciliar as medidas referidas anteriormente com todas as juntas de freguesia do concelho para que adotem idênticos comportamentos; 8 - Dar conhecimento do presente Despacho a todos os responsáveis dos serviços municipais e ao público em geral. Todos juntos e com pequenos gestos, podemos poupar milhares de litros de água.

Centro de explicações O Município de S. João da Pesqueira, no cumprimento de um dos compromissos assumidos pelo executivo, vai implementar um Centro de Explicações destinado aos nossos alunos. Este ano iniciaremos as atividades do Centro com Explicações às disciplinas de Português e Matemática, lecionadas por docentes devidamente habilitados (as) e com experiência profissional, destinadas a alunos dos 5º e 6º ano de escolaridade, bem como, aos alunos do 12º ano, que no futuro pretendemos alargar aos restantes anos de escolaridade e a outras disciplinas. As explicações terão lugar aos Sábados, com início a partir do dia 19 de fevereiro,

a partir das 9 horas, no piso 0 (Entrada da Escola de Música) das instalações do Cineteatro de S. João da Pesqueira (Entrada pela Rua de S. Pedro). O Município divulgará o mais oportunamente possível os horários, que serão elaborados após as inscrições dos alunos. As explicações constarão de 4 blocos mensais de 1hora e 30 minutos cada e terão um custo de 25,00 Euros por disciplina/mês, suportando o Município o remanescente do valor das mesmas. As inscrições estarão abertas entre os dias 7 e 15 de fevereiro, e deverão ser feitas por via telefónica para o numero 933844618 (Dra. Dora Reis).


20 VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Sabrosa

Apresentação da segunda EIP dos Bombeiros Voluntários de Provesende Foi no dia 2 de fevereiro, apresentada na Aldeia Vinhateira de Provesende, a segunda Equipa de Intervenção Permanente - EIP dos Bombeiros Voluntários de Provesende. A Associação Humanitária ficou dotada de mais uma Equipa de Intervenção Permanente, composta por cinco elementos que visam assegurar em permanência a segurança dos munícipes do concelho de Sabrosa, designadamente no combate a incêndios; socorro às populações em caso de incêndios, inundações, desabamentos, abalroamentos e em todos os acidentes ou catástrofes; socorro a náufragos; socorro complementar, em segunda intervenção, desencarceramento ou apoio a sinistrados no âmbito da urgência pré-hospitalar, não podendo substituir-se aos acordos com a autoridade nacional de emergência médica; minimização de riscos em situações de pre-

visão ou ocorrência de acidente grave; colaboração em outras atividades de proteção civil, no âmbito do exercício das funções específicas que são cometidas aos corpos

de bombeiros. A cerimónia contou com a presença da Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, do Presidente da As-

sociação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Provesende, Manuel Peixoto, do comandante desta mesma Associação, Ilídio Pinto, do 1º e 2º comandante operacional distrital de Vila Real, contando também com a presença de vários elementos daquele corpo de bombeiros. Na ocasião, a Presidente da Câmara Municipal demonstrou o orgulho e honra sentidos e a total confiança num “serviço com qualidade” sendo este um investimento por parte do município de Sabrosa que “garante a segurança das suas gentes”. Por outro lado, o Presidente da Direção da AHBVP agradeceu todo o empenho depositado nesta ação por parte da Câmara Municipal de Sabrosa. O município de Sabrosa conta a partir deste momento, com mais uma equipa operacional no terreno.

Sabrosa hasteia novamente Bandeira Verde nas escolas No âmbito do projeto Eco escolas a Escola EB2,3/S Miguel Torga e o Centro Escolar Fernão de Magalhães, em Sabrosa, foram mais uma vez galardoadas, pelas boas práticas ambientais, com as bandeiras verdes. No início da tarde do dia 20 de janeiro aconteceu a cerimónia do hastear da bandeira verde nas escolas de Sabrosa onde estiveram presentes vários elementos do corpo escolar e representantes do Município de Sabrosa. A presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, apresentou o seu agrado para com esta iniciativa e distinção demonstrando o apoio incondicional do município e a sua gratidão para com a causa ambiental, ressaltando que “cuidar do planeta é cuidar da nossa casa”, o

que, neste momento, é uma preocupação de forma a “não se esgotarem os recursos do planeta”. Considerou também ser uma iniciativa que orgulha todo o concelho, devido à sua importância e ao seu reconhecimento em termos nacionais e internacionais “esta é uma menção honrosa que determina cidadãos conscientes”. Ambas as escolas têm contribuído para um futuro sustentável do planeta com atividades e iniciativas “eco- escolas”, monitorizadas pelos delegados verdes para que o programa seja cumprido com sucesso. A Escola EB2,3/S Miguel Torga foi distinguida pela sétima vez consecutiva com a bandeira verde, sendo que o Centro Escolar Fernão de Magalhães conta com quatro distinções consecutivas desta iniciativa.

Município apoia utentes das Instituições do Espetáculo “O Ensaio dos Abutres” concelho com o Projeto “Super- S(énior)” foi apresentado no Município O município de Sabrosa, em colaboração com as IPSS´S do concelho, iniciou no passado mês de dezembro o projeto Super – S(énior).

Este é um projeto direcionado para a população mais idosa do concelho de Sabrosa e que surge com o intuito de tornar o envelhecimento menos sedentário e mais ativo, sendo, normalmente, a mobilidade desta população reduzida. O projeto é direcionado para as IPSS´S do concelho com valência de centro de dia, consistindo numa atividade física proporcionada aos utentes, em sessões de 45 minutos, elaboradas por um(a) técnico(a). Os exercícios são adaptados e personalizados de acordo com as dificuldades dos utentes de forma a melhorar a sua atividade, o equilíbrio e a flexibilidade. Este projeto é mais um apoio que o município presta aos munícipes seniores e às IPSS’S locais, apostando no envelhecimento ativo e melhorando a saúde desta faixa etária.

No passado dia 21 de janeiro, o município de Sabrosa recebeu a Peripécia Teatro com duas apresentações do espetáculo “O ensaio dos abutres”. Durante a tarde do dia 21 de janeiro a performance foi apresentada a alunos do ensino secundário da Escola Miguel Torga e aos alunos da Academia Sénior de Sabrosa, sendo novamente apresentada à noite, desta vez para o púbico em geral. Este espetáculo surge de uma coprodução com a associação ecologista Palombar e que se centra essencialmente na conservação de uma ave crucial para o ecossistema, os abutres Ibéricos. Trata-se de espetáculo dramático e com grande densidade, que nos leva a refletir sobre estas aves que se encontram em extinção e que ao longo dos tempos se nomeiam

com uma conotação negativa. O humor, a dança e a ironia estiveram presentes na apresentação da peça que também levou o público a refletir sobre os medos, a morte e essencialmente sobre o estilo de vida que hoje em dia vivemos.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 21

Santa Marta de Penaguião

Creactivity Bus em Santa Santa Marta de Penaguião Marta de Penaguião recebeu o V Encontro de Tunas O projeto itinerante «Creactivity Bus» vai estar em Santa Marta de Penaguião, nos próximos dias 28 de fevereiro e 1 de março numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal. O “Creactivity Bus” faz parte de um projeto itinerante patrocinado pelo BPI e Fundação “la Caixa”, com o objetivo de fomentar a conceção e o desenvolvimento de soluções originais para problemas simples, possibilitando às crianças participar em workshops com materiais do dia-a-dia e com ferramentas de baixa e alta tecnologia, no sentido de darem vida às suas próprias ideias através do espírito empreendedor, da cooperação e da reflexão. A unidade móvel estará junto à EB 2,3, durante o dia de 28 de fevereiro, sendo as ses-

sões exclusivas para os alunos do 2º ciclo. O autocarro deslocar-se-á até à Praça do Município no dia 1 de março desde as 09h00-13h00 e das 15h00 -18h30, com entrada livre. Os workshops destinam-se a alunos entre os 6 e os 16 anos principalmente, bem como a grupos familiares. De realçar que o Creactivity oferece “um contexto inovador de aprendizagem que consiste em desenhar e desenvolver soluções originais para problemas simples, utilizando diversos recursos, materiais comuns, ferramentas de baixa e alta tecnologia, etc. Dentro do espaço Creactivity os alunos irão aplicar o seu engenho, destreza e criatividade, colaborando uns com os outros para construir o seu próprio invento”.

Rurais do Marão e do Alvão

O palco do auditório municipal penaguiense recebeu, no dia 12 de fevereiro, o “Toque” que contou com a presença e atuação das tunas rurais do Marão e do Alvão. O evento que marcou mais um passo para a Inventariação das Tunas a Património Imaterial contou com a presença da Diretora da Direção Regional de Cultura do Norte, Laura Castro, que demonstrou a sua total colaboração neste processo de grande importância para a Cultura Nacional. Esta última, enalteceu ainda a vontade e dedicação dos municípios e parceiros envolvidos na preservação das nossas tradições. O final da tarde ficou marcado pela assinatura da carta de compromissos por

parte dos Municípios de Santa Marta de Penaguião, Vila Real e Amarante e dos representantes das Tunas Rurais de Ansiães, Bisalhães, Campeã, Carvalhais e Soutelo. De salientar que neste processo de Inventariação, o Arquivo de Memórias tem sido um forte impulsionador, representado neste evento pela Dra. Helena Gil. e pelo Dr. Salustiano Lopes, a quem o município deixa deste já os seus mais sinceros agradecimentos. De relembrar que o 1º “Toque” teve lugar em Santa Marta de Penaguião, no ano de 2016, e que desde então tudo se tem feito para que o sucesso desta Inventariação seja uma realidade.


22

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Entrevista

PAUL SYMINGTON “Sem os lavrador

Texto: André Rubim Rangel,

seatas de mota. Eu não tenho grande vontade em estar no Algarve, ou no sul de França ou em sítios exóticos: eu passo as minhas férias no Douro. Estou lá constantemente.

Com a sua origem/naturalidade no Porto mas todas as suas raízes e descendência provenientes do Reino Unido, como foi crescer e aprender na fusão destas duas diferentes culturas? É uma boa pergunta! O meu pai e o meu avô nasceram no Porto, a minha mãe nasceu em Lisboa e a mãe dela era portuguesa. Portanto, somos uma conjugação de culturas. Eu nunca tinha ido para Inglaterra até ter 12 anos. O Porto e o Douro foram onde fui criado. Apesar da descendência inglesa, sempre considerei ser aqui a minha terra.

Mas de todas as nomeações e funções podemos deduzir que a mais importante ou impactante para si foi ter sido, há 10 anos precisamente, «Decanter Man of the Year» – o «Nobel» mundial nesta área –, até por ser o primeiro produtor de vinho em Portugal a receber tal honra? Realmente, fiquei surpreendido quando me foi oferecido esse título, porque junto ao meu nome estavam lendas no mundo do vinho! Para eles escolherem alguém do Douro, produtor de vinho do Porto, por alguma razão foi, mas nunca me senti no patamar dessas lendas. Fiquei contente, mas mais contente pela região. E demonstrou algo que acho importante: que não é preciso ser a pessoa mais arrogante e mais agressiva no mercado para ter este reconhecimento. Sempre trabalhei em parceria com os meus primos, nunca tentei ser o melhor, e mesmo assim escolheram-me a mim.

Curiosamente, quando começou a sua vida profissional não seguiu logo o legado deixado pela «Symington Family States», mas como bancário em Paris. A que se deveu essa alternativa? Isso fez parte do meu curso. Eu estudei em Londres e no 3.º ano da Faculdade éramos obrigados a trabalhar numa empresa e o meu pai achava que seria bom fazê-lo em França. Nessa altura, o mercado francês era muito importante para o vinho do Porto e o meu pai recomendou que trabalhasse em Paris. Ele tinha lá um amigo no sector bancário e acabei por trabalhar aí, mas sempre com a visão de regressar cá. Isto enquadrava-se na estratégia de vir trabalhar no Douro com os meus tios. Está no vinho do Porto desde o seu regresso a Portugal, há mais de 40 anos, e foi o presidente da empresa durante quase 20 anos. O que mais o apaixona nesta área e qual a maior exigência que este trabalho implica? A primeira paixão, a que me moveu há 40 anos, é a ligação ao Douro, à terra, à vinha. Gosto muito de ler o que o nosso avô escreveu durante a I Guerra sobre a nossa Quinta no Douro, quando ele estava nas trincheiras na França. Felizmente ele regressou, mas muitos ali morreram. A minha ligação e a da minha família ao Douro é histórica. Durante toda a minha carreira – mesmo quando estávamos em Hong Kong ou em Nova Iorque, a fazer provas – essa ligação era muito importante para mim. Isso sempre foi o que me deu energia e vontade para continuar. Depois, obviamente, conjugando isso com o grande objetivo de aumentar a imagem dos nossos vinhos entre os melhores do mundo. Sempre quis que a fama dos nossos vinhos fosse a melhor possível. E penso que conseguimos isso ao longo dos últimos 30-40 anos. É lisonjeador verificar na vossa missão o seguinte: “produzir vinhos excecionais que celebrem e preservem a singularidade de Portugal”. É notório e louvável, visto que nem sempre tal consta na missão de tantas grandes empresas nacionais com projeção internacional…

Eu viajei bastante e tenho estado quase em todas as áreas de produção de vinhos do mundo, desde os vinhos franceses, os da Califórnia, da África do Sul, da Nova Zelândia, etc., e vejo adegas enormes com muita produção. Acho que em Portugal temos de criar o nosso próprio caminho, de valorizar os vinhos e produzi-los com grande qualidade, mas também saber contar a história e destacar os nossos vinhos do resto. Senão não temos grande futuro. O que me agrada é que pela qualidade das nossas castas e vinhas e pela capacidade dos nossos enólogos temos esse caminho. Não só a nossa empresa, como outras portuguesas, estão a afirmar o que nos faz diferente. Há que escolher o caminho não do volume, mas do valor! É esse que tem sido o nosso caminho. O que lhe vai na alma de todo o processo e continuidade desta herança? Pois é o primeiro da 4.ª geração Symington e, para lá do labor da 5.ª geração, os primeiros jovens da 6.ª geração já interagem nesta dinâmica da empresa familiar… Sim. Essa continuidade não é fácil. Quando comecei a trabalhar cá com o meu pai, em 1979, havia muitas empresas familiares em Gaia e no Douro. É uma lista longa de em-

presas que nestes últimos anos se venderam e se foram embora. Muitas vezes as empresas do vinho do Porto são vistas como permanentes, como aqueles navios enormes. Mas se olharmos para a História recente, esta transmissão de permanência para a geração seguinte não é sempre garantida. É muito importante que as boas empresas familiares faça com cuidado, responsabilidade e sucesso essa transmissão. O que lhe falta mais ser na ligação ao vinho do Porto? Já que, no passado, foi diretor da AEVP, consultor do IVDP, cofundador da Confraria do vinho do Porto, presidente da Feitoria no Porto e presidente honorário da International Wine & Spirit Competition, em Londres… (risos) Não me falta nada, realmente. Aliás, falta-me uma coisa! Mais vagar para poder estar mais tempo na minha Quinta no Douro, com 32 hectares no Vale do Pinhão. Apesar de reformado, ainda estou ligado a tantas delas. Ainda sou o presidente da Feitoria Inglesa, entre outras ocupações. Eu esperava ter mais tempo para estar lá, pois gosto muito desse lugar e de passear lá. Tenho muitos amigos na aldeia mais próxima, que é Provesende, com quem dou umas pas-

A par destas funções inerentes à sua atividade profissional, mostra um empenho especial na Educação, como “Board member” do Oporto British School e vice-presidente do Conselho Geral da Universidade do Porto. De que modo são conciliáveis estas áreas e como consegue ajustar tudo isto na sua vida? Eu gosto muito da Universidade do Porto (UP). Portugal tem um caminho com gente muito capaz. O sistema de Educação naturalmente tem falhas como qualquer outro país, havendo aspetos a serem melhorados. Mas, sem dúvida, Portugal produz pessoas muito inteligentes e a UP faz parte desse quadro e é uma peça essencial. É uma área que não conhecia bem e que fui aprendendo. Como curador, acompanho e trabalho com o Reitor. Há vários rankings, mas a UP está entre o 360.º e o 380.º lugar, em 26 mil universidades do mundo. O que é notável! Acho que é muito importante para o Norte e para o Douro. Acho que temos a obrigação de contribuir com algo para a Sociedade, que não apenas nas áreas dos nossos interesses. E esse é o meu contributo. Por tanto que já fez e ainda faz por toda a região Duriense, considera suficientes as distinções e prémios que lhe foram atribuídos pelas entidades locais? Entre os quais se destaca «Personalidade do Douro 2012» e o título de Doutor Honoris Causa, pela UTAD… Mais do que suficiente! Acho que não mereço mais do que já recebi. E aquilo que eu faço outros também o fazem. Sinceramente, já recebi muito. E, ao mais alto nível, o grau de Grande-Oficial da Ordem de Mérito pelo Presidente da República, em 2015…


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 23

res no Douro: não há vinho, não há turismo e não há futuro!” (risos) Mais uma pergunta difícil. Quando acabar esta entrevista, tenho um vinho para acabar com a minha esposa – «O Comboio do Vesúvio» –, que lançámos recentemente e que gosto muito, por exemplo. Na última Consoada eu abri as minhas duas últimas garrafas do «Chryseia» 2004 e era um vinho já com idade e estavam fantásticas! É de elegância muito especial e muito sofisticado, é uma parceria com a família francesa Graham’s e tornou-se uma referência! Para mim esse é dos melhores!

Este reconhecimento, de facto, foi uma grande honra e que não estava mesmo à espera! Nem imaginava que pudesse acontecer. Foi importante ser reconhecido no meu trabalho pelo Estado Português. De tudo o que tenho recebido, este é o reconhecimento mais valioso. E que breve análise faz da evolução do vinho do Porto em Portugal desde que começou até agora? Nota-se grande disparidade ou não? Em termos objetivos, eu tive a sorte de começar com 22 anos e o sector estar em grande crescimento até ao ano 2000. Os meus primeiros 20 anos no vinho do Porto foram excelentes para o Douro: plantações novas, excelentes vendas, inovação nos vinhos novos, um mercado muito aberto. De 2000 para cá os volumes começaram a baixar e, atualmente, estamos 20% abaixo do sector. Isto tem implicado dificuldades e desafios, em parte compensados pelo crescimento dos vinhos Douro DOC. Ainda continua a haver problemas e desequilíbrios, resultantes nesta alteração do mercado global para os nossos vinhos. Durante estes 40 anos vi grandes transformações no Douro: nos vinhos, nos acessos – que estão muito melhores –, no turismo crescente – embora a pausa com a pandemia. Já escrevi sobre isto em alguns artigos e vejo com preocupação a inércia em alguns sítios, face ao que é preciso fazer para se adaptar à realidade com as alterações profundas na maneira de se gerir a região Douro e as quebras de vendas do vinho do Porto. Há três anos, numa entrevista que deu, disse que “o Douro ainda enfrenta muitos desafios”. Os desafios são os mesmos e estão em ação ou tornaram-se mais problemáticos e ineficazes com a pandemia? Bem, apesar de a preocupação ter aumentado com o início desta pandemia, as vendas têm-se mantido muito melhor do que aquilo que esperávamos neste período. A previsão geral era quase catastrófica, mas felizmente as exportações têm-se mantido e graças ao esforço das equipas comerciais de todas as empresas portuguesas não tem havido uma redução muito grande. Isso reflete a pandemia. Em termos da situação estrutural, os desafios que abordei na altura ainda se mantêm. Gostaria de ver mais abertura da parte do Estado para uma reforma essencial no sistema regulamentar do Douro. A minha sugestão era de se ter um benefício para o «Douro DOC», para gradualmente poder subir os preços e tornar mais sustentável o labor e a lavoura. Temos já esse sistema para o vinho do Porto, que tem décadas de prática. Além de os Vinhos Symington serem líderes na qualidade, são também o maior proprietário de vinhas no Douro (1.006 hectares). Estando já no topo do topo,

E certamente também pensaram no melhor para assinalar os 70 anos de reinado, neste mês de fevereiro, da rainha Elizabeth II, a mais anciã em atividade… Sim, como foi anunciado, a «Symington Family State» engarrafou um vinho do Porto especial: o Graham’s 1952 Single Harvest, inicialmente engarrafado em 2012 para comemorar o jubileu de diamante da rainha e, agora, evoluiu numa década em cascos de carvalho nas nossas caves, em Gaia, atingindo o pico de maturidade. Num ano em que não se comemora apenas o jubileu de platina da rainha, mas também os 650 anos da Aliança luso-britânica.

onde podem surpreender, inovar mais e alcançar ainda maior sucesso? Esses hectares são dispersos e não é uma só Quinta. Isto representa 2,4% de toda a vinha do Douro, por isso somos o maior proprietário embora apenas com essa percentagem. Por isso, quando falo na sustentabilidade da lavoura, é porque a minha família e os funcionários da empresa dependem destas vinhas Durienses. E todos são 20 mil, aproximadamente. Sem os lavradores no Douro: não há vinho, não há turismo e não há futuro! Por isso, temos de adaptar o sistema que temos, que está completamente ultrapassado. Nos vinhos do Douro é difícil ter os preços baixos porque os custos são enormes! Gostaria de ver o Governo estar mais disponível para discutir estes passos necessários para o futuro!

rapidamente é que os mercados mudam, a moda muda, os estilos de vinho do Porto também. Quando eu comecei, em 1979, a venda dos Tawny velhos (de 10, 20, 30 anos) era residual. Hoje em dia, a procura destes vinhos é muito mais e exigem muito tempo nas caves. Acho que o futuro vai ser com vinhos especiais: vinhos do Porto com grande história e os dias de grandes volumes dos vinhos correntes não vai regressar. O essencial para os produtores do Douro de vinho do Porto é valorizar e inovar sempre mais, com histórias novas. Isto não é novidade: acontece, também, com o champanhe, com o conhaque, etc.. Temos sempre de subir a fasquia e os mercados – nacional e internacional – assim o exigem. Como temos de aproveitar as vantagens do Douro: as castas muito boas e a alta altitude.

Dado que já têm a fasquia tão elevada e ao nível de serem das maiores produtoras de vinhos do Porto ‘premium’, como conseguir inovar ainda mais e obter mais sucesso? Mais uma boa pergunta. O que aprendi

Entrando no seu gosto pessoal, qual o vinho Douro DOC – entre os melhores que produzem (como o Quinta do Vesúvio, o Quinta do Ataíde, o Altano e o Chryseia, entre outros) – que mais o satisfaz no palato e nas suas combinações únicas?

É apologista da mensagem por detrás do ditado popular: “Os amigos são como o vinho do Porto, quanto mais velhos melhor”? Ainda é assim e tal comparação apenas se aplica à amizade? O vinho do Porto com muita idade é, de facto, uma maravilha! Ainda há pouco tempo bebi um de 1945, aqui em casa com um amigo inglês, e ele escreveu-me uma carta com três folhas só de elogio a esse Tawny. Para celebrar a amizade e para um grande evento internacional em Nova Iorque, por exemplo, eu levava um Vintage de 30 anos, sem dúvida. Toda a gente fica de boca aberta, sem desprimor pelos vinhos jovens! E que vinho do Porto seria, em concreto? Talvez um Dow’s. Como sabe, o meu pai esteve muito ligado a esse vinho. E chegou a ser considerado o melhor do mundo, em primeiro lugar. Este é, de longe, muito poderoso. E em 2007 obteve a classificação de 100 pontos. Levaria um Dow’s de 1963, que tenho alguns, porque foi o melhor ano para todos os produtores. Mas, como referi, não pondo de parte os vinhos jovens: também gosto muito daquela frescura que cheira dos lagares. Por falar em amizade, o que lhe suscita dizer sobre ela, já que como o vinho se saboreia e se estima? E como completaria a seguinte frase: se houvesse mais amizade… Se houvesse mais amizade, haveria mais alegria no mundo. Acho que quando há conflitos não se ganha nada e, no passado, sentia-se haver até entre Gaia e o Douro. Passou a haver amizade e considero isso muito importante!


24

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Moimenta da Beira

Ricardo Couto abre programação cultural de 2022 do Auditório Municipal O espetáculo é de entrada gratuita, mas obriga ao levantamento do bilhete de ingresso na Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro, durante a próxima semana.

drugada", por Carlos Clara Gomes, concerto, em abril, dia 22; e "Tocar o Chão", por Carlos Peninha, concerto, em maio, dia 20. Todos com início às 21 horas e todos de entrada gratuita, com levantamento do bilhete na Biblioteca Municipal, sempre no início da semana de cada um dos espetáculos. “Depois de tanto tempo de inatividade por causa da pandemia, e mantendo todos os cuidados sanitários, estamos a tentar regressar à normalidade”, explica o Presidente da Câmara Municipal, Paulo Figueiredo, acrescentando que “é também a hora de, apoiando os artistas e os seus agenciadores, voltarmos a proporcionar aos munícipes momentos de cultura e lazer”.

A programação cultural de 2022 do Auditório Municipal Padre Bento da Guia, em Moimenta da Beira, abre na sexta-feira à noite (21h00), dia 25 de fevereiro, com Ricardo Couto, o humorista que é presença regular no circuito de stand up comedy nacional. Depois de Ricardo Couto, seguem-se mais três momentos culturais até maio, um por mês: "Maria sem lugar", teatro, em março, dia 25; "Canções d uma clara ma-

Parceria entre a Câmara e a YOURVOICE para o recrutamento de colaboradores em Moimenta da Beira É uma parceria estratégica que pode resultar na criação de um escritório Call Center em Moimenta da Beira. O consórcio entre a Câmara Municipal e a YOURVOICE já trabalha e desenvolve ações nesse sentido, a primeira das quais no recrutamento de um conjunto de colaboradores, entre operadores/vendedores, a tempo inteiro e a tempo parcial. Os interessados devem enviar o nome e contacto

telefónico para o email: recrutamento. moimenta@yourvoice.com.pt É uma oportunidade de trabalho qualificado numa empresa de capitais 100% portugueses que opera no mercado Call Center há 14 anos e tem como principais clientes algumas das maiores empresas e grupos económicos nacionais e internacionais como a NOS (comunicações), Iberdrola e Yes Energy (energias), Prosegur e

Teixeira Duarte (serviços), DecoProteste (editoras), Bank and Service (banca), Acústica Médica e Medicare (saúde), Unicef (ONG s), entre muitas outras. A YOURVOICE emprega mais de 200 colaboradores, tem escritórios em Lisboa e no Porto, e equaciona a possibilidade de criar um em Moimenta da Beira, oferecendo aos colaboradores contrato de trabalho com remuneração base fixa, mais compo-

nente variável consoante objetivos, direito a subsídio de férias e de natal, formação inicial totalmente remunerada, etc. A empresa desenvolve e acompanha soluções ajustadas às necessidades de cada cliente para diferentes áreas de negócio. "Comunicação, proximidade, agilidade e resultados fazem parte da nossa estratégia interna e são eles que imprimem sucesso aos projetos", assegura a YOURVOICE.

Tabuaço

“É NOSSO” gera quase 1,5 milhões de euros no comércio local A mais recente campanha "É NOSSO", do Município de Tabuaço, atribuiu mais de 20 mil euros em vales de compras. Autarquia estima que, no total, as seis temporadas desta campanha tenham gerado perto de 1,5 milhões de euros (1 459 729,28€ ), em compras nos comércios, serviços e produtores locais. mas a totalidade das 6 temporadas em que a campanha decorreu trazem números que indicam que o Município de Tabuaço atribuiu à população o total de 72 642,50€, num concelho onde se registaram 1 459 729,28€ de compras nos comércios, serviços e produtores locais. Contas feitas, a Câmara Municipal atribuiu à população 20 797,50€ em vales só na campanha de Natal que, recorde-se, foi válida de 1 de Dezembro de 2021 a 6 de Janeiro do novo ano. Período no qual se registaram 419 444,83€, em negócio no município. Para o Executivo Municipal, esta análise dos dados comprova que a iniciativa de incentivo e apoio ao comércio local, alcançou, sem dúvida, o seu propósito. Uma análise mais abrangente aponta

para que no total das seis campanhas levadas a cabo pelo Município, desde Maio de 2020, a Câmara Municipal de Tabuaço atribuiu à população do concelho um total de 72 642,50€ em vales de compras o que se traduz em 1 459 729,28€ em aquisições no comércio, serviços e produtores locais. Recorde-se que a campanha “É NOSSO” foi lançada em Maio de 2020 pela Câmara Municipal de Tabuaço e contabilizou seis etapas, com maior incidência na época de natal. Incentivar ao consumo e à recuperação da sustentabilidade dos agentes económicos do concelho de Tabuaço foi um dos principais objetivos do Município que hoje, contas feitas, assume que todos os propósitos do programa “É Nosso” foram atingidos, invertendo, de alguma forma, os efeitos da pandemia nas atividades económicas locais. Os vales de compras “É NOSSO Natal” ainda podem ser trocados até 30 de Junho de 2022. Nesta altura, e quando se começa a antever uma fase mais tranquila no que à pandemia diz respeito, o foco está no turismo e na captação de turistas ao território, e o Município não descarta a possibilidade de voltar a ativar iniciativas de retoma como “Em Tabuaço Não Há Duas Sem Três”.



26

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Opinião

Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro

A geografia manda? O Grande Douro é um espaço humanizado de grandes oportunidades. Mas está em perda do seu maior património, as pessoas! É procurado por milhares de pessoas, atraídos pelas imensas coisas boas que por cá temos. Estas não querem ficar mais que uns dias. Mas até nem a taxa turística lhe queremos cobrar A atividade económica é bastante importante. Mas, parte significativa das empresas não têm sede fiscal no território Os Municípios organizam-se para dar conforto e criarem infraestruturas de qualidade. Mas, é o Estado Central quem determina o funcionamento dos serviços e das políticas de investimento relevante Tudo, todo o esforço local, de pouco ou nada tem servido para inverter o processo de esvaziamento demográfico. Estamos no centro de um país pequeno. Confinamos com distritos muito mais populosos. Estamos a pouco mais de uma hora de um excelente aeroporto, de portos importantes, o mar é já ali, etc. A geografia mandará mesmo? Não, manda quem aprova as Leis e quem governa, ponto! O esvaziamento de pessoas, é fruto de opções dos governos e de Leis aprovadas, algumas por nossos representantes, na Assembleia da Repú-

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Unidade de Saúde Pública do ACeS Douro I

Dia Mundial do Cancro - Por Cuidados Mais Justos

No dia 04 de Fevereiro comemora-se o Dia Mundial do Cancro (DMC), com o objetivo capacitar e unir a população para enfrentar um dos maiores desafios de saúde pública, a luta contra o cancro. A entidade que promove a comemoração desta efeméride é a União Internacional de Controlo do Cancro (UICC), a qual a Liga Portuguesa Contra o Cancro integra desde 1983. A incidência de cancro tende a aumentar em todo o mundo, no entanto, mais de um terço dos casos de cancro pode ser evitado e outro terço pode ser curado se detetado precocemente. Em Portugal o cancro que mais mata é o Cancro do Pulmão, que está diretamente relacionado com fatores de risco evitáveis, como o fumo do tabaco. No âmbito das comemorações deste dia, tem início este ano uma campanha, à qual se junta a Liga Portuguesa Contra o Cancro, e que se prolongará por três anos, tendo como tema principal: Close the Care Gap – Por cuidados mais justos. Este tema desafia-nos a refletir sobre a acessibilidade equitativa aos cuidados. Em cada ano de campanha haverá um tema específico: conhecer (2022), agir (2023) e desafiar (2024). Neste primeiro ano de campanha somos todos convidados a reconhecer as desigualdades no

blica. As Leis e as opções, quase todas, completamente ocas de "equidade territorial", princípio que, obrigatoriamente , deveria ser cumprido em todas as políticas num país democrático. Mas, a desertificação humana é também consequência da dificuldade para nos indignarmos e afirmarmos coletivamente, impondo visibilidade aos problemas, dando escala e atratividade às soluções. Resta-nos a esperança de que venha a resultar, a força que os municípios, no âmbito da CIM, Comunidade Intermunicipal, têm manifestado, apresentando ao Estado Central, com clareza, a agenda para o macro desenvolvimento da região. Que poderia ser completada, na minha opinião, com uma estratégia comum para a forma de cuidar das pessoas mais fragilizadas. Temos cada vez menos peso eleitoral.Por aqui já não vamos lá! Precisamos de peso emocional que permita influenciar os votos de residentes nos centros mais populosos e os votos dos nossos emigrantes. Não podemos ter partidos regionais. Mas devemos ter políticas regionais. E, em torno delas, agregar vontades. As de políticos e, fundamentalmente, a vontade dos cidadãos. O peso emocional constrói-se com uma ligação permanente ao povo, às pessoas e ao mundo. Isso só será possível com inovação territorial. Olhar o Grande Douro e fazê-lo entender, com conceitos fora da caixa. Só como mero exemplo, tenho vindo a defender um conceito para o Douro Sul, mas não me custa nada pensar, na escala do Grande Douro, como a primeira cidade em Portugal de aldeias, vilas e cidades. A geografia não manda nada! Desde que queiramos derrubar muros e alargar horizontes!

acesso ao tratamento do cancro em todo o mundo. É tempo de dar voz aos doentes oncológicos, para que as experiências vividas sejam a base para melhores cuidados no futuro, cada um é uma fonte de aprendizagem e conhecimento, que deve ser aproveitado para que novos doentes vivam uma experiência mais positiva. Através da implementação de estratégias na área da prevenção e diagnóstico precoce milhões de vidas podem ser salvas em todo o mundo. Em Portugal, muito trabalho pode ainda ser feito no que respeita às mudanças no estilo de vida dos portugueses. No que diz respeito ao diagnóstico precoce, em Portugal, o acesso aos rastreios oncológicos do Serviço Nacional de Saúde é universal. Nos Cuidados de Saúde Primários, em particular, os rastreios do cancro da mama (mamografia entre os 50 anos (inclusive) e os 70 anos), cancro do colo do útero (colpocitologia entre os 25 anos (inclusive) e os 60 anos) e do cancro colon-retal (entre os 50 anos (inclusive) e os 75 anos), têm vindo a ter cada vez mais adesão por parte dos utentes nas respetivas faixas etárias. No ACeS Douro 1 – Marão e Douro Norte, no ano de 2021, 76,22% das mulheres elegíveis aderiram ao rastreio do cancro da mama, 53,51% aderiram à realização da colpocitologia nas idades recomendadas e 62.84% dos utentes elegíveis aderiram ao rastreio do cancro colon-retal. É importante continuar a incentivar a adesão aos rastreios, na medida em que o diagnóstico precoce é sem dúvida fundamental para o melhor prognóstico. Deve consultar regularmente o seu médico/ enfermeiro de família. E lembre-se sempre que em primeiro lugar devemos agir preventivamente minimizando fatores de risco para o desenvolvimento do cancro, em segundo lugar devemos aderir aos rastreios, para que se possa diagnosticar precocemente qualquer alteração e intervir para travar/eliminar o problema. Cuidados mais justos, implicam acima de tudo equidade no acesso, e cada história, de cada doente, é uma aprendizagem, saibamos ouvir para melhor conhecer!


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 27

Celorico de Basto

UTAD colabora com município de Celorico de Basto para desenvolvimento da produção de camélias Informação foi revelada pelo autarca celoricense, Peixoto Lima, no decorrer na apresentação da edição deste mês da Festa das Camélias, que terá lugar durante todo o mês de Março. No final da cerimónia, em declarações exclusivas ao VivaDouro, Peixoto Lima declarou-se satisfeito com a parceria com a universidade transmontana, afirmando que a mesma será importante no desenvolvimento de projetos futuros. "Nós sentimos a necessidade de aportar para o valor das camélias o conhecimento técnico, para percebermos a melhor forma de as reproduzir, tratar e cuidar. Desta forma as pessoas poderão fazer melhor as suas escolhas sobre que tipo de camélia usar para cada fim, se pretenderem fazer uma sebe, por exemplo, interessa saber os tempos de crescimento de cada variedade, para que a sebe cresça de forma uniforme. O que pretendemos é despertar o conhecimento local para fazermos de Celorico e destas terras o grande centro produtor de camélias para o país e para o mundo". O autarca acrescentou ainda que a UTAD irá ainda apoiar o município em questões ligadas à arquitetura paisagista porque explica, "nas camélias é habitual trabalhar as formas escultóricas". José Peixoto Lima afirma que este é um pri-

meiro passo nesta colaboração que poderá, mais tarde, resultar "na criação de cursos aqui na região onde todas estas matérias sejam ministradas". De acordo com o autarca do município das Terras de Basto, o desenvolvimento dos mu-

nicípios faz-se hoje em colaboração com os municípios vizinhos e as suas instituições. "Hoje os municípios têm um entendimento muito positivo relativamente ao que são os seus processos de crescimento, o trabalho não deve ser apenas feito dentro de portas mas sim em parceria com os nossos vizinhos. Há equipamentos que funcionam na nossa proximidade que nos podem ser muito úteis e a UTAD é um deles".


28

VIVADOURO FEVEREIRO 2022

CARTÓRIO NOTARIAL DE VILA NOVA DE POIARES a cargo da Lic. Maria João Teixeira da Encarnação Urb. Quinta de Vale Vaqueiro, Lote 4, r/c dto, 3350-151 Vila Nova de Poiares EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL ----------- Certifico, narrativamente, para efeitos de publicação, que neste Cartório, foi lavrada uma escritura iniciada a folhas 74 do Livro 102 pela qual ALEXANDRE JORGE PROENÇA, e mulher MARIA DEOLINDA DA CONCEIÇÃO NEVES PROENÇA, casados sob o regime de comunhão geral, naturais ele da freguesia de Penela da Beira, concelho de Penedono e ela da freguesia de Serpins, concelho de Lousã, residentes na Avenida D. Manuel I, freguesia de Lousã e Vilarinho, concelho de Lousã, disseram que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, dos seguintes prédios rústicos sitos na freguesia de Penela da Beira, concelho de Penedono: 1)– 1/2 do PRÉDIO RÚSTICO, composto de terra de sequeiro, mato, pastagem e terreno rochoso, com a área de 31.500m2, a confinar de norte com Maria Helena Fonseca e baldio, de sul e nascente com baldio e de poente com Maria dos Santos Antunes e caminho, sito no lugar de Maio, inscrito na matriz em nome de Pedro João Proença, sob o artigo 821, descrito na Conservatória do Registo Predial de Penedono sob o número 531, onde se encontra inscrita a aquisição a favor de Pedro João Proença, ao tempo solteiro, maior e posteriormente casado com Joselyne Proença sob o regime francês de comunhão de adquiridos, já falecido, pela Apresentação 3037, de 12/10/2010. É compossuidor neste prédio na restante metade Mário da Piedade Proença, casado, residente em Penela da Beira, Penedono. 2) – PRÉDIO RÚSTICO, composto de terra de sequeiro com videiras e terreno rochoso, com a área de 900m2, a confinar de norte com Avelino Augusto Aguiar, de sul, nascente e poente com caminho, sito no lugar de Teleforca, inscrito na matriz em nome de Pedro João Proença sob o artigo 999, descrito na dita Conservatória sob o número 819, onde se encontra inscrita a aquisição a favor do mencionado Pedro João Proença, pela Apresentação 3037, de 12/10/2010. Que os prédios vieram à posse dos justificantes por compra meramente verbal que fizeram ao referido titular inscrito Pedro João Proença, por volta do ano de 2000, tendo o vendedor registado a partilha feita com os demais herdeiros por morte de seus pais em 2010om o intuito de formalizar a venda sem que tivesse tido a oportunidade de o fazer e, desde então, têm exercido neles todos os actos de posse conducentes à usucapião que a seu favor invocam. Que os justificantes procederam à notificação necessária nos termos do artigo 99.º do Código de Notariado, não tendo sido deduzida oposição. ESTÁ CONFORME O ORIGINAL. Cartório Notarial em Vila Nova de Poiares aos 28/01/2022. A Notária,

António Fontaínhas Fernandes Professor Universitário

O exemplo da Bagos D’Ouro Fundada em 2010 por Luísa Amorim e o Padre Amadeu Castro, a Bagos D’Ouro promove a educação de crianças e de jovens que vivem em situação de carência económica na região do Douro, como forma de inclusão social no território. Este projeto começou por apoiar cinco crianças em Sabrosa e cinco em São João da Pesqueira. Hoje, a Bagos D’Ouro acompanha mais de duzentas crianças e jovens, mais de cem famílias, num total de cerca de quatrocentas pessoas apoiadas, em seis concelhos do Douro: São João da Pesqueira, Sabrosa, Tabuaço, Alijó, Murça e Armamar. Este percurso foi alcançado graças ao trabalho, dedicação e empenho dos colaboradores que

vivem diariamente a Bagos D’Ouro, num período marcado por uma profunda crise social, económica e financeira, e de enorme complexidade da envolvente das instituições de solidariedade social. Para esta trajetória muito contribui o apoio financeiro das empresas da região, bem como a dimensão social dos autarcas do Douro. Sob o lema “Para que as grainhas de hoje sejam os Bagos D’Ouro de amanhã”, a equipa da Bagos D’Ouro promove competências pessoais, sociais e educativas, adequadas a cada idade e dota de ferramentas essenciais para a construção de um futuro de sucesso. Presta, igualmente, apoio nas diferentes fases de vida e de acordo com as necessidades individuais de cada um, fomentando o crescimento pessoal, social e familiar saudável. Os resultados em termos de impacto estão à vista. No ano letivo de 2020/21 o aproveitamento escolar foi de 98%, 54% dos alunos tiveram um desempenho escolar Bom, Muito Bom e Excelente (54%), 72% mantiveram ou subiram o desempenho escolar, a par da ausência de insucesso escolar. Neste tempo complexo em que vivemos, o historial de prestígio alcançado durante quase doze anos, levam-nos a acreditar que o empenho e a vontade dos empresários, dos autarcas e de todos os que acreditam no Douro permitirá consolidar a ação da Bagos D’Ouro na região.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 29

Nacional

3º Congresso ANAM discute descentralização e governação multinível A participação ativa das Assembleias Municipais no processo de descentralização e regionalização, bem como a governação multinível, enquanto modelo para a transferência de competências e descentralização, foram duas das mensagens centrais que marcaram o 3º Congresso da Associação Nacional de Assembleias Municipais (ANAM) que se realizou na Covilhã. Para a ANAM, a governação multinível constitui um dos atuais maiores desafios da democracia, pois consideram que terá um forte impacto na vida das populações e dos territórios a que, por isso mesmo, as Assembleias Municipais não poderão deixar de estar associadas, no quadro do processo de descentralização. Para Albino Almeida, reeleito Presidente da ANAM, "tal como nos frisou Jorge Sampaio, ninguém é dispensável da participação cívica na democracia, também as Assembleias Municipais não são dispensáveis do processo de descentralização. Apesar de a regionalização e a governação multinível serem temas urgentes na agenda política que acabaram por ser secundarizados na última campanha eleitoral, consideramos que é aí que reside a chave do sucesso para uma transferência de competências que só fará sentido se os vários níveis do Estado souberem onde querem que o próprio Es-

tado esteja presente a nível local, regional e concelhio". Atentos à necessidade de dotar as Assembleias Municipais de melhores condições para realizarem o seu trabalho de fiscalização, Albino Almeida acredita que o sucesso da descentralização passa pelo envolvimento dos municípios, não só na sua vertente executiva, mas também na sua vertente deliberativa, o que implica mais capacitação para as AM. No entender da Associação, que já conta com 180 associados, este é um desejo que

terá de ser consagrado numa nova lei eleitoral autárquica e num renovado estatuto dos eleitos locais, por forma a consolidar e aprofundar conquistas dos 46 anos de democracia já vivida e de cujo trajeto as Assembleias Municipais fazem parte em definitivo. Neste processo de transição para um modelo que se carateriza por ser mais participativo e descentralizador, a ANAM tem e terá como principais objetivos a afirmação do seu posicionamento estratégico e sustentável no quadro do reforço e aprofun-

damento da Democracia e do Poder Local, da promoção de novas redes de contacto, comunicação e do debate entre Presidentes de Assembleia, Mesas e Eleitos Locais. Sobre a relação com outras instituições a ANAM considera que "só uma avaliação serena, profícua e de soma exponencial com a ANAFRE e com a ANMP será possível encontrar uma boa solução que, mantendo uma única voz das autarquias, permitirá que em matérias de Assembleia Municipal sejam ouvidas e consideradas as preocupações das Assembleias Municipais".

Caixa apoia projetos sociais com 500 mil euros Até 7 de março estão abertas as candidaturas para a edição de 2022 dos Prémios Caixa Social. Com uma dotação total de 500 mil euros para apoio a projetos sociais, as IPSS podem submeter as suas candidaturas através do site da CGD. Os projetos selecionados serão premiados com valores compreendidos entre os 5.000€ e os 20.000€. Esta 4ª edição dos Prémios Caixa Social tem como objetivo contribuir para o Crescimento Sustentável e Inclusivo apoiando projetos que deem resposta às atuais problemáticas sociais e ambientais desenvolvidos nos seguintes domínios: · Recuperação e Resiliência – na promoção do empreendedorismo social e no apoio a projetos com carácter inovador e impacto social, empreendidas por entidades do 3º Setor Social, dando resposta aos atuais desafios e problemáticas sociais, junto de diferentes grupos-alvo e na contribuição para a promoção da capacitação e requalificação de forma a potenciar a criação, retenção de emprego e/ou reconversão do posto de trabalho; · Transformação e Capacitação Digital – no apoio ou estimulação/reforço da inovação social, digital e a transformação digital

das Instituições e na inclusão dos utentes através da capacitação em competências digitais promovendo, paralelamente, a inclusão financeira e social; · Economia Verde e Transição Ecológica – na promoção da reutilização de recursos para acelerar a transição para a neutralidade carbónica, através da intervenção em áreas estratégicas como o mar, a economia circular, a descarbonização

da indústria, a eficiência energética, as energias renováveis e a mobilidade sustentável. A CGD encoraja as organizações sociais no desenvolvimento de projetos e soluções para dar resposta aos problemas sociais. Pretende-se identificar soluções reais e aplicáveis que respondam aos principais desafios de gestão no setor social, promovendo o reforço, a requalifi-

cação e a inovação das respostas sociais, em linha com o Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia. A Caixa reforça ainda o seu contributo para com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e dos 10 Princípios do Pacto Global, ambos das Nações Unidas, vetores estruturantes na sua Estratégia de Sustentabilidade 2021/2024, no quadro do Programa Caixa Social.


30 VIVADOURO FEVEREIRO 2022

Opinião

João Barroso - Vice-Reitor para a Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital - UTAD

O País beneficiou de uma nova fase de financiamento europeu através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). São 16,6 mil milhões de euros (que podem ser reforçados) que estão a chegar à economia, através de diversos canais e formas de financiamento do Estado e das empresas. Em fases anteriores, em particular nos termos dos quadros comunitários de apoio, as regiões do Interior foram, sobretudo, beneficiadas em infraestruturas de uso comunitário. Veja-se o exemplo das autoestradas, da gestão da água e do

Célia Ramos Vice-Presidente da CCDR-NORTE

O Prémio Arquitetura do Douro é um galardão bienal que tem como propósito distinguir os exemplos de boas práticas arquitetónicas no Alto Douro Vinhateiro, desde que a região foi inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO, a 14 de dezembro de 2001. Lançado em 2006, por ocasião das celebrações dos 250 anos da Região Demarcada do Douro, assinalará a breve trecho, já este mês de março, a sua 7.ª edição, enquadrada no programa oficial das Comemorações dos 20 Anos do Alto Douro Vinhateiro Património da Humanidade. Através desta distinção, a CCDR-NORTE e to-

Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP) As alterações climáticas que assolam o planeta estão a afetar Portugal continental e insular provocando também nas práticas agrícolas numerosos impactos, não sendo exceção as das culturas ligadas à vinha. Se é certo que as regiões vinícolas se têm desenvolvido ao longo do tempo para melhor se ajustarem às condições ambientais regionais, também não deixa de ser verdade que a rapidez e a magnitude com que, agora, ocorrem essas mudanças fazem com que os setores vitícola e enológico enfrentem problemas sérios que urge combater e aos quais terá de se responder rapidamente. A Região Demarcada do Douro (RDD) dispõe de características de paisagem e de diversidade de castas que podem ajudar a mitigar os efeitos nocivos das alterações climáticas, por ser praticada uma viticultura de montanha, acomodada à geomorfologia e relevo da região, que permite

A oportunidade do PRR para as regiões do Interior saneamento, da replantação das vinhas ou da rede de teatros municipais. O financiamento às atividades de valor acrescentado, desenvolvidas por agentes privados, centrou-se sobretudo no Litoral, onde os grandes grupos económicos e centros de desenvolvimento têm sede. Então, o que será diferente em 2022/23/24 e 25? Não muito, mas o suficiente para poder ser decisivo para o desenvolvimento do Interior. Em primeiro, é muito relevante que hoje exista uma cultura que fomenta o empreendedorismo em áreas tecnológicas de valor acrescentado e uma rede de organizações que lhe dá suporte. Em segundo, é muito relevante que o mercado de trabalho seja dinâmico e competitivo, ao ponto de as empresas estarem na disposição de explorar novas soluções

para adquirirem e fixarem recursos humanos altamente qualificados no Interior. Finalmente, é muito relevante que a maturidade da tecnologia, as condições sociais e até a pandemia tenham demostrado que há novas formas de organização do trabalho e que os locais e as distâncias não são inibidoras da atividade económica. Neste contexto, há um alinhamento singular que permitirá às regiões do Interior serem palco para o investimento privado em atividades de alto valor acrescentado, centradas em tecnologia. A execução dos projetos financiados pelo PRR vai, literalmente, requerer um grande número de trabalhadores altamente qualificados, vai acentuar a competição pelo talento e a procura por soluções que viabilizem o

crescimento das empresas. A deslocação da atividade de empresas de alto valor acrescentado para o Interior não é nova, de que o caso de Vila Real é exemplo, em que se verifica o crescimento paulatino do ecossistema de empresas de tecnologia, ancorado em recursos humanos altamente qualificados formados pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. O PRR cria-nos uma oportunidade de acelerar e consolidar esta tendência. O Interior poderá tornar-se num local para instalar os centros de desenvolvimento tecnológico de muitas empresas. Não pela simples vontade, ou missão, de desenvolver o Interior, mas, sim, porque é a melhor opção em todos os sentidos, incluindo o económico.

Prémio Arquitetura do Douro: 16 Anos a distinguir bons exemplos da região das as entidades que compõem o júri - a Direção Regional da Cultura do Norte, a Entidade Regional de Turismo Porto e Norte e a Ordem dos Arquitetos Secção Regional do Norte - reconhecem as "intervenções exemplo", como obras de construção, conservação e reabilitação de edifícios ou conjuntos arquitetónicos e desenho urbano em espaço público. Independentemente do cariz da obra, os objetivos mais prementes passam pela reinterpre-

do como região turística de excelência dotada de uma paisagem cultural ao nível dos seus predicados históricos. Sendo inestimável a vastidão deste património, e não sendo o seu valor de menor medida, toda a intervenção de qualidade nesta área será sempre urgente e bem acolhida. Se em tempos a ótica funcional e o valor dos recursos escreveram sozinhos a lei da arquitetura nesta região, hoje também as preocupações esté-

tação do sítio, integração de materiais e linguagens arquitetónicas modernas que se harmonizem com as características históricas do património, a valorização da vivência do espaço público e até a recuperação de processos tradicionais de construção. E esse reconhecimento é o mote para a salvaguarda da identidade do Alto Douro Vinhateiro, que, também pela via da arquitetura, se vai consolidan-

ticas e a integração paisagística se sentam à mesa dessas decisões. A arquitetura do vinho talvez configure um dos mais evidentes exemplos nesse campo. No Alto Douro, não raros são os casos em que adegas que eram construídas respeitando critérios meramente funcionais deram lugar a autênticos templos vinícolas, em que estruturas de produção que se mantêm irrepreensivelmente organizadas e

funcionais se diluem em deleitosos detalhes arquitetónicos para os olhos dos visitantes. Fazendo uma retrospetiva das distinções atribuídas nas primeiras seis edições do Prémio Arquitetura do Douro, são incontornáveis as evidências de dinamismo e evolução nesta área e a capacidade que as intervenções arquitetónicas têm tido de se mesclar de forma natural com as características do património. Estes sinais positivos dizem-nos que o caminho deste prémio se vai construindo numa base feita de consistência e que continua a servir o propósito de estabelecer a arquitetura como elemento fundamental na valorização do Património Mundial do Norte. É que hoje ambicionamos construir o património de amanhã .

A água na Região Demarcada do Douro algumas estratégias de adaptação. Como é sabido, as vinhas na região do Douro, desde os primórdios, ocorrem implantadas em solos muito débeis, maioritariamente à base de xisto, com pouca matéria orgânica e com diminuta capacidade de retenção da água. Em Portugal, a monitorização meteorológica da seca é realizada pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), e este instituto, com os dados de janeiro, colocou a região do Douro em nível de seca moderada. Muito provável é a continuação de seca até final de fevereiro, com possível com possível agravamento da sua intensidade em todo o território. O baixo índice de água no solo não é preocupação essencial na cultura da vinha enquanto decorre a fase de repouso. Embora o baixo índice de água no solo não seja preocupação maior na cultura da vinha enquanto decorre a fase de repouso, as fases do ciclo vegetativo da planta retomadas com a primavera implicam disponibilidade hídrica, situação que parece pouco provável. A consubstanciar-se esta evolução negativa no estado de seca meteorológica, levantam-se questões a médio e longo prazo, pois a escassez

de água tem efeitos na planta nos ciclos vegetativos seguintes. Importa, por isso, repensar já a viticultura face às alterações climáticas e adotar soluções inovadoras. Foi neste contexto que o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) tomou iniciativas concretas no estudo e mitigação dos efeitos da seca. Destaca-se o facto de ter incluído na Hackathon Douro & Porto 2021, iniciativa de natureza técnico-científica organizada por este Instituto, o desafio intitulado "Método acessível e expedito de monitorização do estado hídrico da vinha", o que pode permitir explorar as correlações entre os potenciais hídricos e diversos tipos de dados edafoclimáticos, e outros, de forma a estimar o potencial hídrico em determinada exploração. Para que esta e outras estratégias resultem é imperioso conhecer-se aprofundadamente a Região Demarcada do Douro. Assim, neste projeto foram adiantadas soluções que passam pela recolha de informação acerca de solos, pela caracterização de vinhas, pelo histórico de dados meteorológicos, sendo avaliado o acesso a rede de estações meteorológicas, levantados históricos

de potenciais hídricos e estabelecido o acesso a dados de sondas de humidade, a dados de satélite e a dados de voos com drones. Será seguramente o caminho a continuar a seguir-se nesta luta inexorável contra os efeitos das alterações climáticas: aplicar-se ciência, racionalizarem-se procedimentos, provocar-se mudança de práticas. E o armazenamento de água nos períodos de abundância para poder ser consumida nos períodos de carência ou de seca será outro passo desse mesmo caminho. Em todo este contexto, importará ter-se presente que os recursos hídricos são limitados e, por isso, torna-se necessário protegê-los e conservá-los. A Região Demarcada do Douro tem de, no seu próprio interesse, defender a aplicação de procedimentos que permitam atingir os objetivos previstos na Lei da Água. Assim interessará, sobremaneira, promover uma utilização sustentável de água, baseada numa proteção a médio e longo prazo dos recursos hídricos disponíveis. A sustentabilidade da Região Demarcada do Douro passa, também, incontornavelmente, pela racional gestão da água.


FEVEREIRO 2022 VIVADOURO 31

Lazer

PALAVRAS CRUZADAS DESCUBRA AS 8 DIFERENÇAS

SUDOKU

SOPA DE LETRAS Corpo Humano

HORIZONTAIS: 1 – Sacerdote muçulmano. Parte do anfi teatro ou do circo, coberta de areia, onde combatiam os gladiadores. 2 – Contr. da prep. em com o art. def. o. Aumentar o volume de. 3 – Aqui está. Altar cristão. Contr. da prep. de com o art. def. a. 4 – Rapidez. Do feitio de ovo. 5 – Apanhei. Apertar com nó ou laçada. 6 – Entrar hostilmente em. 7 – O homem de estatura muito mais baixa que a normal. Conjunto dos bens e dos direitos que um negociante ou sociedade possui (Com.). 8 – Agastamento. Agradável, delicada (pl.). 9 – Designa dor, admiração, repugnância (interj). Alguma. Unidade de medida agrária equivalente ao decâmetro quadrado. 10 – Fatia de pão molhada em leite e ovos e polvilhada de açúcar com canela, depois de frita. Moviase de um sítio para outro. 11 – Aplane. Enfeitar com objectos de oiro.

VERTICAIS: 1 - Que não é inteligente, incapaz. Vento brando e aprazível. 2 – Relativo aos Mouros ou Moiros. Plantio de amieiros. 3 – Meio nu. Exprime a ideia de dois, duas vezes (pref.). 4 – Miliampere (s.fís.). De outro modo, de contrário, aliás, quando não, a não ser (conj.). Aquelas. 5 – Que serve para iludir. Junta. 6 – Além disso. Mulher que cria criança alheia. 7 – Fileira. Efeminado. 8 – Ruténio (s.q.). nfl amação do ouvido. Grito de dor ou de alegria. 9 – Indica lugar, tempo, modo, causa, fim e outras relações (prep.). Rede de arrasto, mais pequena que a neta, e de malha mais miúda. 10 – Sustentar-se e mover-se sobre a água, pelo movimento de certas partes do corpo. Mostra diversidade de aspectos, diferença de cor ou de tom. 11 – Terra que de inculta passou a ser arroteada. Tratar por vós.

Joelho Cabeça Ombro Dedo Nariz Boca Pé Orelha Pescoço Mão Umbigo Sobrancelha Perna Braço Cotovcelo Olho



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.