Tribuna do Espiritismo - julho de 2019

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ÓRGÃO MENSAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA PARA TODO O BRASIL • JULHO DE 2019 • ANO 6 • Nº 70 • 3.000 EXEMPLARES • DISTRIBUIÇÃO GRATUITA www.institutocairbarschutel.org – www.associacaochicoxavier.com.br

Compaixão

Crédito: www.cebi.org.br

“Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.” – Página 7

Agora o jornal é virtual. Acesse: www.tribunadoespiritismo.org Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT

Remetente: INSTITUTO CAIRBAR SCHUTEL Cx. Postal 2013 – 15997-970 – Matão-SP.


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Editorial

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Nova fase

sta publicação reduziu, a partir da presente edição, sua tiragem mensal, mantendo remessa impressa apenas para casos estratégicos, face aos altos custos de impressão e distribuição, bem como os novos hábitos da atualidade e novos tempos no trato com a divulgação e a informação. Todavia, continua sua missão: informar, motivar, conscientizar, unir. E os exemplares, para quem não os receber em mãos — impressos — estão disponíveis virtualmente no site do jornal, que pode ser acessado no portal www.tribunadoespiritismo.org. Há que se levar em conta vários fatores que levaram à decisão de reduzir a tiragem da publicação, sem prejuízo de seu conteúdo. O que agora temos a solicitar dos amigos é que compartilhem pelo face e WhatsApp os conteúdos virtuais da edição que vamos gradativamente postando para que a publicação continue a cumprir sua função maior: divulgar o Espiritismo. De nossa parte continuamos a trabalhar para aprimorar sua apresentação mensal. r

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Como faz bem esquecer Providência é sábia Rogério Miguez rogmig55@gmail.com

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uem se alegra em lembrar dos deslizes cometidos na vida presente? Alguém sente satisfação em relatar práticas contrárias às leis de Deus? Traz tranquilidade manter bem vivo na memória os feitos impensados cometidos no passado desta mesma existência? Pouquíssimos, ou mesmo ninguém, responderia estas perguntas dizendo sim: É muito bom lembrar os equívocos passados, expondo-os a todos! Estas poucas questões nos indicam não valer a pena recordar os enganos praticados, pelo contrário, na verdade fazemos de tudo para apagar completamente lembranças de todo e qualquer vestígio dos antigos atos irrefletidos. É natural, afinal, bom mesmo é recordar coisas boas, experiências saudáveis, atitudes corretas tomadas em momentos críticos, lembranças de fatos trazendo-nos alegria e satisfação, isto sim é gratificante. Diante desta constatação, por que alguns desejam avidamente conhecer quem foram em antigas vidas? Há alguma lógica em desejar descortinar episódios distantes, quando sabemos que estamos ainda ligados a um mundo de provas e expiações, cuja característica básica

é a de abrigar Espíritos faltosos e contumazes descumpridores dos postulados divinos? Esta é a realidade, poucos podem acessar o passado e não se envergonhar; raros são os detentores da condição de não se surpreender diante da recordação de levianas atitudes e grosseiras condutas praticadas contra o próximo, e, tantas vezes, contra nós mesmos. É por conta desta realidade que Deus nos faz esquecer temporaria-

(...) bom mesmo é recordar coisas boas, experiências saudáveis, atitudes corretas tomadas em momentos críticos, lembranças de fatos trazendo-nos alegria e satisfação, isto sim é gratificante

mente muitas experiências e ações desagradáveis do nosso pretérito, todas registradas no perispírito. A lei do esquecimento é uma dádiva para Espíritos ainda pouco afeiçoados à prática do bem, como todos nós ainda somos, pois, recordando-nos de tudo que já fizemos; e se aqueles a nos cercar, os nossos próximos mais próximos - os familiares -, também tivessem este conhecimento, a vida se tornaria insuportável, os grupamentos familiares se esfacelariam, inviabilizando a evolução do grupo. Desta forma, não nos preocupemos em desvendar o pretérito batendo às portas dos adivinhos,

magos ou bruxos. Embora alguns possam ser verdadeiros médiuns, não detém autorização para revelar o passado, e, na ânsia de consegui-lo, estaremos sujeitos a toda a sorte de embustes e mentiras, sempre prejudiciais ao nosso momento presente. Mas como fazer então!? Trabalhemos as nossas tendências instintivas, observemos as nossas condutas, estejamos atentos à forma como agimos e reagimos no nosso cotidiano diante das situações corriqueiras do dia a dia, estes são bons indicadores de como vivemos no passado, dizem muito sobre nós mesmos, dão-nos uma boa ideia do que fomos e do que continuaremos a ser, caso não trabalhemos os aspectos negativos de nossa personalidade. E mais, quando estivermos insatisfeitos e desgostosos na vivência de nossas inexplicáveis expiações e provas, ambas medidas corretivas e auxiliadoras em nosso processo evolutivo; quando as dúvidas nos assaltarem a consciência tornando a vida aparentemente insuportável, experimentemos conversar com o nosso guia espiritual, ele está sempre atento ao nosso momento, quem sabe, após uma oração sincera, a leitura de um texto evangélico, renovadas forças nos serão comunicadas, talvez uma nova luz se acenda em nosso cinzento horizonte, e, com estas providências divinas, poderemos retomar o andamento de nossas jornadas com ânimo forte e a convicção de que Deus é sábio e justo, quando determina este provisório esquecimento do passado. r


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O centro espírita e a educação Qual o verdadeiro papel? Marcus De Mario

marcusdemario@gmail.com

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Espiritismo é doutrina de educação da alma imortal, tendo surgido na metade do século XIX para realizar a transformação moral da humanidade. É uma filosofia com base científica e de consequências morais. Tendo isso muito claro a partir do estudo das obras de Allan Kardec, que por sua vez estudou os ensinos dos espíritos superiores, compreendemos que o centro espírita, para representar com fidelidade a doutrina, deve ser um verdadeiro centro educacional dos espíritos reencarnados, todos nós, onde os serviços de estudo, divulgação e evangelização devem ser priorizados. Entretanto, nem sempre é o que vemos acontecer. Há verdadeira febre nos centros espíritas pelo chamado tratamento espiritual, chegando-se a reservar vastas dependências físicas para leitos e macas, com dezenas de médiuns dedicados a atender centenas de pessoas, fazendo com que o centro espírita mais pareça um hospital – de corpos! Mas o corpo é perecível, é finito, enquanto a alma é imortal, volta ao mundo espiritual. E voltará como se não recebeu a oportunidade de autoconhecimento e autoeducação? Muitos centros espíritas, apesar da ampla movimentação de pessoas enquanto tarefeiros, cooperadores, não têm o serviço de evangelização da criança e do jovem, e os grupos de estudo do Espiritismo, quando existem, padecem de adesão. Esse centro espírita pode ser considerado legítimo representante do Espiritismo? Quando falamos que o centro espírita deve ser um verdadeiro

centro educacional de almas, não estamos querendo dizer que o centro espírita deve ser uma escola com salas de aula, professores e currículo. Não é isso. Aliás, esse modelo escolar está ultrapassado e não deve ser copiado pelo centro espírita. Entendemos, com Kardec, que os serviços ligados à educação devem ser fomentados, mantidos e qualificados por serem imprescindíveis para a humanização e moralização das crianças, jovens e adultos. A evangelização (ou educação) espírita da infância, os grupos de jovens, os grupos de estudo do Espiritismo devem ser a base do centro espírita, trabalhando o potencial intelectual e afetivo de cada ser para que tenhamos no mundo pessoas de bem, pessoas éticas, pessoas solidárias. Isso não quer dizer que serviços outros como o atendimento fraterno, a assistência e promoção social, a mediunidade e assim por diante não devam fazer parte do centro espírita, pois tudo o que é útil e faça o bem, desde que esteja de acordo com os princípios e valores que fundamentam a doutrina, pode ser desenvolvido e ofertado. Nosso alerta é para que não invertamos as prioridades. Recordemos importante ensino a esse respeito feito por Allan Kardec em magistral comentário à questão 685a de O Livro dos Espíritos: “Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação

moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos. Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios instintos, serão de espantar as consequências desastrosas que daí decorrem? Quando essa arte for conhecida, compreendida e praticada, o homem terá no mundo hábitos de ordem e de previdência para consigo mesmo e para com os seus, de respeito a tudo o que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar menos penosamente os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos”.

Eis o trabalho que é também de competência do centro espírita. Reflitamos com seriedade e profundidade sobre esse tão importante tema: o centro espírita e a educação. r ****** Uma nova proposta pedagógica Solicite gratuitamente o Projeto Educação do Espírito (são dois livros digitais entregues via e-mail) e conheça, estude e trabalhe a evangelização espírita de forma diferenciada. Como solicitar? Enviando mensagem para marcusdemario@ gmail.com. Livros espíritas sobre educação Os livros Visão Espírita da Educação, Educação com o Cristo e Família, Espaço de Convivência, de minha autoria, todos com 20% de desconto, podem ser adquiridos em www.marcusdemario.com.


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Saúde preventiva Em busca do equilíbrio do corpo e da alma Raul de Mello Franco Jr. raulmfranco@gmail.com

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mundo desperta para a realidade da estreita interação entre saúde e espiritualidade. As mídias eletrônicas e as redes sociais propagam, todos os dias, a importância da prece, da irradiação de energia pelas mãos, da meditação, da alimentação saudável, dos recursos regeneradores da natureza. O homem moderno vai descobrindo que espiritualidade não está, necessariamente, vinculada a uma religião e que o equilíbrio ou o desequilíbrio da dualidade espírito-matéria é o contrapeso da balança de saúde ou doença. A doutrina espírita, em especial, está repleta de lições de alerta, a evidenciar que a quase totalidade das doenças nasce de nossos excessos, abraça o nosso campo energético e vibracional e se consolida em quadro mórbido que não se restringe ao corpo físico. Neste cenário, parece mesmo inacreditável que pessoas com razoáveis conhecimentos doutrinários imprimam um estilo de vida, de clara imprudência, como se a cabedal dos ensinamentos que dominam não passasse de um monumento à razão pura, a dispensar ações concretas e a luz divina.

As obras de André Luiz nos trazem magníficas ilustrações dessa triste realidade. Em Missionários da Luz, André e outros espíritos visitam uma sessão de serviço mediúnico. O que relatam, portanto, aconteceu no interior de uma casa espírita, na abertura dos trabalhos de psicografia. Chama-lhes a atenção a pessoa de um rapaz que, de lápis em punho, esperava por uma comunicação. Embora a epífise registrasse pequena atividade, o aparelho genital estava em convulsão. André identifica aluviões de corpúsculos negros de espantosa mobilidade, que formavam colônias nas vesículas seminais, na próstata e na uretra do rapaz, travando guerra com as células sexuais. Alexandre, o seu instrutor, explica: “são bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela febre de prazeres inferiores”. São desconhecidos pela medicina humana. As “larvas” (denominação genérica utilizada por Alexandre) eram cultivadas pelo próprio indivíduo, cuja vida sexual era desregrada. Entidades grosseiras o acompanhavam, produzindo aquela contaminação. Tratava-se de trabalhador que, embora médium e conhecedor da doutrina espírita,

acreditava que o sexo nada tinha a ver com espiritualidade e agia como se a alma fosse absolutamente separada do corpo físico. Descreveram, ainda na mesma sessão, um cavalheiro (outro médium) cujo aparelho gastrointestinal estava ensopado em aguardente. O fígado enorme, o baço com atividade estranha e os rins com dinâmica extenuante eram apenas a parte visível, da estrutura material, do que se passava no campo espiritual: completo desequilíbrio dos centros vitais. Uma senhora (outra médium) apresentava o aparelho digestivo inundado por pastas de carne e gordura, cheirando a vinagre. Corpúsculos semelhantes a lesmas famintas e vorazes atacavam e destruíam os sucos gástricos. Sofria as consequências dos excessos alimentares que, por sua vez, desequilibravam todo o seu psiquismo. Os excessos do sexo, do alcoolismo ou da gula são apenas alguns exemplos do quanto muitos de nós mesmos, espíritas, ainda permanecemos longe de transformar conhecimento em saúde do corpo e do espírito. Matéria e espírito não podem ser encarados como unidades estanques e dissociadas

se, no curso da jornada encarnatória, sequer é possível traçar a linha divisória perfeita entre um campo e outro. Todo excesso do corpo é desperdício de forças da alma. Cada descuido na nossa viagem de adestramento, mergulhados na matéria, gera consequências que se amontoam nos nossos corredores de sofrimento. O sexo equilibrado, o aperitivo, a refeição bem escolhida ou preparada não são desvios, lembra Alexandre. Todavia, se perdemos o senso da ponderação e do equilíbrio, descambamos por desfiladeiros de dor que, sem razão, iremos tributar ao acaso, à má-sorte, à herança genética ou mesmo a resgastes inadiáveis de erros cometidos em encarnações passadas. Não é bem por aí. Quase todas as nossas doenças são produzidas pelos nossos descuidos, comodismos, falta de disciplina alimentar ou de cuidados com o corpo e com o espírito. As transformações que geram saúde não acontecem em episódios instantâneos. Supõem autoconhecimento, persistência, renúncia ao prazer sem rédeas ou às excessivas facilidades do mundo moderno. “A consciência traça o destino, o corpo reflete a alma”, nos ensina André Luiz (Entre a Terra e o Céu). Podemos concluir, nesta linha, que a saúde preventiva germina nas conquistas do espírito para, só mais tarde, desabrochar no bem-estar que inclui a higidez do corpo físico, embora nos abra horizontes para caminhar para muito além dela. r


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Com os jovens no EAC 2019 Inscrições também pelo site do Instituto Cairbar Schutel

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ovens, adolescentes terão atividades específicas, simultaneamente ao evento. Conheça um pouco dos nossos convidados: CAROL OLIVEIRA 10 anos de experiência trabalhando com a Juventude Espírita, cocriadora da página Espiritismo

ANA TALAVERA Comunicóloga de formação, iniciou seus estudos no Espiritismo em 2012 como vocalista da banda Sol de Outubro. Foi convidada a assumir a Secretaria de Comunicação da 1ª Assessoria do Departamento de Mocidades da USE/SP na gestão de 2015-

Júlio, Carol e Ana

da Depressão e canal Meninas Espíritas, apresentadora do programa Juventude Maior da Tv Mundo Maior e Rádio Boa Nova, palestrante, e Coach para jovens. JULIO SENA Julio Sena é comunicador, palestrante e trabalhador do Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz. Profissionalmente trabalha na Rádio Boa Nova e TV Mundo Maior, emissoras da Fundação Espírita André Luiz. Faz parte da equipe do canal Meninas Espíritas e criou em 2017 o canal Coaching Espírita no YouTube.

2018. Atual dirigente do Geração Jovem e palestrante no Centro Espírita Nosso Lar Casas André Luiz. Cocriadora do canal Meninas Espíritas e administradora do Espiritalks. TATTO SAVI Cirurgião Dentista, tarefeiro do movimento espírita de Bauru-SP, onde reside, tornou-se muito conhecido por suas palestras sempre transmitidas ao vivo pelo FACE e tem visitado muitas cidades do estado e do país, com temas de expressivo conteúdo. r

Insegurança, medo e culpa Roda de Conversa em Araraquara-SP Data: 06 de julho de 2019, sábado, das 14 às 17h Local: Anfiteatro da Uniara – Av. D. Pedro II, 660 – centro Inscrições gratuitas: bit.ly/roda2019 Participantes: Alle de Paula, Gustavo Gandolfi, Manu Mandeli, Orson Peter Carrara e Tato Savi.

Perda de entes queridos Roda de Conversa em Jaboticabal-SP Data: 20 de julho de 2019 – sábado, das 15 às 17h Debatedores: Orson Peter Carrara, Sandra Fiore e Vinícius Castro Não há necessida de inscrição. Só comparecer. Local: Centro Espírita Universal - Av. José da Costa, 1119


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A escada que subimos de costas Perspectiva é diferente Mateus Balieiro mateus@balieiro.com

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o talmude Hebraico existe uma frase que diz: “Quem salva uma pessoa, salva o mundo inteiro”. Só existe uma pessoa que você pode salvar. Talvez você acredite, como Kardec, que as maiores chagas da humanidade sejam o orgulho e o egoísmo. Sem dúvida, para o observador atento que testemunhar ou estudar as atrocidades e misérias que vitimaram a humanidade ao longo de sua história, encontrará sem exceção o vermelho vivo do orgulho e do egoísmo. Tal qual dia e noite, um estará sempre acompanhado do outro e presentes na raiz motivacional de todas as calamidades coletivas ou individuais da jornada humana na terra. Evidente os traços escarlates no caráter de déspotas e ditadores, na real motivação de seus atos. Tornam-se evidentes em mim e você, nos nobres e parcos momentos de lucidez, ao confrontar nossa consciência sobre os males que nos apavoram, se o fizermos com a necessária lisura. Mas a verdade é uma escada que subimos de costas. A cada degrau alcançado temos um pouco do horizonte dilatado. Para nós, o que vemos é tudo o que existe. Só quando subimos mais um degrau é que nos damos conta de que existe algo mais. O problema de subir uma escada estando de costas para ela e de frente para o horizonte é que não importa em que degrau você está, você nunca saberá quanto ainda falta por subir e até, finalmente, ver do topo.

Notórios tiranos permitiram que o orgulho e o egoísmo os guiassem ao inevitável fracasso. Mas sem a predominância da ignorância, essas mazelas não teriam êxito sobre seu caráter. Só através do desconhecimento da verdade sobre a vida é que a vida perde seu valor. A importante reflexão a fazer sobre isso é nos perguntarmos: quanta tirania jaz em nós, latente

mazelas. Apesar de apreciável avanço, é a análoga figura dos cegos curados pelo Mestre, que recobrando a luz dos olhos da carne, continuam ignorando sete oitavos da realidade que os cerca. O conforto e assertividade oriundos da identificação desses males por trás de nossas íntimas motivações, são apenas um engodo da ignorância. Camada fina de

no íntimo, mas adormecida para a sociedade por falta de ocasião oportuna? Nossa falha como ser humano é que alimenta nosso fracasso como sociedade. Reconhece o iniciado pelo esforço que faz por justificar suas faltas com a identificação destas

gelo superficial que escondendo o abismo escuro onde o que desconhecemos toma a proporção de enorme iceberg. Visualize um novelo de lã. Uma das pontas é fácil de ver. Esse é como estamos no agora. A outra, após voltas e voltas, fica invisível. Este é quem somos. Contudo se

desenrolarmos o novelo chegaremos à origem. Conosco não é diferente, talvez um pouco mais complicado. O orgulho e o egoísmo são como as voltas que a lã faz no novelo que com o tempo se tornam um padrão de comportamento. Mas não são a origem. Na analogia com as voltas, são meios incorporados a persona, para atingir um almejado fim. O cerne de toda mazela repousa sobre os ombros largos da ignorância. A causa de toda aflição vivenciada por mim, por você ou pela humanidade, nasce da ignorância. Combater a ignorância é o verdadeiro propósito do evangelho. Não por menos que o único título que Jesus aceitou foi o de Mestre, pois sua única missão era nos livrar da ignorância. Conhecimento não é o remédio definitivo para a ignorância. É preciso vivenciar esse conhecimento e transformá-lo em saber. Pois quem crê pode encontrar-se descrente amanhã, mas quem sabe, sabe. Analise as más escolhas do seu passado recente, que hoje já é capaz de perceber e identificara uma avalanche de “ses”. Se não tivesse feito aquilo... Se não tivesse deixado de fazer isso... Se tivesse me calado… Hoje és capaz de tais conclusões pois libertou-se ligeiramente da ignorância neste pormenor. Colheu o fruto da má escolha. Se soubesse o que sabe hoje, o desfecho neste caso seria diverso. A causa profunda não está no arraigado hábito do orgulho ou do egoísmo, mas na presença constante que nos assinala a imperfeição. A ignorância. r


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Exortação à compaixão! “Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia.” Maroísa Baio

maroisafpb@gmail.com

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quinta bem-aventurança (Mateus 5:7), no original em hebraico, difere muito da forma como normalmente é apresentada: “Avante os que promovem a vida, porque eles receberão a vida”. Segundo o Prof. Severino Celestino, em seu livro “O Sermão do Monte”, há uma explicação interessante para isso: na tradução literal hebraica o termo gerador de vida foi traduzido para o grego como eleémon que significa misericórdia. Embora pareçam, à primeira vista, totalmente diferentes, os significados se encaixam: aqueles que têm o coração compadecido são promotores da vida em todas as suas expressões pois, conhecendo as necessidades e limitações de cada ser, procuram ampará-lo por meio de ações que o promovam para melhor, amenizando dificuldades ou eliminando-as! Ainda conforme as elucidações do Prof. Severino, este conceito também se adapta ao quinto mandamento do Decálogo: “Não matarás” (Êxodo 20:13), pois representa o respeito que se deve à vida! Portanto, nesta bem-aventurança, originalmente, Jesus exaltava o princípio de respeito à vida e sua promoção! A palavra misericórdia tem origem na junção de duas palavras em latim: miseratio (compaixão) + cordis (coração). Assim, pode-se entendê-la literalmente como coração compadecido. Note-se que nesta bem-aventurança a promessa de Jesus é muito clara: somente alcançará misericórdia quem for misericordioso.

A misericórdia é divisora de progresso espiritual. São nove bem-aventuranças e ela é justamente a quinta, colocando assim, quatro antes e quatro depois. As quatro primeiras tratam de virtudes conquistadas apenas em mundos de provas e expiações. Aprendendo a ser humilde, resignado, pacífico e a suportar com coragem as consequências de suas faltas, o Espírito se predispõe ao sentimento da compaixão. Quando esta se integra ao seu modo de ser e viver, ele estará preparado para viver em mundos de regeneração. Somente os misericordiosos é que conseguem ser puros de coração e pacificadores, ter a coragem moral suficiente para enfrentar as perseguições por serem justos e por amor a Jesus. Enquanto cultivarmos a mágoa, o ódio, o rancor, a intransigência e a dureza de coração, continuaremos estagiando nos mundos de expiações e provas pois somente estas nos ensinarão a sermos misericordiosos diante do sofrimento de nossos irmãos fazendo a eles o que gostaríamos nos fosse feito se estivéssemos nas mesmas situações. Como é maravilhosa a compaixão diante do sofrimento, das necessidades e das limitações de nossos irmãos! Tanto é amparado e dignificado aquele que a recebe quanto aquele que se compadece! No entanto, diante de intensos sofrimentos, sobretudos os inesperados, é fácil compadecer-se dos sofredores, clamando apenas Misericórdia, Senhor!, mas sem nenhuma ação positiva em favor dos

envolvidos. Essa compaixão, dita pelos lábios com os braços cruzados não é a que se refere o Mestre quando diz: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. (Lucas 6:35). Somente Deus conhece a extensão de nossas faltas e de nossos erros. Ainda assim, não deixa de ser misericordioso para conosco, oferecendo-nos tantas oportunidades quantas se façam necessá-

rias para o nosso reajustamento aos Seus Desígnios. Estamos todos, sem distinção, empenhados à Sua Misericórdia! Quando nosso coração se cobrir de sombras, em virtude da incompreensão alheia, das ofensas, dos prejuízos sofridos, das desilusões, lembremo-nos da infinita misericórdia divina que nos sustenta e deixemos que a compaixão desanuvie nosso mundo íntimo. r

Crianças e jovens também devem se inscrever e terão espaço/ programação especial (veja no site). Valores e prazos diferenciados visam estimular inscrições antecipadas para dimensionarmos o evento, inclusive por faixa etária. Evento também contemplará Fórum de Arte, que divulgaremos oportunamente. E aguarde as costumeiras surpresas Informações e Inscrições no www.institutocairbarschutel.org. De 1 de julho a 31 de julho Até 12 anos ISENTO De 13 até 21 anos R$ 25,00 Individual R$ 45,00 De 1 de agosto a 31 de agosto Até 12 anos ISENTO De 13 até 21 anos R$ 25,00 Individual R$ 60,00 1 de setembro: INSCRIÇÕES ENCERRADAS.


Fechamento autorizado Pode ser aberto pela ECT Julho de 2019

REMETENTE: Instituto Cairbar Schutel. Caixa postal 2013 15997-970 - Matão-SP

Prejuízos do palavrão Quais são em verdade esses desdobramentos? Orson Peter Carrara

Orsonpeter92@gmail.com

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pequeno garoto sofria há dias de uma difícil dor de cabeça que não lhe dava tréguas. Prostrado, preocupava os pais, pois se apresentava também febril e os medicamentos não surtiam efeito. Procuraram ajuda. A vinda daquela bondosa senhora, sempre disposta a atender e socorrer os dramas humanos decifrou o enigma. Ao adentrar a casa, com a ampliação de sua conhecida percepção visual, além das aparências, pode perceber pelas paredes da casa focos de lama, como verdadeiras gosmas que escorriam pelas paredes, pingavam do teto, causando grandes prejuízos ao ambiente doméstico. Ao entrar no quarto percebeu o garoto fluidicamente atolado no líquido lamacento, causa da forte dor de cabeça e do estado febril. A causa desses focos fluídicos de lama? O palavreado do pai. Habituado a palavrões, xingamentos, projetava no ambiente da casa o resultado de suas emanações men-

tais. A cada palavreado de revolta, a cada agressão verbal, a cada palavrão, a vibração de seus sentimentos através da voz agressiva projetava no ambiente do lar o resultado de seus desequilíbrios. A prece no ambiente dava a sensação de uma pá que juntava o lixo para jogá-lo pela janela, limpando aquelas vibrações pesadas espalhadas pelo pai descuidado. E como isso impressionava vivamente o garoto, que absorvia a agressividade do próprio ambiente! O cuidado com o que pensamos e falamos é vital para a paz interior e para a harmonia da família. O pensamento é capaz de construir o edifício grandioso de nossa felicidade ou o abismo de nossas perturbações. E o que pensamos acaba se transformando em ações... Cuidar da voz, da seleção de palavras que não firam a dignidade e que sintonizem com o bem geral que deve nortear nosso comportamento é mais importante do que imaginamos. Ocorre que o que pensamos, o que fala-

mos, atrai e sintoniza vibrações que se assemelham. O que fazemos, o que falamos, atrai para o ambiente onde vivemos vibrações que podem ser de harmonia ou de desarmonia, de paz ou de profundas perturbações. Trata-se apenas de selecionar o que é bom para que tenhamos conosco o mesmo bem que desejamos. O

O que fazemos, o que falamos, atrai para o ambiente onde vivemos vibrações que podem ser de harmonia ou de desarmonia, de paz ou de profundas perturbações

bem é sempre o bem, não tenhamos dúvida. O palavrão não tem espaço em nenhum lugar ou circunstância. Ele é sempre incabível, inoportuno, agressivo e dispensável. A propósito, é oportuno ler um trecho específico do livro Despedindo-se da Terra: “(...) Cada palavrão desferido por uma boca frouxa, acostumada aos xingamentos como forma de desafogo,

é comparável a um caminhão de lixo que verte sua caçamba no interior do ambiente, repercutindo, não apenas nas vibrações escuras que ficam reverberando pela atmosfera do lar, como atingem a cada um dos seus integrantes, na medida de suas sensibilidades, produzindo mal-estar, revolta, depressão, sofrimento, lágrima, raiva, ou desencadeando nova onda de palavras chulas que os outros possam atirar-lhe em forma de revide verbal ou mental. Não bastando isso, a degeneração fluídica que uma única expressão é capaz de iniciar, pode abrir as portas da estrutura familiar para o ingresso de um sem número de Espíritos inferiores que, posicionados nos arredores (...) se veem atraídos por aquele choque magnético que eles identificam (...) Desse jeito, a casa vai sendo ocupada por todo tipo de entidades sofridas ou maldosas que, por sua vez, saem em busca de seus amigos e os trazem para a nova moradia, piorando o estado geral da vibração coletiva (...)”. Nada mais tenho a acrescentar diante de tão claros e lúcidos argumentos. r


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