
4 minute read
Testemunhos dos Finalistas
by O Pilão
CAPAS NEGRAS DE MEMÓRIAS
Por Carolina Vinagre
Advertisement
Guilherme Arrais, 5º ano, MICF
O tempo de Faculdade é um tempo que, infelizmente, passa mais depressa do que aquilo que imaginamos. Num dia, somos caloiros na praxe e, no outro, somos finalistas a preparar a entrega da monografia. Felizmente, este é também um tempo de oportunidades. É aqui que vivemos alguns dos momentos que levaremos connosco para vida, é aqui que conhecemos algumas das melhores pessoas que é possível ter a nosso lado e, mais do que isso, esta é uma altura em que conhecemos um pouco mais de nós e superamos aquilo que antes nos parecia insuperável. É inquestionável que aquilo que aprendemos na Faculdade, a nível do plano de estudos, é de extrema importância, no entanto, mais do que isso, é importante que nos enriqueçamos enquanto pessoas e percebamos que o mundo é muito maior do que aquilo que imaginamos e há pessoas que nos podem ensinar muito mais do que aquilo que sabemos. Hoje,olhandoparatrás,vejoquetiveaoportunidadedeaprenderefazerpartedecoisasextraordinárias,desde a participação na Phartuna, Tuna de Farmácia de Coimbra, ao pelouro da Formação do NEF/AAC e, mais recentemente, Erasmus em Ljubljana, na Eslovénia. Todos estes lugares me ensinaram coisas diferentes e fizeram de mim uma pessoa melhor.
A Faculdade é isto! É a altura de falharmos, de nos superarmos, de vivermos, de podermos ter sucesso nos nossosobjetivoseseaolongodessesucessopudermosajudareinspiraroutraspessoas,achoquemelhorêxitonãopoderá haver!

O fechar de um ciclo traz sempre consigo um sentimento agridoce. Ser finalista é um misto de alegria por concluir mais uma etapa e de saudade a ela associada. É sentir verdadeiramente o peso da capa. É subir um degrau, estando cientes de que temos muito pela frente, mas que esta fase chegou ao fim. O tempo passa a correr e nesta altura relembramos com carinho os momentos que nos marcaram e desejamos voltar a experienciar tudo novamente, como se fosse a primeira vez, sem hesitar. E o que custa é saber que o que está para trás não volta e não podemos reviver os breves instantes que fazem do nosso percurso algo tão único. Ser finalista em tempos de pandemia é reconhecer a amargura de partir para novas aventuras, sem efetivamente poder findar (e brindar) o caminho que nos fez chegar aqui. Contudo, todo o fim dá abertura a um recomeço e Coimbra tem destas coisas: envolve-nos na sua tradição e faz-nos querer fazer parte da sua história. Aos que partem este ano, sintam-se concretizados porque a Cidade dos Estudantes foi mais rica com a vossa passagem. Aos que cá ficam para uma nova etapa, espero que saibam que o que está para vir será sempre maior do que aquilo que já passou. No fundo, vivemos as coisas como se fosse a última vez, embora saibamos que o futuro tem muito mais para oferecer, e reconfortamo-nos naquele sentimento tão português: a saudade.

Beatriz Costa , 3º ano, LCB
Muitas são as frases que se ouvem ao longo do percurso académico: “Aproveita, vão ser os melhores anos da tua vida!”, “Tudo se faz…”, “Se não for este ano, será no próximo.”, “A faculdade não se faz sozinha.”, “Em vez de pores problemas na cabeça, porque não pões a matéria?”. Algumas delas confesso que nem percebia bem ao início, mas hoje sou eu que as digo aos mais novos. Como para qualquer outro estudante, sair da casa dos pais aos 18 anos e vir para uma cidade totalmente desconhecida até então foi realmente assustador. Passamos a ter que nos saber “desenrascar” sozinhos e as responsabilidades começam a aparecer. Tudo isto se tornou bem mais fácil quando, logo no primeiro dia, apraxepermitiuquenosconhecêssemostodoscomosejácáestivéssemoshásemanas.Ofactodetervindoparauma residência também facilitou esse processo de integração e permitiu-me conhecer pessoas de outras áreas. Apesar da situaçãopandémicaatual,devodizerquemesintobastantesortudaemrelaçãoatodasascoisasquetiveoportunidade de experienciar. Efetivamente, o curso superou as minhas expectativas. Com a vantagem de ter poucos alunos, facilitou a proximidade e a aprendizagem. Quem por ele passa facilmente reconhece o seu enorme potencial. Da FFUC levo toda uma panóplia de amizades, experiências, ferramentas e conhecimentos para a vida. Vou de coração cheio! Ficarão as memórias e as saudades…

“Coimbra: Nos teus braços vejo o Mundo, Sem pressa de embarcar. Agora que chega a hora Surge a memória Do que vivi aqui. Coimbra, ai quem me dera Parar o tempo e ficar…”
Balada de Despedida 2015 – In Illo Tempore
Ser finalista é vermos cada vez mais perto a concretização de um objetivo, mas ao mesmo tempo é desejar, cada vez mais, que este percurso não acabe. Ainda para mais no contexto em que vivemos, em que parece que grandes projetos não chegaram a sair do papel (e na realidade não saíram mesmo). Todos nos dizem que somos jovens e, efetivamente, somos. Mas, torna-se impossível ver o nosso percurso sem contemplar as mil e uma coisas que aconteceram ao longo de cinco anos e que nunca antes pensaríamos ser possíveis. Dessas, o destaque recai, claramente, no percurso pelo associativismo. Pelas experiências, pelas pessoas e pelas lutas. Nem sempre foi/é fácil, mas a sensação de ver os resultados a surgirem e os planos a ganharem forma compensa qualquer breve desânimo e, no fundo, é isso que torna o caminho tão belo. Hoje,emcontagemdecrescenteecadadiamaispróximodofimdestaaventura,apercebo-mequeCoimbraera um sonho, ainda antes de o ser e, sendo cada vez mais as incertezas, pelo menos uma certeza tenho em mente:
“Coberto de sorrisos e lágrimas Junto-me ao mar de gente Capas negras, a saudade Coimbra, para sempre…”
