Tribuna do Espiritismo - outubro/2019

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • OUTUBRO DE 2019 • ANO 7 • Nº 73 • 5.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org

EAC 2020 se renova e terá novidades 10ª edição do Encontro Anual Cairbar Schutel terá salas temáticas simultâneas Inscrições já estão abertas e participante poderá escolher duas salas Visite o site www.institutocairbarschutel.org para ver programação

Crianças sempre em destaque no evento (acima) e memória do EAC 2012 (abaixo)

EAC 10 anos EAC 2020 terá parceria com a Faculdade Anhanguera de Matão, que sediará a 10ª. edição. Na foto: Orson Carrara à direita, e Fabrício Sanas, da equipe do EAC, e Rita Cavichioli (centro), diretora da instituição.

Araraquara também lança seu evento anual (veja páginas centrais) e São Carlos realiza seu CONESC (veja página 8).

Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


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Editorial

Dois excelentes trabalhos publicados

Kardec

Romance e coletânea de diálogos em reuniões mediúnicas

ara o espírita, é inevitável: outubro lembra Kardec, pelo nascimento do Codificador, no dia 3, em 1804. O mês sugere eventos que destaquem a incomparável obra do ilustre professor e muitas instituições promovem o Mês Espírita em sua cidade, ou a Semana Espírita, ou o Mês de Kardec. Louváveis iniciativas que valorizam e estimulam conhecer e divulgar o genuíno pensamento espírita. Tais iniciativas são muito úteis pelo incentivo ao estudo para que estejamos vacinados contra o fanatismo ou com a doutrina praticada à moda da casa. Somente o conhecimento é capaz de promover ações coerentes. Assim também é com os eventos que unem e reúnem os espíritas nos encontros que aproximam e fortalecem o movimento. Aqui em Matão o EAC está consolidado e alcança sua 10ª. edição no próximo ano. Nossa vizinha Araraquara também vai promover o CEARA (vide página 5). São Carlos, Rio Claro e Avaré, no interior do Estado igualmente se movimentam com esforço todo ano nessa direção. Em outros estados não é diferente. São ações marcantes que incentivam o conhecimento. r

Orson Peter Carrara

orsonpeter92@gmail.com

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conhecido IDE – Instituto de Difusão Espírita, de Araras-SP, lançou recentemente dois notáveis trabalhos: Por que decidi viver? (de Frederico Sawabini) e Noites Inesquecíveis (de Fernando de Souza). O primeiro autor é de Niteroi-RJ e o segundo de Itararé-SP. Ambos os livros, todavia, trazem expressiva contribuição ao pensamento espírita.

O trabalho de Fernando é uma coletânea de diálogos estabelecidos em reuniões mediúnicas. Com casos reais da experiência do autor, de situações emocionantes e surpreendentes, a obra apresenta

os relatos de espíritos atendidos e suas narrativas sempre recheadas de instruções e aprendizado. As histórias transmitidas em 15 narrativas da vida além-túmulo oferecem ao leitor atento e estudioso uma visão privilegiada de que a vida é ainda mais pulsante na realidade imortal, sendo ela o resultado inequívoco daquilo que fizemos – ou não fizemos – enquanto estivemos na vida material. Fernando é músico, comerciante e graduado em Marketing, escritor e palestrante espírita. Já a história de sentimentos e conflitos, sonhos, lutas, alegrias e desilusões, no romance apresentado por Frederico, aborda a importância de se pedir ajuda no instante de desespero, no momento em que não se raciocina e que falar e ser ouvido podem mudar toda a trajetória e o sentido de uma vida. E o mais interessante,

Tais trabalhos merecem ser amplamente divulgados e conhecidos. Traduzem esforços e iniciativas em favor do bem, da valorização do conhecimento espírita e que trazem experiências que sempre podem auxiliar na recuperação de traumas ou carências, e mesmo motivar pessoas e grupos que muitas vezes se permitem entregar ao desalento, por fatores e causas variadas

referindo-se a esse autor, é que ele é também compositor e tem publicado no youtube suas belíssimas e inspiradas trilhas. Pesquise canal de youtube de Frederico Sawabini. O autor é músico, compositor, escritor, profissional da indústria marítima, letrista e arranjador de aproximadamente 200 canções e trilhas para cinema, TV, games, campanhas publicitárias e vídeos corporativos

Tais trabalhos merecem ser amplamente divulgados e conhecidos. Traduzem esforços e iniciativas em favor do bem, da valorização do conhecimento espírita e que trazem experiências que sempre podem auxiliar na recuperação de traumas ou carências, e mesmo motivar pessoas e grupos que muitas vezes se permitem entregar ao desalento, por fatores e causas variadas. Tais reflexões provocam um novo pensar, abrem novas perspectivas e podem significar o degrau que faltava para alguém se reerguer.... Não percamos a chance de espalhar essas pérolas. r


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As crianças e o evangelho Padrão insubstituível na educação Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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o ponto de vista espírita, a criança é um espírito reencarnado. Em outras palavras, é um ser humano que traz de suas vidas passadas um cabedal de experiências e aprendizados que demonstra através das suas ideias inatas e das suas tendências de caráter. É uma alma imortal onde se encontram todos os princípios cognitivos e emocionais para sua jornada evolutiva, e que vai desenvolvendo de existência em existência, de aprendizado em aprendizado, de experiência em experiência. O evangelho é a boa notícia, a boa nova trazida por Jesus, há mais de dois mil anos, a revelação do amor divino que inunda o universo e a tudo rege, num apelo ao entendimento fraternal entre os homens e as mulheres. Tem por base os ensinos morais e os exemplos vivos dados pelo Mestre dos mestres, dando início a uma nova era da humanidade. Ligar a criança ao evangelho é tarefa sublime e inadiável, prioridade do espírita sincero, e inadiável serviço de toda instituição espírita, sob pena de assistirmos as gerações se sucederem e o egoísmo e o materialismo continuarem a predominar. Para bem trabalharmos no centro espírita a evangelização da criança temos que nos espelhar em Jesus, compreendendo a profundeza de sua ação educadora. Segundo Pedro de Camargo “Vinicius”, em seu livro O Mestre na Educação, o entendimento vai muito além da figura de um professor que ensina, como comumente se entende. Em suas considerações, lemos: “Mestre

é aquele que educa. Educar é apelar para os poderes do espírito. Mediante esses poderes é que o discípulo analisa, perquire, discerne, assimila e aprende. O mestre desperta as faculdades que jazem dormentes e ignoradas no âmago do “eu” ainda inculto. A missão do mestre não consiste em introduzir conhecimentos na mente do discípulo: se este não se dispuser a conquistá-los, jamais os possuirá”. Educar, e não apenas ensinar, é o papel do mestre, motivo pelo qual podemos afirmar que nem todo professor se faz um mestre, mas todo mestre é também um professor. Apelar para os poderes do espírito é alcançar o âmago do ser imortal, é fazer com que todo o seu potencial aflore, frutifique, lembrando que esse potencial foi dado por Deus no ato da criação, e que vem sendo desenvolvido através das experiências reencarnatórias, até sua plenitude quando do estado de perfeição do espírito. Então, no processo educacional, o mestre fará com que o educando – o espírito imortal – desenvolva cinco etapas, num ritmo progressivo e, ao mesmo tempo, simultâneo: Análise – Aqui o educando desenvolve a capacidade de estudar alguma coisa de maneira mais minuciosa, percebendo os detalhes, só aceitando o ensino depois de uma análise criteriosa. Perquirição – O educando é levado a investigar o objeto de estudo, aprendendo a pesquisar e indagar. Discernimento – É o momento de avaliar utilizando o bom senso, percebendo a diferença entre o

certo e o errado, distinguindo com clareza todas as informações. Assimilação – O educando, com visão global, consegue entender por completo, consegue apreender o ensino. Aprendizado – O educando é levado a incorporar conscientemente o ensino, passando a ter conhecimento pleno sobre o objeto de estudo. Nesse trabalho o verdadeiro mestre levará o educando à consciência de si mesmo e ao seu papel na coletividade, tornando-se um sujeito ético e espiritualizado, cumpridor dos seus deveres, respeitador dos direitos e responsável por seus atos, tudo o que mais se deseja para que tenhamos honestidade, paz e solidariedade entre todos. No âmbito do centro espírita, o evangelizador da infância deve procurar ser um verdadeiro mestre, aprendendo com Jesus a melhor educar a criança através das lições

do evangelho. E os dirigentes espíritas devem dar todo e incondicional apoio a essa sublime tarefa. r ****** Para a melhor educação do espírito Diante dos novos tempos e dos desafios que as novas gerações nos apresentam, desenvolvemos o projeto Educação do Espírito, distribuindo gratuitamente o mesmo para os interessados. Para solicitar os livros que compõem o projeto, visite www.marcusdemario.com. Para os educadores do Brasil Dezenas de cursos livres de qualificação estão disponíveis através da educação a distância em www. ibemeducaead.com.br. Professores especializados em humanização do ensino, escola inovadora, mediação de conflitos, cultura da paz e outros temas estão esperando por você. Matrículas abertas.

Kardec – 3 de outubro Outubro é o mês de nascimento de Allan Kardec, o codificador do Espiritismo. O educador Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu em 1804 e durante 30 anos dedicou-se inteiramente ao ensino, escrevendo obras didáticas. Convencido de sua condição de espírito encarnado, Rivail adotou um nome já usado em existência anterior: Allan Kardec e, de 1855 a 1869, consagrou sua existência ao Espiritismo, procurando ressaltar a igualdade entre os homens perante Deus, a tolerância, a

liberdade de consciência e a benevolência mútua. Desencarnou aos 65 anos, em 31 de março de 1869. Nossa homenagem de gratidão!


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Há luz no fim do túnel Autoconhecimento para vencer a depressão Luciana Vicente

Assoc. Jornalistas e divulgadores da Doutrina Espírita – AJES/MS

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oi em meio a sua busca incessante por conhecimento que a personagem dessa história, que chamaremos apenas pelo primeiro nome, Roberta, conseguiu voltar a sorrir. Ela faz parte da estatística de 300 milhões de pessoas com depressão, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Roberta prefere ser chamada apenas pelo primeiro nome porque tem medo de enfrentar dificuldades adicionais por preconceito numa eventual disputa por emprego. Roberta conseguiu perceber que estava perdendo a vontade de viver. Como sempre gostou muito de ler, mesmo sem o entusiasmo habitual, começou a pesquisar. Percebendo que poderia se tratar de uma depressão, resolveu procurar ajuda. Mas, nem sempre é assim. Muitas pessoas não sabem o que está acontecendo com elas, ou não têm forças para reagir sem que parentes e amigos próximos possam encaminhá-las para um profissional.

Insônia, dificuldade em relaxar, impaciência, alta irritabilidade, medo de adoecer, inquietude, oscilações no humor, são alguns dos sintomas que sugerem a busca de ajuda profissional, uma vez que os mesmos sinalizam que os limites psíquicos estão sendo ultrapassados. A psicanalista Regina Medeiros explica que “a depressão é com certeza uma doença humana do ‘tempo’. A pessoa deprimida pede ‘tempo’ para si mesma. O tempo que não se deu e por esse motivo, começa a sentir a necessidade de parar com a banalização de seus sentimentos há muito desconsiderados. Essa continuada desconexão consigo mesma, ao longo do ‘seu tempo’, na tentativa de ‘dar conta’ da vida, geram os sintomas, sinalizando

a necessidade de literalmente ‘parar’. Parar e comunicar sua dor para si própria, permitindo-se, finalmente, senti-la”. Ainda conforme a psicanalista, “a psicoterapia é um caminho e pode ser acompanhada ou não de outros recursos (dependendo de cada caso), sejam farmacológicos ou terapêuticos complementares, pois ela propiciará o ‘tempo’ que o depressivo tanto necessita. O tempo da fala e da escuta para que possa viver o não-elaborado (compreendido e aceito) ao longo de sua vivência”. Como dar a volta por cima, segundo o espiritismo No livro “Receitas de paz”, Joanna de Ângelis, através da psicografia de Divaldo Franco,

© Fotorech. Image from pixabay.com

Insônia, dificuldade em relaxar, impaciência, alta irritabilidade, medo de adoecer, inquietude, oscilações no humor, são alguns dos sintomas que sugerem a busca de ajuda profissional, uma vez que os mesmos sinalizam que os limites psíquicos estão sendo ultrapassados


PÁGINA 5 ensina que a depressão tem origem no espírito, que reencarna trazendo consigo possíveis culpas do passado. Justamente essa culpa, acaba roubando a alegria de viver do indivíduo. “Se desejarmos examinar as causas psicológicas, genéticas e orgânicas, bem estudadas pelas ciências que se encarregam de penetrar o problema, temos que levar em conta o Espírito imortal, gerador dos quadros emocionais e físicos de que necessita, para crescer na direção de Deus”, ressalta Joanna. Ela também reforça a importância do acompanhamento terapêutico: “Face às suas cáusticas manifes-

Outubro de 2019 tações, a terapia de emergência faz-se imprescindível, embora, os métodos acadêmicos vigentes, pura e simplesmente, não sejam suficientes para erradicá-la.” E vai além: “Permanecendo as ocorrências psicossociais, socioeconômicas, psicoafetivas, que produzem a ansiedade, certamente se repetirão os distúrbios no comportamento do indivíduo conduzindo a novos estados depressivos.” Para Joanna de Ângelis ter o pensamento em Deus, evitar a hora vazia, substituir o pessimismo pelo otimismo e ter resignação diante do que não se pode mudar são atitudes que ajudam a combater a doença.

Emmanuel e André Luiz, por meio da psicografia de Chico Xavier, também escreveram sobre o tema. No “Texto Antidepressivo “, eles recomendam que orar, procurar fazer coisas boas e manter leituras edificantes auxiliam bastante e aconselham diretamente aos que lidam

com a situação: “ Guarde a convicção de que todos estamos caminhando para adiante, através de problemas e lutas, na aquisição de experiência, e de que a vida concorda com as pausas de refazimento das nossas forças, mas não se acomoda com a inércia em momento algum”. r


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Gritos de socorro Uma homenagem à criança Rutiméia Tagliavini rutimeia@yahoo.com.br

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u estava escrevendo, quando meu filho Erick de sete anos de idade se aproximou de mim correndo e gritando: — Mamãe! Mamãe! — O que foi filho? — O que você está escrevendo de mim aí em? — Estou escrevendo algumas coisinhas que estão no meu coração. — Me deixa escrever também, mamãe? — Claro filho, pode escrever. -Mas o que eu escrevo? — Ah! Escreve coisinhas que estão no seu coração também. Então o deixei, e após alguns minutos ele disse: — Já terminei! Vem ver o que eu escrevi. Ele havia escrito ERICK e desenhou três flechas que saiam do seu nome e indicavam três palavrinhas: AMOR, FÉ E PAZ. — Nossa filho que lindo! As coisinhas mais lindas que uma pessoa pode ter no coração. O Erick continuou insistindo. — Mamãe, agora eu quero escrever um texto grande, igual ao seu. Eu quero um caderno também. Peguei um caderno, o entreguei e ele me disse: — Esse será o diário importante do Erick. — Tenho certeza que será. Enquanto ele escrevia, eu comecei a pensar se talvez eu não tivesse tido a sensibilidade de dar atenção ao meu filho naquele momento, eu ficaria sem saber o que ele carrega no coração e ainda, deixaria de lhe dar a oportunidade de se expressar, expor seus sentimentos e desejos.

Ouvimos diariamente gritos de socorro entre pais e filhos. A busca incessante por despertar a sensibilidade e a atenção um do outro e a guerra contra a apatia. E os gritos ecoam: — Mamãe, me deixa ver o que você está fazendo? — Isso não é para você! — Mamãe olha o meu desenho! — Espera um pouco, agora preciso enviar essa mensagem. — Papai joga bola comigo? — Mais tarde! Preciso lavar o carro! — Mamãe, vamos brincar de pega-pega? — Estou fazendo almoço. Pede para seu pai! — Filho, sai desse celular e vem almoçar! Você está ficando obeso. Deixa a sua nutricionista saber que você se alimenta no quarto e em frente à televisão. — Filho, desliga o notebook, você tem sessão com a psicóloga. Ela já te disse que você precisa diminuir o uso da internet, porque as horas insuficientes de descanso e sono, além de não exercer outras atividades, estão interferindo no seu humor, no seu emocional e o levando a desenvolver a apatia. — Filho, hoje tem fisioterapia. Também! Olha o jeito que você fica o dia todo sentado, ou seja, quase deitado nessa cadeira em frente a essa tela de computador, sem se movimentar! — Filho, deixa esse vídeo game e vai ler um livro, estudar! — Filho o oftalmologista disse que você precisará usar óculos devido a grande permanência e olhar

Original produzido pelo garoto

fixo e muito próximo às imagens e a claridade da tela do celular. — Filho, sai desse quarto escuro e vai ver a luz do sol, fazer algum esporte, sair com seus amigos... — FILHO!!! FILHO!!! FILHO!!! — SOCORROOOOO!!!!! A sensibilidade consiste na capacidade perceptiva sensorial referente às emoções, sentimentos ou mesmo as sensações físicas. (Dicionário) Expressar a sensibilidade nos permite liberar uma energia emocional que pode ser conduzida de forma criativa e construtiva. Antagonicamente a sensibilidade, a apatia se destaca por uma condição psicológica designada por um estado emocional de indiferença. É a falta de emoção

ou motivação de um indivíduo perante algo ou alguma situação, tendo como alguma das suas características, o desgaste físico, a inércia, a fraqueza muscular e a falta de energia. (Dicionário) A palavra apatia tem origem no grego apátheia, onde páthos que remete para, “aquilo que afeta o corpo e a alma”. É o estado de uma alma indiferente, que não é suscetível de se emocionar, por falta de sensibilidade ou de sentimento. (Dicionário Etimológico) Estimular a sensibilidade e dar atenção e dialogar com os filhos, é muito importante para o desenvolvimento intelectual, físico, emocional e espiritual. — Mamãe! Acabei de escrever o meu texto. Quer ler? — Sim! Claro que eu quero! r


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Exortação à justiça! “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça...” Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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comum confundir-se esta penúltima exortação de Jesus com a quarta: felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados (publicada no Tribuna, junho-2019). Entretanto, elas apresentam significativas diferenças. A primeira questão que se apresenta é a seguinte: qual o significado de justiça? E a outra questão, decorrente desta é: a qual justiça Jesus se referia, a divina ou a dos homens? O Livro dos Espíritos apresenta a décima lei moral: a lei de justiça, de amor e caridade (Livro Quarto, cap. XI). Ensinam os benfeitores espirituais que o sentimento de justiça pertence à Natureza e se desenvolve com o progresso moral do Espírito, porém o egoísmo faz com que a esse sentimento se misturem interesses de ordem pessoal aparentando ser justo o que é injusto. A questão 875 de O Livro dos Espíritos define o significado de justiça: consiste no respeito aos direitos de cada um! A pergunta decorrente dessa definição é: o que determina esses direitos? E os Espíritos respondem: eles são determinados pela lei humana e pela lei natural, entretanto nem sempre o direito

estabelecido pelos homens está de acordo com o da justiça divina. Allan Kardec formula então aos Espíritos uma pergunta crucial (876): além da lei humana, qual é a base da justiça fundada sobre a lei natural? A resposta dos Espíritos é magnânima: “O Cristo vo-la deu: desejai para os outros o que quereríeis para vós mesmos. Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça, pelo desejo de cada um de ver respeitar seus direitos. Na incerteza do que deve fazer em relação ao seu semelhante em uma dada circunstância, o homem se pergunta como ele desejaria que se fizesse para com ele em circunstância semelhante: Deus não poderia dar-lhe um guia mais seguro que a sua própria consciência.” Portanto, o desenvolvimento do senso moral leva ao desenvolvimento do senso de justiça e a regra de ouro dos ensinamentos de Jesus leva ao equilíbrio da vida em comum com base no respeito recíproco! Quando a lei natural é vivenciada em plenitude o equilíbrio se estabelece naturalmente; quando é desconsiderada o desequilíbrio se instaura instantaneamente.

Podcast de Maroísa A conhecida autora das páginas mensais do Tribuna do Espiritismo, inspirada pelo trabalho de elaboração dos artigos, lançou agora áudios das Bem-aventuranças. Visite para ouvir, conhecer, divulgar. Podcast é um arquivo digital de áudio transmitido através da internet, cujo conteúdo

pode ser variado, normalmente com o propósito de transmitir informações. Maroísa é radica em Limeira-SP, autora do recém-lançado livro Allan Kardec em Revista (Casa Editora O Clarim) e se tem dedicado com afinco à divulgação espírita, por meio de seus estudos. Visite para conhecer.

Cabe aqui outra colocação: Jesus se dirigia a pessoas comuns e não aos magistrados do Direito. Não é necessário nenhum destaque intelectual, político, social ou religioso para se alcançar essa bem-aventurança. Jesus promete o Reino dos Céus aos perseguidos pela justiça assim como prometeu aos humildes! Portanto, a humildade é a virtude fundamental para o respeito aos direitos naturais inerentes a todos os seres! Onde terminam então os nossos direitos? E os Espíritos ensinam: terminam onde começam os direitos do próximo!

Finalizando o estudo deste tema Kardec indagou ainda aos Espíritos (879): qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza? E a resposta: o verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porque praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça. Essa exortação exige muita compreensão e vivência das leis divinas para ser conquistada. Colocarmo-nos no lugar do outro para fazer a ele o que for justo, ainda é um exercício difícil para a maioria de nós! A conquista das demais virtudes exaltadas por Jesus faz-se necessária: a humildade, a mansuetude, a resignação, a justeza, a misericórdia, a pureza de compaixão, ser pacificador. Somente os que as alcançam estão habilitados a lutarem, sem temer perseguições, pelos direitos naturais que vigoram sobre toda a criação divina! r


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Outubro de 2019

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

O Apocalipse Livro centenário de Cairbar Schutel, abordando o texto de João foi relançado Cássio Leonardo Carrara cassio@oclarim.com.br

O

Apocalipse de João é considerado o livro das predições, narrando em linhas gerais, e repleto de simbologias, aquilo que havia de suceder no mundo religioso. Porém, interesses vários ao longo da História deturparam a interpretação de seu texto, adequando-a a conveniências temporais.

Em 1918, Cairbar Schutel dedicou-se a estudar profundamente o conteúdo do Apocalipse de João, extraindo deste lógica e bom senso à luz da Doutrina Espírita e desmistificando seu entendimento. Deste estudo, surgiu a obra Interpretação sintética do Apocalipse. Centenário, o livro foi revisado e ganhou edição revitalizada, adequando-se

ao formato da Coleção Cairbar Schutel, que engloba os livros de sua autoria enquanto encarnado. “Enquanto há ignorância, tudo é mistério, tudo é indecifrável, mas depois que o sol do progresso aquece as nossas almas, partem-se as cascas do mistério, rasga-se o véu da letra e as coisas nos aparecem tais como são, a verdade ostentando a beleza de sua nudez”, afirmou Cairbar Schutel. Cairbar Schutel não desejou fazer crítica sem exame e meditação

profunda, mas sim aclarar ideias, estudar questões que se ligam ao bem-estar geral, e, censurando o erro que subjuga as consciências, fazer brilhar a verdade. Assim orientado, poderá o leitor penetrar os mistérios do Apocalipse, embasado em orientações seguras, fruto dos estudos de Cairbar Schutel, autor de outras obras importantes como Parábolas e Ensinos de Jesus, Vida e Atos dos Apóstolos e O Espírito do Cristianismo. r


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