o jornal batista – domingo, 02/07/17
reflexão
MÚSICA ROLANDO DE NASSAU
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hollanda1929@outlook.com
Música na Ceia do Senhor
(Dedicado ao leitor Luiz Hastimphilo Mestrinho)
N
este artigo reproduzimos conceitos inspirados em sermões (19771985) do saudoso pastor João Filson Soren, e baseados em nossas experiências no exercício da diaconia. 1. Parte central - O culto deve girar em torno da celebração da Ceia do Senhor. A celebração não deve ser um arremate do culto, ou apenas um momento ou um pretexto. 2. Efeméride - Seu significado deve ser lembrado continuamente; é uma ordenança repetitiva; seus efeitos abençoadores devem ocorrer continuamente; sua necessidade é permanente para alimentação espiritual dos membros da Igreja. 3. Testemunho - A celebração proclama a morte, comemora o falecimento de Jesus em Sua forma humana e anuncia a Sua segunda vinda; é um testemunho dos cristãos presentes. 4. Seriedade - A celebração deve ser conduzida com seriedade, mas evitando um ambiente tristonho e lacrimoso; não deve converter-se em um culto fúnebre, em um velório deprimente. A morte de Jesus, seguida pela ressur-
reição, significou, à época, a Sua vitória sobre a morte, por isso resultou em alegria para os discípulos. 5. Recordação - Na Igreja Primitiva, depois do culto, a celebração da Ceia do Senhor era uma ocasião alegre, não para recordar a Páscoa, que marcou a despedida dos judeus, mas para lembrar outras refeições com a presença de Jesus. 6. Homenagem a um mártir? - Jesus não foi mártir no Calvário; Ele se submeteu voluntariamente à crucifixão. Não cabe qualquer hino ou cântico no qual o sacrifício de Jesus seja lembrado como ato heroico, motivado pela maldade de alguém ou pela crueldade da turba. 7. Desafio - A celebração é um desafio à Igreja, para que se torne uma comunidade realmente fraterna; é um desafio também para o crente: a imperfeição da Igreja não deve ser pretexto para abster-se de participar da Ceia do Senhor, que não é do pastor, dos diáconos ou de algum membro pioneiro ou veterano. A celebração declara aos de fora da Igreja que os que estão dentro dela são irmãos em Jesus Cristo. 8. Reconhecimento - É o reconhecimento tácito, pela Igreja local e atual, de sua imperfeição.
9. Momento de exame - É imprescindível; não é uma autoanálise psicológica; na celebração, a exortação é algo frequente: “Examine-se e julgue-se a si mesmo”. No rito (procedimento do culto), não se trata de ritual (ordenamento da liturgia, que, no meio Batista, não é praticado), deveria ser mais enfática e incisiva essa momentosa exortação. Não é uma simples introspecção ou mera avaliação, nem teste de conhecimento doutrinário a respeito do simbolismo do pão e do vinho. É o despertar da consciência, é a atitude de contrição. É a confissão da incapacidade para realizar a obra evangelizadora! 10. Contrição - para que seja possível, deve haver tempo suficiente para o cultuante autoexaminar-se. Evidentemente, as partes musicais tornam-se inconvenientes nos poucos momentos liberados ao autoexame. O que é mais importante: a música ou a contrição? Cantar ou confessar pecado? 11. Exercício - Participar da Ceia do Senhor é praticar um exercício espiritual; a celebração não é um encontro social, nem evento artístico. 12. Momento de gratidão - Ninguém deve participar sem ao menos murmurar uma oração de gratidão a Deus.
13. Efeitos - Ao terminar a contramos música coral celebração, se o crente introdutória, canto connão experimentou qualgregacional (enquanto é distribuído o pão), solo quer efeito espiritual ou dueto vocal (na ocabenéfico, então foi um tempo inaproveitado. sião em que é servido o 14. Execução musical - É imvinho) e canto congregacional (para encerrar a própria para solo vocal; celebração). Observamos durante a distribuição que restam ao cultuante, dos elementos, seria condepois de tantos outros digna a execução dos atos, poucos minutos dois minutos iniciais do para a contrição; além “Benedictus”, de Beethodisso, há várias circunsven, em um circunspecto solo de violino, nas Igretâncias adversas: ruídos e barulhos no ambiente, jas que prezam a liturgia. distrações causadas pela 15. Improvisação - Se a parte movimentação das pesmusical for improvisada, sujeita-se ao dissabor de soas. Mas, em 01 de maio contradizer todos estes de 2016, pela Internet, preceitos. vimos como foi excepcio16. Esperança – É recomennal o consumo de tempo na celebração: além dos dável a Igreja cantar a 30 minutos costumeirespeito de sua firmeza em Cristo, mesmo quanros, mais 11 minutos de execução musical, com do a Igreja local passa “pompa e circunstância”. por uma crise. O culto prolongou-se 17. Introspecção - Muitos por 41 minutos, como se textos bíblicos que enfossem destinados a um sinam a retidão foram concerto. Convenhamos: musicados; se forem isso não está entre os proaproveitadas essas pepósitos da celebração da ças, trarão à celebração Ceia do Senhor! belos momentos para a 19. Sugestões -1) - somente introspecção. durante a distribuição 18. Tempo para a contrição dos elementos, quando - No último lustro da diao celebrante não está faconia, preocupados com o uso do tempo (fomos lando, pode ser executapara uma celebração da da, breve e suavemente, Ceia do Senhor ou para uma melodia calma e um concerto musical?), reverente; 2) - a celebratemos cronometrado o ção deve terminar com o tempo gasto na realização canto congregacional, de da atividade eclesiástica. preferência sem acompaNas partes musicais, ennhamento instrumental.