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Entrevista ao Nutricionista

Entrevista

Falámos com Filipe Oliveira, nutricionista de profissão, com o objetivo de compreendermos o impacto que a alimentação tem no nosso sistema imunitário.

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Filipe Oliveira nasceu a 2 de junho de 1992, nas Caldas da Rainha. É licenciado em dietética pela Escola Superior de Saúde de Leiria, parte do Instituto Politécnico de Leiria. Desenvolve a sua atividade em clínicas e instituições particulares de solidariedade social. Tem interesse em mudar comportamentos e fomentar hábitos alimentares mais saudáveis na população, nomeadamente nos mais novos.

Immunitas: Existem doenças autoimunes que impliquem alterações alimentares? Se sim, pode dar um exemplo? Filipe Oliveira: Existem variadas doenças autoimunes que implicam alterações alimentares. Na doença autoimune o sistema imunitário “confunde” as células com agentes invasores e ataca-as, em vez de as proteger. O lúpus eritematoso sistémico, doença celíaca, diabetes mellitus 1, esclerose múltipla e anemia hemolítica são alguns exemplos. No caso da doença celíaca, (esta) tem implicações na dieta, uma vez que é necessário fazer uma dieta isenta de glúten.

I: Que alimentos ou dietas sugere para fortalecer o sistema imunitário? F: A melhor dieta é aquela que conseguimos manter durante a nossa vida. Deve ser variada e equilibrada para fortalecer o sistema imunitário. Paralelamente à dieta é extremamente importante equilibrar a mente, praticar exercício físico e ingerir uma quantidade razoável de água, para o organismo estar em homeostase. Além disso devemos também fornecer ao organismo alimentos com densidade nutricional em detrimento de alimentos com densidade calórica.

I: Suplementos vitamínicos são uma forma eficiente de robustecer o sistema imunitário, ou deve ser dada prioridade à alimentação? F: Na minha ótica devemos primar por uma alimentação equilibrada, dando preferência por alimentos sazonais e frescos. Temos uma variedade de alimentos e condições climatéricas excelentes para uma produção agrícola eficiente. Só em casos excepcionais pode-se recorrer à suplementação vitamínica caso a pessoa não consigo obter um determinado nutriente com a dieta.

I: Chás e infusões herbais podem atuar como suplementos à alimentação para revigorar o sistema imunitário?

F: Sem dúvida alguma. A fitoterapia é excelente e temos uma variedade de ervas, plantas e raízes que nos permitem obter um conjunto de propriedades em vista ao benefício do corpo humano.

I: Observou efeitos da pandemia de Covid-19 na alimentação das pessoas? F: Sim. O stress, medo e ansiedade fez com que a maioria das pessoas alterasse os hábitos alimentares. Podemos observar duas situações em pandemia / confinamento: os dedicados à cozinha e alimentação de prato; e os dedicados ao sofá e alimentação de petisco.

I: Considera que a nutrição é um campo pouco explorado ou com poucos recursos? F: A alimentação tem sido muito explorada. No entanto, existem muitas teorias e mitos que acabam por confundir as pessoas de forma desnecessária.

I: Quais são as principais dificuldades que enfrenta diariamente, como nutricionista? F: A falta de motivação e interesse em fazer mais e melhor. Somos bombardeados com notícias mais sensíveis e estamos a passar uma fase atípica o que condiciona a nossa disposição e interesse em lutar por nós. I: Considera que a sua área de trabalho ganhou mais importância desde o início da pandemia? F: Há um interesse em começar um regime alimentar saudável. Com a história do vírus, a questão do sistema imunitário acabou por ser muito falado e, assim, a preocupação em ter e manter um sistema imunológico fortalecido foi premissa levando, assim, muitas pessoas à procura de um estilo de vida saudável. E um interesse em procurar alimentos mais equilibrados e saudáveis.

I: Considera que há falta de profissionais na sua área? F: Não (há) falta de profissionais, porém existem atividades e projetos diferenciadores que poderão impactar a nutrição.

I: O que diria a algum estudante interessado em trabalhar na área? F: É uma área desafiante, perceber todo o processo bioquímico do nosso organismo, e (compreender) algo que é transversal a todos os seres vivos, a alimentação. Mas também temos de ser conscientes de que a precariedade é muito frequente na área. Porém se formos dinâmicos e com interesse em fazer diferente e melhor teremos sempre um lugar garantido.

Immunitas: Obrigada pela sua colaboração!

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