Tribuna do Espiritismo - janeiro de 2018

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Janeiro de 2018

Há 80 anos ocorria a desencarnação de Schutel 30 de janeiro de 1938 é data histórica e marcante. David Liesenberg

O

final do século XIX foi intenso para Cairbar Schutel. A saída do Rio de Janeiro e a mudança para o interior paulista foram eventos marcantes em sua vida. O rapaz abdicara da tutela de uma nobre família que tanto poderia lhe oferecer – já que possuía familiares influentes ligados à política. Optou por iniciar uma nova vida longe de tudo, levando apenas o seu baú com os poucos pertences que lhe restavam, alguns documentos, fotos de familiares e, no baú da memória, a figura de seus pais, Rita Tavares Schutel e Antero de Souza Schutel, que faleceram muito

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cedo, quando tinha apenas 9 anos de idade. O pai, negociante de móveis de relativo sucesso, faleceu em abril de 1878, aos 37 anos. Logo depois, em setembro do mesmo ano, a mãe, viúva e grávida, dava a luz a um menino que se chamaria Antero. Acometida de febre puerperal, que matava milhares de parturientes naquela época, Rita Tavares também parte para o mundo espiritual, deixando órfãos os dois meninos. Cairbar ficaria sob os cuidados do avô. Uma cena marcante que ficaria na lembrança de Schutel foi um dos últimos conselhos que recebeu

Casa Editora O Clarim lança vinheta comemorativa Em 22 de setembro de 1868 nascia Cairbar de Souza Schutel, o Bandeirante do Espiritismo. Logo, ao longo do ano, comemoraremos os 150 anos da reencarnação deste Espírito missionário na Terra, que possibilitou, com seu vigor e seu pioneirismo, o pleno desenvolvimento do Espiritismo em terras brasileiras e, por que não, mundiais. Sua dedicação à divulgação espírita deixou reflexos imensuráveis em diversas localidades, influenciando e motivando

trabalhadores a prosseguir nas lides espíritas. Para celebrar a data, a Casa Editora O Clarim apresenta a vinheta comemorativa pelo sesquicentenário de seu fundador, em duas versões: bronzeada, para aplicação em fundos claros, e prateada, para fundos escuros. Ela será presença constante nas publicações da editora ao longo do ano. Uma forma singela de homenagear sua memória e, principalmente, reviver a força de seu ideal. Parabéns, Cairbar! r Nota da Redação: Texto de divulgação, parcialmente transcrito, retirado do site da Casa Editora O Clarim (www. oclarim.com.br).

da mãe antes de morrer. Rita pediu para que ele colocasse a sua melhor roupa, explicando, em seguida, o motivo: “Eu quero que você seja assim toda a sua vida. Sempre bem alinhado e sem nunca dormir antes de limpar os sapatos para o dia seguinte”. De fato, nas poucas fotos de Cairbar a que temos acesso e nos depoimentos de pessoas que conviveram com ele, é unânime a afirmação de que sempre se vestiu com muita elegância. Numa das prateleiras do acervo de Cairbar Schutel, antes da construção do Memorial se preservava curiosamente um frasco de perfume importado. Para quem é considerado o “Pai da Pobreza de Matão”, o leitor poderia encontrar um paradoxo: Como admitir que um homem esbanjando elegância pudesse transitar no meio dos pobres e receber o título de pai da pobreza? Segundo seus contemporâneos, além de Cairbar seguir à risca o conselho

PÁGINA 8 materno, desejava mostrar que para ser humilde não precisaria se apresentar maltrapilho. Com suas roupas de linho e barba muito bem feita, Cairbar subia em sua charrete e saía para cuidar dos pobres e doentes da redondeza. No seu rastro, a fragrância de perfume francês. Ser ou não ser farmacêutico? A situação profissional de Cairbar Schutel era a de um simples farmacêutico sem formação universitária. Mas, naquela época, “um simples farmacêutico” não era só isso. O farmacêutico era o médico, o parteiro, o veterinário, o conselheiro, o salvador. O papel político e social desse profissional, inclusive como formador de opinião, era indiscutível. Desde a prática de farmácia na Rua 1º de Março, no centro do Rio de Janeiro, Cairbar fazia sucesso com as fórmulas e com o público. Parecia que ele conhecia de cor tudo o que os médicos receitavam. A passagem pelas cidades de Piracicaba, Araraquara e Itápolis transformaram Cairbar num respeitado farmacêutico devidamente licenciado. Cairbar Schutel não se contentava em ficar na farmácia, atrás do balcão, todo de branco e perfumado, atendendo clientes que


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