Jornal_Vivadouro_ed95_jan23

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UM OLHAR SOBRE PUB Visite-nos em: www.vivadouro.org - E-mail: geral@vivadouro.org Ano 7 - n.º 95 - janeiro 2023 | | Diretor: Miguel Almeida | Dir. Adjunto: Carlos Almeida Preço 0,01€ Mensal > Págs.4/5 João Gonçalves “Não consigo despir a camisola de Presidente de Câmara, mesmo que esses assuntos não estejam na conversa à mesa estão nos pensamentos e nas preocupações.” Presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães > Págs.10/11 Ministra promete apoio para pequenos agricultores Mesão Frio Pág. 6 UTAD lança licenciatura em Design Sustentável Vila Real Pág. 12 “Os mais importantes destaques informativos do ano 2022 e as escolhas para “Momentos Mais Marcantes” de diversas personalidades da região” Cidade Europeia do Vinho 2023 pretende divulgar região Região Pág. 15

Estimados Leitores, Termos expectativas de crescimento da economia, afastando-se assim o cenário de recessão na Europa é uma notícia muito boa.

O ambiente externo é muito complexo. Uma guerra a decorrer às portas da Europa; uma evolução económica e social complexa na China e na India e uma cada vez maior imigração proveniente dos países de Africa e da América do Sul faz com que as incertezas sejam muitas e a necessidade de tomar medidas preventivas seja grande.

Num cenário como o atual, com a inflação muito maior do que as subidas de preços dos salários e com a consequente quebra no poder de compra das famílias é um verdadeiro milagre económico a capacidade de não entrarmos em recessão.

Será que estamos a ser conduzidos por verdadeiros crentes ou são expectativas irrealistas que nos são apresentadas?

No início do Fórum Econômico Mundial, em Davos foram apresentadas previsões da maior parte dos executivos e economistas de que uma recessão global é bastante provável este ano. A nossa comunicação social preferiu destacar as declarações do Sr. Governador do Banco de Portugal: “Davos. Centeno acredita que Europa escapa à recessão . Nestas declarações, refere que também o 4º trimestre de 2022 se esperava que fosse já recessivo, mas, na verdade, é de aumento da economia. E argumenta que uma vez que tal aconteceu no 4º trimestre também pode acontecer no 1º de 2023.

Resolver ignorar que a PricewaterhouseCoopers apresentou, em Davos, os resultados de um questionário a 4.410 líderes empresariais entrevistados entre em outubro e novembro, em que 73% opinam que o crescimento global vai diminuir nos 12 meses seguintes e que este foi o resultado mais pessimista desde que esta consultora iniciou esta pesquisa anual em 2011 é uma opção perigosa para os investidores e empresários.

Por isso devemos estar atentos, conscientes que não será tão mau como alguns pintam, mas que também não nos espera um mar de rosas. ○

SUMÁRIO:

Destaque Páginas 4 e 5

Mesão Frio Páginas 6 e 7

Freixo de Espada à Cinta Páginas 8 e 18

Sabrosa Página 9

Entrevista Autarca Páginas 10 e 11

Vila Real Páginas 12 e 24

Alijó Páginas 13 e 17

Vila Nova de Foz Côa Página 14

Região Página 15

Moimenta da Beira Página 16

Santa Marta de Penaguião Página 19

Carrazeda de Ansiães Página 20

Armamar Página 21 Entrevista Páginas 22 e 23 Murça Página 24

Torre de Moncorvo Página 25

Lamego Página 27 Opinião Páginas 2, 26 e 30

POSITIVO

A entrada em 2023 significa o início das celebrações da Cidade Europeia do Vinho 2023. Ao longo do ano várias iniciativas irão assinalar a distinção atribuída em 2022, em Bruxelas.

NEGATIVO

Depois de um longo período de seca, as chuvas intensas das últimas semanas provocaram danos em várias zonas da região, em especial em vias de comunicação e quedas de muros em vinhas.

Douro Criativo

Na atualidade viaja-se muito mais, mas de forma muito diferente. Viaja-se mais vezes durante o ano, em períodos de estadia mais curtos, procurando o turista destinos e produtos únicos. Como tal, a oferta turística deve privilegiar novas experiências sensoriais e contacto com a cultura de um local que evocam interesse e atraem o turista para um “lifestyle” que liberte da intensidade da vida urbana.

O turismo é, cada vez mais, uma experiência de interação entre o viajante e o destino, um processo de aprendizagem e de descoberta dos territórios. Na atual economia da experiência em que o turismo assume um papel central, as regiões devem apostar em novas atividades e serviços que combinem elementos culturais, criativos, educativos e de entretenimento.

É neste contexto que o Douro deve apostar na criação de um polo de indústrias criativas, inserida numa estratégia de diferenciação da atividade económica e da oferta turística. A região deve dar seguimento ao projeto dinamizado pela UTAD ao abrigo do Portugal 2020, o qual visava promover e dinamizar as indústrias criativas no Douro.

Num primeiro momento importa identificar e agregar as competências locais, bem como atrair e fixar criativos à região. A estratégia passa também pelo lançamento de novas empresas criativas (empreendedorismo criativo) e pela consciencialização das empresas locais para a importância destas atividades na valorização e aproveitamento de formas inovadoras e diferenciadas dos recursos locais.

Associar a dimensão da gastronomia a esta estratégia deve ser perspetivada numa lógica de dinamização de novas formas de turismo e de novos nichos de oferta, casos do turismo cultural, gastronómico, enoturismo, entre outros. O conhecimento dos sabores e dos saberes de uma gastronomia baseada em produtos de cadeia curta de origem local deve estar associado aos vinhos de excelência do Douro, uma área que exige conhecimento e inovação.

Criar e fixar massa critica para a constituição de um Polo Regional de Indústrias Criativas no Douro passa por sensibilizar e mobilizar os atores e as instituições da região, os verdadeiros agentes dinamizadores da economia do território.

Dito isto, o Douro enquanto marca única associada ao seu património, para afirmar-se como destino de excelência e uma Região empreendedora, tem de apostar numa carteira diversificada de atividades económicas na qual as indústrias criativas e a gastronomia podem assumir um papel relevante. ○

2 VIVADOURO JANEIRO 2023
PRÓXIMA EDIÇÃO 15 DE FEVEREIRO Registo no ICS/ERC 126635 | Número de Registo Depósito Legal: 391739/15 | Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-241A) miguel.almeida@vivadouro.org Tlm.: 916 430 038 | Diretor Adjunto: Carlos Almeida | Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Tlm.: 912 002 672 | Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 / 910 599 481 | Paginação: José Gonçalves | Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4510-698 Fânzeres | Administrador: José Ângelo da Costa Pinto | Estatuto editorial: www.public.vivadouro.org/vivadouro | NIF: 507632923 | Detentores com mais de 5% do capital social: Lógica & Ética, Lda., Augusto Miguel Silva Almeida e Maria Alzira Rocha | Sede de Redação: Avenida Barão de Forrester, nº45 5130-578 São João da Pesqueira | Sede do Editor: Travessa do Veloso, nº 87 4200-518 Porto | Sede do Impressor: Av.ª da Republica nº6 1º Esq. 1050-191 Lisboa | Colaboradores: Ana Luísa Santos, André Rubim Rangel, António Cunha, António Fontaínhas Fernandes, Beatriz Oliveira, Carlos Rodrigues, Emília Sarmento, Eduardo Rosa, Emídio Gomes, Gilberto Igrejas, Guilhermina Ferreira, Helena Pereira, Luís Alves, Paulo Costa,Ricardo Magalhães, Sandra Neves, Sílvia Fernandes e Tiago Vieira. | Impressão: Luso Ibéria Avenida da República, Nº 6 - 1050-191 LISBOA Contacto: 914605117 comercial@lusoiberia.eu| Tiragem: 10 mil exemplares ANUNCIE AQUI Tel.: 962 258 630 | 910 599 481 carlos.rodrigues@vivadouro.org geral@vivadouro.org SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER E A NOSSA ASSINATURA MENSAL geral@vivadouro.org Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org Editorial VISITE-NOS NAS NOSSAS REDES SOCIAIS: www.vivadouro.org www.facebook.com/jornalvivadouro www.instagram.com/vivadouro www.twitter.com/vivadouro
Economista e Prof. Adjunto da ESTG.IPP.PT
José Ângelo Pinto Fontaínhas Fernandes Professor Universitário Liga dos Amigos do Douro Património Mundial
4 VIVADOURO JANEIRO 2023 Destaque Mundial de Enduro percorreu terras do Douro; 13/15 maio 17 janeiro 30 janeiro Eleições Legislativas –Douro mantém cinco deputados (três eleitos pelo PSD, dois pelo PS); CIM Douro envia 170 de toneladas de ajuda humanitária para a Ucrânia; 17 março 16/20 março 11 maio 15 junho 15 julho Com a região a viver um período de seca extrema, autarcas pedem à população que poupe água; 17/20 julho Um incêndio rural de grandes proporções afeta o concelho de Murça, ardendo cerca de 50% do concelho, alastrandao ainda a concelhos vizinhos, como Carrazeda de Ansiães, por exemplo. 10 setembro Inaugurados os Passadiços do Côa que ligam o Rio Douro ao Museu do Côa; 9 setembro Em Freixo de Espada à Cinta, os ministros Ana Abrunhosa e Pedro Nuno Santos anunciam 2029 como ano de reabertura da Linha do Douro; 6 outubro 18 outubro Jorge Braz recebe doutoramento Honoris Causa da UTAD; 28 dezembro Retrospetiva

MOMENTOS MAIS MARCANTES

Internacional

Guerra na Ucrânia

Impacto da inflação

Distinção do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023

Guerra na Ucrânia

5 JANEIRO 2022 VIVADOURO Destaque
Internacional – Guerra na
Nacional – O regresso à normalidade pós pandémica Douro – o Boom turístico do Douro
Emídio Gomes Reitor da UTAD
Ucrânia
Diretora
Internacional – Guerra na
Nacional – Fim da utilização das máscaras Douro – Abertura da Exposição Graça Morais, no Museu
Côa
Aida Carvalho
do Museu do Côa
Ucrânia
do
Presidente
Internacional – Invasão da Ucrânia pela
Nacional – Maioria Absoluta do PS Douro – Distinção do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023
Gilberto Igrejas
do IVDP
Rússia
PRESIDENTE
DOS
DISTRITO
REAL Internacional – Guerra na Ucrânia Nacional – O regresso à normalidade pós pandémica Douro – Incêndios que atingiram a região Paulo
Organizador
Internacional – Guerra
Nacional –
Douro – Distinção
Cidade
Rui Lopes
DA FEDERAÇÃO
BOMBEIROS DO
DE VILA
Costa
da Meia Maratona do Douro Vinhateiro
na Ucrânia
Incêndios
do Douro como
Europeia do Vinho 2023
António Filipe Presidente da Associação das Empresas de Vinho do Porto
Internacional
Guerra na Ucrânia Nacional
Impacto da inflação Douro Celebração dos 20 anos do Alto Douro Vinhateiro – Património Mundial
Nacional –
Douro Distinção
Miguel Mota Diretor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego
Internacional
Guerra na Ucrânia
Impacto da inflação
do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023
António Saraiva Presidente da Liga dos Amigos do Douro Património MunDIAL
Internacional
Nacional Maioria Absoluta do PS Douro Anúncio do projeto da reabertura da Linha do Douro até Barca d’Alva
Nacional –
Douro
José Ângelo Pinto Presidente da Coopenela
Internacional
Guerra na Ucrânia
Impacto da inflação
Dificuldades provocadas pela seca
Carlos Silva Presidente da CIM Douro
Nacional
Douro
Nacional Maioria
Douro Distinção
Nuno Pinto Augusto Presidente do Regia Douro Park
Internacional
Guerra na Ucrânia
Absoluta do PS
do Douro como Cidade Europeia do Vinho 2023

Mesão Frio

Ministra da Agricultura anuncia apoio aos agricultores em Mesão Frio

A Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, foi recebida, no passado dia 13 de janeiro, nos Paços do Concelho, pelo Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva.

A governante visitou o Município para avaliar os estragos provocados pelas intempéries e numa das vinhas afetadas, na freguesia de Oliveira, anunciou um apoio nacional de 10 milhões de euros para ajudar os agricultores portugueses. Para territórios vulneráveis, como é o Concelho de Mesão Frio, o financiamento será de 70% a fundo perdido e para os outros, é de 60%.

“São pequenos prejuízos e não faz sentido estar a abrir o aviso de reposição do potencial produtivo porque tem uma condição de pelo menos 30% da parcela ter sido destruída. Aquilo que resolvemos foi abrir a medida de investimento nas pequenas explorações e com isso financiar tudo o que é possível fazer dentro da parcela. Ou seja, neste caso concreto podem refazer os muros que caíram ou fazer novos.

Outra condição que nos parece importante é que nos territórios vulneráveis o financiamento a fundo perdido é de 70%, e nos restantes de 60%, vamos utilizar um instrumento que nos permite fazer isto mesmo. De acordo com os serviços, teremos condições para abrir as candidaturas até ao final deste mês de janeiro", anunciou a ministra.

A governante afirmou ainda que os 10 milhões de euros agora anunciados "podem ser revistos de acordo com as necessidades das candidaturas que forem apresentadas".

De acordo com Pedro Pires, Presidente da Adega Cooperativa de Mesão Frio, "cerca de 70% dos agricultores foram afetados pela queda de muros", chamando ainda à atenção para "os VITIS novos, feitos em 2020 e 2021 que não estavam ainda muito presos e foram arrastados, afetando em muito o seu potencial produtivo".

Para além dos significativos danos com a queda de muros, elementos identitários do Douro, Património Mundial da UNESCO, o Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio sensibilizou a Ministra da Agricultura para outras medidas adicionais de apoio aos lavradores do Concelho, que a concretizarem-se beneficiarão toda a região.

Paulo Silva sublinhou “a honra em receber a Ministra da Agricultura num município que é essencialmente agrícola”.

Para o autarca, esta "visita serviu também para a ministra se aperceber dos prejuízos dos nossos lavradores, que se vêm em maiores dificuldade pela sua muito reduzida dimensão, ao mínimo prejuízo não tem capacidade para recuperar".

"Ficamos satisfeitos com as medidas

anunciadas apesar de que, para quem recebe, o que vem é sempre pouco, mas entendemos que tem que haver também algum investimento por parte dos proprietários e da autarquia. Somos territórios muito pobres, com econo-

mias débeis, por isso tem que haver uma congregação de esforços entre o Governo, a autarquia, e as pessoas, os produtores e as associações.

Na deslocação até aqui tivemos oportunidade de mostrar à Ministra as

nossas estradas e discutir com ela as dificuldade de uma autarquia que tem um FEF anual de 3 milhões de euros, não conseguimos construir sequer um quilómetro de estrada" afirmou Paulo Silva. ○

6 VIVADOURO JANEIRO 2023
Maria do Céu Antunes e Paulo Silva

Município distingue participantes da 4ª Mostra de Presépios

O Município de Mesão Frio decidiu voltar a envolver as Juntas de Freguesia, associações e demais entidades concelhias, numa sinergia que embelezou a quadra natalícia e que adicionou cor e brilho ao «Natal na Avenida».

No dia 16 de janeiro, nos Paços do Concelho, os participantes foram recebidos e agraciados pelo Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, que anunciou como vencedora do concurso «Natal Iluminado», a Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio.

A iniciativa a cargo do Município contou com uma mostra de 17 presépios ao ar livre, na Avenida Conselheiro Alpoim, tendo sido agora homenageados e reconhecidos publicamente pelo presidente do Município, com a oferta de uma lembrança alusiva e de um certificado de

participação.

Paulo Silva agradeceu a empenhada colaboração de todos os que participaram na mostra que, ano após ano, tem desenvolvido o convívio entre a comunidade e a participação de um maior número de pessoas, estimulando, desta forma, o

comércio local. Aproveitando a presença dos representantes das entidades envolvidas, foram anunciados os eventos que irão decorrer durante este ano.

Mesão Frio provou, uma vez mais, ser um Concelho unido, criativo e com gosto em exibir a arte de bem-fazer.

Para além da Câmara Municipal de Mesão Frio, a exposição congregou a participação das cinco Juntas de Freguesia do concelho, do Agrupamento de Escuteiros de Vila Marim, da Casa do Povo de Barqueiros, do União Futebol Clube de Barqueiros, dos trabalhadores do Município, da Comissão de Proteção de Proteção de Crianças e Jovens de Mesão Frio, da Associação «Os Alio Vírio», da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Mesão Frio, da Delegação de Mesão Frio da Cruz Vermelha Portuguesa, da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, da Associação Cultural e Desportiva de Vila Marim e da Castrinhos – Associação Cívica de Cidadelhe e do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade. ○

Orçamento Municipal de mais de 13 milhões aprovado sem votos contra Mesão Frio assina protocolo com Associação Bagos d’Ouro

As Grandes Opções do Plano e Orçamento (GOPO) da Câmara Municipal de Mesão Frio para o ano de 2023 foram aprovadas na sessão ordinária da Assembleia Municipal de Mesão Frio, no dia 19 dezembro, sem qualquer voto contra. As mesmas já haviam sido aprovadas pelo Executivo Camarário, no passado dia 29 de novembro. A proposta foi aprovada com os votos favoráveis dos eleitos do Partido Socialista (PS) e a abstenção dos eleitos do Movimento Mais Mesão Frio e do PPD/PSD. CDS-PP.

O orçamento municipal, que para este ano é de 13 milhões e 215 mil euros, verba superior à do ano passado que foi de 11 milhões e 865 mil euros, visa estimular o emprego, o turismo, a educação, a ação social, o ambiente, o desporto, a rede viária, a valorização dos recursos naturais, paisagísticos, gastronómicos e arquitetónicos, promover um amplo leque de eventos culturais e uma maior valorização do território, dos produtos locais e da cultura, estimulando o desenvolvimento económico, sem descurar a implementação de políticas de discriminação positiva dos mais frágeis e desprotegidos.

O Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, defende que as GOPO 2023 “materializam a visão de desenvolvimento para o município e são um instrumento que permitirão caminhar para a construção de um concelho inclusivo, sustentado e mais progressivo.” O autarca refere ainda que “o orçamento tem sustentação na situação económica e financeira equilibrada da Câmara Municipal e continuaremos a pautar a nossa gestão pelos princípios da exigência, do rigor,

do equilíbrio e da sustentabilidade orçamental, colocando os principais recursos ao serviço das pessoas e priorizando projetos estruturantes para o bem-estar das populações.”

Do orçamento municipal, 8.001.340,00 euros, são receitas correntes e 5.213.660,00 euros são receitas de capital, representando as receitas correntes 60,50% e as receitas de capital 39,50%, do total da receita.

As despesas previstas para o ano económico de 2023 fixam-se em 7.597.340,00 euros de despesas correntes e 5.617.660,00 euros de despesas de capital, representando as despesas correntes 57,50% e as despesas de capital 42,50%, do total da despesa.

Relativamente à componente da despesa, destaca-se a aquisição de bens de capital, que contribui com 39 % da despesa total, resultante do forte investimento que a autarquia se encontra e se propõe a realizar, em grande parte por força das candidaturas formalizadas a fundos comunitários e contratos/ programa, seguida da componente de despesas com o pessoal, que contribui com 30,90 %, da despesa total.

O líder da autarquia ressalva que “foram tidas em consideração as oportunidades de investimento criadas com recurso aos apoios financeiros do Portugal 2020, do Plano de Recuperação e Resiliência e do Quadro Comunitário de Apoio, Portugal 2030, entre outros programas de financiamento, mantendo a aposta na proteção da economia local, das empresas e das famílias, orientados pelos valores da solidariedade, da inovação e da mobilização de todos os mesão-frienses, das instituições e das empresas.” ○

A Câmara Municipal de Mesão Frio assinou um protocolo de colaboração com a Associação Bagos d’Ouro, projeto destinado a apoiar a educação de crianças e jovens carenciados do Douro. O protocolo contempla a atribuição de um subsídio anual de 7 mil e 200 euros, a cedência de um espaço de trabalho para a Bagos D’Ouro receber as famílias com condições de segurança e privacidade e a disponibilização de transporte para as deslocações necessárias à sua atividade.

O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, assinou o protocolo no dia 11 de janeiro, no Museu do Douro, numa cerimónia em que a Associação Bagos d’Ouro apresentou os resultados do Estudo de Medição de Impacto Social referentes ao ano 2022. Para o Presidente da Autarquia, a consciência e a preocupação das necessidades do território e da sua população são prioritárias e motivaram a parceria do Município com este projeto que já conta com mais de uma década de existência e que tem por

missão “Mudar a história das Crianças do Douro”.

Entre as ações a serem promovidas no concelho de Mesão Frio, destacam-se o fomento do sucesso escolar através de um acompanhamento mais próximo, a ocupação de tempos livres, o acesso a atividades, materiais e equipamentos pedagógicos, o trabalhar de competências para o desempenho de funções parentais e estratégias de procura de emprego, a promoção de comportamentos saudáveis no combate ao alcoolismo e à violência doméstica e o combate a carências alimentares, entre outras necessidades básicas.

Estiveram também presentes o Vereador da Educação, a Diretora do Agrupamento de Escolas Prof. António da Natividade, os representantes da entidade responsável pela medição do impacto desta associação e demais entidades da região.

A Associação Bagos D’Ouro atua em sete concelhos durienses: Alijó, Armamar, Murça, Sabrosa, São João da Pesqueira, Tabuaço e agora, Mesão Frio. ○

7 JANEIRO 2022 VIVADOURO
Mesão Frio

Freixo de Espada à Cinta

Ensino Secundário Profissional já funciona em Freixo de Espada à Cinta

Pouco mais de um ano após a tomada de posse do executivo liderado por Nuno Ferreira, o concelho transmontano tem já a funcionar dois cursos de Ensino Secundário Profissional, com 18 alunos, aos quais se vão juntar mais 30 oriundos de Cabo verde.

Para Nuno Ferreira, "este foi um compromisso eleitoral que assumimos com os freixenistas e do qual falamos com a vossa reportagem logo após a nossa tomada de posse. Passados 14 meses é um orgulho para este executivo porque é já uma realidade em prática.

O ensino secundário profissional é uma realidade não só para Freixo como para o distrito e para toda a região, até porque incidiu em três áreas específicas: cozinha, turismo e vitivinicultura".

Para esta realidade ser possível a autarquia reabilitou "uma antiga escola primária que estava devoluta", havendo já o "projeto para a construção de uma residência para os estudantes deslocados", explica o autarca.

Atualmente são 18 os estudantes que estão a prosseguir estudo em Freixo de Espada à Cinta, um número que irá crescer em breve com a chegada de 30 alunos cabo-verdianos, uma realidade que irá contribuir para o desenvolvimento social e económico do concelho, acredita Nuno Ferreira.

"Já temos 18 alunos e está já em andamento o processo para captação de alunos internacionais, oriundos dos PALOP, que foi sempre a nossa tónica, tendo já assinado com três municípios cabo-verdianos um protocolo para que venham esses alunos, serão 30 no total, 10 de cada município.

Isto vai ter um impacto na economia local gigantesco, estamos a falar de cerca de 50 pessoas que estarão diariamente em Freixo e que irão consumir nos nossos restaurantes, cafés e comércio geral, isto é um boom para o nosso concelho. Esta é uma realidade nova, estamos a combater a desertificação do interior com a chegada de 30 novos alunos, que devem chegar até finais de março. Algo que sabemos fazer bem é receber e acolher que vem de fora.

Há protocolos de responsabilização de parte a parte mas é também uma oportunidade para ambos os lados. Nós podemos fixar mais pessoas e os municípios cabo-verdianos dão oportunidade aos seus alunos de virem estudar para um país europeu, com a vantagem de falar a mesma língua”.

De acordo com o autarca, o arranque deste projeto não significa que os apoios aos estudantes do secundário e superior que têm de sair do concelho terminem.

"Não quer dizer que deixamos de lado aqueles que querem seguir o ensino secundário convencional, para estes estamos a suportar o valor dos bilhetes de comboio e autocarro a 100%, para que não tenham esse custo e possam regressar a casa todos os fins de semana, o mesmo acontece com os alunos do ensino superior".

Nuno Ferreira explica ainda que haverá um apoio financeiro para os estudantes que optarem pelo Ensino Secundário Profissional, bem como as empresas do concelho que, após a conclusão dos estudos, empreguem estes alunos.

"Todos os alunos naturais de Freixo de Espada à Cinta e que aqui fiquem a estudar no ensino secundário profissional, vão receber ao longo dos dois anos um

apoio de mil euros, 250 no início de cada ano e 250 no final dos mesmos. Para os que são de fora vamos dar um apoio de 250 euros para estimular que venham para cá.

Temos ainda pensado um apoio de 5000 euros para as empresas que estejam instaladas no nosso concelho e que empreguem alunos formados no nosso ensino secundário profissional. São medidas proactivas em prol da população e da educação.

Nunca teremos problemas em investir na educação ou na saúde. Temos que praticar o interior com medidas proactivas, hoje Freixo de Espada à Cinta é um exemplo a nível nacional. Passou apenas um ano desde que tomamos posse mas hoje o nosso concelho está na linha da frente do desenvolvimento e do progresso".

Sofia Madeira é uma das professoras deste projeto, natural de Freixo de Espada à Cinta teve que sair do seu concelho para prosseguir os estudos em Bragança, "na altura com 14 anos, foi muito difícil ficar longe da família", conta-nos.

Para a docente este novo projeto é uma oportunidade para os estudantes, as suas famílias e o concelho em si.

"A concretização deste objetivo do município é bastante positivo, quer para as famílias quer para os estudantes. A educação é um estímulo importante e que deve estar ao alcance de todos.

O ensino profissional é um percurso de ensino secundário com dupla certificação. Os formandos desenvolvem competências sociais, científicas e profissionais necessárias à atividade profissional, e também ao nível da aprendizagem e do crescimento.

Esta é também uma vantagem para as

famílias que não têm que despender do seu orçamento mensal para que os filhos estudem. É um direito e um dever que qualquer criança tem".

A vinda de estudantes estrangeiros é também um ponto de destaque para Sofia Madeira que vê neste fator uma oportunidade para todos os envolvidos.

"O facto de podermos, tanto formadores como formandos, partilhar tudo isto com estudantes de uma cultura diferente é muito interessante e importante. É uma visão estratégica diferente para o estímulo da empregabilidade no nosso concelho".

Manuel Fortuna é um dos estudantes atualmente inscritos no curso de turismo. Depois de uma passagem por Vila Real, onde não se adaptou, foi estudar o mesmo curso para o concelho vizinho de Torre de Moncorvo, contudo, o início desta nova realidade em Freixo de Espada à Cinta fez com que optasse por ficar na sua terra natal.

"É sempre melhor ficarmos na nossa terra. Os cursos que aqui temos são uma mais valia para o nosso concelho e por isso acho que vai ser muito importante. O meu objetivo é poder ficar por Freixo depois a nível profissional, por isso também é bom podermos fazer o curso aqui".

Para o estudante a vinda de colegas dos PALOP é vista como algo importante e interessante, pelo contacto com uma cultura diferente mas também porque significa ter mais gente jovem a residir em Freixo de Espada à Cinta.

"Ter colegas que vêm dos PALOP é muito positivo para nós como colegas mas também para o concelho porque hásempre mais gente aqui a frequentar os cafés ou o comércio por exemplo. Será também uma forma de haver mais movimento". ○

8 VIVADOURO JANEIRO 2023

Orçamento Municipal para 2023 reforça apoios aos munícipes

O orçamento municipal para o presente ano foi aprovado, em sede de Assembleia Municipal, no passado dia 29 de dezembro de 2022, e prevê, entre outros, o reforço dos apoios para as famílias do concelho de Sabrosa.

Este documento, face ao ano transato, caracteriza-se por um aumento de aproximadamente 1,5 milhões de euros, tendo o mesmo um valor global de quase 13 milhões de euros, sendo que, o equilíbrio orçamental corrente é de 840 mil euros, por excesso, superando o de 2022.

Para o ano económico de 2023 destacam-se inúmeros reforços nas medidas e projetos da autarquia para os munícipes, sendo que, também se preveem novas iniciativas que incidem essencialmente nas famílias e no desenvolvimento do concelho. É de referir que se mantém a medida das “Creches Gratuitas para todos”, a dinamização do programa de apoio à construção habitacional para jovens, a continuação da aplicação de um Pacote de Medidas Fiscais de atração ao investimento e às famílias, prevê-se o aumento da comparticipação municipal na fatura da água, a continuidade da execução da Estratégia Local de

Habitação, a concretização da assunção da transferência de competências no âmbito da ação social e da saúde, mantendo-se as atribuições de bolsas de apoio ao ensino superior.

Relativamente à medida do “Incentivo à natalidade” existe um reforço no valor de atribuição da verba que passa para 2.000 € por nascimento/adoção no ano de 2023, as-

sim como, se vê reforçado o valor atribuído no Regulamento Municipal de Apoio à Recuperação de Habitações Próprias Degradadas. Para dotar o território de equipamentos necessários e infraestruturas condignas para o presente e o futuro do concelho, estão também contempladas várias medidas, destacando-se a concretização do projeto urbanístico para a recém-adquirida “Quinta do Conde”

em Sabrosa e o desenvolvimento dos projetos de regeneração urbana no concelho e a execução do projeto da Zona Industrial de São Martinho de Anta.

Além destas medidas que se destacam, o município continuará a apostar numa oferta cultural de excelência, procurará consolidar a região como referência na área do desporto, lazer e juventude, pretendendo continuar a afirmar turisticamente o concelho.

Resumindo, o orçamento para 2023 congrega em si as necessidades identificadas pela autarquia, juntamente com as Juntas de Freguesia, as Instituições e Associações do concelho e outros agentes ativos da sociedade local.

A Presidente da Câmara Municipal de Sabrosa, Helena Lapa, referiu que “este orçamento tem a necessidade de reforçar o desenvolvimento de políticas centradas nas pessoas e na proximidade com as mesmas, uma vez que, temos conhecimento das carências do território e é importante proporcionar uma melhor qualidade de vida aos nossos munícipes.” ○

Concluídas obras de criação da Área de Acolhimento Empresarial

As obras de criação da nova Área de Acolhimento Empresarial de Sabrosa - AAE encontram-se concluídas e contemplam a criação de trinta e seis lotes destinados a Indústria/ Armazém e Comércio/Serviços, de dimensão variada, que em conjunto possuem uma área de implantação de aproximadamente vinte e um mil metros quadrados.

Com a conclusão deste projeto, o município de Sabrosa pretende apoiar as dinâmicas económicas presentes no território e colmatar falhas de mercado e fatores críticos, assim como, garantir uma resposta efetiva e oportuna às empresas que manifestam interesse na instalação no concelho. A obra da AAE foi realizada tendo em vista a plena integração urbana e paisagística com a Zona Industrial existente.

A Presidente da Câmara Municipal, Helena

Lapa, destaca que “com a disponibilização destes novos lotes estão criadas mais condições para o aumento da empregabilidade no concelho, tendo igualmente o objetivo de captar investimento privado em outros sectores de atividade para além do vinícola, diversificando e incrementando assim o de-

senvolvimento empresarial e industrial do concelho de Sabrosa, salientando-se a forma célere e transparente como o processo tem vindo a ser conduzido”.

A obra contemplou uma intervenção na rede viária e nos arranjos exteriores, a construção de uma rotunda de acesso à AAE,

localizada junto ao campo da Feira Velha, assim como, a criação da via distribuidora e das suas ligações à rede viária pré-existente. Esta via principal cria as principais frentes para os lotes e possui duplo sentido de tráfego, sendo ladeada por estacionamento e passeios.

Neste momento, e no decorrer da obra, já foram colocados 26 lotes em hasta pública e serão colocados os restantes no decorrer do primeiro semestre do presente ano.

A obra foi apoiada no âmbito do Programa Operacional Regional do Norte: Áreas de Acolhimento Empresarial - Apoio à localização de empresas (Baixa densidade), com um investimento total de 1 575 915.68€ e uma taxa de comparticipação de 85% pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). ○

A Medida de Incentivo à Natalidade, implementada pelo município de Sabrosa desde 2018, foi novamente reforçada para o ano de 2023 e o valor é agora de 2.000€ por cada nascimento/adoção ocorridos a partir de 1 de janeiro de 2023. Este incentivo, que sofreu a sua primeira alteração no ano de 2022 e se traduziu à data num aumento de 500€, face ao valor dos anos transatos, passando de 1.000€ para 1.500€ sempre que ocorra o nascimento ou adoção de uma criança no concelho, foi agora reforçada, sendo que, as famílias passarão a receber um subsídio de prestação única no valor de 2.000 €.

É de referir que este reforço surge com o intuito de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos munícipes, apoiando desta forma as famílias e fomentando o incentivo à criação das mesmas enquanto pilares fundamentais da nossa sociedade. Pretende-se um aumento da natalidade no nosso concelho e consequentemente a fixação das famílias no nosso território, valorizando desta forma as condições proporcionadas às nossas gentes.

As candidaturas devem ser feitas, exclusivamente, em regime presencial no Gabinete de Ação Social do município. ○

O novo trilho do município de Sabrosa (PR6) “Rota Urbana de Fernão de Magalhães”, foi no passado dia 16 de dezembro, inaugurado com uma caminhada onde participaram cerca de 80 alunos dos quintos e sextos anos de escolaridade do Agrupamento de Escolas Miguel Torga - Sabrosa.

Numa tarde convidativa para o efeito os participantes tiveram a honra de ficar para a história como os primeiros a realizar oficialmente este percurso que congrega em si vários dos pontos que ligam Sabrosa a Fernão de Magalhães.

Esta atividade, que marcou o final das comemorações locais dos quinhentos anos

da viagem de circum-navegação de Fernão Magalhães, foi organizada pelo município de Sabrosa em parceria com a Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação de Fernão de Magalhães, que presenteou cada um dos participantes com uma t-shirt e um livro temático.

No momento de abertura do evento estiveram presentes o Vereador António Araújo, o Presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação de Fernão de Magalhães, José Marques, e outros representantes municipais e da comunidade escolar. ○

9 JANEIRO 2022 VIVADOURO
Sabrosa
Medida de Incentivo à Natalidade novamente reforçada em 2023 Rota Urbana de Fernão de Magalhães inaugurada com caminhada escolar

“Gosto muito de ouvir as opiniões, mas a decisão final tem que ser sempre

A cumprir o segundo mandato à frente da autarquia de Carrazeda de Ansiães, João Gonçalves considera que 2022 foi um ano em que o seu concelho poderá servir para um laboratório das alterações climáticas. A resiliência transmontana é sublinhada pelos projetos que a autarquia tem em curso e que ficarão completos ao longo de 2023.

Ser autarca implica uma dedicação ao cargo que vai muito além das habituais 8 horas de trabalho. Quem fica a perder com esta dedicação?

Já tinha o conhecimento que a vida de autarca é muito absorvente mas somente quando assumimos o cargo é que nos apercebemos da real envolvência necessária.

A questão não se levanta tanto pelo horário que não temos mas pelas preocupações e disponibilidade permanentes que temos, que tem de ser total.

Há uma grande imprevisibilidade, temos áreas que não nos permitem programar a vida sem que possam acontecer imprevistos, a proteção civil é uma delas.

Mais do que isso é a preocupação que todos temos nestas funções, na tentativa de dar resposta a todos os assuntos com que somos confrontados e que têm uma abrangência muito grande.

Quem sofre com tudo isto é desde logo a família.

Há compreensão do lado deles?

Há essa compreensão, mas é natural que algumas questões fiquem para trás.

Como é que os compensa?

Tentando ser mais intenso quando estamos presentes e tirar bom proveito desses momentos.

Leva muitas vezes assuntos da autarquia para casa?

Muitas vezes, isso é permanente. Não consigo despir a camisola de Presidente de Câmara, mesmo que esses assuntos não estejam na conversa à mesa estão nos pensamentos e nas preocupações.

É realmente um grande desgaste que os autarcas têm.

Nem todas as decisões que toma são do agrado da totalidade das pessoas, seria muito difícil agradar a todos. Como lida com estas opções?

Essa é realmente um dos aspetos com que temos que contar neste cargo, há decisões que não agradam a toda a gente.

Mal do autarca que não se adapta, à medida que o seu mandato vai decorrendo, a isso mesmo. No início temos a pretensão de chegar a todo o lado e tomar todas

as decisões úteis, com o passar do tempo percebemos que temos de priorizar decisões. Elegemos critérios para essas decisões.

Hoje já não me incomoda o feedback negativo de algumas pessoas, mas sim não conseguir resolver os problemas.

O desenvolvimento do concelho é sempre fator determinante na tomada de decisões?

Sem dúvida. Isso já faz parte do feitio, do ADN. Sempre tive essa forma de estar e faço questão de a manter. Nas decisões difíceis, sobre as quais preciso refletir mais profundamente, esse é o meu princípio, o serviço público, o que é melhor para o concelho.

Para executar políticas é preciso ganhar eleições, são ciclos que precisam ser equilibrados e penso que conseguimos fazer isso.

Como exemplo, no ano de 2021, que foi um ano eleitoral, a Câmara Municipal transitou com um saldo de gerência superior ao ano anterior. Não houve uma preocupação nesse exercício.

As decisões difíceis que falou, toma-as aqui no gabinete ou partilha com um núcleo duro?

A decisão final é sempre tomada por mim, mas antes de decidir discuto-a com os mais próximos, com a minha equipa. Gosto muito de ouvir as opiniões, mas a decisão final tem que ser sempre do presidente.

Estão neste momento a decorrer no município algumas obras de relevo

que estarão terminadas no decorrer deste ano de 2023. Que obras são essas e que impacto podem ter em Carrazeda de Ansiães?

Há três projetos que consideramos estruturantes para o desenvolvimento do concelho e os quais abracei desde o primeiro momento em que assumi funções.

Um deles é a ampliação do nosso parque empresarial. Neste momento a primeira fase está em andamento e ficará concluída este ano. Já estamos na fase final do processo de atribuição de lotes.

Este é um projeto muito importante para o concelho porque nos vais permitir, nesta primeira fase, duplicar o número de lotes, são mais 39, dos quais temos já a garantia que vamos entregar mais de 50%.

Houve muita procura?

A procura excedeu a oferta, contudo nem todas as candidaturas cumpriam os requisitos necessários para a atribuição de um lote, de acordo com o regulamento. No entanto, ter uma ocupação de mais de 50% no primeiro aviso, parece-nos bastante importante. Vai permitir a instalação de novas empresas, criando mais postos de trabalho para que mais pessoas se possam fixar aqui e gerar um maior desenvolvimento económico.

Este é um projeto que não fica terminado porque podemos ainda pensar numa segunda fase de ampliação. Esta primeira fase é um sinal importante que Carrazeda de Ansiães é atrativo para a instalação de novas empresas, como é o caso.

Isto é importante também para fixar população?

Claro que sim. O nosso principal problema, à semelhança de muitos outros concelhos do interior, é o despovoamento.

Tudo o que seja atrair novas empresas e permitir a fixação de pessoas é importante.

Outro projeto que estamos a desenvolver, e este ainda em fase de estudos, tem a ver com a construção de uma barragem para regadio, de uma área de cerca de 700 hectares.

Este projeto é tão importante para o setor agrícola, como também em anos de crise para reforço da albufeira de abastecimento público.

Desenvolvemos durante o ano de 2022 o Estudo Prévio e o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), do qual tivemos a declaração positiva em dezembro e agora vamos continuar com o projeto de execução, sensibilizando também o Governo para as questões financeiras que serão necessárias para a construção desta infraestrutura.

Pela importância que tem e pelo impacto financeiro que estes estudos têm no orçamento municipal, em 2023 pensamos que é importante dar esse passo.

Em perfil

10 VIVADOURO JANEIRO 2023
João Gonçalves, Presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães
- Último filme no cinema – Avatar - O livro que está a ler – Um livro sobre as alterações climáticas - A banda da vida – Scorpions, Queen - Não passo sem – O telemóvel - Prato favorito – Bacalhau - Local de férias – Algarve - Em Carrazeda de Ansiães gostava de ter… Um número de munícipes que permitisse ter maior sustentabilidade no concelho - Clube – S. L. Benfica

sempre do presidente”

Durante este ano poderemos também lançar a nossa Estratégia Local de Habitação. Na área social é um objetivo muito importante.

Temos já aprovada a Estratégia e temos também um acordo financeiro com o IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), para nos permitir financiar esta operação no âmbito do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).

Já elaboramos os projetos e temos trabalhado na preparação da sua implementação. Acredito que durante este ano podemos começar a concretizar, o que é muito importante.

Há um quarto aspeto que considero muito importante nos nossos territórios, e que tem a ver com o turismo. O desenvolvimento turístico é um pilar importante para o nosso desenvolvimento económico.

Nesse sentido estamos a projetar a instalação de um balneário termal definitivo, em São Lourenço, na freguesia de Pombal de Ansiães, que seja licenciável. Pensamos que seja possível implementar este projeto ainda em 2023, ou pelo menos dar início às obras ainda este ano.

Será um passo importante para obtermos os objetivos que pretendemos.

Falamos já da desertificação e das carências que provoca. Quais são as carências em Carrazeda de Ansiães?

Temos sempre que pensar naquilo que falamos, na fixação de pessoas. Permitir que os nossos jovens possam ter oportunidades neste concelho e procurar também

que outros venham e que encontrem aqui essas oportunidades.

A atividade económica sem dúvida que é a principal via para possibilitar esse objetivo. Nesse sentido falta-nos investimento público que possa dar um sinal importante aos privados que há todo um mundo de investimento nestes territórios, isso é muito importante.

Quando fala em investimento público, fala em serviços?

Sim, mas também algum tipo de investimento que nestes concelhos, por força de critérios que são escolhidos pelos governos, nos costumam penalizar, mesmo a nível de infraestruturas.

Pode dar algum exemplo?

Os municípios estão muito penalizados neste momento por dois tipos de investimento.

Um tem a ver com o ciclo da água. Investimentos em infraestruturas para abastecimento público de água, saneamento, ou estações de tratamento de águas residuais, são feitos de acordo com uma bitola nacional, esquecendo que investir nestes concelhos, se formos repercutir o investimento no número de utilizadores, é diferente da realidade no litoral. Isto penaliza-nos muito. Só para infraestruturas essências para a qualidade de vida de quem aqui reside e que aqui quer investir.

O mesmo acontece com as infraestruturas rodoviárias. Hoje há uma rede muito grande de Estradas Municipais e, já no Quadro anterior, no 2020 e no 2030, não

há espaço para ajudas na União Europeia para financiar este tipo de requalificações. Estradas Municipais com duas décadas, sem apoios comunitários, são intervenções que causam um impacto muito grande nos orçamentos municipais, faltando depois para investir em outras áreas importantes.

Há também as questões sociais que são cada vez mais prementes.

Há gente em Carrazeda de Ansiães com dificuldade em alimentar-se ou esses casos estão identificados e acompanhados pelo município?

São casos pontuais, devidamente acompanhados. Contudo, quando falamos em qualidade de vida pretendemos bem mais do que ter uma sopa em cima da mesa. As situações emergentes têm sempre resposta.

Falou também da importância da barragem para regadio. Depois de um ano difícil, com um longo período de seca que afetou especialmente o setor agrícola, de grande importância no concelho, é ainda mais importante a execução deste projeto?

É muito importante olhar para este projeto também como uma oportunidade de fixar pessoas.

No nosso concelho uma das principais culturas é a maçã, que precisa de muita água, mas queremos também promover a instalação de novas culturas, que se distingam pela qualidade, dando oportunidade aos produtores de terem maiores

valias do seu trabalho.

Este ano foi um ano dramático em termos de disponibilidade de água. Já não é novidade para ninguém que o nordeste transmontano teve o seu pior ano, desde que há registos, em termos de disponibilidade de água.

No território da CIM Douro terá sido o concelho com maiores dificuldades?

Tivemos um problema não só na agricultura como também em termos de abastecimento público. Não tivemos rotura, nem sequer foi necessário gerir a disponibilidade de água na torneira, muito fruto de uma preparação antecipada e do alerta que demos às entidades que gerem este setor, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Entidade Reguladora, que nos permitiram implementar um Plano de Contingência que possibilitou que não houvesse essa rotura.

A nossa albufeira não é muito grande, está instalada num dos pontos mais altos do concelho e, fruto de muito tempo de seca, chegou a ter 10% de disponibilidade de água, e tinha essa quantidade porque entretanto iniciamos um processo de transporte de água desde o rio Tua.

Além disso tivemos uma espécie de balão de ensaio das alterações climáticas, porque no mesmo ano tivemos também granizo, geadas e um grande incêndio, com uma área ardida superior a 10% do concelho, que teve um grande impacto.

Como autarca, tendo a noção que não pode controlar estes fatores, que sentimento fica no final?

O sentimento é sempre o da procura de caminhos para que a curto e médio prazo consigamos arranjar soluções, ou mitigar, para que as pessoas sofram o menos possível com essas circunstâncias.

De certa maneira os autarcas que estão neste momento em funções, já têm uma grande tarimba destas questões porque basta falar deste ano, com uma série de ocorrências climáticas, mas antes tivemos dois anos de pandemia. Estamos realmente a ter que lidar constantemente com estas realidades, temos que nos adaptar e procurar sempre servir da melhor forma as nossas populações.

O papel do autarca é agora diferente?

Sim. Mudou e está em mudança. Se juntarmos aqui também a Transferência de Competências, mas competências mesmo, não tarefas como tem sido até agora, se o caminho for esse cada vez mais o autarca tem que fazer uma verdadeira governação local nas suas diversas valências.

É totalmente diferente do que era há uma ou duas décadas atrás. ○

11 JANEIRO 2022 VIVADOURO
NOTA PRÉVIA: O VivaDouro prossegue com uma série de entrevistas aos 19 autarcas da CIM Douro.

Vila Real

Design Sustentável é nova aposta da UTAD

Iniciada no atual ano letivo, a licenciatura em Design Sustentável surge com o objetivo de dotar os licenciados do conhecimento e domínio operativo, necessários à aquisição de excelência no desempenho profissional, segundo os parâmetros exigidos atualmente no mercado de trabalho a nível europeu e global.

De acordo com Emídio Gomes, reitor da universidade transmontana, este "é um desafio novo para a UTAD, entrar na área do design através da nossa Escola de Ciências e Tecnologia, num novo conceito desta área que é o Design Sustentável".

Dividida entre dois ramos, Design de Produto Sustentável e Interiores e Ambientes Sustentável, esta licenciatura é vista como uma das apostas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

"É uma visão de que o design do futuro vai ter que integrar dentro de si estes conceitos de neutralidade carbónica e de sustentabilidade ambiental. É uma nova aproximação ao design, não é mais o design de moda como era antes, é pensar de uma forma global e integrada e é nesta dimensão que queremos cada vez mais estar presentes em todas as atividades, a sustentabilidade", explica o reitor.

Para Nuno Sá Leal, Diretor da licenciatura, "é um sonho que se tornou real".

"Este curso nasce de um sonho de ter um curso de design que olhasse à sustentabilidade, não se centrando apenas em criar ferramentas, mas peças que incluam o Ser Humano na sociedade.

Pegando num exemplo de uma cadeira de rodas, o nosso papel não é criar a cadeira, para isso existem os engenheiros, mas podemos trabalhar no design da mesma para que quem a utilize encontre menos barreiras pelo caminho.

Quando me foi feita a proposta para pensar neste curso eu já tinha a projeto pensado. Esteve em cima da mesa o nome de design inclusivo mas consideramos que poderia ser pouco demonstrativo do que era o curso, daí chamá-lo de Design Sustentável".

A visão de Sustentabilidade, que é veiculada ao longo de todo o curso, é ancorada no princípio da inclusividade, não só porque uma sociedade sustentável é, necessariamente, inclusiva, mas porque a crescente diversidade nas sociedades atuais (multiculturais, integradoras de todos os cidadãos independentemente das suas condições físicas, mentais ou sociais), implica que os produtos e serviços satisfaçam uma grande diversidade de consumidores, contribuindo para a sua qualidade de vida e para o bom desempenho de mercado das empresas.

"Outra das funções deste curso é pensar nas acessibilidades, por exemplo, conseguir encontrar a melhor solução para que uma pessoa em cadeira de rodas possa aceder a um restaurante ou espaço de convívio que fique num segundo andar de um edifício.

Nas aulas e projetos que tenho dado tenho sempre a preocupação da inclusividade e sustentabilidade", explica o diretor.

Inicialmente pensado para 60 alunos, o curso acabou por abrir apenas 40 vagas, "que foram todas preenchidas", afirma Emídio Gomes, deixando ainda a garantia que já se pensa em "alargar o âmbito do curso".

Para o diretor foi importante iniciar com um grupo mais reduzido de alunos porque "esta é uma área nova na universidade e é necessária muita adaptação à nova realidade".

No entender de Nuno Sá Leal um grupo mais pequeno de alunos permite ainda "conhecê-los melhor, as suas necessidades e objetivos para o futuro", aproveitando essa informação "para adaptar os ramos em que pretendemos apostar".

Quanto ao alargamento do âmbito do curso, o diretor revela que estão já autorizados "mais dois ramos de design", que irão iniciar no próximo ano, "o processo será semelhante, começar com poucos alunos e ir crescendo paulatinamente".

"Ainda não foi possível fazer as Pós-Graduações, mas ainda este ano pensamos ter um protocolo fechado com um Centro de Investigação para termos um Doutoramento. No próximo ano queremos já ter as autorizações para abrir os mestrados nas áreas que nos interessam.

Temos já um protocolo oficial com a Design For All, que é muito importante porque entre os associados temos empresas e academias de várias partes do mundo, desde a Austrália aos Estados Unidos, México ou Europa. Será uma forma de ir buscar alunos internacionais e dar oportunidade aos nossos alunos de irem lá para fora".

Para o reitor a aposta nesta nova área é uma certeza para a instituição que ao longo do próximo ano terá ainda uma forte aposta em diversas áreas do conhecimento, com destaque para as áreas da vitivinicultura e da enologia.

"O design é uma nova área, a sustentabi-

lidade integra muitas outras, mas há ainda outras que continuaremos a afirmar como a agricultura de precisão, o setor agroalimentar, o fortalecimento da área da saúde, as ciências do desporto e as áreas das engenharias e das Tecnologias, em parceria com o INESC-Tec, da Universidade do Porto.

Em 2023 teremos a afirmação da UTAD no domínio da vitivinicultura e enologia, duas áreas com grande tradição na universidade, com melhores condições internas, e também com a associação às Ciências Gastronómicas e ao Enoturismo.

Em junho ou julho de 2023, teremos espaços de topo mundial seja para experimentação, seja para eventos e apoio às empresas da região, no domínio da enogastronomia. O nosso novo espaço de análise sensorial, Kitchen Lab e apoio a eventos será do melhor a nível europeu. Finalmente concretizamos a nossa adega experimental".

O ramo em Design de Produto Sustentável, permite que o licenciado possa responder às exigências atuais da Indústria Internacional, sendo que as áreas de equipamento, industrial e produto, estão devidamente contempladas.

Além dos princípios base da Sustentabilidade estarem presentes, do início ao fim do curso, está também devidamente contemplada a área de inclusividade, permitindo direcionar o projeto para a diversidade humana, com a preocupação de o incluir na sociedade em que vive.

O ramo em Interiores e Ambientes Sustentável, permite ao licenciado responder às solicitações do mercado atual com preocupações sobre a sustentabilidade dos projetos e a capacidade de avaliar e resolver problemas relacionados com a inclusividade.

A noção do espaço em que o ser humano habita, a necessidade de o tornar sustentável e adaptado à diversidade humana, quer seja no projeto de mobiliário urbano, ou de interiores, passando pela paisagem adjacente ou onde vive, não só está

Inicialmente a UTAD não foi a minha escolha, também porque não sabia da existência do curso mas um colega meu que entrou aqui disse que tinha o ramo de Decoração de Interiores e como era o meu objetivo candidatei-me. A preocupação da sustentabilidade teve algum peso na decisão porque cada vez mais temos que pensar nesta área.

Sermos os primeiros alunos do curso dá-nos uma maior responsabilidade, mas também um orgulho redobrado.

Diana Machado – Vila Real

Eu vim do curso de artes, uma área em que a oferta a nível de ensino superior é ainda escassa e estava já a pensar ir estudar para fora quando ouvi falar deste curso e decidi candidatar-me.

Esta sempre foi a área que gostei, design e artes, por isso acho que é a escolha acertada para mim.

Somos nós que vamos ajudar a criar tudo nesta área, desde o núcleo de estudantes às áreas que o curso deve apostar, o que nos dá alguma responsabilidade extra. ○

12 VIVADOURO JANEIRO 2023
Inês Chaves Bragança presente no decorrer do curso, como é transmitida de forma a que o fator inclusividade nunca seja menosprezado. ○ Emídio Gomes e Nuno Sá Leal

Câmara mantém estratégia de alívio da carga fiscal para famílias e empresas

O Município de Alijó continua a pautar a sua atuação em torno da promoção da qualidade de vida dos munícipes, da promoção do crescimento económico e da manutenção da coesão social.

Esta estratégia reflete-se na preocupação permanente em reforçar o poder económico dos munícipes e em aliviar as famílias e as empresas do fardo fiscal através da redução de impostos, sem comprometer o equilíbrio financeiro da Autarquia.

Assim sendo, e no seguimento da política municipal de alívio da carga fiscal, a Câmara de Alijó volta a reduzir a taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) a favor dos munícipes, fixando-a em 0,35 %, ainda que isso implique necessariamente um decréscimo nas receitas municipais.

O Município continua também a aplicar o benefício fiscal sobre o IMI Familiar, medida da qual beneficiarão cerca de 600 famílias de todo o Concelho. No que diz respeito à participação variável

no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS), a Câmara de Alijó desce a sua participação para uma taxa de 3,3%, contribuindo diretamente para o aumento dos rendimentos dos contribuintes do Concelho.

Relativamente à Derrama, foi mantida uma taxa reduzida de 0,5% a aplicar a sujeitos passivos, com volume de negócios no ano anterior que não ultrapassem 150

Município alarga “Escola Virtual” a todas as crianças e jovens do Agrupamento de Escolas

mil euros, benefício já aplicado no ano anterior.

Estas medidas refletem um significativo esforço financeiro do Município, que demonstra estar atento à atual situação social vivida pelas famílias e empresas do Concelho, marcada pela escalada dos preços da energia, dos combustíveis e das matérias-primas, e pela inflação generalizada.

Este pacote fiscal concretiza as opções do Executivo para este ano que vão ao encontro das necessidades dos munícipes e agentes económicos, prosseguindo a luta contra as desigualdades, reduzindo assimetrias e afirmando o Concelho de Alijó como um território de oportunidades, capaz de atrair e fixar população.

Tendo em vista a prossecução de uma gestão equilibrada, mas também ambiciosa e dinâmica, o Executivo definiu como prioridades para o ano de 2023 a continuação do aprofundamento de um verdadeiro Estado Social Local nas áreas da Saúde, Educação, Habitação e Mobilidade; o incremento da recuperação do tecido económico e do emprego; o combate à desertificação através da promoção da natalidade e uma política abrangente de apoio à família; assim como o prosseguimento de uma vasta política de investimentos públicos estratégicos com vista à afirmação da nossa Terra.

O novo pacote fiscal foi aprovado na última sessão ordinária da Assembleia Municipal, sob proposta do Executivo Municipal. ○

Execução de Faixas de Gestão de Combustível de 2023 a cargo da E-REDES

O Município de Alijó está a proceder à entrega dos manuais com os acessos gratuitos à plataforma pedagógica “Escola Virtual” a todos as crianças e jovens do Agrupamento de Escolas D. Sancho II de Alijó.

Além dos alunos do 5º ao 12º ano que já usufruíam desta ferramenta digital desde o ano letivo 2019/2020, este apoio foi agora alargado passando a abranger também o Ensino Pré-escolar, o 1º ciclo do Ensino Básico e o Ensino Profissional.

Esta medida tem como objetivo aliviar os encargos das famílias com filhos em idade escolar, assim como contribuir para um ensino de excelência e para o sucesso escolar dos alunos.

Esta plataforma disponibiliza métodos de estudo e acompanhamento mais atrativos e eficazes, orientados para o sucesso escolar dos estudantes, e oferece uma aprendizagem em múltiplos suportes, fomentando o estimulo de competências de forma individualizada, desafiante e motivadora. ○

O Município de Alijó informa que a E-Redes, entidade gestora das redes de distribuição de energia elétrica média e alta tensão, vai proceder a trabalhos de limpeza nas faixas de combustível nas freguesias do Pinhão, UF de Castedo e Cotas,

UF de Vale de Mendiz, Casal de Loivos e Vilarinho de Cotas, São Mamede de Ribatua, Favaios, Alijó, Sanfins do Douro e UF de Carlão e Amieiro.

Consulte o edital e respetivo mapa no site do município. ○

13 JANEIRO 2022 VIVADOURO Alijó

Vila Nova de Foz Côa

Ensino Superior era ambição antiga em Foz Côa

Através de um protocolo assinado com o Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o Município de Vila Nova de Foz Côa, liderado por João Paulo Sousa, realizou uma antiga ambição com a abertura da primeira turma do Ensino Superior no concelho.

“Isto é uma aspiração antiga que tínhamos, todos os autarcas que passaram por aqui tentaram trazer o Ensino Superior para Vila Nova de Foz Côa, felizmente conseguimos cumprir agora esse desejo”, afirma João Paulo Sousa, autarca fozcoense.

No distrito da Guarda, excluindo Seia onde o IPG tem uma Escola instalada, Foz Côa é o único concelho que tem um curso superior, deslocado do Politécnico.

De acordo com o autarca, para que o

sonho fosse realidade foi necessária “alguma insistência e persistência para encontrar a consistência necessária entre o Presidente da Câmara e o Presidente do Instituto Politécnico, Joaquim Brigas”.

“Ouvi as entidades locais e as aspirações dos alojamentos e do setor do turismo e ficou evidente que era importante termos aqui um curso superior ligado ao turismo. A designação do curso ficou “Alojamentos Turísticos e seus derivados”.

A aposta na formação neste setor é “importante” para o município porque “cada vez chegam mais turistas e temos que os saber receber bem. Hoje a exigência do mercado é cada vez maior, portanto temos que os saber receber bem, com qualidade e profissionalismo, para que voltem”.

Apoios garantidos aos alunos

A funcionar desde o dia 3 de janeiro, o município tem já alguns apoios específicos para os alunos. Para aqueles que são do concelho o município suporta os custos das propinas, para os estudantes deslocados, “como é o caso de dois alunos dos PALOP que estão cá”, é garantido o alojamento.

Solidificar para crescer Perspetivando o futuro, João Paulo Sousa quer agora “solidificar este projeto”.

“Foi muito difícil conseguirmos arrancar com este curso, não descarto a abertura de novos cursos, mas neste momento é importante solidificar este curso”.

Cativar alunos após secundário A divulgação do curso passará também pelos alunos do secundário de Foz Côa

porque, afirma o autarca, “há muitos alunos que saem do ensino secundário e têm dificuldade em encontrar uma solução credível para prosseguirem os estudos. Aqui têm a possibilidade de ter um curso superior, se depois pretenderem ir para o IPG terminar a licenciatura terão inclusivamente equivalência em algumas cadeiras”.

Desta forma o município pretende “segurar em Foz Côa os mais jovens por forma a colmatar a falta de mão-de-obra especializada que existe na região no setor do turismo”.

Com uma turma em funcionamento são “para já”, sublinha o autarca João Paulo Sousa, “17 alunos, sendo que dois deles são dos PALOP”, um objetivo que se “pretende aumentar” à medida que os anos forem passando. ■

14 VIVADOURO JANEIRO 2023
Autarquia e IPG no momento da formalização do protocolo

Cidade Europeia do Vinho 2023 tem dezenas de iniciativas planeadas

No ano em que o Alto Douro Vinhateiro celebrou os 20 anos de distinção como Património da Humanidade, o Douro recebeu, em Bruxelas, uma nova distinção, “Cidade europeia do Vinho 2023”. Ao longo deste ano a região será o epicentro europeu no setor dos vinhos e da vinha, uma oportunidade para a economia e o turismo da mais antiga região demarcada do Mundo, havendo já dezenas de iniciativas programadas nos 19 municípios da CIM Douro.

“All Aroud Wine, All Around Douro” é o lema da candidatura do Douro Cidade Europeia do Vinho 2023, que a região ostentará como um desiderato primordial na garantia do presente e do futuro do nosso território.

Tido como um dos maiores desafios coletivos que o Douro já assumiu em toda a sua História, materializando o desejo e o pulsar de toda uma região, neste projeto deposita-se também a vontade de um território que é, segundo Miguel Torga, “a realidade mais séria que temos” em Portugal.

Com esta distinção como Cidade Europeia do Vinho 2023, o Douro acalenta o desejo legítimo de que a região seja um

grande contribuinte das exportações nacionais, faça do vinho e da vinha uma alavanca concreta e real para o desenvolvimento da sua economia e riqueza de quem aqui vive e trabalha.

“Pretende-se que o território transmita, represente e seja uma marca económica, social e cultural com notoriedade, um exemplo de interação harmoniosa do Homem com a Natureza. Depositamos na essência deste projeto o espírito autêntico e solidário do Douro, a região vitivinícola demarcada e regulamentada mais antiga do Mundo”.

REGIÃO UNE-SE NA DISTINÇÃO

Os 19 autarcas da CIM Douro estão preparados para dar corpo ao desafio “Douro Cidade Europeia do Vinho 2023”, juntamente com as entidades locais e regionais e os cerca de 22 mil produtores, assumindo a urgência da valorização do produto e a construção de uma região equilibrada e com sustentabilidade.

“Abrir o Douro ao Mundo é ademais outro propósito desta candidatura. A região do Douro, durante décadas a fio, centrou-se apenas e só na produção de vinho. Hoje o Douro, território de paisagens carismáticas com alma e atitude, com o seu aprazível rio navegável, tem a ambição legítima de trazer o Mundo ao

Douro. E será esta descoberta do Douro, esta vivência do Douro in situ que gerará mais valias ao que produzimos, ao que aqui criamos, ao nosso vinho, à nossa vinha, à nossa gente.

Esta é uma oportunidade para promovermos o enoturismo, a cultura e o património e podermos receber condigna e amplamente os visitantes, evidenciando o vinho como elemento estratégico e essência da nossa atividade económica”.

IMAGEM UNIFORMIZADA NA REGIÃO

Atendendo à dimensão deste projeto e ao envolvimento do todos os seus municípios, a partir de 1 de janeiro de 2023 todos adotarão a mesma imagem nas suas comunicações com o exterior, todos “vestirão” a mesma camisola do Douro do Vinho, da paisagem, da cultura e do Património.

CARRAZEDA DE ANSIÃES RECEBE PRIMEIRO MOMENTO

A primeira ação do “DOURO - Cidade Europeia do Vinho 2023” acontece em Carrazeda de Ansiães, no dia 29 de janeiro, com o I Encontro Intermunicipal de "Cantadores de Janeiras".

Para este evento estão já confirmados grupos de cantadores de janeiras dos 19

municípios da CIM Douro. Cada grupo cantará uma música, animada por instrumentos musicais típicos do folclore Português. Durante o evento a CIM Douro terá ainda um stand à disposição do público para degustação dos vinhos do Douro.

O I Encontro Intermunicipal de “Cantadores de Janeiras”, acontece no dia 29 de janeiro (domingo), a partir das 14h30, no Largo da feira, em Carrazeda de Ansiães.

OUTROS EVENTOS JÁ NA AGENDA

Abrir o Douro ao mundo é um dos propósitos da candidatura, assim a CIM Douro irá participar na FITUR, Feira de Turismo Internacional, no Pavilhão de Congressos em Madrid, entre os dias 18 e 22 de janeiro.

A Gala de apresentação do Douro Cidade Europeia do Vinho será no dia 4 de fevereiro, pelas 21 horas, no Multiusos de Lamego.

No Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, a região terá uma presença permanente atraindo turistas para a região.

Estão ainda planeadas participações em diferentes certames nacionais e internacionais junto do Parlamento Europeu e das comunidades portuguesas.

15 JANEIRO 2022 VIVADOURO Região

Moimenta da Beira

Câmara assina protocolo “Formação + Próxima” com a Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego

É um programa que visa estimular a economia e a atividade turística local através da formação. O protocolo de colaboração, no âmbito do plano “Formação + Próxima”, foi assinado recentemente nos Paços do Concelho, pelo Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Paulo Figueiredo, e pelo Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego, Miguel Duarte.

As duas instituições deram assim um passo importante na concretização do Plano “Reativar o Turismo - Construir o Futuro” pela ampliação de conhecimentos e qualificações dos profissionais do turismo local. O protocolo do programa “Formação + próxima” envolve os municípios do território continental e 12 escolas do Turismo de Portugal numa parceria mobilizadora de mudança estratégica, com vista à capacitação na “arte da hospitalidade”.

A Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego realiza esta capacitação de forma a acrescentar valor ao tecido

Peva: Festas de Santo Antão no dia

Estão de regresso, em Peva, Moimenta da Beira, as tradicionais Festas em Honra de Santo Antão, no dia 22 de janeiro. O programa do padroeiro dos animais é sempre carregado de tradições populares, eminentemente pagãs, mas também religiosas, que atrai sempre muita gente.

A organização é de uma comissão de festas constituída por populares da aldeia, que conta com os apoios da União de Freguesias de Peva e Segões, pertencentes ao Município de Moimenta da Beira, e da associação “Baldios, Terras de Aquilino Ribeiro”, em parceria com a Câmara Municipal. Programa 08h30 – Início das romagens ao Santuário com oferendas

empresarial local e aos respetivos territórios, para revigorar as competências de gestão das empresas assim como elevar a qualificação dos profissionais do setor e promover a captação e atração de talento, qualificando pessoas de outros setores e/ ou desempregados que queiram ingressar no setor do turismo.

Esta formação em turismo é financiada no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência – PRR e pensada para contribuir para a valorização das empresas do setor e de toda a cadeia de valor do turismo nacional, num programa de formação certificada que as empresas podem usar para preencher os seus planos de Formação profissional contínua obrigatória dos seus ativos, sem custos.

A Escola de Hotelaria e Turismo do Douro-Lamego disponibiliza os conhecimentos técnicos avançados dos profissionais desta Escola, em programas personalizados que vão ao encontro das necessidades das diversificadas empresas, das pessoas e da atividade turística de toda região nordeste de Portugal. ○

de janeiro

A ideia não é nova mas foi implementada pela primeira vez no concelho. Envolve cadernetas e cromos. Os colecionadores gostam e os clubes e associações desportivas saem a ganhar.

A ideia foi desenvolvida pela Câmara Municipal de Moimenta da Beira e concretizada a 19 de dezembro, com a entrega das cadernetas (cerca de 300) e dos cromos colecionáveis (mais de 60 mil) aos representantes dos sete clubes e associações desportivas com atletas federados.

A coleção é composta por uma Caderneta Oficial onde se podem colar os cromos com os rostos dos praticantes de todas as seis modalidades: andebol, atletismo, cicloturismo, ginástica, futebol e futsal

dos seguintes clubes e associações: Clube Desportivo de Leomil, Clube de Desporto e Recreio, Escola de Atletismo Trilhos da Maçã; Escola Prática de Andebol, Gente da Nave – Associação de Promoção Social Alvite, Movimenta Associação Ginástica e Formação e Pedaladas Clube Cicloturismo.

Os colecionadores poderão adquirir a caderneta, no valor de 5 euros, e as respetivas saquetas com quatro cromos, no valor de 50 cêntimos, nos clubes/ associações desportivas incluídas neste projeto. Neste momento estão disponíveis 300 cadernetas e 60 mil cromos.

“A inovação adotada por esta medida possibilita que a nossa sociedade tenha um conhecimento mais

próximo da comunidade desportiva”, explica o Presidenta da Câmara Municipal, Paulo Figueiredo.

“É uma forma indireta de apoiar financeiramente os clubes e as associações incluídas neste projeto. O Município colocou nesta fase algum capital que se transformará em liquidez em função das vendas que cada clube ou associação conseguir fazer”, afirmou o Vereador do Desporto, Hugo Bondoso.

Os colecionadores, que terminarem a caderneta até ao final do mês de janeiro, receberão um prémio surpresa. Neste momento, já finalizaram 24. A comprovação deve ser feita no Balcão Único de Atendimento localizado no edifício dos Paços do Concelho de Moimenta da Beira. ○

Nasceu no Brasil, onde estavam emigrados os pais, mas as raízes estão todas em Vila da Rua, Moimenta da Beira, onde vivia desde os 9 anos. Isabel Gomes Sarmento, que segundo a Wikipédia era a pessoa mais idosa de Portugal, faleceu no dia 12 de janeiro, com 112 anos, feitos no dia 27 de dezembro. Veio ao mundo no longínquo ano da implantação da República, 1910.

Teve cinco filhos e, entre netos, bisnetos e uma tetraneta, são 16 no total. A mais nova das filhas, Otília Sarmento, com 73 anos, vive em Moimenta da Beira, Maria Gorete, de 76, em Amarante e Maria Cândida, a mais velha, com 91 anos, está a viver no Brasil.

O funeral realizou-se no dia seguinte, às 15 horas, no cemitério de Vila da Rua. ○

16 VIVADOURO JANEIRO 2023
Faleceu a mulher mais idosa de Portugal. Tinha 112 anos e vivia em Vila da Rua, Moimenta da Beira
11h00 – Eucaristia solenizada – Procissão Igreja Paroquial 12h00 – Bênção dos Animais 14h00 – Realização do leilão das oferendas 15h00 – Marrada de Carneiros e Luta de Bois 16h30 – Cagadela da Vaca (prémio: 1 borrego) Caderneta Oficial de Cromos para ajudar clubes e associações desportivas
22

Grande afluência de público marcou o regresso da Feira de Reis a Vila Verde

A tradição voltou a cumprir-se em Vila Verde com a realização de mais uma edição da centenária Feira de Reis, evento que atrai cada vez mais visitantes.

“Esta feira é uma das maiores do concelho de Alijó, senão mesmo a maior, atrai imensa gente do distrito de Vila Real e já ansiávamos o seu regresso há muito, é uma celebração centenária por isso está muito enraizada nos nossos costumes.

Era uma feira onde se juntavam tradicionalmente os pastores com os seus rebanhos de cabras e ovelhas. Com o passar do tempo os pastores foram desaparecendo, ainda vamos tendo alguns no concelho, mas poucos.”, explica Toni Afonso, presidente da Junta de Freguesia.

“Este é um evento centenário, que a autarquia não só não quer deixar morrer como continua a apoiar, apostando na sua divulgação que vai dando frutos com a forte adesão que se regista”, explicou António Boal, vereador com a pasta da agricultura no município de Alijó.

Argumentos que levaram centenas de pessoas até Vila Verde onde nem o frio parecia ser uma barreira à festa, “com um Favaios que se pode beber nas barraquinhas ninguém sente frio”, garantia Toni Afonso.

Um dos pontos altos deste certame, que tem vindo a ganhar dimensão a cada ano, foi o tradicional Concurso de Gado. Além dos prémios habituais para o gado bovino, esta edição distinguiu também os melhores rebanhos das raças autóctones de gado ovino e caprino do Concelho.

“Este ano chamamos produtores de bovinos de outras regiões para que a feira do gado, essência desta festa, não se perdesse. Juntamos também os nossos rebanhos de ovelhas e cabras que queremos continuar a apoiar”, afirmou Toni Afonso

“Houve alterações que foram necessárias fazer nesta edição mas destacamos a presença dos nossos rebanhos de ovinos e caprinos”, explica António Boal.

O vereador alijoense destaca ainda “as verbas que o município atribui aos criadores de gado”, que visam “fomentar e manter a pastorícia viva no concelho, evitando assim a falta de pastores e gado, um setor importante para a zona norte do concelho de Alijó”.

O programa incluiu ainda um almoço-convívio de cariz solidário, que teve como finalidade angariar fundos para o Centro Social, Recreativo e Cultural de Vila Verde, instituição que dispõe de várias valências de apoio a crianças e idosos e que visa melhorar a qualidade de vida da comunidade.○

17 JANEIRO 2022 VIVADOURO Alijó
As suas reclamações ajudam-nos a defender cada vez melhor o planeta. As suas dúvidas, ideias ou elogios também. Para tudo isso, agora tem a Linha da Reciclagem. Não sabe onde colocar um resíduo? Quer reagendar uma recolha? A Linha da Reciclagem responde. E o planeta agradece. Quem liga ao ambiente, liga. Papel e Cartão Vidro Plástico, Metal Pacotes de bebida DEITA CÁ PARA DENTRO D EITA CÁ PARA FORA linha da reciclagem.pt Tudo o que for reciclável Dúvidas, sugestões ou reclamações Número Gratuito

Freixo de Espada à Cinta

Sarau dos Reis uniu duas gerações em palco

Município prepara presença na FITUR

O Auditório Municipal de Freixo de Espada à Cinta encheu-se, no passado dia 8, para assistir ao Sarau dos Reis, uma iniciativa protagonizada pelas alunas e professores/técnicos da Universidade Sénior e que contou com a colaboração especial das crianças que frequentam as AEC´s da EB1 do Agrupamento de Escolas Guerra Junqueiro.

Entre muita música, teatro e dança, foi visível o trabalho, empenho e entusiasmo de todos os intervenientes que conseguiram captar a atenção do público, o qual, ao longo de todo o espetáculo, se mostrou bastante animado e aderiu em massa a esta iniciativa.

Antes do espetáculo, o Presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira, agradeceu a presença de todos e deu os parabéns pela organização desta iniciativa, preparada com muito afinco e vontade, e que teve a particularidade de juntar em palco duas gerações muito importantes para o concelho: os mais velhos - aqueles que nos enriquecem com a sua experiência de vida e conhecimento; e os mais novosaqueles que são o futuro do concelho e

que começam agora a traçar o seu caminho na sociedade. O autarca congratulou ainda todos os professores/técnicos que trabalham no desenvolvimento deste projeto pelo seu trabalho e dedicação, fundamentais para levar este tipo de iniciativas a bom porto.

Mais uma vez ficou patente o compromisso do Executivo Autárquico de Freixo de Espada à Cinta em continuar a trabalhar na dinamização da cultura no concelho nas suas mais variadas formas, oferecendo novas experiências, perspetivas estimuladoras e horizontes culturais, apoiando todas as manifestações artísticas, assim como os projetos associados ao bem-estar na velhice, à promoção do envelhecimento ativo, saudável e cuidado da população sénior do nosso concelho. Este Sarau foi, claramente, um desses casos, uma iniciativa que juntou a defesa e preservação de uma tradição secular, como é o caso do Cantar dos Reis, com a transmissão de conhecimentos e a partilha de ensinamentos entre gerações, que resultou num bonito e simbólico momento de cooperação e de amizade intergeracional. ○

O Município de Freixo de Espada à Cinta marcará presença na FITUR 2023 – Feira Internacional de Turismo de Madrid, que decorre de 18 a 22 de janeiro, reconhecida como um dos maiores eventos a nível mundial no que ao sector do turismo diz respeito, tendo superado todas as expectativas em 2022, ao registar a presença de mais de oitenta mil profissionais do setor provenientes de 127 países e centenas de milhares de visitantes.

Este ano, o Município de Freixo de Espada à Cinta reforçará a sua presença neste certame internacional ao estar presente em dois pavilhões: no Pavilhão Espanha, através de stand promocional em parceria com o Ayuntamiento de Lumbrales, e no Pavilhão Europa em parceria com a CIM Douro.

Mais uma vez, o foco desta participação passará pela divulgação turística do território, da economia local e da promoção das tradições e produtos endógenos como o vinho, o azeite e azeitona, e a amêndoa produzidos no concelho. A seda, ex-libris de Freixo de Espada à Cinta, estará em destaque nes-

te certame, com a presença das artesãs que irão trabalhar ao vivo na extração da seda e tecelagem do produto final.

Criar contactos e desenvolver futuras parcerias e negócios, capazes de criar cadeias de valor, rentabilizar marcas e de levar o nome de Freixo de Espada à Cinta mais além, é mais um dos objetivos que norteiam o investimento que está a ser feito pelo Executivo Autárquico de Freixo de Espada à Cinta para o desenvolvimento e projeção nacional e internacional do concelho e de todas as suas caraterísticas singulares e da oferta turística existente. Ao marcar presença nestes eventos internacionais de promoção turística, o Município de Freixo de Espada à Cinta visa potenciar e valorizar o que de melhor existe no território, dando a estas potencialidades únicas o valor e destaque que merecem, através da dinamização de estratégias e promoção de ações direcionadas especificamente para os diferentes públicos-alvo, consolidando o concelho de Freixo de Espada à Cinta enquanto destino turístico com crescente prestigio e notoriedade. ○

18 VIVADOURO JANEIRO 2023

Auditório Municipal recebeu Encontro de Cantadores de Janeiras

Decorreu no passado dia 6 de janeiro, Dia de Reis, o XVIII Encontro de Cantadores de Janeiras da organização do Município de Santa Marta de Penaguião.

Depois de dois anos de interregno, fruto da COVID-19, a tradição de cantar ao menino Jesus e dar as boas vindas ao novo ano, voltou ao palco do auditório municipal. Num ambiente acolhedor e trajados a rigor, seis grupos de cantares concelhios encantaram todos os presentes com a sua alegria e boa disposição.

A noite ficou ainda marcada pela entrega dos prémios do quadro de excelência a 66 alunos do Agrupamento de Escolas que viram recompensados os seus esforços e dedicação ao estudo tidos durante o ano letivo de 2021/2022. Pelas mãos do Presidente da Câmara Municipal, da Vice-presidente e da Diretora do Agrupamento de Escolas, os

E, porque a noite também foi de solidariedade, 25 alunos do Agrupamento foram agraciados com medalha “Solidarius” que reconhece e valoriza o sentimento humano da entreajuda. Estes alunos revelaram uma atitude altruísta e digna de reconhecimento, dedicando o seu tempo a ajudar os seus colegas a atingirem melhores resultados.

Para finalizar a noite, e para dar por oficialmente terminada a época natalícia, o Município penaguiense revelou os nomes das montras premiadas no Concurso de Montras D’Ouro que contou com a participação de doze estabelecimentos comerciais penaguienses. De salientar que os resultados foram apurados através dos votos da população penaguiense durante o mês de dezembro e início de janeiro. Em 3º lugar, ficou a montra Dona Otília, em 2º a montra Emoções em Crochet e o 1º lugar ficou para a montra Casa das Flores. ○

Implementação de Desfibrilhação Automática Externa nos espaços públicos

A morte súbita cardíaca é causada por uma arritmia cardíaca chamada fibrilhação ventricular, que impede o coração de bombear o sangue. O único tratamento eficaz para a fibrilhação é a desfibrilhação elétrica que consiste na administração de choques elétricos ao coração parado, possibilitando que o ritmo cardíaco volte ao

Escola Básica recebeu “Selo Escola Amiga da Nutrição e Alimentação”

uma política alimentar saudável e segura.

De referir que o “Selo Escola Amiga da Nutrição e Alimentação” é um selo de qualidade, que procura incentivar, através de uma distinção pública, a implementação de um conjunto de normas, garantindo os requisitos obrigatórios para uma alimentação saudável e de higiene, saúde e segurança alimentar ao nível do bar e refeitórios escolares.

normal.

Nestes casos, a probabilidade de sobrevivência é tanto maior quanto menor for o tempo decorrido entre a fibrilhação e a desfibrilhação.

É sabido que quanto mais precoce e maior for a acessibilidade da vítima ao tratamento, melhor é a sua capacidade de sobrevivência, recuperando as condições que tinha antes do evento.

Para garantir maior segurança e uma atuação rápida numa situação de paragem cardiorrespiratória, o Município de Santa Marta de Penaguião passou a ter desde o dia 22 de dezembro cinco equipamentos instalados nas Piscinas Municipais, Pavilhão Desportivo Municipal, Câmara Municipal, Auditório Municipal e Estádio Municipal, tendo sido ministrada formação interna em SBV/DAE a trinta funcionários. ○

No passado dia 12 de janeiro, foi atribuído à Escola Básica de Santa Marta de Penaguião, o “Selo Escola Amiga da Nutrição e Alimentação” – SEANA - como referência local para boas práticas no âmbito de

A cerimónia de entrega contou com a presença do Executivo Municipal da autarquia local, da Direção do Agrupamento de Escolas e de todos os envolvidos neste projeto do ACES Douro Norte, ficando o compromisso de todos em continuar a apostar em refeições nutricionalmente equilibradas, saudáveis e seguras para toda a comunidade educativa. ○

19 JANEIRO 2022 VIVADOURO
Santa Marta de Penaguião
alunos receberam um cheque de 50 euros (alunos do 1º ciclo) e de 100 euros (alunos do 2º e 3º ciclo), totalizando um investimento municipal de 4.850 euros na Educação e nas crianças que são “o futuro de Santa Marta de Penaguião”.

Carrazeda de Ansiães

Exposição “Douro” por Casal de Aguiar Inscrições a decorrer para a Escola de Música

Inauguração da exposição “Douro e outras paisagens” do pintor Manuel Casal Aguiar. Um Douro observado através de apontamentos de um caderno de viagem registados durante uma viagem pela região, exemplos da paisagem humana duriense permanentemente vivida e desenhada nas imensas viagens pela Linha do Douro.

Mais tarde, suporte para o desenvolvimento de um projeto de painel de azulejos situado no muro exterior da Estação de Caminhos de Ferro da Régua.

Esta exposição compõe um conjunto de experiências onde a cor assume a intenção da mensagem a passar, no todo, a permanente procura do “essencial” através de meios e instrumentos simples do desenho e da pintura como reflexo de um profundo encantamento provocado pela paisagem e gentes do Douro.

Para ver no Centro de Inovação Tecnológica Inovarural de Carrazeda de Ansiães (CITICA) a partir do dia 16 de janeiro.

Exposição patente de 16 de janeiro a 17 de abril de 2023. ○

Como forma de continuar a proporcionar cultura musical e formação a todos os amantes de música, o Município de Carrazeda de Ansiães informa que estão a decorrer as inscrições para a Escola de Música.

As inscrições são feitas no Gabinete de Apoio ao Munícipe (GAM) até ao dia 27 de janeiro. As aulas dividem-se em iniciação e formação musical, coro e instrumentos (cordas, sopro e percussão).

Para dúvidas ou mais informações contacte o GAM através de email para geral@ cmca.pt ou pelo telefone 278610200. ○

Agenda Cultural de janeiro

O primeiro mês do novo ano traz consigo algumas atividades ditas natalícias típicas desta época, os Reis foram cantados no dia 08 de janeiro para preservar esta tradição cultural e as Janeiras terão o seu momento no final do mês.

Ainda na "onda" da preservação de tradições foi apresentado o nº5 de Revista da Memória Rural no dia 7 de janeiro, no Museu da Memória Rural em Vilarinho da Castanheira. Na sétima arte há uma novidade no calendário, dia 20 de janeiro chega

a sala de cinema Os Fabelmans.

Ainda nas artes estará patente desde o dia 08 de janeiro até 23 de abril a Exposição "Douro" pelo artista Casal de Aguiar na sala de exposições temporárias no CITICA. ○

Encontra-se em discussão pública até ao próximo dia 06 de fevereiro de 2023, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil de Carrazeda de Ansiães.

O Plano encontra-se à disposição do público para consulta, no Gabinete de Apoio ao Munícipe, todos os dias úteis, das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00 e no sítio da Internet do Município.

As propostas, observações ou sugestões deverão ser dirigidas ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, por via postal ou através do endereço eletrónico (geral@cmca. pt) dentro daquele prazo.

20 VIVADOURO JANEIRO 2023
Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil de Carrazeda de Ansiães em consulta pública

Município de Armamar distinguido com Selo de Qualidade da Água

O Município de Armamar foi distinguido com o Selo de Qualidade Exemplar de Água para Consumo Humano, pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR).

Os “Prémios e Selos dos serviços de águas e resíduos”, são uma iniciativa da ERSAR para distinguir as entidades gestoras destes serviços. São atribuídos os Selos da: qualidade

do serviço de abastecimento público de água; qualidade do serviço de saneamento/gestão de águas residuais urbanas; qualidade do serviço de gestão de resíduos urbanos; qualidade exemplar de água para consumo humano e; qualidade para o uso eficiente da água.

Com estes prémios a ERSAR procura, numa lógica de avaliação permanente dos serviços, manter o esforço coletivo de prestação de serviços de exce -

Inscrições para a Montaria ao Javali em Armamar a decorrer

Estão a decorrer, até ao próximo dia 1 de fevereiro, as inscrições para a montaria ao javali que se realiza a 25 do mesmo mês.

Serão atribuídas 120 jornadas. Havendo um número de inscrições supe -

rior, realizar-se-á um sorteio a 13 de fevereiro às 11 horas, para atribuição das mesmas.

Os sorteados devem preferencialmente adquirir essas jornadas até ao dia 17. ■

lência que respondam às solicitações da sociedade.

Os serviços de abastecimento público de água, saneamento, gestão de águas residuais urbanas e gestão de resíduos urbanos evoluíram muito positivamente nas últimas décadas em Portugal e é isso que se pretende manter.

Os “Prémios e Selos dos serviços de águas e resíduos” são uma iniciativa da ERSAR em parceria com o Jornal

Água & Ambiente. O júri é composto por elementos da: Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas (APDA); Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental (APESB); Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos (APRH); ESGRAAssociação para a Gestão de Resíduos; APEMETA - Associação Portuguesa de Empresas de Tecnologias Ambientais e; DECO - Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. ○

Câmara Municipal corta duas vias ao trânsito

A Câmara Municipal de Armamar cortou ao trânsito desde a manhã do dia 13 de janeiro, a Estrada Municipal (EM) 1101, que liga Santo Adrião à Estrada Nacional 222 na foz do rio Tedo, bem como o caminho rural que liga a localidade do Marmelal à zona de Pay Calvo.

A EM 1101 estará cortada numa extensão de 750 metros entre a N222 e a entrada do Hotel Vila Galé Douro Vineyards.

A Proteção Civil Municipal de Armamar, acompanhada dos técnicos de urbanismo da Autarquia, estiveram ontem nos locais e determinaram que a utilização destas vias não garante condições de segurança aos utilizadores.

Está em causa o perigo de derrocadas e deslizamento de terras. ○

21 JANEIRO 2022 VIVADOURO Armamar

Entrevista VIOLANTE SARAMAGO “Uma

esquecemos

Antes de toda a sua atividade profissional, sente-se ser desde nova uma figura pública só pelo facto de ser filha de José Saramago? Como lidou com essa mediatização e até por ser a única filha do premiado escritor?

Eu não sou figura pública (seja isso o que for, tenha a importância ou a dimensão que tiver) pelo facto de ser filha do meu pai ou da minha mãe, pelo contrário, foi sempre muito desconfortante. Tanto que, a certa altura, decidi usar apenas o apelido do meu marido e, portanto, durante muito tempo pouquíssimas pessoas sabiam quem eram os meus pais. Porquê? Apenas porque faz parte da minha maneira de ser, porque preciso de ser eu, de saber que o que conta é o que penso, o que digo, o que faço, e não por o meu pai ser X ou a minha mãe ser Y. Para mim, essa opção não serve. Nunca alimentei nem fiz o meu percurso pessoal, profissional ou cívico, a ser ‘a filha de’.

Sou filha deles, sou a única filha deles, e tenho nisso um imenso orgulho e sinto por isso uma imensa responsabilidade. Orgulho e responsabilidade que, agora que tenho 75 anos e uma vida feita e construída por mim, também significam que não faça qualquer sentido não assumir publicamente quem sou, nem estar comprometida com as comemorações dos seus Centenários.

Tendo sido a sua mãe – a primeira mulher de Saramago e das melhores gravadoras portuguesas – alguém reconhecida entre os pares na sua arte, por que razão não é tão falada ou mais conhecida ainda?

A minha mãe foi tão excecional gravadora, quanto tímida e reservada. Foi essa timidez e essa reserva que, em grande medida, a afastaram de uma visibilidade e de uma presença pública no campo das artes plásticas que, de facto, se justificava e merecia. Chegou a ser convidada para ser representada por um importante galerista de então e recusou, por achar que não tinha qualidade para tal e que o convite só decorria da amizade. E ninguém a conseguiu demover!

A minha mãe gravava ‘à mão e com suor’ (como se fazia então), era a goiva que escavava a madeira, era o buril que sulcava a chapa, fosse ela de zinco ou de cobre, eram os ácidos e as resinas e as colagens que que depois serviam para enriquecer as matrizes. A tiragem em grandes prensas era manual. E a minha mãe fez tudo isto no período de ouro da gravura portuguesa. Entretanto adoeceu, e a violência de ser gravadora impossibilitou, por isso, que continuasse a gravar.

A qualidade do seu trabalho e a inovação que nele colocou foram, e são, reconhecidos por conhecedores a apreciadores da arte de gravar, mas sei que o facto de se fechar muito sobre si e sobre o trabalho impediu, muito, um reconhecimento mais alargado.

Licenciou-se em Biologia, tendo sido professora do Secundário. Estando hoje

o Ensino como está, e com o desrespeito crescente pela classe docente, voltaria a lecionar?

Sim, voltaria.

Também foi técnica de controlo laboratorial de alimentos. Por muito controlo que haja, saberemos sempre exatamente o que estamos a comer, dadas as muitas alterações que se vão efetuando? Como saber se um produto é efetiva e totalmente de qualidade?

Para ser rigorosa, em ambas as perguntas a resposta é ‘não’. Mas importa perceber o que são estes ‘nãos’.

No primeiro caso, o ‘não’ quer dizer que saber o que se come não decorre das alterações que o produto original possa sofrer. Há produtos, como os enchidos, que são tratados, e saberemos o que comemos se a rotulagem for bem feita e, entre outros, estiverem expressos a matéria prima, as substâncias adicionadas e os métodos de conservação. Houve alteração do alimento original, mas podemos saber o que comemos.

No segundo caso, o ‘não’ significa que em qualquer momento pode acontecer que um alimento, de grande qualidade na origem, se altere até por descuido: por exemplo um alimento que é colocado numa mesa que não está limpa (e isso pode acontecer na nossa casa) pode ser o suficiente para o deteriorar, microbiológica ou quimicamente. O nosso

cuidado é, por isso, muito importante, até porque o controlo de qualidade só nos diz se o alimento que foi sujeito a análises laboratoriais apresenta valores que estão de acordo com os parâmetros legalmente definidos.

Há 53 anos casou com o seu atual marido, que era então militante ativo do MRPP. Foi por aí inerente a sua incursão ativista e política – foi deputada e vereadora camarária –, ou pelo facto do seu pai ter sido militante comunista e candidato a várias eleições?

Sim, há 53 anos. E já agora, esclareço, atual e único!

A minha atividade/intervenção política (deputada, vereadora, cidadã) não resultou do meu marido nem do meu pai, se os considerarmos como agentes motivadores, resultou antes de mais de mim, de pensar sobre o mundo e do que entendo serem as responsabilidades de cada um, enquanto cidadão que se preocupa.

Os meus pais contribuíram para a minha formação, claro que sim. Com o meu marido a relação foi e é obviamente diferente, é a relação de um casal em que cada um pensa e que os dois pensam em conjunto, podendo estar de acordo, ou não. Confesso que nunca tive muito jeito para me deixar ir pela mão…

Podemos deduzir que é uma insatisfeita com a Esquerda em Portugal, olhando

ao facto de ter passado, pelo menos, pelo MRPP, pelo PS e pelo BE? Que menção faz da política atual e abrangente do nosso país?

Nunca militei no PS. Fui militante do PCTP/ MRPP durante alguns anos e tive uma militância muito breve no BE.

Posso não concordar, e não concordo, com tudo o que a Esquerda faz ou diz – essa é condição natural e consequência inevitável de quem pensa. Mas não é a Esquerda que me incomoda, não é a Esquerda que me insatisfaz, não é contra a Esquerda que me posiciono. É contra a direita e em particular contra a extrema-direita. E este princípio deve ser a regra de ouro também no nosso país.

Arrepende-se dos motivos que a levaram a ser presa pela PIDE e ter estado três meses na cadeia de Caxias? Na altura, a filha Ana tinha um ano de idade. Se fosse hoje, teria feito algo diferente? O quê e de que modo?

Não, não me arrependi dos motivos que me levaram à prisão e que foram, tão simplesmente, os da luta pela democracia, pela liberdade, por direitos, pelo fim da guerra colonial. Não agiria de modo diferente.

Estamos a comemorar o centenário natalício do seu pai. De tudo o que tem sido feito e recordado, acha que ele iria gostar, ou o que falta ainda para celebrá-lo melhor?

22 VIVADOURO JANEIRO 2023
DR

“Uma das dificuldades que temos é que aprendemos pouco e esquecemos depressa”

Carreira das Neves é exemplo.

Eu tenho uma interpretação própria quanto às polémicas. O jornal do Vaticano, quando ele morreu em Junho de 2010, fez-lhe um ataque sórdido – sobretudo porque dirigido a alguém que já não pode responder – o que parece esclarecedor vindo de quem declara reger-se pelos grandes valores do catolicismo…

Mas também não esqueço que em 2020, no décimo aniversário da sua morte, é no mesmo jornal, o Osservatore Romano, que se lê por exemplo:

“Com efeito, a denúncia da opressão e da iniquidade que corroem o espírito humano distinguiu grande parte da sua vasta produção, na qual ele frisa frequentemente que se perdeu o sentido de solidariedade e que esta perda levou a sociedade contemporânea e as suas estruturas de poder a tornar-se profundamente míopes”. É claro que o Papa era outro, Francisco.

Sobre o DN em 1974, conheço muito bem o meu pai. Falei com ele sobre o assunto e não tenho qualquer dúvida em acreditar no que me contou.

Tendo-se declarado o pai como ateu e ateísta, qual a razão de ter falado então de Deus, algumas vezes, de Alguém que não conhecia nem queria conhecer? Não devemos falar, apenas, daquilo / daqueles em que acreditamos?

pais se divorciam ou se é preso político.

Vive numa região lindíssima, a Madeira. Conhece outra igualmente linda: o (Alto) Douro. Fale-nos de alguma experiência aqui vivida e/ou que gostaria ainda de nela viver…

Vivo numa região que tem um território que poderia continuar a ser muito bonito se não fosse tão agredido com intervenções humanas que o descaracterizam e que o tornam muito mais vulnerável, além de que não resultam quaisquer benefícios para as populações e que apenas são concretizadas por incontrolados interesses económicos e financeiros. Uma ilha é sempre um território muito frágil. Más intervenções têm péssimas consequências.

O Alto Douro é outro território impressionante e, esperando que não se cometam os erros que têm existido na Madeira, desejo se mantenham as condições que permitiram a classificação patrimonial atribuída pela UNESCO.

acima de tudo ensinamentos. Há talvez duas um pouco mais especiais, dois grandes fios condutores da minha vida. Uma, de quando estive presa e ele me disse que, já que eu não queria que me pagassem a fiança, teria que ir buscar forças ao dedo grande do pé. E uma outra, mais de dez anos antes, a propósito de uma redação, a pedido da professora, sobre Goa. Nem deixou que lha lesse, só me perguntou como é que eu escrevia sobre uma coisa de que, como eu própria confessava, sabia Nada!

E que memória tem do seu avô paterno e do que ele lhe contava a propósito de ter sido artilheiro no combate da Primeira Guerra Mundial?

O meu avô era muito protetor e nunca me falou de guerra.

Acho que gostaria, sim. Creio que gostaria de ver que não foi só o estudo académico, nas universidades, nas cátedras, mas que pelo mundo se multiplicaram milhares de grandes e pequenas iniciativas. E eu não valorizo uma grande e imponente iniciativa – que as houve – menosprezando uma pequenina realização. E foram tantas, todas feitas à medida das capacidades e das possibilidades de cada um, de cada pessoa, de cada grupo, mas todas foram um contributo imenso de muitíssima gente que o lê, que o respeita, que o estuda, que o acarinha, que o honra – grupos de leitura, dança, teatro, escolas, coletividades, entidades públicas e privadas, associações, iniciativas digitais, revistas dedicadas, eu sei lá! Todas foram sentidas e respeitosas, todas com dignidade e sentido porque foram genuínas.

Apesar do enorme orgulho que tem pelo seu pai, em algum momento se distancia da sua ideologia, quanto às polémicas que teve sobre a Bíblia, com a Igreja, o Papa Bento XVI – agora falecido – e o jornal DN em 1974?

Eu não me distancio do meu pai, não. Ele sempre pensou por si e disse o que pensava, de forma clara e inequívoca. Não era homem de rodeios ou meias palavras. Também não fugia ao debate e não foram poucas as vezes em que protagonizou momentos de grande profundidade, de que o debate com

Em primeiro lugar, eu não coloco na minha boca palavras que seriam dele, isto é, não me substituo a ele para justificações ou explicações. Não tenho esse direito e não o faço!

Em segundo lugar, e esta é a minha apreciação pelo que conheço dele, pelo que vi e ouvi, acredito que não haverá muitos milhares de milhões de pessoas que tivessem estudado mais os Textos Sagrados do que ele.

Em terceiro lugar, quantas pessoas falam de Maomé? Ou de Buda? E todas elas acreditam neles?? Parece-me um pouco redutor que este princípio se aplique apenas a uma parte, ou a um homem, este, mais em particular.

Concorda, por exemplo, com uma citação controversa dita pelo pai, em entrevista (ao Luís Osório e publicada em livro), em que refere: “a verdade não existe”?... Como assim, “não existe”?!

Tenho que admitir que não me lembro dessa frase nem do seu contexto, nem sei qual seja o livro. É-me, pois, impossível falar sobre isto.

Nessa mesma entrevista, o pai descreve a solidão que viveu na sua própria infância. A Violante também viveu momentos de solidão na sua infância, que não só aquando da separação dos pais ou quando foi prisioneira?

A minha infância foi uma infância muito feliz e nada solitária.

E não é de solidão que se trata, quando os

Há algum tempo que não vou aí e a região onde estive há menos tempo foi em Murça/ Foz Coa/Freixo de Numão, e para além do impacto paisagístico que a região me causou, posso garantir que não esqueço o casal de camponeses, já com muita idade, que no dia que saímos de Murça esperava no caminho para nos dar um saco de batatas que ele, o senhor X (propositadamente não o identifico até porque não sei se ainda vive), tinha ido apanhar de manhã. O que posso também dizer é da enorme vontade, ainda adiada por razões diversas, de conhecer outras aldeias e vilas, hábitos e costumes. De percorrer esta terra de socalcos e de paisagem agreste mas tão orgânica que o rio Douro, depois de ter encontrado o seu caminho sempre sinuoso bem lá no fundo dos vales, parece equilibrar. Apenas porque lá está!

Aliás, no Douro e concretamente na UTAD, apresentou em 2022 o seu novo livro: “de memórias nos fazemos”. E que memória tem dessa sessão e do facto dessa universidade ter criado uma Cátedra com o nome do seu pai?

Uma excelente e muito querida memória. E foi um prazer e uma honra ter recebido esse convite da parte do Professor Carlos Nogueira, responsável pela primeira cátedra José Saramago em Portugal. Não podia sentir-me de outro modo.

No que toca ao livro em si, o seu quinto publicado, qual aquela memória que lhe é mais grata, mais peculiar, que mais gosta de recordar e abordar? Porquê?

É verdade que é o quinto livro para ‘gente crescida’ há alguns mais, seis em concreto, para ‘gente miúda’ – talvez seja por causa desse meu gosto pelo ensino que gosto muito de escrever para os mais pequenos.

As memórias são episódios ou situações que marcaram tanto que nunca esqueci, são

Relativamente a isto, nomeadamente a esta invasão da Rússia à Ucrânia há quase um ano, de que forma a analisa e prevê o seu (não) desfecho? Daqui eclodirá uma guerra ainda maior, à escala global, e onde está o sentir/sentido universal da Paz?

A invasão de um país soberano por outro é um ato violador de todos os princípios do direito internacional. A independência nacional e a segurança e o bem-estar dos povos deviam ser regras de ouro da política. Não são! Nesta situação não sei qual será o desfecho, mas nada apaga a violência e o terror que sofrem as vítimas. Também não sei quais os mecanismos que permitirão opor a Paz a todos os interesses económicos e políticos em jogo mas, se esses mecanismos não forem encontrados numa negociação que terá que situar-se no campo da política e da diplomacia, esta guerra será só mais um passo para um conflito muitíssimo maior e mais destruidor.

Uma das dificuldades que temos, enquanto espécie, é que aprendemos pouco e esquecemos depressa.

Por fim, peço-lhe uma mensagem final aos nossos leitores, de carácter inspirador e motivador para este novo ano de 2023…

A Humanidade está a atravessar uma situação extremamente complexa, com problemas gravíssimos e muito diversificados. São os sistemáticos ataques aos regimes democráticos, são as múltiplas situações de guerra, é a consciente negação dos Direitos Humanos, são as profundas alterações climáticas que ameaçam tornar-se irreversíveis. A isto somam-se, tantas vezes, as opiniões públicas frouxas, sem força ou desinteressadas. Se não dizemos nada, se não fazemos nada, se não lutamos por objetivos justos, todas as guerras estão perdidas. É absolutamente imperativo inverter este rumo. Que cada um de nós possa crescer e aprender a tornar-se um real agente de intervenção consciente. ○

23 JANEIRO 2022 VIVADOURO
DR

Murça / Vila Real

Marcelo Rebelo de Sousa visitou Murça e Vila Real

No âmbito da viagem que fez por territórios atingidos pelos incêndios do último verão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve nos concelhos de Murça e Vila Real, onde abordou também a questão da segurança rodoviária.

Em Murça, a receção oficial da comitiva presidencial, que integrou ainda o Ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, teve lugar nos Paços do Concelho, e contou com formatura de uma companhia de Bombeiros Voluntários.

Seguiu-se uma visita pela área afetada pelos últimos incêndios. Na localidade de Penabeice, foi feito um contacto com a população, e um encontro com idosos, que habitam sozinhos, referenciados e apoiados pelo “Programa de Apoio a Idosos” da GNR, onde o Presidente da República presenciou uma videochamada com os seus familiares.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou o momento para, em nome de todos os portugueses, agradecer o trabalho, esforço e empenho dos bombeiros.

“Todos foram heróis, mas alguns dos heróis mais importantes foram os bombeiros”, ressalvou o presidente.

Marcelo aproveitou ainda para destacar o papel do autarca Mário Artur Lopes, durante o incêndio, estando sempre junto das autoridades e disponibilizando todo o apoio da autarquia.

Na sua visão, o tema da prevenção dos incêndios só “entra na cabeça dos portugueses” quando se avizinha o Verão, algo que é preciso mudar. Para o Presidente da República é necessário “planear, preparar e pensar” um pouco mais à distância. Apesar do fogo ser um “inimigo” que aparece muitas vezes sem as pessoas estarem à espera, Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que a prevenção “ajuda muito”.

Além de destacar o papel dos bombeiros no combate aos incêndios, o Chefe de Estado apontou ainda o das forças de segurança, das autarquias e das diferentes entidades.

O fogo que deflagrou em julho, em Murça, terá consumido mais de dez mil hectares em três concelhos do distrito de Vila

Real, nomeadamente em Murça, Vila Pouca de Aguiar e Valpaços, para onde se estendeu, revelou, na altura, o presidente de Murça, Mário Artur Lopes.

“Mais de metade do concelho de Murça foi atingido por este incêndio”, afirmou o autarca que aproveitou para a gradecer a visita do Presidente, esperando que a mesma sirva para ajudar a divulgar os problemas com que os territórios do interior se debatem.

Já em Vila Real a comitiva foi recebida no aeródromo municipal com uma visita à equipa helitransportada da UEPS/GNR, à qual se seguiu um simulacro de acidente e assistência às vítimas por parte dos bombeiros da Cruz Branca e Cruz Verde.

O Chefe de Estado assistiu ainda a uma operação de fiscalização rodoviária e esteve presente no briefing operacional de balanço da operação de Natal e apresentação da operação Ano Novo, feito pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), PSP e GNR.

Durante a cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que “está nas mãos dos portugueses” evitar que existam mais vítimas mortais e feridos nas estradas, defendendo que são os portugueses que decidem se querem maior segurança rodoviária.

“É uma questão de bom senso. Os portugueses podem despedir-se de um ano, entrando no outro não correndo risco de segurança rodoviária. Podem voltar do contacto com as famílias ou partir não pondo em risco a segurança rodoviária, podem regressar aos países onde se encontram tentando não por em risco a segurança rodoviária”. ○

24 VIVADOURO JANEIRO 2023
Desde 1980 The Romantic Tavern tlm: 933788570
Em Murça com José Luis Carneiro, Marcelo Rebelo de Sousa e Executivo Autárquico Em Vila Real, Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Santos

Torre de Moncorvo

Torre de Moncorvo recebeu Circuito Cultural Lusófono 2023

Uma comitiva da Ribeira Grande de Santiago/Cidade Velha de Cabo Verde esteve, no passado dia 11 de janeiro, em Torre de Moncorvo, no âmbito de uma parceria com a Associação de Municípios do Baixo Sabor.

Da iniciativa fez parte uma oficina na Santa Casa da Misericórdia de Torre de Moncorvo, um passeio pelo património cultural da vila e a receção na Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, seguida de

uma reunião que contou com a presença do executivo municipal, com os produtores do concelho presentes na plataforma Moncorvosoto.pt e o Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago/ Cidade Velha.

À noite, teve lugar no cineteatro de Torre de Moncorvo o espetáculo etno-musical "Strada Santiago" do grupo de canto e dança tradicional Bawtuquinhas PBS. ○

25 JANEIRO 2022 VIVADOURO

Opinião

Unidade

de Saúde Pública do ACES Douro I

sionais do Setor da Saúde têm aumentado significativamente, o que pode estar relacionado com a maior sensibilização dos profissionais para valorizarem e notificarem este tipo de situações, sendo que na maioria dos episódios reportados o alvo são médicos, enfermeiros e assistentes técnicos, e o tipo de violência é violência psicológica. No entanto estão também descritos vários episódios de assédio e violência física.

O contexto de prestação de cuidados de saúde pode gerar ambientes vulneráveis e propensos à violência. São vários os fatores que podem concorrer para os episódios de violência nestes contextos, fatores relacionados com cada indivíduo, com as relações entre os indivíduos, fatores sociais e ambientais.

Embora se compreenda que muitos dos episódios de violência contra os profissionais de saúde decorra da insatisfação com os serviços, ou com os cuidados prestados, o recurso à violência nunca pode ser a resposta, devendo o direito à reclamação ser tratado em sede própria. Importa referir, e destacar, que a violência, incluindo a que ocorre no Setor da Saúde, é considerada crime no âmbito do Código Penal Português.

O Plano de Ação para a Prevenção da Violência no Setor da Saúde (DGS, 2020) traz-nos uma reflexão sobre a violência nos diversos contextos de Saúde, numa ótica de prevenção, e assegurando, em caso da sua ocorrência, uma resposta efetiva, célere e ajustada às necessidades da vítima.

Dados da DGS revelam que a notificação de episódios de violência contra profis-

Estes dados revelam a necessidade de adotar medidas que visem apoiar as vítimas, mitigando as consequências da violência e prevenindo episódios futuros, intervindo sobre as suas causas. O objetivo passará pela aposta em contextos de qualidade, confiança e justiça, como ponto de partida para a criação de um ambiente de trabalho mais seguro e saudável. A qualidade da informação prestada aos utentes e a aposta na literacia em saúde são também estratégia para a redução de episódios de violência no Setor da Saúde, que podem ser trabalhados localmente, em cada unidade de saúde.

Ambientes de trabalho seguros e saudáveis, previnem situações de violência aumentando a satisfação do trabalhador e resultando num serviço de melhor qualidade.

É importante reconhecer que a violência tem graves consequências para a saúde das pessoas atingidas. Quando estas pessoas são profissionais de saúde naturalmente fica colocada em causa a qualidade e segurança dos cuidados prestados.

Sejamos todos agentes promotores da segurança nos cuidados de saúde. O direito à reclamação não deve ser prejudicado, mas deve seguir os trâmites legais, nunca o caminho da violência.

Cuide de quem cuida de si! Aposte no diálogo, não na violência! ○

26 VIVADOURO JANEIRO 2023
Ana Luísa Santos Emília Sarmento Helena Pereira Enfermeiras Especialistas em Enfermagem Comunitária Violência no Setor da Saúde

Já se encontram abertas as inscrições à 3ª edição do programa Upskill

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL), pertencente ao Instituto Politécnico de Viseu, em parceria com a Claranet irá realizar uma nova Academia de Desenvolvimento de Software Python. Esta parceria tem como objetivos principais colmatar a escassez de talento nas Tecnologias de Informação no mercado português e proporcionar a criação de postos de trabalho qualificados na Região do Douro.

O curso conta com o apoio e cofinanciamento do IEFP, terá lugar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, com a Claranet a assegurar a componente dos estágios a realizar pelos estudantes que tiverem avaliação positiva em todos os módulos.

Para o diretor da Escola Superior, Miguel Mota, “esta oferta formativa na região de Lamego está em linha com a estratégia da ESTGL em se afirmar também como um pólo de inovação e tecnologia de excelência.

Nos últimos anos temos consolidado parcerias com empresas de referência na área tecnológica que pretendem apostar na nossa região em tecnologias inovadoras.

A aposta da ESTGL no ensino tecnológico, bem como em consolidar estas parcerias com, permite-nos potenciar a criação 150 postos de trabalho qualificados nos próximos 3 anos, na região de Lamego.

Para isso, é necessário termos condições/instalações para a criação de um Pólo de Inovação Tecnológico que possibilite que as parcerias com estas empresas possam crescer. Estes pólos já se encontram constituídos em outros municípios como é o caso de Évora, Castelo Branco, Fundão e outros.

É neste sentido, que é essencial que possamos unir esforços de modo a criar as condições para aproveitar estas oportunidades únicas para a nossa região

O responsável da instituição explica ainda que este programa tem como objetivo a requalificação de pessoas nas várias áreas das Tecnologias de Informação e Comunicação, resultando da colaboração entre diferentes entidades.

“O Programa UPskill visa a requalificação de pessoas desempregados ou em situação de subemprego nas várias áreas das Tecnologias de Informação e Comuni-

cação (TIC). São as empresas com atividade no mercado nacional que identificam as áreas tecnológicas e as vagas de emprego, de acordo com as suas necessidades efetivas de talento.

Este programa resultou de um encontro de vontades e da colaboração estreita entre a APDC, o IEFP a Academia (CCISP, ISCTE e Universidade do Algarve), que estruturaram este projeto de âmbito nacional com o objetivo de dar resposta à crescente procura de talento qualificado em TIC pelas empresas do mercado. Às pessoas, vindas de áreas consideradas sem empregabilidade, foi lançado o desafio de entrarem num processo de requalificação e serem atores ativos nas várias áreas das TIC.

O Estado, através do IEFP, assume o papel de principal financiador do Programa, contribuindo para tornar o país cada vez mais competitivo, ao garantir profissionais qualificados e empresas fortes e preparadas para um mundo em profunda transformação e digitalização”.

A duração do curso é de 9 meses e cada aluno terá direito a uma bolsa mensal. Para + informações e candidaturas consulta o site do Programa Upskill.pt ou através do email: geral@estgl.ipv.pt ○

Esta é a tua oportunidade

27 JANEIRO 2022 VIVADOURO Lamego
DURAÇÃO : 9 MESES BOLSA MENSAL LOCAL: LAMEGO
+INFORMAÇÕES - www upskill pt
.PT

Boticas

XXV Feira Gastronómica do Porco em Boticas retomada com enchente

Após dois anos de interregno forçado devido à pandemia Covid-19, com o evento a realizar-se apenas online, a Feira Gastronómica do Porco, em Boticas, regressou com milhares de visitantes e muita animação para a 25ª edição, inaugurada pela Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira.

Com milhares de visitantes a passar pelo Pavilhão Multiusos de Boticas, o autarca, Fernando Queiroga, aproveitou a intervenção inaugural para expressar a redobrada satisfação pelo regresso do certame ao regime presencial.

“Depois de dois anos de pandemia que nos obrigou a adotar estratégias para fazer face às exigências do momento, conseguimos, finalmente, voltar a receber todos aqueles que habitualmente visitavam este certame.

Foram dois anos duros para os produtores de fumeiro, mas felizmente, voltamos mais fortes, com garra e sobretudo determinação para dar continuidade e mais notoriedade ao certame, que já é uma referência na zona norte do país”.

Os produtores locais foram os principais visados no discurso do autarca que quis ainda deixar “uma palavra de apreço e estima aos nossos produtores que, apesar das dificuldades, durante estes dois anos conseguiram adaptar-se a novas formas de vender os seus produtos e assim ter algum retorno financeiro do seu trabalho”.

O autarca aproveitou ainda a presença da Secretária de Estado para acrescentar que “a administração local, nomeadamente os municípios,  estão a dar provas viáveis de que, graças à descentralização de competências, é possível fazer uma gestão mais equitativa, ajustada às necessidades das populações”.

A importância “destes certames para a realidade da economia local, com impacto na divulgação e valorização dos produtos endógenos, em especial da região do Alto Tâmega e Barroso”, foi o principal destaque nas declarações da Secretária de Estado, Isabel Ferreira, que realçou ainda que “uma das medidas e estratégias do Governo passa por apoiar o interior do país, através da descentralização de competências, o que contribui naturalmente para uma maior coesão territorial”.

“Este território tem riquezas e potencialidades que devem ser canalizadas para o crescimento e valorização da região”, finalizou Isabel Ferreira.

Terminada a cerimónia, o Presidente da Câmara aproveitou para oferecer a Isabel Ferreira uma peça de artesanato feita por um artesão local, representativa do território, classificado como Património Agrícola Mundial.

Logo de seguida decorreu a habitual visita aos stands de fumeiro, produtos alimentares e artesanato presentes no certame. ○

A ideia partiu de um familiar que vive em Lisboa, e que a certa altura nos falou de um bolo rei salgado que se fazia por lá, e questionou-nos porque não fazíamos com o nosso fumeiro. Criamos este bolo e foi logo um sucesso, temos tido muita procura. Só utilizamos fumeiros daqui de Boticas, da melhor qualidade.

Estar aqui é uma forma de nos darmos a conhecer um pouco mais e ajudar a promover os nossos produtos e o nosso concelho.

Estes dois anos sentimo-nos encurralados, agora já conseguimos respirar.

É completamente diferente estar aqui, ver as pessoas e falar com elas, do que estar em casa a receber encomendas pela internet.

É também importante para o nosso negócio, vendemos sempre muito fumeiro aqui com toda a gente que passa por esta feira.

O segredo do nosso fumeiro são os animais, a qualidade deles, a qualidade do nosso clima e da forma que os tratamos.

28 VIVADOURO JANEIRO 2023
Antonino Aleixo – Bolo Real Barrosão Maria José – Produtora de fumeiro

MARQUÊS DE SOVERAL Homem do Douro e do Mundo

Acinco de Outubro de 1922 falecia, em Paris, Luís Maria Pinto de Soveral, - o Marquês de Soveral, ilustre personagem duriense e um dos portugueses mais relevantes na história da diplomacia portuguesa.

Ocorre este mês o centenário do seu falecimento.

A Câmara Municipal de S. João da Pesqueira, a Confraria Queirosiana de Vila Nova de Gaia e a Associação dos Amigos de Pereiros, de S. João da Pesqueira, constituíram-se em Comissão Organizadora para a comemoração

ARegião Demarcada do Douro tem sido generosa no aparecimento de personalidades que, ao longo de séculos, contribuíram, de forma indelével, para a sua distinção em Portugal e a sua afirmação no Mundo.

Luís Maria Augusto Pinto de Soveral foi uma individualidade que se distinguiu na arte da diplomacia, num período histórico conturbado, repleto de acontecimentos tumultuosos e desafiantes para a Humanidade, dotado de uma natural capacidade de antever cenários, assente num caráter pragmático e irrepreensível. Acrescente-se a sua enorme dedicação à causa pública, tendo-lhe sido atribuídas as mais distintas condecorações pelos ser-

viços prestados em vários países europeus, com destaque para a normalização das relações entre Portugal e Inglaterra após o Ultimatum de 1890.

Na multiplicidade das relações pessoais que foi granjeando em Portugal, permanentemente relacionado e em contacto com os setores intelectual e político do país, e no estrangeiro, onde conviveu com os mais destacados e influentes atores da sociedade europeia nos séc. XIX e XX, sempre ostentou com orgulho as suas origens durienses, chegando a ser cognominado de vinhateiro por Eça de Queiroz.

Para além da ligação umbilical que possuía com a região que o

CENTENÁRIO do MARQUÊS de SOVERAL

bro de 2023.

Contactado o VIVADOURO, jornal mensário da e para a região do Douro, a Comissão Organizadora, encontrou a maior recetividade para durante os doze meses da comemoração do centenário acompanhar os diversos eventos, mas também dar a conhecer, o “Homem do Douro e do Mundo” através de entrevistas, reportagens e depoimentos.

Aqui deixamos o nosso agradecimento pela disponibilidade e colaboração.. ■

A Comissão Organizadora

viu nascer, chegando a ser proprietário e produtor de vinho, foi um defensor ativo e decisivo da denominação da marca Porto - alvo de adulterações um pouco por toda a Europa -, no exercício das suas funções enquanto diplomata e influencer nos mais variados cenários de decisão, num período em que o vinho do Porto representava um quarto das exportações portuguesas.

Devemos considerar o Marquês de Soveral uma personalidade única, a par de outras individualidades que se destacaram em diferentes áreas da já secular e rica história portuguesa, pela sua forma de ser, de estar e de atuar, um cidadão que encarnou na plenitude o

Marquês de Soveral, homem “encantador, urbano, polido e espirituoso. Adorava mulheres e era tido como o melhor dançarino da Europa”. Virgínia Cowles - Jornalista ameriCana

espírito do conceito portugalidade Saramago, que considerou o Douro a 8.ª Maravilha do Mundo, na obra a Caverna refere que o tempo é um mestre de cerimónias que sempre acaba por nos pôr no lugar que nos compete. Recordar a vida e a obra do Marquês de Soveral é um imperativo, um desígnio, mesmo um dever para todos nós, Durienses. Este é o tempo, por ocasião do centenário do seu desaparecimento físico, de evocarmos o seu exemplo, de evidenciarmos o seu trabalho, de perpetuarmos a sua memória, de o colocarmos no patamar devido da história portuguesa.

Brindemos, com um cálice de Porto, ao mui nobre e ilustre duriense Marquês de Soveral!

29 JANEIRO 2022 VIVADOURO
Comissão Organizadora: José Cardoso Rodrigues Câmara Municipal de S. João da Pesqueira J. Gonçalves Guimarães Confraria Queirosiana Alberto Silva Fernandes Associação dos Amigos de Pereiros
Centenário // 4 VIVADOURO JANEIRO 2023
do Centenário do Marquês de Soveral, com diversos eventos para o período de Outubro de 2022 a Outu-

Opinião

João Barroso

- Vice-Reitor para a Inovação, Transferência de Tecnologia e Universidade Digital - UTAD

A inovação e o desenvolvimento tecnológico criaram condições para novas formas de organização das empresas e do trabalho. As tecnologias de comunicação e as plataformas de colaboração permitem que se criem ecossistemas de empresas nos locais onde antes seria muito difícil. Agora, que é possível instalar empresas de ponta em locais do Interior, está aberta uma janela de oportunidade que os atores locais podem aproveitar. Olhando para as últimas décadas, recordamos o tempo em que não havia desenvolvimento no Interior, em que

A oportunidade da ferrovia de alta velocidade

as novas vias de comunicação prometiam trazer o desenvolvimento mas “não trouxeram pessoas, antes, levaram-nas”. Hoje, podemos ter desenvolvimento local, com ecossistemas de empresas sediadas localmente (nearshores) que comunicam e trabalham com o resto do mundo. Pode parecer paradoxal, mas o papel das acessibilidades nunca foi tão importante. Nesta nova organização do trabalho, há um aspeto que designo por “fluidez” e que é essencial para que estes ecossistemas locais cresçam e sejam bem-sucedidos num mundo global. Esta “fluidez” prende-se com a capacidade de as pessoas trabalharem à distância, através de meios telemáticos, mas também de se deslocarem facilmente, sempre que necessário. Dou o exemplo de uma empresa

localizada em Vila Real, com escritórios no Porto e clientes distribuídos pela Europa. O conjunto dos meios necessários para que haja “fluidez” de circulação a nível local e regional tem sido desenvolvido. O Porto dispõe de um serviço de metro que liga vários pontos relevantes da cidade, incluindo o aeroporto, e ligações aéreas para o resto da Europa. Falta a ligação ao Interior, porque a autoestrada atual não proporciona a tal “fluidez”. O exemplo de outros países mostra-nos que, nestes casos, o comboio é insubstituível. Imagine-se o que seria entrar no comboio em Bragança e passados 75 minutos estar no centro do Porto, aproveitando a viagem para trabalhar. O transporte ferroviário está na agenda do Governo e será um fator determinan-

te para consolidar os ecossistemas empresariais no Interior. Fala-se de diversas linhas a construir nos próximos anos, que ligarão as cidades grandes com as mais pequenas, nomeadamente a linha de Trás-os-Montes, do Porto a Bragança e à rede de alta velocidade europeia. A concretizar-se, esta linha seria transformadora para toda a região e garantiria a tal “fluidez” de circulação que a nova forma de trabalho necessita para se consolidar. Importa, assim, que os atores locais estejam muito atentos e participem na discussão à volta do desenho destas novas vias, assegurando condições para o desenvolvimento das suas regiões. O investimento pelo investimento poderá fazer sentido para alguns, mas não garante benefícios efetivos para o Interior. ○

Na prossecução dos objetivos de proximidade aos agentes do setor e, também, no sentido da melhoria do desempenho processual interno, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, I.P. (IVDP) submeteu uma candidatura para reconhecimento da European Foundation for Quality Management (EFQM), que foi coroada de êxito.

O Modelo de Excelência que agora o instituto ostenta, atribuído por uma estrutura reconhecida mundialmente, valida que a organização está no caminho

Domingos Nascimento

Gestão do IVDP com certificação europeia de excelência

certo para melhorar o seu desempenho, no contexto de modernização administrativa digital e, como tal, melhor preparada para encarar os desafios do futuro.

Através de uma autoavaliação baseada no Modelo de Excelência da EFQM, identificaram-se os pontos fortes e áreas de melhoria, tendo em conta as capacidades e competências, conjugadas com as expetativas e as orientações da tutela e as necessidades dos agentes económicos e de outras partes interessadas.

O próprio Instituto dos Vinhos do Douro e Porto comprometeu-se com o envolvimento dos parceiros com quem trabalha neste processo de avaliação, reforçando a estreita colaboração que já

vem tendo nas mais variadas vertentes, no respeito por uma orientação estratégica de transparência de procedimentos, trabalho em rede e aproveitamento de sinergias. Está, assim, o IVDP mais preparado para planear as suas atividades de forma estruturada e segmentada, conseguir ganhos de eficácia processual, de monitorização e avaliação.

A certificação da European Foundation for Quality Management reveste-se da maior importânciae permite ao instituto passar a integrar o restrito lote de empresas que consegue alcançar tal selo de excelência.

Continuaremos, consequentemente, a trilhar o caminho da desmaterialização

e otimização de processos de trabalho, com o intuito de dar respostas à altura dos anseios dos stakeholders da fileira, bem como a pugnar pela melhoria da qualidade dos serviços e os tempos de resposta, o que permitirá, igualmente, diminuir custos operacionais.

O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto entra em 2023 fortemente comprometido em abraçar todas as iniciativas que estimulem um clima favorável à tecnologia, inovação e modernização funcional – fatores importantes para ajudar a criar condições para que a competitividade das organizações e a produtividade das empresas sejam cada vez maiores. ○

O Douro é Cidade. Cidade do Vinho.

Cidade Europeia. Neste ano de 2023!

Cidade conceptual e simbólica. Aqui, na circunstância, Cidade de cidades, vilas e aldeias, numa região fantástica!

Cidade de um rio, de muitos rios. De montes em socalcos. De montanha flo-

restada. De planaltos ricos e bem agricultados.

A cidade da maçã, da castanha, do azeite, da cereja, da amêndoa, da baga do sabugueiro. E, da vinha e do vinho. Do Porto, do Douro, de Távora Varosa.

O Douro é a cidade menos densamente povoada do país. Os humanos não abundam. Mas, estruturalmente rica, pelo carácter, robustez e resiliência, das pessoas!

É nas pessoas que deve estar o foco. Nas suas preocupações, problemas e

ambições.

Nestas terras de realidades culturais que se complementam, nasce no ano de 2023 este abraço de vinho. Aqui são os aromas e sabores que se aproximam para se fazer a região maior que a soma das partes.

O Douro, a cidade, não deixará de estar agarrado ao compromisso com os grandes objetivos do desenvolvimento sustentável. Podendo fazer bandeira das dimensões organizacionais, económicas, culturais, ambientais e sociais que esta união permite potenciar.

O Douro pode estar a viver um momento histórico. A cidade do Douro é um modelo de gestão territorial inovador.

Sendo ainda mais realista se o Douro for a Cidade das três cidades relacionais, o Douro Superior, o Douro Norte e o Douro Sul.

O Douro, depois de em 2023 ser a cidade europeia do vinho, será, assim o espero, sempre, a cidade da humanização!

O vinho é o motivo, as pessoas são o objetivo! ○

30 VIVADOURO JANEIRO 2023
Presidente da Agência Social do Douro Gilberto Igrejas Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I. P. (IVDP)
O vinho é o motivo, mas que as pessoas sejam o objetivo!
31 JANEIRO 2022 VIVADOURO
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