OJB Edição 26 - Ano 2017

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o jornal batista – domingo, 25/06/17

reflexão

Contando a Nossa História Pr. Francisco Bonato Pereira, historiador, da Comissão de Historia da CBPE e do IAHGP - Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano

O

s Batistas, como vimos nas colunas anteriores, chegaram ao Brasil em meados do século XIX, com a missão Bowen, que não teve sucesso. Um grupo de Batistas do Sul chegou a Província de São Paulo, onde organizaram a Igreja Batista Santa Bárbara (1871) e a Igreja Batista da Estação (1879). Estas Igrejas pediram a Convenção Batista do Sul o envio ao Brasil de missionários, chegando os primeiros casais - Ann Luther e William Buck Bagby (1881) e Katharin e Zachary Clay Taylor (1882) - os quais passaram um ano na colônia aprendendo a língua nacional com o pastor brasileiro Antônio Teixeira de Albuquerque e se aclimatando à cultura. Os dois casais missionários, acompanhados da família de Teixeira de Albuquerque se dirigiram à Salvador - BA, onde iniciaram a proclamação do Evangelho e organizaram a Igreja Batista da Bahia (1882), com cinco membros com cartas das Igreja Batista Santa Bárbara - SP. Consolidada a Igreja na Bahia, o casal Bagby e Mary O´Rourke se dirigiram para o Rio de Janeiro, onde o casal plantou a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro (1884), que cresceu. Nessa época, Bagby voltou a pastorear a Igreja Batista Santa Bárbara, viajando periodicamente. Teixeira de Albuquerque retornou a Maceió - AL, onde pregou o Evangelho a amigos e familiares e, com auxílio de Zacarias Taylor, organizou a Primeira Igreja

Batista Maceió (1885). A PIB Maceió enviou Wandragesilo Mello Lins ao Recife, onde iniciou uma missão, que foi organizada em Igreja (1886), com seis membros. A cidade de São Paulo (1892) recebeu seis missionários - os casais James Jackson Taylor e James Lionel Downing e as senhoritas Mary Bowden Wilcox e Edith Stenger -, os quais se empenharam na pregação do Evangelho e organizaram a PIB São Paulo (1899). Um pioneiro Batista chegou ao Amazonas (1891), sozinho e sem apoio de qualquer missão. Contactando o missionário Bagby, recebeu apoio da missão Batista e a presença do missionário Salomão Ginsburg, que foi ao estado do Pará, batizando os convertidos e organizando a Primeira Igreja Batista de Belém (1897). Esta era a situação no final do século XIX, havendo incursão de missionários nos estados de Goiás, Minas Gerais e Espirito Santo, mas sem missão estabelecida, quando um incidente aproximou o missionário Zacarias Taylor do senador Joaquim Nogueira Paranaguá, na cidade de Barra do Rio Grande, no Piauí. O padre Júlio, vigário, de Barra do Rio Grande, havia premeditado mandar jogar o missionário Taylor no Rio São Francisco, quando esse fosse embarcar no barco que o levaria de volta a Salvador, sua base de trabalho. O senador Paranaguá, tomando conhecimento da trama, buscou as autoridades da ci-

O Cristianismo Batista no Piauí: IB Corrente 1903 e IB Santa Rita (1904)

dade e impediu o atentado, inclusive, embarcando no mesmo barco com destino a Salvador. Na viagem iniciou conversa com o missionário e se tornaram amigos. Duas caixas de Bíblias e de Evangelhos de Mateus e de Lucas foram adquiridos e enviados para à família em Corrente, no interior do estado, para serem usados como livros textos na escola mantida pelo senador. As Bíblias e os Evangelhos foram lidos com sofreguidão, em particular pelo coronel Benjamin Nogueira Paranaguá, irmão gêmeo de Joaquim Paranaguá, que foi o primeiro a se converter. A conversão de Benjamin Paranaguá levou-o a pregar o Evangelho a todos os familiares e amigos. Não tinha treinamento, mas tendo sido aluno de Seminário Católico na adolescência, possuía raciocínio lógico e rápido e expunha com clareza a mensagem de Cristo e fazia longas leituras dos Evangelhos e das Cartas Paulinas. O seu irmão Joaquim escreveu ao missiono Taylor, pedindo para enviar um pastor a Corrente, para batizar aqueles que se haviam declarado cristãos. No início de 1902, o missionário Alonzo Ernesto Jackson chegou a Corrente e batizou ali o coronel Benjamin Nogueira e mais 13 convertidos. A viagem do missionário Jackson aos Estados Unidos retardou o batismo de outros candidatos. O missionário Jackson, ao retornar das férias, fixou residência em Santa Rita e fez viagens a Corrente,

onde, em 10 de janeiro de 1904, com 25 membros, organizaram a Igreja Batista de Corrente - PI, sendo o missionário Ernesto Alonzo Jackson eleito pastor; os irmãos Antônio e Benjamin Nogueira Paranaguá, diáconos; Joaquim Nogueira de Carvalho, secretário; e Jose Joaquim de Oliveira, tesoureiro da Igreja. Nessa mesma data foi inaugurado o Colégio Correntino Piauhiense, dirigido pela professora Miss Juliete Barlow, vinda dos Estados Unidos, às expensas dos irmãos Nogueira Paranaguá. Em 01 de janeiro de 1905 foi organizada a Igreja Batista de Santa Rita. O diácono Benjamin Nogueira fazia viagens missionárias periódicas a localidades distantes até 200 Km para pregar o Evangelho a amigos e conhecidos, sempre acompanhado de dois ou três outros membros da Igreja. Esse fato gerou oposição de padres católicos, que iniciaram perseguição aos crentes, somente sendo dissuadidos pela influência da família Nogueira. O missionário Jackson fazia longas viagens e em 1906 viajou 1920 km, chegando ao estado de Goiás, onde pregou o Evangelho nas cidades de Porto Nacional, Natividade, Duro e outras cidades. O gêmeo de Benjamin, Joaquim, embora houvesse participado das atividades da implantação do Evangelho e adquiridos as Bíblias, não se convertera, levando algum tempo para entregar a vida a Cristo, mas quando o fez, dedicou sua vida ao

Senhor, tornando-se diácono da Igreja Batista Corrente e, transferido para o Rio de Janeiro, tornou-se membro da PIB Rio de Janeiro e ovelha do pastor Francisco Soren, líder da denominação, sendo eleito presidente da Convenção Batista Brasileira (CBB) em duas ocasiões. No cenário político, Joaquim Paranaguá, que era médico, diretor de Higiene do estado do Piauí, vice-presidente do estado, deputado Estadual, deputado Federal e senador da República, pelo Piauí, ocupando a presidência do Senado (1910). (CRABTREE, Asa Routh. Historia dos Batistas do Brasil, Casa Publicadora Batista, p. 209-218). O casal Janete e Ernesto Alonzo Jackson foi sucedido por Lulu e Adolph John Terry, Ura Georgia e Edward Crouch, Ann e Raymond Kolb, Jose Vidal de Freitas e Augusto Carlos Fernandes, na primeira metade do século XX. A relevância da organização da IB de Corrente - PI para a evangelização do estado do Piauí e Maranhão e de outros estados é marcada pelos filhos ilustres do local, além dos inúmeros filhos das famílias Nogueira Paranaguá, Guerra, Brito, Oliveira, Araújo e Sousa Rosa, que se espalharam pelo Brasil, em particular no Rio de Janeiro, Pernambuco e Brasília, onde ainda hoje encontramos descendentes nas Igrejas Batistas, cultuando ao Senhor e servindo na vida secular. Ao Senhor toda honra e glória e louvor sejam dados hoje e para sempre. Amém.


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