Jornal Golaço - O jornal dos Esportes - Ed 13

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Gol LaAço

CONTOS E CAUSOS | Nesta edição, trazemos a história de 2 mitos do futebol alagoano

DESAFIE-SE A IR MAIS LONGE

Pedal Aleatório vai além do esporte ao buscar se relacionar com as comunidades carentes dos locais por onde passa e, na medida do possível, levar assistência social

Pedal Aleatório vai além do esporte ao buscar se relacionar com as comunidades carentes dos locais por onde passa e, na medida do possível, levar assistência social

Ação Photos . Páginas 8 e 9
Foto:
Foto: Ailton Cruz
Ano 2 l número 013 l r$ 2,00 mAceió-AL l Dezembro 2022 / JAneiro De 2023
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SEJA UM SÓCIO TORCEDOR DO CRB SEJA UM SÓCIO TORCEDOR DO CSA
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EJA UM SÓCIO TORCEDOR DO ASA

ESPERO VOCÊ NAS BANCAS EM 2023

Otempo não para. A era é digital. Diante dessa velocidade e na contramão da informação eletrônica, o GOLAÇO surge com o papeldoromantismodojornalismoimpresso:desentaremuma rede, cadeira de balanço, no sofá ou à mesa para parar e ler compassadamente. Além disso, o periódico possibilita que você, leitor, faça aquela

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Ailton Cruz CEO Benedito Lima Diagramação 2 Maceió-aL l DezeMbro 2022 / Janeiro 2023 l golacoal@gmail.com EDITORIAL CNPJ 41.073.148/0001-33 l Rua Dom Santino Coutinho, 219 - Pitanguinha - CEP: 57052-070 - Maceió / Alagoas - E-mail: golacoal@gmail.com - Fone: 82 99972-7274 Colaboradores: l MarceloAlves l MaurícioManoel l DayvidsonSoares l LucianoMilano
OS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, NÃO REPRESENTANDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO DESTE JORNAL. Cortesia
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3 Maceió-aL l DezeMbro 2022 / Janeiro 2023 l golacoal@gmail.com Publicidade

Marcos Lima Verde: “Tenho que deixar um legado”

Fotos:AiltonCruz

“Você não faria nada tão bem se não fosse o que ama”. A declaração do personagem Adonis Creed, interpretado pelo ator Michael Bakari Jordan, no filme Creed II, define muito bem o que é Marcos Lima Verde, o supervisor de futebol do CRB, que sonha em deixar um legado e já soma feitos históricosemsuaprofissão. Multicampeão nos dois grandes clubes da capital alagoana, CSA e CRB, ele é o primeiro e único

profissional a fretar um voo para um time de Alagoas. Este fato, ocorrido em 2021, faz o homem de 58 anos de idade ter orgulho e encher seus olhos de lágrimas. Em pouco mais de meia hora de conversa com a reportagem do Golaço-AL, Marcos de Lima Verde abriu o coração, falou sobre o futebol em sua vida e projetou o legado que quer deixar exercendo a função de supervisor de futebol. “Eu não posso estar na vida para ser qualquer um. Então, eu tenho que deixar um legado. A profissão que eu escolhi foi essa, então, eu tenho que dar tudo de mim para ser uma pessoa diferente. O que vou fazer eu não sei, mas eu vou deixar um legado. Essa profissão absorve muito da gente. Tem uma frase que não é minha, mas eu trouxe para mim e ela diz: “Para ser um profissional desse porte, eu não consegui ser um filho 100%, pois não tive tempo de estar com meus pais toda hora. Eu não consegui ser um pai 100%, não pelo meu amor e meu caráter, mas por eu não conseguir ver o desenvolvimento dos meus filhos. Eu não consigo ser um avô perfeito, porque também eu não consigo ver o desenvolvimento da minha neta. Eu não consigo ser um bom marido, porque não estou presente em todas as horas”. Você para ser um bom profissional e ser diferente, você tem que renunciar muita coisa.

Maceió-aL l DezeMbro 2022 / Janeiro 4
DAYVIDSON SOARES Repórter

Verde:

É um legado que você deixa e tem um preço, um preço muito pesado”, relatou Marcos de Lima Verde, com a emoção transparecida nos olhos, em cada frase dita.

Antes de ser supervisor de futebol, Marcos Lima Verde foi gerente e até presidente de clube. Ele também foi jogador e atuou nas categorias de base de CSA e CRB, mas esse capítulo da vida do profissional será contado após mais alguns parágrafos desta reportagem.

Em 1990, Marcos Lima Verde iniciou sua trajetória como dirigente de futebol, ao ser convidado para assumir a presidência do Ferroviário.

“Estávamos disputando a segunda divisão pelo Ferroviário, onde passei três meses. Quando eu vi os débitos do clube, INSS e tal, eu preferi renunciar”, disse.

Convidado por José Raimundo, Marcos Lima Verde foi trabalhar no CSA como diretor de futebol amador na base, em 1993, e, já naquele ano, sagrou-se campeão juvenil. Dois anos depois, ele foi chamado para ser supervisor de futebol no profissional e

HISTÓRICO DE TRABALHO

isso o fez tomar a decisão que mudaria a sua vida.

“Eu tinha um trabalho na antiga ‘Telasa’ e tive que tomar uma decisão. Conciliar o trabalho no profissional no CSA com o trabalho na ‘Telasa’ já não compensava. Então, eu disse: “Vou pelo que eu amo e pelo que eu gosto”. Assim, fiquei só no CSA”, revelou, ele que também chegou a cursar até o 6º período de Direito, mas precisou trancar a faculdade para trabalhar no futebol.

“Eu tenho uma dicção boa, eu seria um bom advogado. Eu defendi os clubes daqui no tribunal, e defendia bem. No CSA teve o caso do Binha e eu, mesmo estudante, defendia”, relatou.

Marcos Lima Verde se define como uma cara da ‘bola’ e acredita que é algo que está em seu sangue. E foi isso que o fez optar pelo futebol na vida profissional.

“O futebol é uma questão de sangue, é uma questão nata. Agora, quem eu puxei, na verdade, eu não sei, mas eu sou da bola. Então, é uma questão nata, eu sou da bola”, cravou.

CLUBE DE REGATAS BRASIL - CRB

Maceió-AL I 2008 - Atual

- Gerente de Futebol

- Supervisor de Futebol

- Chefe de Logística

A.D CONFIANÇA

Aracajú-SE I 2007 - 2008 I Gerente de Futebol

CENTRO SPORTIVO ALAGOANO - CSA

Maceió-AL I 2005 - 2007 I Gerente de Futebol

CLUBE DE REGATAS BRASIL - CRB

Maceió-AL I 2003 - 2005 I Gerente de Futebol

ANÁPOLIS

Anápolis-GO I 2002 I Gerente de Futebol

AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE - ASA

Arapiraca-AL I 2002 I Gerente de Futebol

CENTRO SPORTIVO ALAGOANO - CSA

Maceió-AL I 1999 - 2001 I Gerente / Supervisor de Futebol

CLUBE DE REGATAS BRASIL - CRB

Maceió-AL I 1997 - 1998 I Supervisor de Futebol

CLUBE NÁUTICO CAPIBARIBE

Recide-PE I 1996 I Supervisor de Futebol

CENTRO SPORTIVO ALAGOANO - CSA

Maceió-AL I 1993 - 1996 I Diretor da Base / Supervisor

Profissional

>> SuperviSor de SuceSSo

Emsua5ªpassagempeloCRB,estainiciadaem 2008, Marcos Lima Verde acumula cinco trabalhos no CSA, além de ter passado por outros clubes como Náutico, ASA de Arapiraca, Anápolis e Confiança.

“Não é para qualquer um trabalhar por cinco vezes em CRB e CSA, é muito difícil. Eu tenho orgulho disso. Eu consegui ser campeão nos dois times”, destacou Lima Verde, que também cravou: “Eu quero deixar um legado como supervisor”.

Marcos Lima Verde foi o único supervisor de futebol alagoano a fretar um voo para que o CRB viajasseparaumjogocontraoVilaNova,pelaSérie B do Campeonato Brasileiro de 2021.

“Tem situações que a malha aérea não bate. Então,temosquelutarpelomelhordanossaequipe. Então eu disse: “Nenhum voo que vocês apresentaram aqui vai servir para a gente”. Assim, começamos a envolver o presidente do clube, porque não é só eu que consigo. Nós batemos o pé e com muita determinação nós fizemos esse fato inédito e histórico de conseguir fretar esse voo”, relatou Marcos Lima Verde, com os olhos cheios de lágrimas, ao relembrar o feito.

O profissional conseguiu implantar o Departamento de Supervisão de Futebol no CRB e comanda umaequipequetambémcontacomAdgersonBrandão, diretor de registro, e Johanisson Carlos, supervisor da base.

“Hoje eu consigo fazer toda a logística do profissional, de todas as competições, faço mais o assessoramento do time, organizo a programação semanal, vejo se o jogador tem algum problema para dar toda a ajuda... Enfim, a gente faz um elo de ligação para que as coisas possam funcionar”, contou Marcos Lima Verde, que ainda disse: “A demanda é muito grande. Na verdade, hoje eu sou umintegradordeprocessoseonossodepartamento tem que funcionar”.

>> A trAjetóriA do volAnte MArcão

Quando tinha 12 anos de idade, em 1976, Marcos Lima Verde começou sua vida no futebol indo jogar na escolinha do CSA. Ao se destacar, o então garoto foi promovido no ano seguinte para a categoria infantil do Azulão, que também era chamada de ‘dente de leite’.

Após dois anos, Marcos Lima Verde, que atuava como volante e era chamado de ‘Marcão’, passouaintegraraequipeinfantojuvenildoCSA.

Na sequência, Marcão chegou à equipe de juniores do CSA e se sagrou tricampeão alagoano, levantando as taças dos anos de 1981, 1982 e 1983.

“Eu peguei um timaço no CSA. Tinha Zé Carlos, o goleiro, Joel, Batista, Josival, Careca, Vagalume, João Neto, Carlinhos Marechal, Zelito, Chico... Os caras foram todos jogadores de verdade”, listou Lima Verde.

Ele contou que era cabeça quente e, após discutir com alguém do CSA, foi jogar no CRB, em 1984, ano em que conquistou seu quarto título estadual consecutivo.

“Toda a minha fase de juniores, que se chama sub-20 hoje, eu fui campeão estadual. A equipe do CRB de 1984 também era um timão, tinha

CONQUISTAS

CLUBE DE REGATAS BRASIL - CRB

CAMPEÃO ALAGOANO: 2012, 2013, 2015,2016,2017, 2020,2022

CENTRO SPORTIVO ALAGOANO - CSA

CAMPEÃO ALAGOANO: 1999

VICE CONMEBOL: 1999

Arquivo pessoal

o Dino, ponta esquerda, o Ney, que faleceu, o Jobson, o Assis, que era volante... Era um baita de um time”, contou.

Com 21 anos de idade, quando estourou a idade de categoria de base, Marcão tentou a sorte no futebol profissional em São Paulo, onde foi jogar no Nacional e depois no Taubaté.

“Eu não aguentei sofrer e voltei para casa. Ainda fui treinar no Penedense e depois dei uma parada no futebol, mas nunca deixei de ficar jogando as minhas peladas”, contou Lima Verde, queencerrouassimasuatrajetóriacomojogador de futebol.

CATEGORIA DE BASE: 1993, 1994

TÍTULOS PESSOAIS

MELHOR DIRETOR DE BASE: 1993, 1994

MELHOR SUPERVISOR PERNAMBUCO: 1996

MELHOR SUPERVISOR ALAGOAS: 1999

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Pela estrada afora

PEDAL ALEATÓRIO | Da prática esportiva à assistência social

MARCELO ALVES

Repórter

De janeiro até a última terça-feira (20) deste mês de dezembro, foram 344 dias pedalando.Paraisso,foramgastos934horase 50minutos.E,duranteessetempo,foiatingida a distância de 27.394 km. Entre um pedal e outro, o empresário Luciano da Silva Lopes, de37anos,juntoaogrupodeciclismo,que fundou e batizou de Pedal Aleatório, já prestouassistênciaaváriaspessoascom problemasdesaúdeedezenasdefamílias que ficaram desabrigadas e desalojadas, vítimas das últimas fortes chuvas que caíram em Maceió, bem como crianças carentes

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Muito além do ciclismo

No princípio, a ideia era apenas pedalar como prática esportiva. A cada pedalada, a vontade de ir mais longe aumentava. E, a cada quilômetro percorrido por belas paisagens, amizades foram construídas e histórias tristes foram conhecidas. E foi assim que surgiu o grupo de ciclismo Pedal Aleatório, em 2021, que no percurso da vida pretende ir muito mais além do que o ciclismo.

Luciano da Silva disse que nos percursos o grupo passou a conhe-

cernãosomenteoslocais,mas,principalmente, os moradores. Durante esses momentos vivenciados nas paradas para descanso e hidratação, o Pedal Aleatório entendeu que o projeto deveria prestar assistência social aos mais necessitados.

“No período das chuvas, realizamos campanhas de agasalhos para os desabrigados. Ajudamos também na campanha do projeto Pão Solidário, com a doação de cestas básicas. Ainda contribuímos com o meio ambiente através

A meta é ir sempre mais longe

Luciano da Silva revelou que em 2023 a meta é pedalar os 365 dias do ano, incentivar mais pessoas à prática esportiva, através do ciclismo, bem como aumentar o número de integrantes do Pedal Aleatório, para atingir também uma maior quantidade de pessoas que precisam de alguma ajuda. De acordo com o empresário, o grupo conta atualmente com 228 participantes e recebeu este nome porque no início das primeiras pedaladas não havia ainda uma rota programada para ser percorrida.

“Essa minha iniciativa de pedalar surgiu no começo da pandemia. Como fecharam os estabelecimentos, busquei uma forma de praticar exercício e não ficar parado. Hoje

minha única atividade é o ciclismo. Meu primeiro pedal foi no dia 8 de março de 2020, quando decidi fazer uma visita para minha mãe de bicicleta e, depois desse dia, vi que poderia ir mais longe”, disse.

De acordo com Luciano, um dos momentos marcantes vivenciados no esporte foram as 12 horas, pedalando sem parar, superando dor e cansaço, com o objetivo de arrecadar alimentos para doar a famílias carentes. “Subir a Serra da Barriga, na cidade de União dos Palmares, foi um desafio de superação, quando pedalei 12 horas sem parar com o Valdeni Pinheiro, do projeto Pão Solidário, em prol de arrecadação de alimentos para as pessoas carentes”, disse.

de ações de limpeza urbana, em locais onde constatamos o descarte inapropriado de lixo, bem como por meio da campanha das tampinhas. Contribuímos para a Páscoa das crianças carentes do povoado da Pescaria, com a compra de presentes e a entrega de ovos de chocolate, por meio do evento Pedal Kids”, disse.

O empresário contou também que o grupo prestou assistência a pessoas que apresentavam quadro de depressão e ansiedade.

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Fotos: Ação Photos

TIMBA: 60 ANOS DE

COM UMA VIDA INTEIRA DEDICADA AO

AZULÃO | Timba abre baú com histórias mais marcantes

GUILHERME MAGALHÃES

Com supervisão da Editoria

Uma coisa é certa no futebol: sempre vai existir aquele torcedor que é fanático e apaixonado pelo clube de coração. Coleção de camisas, objetos nas cores do time e até mesmo a casa decorada em nome da paixão. E, curiosamente, todas essas características se encaixam perfeitamente em um nome: José Amâncio.

Muitos torcedores podem não conhecê-lo pelo nome de batismo, mas todo azulino que se preze já ouviu ecoar o nome Timba, torcedor-símbolo do CSA. São 68 anos de vida, sendo que 60 são dedicados a torcer apaixonadamente pelo Azulão do Mutange.

Timba cresceu na Gruta do Padre e, logo de cara, passou a conviver dentro do Mutange. Nessas longas décadas de paixão, Timba já viu de tudo. Épocas de glórias, outras não tão boas, mas o fato sempre foi que ele esteve ao lado do CSA. Mas, engana-se quem pensa que Timba só esteve ao lado do time marujo nas arquibancadas. Tanto tempo vestindo azul e branco fez o torcedor-símbolo se aproximar de grandes personagens que marcaram história.

“Há 60 anos, o presidente do CSA era Coronel Nilo Floriano Peixoto e foi quem botou esse

apelido de Timba. Na época, o governador de Alagoas era um azulino, o Major Luiz Cavalcante. Assistia a treinos do CSA, chupando os velhos roletes dele, lá no Mutange, e eu sentava ao lado. Ele chupando rolete, dando rolete pra mim, conversando comigo”, relembrou.

E esses momentos ao lado de personalidades históricas não param por aí. Timba ainda relembrou os momentos em que Rafael Tenório (ex-presidente do CSA) era vendedor de cocadas no Mutange e quando o jornalista Madson Delano, também morador da Gruta do Padre, era mágico.

Nessa época, o CSA vivia um momento especial. Na década de 1960, o Azulão conquistou seis vezes o Campeonato Estadual, o que traz belas lembranças a Timba, principalmente referente ao que intitulou como maior ataque da história do time azulino, formado por Ratinho, Tonho Lima, Arcanjo e Canhoteiro.

A maioria deles tornaram-se amigos pessoais de Timba.

“Meu começo no CSA, eu com oito anos de idade, na década de 1960, o time do CSA ficou na história como o maior ataque de todos os tempos. No Nordeste, só perdia para o Bahia. Em um dos jogos na Fonte Nova, eu fui convidado pelo presidente Floriano Peixoto. E quem pediu para eu ir foi o maior centroavante que

Em meio à conversa com Timba, um fato interessante foi relembrado: a história do ovo azul. Enquanto contava sobre um dos seus títulos mais marcantes, o torcedor-símbolo do CSA relembrou um gol do lateral esquerdo Canhoto, em um Clássico das Multidões.

“Um título marcante foi o do ovo azul, que eu dei para o Canhoto. CSA e CRB, na prorrogação, falta contra o CRB. Canhoto, lateral esquerdo, bateu essa falta e fez o gol da vitória. Eu quase morro. Canhoto

foi o primeiro que comeu o ovo azul. Catanha foi artilheiro comendo ovo azul, Wilson comeu ovo azul, Chico foi o que mais comeu ovo azul. O único jogador que não fazia gol em ninguém era o Coca e fez um gol no Bahia comendo ovo azul”, relembrou Timba.

E a mística do ovo azul não é por acaso. Timba revelou que tudo começou com um sonho, mas, no fim,tudo deu certo.

“Eu tive um sonho. O CSA numa fase ruim, o

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>> A místicA do ovo Azul

DE CSA

jogou no CSA: Arcanjo. Esse ataque nenhum torcedor das antigas vai esquecer”, afirmou.

E não faltam personagens que Timba conheceu e criouumvínculodeamizade. A lista de pessoas cativadas pelo torcedor-símbolo do CSA é enorme, com Arnon de Mello Neto, Raimundo Tavares, Euclydes Mello, Cláudio Adão, Peu, Roberval Davino, entre muitos outros.

Contudo, todo torcedor tem o seu ídolo dentro do futebol. Para Timba, não é diferente. Quando questionado sobre o maior jogador que viu atuar com as cores azul e branco, ele não titubeou ao citar o nome de Paranhos. Zagueiro astuto, que fez história tanto no Azulão quanto no São Paulo.

“Tenho o maior orgulho deseramigodessecara.Euvi ele nos juniores, saindo para o profissional. O maior ídolo do CSA de todos os tempos chama-se Paranhos. Não venham com outra história. Quando o CSA jogava sem o Paranhos, eu tremia na base. O Paranhos foi a raça no futebol de Alagoas. Paranhos era

respeitado. Antes de ir para o São Paulo, ele ia para o Corinthians, quem queria ele lá era Rivelino”.

Timba até brincou, relembrando a passagem do amigo Joãozinho Paulista pelo CRB, afirmando que se o atacante enfrentasse Paranhos, talvez sua artilharia não fosse tão alta.

Sempre com empolgação e um sorriso no rosto relembrando as grandes histórias, Timba também não escondeu os momentos de emoção que teve por conta do CSA. O principal deles aconteceu recentemente, em 2018, quando a equipe subiu para a Série A. Timba nãopôdeviajarcomatorcida para Caxias do Sul, onde aconteceu o jogo do acesso, porém, no desembarque em Maceió, ele comemorou ao lado do elenco.

A emoção de ver o clube de coração retornando para a elite do futebol se equiparou com outro momento em sua vida, quando havia ganho um bom valor na loteria alguns anos antes.

“Estava com meu menino hospitalizado. Eu assisti na

Fotos:AiltonCruz

televisão, eu fiquei emocionado. Na volta, Maceió parou. Aquela emoção, muita gente deixou de voar, os voos atrasaram. O CSA, quando cruzou na Praça Sergipe, para pegar a praia, parou Maceió toda. Para descer a antiga rodoviária, foi quase uma hora de relógio. Tive duas alegrias na vida, quando ganhei o prêmio e quando vi isso aí [a torcida]”, confessou Timba.

Tanta história no meio do futebol, rendeu a Timba um status forte, especialmente dentro do CSA.

Porém, o azulino fanático chegou até mesmo a administrar seu próprio clube de futebol, o MáquinaPreta,quefuncionou de maneira amadora, mas deu trabalho para a dupla maceioense, com algumas vitórias marcantes em jogos-treino.

Também foi no Máquina Preta onde um dos maiores ídolos do fute-

bol brasileiro Raí, ex-atacante do São Paulo, atuou, antes de brilhar nacionalmente. Em um intercâmbio junto com Peu, Raí fez uma partida com a camisa do Máquina Preta. A equipe administrada

por Timba perdia por 2 a 0, contudo, o craque entrou e fez quatro gols de falta. O Máquina ainda contou com dois gols de Peu para vencer por 6 a 2.

O momento é lembrado por Timba com muita emoção, que afirmou quase morrer do coração com essa partida. O Máquina ainda teve a presença do goleiro César (ex-Corinthians) e Flávio Pantera (exAthletico-PR).

Mas, fato é que ninguém substitui o CSA na vida de Timba. Com mais de 60 anos (e contando), de amor e apoio, é difícil imaginar o torcedor vestindo outras cores, que não seja o tradicional azul e branco. Hoje, como um símbolo do futebol alagoano, Timba mostrou-se grato por todo o carinho que recebe todos os dias pelos outros torcedores.

“Minha paixão sempre foi o CSA. A importância foi tudo que o CSA fez por mim até hoje. Não tem preço, dinheiro não é tudo. Eu sou simples, vou morrer simples. Onde você me encontra, bermuda do CSA, agasalho, camisa. Eu só agradeçoaDeus.Pessoas me param para tirar foto.

Na Fernandes Lima (avenida) o pessoal passa buzinando, isso não tem preço. É uma troca de carinho e eu sou muito grato”.

centroavante era Chico Xié, irmão do Peu. O Chico, sem fazer gol em ninguém, e eu tive o sonho: eu ia para o mercado, comprava uns ovos azuis, que eu nunca vi na minha vida. O sonho foi tão forte que comprei duas bandejas de ovo azul. Quando eu entro no Mutange, Chico Xié. E tinha um clássico domingo, isso foi uma sexta-feira. Eu disse: não come hoje, come na véspera do jogo. Comeram o ovo. E o Chico Xié foi artilheiro do Campeonato Alagoano comendo ovo azul”, pontuou.

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Na pele: Feijão faz tatuagem e eterniza golaço de falta pelo ASA

DA REDAÇÃO

Omeia-atacante e camisa 10 do ASA, Anderson Feijão, eternizou com uma tatuagem na panturrilha esquerda o golaço de falta no clássico contra o CRB, disputado no dia 8 de março deste ano,peloAlagoano,noReiPelé.

O meia-atacante e camisa 10 do ASA, Anderson Feijão, eternizou com uma tatuagem na panturrilha esquerda o golaço de falta no clássico contra o CRB, disputado no dia 8 de março deste ano, pelo Alagoano, no Rei Pelé.

Aquele gol abriu a goleada doGIGANTEsobreoadversário, por4a1.Atatuagemfoifeitana quinta-feira (8 de dezembro) e repercutiu bastante nas redes sociais do atleta e perfis ligados ao clube.

Nesta temporada, Feijão marcou 13 gols vestindo a camisa alvinegra, sendo três de falta, dois contra o mesmo CRB,emaisumnavitóriasobre

o Juazeirense, pela Série D, em Arapiraca.

Ao site do ASA, Feijão afirmou que o gol feito no Rei Pelé foi o mais bonito e um dos mais importantes para ele em sua carreira de jogador profissional.

“Era um clássico, fora de casa, e que abriu uma fase de afirmação da equipe. Foi o gol mais bonito e importante para mim, e também mexeu muito com nossa torcida. Por tudo isso, resolvi tatuá-lo porque vai ficar na minha pele por toda a minha vida”, afirmou o meia.

>> Bastidores do gol

Ainda ao site do clube, Feijão conta que é hábito dele cobrar faltas no aquecimento para que quando a oportunidade surja em campo não seja a primeiravez.

Ele bateu duas vezes antes de descer para o vestiárioeerrouambas.

“MasoLeônidas,queénossoauxiliardepreparação de goleiros, chegou para mim e disse para não me preocupar porque no jogo eu faria o gol. Quando, por volta dos quatro, cinco minutos, o Michel sofre a falta e a oportunidade surge, eu já caminho para a bola agradecendo a Deus porque eusabiaqueseriagol”,relembraAndersonFeijão.

Atacante e ídolo, Junior Viçosa também participa do lance com uma mensagem quase premonitória.

“O Viçosa se aproximou de mim e disse para eu somente acertar a trave que eu faria o gol. Era tantacertezaque,olhandoolancedenovo,dápara ver que, quando a bola sai dos meus pés, já corro para comemorar. Foi legal”, detalha o jogador, que acertou o canto direito do goleiro Diogo, que só podemesmoassistiràbolabalançandoasredesdo ReiPelé.

Pré-temporada - O ASA iniciou a pré-temporada no fim de novembro; no dia 10 de dezembro, elenco, comissão técnica e demais funcionários ligados ao futebol viajaram para Recife, para treinarnoCTdoRetrô.

No Recife, a equipe do técnico Evaristo Piza realizoudoisjogos-treinos,contraopróprioRetrôe oSantaCruz,quandoperdeupor2a1,noprimeiro confronto, e deu empate sem gols contra a Cobra Coral.

Mais dois jogos-treinos, contra o Náutico, no Recife e em Arapiraca, respectivamente, encerram a sequência de treinamentos visando à estreia do GIGANTE pela pré-Copa do Nordeste, contra o Ferroviário,nodia5dejaneiro,emFortaleza.

Retrospectiva 2022!

Na era da informação digital, surge o Golaço com o “papel” do “jornalismo impresso”, isto é, de contar histórias com a escrita que preserva a memória de uma sociedade. Lendas. Mitos. Causos. Fenômenos. E foram esses fatos que foi registrado ao longo de 2022. Fatos inéditos. Fatos misteriosos, como no caso da eterna enciclopédia do futebol Lauthenay Perdigão, que mesmo acometido por Alzheimer, concedeu a este periódico, a última entrevista em vida, com requintes de detalhes de casos e personagens do mundo dabola.“Avocê,mestre:nossagratidão,porquenosrestouaresponsabilidade de seguir fazendo aquilo que você mais amou, que é o jornalismoimpresso”.

Gratidão também a todos os que dedicaram tempo para conceder entrevista. Obrigado por contarem segredos e fatos marcantes desuasvidas.Vaiumespecialagradecimentoaoleitoreaosqueacreditaramnestesonhoquejásetornourealidade.Mas,ressaltando,que chegar a esse patamar não aconteceria sem vocês. Ou seja, a nossa históriadecontarhistórianãoseriareal.

Aproxima-se agora 2023. Com o novo ano, o que se espera é mistério. E foi através do fato misterioso relatado acima, que o Golaço iniciou sua história no jornalismo, numa era da informação digital. Resistência. Feliz ano novo e boas leituras com o Golaço ou outro que tem o “papel” do “jornalismo impresso”.

12 Maceió-aL l DezeMbro 2022 / Janeiro 2023 l golacoal@gmail.com
Ailton Cruz

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