Jornal_VivaDouro_ed96_fev23

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Mário

Artur Lopes

Presidente da Câmara de Murça

GLAMOUR marca cerimónia de abertura da Cidade Europeia do Vinho

> Págs.10/11

Lamego

ARS Norte recusa convénio com clínica de hemodiálise

Pág. 15

Foz Côa

Amendoeiras em flor são o mote para a maior festa do concelho

Pág. 22

Entrevista

JOSÉ MILHAZES

“O PCP é irreformável. Se se reformar, deixa de ser comunista e desaparece. ”

Págs. 24 a 25

Sernancelhe

Festival das Sopas regressa com muitos sabores à prova

Pág. 26

PUB
Ano 7 - n.º 96 -fevereiro 2023 | | Diretor:
Almeida | Dir. Adjunto:
Preço 0,01€ Mensal
Miguel
Carlos Almeida
“Numa grande cidade, se um dos elementos do casal fica sem emprego, a família fica logo em grandes dificuldades. Aqui consegue-se manter uma determinada qualidade de vida na mesma situação.”

Editorial

Estimados Leitores, Por todo o país assistem-se a concursos para a realização de empreitadas, principalmente ao abrigo do PRR, que ficam vazios; ou seja, ninguém concorre.

Ao longo dos últimos 20 anos, especialmente desde 2007, esvaziamos o país de bons construtores civis a todos os níveis. A emigração, a falta de competitividade nacional quando se fala de pagamento de salários, a necessidade que as grandes construtoras tiveram de fazer negócios noutros países levou a que tenhamos pouca oferta especializada e competente e a uma enorme falta de mão de obra para as empresas que têm essa oferta.

Por outro lado, houve uma grande quantidade de obras em que os critérios de fiscalização e verificação foram aligeirados, por necessidades que até se compreendem, o que leva a que hoje exista uma incapacidade de apertar esses critérios, por razões históricas que muitos donos de obra promoveram. Ou seja, temos pouca oferta e falta de qualidade; em função da procura por base em custo baixo que é sempre o principal critério em obras de construção civil e pelo qual, muitas vezes, são unicamente as obras são avaliadas.

Do lado da procura temos um mundo de obras para serem realizadas. A definição do PRR para a melhoria dos parques habitacionais, para a melhoria do apoio social, para a reconstrução da capacidade dos centros de saúde e para a melhoria das escolas é necessária e faz sentido.

Mas o desequilíbrio claro que temos hoje em Portugal entre a oferta e a procura pode prejudicar seriamente os promotores, que vão aos concursos, que vêm verbas atribuídas, que se comprometem a realizar obra, que recebem adiantamentos e depois ficam com concursos vazios sem ninguém que execute o trabalho técnico complexo que é preciso fazer. Planos de projeto com 2 e 3 anos estão completamente desajustados em termos de preços e condições e quem se apresenta ao PRR com base em estudos com algum tempo corre sérios riscos de ter de aumentar exponencialmente os preços para conseguir ter quem faça a obra.

E se a inflação no cabaz de compras ao consumidor pode estar em 7,8% (INE) no cabaz da construção civil de habitação nova (INE), em Dezembro de 2022 os preços subiram 11,5% em termos homólogos.

O que significa que o PRR, para vir a funcionar, vai ter que reforçar as verbas dos projetos já aprovados e contratualizados, pois é a única forma das contribuições privadas poderem ser equilibradas e justas. ○

SUMÁRIO:

Destaque

Páginas 4 e 5

Mesão Frio

Página 6

Vila Nova de Foz Côa

Páginas 7 e 22

Freixo de Espada à Cinta

Página 8

Sabrosa

Página 9

Entrevista Autarca

Páginas 10 e 11

S. João da Pesqueira

Páginas 12 e 20

Alijó

Página 13

Moimenta da Beira

Página 14

Lamego Página 15

Sernancelhe

Páginas 16 e 26

Armamar

Página 17

Santa Marta de Penaguião

Página 18

Carrazeda de Ansiães

Página 19

Vila Real

Página 21

Entrevista

Páginas 24 e 25

Região

Página 28

Opinião

Páginas 2, 27 e 30

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POSITIVO

Arrancaram as obras necessárias para o licenciamento do heliporto do Hospital de Lamego por parte da ANAC. O equipamento deverá estar em funcionamento durante o primeiro semestre de 2023.

NEGATIVO

Mais de um mês após a saida de Carla Alves, o cargo de Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Norte, continua sem nomeação.

Nada pode ficar igual

O final do ano foi muito chuvoso e quente, ocorrendo o segundo valor de temperatura mais elevado desde o início do século, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Assistiu-se a uma diminuição da seca meteorológica, terminando em quase todo o território, contudo, alguns locais do interior Sul ainda estão em seca fraca.

Não obstante os níveis elevados de pluviosidade, o país não pode esquecer que passou por uma das mais severas e prolongadas secas da história, após um período de cinco anos consecutivos de precipitação abaixo da média. Registaram-se casos problemáticos em territórios do interior que necessitaram de ser abastecidos, embora a seca não tenha chegado às torneiras das nossas casas ou às prateleiras dos supermercados.

A seca é um problema de quem se dedica à agricultura e, em particular, no Douro. Este novo cenário de restrições hídricas leva-nos a pensar que estamos perante uma nova normalidade.

As principais fontes de água provêm da chuva que tem vindo a ser menor nos últimos anos, e dos países a montante que, no caso de Portugal, também tem diminuído; basta avaliar o caudal do Douro que tem vindo a ser cada vez mais reduzido.

Dito isto, importa perspetivar fontes alternativas de água e novas soluções tecnológicas, que passam por diminuir as perdas no abastecimento, pelo reaproveitamento das águas residuais e a dessalinização de água do mar. Seria bom olhar para as práticas seguidas em países com menores índices de precipitação por habitante, mas com maiores níveis de desenvolvimento, casos de Israel, Singapura e da Holanda.

Atendendo ao cenário de seca dos últimos anos, nada poderá ficar igual. O futuro exige mudanças nas nossas rotinas e nos próprios hábitos do quotidiano no consumo de água, mas também por implementar novas soluções tecnológicas que exigem maior investimento em ciência.

Tlm.: 916 430 038 (chamada para número móvel nacional) | Diretor Adjunto: Carlos Almeida | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org

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2 VIVADOURO FEVEREIRO
2023
PRÓXIMA EDIÇÃO 15 DE MARÇO
Contacto: 914605117 chamada para número móvel nacional) da Fontaínhas Fernandes Professor Universitário Liga dos Amigos do Douro Património Mundial

O Douro é Cidade Europeia do

Já arrancaram, oficialmente, as celebrações do Douro Cidade Europeia do Vinho 2023. O momento inaugural desta distinção que ao longo do ano será o mote para cerca de 600 eventos, foi dado no Pavilhão Multiusos de Lamego no dia 4 de fevereiro.

Centenas de convidados, representantes dos municípios da CIM Douro e outros, instituições, organismos e figuras de destaque na região encheram o espaço para uma noite que foi abrilhantada por homenagens, atuações musicais e a passagem oficial de testemunho ao Douro da distinção, momento que Carlos Silva Santiago, presidente da CIM Douro, fez questão de partilhar com os seus homólogos da Comunidade Intermunicipal.

"O Douro tem no seu ADN o legado de várias gerações de durienses, obreiros desta fabulosa paisagem cultural, de três Patrimónios da Humanidade, que combinam a obra centenária do homem e da natureza, "a oitava maravilha do mundo", como descreveu José Saramago.

"Nas margens deste rio de oiro, onde "há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo", esta nossa insigne comunidade intermunicipal tem feito jus a esta nobre herança, dando primazia à partilha, cultivando a união e remando, em conjunto e de forma inquebrantável, o barco rabelo que transporta este património que é de toda a Humanidade, o Douro.

Em seu torno nos congregamos, os 19 municípios detentores desse privilégio. Por ele, enquanto coesa comunidade, porfiadamente pugnamos.

Fazemo-lo porque a História só se constrói com o respeito pela nossa memória. Uma memória bela, que flui na corrente de um Douro que é epifania poética que tantos artistas inspirou: o nosso Douro. Um “rio louco, que abriu caminho em fúria por entre montes gigantes e, obstinado, quis ir ver o mar. E chegou. Cansado, mas chegou". Chegou ao destino, por ser forte, uno, destemido e guardião de inigualáveis epopeias, como relata Alves Redol.

O nosso Douro, este “prodígio de uma paisagem", "um excesso de natureza", como o nosso Torga tão sublimemente descreveu, conhece este ano um dos seus mais elevados tributos: é Cidade Capital Europeia do Vinho. É uma referência em Portugal e na Europa, é a montra de um território notável pelo seu nível civilizacional, pelo seu sentido exportador, atrativo para os jovens e com notável dinâmica turística e económica. É um orgulho que assumimos como missão histórica, certos de estarmos a construir um desígnio desta grande região.

Poderíamos agora, aqui chegados, dar por cumprida a nossa missão, mas ela, tal como as águas que correm até à foz, ainda estão longe de alcançar o Atlântico.

E por devermos ao Douro este tributo, ao Douro que nos acolhe, que é a nossa casa e a nossa terra, aqui lhe consignamos este galardão de Cidade Europeia do Vinho, certos de que continuaremos a senda do progresso seguindo a máxima do Mestre Aquilino Ribeiro: Alcança quem não cansa" ”, afirmou Carlos Silva, no discurso inaugural. No final da cerimónia em declarações exclusivas ao nosso VivaDouro, Francisco Lopes, autarca lamecense, anfitrião desta Gala, afirmava estar "bastante satisfei-

to com a imagem de união que o Douro transmitiu com esta organização".

“É um privilégio poder integrar uma região como o Douro com um conjunto de autarcas que estão de facto envolvidos em objetivos comuns como a promoção do nosso território e do nosso vinho.

Este momento de arranque só pode significar um bom augúrio para o trabalho que vamos fazer enquanto Cidade Europeia do Vinho em 2023, nos 19 municípios da Comunidade Intermunicipal do Douro”.

O autarca lamecense acredita ainda que

“aquilo que será feito ao longo deste, irá ter efeitos imediatos e a longo prazo. É uma oportunidade de dar mais visibilidade àquilo que somos como território, àquilo que somos como gente, que sabe receber e, sobretudo, ao Vinho do Porto”.

Durante este momento de afirmação regional, a CIM Douro homenageou, os construtores da paisagem vinhateira e quem contribuiu para o seu desenvolvimento, nomeadamente os antigos primeiros-ministros de Portugal António Guterres, Durão Barroso e Francisco Pinto Balsemão, Miguel Cadilhe e Fernando Bianchi de Aguiar, respetivamente, mentor e coordenador da candidatura do Douro a Património Mundial da Humanidade, uma distinção que se veio a concretizar em 2001 e aos professores e investigadores Nuno Magalhães e Arlete Mendes Faia pela criação do curso de enologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o primeiro do país.

Em palco, a festa contou com a atuação dos artistas Ana Bacalhau, António Zambujo, Pedro Abrunhosa e Miguel Araújo e ainda de grupos da região. ○

Veja a fotogaleria

4 VIVADOURO FEVEREIRO 2023 Destaque

Vinho 2023 Carrazeda de Ansiães recebeu o primeiro evento do Douro – Cidade Europeia do Vinho

Não obstante o momento inaugural ter acontecido a 4 de fevereiro, o primeiro evento oficial, criado no âmbito da distinção recebida pela região, aconteceu em Carrazeda de Ansiães, o I Encontro Intermunicipal de Cantadores das Janeiras.

O frio intenso que se fazia sentir, sublinhado pelo branco do gelo que teima em permanecer sobre os terrenos menos afortunados pela luz solar, não foi obstáculo para centenas de cantadores e populares acederem ao Largo da Feira.

Ao todo, durante a tarde passaram pelo palco do evento 19 grupos de cantadores de janeiras, cada um representativo de um dos 19 municípios que compõem a CIM Douro.

Para o autarca de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves, receber o primeiro evento oficial desta distinção foi “uma satisfação”, mas, garante, “seria igualmente satisfatório se fosse em qualquer um dos

outros dezoito municípios da Comunidade Intermunicipal do Douro. Este tem o simbolismo de ser o primeiro, obviamente que estamos agradados com isso”.

O autarca lembra ainda que “o Douro é isto mesmo, um trabalho conjunto como o que os nossos agricultores fazem há tanto tempo para produzirem os vinhos de excelente qualidade que aqui temos”.

Sendo um evento mais ligado às tradições da região, João Gonçalves acredita que é “demonstrativo da oferta diversificada que temos para oferecer, queremos divulgar o nosso povo, as nossas tradições, dar a conhecer o Douro ao mundo”.

A mesma ideia foi marcada por Carlos Silva, presidente da CIM Douro, que, em declarações ao nosso jornal no evento ao explicar que “a CIM vai escolhendo os municípios em função das atividades, de acordo com aquilo que são os espaços físicos disponíveis e a dinâmica da cultura de cada um para podermos organizar este

tipo de eventos. Este é o primeiro. Não interessa, nunca, qual é o local onde ele é realizado. Interessa sim é que o Douro esteja unido em volta de uma atividade de grande dimensão.

Estamos num concelho rural, um concelho do interior profundo de Portugal com muita dinâmica, com boas infraestruturas. Também por isso juntamos aqui esta ruralidade com a dureza da terra, de trabalhar o vinho com o frio de janeiro. É uma afirmação solene daquilo que somos e é isto que queremos afirmar”.

O também autarca de Sernancelhe explicou ainda que estão pensadas “atividades dos mais variados géneros. Cada município vai usar esta distinção como marca nos seus eventos de maior relevância, mas vão também ser criados eventos de raiz, como este Encontro Intermunicipal de Cantadores de Janeiras”, ficando a garantia que em todos esses eventos “a gastronomia e os vinhos irão desempenhar uma papel

relevante como representação daquilo que somos”.

“A nível internacional vamos fazer um roadshow pelas principais capitais europeias a promover a programação para este ano mas também a região em si, com os nossos vinhos, para que venham até ao Douro conhecer a fantástica região em que são produzidos. São ações que trazem um retorno imediato mas também a longo prazo e esta é uma oportunidade que não podemos desperdiçar”.

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5 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Destaque

Mesão Frio

Início do ano com muita cultura em Mesão Frio

A Câmara Municipal de Mesão Frio tem vindo a dinamizar e a projetar vários eventos culturais para o primeiro trimestre deste ano, na Vila e nas cinco freguesias do Concelho.

O Município de Mesão Frio iniciou o ano com os cantares das Janeiras, levando o Grupo de Cantares Mesão E(n)canto e a Orquestra Alio Vírio a várias atuações no Concelho e fora de portas. Como já é tradição, na tarde de 8 de janeiro, o grupo atuou na Igreja de Santa Cristina, na presença do Executivo camarário e das Juntas de Freguesia, da população do Concelho e demais convidados, entre os quais, o Bispo da Diocese de Vila Real. Ainda nesta época festiva referente às Janeiras, Cidadelhe recebeu a atuação do grupo no dia 22 de janeiro para assinalar, também, o dia de São Vicente, padroeiro da freguesia. Pela manhã, a Igreja de Cidadelhe recebeu a cerimónia eucarística em honra do santo e à tarde, no mesmo local, o Grupo de Cantares Mesão E(n)canto e a Orquestra Alio Vírio cantaram as Janeiras a convite da Castrinhos Associação Cívica de Cidadelhe, com o apoio da Câmara Municipal.

Para o grupo, o mês das Janeiras termi-

nou com chave de ouro, ao participar no I Encontro Intermunicipal de Cantadores de Janeiras, realizado a 29 de janeiro. A atuação foi presenciada por várias centenas de pessoas de todos os concelhos da região, em Carrazeda de Ansiães, onde estiveram representados os 19 Municípios da CIM Douro, entidade que organizou esta primeira ação no âmbito da distinção «DOURO - Cidade Europeia do Vinho 2023».

O mês de fevereiro iniciou com a 1.ª Exposição do Atelier Municipal de Artes (AMA), que conta com quase três dezenas de formandos. Dinamizado pelo formador Luís Cortez, o atelier culminou com a inauguração da exposição, no dia 4 de fevereiro. A mostra dos trabalhos artísticos está neste momento patente e poderá ser visitada até ao final do mês de fevereiro, na Biblioteca Municipal de Mesão Frio.

O ato de inauguração contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, Paulo Silva, que elogiou o projeto e felicitou todos os intervenientes. Confirmou, também, que o AMA tem sido uma aposta ganha e que a prova disso é

Mesão Frio assina transferência de competências na Saúde

Nunes, num ato conjunto em que participaram outros municípios da região norte do País.

A autarquia passa a assumir competências na gestão operacional do Centro de Saúde de Mesão Frio, bem como na infraestrutura e na gestão do pessoal não médico (assistentes operacionais).

o número crescente de formandos interessados em participar. Criado com o intuito de incentivar à cultura e ao lazer, o atelier proporciona novas experiências e dinâmicas, dá a conhecer diferentes técnicas de pintura e de trabalhos manuais e combate o isolamento, com momentos de convívio e de camaradagem.

O escritor duriense, Manuel Igreja, um dos dinamizadores das tertúlias que têm vindo a acontecer no espaço cultural da Biblioteca Municipal de Mesão Frio, apresentou a sua obra mais recente, «Um Livro com gente dentro», no dia 21 de janeiro. O evento reuniu várias dezenas de pessoas com o autor, para uma conversa informal acerca dos temas espelhados no seu livro que homenageia e relembra o quotidiano duriense dos anos 1960 e 70 e que dá a conhecer as vivências do Douro.

Durante o próximo mês de março o Município vai dar continuidade a este conjunto de tertúlias que tem vindo a realizar-se na Biblioteca Municipal. A próxima será já no dia 2 de março e terá como tema principal o comboio, meio de transporte marcante e muito associado ao Douro e às suas gentes. A forma como

o caminho-de-ferro faz parte do nosso quotidiano e as relações dos comboios com os livros e a literatura, serão certamente temas em que todos são convidados a partilhar memórias, vivências e textos. A entrada é livre.

No Dia Internacional do Contador de Histórias, a 20 de março, os colaboradores da Biblioteca Municipal vão levar sessões de histórias às várias turmas do Centro Escolar do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade.

As atividades culturais do mês de março culminam com o término do período letivo, no dia 31 de março, data em que o Município vai comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil, no Centro Escolar do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade, com a escritora Ana Ventura, que irá apresentar, através de encenações, a sua obra de literatura infantil, «A Zebra Zézé».

A Câmara Municipal irá continuar a estreitar ligações com as várias entidades e associações do Concelho, para levar a cultura a todas as populações, estando já calendarizadas iniciativas culturais para todas as freguesias. ○

Mesão Frio recebe apoio financeiro para ações de estabilização decorrentes dos incêndios

Paulo Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, assinou no dia 30 de janeiro, o auto de transferência de competências e recursos na área da saúde para o Município de Mesão Frio, com efeitos a partir de 1 de fevereiro.

A cerimónia decorreu na cidade do Porto, na sede da Administração Regional de Saúde do Norte, na presença do Ministro da Saúde, Manuel Pizarro e do Presidente do Conselho Diretivo da Administração Regional De Saúde do Norte I.P., Carlos

A cargo da Administração Central continuará a gestão de médicos, enfermeiros, técnicos especializados, assim como de equipamento associado à sua prática específica.

Esta transferência de competências permite acompanhar em proximidade as respostas e o acesso a serviços de saúde de qualidade, com a capacidade de adaptar em permanência os recursos às necessidades. Trata-se de um novo desafio de acrescidas responsabilidades que a Câmara Municipal de Mesão Frio abraça, com a motivação de fazer mais e melhor pela população do Concelho, num setor tão sensível como é a área da saúde. ○

O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva esteve em Murça, no passado dia 1 de fevereiro, para firmar um contrato-programa com o Fundo Ambiental e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., que assegura apoio financeiro de mais de 110 mil euros, para ações de estabilização na sequência dos incêndios rurais que assolaram o Concelho no verão do ano passado.

As ações de estabilização incluem a recuperação de pontos de água, a substituição de sinalização danificada de caça e pesca, a substituição de sinalização danificada, a recuperação e tratamento da rede viária, intervenções complementares de recuperação de pontos de água, recuperação e tratamentos da envolvente das redes rodo e ferroviária, aquisição ou corte e proces-

samento de resíduos orgânicos/florestais, instalação de barreiras de resíduos florestais, regularização do regime hidrológico das linhas de água, obras do regime hidrológico das linhas de água, nomeadamente instalação de vegetação ripícola, obras complementares de correção torrencial de pequena dimensão e instalação de abrigos e comedouros para a fauna selvagem. Na presença do Secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino, conjuntamente com o Município de Mesão Frio, os autarcas dos 20 municípios, de norte a sul do País, assinaram os contratos-programa no montante total de 6,9 milhões de euros. O apoio é financiado a 100% pelo Fundo Ambiental e o prazo de execução das intervenções é de um ano.○

6 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

Freixo de Espada à Cinta

Museu da Seda e do Território integra Rede de Novos Parceiros do Turismo Industrial

O Executivo Municipal de Freixo de Espada à Cinta participou no Congresso do ERIH - European Route of Industrial Heritage, que decorreu nos dias 30 e 31 de janeiro, em S. João da Madeira, uma iniciativa promovida pelo Turismo do Porto e Norte de Portugal, que reuniu altos representantes da área como Javier Puertas, Representante do Conselho de Administração da ERIH/ERIH Espanha, Marco Sousa do Departamento Operacional do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Alexandra Alves, Representante Nacional da ERIH, Jorge Vultos Sequeira, Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, assim como autarcas de todo o país e especialistas na área do Turismo Industrial.

No âmbito deste Congresso, dia 30, o Presidente da Câmara Municipal, Nuno Ferreira, procedeu à assinatura do Acordo de Colaboração para Novos Parceiros do Turismo Industrial do Porto e Norte de Portugal, formalizando a adesão do Museu da Seda e do Território a esta rede, que tem como objetivo privilegiar uma abordagem nacional de dinamização e networking entre os diversos agentes dos territórios, permitindo-lhes ganhar mais escala e maior notoriedade.

Foi ainda apresentado o projeto “Guia de Turismo Industrial: Porto e Norte de

Município afirmou-se na FITUR 2023

Portugal”, do qual o Museu da Seda e do Território passará a fazer parte, numa estratégia de promoção nacional e internacional.

No dia 31, a Vice-Presidente Ana Luísa Peleira interveio no painel dedicado à “Musealização da Indústria”, onde apresentou as mais-valias, potencialidades, projetos em curso e futuros que estão a ser implementados no Museu da Seda e do Território de Freixo de Espada à Cinta, guardião de uma indústria viva e do espólio histórico e etnográfico do território e da população do concelho, tradições seculares passadas entre gerações.

O Congresso ERIH PT23 teve como objetivo examinar os esforços empreendidos por vários sítios pós-industriais em Portugal para ativar a memória e a cultura industrial, aprimorando-a e atualizando-a. Pretendeu-se a divulgação e resposta a questões ligadas à diversificação de públicos e alcance de novos sítios de património industrial e indústria viva, possibilitando um diálogo aberto sobre os processos de atualização no que respeita à linguagem, à programação, às ferramentas, à medição, às novas tecnologias ou mesmo à própria definição dos circuitos de visita do património industrial português, incluindo os circuitos de visita à indústria viva. Este foi um espaço de partilha de boas práticas na salvaguarda do saber fazer da indústria portuguesa e da memória industrial associada à atividade produtiva, que urge preservar. ○

O Município de Freixo de Espada à Cinta esteve representado, ao longo de 5 dias, na Feira Internacional de Turismo de Madrid, tendo desenvolvido ações de promoção, em dois espaços: no stand conjunto de Freixo de Espada à Cinta com Vilvestre (Pav.7), que permitiu reforçar as relações de parceria transfronteiriça entre os dois territórios unidos pela Sociedade Congida La Barca, e no espaço da Comunidade Intermunicipal do Douro (Pav.4), no âmbito da iniciativa “Douro Cidade Europeia do Vinho 2023”.

Por ambos os espaços passaram milhares de pessoas, nesta edição que superou todas as expetativas.

Durante estes dias, quer nas Jornadas Profissionais, quer com o público em geral, foram partilhados vários contactos e realizadas diversas interações, sempre com o objetivo de dar a conhecer o território e as suas potencialidades a nível turístico, económico, cultural, paisagístico, arquitetónico e tradicional.

Para além da divulgação promocional houve oportunidade para dar a conhecer e degustar alguns dos muitos produtos endógenos que caracterizam os dois territórios,

como o vinho, o azeite, a azeitona, a amêndoa, o queijo e a doçaria tradicional, que foram largamente apreciados e avaliados positivamente pelo público presente.

O trabalho ao vivo de extração da seda e a imponência do tear tradicional não passaram despercebidos e criaram momentos de grande interesse e curiosidade, levando à partilha de experiências únicas.

O feedback recebido foi extremamente positivo podendo-se, com toda a certeza, afirmar que Freixo de Espada à Cinta está no rumo certo, em direção a um cada vez maior desenvolvimento e progresso.

A Feira Internacional de Turismo de Madrid é reconhecida como salão de referência para a indústria do turismo internacional, tendo como objetivo potenciar novos contactos e negócios, através da capacidade de inovação, antecipação e adaptação às necessidades dos mercados, e este é um dos muitos motivos pelos quais o Executivo Autárquico continua a apostar e a marcar presença nestes eventos, sempre com a força e vontade para valorizar e promover o que de melhor e único Freixo de Espada à Cinta tem para oferecer e levando sempre o concelho mais além, dentro e fora de portas, consolidando-o enquanto destino de prestígio e notoriedade. ■

8 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

I Seminário “Rio Douro – refletir

riscos, promover desenvolvimento”

realiza-se em Sabrosa

e de quem nos visita ou transita nas vias Fluvial, Ferroviária e Rodoviária, tão importantes e vitais para a nossa economia e desenvolvimento.

O Concelho de Sabrosa situa-se na margem direita do Rio Douro, numa extensão de 12 km e as oportunidades oferecidas pela sua localização proporcionam um desenvolvimento do território ao nível Turístico e Vitivinícola.

Obra de requalificação e valorização da zona envolvente ao Mercado dos Produtos Durienses já iniciou

No próximo dia 4 de março de 2023, o Auditório Municipal de Sabrosa recebe o I Seminário “Rio Douro – Refletir Riscos, Promover Desenvolvimento”, pelas 09h30.

No Seminário temas como a estratégia de desenvolvimento integrada na região do Douro, o diagnóstico de riscos na navegabilidade do rio, nos movimentos de vertente e na mobilidade rodoviária, e as respostas aos mesmos serão abordados e debatidos. Assim como, os desafios e oportunidades de turismo possíveis na região duriense, passando desta forma à avaliação da segurança das nossas gentes

O Vereador com pelouro na segurança e proteção civil, António Araújo, destaca que “Existe uma preocupação constante com a segurança dos nossos Munícipes bem como com quem nos visita ou utiliza o concelho de Sabrosa para as suas viagens. O volume de pessoas que navega no Rio Douro é enorme, como também na utilização do comboio nesta maravilhosa frente ribeirinha de 12 km ou, ainda, na serpenteante rede viária desta vertente norte do Rio, com picos de afluência e utilização, como é habitual no período das vindimas. Vai ser um Seminário pioneiro neste tipo de assuntos onde iremos juntar as diversas entidades com responsabilidades nesta área geográfica e que poderão dar contributos úteis, positivos e decisivos para a segurança das pessoas, primeiras visadas com este evento.”

Este Seminário é organizado pelo Município de Sabrosa, em colaboração com o Centro de Estudos e Intervenção em Proteção Civil (CEIPC). Conheça o programa e faça a sua inscrição, gratuita, mas obrigatória, até ao dia 25 de fevereiro. ○

Município ofereceu plataformas digitais de aprendizagem à comunidade escolar

O município de Sabrosa ofereceu recentemente o acesso a duas plataformas digitais de aprendizagem, nomeadamente a “Escola Virtual” e a “Plataforma Reeducar +” a alunos, docentes, coordenadores e encarregados de educação, sendo o ensino uma das suas principais preocupações e prioridades.

A “Escola Virtual”, projeto que que teve início no ano letivo 21/22, abrange 336 alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do ensino secundário regular e profissional da Escola Miguel Torga, e tem como primordial objetivo contribuir para o sucesso escolar e reforçar, nos alunos, a vontade de estudar de uma forma desafiante, fazendo parte da plataforma ganhar medalhas, participar em desafios e receber pontos, que poderão ser trocados por prémios na loja online.

Além de incentivar o estudo, o conjunto de funcionalidades e recursos interativos fomenta também a interação com os professores em tempo real. Os professores dispõem de conteúdos de todas as disciplinas e de ferramentas de ensino, assim como, da monitorização de desempenho e da gestão do processo de aprendizagem de cada estudante.

Por sua vez, a “Plataforma Reeducar +” é destina-

da à comunidade educativa da educação pré-escolar e do 1.º Ciclo do Ensino Básico (alunos, docentes, coordenadores e encarregados de educação), e proporciona um ambiente de aprendizagem rico em tecnologia, e a facilidade no ensino, no trabalho colaborativo e na partilha de ideias.

Através de centenas de atividades multimédia dinâmicas, interativas e lúdicas, para serem utilizadas na escola e em casa, os alunos aprendem ao seu ritmo e de forma criativa. No mural da aplicação, os professores e os coordenadores podem partilhar ideias, projetos e experiências, sob a forma de imagens, vídeo ou texto para toda a comunidade virtual.

A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, referiu que “Num momento onde as plataformas digitais de ensino-aprendizagem assumem um papel fundamental para o sucesso educativo, esperamos que esta oferta de acesso a estas plataformas contribua decisivamente para o sucesso escolar, aproximando os alunos ainda mais de um futuro brilhante.”

A riqueza e a diversidade dos milhares de recursos são fundamentais para uma melhor compreensão e aprendizagem eficaz, para que as crianças desempenhem um papel ativo na comunidade.○

Decorre neste momento, a obra de requalificação e valorização da zona envolvente ao Mercado dos Produtos Durienses, em complemento ao recente investimento público para a construção deste edifício.

A obra será feita em toda a zona envolvente ao Mercado dos Produtos Durienses, situado na confluência com a zona industrial, a norte, e com a Capela de São Sebastião, a poente, que atualmente se apresenta sem qualquer tipo de tratamento, prevendo-se a beneficiação e qualificação de toda a área no prolongamento dos espaços verdes adjacentes ao equipamento do Mercado.

O projeto visa a valorização do espaço público e a garantia do equilíbrio da paisagem na envolvente do equipamento já instalado. A solução arquitetónica preconiza a unificação da frente urbana a sul do Mercado, através da continuidade da mancha verde e arbórea para o sentido do

Largo de São Sebastião, a poente, e cria as condições necessárias à manutenção das atividades coletivas que a comunidade costuma promover naquele largo, recorrendo à pavimentação em material pétreo, cubo e lajeado de granito amarelo, e reserva uma área, revestida com material agregado, resultante da mistura de gravilhas com ligante, do tipo “terraway”, numa zona vocacionada a atividades culturais, espaço delimitado por um longo banco em granito, na confrontação com a Capela.

Na área envolvente a norte do Mercado dos Produtos Durienses, serão criadas zonas de estacionamento complementares às implantadas junto àquele edifício, bem como um percurso pedonal confortável e seguro.

A obra de requalificação da zona envolvente ao Mercado dos Produtos Durienses tem o custo total de 137.500.00 €. ○

12.º Passeio TT Douro Aventura trouxe a Sabrosa centenas de participantes

Palco de privilegiada beleza, Sabrosa, em pleno Alto Douro Vinhateiro, acolheu mais de três centenas de participantes para o XII Passeio TT Douro Aventura, organizado pelo Moto Clube Terras de Magalhães, e que contou com o apoio do Município de Sabrosa.

A beleza das paisagens, o contraste entre a serra e o Douro e a sua própria orografia, conferem ao concelho de Sabrosa condições propícias e únicas para a prática de passeios e competições para veículos de todo-o-terreno, o que fez com que este ano se batessem todos os recordes de número de participantes, ultrapassando assim todas as expetativas.

Partindo de Paços, junto ao Mercado dos Produtos Durienses, o passeio percorreu locais onde a dureza e inacessibilidade do percurso escondem recantos de paisagens encantadoras, deixando os participantes com vontade de voltar em edições futuras, uma vez que esta modalidade permite aceder a lugares do Concelho de Sabrosa quase inacessíveis e de grande beleza natural, em forma de passeio, mas não isenta de aventura.

A Câmara Municipal de Sabrosa vê com agrado estas atividades e, uma vez mais, disponibilizou todo o seu apoio de âmbito estrutural e logístico para a realização deste evento. ○

9 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Sabrosa

“Antes de estar aqui já fiz muitas coisas na vida, só estou a devolver

A cumprir o seu segundo mandato à frente do município de Murça, Mário Artur Lopes tem como objetivo o crescimento do concelho com base na agricultura e no turismo, área muito afetadas pelo incêndio do último verão que afetou a quase totalidade do território.

Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. Surpreendido com a exigência do cargo?

Estar neste cargo tem, obviamente, aspetos positivos e negativos. Já tinha estado aqui entre 2001 e 2006 e por isso tinha já uma noção do prazer que é servir.

Do meu ponto de vista neste cargo só temos a ganhar, em especial quando a vontade de fazer é imensa, como é o caso. Costumo dizer que não sou presidente de câmara, estou como presidente de câmara, não nasci aqui e espero não morrer aqui, por isso digo que estou.

As decisões que tomamos implicam sempre perdas e ganhos, acho que aqui ganho mais do que aquilo que posso perder e estou sempre pronto para sair daqui. Antes de estar aqui já fiz muitas coisas na vida, só estou a devolver um pouco à minha terra daquilo que ela me deu.

Como se atrai as pessoas para um concelho como o seu?

Estamos em territórios com uma população muito envelhecida e habituamo-nos a ouvir muitas teorias sobre diferenciação positiva e de apoio a um território como o nosso, uma visão à qual sou contrário.

Não devemos obrigar ninguém a vir para o interior, mas temos obrigação de mostrar o que é o interior, tem coisas boas e más e só deve cá estar quem realmente gosta de estar cá.

Podemos motivar mais gente a estar no interior, vivendo com dignidade, se lhes for proporcionado aquilo a que têm direito, como as questões ambientais. Se estes territórios em vez de apoios recebessem compensações por direito próprio, teríamos uma postura de valorização do território de uma forma diferente. Na perspetiva do apoio e da mendicidade parece que estamos a prazo para terminar e nós não vamos terminar, tudo isto já cá estava antes e irá continuar depois.

Quando temos fundos comunitários abaixo da média, é negativo. Não devemos estar sempre a comparar-nos com os outros, mas devemos viver com aquilo que produzimos e aquilo a que temos direito, seja a energia, o vinho de alta qualidade, o facto de não poluirmos como outras zonas, etc… Tudo isto deveria dar-nos uma qualidade de vida muito acima da média, por direito próprio e não por entendimento de uma qualquer Comissão que se crie em Lisboa para tentar entender o interior. Acredito que muita gente vai melhorar a sua vida se tiver uma visão mais assertiva do que é o interior.

Numa grande cidade se um dos elementos do casal fica sem emprego, a família fica logo em grandes dificuldades, aqui consegue-se manter uma determinada qualidade de vida na mesma situação.

O que falta para mudar essa visão?

Há várias medidas que o Estado deveria tomar. Obrigar a que o investimento apoiado pelo Estado se deslocalizasse para o interior, assim como diversos serviços do Poder Central como na área da justiça, por exemplo.

Desta forma as pessoas seriam obrigadas a circular pelo território, fomentando com isso a economia e outros negócios em zonas como esta.

Qualquer dia há 50 faixas de rodagem à saída do Porto para escoar o trânsito e mesmo assim não vai chegar porque concentramos ali cada vez mais gente. São medidas efetivas para colocar gente no interior valorizando o território.

Em algumas áreas, como a educação e a saúde, deveria haver uma rotação das pessoas fazendo com que médicos, enfermeiros e professores vivenciassem o interior, para perceberem a natureza destas gentes.

Haveria certamente profissionais destes que iam gostar de estar cá e iam querer ficar por aqui e constituir família. Há estrangeiros que vêm viver para Portugal e sentem-se bem, acredito que os portugueses se conhecessem o interior também iam gostar de aqui viver.

Aqui, com um terço do salário de uma grande cidade é possível comer maçã a saber a maçã, tomate a saber a tomate, etc. Ter a oportunidade de criar os filhos num espaço onde as crianças podem andar em liberdade, onde se podem comer legumes frescos ou o pão feito no dia, não

há melhor, no final do dia é isso que vale a pena.

Apontou já diversas vantagens em viver no interior, no seu entender porque é que ainda há esta dicotomia interior-litoral? Qual é o "click" que falta para as pessoas verem as vantagens que aponta?

O nosso problema é que estamos sempre a gerir expectativas, o problema é como os nossos governantes nos colocam a gestão de expectativas.

Há um desfasamento tremendo entre quem decide e o que é a realidade. Isto não é uma crítica a ninguém, mas não podemos ter um Primeiro-Ministro a falar de um problema grave num bairro em Lisboa porque viu alguma coisa na televisão. Fala-se de coisas sobre as quais há conhecimento de causa em circunstâncias destas.

Numa família há sempre um elemento que é responsável pelas decisões mais complexas, nestes casos acontece o mesmo, o problema é que temos uma casta

Mário Artur Lopes, Presidente da Câmara de Murça Em perfil

de gente ligada às universidades que está distante do poder político.

São estas pessoas que deviam pensar, porque têm base científica, estudos e dados, para o fazer. Isso não acontece porque há uma espécie de uma elite que se fecha, típico de um país subdesenvolvido, que entretanto fogem à realidade mas esta persegue-os.

É neste caso que falo da gestão de expectativas, não podemos ter como missão a valorização do interior, isso não faz sentido nenhum, é preciso uma missão de valorização do país. Quando se promove esta ideia que é preciso dar uma casa ou um apoio adicional a um médico para vir para estes territórios, é dizer-lhe que vai para o inferno. Isso é mentira, ele vai para um sítio fantástico onde não precisa ter jardins para respirar ar puro, é preciso alterar este paradigma.

Falando novamente de Murça, o que ainda falta aqui?

Em Murça ainda faltam coisas importantes. Ao nível da qualidade de vida temos já boas vias de comunicação, que deviam ser mais de chegada do que de partida, o que também não é mau porque se pode viver em Murça e trabalhar em Alijó, Vila Real ou até mesmo no Porto.

Neste campo estamos bem, falta-nos apenas algum dinheiro para investir na rede viária municipal, havendo já algum dinheiro para investir nas vias mais degradadas.

Acima de tudo faltam famílias mais numerosas. Defendo que o principal problema do país é o problema demográfico, o terceiro filho deveria ser incentivado nas famílias, mesmo em termos financeiros.

Imaginem que a cada família que tenha o terceiro filho recebe uma verba de 30, 40 ou 50 mil euros, o país ia ganhar com isto. Quando se fala em resolver o problema da mão de obra com a importação de trabalhadores, alguém imagina que esses que chegam vivem bem nos seus países? Não, claramente vêm aqueles que têm grandes dificuldades e com pouca instrução, vem à procura de algo melhor e Portugal já não chega tentando ir para a Alemanha Temos que, a prazo, apostar seriamente em apoiar as famílias para que tenham

- Filme da Vida – Paris, Texas, de Wim Wenders

- o livro que está a ler – “O Correio, Nós e os Nossos Lugares”, de Dinis

Serôdio Lopes da Costa

- A banda da vida – Pink Floyd, influenciado pelo meu irmão mais velho

- Não passo sem... Uma boa conversa

- Prato favorito – Feijoada, Rancho, comida tradicional

- Local de férias – Em Portugal

- Em Murça gostava de ter… Gente com mais disponibilidade para momentos culturais

- Clube – Sporting C. P.

10 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

NOTA

devolver um pouco à minha terra daquilo que ela me deu”

mais filhos. Se o terceiro filho fosse verdadeiramente incentivado certamente que iríamos inverter a nossa pirâmide.

Regressando à questão, em Murça estamos a fazer uma série de investimentos interessantes na área da valorização do território, dentro do que são as nossas competências, com um foco especial no setor agrícola que é a base da nossa economia. O objetivo é que os nossos produtores possam promover os seus produtos, vendendo-os melhor, gerando uma maior riqueza que ficará também melhor distribuída.

O que precisamos mais é de investimento privado. Está em perspetiva que aconteça e necessariamente vai acontecer. Podemos olhar para a Régua, por exemplo, onde há grandes investimentos privados ligados à área do turismo, mas que depois vão potenciar outros investimentos em outras áreas. O turismo não deve ser a panaceia para tudo mas é uma área á qual dou muita importância.

O turismo já tem muito peso na economia de Murça?

Não tanto como gostaria. Defendo que temos de ter um turismo que nós próprios gostássemos de usufruir. Só esse é que pode ser bom, não temos que imitar ninguém, temos que ser diferenciadores.

A nossa posição geográfica é diferenciadora porque temos realidades muito distintas, desde freguesias com características mais transmontanas a outras que estão dentro da Região Demarcada do Douro. Temos uma autoestrada que passa a um minuto do centro da vila tudo isto são vantagens para nós neste setor.

Esta é a nossa aposta e desde que chegamos à autarquia em 2017 estamos a fazer um trabalho de base que é criar ofertas turísticas de interesse local. O objetivo é que isto possa ser motivo, para além dos eventos que promovemos, para justificar o investimento privado na área do turismo.

Não estamos encostados ao Rio Douro, que tem a importância que todos sabemos, mas é um caminho que vamos trilhando e que é quase inevitável que aconteça.

Estamos sensivelmente a meio deste seu segundo mandato, quais são os projetos de maior importância para o município e que quer concluir até esse prazo?

Já referi há pouco a questão das vias municipais, têm que ser profundamente requalificadas. Quem nos visita chega através de uma via, se encontra infraestruturas rodoviárias municipais em mau estado, não se sente motivado a voltar. Para nós é um aspeto muitíssimo importante.

Na área da educação temos feito tudo o que podemos. O maior investimento de sempre do município, a requalificação da escola sede, está praticamente concluído. É uma obra da qual nos orgulhamos bastante.

De resto temos todos os equipamentos

que os municípios à nossa volta têm. Alguns começam já a precisar de algumas obras de requalificação, como as Piscinas Cobertas ou o Auditório Municipal, mas temos tudo isso.

Temos um investimento substancial que já vem do mandato anterior e que sempre foi a "menina dos meus olhos", que é a Zona Industrial. Esta área criou as condições adequadas à nossa capacidade para poder haver investimento, que arrefeceu um pouco com a pandemia e a inflação, havia investidores que tinham a estimativa de gastar 200 mil euros com um pavilhão, que passou a custar 600! Portanto isso acabou por arrefecer o investimento.

Uma preocupação que temos presente é a questão ambiental. Temos a ambição de criar, à entrada da vila, um "parque da cidade", um espaço de lazer, verde, com centenas de árvores autóctones e umas piscinas descobertas. Um espaço para a família, tanto para os que estão cá como para todos aqueles que nos possam visitar. Com uma ligação muito próxima à vila. Temos ainda outras obras na área ambiental que temos planeadas como uma intervenção ao Espaço de Lazer junto ao rio Tua, junto à aldeia de Sobreira, ou junto ao rio Tinhela, há uma área que queremos desenvolver como Parque da Biodiversidade, que começou com 20 hectares, hoje já falamos quase em 200 hectares.

Na área do ambiente também é importante a questão da água e do saneamento. Como está a rede municipal e que investimentos estão pensados?

Esta questão é muito importante para nós, o Ciclo Urbano da Água. Desde 2016 que estamos integrados na AdIN, uma estrutura que está a fazer um acompanha-

mento e um investimento significativos no concelho.

Já não temos nenhuma Estação de Tratamento que não esteja devidamente licenciada, as fossas séticas desapareceram e, em termos de abastecimento de água recorremos a três fontes, a barragem de Vila Chã, a de Ribeira de Curros e uma outra na Sobreira.

Tudo isto é acompanhado pela AdIN com protocolos técnicos que os diferentes organismos acompanham. O nosso acompanhamento é também importante para que assim que seja detetado um problema ele seja resolvido da forma mais rápida possível.

Num concelho com estas características o Apoio Social tem muito peso no orçamento municipal?

O nosso apoio nessa área é de compromisso total, será mesmo das áreas em que nos dá mais satisfação trabalhar.

Na Rede de apoio ao Medicamento, por exemplo, temos um apoio que muitos não têm.

Há quem não tenha dinheiro para comprar a medicação necessária?

Neste momento não há ninguém que fique sem a necessária medicação ou alimentação no nosso concelho.

Assim que qualquer caso seja identificado pelos nossos serviços, ou alertados por familiares ou vizinhos, ele é automaticamente acompanhado. Procuramos esmiuçar o nosso território para que não haja nenhum caso de pobreza envergonhada, não queremos deixar ninguém sem o apoio necessário.

Foram anunciados 2,6 milhões de

euros para o município no quadro do apoio aos incêndios do verão passado. De que forma o município vai usar essa verba?

Aquilo que aconteceu foi um problema concreto, mas temos também a visão estrutural daquilo que é a floresta nos nossos territórios. Defendo que deveríamos estar a ter esta discussão mesmo que não tivessem existido os incêndios.

Só há incêndios porque temos um problema estrutural, que é o abandono do território. Este problema tem que ser resolvido por várias razões, desde logo porque combater um incêndio custa dez vezes mais do que preveni-lo. Esta prevenção passa por fazer uma gestão cuidada da floresta, com queimas e queimadas controladas, por exemplo.

Precisamos de descontinuidade na floresta, e isso só se consegue com mais agricultura, incentivar as cabras sapadoras, apostar na pecuária que ajude a prevenir a existência de mato.

Neste sentido, e havendo necessidade de medidas imediatas, temos vários apoios. Temos um protocolo com a APA que ronda os 600 mil euros, e um outro com a APA e o Fundo Ambiental, nas zonas ribeirinhas afetadas pelos incêndios.

Com o ICNF temos um protocolo semelhante para fiscalização de emergência, venda da matéria queimada, estabilização das curvas de nível, proteção das linhas de água, etc.

Isto são medidas imediatas como consequência direta do incêndio que representam um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros.

O Fundo de Emergência Municipal tem também uma verba, para a qual já temos aval da DGAL, que nos vai permitir recuperar as infraestruturas afetadas pelo incêndio. A comparticipação é na ordem dos 55%, com enfoque nas vias de ligação às aldeias que ficaram mito afetadas e que ultrapassa o investimento dos 2 milhões de euros.

Na área do turismo temos um apoio na ordem dos 400 mil euros, comparticipados a 90%, perfazendo tudo isto um valor superior a 2,5 milhões de euros. Queremos que todas estas medidas sejam implementadas o mais rapidamente possível, esperando que mais tarde venham outros apoios para o apoio à agricultura ou reflorestação com espécies mais adequadas ao território.

No meio disto tudo há algo que está a falhar redondamente que é o apoio à produção agrícola perdida, era um apoio que devia ser imediato e que não está a ser o apropriado. Há algumas medidas que já estão tipificadas mas que não são adequadas. Há ainda a questão da agricultura informal, aquela pessoa que tem a sua horta, perdeu o que tinha. Esse tipo de apoio devia existir.

Tudo que tenha a ver com apoio municipal, a resolução do problema fica resolvida, já falamos sobre isso. ○

11 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO
PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.

Assinatura do projeto de ampliação da zona empresarial

O Município de S. João da Pesqueira, procedeu no dia 8 de fevereiro, à assinatura do contrato para as obras de ampliação da zona industrial.

O presidente da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, justifica o investimento, sublinhando que “a Câmara vai continuar a garantir condições para a instala-

ção de empresas, captação de investimento e criação de postos de trabalho no Município.

Este projeto terá o valor de 731.247,93 e vai proporcionar, quando concluído, condições

de excelência para o acolhimento de empresas inovadoras e/ou tecnológicas, com o objetivo de contribuir para a modernização e requalificação do tecido industrial da região.” ○

Conselho diretivo da ANMP reúne em S. João da Pesqueira

Decorreu no dia 7 de fevereiro, no museu do Vinho de S. João da Pesqueira, a reunião do Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios (ANMP), em mais uma reunião descentralizada deste órgão.

Na ordem de trabalhos estiveram diversos assuntos de interesse dos municípios.

O presidente da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, é membro efetivo da Direção da ANMP e representa neste órgão os Movimentos Autárquicos independentes. ○

Município de S. João da Pesqueira distinguido com prémio da Liga Portuguesa Contra o Cancro

O Departamento de Educação para a Saúde, da Liga Portuguesa Contra o Cancro-Núcleo Regional do Norte, premiou na VI Gala de Educação para a Saúde, na Categoria Mensagens Desportivas, o Município de S. João da Pesqueira. Reconhecendo, assim, neste evento a importância do contributo na educação para a saúde e prevenção do cancro do Município de S. João da Pesqueira, nomeadamente com a organização de ações no âmbito do “Outubro Rosa”, para divulgar esta causa que é de todos.

A Gala aconteceu no dia 4 de fevereiro, Dia Mundial do Cancro, na Aula Magna da Universidade Portucalense, e esteve presente, a Vereadora com os pelouros do Desporto e Saúde, Eng. Susana Carvalho, para receber o prémio.

Nesta edição o mote da gala foi “Vozes unidas: Chegam mais longe”. ○

12 VIVADOURO FEVEREIRO 2023
S. João da Pesqueira

Promoção do território foi prioridade na FITUR

O Município de Alijó esteve presente na Feira internacional de Turismo (FITUR), em Madrid, Espanha, juntamente com a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM Douro), numa ação conjunta de promoção do território e do "Douro - Cidade Europeia do Vinho 2023".

A presença nestes eventos faz parte da estratégia municipal de promoção do nosso território e de apresentação dos nossos produtos a potenciais compradores, sempre com a forte expetativa de atrair novos visitantes e possibilidades de parcerias para os nossos operadores turísticos.

A FITUR é dedicada aos profissionais de turismo a nível global, tendo esta edição ultrapassado os 220 mil visitantes ao longo de cinco dias. ○

Mais de 100 idosos das IPSS do Concelho cantaram as Janeiras

Mais de uma centena de idosos das IPSS do Concelho juntaram-se no Teatro Auditório Municipal, a 27 de janeiro, para “Cantar as Janeiras”. Durante este animado convívio, promovido pela Rede Social de Alijó, os cantadores seniores mostraram que esta tradição continua viva, tendo sido aplaudidos de forma entusiástica.

O Município de Alijó agradece a presença de todos os idosos e das Instituições de Solidariedade Social que tornaram possível esta iniciativa. ○

Município de Alijó brindou ao Vinho do

Porto

O Município de Alijó assinalou o Dia Internacional do Vinho do Porto, a 27 de janeiro, com um programa de homenagem a este vinho licoroso produzido no nosso Concelho.

Desmistificar os segredos do Vinho do Porto e provar os melhores Vinhos do

Porto produzidos no Concelho foram alguns dos momentos que integraram o workshop conduzido por um dos mais reconhecidos sommeliers portugueses, António Lopes.

A iniciativa incluiu ainda cocktails de Vinho do Porto servidos pelos alunos

Tua Walking Festival

do curso profissional de Mesa e Bar do Agrupamento de Escolas D. Sancho II, momento acompanhado com música ao vivo com elementos da Banda Filarmónica de São Mamede de Ribatua.

Desde o dia 27 de janeiro, estão também disponíveis ao público as Lojas

Foi apresentado recentemente o Tua Walking Festival, dedicado aos percursos pedestres de cada um dos cinco municípios que integram o Parque Natural Regional do Vale do Tua.

Interativas de Turismo de Alijó e do Pinhão, que representam uma nova janela aberta para todo o Concelho, oferecendo um conjunto de valências interativas que as transformam numa das paragens obrigatórias para quem nos visita. ○

Alijó recebe esta iniciativa de promoção do território e de atração de novos visitantes no fim-de-semana de 7 e 8 de outubro.

O Tua Walking Festival arranca em Vila Flor e

passará ainda por Murça, Carrazeda de Ansiães e Mirandela. Alijó irá acolher o encerramento da iniciativa.

Mais informações no site do município. ○

13 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Alijó
em Alijó a 7 e 8 de outubro

Moimenta da Beira

Autarca moimentense presente na passagem de testemunho da Cidade Europeia do Vinho

O Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Paulo Figueiredo, e os congéneres de Lamego, Francisco Lopes, e de Murça, Mário Artur, e ainda o Secretário Executivo da CIMDOURO, João Rodrigues, estiveram no dia 27 de janeiro, em Aranda de Duero, Espanha, em representação da Comunidade Intermunicipal do Douro, a participar na cerimónia da passagem de testemunho do galardão Cidade Europeia do Vinho.

Na sessão solene, Paulo Figueiredo presenteou a Alcaidesa espanhola de Aranda de Duero com uma das nossas mais nobres e reconhecidas ‘marcas’: o espumante Terras do Demo, gesto que a responsável local do país vizi-

nho apreciou sobremaneira.

A cerimónia de Aranda de Duero como Cidade Europeia do Vinho 2022, que recebeu também uma delegação

Câmara Municipal e Boavista FC organizam a 2ª edição Demo Wolves Trail Inscrições já estão a decorrer

de Itália e representantes da Associação de Municípios Portugueses do Vinho e da RECEVIN – Rede Europeia de Cidades do Vinho, confirma que em

2023 o Douro será referência europeia no vinho e na vinha, com cerca de 60 atividades já agendadas em toda a região da CIMDOURO ao longo do ano e vários momentos de enorme visibilidade em Bruxelas e Paris, bem como o acolhimento do 10 de junho, Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas, na Régua, a cidade que é referência no Douro.

Sob o lema “All Around Wine, All Around Douro”, o programa de iniciativas terá como missão a promoção deste território e “abrir o Douro ao mundo”, com a realização de muitas iniciativas ligadas ao vinho, ao enoturismo, à cultura e ao património, nos 19 municípios que compõem a CIMDOURO. ○

Encontro dos Moimentenses em Lisboa

Estão abertas até 11 de junho as inscrições para a 2ª edição do Demo Wolves Trail. A prova, que volta a ser organizada pela Autarquia de Moimenta da Beira com apoio do Boavista, decorrerá no dia 18 de junho, às 9h30, e terá novas distâncias este ano.

Com partida e chegada no Largo do Tabolado, no centro da vila, o Demo Wolves Trail contará novamente com três distâncias distintas: uma caminhada, um trail curto e um trail longo. A grande mudança em relação à 1ª edição

são os percursos: o trail curto passará de 15 para 20 km e o trail longo aumentará a distância de 30 para 35 km. Quanto à caminhada, o trajeto mantém-se nos 10 km.

As inscrições, que incluem um almoço (porco no espeto) e a oferta de uma t-shirt, devem ser efetuadas no site lap2go, onde os participantes deverão selecionar também o percurso.

Para mais informações consulte o facebook do Demo Wolves Trail ou envie email para Trail@boavistafc.pt ○

Estão abertas até dia 14 de abril, as inscrições para o Encontro do Concelho de Moimenta da Beira, em Lisboa. Este ano, o evento vai realizar-se no dia 30 de abril, na cooperativa “A Sacavenense”.

“Será num domingo, véspera de feriado, e espera-se um dia de muito convívio entre todas as pessoas do concelho de Moimenta da Beira que vivem na capital e arredores. O encontro começa às 11h30 com a receção onde será servido um Demo de Honra; para as 13h está marcado o almoço seguido de animação musical. Finalmente, às 17h, o lanche convívio. O preço por pessoa é de 25€. As crianças até aos 6 anos não pagam. Entre os 6 e os 12 anos o preço é de 15€.

Nuno Soares, da comissão organiza-

Câmara compra “Quinta da Vitelinha”

A escritura de compra foi realizada no dia 31 de janeiro e assinada entre o Presidente da Autarquia, Paulo Figueiredo, e Maria de Lurdes Fonseca, em representação da proprietária.

Trata-se de um imóvel ‘ímpar’ no Concelho de Moimenta da Beira, que futuramente será intervencionado em benefício de todos, e em prol de uma melhor qualidade de vida para os cidadãos, todos os cidadãos, Moimentenses ou não Moimen-

dora, diz que o objetivo do encontro é “estreitar relações entre as pessoas do concelho de Moimenta que estão em Lisboa”. Relembrou ainda o encontro do ano passado: “Foi um enorme sucesso. Conseguimos reunir mais de 120 pessoas. Este ano, queremos chegar a mais gente. Por isso, decidimos fazer um dia inteiro de festa e, não apenas, um jantar como aconteceu no ano passado. Este encontro é para todas as idades e vamos ter muitas surpresas”.

As inscrições podem ser feitas para os seguintes contactos: Nuno Soares (969880886); Timóteo Carvalho (967495019); Miguel Fernandes (963711600); Tópê (963788871); Diogo Gomes (932822306). ○

tenses.

Neste processo de investimento, a Câmara Municipal, apesar de já ter planos de intervenção para o espaço, está aberta a ideias, sugestões e opiniões de toda a comunidade para a definição de uma nova vida para a “Quinta da Vitelinha”. E neste espaço de tempo, já dezenas de cidadãos se pronunciaram, dando opiniões e sugerindo ideias. É a proximidade a funcionar em pleno! ○

14 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

Recusa da ARS Norte obriga doentes renais de Lamego a tratamentos fora do concelho

A clínica DaVita em Lamego está pronta para abrir portas, contudo, a recusa do convénio pela ARS Norte obriga o espaço a continuar de portas fechadas obrigando assim cerca de oito dezenas de doentes deste concelho a deslocações regulares a Peso da Régua, Vila Real ou Viseu para receberem os tratamentos necessários.

O investimento, feito por um grupo privado nas instalações do antigo Hospital de Lamego foi iniciado em 2019 e está pronto a funcionar, razão para um convite feito à população lamecense e comunicação social a conhecerem as instalações.

Paulo Dinis, Diretor Geral das clínicas DaVita, lamenta a recusa da ARS Norte, sublinhando que o maior prejuízo não é para o grupo privado mas para os doentes renais da região.

"Temos uma clínica pronta, um investimento iniciado em 2019, um processo demorado como é habitual nestes casos. Desde junho de 2022 que a clínica está licenciada, sob o ponto de vista técnico os tratamentos podem realizar-se neste espaço. A decisão negativa da ARS Norte é a única coisa que nos impede de receber aqui os doentes renais desta região.

São doentes crónicos, que precisam deste tratamento para sobreviver e que são obrigados a estas deslocações que consideramos desnecessárias e prejudiciais para a sua qualidade de vida".

De acordo com o responsável, a recusa foi suportada no facto de estar planeada a abertura de um CRI no Hospital de Lamego, razão pela qual "não havia necessidade de existir uma unidade privada", contudo, Paulo Dinis lembra que "em Portugal existem outros locais onde os dois serviços existem em coexistência, permitindo ao doente que faça a sua escolha sobre onde quer fazer o seu tratamento".

"Independentemente de tudo esta clínica está pronta a funcionar amanhã e o CRI de Lamego não estará certamente pronto amanhã. A abertura desta clínica não prejudica ninguém, o mesmo não se pode dizer quando à decisão de a manter fechada", lembra o Diretor Geral.

O médico afirma ainda que "a mensagem não é contra o CRI de Lamego, mas sim a favor dos doentes, do erário público e de todos os lamecenses. A esperança é a última a morrer e consideramos que temos a razão do nosso lado. Podemos contribuir de forma positiva para a qualidade dos doentes renais crónicos, é isso que nos move".

Também presente nesta visita esteve o autarca lamecense, Francisco Lopes, que deixou o repto para que se "deixem de parte questões, sejam de natureza ideológica ou do interesse específico do funcionamento do CHTMAD e das suas estruturas para olharmos em definitivo para aqueles que podem usufruir destas insta-

lações que são os doentes renais".

Para Francisco Lopes olhando "à qualidade da intervenção que foi feita neste espaço e dos equipamentos aqui instalados, bem como a vontade da clínica DaVita em pôr esta clínica ao serviço dos doentes hemodialisados de Lamego e da região, entendemos que será um imperativo que este equipamento comece, o mais cedo possível, a trabalhar, dando assim oportunidade a esses mesmo doentes de escolherem onde querem fazer os seus tratamentos, minimizando deslocações e perdas de tempo".

O Presidente da autarquia lamecense, reiterou ainda a posição já aprovada, por unanimidade, pelo executivo municipal que defende a convenção do serviço de hemodiálise às clínicas privadas que pretendem instalar-se nesta cidade, independentemente do Centro Hospitalar querer

"O facto do Ministro ter gasto cerca de cinco minutos na resposta que me deu é sinal do desconforto que esta questão lhe provoca. Temos uma clínica pronta a abrir, onde foi feito um avultado investimento privado e temos dezenas de doentes que continuam a deslocar-se para fora. O próprio Estado sai prejudicado desta situação porque tem que suportar essas deslocações.

O que o Ministro diz é que o Governo tem a intenção de abrir um CRI no Hospital de Lamego e que assim fica resolvido o problema, na perspetiva dele, obviamente. Ainda de acordo com a sua resposta não é necessário abrir esta clínica porque iria fazer concorrência ao serviço público que irá existir no Hospital de Lamego., que garantiu que estará aberto até junho deste ano".

O deputado afirma não ter dúvidas que "esta é uma questão política, e claramente o Ministro decidiu que abrindo o serviço no Hospital de Lamego não faz sentido abrir esta clínica privada".

Hugo Maravilha confessa ter esperança de ver esta clínica "abrir em breve", até porque, reitera ninguém entenderia que continuasse fechada", lembrando que a mesma "não acarreta mais custos para o Estado e trás vantagens para o município.

"É bom que se esclareça que o facto de existir esta clínica e o serviço no Hospital, não traz qualquer encargo a mais para o Estado. O pagamento que é feito por cada doente em hemodiálise, seja no público ou no privado, é exatamente o mesmo. Não vejo como é que o Estado pode sair prejudicado neste processo sendo que a abertura deste espaço vai implicar desde logo a criação de 20 a 30 postos de trabalho, tão necessários em concelhos como o nosso".

Contactada pelo nosso jornal, a ARS Norte recusou uma entrevista presencial, respondendo apenas por email num texto em que remete a recusa de convénio com a clínica DaVita para a abertura o CRI no Hospital de Lamego.

instalar também a sua unidade.

"Os doentes hemodialisados de Lamego e da região do Douro Sul devem ser livres de escolher a clínica que presta o melhor serviço. Assumimos uma posição de defesa da qualidade de vida dos nossos doentes. Observando a qualidade da intervenção neste espaço e dos equipamentos aqui instalados, é um imperativo que esta clínica comece a trabalhar. Não compreendemos que se desperdicem recursos de investimento em equipamentos que, por enquanto, não têm utilização", fundamenta.

Hugo Maravilha, deputado na Assembleia da República, natural de Lamego esteve também presente neste momento, aproveitando para recordar a Audiência Parlamentar com o Ministro da Saúde onde alertou o governante para a situação que se vive neste equipamento.

"O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE (CHTMAD) tem já em funcionamento um Centro de Responsabilidade Integrado (CRI) o qual, entre outras áreas da prestação, gere os cuidados de saúde na área da Nefrologia. Nesta fase, as Unidades Hospitalares de Chaves e de Vila Real já dispõem de Centros de Hemodiálise e, previsivelmente ainda durante este primeiro trimestre, o mesmo irá acontecer na Unidade Hospitalar de Lamego (CHTMAD). Por outro lado ainda, existem convenções celebradas, nomeadamente no Peso da Régua para que, dessa forma, se minimizem deslocações maiores aos doentes".

Apesar desta explicação, quer o Ministro da Saúde, quer o CHTMAD, contactado pela nossa reportagem, remetem a abertura do CRI no Hospital de Lamego para o final do primeiro semestre deste ano. ○

15 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Lamego
Paulo Dinis e corpo médico da Clínica DaVita Paulo Dinis à conversa com executivo lamecense

Sernancelhe

Armando Mateus:

festival é alavancado pela identidade de uma região que é todo este território da Terra da Castanha”

De 17 a 19 de fevereiro, Sernancelhe recebe a décima edição do Festival das Sopas, um evento gastronómico que atrai centenas de visitantes anualmente ao concelho que viu nascer Aquilino Ribeiro.

Décima edição do Festival das Sopas e Encontro de Ranchos, o que podemos esperar deste festival?

O Festival das Sopas e Encontro de Ranchos é um evento de gastronomia, etnografia, costumes e tradições que ocupa cada vez mais o espaço regional e até nacional.

Este festival é alavancado pela identidade de uma região, uma localidade, que é todo este território da Terra da Castanha. Foi um evento que facilmente se conseguiu afirmar e tem uma dimensão bastante alargada.

Pelos contactos e pedidos de informações que vamos recebendo, sabemos que há dezenas de excursões organizadas para visitarem o evento. É um evento cheio de cores, sabores e aromas, uma experiência que as pessoas procuram cada vez mais. A gastronomia é, cada vez mais, uma forma de captar visitantes.

Este ano o evento está integrado na programação do "Douro Cidade Europeia do Vinho" por isso vamos juntar também os nossos produtores no certame, com o apoio da Comissão do Távora e Varosa.

Sendo este um evento gastronómico consideramos que o vinho pode desempenhar aqui um papel de relevo.

Ainda há espaço para crescer?

Sim, há sempre espaço para crescer.

Às atividades que se conjugam nos três dias do evento no ExpoSalão, junta-se uma série de outros eventos que decorrem ao longo do mês de fevereiro, como são exemplo várias ações junto da comunidade escolar, alertando para a importância do consumo de sopa.

É uma preocupação no município que as crianças consumam sopa para um crescimento saudável?

É uma preocupação que foi crescendo com as várias edições deste evento, percebemos que era também uma oportunidade de transpor isto para o nível educativo, transmitindo estas ideias aos mais pequenos. É importante começar a cultivar hábitos de alimentação saudável nos mais novos.

No Espaço da Castanha, e no próprio festival, trabalhamos com diversas associações em várias iniciativas. Com as crianças desenvolvemos um workshop em que através da cor que mais gostam, criam uma sopa. É uma forma de lhes despertar interesse em conhecer os le-

gumes pela cor.

Através desses jogos de cores estamos a fazer este trabalho e a criar este hábito tão saudável que é comer sopa.

Para quem não conhece este festival, como se caracteriza este evento? Vamos manter as dezoito sopas em prova, uma por cada uma das dezoito

associações, coletividades e entidades das diferentes freguesias. Temos uma abrangência global de todo o concelho, consideramos que também é importante que cada uma mostre a sua sopa, normalmente baseada no produto endógeno que melhor caracteriza a sua localidade. Através desses sabores ficamos também a conhecer diversas carac-

terísticas de cada lugar.

Outra grande atração, é obviamente a atuação dos ranchos e este encontro entre eles. Procuramos ter todas as regiões do país de norte a sul, com uma novidade este ano que é o alargamento à região espanhola da Galiza que trará um colorido mais bonito e uma sonoridade diferente a este momento. ○

16 VIVADOURO FEVEREIRO 2023
"Este

Igreja Matriz de São Miguel reabriu portas após requalificação

Escreveu-se uma página de história este fim de semana em Armamar com a reabertura das portas da Igreja Matriz de São Miguel, o único Monumento Nacional classificado no território concelhio, após obras de requalificação e restauro.

No sábado, dia 11, teve lugar uma sessão evocativa dos 100 anos da classificação, onde foram apresentados os resultados da intervenção, e um enquadramento da história do monumento. A cerimónia foi encerrada com um momento musical pelo Quinteto de Sopros do Vale.

No ato estiveram presentes os membros dos órgãos do município, Assembleia Municipal, Câmara Municipal e Juntas de Freguesia, também os párocos do município, os membros da Comissão Fabriqueira da Igreja de Armamar, a equipa técnica da obra, representantes das entidades locais e outros convidados.

No dia seguinte, domingo, foi a vez do ato solene de sagração do novo altar, numa celebração eucarística presidida por D. António Couto, Bispo de Lamego. Entre os presentes, que encheram por

completo a igreja, estavam os presidentes da Assembleia Municipal e Câmara Municipal, a Vereadora da Cultura, Comandante dos Bombeiros Voluntários, uma representação do Agrupamento n.º 1332 do Corpo Nacional de Escutas, de São Martinho das Chãs, e muitas pessoas do concelho que não quiseram perder este momento, ímpar para a maioria.

As obras na Igreja Matriz de São Miguel de Armamar começaram em 2022, o ano em que passaram 100 anos desde a classificação como Monumento Nacional, e terminaram um ano depois. Cumpriu-se assim o objetivo de salvaguardar a boa conservação do monumento. A intervenção incidiu nas coberturas, alvenarias e pavimentos, no restauro de pinturas murais e elementos de arte sacra, os sinos e o relógio. Foram ainda instalados novos sistemas de iluminação, de som e alarmes.

A Operação - Proteção, Valorização, Conservação e Promoção do Património Histórico de Armamar - Igreja Matriz de São Miguel, um investimento de 377.588,86 euros, foi financiada a uma taxa de 85 por cento pelo programa PO NORTE2020. ○

17 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Armamar

Santa Marta de Penaguião

Executivo reuniu com o novo autarca de Lembá por videoconferência

No âmbito da geminação existente entre Santa Marta de Penaguião e Lembá (São Tomé e Príncipe), o executivo municipal penaguiense reuniu com o novo executivo de Lembá liderado por Guilherme Inglêz de Bom Jesus.

Após a apresentação de cumprimentos,

a continuidade da colaboração entre as vilas e o reforço das relações existentes foram um dos pontos abordados na reunião.

De relembrar que a geminação entre Lembá e Santa Marta de Penaguião existe desde 30 de agosto de 1999. ○

Município assina Transferência de Competências na área da saúde

Numa cerimónia pública que contou com a presença do Ministro da Saúde e do Presidente da ARS Norte, Santa Marta de Penaguião assinou no dia 30 de janeiro de 2023 o Auto relativo

à transferência de competências e recursos na área da saúde, aceitando assim “mais um desafio que visa sempre a melhoria de vida dos nossos Munícipes”. ○

Falar Direito a Brincar - Mês da Internet Segura

Nos últimos anos a Biblioteca Escolar tem vindo a dedicar o mês de fevereiro a atividades no âmbito da literacia digital associando-se às comemorações do Dia Internacional da Internet Segura (7 de fevereiro de 2023).

Este ano, em articulação com a Biblioteca Municipal e as disciplinas de TIC e Cidadania, foi promovida a atividade “Falar Direito a brincar.”

Ao longo do mês de fevereiro o criminólogo Daniel Carvalho, colaborador da Biblioteca Municipal de Santa Marta de Penaguião, tem realizado sessões em todas as turmas do 6º, 7º, 8º e 9º anos dando a conhecer aos alunos os vários cuidados

que devem ter no mundo digital. Em simultâneo transmitiu também algumas informações sobre os direitos, liberdades e garantias que todos temos enquanto cidadãos e os documentos que regem os nossos direitos.

Têm sido sessões bem participadas que permitem refletir sobre vários assuntos e situações com que nos deparamos na nossa vida em sociedade, e na nossa vivência online..

Durante as sessões foram entregues às turmas de 7º e 9º anos os marcadores com informação sobre Creative Commons, elaborados pela disciplina de TIC e BE. ○

18 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

Em Carrazeda de Ansiães folia carnavalesca encerra com rebentamento do “Pai da Fartura”

A sátira social é a tónica dominante do Carnaval de Carrazeda de Ansiães que, ao final do dia, julga e rebenta o “Pai da Fartura”. As atividades, promovidas pela Câmara Municipal, são organizadas em parceria com os Zíngaros de Carrazeda de Ansiães.

É como se por um dia a comunidade local "expurgasse" todo o descontentamento, usando a sátira social para apresentar publicamente os motivos de insatisfação e discórdia.

Durante a tarde do dia de Carnaval, que este ano acontece a 21 de fevereiro, mais de 20 tratores cujos atrelados são transformados em carros alegóricos, integram o cortejo carnavalesco que acontece na vila de Carrazeda de Ansiães, aos quais se juntam os Zíngaros e outras associações locais com gigantones, cabeçudos e músicos. Os carros representam aldeias ou associações locais, que aproveitam o desfile pela sede de concelho para ironizar com as políticas, locais nacionais ou europeias, que marcam a atualidade. "Como é Carnaval ninguém leva a mal", as mensagens

vão passando e as alfinetadas deixadas sem dó nem piedade.

Mas é ao início da noite que o espetáculo "aquece". O povo arrasta o "Pai da Fartura", o responsável pelos excessos, pelas mentiras e enganos, para um julgamento, junto ao Pelourinho da vila. Primeiro ouvem-se as lamúrias de uma figura que de antemão se sabe vai ser condenada. Depois a sentença, extensa e encenada pelos Zíngaros de Carrazeda de Ansiães, que expõe as políticas ou falta delas, que interferem diretamente com a vida dos

cidadãos e causam a contestação. Versos satíricos são lidos a alta voz, provocando riso e aplausos na comunidade, que acorre em massa para assistir ao evento.

A sentença já está (antecipadamente) decidida: pena de morte.

O método também: rebentamento do “Pai da Fartura”.

Não há recurso possível, as "esposas" do "pai da fartura", que em breve serão viúvas, choram aos gritos, e vão carpindo durante todo o cortejo fúnebre, ao som dos tambores que marcam o compasso da

marcha e das sirenes dos carros dos bombeiros.

Literalmente o "pai da fartura" é explodido, desfeito em pó.

Os festejos seguintes já são comedidos, até porque o "pai da fartura" já se foi. Apesar de se tratar de uma festa pagã, por vezes até com pitadas satânicas, este momento representa o fim de um ciclo, de fartura e de folia, e o início do período de Quaresma que, seguindo a religião católica, representa sacrifícios, jejum, abstinência, recolhimento e oração. ○

Rota do Contrabando no Douro Superior

O projeto Vai dar Raia é promovido pela Associação de Municípios do Douro Superior com fins específicos.

A investigação Memórias do Contrabando no Douro Superior, integra o referido projeto, teve como propósito recolher, registar memórias relacionadas com a temática do contrabando nas regiões fronteiriças.

Na sequência desta recolha de testemunhos foi possível elaborar três percursos, cada um deles desdobra-se em vários locais estratégicos relacionados com a prática do contrabando. No próximo dia 11 de fevereiro o projeto chega ao seu término e para enaltecer o trabalho realizado, que celebra a memória das

gentes raianas inauguram-se os percursos que nasceram deste projeto.

INÍCIO DA ROTA - 09h00 - Miranda do Douro – Salão Nobre dos Paços do Concelho

11h00 - Bemposta (Mogadouro)

13h00 - Almoço, em Urros (Torre de Moncorvo)

14h00 – Urros (Torre de Moncorvo) – Salão da Junta de Urros

15h00 - Vila Nova de Foz Côa – Praça do Município – em frente à Câmara Municipal (Centro Histórico) pequeno trajeto a pé (700m) até ao Pequeno Auditório do Centro Cultural

FIM DA ROTA – 16H30 - Vilarinho da Castanheira (Carrazeda de Ansiães) - Museu da Memória Rural – Porto d’honra. ○

19 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Carrazeda de Ansiães

S. João da Pesqueira

Museu do Vinho em S. João da Pesqueira comemorou Dia Internacional do Vinho do Porto

O Museu do Vinho preparou um programa especial, no passado dia 27 de janeiro, para celebrar o Dia Internacional do Vinho do Porto com uma tertúlia-jantar e um concerto de Bruna Costa no Wine Bar.

O programa teve início às 18h30, com uma tertúlia / jantar denominada "Harmonização do Vinho do Porto com Gastronomia Regional", com o serviço a ser efetuado pelos alunos da ESPRODOURO - Escola Profissional do Alto Douro e contou com a participação e moderação do professor e historiador Gonçalves Guimarães e do enólogo David Guimaraens.

A Tertúlia teve como anfitrião o Presidente da Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, Manuel Cordeiro, e contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, do Presidente do IVDP, Gilberto Igrejas, do Deputado João Azevedo, do Reitor da UTAD, Emídio Gomes, do Presidente do IPG, Joaquim Brigas, do Secretário Geral da AMPV, José Arruda, da Diretora do Museu do Côa, Aida Carvalho, do Presidente da Liga dos Amigos do Douro, António Saraiva, do Diretor Operacional da TPNP, Marco Sousa, representantes da Taylors, Churchills, Grancruz, Real Companhia Velha, Messias e Quevedo, os Presidentes das Adegas Cooperativas de S. João da Pesqueira e Trevões, entre outros convidados.

Manuel Cordeiro, nas declarações prestadas durante o evento, explicou que o município começou a comemorar este dia pela ligação que tem com o Vinho do Porto

"O vinho e a vinha são-nos intrínsecos, enquanto concelho "Coração do Douro". O concelho sente por isso orgulho de se conhecer como tal. Aqui vivemos o vinho, aqui somos feitos do Vinho, no seu expoente máximo o Vinho do Porto".

Apesar da valorização dada a este produto o autarca rejeita bairrismos "pois todo e qualquer passo, evento ou qualquer outra forma de manifestação ou celebração que afirme um produto um território, neste, no concelho vizinho, no Porto ou em Gaia, significa sempre, a afirmação e a promoção do Douro no seu todo, de um território que é de todos, que é do Douro e que é da humanidade. O Douro não se faz, nem se quer fazer de forma isolada, faz-se com todos e com a união de todos".

Para o autarca pesqueirense o ano de 2023 é demonstrativo da união que existe na região, com a distinção do Douro como Cidade Europeia do Vinho

“A comemoração do dia internacional do vinho do porto neste espaço em que estamos, faz também todo o sentido. Comemorar o dia no nosso Museu do Vinho, que não é de S. J. da Pesqueira mas do Douro, mas que simbolicamente

neste território constitui um fiel depositário da história ancestral do Vinho na nossa Região, dos seus contextos e complexidades, numa associação feliz entre o passado e o futuro. E o futuro, o conhecimento e a cultura, estão absolutamente associados ao Vinho do Porto”, afirmou ainda Manuel Cordeiro.

O edil aproveitou ainda a oportunidade para falar dos desafios que a região enfrenta e que afirma que acredita "que serão obviamente ultrapassados".

“Desde a necessária expansão de mercados e do consumo, à crescente valorização, a participação do setor da produção numa parcela maior da cadeia de valor, melhorando assim a sua condição de vida e contribuindo também para a necessária fixação demográfica. E por outro: a evidente alavanca para o desenvolvimento do turismo na Região e no país.

A economia da RDD gira esmagadoramente em torno do vinho, sendo certo que, ao contexto atual mundial desfavorável, vêm somar-se preocupações antigas, e gerar apreensão quanto ao futuro.

Mas Nós durienses, temos contrariado sempre as adversidades, olhando os desafios, e são muitos, não como condicionante, mas como motivo impulsionador de reinvenção, de inovação e de progresso. A história é prova disso, temo-lo feito com um mais que comprovado espírito de luta, resiliência e de capacidade de trabalho.

Um território de ouro, mas duro feito de homens e mulheres resilientes compensadas ao final do ano, pelo prémio final, que constitui simbolicamente a beleza do território, mas que significa afinal o culminar das colheitas e o seu produto vinho, a consagração de um ano de labuta árdua que se vem repetindo quotidiana e eternamente".

Nesta sessão, foi também apresentado o doce Coração do Douro, criado à base de vinho do Porto e que resulta de um concurso aberto pelo município com vista à criação de um produto de doçaria típico do concelho. O doce vai ser depois vendido nos vários eventos que decorrem no concelho e nas feiras nacionais e internacionais em que o Município participa.

O programa terminou com chave de ouro, com a atuação de Bruna Costa, no Wine Bar do Museu do Vinho, onde foi possível experimentar alguns dos excelentes vinhos produzidos no concelho de S. João da Pesqueira.

Com a afirmação do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023, os municípios da CIM Douro vão ter, ao longo deste ano, diversos "eventos âncora", para divulgar o Douro enquanto território. Também este ano, no Museu do Vinho de S. João da Pesqueira, vai decorrer, no mês de maio, o Concurso Cidade do Vinho 2023, promovido pela AMPV. ○

20 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

UTAD inaugurou espaço de culto multirreligioso

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro inaugurou, no passado dia 9 de fevereiro, um espaço de culto multirreligioso, no edifício da Biblioteca Central.

O momento foi presidido pelo reitor da instituição de ensino superior transmontana, Emídio Gomes, acompanhado por representantes de diferentes confissões religiosas como a Igreja Católica, Igreja Ortodoxa, Igreja Adventista do 7º Dia e Muçulmanos.

Sito no edifício da Biblioteca Central (sala D0.06), este espaço de culto multirreligioso foi pensado para ser um lugar de paz e reflexão, aberto a todos os membros da comunidade académica, independentemente do credo que professem. Nos 30 m² da sala, todos vão poder usufruir de condições mínimas para o recolhimento e a oração, de acordo com os seus rituais religiosos, tendo ficado já a promessa da universidade em encontrar um espaço de maiores dimensões.

"Este espaço já fazia falta há algum tempo porque, sendo Portugal um país laico, temos de viver com todas as confissões. No nosso campus temos uma capela onde o nosso capelão celebra uma missa semanal. Sendo esta uma universidade onde convivem 55 nacionalidades e confissões religiosas diferentes, era imperativo que

tivéssemos um espaço como este. O que verificamos é que esta medida pecou por tardia, hoje verificamos a quantidade de pessoas que aqui veio e por isso mesmo estamos já a pensar num espaço maior. Este espaço tem toda a dignidade mas o que percebemos já na inauguração é que vai ser pequeno para o propósito que foi concebido. Este espaço vai ser a demonstração que é possível haver paz entre pessoas de diferentes religiões", afirmou o reitor no final da cerimónia em declarações à comunicação social.

Shazid Lodhia é um dos cerca de 50 mu-

çulmanos que residem em Vila Real atualmente, para este crente a abertura deste espaço "é importante em vários aspetos, desde logo pela integração. A pessoa sente-se mais integrada quando pode manter os seus rituais, a sua cultura, mas também para se sentir parte da sociedade em que está inserido. Uma pessoa que venha de uma realidade, cultura, ou religião diferente irá certamente sentir-se melhor num país amigo e tolerante como é o nosso país".

O Diretor do Centro Cultural Islâmico do Porto explica ainda à nossa reportagem que existem dois locais na cidade onde os

muçulmanos se costumam encontrar para as celebrações, sendo um cedido pela autarquia próximo da Sra. da Conceição, e outro mais próximo do centro da cidade, cedido pela própria igreja católica.

"É uma experiência, tanto para nós como para os outros, a oportunidade de conviver com outras religiões e outras culturas".

Mohammed-Mounir Otfane, de Marrocos, e Beyza Guclusan, da Turquia, são dois dos 55 estudantes estrangeiros na UTAD. Para estes dois muçulmanos a adaptação em Portugal tem sido positiva, afirmando que nunca sentiram qualquer tipo de discriminação pela religião que professam. Para Beyza o único problema é mesmo a alimentação, "aqui come-se muito porco, parece que todos os pratos têm porco e nós muçulmanos, não comemos porco", explica entre risos.

Ambos valorizam a inauguração deste espaço como um sinal de uma universidade mais inclusiva para todos, "caso contrário acabamos por rezar sozinhos, cada um em sua casa, aqui sempre temos outras pessoas com quem partilhar este momento tão espiritual", explica Mohammed-Mounir.

No final da inauguração houve ainda um minuto de silêncio em memória das vítimas do terramoto que afetou a Turquia e a Síria. ○

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21 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Vila Real
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Vila Nova de Foz Côa

Expocôa recebe XLI Festa da Amendoeira em Flor

As amendoeiras em flor já pintam de branco e rosa a paisagem do Douro Superior, com destaque para o concelho de Vila Nova de Foz Côa, que entre o dia 17 de fevereiro e o dia 5 de março, celebra este momento único.

Produtos regionais, animação de rua, exposições, concertos e muito mais é o que poderá encontrar durante estes dias no concelho fozcoense, liderado por João Paulo Sousa que esteve à conversa com a nossa reportagem.

Estamos à porta de mais uma Festa das Amendoeiras em Flor, quais as expectativas da autarquia para esta edição?

Que seja uma grande festa. Um certame onde as associações, juntas de freguesia e sociedade civil no geral, se unem para mostrar a quem nos visita a melhor face de um concelho com 2 Patrimónios Mundiais que tem uma identidade própria de modernidade e respeito pelas tradições que nos caracterizam.

É também uma altura muito importante para a economia local. Os nossos agentes, como a restauração, hotelaria e comércio local têm nesta altura uma procura decisiva para o seu sucesso anual.

Na edição do ano passado a programação deste certame teve algumas alterações ao formato habitual, este ano também haverá novidades?

Esta ano será uma edição de consolidação relativamente às novidades introduzidas o ano passado. Em 2022 revolucionámos completamente tanto a parte noturna como a própria ornamentação da cidade. Procuramos por um lado ter uma cidade ainda mais bonita, ao mesmo tempo que damos mais conforto aos Fozcoenses e turistas que vêm participar da festa.

Respeitar a tradição e introduzir inovação, é um pensamento sempre presente.

O I Concurso de Partida da Amêndoa em que todas as freguesias vão participar recriando a partida tradicional, é um bom exemplo do que acabei de referir. O desfile etnográfico, o ponto alto da festa, foi também pensado de forma diferente. Vamos criar toda uma envolvência que respeite a nossa cultura e que abrilhante ainda mais os carros que dele fazem parte.

Este é um evento que envolve a população e as instituições do concelho. De que forma este envolvimento é importante para a autarquia?

Mais do que importante é fundamental. Sem as juntas de freguesia e associações

do concelho este evento seria apenas mais uma festa. A autenticidade deste certame vem precisamente da participação das forças vivas do concelho.

Olhando para o programa desta edição, que momentos destaca?

Além de tudo que já referi, vou destacar a pareceria com a CP que surge da nossa procura incessante por novos parceiros e novas formas de potenciar o nosso território. Assinamos na próxima 4ª feira dia 15 fevereiro um acordo para um programa exclusivo de Rota das Amendoeiras em Flor para o concelho de Foz Côa.

Para o Municipio, a ferrovia e em especial a linha do douro são estratégicos para dinamizar e conseguir potenciar todas as nossas mais valias.

Uma mensagem para convidar os nossos leitores a visitarem Vila Nova de Foz Côa durante o período do certame.

Venha Explorar Foz Côa. Conhecer um concelho que ostenta dois patrimónios mundiais. Do enoturismo, à gastronomia passando pelos nossos miradouros, passadiços ou Museu do Côa são muitos e bons os motivos para visitar Foz Côa numa altura em que os nossos montes ganham tonalidades brancas e rosas decorrentes do florir das Amendoeiras. ○

22 VIVADOURO FEVEREIRO 2023

JOSÉ MILHAZES “Não se pode utilizar

Ao ter feito os estudos secundários nos Combonianos, a sua ideia e desejo na altura era ser missionário?

Exato. Quando era criança desejava ser um padre missionário. E foi por isso que, depois da 6.ª classe, decidi ir para o Seminário, onde estive três anos.

Qual o motivo na mudança de vocação?

Primeiro, o facto de ter tido um sonho. Nele, uma pessoa semelhante a Deus, me disse que eu não estava ali a fazer nada e me fosse embora. E eu fui. Isto em 1974. Saí do Seminário, onde aprendi imenso!

Depois, como foi a seguir? Interessou-se logo por História, como pela União Soviética e língua russa?

Não surgiu de imediato. Depois, eu fui frequentar o antigo 6.º e 7.º anos do liceu, na Póvoa de Varzim – o Eça de Queiroz –, e aí comecei a aproximar-me da União dos Estudantes Comunistas (UEC). E o interesse de ir estudar para a União Soviética era mais conhecer e ter o privilégio de ver uma sociedade que, naquela altura, eu julgava estar muito à frente das sociedades europeias, em termos de bem-estar, igualdade e dos grandes problemas sociais. Foi o que me levou, fundamentalmente, a ir para lá em 1977.

Essa perceção que tinha chegou-lhe de que forma? E constatou isso quando chegou lá ou tinha sido propaganda russa?

(risos) Naquela altura era propaganda soviética e eu era militante da UEC, sublinho. Ou seja, eu lia muito e claro que também fui influenciado por essa propaganda. Quando se é jovem e acreditamos num ideal, muitas das vezes não damos conta daquilo que poderá não estar bem dentro dessa própria ideologia. Ou, então, minimizamos esses problemas. Depois, quando chegas ao local e começas a constatar a realidade vês que são coisas completamente diferentes. Daí que o meu percurso foi longo, mas acabou por desaguar no afastamento do Partido Comunista e das suas ideias. Isso aconteceu devido a vários fatores, tais como a experiência de vida e as situações histórias que vivenciei e nas quais participei. Percebi que o Comunismo não era uma ideologia válida para a Humanidade.

O que mais o surpreendeu, ora pela positiva ora pela negativa, do que aconteceu ao longo dos 38 anos em que viveu naquele país?

Pela positiva, era o facto de existir um sistema de Ensino gratuito, embora extremamente politizado. Mas mesmo assim um sistema que eu diria ser “bom”. A questão é que quando começas a estudar mais a fundo entendes que aquilo que lês nos livros e a realidade são completamente diferentes. Isso ajudou-me a perceber a situação na URSS. Muito do que era dito e apregoado não condizia com a realidade:

aquela não era uma sociedade mais justa do que a nossa e havia censura feroz nos órgãos de informação, e até mesmo nos livros. Depois, uma coisa é o que está escrito na Constituição e outra é o que pode ou não fazer o cidadão. Os soviéticos brincavam dizendo que a Constituição era uma espécie de ementa de restaurante: se estava lá escrito não era obrigatório que o “prato” fosse servido, ou não. Além do mais, não havia igualdade nem igualdade de oportunidades. Tornou-se notório que eu tinha enveredado por um caminho que não estava correto.

Há algum episódio que tenha acontecido lá, que nunca tenha contado antes e que nos possa revelar de modo exclusivo?

Há muitos episódios e eu não sei quantos já revelei ou não. Um, por exemplo, é que eu achava estranho o porquê dos soviéticos não poderem ir à igreja. E se fossem assistir ao serviço religioso por curiosidade, como no caso de estudantes, poderiam ter fortes problemas na universidade e até serem expulsos! Nos dias importantes para os cristãos, como o Natal e a Páscoa, tínhamos a polícia à entrada dos templos a controlar as entradas. E nessas noites, para que as pessoas não fossem às igrejas mostravam na televisão programas completamente novos para os soviéticos, que normalmente não passavam, como por exemplo artistas estrangeiros – como um concerto dos Abba, ou até de artistas soviéticos que raramente apareciam na televisão. Isto servia de chamariz para afastar as pessoas da igreja. Outro episódio é não podermos sair da cidade de Moscovo sem uma autorização escrita. Claro que podíamos arriscar, e arrisquei várias vezes, mas se fosse apanhado pela polícia pagava multa, a primeira vez, e depois podia ser expulso do país. Não faltam episódios! Outro é que aconselhavam-nos a não contactar colegas, mesmo sendo do nosso grupo da universidade, que tivessem pais oficiais militares, ou diplomatas. Estes não deveriam ter contacto com os estrangeiros. Mesmo com aqueles que eram camaradas comunistas, que não eram exceção. Para o regime, nós éramos tão potencialmente perigosos como um qualquer agente dos serviços secretos estrangeiros. A paranoia das perseguições era terrível e faziam-nos pensar.

O que fê-lo regressar a Portugal, depois de ter vivido tantos anos na URSS / Rússia?

Antes de eu regressar deixei o PCP em maio de 1991. E confesso que demorei a deixar essa militância, porque tinha algumas ilusões de que se podia mudar algo dentro do partido, quando se registaram alterações revolucionárias em toda a Europa do Leste. Vi que esse partido é irreformável. Se se reformar, deixa de ser comunista e desaparece, porque não vai encontrar um nicho onde se enquadrar. Essa é uma das tragédias do PCP, por isso receia mudar. Quanto ao regresso, sinceramente, eu estive tempo demais na URSS / Rússia! Devia ter vindo embora antes.

Qual a razão desse seu arrependimento de não ter vindo mais cedo?

Eu distraí-me. Como o André é jornalista certamente compreende-me bem: quando nós nos dedicamos de alma e de coração ao jornalismo, tanto mais onde me encontrava em que aconteciam coisas importantíssimas, às vezes a toda a hora, essa sorte vai surgindo. Com isso, vamos sempre adiando. Também tinha um certo receio em regressar a Portugal. Não escondo o motivo: receava não encontrar um lugar normal para trabalhar. E não estou a pedir nada de extraordinário! Tendo em conta a minha carreira académica e a minha experiência profissional como jornalista, toda a gente me dizia: “Milhazes, tu vais para Portugal e não tens problema algum”. O que não foi

verdade! Cheguei cá e tive muitas dificuldades, porque em Portugal as portas não se abrem com facilidade. Os sistemas onde se podem trabalhar, como no campo académico, são extremamente corporativistas e de difícil acesso. O que me valeu foi continuar a colaborar com a SIC e com a Antena 1, mas não era um trabalho regular. Apenas quando era preciso…

É triste dizer isto, e espero não ser incorreto, mas infelizmente foi preciso haver estas invasões da Rússia para ter um trabalho mais regular, mais reconhecido e valorizado por todos…

Ora nem mais! E é isso que me revolta. Quando cá cheguei não havia lugares nas universidades, nem em institutos superiores ou politéc-

24 VIVADOURO FEVEREIRO 2023 Entrevista

utilizar a guerra para justificar a incompetência”

tão das cunhas, dos favores, das capelinhas… Como costumo dizer, neste momento sou apenas sócio do Varzim Sport Club. Neste sentido, a nossa sociedade não evolui e é uma das causas da situação em que estamos, ao não dar o devido valor às suas pessoas.

Voltando ao tema da URSS, como é possível que tendo tido um presidente como Gorbatchov, que fez acabar com a Guerra Fria e reduzir as violações dos DH, a Rússia política não quis herdar esses seus valores?

Gorbatchov fez muito em termos internacionais, mas esse seu pensamento foi muito contra o pensamento clássico dos russos, no campo da política externa. Para eles, Gorbatchov foi um traidor, cedeu. Além disso, ele não conseguiu reformar o país internamente e melhorar a vida dos cidadãos. Fundamentalmente foi isto que aconteceu. Daí não serem muitos os russos, digamos, que tenham boas recordações desse político. Para nós fez muito! Mas para os russos foi uma entrega aos EUA, ao Ocidente.

Mas não haverá o desejo de se restituir, entretanto, a lógica e ideal do glasnost e da perestroika? Ou já não interessa essa recuperação?

Claro que interessa! E algumas das ideias que Gorbatchov defendeu continuam atuais, outras são, na Rússia, amaldiçoadas. A desintegração da URSS não foi bem recebida por todos, principalmente entre os russos. Daí que penso que Gorbatchov não ficaria tanto tempo no governo – ele não tinha essa fome de poder – nem invadiria a Ucrânia. A realidade é outra e, lamentavelmente, mais cruel!

Estamos prestes a assinalar um ano desta grande invasão e respetiva guerra. Olhando ao todo, e no geral, o que ressalva de toda esta situação internamente?

Do ponto de vista interno da Rússia, estou convencido que uma parte dela apoiou e apoia Putin. Outra parte significativa não quer tomar posição, quer viver como se nada tivesse acontecido ou esteja a acontecer.

Mas todos os russos já sabem a verdade?

O que está realmente a acontecer?

Ucrânia a invadir a Rússia e não o contrário!

Quando, em 2020, escreveu o livro «Putin: em busca da eternidade» imaginaria ser esta a sua ação de eternidade maléfica, e logo quase em simultâneo com uma pandemia mundial?

Penso que uma não estará relacionada com a outra. Mas já tínhamos indícios de que a Rússia continuava a ter intenções expansionistas. Não pensávamos era que fosse até este ponto! Não me referia, no livro, a esta eternidade desejada. Será esta eternidade para Putin, se ele vencer. Só que há várias formas de ganhar essa eternidade. Ele pensa que ficará na História por ser o grande vencedor, nunca como derrotado.

Além dos problemas reais desta invasão que têm gerado crises económico-financeiras no mundo, houve também muito aproveitamento e especulação de preços, etc. Há forma de reverter isto, mesmo que ambos os países continuem a não se entender?

Alguns poderão estar a exagerar no aumento de preços e alguns governantes estarão a usar a guerra para justificar aquilo que não fazem e deviam fazer. Também não podemos negar que esta guerra está a ter, e continuará a ter, reflexos extremamente negativos nas economias europeia e mundial. E não refiro só os milhares de milhões que se tem de dar para ajudar a Ucrânia! Refiro-me, igualmente, à reviravolta e às dificuldades das cadeias logísticas, por exemplo, que levam à falta de determinados produtos e ao seu encarecimento. Temos de estar atentos e limitar esses dois campos. Não se pode utilizar a guerra para justificar a incompetência. Nós, Portugueses, iremos ter problemas ainda maiores devido a esta guerra: disso não tenho dúvidas! Ou nós somos solidários com os Ucranianos ou, mais tarde, arriscamo-nos a pagar uma fatura ainda maior!

Antes, a Europa já estava fragilizada. Agora ainda mais. O que projeta para ela, para a UE e para a NATO?

desejada resolução mundial?

Há um aspeto que não podemos esquecer: isto é uma guerra entre democracias e uma ditadura. Na ditadura – da Rússia –, as decisões podem ser tomadas rapidamente e à força. Nas democracias, pode afogar-se tudo em discussões. E é por isso que pode ser arriscado se não encontrarmos forma de reagirmos mais ágil e rapidamente aos desafios que se colocam!

Das diversas palestras que já realizou, quais são as dúvidas e preocupações que mais denota nas perguntas que o público lhe coloca?

Sem dúvida que a tónica é sobre o seu futuro, o futuro do país e o da Humanidade. As pessoas preocupam-se muito em saber: se vai haver guerra nuclear ou não, o quanto refletirá no preço das mercadorias e no nível de vida das pessoas. Isto são preocupações constantes. Nesse sentido, devo constatar que ainda existe um grande desejo de apoiar a Ucrânia e os Ucranianos. Mas vamos ver até quando vamos manter vivo esse desejo. Se as pessoas não se cansam, porque nós, às vezes, cansamo-nos. Não podemos esquecer que o futuro da Europa está na Ucrânia: ela é a primeira trincheira da Europa! Se ela for abaixo, nós vamos ter mais problemas e muito mais graves!

Em algumas das suas obras, faz a ligação / relação entre partes de Portugal –como a Madeira, o Porto e Fátima – e a Rússia. E do Alto Douro, das suas investigações que foi e vai fazendo, há alguma curiosidade ou algo a destacar?

nicos, e agora não faltam convites. Mas ainda há aqui um problema: quando cheguei tive alguns convites para dar algumas aulas, mas segundo um princípio muito português, que devia ser liquidado rapidamente. Que é o trabalhar de borla, o “nacional-burlismo”. O pro bono deve ser banido: as pessoas que trabalham devem receber dinheiro. É esta a minha convicção. Outra coisa é eu estar a trabalhar como voluntário para uma organização social. As pessoas trabalham porque precisam dar de comer à família.

Trata-se duma questão sociológica em Portugal? Não dependendo tanto se dum Governo mais à direita ou mais à esquerda?

Isto das borlas está, infelizmente, enraizado no país e é muito frequente. É como a ques-

Muitos deles já sabem o que se passa. Mas dizem: “eu não quero ter nada a ver com isso”. Claro que há oposição, mas esta ou está na prisão ou está no estrangeiro. Uma das coisas que Putin fez, antes desta invasão à Ucrânia, foi neutralizar a oposição russa. Não esperem, nos próximos dias, nenhum levantamento popular na Rússia. Putin joga de tal forma a propaganda russa que convence parte da população, sobretudo aquela que não tem acesso à internet. E mesmo hoje a internet na Rússia é censurada. Por isso, parte dos russos acredita que a Ucrânia é governada por neonazis. Mesmo em Portugal, ouvindo alguns comentadores políticos, que estão perfeitamente convencidos disso, que a Rússia foi libertar a Ucrânia dos neonazis… Aliás, alguns até parecem dizer que foi a

Não acho que a Europa se encontre fragilizada, pelo contrário. Tal como a NATO. Esta estava a morrer e, neste momento, está a recuperar porque apareceu um sentido para isso. Ela até podia morrer se não fosse necessária. Mas como é útil, é preciso tomar medidas para reforçá-la. Esta guerra está a mostrar que os países da UE não prestavam atenção nenhuma à política de segurança e defesa! Até é ridículo o que aconteceu: alguns países queriam fornecer tanques à Ucrânia, mas que não funcionavam por estarem avariados. O estado em que se encontram as Forças Armadas de muitos destes países é um estado muito triste. Os governos europeus há muito que deixaram de investir na modernização das suas Forças Armadas.

E o nosso país é um exemplo flagrante disso!

Não podemos permitir que tal aconteça! Por isso, Putin não sente a ameaça da Europa face à Rússia. E depois? Vêm os EUA ajudar-nos?...

O que é preciso ter em conta nesta tão

Primeiro, há que destacar o vinho do Porto, já que o Alto Douro ainda é uma região onde se faz bom vinho e se contribui para a produção do vinho do Porto. Este é um vinho extremamente conceituado e apreciado na sociedade russa, embora ela não saiba onde é produzido. O mercado russo continua a importar vinho do Porto, já que o vinho não está na lista de sanções. O ano passado, por exemplo, sei que a importação do vinho verde português duplicou.

Certamente como turista e ou cidadão, até porque natural do Norte, conhece esta região. Nela, o que mais o deslumbra e, simultaneamente, o que mais o preocupa?

A mim deslumbra-me as suas paisagens e a riqueza das mesmas. Quanto ao que me deixa triste é um país tão pequeno, como o nosso, falar de “interior” e de “abandono do interior”. Com uma rede de estradas tão boas como temos no Douro e Alto Douro! Eu não consigo compreender isso…

Por fim, peço-lhe uma mensagem de tranquilidade e de paz para os nossos leitores… Eu gostaria muito que esta guerra terminasse com paz, como terminaram todas as outras guerras! O problema aqui é que há poucos motivos para ser otimista. Mas vamos esperar o melhor. Haja esperança! ○

25 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO

Sopas dão mote para uma visita a Sernancelhe

Entre os dias 17 e 19 de fevereiro, a vila de Sernancelhe será o epicentro dos amantes de um prato tão característico da alimentação mediterrânica, a sopa.

De gravanços, de cogumelos, de castanha ou à lavrador, são apenas algumas das 18 sopas que estarão à prova, cada um delas representativa de um lugar ou tradição do concelho também conhecido como Terra da Castanha.

Antecipamos a visita ao Festival das Sopas e Encontro de Ranchos e fomos até Sernancelhe conhecer duas das sopas que vão marcar presença no certame.

Esta viagem gastronómica não poderia começar da melhor forma, a nossa primeira anfitriã é uma verdadeira "cozinheira de mão cheia", no total ela elabora quatro sopas que vão estar no evento e este ano vai "ajudar na sopa da Casa do Benfica de Sernancelhe, o que faz cinco no total" (risos).

"A sopa é algo que existe em todas as casas, haja mais ou menos dinheiro, a sopa está sempre presente. Se pensarmos bem, o primeiro alimento que introduzimos às crianças é exatamente a sopa", explica a cozinheira.

Entre as sopas que vai elaborar optou por nos falar um pouco melhor da Sopa à Lavrador, que representa a Associação Comercial e Industrial de Sernancelhe (ACIS), feita “com produtos nossos, tudo daqui”.

Marisa Santos acredita que desta forma, quem prova a sopa "fica a conhecer Sernancelhe, o que aqui produzimos. É uma sopa cheia de sabores".

Tentamos saber a receita desta iguaria, os seus segredos, mas como cozinheira que se preza, a nossa anfitriã explicou vagamente a sua confeção. A prova terá que ser feita no próprio certame.

"A Sopa à Lavrador é uma sopa rústica, não é passada, todos os ingredientes são colocados em pedaços cortados grosseiramente. É uma sopa que alimenta, antigamente era a refeição do dia de trabalho.

Tal como a grande maioria das sopas, esta também começa com uma base à qual depois são adicionados uma seleção de enchidos e legumes, cortados grosseiramente. Um dos segredos são mesmo os enchidos que são nossos, daqui do concelho e que têm um sabor característico, depois há ob-

viamente alguns temperos que não posso revelar". (risos)

Entre os enchidos que esta sopa contem podemos encontrar "chouriça e bacon, por exemplo, mas há quem também coloque presunto. Dependia muito das casas, das posses que tinham ou daquilo que havia disponível para adicionar ao tacho. O mesmo acontecia com os legumes, mais frequentes nas hortas, a cenoura, a couve, a batata, o feijão Pode dizer-se que era uma sopa de aproveitamentos, com "sustança" como aqui se costumava dizer, que alimenta, que se mastiga".

Não haja dúvidas que imaginar toda aquela combinação de sabores abre o apetite ao mais cuidadoso com a dieta alimentar.

Saímos do centro de Sernancelhe a caminho da freguesia do Carregal, terra que viu nascer Aquilino Ribeiro, numa casa com “uma construção humilde, típica de lavrador”, tal como a descrição detalhada que o escritor faz na obra “Cinco Reis de Gente”, nome adotado pela associação local que vai estar presente no Festival das Sopas com a Sopa de Gravanços.

Vítor Rebelo é o presidente da junta do Carregal, sede da Associação Cinco Reis de Gente, espera-nos na praça da aldeia onde se mostra imponente um memorial ao escritor da terra, elegantemente encaixado entre o casario.

O orgulho da terra no escritor fez a associação recorrer à bibliografia aquiliniana para escolher a sopa que iriam apresentar no Festival, foi assim que surgiu a Sopa de Gravanços, evocada por Aquilino Ribeiro, na obra "Terras do Demo", em 1963.

“O comer era à lauta, do melhor, caldo de leite com abóbora, sopa doce, arroz com gravanços, reixelo guisado com trigo, iguarias estas de provar e mugir por mais. Punha-se à prova o dedo das cozinheiras”.

"É uma sopa simples, como no fundo são todas as sopas, é um prato simples de confecionar. Esta sopa é feita à base de batata e gravanço, produtos que as pessoas tinham facilmente em casa porque as cultivavam.

O bacalhau que adicionamos não era tão comum, só nas casas com mais posses, contudo lá se arranjava um pedaço menos nobre para adicionar ao tacho e dar algum paladar".

Mas afinal, estará o leitor a questionar-se, o que são gravanços? "É grão de bico, gravanços era o nome que se dava antigamente", explica-nos Vítor.

Passemos então aos ingredientes desta sopa que Aquilino terá, amiúde, degustado.

"Esta sopa leva o gravanço, batata, cenoura, cebola e alho. É confecionada da forma habitual e passada no final ficando um creme. No final adicionamos o bacalhau e um fio de azeite. Quando é servida há quem lhe

coloque ovo cozinho picado e salsa, mas isso já depende do paladar de cada um".

Vítor Rebelo explica-nos que esta sopa sempre foi muito popular "mas com o passar do tempo foi-se perdendo, com o aparecimento do Festival acabamos por trazer esta sopa de volta à mesa das pessoas com alguma regularidade. É uma sopa que diz muito do que somos aqui, desta ligação que temos com o Aquilino que tanto nos orgulha e ajuda a promover".

Para acompanhar esta Sopa de Gravanços, Vítor Rebelo garante que quem visitar a barraquinha da freguesia do Carregal "terá o tradicional Fálgaro à espera", um doce com um nome sobre o qual pouco se sabe a origem “mas a história e os mais velhos confirmam que o bolo nasceu no interior do Convento de Nossa Senhora da Assunção, mosteiro que ficou conhecido pela ligação a Cister. Depois de perdido no tempo foi recuperado e é hoje um símbolo desta freguesia". Saímos de Sernancelhe com o desejo que o dia 17 esteja já ali à frente para o Festival das Sopas e Encontro de Ranchos abrir portas e podermos deliciar-nos com as sopas que ficamos a conhecer nesta viagem pela Terra da Castanha.

Certamente o palato não ficará desiludido, com estas ou com qualquer uma das restantes 16 sopas que vai poder provar no certame, gratuitamente. ○

26 VIVADOURO FEVEREIRO 2023
Sernancelhe

Unidade de Saúde Pública do ACES Douro I

Dia Mundial das Doenças Raras

No último dia do mês de fevereiro comemora-se o Dia Mundial das Doenças Raras. As doenças raras, tal como o nome indica, afetam um pequeno número de pessoas e são doenças crónicas, graves e degenerativas, que podem colocar em risco a vida dos doentes. Existem cerca de 6000 a 8000 doenças raras, a maioria de origem genética.

Na Europa considera-se que uma doença é rara quando afeta 1 em cada 2000 pessoas.

Estima-se que em Portugal possam existir até 600 000 pessoas com doenças raras, ou seja, cerca de 6% da população.

Muitas das doenças raras, apesar de afetarem poucos doentes, pela sua gravidade acabam por ter um peso social, económico e de saúde muito elevado, sendo em muitos casos incapacitantes e difíceis de controlar.

É fundamental que o portador de doença rara tenha o melhor acompanhamento possí-

vel e, para tal, existem no país vários Centros de Referência para Doenças Raras, integrados em vários hospitais. Foi também criado o cartão da pessoa com doença rara, com o objetivo de assegurar que numa situação de urgência os profissionais de saúde tenham acesso a toda a informação disponível sobre a doença e estado clínico da pessoa e, ainda, facilitar o encaminhamento apropriado e rápido para a unidade de saúde/Centro de Referência que possa proporcionar os cuidados mais adequados.

Quando se trata de crianças portadoras de doença rara, a estas devem ser garantidos todos os seus direitos, nomeadamente o direito à educação, devendo ser garantido o apoio à aprendizagem e à inclusão sempre que existam necessidades de saúde/educação especiais, conforme disposto no Decreto-lei 54/2018, de 6 de julho – Educação inclusiva. Sempre que existam dúvidas ou questões relacionadas com direitos, deveres e benefícios na área da deficiência e/ou reabilitação, deve recorrer-se ao Balcão de Inclusão da Segurança Social, este existe nas sedes dos 18 distritos. Também se pode ter acesso ao Balcão de inclusão através do endereço eletrónico: http://www.se-social.pt/balcao-da-inclusao

O que se espera de uma sociedade civilizada é equidade para com as pessoas que vivem com doenças raras. Equidade nas oportunidades para viver em sociedade, em família, na escola e no mundo do trabalho. ○

27 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Opinião
Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária

Douro, Capital Natural

Há séculos que a região do Douro é conhecida pelos seus vinhos e paisagens deslumbrantes. Mas como todo o verdadeiro tesouro, há sempre umas gemas escondidas, mesmo que à vista de toda a gente. É o caso da biodiversidade e dos diferentes ecossistemas que mantem todo o vale a funcionar. A estas joias chamamos de capital natural, e delas vamos falar um pouco sobre as oportunidades – e riscos – que escondem. Bem-vindos ao Douro, Capital Natural.

No Douro, a biodiversidade vai muito para além das espécies de animais e plantas que caracterizam montes e vales. No Douro, esta começa na incrível variedade de uvas e exibe-se descaradamente no mosaico humanizado das encostas, onde taludes, mortórios, matas, pomares e casario são também parte da riqueza. Mas, em boa verdade, ainda há muito a fazer para valorizar estas joias. Por isso, deixamos aqui algumas pistas sob a forma de análise SWOT – pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças.

PONTOS FORTES:

• A Região Demarcada do Douro (RDD) alberga uma riqueza de fauna e flora das mais significativas em paisagens humanizadas na Europa, com várias espécies exclusivas da região;

• As vinhas em socalcos representam um património cultural único que pode também contribuir para a regulação de serviços ecológicos fundamentais como a regulação do solo, água e carbono;

• A produção de uvas está intimamente ligada à biodiversidade funcional que regula fertilidade, inimigos naturais das pragas e polinizadores, sendo um forte incentivo à conservação e restauro de sebes, muros, bosquetes e solos.

PONTOS FRACOS:

• Os recursos naturais e a biodiversidade que sustentam as vinhas também estão sob pressão pela intensificação da atividade humana ou da perda de áreas naturais para a agricultura, turismo e infraestruturas;

• Muitas das práticas agrícolas tradicionais da região ou estão em declínio ou são desadequadas para os dias de hoje, como é o caso do uso intenso de herbicidas e de mobilizações do solo, o que pode levar a transformações que alteram o padrão da matriz do ecossistema.

• Existe alguma falta de consciência e compreensão do valor da biodiversidade

David Suzuki, ativista ambiental canadiano

e dos serviços dos ecossistemas entre os intervenientes e decisores políticos locais, o que aumenta o risco de perda ou degradação dos valores naturais.

OPORTUNIDADES:

• A biodiversidade e a matriz ecológica da região podem proporcionar uma série de benefícios sociais e económicos, desde o eno/ecoturismo aos produtos florestais não lenhosos, como cogumelos e plantas de fruto, aromáticas e medicinais, até mesmo ao sequestro de carbono;

• A existência de valores naturais proporciona oportunidades para o desenvolvimento de atividades recreativas e culturais que são fundamentais para fixar população jovem na região;

• Multiplicam-se as oportunidades de financiamento disponibilizadas pela UE para apoiar a conservação da Natureza e o restauro ecológico na região, há que estar atento e preparar antecipadamente ideias e projetos.

AMEAÇAS:

• É provável que os impactos das alterações climáticas se venham a tornar mais significativos, com efeitos dramáticos na produção das vinhas e, consequentemente, na pressão sobre todo o ecossistema do Douro;

• Existe um enorme fascínio pelo uso de novas tecnologias que prometem aumentar a produção, mas que, frequentemente, falham em considerar a biodiversidade funcional e os habitats naturais como elementos fundamentais para essa mesma produção;

• A anos sucessivos de alguma falta de vontade/ação política orientada para a proteção, conservação e valorização económica do capital natural da região, muitas vezes visto como o parente menor que (erradamente) não traz rendimento… nem votos.

Em suma, o Douro tem um passado rico, mas um presente hesitante e um futuro incerto. Podemos continuar fascinados pelas joias da coroa, que são os vinhos de excelência, sejam Porto ou ‘de quinta’ que saem do vale em direção a todo o mundo. Mas o vinho fez-se e vai-se continuar a fazer de uvas, pessoas e natureza, e sem uma aposta harmoniosa, criativa e ousada neste virtuoso triunvirato, podemos ver o nosso tesouro a perder brilho, as pessoas a continuarem a partir e a paisagem a emudecer. Só com uma forte aposta na sensibilização e o despertar de verdadeira vontade política e económica é que as oportunidades de investimento podem ajudar a enfrentar estas ameaças e a assegurar a preservação e a sustentabilidade do Douro, Capital Natural.

28 VIVADOURO FEVEREIRO 2023
“A Natureza não é uma mercadoria, mas sim um parceiro no processo criativo da vida”
Nuno Gaspar Oliveira
Quinta dos Murças Quinta de Ventozelo

MARQUÊS DE SOVERAL Homem do Douro e do Mundo

Acinco de Outubro de 1922 falecia, em Paris, Luís Maria Pinto de Soveral, - o Marquês de Soveral, ilustre personagem duriense e um dos portugueses mais relevantes na história da diplomacia portuguesa.

Ocorre este mês o centenário do seu falecimento.

A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, a Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia e a Associação dos Amigos de Pereiros, de S. João da Pesqueira, constituíram-se em Comissão Organizadora para a comemoração do Centenário do Marquês de Soveral, com diversos eventos para o período de Outubro de 2022 a Outu-

bro de 2023.

Contactado o VIVADOURO, jornal mensário da e para a região do Douro, a Comissão Organizadora, encontrou a maior recetividade para durante os doze meses da comemoração do centenário acompanhar os diversos eventos, mas também dar a conhecer, o “Homem do Douro e do Mundo” através de entrevistas, reportagens e depoimentos.   Aqui deixamos o nosso agradecimento pela disponibilidade e colaboração.. ■

A Comissão Organizadora

MARQUÊS DE SOVERAL: O MELHOR AMIGO DO REI

Foi embaixador de Portugal em Londres ao longo de duas décadas. Amigo do peito do rei Eduardo VII, o pesqueirense Luís Maria Pinto de Soveral foi considerado pelos britânicos como “o homem mais encantador do seu tempo”.

Durante anos e anos foram unha com carne. Amigos do peito, inseparáveis, daqueles que não deixam passar um dia sem um encontro ou uma conversa. Foram companheiros de noites de farra, da mesa de jogo e de aventuras com o outro sexo. Conheciam os segredos respetivos, mesmo os mais íntimos e embaraçosos. Estes amigos não eram, no entanto, dois homens comuns. Um deles, Eduardo, era o filho mais velho, e herdeiro, da rainha Vitória, a soberana imperial e mais poderosa do seu tempo. Foi príncipe de Gales durante 60 anos e reinou – como Eduardo VII – entre 1901 e 1910. O outro era português. “Não há memória de um estrangeiro ter alguma vez ocupado um lugar tão importante na História da Inglaterra”, escreveu, sem qualquer ponta de exagero, Sir Sidney Lee, um dos biógrafos do monarca. Ele referia-se, naturalmente, ao embaixador de Portugal em Londres, Luís Maria Pinto de Soveral.

Os dois homens conheceram-se em Berlim, um dos primeiros postos da carreira diplomática de Soveral. O português era

CENTENÁRIO do MARQUÊS de SOVERAL

Comissão Organizadora:

José Cardoso Rodrigues

Câmara Municipal de S. João da Pesqueira

J. Gonçalves Guimarães Confraria Queirosiana

Alberto Silva Fernandes Associação dos Amigos de Pereiros

oriundo de uma velha família aristocrática da região do Douro, proprietária da Quinta de Sidrô, perto de São João da Pesqueira. Luís era filho do visconde de São Luís e de início fez estudos militares, preparando-se para uma carreira na marinha. Mas no final do primeiro contrato abandonou as armas e seguiu para Paris e, depois, para Lovaina, na Bélgica, onde se licenciou em Ciências Políticas e Administrativas. Aos 23 anos, Luís de Soveral foi admitido no serviço diplomático e colocado como adido de legação em Viena, em 1873, e, um ano mais tarde, em Berlim.

Foi nesta cidade, então, que os dois homens se cruzaram pela primeira vez, nos corredores de uma conferência diplomática organizada pelo Kaiser. Ficaram amigos, ao ponto de partilhar as orgias noturnas organizadas pelos prussianos encarregados da guarda pessoal do príncipe de Gales. Anos mais tarde, em 1881, Luís de Soveral foi forçado a abandonar a capital do império germânico por causa de um conflito com o chanceler Bismarck. Foi transferido para Madrid, onde permaneceu quatro anos e, depois, para a legação portuguesa em Londres (1885), onde ficaria praticamente ininterruptamente até à morte.

Em janeiro de 1891, Soveral foi promo-

vido a ministro plenipotenciário efetivo na capital britânica. Teve, então, oportunidade para estreitar os laços de amizade com o príncipe de Gales e com a mulher, a lindíssima princesa Alexandra, filha do rei da Dinamarca. O novo embaixador era um homem cativante, muito inteligente, um conversador brilhante que conquistava com facilidade toda a gente com o seu charme e graça. Tornou-se rapidamente num frequentador habitual do círculo da alta sociedade inglesa da altura. O príncipe de Gales convidava-o com regularidade para o camarote real na ópera, no teatro ou nas corridas de Ascot. E para estadias nos castelos da família ou passeios no iate real (a tal ponto que, numa manifestação de honra sem precedentes, Eduardo ordenou expressamente que o barco trouxesse o embaixador a Portugal, numa das vindas de Soveral a Lisboa). O português tinha lugar cativo em Marlborough House, a casa dos príncipes, no centro de Londres, que era também o centro de toda a vida social londrina daquele tempo.

O príncipe de Gales apreciava a extrema elegância e inteligência do embaixador. O português, por seu turno, respeitava a posição do amigo, mas sem recorrer a deferências excessivas. O conde austríaco Heinrich von Lützow recorda, nas suas

Marquês de Soveral, homem “encantador, urbano, polido e espirituoso.

Adorava mulheres e era tido como o melhor dançarino da Europa”.

Virgínia Cowles - Jornalista ameriCana

Centenário // 4

VIVADOURO

JANEIRO 2023

memórias, um incidente ocorrido num jantar quando, a certa altura, Eduardo fez troça da viagem africana do explorador Serpa Pinto, provocando uma risota generalizada na mesa. O português replicou de imediato: “Senhor, faça toda a troça que queira da minha pessoa. Mas, peço-lhe, deixe o meu país em paz!” Eduardo gostou da reação, respondeu-lhe em dialeto de Berlim, que só os dois entendiam, e ergueu o copo em honra dele. Soveral nunca parava de marcar pontos na consideração do príncipe real.

A própria rainha Vitória partilhava a admiração pelo embaixador português. Não era surpresa para ninguém. Luís de Soveral era um galanteador que encantava todas as mulheres, sem exceção. “The most charming man of his time”, dizia-se, então, em Londres. Ele era um dândi terrível, sempre elegante e janota nos seus fatos azuis, com uma flor branca na lapela. Usava monóculo, tinha bigode preto, farto e bem tratado, uma barba imperial e as sobrancelhas negras e grossas. Tinha um sorriso caloroso e bem-disposto, sempre pronto a saudar um velho amigo ou a conquistar uma nova relação.

Continuação no próximo mês de março Paulo anunciação , em londres

29 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO

Nesta coluna, pelas funções que desempenho e pela instituição onde as desempenho, não podia ficar indiferente ao facto de a Região do Douro ter sido designada como “Cidade Europeia do Vinho em 2023”. Também o Senhor Presidente da República anunciou, recentemente, que as Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas decorrerão em Peso da Régua e que vai ser um prestigiado enólogo, João Nicolau de Almeida, a presidir à Comissão Organizadora. Embora não seja um enólogo formado na UTAD, pois nessa altura ainda a UTAD não existia, orgulha-nos

Região do Douro, cidade Europeia do Vinho em 2023 – o contributo do conhecimento

que a escolha tenha recaído num personagem, com uma notável e indelével contribuição para o desenvolvimento da região do Douro, muito através da viticultura e até à ciência enológica, de resto já reconhecido com orgulho pela UTAD com a atribuição do grau de Doutor Honoris Causa.

Não se acomodando à já longa tradição, vários atores da região duriense desencadearam uma etapa marcada pela incessante procura de conhecimento para o desenvolvimento regional. O primeiro passo foi a perceção da necessidade de contratação de jovens licenciados e mestres nas mais variadas áreas, incidindo na gestão da vinha de modo a melhorar a capacidade de res-

posta à procura de uma matéria-prima com mais qualidade. Inicialmente focados na experimentação e no desenvolvimento experimental, contudo um necessário e bom começo para o setor da viticultura de montanha, foi-se gerando informação e dados fundamentados, acessíveis aos principais promotores, mas que gradualmente se foram disseminando por todos os viticultores. O passo seguinte foi, justamente, a exploração da vasta informação que se ia gerando através da aplicação do conhecimento científico e tecnológico e na inovação, fatores diferenciadores para o desenvolvimento de um produto e de uma região. Ao incremento de qualidade na matéria-prima e perante o desafio

dos vinhos tranquilos, foi necessário reforçar o conhecimento na enologia e, assim, entram os enólogos na cadeia de valor, cujo mérito também já aqui salientámos. Estes foram os fatores, que admiravelmente em pouco mais de duas décadas, conseguiram transformar a região do Douro. Percebida a importância do conhecimento e dos efeitos que tal tinha produzido foram mais duas décadas para chegarmos ao bom nível atual. Esta evolução dignifica aqueles que fizeram este percurso e reforça a necessidade de prosseguir com o desenvolvimento científico e tecnológico. A UTAD orgulha-se de ter estado sempre presente e de ter contribuído para este sucesso. ○

Gestão do IVDP com Certificação Europeia de Excelência

Na prossecução dos objetivos de proximidade aos agentes do setor e, também, no sentido da melhoria do desempenho processual interno, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP, IP) submeteu uma candidatura para reconhecimento pela European Foundation for Quality Management (EFQM), que foi coroada de êxito.

O Modelo de Excelência que agora o Instituto ostenta, atribuído por uma estrutura reconhecida mundialmente, valida que a organização está no caminho certo para melhorar o seu desempenho, no contexto de modernização administrativa digital e, como tal, melhor prepa-

Domingos Nascimento

Presidente da Agência Social do Douro

No Douro, a Sul, o Hospital de Lamego, mesmo com alguns serviços de excelência, caminha manco de soluções. Com um programa funcional desajustado, nunca cumprido, continua a não responder, como seria possível, às necessidades das pessoas deste lado do rio.

Andamos muito focados no heliporto, assunto importante, mas não esqueçamos da obrigação de se repensar globalmente este Hospital.

Precisamos que se concretize uma

rada para encarar os desafios do futuro. Através de uma autoavaliação baseada no Modelo de Excelência da EFQM, identificaram-se os pontos fortes e áreas de melhoria, tendo em conta as capacidades e competências, conjugadas com as expetativas e as orientações da tutela e as necessidades dos agentes económicos e de outras partes interessadas. Estamos certos de que o Modelo EFQM permitirá ao IVDP, IP liderar um caminho seguro de progresso e transformação e alcançar sucesso, no contexto do seu propósito e visão, criando valor sustentável, identificando e compreendendo as lacunas, no intuito de encontrar soluções e melhorar significativamente o desempenho organizacional.

O próprio IVDP, IP comprometeu-se

com o envolvimento dos parceiros com quem trabalha neste processo de avaliação, reforçando a colaboração estreita que já vem tendo nas mais variadas vertentes, no respeito por uma orientação estratégica de transparência de procedimentos, trabalho em rede e aproveitamento de sinergias. Está, assim, o IVDP, IP mais preparado para planear as suas atividades de forma estruturada e segmentada, conseguir ganhos de eficácia processual, de monitorização e avaliação.

A certificação da European Foundation for Quality Management reveste-se da maior importância e permite ao Instituto passar a integrar o lote restrito de organizações e empresas que consegue alcançar este selo de excelência.

Que saúde para o Douro?

Haja coragem para mudar!

verdadeira unidade de “integração e proximidade”. Neste conceito, deverão incluir-se a domiciliação do internamento, e, por exemplo, fazer nascer unidades de cuidados continuados de diferentes tipologias. Lamego não tem nenhuma solução neste âmbito.

Mas também urge olhar com atenção o serviço de urgência, revisitar a sua organização, a sua funcionalidade, e reforçar a qualificação da resposta.

Nos cuidados de saúde primários temos um agrupamento de centros de saúde com atividade assistencial, em várias unidades de saúde, que deixa muito insatisfeitas as pessoas. É um ACES a ficar deserto de soluções sustentáveis. Os sistemas de avaliação do desempenho

escondem as dificuldades que as pessoas sentem no acesso às respostas de cuidados. Tanto no hospital como nas unidades de cuidados primários, tem valido a entrega e a competência da generalidade dos profissionais.

Mas, particularmente nos “centros de saúde”, até isso está em degradação, dado que uns estão a sair para a merecida e justa reforma, e os que chegam para os substituir, mais cedo que tarde, vão embora. Este rodopio, é, naturalmente, propiciador de inconsistência nos cuidados.

Há razões estruturais que aconselham a uma mudança organizacional. Por exemplo, avançando-se para uma ULS Unidade Local de Saúde. A integração de cuidados é, no Douro Sul, um imperativo

Continuaremos, consequentemente, a trilhar o caminho da desmaterialização e otimização de processos de trabalho, com o intuito de dar respostas à altura dos anseios dos stakeholders da fileira, bem como a pugnar pela melhoria da qualidade dos serviços e dos tempos de resposta, o que permitirá, igualmente, diminuir custos operacionais.

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. entra em 2023 fortemente comprometido em abraçar todas as iniciativas que estimulem um clima favorável à tecnologia, inovação e modernização funcional – fatores importantes para ajudar a criar condições para que a competitividade das organizações e a produtividade das empresas sejam cada vez maiores. ○

óbvio. Hospital, cuidados continuados e cuidados primários, devem abraçar-se e responder a quem precisa, com qualidade, proximidade e mais conforto humano.

Acredito na mudança, sabendo que a atual liderança do SNS tudo fará para otimizar e qualificar as respostas em saúde, com modelos que sejam desafiadores para os profissionais e com soluções assistenciais mais amigas das pessoas.

Oportunamente continuarei a dar a minha opinião sobre o tema. Abordarei o restante território Douro.

Realço a impossibilidade de, num texto tão pequeno, eu ser mais concreto e tecnicamente mais rigoroso na análise e nas propostas de soluções. ○

30 VIVADOURO FEVEREIRO 2023
Opinião
Eduardo Rosa Vice-Reitor para a Investiga- Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)

Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira regressa a Trancoso

A XIX edição da Feira do Fumeiro dos Sabores e Artesanato do Nordeste da Beira está de regresso ao Pavilhão Multiusos de Trancoso, nos próximos dois fins de semana - 24 ,25, 26 de fevereiro, 4 e 5 de março.

Numa organização da Aenebeira - Associação Empresarial do Nordeste da Beira, em parceria com o Município de Trancoso, o evento conta com a presença dos principais produtores locais da região de enchidos, fumados queijos, vinho, mel, doçaria, azeite e artesanato local.

Para o autarca, Amílcar Salvador, em declarações à nossa reportagem, "as expectativas são altas para a edição deste ano".

“Trancoso é sinónimo de grandes feiras e mercados, esta 19ª Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira é um grande evento, sobretudo comercial e que permite divulgar os nossos produtos de qualidade.

Procuramos com este vento valorizar os nossos produtos endógenos. Para além dessa vertente comercial imediata com a venda dos produtos, esta é também uma oportunidade de estabelecer contactos para o futuro.

Este é um dos maiores certames do género em toda a região centro, atrai muita

gente não só do distrito da Guarda mas de vários pontos do país. Temos já muitas excursões marcadas para os dois fins de semana em qua a feira acontece, que fa-

Desde 1980 The Romantic Tavern

tlm: 933788570

vorecem da localização privilegiada que temos com boas acessibilidades.

Nos mesmos fins de semana em Miranda do Douro e em Vila Nova de Foz

Côa há também os certames dedicados à Amendoeira em Flor, criando neste território uma dinâmica única".

O autarca desta a qualidade dos produtos endógenos do seu concelho, sublinhando que "quem visitar a feira pode encontrar desde as farinheiras, às morcelas, passando pelas chouriças e as alheiras, tudo a bom preço, que também é importante".

Da programação do evento Amílcar Salvador destaca ainda a animação cultural do evento com "muito movimento e muita música, com destaque para os concertos de Mónica Sintra no dia 25 de fevereiro, e de Micaela no dia 4 de março. Nomes sobejamente conhecidos que certamente trarão a Trancoso muita gente".

O autarca trancosense afirma ainda que este certame é demonstrativo "da identidade cultural e gastronómica" do seu concelho, esperando que o mesmo traga "momentos de alegria e partilha depois de três anos tão difíceis".

A proximidade do local do certame ao Centro Histórico de Trancoso permite a que as pessoas possam dar uma passeio por essa zona e "visitar ainda o nosso castelo. Estão criadas as condições para serem dois fins de semana de muita festa, durante os quais valerá a pena visitar Trancoso. ○

31 FEVEREIRO 2023 VIVADOURO Trancoso
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