Baile da Vogue: Um tributo à moda brasileira Convidados optam por estilistas internacionais e não representam ‘’Brasilidade Fantástica’’
Por Catarina B. Pace, Isadora Pressoto, Marcela Foresti, Paula Moraes e Sophia Pietá na cultura brasileira, propondo uma arte original e atualizada que refletisse o panorama sociocultural do país na época. Segundo Churchill, a ideia de homenagear o centenário partiu da celebração do modernismo e da diversidade cultural do Brasil, trazendo um toque de contemporaneidade ao tema: ‘’acredito que a Vogue tenha um papel de levar as tendências primeiro’’. A visibilidade e importância da revista causa impacto na moda, uma vez que o conteúdo é altamente engajado nas redes sociais, em que as postagens no Instagram da página oficial alcançaram mais de 50 milhões de visualizações. O estilista Kaleb, cujas criações foram usadas por Gaby Amarantos e Negra Li, acredita que o nome Brasilidade Fantástica ascende e direciona a atenção para a exuberância e a época tão festiva e animada que o Carnaval representa ao povo brasileiro. “Minhas inspirações são as estruturas da natureza — um universo de texturas, cores, formas e uma pitada do universo lúdico e particular de quem nasceu no Nordeste e vive em um país múltiplo’’, relatou. Juliette Freire, Rita Carreira, Ícaro Silva, Deborah Secco, a diretora da Vogue Paula Merlo e Thai de Melo Bufrem foram alguns dos artistas que vestiram roupas exclusivas de estilistas brasileiros e honraram o tema da cerimônia. Segundo o Gshow, Freire venceu a enquete de melhor look ao utilizar um vestido, confeccionado pela marca paraibana Guerreiro
Camilla de Lucas, vestida por Filipe Dias
Cantora Gaby Amarantos com design de Ellias Kaleb
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CONTRAPONTO Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo – PUC-SP
© Reprodução: Instagram/ @guilhermelima
Larissa Manoela, vestida por André Betio
feitos por brasileiros – a famosa síndrome do vira-lata – ainda que os estilistas nacionais sejam talentosos e ricos em detalhes. Alguns designers tiveram a oportunidade de mostrar o seu trabalho durante o evento, como Paola Vilas, Meninos Rei, Misci e Ellias Kaleb, que em entrevista ao Contraponto, criticou a falta de atenção. ‘’A real é que não é chique ostentar marcas internacionais, tendo em vista e sabendo a situação que a estrutura de consumo e produção do nosso país é precária’’ ressaltou o estilista. Mostrando a sua indignação perante ao assunto, ele enfatizou que isso só pode ser resolvido por meio da mídia. Logo, é com o intermédio das redes sociais que deve acontecer uma revolução no meio da moda e da cultura, ajudando a divulgar os artistas brasileiros que estão na luta para terem mais reconhecimento no trabalho. A internet, por sua vez, é um veículo que transmite as informações rapidamente, fazendo com que as pessoas adquiram mais conhecimento sobre o próprio país e se atualizem das tendências fashionistas. O Instagram e o TikTok atuam como plataformas que dão espaço a especialistas que divulgam as informações de maneira acessível. Contextualizando o tema, a Semana de Arte Moderna de 1922 ocorreu no Theatro Municipal de São Paulo, reunindo artistas de diversas áreas para uma atualização artística nacional. A reunião tinha o objetivo de questionar a influência europeia © Reprodução: Instagram/ @iude
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última edição do Baile da Vogue, realizada em abril, teve como tema Brasilidade Fantástica, inspirado no centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Após um longo intervalo entre as edições da festa, devido a pandemia da Covid-19, o evento teve como objetivo celebrar a moda brasileira, homenageando designers nacionais. A esperada representatividade, no entanto, deixou a desejar. ‘’Escolhemos o modernismo como ponto de partida para celebrar a diversidade de nossa arte, cores e ritmos e, claro, a criatividade do povo brasileiro’’, explicou a diretora de conteúdo da Vogue Brasil, Paula Merlo. O tema tem como objetivo fazer um contraponto entre as visões artísticas atuais com o passado, trazendo figuras importantes da cultura brasileira. Ivete Sangalo, Preta Gil e DJ Valentina Luz foram responsáveis por comandar a trilha sonora da festa, celebrando a diversidade de ritmos. ‘’O tema do baile era Brasilidade Fan tástica. Quando você opta por uma marca internacional, o artista poderia até estar fantástico, mas cadê a brasilidade?’’ indagou a colunista da Vogue Brasil, Paola Churchill. O questionamento viralizou nas mídias sociais em razão da falta de estilistas brasileiros na produção dos convidados, uma vez que diversos artistas optaram por marcas internacionais, não levando em conta o tema escolhido. Churchill relata que algumas pessoas ainda não dão o devido valor para os conteúdos