30ª Edição - "O Pilão"

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Com esta edição, pretendemos presentear os nossos leitores com informação de extremo interesse. Neste sentido, abordamos temas relevantes da área da Saúde, contando com a colaboração de diversas entidades. Para a “Grande Entrevista”, tivemos a hon ra de entrevistar o Doutor Miguel Silvestre, que tem assumido, ao longo da sua vida, cargos fortemente ligados à componente far macêutica, associativa e empresarial, a quem agradecemos a sua disponibilidade e gentileza em colaborar connosco. Contamos com o Professor Doutor Luís Bimbo, Professor na Faculdade de Farmá cia da Universidade de Coimbra (FFUC), para a rubrica “Na sombra de…”, que nos dá a conhecer o seu percurso académico e profis sional. Desta vez, a Professora Dr.ª Maria João Campos, através da rubrica da Nutrição, aborda os impactos do veganismo no desen volvimento das crianças. O pelouro da Educação e Promoção para a Saúde traz até ti um tema muito interessante: Cuidados Paliativos vs Eutanásia. O pelouro da Pedagogia, por sua vez, dá-te a conhe cer mais sobre o Associativismo. A cargo do pelouro da Intervenção Cívica e Social terás a rubrica do NEFagir, onde irás encontrar um testemunho, sob a forma de entrevista, acerca de uma experiência de voluntariado internacional. O pelouro da Formação dá-te a co nhecer um tema cada vez mais importante nos dias de hoje: Tele medicina e Saúde Digital.

PóloFaculdadeopilao@nefaac.pt/opilao.nefaacnefaac.pt@opilao.nefaacdeFarmáciadaUniversidadedeCoimbradasCiênciasdaSaúdeAzinhagadeSantaComba3000-548Coimbra

Ana Raquel Fernandes e Luana Rocha

Ana Raquel Fernandes e Luana Rocha

Caríssimos leitores,

Ficha Técnica

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O Pilão é a revista informativa do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra.

Gostas do que lês e julgas que podes acrescentar valor ao Pilão? Manifesta a tua vontade de integração na equipa através do e-mail: opilao@nefaac.pt

Votos de uma excelente leitura! A equipa d’O Pilão

LAIROTIDE

É com enorme prazer e sensação de missão cumprida que apre sentamos a 30ª edição d’O Pilão, a revista do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC).

Ana Raquel Fernandes, Ana Rita Tavares, Ana Sofia Antunes, Beatriz Couceiro, Camila Rodrigues, Inês Rosado, Inês Silva, Joana Abreu, Joana Pereira, Laura Cavalcante, Luana Rocha, Mariana Constantino, Matilde Leite, Raquel Pires e Verónica Braga GrafismoDireçãoRedaçãoEditorialePaginação

Por fim, queremos deixar uma nota de agradecimento a todos aqueles que colaboraram connosco e que nos ajudaram a tornar esta 30ª edição d’O Pilão possível, nomeadamente: Margarida Ri beiro, Marta Cordeiro, Doutor Miguel Silvestre, Professor Doutor Luís Bimbo, Professora Dr.ª Maria João Campos, Francisca Gonçal ves, Mariana Aniceto e todos os pelouros do Núcleo de Estudan tes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra pela ajuda e atenção dispensada. A todos vós, o nosso mais sincero obrigado.

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3 04 | 35º Aniversário do NEF/AAC 06 | Workshop de Técnicas de Argumentação e Debate 07 | International Meeting e Workshop de Gestão Farmacêutica 08 | IX Formação em Dermofarmácia e Cosmética 09 | Telemedicina e Saúde Digital 11 | Grande Entrevista: Doutor Miguel Silvestre 16 | Job Talks 17 | Espaço Pedagógico 18 | V Simpósio Científico-Desportivo NEF/AAC 19 | NEFagir 21 | VIII Jornadas da Mobilidade 22 | Nutrição 25 | FFUC Talks 26 | Na Sombra de Luís Bimbo 30 | Cuidados Paliativos vs Eutanásia 31 | Roteiros de Coimbra 32 | Agenda Formativa D E S T A Q U E S Í N D I C E Grande Entrevista Doutor Miguel Silvestre 11 22 Nutrição Impactos do veganismo no desenvolvimento das crianças

Na Sombra de Luís Bimbo

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O Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) cele brou 35 anos no passado dia 28 de novembro de 2021 - 35 anos de Dirigentes de Excelência, sempre empenhados, dedicados e fiéis aos princípios do Núcleo. Decorria o ano de 1986 quando o NEF/AAC foi oficialmente criado, mais concretamente no final de novembro desse mesmo ano, e é com muito orgulho e responsabilidade que recordamos que é o Núcleo mais antigo da Associação Académica de Coimbra, tendo sido também membro fundador da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmá cia, em 1998.

35 Anos a Construir a Tua História

O NEF/AAC tem como primordial objetivo a representação exímia de todos os Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) desde a Licenciatura em Ciências Bioana líticas (LCB), a Licenciatura em Farmácia Biomédica (LFB), o Mestrado Integrado em Ciências Farma cêuticas (MICF), até aos alunos de Mestrados e Doutoramento ministrados nesta casa, perfazendo, atualmente, cerca de 1800 estudantes.

Ainda nesta linha de pensamento, o NEF/AAC sempre considerou basilar equilibrar a formação de profissionais de saúde com a formação de cidadãos da sociedade. Relevando o espírito de volun tariado e promovendo a discussão e reflexão de temáticas atuais são particularidades essenciais para um estudante deste setor.

Os conhecimentos científicos na área da Saúde são essenciais para demonstrar o papel que cada estudante tem na melhoria da qualidade de vida da comunidade e, nesse sentido, tem se valori zado, sendo fundamental destacar a importância de um bom aconselhamento e de criar campanhas de sensibilização. Numa ótica mais formativa, devo ressalvar a criatividade, a capacidade de iniciativa aquando do surgimento do I Congresso Científico do NEF/AAC, aquando do seu vigésimo aniversário, atividade que, até hoje, pauta pela sua pertinência, inovação e atualidade.

Primeiramente, a identidade do Núcleo sempre foi uma característica peculiar em cada man dato, transmitindo o seu profissionalismo e rigor, desde a criação de um website, adoção de redes sociais até à dinamização de uma aplicação.

Ao longo de cada mandato, cada Equipa focou-se em linhas orientadoras que consideraram pertinentes e adequadas ao contexto social do momento, tendo sempre como premissa a finalidade de defender os interesses dos estudantes representados e proporcionar-lhes as melhores formações complementares ao curso, com foco no crescimento pessoal e nas skills para a vida profissional.

Somos um Núcleo que representa atualmente cerca de 1800 estudantes e o NEF/AAC sempre procurou uma aproximação aos mesmos, defendendo os seus interesses e estando disponível para os mesmos. Nesta vertente pedagógica, o Núcleo adotou uma postura ativa e interveniente que, cada vez mais, se torna crucial em todas as Faculdades. Saber ouvir, defender e transmitir os interesses dos estudantes, esta deve ser premissa de qualquer Dirigente Associativo.

E por fim, recordando ainda o ano de 1996, o ano da edição zero da revista d’O Pilão, revista esta que mantem a sua essência e relevância neste meio, e que, periodicamente, procura resumir momentos de cada mandato, trazer temas pertinentes, discutir temáticas de índole Farmacêutica, partilhar testemunhos de colegas e verificar a evolução de cada ano.

Sabemos que os anos de estudo culminam, posteriormente, na entrada no mercado de tra balho. Desde cedo que o núcleo reforçou a importância da existência de estágios, sendo uma das metas que os sucessivos Dirigentes têm procurado alcançar e sem dúvida que se tem tornado um ponto de diferenciação dos nossos profissionais, aquando o acesso ao mercado. Nesta formação do estudante, destaca-se ainda o nível de internacional desde os primeiros alunos da FFUC a começarem a participar em programas de mobilidade, em 1987, até aos alunos que agora, todos os anos, estão envolvidos em diversos programas, como o Erasmus, SEP e até o famoso Twinnet.

Enquadrado nesta preocupação para com os estudantes, o Núcleo considera que a cultura e o desporto também são temáticas acarinhadas pelos estudantes e importantes no percurso académico de cada estudante. Quem não ouviu falar dos famosos momentos de convívio no Palácio dos Melos? Foi neste lugar que, durante muitos anos, a FFUC residiu, onde se transmitiram muitos conhecimen tos académicos aos atuais ou outrora profissionais de Farmácia, passando pelos torneios de diversas modalidades desportivas, até a uma dinâmica de celebração de uma Honoris Pharma – Gala do NEF/ AAC.

Se pensarmos bem, estamos há 35 anos a Construir a Tua História, a tua História de Estudante da FFUC. De 1986 a 2022, tantas foram as mudanças, aprendizagens, crescimentos e adaptações aos contextos do momento, mas um ponto é certo, o Núcleo sempre esteve ciente do trabalho árduo, dos inúmeros desafios e da responsabilidade e sentido de compromisso inerente a representar esta Casa que é oEstaNEF/AAC.Casaé sim maior que todos e está aqui para todos, para cada Estudante que quiser fazer parte dela. Com esta celebração de 35º Aniversário do NEF/AAC abrimos mais um capítulo da História do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra.

A Presidente da Direção do NEF/AAC,

Argumentação e Debate

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No passado dia 22 de novembro, pelas 21 horas, realizou-se a terceira edição do Workshop Técnicas de Argumentação e Debate, através da plataforma Zoom, promovido pelo pelouro da Pedagogia do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) e dinamizado pelo Conselho Nacional de Debates Universitários.

Workshop Técnicas de

Adicionalmente, permitiu aos participantes obter ferramentas úteis no seu dia-a-dia, para lá do al cance académico, promovendo, assim, um confronto de ideias saudável e desenvolvendo o espírito crítico e de liderança de cada um.

Pelouro da Pedagogia

Esta atividade permitiu desenvolver as competências dos participantes ao nível da comunicação, tendo como objetivo dotá-los de novos conhecimentos e princípios para auxiliar a organização de ideias. Serviu, também, para a elaboração de um discurso eloquente e adequado de forma a exprimir opiniões, conceitos e pontos de vista.

Por Inês Silva

No primeiro dia da atividade, foi realizada uma exposição teórica, abordando conceitos e definições rela cionados com a atividade de Gestão, assim como a exploração do papel do Gestor enquanto interveniente infor mado, decidido e preparado. No segundo dia, os participantes foram convidados a integrar um exercício interativo de construção de uma matriz BCG ou de uma análise SWOT para um produto/marca da sua escolha.

Pelouro da Formação

Workshop de Gestão Farmacêutica

Nos dias 2 e 3 de março decorreu o Workshop intitulado de “Gestão (para futuros Farmacêuticos): Concei tos e Princípios” dinamizado pelo pelouro da Formação do NEF/AAC.

International Meeting

Pelouro das InternacionaisRelações

Por Raquel Pires

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O convívio contou, ainda, com outras interações, desde a partilha das mais variadas tradições de cada país, até sugestões de locais a visitar em Portugal, destacando-se a cidade Nazaré, conhecida mundialmente pelas suas ondas gigantes.

Por Camila Rodrigues e Laura Cavalcante

A atividade International Meeting, promovida pelos pelouros Recreativo - vertente Cultural e Relações Internacionais, decorreu no dia 23 de novembro de 2021 e proporcionou uma troca intercultural entre Estudantes Farmacêuticos de Portugal, Espanha e Eslovénia. Os estudantes portugueses deram a conhecer alguns dos pratos típicos do país, realçando o pastel de nata e alguns aperitivos como rissóis, croquetes, pastéis de bacalhau e en chidos. Os restantes participantes do evento também providenciaram petiscos característicos dos seus respetivos países, salientando-se a tortilha de batata, um prato típico espanhol, e os tradicionais crepes da Eslovénia.

A atividade teve como objetivo permitir aos estudantes aprofundar e aplicar conceitos relevantes que poderão constituir uma mais valia, bem como um ponto diferenciador aquando da entrada para o mercado de trabalho. Contou com a participação de cerca de duas dezenas de estudantes e com a prestimosa colaboração do Doutor José Rui Peixoto.

A atividade cumpriu o seu propósito, tendo sido considerada um sucesso.

O Workshop teve lugar no edifício central da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, na sala -1E.05 entre as 18h00 e as 20h00.

Durante a tarde esta formação retomou com uma sessão dinamizada pela Professora Doutora Pris cila Gava Mazzola, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas Universidade Estatual de Campinas (UNICAMP), sediada em São Paulo, no Brasil, referente ao tema “Formulação de Fotoprotetores”. De seguida, teve lugar a apresentação do tema “Como Decifrar Rótulos de Fotoprotetores”, pela Professora Doutora Letícia Ca ramori Cefali, Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sediada em São Paulo, Brasil. Posterior mente, foi abordado o tema “Aconselhamento Farmacêutico de Fotoprotetores” pela Doutora Joana Nobre, fundadora do Crème de La Crème, o primeiro projeto português de curadoria cosmética. Por último, mas não menos importante, teve lugar o painel subordinado ao tema “Mitos e Realidades - O Papel do Farma cêutico”, abordado pela Doutora Bárbara Freire, da Bioderma Laboratoire Dermatologique NAOS Portugal.

Uma vez concluída a IX Formação em Dermofarmácia e Cosmética, o feedback obtido por parte dos alunos foi, sem dúvida, muito positivo.

Por Ana Rita Tavares e Verónica Braga

No dia 29 de novembro, realizou-se a IX Formação em Dermofarmácia e Cosmética, via Zoom, or ganizada pelo pelouro da Educação e Promoção para a Saúde do Núcleo de Estudantes de Farmácia da As sociação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Esta edição desenrolou-se em torno do tema “Fotoproteção”, tendo sido abordados diversos tópicos atuais e de elevada relevância para o correto e completo desenvolvi mento do conhecimento nesta área.

Na Sessão de Abertura deste evento estiveram presentes o Professor Doutor Fernando Ramos, Di retor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), e a Presidente da Direção do NEF/AAC, Marta Cordeiro. Quanto ao evento em si, este pôde contar com a presença de vários oradores conceituados.

O primeiro painel, relativo à temática “O Expossoma, a Radiação e a Necessidade de Fotoproteção”, contou com a presença da Professora Doutora Ana Cláudia Santos, Docente da FFUC, como oradora. O se gundo painel, referente ao assunto “Envelhecimento Cutâneo”, teve como oradora a Doutora Diana Oliveira, da Beiersdorf Portugal. O terceiro painel, subordinado ao tema “Regulamentação de Produtos Cosméticos”, contou com a apresentação do Doutor David Costa, da BasePoint Consulting Services. O quarto e último painel da manhã, referente ao assunto “Sustentabilidade e Inovação em Fotoprotetores”, contou com a apresentação da Doutora Ana Raquel Santos, da Pierre Fabre Laboratories Portugal.

O final de cada sessão teve um momento mais interativo e destinou-se ao esclarecimento de dúvidas que foram surgindo no decorrer da atividade. Esta atividade continua a ter uma elevada importância para os estudantes, não só para aqueles que pretendem direcionar-se para esta vertente, mas também para os restantes enquanto futuros profissionais na área da saúde.

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Pelouro da Educação e Promoção para a Saúde

IX Formação em Dermofarmácia e Cosmética Fotoproteção

De facto, a digitalização dos serviços, tal como a literacia em saúde passaram a ser uma deman da. Ser detentor de conhecimento acerca da saúde tornou-se imperioso. Um claro e recente exemplo deste facto foi a enorme discussão acerca da vacinação contra a COVID-19. Instalou-se, rapidamente, a desconfiança e o ceticismo. Foi fundamental a existência de uma entidade competente responsável pela publicação de dados verídicos, facilitando a informação da população em geral que, independentemente do grau de literacia, carecia de novas e cada vez mais respostas acerca de um tema tão novo, desconhe cido. A informação foi, na verdade, um apelo. Apesar do seu objetivo ter sido de alguma forma atingido, isto permitiu uma discussão demasiado gratuita e com parcas bases científicas. No desconhecimento é sempre mais fácil acreditar no que dá voz às nossas dúvidas.

Telemedicina e Saúde Digital

Muitos serviços abandonaram os seus “bal cões” e instalaram-se no digital, mitigando a distância física que se fez sentir. Para tal, telefonemas e video chamadas substituíram, sempre que possível, a consul ta física.

Apesar desta grande transição, nem todas as situações podem ser completa e corretamente re direcionadas para o digital, prova disso são exatamente as teleconsultas. Nesse regime, a avaliação física torna-se impraticável e, por isso, menos recomendável nos quadros de doença aguda. A posse de apa relhos de medição no domicílio, hoje bastante prevalente, é, alegadamente, um aliado nestas situações: o próprio doente pode recorrer à medição da tensão arterial ou da febre e reportar esses resultados ao clínico, que as avaliará. Mas até que ponto se torna aceitável pedir ao doente que o faça? Serão esses resultados fiáveis e adequados para a elaboração de um diagnóstico? Não obstante ganhar cada vez mais defensores, ainda assim urge uma reflexão mais profunda acerca da sua real efetividade. A realização de exames laboratoriais e eventual necessidade de medicação são considerações que devem ser tidas em vista, de modo a garantir que ao doente são prestados os cuidados de saúde adequados, minorando as hipóteses de um diagnóstico errado por falta de dados fidedignos.

9 Pelouro da Formação

Telessaúde poderia ter sido a palavra do ano. Nada fazia prever a pandemia que ainda hoje comba temos, mas também nada fazia prever a grande transi ção digital que foi implementada.

Independentemente das questões levantadas acerca da pertinência da teleconsulta em situações agudas, nos quadros crónicos esta revela-se uma opção interessante. Mais do que no diagnóstico, o acom panhamento virtual de doentes crónicos, o controlo evolutivo da doença e esclarecimento de dúvidas podem eficazmente ser realizados remotamente, sem penalização para o doente. A sobrelotação das instalações de saúde seria aliviada, as eventuais dificuldades de deslocação do doente debeladas e a presença de um acompanhante na consulta seria facilitada. Este poderia ser um regime ideal, contudo, muito haveria a fazer no que concerne à transição digital dos dados e informação clínica dos pacientes, facilitando o trabalho do médico e promovendo a unificação dos diferentes serviços de saúde.

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Se por um lado o acompanhamento e ajuda psicológicos devem ser cuidados individualizados, aten dendo à necessidade específica de quem procura ajuda e neutralizando as questões que estão na base dos problemas da sua saúde mental, também é de salientar que nessa altura, e ainda hoje, muitos problemas económicos assolam as famílias e as suas capacidades de obterem ajuda psicológica estavam diminuídas. Nesses contextos, muitas das ajudas que conseguiram encontrar nas redes, apesar de pouco concretas ou individualizadas, terão contribuído para diminuir a sua angústia. A utilização das redes sociais para divulga ção destes temas levanta, também, uma discussão acerca do seu potencial benefício. São apontados como viciantes e prejudiciais na sociedade em que hoje vivemos, todavia, foram elas que salvaram a vida em qua rentena. Aproximaram quem estava longe, acima de tudo. Resgataram as relações interpessoais. As redes sociais estão profundamente enraizadas na vida como hoje se conhece. Falharam-nos num apagão de seis horas, fosse um apagão de seis meses precisaríamos de uma reformulação total e radical da forma como vivemos e nos relacionamos. As consequências teriam sido quase incalculáveis.

A pandemia mudou, definitivamente, a forma como encaramos a realidade, como vivemos e nos relacionamos. O digital foi emancipado, mas a distância digitalmente encurtada é cada vez maior e mais intolerável. Até que ponto terá o digital verdadeiramente tomado a nossa vida?

Foi, inclusive, extremamente fundamental a presença assídua nos meios de comunicação dos inves tigadores, que estoicamente combateram o negacionismo, a dúvida e a resistência que eram o verdadeiro obstáculo à Aprendendoprogressão.com o passado e seguindo para o futuro, é fundamental compreender o legado que nos foi deixado. Esta é a oportunidade para fomentar as noções de saúde, especialmente no meio digital. Aqui têm, também, um papel de destaque os Farmacêuticos, especialmente sobre as camadas jovens, nas redes sociais. De forma simples, próxima e interativa, criando conteúdos pedagógicos, incentivando a instrução numa tentativa de debelar outras “epidemias”: a automedicação e utilização irracional do medicamento, sem o aconselhamento e intervenção de um especialista; e a saúde mental. Na verdade, nunca como ago ra, a saúde mental foi um tema tão abordado. Se já era tempo de discutir abertamente esta temática, a discussão nunca devia ser fortuita. A saúde mental é uma preocupação real que emergiu com a pandemia. As publicações nas redes sociais acerca do tema aumentaram exponencialmente. Pese embora que muitas dessas publicações tenham sido feitas por profissionais especializados, será esse o sítio mais adequado para se debaterem temas tão sensíveis?

Doutor Miguel Silvestre

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FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

1992: Licenciatura em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC); 1992: Inicia trabalho na Farbeira, atualmente Plural+Udifar; 1994: Adquire uma farmácia, Farmácia Miguel Silvestre, em Góis; 1997-2014: Delegado de Círculo da Associação Nacional das Farmácias (ANF); 1998: Integra a Administração da Farbeira; 2000-2014: Presidente da Delegação do Centro da ANF; 2001: Assume a Presidência da Farbeira, atual Plural+Udifar, cargo que ainda desempenha; 2001: Co-fundador da Empresa Farmacêutica, Bluepharma; 2015-2017: Vice-Presidente do Montepio Nacional da Farmácia, Associação de Socorros Mútuos 2016:(MONAF);Torna-se Presidente do Conselho Farmacêutico Nacional da Ordem dos Farmacêuticos, cargo que ainda desempenha; 2018: Torna-se Presidente do MONAF, cargo que ainda desempenha; 2019: Torna-se Presidente da Associação dos Antigos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, cargo que ainda desempenha.

O Pilão: Licenciou-se em Ciências Farmacêuticas pela Fa culdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. O que o motivou a enveredar por esta área? Quando terminou o curso, quais eram as perspetivas que tinha para o futuro?

OP: Foi Presidente do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Como surgiu esta oportunidade, como foi assumir o compro misso de representar o NEF/AAC e quais os objetivos que tinha em mente para os Estudantes?

Miguel Silvestre: Desde cedo que não tive qualquer dú vida de que a minha área de atividade de vocação era a área da Saúde. Mais próximo da entrada no Ensino Supe rior, optei pelo curso de Ciências Farmacêuticas. Por aquilo que esta formação oferecia e aquilo que eu sonhava, não tive dúvida alguma que era este o curso que queria fre quentar. Curiosamente, aquilo que foi a evolução do meu pensamento enquanto estudante e mesmo as minhas experiências profissionais logo no início da minha carrei ra, condicionaram muito o que foi o meu percurso até ao momento. Entrei na Faculdade Farmácia com a ideia de seguir Análises Clínicas. Ora, até ao dia de hoje, foi a única área das mais tradicionais com a qual nunca tive qualquer contacto! Logo no fim do primeiro ano, início do segundo ano de Faculdade, apercebi-me que o setor das Análises Clínicas estava numa grande transformação, com muitas incertezas do que poderia acontecer. Entretanto, devido ao conhecimento e contacto com outras realidades, acabei por optar pelo ramo da Indústria Farmacêutica.

MS: Fui Presidente do NEF/AAC no ano letivo de 1988/89, logo no início da sua atividade, quando tudo estava a co meçar. Nos anos antecedentes ao meu houve um con junto de colegas que começaram a dar vida à atividade

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Nesta 30ª edição d’O Pilão, o grande entrevistado é o Doutor Miguel Silvestre. Licenciado em Ciências Farmacêu ticas na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, tendo sido Presidente do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Ao longo da sua vida tem assumido cargos fortemente ligados à com ponente Farmacêutica, Associativa e Empresarial. Atualmente, é Presidente do Conselho de Administração da Plural e Vice-Presidente da Bluepharma.

Recordo que o meu ano (1986-1992) foi o último em que no quarto ano do curso tínhamos que optar por Farmácia de Oficina, Indústria Farmacêutica ou Análises Clínicas. Se a memória não me atraiçoa, penso que apenas três colegas seguiram, na altura, o ramo das Análises Clínicas. Avancei, então, para a Indústria Farmacêutica, mas ape nas mais tarde é que me encontro com esta realidade. Quando estava a fazer o meu estágio na Indústria Farma cêutica, recebi um convite para ir a uma entrevista para uma cooperativa de Distribuição Farmacêutica, por terem indicação que teria um perfil ajustado ao que procura vam. Assim foi. Fui e fiquei logo contratado com a indi cação de que tinha que terminar rapidamente o estágio e ingressar na, à época, Farbeira. Aí estive durante quase três anos, primeiro enquanto Diretor Comercial e, mais tarde, acumulando a Direção Técnica, tendo, então, saído para o meu primeiro contacto com a Farmácia de Ofici na, hoje mais conhecida como Farmácia Comunitária. E, se quando ingressei na Faculdade achava que a Farmácia não era de todo a “minha praia”, a vivência da Distribui ção Farmacêutica permitiu-me descobrir a realidade da Farmácia Comunitária e quanto, afinal, eu me identificava com a sua atividade. Comprei a minha primeira Farmácia e estive durante quase quatro anos, de corpo e alma, qua se só focado neste projeto. Nessa altura, apenas iniciei a minha atividade associativa enquanto Delegado da As sociação Nacional das Farmácias (ANF) e como Formador na Área da Formação Contínua da ANF, o que me obriga va a estar atualizado e a partilhar conhecimento com os meus pares. Em 1998 volto à Distribuição Farmacêutica, mas ao nível da Administração da Cooperativa, tendo as sumido no início de 2001 a Presidência do Conselho de Administração até à data. Também em 2001, integro um movimento, predominantemente de Farmacêuticos for mados na nossa Faculdade, que se organizou para fundar a Bluepharma e adquirir as antigas instalações industriais da Bayer, em Coimbra. Foi aqui que me voltei a cruzar com a Indústria Farmacêutica, quase dez anos depois de ter saído da Faculdade.

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Por Ana Raquel Fernandes e Luana Rocha

“...“nosso” NEF/AAC. Para mim, sem qualquer dúvida, o melhor Núcleo de Estudantes da Associação Académica de Coimbra.”

MS: Desde sempre, e pelas razões que bem percebem, que assumi que vale sempre mais trabalharmos em equi pa, arranjarmos soluções em conjunto, agregarmos esfor ços e partilharmos problemas, que alcançamos sempre melhores resultados, que criamos sempre mais valor. É costume dizer-se que “Sozinhos vamos mais rápido, jun tos vamos mais longe!”. Esta foi a primeira grande apren dizagem da minha experiência associativa estudantil. Se calhar tão importante como o curso de Ciências Farma cêuticas que tirei. Ora, estes princípios e esta maneira de encarar a vida é, para mim, inquestionável. E isso fui adotando e incrementando ao longo de toda a minha vida pessoal e profissional. Se vir bem, logo quando no início da minha vida profissional entrei na Farbeira (hoje Plural+Udifar), uma cooperativa, me deparei com um mo delo de organização completamente associativo. Poste riormente, em 1997, na ANF continuei com essa matriz associativa enquanto Delegado e mais tarde, durante 14 anos, enquanto Presidente da Delegação do Centro da Associação Nacional das Farmácias. Ao nível da Ordem dos Farmacêuticos, nos últimos dois mandatos assumi a Presidência do Conselho Farmacêutico Nacional, tendo sido também convidado pelo recente Bastonário eleito para assumir tal cargo. Por último, e porque tenho que deixar aqui o desafio para os atuais estudantes e para antigos estudantes que leiam “O Pilão”, assumi a Presi dência da Direção da a2ef2.uc – Associação dos Antigos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, pelo que convido todos os que já terminaram o curso a associarem-se. Fora da profissão, também assumi um cargo associativo na Direção de uma Associação de Desenvolvimento Regional em Góis, onde tive a primeira Farmácia, dando também o meu contributo à sociedade, trabalhando para a comunidade local e regional.

OP: É atualmente Vice-Presidente da Bluepharma e Ad ministrador da Bluepharma Genéricos, atividade que desempenha em simultâneo com a Presidência do Con selho de Administração da Plural+Udifar. Pode falar um pouco acerca do trabalho que desenvolve?

OP: Tem assumido cargos de extrema relevância ao lon go da sua vida, nomeadamente ao nível do Associativismo Farmacêutico. Em que medida considera que este

seja uma mais valia para complementar o Percurso Pro fissional?

MS: Sim, acumulo funções nessas diferentes organiza ções, o que me permite ter adquirido uma visão holística do circuito do medicamento, juntamente com a expe riência adquirida na Farmácia e enquanto dirigente asso ciativo na ANF. É para mim um privilégio. Em ambas as organizações, pelos cargos que ocupo, assumo responsa bilidades na gestão e definição da estratégia das empre sas, bem como implementação das mesmas.

associativa da Faculdade, com um conjunto de iniciativas e lançando o embrião à criação do NEF/AAC, onde o cole ga Carlos Figueiredo, teve primordial importância na sua concretização. Estavam esses colegas na fase final do cur so e eu a entrar na Faculdade. Entretanto, durante cerca de dois anos, houve um abrandamento do envolvimento associativo da Faculdade e estava eu a meio do meu per curso universitário quando fui abordado por um amigo de Coimbra, grande académico e com uma grande interven ção na vida da nossa DG/AAC e nalgumas das suas Sec ções, me desafiou a integrar uma lista à Direção Geral e a não deixar “cair” o trabalho na Faculdade que antigos alunos tinham iniciado. Concorri numa lista à DG/AAC e na altura, por inerência, fiquei também com a responsa bilidade de renascer o NEF/AAC. O atual Diretor da nossa Faculdade costuma referir que fui o primeiro Presidente do NEF/AAC, uma vez que o colega Carlos Figueiredo que assinou a sua constituição esteve durante dois anos numa espécie de Comissão Fundadora, antes de ter aquele pe ríodo de menor atividade e de algum “hibernamento”. Mas para mim, o Carlos e a equipa que trabalhou com ele nos primeiros tempos, foram os grandes obreiros da existência do “nosso” NEF/AAC. Para mim, sem qualquer dúvida, o melhor Núcleo de Estudantes da Associação Académica de Coimbra. O meu grande desafio na altura foi, não só representar o melhor possível os estudantes de Farmácia na DG/AAC (na altura eram 7 faculdades que integravam a Universidade de Coimbra e cada uma tinha um representante na DG), bem como devolver à própria Faculdade algo que estava latente e que não poderíamos desperdiçar: a qualidade associativa dos seus estudantes e o papel que poderiam ter no futuro da profissão.

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E gostaria de aproveitar este momento, se me permitem, para falar sobre a importância do tema da constituição de Planos de Previdência desde cedo, que podem ser ajusta dos à medida das possibilidades de cada um e em qual quer altura também reforçados. Aliás, o MONAF tem feito nos últimos anos um trabalho de aproximação aos Estu dantes, com uma grande interação com as suas diferentes associações, no sentido de passar esta mensagem, trans mitindo a cultura da necessidade de prepararmos o nosso futuro. Estamos a assistir em Portugal a uma transforma ção demográfica sem precedentes, com uma população envelhecida, bem patente quando analisamos o índice de envelhecimento, que é a relação entre a população idosa (65 anos ou mais) e a população jovem (entre os 0 e os 14 anos). Esta realidade vai provocar um desequilíbrio brutal no sistema da segurança social. E o nosso sistema, cha mado de repartição, necessita que haja um número sig nificativo de contribuintes (população ativa) face ao nú mero de beneficiários (reformados). Estamos a ver o que

MS: Ora aqui está também um bom exemplo de associa tivismo, neste caso através do mutualismo, que, uma vez mais, anda de “braço dado” comigo e com o meu percur so profissional.

A Plural+Udifar, enquanto cooperativa que é, e na qual estou como Presidente do Conselho de Administração em representação da minha Farmácia, é gerida como qual quer outra empresa, com uma equipa altamente profis sional, mas com a vantagem de ter uma Administração que representa um conjunto de cooperadores e que, dessa forma, também tem a valência do associativismo presente. Enquanto PCA acompanho com bastante proxi midade a equipa de gestão. O mesmo se passa no Grupo Bluepharma, no qual sou Vice-Presidente e Administra dor de algumas empresas do Grupo. O trabalho é de ges tão, definição da estratégia, liderança, e não como técni co como se deve compreender. No entanto, a formação base em Ciências Farmacêuticas e o conhecimento técni co torna-se numa mais valia na gestão. Curiosamente, ou não, também na esfera da Bluepharma definimos para a Bluepharma Genéricos, a empresa comercial do Grupo, um modelo de envolvimento das Farmácias que também resulta da vivência associativa que tanto eu como alguns dos meus colegas nos habituámos a trabalhar.

O MONAF é uma associação mutualista que foi criada há mais de 35 anos que surgiu da visão de um conjunto de colegas, Farmacêuticos e proprietários de Farmácias, terem tido a capacidade de pensar e antecipar o futuro. Debatia-se na altura qual a melhor forma de os Farma cêuticos, numa ação concertada e de auxílio recíproco, dependendo apenas de si próprios, poderiam garantir o seu futuro na reforma, com segurança e mais qualidade de vida. E, assim, surgiu o MONAF, oferecendo aos sócios diferentes soluções na área de Planos de Previdência e de Planos de Capitalização.

“Vale sempre mais trabalharmos em equipa, arranjarmos soluções em con junto, agregarmos esforços e partilhar mos problemas, que alcançamos sempre melhores resultados, que criamos sempre mais valor.”

FORMAÇÃO

MS: Maioritariamente as empresas a que estou ligado pertencem à área da Farmácia e do medicamento. Foi um processo natural. Iniciei a minha atividade profissio nal numa vertente mais técnica, como verdadeiro Profis sional de Saúde, um pouco mais tarde de bata vestida e

OP: Além do Setor Farmacêutico está, também, ligado ao Setor Empresarial. Qual o segredo para conciliar di versas atividades e de áreas tão distintas?

OP: Atualmente, ocupa o cargo de Presidente do Mon tepio Nacional da Farmácia (MONAF). Em que consiste esta Instituição e qual a sua missão?

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poderá acontecer, para não dizer que vai mesmo acon tecer. Ora, chegando nós a uma fase da vida, a da refor ma, em que pretendemos ao fim de uma vida de trabalho ter uma qualidade e nível de vida pelo menos igual à que temos na vida ativa, não nos resta solução que não seja anteciparmos o problema. Olharmos para ele com a im portância que tem. E é essa chamada de atenção, essa mensagem, que tentamos ter sempre presente quando falamos com os colegas e futuros colegas mais jovens.

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MS: Pode parecer algo estranho, mas considero que, tan to numa fase, como na outra, me fui deparando com os normais desafios dos momentos em que os vivi. Correndo o risco de não ser muito simpático para com alguém, tal vez o maior desafio que tenha tido ao longo da vida tenha sido a experiência que tive com algumas instituições que são responsáveis pelo que vai acontecendo no nosso país, leia-se Assembleia da República e os seus Deputados, ou Ministério da Saúde e os seus diferentes Governantes, en tre outros, foi de perceber o que por vezes está por trás das decisões que são tomadas, com um desconhecimento total daquilo que estão a legislar ou a decidir, o impacto que têm essas medidas na vida dos portugueses e sentir que pouco conseguimos contribuir com a experiência, o trabalho diário e a vontade de fazer melhor. É um desafio pessoal conviver com estas realidades.

contacto com a população, desenvolvendo o verdadeiro papel de Farmacêutico Comunitário, mas o bichinho do empreendorismo (a compra da primeira farmácia com 27 anos é disso um exemplo) levou-me a abraçar e de senvolver outros projetos mais empresariais, maioritaria mente dentro do Setor Farmacêutico e muitos com perfil associativo. Escusado será dizer que a minha carreira pro fissional se alterou significativamente, derivando para a área da gestão, e para a qual também me tive que prepa rar, aproveitando sempre, como anteriormente já referi, a vantagem da minha formação base de Farmacêutico. Não sendo propriamente um segredo, mas algo que me possi bilitou que tudo isto fosse acontecendo, é o facto de me considerar organizado e planear o melhor possível o meu dia-a-dia. Só isso me tem permitido fazer tantas coisas.

MS: Quem sou eu para dar conselhos… mas tendo em atenção ao que fui partilhando neste últimos minutos, acima de tudo desfrutem o momento que estão a viver e o que dele melhor podem aproveitar para a vossa vida pessoal e profissional. O tempo dá para tudo! Assim, sai bam geri-lo. Quanto ao futuro, enquanto Profissionais de Saúde, relembro que estão a ter uma formação que os prepara para um conjunto de oportunidades de saídas profissionais, no caso do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas talvez dos cursos que mais opções propor ciona, assim como as restantes licenciaturas da Faculda de de Farmácia, pelo que essa é uma importante certeza. Àqueles que vão lidar diretamente com os doentes/uten tes, nunca se esqueçam que a maioria das vezes temos por trás de quem contactamos, uma pessoa, um ser hu mano, que provavelmente estará com alguma fragilidade, pelo que o modo como nos entregamos e comunicamos faz toda a diferença. Para os que não irão lidar diretamen te com o público, nunca se esqueçam, também, que o tra balho que irão desenvolver tem sempre um fim comum: melhorar a qualidade de vida da população, disponibili zando os melhores cuidados de saúde possíveis.

Monumental na Sé Velha ou a Imposição de Insígnias.

OP: Para concluir, qual o conselho que gostaria de deixar aos nossos leitores, na sua maioria Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e futuros Profissionais de Saúde?

MS: Sinto que fui um privilegiado. Frequentei o curso que quis, na Faculdade e Universidade que queria, como bom académico e Conimbricense, tive uma experiência associativa fantástica ao nível da DG/AAC e NEF/AAC, fiz parte da Assembleia de Representantes da UC, integrei a Orxestra Pitagórica da Secção de Fado, as Queimas das Fitas que vivi, os Saraus Académicos em que atuei, etc., etc.. Costumo dizer muitas vezes que na Faculdade de Farmácia me licenciei em Ciências Farmacêuticas, mas na Universidade de Coimbra me formei enquanto homem com as experiências e vivências que tive oportunidade de já referir. Tudo o que enumerei são momentos que só quem passou por eles é que percebe o quanto marcam a nossa vida, sentindo-os cada um de nós à sua maneira e, por vezes, difíceis de descrever. Mas não posso deixar de referir o orgulho de representar a nossa Universidade, a nossa Associação de Estudantes, a Secção de Fado, com a capa negra pelos ombros e a responsabilidade que isso nos dá, além de momentos ímpares como uma Serenata

OP: Quais foram os maiores desafios que enfrentou en quanto Estudante e, posteriormente, enquanto Farma cêutico?

OP: Ao fazer uma retrospetiva do seu percurso Académi co, faria algo diferente? Qual o momento que nunca irá esquecer?

Estágios e Saídas Profissionais 16

A sessão de Job Talks decorreu no dia 30 de novembro de 2021, através do Facebook, e contou com a presença do Dr. Gualter Gaspar dos Laboratórios Basi como orador. Os principais tópicos abordados foram referentes ao seu Percurso Académico e Profissional, caracterização da Indústria Farmacêutica, noção de empregabilidade e futuro.

responder.Pelourodos

Job Talks

No tema da empregabilidade e futuro foram apresentadas duas visões, a do candidato e a do empre gador, de forma a compreender como é que o candidato pode despertar mais interesse ao empregador e o que poderá ser mais relevante no candidato para o empregador. O Dr. Gualter Gaspar considera importante definir planos e objetivos como, por exemplo: “O que quero fazer?”, “O que me motiva?”.

No final da sessão houve tempo para algumas questões às quais o Dr. Gualter Gaspar teve a gentileza de

O Dr. Gualter Gaspar demonstrou, também, a importância de saber falar diversas línguas, dando especial relevância à língua inglesa, não só por ser a mais falada, mas também por ser a predominante na maioria da bibliografia e regulamentação. Saber falar fluentemente espanhol, francês e mandarim é, tam bém, uma ferramenta muito importante na Indústria, pois permite adaptar o nosso discurso à pessoa com quem estamos e falar e, assim, estabelecer uma relação de maior proximidade.

Dentro da Indústria Farmacêutica, o orador dividiu a apresentação entre a área de produção e es critórios, na qual distinguiu as operações realizadas em cada uma delas. Diferenciou, também, a Indústria Farmacêutica em três tipos: multinacionais e grandes empresas, médias e pequenas empresas e start-ups, explicando a diferença entre as mesmas. Por fim, foram discutidas as vantagens e desvantagens de emigrar e ter uma experiência internacional.

Por Inês Rosado

Se há conselho que deixo aos meus colegas que estão agora na Faculdade é que agarrem cada opor tunidade que surge como se fosse a última, coloquem tudo de vocês naquilo que fazem e não tardarão a recolher frutos. Numa perspetiva um pouco mais profissional, procurem diferenciar-se dos restantes adqui rindo valências que sejam distintas dos outros, o mercado de trabalho valoriza o vosso percurso académico, mas estas pequenas nuances que vocês construíram serão o fator de desempate. Faz aquilo que gostas e serás feliz!

De mãos dadas com o Associativismo

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O Associativismo deve ser encarado, não como um objetivo pessoal, mas sim como algo coletivo. Não é por nós que agimos, mas sim por cada um que representamos. Várias foram as vezes em que eu, enquanto indivíduo, não concordei com decisões que a maioria da equipa ou dos estudantes preferiu. No entanto, até ao final defendi a sua opinião e trabalhei para ser possível alcançar os seus interesses. Ser diri gente estudantil não é fácil. Conseguir equilibrar a vida académica com o Associativismo e a vida pessoal é o segredo para o sucesso. Durante o meu percurso tive sorte de possuir uma estrutura de amigos e família que sempre compreendeu a minha ausência de jantares, aniversários e fins de semana. Não foi fácil, mas tudo compensou. Adquiri várias valências que não se aprendem nos auditórios da Faculdade, como a capacidade gerir equipas, conflitos e o meu tempo de forma sustentável.

Espaço Pedagógico

Nesta edição d’O Pilão o pelouro da Pedagogia convidou Francisca Gonçalves, ex-aluna da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, a falar um pouco da sua experiência no Associativismo. Fica a conhecer um pouco do seu percurso!

Pelouro da Pedagogia

O Associativismo foi algo com que contactei desde muito jovem, quando, aos 12 anos, ingressei no Corpo Nacional de Escutas (CNE). Aqui, encontrei diversas pessoas da minha idade, mas com diferentes pontos de vista, o que fomentou o debate e a partilha de ideias. Desta forma, foi natural que, com a chegada à Universidade, procurasse ingressar numa estrutura que também permitisse a pluralidade e inclusão dos jovens, neste caso, os estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC). Foi no meu primeiro ano de Faculdade que tive a oportunidade de contactar com o Núcleo de Es tudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) e com a própria Associação Acadé mica de Coimbra (AAC), através de atividades dinamizadas para os estudantes recém-chegados. Este início pautou o meu percurso associativo, pois permitiu que participasse em cada vez mais atividades, que me interessasse em mais eventos e que, consequentemente, fosse colaboradora do Núcleo no pelouro da Pe dagogia. Neste pelouro, desde cedo contactei com as problemáticas e desafios que o Ensino Farmacêutico apresenta para os seus estudantes e promovi soluções e alternativas, através da auscultação da comunidade estudantil, sendo, desta forma, possível convergir em decisões perante os órgãos gerentes da Faculdade que beneficiaram todos os representados pelo NEF/AAC. No ano seguinte, ciente da responsabilidade que a Pedagogia assume no dia a dia dos Estudantes, assumi a coordenação deste mesmo pelouro. Em simultâneo com esta posição, assumi também a responsabilidade de representante dos estudantes da FFUC no Senado da Universidade de Coimbra (UC), exponenciando aquele que é o dever de um dirigente: o zelo pelos in teresses daqueles que representa junto dos órgãos decisores. Em 2019, torno-me Presidente do NEF/AAC, onde, para além de toda vertente político-pedagógica da qual fui responsável nos anos anteriores, promovi e incentivei atividades que capacitassem os estudantes aos mais diversos níveis, assim como a multidiscipli nariedade entre estudantes e profissionais das mais diversas áreas. Após término do mandato, fui convida da a assumir funções de Coordenadora Geral dos Núcleos pela AAC, onde contactei de forma constante com estudantes de todos os Departamentos e Faculdades da UC, auxiliando na gestão, dinamização e comunica ção destes para com a AAC e os seus estudantes através, por exemplo, de Assembleias mensais para debate de temáticas que considerassem pertinentes.

Simpósio

Para finalizar este Simpósio, foi abordado o tema “O Papel da Nutrição no Controlo Metabólico de um Atleta”, que contou com a apresentação da Professora Doutora Maria João Campos, Docente da FFUC. Foram sumarizados alguns dos conteúdos previamente mencionados, interligando-os no painel em desta que.

A dinâmica dos temas abordados neste Simpósio proporcionou um final de tarde agradável e de muito conhecimento compartilhado.

No dia 2 de dezembro realizou-se, no Anfiteatro Garcia D’Orta da Faculdade de Farmácia da Univer sidade de Coimbra (FFUC), a quinta edição do Simpósio Científico-Desportivo do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), subordinada ao tema “Metabolismo e Perfor mance Desportiva”.Oprograma, que contou com um quadro de oradores devotos e dinâmicos, teve como objetivo elu cidar o público sobre o impacto do metabolismo na performance do atleta.

O segundo painel abordou o tema “Exercício, Imunidade e Metabolismo” e contou com a presença da Professora Doutora Ana Maria Miranda Botelho, Docente na FCDEF-UC. Esta apresentação evidenciou o impacto do exercício físico na imunidade, no metabolismo e no envelhecimento.

Pelouro Recreativo-VertenteDesportiva

Este evento iniciou-se com uma apresentação solene do Subdiretor da FFUC, Professor Doutor João José Simões de Sousa, e da Presidente da Direção do NEF/AAC, Marta Cordeiro. Posteriormente, decorreu a abordagem do primeiro painel intitulado de “Conceitos Básicos do Me tabolismo”. Com o objetivo de contextualizar sobre este tema, contou-se com a presença da Professora Doutora Vilma Sardão Oliveira, Docente na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Univer sidade de Coimbra (FCDEF-UC), que abordou o papel do metabolismo no funcionamento do corpo humano dando especial detalhe às vias energéticas e à mitocôndria.

V

Por Joana Abreu e Joana Pereira

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Após um momento de pausa, o Simpósio retomou com a apresentação do painel intitulado de “Abor dagem Prática: Metabolismo Aeróbio e Anaeróbio”. Neste painel, o Professor Doutor Amândio Manuel Cupido Santos, Docente na FCDEF-UC, demonstrou o papel que o controlo metabólico tem na performance de atletas de alta competição.

Científico-Desportivo NEF/AAC

Mariana: Há muito tempo que queria ter uma experiên cia de voluntariado internacional. Ao longo da minha vida fui tendo oportunidades de participar em algu mas atividades de voluntariado local, mas sempre fi quei fascinada quando via fotografias e ouvia relatos de pessoas em experiências internacionais. Queria sair da minha zona de conforto e fazer algo que me desafiasse enquanto ajudava outras pessoas. Então, fiz disso uma resolução de Ano Novo e ganhei coragem para me ins crever. Achei, também, que a altura entre acabar o curso e começar a trabalhar seria a ideal por poder ficar mais tempo no projeto que escolhesse.

M: No início do ano de 2021 comecei a pesquisar asso ciações e projetos de voluntariado. Já conhecia a “Para Onde?” das redes sociais, que tinha vários projetos dis poníveis em vários países. Inscrevi-me, passei por um processo de seleção e, após ter sido selecionada, acom panharam-me no processo de preparação para a viagem. No início de outubro parti para a ilha de São Vicente, em Cabo Verde, onde estive durante dois meses. A minha organização de acolhimento foi a “Nô Bai”, uma associa ção local que trabalha em parceria com várias entidades para a melhoria das condições de vida das comunidades na periferia da cidade do Mindelo. As atividades desen volvidas em várias áreas incluíam rastreios de saúde à população, apoio escolar, aulas de inglês, formações, sessões de beleza, proteção de tartarugas, limpeza de praias, combate ao isolamento dos idosos, etc. Nos tem pos livres aproveitávamos para conviver com a popula ção local e conhecer a ilha.

ICS: Enquanto Coordenadoras do pelouro, acreditamos que várias pessoas tenham interesse em fazer volun tariado internacional, mas acabam por não o fazer por

achar que é difícil. Neste sentido, questionamos-te quais foram as maiores dificuldades que sentiste tanto antes como durante a tua experiência?

Nesta edição d’ O Pilão, o pelouro da Intervenção Cívica e Social entrevistou Mariana Aniceto, que ter minou o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas em 2021 e integrou um projeto de voluntariado internacional. Nesta entrevista, podes ler o testemunho da Mariana e perceber como participar nestes projetos.

Pelouro da Intervenção Cívica e Social 19

Intervenção Cívica e Social: O que te levou a embarcar nesta aventura de voluntariado internacional?

M: A minha maior dificuldade no início foi saber por onde começar a organizar a viagem, mas foi aí que a “Para Onde?” se tornou fundamental. Acompanharam -me durante todos os passos nos meses antes da viagem relativamente a voos, seguro de viagem, consulta do via jante, contacto com os outros voluntários, formação pré -partida, etc. Enquanto lá estive, também íamos comuni cando semanalmente para dar feedback da experiência. Depois, é claro que os primeiros dias também foram de safiantes, num ambiente e uma cultura diferentes, com pessoas que não conhecia. Mas fui muito bem recebida, tanto pelos voluntários locais, como pelos voluntários portugueses que já lá estavam há mais tempo e, passa dos alguns dias, já estava completamente ambientada. Relativamente às dificuldades relativas ao país em si, fo ram mais relacionadas com as condições de vida, o clima muito seco com temperaturas elevadas, com o não ter internet tão acessível como estamos habituados ou com o não ter água quente para os banhos, nem água boa para beber em casa.

ICS: Qual a organização e projeto de voluntariado que integraste?

ICS: Que conselhos darias a quem está interessado em realizar este tipo de experiência?

ICS: Durante esta experiência de voluntariado, qual o momento que mais te marcou? Porquê?

Ainda assim, não foi algo que não estivesse à espera por que já tinha ouvido os conselhos e dicas de outros volun tários e da equipa da “Para Onde?”. Resumindo, foi tudo uma questão de adaptação e, se formos com a mente aberta, torna-se mais fácil. Outra das coisas a ter em conta quando pensamos numa experiência destas será a carga monetária envolvida. No meu caso e para este projeto, tive de suportar quase to dos os custos, nomeadamente voos, alimentação e esta dia, sendo que o custo de vida lá é mais barato. Mas as condições variam de projeto para projeto.

ICS: O que consideras que mais te enriqueceu?

M: Sinto que damos sem esperar nada em troca, mas que recebemos muito mais do que aquilo que damos.

M: O que mais me enriqueceu foi, sem dúvida, as rela ções com as pessoas de lá que nos tratavam como se fizéssemos quase parte da sua família e que me fizeram sentir como se estivesse em casa. Enriqueceram-me os sorrisos, os abraços, a música, a simplicidade e o “no stress” das pessoas de São Vicente. É um povo que gosta de festa e que vive feliz com tão pouco que, na realida de, é o essencial, e viver assim foi muito bom. Também tive a sorte de encontrar voluntários locais e portugue ses que tornaram a minha estadia em São Vicente mais especial e a quem posso chamar de amigos. Foi uma ex periência que me fez crescer a nível pessoal no sentido de viver de forma mais simples e despreocupada. O que mais me custou foi mesmo a despedida e tenho pena de não ter ficado mais tempo.

Era um espaço em que eles aproveitavam para fazer os trabalhos de casa, tirar dúvidas sobre a matéria e quan do surgia a oportunidade tentávamos motivá-los, con versando sobre a importância da escola no seu futuro, uma vez que o abandono escolar é muito comum em Cabo Verde. Não foi preciso muito tempo para começar a ver resultados nas notas dos seus testes e a felicidade por nos mostrarem essas notas. Tudo isso e sabendo as histórias de cada um, fez com que sentisse que estava realmente a fazer a diferença na vida daqueles miúdos.

M: Durante os dois meses foram muitos os momentos que me marcaram, pelo que não consigo nomear apenas um, mas se tivesse de escolher a atividade que mais me marcou seria o apoio escolar. A Nô Bai tem uma parceria com o ICCA – Instituto Cabo-Verdiano da Criança e do Adolescente – que acolhe crianças e jovens em situações complicadas ou que tenham sido retiradas à família. O apoio escolar era dado nessa instituição de segunda a sexta-feira, de manhã e à tarde, conforme os horários das crianças.

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Ver a alegria dos miúdos que vinham a correr para nos abraçar quando nos viam a chegar, os idosos que mesmo com pouco nos convidavam para almoçar e nos conta vam as suas vidas, são as coisas mais simples que nos marcam. E poder fazer isso enquanto conhecemos outro lugar, a sua cultura e as suas pessoas, não tem preço.

ICS: O que sentes quando fazes voluntariado?

M: O que eu acho mais importante quando nos prepa ramos para uma experiência assim é a gestão das expec tativas. Nunca nos conseguimos preparar a 100%, assim como não conseguimos controlar tudo. Ir sem expectati vas é meio caminho andado para não haver desilusões e para nos surpreendermos pela positiva. A capacidade de adaptação e respeito pelas diferentes culturas e religiões são também fundamentais para uma experiência como esta e é importante termos a noção de que não vamos mudar o mundo (mas podemos tentar) e que, às vezes, os pequenos gestos são os mais importantes. O conse lho que daria é que não tenham medo de ir e procurem projetos com que se identifiquem para também fazerem o que gostam. Estando lá, é aproveitar o momento pois passa a correr e é uma experiência única (diferente para cada pessoa).

Por Matilde Leite

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Na quarta feira, decorreu uma tertúlia dinamizada pela Filipa Silva sobre o voluntariado que realizou em Cabo Verde, partilhando, deste modo, a sua experiência, a sua missão, bem como os obstáculos pelos quais atravessou. De seguida, e em grande destaque, a apresentação do famoso programa Erasmus+, pela Doutora Ana Isabel Ferreira, Professora pertencente ao Departamento de Relações Internacionais (DRI) e pelo Professor da Faculdade de Farmácia, Professor Doutor Ricardo Castro, no qual apresentaram o programa, esclareceram dúvidas e explicaram o processo de como um aluno se pode candidatar ao Erasmus+

A aluna Rafaela Mateus partilhou o seu testemunho acerca da sua experiência de Erasmus em Bolonha, Itália, no ano letivo de 2019/2020. No 1º semestre do 3º ano, obteve cinco equivalências e as aulas foram le cionadas em italiano, sendo que as cadeiras eram frequentemente avaliadas oralmente. A presença às aulas teóricas tanto era obrigatória como facultativa, dependendo da cadeira em questão. Relativamente à Época de Exames, esta decorreu em fevereiro e a Rafaela sublinhou que o nível de dificuldade dos exames é idêntico ao da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. A alimentação é semelhante à de Portugal e o custo de vida na Itália é mais caro, assim como as rendas de casa, no entanto, os transportes são mais baratos. A mesma referiu que pôde beneficiar de uma Bolsa Erasmus, revelando que em Bolonha os estudantes de Erasmus têm benefícios relativos às viagens e descontos em bares e discotecas. Além disso, salientou que se consegue viajar e conhecer Itália de forma fácil e barata.

Com esta atividade, os alunos assimilaram novos conhecimento relativamente ao mundo da Mobilida de, que muitas vezes desconhecem, tendo a oportunidade de verem esclarecidas as suas dúvidas acerca destas associações e respetivos programas.

Por sua vez, Luciano Alcobaia apresentou a EPSA, cujo lema é “Over 100.000 pharmaceutical students promoting knowledge, pharmacy and healthcare together”. Esta organização destaca-se pelos seus variados congressos anuais, entre os quais a Autumn Assembly, a Annual Reception e a Summer University. Todos estes eventos têm um objetivo comum: a partilha de novos conhecimentos e descobertas dentro da área e a discus são de determinados temas, entre os Estudantes de Farmácia dos quatro cantos do globo. O evento de mobili dade da EPSA que se destaca é o Twinnet, que é um projeto de intercâmbio e de equipa.

Nos dias 9 e 10 de novembro, decorreram as VIII Jornadas da Mobilidade, via Zoom, nas quais foram divulgadas organizações, associações, programas e iniciativas de mobilidade destinadas aos Estudantes de Far mácia, sempre com o intuito de alargar horizontes e fomentar um espírito corajoso, empreendedor e proativo. Neste sentido, na terça-feira, contou-se com a participação dos representantes da International Phar maceutical Students Federation (IPSF) e da European Pharmaceutical Students Association (EPSA). Pedro Fer nandes, apresentou a IPSF, uma organização internacional sem fins lucrativos destinada a todos os Estudantes de Farmácia do mundo. Foi fundada em 1949, em Londres, e atualmente está sediada na Holanda. Identifica-se como um promotor de saúde pública cujo objetivo é fornecer as competências necessárias aos Estudantes de Farmácia para a sua formação pessoal e académica, através de eventos, programas e fóruns. Um programa que se destaca é o SEP, Students Exchange Programme, o qual permite o intercâmbio entre os alunos de Farmácia.

Pelouro das InternacionaisRelações

VIII Jornadas da Mobilidade

Por fim, a aluna Mariana Correia apresentou o programa SEP, através do qual pôde estagiar numa Far mácia Comunitária na Croácia, durante os meses do verão.

Rubrica de Nutrição

A infância e a adolescência são períodos de um rápido crescimento físico, de desenvolvimento cognitivo e de aquisição de competências sociais e comportamentais. O aporte energético deverá ser ade quado a cada idade e o crescimento monitorizado. Deve ser dada particular atenção à ingestão proteica, de ácidos gordos essenciais, ferro, zinco, cálcio, iodo e vitaminas B12 e D.

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Por Professora Dr.ª Maria João Campos

Na base do padrão alimentar vegetariano estão, geralmente, a fruta, as hortícolas, os cereais, as leguminosas, os frutos gordos e as sementes, de preferência locais, da época e minimamente processados.

Realçamos que a idade pediátrica é um período de grandes mudanças e vulnerabilidades, podendo alterações do estado de nutricional ter consequências negativas a curto e longo prazo para a saúde. Para que a criança cresça de acordo com o seu potencial genético e progrida com um neurodesenvolvimento normal em todas as suas vertentes, é fundamental que o ambiente seja plenamente favorável, sendo o cumprimento das necessidades energético nutricionais uma das vertentes ambientais mais importantes.

O número de famílias portuguesas que estão a adotar padrões alimen tares que privilegiam o consumo de grandes quantidades de alimentos de ori gem vegetal, ou mesmo exclusivamente vegetais, tem vindo a aumentar nos últimos anos. As razões para estas escolhas são muitas, mas baseiam-se mais frequentemente em dois pilares: a proteção dos animais e do ambiente e a melhoria do estado geral de saúde.

As opções alimentares ovolactovegetarianas, vegetarianas estritas ou mesmo vegan exigem cuidados nutricionais específicos nas várias fases do ciclo de vida, incluindo a infância, adolescência, gravidez, lactação, idosos e desportistas, um rigoroso acompanhamento do dia a dia alimentar e, na maioria das situações, um acompanhamento frequente pelo Nutricionista. Para garantirmos as necessidades nutricionais e energéticas em todas as faixas etárias nos regimes alimentares vegetarianos temos que considerar não só a ingestão apropriada dos alimentos, mas também a bioacessibilidade de alguns nutrientes como a proteína, ácidos gordos essenciais, vitami nas B12 e D e os minerais iodo, ferro, cálcio e zinco, não esquecendo o valor energético.

Quando a opção da família é seguir uma dieta vegetariana, um adequado planeamento é funda mental. Os nutrientes devem ser fornecidos por uma grande variedade de alimentos. Todavia, as necessi dades nutricionais terão que ter em conta, também, a bioacessibilidade dos nutrientes que variam com a origem da matriz alimentar. Este aspeto é particularmente importante neste tipo de regimes alimentares, já que os alimentos que o integram têm na sua composição múltiplos constituintes que poderão interferir negativamente na absorção de alguns micronutrientes.

Professora Dr.ª Maria João Campos Farmacêutica e Nutricionista

ingestão calórica deve ser adequada para o seu crescimento e a inclusão de alimen tos densamente energéticos como leguminosas, frutos gordos e respetivos cremes, pode ser essencial para atingir essas necessidades.

De modo a estruturar uma alimentação adequada para crianças e adolescentes que seguem um padrão alimentar vegetariano, a alimentação deverá ser, à semelhança da dieta mediterrânica, completa, equilibrada e Sendovariada.assim,a

Impactos do veganismo no desenvolvimento das crianças

É essencial assegurar um bom fornecimento de ferro devido à menor biodisponibilidade deste mineral nos produtos de origem vegetal e ao aumento das suas necessidades na infância, especialmente durante períodos de crescimento rápido. Informar também que o consumo de alimentos ricos em vitami na C ajuda a absorção desse mineral. O zinco (cereais integrais, leguminosas, frutos gordos, sementes e laticínios) e o cálcio (hortícolas de cor verde escura, laticínios ou alternativas vegetais) devem também ter uma atenção especial.

Um aspeto muito importante que não pode ser esquecido é a contabilização da ingestão de fibra já que, em excesso, poderá comprometer um aporte energético adequado e interferir com a bioacessibilida de de alguns minerais essenciais.

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O crescimento exige energia, mas também proteína. Este macronutriente tem que estar nas quan tidades adequadas para que ocorra uma normal retenção de azoto. Aqui, os laticínios (ou alternativas vegetais) e o ovo podem ter um papel importante. A combinação de fontes proteicas de diferentes grupos de alimentos como frutos gordos, sementes, cereais e leguminosas podem ser uma opção.

A suplementação referida ao longo do texto e muitas vezes fundamental para se atingirem as ne cessidades nutricionais das nossas crianças e jovens deve ser aconselhada mas, neste momento, deve ser sempre explicado a quem decide alterar o seu regime alimentar por questões ambientais, que podemos estar a poupar o ambiente pela escolha alimentar, mas vamos usar essa poupança ambiental no gasto energético associado ao ciclo de vida industrial e comercial dos suplementos alimentares ou dos alimentos fortificados.OsProfissionais

de Saúde deverão ser capazes de orientar adequadamente as famílias que optam por este modelo alimentar, informando sobre as suas vantagens e potenciais riscos de forma individual e, quando necessário, encaminhar para um nutricionista de forma a dar o mais correto aconselhamento nutricional e alimentar em função das opções tomadas.

Os ácidos gordos essenciais ómega 3 e ómega 6 também são muito importantes no desenvolvi mento cognitivo das crianças, podendo estar em défice no padrão alimentar vegetariano, sendo frequen temente necessária a sua suplementação ou a ingestão de alimentos fortificados. Tal acontece também com a vitamina B12, uma vez que esta vitamina não existe naturalmente em produtos de origem vegetal. Em alguns casos, os alimentos fortificados poderão não ser suficientes para fornecer as necessidades de vitamina B12, podendo-se recorrer à suplementação. As crianças e adolescentes que não consomem ali mentos fortificados em vitamina D ou têm uma exposição solar limitada, também podem ter que recorrer à suplementação alimentar. O iodo também tem que estar presente em quantidades específicas na ali mentação das nossas crianças, podendo recorrer-se à ingestão de sal iodado ou de outras fontes de iodo, como as algas.

O diagnóstico clínico é difícil e muitas vezes tardio, com grave prejuízo para a criança afetada. Um acompanhamento clínico precoce e rigoroso permite reduzir, consideravelmente, a frequência das com plicações, assegurando ao doente uma melhor qualidade de vida, apesar da inexistência de uma cura. Desta forma, desde 2013, a Fibrose Quística foi incluída no painel de doenças do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce (PNDP), levado a cabo pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Este é o chamado ‘’teste do pezinho’’, realizado entre o 3º e o 6º dia de vida.

25 Pelouro da Educação e Promoção para a Saúde

Em Portugal, estima-se que nasçam, por ano, cerca de 30 a 40 crianças com Fibrose Quística, sen do, por isso, um tema de grande relevo.

Fibrose Quística

FFUC TALKS

Assim, esta edição das FFUC TALKS contou com a presença de vários profissionais de saúde numa Mesa Redonda, com o objetivo de esclarecer as mais variadas dúvidas dos participantes. Foi de notar a presença da Dra. Juliana Roda, Médica Especialista em Nutrição Clínica, premiada pelo seu projeto intitu lado ‘’Novas Terapias para a Fibrose Quística numa População Pediátrica’’, e do Professor Doutor João José Sousa, Docente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), com investigação na área dos sistemas nanoparticulares. Além destes, marcaram presença a Dra. Beatriz Macedo, Farmacêutica e Pós-Graduada em Direito do Medicamento, que exerce funções de avaliadora de processos de comparti cipação e avaliação prévia dos medicamentos e outros produtos de saúde e, ainda, o Dr. Herculano Rocha, Presidente da Associação Portuguesa de Fibrose Quística (APFQ), associação que apoia os doentes e fami liares nas suas diversas dificuldades, contribuindo para a melhoria da sua qualidade de vida.

No passado dia 18 de dezembro, o pelouro da Educação e Promoção para a Saúde do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC) organizou, pelas 16 horas, via Zoom, mais uma edição das FFUC TALKS. Desta vez, o tema escolhido foi a Fibrose Quística, doença cujo nome deriva do aspeto quístico e fibroso do pâncreas. É uma doença crónica e hereditária, causada por alterações num determinado gene (CFTR) que se transmite de pais para filhos.

A Fibrose Quística surge pelo mau funcionamento das glândulas exócrinas, que possuem secreção externa. É a nível dos pulmões e do intestino que a doença se manifesta com mais frequência, interferindo com a respiração e digestão dos alimentos, respetivamente. As glândulas sudoríparas também são afeta das, produzindo um suor mais salgado.

Por Ana Sofia Antunes

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Por Ana Raquel Fernandes e Luana Rocha

Na Sombra de Luís Bimbo

Madalena Bandeira, 1°MICF

Como já é habitual na revista, o pelouro d’O Pilão apresenta-te a rubrica “Na sombra de…”. Nesta 30ª edição d’O Pilão, conhece melhor o percurso académico e profissional do Professor Doutor Luís Bimbo.

O Pilão: Terminou o Mestrado em Ciências Farma cêuticas em 2006 na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Sempre desejou enveredar neste curso? O Curso e a Faculdade corresponderam às suas expectativas?

OP: Após conclusão do seu Mestrado continuou a sua formação académica, doutorando-se em Tecnologia Farmacêutica na Universidade de Helsínquia, na Finlândia, entre 2009 e 2012. O que o motivou a seguir esta área e a sair da sua zona de conforto?

LB: O meu desejo de enveredar por uma carreira científica só se despertou após participar no progra ma ERASMUS num estágio científico (tinha termina do toda a parte letiva e fui cinco meses para o De partament de Bioquímica i de Biologia Molecular da Universitat Autonoma de Barcelona na Catalunha an tes da minha defesa de Estágio) que muito me mar cou por ser um período em que vivi absolutamente sozinho num país estrangeiro. A minha posterior ida para a Finlândia deveu-se, sobretudo, ao desejo que acalentava de estar exposto a uma cultura científica diferente e a um país que tinha a reputação de estar na vanguarda do progresso social. Queria trabalhar numa área do meu interesse (a Tecnologia Farma cêutica) e a Finlândia foi o país que me pareceu ter uma Faculdade e curriculum muito semelhante ao de Portugal. A minha experiência de viver e trabalhar na Finlândia foi verdadeiramente extraordinária e expôs-me a realidades científicas e sociais incompa ráveis. As minhas recordações da Finlândia são dos melhores anos da minha vida. Ali aprendi, além da cultura da sauna, o verdadeiro significado do “Sisu”.

Luís Bimbo: Tenho de admitir que não tinha expec tativas em relação ao curso em si. Queria seguir um curso na área das Ciências da Saúde e devido ao facto de ter membros da minha família que tinham frequentado o curso de Ciências Farmacêuticas pare ceu-me uma boa escolha na altura. No decurso dos meus estudos aprendi a apreciar o curso e as suas diferentes vertentes ainda mais, pois o facto de ter uma componente laboratorial extensa agradou-me muito. O curso e a faculdade proporcionaram-me vi vências únicas e no final teria muita dificuldade em imaginar-me em qualquer outro curso.

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Tive o privilégio de fazer parte do primeiro grupo que lecionava exclusivamente em Inglês na Unidade Curricular “Laboratório de Tecnologia Farmacêutica” na Faculdade de Farmácia da Universidade de Hel sínquia, que era um curso intensivo de oito semanas das 8h00 às 16h00 (seria o equivalente a todos os blocos de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia em Coimbra), em que tive muito apoio dos meus colegas finlandeses e dos próprios alunos que ativamente procuraram o grupo, pois era uma expe riência diferente para eles ao ensinarem e aprende rem numa língua em que não eram nativos. Foi de safiante (pois o módulo era intensivo), mas também muito enriquecedor sob o ponto de vista educativo, pois estive exposto a práticas pedagógicas muito di ferentes das praticadas durante os meus estudos em Coimbra. Talvez fique a ideia para num futuro se im plementar este tipo de ensino na FFUC.

LB:desafiante?

o levaram a seguir esta área distinta da Tecnologia LB:Farmacêutica?

“A minha experiência de viver e traba lhar na Finlândia foi verdadeiramente extraordinária e expôs-me a realidades científicas e sociais incomparáveis. As minhas recordações da Finlândia são dos melhores anos da minha vida.”

OP: Atualmente, encontra-se a tirar um Bacharelato em Economia e Administração de Empresas na Universidade de Aalto na Finlândia. Quais as razões que

OP: Passou pela Universidade de Strathclyde em Glasgow, Escócia, onde tirou uma pós-graduação. Pode revelar-nos um pouco acerca da investigação que desenvolveu?

O meu ingresso no Bacharelato em Economia e Gestão de Empresas na Aalto foi feito durante o meu período pós-doutoral na Universidade de Helsínquia, após realizar exames de admissão. Deveu-se sobre tudo à minha curiosidade no jargão económico e em compreender melhor as diferentes facetas da econo mia e finanças que, para melhor ou para pior, têm um papel fundamental nas nossas vidas independente mente da nossa ocupação profissional. Tenho a dizer que foi uma experiência bastante enriquecedora sob o ponto de vista pessoal e que ainda acalento a von tade de terminar o curso na Finlândia (tenho cerca de cento e oito ECTS de momento).

OP: Fazer um doutoramento alguma vez fez parte dos seus planos profissionais?

OP: Ainda na Universidade de Helsínquia, tornou -se Professor Adjunto na área da Nanotecnologia Farmacêutica. Como foi contactar pela primeira vez com a Docência numa universidade estrangeira? Foi

LB:Na minha opinião, o Reino Unido tem uma vanta gem fundamental em relação a Portugal (e de algu ma forma à Finlândia) que é a abundância de massa crítica científica em quase todas as áreas da ciência. A Universidade de Strathclyde, em Glasgow, integra o CMAC (Centro de Manufatura Contínua e Cristaliza ção Avançada), um Centro de Investigação de classe mundial na área da produção farmacêutica. Aquando da minha chegada, tentei adaptar uma das minhas linhas de investigação ao trabalho que era desenvol vido no centro, bem como alavancar os diferentes aspetos da minha investigação através da infraes trutura de ponta que o Centro me proporcionava. O trabalho desenvolvido por mim e pelos meus colabo radores no âmbito da cristalização de fármacos em diferentes condições que mimetizam as condições de manufatura farmacêutica (confinados, sob pressão, cristalizados a partir de diferentes solventes) encon tra-se parcialmente publicado, com futuro trabalho ainda na calha.

OP: Quais os conselhos que gostaria de deixar aos Estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra enquanto futuros Profissionais de Saúde e Especialistas do Medicamento?

OP: Pode revelar-nos um pouco sobre o Projeto de Investigação que está a desenvolver atualmente?

LB:No meu caso, soube que um concurso público in ternacional para Prof. Auxiliar na área de Tecnologia Farmacêutica tinha aberto na Universidade de Coim bra e candidatei-me à vaga. Decorrido um período de tempo durante o qual houve ainda lugar a uma au diência pública, fui selecionado entre os candidatos a concurso para preencher a vaga. Posteriormente, tive de abdicar do meu lugar de Professor Auxiliar e Chancellor’s Research Fellow na Universidade de Strathclyde, mas mantendo uma posição de “Visiting Researcher” na mesma instituição, e tratar da reloca ção para Coimbra que ocorreu em setembro de 2020. A minha experiência de relocação para uma Institui ção de Ensino num país diferente (e já é a minha se gunda vez) tem-se pautado por dificuldades iniciais em implementar a minha investigação na infraestru tura existente e em estabelecer colaborações nacio nais, também por força da situação pandémica ainda vigente. Foi assim em Strathclyde e, com maior ou menor dificuldade, está a ser assim em Portugal.

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OP: Como se tornou Professor Assistente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra? E como tem sido a sua experiência?

“Que nunca negoceiem a vossa integri dade seja por que motivo for, pois dela podem depender vidas. Que sejam curiosos e resilientes na obtenção de novo conhecimento e valências.”

LB: Que nunca negoceiem a vossa integridade seja por que motivo for, pois dela podem depender vi das. Que sejam curiosos e resilientes na obtenção de novo conhecimento e valências. Que tenham presen te o objetivo para o qual estão a estudar hoje e que procurem sempre o que vos realiza pessoal e profis sionalmente, independentemente da idade a que o fazem. Que as vossas contribuições sejam sempre de

LB: Tenho vários projetos ativos neste momento. O meu laboratório tem valências em cultura celular, modelos e entrega de fármacos nas suas diversas fa cetas. Se tiver que nomear o tema mais abrangente da minha investigação, seriam os materiais farma cêuticos nas suas distintas vertentes. Da Escócia tra go uma colaboração com o Scotch Whisky Research Institute sobre utilização de produtos derivados da produção de whisky para aplicações biomédicas. Também trago uma colaboração com vários investi gadores da instituição onde trabalhei para a produ ção de materiais compósitos de matriz polimérica.

excelência de modo a tornar a sociedade um sítio melhor para todos. Parafraseando Aristóteles “A ex celência nunca é um acidente. É sempre o resultado de elevada intenção, esforço sincero e execução in teligente; representa a escolha sábia de muitas alter nativas - a escolha, não o acaso, determinam o vosso destino.”.

Já por outro lado, a Eutanásia é definida como o ato intencional de proporcionar a alguém uma morte rápida e indolor para aliviar o sofrimento causado por uma doença incurável e que provoca um enorme sofrimento e pode ser classificada em voluntária e involuntária. Na Eutanásia voluntária é a pró pria pessoa doente que, de forma consciente e dentro dos parâmetros necessários, pede para ser sujeita à Eutanásia. Na Eutanásia involuntária, a pessoa encontra-se incapaz de expressar o desejo de morrer e essa decisão é tomada por outrem, geralmente cumprindo o desejo anteriormente expresso pelo próprio doente nesse sentido. A Eutanásia pode também ser classificada em ativa e passiva. A Eutanásia ativa é o ato de intervir de forma direta e deliberada para terminar a vida do doente. A Eutanásia passiva consiste em não realizar, ou interromper, o tratamento necessário à sua sobrevivência.

A Eutanásia está no centro de intensos debates públicos com diversas considerações de ordem reli giosa, ética e prática, que têm origem em perspetivas distintas sobre o significado e valor da vida humana.

O aparecimento dos cuidados paliativos em Portugal é recente, tendo tido início na década de 90, sendo que surgiram com o intuito de tratar única e exclusivamente doentes oncológicos. Contudo, a sua importância foi crescendo e hoje destinam-se a todos os doentes, independentemente da etiologia.

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Em doentes com doença incurável e em fase terminal vivenciam-se uma multiplicidade de sinto mas físicos, psicológicos e emocionais que os tornam incapazes de enfrentar a doença sem auxílio espe cializado, fazendo emergir a necessidade de uma série de cuidados que tenha como objetivo preservar a dignidade da pessoa doente, proporcionando-lhe o máximo de qualidade de vida na fase terminal. Os cuidados paliativos promovem um modelo holístico que comporta a dimensão física, psicológica, social, económica e espiritual nos cuidados ao doente em fim de vida. Estes consideram a pessoa do doente na sua totalidade e têm como principais objetivos o alívio do sofrimento, a promoção de bem-estar e quali dade de vida ao doente e à sua família.

Cuidados Paliativos vs Eutanásia

Pelouro da Educação e Promoção para a Saúde

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Cuidados Paliativos como os cuidados que visam melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas famílias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado. Estes assentam na prevenção e alívio do sofri mento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos, nomea damente a dor, mas também psicológicos, sociais e espirituais.

Segundo a formação profissional de base dos profissionais de saúde, aliada à formação comple mentar e especializada em Cuidados Paliativos, é considerado fundamental que seja estabelecida uma relação interpessoal humanizada, com utilização de uma comunicação verbal e não verbal eficaz e ade quada a cada contexto. Todas estas competências deverão ter por base princípios éticos fundamentais ao exercício da prática clínica em cuidados paliativos, nomeadamente a verdade sobre a condição do doente, o respeito à autonomia da pessoa e o processo de tomada de decisão.

Efetuando uma análise do panorama Europeu, observamos que, desde 2002, nos Países Baixos, a administração de um medicamento que provoca a morte é autorizada quando o paciente o solicita em plena posse das suas faculdades mentais. A Bélgica despenalizou a Eutanásia em 2002 nas condições definidas estritamente por lei. No Luxemburgo, a partir de março de 2009, a Eutanásia foi autorizada sob certas condições para pacientes com doenças incuráveis.

Por Beatriz Couceiro e Mariana Constantino

Localizado na Baixa de Coimbra, é um excelente restaurante para visitar, tanto sozi nho, como em grupo, tendo opções vegetarianas no menu para que todos possam experien ciar um pouco do Brasil.

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A “Salatina” é um espaço aberto ao público desde novembro de 2018. Serve refeições variadas, combinando salgados e doces e bebidas quentes e frias, que podem ser mais leves ou mais compostas e adaptadas a qualquer horário do dia.

Foi exatamente esse o intuito de se abrir a “Salatina” em Coimbra, trazer uma nova proposta de valor à cidade, onde se podem fazer refeições versáteis, descomplicadas, num ambiente confortável e convidativo.

Telefone: 239 723 181

O restaurante “UATA?!” é a primeira hamburgueria Brasileira da Europa, sendo co nhecida pelos seus hambúrgueres artesanais, confecionados pelo próprio restaurante. O pão brioche diferencia esta hamburgueria das outras, pois a receita é própria do Brasil, assim como um variado leque de molhos, tendo como opção molho de alho, mostarda, molho pi cante e molho verde.

De terça a domingo das 10h00 às 19h00; encerrado à segunda-feira

E-mail: info@salatina.pt

Salatina

Endereço: Rua do Brasil 189, 3030-175 Coimbra

UATA?

Roteiros de Coimbra

Horário: De segunda a sexta das 12h00 às 15h00 e das 19h00 às 23h00; Ao sábado e domingo das 19h00-23h00

Coimbra de Sabores

Endereço: Beco do Fanado 5, 3000-166 Coimbra

Horário:

Telefone: 239 063 339

*Lisboa, Avenida Casal Ribeiro 14, 9º andar.

XLVII Reunião Anual da Sociedade PortuguesaImunologiade

*Dias 27 e 28 de maio de 2022

Agenda Formativa

Curso intervenção do Farmacêutico na pessoa com enxaqueca e cefaleias

*De 1 a 3 de abril de 2022

*Presencial e online às terças e quintas das 18h30 às 22h30

*De 6 a 9 de abril de 2022

Congresso Português de Cardiologia 2022 marketingPharmaceutical&leadership

VIII Congresso Científico da ANL

PATROCINADORESAPOIOS

*Evento online

21ª Reunião Primavera SPAIC 2021: Asma de Difícil Controlo

I Congresso do Serviço de Nutrição do CHUSJ

*De 11 a 30 de abril de *Evento2022online

1ªs Jornadas das Tecnologias da Saúde do CHUA

12ª Reunião de Oncologia da APFH

*De 20 a 22 de abril de *Reitoria2022 da Universidade Nova de Lisboa

*Centro de congressos de São Rafael, Albufeira

*Centro de Congressos do Algarve, Vilamoura

*Dias 21 e 22 de março de *Auditório2022doCentro de Investigação Médica da FMUP Curso intervenção do Farmacêutico na pessoa com diabetes mellitus

*Dia 26 de março de 2022 *Figueira da Foz

geral@nefaac.pt239488400

*De 11 a 30 de abril

Curso de Gestão da Qualidade - Norma ISO 9001:2015

*Dias 29 a 30 de março de 2022

*Dias 27 e 28 de maio de 2022

*De 1 de maio a 31 de outubro de 2022

*Ainda sem informações

*De 22 a 24 de abril de 2022

*Museu de Portimão

NÚCLEO DE ESTUDANTES DE FARMÁCIA DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA @nefaac@nefaacoimbra

13º Simpósio da Fundação BIAL: Aquém e Além do Cérebro

*Casa do PortoMédico,

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