O Carreteiro 554

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DESCARBONIZAÇÃO Transporte mais sustentável e redução de emissões são metas para os próximos anos Distribuição gratuita para motoristas de caminhão

OPORTUNIDADE CAMINHÃO PARA ELAS Empresas revelam principais itens avaliados na hora de contratar o caminhoneiro Banheiro privativo dentro da cabine é um dos destaques do Actros 2651 pensado para elas

554 DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO | www.ocarreteiro.com.br | ano 52 | Nº
PROFISSÃO
UM DOS PEDIDOS BEST TRUCK CONHEÇA AS MARCAS, PÓS-VENDAS E CAMINHÕES PREFERIDOS
2023
VALORIZAÇÃO DA
É
EXPECTATIVA
NA ESTRADA

DIAS MELHORES

Oano de 2022 não foi fácil para a maioria dos caminhoneiros. A constante alta do diesel provocou falta de previsibilidade e tornou difícil a missão de manter o caminhão rodando. Somado ao sentimento de desvalorização da profissão houve um aumento de insegurança, angústia e incertezas sobre como será o futuro para aqueles que dependem do caminhão como fonte de renda para manter a família. Alguns motoristas dizem não saber se continuam na profissão, outros já desistiram. Entretanto, há uma parcela que ainda acredita em dias melhores, em um futuro com mais oportunidades de fretes, infraestrutura adequada, alternativas viáveis para facilitar a troca do caminhão e de ações que valorizem mais o caminhoneiro. Esse clima de otimismo também foi vivenciado durante a Fenatran, maior feira de transporte da América Latina. Durante os cinco dias de evento, os mais de 66 mil visitantes puderam conhecer de perto os principais lançamentos das montadoras que sinalizaram para um transporte mais eficiente, rentável e, principalmente sustentável. Se depender dos equipamentos modernos e ações das empresas para melhorar a vida do caminhoneiro com tecnologias que facilitam o dia a dia na estrada, os próximos anos serão positivos para toda cadeia de transporte.

Mas, o grande desafio para os próximos anos é fazer com que todos esses benefícios sejam reproduzidos também fora da cabine dos caminhões. Quem vive de dirigir caminhão precisa voltar a se sentir valorizado e ter ferramentas para poder exercer a sua profissão com dignidade, segurança e retorno financeiro que permita a ele atualizar o seu principal instrumento de trabalho, ter uma reserva para emergências e realizar os seus sonhos. Uma coisa é certa, independente dos desafios enfrentados em 2022 é preciso manter a esperança de dias melhores. 2023 está apenas começando e ainda tem muita estrada pela frente. Que seja um ano de muitas conquistas e valorização para todos os caminhoneiros.

ocarreteiro.com.br 3 EDITORIAL

18 EXPECTATIVAS

Caminhoneiros fazem balanço de 2022 e falam de metas para o próximo ano

28 CURRICULUM

Como o motorista pode se preparar para se destacar na hora da contratação

SUMÁRIO

REVISTA

DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO

/OCARRETEIRO /OCARRETEIRO_ /OCARRETEIRO (11) 97362-0875 /REVISTAOCARRETEIRO

DESCARBONIZAÇÃO

DAF XF E CF

Nova linha promete redução de 10% do custo operacional; montadora espera alavancar em 20% o volume de emplacamentos em 2023 54

DEPRESSÃO

Caminhoneiros que superaram a doença alertam sobre a importância de um diagnóstico preciso e traramento eficaz

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Edson Pereira Coelho

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SEÇÕES 06 Notícias | 62 Classificados | 64 Tabelas | 66 Na Mão Certa 12 MULHERES NO TRC Movimentos de incentivo à contratação de mulheres e caminhão personalizado para elas foram destaques durante a Fenatran 24 BEST TRUCK Votação definiu os melhores veículos de cargas, marca e pós-vendas
do setor de transporte rodoviário de cargas 36
Empresas se empenham na meta de zerar as emissões até 2050 e apresentam alternativas sustentáveis para sustituição do diesel ED. Nº 554 • DEZ/2022 - JAN/2023 42 IVECO S-WAY Cavalo mecânico chega ao mercado brasileiro com o objetivo de elevar as vendas da marca no segmento de pesados 48

150 MIL CAMINHÕES CUSTOMIZADOS

A Volkswagen Caminhões e ônibus comemorou em dezembro de 2022 a marca de 150 mil veículos customizados em 21 anos de parceria com o BMB, centro de otimizações exclusivo da montadora instalado ao lado da fábrica em Resende/RJ. Segundo a empresa, as transformações mais solicitadas são de veículos 6x2 e 6x4 para 8x2 e 8x4, além do VW Delivery 11.180 4x4 e a inclusão do aparelho de ar condicionado. O portfólio de modificações chega a 30 diferentes modelos diferentes da marca. Os Volkswagen customizados seguem também para mais de 30 países da América Latina, África e Oriente

Médio, o que motivou a montadora em 2017 a internacionalizar o negócio com a inauguração do primeiro centro de customizações da empresa no México, onde a unidade foi instalada no mesmo parque industrial da companhia. “Somos reconhecidos no mercado pelo slogan ‘sob medida’. Fomos a primeira montadora a entregar caminhões e ônibus customizados e com a qualidade assegurada da VWCO, amplamente reconhecida no Brasil. Chegar ao marco de 150 mil veículos customizados é o reconhecimento que estamos no caminho certo” destacou Rodrigo Chaves, vice-presidente de Engenharia e CTO da montadora.

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Fotos
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REDUÇÃO DE CONSUMO

Cada vez mais, os fabricantes de caminhões buscam soluções para economia de combustível, e por consequência a redução de emissões de CO2 e do custo e do custo total da operação de transporte. A Volvo, por exemplo, divulgou um teste na Europa realizado por revista alemã independente especializada no setor de transporte rodoviário, no qual a média de consumo do FH 460 foi de 21,48 litros a cada 100 km rodados. O ganho combinado no consumo de diesel e AdBlue foi de 18% comparado ao mesmo teste realizado quatro anos atrás. O conjunto rodou carregado com 32 toneladas de PBTC em uma rota de 343 quilômetros usada para testes de caminhões de diferentes fabricantes em diferentes condições (vias públicas,

diferentes rodovias, terrenos acidentados e estradas mais estreitas). De acordo com a vice-presidente de gerenciamento de produtos de trem de força da Volvo Trucks, Helena Alsiö, o ganho se deve aos efeitos do pacote I-Save usando melhorias avançadas no motor turbo composto, novo software mais inteligente e aerodinâmica refinada. Durante o percurso, o caminhão com I-Save de terceira geração (a solução foi lançada em 2019) rodou à velocidade média de 79,9km/hora. Ainda segundo a executiva, apesar de o objetivo da Volvo Trucks ser que os modelos elétricos da marca representem metade de suas vendas globais de caminhões em 2030, o motor a diesel continuará a desempenhar um papel importante na redução das emissões de CO2.

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CRESCE AQUISIÇÃO DE CAMINHÕES VIA CONSÓRCIO

Entre março de 2021 e outubro de 2022, o consórcio de cresceu 216,5%, batendo a média mensal de 13,81 mil cotas e atingindo 276,24 mil adesões no período e o total de 612,80 mil. Destas, 408,53 mil tiveram por objetivo a aquisição de caminhões, crescimento de 55,1% no período de 20 meses. Em outubro passado, as pessoas físicas ou autônomos representavam 64,3% dos consorciados ativos, enquanto as jurídicas chegaram a 35,3%, além de 04% cooperativas e entidades setoriais. Entre as categorias com maior utilização do crédito na ocasião da contemplação, os caminhões leves participaram com 28,3%; os médios, com 36,8%; os pesados, com

15,3% e os extrapesados, com 19,6%. A opção pela modalidade está calcada no planejamento para troca e renovação ou ampliação de frotas. A pesquisa apontou que entre os consorciados contemplados, 56,6% tiveram por objetivo a ampliação de suas frotas (caso das transportadoras) ou a aquisição de veículos mais novos (caso dos autônomos), enquanto 43,4% optaram pela renovação dos veículos. O levantamento foi realizado pela assessoria econômica da Associação Brasileira de Administradores de Consórcio (ABAC) baseado em dados fornecidos pelas empresas associadas que atuam com a modalidade no setor de veículos pesados.

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EMISSÕES SÓ DE VAPOR DE ÁGUA

Em continuidade aos testes com caminhão GenH2 Truck movido a célula de combustível, modelo especialmente para aplicações no transporte de longas distâncias, a Mercedes-Benz realizou as primeiras provas com o veículo rodando por rodovias em altas altitudes. Durante uma semana os engenheiros da Daimler Truck cruzaram repetidamente o Passo do Brenner, em trecho de 120 km entre Bolzano e Innsbruck , entre Áustria e Itália, (uma das principais rotas de de mercadorias da Europa) com uma carreta movida a célula de combustível emitindo apenas vapor de água pelo escapamento. Conforme divulgou a Daimler Truck, a topografia da área circundante é ideal para testes de desempenho completos do sistema de célula de combustível em vários níveis de altitude. Um dos destaques dos

testes foi a condução somente do cavalo mecânico pela montanha Penser Joch a uma altitude de 2.211 metros. As conclusões deste primeiro programa de testes de altitude no que diz respeito à interação de célula de combustível e bateria em topografia mais exigente, bem como a estratégia operacional voltada para o futuro naquela rota, estão agora sendo incorporadas ao desenvolvimento do veículo de série. Mais testes em terrenos montanhosos estão planejados para 2023. A operação ficou baseada na cidade italiana de Bolzano, onde existe instalado um posto de abastecimento de hidrogênio. A meta de desenvolvimento é atingir uma autonomia de 1.000 quilômetros ou mais. O início da produção em série do Mercedes-Benz GenH2 Truck está previsto para a segunda metade desta década.

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ELAS NA MIRA DO TRANSPORTE

Caminhão customizado com banheiro particular, guia de boas práticas e debates sobre a necessidade de ações para atrair mulheres para o setor do transporte rodoviário de cargas foram alguns dos principais destaques na Fenatran, em espaço aberto para empresas e entidades mostrarem que a diversidade é algo positivo para os negócios

Aimportância da presença feminina dentro do setor de transporte rodoviário de cargas, seja no comando de empresas ou na direção de caminhões, está cada vez mais em evidência. Durante a Fenatran foi possível perceber o empenho de empresas e entidades no processo de conscientização sobre a necessidade de ações para atrair mão de obra feminina e contribuir para mudanças de comportamento.

Nos cinco dias de feira foram debatidas a urgência de incentivar a participação feminina assim como as principais dificuldades enfrentadas por elas e a falta de oportunidades. O objetivo foi mostrar que é possível a inserção de mulheres no mercado TRC com mudanças de

mentalidade e de infraestrutura que promovam a diversidade e também um ambiente mais acolhedor, sem preconceito, com direitos iguais e possibilidade de crescimento.

O evento “Abrindo Caminhos 1º Fórum das Mulheres no Transporte e Logística" debateu os desafios e oportunidades para as mulheres na área, além de buscar incrementar a geração de bons negócios por meio da diversidade de ideias. Para Joyce Bessa, Head de gestão estratégica finanças e pessoas na TransJordano, foi de suma importância a Fenatran ter esse tipo de movimento em um espaço majoritariamente masculino. “Reunir essas mulheres e também, homens, para falar e ouvir

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MULHERES TRC
Durante a Fenatran, a Mercedes-Benz apresentou o Actros 2651, através do Movimento A Voz Delas
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sobre esse tema reflete a força feminina no Transporte Rodoviário de Cargas e o quanto elas são reconhecidas e respeitadas neste setor”, afirmou.

Para Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP e idealizadora do Movimento Vez e Voz é preciso colocar em evidência os movimentos que trabalham em prol da valorização das mulheres no transporte, cuja ações refletem em maior consciência das empresas para que adotem efetivamente programas de atração, inclusão e retenção de profissionais do sexo feminino. O Movimento Vez e Voz apresentou também o Guia de Boas Práticas: como incentivar a participação das mulheres no TRC, com exemplos reais de empresas que adotaram em suas políticas ações de gestão para atração, retenção e desenvolvimento de talentos femininos.

Além de debates e ações para incentivar a participação das mulheres no

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O grande destaque é o banheiro interno para garantir a segurança e privacidade delas na estrada MULHERES TRC O veículo recebeu itens exclusivos de desing e configuração para atender as necessidades de mulheres motoristas

Joyce Bessa acredita que debater os desafios das mulheres no setor na Fenatran foi de suma importância

TRC, a Mercedes-Benz, através do Movimento A Voz Delas, iniciativa da empresa para conscientizar a sociedade sobre a importância da participação das mulheres no transporte, apresentou o cavalo mecânico Actros 2651. O veículo recebeu itens exclusivos de design e configuração, tanto na cabina quanto no chassi do caminhão para atender as sugestões captadas numa pesquisa com caminhoneiras e cristais promovida pela empresa a fim de verificar qual o caminhão ideal paras as mulheres nas estradas.

Batizado de Estrela delas, o caminhão recebeu pinturas customizadas com componentes na cor rosa magnólia no para-choque dianteiro, nas laterais de acesso à cabina e nos paralamas traseiros. Já o cinza grafite predomina em todos os pontos de contato com os pés, como degraus dianteiros e laterais e sobre o chassi. Outros componen-

Para Ana Jarrouge é preciso colocar em evidência os movimentos de valorização das mulheres no TRC

tes são o defletor de teto, saias laterais, teto solar elétrico e ainda uma bicicleta personalizada acomodada no lado externo da parede traseira da cabina. No interior da cabina, a montagem do quarto recebeu uma rede elétrica 100% independente, permitindo o uso de secador de cabelo e chapinha, acomodados em um armário próprio. Do outro lado da cama, foi instalada uma penteadeira com espelho iluminado. Além de geladeira, a cabine ainda conta com um fogão por indução, além de ter como destaque um banheiro interno. Isso permite que a mulher não tenha de sair do caminhão à noite. O funcionamento é similar ao de um ônibus rodoviário, embutido embaixo da cama bipartida.

“Com certeza, esse caminhão é algo simbólico para mostrar que a falta de infraestrutura não pode ser um empecilho para impedir as mulheres de seguirem o seu sonho e ir para a estrada. Esta-

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Ebru Semizer acredita que todos esses movimentos ajudam a aumentar a participação das mulheres no TRC

Na opinião de Gislaine Zorzin é importante ações para trazer uma visão diferente sobre as mulheres no TRC

mos mostrando que é possível algumas ações para atrair a mão de obra feminina. Espero que provoque todas as empresas que fazem parte do mundo dos transportes. A responsabilidade é de todos as vezes algo simples como criar uma conscientização e chamar a atenção para o assunto dentro das empresas já pode fazer a diferença. Estou há 15 anos na indústria e estou sentindo uma evolução, me sinto mais segura, mas também acredito que essa evolução deve ser mais rápida e hoje em dia as mulheres estão mais unidas. Todos esses movimentos e debates realizados por várias empresas e entidades vão ajudar e mudar algumas realidades, como o preconceito, e incluir a mulher. Esse caminhão é um símbolo de que é possível mudar” destacou Ebru Semizer, gerente sênior de marketing comunicação & inteligência de mercado caminhões da Mercedes-Benz do Brasil.

Para Gislaine Zorzin, diretora administrativa e de novos negócios da Zorzin Logística e signatária dos movimentos Vez e Voz e a Voz Delas, é importante esse movimento de juntar diversas ações e ideias para distribuir no mercado e trazer uma visão diferente para o transportador sobre as mulheres no TRC. “Na empresa temos uma mulher motorista, as demais estão concentradas em setores administrativos. Mas é nítida a diferença que ela faz. Em apenas quatro meses ela já virou instrutora e provocou uma transformação tão grande com o jeito de trabalhar que está repassando aos demais motoristas. “Ela é cuidadosa, o caminhão está sempre impecável, o consumo é diferente e isso contribui para incentivar os outros a terem uma outra atitude. Isso não quer dizer que a mulher é melhor que o homem e sim que tem um outro olhar e que essa equidade é boa para a empresa e os negócios”.

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MULHERES TRC

MAIS TRABALHO E VALORIZAÇÃO

A alta do diesel, assim como o aumento dos insumos relacionados ao caminhão e dos custos de manutenção, alimentação, falta de infraestrutura e de valorização, frete defasado foram os principais fatores que contribuíram para tornar difícil o dia a dia dos caminhoneiros na estrada. Mesmo diante das dificuldades os motoristas esperam um 2023 de muito trabalho e melhores condições

Oano de 2022 foi cheio de desafios para os caminhoneiros. Reajustes constantes, falta de alternativas, aumentos dos insumos como os pneus, por exemplo, além de custos elevados de manutenção, alimentação combinado com valor defasado de frete foram algumas das dificuldades enfrentadas pelos profissionais para manter o caminhão rodando. Com o faturamento curto ficou difícil se programar para investir em seu negócio ou até mesmo realizar o sonho de ter o seu próprio caminhão. Pesquisa recente

realizada pela CNTA – Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos – mostram que a média de idade dos caminhões é de 14 anos. Porém 17,7% dos caminhoneiros entrevistados possui veículo com mais de 21 anos. Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos caminhoneiros quase 29% disse ser a remuneração e 33,2% a segurança. Para muitos caminhoneiros, 2022 foi um ano conturbado, de instabilidade e de muita insegurança. Mas, as expectativas para o próximo ano são bastante otimistas. No topo da lista de desejos de 2023 estão a estabilidade do valor do diesel, valorização do frete e da profissão, melhor infraestrutura na es-

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PROFISSÃO

trada, mais opções de cargas e alternativas viáveis para a troca do caminhão.

Ricardo Tramari, 45 anos, é micro empresário, e junto com o irmão possui cinco carretas, que percorrem todo o Brasil. Ele se considera autônomo, principalmente pelas dificuldades enfrentadas, e acredita que foi um ano terrível, de pós pandemia, brigas políticas, pouco incentivo do governo, linhas de crédito apenas para os quem tem mais capital e custos altos. “Eu me considero um autônomo principalmente em relação as dificuldades. Meu pai começou esse pequeno negócio e, após se aposentar, decidimos assumir. O pior ponto de 2022 foi o preço do diesel e dos insumos do

transporte, esse descontrole quebrou muita gente, pois ficou difícil calcular o custo do quilometro rodado com tantas oscilações e falta de previsibilidade. Conheço muitos colegas que perderam o caminhão”, afirmou.

Uma das questões mais urgentes, na opinião do Ricardo, é a disponibilidade de uma linha de crédito que realmente atenda os pequenos transportadores. Ele diz ser muito difícil ter acesso aos financiamentos com as mesmas vantagens que as grandes transportadoras conseguem. “Falo com conhecimento de causa, pois antes de assumir o negócio do meu pai fui gestor de uma empresa de transporte. Apesar de ser uma

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Fotos SHUTTERSTOCK e ARQUIVO PESSOAL

Ricardo Tramari acredita que o fator negativo de 2022 foi a alta do diesel e o positivo a volta da indústria

empresa de pequeno porte, era sólida e tinha bens. Em 2012 fiz uma compra de vários caminhões e conseguimos ótimas condições, entre elas três anos de carência e juros de 2,5% ao ano. Gostaria que fosse avaliando uma condição específica para os mais de 40% autônomos.

Para Ricardo, o ponto positivo foi a volta da indústria e do comercio perto da normalidade de antes da pandemia, a safra de grãos e o crescimento do agronegócio que permitiu melhores ofertas de carga e a demanda se manteve. “Para 2023 não espero muita coisa principalmente nesse primeiro ano de novo governo, espero apenas que olhem pelo Brasil e pelos caminhoneiros para que possamos ter melhores oportunidades e igualdades. E que o o agronegócio, comércio e indústria continuem crescendo para termos melhores fretes”, destacou.

Jefferson Luiz Falchetti, de Barretos/ SP tem 45 anos de idade e há 24 como motorista. Durante quatro anos trabalhou como autônomo porém, atualmente, é empregado. O principal motivo foi evitar os gastos diários e os imprevistos. “Muitos estão fazendo isso também para ter uma rentabilidade fixa, bem diferente da realidade do autônomo. Apesar de 2022 ter sido um ano bom, poderia ter sido melhor. A pandemia prejudicou muito pois o trabalho diminuiu. Esse final de ano está ainda pior com pouquíssimas cargas. As dificuldades enfrentadas são as de sempre, desrespeito, falta de locais com estrutura pa-

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Para Jefferson Luiz é importante ter ações para incentivar os jovens a retomarem a paixão pela profissão

Na opinião de Nelio José as brigas políticas e os jogos da Copa ajudaram a reduzir o movimento. Para 2023 espera que o País continue crescendo

ra receber o motorista, banheiro limpo, restaurante com preço acessível e de qualidade”, enumerou.

A perspectiva para o próximo ano, segundo Jefferson, é que tudo de certo, o novo governo faça o Brasil crescer, pois assim as oportunidades aumentam, e muita saúde para continuar. Outro ponto levantado por Jefferson é a urgência de ações para incentivar os jovens a serem caminhoneiros. “Apesar das empresas estarem investindo na fabricação de caminhões bons, confortáveis e cheio de tecnologia o que vemos são cada vez menos pessoas querendo ser motorista. Os jovens assistem as dificuldades vivenciadas pelos mais experientes, como ficar dias longe de casa, sem infraestrutura e segurança, e desistem de ser motorista. É importante que tenham ações de incentivo a profissão. Do tempo que comecei era bem remunerado e os motoristas trabalham porque gostavam. Hoje ninguém trabalha mais por paixão”.

Nélio José de Souza, de Francisco Morato/SP, conhecido como Papa Léguas, tem 57 anos de idade, 38 de experiência, sendo 11 com carreta e atualmente trabalha de empregado com câmara fria. Para ele, 2022 foi um ano complicado. “De agosto para frente enfrentei algumas dificuldades, o motor do meu caminhão ferveu, fiquei internado três dias, perdi o meu emprego. Tudo isso, somado as brigas política e os jogos da Copa, contribuíram para reduzir o movimento, o faturamento e, como consequência as contas não foram pagas e as dívidas aumentaram. Para 2023 eu espero que as coisas melhorem pois é assim que eu acredito que devemos pensar. Um País crescendo significa mais trabalho e mais rendimento”, disse.

Claudemir Pedro da Silva, Florianópolis/SC, 51 anos de idade e 30 anos de profissão, é autônomo e transporta frutas e verduras. Para ele, 2022 poderia ter sido um ano melhor se não fosse o aumento constante do diesel. “ Os pre-

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Claudemir Pedro espera que em 2023 o novo governo lute por preços justos de diesel e de todos os demais insumos e melhore a infraestrutura

ços continuam nas alturas e foi o principal fator para desmotivar os autônomos, que mesmo assim se mantiveram na luta para poder sair do vermelho. Como sou autônomo negócio direto com o cliente. E várias vezes tentei pleitear um reajuste. Porém, quando eu não tinha sucesso trocava as rotas de distância longas pelas mais curtas para ter menos prejuízo. O meu forte sempre foi viajar para o Nordeste, porém com a falta de acordo passei a viajar mais para São Paulo, Minas e Goiás. E fui me virando”, explicou.

Para 2023, Claudemir espera que o novo governo lute por preços justos de combustível e todos os demais insumos. “Esta tudo um absurdo e se isso não acontecer vai ficar cada vez mais difícil trabalhar. Outro ponto importan-

te é melhorar a tabela reguladora de frete e a fiscalização que cobre das empresas que não querem pagar o valor mínimo. Não posso dizer que foi o pior ano da minha vida pois graças a Deus eu escapei de um acidente grave no Nordeste. Meu caminhão deu perda total, mas eu saí com vida. Estou me recuperando agora. O acidente foi na BR 116 em Povoado Cem /BA. Estou de muleta com fratura na coluna. Mas estou bem e pronto para o próximo ano”, lembrou. Ronaldo da Silva, é de Barra Mansa/RJ ADM do Grupo Amigos Rodoviários Barra Mansa RJ, é empregado, trabalha com carreta e acredita que apesar de todas as dificuldades, 2022 foi um ano produtivo e de bastante trabalho. “Mas ainda percebo os reflexos da pandemia no nosso setor, ainda não atingi-

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PROFISSÃO

Ronaldo da Silva ainda percebe os reflexos da pandemia no setor e tem expectativas boas para 2023

mos 100% do que era antes. Em 2023 as minhas expectativas são boas. Espero que as coisas melhorem para o nosso País, não apenas para os caminhoneiros e o setor de transporte, mas para todos os brasileiros. Que tenhamos um ano de muito trabalho”.

Para Leandro Munhoz, 38 anos de idade e 16 de profissão, de Itapetininga/ SP 2022 foi um ano turbulento e segundo ele, apenas os fortes sobreviveram. “Muitos autônomos não conseguiram. Foi um ano de muita luta e medo. Eu mesmo perdi muitos amigos por conta da Covid. O frete ficou bastante desvalorizados pois algumas empresas aproveitaram o momento de crise para reduzir os valores. Houve período de baixas ofertas. Além disso foi um ano onde os caminhoneiros parecem ter sido es-

Em 2023 Leandro Munhoz espera continuar na empresa que trabalha e que o setor tenha fretes valorizados

quecidos. De todo o tempo que estou na área acredito que 2022 foi o mais trabalhoso com muitas dificuldades para enfrentar,” relatou.

Mesmo diante de todos esses fatores negativos, Leandro ainda é grato e acredita ter sido abençoado. “Conseguir atingir as minhas metas que havia estabelecido no início do ano. Vamos ver como será 2023. Eu espero continuar na empresa que trabalho, e que seja um ano bom, de fretes mais valorizados e com infraestrutura melhor. Quem sabe um dia consigo ter meu próprio caminhão? Vamos ver quais planos vamos conseguir atingir. Sou casado tenho dois filhos e apesar dessa rotina puxada de ficar 50 dias fora de casa eu trabalho para dar um futuro bom para a minha família”, finalizou.

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PRÊMIO RECONH MARCAS DO SET

Cerimônia de premiação aconteceu durante a Fenatran, em São Paulo, a Scania levou o prêmio de Marca Mais Desejada, a Mercedes-Benz de Melhor Serviço de PósVendas e a Volkswagen ganhou em cinco categorias

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BEST TRUCK 2022

ECE MELHORES OR

Acerimônia de premiação do Prêmio Best Truck 2022, promovido pelas revistas O Carreteiro e Transporte Mundial, ambas do grupo GG Mídia, foi realizada durante a 23ª edição da Fenatran, no Pavilhão do São Paulo Expo, zona sul da capital e reuniu representantes das montadores de veículos leves e pesados e fornecedores de insumos, para conhecer os vencedores da eleição dos melhores veículos de carga, marca e pós vendas do setor de transporte rodoviário de cargas. “O prêmio Best Truck é um dos mais conceituados do setor, pois de maneira democrática leva em consideração a opinião dos usuários dos produtos de cada categoria”, destacou Edson Coelho diretor comercial da GG Midia.

A votação foi 100% digital e os leitores das publicações escolheram os melhores modelos de veículos comerciais e também as marcas de fornecedores em 22 categorias. A cerimônia foi iniciada com a premiação das marcas mais votadas nas categorias Implemento Rodoviário, Pneu, Reforma de Pneus, Fabricante de Óleo Lubrificante, Combustível, Pastilha e Lona de Freio, Caixa de Marchas, Motor, Bateria, Filtro, Eembreagem (confira os vencedores na tabela abaixo). Em seguida foram conhe-

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APOIO
DANIELA GIOPATO
26 BEST TRUCK 2022 CATEGORIA MARCA MAIS VOTADA Implemento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Randon Pneu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Michelin Reforma de pneu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Michelin Óleo lubrificante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mobil Combustível . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Shell Pastilha e lona de freio Fras-le Caixa de marchas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZF Motor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Scania Bateria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Moura Filtro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Mann Filter Embreagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZF Sachs MELHOR MARCA DE FORNECEDORES DO SETOR CATEGORIA MARCA MAIS VOTADA Cavalo mecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Volvo FH Caminhão de distribuição Volkswagen Constellation Caminhão urbano . . . . . . . . . . . . . . . . Volkswagen Delivery Caminhão vocacional urbano . . Volkswagen Constellation Caminhão chassi cabine . . . Volkswagen Delivery Express Caminhão elétrico . . . . . . . . . . . . . . . Volkswagen Edelivery Furgão elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Fiat Scudo Fora de estrada pesado . . . . . . . . . . . . Mercedes-Benz Arox Melhor furgão. . . . . . . . . . . . . . . . . Mercedes-Benz Sprinter Melhor serviço de pós-venda . . . . . . . . . . . Mercedes-Benz Marca de caminhão mais desejada . . . . . . . . . . . . . . . . Scania VEÍCULOS MAIS VOTADOS A votação que definiu os vencedores ocorreu através da plataforma da GG Midia durante 60 dias. No total foram 1.842 pessoas votantes em 22 categorias, totalizando 40.524 votos

cidos os veículos vencedores nas categorias Cavalo Mecânico, Caminhão de Distribuição, Caminhão Urbano, Caminhão Vocacional Urbano, Chassi-cabine, Caminhão Elétrico, Caminhão Fora de Estrada Pesado e Furgão (confira os vencedores na tabela abaixo). O troféu de Melhor Serviço de Pós-Vendas foi entregue à Mercedes-Benz, que obteve a maior votação, enquanto a Scania se sobressaiu como Marca mais Desejada do Setor.

A votação que definiu os vencedores ocorreu através da plataforma da GG Midia durante 60 dias - entre os dias 01

de agosto e 30 de setembro de 2022. No total foram 1.842 pessoas votantes em 22 categorias, totalizando 40.524 votos. A validação dos votos se deu pelo CPF permitindo apenas um voto por pessoa. Todas as pessoas que votaram para escolher os melhores veículos comerciais e marcas concorreram a dois smartphones. O sorteio, registrado na Receita Federal, aconteceu no dia 07 de novembro, às 17h00, no estande da GG Midia, na Fenatran. Os ganhadores foram Allan Barbosa de Barros Lira, de Pernambuco, e Paulo Cesar Gredilha da Rocha, do Rio de Janeiro.

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APOIO

CURRICULUM EM DIA

28 PROFISSÃO Fotos SHUTTERSTOCK e DIVULGAÇÃO

Para o caminhoneiro conseguir uma oportunidade de trabalho e ter sucesso na profissão não é tão simples como era alguns anos atrás. A lista de exigências antes da contratação é extensa e vai além da experiência na atividade. Isso porque o mercado se tornou bastante competitivo e para conseguir um bom frete, ou até mesmo uma primeira oportunidade em uma empresa, é preciso adotar um comportamento mais profissional e garantir resultados qualitativos e quantitativos.

Os caminhões cada vez mais modernos e com tecnologia embarcada contribuíram para que os embarcadores e transportadores passassem a valorizar profissionais mais preparados e qualificados para prestarem os serviços. Essas exigências tornaram essencial que o motorista pratique uma condução segura, produtiva e de baixo custo operacional.

Na hora de contratar um motorista de caminhão para fazer parte do seu quadro de funcionários, as transporta-

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DANIELA GIOPATO
Empresas de transporte revelam os principais fatores levados em consideração na hora de contratar um motorista seja para ser um funcionário ou prestador de serviços. Apesar das exigências terem aumentado ao longo dos anos, experiência, responsabilidade, direção segura e manutenção em dia do caminhão continuam entre os principais itens a serem observados

doras não buscam apenas um profissional com anos de experiência no volante. Elas querem verdadeiros operadores logísticos para poder atender a demanda de fretes com economia de combustível, eficiência e segurança. Portanto, seja um motorista autônomo ou empregado o importante é ser um profissional qualificado e responsável. Na lista de exigências observadas estão responsabilidade, direção segura, atenção com a manutenção, cursos e treinamento para aprimoramento da condução.

“Para ser selecionado para uma boa oportunidade de emprego, o motorista precisa ter experiência em viagens ou coletas e entregas, preferencialmente não pode ter histórico de acidente, ter comportamento adequado de seguir regras, procedimentos, e legislações de trânsito, além de conhecer de mecânica e ter cuidado com os veículos como manu-

Sarita Almeida reforça a importância do motorista se preparar para atender as necesidades do mercado e ter sucesso

tenções preventivas.”, afirmou a Gerente Nacional de Recursos Humanos da Braspress, Sarita Almeida.

Em relação ao perfil do caminhoneiro, Sarita explica que para o motorista se destacar nos processos seletivos é preciso ter uma boa apresentação pessoal, comunicação, conhecimento de mecânica e tecnologias a bordo, legislação de trânsito, direção defensiva e econômica. E reforça, ainda, a importância de um comportamento seguidor de regras e obediência às regras de trânsito.

Mas, Sarita faz questão de ressaltar que o motorista deve realmente se preparar para poder atender as necessidades do mercado e como consequência ter sucesso na profissão. “O motorista profissional precisa estar atualizado com relação às tecnologias a bordo do veículo, realizar cursos de direção defensiva e legislação de trânsito e ter comportamento de cautela na condução do veículo. Outro ponto importante é o profissional ser cauteloso e dirigir de forma segura e preventiva”, finalizou.

O diretor de Operações da FreteBras, Bruno Hacad, com base nos transportadores, embarcadores e motoristas cadastrados na sua plataforma de fretes que conecta cargas e veículos, fez algumas observações em relação as exigências do mercado no momento de selecionar um caminhoneiro. O primeiro item observado é o histórico do caminhoneiro com a carga e o tipo de frete, seguido pelo conhecimento da rota, pontualidade, idade e manutenção do caminhão e histórico do motorista e do veículo.

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PROFISSÃO

“Um caminhoneiro que tem experiência e conhece bem uma rota dificilmente tem chances de errar e atrasar. Outro ponto é observar se o nome dele é limpo, se não tem se não tem antecedentes criminais, se as documentações de ambos estão em dia, etc. Aqui também conta o relacionamento do motorista com a transportadora, já que entregas bem realizadas geram mais confiança para o fechamento de um frete futuro e até indicações para outras empresas”, explicou.

No caso da plataforma da FreteBras o perfil do caminhoneiro que tem maiores chances de ser encontrado são os que queles que demonstram menos riscos de fraudes e uma entrega rápida e efetiva. Outro ponto, conforme explica Hacad, é que os caminhoneiros de mais destaque são aqueles que sabem bem negociar o frete (veja abaixo algumas dicas)

“Isso mostra propriedade por parte

do caminhoneiro de não aceitar “qualquer preço de frete” e evidencia que ele conhece bem o produto e a rota que vai fazer, pois para negociar bem, é necessário ter argumentos sobre os custos, tempo e segurança da viagem proposta. Mais uma vez, isso traz confiança para a empresa e mostra transparência do motorista para fechar o frete”, alertou.

Na opinião de Hacad atualmente é muito importante que os caminhoneiros seja mais digitais e optem por plataformas de digitalização dos fretes. Ele explica que muitos não sabem ou não utilizam, por exemplo, a pesquisa no google sobre local de carregamento da carga para ter certeza se o local é confiável e não ter risco de fraude quando chegar lá. Outros ainda estão muito ligados no impresso e no papel, não tendo o recurso da sua CNH Digital, por exemplo, como alternativa caso ocorra perdas de docu-

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Cursos e treinamento para aprimoramento da condução estão na lista de exigências

DICAS PARA O CAMINHONEIRO CONSEGUIR TRABALHO

CNH PROFISSIONAL

O primeiro passo para o caminhoneiro conseguir trabalho e boas oportunidades é estar com a CNH adequada para exercer a atividade.

O motorista que deseja conduzir veículos que exigem habilitação nas categorias “C” (vans até oito lugares, caminhonetes, pick ups, caminhões), “D” (ônibus, micro-ônibus, tratores) ou “E” (trailers, carretas e veículos articulados, por exemplo) precisa realizar o procedimento de mudança de categoria da CNH junto ao Detran. Para isso, é necessário estar com a CNH atual em situação regular (nem suspensa, nem cassada), não ter cometido nenhuma infração grave ou gravíssima, nem ser reincidente em infrações médias, nos últimos doze meses.

PROFISSIONALISMO

O caminhoneiro também tem que demonstrar comprometimento, ter responsabilidade com as regras da organização e as tarefas designadas e assiduidade. O motorista que realmente quer ter sucesso na profissão deve ter disponibilidade de horário para atender a todos os tipos de trajetos e escala; honestidade para manter a palavra e assumir eventuais falhas ou problemas que venham a ocorrer no trabalho; aderência à cultura da organização; comprometimento, responsabilidade com as regras da organização e assiduidade. O profissionalismo também inclui cuidar da saúde, descansar corretamente e ter a consciência da sua responsabilidade de dirigir com segurança, preservando sua vida e de todos que estão a sua volta e estar sempre atualizado com cursos e treinamentos.

mentos. “Tem aqueles que ainda estão muito ligados a contas em bancos tradicionais e não têm os benefícios de uma conta digital, coma a da FreteBras, onde o caminhoneiro tem o seu saldo do frete garantido e ainda consegue ter 10% de cashback no diesel ao abastecer, entre outras vantagens exclusivas do trecho que os tradicionais não têm”, detalhou.

O caminhoneiro precisa saber de fato quanto custa um frete para ele, levando em consideração outros custos além do diesel, como manutenção do caminhão (imprevistos acontecem), alimentação, pedágios, impostos, depreciação de bens, custo de capital, etc, para conseguir mensurar seu lucro desejado.

A FreteBras disponibiliza no mercado a Calculadora de Custos: ferramenta, gratuita e on-line para todo o setor, que permite ao caminhoneiro informar alguns poucos dados como valor do caminhão, quantidade de viagens que realiza por mês, quilometragem da viagem, preço do diesel no dia, entre outros, para devolver o custo total que terá para cada frete.

Motoristas também devem aprender a dizer não! Recusar fretes que não cobrem os custos também é uma forma melhorar os valores de todos os fretes.

As cargas precisam ser transportadas, em caminhões, de uma forma ou outra. Se o valor ofertado for muito baixo, e se nenhum motorista aceitar aquele frete, o

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PROFISSÃO

AUTÔNOMO

No caso do autônomo além de todas essas características é importante o caminhão ter no máximo 10 anos de uso, estar com toda a documentação homologada pelo CTB e em dia, além do ANTT, que assegura os procedimentos de controle de cargas geral. O proprietário deve apre-

sentar o veículo com todos os equipamentos de segurança. Além disso, deve apresentar também os demais equipamentos solicitados para o carregamento de cargas especificas. Sem contar na manutenção que deve estar em dia.

único jeito vai ser o dono da carga subir o valor ofertado.

O fundador e presidente do Grupo Rodonaves, João Naves, explica que na RTE Rodonaves além das habilidades técnicas, que garantem que o motorista zele por sua própria integridade física e dos demais, e pelas mercadorias que transporta, o profissional precisa comprovar que domina conhecimentos como direção defensiva e legislação do trânsito. Naves ressalta o fato dos veículos estarem cada vez mais modernos e, por esse motivo, as transportadoras investem continuamente em tecnologias. “Por isso, os candidatos precisam saber operar recursos e carros mais avançados, com

duas caixas de câmbio, rastreador, monitoramento via GPS, roteirizadores, entre outros. Aqui na Rodonaves investimos no treinamento dos motoristas (confira a baixo a lista dos treinamentos oferecidos) para melhor capacitação e eficiência no transporte”.

Em relação ao perfil do caminhoneiro, Naves explica que além das exigências legais a empresa prioriza o comprometimento, responsabilidade com as regras da organização e as tarefas designadas, cumprindo prazos, legislação e exigências de acordo com o que é transportado. A assiduidade é também parte do compromisso assumido com a empresa e ter disponibilidade de horário conta ponto

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O histórico do caminhoneiro com a carga e o conhecimento de rota saõ os primeiros itens observados, diz Bruno Hacad

na hora da contratação, já que escalas diversificadas, com trajetos curtos, médios ou longos, em dias variados da semana, são comuns neste mercado.

Ser apenas habilitado não garante uma vaga de motorista de caminhão. É preciso ser um profissional atualizado e capaz de garantir para a empresa resultados qualitativos e quantitativos efetivos, contínuos e duradouros. É essencial também, dirigir com segurança, produtividade e eficiência operacional.

Visando contribuir com a qualificação dos motoristas profissionais, a RTE Rodonaves criou um programa que investe na formação da categoria, com objetivo de formar novos motoristas e contribuir com pessoas que tem como meta a realização do sonho de dirigir profissionalmente um caminhão de qualquer porte. O Programa Tração- Escola de Motoristas- dá a oportunidade para colaborado-

res de qualquer área que queiram atuar como motorista profissional. Os aprovados participam de um treinamento durante uma semana completa, com os instrutores de motorista, para aprenderem algumas técnicas de direção. O treinamento é 20% teórico e 80% prático, pois é importante que o colaborador pratique antes de assumir a posição de motorista na empresa. Os profissionais que fazem o processo de Formação de Motorista, conforme disponibilidade de vagas, iniciam como motorista de coleta e entrega, linha ou manobra.

“Gostar do que faz é fundamental. Afinal o dia a dia do motorista tem desafios como outras profissão. É importante estar preparado fisicamente, descansado e bem de saúde, além de consciente da responsabilidade de dirigir com segurança, preservando sua vida e de todos que estão a sua volta”, finalizou.

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João Neves diz que além das habilidades técnicas é importante dominar a direção defensiva e a legislação de trânsito
PROFISSÃO

RODOVIÁRIO ELÉTRICO

Baterias para caminhões com tecnologia para garantir autonomia de até 500 quilômetros é mais uma das soluções da indústria de veículos comerciais para reduzir emissões

Embora o motor a diesel tenha ainda fôlego para se manter por décadasno setor de transporte, a busca da indústria de caminhões por outras opções para movimentar os veículos de carga cresce a cada dia. Duas soluções mais prováveis estão nas baterias elétricas e na célula de combustível, sendo que a primeira, antes vista para frotas urbanas, já conta com tecnologia para garantir autonomia de até 500 quilômetros com uma só carga.

Um desses caminhões é o eActros LongHaul, movido por baterias elétricas que empregam tecnologia de células de fosfato de ferro-lítio, cuja característica é maior vida útil e mais energia utilizável. O veículo foi apresentado em setembro como a maior do IAA Transportation e apesar de sua produção em

série estar prevista para até 2024, a Mercedes -Benz Trucks já recebeu uma carta de intenção para a compra de 50 unidades.

A interessada é a prestadora de serviços de logística Dachser, que pretende usar o caminhão configurado com carroceria intercambiável 6x2 com altura de armazenamento de 1.120 mm. Desde de 2018 empresa usa veículos elétricos bateria como o Fuso eCanter e o eActros em suas entregas urbanas na Europa.

Alexander Tonn, Diretor Operacional de Logística Rodoviária da Dachser, disse que a ampla autonomia do eActros LongHaul vai permitir o transporte de mercadorias entre localizações europeias sem emissões, mesmo no tráfego de cargas pesadas e no transporte de longa distância. (JG)

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TECNOLOGIA
Fotos DIVULGAÇÃO
36 Fotos DIVULGAÇÃO e O CARRETEIRO DESCARBONIZAÇÃO A DAF apresentou o LF Electric e a Ford aposta na e-Transit com bateria de íon lítio

TRANSPORTE MAIS LIMPO E EFICIENTE

Empresas e a indústria em geral do setor do transporte rodoviário de cargas estão empenhadas em atingir a meta de 2050 de zerar as emissões de carbonos e apresentaram alternativas mais sustentáveis em relação ao diesel. Porém, para atingir esse objetivo é necessário investimento na infraestrutura viária do País para receber esses produtos que prometem ser ainda mais eficientes, econômicos e limpos

Muito tem se falado em descarbonização como um caminho para um transporte de cargas mais rentável e sustentável. Mas o que o termo significa? Descarbonização é o processo para reduzir a emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e dentro desse objetivo o diesel se tornou o grande vilão da vez. Estima-se que o setor de transporte de carga seja o responsável pela emissão de cerca de 20% das emissões globais de CO2 na atmosfera. Já no Brasil, segundo informações do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o setor corresponde por cerca de 9% das emissões totais.

Diante desse cenário, uma das principais metas de empresas ligadas ao transporte é zerar as emissões de carbono até 2050 através de alternativas mais sustentáveis em relação aos combustíveis fósseis. E esse é o grande desafio de todos os envolvidos. Especialistas acreditam que uma única solução não será suficiente para substituir o combustível que acompanha o transporte a décadas. Por esse motivo, algumas tecnologias como eletrificação, célula de hidrogênio, biometano e diesel verde (HVO- óleo vegetal hidrotratado) são apontadas como possíveis caminhos para a promoção de um transporte mais limpo em relação às emissões.

Durante a Fenatran, a busca pela re-

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dução de emissões ficou ainda mais evidente à medida que as montadoras foram mostrando ao mercado os seus caminhões preparados para rodar com combustíveis alternativos. Na maioria das vezes eram mostradas mais de uma solução de uma mesma empresa para atender um transporte mais eficiente e menos poluente. Porém, as fabricantes deixaram claro que estão preparadas e já possuem a tecnologia necessária para atingir a meta de 2050, faltando apenas um investimento maior na infraestrutura viária do País que ainda não está totalmente preparada para substituir os caminhões a diesel e receber, por exemplo, caminhões elétricos ou a gás.

A DAF aproveitou a sua participação para apresentar ao mercado DAF LF Electric 100% elétrico, com autonomia de 280 quilômetros e capacidade de 19 toneladas. O motor elétrico de 260 kW (370 kW de potência de pico) é alimentado por uma bateria de 282 kWh (252 kWh). O modelo está apresentado na configuração 4x2 e atualmente já está sendo entregue a clientes na Europa. A empresa também destacou os modelos com motorização Euro VI ( XF e CF), que chegam com promessa de redução de custo operacional na ordem de 10%.

A Ford está apostando na versão elétrica da Transit para contribuir com a descarbonização. Trata-se da e-Transit, com bateria de íon lítio que permite uma autonomia de 317 km. Inicialmente a montadora disponibilizará apenas a versão furgão com potência de 198 kw (236cv), com itens de série como freio de estacionamento elétrico, assistente de cruzamento e de pré-colisão frontal, assistente de frenagem em ré e central, entre outros. A outra aposta da fabricante é a Transit com câmbio automático que

chega ao mercado brasileiro no primeiro semestre de 2023.

A Iveco apresentou a Daily Hi- Matic com câmbio automático ZF de oito marchas para as versões 35-180 e 65-180. Mas, os destaques da fabricante para soluções sustentáveis ficaram por conta da versão elétrica da Daily, o eDaily, apresentado recentemente no IAA 2022, com autonomia para rodar entre 110 e 300 km (dependendo da capacidade de carga); o S-Way NG (programa Natural Power) de 460 cv com autonomia de 500 km quando abastecido com biometano e o Tector NG 160 de 210 cv também a gás para distribuição urbana e autonomia de 300 km.

A Mercedes-Benz chamou a atenção do público com o caminhão Atego 1730 4x2, com automação nível 4, que dispensa a ação do motorista ao volante. O veículo vai atuar no interior do centro de distribuição da Ypê. A montadora também apresentou o eActros 100% elétrico, com autonomia para (RODAR) rodas 400km. Porém não há previsão de estreia do modelo no Brasil já que, segundo a montadora, depende da infraestrutura brasileira e incentivo para aquisição.

A linha de caminhões Super Scania, formada por modelos com motores de 13 litros e potência entre 420 e 560cv, é uma das principais novidades da fabricante. A nova gama de produtos chega com trem de força (motor, caixa de câmbio e eixo traseiro) totalmente novos além de uma série de tecnologias para tornarem os veículos mais rentáveis, seguros e sustentáveis. As tecnologias incorporadas à nova gama de caminhões permitiram ganhos significativos quando o assunto é eficiência energética. Esse ganho chega a ser de até 2% e se tratando da gama Super a redução de con-

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DESCARBONIZAÇÃO

A Iveco apresentou a Daily Hi-Matic com câmbio automático, destacou a eDaily (elétrica), e o S-Way NG e o Tector NG (versões a gás). Já a Mercedes-Benz chamou a atenção com o Atego 1731 com automação nível 4 e o eActros 100% elétricosem previsão de chegada ao Brasil

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A Scania aposta na linha Super Scania, com tecnologias que tornam os veículos mais rentáveis e sustentáveis. Já a Volkswagen apresentou o VW Meteor Optimusapto para rodar com combustível verde- e também o e-Delivery com novas atualizações

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sumo chega a ser de até 8% em relação à linha Euro 5. A fabricante também destacou dentro dessa nova linha os modelos P 340 4X2 e R 410 6X2, movidos a gás natural e/ou biometano e um motor de geração de energia movido a gás.

A surpresa da Volkswagen na Fenatran que também atende ao conceito de descarbonização ficou para o caminhão conceito VW Meteor Optimus que está apto para rodar com combustível verde e reduzir em 90% a emissão de CO2. O projeto pode resultar em economia de 8% por conta da nova aerodinâmica e tecnologias já agregadas ao caminhão de série. O protótipo vem equipado com câmeras no lugar de retrovisores, massageador no banco do motorista, conjunto de defletores que vão desde o teto, passando pelas laterais da cabine e também do chassi e incorporando também uma proteção de borracha em toda parte inferior. As calotas vêm com uma turbina acoplada para diminuir o arraste, sistemas inteligentes como o predictive shif-

ting, controle eletrônico que antecipa até 2 quilômetros, entre outros. A empresa também destacou as atualizações do e-Delivery com ganho de capacidade de carga útil de até 10%, nova central multimídia, faróis com luzes de condução diurna (DRL, na sigla em inglês) em LED, sistema de alerta de frenagem, suporte para celular, entre outros.

A Volvo destacou o caminhão pesado FM elétrico para 44 toneladas com autonomia de 300 km e pode ser equipado com pacotes de duas a seis baterias (180-540 kWh), dependendo do tipo de aplicação a que for destinado . A suspensão é a ar em todos os eixos, e é dotado de freios de regeneração. Ao fim da jornada diária de trabalho pode ter carregamento noturno com corrente alternada, em estações de abastecimento no pátio da transportadora. Como alternativa, podem ser feitas recargas rápidas em corrente contínua. Com zero emissões, o veículo tem potência de até 490 kW (660hp) e é equipado com a consagrada caixa de câmbio I-Shift, podendo ser usado para uma série de operações desde o transporte de produtos industrializados, cargas refrigeradas, alimentos e bebidas, até bens de consumo e hortifrutigranjeiros. O veículo também pode ser implementado com baú ou sider, em carretas de dois ou três eixos. Apesar de não ter previsão para início da comercialização no País, o modelo participará de testes com transportadores brasileiros em diferentes regiões do Brasil.

A Volvo destacou o caminhão FM elétrico para 44 toneladas com autonomia para 300 km e capacidade para seis baterias

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O MELHOR PESADO DA MARCA

LANÇAMENTO
Fotos DIVULGAÇÃO

S-Way chega ao mercado brasileiro na condição de melhor caminhão pesado já disponibilizado pela Iveco no mercado brasileiro. Sua missão é o aumento das vendas da marca no segmento

Ocrescente volume de emplacamentos de modelos da Iveco mostra que a estratégia adotada pela montadora nos últimos três anos para aumentar sua participação no mercado brasileiro está no rumo certo. A empresa aproveitou a chegada da fase P8 do Proconve para lançar o que considera uma de suas maiores novidades dos últimos tempos no Brasil: o cavalo mecânico pesado S-Way. Lançado na Europa em 2019, o modelo teve sua primeira atualização em 2021, com melhorias aplicadas especialmente na aerodinâmica com foco na economia de combustível.

A Iveco não faz cerimônia ao afirmar que acabou de lançar no mercado brasileiro um caminhão altamente competitivo para concorrer no segmento de pesa-

dos. Nas palavras de Marcio Querichelli, presidente da montadora para a América Latina, a chegada do S-Way tem grande relevância para a operação da companhia no Brasil. “Estamos iniciando uma nova era nos caminhões pesados. A Iveco desenvolveu o melhor pesado de todos os tempos da marca em território nacional”, complementou executivo. O modelo chega ao Brasil na condição de um produto totalmente novo, incluindo trem de força, eletrônica e elétrica entre outros quesitos, além do design moderno e imponente.

Equipado com o motor FPT Cursor 13 Common Rail e-VGT nas potências de 450, 480 e 540cv e torque de até 2.540Nm, trata-se de um produto com foco maior na produtividade e no custo

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JOÃO

Design moderno e com aerodinâmica otimizada é um dos primeiros itens que chamam atenção sobre o S-Way

operacional. O novo pesado chega para substituir o Iveco Hi-Way, até então o modelo top de linha da marca. Entre outros quesitos para conquistar os transportadores, o S-Way está preparado para propiciar redução de até 15% do custo operacional em relação à geração Euro V, conforme informação da montadora.

O Iveco S-Way chama atenção de cara pela sua cabine de design moderno e de aerodinâmica otimizada, importantes quesitos no conjunto de soluções para economia de diesel. No entanto, conforme explicou Ricardo Coelho, diretor de desenvolvimento de produto da montadora, a redução maior de consumo de combustível se deve à calibração motor FPT Cursor 13 Common Rail e-VGT com a transmissão ZF Traxon de 12 velocidades. Segundo Coelho, a combinação técnica foi essencial para o S-Way alcançar um

patamar diferenciado de desempenho.

“Essa transmissão foi desenvolvida com 18 novas funções de calibração para o modo de conduzir o veículo”, acrescentou, ao destacar funcionalidades como a EcoRoll (coloca o veículo em neutro com segurança); a PreVision, que associada ao GPS antecipa a troca de marcha conforme a topografia da rodovia; a Rocking Mode, função de auxilio nas partidas em condições severas, além Iveco Driver Style Evaluation sistema que fornece informações em tempo real para o motorista e frotista sobre sua condução e como atingir eficiência e performance máxima.

O motor conta com um exclusivo sistema da Iveco denominado HI-eSCR com 98% de eficiência de conversão de NOx sem precisar do de recirculação de gases de escape (EGR). Outro item destacado é o também exclusivo sistema de funcionamento do freio motor com quatro estágios e capaz de levar o veículo à parada total. Com potên-

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LANÇAMENTO

cia de 610cv (ganho de 150cv em relação aos modelos Euro V), o freio motor do S-Way é classificado pela montadora como um de seus principais diferenciais em relação aos concorrentes.

CABINE E MOTORISTA – Com nova identidade visual e basculamento elétrico, a cabine é disponibilizada em duas versões com diferentes larguras: AS e AT, com 2,5m de largura e 2,3m respectivamente. De acordo com a Iveco, essa cabine totalmente reformulada conta com espaço interno pensado no conforto do motorista, dentro do conceito de casa e escritório. Além do banco estilo ‘assento de cinema’ em couro, a cama apresenta material visco elástico.

O profissional do volante conta com mais de 15 porta-objetos focados no seu dia a dia e ar condicionado digital. O volante multifuncional é revestido em couro com comandos integrados; geladeira; iluminação interna personalizável em cor e intensidade; painel de comando na

Cabine do S-Way segue a tendência atual dos modelos pesados de disponibilizar ao motorista equipamentos e espaço

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LANÇAMENTO

Desenvolvimento do S-Way envolveu mais de 450 diferentes testes e avaliações em aplicações de extrema severidade

cama; cortinas na cama e entradas USB. O motorista do S-Way conta também com uma central multimídia com Apple Car Play e Android Auto; volante multifuncional e sistema keyless e o módulo cybersecurity que protege o veículo contra ataques cibernéticos. A lista inclui ainda check de luzes remoto com acionamento pela chave e lanternas e faróis full LED direcionais & DRL.

A lista de itens se estende ao Way App, aplicativo que permite ao motorista ter controle de várias funções do caminhão à distância pelo smartphone. Na relação divulgada pela montadora constam abertura e travamento de portas e janelas janelas, controle sobre toda a iluminação interna da cabine e regulagem do som, entre outras funções.

SEGURANÇA – Assim como seus concorrentes, o S-Way disponibiliza leitor de faixa que avisa em caso de mudança inadvertida (LDWS); Controle de cruzeiro automático adaptativo que acele-

ra e freia o veículo de maneira autônoma em função do tráfego (ACC); Sistema de freio emergencial autônomo – freia o veículo automaticamente em caso de situações de emergência (AEBS); assistente de partida em rampa (Hill Holder e Controle de tração e estabilidade (ATC, ASR e ESC) e cabine projetada com foco na segurança do motorista com certificação de nível europeu.

O novo pesado da Iveco chegou ao mercado brasileiro na condição de caminhão mais robusto já desenvolvido pela montadora, feito sob medida para as particularidades do País e região. A jornada de desenvolvimento para chegar ao produto final e envolveu mais de 70 protótipos, 450 testes diferentes e mais de 1 milhão de horas totais de engenharia e desenvolvimento. Ainda segundo a montadora, as avaliações em diversas aplicações de extrema severidade sem precedentes na gama de pesados envolveram três de trabalho e mais de 2,5 milhões de quilômetros rodados.

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NOVOS PRODUTOS

Entre as principais montadoras de veículos pesados instaladas no Brasil, a DAF foi a única a segurar a apresentação dos novos caminhões para na Fenatran. A nova linha precisou de poucas alterações em relação aos modelos 2022 para atender a legislação de emissões P8, porque a plataforma de motores lançada em 2021 já trazia avanços da tecnologia Euro VI. As mudanças no trem de força se concentraram basi-

camente em uma nova regulagem dos motores, inclusão do filtro DPF e outras tecnologias embarcadas que juntas resultaram em menos consumo de combustível em relação aos modelos P7. De acordo com a empresa, a redução total do custo operacional chega a 10%.

Tratando-se exclusivamente da motorização, o ganho se deve à combinação de procedimentos que reúne calibração de injeção de diesel nos motores

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Fotos

PRODUTOS E CRESCIMENTO

A nova linha DAF promete até 10% de redução do custo operacional. Com as vendas em crescimento, a montadora que desde 2021 traz em seus caminhões avanços da tecnologia de emissões Euro VI, projeta avanço de até 20% em 2023

JOÃO GERALDO

MX-11 e MX-13, nova bomba d’água variável, sistema EGR que permite menos consumo de Arla 32 e o uso do Controle de Cruzeiro Preditivo. A linha CF com chassi rígido passou a ser tracionada pelo motor Paccar PX-7 de 6,7 litros Euro VI, resultado do upgrade do Paccar GR7 Euro V.

Suas características agregam maior torque, alterações no sistema de injeção, na linha de combustível e nos dutos de

admissão e de exaustão, além de ter recebido um novo turbocompressor. Esse motor é disponibilizado nas potências de 260cv (1.000Nm a faixa de 1.200 a 1.700 rpm), 290cv (1.100Nm na faixa de 1.100 a 1.600 rpm) e 310cv (1.200Nm na faixa de 1.200 a 1.500rpm).

Nessas potências atende aos modelos CF com chassi rígido 6x2 e 8x2, os quais também trazem a novidade da suspensão a ar com quatro bolsas por

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Motor de 6,7 litros nas potências de 260cv, 290cv e 310cv e o MX 13 de 480 e 530cv são as novidades da nova linha

eixo. A nova linha CF de semipesados também recebeu a nova transmissão automatizada ZF Ecotronic de 9 velocidades. Segundo a engenharia da DAF, a combinação com o motor PX-7 resultou na redução de até 6% no consumo de combustível. O freio motor de cabeçote conta com potência de 245cv.

A linha CF é atendida também pelo motor Paccar MX-11 de 10,8 litros, que além das potências de 410 e 450cv passou a contar também com unidades de 340 e 370cv. O cavalo mecânico 4x2 é atendido pelas potências de 370cv, 410 e 450cv, enquanto as configurações 6x2 e 8x2 são disponibilizadas nas potências de 410cv e 450cv. A exceção continua sendo a versão CF off-road, a única da família equipada com motor MX-13, de 12,9 litros e potência de 480cv. Todos são equipados com a nova geração

de freio motor com potência de 490cv e três estágios.

EXTRAPESADOS CALIBRADOS – A linha XF, campeã de vendas da marca, é equipada com motor MX-13 de 12,9 litros nas potências de 480 e 530cv, ambos calibrados para serem adequados à legislação P8, similar à norma Euro VI. Assim como os propulsores Paccar de 6,7 e 11,8 litros, o sistema de redução de emissões conta com solução integrada das tecnologias EGR e SCR e adição do Filtro DPF para Material Particulado (MP), cuja manutenção pode ser feita com até 540.000 quilômetros rodados. O sistema é capaz de reduzir para 5% o consumo de Arla 32 em relação ao diesel. A transmissão automatizada é a ZF conhecida TraXon de 12 velocidades. O pacote de mudanças na motoriza-

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LANÇAMENTO

Cavalo mecânico CF 4 x2 é disponibilizado pelo motor MX-11 de 10,8 litros nas potências de 370cv, 410cv e 450cv

ção Euro 6 da linha XF inclui mais robustez aos veículos, porém menos mudanças em relação à anterior Euro V, além de uma nova bomba d’água. Mesmo assim, a fabricante anunciou redução de 2% do consumo de combustível obtida principalmente pela nova calibração da injeção. Em combinação com a transmissão ZF TraXon e suas tecnologias, como o controle de cruzeiro preditivo, a redução total do consumo pode chegar a ser de até 6%, segundo a montadora.

BOM MOMENTO - A DAF terminou 2022 comemorando o melhor momento da empresa desde a sua instalação e início de de produção e comercialização de caminhões no Brasil em 2013. Entre 2020 e 2022, a marca avançou o equivalente aos sete anos anteriores em volume de emplacamentos, atingindo a casa

dos 10% de participação no segmento de caminhões pesados. “Os resultados são frutos do compromisso com nossos clientes”, afirmou Luis Gambim, diretor comercial da companhia.

“Oferecemos caminhões seguros, com tecnologias de ponta, alta performance e baixo consumo de combustível, além de serviços de pós-vendas, com ampla rede de Concessionárias DAF”, complementou o executivo. A empresa já exporta caminhões para mercados como Peru, Chile e Colômbia. Os novos produtos chegam ao mercado após investimentos na fábrica, a criação de nova linha de eixos, modernização de equipamentos expansão da linha de motores entre outras ações. Com os novos produtos a expectativa é encerrar esse ano com crescimento entre 15% a 20% em relação a 2022.

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E-DELIVERY AVANÇA PARA 17 TONELADAS

Depois das versões para 11,4 e 14,5 toneladas de PBT, a VWCO já prepara o novo e-Delivery 6x2 semipesado para operações urbanas

JOÃO GERALDO

Conforme era de se esperar, a Volkswagen confirmou a expansão do seu portifólio de caminhões elétricos com uma nova opção para distribuição urbana. A novidade é a versão do e-Delivery para 17 toneladas de PBT que se junta aos modelos para 11,4 e 14,5 toneladas. Um protótipo do futuro veículo já se encontra em teste e em breve deverá ser produzido em série,

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PRODUTO

pois trata-se de uma variante dos dois primeiros modelos elétricos já disponibilizados ao mercado pela VWCO.

Chamado pela montadora de e-Delivery 17, o caminhão tem capacidade técnica para 17,3 toneladas de PBT, três a mais que a versão também com terceiro eixo para 14,5 toneladas. Os caminhões elétricos da VWCO são os primeiros produzidos em série no País por uma mon-

tadora de grande porte, embora outras já começaram a se preparar para também terem seus veículos de carga movidos a bateria elétrica.

Com quatro ou seis packs de baterias, o e-Delivery 17 tem autonomia para até 180 quilômetros e traz com ele a inteligência embarcada dos elétricos da marca e sistemas para eficiência energética e também segurança a bordo. O CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes, lembrou que o e-Delivery 17 é uma variante da família de caminhões elétricos da marca e reforçou que as equipes da montadora conceberam uma plataforma flexível que garante velocidade para a construção de novos modelos, facilitando a adaptação e seguindo um novo conceito para veículos elétricos. “Essa solução é única e exclusiva no mundo, e permitiu o desenvolvimento de três modelos de caminhões elétricos em intervalo recorde”, complementou.

Com configuração 6x2 e rodado duplo nos dois eixos, o veículo é um semipesado para operar como veículo urbano de carga (VUC), pois seu projeto atende ao tráfego em zonas de restrição de circulação. Para o transporte nessa faixa de carga, o e-Delivery 17 conta com maior capacidade de peso no eixo dianteiro bem como chassi e suspensão (integral) reforçados. A plataforma de carga mais baixa visa tem por objetivo facilitar as operações de carga e descarga. Desde de dezembro, um protótipo do veículo já está sendo testado por clientes da marca em operação real na cidade de São Paulo. Entre outros nichos, seu foco está distribuição de bebidas com até oito pallets e também nas operações que demandem de caminhões compactos para cargas de densidade.

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Foto DIVULGAÇÃO

O preconceito em torno da depressão afasta os caminhoneiros de um diagnóstico preciso e de um tratamento realmente eficaz e como consequência pode comprometer a segurança na estrada já que a doença pode estimular o uso de medicamentos para dormir e na tentativa de recuperar a euforia, desinibição e convívio em sociedade aumentar o consumo de drogas e bebidas alcoólicas

54 PROFISSÃO Fotos SHUTTERSTOCK e ARQUIVO
PESSOAL

INIMIGO SILENCIOSO

Arotina cheia de pressão, falta de infraestrutura e até mesmo de desvalorização podem ser fatores facilitadores da depressão, uma doença comum entre os caminhoneiros, porém silenciosa e cercada de muito preconceito. O fato de

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ser facilmente confundida com momentos de desânimo, fadiga e tristeza, tão presentes na vida do motorista, dificulta um diagnóstico correto e atrasa a busca por um tratamento adequado e eficaz. A consequência é o comprometimento da segurança na estrada, uma vez que na tentativa de recuperar a euforia, desinibição e convívio em sociedade, pode existir um aumento no consumo de certas substâncias como drogas e bebidas alcoólicas para poder compensar alguns dos sintomas. Sem contar no abuso de medicamentos para controlar a ansiedade, a angústia e outros para ajudar o profissional a ter uma boa noite de sono. É muito importante que o motorista

esteja atento a essas pequenas alterações que podem ser sinais da depressão e procure ajuda para receber a orientação correta e melhorar a sua qualidade de vida. Afinal, o caminhoneiro tem um papel importante na sociedade. O fato de estar diariamente na estrada e ser um motorista profissional, o coloca como responsável por contribuir com a segurança. E um profissional com a saúde debilitada não consegue executar com eficiência o seu trabalho.

De acordo com especialistas, ansiedade e estresse são as doenças que mais afetam os caminhoneiros e trazem graves problemas à saúde mental e ao bem-estar. Além disso, dados mostram que a depressão está entre as seis maio-

A depressão pode levar ao aumento do consumo de drogas e bebidas alcóólicas e comprometer a segurança na estrada

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PROFISSÃO

res causas de afastamentos dos caminhoneiros no INSS. Estar com a saúde emocional em dia é importante para garantir a segurança na estrada. Afinal, o desânimo, sensação de medo, de tristeza, insônia entre outros, provoca falta de atenção e, consequentemente, aumenta a chances de acidentes. Segundo a Associação Brasileira de Tráfego (ABRAMET), a presença de doenças orgânicas nos caminhoneiros é responsável por cerca de 12% dos acidentes de trânsito fatais, incluindo as doenças cardiovasculares e, inclusive, as doenças mentais, como a depressão.

O assunto é pouco explorado e, talvez por isso, o preconceito em relação a depressão e outras doenças emocio-

Para Gleidson Santos a depressão é uma doença silenciosa e sem apoio a pessoa cai. É preciso estar atento e dar a verdadeira importância aos primeiros sinais

nais, seja tão grande. Muitos motoristas não admitem estar com a doença e, por falta de informação, não dão a devida importância e desconhecem a gravidade. O caminhoneiro Gleidson Santos Oliveira, de Vilhena/RO, 31 anos de idade, que atua no ramo de transporte de bebidas, era uma dessas pessoas que não acreditava que a depressão pudesse ser tão grave até que aconteceu com ele. No seu caso uma decepção amorosa foi o estopim para o desenvolvimento da depressão. Depois de nove anos de casado e um filho, a esposa abandonou os dois. “Nós vivíamos no sítio, vida de interior. Uma vida boa sem brigas. Po-

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PROFISSÃO

Após um grave acidente sofrido, Everton Donizete teve depressão, confirma a gravidade da doença e garante ser muito importante estar atento aos primeiros sintomas e dar a devida atenção a essa doença

rém com o tempo, já vai fazer dois anos, tivemos uma pequena discussão e ela foi embora. Na hora fiquei sem entender pois não havia um motivo forte para essa decisão. E foi nesse momento que comecei a cair. Principalmente por ver o sofrimento do meu filho, que queria a mãe”, recordou.

Gleidson conta que começou a perder peso, desenvolveu insônia, durante o dia não conseguia se concentrar no trabalho – que na época ainda era no sítio-, nos finais de semana não tinha vontade de sair. Quando chegou ao fundo do poço, com o apoio da família, decidiu que precisava sair de lá. “Foi uma fase muito difícil. Não queria fazer nada. Hoje posso dizer que ir para a estrada foi o melhor remédio. Ainda não superei 100%

mas posso dizer que estou curado. Viajando me distraio e vou vivendo a vida melhor”.

Atualmente Gleidson está casado, aumentou a família e está feliz. Mas, faz um alerta a todos os colegas que ainda não dão a devida atenção aos sinais da depressão. “A depressão é uma doença silenciosa e se a pessoa não tiver uma cabeça boa e apoio ela cai. Graças a Deus eu nunca cheguei ao ponto de querer tirar a vida, mas sei de pessoas que chegaram a esse ponto. Minha família ajudou muito. E um conselho é não ficar isolado e quieto. Quando eu me sentia sozinho buscava pessoas para conversar e me distrair. Mas é muito complicado mesmo. Só quem passa sabe.”

Gleidson disse que chegou a procurar

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ajuda de psicólogo, porém, as consultas eram muito espaçadas e, na época, não tinha condição financeira para um atendimento particular. Na sua opinião teria sido muito mais fácil se tivesse tido uma ajuda mais especializada. “Li bastante sobre o assunto, assisti vídeos com profissionais que davam dicas e uma delas era procurar fazer alguma coisa que realmente gostava e ocupar a cabeça. E assim eu fiz. O ponto principal para ajudar algum com depressão é incentivar ela a falar dos planos para o No caso do motorista Everton Donizete Salcedo, 32 anos de idade, de Jundiaí/SP, na área desde os 14 anos quando começou como ajudante, um acidente ocorrido em 2018 – que provocou a morte de um colega – foi o fator desen-

cadeante da depressão. “Para ser bem sincero antes de passar por isso eu nunca acreditei em depressão, achava que era frescura. Mas, hoje sei que é algo muito grave e que realmente precisa de uma atenção. Confesso que depois do acidente quando voltei para a estrada pensei em me matar. Dirigindo em São Paulo, uma vez vivi uma situação horrível. Uma voz falando para eu acabar com tudo e outra que dizia para eu continuar. Mas graças a Deus não aconteceu nada. Mas assim que cheguei ao destino liguei para minha esposa e pedi para ela buscar um profissional. E essa sensação de querer se matar veio mais umas duas vezes”.

Everton faz questão de reforçar o quanto essa experiência foi ruim. Ele relata que é algo que foge do controle e pode realmente resultar em suicídio se a pessoa não tem uma base forte. Conta que mesmo trabalhando não tinha vontade de nada. “Passei no psicólogo uns dois meses. Mas vida de caminhoneiro é complicada né? Não tinha tempo. Eu me recuperei pois eu e minha esposa conversamos muito. Claro que Deus é o número um, mas a minha esposa foi a principal chave de tudo. Minha família também”.

Outra coisa que ajudou Everton foi ocupar a cabeça com coisas que lhe davam prazer. Uma delas era jogar videogame. Ele conta que nas horas de lazer jogava com o filho e minha esposa. Quando ficava sozinho e o pensamento vinha já buscava logo alguma coisa para ocupar a mente. “Posso dizer que sai sozinho dessa situação. Foi difícil e ainda é. Mas busco sempre ocupar a minha cabeça com qualquer coisa para desviar o pensamento. Se a pessoa realmente quiser e ocupar a mente com os objeti-

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Quando não tratada da maneira correta, a depressão pode levar ao suicídio

vos futuros, trabalhar, pensar nos filhos e tentar sempre valorizar as coisas boas como saúde e família é possível vencer essa doença. Se a pessoa colocar na cabeça que precisa conseguir e vai superar e ainda ter o apoio de família, é possível sim sair da depressão. Mas ela precisa querer, se esforçar e seguir”

Max Eugênio Figueiredo Horta Moreira, é de Itabira/MG, tem 40 anos, transporta carga seca, cimento, argamassa, também já teve depressão e sabe bem como é ter uma doença tão perigosa. Ele explica que a depressão é algo bem comum em sua cidade que já foi considerada a “cidade do suicídio”, por conta do grande número de ocorrências. Ele acredita que as pessoas da cidade são muito materialistas e gananciosas e

isso contribui para aumentar a depressão e a ansiedade. “Tudo isso contraria o que Deus quer. E é isso que as pessoas não entendem, é preciso mais humanidade e compaixão entre as pessoas. Alimentar o sofrimento do próximo só contribui para o aumento de coisas ruins como o suicídio. ”.

Na opinião de Max, para o caminhoneiro superar a depressão é preciso três coisas: fé em Deus, acompanhamento com especialista e apoio da família. “Quando essa doença bate não é fácil. Eu tive toda ajuda inclusive um psiquiatra que até hoje visito para controle. Por isso, é muito importante estar atento. Eu fui acumulando muitas coisas, era calado, sistemático, tinha preocupação excessiva com o futuro e me isolava.

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PROFISSÃO

Eu não tinha com quem desabafar. E isso fez muito mal para mim e foi me deixando doente. Por isso temos que cuidar da nossa mente, do nosso espírito”, aconselhou.

Em relação aos primeiros sinais de que algo estava errado, Max lembra que começou a não querer mais sair de casa, não tinha força para fazer nada. E para tentar passar por esse momento se agarrou a Deus e a família. “Passei por muitas coisas, já cai várias vezes, mas Deus me levantou e graças a minha mãe, que é uma mulher de muita fé, sempre fui incentivado a cuidar da espiritualidade e isso com certeza foi um diferencial para eu conseguir superar.” Outro hábito que Max adotou para tentar melhorar foi a atividade física.

Na opinião de Max Eugênio para superar a depressão é preciso ter fé, apoio da família e acompanhamento de um especialista

Ele acredita que os caminhoneiros são mais afetados justamente pela rotina pesada que levam. “Os motoristas se sentem desvalorizados, vivem estressados, não dormem direito, se alimentam mal, financeiramente não são recompensados, ficam longe de casa, pressão para entregar carga, problemas familiares, não pratica atividade física. Tudo isso são fatores que contribuem para a depressão”. Max aconselha os motoristas que estão passando por isso e querem superar a depressão, tentar levar uma vida mais leve, não se preocupar excessivamente com o futuro, desabafar com pessoas de confiança e não se isolar, praticar atividade física nem que seja uma caminhada de 40 minutos, e ter muita fé e confiar em Deus.

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PRODUÇÃO ARGENTINA

A Volkswagen anunciou em dezembro que irá produzir caminhões e ônibus na Argentina a partir de 2024. O país é o mais importante mercado de exportação da montadora instalada em Resende/RJ. Da linha de montagem sairão os modelos Delivery 11.970 e 11.180, Constellation 17.280 nas versões chassis-cabine e cavalomecânico, além do chassis de ônibus VW Volksbus 15.190 OD. Localizada em Córdoba, o objetivo da unidade é abastecer o mercado argentino.

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Anuário de Caminhões 2022

ROUBO DE CARGAS

Levantamento da Polícia

Federal revelou que o número de prisões por roubos de cargas aumentou 25% em 2021, chegando a 764 no período. Minas Gerais liderou o ranking, com mais de 200 prisões, seguido por Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo a NTC&Logística, em 2021 as ocorrências causaram R$ 1,2 bilhão ao setor do TRC. Vale mais acender

SORTEIO DE CAMINHÃO

O Scania Consórcio vai sortear o último caminhão da marca produzido no Brasil com motor Euro 5. Trata-se do Collector Edition, um modelo R 450 6x2, de 450cv e cabine R Highline. Para participar é necessário adquirir uma das 200 cotas da ação já disponíveis. O anúncio do vencedor está programado para 23 de junho de 2023 e o premiado irá receber o veículo sem custo com frete, documentação e IPVA pagos. Mais informações nas concessionárias ou pelo portal do Consórcio Scania.

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uma luz do que reclamar da escuridão

RETRAÇÃO NOS LICENCIAMENTOS

Os 114.166 veículos de carga licenciados entre janeiro e novembro de 2022 apresentaram queda de 2,2% quando comparados às 116.792 unidades emplacadas em igual período de 2021. A retração maior foi no segmento de Leves, no qual Mercedes-Benz e Volkswagen, montadoras com maior volume de vendas, sofreram redução de 15,0% e de 16,2% respectivamente. Considerando a soma de todas as marcas, o licenciamento de modelos Leves apresentou redução de 12,1%. O volume de Pesados, cujas vendas garantem mais da metade dos emplacamentos no País, também caiu. No período, a indústria registrou o licenciamento de 58.151 unidades contra 59.833 nos mesmos 11 meses de 2021. O segmento de Médios (caminhões entre 10 e 15 toneladas de PBT) também caiu 7,3%. Já os semipesados, categoria liderada pela VWCO, com 13.287 unidades só em novembro, cresceram 2,4%, subindo de 29.202 unidades para 29.910 no período.

MODELOS MAIS LICENCIADOS POR MARCA

EM NOVEMBRO/2022

POS. FABRICANTE QUANT. JAN/AGO

1º VOLVO FH 540 670 7.499 2º SCANIA R 450 628 4.462 3º VOLVO VM 270 473 4.298 4º DAF XF 459 5.530 5º VOLKSWAGEN 11.180 452 5.136 6º VOLVO FH 460 366 4.659 7º MB ACTROS 2651 320 3.149 8º SCANIA R 540 317 2.759 9º MB ACCELO 1016 240 3.094 10º MB ATEGO 2426 223 2.370

ACUMULADO 2022

POS. FABRICANTE QUANT. PARTIC.

1º VOLKSWAGEN 31.749 28,22% 2º MERCEDES-BENZ 30.723 27,30,% 3º VOLVO 21.719 19,30% 4º SCANIA 11.648 10,35% 5º IVECO 9.789 8,70% 6º DAF 5.948 5,29% 7º JAC 484 0,43% 8º HYUNDAI 229 0,20%

O levantamento mensal da Fenabrave apontou a liderança da Volkswagen nos primeiros 10 meses de 2022, com 28,22% de participação de mercado. O modelo mais vendido da marca, o Delivery 11.180, atingiu a marca de 5.136 unidades no período.

64 MERCADO
Foto : DIVULGAÇÃO
DE CAMINHÕES
Fonte: FENABRAVE

LICENCIAMENTO 2022 JAN A NOV

UNIDADES NOV/2022 OUT/2022 JAN-NOV/2022

TOTAL DE CAMINHÕES 10.208 10.796 114.166

SEMILEVES 620 689 6.657

FCA (DODGE) 337 291 2.670 IVECO 71 109 1.024 VOLKSWAGEN 30 94 579 MERCEDES-BENZ 171 189 2.243 PEUGEOT/CITROËN 2 0 53

OUTROS FABRICANTES 9 4 70

LEVES 768 753 9.972

AGRALE 3 1 47 CAOA HYUNDAI 21 21 229 IVECO 72 53 1.091

VOLKSWAGEN 208 192 3.029 MERCEDES-BENZ 410 399 5.064 OUTROS FABRICANTES 53 83 491

MÉDIOS 785 695 9.476

AGRALE 5 0 15 FORD 1 0 8 IVECO 77 66 1.030 VOLKSWAGEN 590 551 7.029 MERCEDES-BENZ 103 71 1.333 OUTROS FABRICANTES 9 7 61

SEMIPESADOS 2.601 2.654 29.910 DAF 45 40 233 FORD 3 0 12 IVECO 307 336 4.228 VOLKSWAGEN 1.018 1.148 13.287 MERCEDES-BENZ 698 651 7.270 SCANIA 1 0 18 VOLVO 527 479 4.853 OUTROS FABRICANTES 0 0 7

PESADOS 5.434 6.005 58.151 DAF 463 471 5.715 FORD 0 0 2 IVECO 179 283 2.344 MAN/VOLKSWAGEN 672 842 7.823 MERCEDES-BENZ 1.335 1.527 13.752 SCANIA 1.318 1.507 11.640 VOLVO 1.467 1.375 16.868 OUTROS FABRICANTES 0 0 7 Fonte

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: ANFAVEA

DISQUE 100 PARA PROTEGER A INFÂNCIA

Os profissionais que trabalham nas estradas têm sido de importância fundamental para o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes. Mesmo assim, a batalha está longe do fim. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, entre janeiro e abril de 2019, 4,7 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas no Disque 100.

Apesar das meninas serem alvos mais frequentes deste tipo de crime, os garotos também são visados. No último ano, 73,25% dos casos de violência sexual na infância e adolescência foram cometidos contra o sexo feminino e 17,85% contra o masculino. Não informaram o gênero da vítima 8,9% das denúncias feitas.

Um fato sério chama a nossa atenção. Entre os anos de 2018 e 2019, o número de denúncias diminuiu. Esse índice exige que toda a sociedade abra seus olhos, uma vez que a queda nas denúncias certamente não significa que o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes foi menor. Como sa-

bemos, trata-se de um crime muitas vezes invisível, com a presença apenas do agressor e da vítima.

Mais do que nunca, é dever da sociedade refletir sobre o tema e colocar em prática iniciativas que podem salvar a vida de meninas e meninos em situação de risco. Denunciar qualquer atividade suspeita pode salvar uma vida!

Os carreteiros do país podem ajudar na causa, atentando-se, principalmente, à população infantil e jovem de Roraima, do Amapá, de Sergipe, do Pará e de Tocantins, que foram os estados com menores índices de denúncia de violência sexual contra crianças e adolescentes, segundo o Disque 100. É importante relembrar que áreas portuárias e pólos industriais também são pontos de alta incidência de crimes.

Seja também um agente de proteção da infância e ajude a enfrentar a violência sexual. Para isso, você só precisa ligar para o Disque 100 e relatar qualquer suspeita de violência. A denúncia é gratuita e pode ser feita anonimamente. A proteção de meninas e meninos está em nossas mãos.

Para saber mais, acesse: Childhood Brasil – www.childhood.org.br Programa Na Mão Certa – www.namaocerta.org.br

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