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Centenário da Faculdade

Centenário 1921-2021 Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Por Professor Doutor João Rui Pita

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Professor Doutor João Rui Pita

Professor Associado com Agregação da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra; Investigador do Grupo de História e Sociologia da Ciência do CEIS20 da Universidade de Coimbra; Autor de vários livros, capítulos de livros e artigos publicados em diversas revistas científicas nacionais e estrangeiras. Distinguido, entre outros prémios, com a Médaille “Carmen Francés” d’Histoire de la Pharmacie (2019) e Medalla “Cátedra Centenaria de Historia de la Farmacia-Madrid” (2019). Também galardoado com o Prémio Investigação na IV Honoris Pharma – Gala do NEF/AAC (2019/2020).

Cronologia Sumária do Ensino Farmacêutico na Universidade de Coimbra

Finais do século XVI

Reforma do curso de boticários. O ensino passou a ser realizado dentro da Universidade;

Reforma profunda da Escola de Farmácia. O ensino farmacêutico passou a ser considerado Superior;

1772

1902 1836

1911

A Escola de Farmácia inaugurou instalações próprias na chamada Casa ou Palácio dos Melos;

1915

1918

Fundação de um curso de boticários na Universidade de Coimbra, durante o reinado de D. Sebastião;

Fundação da Escola de Farmácia anexa à Faculdade de Medicina;

Nova reforma do plano de estudos e autonomia do curso relativamente à Faculdade de Medicina;

A Escola passou a ter a designação de Escola Superior de Farmácia;

Elevação da Escola à categoria de Faculdade;

A Escola de Farmácia da Universidade de Coimbra passou, novamente, ao estatuto de Faculdade;

1921

1968 1928

Decretada a extinção da Faculdade, embora tenha continuado o seu funcionamento. Em 1932 passou a ter a designação de Escola;

Em 18 de janeiro de 2021, celebraram-se cem anos sobre a passagem da Escola Superior de Farmácia da Universidade de Coimbra a Fa- culdade de Farmácia. É o primeiro Centenário da Faculdade numa história multissecular de ensino farmacêutico em Coimbra. Foi no final do século XVI (reinado de D. Sebastião) que se fundou um curso de boticários na Universidade de Coimbra. Contudo, a aprendizagem era feita numa botica. Este curso foi remodelado pela Reforma Pombalina da Universidade de Coimbra (1772). Os estatutos pombalinos da Universidade determinaram a existência de um curso de boticários lecionado dentro da Universidade de Coimbra. Em 1836, na onda de reformas de ensino do estadista Passos Manuel, foi fundada a Escola de Farmácia de Coimbra, tal como as de Lisboa e do Porto. Sucederam-se várias reformas.

Em 1921, através do Decreto nº7238 de 18 de janeiro, a Escola Superior de Farmácia deu lugar à Faculdade de Farmácia. Esta transformação foi comum às três Escolas de Farmácia do país (Coimbra, Lisboa e Porto). O decreto considerava que as finalidades das Escolas já eram idênticas às das Faculdades. Ainda em 1921, foi publicado o regulamento da Faculdade de Farmácia de Coimbra (Decreto nº 7668 de 13 de agosto). As outras escolas tiveram, também, os seus próprios regulamentos. Houve modificações na instituição, no ensino e, também, no plano da investigação, o que foi comum às três Escolas de Farmácia do país.

Por isso, somente no ano letivo de 1921/22 entrou em vigor a nova regulamentação da Escola e do novo regime de estudos. No artigo primeiro, sobressai o duplo objetivo da Faculdade: “o ensino profissional de farmácia e de química, a cultura e o progresso de todos os ramos de farmácia e ciências afins”. A reforma de 1921 manteve uma estrutura próxima da reforma anterior (a de 1918). As disciplinas do curso eram as seguintes: 1º Ano – Química Ge-ral, Botânica Geral, Análise Química Qualitativa e Física Farmacêutica; 2º Ano – Farmácia Química Inorgânica, Análise Química Quantitativa, Zoologia Farmacêutica, Criptogâmia e Fermentações e Técnica Farmacêutica; 3º Ano – História Natural das Drogas, Farmácia Química Orgânica, Bromatologia e Análises Bromatológicas, Análises Bioquímicas e Farmácia Galénica (1º semestre); 4º Ano – Farmácia Galénica (2º e 3º semestres), Toxicologia e Análises Toxicológicas, Hidrologia, Bacteriologia e Deontologia e Legis- lação Farmacêutica. Houve a preocupação em ter um curso muito atualizado, de acordo com as exigências científicas daquela época, tendo em vista formar profissionais competentes. O vasto campo da Microbiologia aplicado à Farmácia, bem como o da Industrialização do Medicamento constituíam, por exemplo, fortes desafios para o ensino.

Figura 1 — Manuel Fernandes Costa, Diretor da Faculdade de Farmácia em 1921. In Notícias Farmacêuticas, Coimbra. 1937.

Figura 2 — Aspeto exterior da Casa dos Melos nos anos 20 ou inícios dos anos 30 do século XX. Reprodução de fotografia do Cliché Rasteiro.

A Faculdade concedia três graus académicos: diploma de Farmacêutico-Químico, grau de Licenciado e o grau de Doutor. O quadro docente, em 1921, compreendia seis Professores Ordinários (em 1921/1922 não totalmente preenchido) e seis Assistentes. A Faculdade tinha, também, alguns funcionários. Eram três os cargos dirigentes: Diretor, Secretário e Bibliotecário. Em 1921/1922, o Diretor era o Doutor Manuel José Fernandes Costa. Eram Professores Ordinários da Faculdade, em 1921/1922, Manuel José Fernandes Costa, Vítor Henriques Aires Mora, José Cipriano Rodrigues Dinis, Vicente José de Seiça e Álvaro José da Silva Basto. Era Professor Contratado Luís Pereira da Costa. Os Assistentes eram: José Colaço Alves Sobral, Guilherme de Barros e Cunha, António de Jesus Pita, António Lopes Rodrigues, José da Silva Santos e Vítor da Silva Feitor. Os funcionários eram: um Bedel (José Maria Figueiredo), um Amanuense (Joaquim S. Gomes), um Oficial-Chefe de Secretaria (Mário J. Santos) e quatro serventes (Guilherme José, António S. Henriques, Constantino Simões e Joaquim B.O. Costa).

O regulamento de 1921 determinou para a Faculdade as seguintes valências: Laboratório Químico, Laboratório de Bromatologia, Laboratório de História Natural, Horto Botânico, Laboratório de Bacteriologia, Laboratório de Farmácia Galénica e Biblioteca. Estes locais funcionavam em espaços da Casa dos Melos ou Palácio dos Melos, situada na rua Norte (atual Pólo I), cedida pela Universidade para o ensino farmacêutico em 1912 e inaugurada em 1915. No ano letivo de 1921/1922, a Faculdade de Farmácia, de acordo com o Anuário da Universidade de Coimbra, tinha 18 alunos inscritos, o número mais pequeno das Faculdades da Universidade de Coimbra. Os alunos eram os seguintes: António A.M. Pimenta, António D. Guimarães, António P.S. Vaz Serra, António R. Leitão, António S.G. Ascenso, António S. Silva, Arménio A. Ferreira, Artur M. Dionísio, Carlos V.F. Almeida, Celeste M. Correia, Domingos F. Ramon, Francisco D. Rosa, Guilherme da Costa, Jaime G. Mira, João A. Costa, João B. Cruz, João M.Tavares e Mário A. Mota. Neste ano letivo, funcionou a nova reforma, bem como o regime transitório.

Cem anos passaram sobre esta data marcante da vida da Faculdade de Farmácia. Cem anos de Faculdade numa história de mais de quatrocentos anos de ensino farmacêutico na Universidade de Coimbra, o que torna o ensino da Farmácia na Universidade no mais antigo do país e num dos mais antigos do mundo. Neste Centenário, prestamos homenagem a todos os nossos antepassados, professores, funcionários e alunos, que nos legaram o testemunho de um futuro promissor.

Figura 3 — Laboratório de Farmácia Galénica nos anos 30 do século XX. Reprodução de fotografia do Cliché Rasteiro.

Doutora Carla Mendes Campos

FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

2001 – Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia da Universidade de Porto;

2001 – Início de funções em Farmácia Hospitalar na Unidade Local de Saúde de Matosinhos – Hospital Pedro Hispano;

2006 – Pós-graduação em Intervenção Farmacêutica na Problemática da Dor, Instituto Superior Ciências da Saúde - Norte;

2007 – Especialidade em Farmácia Hospitalar, Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar da Ordem dos Farmacêuticos;

2009 – Assume responsabilidade pela Unidade de Ensaios Clínicos do Hospital Pedro Hispano;

2009 – Assume responsabilidade pela Unidade de Farmácia de Ambulatório do Hospital Pedro Hispano;

2012 – Mestrado em Infeção VIH/SIDA, Universidade Católica Portuguesa;

2014 – Integra a Direção da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares;

2019 – Assume a Presidência da Direção da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares.

A entrevistada da 28ª edição d’O Pilão é a Doutora Carla Mendes Campos. Através desta entrevista, fica a par do percurso académico e profissional da atual Presidente da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH) e entende melhor como funciona a APFH. Fica também a compreender o papel de grande importância assumido pelo Farmacêutico Hospitalar no contexto da pandemia de COVID-19, nomeadamente no que diz respeito ao processo de vacinação.

Por Catarina Batista e Inês Pais

O Pilão: Licenciou-se em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. O que a motivou a eleger esta área para seguir os seus estudos? Quando terminou o curso, quais eram as perspetivas que tinha para o futuro?

Carla Mendes Campos: Na altura em que me candidatei à Faculdade, queria ser farmacêutica para ter a capacidade de reconhecer o que as pessoas necessitam para viver melhor, ajudando as pessoas que vivem com doença. Quando tive a oportunidade de explorar o papel do farmacêutico no Hospital, no estágio de final de curso, percebi que era lá que queria dar o meu contributo no futuro profissional que se avizinhava. Adoro ser farmacêutica porque os conhecimentos que trouxe dos tempos de Faculdade, as capacidades que tenho vindo a aprimorar e a adquirir ao longo do meu percurso e a experiência ao longo dos anos têm-me demonstrado que realmente tenho um papel ativo na melhoria dos resultados dos doentes que acompanho. O internamento no Hospital é sempre um momento de grande fragilidade para os doentes e para os seus familiares e todo o stress que sentem, muitas vezes, advém da incompreensão relativamente ao tratamento que estão a receber. Como farmacêutica, tinha a expectativa de reconfortar todas estas pessoas, explicando os regimes de tratamento instituídos, os possíveis efeitos adversos e os resultados terapêuticos que desejamos obter durante e após a hospitalização. Hoje, depois destes anos, vejo que isso é possível e que a responsabilidade que assumimos na aquisição e dispensa dos medicamentos no Hospital é um compromisso para com a nossa comunidade. Como Especialista em Farmácia Hospitalar, tinha também o desejo de continuar a aprender e o facto de ter assumido a responsabilidade pelos Ensaios Clínicos permitiu que estivesse ainda mais em permanente atualização sobre a inovação terapêutica, os seus efeitos, indicações e mecanismo de ação. Quando terminei o curso, tinha a expectativa de que iria assumir uma profissão desafiante e essa expectativa transformou-se em realidade. Hoje sei que escolhi o caminho certo.

OP: Em 2012, concluiu o Mestrado em Infeção VIH/SIDA pela Universidade Católica Portuguesa. Qual a razão que a levou a frequentar este Mestrado?

CMC: Quando iniciei a minha atividade no Hospital, as opções que existiam para tratar os doentes eram muito poucas. Com o aparecimento dos inibidores da protease, deu-se um avanço significativo no controlo desta patologia. Combinando algumas classes de medicamentos de forma adequada, assistíamos ao aparecimento da luz ao fundo do túnel para o controlo da infeção por VIH, desde que fosse respeitado o regime terapêutico. É na promoção da adesão à terapêutica, na monitorização farmacoterapêutica e no acompanhamento dos efeitos adversos que entra o papel do farmacêutico. Com o acompanhamento farmacêutico adequado, as pessoas infetadas começavam a poder ter uma vida normal. Uma década depois de ter saído da Faculdade, a inovação não parou e até se desenvolveu exponencialmente e surgiu a necessidade de frequentar o Mestrado em Infeção VIH/SIDA. Enquanto farmacêutica Mestre na Infeção VIH, aprendi e assumi a responsabilidade de olhar para cada doente de forma

“...queria ser farmacêutica para ter a capacidade de reconhecer o que as pessoas necessitam para viver melhor, ajudando as pessoas que vivem com doença.”

individual, deixando espaço para discutir com o médico e com o doente os seus medicamentos. Na nossa prática clínica, trabalhamos no seio de uma equipa multidisciplinar e tentamos tornar cada visita ao Hospital o mais esclarecedora possível, para que o doente ou a família saibam que podem confiar em nós. O percurso que fui trilhando conduziu-me a essa graduação, que foi fundamental para acompanhar adequadamente os doentes numa área que continuava a evoluir.

OP: Em 2019, tomou posse como Presidente da Associação Portuguesa de Farmacêuticos Hospitalares (APFH). Como surgiu a sua candidatura e este projeto?

CMC: Assumir a presidência de uma Associação com 30 anos de história foi talvez um dos maiores desafios que me lançaram até hoje. No mandato anterior, integrei a Direção e o desafio foi lançado por alguns colegas que também dirigiam a Associação. Assumi um mandato de quatro anos e nestes três primeiros anos tenho aprendido a desempenhar uma função para a qual não fui formada na Faculdade. Enquanto o alicerce da nossa profissão é o conhecimento que na Faculdade nos transmitiram, o alicerce deste cargo é, essencialmente, um conjunto de valores humanos, sentido de compromisso e paixão pela profissão que exercemos. É complexo estar atento a todos os desafios da nossa profissão, atuando como elo de ligação com outras organizações que para os Farmacêuticos Hospitalares têm elevada importância quer a nível nacional, quer a nível internacional. É tão complexo como gratificante assumir esta presidência. Tenho a meu lado na Direção e Corpos Sociais uma equipa constituída por membros ativos que constantemente contribuem para que todas as questões planeadas sejam postas em prática. Enquanto sócios da APFH, todos temos o dever de agir em prol do bom nome da Associação que nos representa, em nome da nossa classe profissional. Quando representamos a Associação, a missão é outra: ser um mediador “... o alicerce deste cargo é, essencialmente, um conjunto de valores humanos, sentido de compromisso e paixão pela profissão que exercemos.”

dos associados, lançar iniciativas, ideias e projetos que vão ao encontro das necessidades de todos, estar atento ao que nos rodeia e promover o reconhecimento da nossa profissão. Candidatei-me a esta missão com a força e experiência necessária que o último mandato me tinha oferecido. É necessário ter capacidade de liderança, de organização, de resolução de problemas e gestão de tempo. É necessário ser imparcial e recetivo às várias opiniões existentes, saber analisar, coordenar, ser criativo e agir em tempo útil. Esta missão que assumi no momento da minha candidatura tem um fim único: trabalhar para o benefício e ao serviço dos sócios da APFH. O entusiasmo que senti ao iniciar a minha candidatura é o mesmo que sinto hoje e advém da perspetiva de crescimento contínuo do papel que os Farmacêuticos Hospitalares desempenham no sistema de saúde e do impacto que a associação tem nessa evolução. A confiança que os associados depositaram em mim e em cada elemento da atual Direção e o feedback positivo que temos recebido ao longo do mandato, aliado ao aumento em larga escala do número de associados é aquilo que nos faz acreditar que estamos a seguir o rumo certo.

OP: Qual a principal missão da APFH e que papel assume a Associação na formação dos Farmacêuticos Hospitalares?

CMC: A APFH tem por missão a promoção do desenvolvimento, atualização e aperfeiçoamento técnico-científico e deontológico dos seus associados, fomentando o aperfeiçoamento das condições do exercício da profissão. Para atingir este objetivo, organizamos cursos, congressos, reuniões científicas e outras atividades dirigidas aos Farmacêuticos Hospitalares. Acompanhamos a inovação para formar Farmacêuticos Hospitalares de excelência na prática clínica, investigação e ensino. O papel que a APFH tem tido ao longo destes 31 anos na formação, estimula-nos e motiva-nos a continuar a desenhar um calendário formativo focado nas necessidades apresentadas pelos nossos associados. A APFH contribui de forma indireta para a melhoria do atendimento aos doentes, devido à qualidade das formações e atividades que desenvolve. Estamos empenhados e altamente comprometidos em dignificar a profissão. Queremos enaltecer as nossas competências, como parte integrante das equipas de prestação de cuidados de saúde, quer a nível hospitalar, quer a nível dos cuidados de saúde primários, para a utilização segura dos medicamentos, e para assegurar os melhores cuidados aos nossos doentes.

OP: Qual o balanço que faz do mandato até à data e quais as maiores dificuldades que já encarou?

CMC: O balanço deste mandato é positivo. Ainda não terminamos a nossa caminhada, mas o que construímos ao longo destes três anos está a ter impacto no setor da Farmácia Hospitalar. É gratificante ouvir pela voz dos nossos associados que estamos a enriquecer os Farmacêuticos Hospitalares com as iniciativas que temos organizado. Criamos valor quando sabemos que o que está a ser feito contribui para a melhor prática clínica nas instituições hospitalares portuguesas. É para isto que existimos e é com base nisso e nas sugestões enviadas pelos associados que iremos continuar este mandato. Talvez a maior dificuldade que ultrapassámos neste mandato tenha sido a pandemia que entrou sem avisar. O plano que tínhamos desenhado há um ano teve de ser ajustado, mas a resposta aos desafios em tempo útil é uma das capacidades da atual Direção que ganhou destaque nesta fase. Se há um ano, por esta altura, trabalhávamos incansavelmente para restruturar o que tinha sido planeado antes, hoje olhamos para trás e vemos uma vez mais que é no superar das dificuldades que está o ganho. São esses os momentos em que mais aprendemos e em que mais nos capacitamos para continuar a enfrentar este mandato com toda a garra de que os associados esperam de nós.

OP: Disse acreditar que a pandemia da COVID-19 “iluminou a atividade farmacêutica” e com ela surgiram “iniciativas brilhantes”, mostrando a resiliência, o empenho e a dedicação de todos os profissionais da área. Em que sentido julga que os farmacêuticos, nomeadamente os Farmacêuticos Hospitalares, ajudaram na gestão da pandemia? Crê que as pessoas reforçaram a confiança no que toca à atuação das farmácias?

CMC: Os Farmacêuticos Hospitalares têm desempenhado um papel muito importante na transmissão de informações científicas precisas e baseadas em evidência à po-

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pulação, que acabam por ter impacto no comportamento e atitudes dos indivíduos. A confiança da população está interligada à fiabilidade da informação que lhe prestamos e nesta pandemia todos os profissionais de saúde tiveram oportunidade de brilhar. Os Farmacêuticos Hospitalares não foram exceção e, dentro do que nos tem sido possível, temos correspondido às necessidades dos nossos doentes e da sociedade em geral, contribuindo para prevenir a transmissão e salvar vidas. O fornecimento de medicamentos no Hospital tem sido contínuo, foram raros os casos em que houve falta de medicamentos, sejam os necessários para o tratamento de doentes com COVID-19 ou qualquer outro medicamento essencial para os outros doentes. Isso deveu-se à boa gestão e coordenação das Farmácias Hospitalares e às soluções ou alternativas terapêuticas para dar resposta a situações eminentes de escassez devidas ao aumento do número de internamentos. Durante este último ano em que enfrentamos uma pandemia, houve uma forte necessidade de atualização sobre a investigação a decorrer. A pouco e pouco, fomos conseguindo entender melhor esta doença, bem como os mecanismos dos fármacos que deveriam ou não ser utilizados para o seu tratamento. Não só os Farmacêuticos Hospitalares, mas também os médicos e enfermeiros, os assistentes operacionais e técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica se devem sentir orgulhosos pelo trabalho árduo que desempenharam ao longo deste último ano. Este trabalho conjunto, planeado e cuidado que temos desenvolvido está a proteger a população portuguesa contra um vírus que teima em persistir. Estamos lado a lado com os cidadãos, oferecendo-lhes os melhores tratamentos e cuidados que conseguimos.

OP: O trabalho dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares, apesar da sua inquestionável importância, é muitas vezes esquecido ou até mesmo desconhecido pelos cidadãos. O início da vacinação contra a COVID-19 veio alterar esta dinâmica e exibir todo o contributo dos Farmacêuticos Hospitalares no que concerne à preparação das vacinas para administração. De que modo julga que esta exposição veio afirmar a relevância do farmacêutico no nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS)?

CMC: Em menos de um mês, os Farmacêuticos Hospitalares prepararam tudo para acolher o início da vacinação, tendo um papel central em todo o processo. A preparação envolveu recursos humanos e materiais e formação sobre o papel de cada um dos intervenientes. Os farmacêuticos são essenciais no SNS e há muitos aspetos que a generalidade da população não tem conhecimento, como o nosso papel nos Ensaios Clínicos. Quando entra um novo medicamento para o Hospital, como é o caso das vacinas contra a COVID-19, o farmacêutico acautela uma série de requisitos regulamentares relacionados com o armazenamento, diluição, preparação, dispensa e administração, bem como questões de segurança, ética, otimização e sustentabilidade que não são diretamente visíveis. Somos um pilar que sustenta um grande “edifício”. A nossa profissão é estrutural para a segurança de quem entra nas

instituições de saúde em que existam medicamentos. A segurança e a eficácia são absolutamente essenciais para que o esforço que estamos a realizar nesta fase de vacinação se reflita no fim da pandemia. Existem Hospitais que têm alocados muitos recursos farmacêuticos à vacinação, que estão a preparar as vacinas, que estão lado a lado com os enfermeiros e médicos no momento da administração, fazendo farmacovigilância (registando, gerindo, notificando). São tarefas que fazem parte do nosso dia-a-dia, estamos habituados a elas. E desta vez, os pilares farmacêuticos foram abordados na comunicação social em várias ocasiões por se tratar de ser um medicamento novo administrado a uma grande população de uma forma muito rápida e com um elevado impacto na saúde pública. Esta exposição é relevante para o cidadão enquanto esta gigantesca operação continuar em movimento. É importante que a população reconheça e sinta que o farmacêutico se encontra onde o medicamento circula. Sabendo da nossa existência, procuram-nos e discutem as suas dúvidas, temos a oportunidade de lhes explicar a importância da vacinação e a importância de receber uma segunda dose. A APFH está orgulhosa com o trabalho, eficiência e resiliência dos Farmacêuticos Hospitalares e com o reconhecimento da população. Continuaremos a trabalhar para nos sentirmos preparados para continuar a enfrentar esta pandemia.

OP: A segunda fase do processo de vacinação contra a COVID-19 apresenta as farmácias como uma opção de reserva para a administração da vacina e o Coordenador da task force afirmou contar com as farmácias como parte ativa deste processo. Acha que, à semelhança de outros países do mundo, Portugal devia avançar com a vacinação nestes espaços de saúde e que esta decisão constituiria um importante marco, principalmente a respeito do avanço da campanha de vacinação?

CMC: No Plano de Vacinação é necessário garantir segurança e rapidez. Numa fase em que a população começa a sentir preocupação em receber a vacina por questões de segurança, todos devemos unir esforços para minimizar a possibilidade de diminuição da taxa de vacinação,

“Não se esqueçam que daqui em diante terão a missão de substituir livros por vidas e vidas por sorrisos.”

independentemente de onde é feita. Há que informar e analisar a aceitabilidade da população relativamente à vacinação em Farmácias Comunitárias porque esse aspeto irá estar diretamente relacionado com a eficácia da taxa de vacinação. Relativamente à segurança, considero que onde há um medicamento deve haver um farmacêutico, independentemente do local onde a administração for realizada, bem como condições para a sua preparação, diluição e administração. Se o serviço de vacinação na Farmácia Comunitária é amplamente aceite pelos doentes e pela equipa da Farmácia, se todos os intervenientes se sentirem confortáveis e existirem condições para a sua realização no que respeita às condições de segurança, preparação, administração, aconselhamento, farmacovigilância e otimização, não vejo motivos para que não se possa suceder, se esse facto contribuir para a melhoria do acesso e aumento da taxa de vacinação de forma segura.

OP: Para concluir, que conselhos gostaria de deixar aos nossos leitores, na sua maioria estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, que pretendem ingressar na área da Farmácia Hospitalar?

CMC: Uma das minhas preocupações enquanto Farmacêutica Hospitalar é a perda de conhecimento em áreas de que me vou afastando ao assumir outras funções. Enquanto Presidente da APFH, assumi que esta é uma preocupação que todos devemos ter e, por isso, a APFH preocupa-se em proporcionar aos farmacêuticos um conjunto de formações para manter vivos os conhecimentos basilares, deixando a porta aberta a novos conhecimentos e à inovação. É esse o conselho que vos dou. Quando saírem da Faculdade, assumam que a formação é um processo contínuo, continuem a obter conhecimentos e quanto mais se especializarem, mais necessidade irão ter de continuar a aprender, é um ciclo sem fim. Depois, sugiro que adquiram o hábito de verificar as tarefas que têm em mãos as vezes necessária até que sintam a segurança de que tudo fizeram para correr bem, mesmo quando os processos são automatizados. Não se esqueçam que daqui em diante terão a missão de substituir livros por vidas e vidas por sorrisos. Quero com isto dizer que o que aprenderam até hoje e o que vão aprendendo ao longo da vida será a essência da vossa profissão, mas que isso se reflita em tornar a vida de alguém melhor. A qualidade de vida de uma pessoa pode depender dos vossos conhecimentos e da maneira que os utilizam e transmitem. Afinal, o futuro da nossa profissão e da saúde dos portugueses estará em breve nas mãos de cada um de vós. Desejo-vos muita sorte para o futuro que ambicionam. É do vosso sucesso que depende o reconhecimento da nossa profissão e a qualidade de vida da população.

Por João Rodrigues

Nos passados dias 15, 16 e 22 de fevereiro, decorreu o Workshop de Edição de Imagem e Vídeo, organizado pelo pelouro da Comunicação e Imagem do NEF/AAC. Devido à situação pandémica, todas as palestras do workshop foram lecionadas via Zoom.

No dia 15 de fevereiro, contou-se com a presença do fotógrafo Bruno Lé para dirigir a primeira sessão do workshop, a qual incidiu sobre o programa Lightroom. Os participantes tiveram a oportunidade de acompanhar o orador, tanto na versão para o computador como na App para o telemóvel, enquanto este os guiou, desde os conceitos básicos do programa até conceitos ligeiramente mais complexos, como trabalhar a cor de fotografias.

No dia 16 de fevereiro, decorreu a palestra sobre o Photoshop, contando com a participação do orador Paulo Rua. Desta vez, os participantes tiveram a oportunidade de aprender outros aspetos da edição de imagem como, por exemplo, eliminar elementos das fotografias.

No dia 22 de fevereiro, na última sessão do workshop, a oradora Jenifer Tang apresentou o mundo da edição de vídeo aos participantes. Começando por uma explicação dos conceitos básicos da edição de vídeo e som, a oradora foi evoluindo, de modo a familiarizar os participantes com a organização do Adobe Premiere Pro, sempre acompanhando a sua exposição com exemplos.

Dado por finalizado o workshop, a opinião global dos participantes foi bastante positiva, cumprindo-se o objetivo desta atividade.

Por Beatriz Melo e Inês Tavares – Revisto por Camila Rodrigues

Nos dias 24 e 25 de fevereiro, decorreram as I Jornadas Pedagógicas do NEF/AAC. Através da intervenção dos vários participantes, foram debatidas temáticas pertinentes e relevantes no contexto do ensino, da mobilidade internacional e da comunicação interpessoal.

No primeiro dia da atividade, os participantes puderam assistir a duas sessões formativas, cujos temas incidiam na Inovação no Ensino e na Inovação na Comunicação Pedagógica. O segundo dia da atividade consistiu numa Mesa Redonda, onde foram discutidas temáticas associadas à Mobilidade Internacional e aos Planos de Estudos.

Na sessão de abertura, estiveram presentes a Vice-Reitora da Universidade de Coimbra, Professora Doutora Cristina Albuquerque, o Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Professor Doutor Francisco Veiga, e a Presidente da Direção do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC), Helena Costa. O primeiro painel, subordinado ao tema da Inovação no Ensino, contou com a participação da Professora Doutora Ana Amélia Carvalho. O segundo painel, subordinado ao tema da Inovação na Comunicação Pedagógica, contou com a participação da Professora Doutora Maria Teresa Ribeiro Pessoa.

No segundo dia da atividade, estiveram presentes o Provedor do Estudante, Professor Doutor Paulo Peixoto, a Coordenadora do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, Professora Doutora Lígia Salgueiro, o Coordenador da Licenciatura em Ciências Bioanalíticas, Professor Doutor Rui Barbosa, o Coordenador da Licenciatura em Farmácia Biomédica e da Mobilidade Incoming, Professor Doutor António Ribeiro, e o Coordenador da Mobilidade Outgoing, Professor Doutor Ricardo Castro. Contou-se ainda com a intervenção das estudantes Patrícia Neves, em representação da Licenciatura em Ciências Bioanalíticas, Joana Figueiredo, em representação da Licenciatura em Farmácia Biomédica, e Francisca Gonçalves, em representação do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. A moderação da Mesa Redonda ficou a cargo da Professora Doutora Alexandrina Mendes.

De forma geral, o feedback dos participantes e dos oradores foi positivo. Todas as intervenções efetuadas no decorrer da atividade foram de elevada pertinência, refletindo, desta forma, a qualidade pedagógica da instituição, bem como o espírito crítico e a proatividade de todos os intervenientes.

Por Inês Martins

O XX Fórum Educacional da Associação Portuguesa de Estudantes de Farmácia (APEF), que teve como mote “O Farmacêutico na Vanguarda da Globalização e dos Cuidados de Saúde”, decorreu nos dias 13 e 14 de março em formato online, via Zoom.

A manhã de sábado foi dedicada ao primeiro painel, dividido em duas apresentações. A primeira apresentação, que ficou a cargo da Doutora Ana e Brito Maneira, Chefe da Divisão dos Assuntos Relativos às Nações Unidas e Chefe da Divisão dos Direitos Humanos no Ministério dos Negócios Estrangeiros, teve como tema “Direitos Humanos: onde estamos e para onde vamos”. Na segunda apresentação, foi feita uma exposição sobre o tema “A Saúde como um Direito Universal: a estratégia nacional” pela Doutora Diana Costa, membro da Fundação para a Saúde – Serviço Nacional de Saúde (FSNS) e pelo Doutor António Faria Vaz, Vice-Presidente do Conselho Diretivo do INFARMED. Foram referidas as prioridades do Conselho da União Europeia no setor da saúde, que prioridades defende Portugal, estando na sua Presidência, quais as estratégias adotadas a nível Europeu para proporcionar saúde a todos e, ainda, o modo como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) defende os Direitos Humanos, contribuindo para o acesso à saúde em Portugal.

O segundo painel teve início durante a tarde, dividindo-se também em duas apresentações. A primeira apresentação foi dedicada ao assunto “A garantia do acesso ao medicamento em Crises Humanitárias”, contando-se com a presença do Doutor Diogo Piedade, Market Access Manager na Medicines for Europe, e da Doutora Ana Catarina Duarte, que possui uma vasta experiência em voluntariado internacional e gestão de projetos de saúde. Seguiu-se com o tema “A intervenção farmacêutica na globalização da prestação dos cuidados de saúde”, apresentado pelo Professor Doutor João Matias, Responsável dos Serviços Farmacêuticos e de Saúde da Associação Mutualista Covilhanense. Foi discutido o papel do farmacêutico enquanto motor do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) e a sua ação concreta a nível da globalização dos cuidados de saúde. Por fim, abordou-se o assunto do farmacêutico como profissional de saúde de proximidade, no sentido de levar os serviços aos meios mais rurais, e o papel da Rede de Farmácias Comunitárias como veículo de combate às desigualdades sociais no acesso à saúde, sobretudo na população de regiões do interior.

Os participantes foram divididos em grupos de trabalho, nos quais deviam debater as temáticas abordadas nos painéis acima mencionados. De seguida, foi atribuído um tema a cada grupo de trabalho, sobre o qual deveriam apresentar as suas conclusões.

No último dia do evento, teve lugar o Plenário Final, com a participação da Doutora Ema Paulino, membro da Direção Nacional da Ordem dos Farmacêuticos, do Doutor Paulo Cleto Duarte, Presidente da Associação Nacional das Farmácias, e da Doutora Diana Costa, onde se debateu o futuro da profissão e o caminho que o farmacêutico deve percorrer para potenciar a sua ação junto da comunidade.

Por Márcia Pereira

A Dermofarmácia e Cosmética é uma área que desperta muito interesse e curiosidade na atualidade. Neste sentido, o pelouro de Educação e Promoção para a Saúde do NEF/AAC dinamiza, regularmente, formações relativas ao tema, permitindo aos estudantes não só adquirir novos conhecimentos, como também manter-se a par das inovações que surgem neste campo, já que esta é, sem dúvida, uma área que está em constante desenvolvimento e crescimento.

Assim, nos passados dias 17 e 18 de março, realizou-se a VIII Formação em Dermofarmácia e Cosmética, que teve como tema central “Hair Care”. A mesma decorreu através da plataforma Zoom e contou com uma vasta assistência, que se aproximou das três centenas de participantes.

No primeiro dia, estiveram presentes na sessão de abertura deste evento o Professor Doutor Francisco Veiga, Diretor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), e a Presidente da Direção do NEF/AAC, Helena Costa. O primeiro painel, relativo à temática da higiene e cuidado capilar, contou com a Professora Doutora Ana Cláudia Santos, docente da FFUC, como oradora. O segundo painel, referente ao assunto do tratamento de problemas capilares, contou com a exposição da Doutora Joana Nobre, do Laboratoire Native. O terceiro e último painel do dia, subordinado ao tema das questões de formulação, contou com a apresentação da Professora Doutora Letícia Caramori Cefali, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sediada em São Paulo, Brasil.

No segundo dia, debateram-se aspetos alusivos ao mercado e indústria do Hair Care, aos Assuntos Regulamentares e Marketing e, finalmente, decorreu um workshop de Aconselhamento Capilar. Neste último dia da atividade, estiveram presentes a Doutora Ana Raquel Santos, da Pierre Fabre, a Doutora Helena Margarida Ribeiro, docente da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, e a Doutora Joana Nobre.

O final de cada sessão teve um caráter mais interativo e destinou-se ao esclarecimento de dúvidas que surgiram no decorrer da atividade.

Concluída a VIII Formação em Dermofarmácia e Cosmética, o feedback obtido por parte dos alunos foi muito positivo.

Por Catarina Batista e Inês Pais

Nos dias 22 e 23 de março, decorreram, via Zoom, as VII Jornadas das Saídas Profissionais, dinamizadas pelo pelouro dos Estágios e Saídas Profissionais do NEF/AAC.

22 de março No dia 22 de março, as temáticas das sessões incidiram sobre a Investigação Científica, os Assuntos Regulamentares, a Indústria Farmacêutica, a Dermofarmácia e Cosmética e a Farmácia Hospitalar. Neste primeiro dia do evento, estiveram presentes a Doutora Inês Tomé, Investigadora Biomédica no Centro de Inovação em Biotecnologia (Biocant), a Doutora Francisca Morais, Farmacêutica na Bluepharma, a Doutora Raquel Teixeira, Diretora de Inovação e Desenvolvimento de Negócios nos Laboratórios Atral, a Doutora Diana Oliveira, Farmacêutica no Departamento Técnico e de Formação do Laboratoire Native Portugal e a Doutora Marília João Rocha, dos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra.

23 de março No dia 23 de março, ocorreu uma sessão extra sobre a Associação Portuguesa de Jovens Farmacêuticos (APJF), pela voz da Doutora Regina Dias, Vice-Presidente da Direção, onde se deu a conhecer o trabalho da APJF e onde foi esclarecido de que forma se pode ingressar na Associação. Neste último dia da atividade, foram apresentados mais quatro painéis, subordinados aos Ensaios Clínicos, à Consultoria e Gestão Farmacêutica, à Farmacovigilância e, por último, à Farmácia Comunitária. Os mesmos foram apresentados pela Doutora Vanessa Pereira, Coordenadora de Ensaios Clínicos no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, pela Doutora Catarina Marques, Adjustt Consulting – Area Manager na Glintt, pela Doutora Joana Esteves, Business Consultant na Glintt, pelo Doutor Diogo Mendes, Diretor do Centro de Avaliação de Tecnologias de Saúde AIBILI e pela Doutora Sandra Magro, Diretora Técnica de uma Farmácia Comunitária, em Cantanhede.

Os oradores partilharam os seus testemunhos, explicaram em que consiste o dia-a-dia em cada uma destas saídas profissionais, falaram sobre os próprios percursos académicos e profissionais e deixaram alguns conselhos aos que pretendem seguir estas áreas. Ao longo das várias sessões, os participantes puderam esclarecer as suas dúvidas e conhecer as diversas saídas profissionais existentes para os cursos lecionados na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Dada por finalizada esta atividade, o feedback foi muito positivo.

Por Ana Raquel Fernandes

Nos passados dias 9, 10 e 11 de abril, realizou-se o XIV Congresso Científico NEF/AAC, subordinado ao tema “Investigação e Desenvolvimento Farmacêutico: Impacto na Atualidade”. Pela primeira vez, o Congresso Científico decorreu em formato online. Tendo sempre como foco a excelência e a transmissão de informação pertinente e de qualidade, o evento contou com a participação de personalidades conceituados da área, que ao longos dos diversos Painéis partilharam conhecimentos e expuseram o seu trabalho aos participantes.

9 de abril - Painel I e II

No primeiro dia, o Painel I teve como tema central “O Desenvolvimento de Novas Moléculas” e contou com a participação do Professor Doutor Alcino Leitão como moderador e com as intervenções do Professor Doutor Pedro Góis, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa (FFUL), do Professor Doutor Rui Moreira, da FFUL, e da Professora Doutora Maria Sousa, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Seguiu-se com o Painel II, onde se abordou a temática “A Linha do Desenvolvimento Farmacêutico” e o mesmo teve como intervenientes o Professor Doutor António José Almeida, da FFUL, a Professora Doutora Joana Marto, da FFUL, o Doutor Gualter Gaspar, dos Laboratórios BASI, e a Doutora Marta Simões, da Bluepharma, ficando a moderação a cargo do Professor Doutor João José Sousa.

O segundo dia iniciou-se com o Painel III, que incidiu sobre a “Importância da Investigação Pré-clínica em I&D”, contando-se com a presença do Professor Doutor Diogo Fonseca como moderador e com as apresentações do Doutor Eduardo Costa, da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), do Professor Doutor Nuno Franco, do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, do Professor Doutor Luís Roque, dos Laboratórios Azevedos – Sofarimex, e do Professor Doutor João Almeida Lopes, da FFUL. O Painel IV intitulado “Investigação Clínica”, moderado pela Professora Doutora Margarida Castel Branco, contou com as exposições da Doutora Vanessa Pereira, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), do Doutor Diogo Pedroso, da Associação para Investigação e Desenvolvimento da Faculdade de Medicina, do Doutor Ricardo Cunha, da BlueClinical, do Professor Doutor Pedro Monteiro, do CHUC e da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), e a Professora Doutora Emília Monteiro, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. As sessões da tarde iniciaram-se com o Painel V que abordou “O Papel das Comissões de Ética na Saúde”, sendo moderado pela Professora Doutora Margarida Caramona e no qual participaram a Professora Doutora Maria Alexandre Ribeiro, Presidente da CEIC, o Professor Doutor João Manuel Pedroso de Lima, Presidente da Comissão de Ética do CHUC e Presidente da Comissão de Ética da FMUC, e a Professora Doutora Margarida Silvestre, da FMUC. O dia terminou com o Painel VI denominado “O Mundo das Vacinas”, que foi moderado pela Professora Doutora Olga Borges e teve as exposições da Professora Doutora Helena Florindo, da FFUL, do Professor Doutor Bruno Sepodes, da FFUL, e do Doutor António Roldão, do Laboratório do iBET.

11 de abril - Painel VII e VIII

O terceiro e último dia iniciou-se com o Painel VII, onde se falou sobre a temática do “Acesso de Medicamentos ao Mercado”, contando-se com a moderação do Professor Doutor Carlos Alves e com as explanações do Doutor Steve Estevão, da Organização Mundial de Saúde, do Doutor João Rijo, do Hospital Egas Moniz e do Colégio de Especialidade de Farmácia Hospitalar da Ordem dos Farmacêuticos, da Doutora Beatriz Macedo, do INFARMED, e do Doutor Ricardo Ramos, da Biogen. O Painel VII, o último Painel desta 14ª edição do Congresso Científico, que apresentava o título “Cooperação global: I&D, inovação e regulação...o amanhã já começou”, foi moderado pela Doutora Marina Caldas e contou com a explicação do Doutor Rogério Gaspar, da Organização Mundial de Saúde, e com o debate entre a Professora Doutora Beatriz Lima, da FFUL, o Professor Doutor Félix Carvalho, da FFUP, e o Professor Doutor Jorge Gonçalves, da FFUP.

Por Laura Seoane, Luana Rocha e Mariana Martins

Na noite de dia 1 de maio, decorreu a V Honoris Pharma - Gala do NEF/AAC, a gala do Núcleo de Estudantes de Farmácia da Associação Académica de Coimbra (NEF/AAC). Este ano, o evento ocorreu em formato online, com transmissão em direto através do canal de Youtube do NEF/AAC. Sendo um evento de cariz cultural, a Comissão Organizadora da 5ª edição da Honoris Pharma não ficou indiferente à realidade atual do país e promoveu uma angariação de fundos para a União Audiovisual, de modo a apoiar este setor, que com a chegada da pandemia se deparou com inúmeras dificuldades. Ao longo da noite, o público foi presenteado com várias atuações de canto e de dança. Estas iniciaram-se com a atuação intimista da Maria Castilho, que brindou a plateia com um cover da música All I Want, acompanhada pelo ukulele. Seguiram-se as atuações de dança da Catarina Barata e da Francisca Bandeira. Contou-se ainda com a performance do Nuno Oliveira, que apresentou à plateia um cover da música Afraid. A última atuação da noite pertenceu ao grupo Capas ao Luar, que tocou um fado típico da Cidade dos Estudantes, a Balada de Coimbra. Um dos momentos mais esperados da Gala é a entrega dos prémios aos nomeados nas diferentes categorias. Na primeira parte do evento, foram entregues os prémios relativos ao Associativismo, Carisma, Cultura, Desporto, Finalista mais Boémio, Melhor Causa e, ainda, o prémio Sebentas. De salientar que todos estes prémios visam destacar os distintos e variados talentos de alguns dos alunos da nossa Faculdade, valorizando e reconhecendo o seu mérito. Os vencedores destas categorias foram, respetivamente, a Ana Rita Jesus, a Inês Primo, a Carla Almeida, a Ana Rita Magano, o Rafael Ferreira, a Filipa Silva e, por último, a Sara Silvestre. Na segunda parte, foram revelados os vencedores das categorias Melhor Docente, Melhor não Docente e prémio Investigação. Tal como os alunos, estes docentes e não docentes visam ser distinguidos pela sua entrega ao ensino, pelo apoio que demonstram e pelos seus projetos de investigação, não esquecendo a boa disposição que os caracteriza. Os vencedores foram, respetivamente, a Professora Doutora Cátia Sousa, a não docente Graça Santiago e, por fim, o Professor Doutor João Nuno Moreira. Os premiados tiveram a oportunidade de fazer um vídeo, onde agradeceram a nomeação, a vitória e a iniciativa do NEF/AAC. Nesta edição da gala, foi ainda promovida uma reflexão sobre a temática “Impacto positivo que esperam que estes tempos tenham na nossa vida e no ensino”. A mesma contou com a participação da Professora Doutora Alexandrina Mendes, da Professora Doutora Ana Miguel Matos, do Professor Doutor António Ribeiro, do Professor Doutor João José Sousa e da Professora Doutora Maria da Graça Campos. Apesar de não ter sido possível a sua realização em formato presencial, a V Honoris Pharma contou com uma forte adesão por parte da comunidade da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, que demonstrou mais uma vez a sua perseverança na realização de uma das maiores atividades de foro cultural do NEF/AAC.

Por Filipa Farinha e Rita Pereira

Nesta 28ª edição d’O Pilão, damos continuidade à habitual rubrica “Na sombra de…”. Vem conhecer melhor o percurso académico e profissional da Professora Doutora Maria da Graça Campos, que atualmente divide o seu tempo entre a docência, a investigação e o voluntariado.

O Pilão: Em 1984 terminou a sua Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Sempre desejou enveredar num curso relacionado com a área das ciências da saúde? O curso e a Faculdade corresponderam às suas expectativas?

Maria da Graça Campos: As memórias mais antigas que eu tenho de mim, de quando era criança, estão muito associadas à saúde, até nas pequenas brincadeiras. Sem que tivesse um projeto muito específico e ordenado de para onde eu queria ir e o que eu queria fazer, sabia que a saúde era a área que me agradava mais e, curiosamente, também a área do medicamento. Talvez porque, desde muito cedo, o meu pai me responsabilizou pelo cuidado dos medicamentos que tínhamos em casa. Numa reflexão rápida, imagino que provavelmente tenha vindo por aí. Relativamente ao curso, tive a sorte de entrar em 1978/1979. Nesse ano letivo, teve início um novo currículo de Ciências Farmacêuticas, que englobava 3 anos comuns e depois realizávamos uma especialização e eu optei por fazer a especialidade em Farmácia Hospitalar e Comunitária. Depois, eram mais dois anos nessa especialidade e, de seguida, tínhamos um estágio. Fui aluna única em Farmácia Hospitalar e Comunitária, por isso, a Universidade ultrapassou toda e qualquer expectativa que eu pudesse ter. Fui privilegiada e só tenho de agradecer, não só aos professores da Faculdade de Farmácia, mas também à Universidade em si, por manter aquela opção precisamente para que eu pudesse seguir, mesmo que sozinha, assegurando todas as condições que eu precisava para aprender. Deste modo, seria inimaginável que as coisas não corressem como efetivamente correram, ou seja, muito bem.

OP: Após terminar a Licenciatura em Ciências Farmacêuticas, continuou a sua formação académica, especializando-se na vertente das Plantas Medicinais e Farmacognosia. Em 1997 concluiu o Doutoramento em Farmacognosia e Fitoquímica. Quais as razões que a levaram a fazer essa escolha?

MGC: Foi perfeitamente acidental. Quando concorri à Faculdade de Farmácia e ao Laboratório de Farmacognosia, o Laboratório de Farmacognosia integrava o Laboratório de Farmacologia. As minhas áreas de preferência estiveram sempre ligadas ao medicamento, como o caso das áreas de Farmacologia, Farmacoterapia, Farmácia Clínica, áreas nas quais eu tinha até as melhores notas. Depois, quando fui a candidata que entrou… digamos que eu estive sempre convencida que iria lecionar e seguir a carreira de investigação nas minhas áreas de eleição, a anos-luz de imaginar que pudesse ir trabalhar em Farmacognosia ou algo associado ao desenvolvimento de novos medicamentos com Plantas Medicinais. Quando iniciei o meu trabalho, em 1984, verifiquei que o que eu iria fazer era, efetivamente, lecionar e desenvolver investigação em Farmacognosia. No início foi um choque porque era uma área que eu

nunca tinha pensado ou ponderado seguir e, portanto, fiz o que temos de fazer muitas vezes, fiz das tripas coração e, assim, estudava durante a noite e lecionava e tentava desenvolver a área durante o dia. Enquanto iniciava os meus primeiros passos nesta área de investigação, e embora não tenha sido um amor à primeira vista, descobri que era uma área que eu gostava. Quase 40 anos depois, sou verdadeiramente apaixonada por aquilo que faço. Levanto-me todos os dias bem-disposta para trabalhar, independentemente se estou nas minhas áreas de investigação ou se estou nas minhas áreas de docência. Portanto, não foi uma razão, foi uma circunstância da vida que me conduziu e eu deixei-me ir e tive sucesso.

OP: Ocupa, desde 2011, o cargo de Coordenadora do Observatório de Interações Planta-Medicamento da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (OIPM/FFUC). Como é que consegue conciliar este cargo com todas as outras atividades, incluindo letivas, que desempenha nesta mesma instituição?

MGC: Eu diria com muita dificuldade. Não pelo cargo em si, mas pelo trabalho que nós desenvolvemos. Por ser um trabalho muito absorvente, não só pela quantidade de Casos Clínicos que acompanhamos, mas também pela exigência, tanto física como emocional, que o acompanhamento destes casos envolve. É isto o que mais dificuldade gera, o que envolve fazermos uma boa gestão do tempo e de energia. Com muita paixão, organização, tendo uma boa equipa, boa disposição e uma certa harmonia com o grupo com que se trabalha, as coisas vão-se fazendo sem sacrifício.

OP: Em geral, podia-nos revelar um pouco do seu trabalho realizado no OIPM/FFUC?

MGC: Começando por falar no Observatório mais em concreto, tudo começou pelos pedidos de ajuda que nos eram feitos relativamente a situações associadas a plantas tóxicas, ao nível das urgências. Por volta do início do ano 2000, entre os pedidos de ajuda já se encontravam integrados casos de interações entre plantas e medicamentos e, portanto, a dada altura, eu entendi que estava na hora de pedir a colaboração a vários colegas que trabalhavam nestas áreas e juntos construímos aquilo que veio a ser o OIPM. O objetivo é levarmos o nosso conhecimento para a comunidade em duas vertentes. Uma destas vertentes passa por dar continuidade ao trabalho que já fazíamos – acompanhar os Casos Clínicos e responder às solicitações dos Hospitais e Centros de Saúde. Por vezes, o nosso trabalho é simplesmente transmitir informação e esta é a segunda parte, não menos importante, do nosso projeto, que passa por capacitar a comunidade para esta temática. Levarmos a informação para a sociedade foi um dos motores para criarmos este núcleo e, por isso, fazemos várias ações de sensibilização e formação, tanto para profissionais de saúde como para o cidadão comum.

OP: Também integra, desde 2011, como Especialista, a Comissão da Farmacopeia Portuguesa do INFARMED. De que forma conseguiu, com esta experiência, acrescentar algo às suas aptidões, tendo em conta o vasto percurso profissional até à data?

MGC: A Comissão da Farmacopeia Portuguesa, tal como a maioria dos locais onde trabalhamos, é um local onde damos e recebemos, portanto, quando nos convidam a integrar esta Comissão é, no fundo, para levarmos o nosso conhecimento. No meu caso, pertenço a um grupo mais direcionado para as Plantas Medicinais. É aí que, juntamente com outros colegas, dou um aporte a nível científico. É óbvio que quando estamos a discutir uma determinada monografia eu também acabo por aprender com os colegas de outras áreas, existe sempre uma partilha de informação e isso é uma mais-valia para nós. Faço questão de devolver aos meus alunos tudo o que aprendo, nesta e nas outras Comissões em que trabalho, para que eles tenham sempre conhecimento recente e validado.

OP: Integra, desde 2014, o Conselho Consultivo para as Terapêuticas Não Convencionais da Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. (ACSS). O que a motivou a ingressar neste projeto?

MGC: Começa a ser um pouco redundante, mas não tive nenhum motivo especial. Fui convidada a representar a Ordem dos Farmacêuticos nesta Comissão e aceitei, pois entendo que existe uma mais-valia em várias áreas dessas mesmas Terapias Complementares. A ideia é que todas estas Terapias Não Convencionais tenham características completamente validadas a nível científico. Não concordo com tudo, como é obvio, mas de alguma forma também tento sensibilizar terapeutas de outras áreas para algumas questões que para nós, a nível das Ciências Farmacêuticas, são fundamentais, nomeadamente no que diz respeito aos tratamentos com fármacos vegetais, por exemplo.

OP: Sabemos que faz parte, já há vários anos, do grupo católico de voluntários visitadores Mateus 25, sendo voluntária no Estabelecimento Prisional de Coimbra. Que mais-valias retira desta experiência de voluntariado?

MGC: A mais valia é imensa! Para já, o relativizar a vida porque quando nós temos a possibilidade de conhecer outras experiências, outras maneiras de estar, outras condicionantes e outros problemas que são completamente distintos dos nossos, temos sempre um ganho acrescido. Depois, o facto de percebermos que a vida nos deu um caminho diferente e que nos deu a possibilidade de termos seguido por outras vias acaba por nos deixar muito gratos com isso, mas também muito responsabilizados porque devemos ter obrigação de partilhar também com os outros aquilo que a vida nos deu. É um bocadinho essa calma e paz de espírito que eu penso que ao longo da vida consegui adquirir e que levo para dentro do Estabelecimento Prisional, que é um espaço mais complicado de viver e de gerir. Venho de lá também sempre muito cheia de coisas boas porque, independentemente daquilo que possa ter levado, o “Outro” que está dentro desse espaço fechado tem também muitas coisas boas para nos dar.

OP: Afirmou que “a prisão faz parte da estrutura da sociedade, tal como os hospitais, as creches, as escolas, portanto, é importante que a sociedade perceba (…) que é algo que nós precisamos de ajudar a tratar”. Sente que o trabalho voluntário é um dever de cidadania?

MGC: Não digo que seja um dever, mas acho que é extremamente importante, enquanto cidadãos, que nós consigamos contribuir para criar uma sociedade melhor, pela razão que disse anteriormente. Se a vida me deu um determinado percurso e a outra pessoa deu um percurso muito mais penoso e complicado, acho que nós deveríamos contribuir para que o “Outro” também possa desmontar esse percurso mais espinhoso e transformá-lo em algo mais simples e mais agradável. Acho que há tanta coisa que podemos fazer e que de alguma forma nos torna mais inteiros, mais pessoas, porque eu posso estar amanhã do outro lado, nada impede.

OP: Quais os conselhos que gostaria de deixar aos estudantes da nossa Faculdade, futuros profissionais, aos quais todos os dias transmite novos conhecimentos?

MGC: Seria presunçoso eu dizer que vou dar conselhos… Quem sou eu para dar conselhos! O que eu vos posso transmitir é a experiência da minha vida. Quando acabei a minha formação universitária achava que queria ser Farmacêutica Hospitalar e, depois, fui levada para outro caminho. Adoro o que faço e nem me imagino sequer a entrar às oito e sair às quatro num hospital, onde eu estaria condicionada a muitas outras coisas. É um bocadinho esta experiência que eu às vezes partilho com pessoas mais novas. Deixem que a vida vos faça ofertas. Tenho uma amiga e colega que diz muitas vezes “O Universo conspira e, muitas vezes, conspira a nosso favor”, portanto, isto vale o que vale, mas é, efetivamente, irmos fazendo o nosso trabalho e depois, paralelamente, termos a tolerância suficiente e a flexibilidade para nos adaptarmos às circunstâncias.

MITOS E VERDADES SOBRE A ALIMENTAÇÃO

Prof. Dra. Angelina Pena e Mestre Maria João Campos

As últimas décadas têm sido muito profícuas na produção de ciência associada aos alimentos e a nutrição é cada vez mais uma ciência baseada na evidência. Não obstante deste facto, na Internet e nas redes sociais multiplicam-se as sugestões e as recomendações de curiosos da nutrição, que disseminam informação errada e que baralham conceitos associados à alimentação. Nesta edição d’O Pilão, trazemos um exercício de “Verdadeiro ou Falso” ou “Mito ou Verdade” associado à alimentação para fornecer aos estudantes da FFUC informação credível.

Todos nós já ouvimos pessoas a dizer que não comem a parte amarela do ovo porque esta faz mal ao colesterol. Pois bem, será que o ovo aumenta o colesterol?

Com base na evidência científica atual, sabe-se que o conteúdo em ácidos gordos saturados e trans presentes na dieta têm um maior impacto no aumento do colesterol total e do colesterol LDL (c-LDL) sanguíneo do que propriamente o colesterol de consumo alimentar. Para além disso, o ovo é um alimento muitas vezes tido como proibido em casos de dislipidemia pelo seu elevado teor em colesterol. Não obstante, este é um alimento interessante a nível nutricional, sendo maioritariamente constituído por água e proteínas e possui quantidades moderadas de gordura, sendo a monoinsaturada a gordura predominante. O ovo também é rico nas vitaminas D, B12 e B2, é ainda uma boa fonte de vitamina A, vitamina B6, vitamina E, fósforo e ferro, para além de conter substâncias antioxidantes como a luteína e a zeaxantina, importantes na promoção da saúde cardiovascular. Assim, consumir até um ovo por dia não parece aumentar o risco de doença cardiovascular. Logo, é um mito que o ovo faz mal ao colesterol. Podemos comer um ovo por dia, não o podemos é fritar!

Atualmente, o óleo de coco está a tornar-se popular e há muitas pessoas a substituírem o azeite pelo referido óleo. Será este mais benéfico que o azeite?

Por último, todos nós já nos questionámos se devemos optar por uma peça de fruta, ou por um iogurte, ou até optar por uma tosta com queijo fresco quando pretendemos perder algum peso. Mas será que a fruta pode fazer aumentar o peso?

Analisando o perfil de ácidos gordos do óleo de coco, é possível evidenciar que este se trata de uma gordura com um perfil lipídico predominantemente saturado (cerca de 82%) e, uma vez que os ácidos gordos saturados se associam à elevação dos valores de c-LDL sanguíneo, o seu consumo regular é desaconselhado. A inclusão de outros tipos de gordura na alimentação, em especial aquelas com um perfil lipídico mais insaturado, como é o caso do azeite, sempre com a devida moderação, repercutir-se-á num perfil lipoproteico mais benéfico. Logo, devemos manter o azeite como gordura de eleição para os nossos cozinhados e temperos.

A fruta tem muitas vitaminas, fibras, minerais e água. Para além disso, também tem muita frutose (açúcar), por isso, também o consumo de fruta deve ser controlado. A fruta tem energia e contribui para as calorias ingeridas ao longo do dia. É preciso ter cuidado com a quantidade (peso) da fruta que se ingere. Deve optar-se por fruta da época, porque é nutricionalmente mais rica. Para a população sem comorbilidades, a ingestão recomendada é de 2 a 3 peças de fruta por dia. É verdade que a fruta pode fazer aumentar de peso. É tudo uma questão de quantidade.

Governo da Universidade de Coimbra

Nesta nova rubrica do Espaço Pedagógico, poderás aprofundar os teus conhecimentos sobre a organização estrutural da Universidade de Coimbra, através dos vários órgãos que contribuem para a qualidade da nossa Instituição!

O Governo da Universidade de Coimbra, tal como estabelecido nos seus Estatutos, é exercido através dos Órgãos de Governo, nomeadamente, o Conselho Geral, o Reitor e o Conselho de Gestão. Paralelamente a estes Órgãos, existem ainda o Senado e o Provedor do Estudante.

O Reitor é o órgão superior de governo e de representação externa da Universidade, sendo eleito pelo Conselho Geral, em regime quadrienal. Das suas competências, destacam-se a elaboração e apresentação ao Conselho Geral de propostas de planos estratégicos, orçamentos, e ainda a implementação de medidas que visem garantir a qualidade pedagógica. Como integrante da Equipa Reitoral, é apoiado nas suas funções por 8 Vice-Reitores e 2 Pró-Reitores.

O Conselho Geral é constituído por 35 membros, contando com representação dos professores e investigadores, dos estudantes, dos trabalhadores não-docentes e não-investigadores, bem como de personalidades externasàUniversidade. Paraalémdaeleição doReitor,competeainda aoConselho Geralaapreciaçãodos atosdoReitor e do Conselho de Gestão, bem como a proposta de iniciativas que visem o bom funcionamento da instituição. Todos os constituintes exercem um mandato de 4 anos, com exceção dos representantes dos estudantes, cujo mandato corresponde a 2 anos.

O Conselho de Gestão, presidido pelo Reitor, é ainda constituído por um Vice-Reitor da sua designação e pelo Administrador da Universidade, havendo a possibilidade de designar até mais dois elementos. Este órgão é responsável pela fixação de taxas e emolumentos, bem como pela gestão administrativa, patrimonial e financeira da Universidade.

O Senado é um órgão de natureza consultiva, constituído pelo Reitor, pelos Diretores de todas as Unidades Orgânicas, por um estudante de cada Unidade Orgânica e ainda por dois representantes do pessoal técnico. Durante cada mandato bienal, compete ao Senado a coadjuvação do Reitor na gestão da Universidade, emitindo pareceres sobre a alteração de estatutos e o exercício das competências do Reitor.

O Provedor do Estudante, embora desprovido de carácter administrativo ou deliberativo, é um órgão essencial na comunicação com a comunidade estudantil, tendo por base a defesa dos direitos dos estudantes e a auscultação dos mesmos no exercício das suas capacidades críticas, contribuindo para a implementação de medidas que visem a melhoria contínua dos serviços prestados pela Universidade.

A comunicação contínua e multilateral entre os diversos órgãos contribuiu para o bom funcionamento e para a manutenção da qualidade da nossa Universidade. Poderás encontrar mais informações sobre estes órgãos e as respetivas competências no website da Universidade de Coimbra.

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