Minuto de Silêncio

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Prólogo _ 6 Prefácio _ 9 Apresentacão _ 10 20 de junho de 2014 - Benedicto Pagliato _ 12 5 de fevereiro de 2015 - Um cão _ 14 8 de setembro de 2015 - Aylan Kurdi _ 15 12 de maio de 2016 - Mírian José Lourdes _ 17 26 de novembro de 2016 - Fidel Castro _ 19 7 de fevereiro de 2017 - Alison Sebastião dos Anjos _ 21 26 de fevereiro de 2017 - Pedro Adami _ 23 13 de março de 2017 - Rosângela Alves _ 25 7 de agosto de 2017 - Necyr Xavier _ 28 20 de agosto de 2017 - Musse Stefan _ 31 11 de setembro de 2017 - Primo Alvarez Fernandez _ 33 5 de outubro de 2017 - Luiz Carlos Alcolea _ 37 21 de novembro de 2017 - Maurício Caruso _ 39 5 de dezembro de 2017 - Sérgio Bento _ 42 13 de dezembro de 2017 - Zuleika Sucupira Kenworthy _ 44 26 de dezembro de 2017 - Uma menina _ 47 10 de janeiro de 2018 - Carlos Heitor Cony _ 49 28 de fevereiro de 2018 - Achilles Bonin Mangullo _ 52 28 de fevereiro de 2018 - Marco Antônio de Campos _ 54 12 de março de 2018 - Olga Domingues Camilo _ 56 30 de março de 2018 - Claudionor Ferreira de Moraes _ 59 25 de maio de 2018 - J. Hawilla _ 62 16 de julho de 2018 - José Franco de Camargo _ 65 13 de agosto de 2018 - Claudio Weber Abramo _ 67 21 de agosto de 2018 - Otávio Frias Filho _ 68 21 de agosto de 2018 - Menoti Barros de Oliveira _ 71 29 de agosto de 2018 - Alberto Miguel Saker _ 73 26 de setembro de 2018 - João Batista Larizzatti Júnior _ 75 3 de outubro de 2018 - José Maria Bolina Filho (Zema) _ 78 17 de outubro de 2018 - José Lanaro _ 81 5 de dezembro de 2018 - Laurentino Martins Júnior _ 87 13 de dezembro de 2018 - Maria Cecília Ferro _ 89 23 de dezembro de 2018 - Milton Dinho _ 92 28 de dezembro de 2018 - Miúcha _ 95

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11 de fevereiro de 2019 - Ricardo Boechat _ 96 13 de fevereiro de 2019 - Deise Cipriano _ 99 22 de fevereiro de 2019 - Ângelo Rêmulo Rômulo Lava _ 100 25 de fevereiro de 2019 - Neyde dos Santos Almeida _ 102 17 de março de 2019 - Emília Benedita Pires de Sanctis Urban _ 104 19 de abril de 2019 - Milton Muraro _ 106 29 de abril de 2019 - Tales Cotta _ 109 2 de maio 2019 - Antunes Filho _ 112 5 de junho de 2019 - Neto Chaves _ 114 10 de junho de 2019 - Antônio Francisco Gonçalves _ 117 14 de junho de 2019 - Clóvis Rossi _ 119 17 de junho de 2019 - Padre Inácio Kriguer _ 122 26 de junho de 2019 - Paulo Roberto _ 125 2 de julho de 2019 - Adalberto Nascimento _ 127 10 de julho de 2019 - João Gilberto _ 130 13 de agosto de 2019 - José Carlos de Campos Sobrinho _ 133 24 de agosto de 2019 - Elisa Christina Gomes _ 138 29 de agosto de 2019 - Kátia Libanesa _ 141 2 de setembro de 2019 - Alberto Goldman _ 144 19 de setembro de 2019 - Pedrinho Mattar _ 147 24 de outubro de 2019 - Walter Franco _ 149 7 de novembro de 2019 - Arany Marchetti _ 152 11 de dezembro de 2019 - Francisco Ramos de Andrade Filho _ 155 16 de dezembro de 2019 - Modesto Carone _ 159 19 de dezembro de 2019 - Francisco Brennand _ 163 9 de janeiro de 2020 - Elza Puglia Racca _ 166 13 de janeiro de 2020 - Raquel Ferreira de Oliveira Taraborelli _ 168 27 de janeiro de 2020 - José Theodoro Mendes _ 171 19 de fevereiro de 2020 - José Mojica Marins _ 174 27 de fevereiro de 2020 - Dulcelina Maria Euzebio Pereira _ 177 10 de abril de 2020 - Elias Jammal Neto _ 179 16 de abril de 2020 - Rubem Fonseca _ 182 30 de abril de 2020 - Latuf Latuf _ 185 4 de maio de 2020 - Aldir Blanc e Flavio Migliaccio _ 188

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Prólogo

Caminhava por aí em silêncio observando o mundo e permitindo que o mundo o invadisse pelos olhos. Seu lugar predileto era aquele banco de madeira... Joca Reiners Terron

Este livro é uma seleção dos textos publicados na seção Minuto de Silêncio do meu blog, O Deda Questão, entre 2014 e 2020. Tem sua origem na coluna de mesmo nome do jornal Bom Dia, do qual fui um dos fundadores. Foi uma ideia do então publisher do jornal, Matinas Suzuki Jr., ampliando o que veiculávamos de maneira esporádica – os obituários – com textos assinados por diversos jornalista, inclusive eu. Trazíamos para o Brasil o que era habitual na Grã-Bretranha e nos Estados Unidos. Em didático posfácio que acompanha o volume brasileiro da obra O livro das vidas1 (coletânea de obituários do jornal The New York Times lançada em 2008), Matinas, organizador da edição, mostra como o gênero foi ganhando importância nos jornais ingleses e estadunidenses em razão do interesse dos leitores ao longo das quatro décadas anteriores. “A seção de obituários do Times é uma cerimônia de adeus diária de bom jornalismo e uma

1_ Vários autores, O livro das vidas: obituários do New York Times, tradução de Denise Bottmann, São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

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Há quem pense que a valorização do obituário pela imprensa de língua inglesa seja um ritual de morbidez, mas isso é uma Esse conceito foi adotado em toda a rede de jornais Bom Dia, incluindo as sedes de Bauru, São José do Rio Preto, Jundiaí e Sorocaba, minha cidade natal e onde fui seu editor-cheBom Dia Sorocaba, em 2016, resolvi criar espaço no meu blog para os textos agora reunidos neste livro. Ao escrever sobre a vida de quem morreu, aos poucos percebi que, além de inspirar o leitor, eu também expunha a relação de convívio, intimidade, admiração e paixão que tive com os mento com essas pessoas, deixei de buscar a objetividade jornalística, contando o quanto fui afetado por elas. Cada texto nasceu da explosão de sentimentos que tive ao saber de cada uma destas mortes. Sinto por não ter escrito sobre Carlos Magno Silva De Nardi, meu grande amigo, que ganhou o mais mentiroso obituário no jornal Folha de S. Paulo, uma semana depois da sua morte. Nada daquele texto dizia respeito ao ser humano que ele foi e que vi muito de perto. Gostaria de ter homenageado os bailarinos Denilto Gomes e Maia Jr., expoentes em sua área de atuação, pessoas com as quais do poeta e grande redator publicitário Artur Cedrin, com quem dividi uma sala durante a campanha eleitoral de 2004, e também de José Hatem, o mais sorocabano dos árabes que para cá imigraram. Nem de Wlademir dos Santos, um dos maiores educadores deste país, meu grande mentor e tutor intelectual e quem me apresentou a alguns dos autores e em vida o quanto o amava. Lamento não trazer belas linhas sobre Manoel Mota, o Mané, que deixou a fome e seca do sertão nordestino e se fez publicitário de sucesso, ou Juca Paes, o grande dirigente do fu7

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Entre tantos outros, sinto não ter tocado a trajetória de nomes como Pedro Salomão José, pioneiro do teatro sorocabano, e marchant e fazendeiro. E por não ter falado de Cida Lopes, a grande cantora lírica, professora de uma leva de pessoas, de Margareth Lamy, uma das pioneiras na gestão privada da Cultura, e do professor Amílcar, que deixou as aulas de Ciências absolutamente mais prazerosas. Mas, principalmente, é claro, orgulho-me do que retra-

de realizar. Deda Benette

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PrEFácio Por

Aldo Vanuchi

Ao término do jogo, o rei e o peão voltam para a mesma caixa, diz um provérbio italiano. Só que, a essa altura, os reis são cultuados com necrológios, e os peões registrados em cantinhos de jornal. Meu amigo Deda resolveu quebrar essa injustiça para lembrar, admirado e agradecido, alguns peões que marcaram sua vida. Peões, gente que anda a pé, pedestres, pessoas comuns que construíram bondades dignas de perene lembrança. Alguns podem ter até nome nacional, mas aqui são retratados pelas feições básicas de representantes de uma sociedade melhor. Albert Camus escreveu, em A peste2, que para conhecer um povo é preciso conhecer como ele ama, trabalha e morre. Vejo, assim, neste livro, um singelo e oportuno compêndio de introdução à tanatologia, o estudo da morte, sem nenhuma pavida, quando ela nos faz vivenciar, em velórios, um “minuto de silêncio”. Nesses momentos ritualísticos, às vezes tão vazios e falsos, mesmo para quem não vê a morte como passagem para a vida eterna, seria sábio a gente se perguntar: quem foi a pesdela e o que se vai fazer com sua história de vida? Uma boa resposta eu encontro nestas páginas impregnadas de saudade. Vale a pena lê-las. Delas, eu saí mais vivo.

Aldo Vanuchi 2_ Albert Camus, A peste

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apresentacão

Por

Márcio ABC

Professor, médico, garçom, policial. A amiga da mãe variados contextos sociais, que, de algum modo, deixaram sua marca e agora têm a memória resgatada neste livro. Livro que, em tempos tão sofridos, oferece ao leitor o alento de que vale a pena conhecer melhor o ser humano, compreendê-lo em suas limitações, em suas realizações, e absorver lições de sua passagem pela vida. A célebre dica de Tolstói sobre a importância de falar da própria aldeia para ser universal mais uma vez se encaixa neste emocionante painel construído sobre os alicerces soropara validar o sentido de humanidade que atravessa o mundo, independentemente de fronteiras. Se a obra resgata detalhes da vida sorocabana, aspectos históricos, locais cercados de tradição, personalidades que se misturam à própria história da cidade; se o livro traz à luz fragmentos do cotidiano, lendas que vão se entrecruzando do tempo, mas sem nunca perder os pilares narrativos que as 10

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sustentam de gerações em gerações, povoando o imaginário coletivo com a valorização de sua própria cultura; se há no livro essa marca registrada de quem testemunha as transformações de várias décadas através das realizações centradas nas pessoas lembradas aqui, nada impedirá também que o leitor mergulhe em momentos dramáticos da própria história recente do país e do mundo, como por exemplo a passagem do homem que se encontrou com Mengele, o famoso carrasco nazista. No entanto, independentemente do registro histórico em meio ao resgate de memórias sorocabanas, o maior sigNão importa se em Sorocaba ou em qualquer outro ponto geoa vida. E essa vida percorre o âmago de emoções cujo retrato não tem outro lugar, senão dentro de nossos corações. É com o coração que o autor revira o passado para fazer valer a pena o presente, quem sabe o futuro que sempre esperamos encontrar num dia melhor. Deda, jornalista e escritor que aprendi a admirar no decorrer dos últimos 15 anos, às vezes mais próximo, em outras mais distante, impõe à obra o compasso do próprio coração. Não é tarefa fácil exprimir ao leitor em geral essa sensação, aliás, essa convicção. De todo modo, é certo que muita gente envolvida de alguma maneira com estas narrativas compreenderá que o Deda só poderia ter escrito este sua capacidade de arrancar exclamações a partir de um simples gesto, de um abraço, de um encontro, de uma conversa banal no balcão da padaria. Com a maestria de quem sabe temperar o jornalismo com a sensibilidade, Deda compõe aqui um belo poema de exaltação à vida. Márcio ABC é escritor e jornalista. 11

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20 de junho de 2014 -

Verdade, liberdade,

Não tive nenhuma proximidade com o “dotor” Benedicto, como carinhosamente era chamado o empresário Benedicto

Moretto e José Roberto Ercolin, do Jornal Ipanema. A rádio na manhã de hoje. Bom Dia (que ajudei a fundar e com o qual contribuí para que ganhasse vida em seus primeiros sete anos de existência), Benedicto e diretor-geral da rádio, sobre a minha incorporação na empresa. Entrei no ar dia 25 de janeiro de 2013, sendo que havia tomado a decisão de fazer uma versão radiofônica de O Deda Questão alguns dias antes dessa estreia. Quando perguntei sob quais valores e preceitos deveria fazer a coluna na rádio, Kiko me respondeu que seriam os mesmos que o pai deixou de herança para ele e as irmãs: um jornalismo 12

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baseado na verdade, liberdade, justiça e transparência. E assim acontece desde então. Por mais espinhosos que tenham sido alguns dos tópicos que levei ao ar pelo poderoso microfone da rádio Ipanema, nunca esse legado deixou de ser cumprido pelo Kiko, o que com certeza encheu de orgulho o “dotor” Benedicto. Mais de uma vez Kiko discordou do que eu tinha a dizer e de minhas opiniões, mas, calcado naqueles valores, o que ele fez foi sempre dar vez e voz a quem se sentiu atingido pelo que eu disse. Nunca quis e não pretendo ser dono da verdade, mas trago à tona o que julgo de interesse do cidadão, do eleitor, Urbano Martins, o coordenador e comandante do jornalismo do Sistema Ipanema de Comunicação, me contou episódios envolvendo o “dotor” Benedicto, especialmente alguns em que políticos pressionaram jornalistas para que não relatassem determinados temas. Segundo Urbano, todas as vezes, o “dotor” Benedicto mandava que o trabalho jornalístico fosse feito com retidão e dizia que deixassem para ele resol-

falar no microfone do Jornal Ipanema, mas principalmente emissora. “Dotor” Benedicto, descanse em paz. Sua missão e sua história seguirão vivos por aqui.

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