Revista Identidade Cristã - Edição 28 - Outubro/2017

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No passado, um casal dava conta do trabalho. Hoje, são 18 profissionais dedicados ao atendimento das crianças e adolescentes abrigados no Lar Hermínia Scheleder (LHS). Por que são necessários 18 para fazer o mesmo trabalho de dois? Essa é uma pergunta recorrente entre os membros da Igreja Presbiteriana de Curitiba (IPC), mantenedores da Associação Comunitária Presbiteriana (ACP), entidade responsável pelo Lar. Identidade Cristã ouviu o coordenador do LHS, Renan Gustavo Ferreira, e sua equipe técnica para responder a essa e outras perguntas. Hoje, a equipe técnica do Lar é composta por quatro profissionais: a assistente social Karisa Berri Ferreira, a psicóloga Evelyse Ferreira Neves, a pedagoga Araceli do Rocio Butcher e a nutricionista Larissa Teresinha de Souza. “Até 2012, tínhamos apenas a assistente social e uma psicóloga, que é o mínimo exigido hoje por lei. Foi naquele ano que começamos o processo de ampliação e profissionalização da equipe”, explica o coordenador. A equipe técnica trabalha em duas frentes: auxiliar e orientar o trabalho das mães sociais e atender e acompanhar as 35 crianças e adolescentes acolhidos atualmente. “Essa equipe está estruturada para atender até 50 abrigados, que é o total das nossas metas atuais. Se ampliarmos o número de vagas oferecidas no sistema de acolhimento, teremos necessidade de novos profissionais”, adianta Ferreira. Semanalmente, a equipe se reúne para avaliar o trabalho das mães sociais e o comportamento das crianças e adolescentes, buscando ações preventivas que evitem problemas

futuros ou minimizem impactos negativos de potenciais crises. Além de propor um cardápio semanal para as casas, a partir das doações recebidas pela instituição, a nutricionista orienta e capacita as mães sociais no preparo dos alimentos, trazendo sempre novas receitas. Ela também é responsável pelo acompanhamento e orientação nutricional das crianças e adolescentes, uma delas diabética, que precisou ter a geladeira de casa trancada para não se sabotar. Por fim, a nutricionista também é responsável pelos contatos com todos os fornecedores de alimentos do Lar, sempre na busca de qualidade e melhores preços. A psicóloga está envolvida em todos os atendimentos e processos, pois todas as crianças e adolescentes acolhidos apresentam problemas e necessidades nessa área, em razão da negligência e do abandono sofridos. No dia a dia, a psicóloga media conflitos, faz os encaminhamentos clínicos e busca as parcerias de profissionais do mercado para o atendimento individualizado das crianças e adolescentes. Hoje, a maioria dos acolhidos faz tratamento de terapia e psiquiatria. A assistente social orienta e controla as folgas das mães sociais, acompanha os processos sociojurídicos das crianças e adolescentes, faz a interface do Lar com o Poder Judiciário, Conselhos Tutelares e famílias e cuida da infraestrutura do Lar para garantir o atendimento pleno às demandas das crianças e adolescentes. O acompanhamento familiar promovido pelo Lar ainda é restrito às duas famílias que hoje têm permissão de visitar as crianças e adolescentes acolhidos. “Não temos braços e pernas para realizar um acompanhamento

familiar integral, apesar de ser um rico campo missionário da Igreja. Para isso, precisaríamos de mais uma assistente social e mais uma psicóloga na equipe, só para essas atividades externas”, enfatiza o coordenador do Lar. A pedagoga acompanha todas as questões de educação e profissionalização, desde a alfabetização até a colocação no mercado de trabalho, cuidando da interface com as escolas e os cursos. Hoje, as crianças e adolescentes do Lar estudam em cinco diferentes instituições de ensino, além da Espro (Ensino Social Profissionalizante), parceira na profissionalização dos adolescentes, por meio do programa Jovem Aprendiz. “Diante da complexidade das demandas diárias, não imagino hoje o trabalho sem uma equipe técnica multidisciplinar, unida, comprometida e eficiente. O Lar precisa de um corpo técnico que consiga olhar e cuidar das crianças e adolescentes abrigados como um todo, cuidando individualmente de cada um e agindo preventivamente, para não precisar agir tanto corretivamente”, destaca Renan Ferreira. Contratadas como mães sociais, mas chamadas internamente de educadoras ou tias, as mães sociais atuam em duplas. “Temos uma dupla de mães sociais por casa: a titular, que mora na casa, trabalha seis dias por semana e descansa um, sendo que uma vez por mês emenda um final de semana com a sexta ou segunda-feira, para poder ter um dia útil para resolver questões pessoais; a auxiliar dela faz o horário comercial (8 às 18 horas), de segunda a sexta, ajudando no atendimento doméstico, e cobre todas as folgas da titular”, explica o coordenador.


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