Pelouro da Intervenção Cívica e Social
Nesta edição d’ O Pilão, entrevistámos o David Tribuna, estudante do 5º ano do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, que teve a oportunidade de fazer voluntariado na Roménia através da AIESEC. Nesta entrevista, podes ler o testemunho do David e perceber como é que também tu podes experienciar este projeto. Intervenção Cívica e Social: Para que os nossos leitores se possam inteirar melhor desta tua experiência, conta-nos como surgiu a ideia de, através da AIESEC, ires para a Roménia dar aulas de inglês? David: Digamos que é uma longa história. Desde novo que tive a grande sorte de viajar para fora com os meus pais e sempre fiquei encantado por conhecer outros países e culturas. Depois, já na faculdade, a minha amiga Débora introduziu-me a ideia de fazer voluntariado no estrangeiro e, desde o primeiro momento que falámos nisso, decidi que era algo que tinha de acontecer. Quando a oportunidade chegou, foi fácil. Depois de alguma pesquisa, escolhi uma instituição que me inspirou confiança e um país que fosse culturalmente diferente do nosso, onde eu, de alguma forma, pudesse criar um impacto. ICS: Como funciona o processo de candidatura e de seleção? Sentiste algumas dificuldades? D: Foi relativamente fácil. Fui acompanhado por uma pessoa responsável da AIESEC Coimbra, que me ajudou desde o início do processo de candidatura, tornando-o muito mais simples. Primeiro, preenchemos a “papelada” da candidatura no site da associação e, depois, fazemos uma pequena entrevista com o comité local do sítio que nos virá a receber para saber o veredicto final. ICS: Sabemos que ficaste alojado com uma família de acolhimento. Essa era a única opção que a AIESEC oferecia ou existiam outras? Sentiste, de algum modo, um choque cultural? D: Não, tive colegas de voluntariado que decidiram ficar alojados em residências estudantis. Inicialmente, estava preocupado que fosse haver um certo choque, no entanto, senti-me em casa desde o primeiro dia que cheguei. A família que me acolheu não podia ser mais distante do estereótipo irracional que temos do povo Romeno e marcaram muito pela positiva toda a minha experiência.
ICS: Durante toda esta atividade, qual foi a maior dificuldade que tiveste de enfrentar? D: A maior dificuldade foi, sem dúvida, arranjar formas de quebrar o gelo com os nossos “alunos”. Uma das grandes precariedades da Roménia, na minha opinião, é o seu sistema de ensino, ainda alicerçado numa relação de medo entre alunos e professores. Tendo isto em conta, no início, foi um desafio quebrar essa barreira e dar a entender que estávamos ali para nos divertirmos a aprender e não para castigar ninguém. Felizmente, no final, obtivemos o resultado que queríamos – uma turma mais participativa, com mais confiança e sem medo de errar. ICS: O que é que de melhor tiraste desta experiência? D: Pergunta difícil. Eu acho que houve um balanço tal em toda esta experiência que não consigo destacar algo em especial. Os meus colegas de voluntariado, as crianças com que trabalhámos, a família que me acolheu, um país lindo com um povo extremamente acolhedor e muitas outras coisas. Tudo isso contribui para que esta aventura tenha sido tão plena e tenha contribuído para o meu crescimento enquanto pessoa. É extremamente importante ter o discernimento de que o mundo é gigante, cheio de pessoas diferentes e que não gira à nossa volta. Aconselho vivamente uma experiência deste tipo para poder viver e refletir acerca disso.
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