A formação técnica em Minas Gerais: análise da oferta e da demanda

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Nesse sentido, iniciativas que possam atender às necessidades de revitalização e redimensionamento da qualificação, tendo em vista as novas demandas do mercado de trabalho e da sociedade, são fundamentais para a elevação da empregabilidade dos jovens. Alguns programas baseados nessas premissas já foram implementados no Brasil. As experiências mais notáveis são empreendidas pelo Governo Federal, com o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec, e pelos governos de Minas Gerais, com o Programa de Educação Profissional - PEP, e de São Paulo, com o Programa VENCE. Como políticas de governo voltadas à qualificação de jovens e adultos, esses programas vinculam empregabilidade à formação técnico-profissional, buscando elevar as possibilidades de inserção qualificada e de manutenção de seus públicos-alvo no mundo do trabalho. Tais iniciativas têm alcançado resultados importantes em termos de elevação da empregabilidade, permitindo avaliar os efeitos de uma política pública com essas características na superação de dificuldades com as quais a juventude se depara atualmente. Entretanto, ao se comparar a dinâmica da criação de empregos formais com a oferta de mão de obra qualificada, percebe-se o descompasso entre os setores que mais geram vagas e os que contam com estoque de indivíduos disponíveis para ocupá-las. Para que essas políticas possam gerar efeitos concretos na vida das pessoas, é preciso garantir que a oferta de cursos técnicos seja compatível com a demanda do mercado de trabalho. Cabe ao Estado o importante papel de promover a interação entre a oferta de qualificação e as necessidades do setor produtivo, ajustando o primeiro às demandas do segundo. No que tange especificamente ao ensino técnico, algumas características são consideradas fundamentais para que se possa ampliar adequadamente a oferta: diversificação e flexibilidade dos cursos, bem como parcerias entre empresas e os diferentes níveis de governo (SABOIA et al., 200913). As conclusões de um estudo realizado pela McKinsey&Company14 indicam que os mecanismos para aprimorar o processo passam por uma sinalização mais eficaz, que permita que empregadores e jovens informem uns aos outros exatamente o que cada um está procurando e o que cada um pode oferecer. Outro caminho é construir relações fortes e permanentes entre empregadores e instituições de ensino, promovendo o entendimento entre as partes. Neste estudo, propõe-se uma terceira forma, baseada no dimensionamento da demanda do mercado de trabalho a partir da análise de tendências e perspectivas de contratação e investimento, conjugando informações reais da economia local e da oferta de cursos técnicos. Este documento apresenta as características econômicas locais e identifica a necessidade de qualificação da mão de obra de nível técnico, tendo em vista o volume e ritmo de contratação nos últimos anos, as elevações relativas nos salários contratuais, bem como os investimentos e atividades econômicas de cada microrregião. Dessa forma, espera-se otimizar a formação técnica ofertada em Minas Gerais, em especial por programas como o PEP e o Pronatec.

13 SABOIA, J. et al. Tendências da qualificação da força de trabalho. In: KUPFER, D.; LAPLANE, M.; HIRATUKA, C. (Ed.). Perspectivas do investimento no Brasil: temas transversais. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009. 14 MOURSHED, Mona; FARRELL, Diana; BARTON, Dominic. Educação para o trabalho: Desenhando um sistema que funcione. McKinsey Center for Government, 2012.

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