Edição de julho 2017

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Feira Medieval leva milhares de visitantes a Penedono

Especial Douro Património Mundial Entrevista com Jorge Dias

P. 7

Especial Douro Património Mundial Entrevista com José Nicolau de Almeida P. 12 e 13

Vila Real Circuito Internacional regressou à cidade P. 8

Reportagem VivaDouro

Sernancelhe

Linha do Tempo: Fique a conhecer os eventos marcantes no Douro em 2016

SER + CULTURA animou o centro histórico P. 15

P. 6 e 7

Douro

P. 16 e 17

Chuva forte e granizo causam estragos na região P. 19

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2 VIVADOURO JULHO 2017

Editorial

Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário

Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) Redação: Salomé Ferreira (10495) Sofia Costa Departamento comercial: Ana Pinto Tel.: 910 165 994 Serafim Ribeiro Tel.: 910 600 079 Sofia Lourenço Tel.: 917 120 684 Paginação: Bruno Duque Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Emídio Gomes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Caldas, Sandra Neves e Silva Fernandes. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org

Próxima Edição 30 de agosto

POSITIVO Douro Douro prevê aumento de produção para 266 a 288 mil pipas de vinho

NEGATIVO Douro

FOTO: DR

Caros leitores, Entramos muito rapidamente no verão. Este vai ser bem animado na nossa região pois estaremos em pré campanha autárquica e os eleitores vão ponderar as suas escolhas para essas eleições, que ocorrem logo depois do verão. O VivaDouro vai proceder a um trabalho de cobertura jornalística destas eleições no que respeita a algumas das autarquias que cobrimos geograficamente, procurando esclarecer os eleitores e a população sobre as opções politicas, económicas e sociais que os gestores da coisa pública tomam. Um bom, cabal, informado e correto esclarecimento é importante pois é assim que se escolhem os melhores para cada

região e os melhores para representar a população. Certo é que, de uma forma geral, a região está muito bem servida de políticos pois, como já tive oportunidade de referir anteriormente, os representantes do povo (dos diversos partidos) são, na sua maioria de grande valor e qualidade e muitas vezes a população nem percebe o grande valor competitivo que a região tem por causa disso. E não me refiro apenas e só aos presidentes ou aos vereadores com pelouro, na maior parte dos casos, até mesmo os líderes das oposições e os vereadores sem pelouro são muito capazes. Era bom que os partidos pudessem continuar a apostar em pessoas de valor para as suas listas e espero que alguns sinais de que isso não está a acontecer sejam apenas sinais… E que, no dia em que se depositarem as listas de cidadãos que vão concorrer às eleições, essas listas seja compostas dos melhores que cada partido tenha para as funções a que concorrem. É que não basta haver bom poder na nossa região… Também é preciso que haja boa oposição pois é com bons elementos a representar o povo que nós conseguimos mudar e melhorar a região. Espero que os que vão agora ser eleitos possam estar pelo menos ao nível dos que estiveram recentemente a representar.

FOTO: DR

José Ângelo Pinto

Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org

Vinhas e pomares do Douro afetados pelo mau tempo

Sumário: Breves Páginas 4 e 5

“A Linha do Douro”

Penedono Páginas 6, 7 e 12 Lamego Páginas 10 e 11 Sernancelhe Páginas 13 a 15 Especial Douro Património Mundial Páginas 16 e 17 Armamar Página 18 S.João da Pesqueira Páginas 20 e 21 Tabuaço Páginas 23 e 24 Vários Concelhos Páginas 8, 19, 22, 25 a 27 Opinião Páginas 28, 29 e 30 Lazer Página 31

Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil

Na última Cimeira Ibérica entre Portugal e Espanha, em Vila Real, não terá sido abordado como alguns esperavam o tema da reabilitação do tráfego ferroviário entre a linha do Douro e Salamanca. O que está em causa é um troço português, de 28 km, entre o Pocinho e a fronteira de Barca de Alva, e um troço espanhol, com cerca de 75 km, entre esta fronteira e La Fuente de San Esteban, o ponto de enlace no trajecto ainda em serviço, entre Vilar Formoso e Salamanca. Recuperar esta linha seria um acto de grande importância estratégica e simbólica. Seria uma forma de contribuir para a quebra do isolamento a que o Douro foi votado, mas também um factor de promoção turística do Douro Vinhateiro. Tecnicamente o corredor ferroviário do Douro é muito favorável, para o acesso de mercadorias ibéricas ao Porto de Leixões, solução preferível á alternativa da Linha da Beira Alta e da congestionada Linha do Norte, entre Ovar e Gaia. Em termos simbólicos, também seria uma homenagem á burguesia do Porto que, no final do século XIX, investiu na expansão do comércio com o interior da Península. Foi em 9 de Dezembro de 1887 que a ligação a Salamanca foi inaugurada, depois de uma ousada aventura técnica, para vencer um desnível de 330 metros, em apenas 16,5 km, entre Barca d’Alva e La Frajeneda (10 pontes metálicas, 20 túneis, inclinações que chegavam aos 21%). Este troço é tão impressivo que chegou a ser objecto de classificação pelo governo espanhol como Bem de Interesse Cultural, com categoria de monumento nacional. Como se sabe a conexão Barca d’Alva - Salamanca começou por ser descontinuada na parte espanhola em 1985 e entre Pocinho e Barca de Alva, em 1988. Porém, a linha, as plataformas e demais infraestruturas foram-se deteriorando, de tal forma que repor a circulação implica investimentos criteriosos. Devem registar-se as várias acções voluntaristas que se foram desenvolvendo para defender a reabertura da linha, nomeadamente as de iniciativas dos municípios ribeirinhos e pela Estrutura de Missão da Região Demarcada do Douro, em 2007, e pala própria REFER. Em Setembro de 2016, as Infraestruturas de Portugal (empresa publica herdeira da REFER) elaborou um exaustivo estudo técnico para enquadrar o futuro da “Linha do Douro, Troço Ermesinde - Barca d’Alva e Ligação a Salamanca”, fazendo a “Análise de Intervenções na Infraestrutura Ferroviária”. Concebeu oito cenários distintos para diferentes exigências de serviço e avaliou os respectivos investimentos. Para o troço nacional os custos estarão entre 30 e 43 milhões de euros. Para a parte em Espanha, o investimento poderá estar entre os 87 e os 119 milhões de euros. Numa lógica europeia de revalorização do modo ferroviário, até se pode dizer que não estamos perante investimentos inultrapassáveis. O que se reclama é que esta ligação seja ponderada com a importância regional que tem. Da Cimeira de Vila Real, terá saído a decisão de constituir um grupo de trabalho conjunto para preparar as propostas a incluir no próximo quadro de investimento do programa europeu de cooperação transfronteiriça. É aí que teremos de colocar a nossa atenção na defesa dos interesses do Douro e reclamar as decisões políticas necessárias para viabilizar este projecto.


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Breves

Atividades de verão na Misericórdia de Lamego FOTO: DR

FOTO: DR

Freixo de Espada à Cinta acolhe exposição “Rostos da Democracia

A exposição de Mafalda Rocha, “Rostos da Democracia”, disponível até dia 31 de julho no Auditório Municipal.

Murcense José Luís Borges Coelho é Honoris Causa da Universidade do Porto O maestro José Luís Borges Coelho, fundador do Coral de Letras da Universidade do Porto e autor de uma notável obra de estudo e divulgação da música portuguesa, juntou-se no passado dia 3 de julho à restrita galeria dos Doutores Honoris Causa da Universidade do Porto.

Assinado contrato para obra em Sanfins do Douro, em Alijó O Município de Alijó assinou no passado dia 4 de julho um contrato para a requalificação do Largo do Pátio em Sanfins do Douro.Esta obra, orçada em 62.408,00€, acrescidos de IVA à taxa em vigor, deverá ser executada no prazo de dois meses.

Intervenção em vários espaços verdes da Vila de Murça

Diretor Regional da Agricultura em Tarouca Na sequência do alerta lançado pelo Executivo Municipal ao Ministro da Agricultura, após a forte tempestade de granizo que, em poucos minutos, fustigou fortemente o Concelho de Tarouca, comprometendo a produção agrícola quase na sua totalidade, o Diretor Regional de Agricultura do Norte, deslocou-se a Tarouca.

IV Caminhada e Trail Solidário “Castanheiro em Flor” FOTO: DR

A Câmara Municipal de Murça, através da secção de Jardins e Ambiente, está a levar a cabo nos dias um conjunto de arranjos paisagístico em diversos jardins públicos da Vila de Murça, uma medida que surgiu no seguimento dos habituais trabalhos de manutenção destes espaços municipais.

Vai ser um verão muito animado! Para dar as boas-vindas ao Sol e ao tempo quente, a Misericórdia de Lamego está a disponibilizar às 70 crianças que frequentam a creche e o jardim de infância um leque muito variado de atividades lúdicas e pedagógicas.

Carrazeda de Ansiães recebe Festa da Juventude FOTO: DR

No passado dia 9 de julho, em Sernancelhe, mais de 500 pessoas participaram neste evento, contribuindo para uma causa solidária.

Ecopista ao Luar, em Vila Real A Ecopista ao Luar é uma caminhada noturna, que decorreu na Ecopista de Vila Real, no passado dia 7 de julho. Esta iniciativa é uma parceira entre o Município de Vila Real e a Associação de Caminheiros de Vila Real. Foram percorridos cerca de 11km’s e teve partida no Largo da Estação.

Noite de Fado, em Mesão Frio, com o grupo “Os Transmontanos”

O evento realiza-se no dia 12 de agosto.

FOTO: DR

O evento realiza-se nos dias 11 e 12 de agosto, em Carviçais, Torre de Moncorvo. Até dia 30 de julho o passe custa 10 euros, valor promocional.

FOTO: DR

Torre de Moncorvo acolhe Festival Carviçais Rock

O Auditório Municipal de Mesão Frio foi palco para uma noite de Fado, que aconteceu no passado dia 8 de julho, pelas 21h30, com o grupo de Fado oriundo de Vila Real, “Os Transmontanos”.


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Breves

Voluntariado jovem para as florestas, em Sabrosa e Murça

Rampa Porca de Murça realiza-se nos dias 29 e 30 de julho

FOTO: DR

FOTO: DR

As Curvas de Murça acolhem nos próximos dias 29 e 30 de julho, a edição de 2017 do Campeonato Nacional de Montanha.

XXVIII Semana Cultural em Santa Marta de Penaguião

As inscrições estão abertas.

FOTO: DR

Gala Solidária em Armamar Tendo como finalidade a angariação de fundos para a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), o grupo “Uma Ligação” de Armamar vai realizar no dia 22 do próximo mês de julho, pelas 21h30, no recinto gimnodesportivo de Armamar, a 4.ª Gala Solidária. Trata-se de um espetáculo de variedades, com a participação de pessoas e grupos locais e regionais de reconhecida qualidade.

Os primeiros campistas e caravanistas do Parque de Campismo da Barragem de Vilar FOTO: DR

O espaço destinado ao campismo e ao caravanismo já começa a ser preenchido. Os primeiros ‘inquilinos’ chegaram logo a seguir à abertura, que ocorreu no dia 3 de julho. Instalaram-se e já usufruem das infraestruturas oferecidas pelo Parque de Campismo da Barragem de Vilar, Moimenta da Beira. O mesmo acontece com quem alugou o bungalow.sericórdia de Lamego está a disponibilizar às 70 crianças que frequentam a creche e o jardim de infância um leque muito variado de atividades lúdicas e pedagógicas

Sons ao Largo, em Vila Real A partir do dia 13 de julho, a iniciativa Sons ao Largo volta a animar as noites de verão em Vila Real. Em frente à Capela Nova, em pleno centro histórico de Vila Real, são várias as propostas musicais.

Férias Ativas em Sta. Marta de Penaguião FOTO: DR

Inauguração do Trilho do Senhor da Boa Morte, em Carrazeda de Ansiães No dia 29 de julho, pelas 8h00, vai ser inaugurado na aldeia de Castanheiro do Norte o PR2CRZ “Trilho do Senhor da Boa Morte”, integrado na Rede de Percursos Pedestres do Parque Natural Regional do Vale do Tua.Esta iniciativa conta com o apoio do Município de Carrazeda de Ansiães, da Junta de Freguesia de Castanheiro do Norte e da Naturthoughts, Turismo de Natureza.

UTAD organiza 2as Jornadas INTERACT Uma vasta equipa constituída por 120 investigadores está a trabalhar há cerca de um ano no Projeto INTERACT, liderado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e voltado para a produção agroflorestal e zootécnica, cujos primeiros resultados serão apresentados nos próximos dias 12 e 13 de julho.

Os primeiros campistas e caravanistas do Parque de Campismo da Barragem de Vilar

O espaço destinado ao campismo e ao caravanismo já começa a ser preenchido. Os primeiros ‘inquilinos’ chegaram logo a seguir à abertura, que ocorreu no dia 3 de julho. Instalaram-se e já usufruem das infraestruturas oferecidas pelo Parque de Campismo da Barragem de Vilar, Moimenta da Beira. O mesmo acontece com quem alugou o bungalow.

Campanha Bem-Estar Animal FOTO: DR

No dia 3 de julho deu-se o início de mais uma edição das Férias Ativas de Santa Marta de Penaguião. As crianças participantes, dos 6 aos 16 anos, poderão ao longo de 2 meses usufruir de várias atividades totalmente gratuitas e passar assim o período das férias com muita animação e convívio com amigos.

O evento realiza-se de 29 de julho a 7 de agosto.

II Troféu Alto Douro, em Sabrosa A Zona de Caça Municipal de Sabrosa organizou, em colaboração com a FACIRC, no passado dia 17 de junho de 2017, o II Troféu Alto Douro de St. Huberto. A concentração deu-se no largo do Eirô, em S. Martinho de Anta, com a oferta do pequeno-almoço a todos os concorrentes e entrega de prémio de presença.

A ProAnimal, numa parceria com a Câmara Municipal de Vila Real, está a realizar uma campanha de sensibilização à população de Vila Real sobre o Bem-Estar Animal. Incluem-se nessa campanha apelos à adoção de animais de companhia, à adoção responsável e à correta utilização dos espaços público pelos detentores de animais de companhia.


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Penedono

Hotel Medieval de quatro estrelas inaugurado em Penedono Unidade hoteleira de quatro estrelas abriu portas no passado dia 9 de junho, após três anos de encerramento

> Na foto: CIM Douro; Presidente de Penedono, Direção do Hotel Medieval, Presidente de Sernancelhe A abertura do Hotel surge após a realização de um concurso público para a concessão e exploração do espaço lançado no início do ano e entregue no passado mês de maio à Landsmark – Sociedade Agrícola do Douro, Lda. Localizado no centro da vila de Penedono, o Hotel Medieval conta com 13 quartos, dos quais dois são suites, sendo que três estão equipados com condições para alojar pessoas com mobilidade reduzida, possuíndo igualmente um restaurante, um bar com uma zona lounge e um parque privativo para os clientes. Os hóspedes deste hotel têm também à disposição um serviço de aluguer de bicicletas e de automóveis, e podem ainda usufruir das Piscinas Municipais interiores e exteriores, localizadas a cerca de 100 metros, bem como dos campos de jogos (ténis, basquetebol, etc.). Após três anos de encerramento, o Hotel Medieval volta agora a abrir portas ao público, resultado de um esforço realiza-

do nos últimos anos pela autarquia com o objetivo de poder disponibilizar alojamento turístico a quem visita Penedono. “Temos vindo a verificar um aumento gradual do turismo no concelho e com a reabertura do Hotel vai ser possível aos turistas que aqui vêm prolongar a sua estadia, o que atualmente não acontece. Para além disso, vai criar novos postos de trabalho, fixar mais população e, consequentemente aumentar a receita noutras áreas de negócio que já existem na vila. Tudo isto será, sem dúvida, uma grande mais-valia para o município e para a divulgação e crescimento das empresas e produtos locais”, afirma Carlos Esteves, Presidente da Câmara. Para José Ângelo Pinto, administrador da Landsmark e empresário da região, o facto de o Município privilegiar na proposta apresentada a concurso uma estratégia que contemplasse um espaço que viesse a oferecer um serviço de grande qualida-

de e utilidade à vila e à região, foi fator determinante para que avançasse “com um concurso que procurava qualidade, um espaço fantástico e com a experiência e equipa que existia na empresa, decidi visitar o espaço para perceber as suas potencialidades, e fiquei maravilhado com a forma como a Câmara de Penedono recuperou o edifício e reorganizou

os espaços. Vamos trabalhar em colaboração com uma empresa de marketing internacional para dinamizarmos o espaço e dar a Penedono um espaço que não existia e que há muito que a vila merece”, afirma o empresário. O projeto, que envolveu um investimento superior a 100 mil euros por parte da empresa concessionária, já promoveu até ao

momento oito postos de trabalho que estão a ser ocupados por colaboradores locais, e também a gestão de compras tem como preferência os fornecedores locais, “o nosso objetivo é que o Hotel funcione também como um fator de alavancagem do emprego local e da procura de produtos e serviços da região”, afirma José Ângelo Pinto.


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Penedono

Penedono viajou até à “Memória dos Tempos Medievais” De 30 de junho a 2 de julho o centro histórico da vila de Penedono foi mais uma vez palco da Feira Medieval, evento que leva anualmente milhares de visitantes até ao concelho. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

Organizada pela Câmara Municipal, esta iniciativa destaca-se pelo “rigor histórico” e pela preservação da autenticidade da história do concelho. Ao longo de três dias Penedono embarcou numa autêntica viagem no tempo e evocou as “Memórias dos Tempos Medievais”, transportando quem visitou a vila por estes dias até uma verdadeira aventura medieval. O cenário era “encantador”. Com o castelo como testemunha e o centro histórico como palco de toda a iniciativa, ouviam-se pelas ruas do “Reino de Penedono” os pregões dos almocreves, a música dos bobos, os gritos dos guerreiros e os clamores da justiça medieval. Desde nobres, monges, mercadores, jograis e cavaleiros destemidos, várias foram as personagens de

outros tempos que invadiram as ruas que circundam o “imponente” castelo de Penedono. Para além das personagens alusivas à época medieval, também a população local saiu à rua e se vestiu a rigor para participar num dos eventos que mais visitantes leva até à vila. Carlos Esteves de Carvalho, presidente da autarquia, deu o exemplo e também ele participou ativamente nas diversas atividades e recriações históricas realizadas no certame. “Eu não sou capaz de pedir algo que eu não faça, por isso se peço às pessoas para participarem não há nada melhor do que dar o exemplo. O facto de eu ser presidente de Câmara não me põe em nível superior relativamente a qualquer cidadão que participa neste certame”, confessou ao VivaDouro.

O autarca faz um balanço “bastante positivo” desta edição do evento. “As pessoas vieram até nós, conseguimos um figurino de animação bastante agradável, com algumas experiências novas, e por outro lado, a nível de animação musical, conseguimos juntar aqui o que de melhor há no país neste tipo de música”. Entre as várias atividades realiza-

das ao longo dos três dias do certame o edil destaca o célebre assalto ao Castelo por alguns escudeiros mandados por El-Rei de Castela, e a entrega da Carta de Beetria que representa o momento da História da vila em que as suas gentes entenderam escolher um senhor que protegesse a terra e o seu castelo muito ameaçados pelos inimigos do rei. Para além disso des-

taque ainda para o habitual banquete Medieval, onde se degustaram as iguarias e os sabores medievais. Ao longo dos três dias decorreram inúmeras atividades e recriações históricas, onde marcaram presença os malabaristas, saltimbancos, encantadores de serpentes, trovas e cantigas, tambores e malabares de fogo, dança do ventre, teatros de rua, os leprosos, torneios de guerreiros, entre outras. A juntar às recriações históricas, a feira contou ainda com diversas mostras de artesanato e produtos genuínos da região. Nesse sentido, eram vários os artesãos e mercadores individuais ou em representação de municípios ou associações a participar na edição deste ano da Feira Medieval de Penedono.

Patrocínia Carvalho, comerciante “Este ano a feira correu muito bem, há muitas pessoas a visitar”.

> O presidente participou ativamente no certame

Maria Hermínia, comerciante “É uma feira muito importante para os comerciantes”


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Vila Real

Vila Real vibra com a realização de mais um Circuito Internacional Depois de um primeiro fim de semana de corridas, entre 24 e 25 de junho, em que a prova rainha foi o Campeonato do Mundo de Carro de Turismo (WTCC), as corridas regressaram mais uma vez a Vila Real, entre 7 e 9 de julho, com a realização do 48.º Circuito Internacional. FOTO: DR

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Tiago Monteiro conquista duplo pódio no WTCC em Vila Real O português Tiago Monteiro (Honda Civic) foi terceiro na principal corrida do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC), realizado entre os dias 23 e 25 de junho em Vila Real, reforçando a liderança do campeonato. Após um segundo lugar na primeira final, realizada no passado dia 25 de junho, vencida pelo marroquino Mehdi Bennani (Citroen C-Elysée), Tiago Monteiro voltou a subir ao pódio, desta vez com um terceiro lugar, atrás do sueco Thed Bjork (Volvo S60), e do seu colega de equipa, o húngaro Norbert Michelisz (Honda Civic). O húngaro, que tinha a pole position, liderou da primeira à

última das 13 voltas da corrida no circuito urbano de Vila Real, terminando com 0,480 segundos de vantagem sobre Thed Bjork, com Tiago Monteiro a fechar o pódio a 1,720 segundos do sueco e a 2,2 segundos do vencedor. “Por mim corria aqui todas as

teza WTCC em Vila Real ou algo que o venha a substituir de igual dimensão”. O regresso das corridas automóveis a Vila Real foi uma promessa de campanha de Rui Santos, o primeiro presidente a ser eleito pelo PS na capital do distrito. “Fiz mais do que aquilo que prometi. Trouxemos não só o circuito, como imediatamente no ano a seguir trouxemos o WTCC e a Taça da Europa de Carros de Turismo (ETCC). Rui Santos recandidata-se a um segundo mandato à frente da autarquia transmontana. A realização do WTCC em Vila Real estava garantida até 2017, o que aconteceu depois de a Câmara do Porto ter decidido suspender a realização do Circuito da Boavista. A organização do evento envolve a autarquia local, o Clube Automóvel de Vila Real e a Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real.■

FOTO: DR

O Circuito de Vila Real contou com cerca de 140 pilotos inscritos nas competições automóveis e um desfile de motos, que serviu para avaliar a capacidade da pista para acolher provas desta modalidade. Rui Santos, autarca de Vila Real, afirmou à agência Lusa que esta foi “mais uma oportunidade para acelerar Vila Real na área do comércio, da hotelaria, do turismo e da animação. Este é o circuito mais desejado em Portugal”. Como novidades para o 48.º Circuito Internacional de Vila Real, o autarca destacou o regresso à cidade de uma categoria internacional de fórmulas, com a vinda da Fórmula 4, acompanhada pelo TCR Ibérico (onde se inclui o Campeonato Nacional de Viaturas de Turismo), o Campeonato Nacional Legends, o troféu Super 7 by Kia e um Festival de Motos.

semanas. O público ajuda e motiva e por vezes até corremos alguns riscos, mas a atmosfera está fantástica. Portugal ama o WTCC e Vila Real fez um trabalho magnífico na organização desta prova, sabendo que a logística é complicada, mas foi magnífico”, afirmou Tiago Monteiro. O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, garantiu que, se for reeleito em outubro, o circuito internacional é para continuar com o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) ou uma prova semelhante. “Hoje posso dizer garantidamente que, se tiver responsabilidades no futuro, assumirei esse compromisso”, afirmou o autarca socialista aos jornalistas após a primeira corrida do WTCC, em que o português Tiago Monteiro (Honda Civic) ficou em segundo lugar. O presidente especificou que, se for reeleito nas autárquicas de 01 de outubro, “haverá com cer-


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10 VIVADOURO JULHO 2017

Vários Concelhos

EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro cria impacto superior a 11 milhões de euros Segundo dados fornecidos pela Organização, a edição 2017 da EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro traduziu-se num impacto económico direto superior a 6,5 milhões euros. “A Mais Bela corrida do Mundo” teve ainda um impacto financeiro mediático (AVE) superior a 5,2 milhões de euros. Foi no coração do Douro Vinhateiro – Património Mundial da UNESCO, mais propriamente nas cidades do Peso da Régua, Lamego, Armamar e Tabuaço, que teve lugar aquela que é considerada “A Mais Bela Corrida Do Mundo”, atraindo mais de vinte mil corredores de dezenas de países. A edição 2017 da EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro integra o circuito nacional de corridas em Patrimónios Mundiais, Running Wonders, e realizou-se entre os dias 26, 27 e 28 de Maio. Contou com um diversificado conjunto de atividades, em diversos pontos da Região. Segundo dados fornecidos

pela Organização, a edição 2017 da EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro traduziu-se num impacto económico direto superior a 6,5 milhões euros, com os milhares de participantes do evento a efetuarem as principais despesas em alojamento, gastronomia, vinhos e passeios turísticos no Vale do Douro. “Este é um evento de enorme importância para a Região, que dinamiza, valoriza e promove fortemente a marca Douro, assumindo-se atualmente com o maior evento da marca DOURO”, afirmou Francisco Lopes, Presidente da Câmara Municipal de Lamego e da Comunidade Intermunicipal do Douro.

Já Fernando Seara, Diretor do Museu do Douro, que representa uma vasta rede de museus de todo o Território, afirmou que “este é um acontecimento ímpar e que oferece enorme valor a todos os setores da vida duriense”. Pela voz de João Azeredo, prestigiado enólogo e Presidente da Confraria dos Vinhos do Douro, que representa o setor vitivinícola de toda a Região Vinhateira, afirmou que estamos “perante um evento único e podemos mesmo afirmar que este acontecimento representa uma segunda vindima do Douro”. Ricardo Magalhães, Vice Presidente da CCDR-n, desta-

cou “a importância deste tipo de acontecimentos para toda a Região Norte, nomeadamente para o Douro”, e Fontainhas Fernandes, Reitor da UTAD, sublinhou que “a EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro é já um acontecimento de enorme referência quer na Região quer no país”. Com a hotelaria e restauração do Vale do Douro completamente lotados, existem centenas de atletas que pernoitam a várias dezenas de quilómetros, de Viseu ao Porto, de Vila Real a Amarante. “A EDP Meia Maratona do Douro Vinhateiro é atualmente o maior acontecimento do Vale do Douro – Património Mun-

dial, assim como é considerado pelos durienses o que mais prestígio e exposição oferece à marca Douro e à representatividade de toda a Região através de um único evento”, afirmou a organização através de comunicado. Neste campo, segundo estudo realizado pela multinacional Cision, o impacto financeiro mediático (AVE) foi superior a 5,2 milhões de euros. “O mais impressionante em toda esta história é que atualmente este é um evento desenvolvido com zero cêntimos de dinheiros públicos, criando enorme impacto mediático e económico na Região”, acrescentaram.■

Desporto reforça união entre Lamego e Bouchemaine

A Banda Marcial de Cambres foi distinguida com a Medalha de Ouro da Cidade de Lamego, tendo em conta “a obra dedicada, permanente e constante que tem desenvolvido desde a sua fundação, enaltecendo e honrando a cidade de Lamego, o Concelho e a Região”.

O desporto voltou a reforçar os laços de amizade que unem as cidades de Lamego e Bouchemaine, cujos destinos estão ligados por um acordo de geminação desde abril de 2012. FOTO: DR

Banda Marcial de Cambres agraciada com Medalha de Ouro de Lamego

FOTO: DR

O Presidente da Direção desta filarmónica, Manuel João Canelas, recebeu das mãos de Francisco Lopes a mais alta distinção outorgada por este Município. Fundada provavelmente em 1881, a Banda Marcial de Cambres apresenta atualmente cerca de 45 músicos na sua maioria jovens formados pela escola de música da Banda e pelas escolas de música da região. Executa todo o tipo de reportório, do religioso ao profano, que existe para

este tipo de formação. A par da Banda, funciona ainda uma Escola de Música com cerca de 15 jovens, com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos. Recorde-se que, já anteriormente, a Câmara Municipal de Lamego tinha distinguido as outras bandas filarmónicas centenárias existentes no concelho: a Sociedade Filarmónica de Lalim e a Associação Filarmónica e Banda Juvenil de Magueija.■

Uma equipa de jovens praticantes da Associação Voluntária de Lamego - Ténis de Mesa deslocou-se àquela municipalidade francesa para participar num torneio competitivo individual. Os mesa tenistas, entre os 10 e os 17 anos de idade, tiveram ainda a oportunidade de efetuar uma visita turística a Angers e ao seu imponente castelo, de subir de barco o rio Maine até à confluência dos rios que o cons-

tituem, para além de muitas outras atividades que favoreceram o convívio com os jovens franceses. A acompanhar esta comitiva que partiu de Lamego, estiveram dois elementos da Direção da Associação Geminação Lamego-Bouchemaine, entidade que partilhou com a sua congénere francesa - o Comité de Jumelage Bouchemaine-Lamego-, a responsabilidade de organizar este intercâmbio desportivo.■


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Lamego

Museu de Lamego distinguido pelo TripAdvisor com Certificado de Excelência 2017 O Museu de Lamego acaba de ser distinguido com o Certificado de Excelência 2017 do TripAdvisor. FOTO: DR

“A distinção, baseada nas avaliações excelentes dos visitantes, não podia vir em melhor altura, no ano em que o museu comemora o centenário da sua fundação”, afirmou o Museu de Lamego em comunicado. O Certificado de Excelência leva em conta a qualidade, a quantidade e a atualidade das avaliações enviadas pelos viajantes do TripAdvisor, num período de 12 meses. Para receber o Certificado, os estabelecimentos devem manter uma pontuação geral mínima de quatro pontos num

total de cinco. Com este prémio, a equipa do TripAdvisor homenageia “publicamente os estabelecimentos que interagem de forma ativa com os clientes e ajudam os viajantes a encontrar e reservar a viagem perfeita usando os feedbacks recebidos”, como assinala Heather Leisman, vice-presidente de marketing do TripAdvisor. O TripAdvisor é o maior site de viagens do mundo, com mais de 500 milhões de avaliações e opiniões sobre a maior seleção de perfis de viagem do mundo.■

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Penedono

Carlos Esteves de Carvalho: “Acreditamos que o futuro é possível sempre com base na verdade e na relação com as pessoas” Carlos Esteves de Carvalho encontra-se a dirigir a Câmara Municipal de Penedono desde 2009, sendo neste momento candidato pelo PSD às próximas eleições autárquicas, a realizar no dia 1 de outubro. O VivaDouro esteve à conversa com o edil que nos falou acerca do balanço destes anos de mandatos e sobre os planos que tem para o futuro. em função das pessoas. Entretanto existe um objetivo, uma prioridade que eu lancei na primeira vez que fui candidato, em 2009, que tinha a ver com a parte ambiental e com uma rede de saneamento, apostando na implementação de uma rede municipal de saneamento básico, através da implementação de ETAR’s (Estação de Tratamento de Águas Residuais) que efetivamente possa proporcionar, sanitariamente, melhor qualidade de vida às pessoas. Depois também a questão, tão pertinente, do turismo temático, reforçando sempre a determinação em afirmar Penedono. Eu vou, ou levarei o nome de Penedono até onde for preciso, se eu vir que há uma mais-valia real para o concelho. Tenho sentido, acerca do que acabo de dizer, muito ruído à minha volta, mas acredito verdadeiramente na necessidade desta gente, desta terra, ser efetivamente divulgada/ afirmada. Qual o balanço que faz destes quatro anos à frente da autarquia de Penedono? Sobre o balanço da minha ação à frente da autarquia não quero dizer nada porque as pessoas é que vão dizer efetivamente se é positiva, ou se não é positiva, a minha permanência na Câmara Municipal. Vou deixar isso ao critério das pessoas que em outubro se vão prenunciar. Quais são os planos para o futuro? Como sabe sou candidato uma vez mais, pela última vez o posso ser, e a minha vontade continua a estar focalizada nas pessoas e na satisfação das suas necessidades humanas básicas, podendo desta forma contribuir para que socialmente exista sempre uma melhoria na qualidade

de vida delas. Claro que em paralelo há outras apostas, como por exemplo a fixação de pessoas, através de incentivos ao empreendedorismo e às iniciativas locais, é uma prioridade que não posso esquecer de maneira nenhuma. Toda a área social que também é muitíssimo importante e efetivamente toda a área ambiental que tenho necessidade de ter sempre em linha de conta. Depois, o turismo, que pode ser a grande oportunidade, através de trabalho ponderado, planeado e com algumas especificidades podemos transformar Penedono num centro muito atrativo. Neste momento também já com uma nova unidade hoteleira aberta, o Hotel Medieval, penso que estamos no bom caminho. Nós acreditamos que o futuro é possível e é possível sempre com base na verdade e

na relação com as pessoas. Conseguiu cumprir tudo a que se propôs no plano eleitoral que apresentou nas últimas eleições autárquicas? Eu nunca apresentei um plano eleitoral… apresentei sim predisposições, vontades de concretizar ações em determinadas áreas, fora de programas eleitorais que muitas vezes saem gorados. O meu programa eleitoral é absolutamente direcionado às pessoas, pelo que, se as pessoas precisam eu procuro ir de encontro aos seus desejos. No entanto está satisfeito com o que conseguiu concretizar nestes últimos anos? Em consciência sinto-me satisfeito, sinto-me bem comigo próprio, mas penso que ainda é

possível completar muitas daquelas tarefas a que me meti em braços. O que é que se propõe fazer se vencer novamente as eleições? Trabalhar, trabalhar sempre

Em relação ao executivo, pretende manter a equipa? As minhas equipas manter-se-ão na ordem dos 90%, continuando a ser compostas por mulheres e homens que sentem e “respiram” Penedono.■


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Sernancelhe

Feira Aquiliniana recebe milhares de visitantes O evento decorreu nos dias 17 e 18 de junho, no terreiro do Santuário de Nossa Senhora da Lapa. A Feira Aquiliniana retrata os costumes da época em que o escritor Aquilino Ribeiro viveu, aliado ao culto de Nossa Senhora da Lapa. Texto e Fotos: Sofia Costa

O certame vai na 9ª edição e apresenta como objetivo primordial o de homenagear Aquilino Ribeiro e a Lapa. Trata-se da recriação de uma feira dos finais do século XIX, início do século XX, altura em que o escritor viveu e estudou no colégio jesuíta, situado na Lapa. A aldeia, criada pelos jesuítas, conta com mais de 500 anos de história e, em dias de festa, tem nela envolta um misticismo que permite, a quem a visita, recuar no tempo e vivenciar os costumes de outrora. Para Carlos Silva, presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe as expectativas para o evento “são sempre altas, boas e superam-se”. Em todas as edições da Feira Aquiliniana o largo do

Santuário de Nossa Senhora da Lapa acolhe largos milhares de visitantes, apesar do maior entrave que “é o calor que se faz sentir durante o período do dia”. “A Feira Aquiliana consegue ao mesmo tempo homenagear Aquilino para que ele não caia no esquecimento e continuamos a fazer aqui algumas recriações que ele próprio descreve nas suas obras, mas ao mesmo tempo também trazemos pessoas a uma festa e mostramos este largo, este conjunto de arquitetura que é fantástico, e tem uma história notável”, afirmou o presidente. A Escola Profissional de Sernancelhe tem um papel fundamental nesta recriação, uma vez que, ao longo de todo o ano letivo preparam os alunos para a sua

participação na Feira Aquiliniana. Ana Chaves, Diretora da Escola Profissional de Sernancelhe afirma que esta é “uma aula viva para os alunos.” As funções dos alunos são variadas e vão desde a representação de profissões, tra-

jes, rituais, atividades e personagens, até outros momentos descritos na obra literária de Aquilino Ribeiro, como é o caso das tascas, dos comes e bebes ou do comércio. “As obras de aquilino Ribeiro

são obras obrigatórias a ser trabalhadas na escola e o tratamento dessa informação é feito por todos”, referiu a Diretora Ana Chaves. Durante dois dias o certame contou com representações de grupos etnográficos e de teatro dos costumes e tradições vividas na Lapa, na época, tais como a dramatização de excertos das obras de Aquilino Ribeiro, atuações de ranchos folclóricos, grupos de concertinas, fado à desgarrada, produtos regionais e artesanato. Para os que não conhecem a Feira Aquiliniana“podem encontrar aqui um conjunto de coisas muito importantes que têm a ver com a nossa etnografia, reviver um pouco da nossa tradição, não só de Sernancelhe, mas de toda a região do Douro e Beira”, rematou Carlos Silva.■


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Sernancelhe

Carlos Silva: “Palmilhamos e traçamos um trajeto muito interessante para as próximas eleições” Carlos Silva encontra-se a dirigir a Câmara Municipal de Sernancelhe desde 2013, sendo neste momento candidato pelo PSD às próximas eleições autárquicas, a realizar no dia 1 de outubro. O VivaDouro esteve à conversa com o edil que nos falou acerca do balanço destes anos de mandato e sobre os planos que tem para o futuro. Qual o balanço que faz destes quatro anos à frente da autarquia? Foi um mandato muito positivo acho que atingimos os objetivos propostos no início do mandato. Penso que o povo de Sernancelhe se habituou a ser paciente e compreensivo e com essa paciência e compreensão mas também ao mesmo tempo com a audácia e a ambição que têm fomos capazes, o povo em conjunto com o município e as juntas de freguesia, de fazer um trabalho interessante ao longo dos quatro anos, assente em bases muito sólidas, sem hipotecar o futuro das gerações vindouras. Acho que palmilhamos e traçamos um trajeto muito interessante para as próximas eleições, que espero ir a eleições e ganhar porque acho que fizemos esse trabalho para merecer a confiança dos sernancelhenses.

> Igreja matriz de Sernancelhe

> Sernancelhe é a terra da castanha

Conseguiu concretizar o que tinha proposto no programa eleitoral apresentado em 2013? Exatamente. Eu não fiz plano eleitoral nem fiz promessas por isso tudo o que concretizei corresponde a 100% daquilo que eu não prometi. Caso seja eleito novamente quais são os planos para o futuro? Quero continuar a fazer o trabalho que faço diariamente que é estar atento aquilo que são as necessidades e evolução dos tempos para fazer com que Sernancelhe não faça algo obsoleto e continue a talhar aquilo que são os desafios de prosperidade que o país precisa e nós também. Pretende manter a equipa caso venha a ser eleito? Sim pretendo.■


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Sernancelhe

Sernancelhe realizou a quarta edição do festival “SER+CULTURA” Sernancelhe organizou, entre os dias 7 e 9 de julho, a quarta edição do festival “SER+CULTURA”. O evento que pretende dinamizar o centro histórico da vila contou com diversos nomes nacionais no cartaz entre os quais Miguel Gameiro e Pólo Norte. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

O centro histórico de Sernancelhe foi o palco da iniciativa onde estiveram em destaque o património, o artesanato e a gastronomia do concelho. Durante três dias, subiram aos

oito palcos do “SER+CULTURA” artistas de todo o país. Pintores, escultores, fotógrafos e músicos presentearam os visitantes do evento com um programa eclético, adaptado a todos os gostos.

Diversificar a oferta cultural, divulgar e promover o património do concelho, como a Igreja Românica, o Pelourinho, o Solar dos Carvalhos e o Solar dos Condes da Lapa, bem como os equipamentos Auditório Municipal, Biblioteca e Museu Padre Cândido, foram os objetivos da iniciativa, que completou quatro edições. Num cartaz que contemplou a vertente musical, desportiva, solidária e artística, não faltaram o artesanato e a gastronomia. Mais de uma dezena de espaços deram a conhecer as artes e os ofícios do concelho e nas tasquinhas os visitantes tiveram oportunidade de

saborear a gastronomia da Terra da Castanha. Durante os três dias do evento decorreu ainda uma Feira do Livro e estiveram em exposição a fotografia de Rui Lourosa e artistas da localidade francesa de Jacou geminada com Sernancelhe, a exposição de pintura de Fernando Martins, a escultura de Xico Lucena, José Manuel Justino, Rodinhas, Pedro Lacerda, Santinho e Mariline Ricardo, todos artistas do concelho de Sernancelhe. Para além da cultura o festival englobou ainda uma vertente desportiva, com a realização da caminhada e trail solidário, por entre soutos de castanheiros, no

último dia do evento. Esta ação tinha uma componente solidária uma vez que pretendeu angariar verbas em favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Carlos Silva, presidente da autarquia, defende que o evento “é uma aposta que tem que continuar a ser ganha”. Na opinião do autarca para fazer deste “um grande evento é preciso que as pessoas apareçam para saberem como é, ao aparecerem acredito que daqui a alguns anos possamos ter o “SER+CULTURA” como um espaço de referência único porque é diferente de tudo o que se faz por aí”, concluiu o presidente.■ PUB


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Especial Douro Património Mundial

João Nicolau de Almeida: “Comparo muito que tem as teclas todas” O VivaDouro esteve à conversa com João Nicolau de Almeida, filho de Fernando Nicolau de Almeida, o criador do Barca Velha, e antigo administrador da Ramos Pinto, que nos falou acerca da evolução do território nos anos que se seguiram à classificação do Douro enquanto Património Mundial. Leia a entrevista e conheça o retrato da região feito pelos olhos do enólogo. Texto: Salomé Ferreira Fotos: Tiago Nogueira

Em 2001 o Alto Douro Vinhateiro (ADV) foi considerado como Património Mundial da Humanidade. Cerca de 15 anos depois desta classificação qual é o retrato que faz da região neste momento? Eu acho que o facto de a região ter sido considerada património mundial trouxe uma vantagem muito grande na defesa do património próprio porque era muito difícil ouvir falar em várias tentativas dos municípios se porem todos de acordo para salvaguardar o património. Que mudanças podemos registar no panorama da viticultura nos últimos 15 anos, ou seja, desde o momento que o Douro foi considerado Património Mundial da UNESCO? A primeira foi não estragar mais porque o modo de estragar estava exponencial, ainda para mais agora com a entrada do turismo então seria um desastre. O que se nota é que há regras, não é só ser património mundial, tem regras que são obrigatórias dentro da região e isso veio fazer com que se recupera-se ou substituísse as vinhas antigas, fez com que se tivesse mais cuidado com as estradas, não se deixaram construir de qualquer maneira e, enfim, mesmo o modo de tratamento das vinhas e de formação das vinhas é mais controlado, enfim, acho que houve muita vantagem. Considera, claramente, que isto foi uma vantagem para a região. Sem dúvida. Foi uma vantagem muito grande, se isto não tivesse existido estou convencido que o Douro, hoje, estava ao “deus dará”.

Que vantagens teve esta inscrição para os empresários da região? Foi vantajosa para eles? A primeira vantagem foi conseguir parar o desmantelamento daquela beleza toda do Douro e isso, para as empresas, trouxe um património muito grande porque quando vêm cá os nossos clientes, temos clientes de todo o mundo, uma coisa é apresentar uma região degradada e outra coisa é apresentar uma região cuidada, bonita e equilibrada, a natureza com as próprias vinhas e com as próprias adegas e isso tudo. Portanto, empresarialmente foi uma vantagem muito grande, nesse aspeto. Outro aspeto é também o de dar a conhecer ao mundo uma região onde se faz o vinho do Porto e, hoje em dia, o do Douro que é uma região que não faz só vinho, mas também é património mundial, quer dizer que também tem um património natural muito grande e sobretudo um património humano fora do vulgar, todos aqueles terraços, todas aquelas vinhas. A plantação de vinho no Douro ainda continua a ser uma tarefa complicada? Eu acho uma coisa louca, que só o espírito português faz isso porque as pessoas perguntam todas, “mas porque é que vocês não vão para um sítio mais fácil e mais conveniente?”. Chegou a colocar essa questão a si mes-

mo, enquanto empresário? É evidente. E qual é a resposta a essa questão? A questão demorou muito tempo a perceber, mas, entretanto, sei que fiquei amarrado. Desde que fui para lá fiquei preso àquilo. Agora, porque é que eu fiquei preso, isso é que demorei um certo tempo a perceber. E, a minha explicação, é que uma pessoa entrando ali é como quem entra numa mina de diamantes, que vai batendo com a picareta, vai batendo, vai batendo que aparece um diamantezinho e vai andando, vai andando, a certa altura está tão metido lá dentro que nunca mais de lá sai. E, outra coisa, é que para um enólogo, eu toquei muito tempo num conjunto, por isso comparo muito a música ao vinho e o Douro é um piano que tem as teclas todas. Ou seja, onde o senhor está, tem ali as teclas todas para tocar a sua música, ou seja, tem a altitude, o norte, o sul, o clima, a sub-região, tudo. Está lá tudo. E isso, para um enólogo é uma riqueza muito grande, porque tem ali uma possibilidade de criar a sua sinfonia, a sua música. Podemos dizer que não há mais nenhuma zona do país que reúna estas qualidades todas juntas, podemos chamar-lhe assim? O próprio Alentejo que se faz bom vinho, não tem estas características, não é? Faz bons vinhos, mas obviamente que

são diferentes. No Alentejo é mais homogéneo, mais plano, portanto, não tem esta diversidade ecológica, o ecossistema que aqui está sempre a mudar. Aquilo é para a vida é como na música, como na pintura que na tela tem as cores todas. Ou seja, é uma paixão para a vida. É porque há sempre mais. E esta chancela da UNESCO ajudou também, a nível internacional, a projetar o Douro em termos de património. Claro. É evidente quando nós dizemos que o vinho do Porto é património mundial dá uma mais-valia e, mesmo as pessoas, os estrangeiros, os turistas que não estão muito virados para o vinho ouvem falar “património mundial”, vão ver o património mundial e ao mesmo tempo descobrem o património e o vinho também. Veja-se hoje em dia, estão cada vez mais a chegar turistas ao Douro e ficam, eu costumo dizer que normalmente os estrangeiros, outras empresas, multinacionais, muitas vezes jornalistas vêm todos de nariz aproado e dobram perante a dimensão e todo o espaço de trabalho humano que está ali, isso é impressionante. Se a gente começar a pensar bem o que é que está ali veria que são as nossas pirâmides, quer dizer, ali está concentrada muita dedicação, muita fome, muita riqueza, muita alegria, muita tristeza, aquilo é uma coisa fantástica.


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a música ao vinho e o Douro é um piano Só quem passa por ela, não é? Sim. A forma como se consome o vinho do Porto é igual hoje, do que há 15 anos atrás? Qual a principal diferença em termos de consumo do vinho do Porto propriamente dita? O vinho do Porto, como sabe, é um vinho de vários séculos e é um vinho que já tem uma tradição e um peso muito grande. Mas esse peso pode ter um lado positivo e um lado negativo porque nós temos de tornar o vinho do Porto numa bebida mais apelativa para os jovens. E é fácil fazer esse apelo? Eu acho que não é fácil e a razão principal é porque, digamos, as leis que foram extraordinárias, como sabe, o vinho do Porto é regido por muitas leis e muito papel, que foi muito útil quando se fez, só que não evoluiu. Um jovem que chegue ao Douro e queira fazer vinho do Porto dá trabalho, tem de ter um capital de investimento. É fácil com 25 anos nós termos consciência que estamos a provar vinho do Porto com qualidade? Ou não é fácil essa distinção? A primeira coisa é que hajam jovens a fazer vinho do Porto, isso é fundamental porque os jovens dinamizam. Veja o vinho de mesa, quem é que começou? Foi com os jovens. Eu também era um jovem na altura e comecei com um vinho de mesa em 90 e hoje em dia há muitos jovens lá a fazê-lo. Para fazer vinho do Porto têm que ter um stock de 150 mil litros. E qual é o jovem que pode ter? Ou herdou uma quinta ou não pode. O vinho do Porto tem uma concertação cada vez maior, há fundamentalmente cinco casas que representam 80% do vinho do porto. É mais rentável o vinho de mesa que o vinho do Porto? Em termos de rentabilidade é mais fácil para um empresário investir num vinho de mesa do que num vinho do Porto? É muito mais fácil. Para já, não precisa de ter stock, os tais 150 mil litros, e, depois, vende ao segundo ano. Quem é o principal cliente do vinho do Porto? É o português, propriamente dito, ou é o estrangeiro? É o estrangeiro. O estrangeiro francês anda à volta dos 32% do vinho do Porto. Ou seja, quem está neste ramo tem que, claramente, exportar. O mercado interno não chega. Não, não chega. Mais uma razão, mais

caro ainda fica. E depois, chega lá fora e vai ter que batalhar. Particularmente um jovem faz mil garrafas e vai batalhar com um que faz 10 mil. Não tem espaço de competição. No vinho de mesa é exatamente igual? Não, o vinho de mesa é diferente porque no vinho de mesa, para já, há uma abertura maior no leque de compradores e bebe-se mais e é mais fácil explicar e é mais fácil vender e entender. É um mercado diferente. Não quer dizer que não seja difícil hoje em dia, mas em relação ao vinho do Porto é muito mais fácil. Este acréscimo no turismo nestes últimos anos é importante para a parte empresarial? Vivem muito disto? Isto tem peso na vossa quota de mercado? Começa a ter. Residual ou significativo já? Começa a ser significativo, sobretudo em Gaia e agora está a subir para o Douro. Já está na Régua, já está no Pinhão, está a chegar ao Pocinho e isso, para os produtores locais, é bom porque depois também podem comprar à porta e é uma mais-valia. Se lhe pedir para me identificar qual a região do Douro onde se produz o melhor vinho do Porto é fácil? Não, é muito difícil. Cada uma delas terá características diferentes, não é? Mas o melhor é uma utopia? Não se consegue chegar lá? Com muita conversa. Como lhe disse todas as regiões têm o seu piano a forma como se toca o piano, digamos, um têm um Yamaha o outro o Yamaha 2 e o Yamaha 3.

Qual é a sua opinião quanto a essa questão? Eu acho que há vinhos fantásticos nas três sub-regiões, agora, também há vinhos maus nas três sub-regiões. A tal diversidade em cada sub-região pode-se sempre compor. O nível de categoria pode ser o mesmo. E posso chegar a um sítio mais maduro onde se diz que fazem os vintages e tal, isso depende mais do ano. O ano é fundamental e depois a altura em que se faz a colheita. A minha geração foi a primeira que trouxe a ciência, a enologia para o Douro, agora, é engraçado que estou a aprender de novo a vir para trás com os meus filhos, que é outra geração, que também estudaram em Bordéus e, com a ciência, trazer a tecnologia para a tradição, quer dizer, repor o que estava, mas com a ajuda da ciência. Isso, para mim, na minha reforma, foi uma injeção de adrenalina e aí vou eu outra vez porque estando em contacto com a natureza percebe-se muito mais o vinho e a vinha, desta forma é uma aproximação maior da terra, é outro mundo que descobri com os meus filhos. Ao princípio houve uma certa fricção e eu é que sabia, mas afinal isto é muito mais interessante. Hoje aprende com eles? Aprendo, também dou as minhas dicas, mas a estratégia básica é deles. Agora estamos a fazer tudo como os antigos faziam, só que de outra forma. Acho isso interessantíssimo. E, depois, fazer um vinho que nunca levou um herbicida ou qualquer “icida” dá-me um gozo tremendo porque só se faz ali, não há interferência desses elementos sintéticos e isso dá-me bastante gozo. Entra-se muito mais no mundo da natureza, compreende-se muito melhor, prova-se melhor as uvas.

Qual o balanço que faz destes 15 anos do ADV enquanto Património Mundial? O balanço é bastante positivo, permitiu-nos continuar com uma região de uma beleza única, conseguimos continuar a plantar lá e conseguiuse controlar toda a faixa costeira, das margens do rio Douro, não fazendo asneiras e estragar aquilo. Acho altamente positivo, embora tenha um “se” que para mim são as barragens. O que espera desta região para os próximos anos? Eu espero que se continue a proteger, atenção, proteger mas com bom senso. Não é um decreto feito de qualquer maneira e interpretado por um escritório qualquer e tem que ser assim. O bom senso não se decreta, como é óbvio. Tem que se fazer jus à natureza. O que é preciso é usar o que está estipulado e usar o bom senso. Com o bom senso não se estragam as coisas. É preciso adaptar porque muitas vezes as pessoas que estão no terreno sabem muito mais do que o escritório de advogados que está por trás e legisla uma qualquer lei. Agora, o Douro está a ser descoberto mundialmente e lembro-me de ir aos estados Unidos vender o Vinho Ramos Pinto, o Douro que é o Douro, conheciam era o vinho do Porto, hoje em dia já se conhece o Douro. O Douro tem um peso hoje que não tinha, claramente, há quinze anos atrás? Sem dúvida. Tem um peso muito grande em várias vertentes. E depois ajuda a potenciar a economia local. E, sobretudo, também ajuda a fixar os jovens, isso é muito importante. Há alguma coisa que queira acrescentar? Bom senso. Para que os jovens possam entrar em força.■


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Armamar

João Paulo Fonseca é recandidato à Câmara Municipal de Armamar João Paulo Fonseca encontra-se a dirigir a Câmara Municipal de Armamar desde 2013, sendo neste momento candidato pelo PSD às próximas eleições autárquicas, a realizar no dia 1 de outubro. O VivaDouro esteve à conversa com o edil que nos falou acerca do balanço destes anos de mandato e sobre os planos que tem para o futuro. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

importante para a população? Há pelo menos duas obras que tínhamos intenção de realizar porque são de extrema importância para as nossas populações.

Qual o balanço que faz destes quatro anos à frente da autarquia? O balanço que faço deste mandato é francamente positivo. Lógico que não atingimos todas as metas a que nos propusemos mas é positivo logo por aquilo que foi o consolidar das finanças do município. Em 2013 quando tomei posse como presidente a dívida total do município orçava em 10,5 milhões de euros, hoje temos uma divida de 6,5 milhões de euros e uma capacidade de endividamento que não tínhamos. Ou seja essa redução na dívida será uma das maiores mais-valias neste mandato? Nós não vivemos obcecados nem com a divida nem com as contas da Câmara mas percebemos que precisávamos de fazer este caminho para depois ter margem para os investimentos que queríamos fazer. Hoje o município tem uma capacidade de endividamento na ordem dos 4 milhões de euros o que atendendo a que a maior parte daquilo que são as obras comunitárias que são comparticipadas a 85%, cabe ao município suportar apenas 15%, o que quer dizer que 4 milhões de euros de limite de endividamento nos permitia fazer aqui 40

milhões de euros de obra, não é esse o nosso objetivo mas temos pelo menos esta folga que nos permite olhar para o Portugal 2020 como uma oportunidade, situação que não tínhamos anteriormente. Essa consolidação das contas da autarquia foi importante, como foi importante o decréscimo dos pagamentos em atraso. Em 2013 a nossa média de prazo de pagamento eram 185 dias, hoje são 63 dias, o que também é importante porque a maior parte dos fornecedores são locais e a determinada altura já tinham alguma renitência em fazer fornecimentos à Câmara porque estavam há muito tempo à espera de pagamentos. Para chegar a esta redução da divida foi necessário algum despedimento ou algum desinvestimento em termos de obras? Naturalmente que houve aqui um desinvestimento de obra municipal mas também se justifica com a entrada em vigor do Portugal 2020, que é a nossa janela de oportunidades porque os municípios não têm orçamentos próprios para fazer grandes obras. Em termos de mandato o ano de 2014 foi o orçamento que teve a maior execução dos últimos anos, isso teve a ver com três grandes obras

que realizámos nesse ano, que foram a construção do quartel da GNR, a construção do passeadouro na Folgosa e a requalificação urbana da vila de Armamar. Houve esse desinvestimento a partir de 2015 precisamente porque o antigo Quadro Comunitário estava esgotado e o Portugal 2020 demorou a arrancar. No entanto continuou a haver investimentos em áreas importantes como a educação, a saúde, com algum esforço da parte do município de dotar quer os bombeiros voluntários quer o próprio centro de saúde com outros meios para que se pudesse prestar melhor socorro e serviço de saúde. Nas grandes obras públicas houve efetivamente um desinvestimento que é natural. Não foi então necessário recorrer ao despedimento de ninguém? Não, muito pelo contrário, ainda aumentámos o número de recursos humanos que tínhamos em 2013. Grande parte deles jovens licenciados de Armamar, o que também é importante em relação à fixação de recursos humanos. Há alguma proposta que tenha feito no plano eleitoral que ainda não tinha sido concretizada e seja

Quais são? A primeira é o Pavilhão Gimnodesportivo, neste momento temos um equipamento totalmente obsoleto para as necessidades atuais não só da escola mas também da população. Falta-nos o equipamento adequado para que possamos ir mais além no desporto. Só o poderíamos fazer com o recurso a apoios, tínhamos, e temos, um acordo com a DGEstE (Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares), para que pudesse ser libertada uma verba para apoiar a construção do pavilhão e percebo que até à data a DGEstE ainda não conseguiu libertar essa verba mas era um dos grandes objetivos. Outra obra que pretendíamos ter feito e não fizemos é o auditório municipal, uma obra fundamental para o concelho que culturalmente ganhou aqui uma dinâmica que não tinha com projetos arrojados mas que conseguimos levar a bom porto. Em termos culturais fez-se aqui um excelente trabalho, Armamar revolucionou-se em termos culturais. As pessoas são dedicadas e têm vontade mas também têm necessidade de ter um espaço digno para apresentar os seus espetáculos. É imperioso que consigamos essas obras para que consigamos crescer ainda mais nessas duas áreas. Do que foi cumprido qual é que foi a grande obra/ acontecimento no concelho? É uma obra que ainda não está em execução mas que foi candidatada no PDR 2020 que são os regadios eficientes, ou seja, o aumenta da capacidade de rega da nossa albufeira, é uma das obras a que nos tínhamos proposto e é, na minha opinião, a obra com mais impacto direto nas

populações porque vai permitir aumentar a produtividade da maçã, nas áreas irrigadas, em cerca de 30% e isso é gerar riqueza, fazer com que os nossos produtores possam ter melhores condições. É um projeto que tem um orçamento de 5 milhões e 200 mil euros, está em análise, estamos à espera da resposta. Há previsão de conclusão? As informações que tenho são que até final de agosto estariam analisadas todas as candidaturas que deram entrada nessa medida. Nós estamos esperançados, o projeto é muito bom, é um projeto real, o investimento feito está pago ao fim de quatro anos com o aumento da rentabilidade que vai proporcionar, e estamos a aguardar porque foi o único projeto do norte do país que entrou, como também há a perspetiva do Governo em dividir territorialmente aquilo que são os investimentos nessa área nós estamos esperançados que possa vir a ser aprovado e se vier a ser aprovado é para mim a obra com mais impacto no concelho nos próximos anos. Quais são os planos que tem se for eleito para outro mandato? Terminar aquilo que me propus e que não consegui fazer. Para além destas obras que referi é também a construção da variante do Fontelo que é a nossa principal ligação à A24. É uma obra que já está no plano das Infraestruturas de Portugal desde 2015, a informação que tenho é que irá a concurso em outubro de 2017 e espero que de uma vez por todas se consiga avançar com a obra, é outra das prioridades. Mas principalmente no próximo mandato aquilo que pretendo e fico satisfeito, se o conseguir, é concretizar estas obras que não consegui e continuar a ter o sentimento de dever cumprido com as nossas populações, para que tenham as mesmas condições que qualquer cidadão tem noutra parte do território nacional.■


VIVADOURO JULHO 2017 19

Chuvas fortes e granizo causam estragos na região do Douro

Douro

Os técnicos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN) estiveram na passada sexta-feira no terreno a fazer um levantamento dos prejuízos causados pelo granizo e chuva intensa nas vinhas e pomares do Douro.

> Diretor Regional da Agricultura e Pescas do Norte a visitar os estragos em Armamar com o presidente da Câmara O mau tempo atravessou na quinta-feira o distrito de Vila Real e chegou a Viseu, arrastando detritos para as estradas e provocando muitas ocorrências a nível de inundações e também de estragos na agricultura, como em vinhas do Região Demarcada do Douro, pomares de maçãs e hortícolas. A Direção Regional alertou os produtores para começarem imediatamente a aplicar um tratamento para ajudar a cicatrizar as videiras, nomeadamente adubo foliar com elevada percentagem de cálcio. A DRAPN salientou que o tratamento é “tanto mais eficaz quanto mais rapidamente for efetuado”. Em Sabrosa, no distrito de Vila

Real, a chuva forte chegou acompanhada de granizo, deixando um cenário nas vinhas de “bagos rachados, com a grainha à mostra, e folhas esfarrapadas”. Quem o descreve é Celeste Marques, da adega de Sabrosa, que disse ainda à Lusa que, na manhã de 7 de julho, os lavradores começaram a deslocar-se à cooperativa para fazer o balanço dos estragos e a participação ao seguro coletivo. O mau tempo afetou principalmente a corda entre a vila de Sabrosa, Vilarinho de São Romão e Celeirós, zona de produção de vinho de Porto e vinhos de mesa de denominação de origem protegida Douro. Fez nesta altura precisamente

> As perdas na cultura da maçã estimam-se na ordem dos 15 milhões de euros

um ano que este concelho foi também afetado por uma tempestade de chuva e granizo. Uma hora de “chuva torrencial”, a 07 de julho de 2016, provocou inundações em cerca de 12 lojas e casas de habitação, uma igreja e até na câmara de Sabrosa, além de estragos em vinhas e hortas deste concelho. Celeste Marques recordou o mau tempo do ano passado, em que a cooperativa perdeu cerca de mil pipas de vinho, e referiu que, em princípio, a dimensão dos estragos este ano “não será tão elevada”. O mau tempo afetou ainda áreas de vinha em Alijó, Santa Marta de Penaguião e Mesão Frio, no distrito de Vila Real.

Nos concelhos do Douro Sul, como Armamar e Tabuaço, há estragos em pomares de maçãs e vinha. De acordo com Carlos Carvalho, presidente da autarquia, a “devastadora tempestade que assolou Tabuaço na tarde de sexta-feira causou sérios prejuízos em grande parte do nosso concelho”, afirmou em nota enviada à imprensa. A nível da Proteção Civil verificaram-se estradas cortadas, casas inundadas, muros e caminhos derrubados tendo inclusive 11 pessoas ficado desalojadas. “Importa salientar a rápida sinalização e pronta e competente intervenção por parte dos Bombeiros de Tabuaço, desdobrando-se em dezenas de intervenções e permitindo resolver todas elas num espaço de tempo mais do que satisfatório”, acrescentou o edil. Outra das consequências desta intempérie foi o facto de grande parte da produção agrícola, das áreas afetadas, ter ficado destruída. “Nesse sentido foram tomadas várias medidas no sentido de tentar minimizar os enormes prejuízos que ocorreram, encontrando-se já no terreno, e em articulação com as Juntas de Freguesia, uma equipa de técnicos da ADIVAT e da Câmara Municipal no sentido de alertar os agricultores das medidas a tomar, de imediato, tendo em vista tentar contrariar ou di-

> Manuel Cardoso em Tabuaço

minuir o flagelo que aconteceu”, explicou o presidente da autarquia de Tabuaço. A trovoada, acompanhada de chuva e granizos intenso, também causou inúmeros estragos em Armamar. A norte, no vale do Douro, foi mais a chuva que caiu, mas a sul no planalto beirão onde se estendem os mais de 1600 hectares de pomares de macieiras, o granizo arrasou culturas e provocou danos em algumas habitações. As perdas na cultura da maçã, na ordem dos 50 por cento, estimam-se já na ordem dos 15 milhões de euros. Como se não bastasse a perda da colheita deste ano, os fruticultores estão muito preocupados porque a destruição foi de tal ordem que as árvores vão precisar de 2 a 3 anos para recuperar e voltar a produzir com qualidade. Recorde-se que em Armamar são produzidas anualmente mais de 70 milhões de quilos de maçã. Os fruticultores da Capital da Maçã de Montanha têm feito grandes investimentos nos últimos anos, modernizando as técnicas de cultivo, diversificando as variedades produzidas, inovando para responder às exigências dos mercados. Depois da tempestade, “todo este esforço será interrompido durante pelo menos dois anos, o tempo mínimo necessário para cicatrizar o que em trinta minutos ficou destruído”, afirmou a autarquia em comunicado.■


20 VIVADOURO JULHO 2017

S.João da Pesqueira

Eduardo Rocha é o candidato pelo PSD à Câmara de S. João da Pesqueira Depois de o atual autarca de S. João da Pesqueira, José Tulha, ter decidido que não se ia recandidatar ao terceiro mandato, o PSD anunciou Eduardo Rocha, atual diretor da Escola Profissional de S. João da Pesqueira, como candidato à presidência da autarquia. O VivaDouro esteve à conversa com o candidato que entre outros aspetos tem como prioridades a saúde e a rodovia, uma vez que os acessos ao concelho “são miseráveis”. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

> Eduardo Rocha, candidato do PSD à Câmara Municipal de S. João da Pesqueira Como é que surgiu esta candidatura à Câmara Municipal de São João da Pesqueira? Surgiu como uma vontade própria de há muito tempo que agora passou a tornar-se uma realidade, fruto de o atual Presidente de Câmara ter pretendido, por motivos próprios, abandonar a sua vida politica e dedicar-se à vida familiar. Nesse sentido, até porque os órgãos centrais distritais sabiam também do meu interesse pela mesma, houve naturalmente uma seriação em que um dos nomes foi meu e após isso e encetadas todas as frentes entenderam que eu estaria em posição sustentável para dar força aquilo que é a candidatura do PSD em São João da Pesqueira. Já têm escolhido o candidato para a Assembleia Municipal? Ainda não. Como é óbvio qualquer candidato tem um conjunto de nomes para depois distribuir quer pelo executivo quer pela Assembleia

Municipal. O que eu posso dizer é que temos esses nomes em cima da mesa. Neste momento faço-me acompanhar, para o executivo, do Dr. Vítor Sobral, o resto a seu tempo. Isto não deixa de ser um jogo interessante e quando digo jogo refiro-me ao facto de termos que perceber de que forma é que o nosso adversário funciona para que depois sejamos fortes e capazes de dar respostas fortes, caso contrário costuma-se dizer que quando se mostra aquilo que pretendemos de forma muito objetiva podemos perder por sermos demasiado objetivos. Não quero com isso dizer que as coisas não estejam perfeitamente equacionadas. Bem pensadas, bem estruturadas, e que isso seja um fator importante para obter-mos aquilo que é a nossa eleição. Põe a hipótese de integrar pessoas provenientes de outras forças políticas na sua lista? Posso-lhe dizer que neste mo-

mento tenho todas as juntas formadas, isso é muito importante, nós temos 11 Juntas de Freguesia, e eu tenho 11 candidatos a Presidentes de Junta formados. Dos quais poderia dizer que alguns são provenientes exatamente da lista opositora, o que para mim é uma satisfação grande, sem dúvida, tenho candidatos que eram independentes, sem que fossem do PSD ou da outra lista, PNT (“Pela Nossa Terra”). Penso que com isto lhe estou a dar uma resposta, é uma lista multidisciplinar, ou multipartidária. Na sua opinião mais do que o partido o que interessa verdadeiramente são as pessoas? Absolutamente. Aquilo que possa ser uma estratégia que dê resposta aos interesses, ao desenvolvimento sustentado do nosso concelho para mim é prioritário. A “cor” não é de certeza o mais importante. Falando agora acerca do plano

eleitoral. O que é que se propõe a fazer por S. João da Pesqueira? Não sei como é que isto se diz em política porque ainda estou a aprender política, dizem-me que se eu não fizer promessas que perco as eleições mas eu tenho eixos prioritários. Dentro de eixos prioritários tenho naturalmente a educação, uma educação de qualidade. Tentar que exista coerência naquilo que possa ser a atividade educacional do nosso concelho e apoiar de forma inequívoca aqueles que de forma mais necessitada precisam de ajuda. Mas também é mentira se eu disser que não estamos voltados com a mesma sensibilidade para outras áreas, como a qualidade da saúde por exemplo. Nós sabemos que a nossa saúde é precária, que nos atira diariamente para fora do concelho por estradas sinuosas. Temos que atenuar isso com aquilo que eu chamo de saúde de proximidade. Se todos participarmos nessa boa ação que será ter a saúde próxima de nós mas não como capelinha, não à porta de todos, se calhar o próprio Centro de Saúde, com o apoio incondicional do município, terá capacidade para dar respostas de forma diferenciada à que é dada hoje. Quando se fala de distâncias fala-se de rodovia que é extremamente complicada. Temos de ter atenção que estamos em momentos de escassez de dinheiro para realização de obras físicas mas também não podemos ficar parados no tempo e isso significa que através de um eixo que se fala há muito e que podemos reivindicar, o eixo que faz a ligação Tabuaço- Armamar – A24, que possa passar por ai aquilo que seja o futuro das nossas redes viárias. Quero que São João da Pesqueira ofereça a quem nos visita condições para virem até cá. Mas também para virem para cá trabalhar, para isso é preciso criar empresas e microem-

presas, fomentar o empreendedorismo. Fomentando o empreendedorismo estamos a fomentar o emprego, o emprego par os jovens hoje é fundamental. Permitir que quem queira viver em S. João da Pesqueira tenha essa oportunidade. Não vamos de maneira nenhuma arranjar trabalho para toda a gente, vamos fazer com que haja a possibilidade da fixação de jovens na nossa terra, isso é extremamente importante. Estamos numa área onde a agricultura é predominante e temos de ter uma política de proximidade, temos de perceber o que é que os agricultores necessitam e de que forma podemos ajudar. Gostaríamos de ser a voz, os mensageiros, daquilo que são as insatisfações dos agricultores junto do poder central para que possamos reivindicar com dados concretos e posições definidas. Temos ainda o desporto e a juventude, que deve ser uma juventude inclusiva e a incluir. Para que, quer na constituição das minhas listas, quer naquilo que seja futuramente a autarquia, possa dizer que existem jovens que estão a preparar o futuro. Realço o desporto porque a captação de jovens faz-se muito por esta via e reconheço que se temos muitas condições e infraestruturas em termos de desporto, S. João da Pesqueira tem que estar atento a essa matéria e tentar fazer o melhor para que os jovens não tenham necessidade de sair daqui para a prática desportiva. Resumidamente quais são os “eixos estratégicos” que definem a sua candidatura? Educação de qualidade, saúde de qualidade, proteger os desfavorecidos e os idosos, acessibilidades dignas, apoio aos agricultores, investimento e emprego, freguesias, desporto e juventude.■


VIVADOURO JULHO 2017 21

S.João da Pesqueira

Independente Manuel Cordeiro é candidato à Câmara de S. João da Pesqueira O advogado Manuel Cordeiro é candidato à presidência da Câmara de S. João da Pesqueira pelo movimento independente ‘Pela Nossa Terra’. O VivaDouro esteva à conversa com o candidato que tem as acessibilidades como a principal prioridade caso venha a ser eleito nas eleições autárquicas de 1 de outubro. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

nós procurarmos consenso para combater essas políticas. Acho que aí podemos ter alguma força, uma entidade pública como são as Câmaras teria toda a força para poder fazer alguma coisa no que diz respeito à agricultura. O turismo está diretamente associado, porque não criar consensos e condições para que os turistas possam usufruir melhor do concelho. Depois evidentemente a questão social, é um concelho envelhecido, existem instituições particulares de solidariedade social, e nesse sentido seria ajudar ainda mais essas instituições, nessa parte não estaremos muito mal porque de facto essas entidades substituem-se às entidades públicas e têm feito o seu trabalho.

> Manuel Cordeiro, candidato independente à Câmara Municipal de S. João da Pesqueira Como é que surgiu esta candidatura à Câmara Municipal de São João da Pesqueira? Em 2013 houve um grupo de pessoas, algumas já envolvidas politicamente, outros que ainda não estavam envolvidos, e começamos a falar entre nós porque havia um descontentamento generalizado com a autarquia, um concelho que não estava a desenvolver-se, que perdeu muitos serviços. Foi este descontentamento generalizado que levou um grupo de pessoas a querer fazer alguma coisa. Começámos a reunir e a discutir o que devíamos fazer e decidimos avançar com o movimento independente. As razões que nos levaram há quatro anos a ser candidatos são as mesmas que nos levam agora. Com o fundamento ainda acrescentado que o resultado que tivemos há quatro anos foi bom, ainda que tenhamos perdido. Verificámos que o PSD teve 2 mil votos, e a oposição toda teve 2.700 votos, isto foi um sinal que as pessoas não estavam contentes. Sabendo agora que o PS e o CDS não se vão candidatar,

o resultado que tivemos, o descontentamento, e o facto de nada ter evoluído nestes últimos quatro anos, tínhamos a obrigação perante as pessoas que votaram em nós em nos voltarmos a candidatar. Vão continuar a ser independentes ou vão procurar o apoio de algum partido? Uma vez que não há candidato nem do PS nem do CDS. Não vamos. Não há qualquer apoio formal ou económico de algum partido, não há nada. Aquilo que há foi no sentido pragmático desses partidos, e que é louvável, de perceber que a única forma de poder ajudar a alterar o estado das coisas seria não se candidatarem porque não têm votos que cheguem e desta forma podem ajudar-nos a chegar lá mas não existe qualquer apoio. No que diz respeito à constituição da lista, já têm os membros definidos? Posso-lhe dizer que as listas para as freguesias estão concluí-

das, estamos na fase de recolha de assinaturas para as Juntas de Freguesia, para a Câmara e Assembleia Municipal. As pessoas que estavam connosco há quatro anos mantêm-se, eu vou querer contar com todas também. Vou reajustar os nomes para a Câmara e para a Assembleia. O segundo será de certeza o Dr. Luís Rodrigues, mas vou reajustar alguma coisa mas nunca excluindo ninguém, reajustar apenas. Se há quatro anos confiava que as pessoas iam trabalhar bem comigo continuo a confiar nelas. Isso ainda não está definido falta de facto começar a organizar a Câmara e a Assembleia e espero até meados de julho ter todos os nomes para apresentar publicamente. Falando agora acerca do plano eleitoral. O que é que se propõe a fazer por S. João da Pesqueira? Fazer alguma coisa no concelho de S. João da Pesqueira não é muito difícil porque o potencial está cá todo. Basta pensar um bocadinho, ter ideias e vontade de trabalhar, não é preciso muito mais. Ainda

estamos a elaborar o plano eleitoral mas posso dizer as prioridades. A primeira são as acessibilidades, sem dúvida nenhuma. As acessibilidades resolvem muitos problemas do concelho. Ter melhores acessibilidades que nos permitam chegar às urgências de Vila Real muito mais rápido do que fazemos agora. Resolve o problema da saúde. A questão económica também, mesmo naquilo que respeita à nossa produção de vinho e de uvas, em termos económicos a melhoria das acessibilidades também podem ajudar. As acessibilidades resolvem, sem dúvida, muita coisa. Depois a agricultura, o turismo e a questão social. 90% das pessoas vivem da agricultura e mesmo todas as outras atividades que aqui se desenvolvem andam à volta disso. As Câmaras têm cada vez mais obrigação de se imiscuir nessa parte. Para além de ter ideias e de procurar consensos com os outros concelhos do Alto Douro Vinhateiro, com as Cooperativas, para além disso, sempre que haja alguma decisão governamental ou institucional que nos prejudique

Resumidamente quais são as prioridades que definem a sua candidatura? Acessibilidades, agricultura, turismo e a parte social. Depois temos medidas concretas que a seu tempo serão divulgadas. Para concluir, queria dizer que não digo que sejamos melhores que outros mas julgo que o concelho só teria a ganhar com uma candidatura independente. Se calhar faria despertar um bocadinho a nível governamental, julgo que é uma oportunidade única para as pessoas que estão descontentes, e todos os dias eu oiço pessoas descontentes, de pelo menos tentar mudar alguma coisa, não é a manter-se igual que as coisas se vão alterar. Eu fui convidado pelo PSD para ser candidato à Câmara e não aceitei exatamente porque nunca me passaria pela cabeça deixar as pessoas que estiveram comigo durante quatro anos porque aquilo que nos motiva é mudar alguma coisa e não ir para a Câmara para ser presidente apenas porque senão tinha aceitado o convite.■


22 VIVADOURO JULHO 2017

Lamego

José Paulo Lousado: “O desenvolvimento do capital humano da região é o nosso fator-chave”

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) entrou em funcionamento no ano letivo de 2000/2001, constituindo-se como uma unidade orgânica do Instituto Politécnico de Viseu (IPV). O VivaDouro esteve à conversa com José Paulo Lousado, que nos falou acerca dos principais objetivos desta instituição que se tem cada vez mais afirmado como um polo dinamizador da região. FOTO: DR

Que novidades podemos esperar na ESTGL no próximo ano letivo? A ESTGL no próximo ano letivo mantém os seis cursos de licenciatura que estão acreditados pela A3ES, a Agência de Acreditação a Avaliação do Ensino Superior, também tem abertas as inscrições para os oito CTeSP - cursos de técnico superior profissional, criados recentemente pelo governo e dois mestrados. Em termos de novidade propriamente dita, temos o curso de mestrado em Gestão do Património Cultural e Desenvolvimento Local, com início previsto para o final de setembro de 2017 e a 3ª edição do mestrado em Gestão de Organizações Sociais, que iniciava no 2º semestre e que no próximo ano irá iniciar também no final de setembro de 2017, acertando assim o calendário deste curso com os restantes. Está também em preparação uma pós-graduação em Guias Turísticos Regionais que por agora, ainda não tem data para iniciar. Quais são as principais vantagens que os alunos podem beneficiar ao escolher a ESTGL para realizarem a sua formação? A escola tem uma política de proximidade bastante grande. Sendo uma escola pequena, há uma grande facilidade de comunicação, os alunos conhecem-se todos e esta acaba por a

mais-valia principal. Temos também mecanismos internos de combate ao insucesso escolar que não estão presentes na maior parte dos estabelecimentos de ensino superior, nomeadamente o tutor, que é um professor que vai acompanhando os alunos e as recuperações nas avaliações, dando a possibilidade ao aluno que se encontra em avaliação contínua, de ter uma oportunidade extra de avaliar os seus conhecimentos, evitando a reprovação de imediato. Qual a oferta formativa disponível na ESTGL? Para além dos mestrados que foram referidos anteriormente, a ESTGL oferece as licenciaturas de Gestão e Informática; Gestão Turística, Cultural e Patrimonial; Engenharia Informática e Telecomunicações; Contabilidade e Auditoria; Secretariado de Administração e Serviço Social em regime diurno e pós-laboral. Nos cursos Técnico Superior Profissional, temos Enoturismo; Gestão Comercial e Vendas; Contabilidade e Fiscalidade; Relações e Negócios Internacionais; Intervenção Social e Comunitária; Informática Industrial; Integração de Sistemas e Serviços de Telecomunicações e Assessoria e Comunicação Organizacional. Qual é o vosso principal público-

-alvo? O público-alvo da escola são os jovens que terminam o ensino secundário, quer por via regular, quer por via profissional. Estamos também apostados em cativar pessoas que se encontram no mercado de trabalho e que pretendem a sua requalificação. Outro público são os indivíduos com mais de 23 anos, que tenham alguma experiência profissional e que pretendam ingressar no ensino superior por essa via, normalmente têm o ensino secundário incompleto, tendo de realizar várias provas durante o processo de candidatura. A ESTGL tem-se cada vez mais afirmado como um polo dinamizador da região. Quais são os principais benefícios para a região com a localização da ESTG em Lamego? A ESTGL acaba por ser um fator de formação local que contribui decisivamente para a qualificação e fixação da população, de forma a contrariar o despovoamento do interior. Não é fácil, temos alunos de várias regiões do país, nomeadamente das ilhas, mas o concelho de Lamego representa cerca de 30% do nosso público, pelo que a nossa área de influência se traduz efetivamente na CIM Douro e na CIM Tâmega e Sousa, onde se inclui o concelho de Resende, e que tem um peso de cerca de 7% dos nossos alu-

nos. Ao formar pessoas para a região, estamos sem dúvida alguma a aumentar o capital humano, a desenvolver o corpo de conhecimento nessas regiões e pelas sinergias criadas, naturalmente impulsionará o desenvolvimento da região, onde já temos bastantes casos de jovens empreendedores, que criaram a sua empresa e o seu posto de trabalho, cuja formação inicial, licenciatura, foi obtida na ESTGL. Estes são para nós os nossos melhores embaixadores. Quais são os principais desafios impostos a uma instituição de ensino superior localizada num território do interior? Como já referi, o desenvolvimento do capital humano da região é o fator chave, digamos que o nosso desígnio principal. Nada vale para uma instituição, estar a formar para o desemprego. Os nossos desafios passam por dotar os nossos estudantes das ferramentas necessárias para que possam desempenhar as suas funções autonomamente, sendo colocados a estagiar em instituições e empresas da região, preferencialmente, para que a conheçam e contactem com a realidade. Criaram recentemente uma incubadora de empresas em parceria com a autarquia, qual o balanço que faz destes primeiros meses de atividade? A Incubadora de Empresas de Lamego é bastante relevante para que se possa oferecer aos nossos diplomados um espaço de contacto empresarial privilegiado, sendo também uma excelente oportunidade para colocar os nossos alunos a estagiar, principalmente na área do Secretariado. Em termos de balanço, é positivo, temos uma ocupação de 50% o que esperamos vir a aumentar com a saída para o mercado de trabalho de mais diplomados, estando em nós a expetativa de que alguns deles possam vir a necessitar de espaço para criar a sua

própria empresa. No mesmo dia foi ainda inaugurado o novo edifício de expansão da escola. Era uma obra há muito esperada pela comunidade académica? Sem dúvida, a escola ficou agora com um espaço que confere dignidade a quem aqui trabalha e principalmente a quem aqui estuda. A ESTGL foi criada em 1999, iniciou a sua atividade em 2000, tendo ocupado, para além do edifício principal, outros edifícios disponibilizados pela autarquia, com todos os constrangimentos que daí advêm. Esta foi uma obra de grande importância, mas a média prazo necessitaremos de outras obras complementares, como por exemplo, a criação de uma residência para estudantes. Como vê o futuro da ESTGL? Quais são os planos para a instituição? A ESTGL está numa fase de crescimento, pelo que entendemos que o futuro será ainda melhor. Obviamente não podemos elevar muito as expetativas, uma vez que como é do conhecimento geral, estamos a sofrer nesta alguma da diminuição do número de nascimentos que aconteceu há cerca de 18 – 20 anos e que tem vindo a evidenciar-se cada vez mais, pelo que a ESTGL tem necessidade acrescida de mostrar o seu valor, a capacidade académica e científica do seu corpo docente, sendo que atualmente cerca de 73% dos nossos docentes têm doutoramento, estando bastante acima da percentagem global do Instituto Politécnico de Viseu, ao qual pertencemos. Para finalizar, em termos de planos futuros, para além da construção de uma residência de alunos, pretendemos estabelecer protocolos com o Município de Lamego de forma a garantir à nossa comunidade académica, acesso a espaços para a prática de desporto e de atividades de âmbito cultural.■


VIVADOURO JULHO 2017 23

Tabuaço

No Douro Sul Rui Rio apoiou a ideia de “descentralização com responsabilidade política”

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Foi junto ao rio Douro, no concelho de Tabuaço, que as Conferências da Cidade – Douro Sul, se inauguraram, com a temática da sustentabilidade dos territórios de baixa densidade em pano de fundo. FOTO: DR

Rui Nunes, reconhecido Professor da Universidade de Medicina do Porto e muito ligado a dinâmicas da sociedade civil e uma referência na Bioética, abriu horizontes enquadradores a novas formas de organização local que promovam sinergias. Carlos Carvalho, presidente da Câmara de Tabuaço, salientou problemas do Douro Sul e dos territórios de baixa densidade e apontou caminhos. Rui Rio, ex-autarca, fazendo uma abordagem à escala nacional, vincou a necessidade de se gerir bem o país e as autarquias, revelando-se adepto de uma “descentralização com responsabilidade política”. Rui Rio enfatizou a importância das soluções locais para uma gestão adequada dos territórios com menos gente, mas com grandes condições que facilitam a qualidade de vida. “De todos, ficou uma visão clara sobre o conceito de cidade simbólica que junta

as Aldeias, Vilas e Cidades de um território, aproveitando as potencialidades e minimizando os problemas”, afirmou a organização. “Em áreas como a saúde, o desenvolvimento económico que promove o emprego, desejam-se iniciativas inovadoras, que potenciem a escala Douro Sul”, acrescentou. A Sociedade Civil, Autarcas e Ciência, falaram dos principais contextos locais, regionais e nacionais, para que, na diversidade de opiniões e opções sociais e políticas, “se construa um caminho de sucesso para o Douro Sul”. No final, Domingos Nascimento, presidente da Comissão Promotora da Agência Social do Douro, reiterou os desafios para o Douro Sul e manifestou-se grato pela participação e indicou que a Agência Social do Douro, “será um parceiro agregador das diferentes ações da sociedade civil, potenciando-se, desta forma, uma ação conjunta e concertada”.■ FOTO: DR


24 VIVADOURO JULHO 2017

Tabuaço

Carlos Carvalho é recandidato à autarquia de Tabuaço Carlos Carvalho encontra-se a dirigir a Câmara Municipal de Tabuaço desde 2013, sendo neste momento candidato pelo PSD às próximas eleições autárquicas, a realizar no dia 1 de outubro. O VivaDouro esteve à conversa com o edil que nos falou acerca do balanço destes anos de mandato e sobre os planos que tem para o futuro. Texto e Fotos: Salomé Ferreira

da finalização do projeto. A nível da construção de ETAR´s (Estação de Tratamento de Águas Residuais) em várias zonas que entendíamos que era realmente fundamental. A nível também daquilo que é a mobilidade urbana, em que temos cerca de 300 mil euros aprovados, a nível do PROVER, temos um valor igual. O grande problema é que isto esteve a ser preparado durante estes quatro anos, agora acredito que no espaço temporal de um ou dois anos estará tudo em cima da mesa para que possamos fazer e isso acredito que nos irá permitir chegar a uma percentagem ainda maior do que aquilo que nós pretendíamos levar a cabo.

Qual o balanço que faz destes quatro anos à frente da autarquia de Tabuaço? O balanço é claramente positivo apesar dos constrangimentos financeiros que encontrámos. Pela situação financeira da Câmara, pelo facto de em 2013 se ter começado a pagar o saneamento financeiro, no valor de 8 milhões de euros, tendo tido um período de carência de três anos, entre 20102013, o que causou constrangimentos ainda maiores. O facto de termos inúmeras situações em tribunal, ainda sem resolução, que se vieram a resolver ao longo destes quatro anos. Realmente criaram-nos bastantes constrangimentos que nos limitaram um pouco a nossa ação. No entanto e nas diferentes áreas conseguimos ir criando as condições para levar a cabo aquilo que é o nosso projeto, o nosso objetivo, nunca descorando aquilo que é a resposta ao anseio das populações. Como é lógico muito foi feito mas a realidade é que sentimos que ainda estamos a meio de um percurso que, claramente, aquilo que é a situação

financeira do município acaba por nos criar estes constrangimentos. Conseguiu cumprir tudo a que se propôs no plano eleitoral que apresentou nas últimas eleições autárquicas? Não, infelizmente pelos motivos descritos e também pelo facto de termos passado quatro anos em que vivemos com o fecho do último Quadro Comunitário. O atual Quadro Comunitário que já devia estar em vigor desde 2014 neste momento está encerrado. Mas a realidade é que muito daquilo a que nos tínhamos proposto, quer a abertura das piscinas municipais, que abriram logo em 2015 e que hoje em dia são um equipamento de excelência para a população; a construção do novo quartel da GNR; a participação na requalificação do quartel dos Bombeiros; a finalização das obras de regeneração urbana da vila de Tabuaço, a requalificação da Loja Interativa de Turismo; a abertura da biblioteca que vai acontecer brevemente, a par de uma séria de outras obras que fomos levando a cabo ao lon-

go destes quatro anos, permitem-nos que realmente façamos um balanço bastante positivo. Sendo que criamos também as condições e as candidaturas para que neste momento possamos também vislumbrar vários projetos, quer a nível da regeneração urbana que irá acontecer na vila de Tabuaço e em Sendim, em Valença do Douro, a requalificação da nossa Zona Industrial, projeto esse que já está aprovado, estando agora à espera

São esses os principais projetos que pretende levar a cabo caso venha a ser eleito? Os objetivos vão muito além disso, existe um projeto e uma base orientadora daquilo que nós pretendemos nas diferentes áreas, seja na educação, economia, saúde, na área social, na obra física, e como é lógico é mais abrangente. Estes depois no fundo são os aspetos visíveis daquilo que são estas estratégias. Como é lógico, como já dissemos, sem querer ser

redundante, no fundo acaba por limitar aquilo que é uma realidade financeira como tem o município de Tabuaço. Nós temos uma receita anual na ordem dos sete milhões de euros e continuamos a dever pouco mais que o dobro. Quando chegámos à Câmara tínhamos uma realidade financeira de 15 milhões e 900 mil euros e hoje em dia estamos com uma realidade financeira de 11 milhões e 900 mil euros, com uma redução de quatro milhões de euros, é muito difícil para nós irmos reduzindo esta divida e mesmo assim ir conseguindo fazer alguma coisa, mas no fundo é este equilíbrio que todos os dias tentamos fazer, nunca descorando a satisfação das necessidades mais básicas de cada um dos indivíduos que compõem o nosso concelho. Temos a noção de que nem sempre conseguimos cumprir esse objetivo mas também temos a consciência tranquila que é diariamente com esse objetivo que lutamos, que decidimos e que tentamos levar as coisas a bom porto. Com toda a certeza eu acredito que dentro deste espirito e deste paradigma nós acabamos por conseguir concretizar esses objetivos.■


VIVADOURO JULHO 2017 25

Moimenta da Beira|Tarouca

Inaugurado “Sistema Solar à escala do concelho” em Moimenta da Beira Moimenta da Beira inaugurou o “Sistema Solar à escala do concelho”, um modelo único em Portugal e na Europa. FOTO: DR

O “Sistema Solar à escala do concelho de Moimenta da Beira” está agora à disposição de todos para ser usufruído. “A visitação em grupo ou individualmente começa agora”, sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, no discurso inaugural. José Eduardo Ferreiro acredita que

a aposta do município neste projeto “vai contribuir para um melhor conhecimento do nosso Sistema Solar e despertar uma curiosidade generalizada”. Trata-se de um modelo único em Portugal e na Europa uma vez que alia a Ciência à Arte e tem ainda uma peculiar vertente de

inclusão social. A sua produção resultou de uma parceria entre o Município e o Clube das Ciências do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, e foi no dia 21 de junho, dia do Solstício de Verão, um fenómeno da Astronomia que marca o início da estação mais quente do ano.

O trajeto inaugural começou no “Sol”, colocado junto aos Paços do Concelho, e terminou em “Neptuno”, na praia fluvial de Segões. Pelo meio foram inaugurados os restantes sete planetas: Mercúrio, Vénus, Terra e Marte (na vila de Moimenta da Beira), Júpiter (Semitela), Saturno (cruzamento de Baldos) e Úrano (Alvite). A singularidade deste Sistema Solar, que o torna verdadeiramente único em Portugal e na Europa, é a sua vertente artística e também de inclusão social. Artística porque oito dos nove discos metálicos foram intervencionados por pintores, arquitetos, escultores, ilustradores e designers, todos com formação pelas Faculdades de Belas Artes do Porto e Lisboa. E de inclusão social porque um dos discos tem a mão criativa de vários utentes da Artenave, uma instituição de solidariedade sediada em Moimenta da Beira.

“Quisemos dar um toque especial de talento e génio”, explica Sara Fernandes, designer e responsável pela conceção artística do projeto. O Sol foi intervencionado por Nuno Bastos (arquiteto); Mercúrio por David Silva (arquiteto) e Cristina Aguiar (designer); Vénus por Sara Fernandes (designer); Terra por utentes da Artenave; Marte por Francisco Cardia (pintor); Júpiter por Joana Alvim (designer); Saturno por Raquel Pequito (escultora); Úrano por Daniel Correia (pintor/ ilustrador); e Neptuno por Mariana Silva (arquiteta). Estremoz, concelho do distrito de Évora, criou em 2007 o primeiro (que era único até agora em Portugal) Sistema Solar à escala. Na Europa, a Suécia foi o primeiro país a ter um modelo do género, construído entre 1986 e 1989. Porém, “nenhum deles tem a marca artística e de inclusão social”, afirmou a autarquia em comunicado.■

Rejuvenescer Tarouca foi até à Sta. Helena.

As desafiantes pistas da Serra de Sta. Helena, em Tarouca, acolheram, nos dias 16 e 17 de junho, o Campeonato Nacional de Downhill.

No dia 5 de julho o Grupo Rejuvenescer Tarouca grupo rumou até ao santuário Sta. Helena, que por estes dias atrai centenas de crentes para assistirem à novena que antecipa a festa dedicada à Sta. Helena, realizada habitualmente no segundo domingo do mês de julho.

FOTO: DR

Tarouca acolheu Campeonato Nacional de Downhill

FOTO: DR

Durante dois dias, cerca de 170 praticantes da modalidade mostraram a sua destreza e perícia ao guiador das suas bicicletas, enquanto desciam as vertiginosas pistas em tempos record. Foram muitos os que se deslocaram ao Concelho de Tarouca durante estes dias e que puderam assistir a um mega espetáculo desportivo, onde a adrenalina esteve sempre em alta. “Tarouca afirma-se, cada vez mais, como

um destino de eleição para a realização destes eventos, já que reunimos um conjunto de condições naturais únicas para a prática das modalidades de desporto e aventura”, referiu na ocasião o vice-presidente da autarquia, José Damião Melo. A Câmara Municipal de Tarouca, “ciente da importante projeção que estes eventos dão ao concelho, tem sido parceiro ativo e impulsionador da realização dos mesmos, juntamente com a União de Freguesias de Tarouca e Dalvares”.■

“Ciente do papel primordial que a crença, fé e religião tem na vida dos seniores do concelho de Tarouca, a autarquia proporcionou ao grupo do Rejuvenescer Tarouca uma tarde convívio em Sta. He-

lena”. Acompanhados pelo executivo e animadores do projeto, os seniores tiveram a oportunidade passar uma tarde de convívio, com música, lanche e Eucaristia.■


26 VIVADOURO JULHO 2017

S.João da Pesqueira|Alijó

DO.C no Museu do Vinho de São João da Pesqueira – Da Dor da Lucidez Marcando o arranque do seu novo Programa Internacional de Projetos e Residências Artísticas, DO.C – Douro Contemporâneo, a Câmara Municipal e o Museu do Vinho de São João da Pesqueira apresentam a exposição de arte contemporânea “Da Dor da Lucidez”. A mostra reúne a produção recente e obras inéditas do artista alemão Andre Martus. FOTO: DR

seu discurso e produção artística, e assegurar que o ‘visitante / observador’ experiencie e explore os limites de cada uma das suas obras. Para Andre Martus Lucidez “implica a superação, o risco, a visão... A vontade de ultrapassar limites e transpor todas as mar-

gens do seu próprio caminho enquanto artista, a busca incessante ao longo de todas as fronteiras conhecidas”. Para ele o território da lucidez é “onde os pés se crivam no chão, o olhar se perde em qualquer horizonte, e a sua vontade viaja até o alcançar”.■ FOTO: DR

O Museu do Vinho de São João da Pesqueira mostra de 25 de Junho a 20 de Agosto de 2017, a exposição “Da Dor da Lucidez” de Andre Martus, com curador-

ia de Nuno Ribeiro e o apoio à produção da Câmara Municipal de São João da Pesqueira. Uma exposição de um artista estrangeiro com forte ligação af-

etiva a Portugal que, ao trabalhar conceitos, técnicas e meios distintos - escultura, pintura e instalação multimédia – procura consagrar a sua investigação, o

“Sons do Parque”: Festival leva música a Alijó nos dias 14 e 15 de julho Com entrada livre, a 2ª edição do Festival “Sons do Parque” vai invadir o “Parque da Vila”, em Alijó, numa mescla de sons que vão do rock, à soul passando pelos blues e pelo jazz, através da presença de bandas nacionais e internacionais. FOTO: DR

O Festival “Sons do Parque” é uma iniciativa do Município de Alijó, em parceria com a Freguesia de Alijó e a Associação Cultural ‘O Plátano de Alijó. A 1ª edição teve início em 2016, a 30 de junho, sob o nome de Alijó Summerfest. “O conceito

nasceu da necessidade de criar uma identidade própria, alargar a duração dando-lhe a roupagem de um festival e reforçar a aposta na confluência de vários estilos musicais, desde o rock, à soul passando pelos blues e pelo jazz”. A entrada no evento é grátis

e do cartaz fazem parte bandas como Blasted Mechanism (Portugal), Freedonia (Espanha), Stone Dead (Portugal), Iron Fist Blues Band (Portugal), Datcha Mandala (França), The Ramblers (Portugal). Para além dos concertos ao

vivo, o ambiente festivaleiro vai prolongar-se pela noite dentro com a ajuda de um DJ SET composto por nomes de referência como Slimmy, na sexta-feira e Nuno Calado da Antena 3, no sábado. O “Sons do Parque” vai ainda contar com um palco secundário

no qual algumas bandas da região (3 por Jazz; Multidão Solitária; Yonder) vão poder apresentar as suas sonoridades aos festivaleiros. O evento vai garantir também, a todos os visitantes, uma zona de restauração com oferta gastronómica de variada de qualidade e diversos bares da região. “Com a realização deste evento em Alijó pretende-se contribuir para o enriquecimento, diversidade e dinâmica cultural do Concelho, disponibilizando gratuitamente nesta zona do país o acesso a vários concertos de sonoridades e géneros musicais diferentes, quer de bandas de música de renome nacional, bandas de música originárias de outros países e outros nomes musicais emergentes no panorama artístico nacional e internacional”, afirmou a organização em comunicado.■


VIVADOURO JULHO 2017 27

Vários Concelhos

Torre de Moncorvo realiza Festival das Migas e do Peixe do Rio

Pelo 4º ano consecutivo, o Município de Santa Marta de Penaguião promoveu a Caminhada Noturna “Do Douro ao Marão”. FOTO: DR

A Associação de Comerciantes e Industriais de Moncorvo (ACIM), com o apoio da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo organiza mais uma edição do Festival das Migas e do Peixe do Rio, a ter lugar nos dias 14, 15 e 16 de Julho na Praia Fluvial da Foz do Sabor.

4ª Caminhada Noturna “Do Douro ao Marão” do Município de Santa Marta de Penaguião

FOTO: DR

Este Festival promove pratos confecionados com os peixes do rio, nomeadamente, o peixe frito, assado em molho de escabeche e as migas de peixe. Este prato típico pode ser degustado em vários restaurantes da vila e do concelho, tais como “As Piscinas”, “Pingo”, “Típico”, “Taberna do Carró” em Torre de Moncorvo, “O Artur” em Carviçais, “Bô-café” no

Larinho, “Café Lameirinho” e “Café Primavera” nas Cabanas de Baixo. Esta iniciativa para além de dar a provar esta iguaria conta ainda com animação musical na Praia Fluvial da Foz do Sabor. A Foz do Sabor é a única Aldeia Piscatória de Trás-os-Montes, onde ainda existem várias famílias que vivem exclusivamente da pesca.■

Mais de mil participantes juntaram-se, no fim-de-semana de 8 e 9 de julho, para participar na iniciativa que, a cada ano que passa, assiste a um aumento de participantes nacionais e internacionais. Com efeito, este ano, para além da presença repetida de

vários grupos vindos dos mais variados pontos do país e do estrangeiro (Holanda, Espanha, Inglaterra) pudemos contar ainda com a vinda de um grupo de caminheiros oriundos de Larcay, vila francesa geminada com Santa Marta de Penaguião.■

Passeio sénior ao Minho juntou mais de 500 séniores em convívio

A Câmara Municipal de Armamar acolheu o ato de entrega dos prémios de excelência aos melhores alunos dos segundo e terceiro ciclos e do ensino secundário do Agrupamento de Escolas de Armamar, no ano letivo 2016/2017 que agora termina.

A Câmara Municipal de Mesão Frio organizou mais um passeio sénior, que decorreu durante o dia 28 de junho. À semelhança de anos anteriores, o convívio destinou-se aos seniores do concelho, com idade igual ou superior a sessenta anos, reformados, aposentados ou com algum tipo de deficiência.

A cerimónia teve lugar no salão nobre do edifício da Câmara Municipal. Estiveram presentes João Paulo Fonseca, Presidente da Autarquia, António Manuel Silva, Vice-presidente e Vereador da Educação e o professor Joaquim Duarte, da Direção do Agrupamento de Escolas local. Para além do certificado entregue por

João Paulo Fonseca, os alunos receberam indicações relativas aos preparativos para a semana de Universidade Júnior que teve início no dia 1 de julho. A Câmara Municipal premeia assim estes jovens custeando a inscrição neste programa, o alojamento e garantindo ainda as viagens de ida e volta para a cidade do Porto.■

FOTO: DR

FOTO: DR

Câmara Municipal de Armamar premeia excelência escolar

A partida de Mesão Frio em direção à cidade minhota deu-se pouco depois das 7 horas da manhã. Chegados ao templo, os munícipes assistiram à cerimónia eucarística e, no final, o presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Alberto Pereira, juntamente com os cinco presidentes de Junta, foram convidados a assinar o livro de honra do santuário.

“Esta iniciativa confraternizante continua a fortalecer laços entre os seniores, diminuindo o isolamento, gerando o convívio e a animação”, afirmou a Câmara Municipal de Mesão Frio em comunicado. O objetivo da autarquia passa por “continuar a proporcionar anualmente este convívio, sempre ciente de que é um dia que marca pela diferença e importante para todos os seniores”. ■


Galiza-Norte de Portugal

Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES A propósito do Encontro Cooperativo Galiza- Norte de Portugal, realizado em 20 de junho 2017, em Valença. Para o cooperativismo, como noutras atividades humanas, as fronteiras físicas entre espaços nacionais diferenciados esbateram-se, em particular, no caso do projeto da União Europeia e, como não poderia deixar de acontecer, no caso da Península Ibérica. Assim, Espanha e Portugal, com histórias distintas, têm vindo a aproximar-se cada vez mais como espaço de práticas partilhadas, formais e informais, através de acordos e ações das quais o presente Encontro é exemplo. O Encontro foi uma oportunidade para debater o cooperativismo com base em projetos concretos que têm vindo a ser desenvolvidos no âmbito do trabalho das cooperativas, e que muito têm contribuí-

do para o desenvolvimento económico e social das regiões da Galiza e do Norte de Portugal, onde desenvolvem a sua ação. Foi, ao mesmo tempo, o momento escolhido para a assinatura de um “Memorando de Entendemento” entre a Consellería de Economía, Emprego e Industria, Xunta de Galicia, CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economía Social e a AgrupaciónEuropea de Cooperación Territorial da EurorrexiónGalicia – Norte de Portugal. As cooperativas nasceram faz muito tempo no turbilhão económico-social da “revolução industrial” criadas para dar respostas a problemas concretos de cidadãos concretos. É uma “boa ideia” que, desde sempre, travou uma luta desigual com as “más ideias” que regressam sempre, e sempre são capazes de deformar a política. Está bem de ver que a identificação das “boas” e das “más” ideias são uma simplificação da realidade que separa campos nos quais, na verdade, umas e outras coabitam e se digladiam. São representações da realidade, fazem parte da realidade. Defendo o modelo cooperativo como uma “boa ideia”, um modelo de empresa adquirido mas sempre questionado (mesmo, por vezes, pelo imobilismo dos que

o defendem), que se deve preservar, gerir, modernizar e desenvolver através da participação de um número cada vez maior de cidadãos e entidades, em interação e partilha de recursos, e riscos, pelos cidadãos e também pelos setores público e privado. O cooperativismo é, do meu ponto de vista, um modelo com futuro, nas suas diversas fórmulas, e em todos os seus ramos, um contributo válido e reconhecido, por um cada vez maior número de entidades, para a solução da crise económico-social nacional e europeia. Para tal, deve o Estado colocar na agenda política as medidas necessárias para promover o desenvolvimento do movimento cooperativo definindo, com rigor, os fins, eleger os meios e reunir os recursos,distribuindo-os de forma justa. Em Portugal podemos destacar, sem receio de errar, que estão em curso diversos projetos que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento do movimento cooperativo: - Programa COOPJOVEM, criado no âmbito do programa Portugal 2020, que se destina ao fomento de criação de cooperativas por jovens “nem-nem” e que está em execução; - “Cooperativa na hora”, projeto de

modernização administrativa que permitirá, à semelhança do que já acontece com a empresa e a associação tradicionais, criar uma cooperativa no momento, ultrapassando entraves burocráticos e, tantas vezes, a incompreensão da sua natureza pelos serviços públicos; - Análise do relatório preliminar de um Grupo de Trabalho para a criação de estatuto fiscal para o setor da Economia Social, do qual se espera que resultem algumas medidas de diferenciação positiva na área da fiscalidade do setor cooperativo, em cumprimento da previsão constitucional; - Emissão da credencial cooperativa em formato digital, designada por credenciação online, que desmaterializou o processo de credenciação de cooperativas, permitindo-lhes o acesso a benefícios fiscais e aos apoios públicos a que se candidatem. Pode parecer a uns pouca coisa, certamente num contexto em que muito resta por fazer, mas trata-se de dar passos concretos e seguros que, a meu ver, vão no caminho certo, ou seja, criar melhores condições para o desenvolvimento do movimento cooperativo com respeito pela sua independência e plena autonomia.

CONFAGRI - As Cooperativas e o combate às desigualdades A mensagem da Aliança Cooperativa Internacional (ACI)para o 95.º Dia Internacional das Cooperativas que se celebrou no passado dia 1 de Julho,destaca o papel das Cooperativas no combate àsdesigualdades. Tendo como mote “As cooperativas asseguram que ninguém é deixado para trás”, a mensagem da ACIrefere: “Numa época em que a desigualdade de rendimentos aumenta em todo o mundo, é bom lembrar que existem soluções para a desigualdade. O modelo cooperativo é o principal de entre eles. A sua definição internacionalmente acordada, os seus princípios e valores distinguem-no de todas asoutras formas de organização empresarial.” Esta mensagem é plena de actualidade e pertinência, pois um dos maiores problemas com quea sociedade se confronta é o agravamento das desigualdades. Em Portugal, esta questão é particularmente grave e sensível: - Como consequência da crise que atravessámos, Portugal foi um dos países onde a desigualdade da distribuição de ren-

dimentos se acentuou. E, continuamos a ser um dos países mais desiguais da União Europeia:Entre os 28 países, Portugal ocupa o 9º lugar com maior nível de desigualdade. Face à dimensão deste problema, um dos maiores desafios que se coloca à sociedade e aos Governos é, obrigatoriamente, encontrar respostas e soluções, que permitam contrariar as crescentes desigualdades. Assim a ACI, chama a atençãopara o modelo cooperativo, enquanto modelo de organização das pessoas, especialmente eficaz no combate às desigualdades. Enquanto Presidente da Confederação, que em Portugal representa as Cooperativas Agrícolas e de Crédito Agrícola, gostaria de destacar o relevante papel económico e social, das nossas associadas: • As Cooperativas geram actividade económica - Ao assegurarem a transformação, e o escoamento das produções dos seus associados, as Cooperativas agrícolas garantem a actividade de milhares de explorações agrícolas, que não seriam viáveis sem a sua existência,

• As Cooperativas agrícolas criam emprego, nomeadamente nas regiões mais desfavorecidas do nosso país. Investem nesses territórios, combatem o abandono e a desertificação e não se deslocalizam! • As Cooperativas promovem o aproveitamento dos recursos locais e valorizam o capital humano, através da capacitação e formação. • Face a mercados cada vez mais incertos, as Cooperativas são, em muitos setores, um referencial para a formação dos preços e contribuem para aestabilização dos rendimentos dos agricultores. A dimensão das Cooperativas agrícolas na Europa é muito relevante, elas asseguram 60 % da produção agro-alimentar na União Europeia. Em Portugal as Cooperativas têm um peso significativo nas nossas principais produções: cerca de 40 % do Vinho , 30% no Azeite, 62% no leite e 25 % nos frutos e hortícolas. Uma referência também para o ramo do Crédito Agrícola, cuja implantação no território nacional, através de uma rede de

670 agências, assegura um apoio de proximidade e de qualidade,às comunidades locais. Acresce ainda, a solidez dos índices financeiros do Crédito Agrícola, que lhe conferem uma posição ímpar no universo bancário português. Os ramos cooperativos da agricultura e de crédito agrícola demonstram assim,um papel efectivo e relevante no desenvolvimento e na coesão económica e social em Portugal. Mas, para que todo o enormepotencial do nosso sectorpossa ser aproveitado, importa desenvolver políticas que facilitem a actividade das cooperativas e, em determinadas situações, que promovam a sua revitalização. A promoção e apoio às cooperativas, além de ser um imperativo constitucional, é assim uma questão estratégica para o nosso desenvolvimento,que não pode ser descurada. Comendador Manuel dos Santos Gomes, Presidente da CONFAGRI

O Douro sabe bem.


VIVADOURO JULHO 2017 29

Opinião

A agenda ambiental das Universidades No início de agosto a humani-

futuros decisores devem incluir na sua

promover a prosperidade e o bem-

da mobilidade, a Universidade vai capa-

dade já terá consumido a totalidade

prática profissional preocupações am-

-estar de todos, proteger o ambiente

citar ocampus, inserido num conhecido

dos recursos que o planeta é capaz de

bientais e ser socialmente responsáveis.

e combater as alterações climáticas.

Jardim Botânico, com vias que condicio-

renovar anualmente. Todos os anos,

Indubitavelmente, as Universida-

Esta agenda da Universidade exige a

nem o trânsito automóvel e privilegiem a

este momento chega cada vez mais

des devem constituir bons exemplos

utilização de fundos estruturais destina-

circulação por via pedonal e por bicicleta.

cedo e, a partir dessa data, “viveremos

ambientais,promovendo sistemas de ges-

dos ao ambiente, caso da eficiência ener-

Em suma, as intervenções previstas

a crédito”.Conscientes desta situação,

tão ambiental nos seus campi,privilegiar

gética. A Universidade vai privilegiar

para os próximos anos vão consolidar

diversas vozes têm mostrado preo-

modos suaves de mobilidade amigos

materiais amigos do ambiente, o uso da

ocampusda UTAD como umsímbolo

cupação com esta “dívida ecológica”.

do ambiente, entre outras práticas. Foi

energia solar fotovoltaica, a substituição

de sustentabilidade ambiental, de des-

As Universidades, enquanto enti-

neste contexto que a UTAD construiu

do gás natural por biomassa e os sistemas

carbonização e de redução da pegada

António Fontainhas Fernandes

dades que apostam na transmissão de

o plano estratégico para o próximo

de iluminação convencionais por tecno-

ecológica.O Futuro do planeta convoca

valores intergeracionais, devem assumir

quadriénio,tendo como marca os ob-

logias LED. Estas intervenções vão con-

ao envolvimento da comunidade cien-

um papel central no desenvolvimento

jetivos de desenvolvimento susten-

duzir à diminuição das emissões de gases

tífica e da sociedade em entendimen-

Reitor da UTAD

sustentável e contribuir proactivamente

tável definidos pela ONU para 2030,

de efeito de estufa e à redução anual do

tos à escala global, mas passa também

para a consciencialização dos jovens. Os

destinados a acabar com a pobreza,

consumo de energia primária.No plano

pelo exemplo da comunidade científica.

A proteção das denominações de origem europeias A Europa desenvolveu um mo-

Num trabalho conjunto entre

delo autónomo de tutela das denomina-

regiões europeias e norte-americanas

ções de origem e das indicações geográficas. No seio da União Europeia estamos

dutores deixem de usar voluntariamente

tais

designações

No passado mês de Junho,

europeias.

durante a VINEXPO 2017, num ato

tem havido um progressivo abandono

O Instituto dos Vinhos do

para a imprensa internacional, a De-

do uso, por parte dos produtores norte-

Douro e do Porto, I.P. é membro fun-

clarationofPlace acolheu três novos

em face de direitos de propriedade indus-

-americanos, das designações europeias.

dador da DeclarationofPlace, desde ju-

membros - British Columbia (CA),

trial europeus sujeitos a um processo de

Na verdade, com o objetivo de obter a

lho de 2005. Assim, os fundadores do

McLaren Vale (AUS) e Texas (EUA).

registo que concede um nível de proteção

proteção progressiva das denomina-

acordo foram, do lado Europeu,para

Assim, é importante que as re-

elevado para aqueles direitos. Protegem-se

ções de origem europeias nos EUA al-

além do Porto, o Champagne e o Jerez,

giões europeias, incluindo em especial o

os produtores, os seus produtos, os consu-

gumas regiões europeias, incluindo a

e, do lado norte-americano, Napa Val-

Champagne e o Porto, continuem a tra-

midores, as regiões vinícolas, o território.

Região Demarcada do Douro e a sua

ley, Washington, Oregon, WallaWalla-

balhar na DeclarationofPlace de modo a

No entanto, em muitos países, é

denominação de origem Porto, celebra-

Valley, WillametteValley. Mais tarde

que voluntariamente os produtores res-

Manuel de Novaes Cabral

ainda possível a utilização no rótulo de

ram com regiões norte-americanas um

juntaram-se as seguintes regiões Sono-

peitem a verdadeira origem dos produtos.

denominações de origem que não são

acordo - Declarationofplace, no âmbito

maCounty (EUA), Paso Robles (EUA),

A origem dos produtos, e em especial dos

originárias desses lugares. É o caso do

do qual voluntariamente deixaram de

ChiantiClassico (IT), Tokay (HU), Vic-

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)

vinhos, é particularmente relevante na de-

modelo norte-americano que não re-

usar designações europeias consideradas

toria (AUS), Western Australia (AUS),

cisão do consumidor. É neste sentido que

conhece as denominações de origem e

nos EUA como termos semigenéricos.

Rioja (SP), Long Island (EUA), Santa

vamos trabalhar, desde logo com o Cham-

as indicações geográficas como autóno-

Através da referida Declara-

Barbara (EUA), Bordeaux (FR), Bour-

pagne, como dissemos, no sentido de di-

mos direitos de propriedade industrial.

tionofPlace pretende-seque os pro-

gogne/Chablis (FR) e Barrosa (AUS).

namizar aquele acordo entre as regiões.

A Universidade de Trás-os-Montes e

-Montes, de paisagens e espaços protegi-

comprovam, in loco, o potencial de cres-

importância da comunicação em rede de

Alto Douro demonstra, mais uma vez, o

dos com o cunho da UNESCO faz desse

cimento destes territórios com um patri-

todos os embaixadores destas paisagens

papel ativo que tem assumido na promo-

território um autêntico laboratório vivo

mónio geológico fora de série e que têm

classificadas. Interessa tanto o empresário

ção interna e externa do Alto Douro Vi-

com interesse redobrado para o intercâm-

trilhado o caminho de destinos turísticos

viticultor como o empresário que investe

nhateiro e, nessa dimensão, acolhe até 14

bio e partilha de conhecimento à escala

sustentáveis.

na hotelaria. Interessa tanto o empreen-

de julho, uma formação avançada para 70

internacional.

O Douro é uma lição

Ricardo Magalhães Vice-Presidente da CCDR-N

Não menos entusiastas são as visitas a

dedor que introduz inovação no cultivo

formandos estrangeiros integrada na Cá-

São já muitas as oportunidades que

Mondrões para verem e sentirem o fabrico

da vinha como o investigador que dedica

tedra da UNESCO. Trata-se da primeira

existem para transpor em visitas de estudo

da Olaria Negra de Bisalhães, classificada

o seu tempo a aprofundar conhecimentos

Universidade Internacional de Verão em

o conhecimento teórico transmitido num

pela UNESCO como Património Mun-

no setor agroalimentar. Interessa, ainda, o

“Geoparques, Desenvolvimento Regional

primeiro momento em sala de aula de es-

dial, à Reserva da Biosfera Transfronteiriça

turista que vive experiências fantásticas no

Sustentado e Estilos de Vida Saudáveis”.

colas e universidades de todo o mundo.

da Meseta Ibérica, ao Parque Natural do

Douro ou no Côa e que regressa a casa a

Douro Internacional e à Paisagem Prote-

partilhar o postal ilustrado que vivenciou.

gida da Albufeira do Azibo.

E interessam, naturalmente, os formandos

Nestes últimos dias, os alunos ibero-ame-

Da formação que está em curso re-

ricanos e da Comunidade dos Países de

gistamos a participação entusiasta dos

Língua Portuguesa têm tido a oportuni-

formandos estrangeiros nas visitas propor-

Também associado à promoção de

dade de conhecer de perto, a experiência

cionadas pela rede de parceiros da região.

estilos de vida saudáveis, o programa da

portuguesa no planeamento e gestão de

O programa leva-os a dois geoparques – o

formação, estabelecido pela UTAD, in-

Em suma, a Região do Norte e, em

sítios e bens classificados e de programas

de Arouca e o de Terras de Cavaleiros – e

clui visitas aos sítios Património Mundial

particular o Douro e Trás -os- Montes,

de desenvolvimento sustentável.

estrangeiros que nos visitam em intercâmbios e repartem as nossas experiências!

inclui referências ao planeamento e ao

do Alto Douro Vinhateiro e de Arte Ru-

reúnem as condições necessárias que nos

A concentração na Região do Norte

processo de inscrição destes parques na

pestre do Vale do Côa. A este respeito, a

permitem afirmar que este território é

e, em especial no Douro e em Trás-os-

rede gerida pela UNESCO. Os visitantes

mensagem que será partilhada incidirá na

uma verdadeira lição….


30 VIVADOURO JULHO 2017

Opinião

Há Douro Sul – a cidade que se impõe!

Domingos Nascimento

Há um Douro Sul a sair da caixa! No Douro Sul emergem formas de participação da sociedade civil que se apresentam inovadoras e fora da caixa! A Agência Social do Douro – Associação de Empreeendedorismo e Cidadania, já criada há anos, mas sem ter tido atividade relevante e ainda em processo de organização, aparece agora como plataforma de intervenção social e de desenvolvimento local, promovendo, de forma clara, a participação de pessoas das diversas sensibilidades políticas e sociais. Há um Douro Sul que se abraça! Os municípios estão cada vez

mais em aproximação de soluções com escala. O exemplo vem dos municípios de Penedono e Sernancelhe que decidiram abraçar um projeto de proximidade de cuidados de saúde e sociais, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Sernancelhe e que vai solicitar o envolvimento de todas as IPSS dos dois concelhos. Este projeto, também apresentou ao Agrupamento de Centros de saúde uma proposta de criação de uma Equipa de Cuidados Continuados Integrados – cuidados ao domicílio. Desta forma, abraçam-se todos os quantos podem contribuir para melhorar as condições de vida dos cidadãos de toda a região.

Há Douro Sul que se ajuda! Na recente calamidade de granizo, os líderes dos diferentes municípios atingidos estão, de forma concertada a fazerem sentir a necessidade de um apoio extraordinário para os agricultores. Há Douro Sul que anseia! Por uma estratégia concertada para o Turismo nestes concelhos tão singulares. Os municípios já fizeram muito, precisa-se agora de um plano de ação conjunto para este território. A criação da marca umbrella que deve envolver-nos a todos e a considerarmos como um dos propósitos comuns. A valorização dos produtos com caracterís-

ticas diferenciadoras, como por exemplo o cluster do espumante, da maçã, da castanha, da baga do sabugueiro, da cereja, etc, será bem mais fácil. Recentemente falava com um líder de uma das grandes empresas no Douro Sul e dizia-me ele que precisamos dar indicações claras da proveniência geográfica da nossa maçã. Nem sempre o consumidor associa estes produtos ao território onde são produzidos e isso faz com que, por um lado os produtos fiquem órfãos e por outro o território não se valorize pela excelência do que consegue produzir. Há Douro Sul que se vai construindo!

tarefas do dia a dia sem haver a necessidade de se trocar de óculos ou o “tira e põe” dos óculos de perto. Existem também as lentes regressivas, que dão uma boa visão ao perto e intermédio, em que se poderá conseguir alcançar uma visão nítida até aos 4 m, facilitando em muito a visão para quem ainda não necessita para o longe mas apresenta dificuldades na visão próxima e intermédia, ou os tradicionais óculos só para perto, que ajudam na leitura, mas limitados a um campo de visão até aos 35/40cm.

O uso de lentes de contacto multifocais também é possível, dando uma maior liberdade para quem não gosta do uso de óculos constante e podendo manter uma boa qualidade visual em todas as distâncias. Para mais esclarecimentos, não hesite em visitar-nos na MultiOpticas-Óptica Oliveiras Lamego, Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria-a-Velha, em que teremos todo o gosto em esclarecer qualquer dúvida que possa ter e apresentar a melhor solução para si.

Já ouviu falar em Presbiopia?

Catarina Rodrigues Optometrista

visão de perto para a de longe e vice-versa. O tratamento da presbiopia tem como função corrigir o erro refrativo de perto. A correção pode ser feita com o uso de óculos ou lentes de contacto, também sendo possível tratamento cirúrgico. Com o uso de óculos temos hoje em dia várias opções de lentes, desde lentes monofocais a lentes progressivas. Com as lentes progressivas consegue-se corrigir os três campos de visão (longe, intermédio e perto), em que se fazem todas as

FOTO: DR

(Ótica Oliveiras Multiopticas Lamego, Peso da Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria a Velha)

A presbiopia é uma condição natural do nosso envelhecimento, em que o olho vai perdendo a capacidade para focar objetos mais próximos com o decorrer da idade. Costuma acontecer por volta dos 40-45 anos, dependendo sempre de pessoa para pessoa, para o aparecimento das primeiras dificuldades. Uma das causas apontadas para a presbiopia é a perda de elasticidade do cristalino (é a lente que temos dentro do olho que nos ajuda a focar nas diferentes distâncias), ou alterações na sua curvatura e a perda de força dos músculos ciliares, que são os responsáveis por esticar ou relaxar o cristalino dependendo da distância que queremos focar. Os primeiros sinais ou sintomas começam com fadiga ocular, ou seja, começamos a sentir maior cansaço visual e dificuldade a executar as tarefas de perto. Começam também as dificuldades em ver com pouca luz, em focar objetos ou letras mais pequenas e a necessidade de afastar cada vez mais a leitura para conseguirmos melhorar a visão de perto, podendo também ocorrer a dificuldade na transição da


VIVADOURO JULHO 2017 31

Lazer RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO

Sudoku VivaDouro

Numa casa de campo, em pleno Alentejo, uma lâmpada fundiu-se! O pai, não encontrando o escadote, chama.

Escola de Hotelaria e turismo do Douro - Lamego

CARRÉ DE BORREGO COM ERVAS AROMÁTICAS

- João!!! Oh João!!!

250 Gr de carré de borrego 4 Maçãs vermelhas 2dl de azeite 4 Tomates cherry Q.b. sal Q.b. de pimenta de moinho 3 Dentes de alho 130 Gr de manteiga clarificada Q.b. de ervas de Provence Q.b. Mostarda Q.b. tomilho Folhas de Manjericão ½ molho de salsa pequeno

- Tou aqui! - diz o João. - Oh João, sobe aqui óós mês ombros, vamos mudar a lâmpada. Passada uma hora, pergunta o pai: - Atão? Inda na tá, João!? Responde o filho: - Vossemecê não anda à roda como há-de tar, mê pai?! - Lelo Libras

Preparação: 1- Arranjar o carré e temperar com sal, alho, azeite, tomilho. 2- Leva-se a corar numa frigideira com azeite, só para que crie uma crosta na carne. 3- Numa tijela deita-se a mostarda, as ervas (aromáticas) um fio de azeite, e a manteiga clarificada, passa se com a varinha ate formar uma pasta. 4- Coloca-se o carré num tabuleiro com o forno pré-aquecido a 180ºc,cobre-se o carré com a pasta e leva-se ao forno cerca de 10 minutos. 5- Saltear os tomates cherry em azeite, alho e sal. 6- Descascar maçãs, cortar aos cubos e colocar a cozer num pouco de água. Deixar evaporar a agua e de seguida reduzir a puré. Temperar com um pouco de sal. 7- Dispões-se no prato em forma decorativa, servir com o puré maçã e tomates salteados.

Piada de bolso:

Desafio VivaDouro

solução

solução:22


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