VivaDouro - Edição 0

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IX Jornadas Cooperativas 29 de novembro - S. João da Pesqueira Auditório Municipal (Cine-Teatro João Costa) Consulte o programa específico > P.4

“Quando vendemos a região estamos a vender um território essencialmente composto por vinho e pela paisagem do Douro” Entrevista a Francisco Lopes • Comunidade Intermunicipal do Douro • Associação de Municípios do Vale do Douro Sul • Câmara Municipal de Lamego

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Emídio Gomes

António Fontainhas Fernandes

Manuel de Novaes Cabral

Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte

Reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto

“O VivaDouro é um projeto que, dados os seus mentores, de certeza que faz falta à região”

“Uma visão plural e próxima da região é sempre uma mais-valia para quem cá vive, mas também para aqueles que se encontram espalhados pelo mundo”

“Mais espaço para a voz dos durienses, maior quantidade e diversidade de informação, uma nova visão da região são algumas das vantagens que se espera com a chegada de um novo jornal”

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VIVADOURO NOVEMBRO 2014

Editorial José Ângelo Pinto

Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário

“O principal papel da CIM Douro entre os municípios que a comp

No arranque do novo projeto VivaDouro, destacamos a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM) como entidad também, desde 2005, a Câmara Municipal de Lamego. O edil apresenta uma CIM Douro “completamente consolid Texto: Pedro Santos Ferreira

Caros Leitores, Apresentamos o VivaDouro. Este projeto pretende replicar na zona do Douro aquilo que temos conseguido fazer com muito sucesso na zona de Gondomar, onde temos vindo a publicar um jornal local – o VivaCidade – com características únicas no panorama nacional da comunicação social e que pretendemos adaptar à zona do Douro. Para produzir um projeto sério é obrigatório termos equipas profissionais e isentas e ter estrutura pois só com implantação local é possível um projeto deste tipo ter sucesso. Esta é a razão porque chamamos ainda projeto à edição de um jornal local no Douro: queremos ter a certeza que é possível e viável um projeto que mantenha vivos e permanentes os nossos princípios. Para isso, é obrigatório que o projeto possa obedecer aos princípios editoriais que promovemos e que é uma das razões do nosso sucesso. É a independência entre a administração, a direção e a edição; de acordo com o cumprimento da lei, do estatuto editorial e das normas internas e é o conteúdo que é produzido pelos jornalistas, que fazem o seu julgamento independente sobre o interesse informativo e formativo das matérias. Contudo, o princípio básico que tem norteado a nossa atuação em Gondomar e que queremos seja também adotado no VivaDouro é baseado nas palavras de J. M. Maclean, editor do jornal “Manchester Guardian” que no seu jornal utilizou o lema que nós adotamos: “os factos são factos, mas a opinião é livre”. É este o princípio que também perfilhamos para este projeto e que esperamos que possa ser concretizado muitas vezes nesta região. n

Como presidente da Câmara Municipal de Lamego, desde 2005, que balanço faz de todos estes anos em que tem vindo a liderar os destinos do concelho? Tenho dificuldade em distinguir os mandatos. É um trabalho de continuidade em que vamos fechando algumas etapas e é muito difícil distinguir este último ano dos oito que o antecederam. No entanto, vamos enfrentando novos desafios que nos são colocados porque a vida autárquica está carregada de solicitações diárias da população, das empresas e das instituições. Já estamos a pensar em novos projetos e em adequar a nossa ação às novas dinâmicas e dificuldades. Fala-se muito nisso e os autarcas têm cada vez mais a necessidade de responder aos problemas das pessoas em vez de criar obras. No nosso Orçamento Municipal temos 26 milhões de euros, dos quais 18 milhões são para as necessidades diárias que sentimos: os investimentos na ação social, na cultura, na educação, nos serviços básicos de água, saneamento, iluminação pública e recolhas de lixo; depois temos oito milhões de investimento, dos quais cerca de dois milhões de euros são da Câmara Municipal, o restante vem dos fundos comunitários. Com estes valores percebe-se a diferença entre o custo diário de manutenção da autarquia e o custo do investimento em novas infraestruturas. Temos uma população a ficar fortemente envelhecida e infelizmente os jovens estão em êxodo permanente e os que ficam só não saem porque não podem. Temos que encontrar soluções para as pessoas que insistem em

viver em Lamego e garantir qualidade de vida aos nossos idosos, com um envelhecimento ativo e sem isolamento. Em novembro de 2013 foi eleito presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro. Tem sido difícil liderar a comunidade em simultâneo com a Câmara de Lamego?

tar em projetos nos quais todos se possam rever. Esse consenso tem sido atingido em projetos em torno do Douro Norte e do Douro Sul. O principal papel da CIM Douro é criar uma articulação entre os municípios que a compõem. Queremos criar alguns planeamentos estratégicos comuns da mobilidade, investimentos públicos, eficiência

esse foi um trabalho muito significativo para a região. A CIM Douro funciona segundo a lógica: “a união faz a força”? Logicamente que sim. Tenho referido isso muitas vezes, mas as Comunidades Intermunicipais não podem ser um aglomerado de autarcas reivindicativos.

> Francisco Lopes ocupa o cargo de presidente da CIM Douro desde novembro de 2013 A CIM Douro já não é novidade para mim. Desde que as Comunidades Urbanas foram constituídas, em 2006, fui vice-presidente durante dois mandatos, por isso a presidência foi uma consequência lógica. A CIM Douro é composta por 19 municípios, muito diversos quer em dimensão, quer em características físicas e geográficas. Tem sido difícil juntar 19 pessoas à mesa e ter decisões no final das reuniões. Contudo, é um grande desafio que tem sido bem sucedido com cedências de parte a parte. Temos que apos-

da rede energética e a própria estruturação da rede urbana. Se não fizermos esse planeamento nesta zona alargada depois não vamos ter decisões adequadas. Estamos preocupados no que toca a esta matéria até porque queremos aproveitar o próximo programa de fundos comunitários que aí vem [QREN 20142020]. A CIM Douro ainda é uma estrutura embrionária a fazer o seu percurso de afirmação, que apesar de tudo tem funcionado. Grande parte do programa anterior foi investido na reforma das redes escolares e

Tem que ser uma estrutura que agregue os anseios e as capacidades das suas populações e que tenha uma estratégia autónoma para resolver os problemas com que estamos a ser confrontados. Tem sido uma instituição capaz de “lutar” pelos seus interesses face ao poder central? Temos conseguido alguns princípios notáveis. Fomos a primeira Comunidade Intermunicipal a celebrar uma carta de compromissos com as associações empresariais, as universidades e politécnicos para


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O que pensa...

o é criar uma articulação põem”

ade representativa da região. Entrevistamos, por isso, o presidente Francisco Lopes que preside dada” e fala de projetos para o futuro de Lamego e da região que compreende a comunidade. o desenvolvimento conjunto das três comunidades intermunicipais do Douro e Trás-os-Montes. Este exemplo já foi seguido na zona de Aveiro e agora vai ser seguido na zona interior, na Guarda e em Castelo Branco. Os nossos problemas extravasam as nossas fronteiras e por isso têm que ser resolvidos a uma escala envolvente. Alguma vez pensaram em avançar com a regionalização? As Comunidades Intermunicipais configuram-se como uma forma mitigada de reorganização territorial e de um conjunto de funções do Estado e dos Municípios. No entanto, não podem de maneira nenhuma confundir-se com regiões administrativas que exigiriam desde logo um conjunto de poderes e uma legitimidade que só pode ser conferida pelo voto. Vai liderar uma primeira fase de candidatura ao próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2014-2020. Quais são os grandes projetos que espera ver concluídos com este programa de fundos comunitários? Espero que os fundos comunitários nos possibilitem uma aposta mais direcionada para a atividade económica. Nós temos alguns setores de atividade de grande relevo e outros que precisam de uma reorganização da produção e de um trabalho de promoção da comercialização. O setor dos vinhos já tem alguma dimensão mas depois tem alguns problemas na sua divulgação e está muito disperso em denominações diversas. O turismo também tem que ser pensado com alguma lógica porque temos novas instalações turísticas mas também estamos a perder algumas e a duração média das estadias não tem vindo a aumentar. A nossa principal dificuldade é definir projetos concretos a ser apresentados para o próximo QREN,

porque têm que ser projetos transversais e vantajosos para todos os municípios que integram a Comunidade Intermunicipal. Há algum setor prioritário? Em princípio teremos que apontar para a nossa agricultura e depois para o turismo sempre como emanação daquilo que são as nossas principais atividades. O turismo nasce das paisagens, das quintas, do vinho e obviamente temos turismo urbano, cultural e religioso. Quando vendemos a região estamos a vender o território e o nosso território é essencialmente composto por vinho e pela paisagem do Douro. O vinho é uma das âncoras da região? O vinho é uma das distinções mais importantes que temos em Lamego. Dão uma grande visibilidade que pode ser aproveitada por todos os produtores da região. Temos que tentar conseguir obter mais regalias para conseguirmos um modelo de distribuição de benefícios que chegue a todos os viticultores. Enquanto líder da CIM Douro, como pensa enfrentar esses desafios? Sem entrar nos pormenores setoriais porque já existem entidades públicas e privadas que já se ocupam dessas áreas. A CIM Douro deve manter-se como uma instituição de planeamento estratégico com os principais agentes locais e deve estar junto das populações para acompanhar os resultados dos nossos projetos neste vasto território. Está também integrado na Associação de Municípios do Vale do Douro Sul (AMVDS), uma associação que congrega 10 municípios e cerca de 110 mil habitantes. Que papel tem a AMVDS? Com a criação das Comu-

nidades Intermunicipais, as associações de Municípios foram relegadas para fins específicos e limitam-se a gerir um conjunto de projetos e de iniciativas organizadas pelos associados. No caso da AMVDS, esta foi fundamental numa fase em que se lançou o aterro sanitário do Douro Sul, localizado em Bigorna. Entretanto a associação tem-se mantido com um conjunto de projetos muito diversificado e que decorrem de necessidades dos Municípios, desde planos contra incêndios, o projeto de Montemuro e outras iniciativas que são coordenadas com a CIM Douro. Este modelo de associações deveria ser replicado? As associações de Municípios têm que ser vistas em função dos objetivos concretos. Se coincidirem com Comunidades Intermunicipais poderão não fazer sentido. Sou apologista que na área do associativismo municipal devemos concentrar e não dispersar. Está prevista a inclusão de mais concelhos na CIM Douro ou na AMVDS? Não. A nossa Comunidade Intermunicipal está completamente consolidada e coincide com a NUT III Douro e não me parece fácil haver alteração estatística da NUT III. Em relação à AMVDS, temos dois municípios que não são da CIM Douro [Resende e Cinfães] e esse tem sido um estímulo para a manutenção da associação, porque são municípios que mantém contactos com Lamego. Seria vantajosa a criação de um novo projeto de comunicação social nesta região? Acho que sim. Há sempre lugar para novos projetos que sejam diferenciadores e que tenham como objetivo fazer coincidir a sua área de atuação com a área da Comunidade Intermunicipal. n

Emídio Gomes

presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) É importante promover uma maior informação ao nível local? É óbvio que para além da informação de nível nacional e internacional que tem sido uma grande aposta no Douro, o envolvimento das populações é essencial para a garantia do seu sucesso. Sem o envolvimento das populações do Douro, por mais que se aposte na promoção, dificilmente seremos bem sucedidos. Daí que haja por parte da CCDR-N duas preocupações: a concentração no próprio Douro de todos os ativos da sua Estrutura de Missão que, pela primeira vez, deixou de ter pessoas no Porto para as concentrar na região do Douro; e, por outro lado, uma enorme aposta da CCDR-N na divulgação local, em articulação com a entidade regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, com a sua entidade sub-regional e a Estrutura de Missão e com a CIM, de forma envolver todos os agentes locais neste desígnio que é a promoção do Douro. O VivaDouro é um projeto que faz falta na região? O VivaDouro é um projeto que, dados os seus mentores, de certeza que faz falta à região. Será uma publicação de prestígio produzida por pessoas muito conceituadas e muito conhecedoras daquilo que são as realidades e dinâmicas regionais. Daí que todas as iniciativas que vêm por bem, e esta é uma delas, sejam bem-vindas ao Douro. Seguramente que fazem falta e nunca serão de mais.

António Fontainhas Fernandes

reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Considera que a boa informação é parte integrante para uma educação mais rica? A informação é fundamental para aquisição de conhecimento. Como tal, um cidadão informado é certamente um cidadão que reflete sobre a sociedade em que está inserido e, refletindo, constrói um pensamento crítico, capaz de avaliar e, não apenas, aceitar o que lhe é oferecido. 
Por isso a educação é fundamental para a formação de cidadãos. Esta torna-os capazes de pensar, de olhar de forma diferente aquilo que todos os dias observam e dá-lhes a possibilidade de criar, empreender e inovar. É esses cidadãos que queremos formar na UTAD, gerações com consciência crítica, analítica e reflexiva, capazes de inovar e empreender no seu país, mas sobretudo na região onde nos inserimos e que tanto potencial oferece aos que cá vivem e aos que desejam cá viver e trabalhar. Há espaço para novos projetos deste tipo na região do Douro?” Gostaria de felicitá-los pela criação deste novo órgão de comunicação social. Uma visão plural e próxima da Região é sempre uma mais-valia para quem cá vive, mas também para aqueles que se encontram espalhados pelo mundo. Por isso, um novo órgão de comunicação social suscita sempre grande expectativa da parte de quem o recebe. E, sendo um projeto voltado para a sua região, essa expectativa é ainda maior pois espera-se que este reflita a realidade dos seus cidadãos. Espera-se ainda que informe e que dê a conhecer, de forma próxima, direcionada e concreta a região e todo o seu potencial cultural, económico, social e turístico. Por isso, um órgão de cariz regional tem como função abrir mentes, sensibilizar a comunidade para a adoção da cidadania, que se deseja participativa, e dar a conhecer ao resto do país realidades de que apenas se ouve falar… Cabe-lhe assim esta dupla função: dar voz e servir de ponte entre os municípios e os seus cidadãos, mas também entre estes e o país e o mundo. Um verdadeiro serviço público, que conduz identidades, culturas, tradições e formas de vida, dificilmente espelhadas por órgãos de difusão mais abrangente. Desejamos os maiores sucessos para este novo projeto.

Manuel de Novaes Cabral

presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) Considera que a população desta região é bem informada? Existem vários órgãos de comunicação social na Região Demarcada do Douro que trabalham a informação local, refletindo os principais assuntos e acontecimentos na região. Há, aliás, na região uma rede de informação e conhecimento disponível através de diversos de canais. Torna-se, no entanto, necessário apostar numa maior qualificação das pessoas, promovendo-se um acesso real à informação, no sentido de a transformar em conhecimento efetivo. Só assim poderá ser uma ferramenta ao alcance dos durienses, para um criar um contexto de uma verdadeira sociedade de informação. Que vantagens para a região trará o surgimento de um meio de comunicação deste tipo? Espera-se que um novo meio de comunicação traga sempre novas perspetivas e acrescente valor, contribuindo assim para disponibilizar cada vez mais informação de interesse para a população local. Deseja-se que reflita os assuntos importantes para os durienses, mas que também traga para a região novidades e uma visão ampla e clara do que se passa fora da região, mas que a afeta de forma mais direta ou indireta. Mais espaço para a voz dos durienses, maior quantidade e diversidade de informação, uma nova visão da região são algumas das vantagens que se espera com a chegada de um novo jornal. Os vinhos da Região Demarcada do Douro têm tido uma boa projeção? Recentemente, os vinhos da Região Demarcada do Douro estiveram com um grande e especial destaque ao nível internacional. A conceituada revista Wine Spectator atribuiu a um vinho do Porto o primeiro lugar do seu TOP 100 de 2014. Aliás, dos primeiros quatro lugares deste importante ranking têm três vinhos da região, para além da primeira posição, conquistamos ainda a segunda e a quarta. O melhor vinho do mundo é da Região Demarcada do Douro. Fruto do trabalho das empresas e dos produtores, o Douro Vinhateiro tem vindo a evoluir de forma muito positiva e estas distinções são um sinal de que estamos no caminho certo. O vinho do Porto, produzido desde 1756 a Região Demarcada do Douro, é conhecido e reconhecido mundialmente há centenas de anos e os DOP Douro têm feito um percurso excecional, conquistando também o seu lugar no mundo. Criada em 1982, a denominação de origem Douro tem pouco mais de 30 anos, mas tem vindo a crescer em cada vez mais mercados. Os vinhos da RDD estão em mais de 110 países e o prestígio, notoriedade, identidade e qualidade das denominações de origem Porto e Douro levam a região cada vez mais longe. A aposta das empresas na tecnologia de produção e na forma como apresentam o produto final ao consumidor, com um design moderno e apelativo, sem perder a tradição e a história, são um forte sinal do sentido de inovação da região. Neste âmbito, importa ainda referir que grandes nomes da arquitetura assinam projetos de adegas que apresentam uma imagem mais contemporânea, contribuindo para a atratividade do turismo na região. O Alto Douro Vinhateiro, classificado pela UNESCO como Património Mundial em 2001, continua a surpreender o país e o mundo.



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