O Carreteiro 571

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DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO | OUT/NOV 2025 | EDIÇÃO 571

GESTÃO SOBRE RODAS

Como o caminhoneiro pode se manter competitivo e rentável mesmo em tempos difíceis

MOTORISTAS SURDOS SEMINOVOS EM ALTA PÓS-VENDAS

Desinformação e preconceito são as principais barreiras para a inclusão na profissão

Manutenção é investimento e garante rentabilidade e disponibilidade do veículo

Com alta de juros, mercado de usados é opção para manter a frota atualizada e competitiva

CONSÓRCIO MODALIDADE GANHA FORÇA NA RENOVAÇÃO DE FROTA

NEGÓCIOS SOBRE RODAS

Em um cenário de instabilidade econômica, cada decisão tomada na estrada pode impactar diretamente os resultados do negócio. Para o caminhoneiro autônomo, o caminhão deixou de ser apenas um veículo: é um ativo, um investimento que precisa ser bem cuidado para gerar lucro.

Controlar gastos, planejar rotas, treinar habilidades de direção e manter o caminhão em dia são ações que transformam o cuidado em rentabilidade.

Manutenção preventiva, uso de peças de qualidade e atenção a sinais de desgaste prolongam a vida útil do veículo e preservam sua produtividade, evitando paradas inesperadas e prejuízos desnecessários.

Com todos os custos sob controle, é possível pensar estrategicamente na renovação da frota.

Seja por meio de seminovos ou consórcios que oferecem previsibilidade financeira, cada investimento deve ser calculado e planejado, garantindo segurança, performance e retorno.

No fim das contas, enxergar o caminhão como um negócio próprio é a chave para o caminhoneiro atravessar crises com o bolso equilibrado.

Cuidar, planejar e investir de forma consciente não é apenas uma escolha inteligente é a base para continuar competitivo e transformar trabalho na estrada em lucro sustentável.

Sobreviver financeiramente na estrada é essencialmente enxergar além do imediato, transformar cuidado em lucro e manter a operação ativa mesmo diante das adversidades.

24 PÓS-VENDAS

Cuidar do caminhão é investimento, garante rentabilidade e mais disponibilidade

38 SURDEZ NA ESTRADA

Lei garante, mas falta de informação ainda dificulta o ingresso de surdos ao volante

12 ECONOMIA NA ESTRADA

Planejar a rota, controlar gastos e entender o custo real da operação é o caminho para rodar mais e lucrar melhor

18 CONSÓRCIO

Com juros altos, a modalidade ganha força como alternativa segura de investimento

23 ENCONTRO

Festa em Sorocaba reúne milhares de caminhoneiros em dia de união e solidariedade

34 SEMINOVOS

Seminovos com garantia ganham força como opção viável para renovar a frota

46 INSPEÇÃO

Setor reforça a importância da inspeção veicular para renovar a frota nacional

50 IMPRESSÕES

Sprinter Street combina potência, conforto e tecnologia no transporte urbano

56 PNEUS

Novo R167E chega com tecnologia e durabilidade para ônibus e caminhões elétricos

58

ROUBO DE CARGA

Ocorrências caem, mas prejuízo cresce no transporte rodoviário de cargas

62 FILTROS

MANN+HUMMEL lança tecnologia para motores a biodiesel, maior durabilidade e eficiência

64 PROJETO CULTURAL

Iniciativa da Mobil Delvac valoriza caminhoneiros com livro e documentário

Notícias | 54 Na mão certa

REVISTA

DESDE 1970 TRANSPORTANDO INFORMAÇÃO

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ED. Nº 571 • OUT-NOV/2025

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A Revista O Carreteiro é dirigida a motoristas de caminhão, empresários donos de transportadoras, frotistas, chefes de oficinas e demais profissionais ligados ao transporte rodoviário de carga. A publicação é distribuída em cooperação com postos de serviços rodoviários “ROD” (Rede Oficial de Distribuidores da Revista O Carreteiro). É proibida a reprodução total ou parcial de matérias sem prévia autorização. Matérias e artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Revista O Carreteiro. Impressão e Acabamento: Lar Anália Franco (Grafilar Centro Pofissionalizante Gráfica e Editora). Distribuição gratuita nos postos de rodovia cadastrados no ROD.

FOTON REFORÇA PRESENÇA

A Foton amplia sua atuação na América do Sul com o lançamento do Auman C 4146 6×4, caminhão basculante voltado à construção e mineração na Argentina. Robusto e eficiente, o veículo combina desempenho, conforto e alta capacidade de carga, reforçando o portfólio da marca em um dos segmentos mais exigentes. Segundo Santiago Houssay, gerente de produto da Foton Argentina, o modelo atende demandas específicas de cada operação: “Reforçamos nossa estratégia de ter configurações que se adaptam às necessidades de cada cliente”, afirma.

O Auman C 4146 mede 8.296 mm de comprimento, 2.495 mm de largura e 3.280 mm de altura, com entre-eixos de 3.600 mm, e caçambão Loxa de 19 m³. Seu PBT vai de 41 a 55 toneladas, destacando-se em terrenos difíceis, com menor raio de giro.

O motor Cummins ISGe5 460 de 11,8 litros entrega 460 cv e 235 mkgf de torque, em conjunto com transmissão automatizada ZF-AMT de 12 marchas. O caminhão conta ainda com bloqueio de diferencial, freios a tambor com ABS, freio motor iBrake e retardador hidráulico, garantindo segurança e eficiência.

A cabine oferece conforto de modelos rodoviários, com ar-condicionado, cama, bancos ajustáveis, rádio MP3, portas USB e direção hidráulica. O design inclui DRLs, faróis de neblina e rebatimento elétrico da cabine. Enquanto a operação argentina fortalece o segmento vocacional, a Foton Brasil expande sua linha de leves, médios, semipesados e elétricos, além de ampliar rede de concessionárias e suporte técnico, reforçando sua presença e competitividade na região.

SCANIA AVANÇA NA CHINA

A Scania inaugurou seu terceiro centro industrial global em Rugao, China, com investimento de 2 bilhões de euros.

A fábrica, com 800 mil m², capacidade para 50 mil veículos/ano e 3 mil empregos diretos, atenderá o mercado chinês, outros países asiáticos e exportação, reforçando a presença da marca no maior mercado de caminhões do mundo.

A unidade é a primeira na China com licença integral de produção e 100% de propriedade da Scania. Projetada com foco em sustentabilidade, funcionará quase totalmente com fontes renováveis, como biogás local e eletricidade verde certificada, apoiando as metas de descarbonização da empresa. Presente no país há 60 anos, a Scania integra inovação, conectividade, autonomia e eletrificação

em Rugao e nos centros de P&D de Rugao e Xangai. Segundo Christian Levin, CEO da Scania, a unidade permitirá produzir e inovar localmente, acelerando a transição para transporte sustentável. O complexo faz parte do Sistema Modular TRATON (TMS) e permitirá adaptar tecnologias e portfólios às demandas locais. A Scania oferecerá duas linhas: a global, para aplicações exigentes, e a NEXT ERA, voltada ao transporte de longa distância e alto volume da China, integrada ao ecossistema digital local. As entregas da fábrica começam no final de 2025, com o lançamento do NEXT ERA previsto para o primeiro semestre de 2026, fortalecendo a competitividade global da marca e a proximidade com clientes asiáticos.

HOMENAGEM SOBRE RODAS

A Transporte Rodrimar, de Minas Gerais, celebra seus 55 anos com uma homenagem ao fundador Celso Rodrigues, personalizando um DAF XF 6x2 de 480 cv com a ilustração do empresário. O projeto, idealizado pela neta Renata Rodrigues, levou três meses e simboliza a união entre tradição e inovação no transporte rodoviário. A escolha do modelo reflete a busca por desempenho, confiabilidade e conforto, com cabine Space Cab de 3.525 mm, ideal para longas jornadas.

“Meu avô começou dirigindo caminhão e sempre foi exemplo de dedicação e empreendedorismo”, afirma Renata.

Segundo Luis Gambim, diretor comercial da DAF, a homenagem reforça memória,

inovação e respeito, valorizando os profissionais que movem o país. A parceria entre Rodrimar e DAF começou em 2018 e hoje inclui oito caminhões na frota.

Renata destaca desempenho, economia e pós-venda como fatores decisivos, e o pai, Renato Rodrigues, enfatiza a robustez e a facilidade de manutenção.

Fundada em 1970, a Rodrimar iniciou com transporte de minérios e grãos, e hoje opera 25 conjuntos com 52 equipamentos, atendendo rotas principalmente entre Minas Gerais e São Paulo. A terceira geração, com Renata em formação na gestão, se prepara para dar continuidade ao legado de Celso, mantendo tradição e mirando o futuro da empresa.

RECUO NOS PESADOS

O mercado de caminhões segue em queda em 2025, acumulando o terceiro trimestre consecutivo de retração. Segundo a Anfavea, as vendas totais caíram 7,7% entre janeiro e setembro, com destaque negativo para o segmento de pesados, que recuou mais de 20% no período. De acordo com o presidente da entidade, Igor Calvet, o cenário é resultado da combinação entre juros altos, crédito restrito e aumento da inadimplência no agronegócio. “O mercado de pesados vai muito mal. Esse grupo representa quase metade das vendas totais e carrega grande peso no desempenho geral”, afirmou. O custo elevado do financiamento também tem afastado o transportador da compra de novos veículos. “O crédito sumiu, e quem precisa investir na frota não encontra condições adequadas. O cenário de juros altos tem minado a recuperação do transporte de longa distância”, avaliou Calvet. Com isso, o ciclo de renovação de frota iniciado em 2023 perdeu força, e a retomada do setor avança mais lentamente que o esperado. A produção

também reflete o desaquecimento: entre janeiro e setembro, foram fabricados 98,6 mil caminhões, volume 3% inferior ao de 2024. No terceiro trimestre, a queda chegou a 9,4%.A Anfavea mantém diálogo com o governo e o BNDES para viabilizar novos programas de renovação de frota, com foco em linhas de crédito acessíveis aos pequenos transportadores. Entretanto, a indefinição política e a instabilidade econômica dificultam previsões de melhora. “O mais provável é a manutenção dos níveis atuais até o fim do ano”, disse Calvet.

Apesar do recuo, o setor preserva empregos e capacidade produtiva. Nos últimos 12 meses, foram mantidas cerca de 5 mil vagas, apoiadas por programas de qualificação e férias coletivas. Mesmo assim, o segmento de pesados perdeu 180 postos neste ano. Cauteloso, Calvet vê possibilidade de recuperação gradual. “O transporte de carga é um termômetro da economia. Quando os caminhões voltarem a rodar em volume, será sinal de que o país também retomou o crescimento”, concluiu.

DESCONTOS DE OUTRO PLANETA

A PACCAR Parts lançou a promoção nacional “Descontos de Outro Planeta”, válida até 31 de dezembro, com descontos de até 50% em mais de 200 produtos. Segundo Gustavo Novicki, diretor nacional de Vendas, o último trimestre é um dos mais movimentados do setor. “É a época em que os clientes preparam suas frotas para o próximo ano. Esperamos crescimento de 30% nas vendas em relação a 2024, impulsionado pelo portfólio diversificado e pelos descontos”, afirma.

A campanha reúne peças genuínas DAF, PACCAR e da linha multimarcas TRP, atendendo caminhões, carretas e ônibus de diferentes marcas. Entre os itens em destaque estão componentes elétricos, iluminação, cabine e acessórios. Na linha

de transmissão TRP, mais de 30 itens, incluindo kits de embreagem e servos, estão em promoção e devem ter aumento superior a 40% nas vendas. Além das ofertas, a PACCAR Parts apresenta novidades como o Kit Hidráulico com Tanque Suplementar e peças TRP para defletores e cabines, todas com cobertura nacional e garantia da marca.

A promoção ocorre em mais de 70 pontos de venda, incluindo concessionárias DAF, lojas TRP e o e-commerce DAF Webshop. “Campanhas como esta fortalecem nosso relacionamento com clientes e parceiros, oferecem economia e acesso a produtos de qualidade, e reforçam nosso compromisso em apoiar o transporte e a manutenção das frotas no país”, finaliza Novicki.

Lucro na ponta

|

do lápis

Controlar cada gasto, planejar a rota e conhecer o custo real da operação são passos essenciais para garantir rentabilidade e atravessar momentos de crise com o caminhão rodando e o bolso no azul

Reduzir e controlar os custos na estrada, ainda mais em momentos de instabilidade econômica, é o objetivo de todo caminhoneiro, principalmente os autônomos. Saber administrar os gastos e evitá-los ajuda a melhorar o faturamento no final do mês. Além disso, quando o caminhoneiro reduz e controla de maneira eficiente os custos consegue se planejar, poupar e se organizar para melhorar o seu negócio.

Mudanças no dia a dia podem contribuir para essa melhorar a relação de entrada e saída. Mas, para isso é necessário ter uma planilha de custo eficiente para entender todos os gastos e depois obter pequenas economias. Fazer um planejamento da rota, manutenção preventiva no caminhão, preparar a refeição no caminhão e até mesmo melhorar a maneira de dirigir buscando sempre uma economia de diesel é essencial para começar.

Diante desse cenário, Lauro Valdivia, engenheiro de transporte reforça que o primeiro passo para qualquer transportador, seja autônomo ou empresário, é conhecer os próprios custos. “Você só consegue reduzir o que sabe medir. É

como querer fazer um regime sem balança”, compara.

O especialista recomenda que o caminhoneiro anote tudo combustível, pedágio, pneu, alimentação, IPVA, licenciamento, seguro e manutenção. “Tem que saber exatamente quanto gasta e quanto sobra. Só assim dá pra saber se o frete cobre todos os custos e ainda gera lucro”, explica.

Ele lembra que o combustível é o item que mais pesa, e por isso merece atenção redobrada. Uma boa opção é buscar alternativas, como treinamentos gratuitos ou aplicativo de consumo, para uma condução mais econômica. “Cada economia, por menor que pareça, faz diferença. No transporte, o lucro é pequeno. Então economizar 0,5% no pneu pode representar até 10% a mais de lucro”, contabiliza.

Para Valdivia, a preocupação com eficiência e economia deve ser constante, e não apenas uma reação a momentos difíceis. “A crise serve para abrir os olhos, mas o ideal é que o caminhoneiro tenha essa cultura de gestão sempre. Cada litro de diesel economizado, cada pneu que dura mais, é dinheiro que ele pode-

DANIELA GIOPATO

DICAS PARA ECONOMIZAR NA ESTRADA

ORGANIZAÇÃO DA COZINHA E ALIMENTAÇÃO NA ESTRADA

Montar um cardápio básico antes da viagem ajuda o caminhoneiro a se organizar e economizar. Quem tem geladeira no caminhão pode variar mais nas refeições, incluindo frutas, legumes e proteínas, evitando paradas desnecessárias e gastos extras. Já quem não possui deve priorizar alimentos não perecíveis e planejar bem as compras para não haver desperdício.

COZINHA COMPARTILHADA

Combinar paradas e dividir refeições com colegas de estrada também é uma boa alternativa para economizar. Além de reduzir custos, cozinhar em grupo torna o momento mais leve e prático.

PLANEJAMENTO DA VIAGEM

Traçar o roteiro antes de sair é essencial. Planejar as paradas, conferir preços de abastecimento e calcular pedágios evita imprevistos e ajuda no controle de gastos. Aplicativos de rotas facilitam esse processo e indicam locais com infraestrutura e segurança. Conhecer o trajeto também permite

se programar para o frete de retorno e evitar rodar vazio.

CONSUMO DE DIESEL

Controlar o consumo é o primeiro passo para economizar. Segundo o engenheiro Lauro Valdivia, o motorista precisa saber qual é a média de consumo do caminhão para entender onde pode melhorar. A forma de dirigir, a manutenção em dia e até a calibragem dos pneus influenciam diretamente. Trocar marchas na rotação certa, usar o freio motor e manter velocidade constante são hábitos que reduzem o gasto de combustível.

MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Cuidar do caminhão antes que ele apresente falhas é uma das maneiras mais eficazes de economizar. A manutenção preventiva custa, em média, três vezes menos que o reparo corretivo e evita paradas não programadas, atrasos nas entregas e até acidentes. Freios, óleo, filtros e cubos das rodas merecem atenção especial. Um caminhão bem cuidado roda mais, consome menos e gera mais lucro.

ria estar guardando há anos”, observa.

Além de controlar os custos, Valdivia destaca a produtividade como fator-chave. Isso inclui otimizar o número de viagens por mês e reduzir o tempo parado em carga e descarga. “Quanto mais o caminhão roda, maior a receita. O motorista deve tentar negociar com os clientes para agilizar esses processos, sempre que possível.”

Outro erro comum, segundo o especialista, é escolher o frete apenas pelo valor da ida. “Às vezes o caminhoneiro aceita uma carga que paga mais, mas esquece de avaliar o retorno. Se não tiver carga para voltar, o que ele ganhou não compensa o custo de rodar vazio. O frete precisa ser analisado sempre considerando ida e volta”, alerta.

Ele também recomenda avaliar outros fatores, como o tempo fora de casa e o custo diário do caminhão. Afinal,

Algumas medidas como preparar a própria comida pode trazer economia

Para Lauro Valdivia o primeiro passo para um negócio rentável é saber o valor real de todas as despesas

Fazer a manutenção preventiva do caminhão é o melhor caminho para evitar imprevistos

Valdivia ressalta que não adianta pegar um frete que paga mais se o motorista terá de esperar 15 dias por uma carga de retorno. O custo diário do caminhão é alto, e o tempo longe da família também pesa.

Por todos esses motivos, Valdivia enfatiza que o caminhão exige planejamento financeiro rigoroso. “Não dá para pensar só nos gastos imediatos. É preciso guardar dinheiro para manutenção, troca de pneus, licenciamento, seguro e até para a troca do próprio caminhão. Manutenção de caminhão é pesada. Se o motorista não se planejar, não tem como pagar”, explica.

O endividamento é outro ponto de alerta. Muitos motoristas se comprometem com parcelas altas de financiamento sem calcular o impacto na renda. A parcela, segundo o engenheiro, é um custo fixo que pressiona muito. “Di-

ferente da manutenção, que às vezes dá pra adiar um pouco, o boleto chega todo mês. Aí o motorista acaba aceitando qualquer frete só pra pagar a parcela”, comenta.

O ideal, segundo ele, é que o frete gere lucro suficiente para o caminhoneiro formar uma reserva e trocar de caminhão sem precisar financiar novamente. “Se ele começou financiado, tudo bem. Mas o objetivo deve ser, aos poucos, substituir parte da parcela por recursos próprios. Só assim ele reduz a pressão e ganha mais liberdade para escolher os fretes.”

Valdivia conclui com um alerta: “Quem não acordar para a importância da gestão e do controle de custos corre o risco de não sobreviver a uma nova crise. O caminhão é essencial para o País, mas ele só é sustentável se der lucro para quem dirige.”

ALTERNATIVA PARA RENOVAÇÃO

Planejamento, menor custo financeiro e previsibilidade transformam o consórcio em uma das principais alternativas de investimento para frotistas e motoristas autônomos

ANDREA RAMOS

Em um mercado de caminhões desafiador e pressionado pelos juros altos, o consórcio se tor nou uma saída real para quem precisa renovar a frota. Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o setor de veículos pesados movimentou R$ 33,54 bilhões entre janeiro e agosto de 2025. Ou seja, um crescimento de 13,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de créditos liberados saltou 48,2%, chegando a R$ 15,66 bilhões, enquanto o tíquete mé dio mais que dobrou, saindo de R$ 191,6 mil para R$ 401,4 mil, alta de 109,5%. Mesmo com retração de 17,4% nas no vas adesões - foram 133,43 mil até agosto -, o sistema ganhou relevância no transporte ro doviário de carga. Os 25,7 mil consorciados con templados só na categoria de caminhões até agos to equivalem a 26,1% das vendas internas. O que signifi ca que um em cada quatro caminhões vendidos no País teve origem em uma carta de crédito.

ALTERNATIVA RENOVAÇÃO DE FROTA

Nas montadoras, o movimento é semelhante. O Consórcio Scania deve fechar 2025 com 3.800 cotas vendidas, e planeja atingir 4.000 cotas em 2026, segundo Rodrigo Clemente, diretor comercial. “O consórcio vive um momento de maturidade. Com a Selic em 15%, ele se torna um instrumento poderoso de planejamento para o transportador. O juro alto não é uma bala de prata, mas é o gatilho que leva o cliente a repensar o investimento”, explica.

O executivo destaca que, hoje, o consórcio representa quase metade das operações financeiras combinadas entre o Banco e o Consórcio Scania, e que a modalidade tem atraído tanto o grande frotista quanto o transportador de semipesados e ônibus. “Nosso foco é oferecer alternativas completas, inclusive com possibilidade de usar o caminhão usado como lance, o que pode acelerar a contemplação”, diz Clemente. Na Volvo, Thaís Schmelzer, gerente de consórcio, reforça que a modalidade tem se mostrado essencial para o transportador autônomo. “O consórcio permite começar pagando uma parcela reduzida, que cabe no orçamento. Quando ele é contemplado e o caminhão começa a gerar renda, a parcela é ajustada. Isso cria um ciclo saudável de investimento e retorno.” Segundo ela, a procura aumentou fortemente em 2025, especialmente entre quem busca planejar a renovação sem enfrentar o custo dos

O consórcio representa quase metade das operações combinadas entre o Banco e o Consórcio Scania, revela Rodrigo Clemente

Na Volkswagen Caminhões e Ônibus, o consórcio tem dobrado de importância. Eduardo Portas, CEO da Traton Financial Services, afirma que o produto saiu da prateleira do planejamento de longo prazo e entrou na rotina da renovação imediata. “Hoje, muitas transportadoras combinam financiamento com carta de crédito. O empresário vende parte da frota usada para ofertar lances altos, é contemplado rapidamente e retira o novo veículo sem precisar se expor a juros elevados”, diz o executivo. A modalidade, que representava 5% das entregas de caminhões VW há um ano, já alcança quase 10%.

A Mercedes-Benz também vive expansão. Segundo Cláudio Jesus, diretor comercial do Consórcio Mercedes-Benz,

Nosso foco é oferecer alternativas, como dar o caminhão usado como lance, explica Thaís Schmelzer, do Consórcio Volvo

as vendas somaram 4.000 novas cotas até setembro, alta de 15% sobre 2024. “Estamos crescendo acima dos dois dígitos pelo quinto ano consecutivo. A procura está equilibrada entre pequenos, médios e grandes frotistas, com destaque para o plano Pontual, que entrega o bem a partir da sexta assembleia”, diz. A marca prevê 6.000 cotas até o fim de 2025, o que significará crescimento superior a 25%.

Na DAF, o consórcio representa 7% das vendas totais de caminhões e vem ampliando espaço no varejo. Paulo Souza, gerente regional da marca, explica que a modalidade ganhou corpo junto aos pequenos transportadores e no agronegócio. O DAF XF é a família mais procurada, e os grupos ativos têm ade-

RESUMO DO SETOR - CAMINHÕES (JAN–AGO/2025)

Indicador Valor 2025 Variação vs. 2024

Participantes ativos

Vendas de cotas

Volume de créditos comercializados

mil

mil

33,54 bi

Contemplações 62,68 mil +9,6%

Créditos liberados

Tíquete médio

Participação nas vendas de caminhões

15,66 bi

401,4 mil

26,1%

Fonte: ABAC - dados de janeiro a agosto de 2025 e considera caminhões, implementos e tratores

são crescente entre clientes pessoa jurídica, que hoje somam 80% da carteira.

A Iveco também vê avanço expressivo. Mauro Andrade, gerente comercial do consórcio da marca, relata que as vendas de cotas cresceram 40% e os créditos comercializados subiram 20% até agosto. “Com a Selic elevada, o consórcio se destaca como alternativa inteligente. É um produto de planejamento e educação financeira”, avalia. Segundo ele, os modelos Daily e S-Way são os mais procurados, e o público está mais diversificado. Ou seja, 70% pessoa jurídica e 30% física, com crescimento entre transportadores e produtores rurais.

O avanço não está restrito às montadoras. A Embracon, uma das maiores administradoras independentes do País, registrou um aumento de 110% nas vendas de consórcios de veículos pesados e 92% em cotas comercializadas entre janeiro e agosto de 2025.

Para Luís Toscano, vice-presidente de marketing e vendas, os números traduzem uma mudança de mentalidade.“Em um cenário de incertezas econômicas, o consórcio se posiciona como a solução ideal para aquisição de veículos pesados. Sem juros, com taxas acessíveis e previsibilidade, consolida-se como uma

As vendas até setembro somaram 4.000 cotas, uma alta acima de 15% sobre 2024. Estamos crescendo acima dos dois digitos há cinco anos, diz Jesus, do consórcio Mercedes-Benz

estratégia segura e planejada de investimento”, afirma.

A empresa também cresceu 88% em máquinas agrícolas no mesmo período, acompanhando o aumento de 51% da participação desse segmento dentro do setor de pesados, segundo a ABAC. Somando caminhões e máquinas agrícolas, a Embracon acumulou alta de 105% em vendas e 91% em cotas vendidas.

Os números da ABAC mostram que o consórcio deixou de ser apenas uma opção para quem tem tempo para esperar. Com a profissionalização das administradoras e o crescimento da educação financeira, a modalidade passou a

CONSÓRCIO

Paulo Souza afirma que o consórcio representa 7% das vendas totais de caminhões DAF. Para Mauro Andrade, da Iveco, o consórcio se destaca como uma alternativa inteligente

integrar o planejamento operacional das transportadoras e o crescimento patrimonial de motoristas autônomos.

Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, resume o momento. “A credibilidade e a confiança no consórcio refletem uma mudança de comportamento. O consumidor passou a planejar melhor, calcular custos e buscar alternativas que cabem no orçamento, sem endividamento excessivo.”

Para o setor de transporte, essa mudança tem impacto direto na renovação de frota e na sustentabilidade do negócio. Com juros ainda elevados e crédito bancário restrito, o consórcio oferece previsibilidade, custo menor e segurança jurídica, além de isentar o comprador do IOF. A tendência é que o consórcio se

consolide como instrumento financeiro estruturante para o transporte rodoviário. As montadoras já sinalizam a criação de grupos temáticos. Nesse sentido, a Scania já pensa em algo para caminhões a gás, e no futuro os elétricos. Enquanto as administradoras independentes ampliam os canais digitais e o atendimento consultivo.

Entre 2026 e 2028, a expectativa das empresas é de crescimento constante entre 10% e 15% ao ano. Assim, acompanhando a maturidade do transportador e o avanço da digitalização das cotas. “O consórcio passou a ser visto como investimento, não como espera”, resume Rodrigo Clemente, da Scania. “E isso muda tudo no jeito de o transportador pensar o futuro”, conclui.

CAMINHONEIROS UNIDOS POR SOLIDARIEDADE

Evento reúne motoristas e famílias em um dia de festa, confraternização e arrecadação de alimentos para ONGs

O4º Encontro de Caminhoneiros de Sorocaba reuniu cerca de 10 mil pessoas e cinco mil caminhões no espaço Vila Pagliato, em Sorocaba, interior de São Paulo. O evento, que já se tornou tradição na cidade, nasceu há quatro anos de uma amizade entre motoristas do grupo Máfia Jovem de Sorocaba, que hoje conta com cerca de 300 caminhoneiros. Desde o início, o objetivo é o mesmo unir a categoria, promover um dia de lazer com as famílias e arrecadar alimentos para ações sociais. A entrada foi simbólica, um quilo de alimento não perecível, e resultou em cinco toneladas arrecadadas. Todo o volume será destinado à ONG Guardiões da Estrada, que presta assistência a pessoas em situação de rua, distribuindo marmitas e kits de higiene. Na edição anterior, entidades como o Instituto

Maria Claro também foram beneficiadas.

Com uma programação variada, o evento contou com exposição de caminhões, praça de alimentação com food trucks, área infantil gratuita e shows musicais. Uma das atrações que mais chamou atenção do público foi a presença da cantora Sula Miranda, conhecida como a “Rainha dos Caminhoneiros”, que reforçou o clima de celebração e valorização da profissão.

Para os organizadores, mais do que uma grande festa. “O encontro é uma forma de agradecer à comunidade e fortalecer o espírito de união entre os profissionais da estrada”, destacou Antônio Marcos dos Santos. A quinta edição já tem data marcada e promete trazer ainda mais novidades, reforçando o compromisso do grupo com a solidariedade e o orgulho de ser caminhoneiro.

MANUTENÇÃO: O CAMINHO PARA MELHOR RENTABILIDADE

Em um cenário de instabilidade econômica, manter o caminhão com a manutenção em dia, com peças de qualidade e revisões em locais seguros e de qualidade é a forma mais inteligente de garantir rentabilidade, evitar paradas inesperadas e prolongar a vida útil do veículo

Para transportadores e caminhoneiros autônomos, manter o caminhão disponível e produtivo é essencial para se manter competitivo no mercado. Em tempos de crise econômica, a gestão do transporte pode fazer toda diferença no resultado do negócio. Portanto, cuidar do caminhão e investir na manutenção preventiva deixa de ser custo para se tornar investimento.

Com a manutenção em dia o caminhoneiro consegue evitar imprevistos com o caminhão. Negligenciar revisões, trocar óleo fora do prazo ou ignorar aquele barulho estranho pode até pare -

cer economia, mas lá na frente o prejuízo pode ser grande. Um caminhão parado na oficina para reparos é sinônimo de frete perdido, despesa e, muitas vezes, atraso na entrega.

As fabricantes de caminhões reforçam junto aos seus clientes a importância do cuidado preventivo e o quanto a prática ajuda motoristas e frotistas a enfrentarem tempos de incerteza sem parar de rodar. Cada empresa tem desenvolvido soluções específicas para tornar o pós-venda mais eficiente e acessível.

Lincoln Garcia, Gerente executivo de de Serviços da Scania Operações Co-

DANIELA GIOPATO

Garcia, da Scania, alerta que negligenciar revisões e ignorar ruídos estranhos no caminhão pode parecer uma economia, mas lá na frente o prejuízo pode ser grande

merciais Brasill, explica que a marca vem desenvolvendo ações específicas para aproximar o motorista autônomo e o dono de frota pequena da rede de concessionárias.

“A Scania sempre foi reconhecida por oferecer um produto maduro e rentável. Mas percebemos a necessidade de criar soluções também para quem tem caminhões com quilometragem mais alta, especialmente os autônomos. Trabalhamos em campanhas com preços mais competitivos, facilidades de pagamento e até dois anos de garantia, justamente para que esse cliente possa voltar à con-

cessionária e fazer a manutenção preventiva com tranquilidade”, explicou.

Segundo Lincoln, a grande preocupação é evitar o alto custo das manutenções corretivas, que muitas vezes são resultado da falta de planejamento. “Quando o motorista deixa de fazer o serviço preventivo, acaba pagando mais caro depois. O veículo fica parado, perde produtividade e isso impacta diretamente a renda”, explica.

Para atender esse público, que está com o caminhão fora da garantia, a fabricante disponibiliza o Scania Pay. A ferramenta financeira permite parcelar

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em até seis vezes sem juros a compra de peças, serviços, lubrificantes, acessórios e mão de obra. Segundo ele, a solução oferece análise de crédito facilitada e prazos mais longos, ajudando o transportador a realizar manutenções sem comprometer o fluxo de caixa.

Em sinergia com essa iniciativa, a marca lançou a campanha “Ofertas para os Clássicos”, voltada a veículos com três a dez anos de uso — faixa etária bastante comum entre os caminhoneiros autônomos. A ação inclui revisão preventiva, itens corretivos e condições especiais, como parcelamento em seis vezes sem juros e garantia de dois anos.

“Queremos desmistificar a ideia de que é caro fazer manutenção em concessionária. Hoje, o preço é competitivo e o cliente ainda conta com profissionais treinados, peças genuínas e garantia estendida. Além disso, o serviço é ágil, o que ajuda a reduzir o tempo de caminhão parado”, reforçou.

Garcia destaca que muitos caminhoneiros, ao tentar economizar, recorrem a

oficinas ou peças alternativas, uma prática que pode sair cara a longo prazo. “Entendemos as dificuldades do autônomo, mas usar peças sem procedência ou serviços fora da rede pode gerar problemas maiores. Falhas em componentes críticos, como motor ou diferencial, podem causar prejuízos elevados”, alerta.

Por isso, a importância de buscar locais confiáveis. A lógica é simples, o caminhão parado não gera receita. Além do impacto financeiro direto, o tempo ocioso compromete bônus por produtividade e metas de entrega. “O impacto de um veículo parado é brutal, principalmente para o motorista autônomo. Cada dia fora da operação é perda de faturamento”, reforça Garcia.

Além das campanhas, a Scania mantém planos de manutenção que variam conforme o perfil de uso do caminhão. Do mais básico (o Control), ao Premium, o mais completo, os pacotes oferecem previsibilidade de custo e maior disponibilidade do veículo. “Manutenção é investimento, não gasto”, finaliza.

Manutenção realizada por profissionais da nossa rede, e com peças genuínas, contribui para aumentar a rentabilidade do transportador, afirma Hartl, da Volvo

De acordo com Alexandre Hartl, gerente comercial de serviços da Volvo, a manutenção preventiva é uma das iniciativas mais importantes dentro da operação de transporte. Ela melhora a eficiência dos veículos, evita paradas não planejadas e reduz os custos com manutenção corretiva. “Quando é bem planejada, realizada por profissionais capacitados da nossa rede e com peças genuínas de alta durabilidade, contribui diretamente para aumentar a rentabilidade do transportador”, destaca o executivo.

Mesmo assim, muitos caminhoneiros ainda cometem erros ao tentar economizar. Entre os mais comuns estão o adiamento das revisões, o uso de peças não genuínas e a realização dos serviços fora da rede de concessionárias. Segundo Hartl, essas práticas, que à primeira vista parecem reduzir despesas, acabam gerando o efeito contrário. Oficinas sem técnicos treinados e sem o ferramental adequado não conseguem garantir a mesma precisão e durabilidade, o que aumenta o risco de falhas recorrentes e eleva o custo total da operação.

Um dos principais diferenciais da Volvo, conforme ele destaca, é o rigor no desenvolvimento e produção de suas peças genuínas. Todas passam por testes severos de durabilidade e contam com garantia de 24 meses sem limite de quilometragem, desde que instaladas na rede autorizada. “A procedência das peças é essencial para garantir a disponibilidade dos veículos e reduzir custos operacionais. O uso de peças al-

ternativas pode gerar economia imediata, mas compromete a confiabilidade do caminhão e pode causar falhas que resultam em paradas não programadas e prejuízos ainda maiores”, explica.

Além das peças genuínas, outro fator determinante para a longevidade do veículo é a qualidade do serviço prestado na rede autorizada. O executivo reforça que os serviços genuínos asseguram manutenção correta, executada dentro de critérios homologados pela fábrica, o que reduz o número de paradas não planejadas e melhora a disponibilidade da frota. “Um caminhão com histórico de serviços realizados na rede vale mais no momento da troca, porque oferece maior segurança e rastreabilidade das intervenções”, completa.

Adiar a manutenção também pode custar caro. Segundo Hartl, são inúmeros os casos em que o transportador posterga a troca de uma peça e acaba gerando danos em outros sistemas do caminhão. “O custo de um componente substituído a tempo é muito menor do que o de um sistema comprometido por negligência. A manutenção correta, dentro dos prazos e com peças genuínas, é a melhor forma de evitar gastos imprevistos”, alerta.

A tecnologia tem se tornado uma grande aliada do transportador na hora de planejar as manutenções. Um dos exemplos é a Manutenção Inteligente

Volvo (MIV), que utiliza dados em tempo real dos veículos para programar o momento ideal da troca de componentes.

Além da conectividade, a marca oferece um portfólio de serviços pensado para reduzir custos e otimizar o tempo de operação. Entre eles estão os Planos de Serviço Volvo, o Pit Stop Volvo e o VOAR (Volvo Atendimento Rápido).

A marca também aposta no programa Reman, que remanufatura peças desgastadas e as devolve ao cliente com a mesma qualidade e garantia de uma nova. Complementando esse ecossistema de serviços está o CIV (Condução Inteligente Volvo).

Para o executivo, investir em manutenção preventiva, tecnologia e capacitação é o caminho certo para enfrentar períodos de crise. “Planejar as revisões, utilizar peças genuínas e aproveitar os recursos de conectividade são atitudes que aumentam a disponibilidade do caminhão e reduzem custos operacionais”, conclui. “Mais do que uma despesa, a manutenção é um investimento em efi-

ciência, segurança e rentabilidade.” Jefferson Ferrarez, vice-presidente de Vendas, Marketing e Peças & Serviços Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, reforça que, em um cenário de crise econômica, a manutenção preventiva é uma das principais estratégias para reduzir custos e preservar a competitividade do transportador. Segundo ele, cuidar do caminhão de forma programada evita paradas inesperadas e reparos emergenciais, que costumam ser muito mais caros, além de manter o desempenho do veículo, reduzir o consumo de combustível e prolongar a vida útil dos componentes. “Na prática, isso traz previsibilidade orçamentária, maior disponibilidade da frota e mais eficiência na operação”, explica.

Ferrarez alerta, porém, que muitos caminhoneiros cometem erros ao tentar economizar deixando a manutenção de lado. Entre os principais equívocos estão adiar trocas e revisões programadas, ignorar sinais de desgaste ou falhas e utilizar peças fora das especificações do fa-

Ferrarez explica que a Mercedes-Benz oferece quatro linhas de peças que permitem adequar a manutenção ao orçamento sem abrir mão da confiabilidade

bricante. Essas decisões, segundo ele, podem comprometer a segurança, reduzir a vida útil do caminhão e gerar custos muito maiores a longo prazo. “Embora possa parecer uma economia imediata, deixar de realizar a manutenção preventiva acaba gerando mais despesas e reduzindo a produtividade”, ressalta.

Sobre a diferença entre peças genuínas e alternativas mais baratas, Ferrarez explica que as originais são desenvolvidas e testadas especificamente para cada modelo, garantindo qualidade, durabilidade e segurança. Já as opções paralelas podem até ser mais baratas, mas tendem a apresentar menor vida útil, falhas e maior consumo de combustível, o que, no fim, aumenta os custos operacionais.

Para atender aos diferentes perfis de clientes, Ferrarez explica que a Mercedes-Benz oferece quatro linhas de peças: Genuínas, Renov, Alliance e Select Parts, que permitem adequar a manutenção ao orçamento sem abrir mão da confiabilidade.

A qualidade do serviço na rede autorizada também é um diferencial importante. “Os reparos seguem padrões técnicos rigorosos, com profissionais treinados e uso de peças originais, o que preserva as características de fábrica e assegura a garantia do veículo”, destaca. Esse cuidado resulta em maior disponibilidade, menor risco de falhas e redução no custo total de operação.

Ferrarez cita exemplos práticos de prejuízos causados pela falta de manutenção, como o adiamento da troca

de filtros e fluidos, que pode danificar o motor e elevar o consumo de combustível, ou a negligência em sistemas de freio e suspensão, que aumenta o risco de acidentes e multas. O uso de peças inadequadas ou reparos improvisados também pode causar falhas e reduzir drasticamente a vida útil de componentes caros.

A conectividade, lembra, é outra aliada dos transportadores que têm acesso a informação em tempo real sobre o estado do veículo, permitindo planejar paradas de manutenção. “O Mercedes-Benz Trucks Uptime, reduz custos, otimiza rotas e aumenta a disponibilidade da frota”, comenta o executivo.

O pós-venda da Mercedes-Benz reúne uma série de soluções que vão além das peças e revisões. Entre elas estão planos de manutenção BestBasic e Complete, assistência 24 horas, soluções digitais de telemetria e manutenção preditiva e o monitoramento remoto via Fleetboard e Uptime. O programa de fidelidade Mercedes Club completa o ecossistema, permitindo que os clientes acumulem pontos em compras e troquem por benefícios exclusivos.

Quando um caminhão precisa parar, o impacto financeiro pode ser alto, mas o executivo reforça que o pós-venda atua justamente para reduzir o tempo de imobilização, com serviços ágeis, peças disponíveis e suporte remoto. “Com

PÓS-VENDAS

o monitoramento constante do veículo, conseguimos antecipar falhas e devolver o caminhão à operação no menor tempo possível”, afirma.

O executivo destaca também a atenção especial da marca aos transportadores autônomos, que muitas vezes consideram a rede autorizada cara ou distante. Para esse público, a Mercedes-Benz oferece planos de manutenção acessíveis, programas de fidelidade, consórcio de peças e serviços e garantia estendida, proporcionando previsibilidade de custos, segurança e valorização do caminhão. “Nosso objetivo é estar próximo de todos os perfis de clientes, oferecendo soluções que aumentem a rentabilidade e reduzam riscos. Investir em manutenção preventiva é a forma mais inteligente de proteger o caminhão, garantir segurança e manter a competitividade no mercado”, conclui.

Tiago Bahia, Gerente Nacional de Serviços da DAF Caminhões, explica que em um momento de instabilidade econômica, a manutenção preventiva é uma

ferramenta essencial para o transportador reduzir custos e manter a competitividade. Segundo ele, o custo preventivo é sempre menor que o corretivo, pois além de preservar a garantia, aumenta a durabilidade dos componentes, contribuindo para a eficiência e o bom desempenho do caminhão.

“Quando um veículo passa por revisões programadas, é possível evitar falhas que se agravam com o tempo e acabam gerando despesas maiores. A prática também ajuda a evitar paradas inesperadas, que causam atrasos nas entregas e impacto direto nos resultados financeiros”, explica.

Bahia destaca que a DAF Caminhões tem busca se antecipar às demandas do mercado com planos de manutenção personalizados, desenvolvidos para atender as diferentes realidades de operação e garantir que as frotas permaneçam rodando com segurança e previsibilidade.

O executivo alerta, porém, que negligenciar o cuidado com o caminhão

A DAF busca se antecipar às demandas do mercado com planos de manutenção personalidados para atender diferentes realidades do transporte, diz Bahia

ainda é um dos erros mais comuns cometidos por transportadores que tentam economizar. “Não seguir o manual do fabricante e adiar as revisões compromete o desempenho e a segurança do veículo. Além disso, aumenta o risco de acidentes e reduz a vida útil do caminhão”, afirma.

Na DAF, durante as revisões programadas, são feitas inspeções detalhadas nos principais sistemas, como freios e eixos, além das trocas de filtros úmidos e secos, o que maximiza a eficiência do veículo e evita falhas mecânicas que poderiam gerar custos de operação elevados.

Sobre o uso de peças genuínas, Bahia enfatiza que elas são produzidas com os mesmos padrões de qualidade e especificações técnicas das peças instaladas na linha de montagem, assegurando durabilidade, segurança e desempenho. “Optar por peças fora das especificações pode comprometer o desempenho do caminhão e colocar em risco o motorista e outros usuários das vias”, ressalta.

A DAF conta com a PACCAR Parts, que fornece peças genuínas para caminhões DAF e motores PACCAR, e também com a divisão TRP, voltada a caminhões fora da garantia e veículos multimarcas. Outro ponto destacado por Bahia é sobre a qualidade dos serviços realizados na rede autorizada como fator determinante para a durabilidade do caminhão e a disponibilidade da frota.

“Manutenções preventivas bem executadas aumentam a eficiência energética, evitam falhas e reduzem o tempo de inatividade. Quando o cliente perce-

be que o serviço é completo e realizado conforme a recomendação da fabricante, a satisfação e a fidelização acontecem naturalmente”, acrescenta.

De acordo com o executivo, adiar a troca de peças ou realizar reparos fora da rede autorizada pode elevar significativamente os custos de operação. “Negligenciar trocas de óleo, filtros e lubrificantes prejudica o desempenho do motor e aumenta o consumo de combustível. Com o tempo, esses descuidos comprometem outros componentes e podem gerar paradas não programadas”, alerta.

A DAF disponibiliza o DAF Multisuporte, com telemetria e coleta de dados em tempo real sobre o caminhão; DAF Multisuporte; DAF Assistance e a Oficina Móvel. “Com essas soluções, garantimos agilidade, produtividade constante e segurança para quem depende do caminhão como ferramenta de trabalho”, afirma Bahia.

Bahia ressalta que o impacto de um caminhão parado é imediato e expressivo, cada dia fora de operação significa perda de receita e prejuízo na credibilidade do transportador. “A manutenção deve ser vista como investimento, não como gasto. Usar peças originais, seguir as recomendações da montadora e realizar revisões preventivas preserva o valor do caminhão, garante segurança e mantém a competitividade. Adiar servi-

ços pode parecer economia, mas significa assumir riscos desnecessários e abrir mão de eficiência e lucratividade”.

Antonio Cammarosano, diretor de Serviços e Pós-Vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus, explica que, independentemente do cenário econômico, o objetivo da marca é reduzir os custos de manutenção preventiva e garantir a máxima disponibilidade dos veículos. Ele ressalta que, em períodos de instabilidade, o cuidado com o caminhão se torna ainda mais importante para manter a competitividade e evitar despesas inesperadas.

COnforme explica, a Volkswagen Caminhões e Ônibus oferece ferramentas de gestão que auxiliam o cliente nessa missão, como o monitor de manutenção e os sistemas de conectividade RIO, que permitem acompanhar as condições do veículo e planejar revisões preventivas. “Com as manutenções em dia, evitam-se paradas inesperadas e custos não previstos. Nossa rede de concessionárias, em parceria com o UP TIME Center, está

preparada para apoiar o cliente na gestão da manutenção e na busca por eficiência operacional”, afirma.

Para quem deseja previsibilidade financeira, a marca disponibiliza os planos de manutenção VolksTotal, com cobertura nacional e opções preventivas ou corretivas, oferecendo mais segurança à rentabilidade dos transportadores.

Cammarosano alerta que a tentativa de economizar adiando serviços essenciais pode gerar o efeito contrário. Um dos erros mais comuns, segundo ele, é ultrapassar o limite de troca de óleos lubrificante, o que pode causar desgaste prematuro ou até mesmo falhas graves no motor. “Outro equívoco ocorre quando o caminhão muda de tipo de operação, de uma rota rodoviária para uma de uso misto ou severo, por exemplo. Nesses casos, o intervalo de troca de lubrificante pode ser reduzido pela metade, e se o motorista não estiver atento, o risco de desgaste é alto”, explica. Além do sistema de lubrificação, o

Cammarosano, da VWCO, alerta que a tentativa de economizar adiando serviços essenciais, como ultrapassar o limite da troca de óleo, pode gerar efeito contrário.

executivo destaca que freios e pneus também exigem atenção, pois o desgaste varia conforme a operação e a topografia. A falta de manutenção preventiva, além de elevar custos, pode comprometer diretamente a segurança do motorista.

Quando o assunto é peças de reposição, Cammarosano é categórico em dizer que a VWCO não recomenda o uso de componentes não homologados. Para atender às demandas por menor custo sem abrir mão da confiabilidade, a empresa oferece, além das peças originais, as linhas Economy e Remanufaturadas, que podem custar até 50% menos do que componentes originais, porém mantêm os mesmos padrões de segurança e qualidade.

O executivo também destaca que o serviço prestado na rede autorizada é fundamental para aumentar a vida útil dos caminhões e o valor de revenda. “Os veículos com Plano de Manutenção VolksTotal tendem a ser mais valorizados no mercado. Além das peças genuínas e da mão de obra especializada, aplicamos um checklist completo em cada revisão, o que ajuda a identificar e evitar falhas futuras”, explica Cammarosano. Esse cuidado se traduz em maior disponibilidade da frota e menor tempo de imobilização.

Adiar a troca de peças ou fazer reparos fora da rede recomendada, segundo o executivo, pode trazer prejuízos significativos. Ele cita exemplos como a falta de troca de óleo ou filtro, que pode levar à perda de motor ou transmissão, e a ne-

gligência na limpeza de tanques de combustível, especialmente com o aumento do percentual de biodiesel, o que pode danificar os injetores. “As consequências variam conforme a aplicação e o tempo de uso, mas sempre há risco. Além disso, peças e lubrificantes não homologados podem comprometer o funcionamento do veículo mesmo que a manutenção esteja em dia”, alerta.

Outro ponto destacado é a conectividade, que tem papel essencial no planejamento da manutenção e na redução de paradas não programadas. Para aliviar o caixa dos transportadores, a VWCO oferece planos de manutenção e conectividade sob medida, que incluem desde pacotes básicos de prevenção até soluções completas coßm consultoria e relatórios de performance de motoristas e veículos. Esses planos são pagos de acordo com a quilometragem rodada, proporcionando previsibilidade de gastos e atendimento prioritário na rede.

“Nossos planos de manutenção, conectividade e kits de peças estão disponíveis a partir de uma unidade, com o mesmo atendimento oferecido aos grandes frotistas. Quem investe em um plano de manutenção e conectividade está, na verdade, contratando um seguro de saúde para o caminhão. É um investimento no patrimônio e na disponibilidade do veículo”, conclui Cammarosano.

Com juros elevados e dificuldade de acesso ao crédito, caminhoneiros e transportadoras encontram nos seminovos uma alternativa real para renovar a frota e manter a rentabilidade

DANIELA GIOPATO

Afalta de um programa nacional eficiente de renovação de frota ainda é um dos principais gargalos do transporte rodoviário no Brasil. A frota dos caminhoneiros autônomos, por exemplo, tem média de 22 anos de uso, o que se traduz em menor disponibilidade, maiores custos de manutenção e consumo, e baixo valor de revenda. Diante da dificuldade em financiar um caminhão novo, muitos motoristas estão recorrendo aos seminovos com garantia de fábrica como caminho mais viável para modernizar o veículo e continuar competitivos no mercado.

Rogério Kowalski, gerente comercial de Seminovos da Volvo , o mercado de seminovos esta aquecido. No segmento acima de 16 toneladas, onde a fabricante atua, o crescimento foi de 7% até agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2024, foram comercializadas 117 mil unidades; em 2025, o número já chegou a 125 mil. A expectativa, segundo Kowalski é de atingir 190 mil caminhões até o fim do ano.

O movimento, segundo Kowalski, é reflexo direto do aumento dos preços dos caminhões novos, da alta dos juros

SEMIN

e da incerteza econômica. “Os seminovos têm se consolidado como uma alternativa inteligente para quem busca reduzir custos sem abrir mão de segurança e procedência. Nosso público predominante são transportadoras de pequeno porte e motoristas autônomos”, afirma.

A Rede de Seminovos Volvo atua há mais de 25 anos e já entregou quase 25 mil caminhões. São 108 pontos espalhados pelo Brasil. No portal seminovosvolvo.com.br, todo o estoque é exibido de forma digital, permitindo inclusive a compra on-line , uma como -

OVOS EM ALTA

didade cada vez mais procurada pelos transportadores.

Todos os veículos passam por rigorosa avaliação técnica, revisão na rede de concessionárias e contam com garantia nacional de até 12 meses. Além disso, oferecem benefícios como plano de óleos e filtros, conectividade via Volvo Connect, garantia de procedência e o Plano de Serviço Azul Básico, que cobre trocas de óleos e filtros por um ano.

“Essas condições dão tranquilidade ao transportador e reduzem riscos de custos imprevistos. É uma forma de re-

Kowalski , da Volvo, os seminovos com garantia de fábrica são uma alternativa segura de renovação de frota

Para

Rede de Seminovos Volvo já entregou quase 25 mil caminhões e possui 108 pontos espalhados pelo Brasil

novar com segurança e previsibilidade”, destaca Kowalski.

A marca oferece ainda múltiplas opções de aquisição, com financiamentos em até 60 meses pelo Banco Volvo, carência de três meses, consórcio e até locação de caminhões. Todos os veículos saem com plano de serviço, sistema de conectividade Volvo Connect e CIV (Condução Inteligente Volvo), ferramenta que analisa dados de operação para aprimorar o desempenho do motorista e reduzir o consumo.

Em um cenário de crédito restrito e juros altos, o seminovo com garantia se consolida como uma alternativa sólida de renovação de frota. “Tanto o novo quanto o seminovo são boas opções, mas o importante é avaliar o momento e a condição de cada transportador”, reforça Kowalski.

Para o caminhoneiro autônomo, pode ser o primeiro passo rumo ao sonho do caminhão zero, com ganhos reais em

economia, eficiência e novas oportunidades na estrada.

Para Paulo Razori, supervisor de vendas da VolksConfia, loja multimarcas de seminovos da Volkswagen Caminhões e Ônibus, o seminovo realmente é a porta de entrada para o caminhoneiro autônomo que deseja atualizar o veículo e melhorar os ganhos.

“Migrar para um caminhão zero ainda é inviável para muitos motoristas, mas os seminovos de até cinco anos representam um salto importante. São veículos com tecnologia mais moderna, motores Euro 3 a Euro 5, menor consumo e melhor desempenho ambiental”, explica. Segundo Razori, essa troca gradual traz benefícios claros. “Além de reduzir emissões e consumo de combustível, o caminhoneiro ganha em disponibilidade e reduz custos operacionais e de manutenção. Isso reflete diretamente no bolso e na capacidade de pegar fretes mais bem pagos”, completa.

O especialista da VolksConfia ressalta que o sucesso da troca depende de planejamento e atenção à procedência. “O primeiro passo é fazer conta: comparar juros, parcelas, custos de manutenção e o histórico do caminhão. Um seminovo bem comprado é aquele com procedência garantida e documentação em dia”, orienta.

Na loja multimarcas da Volkswagen, os veículos têm até cinco anos de uso e, geralmente, são de um único dono. Passam por vistoria completa, laudos cautelares, revisão técnica e devem ter pneus com pelo menos 50% da vida útil. “Oferecemos garantia de três meses para motor e câmbio. Isso dá segurança e confiança para o comprador”, afirma Razori.

Os seminovos também estão ajudando a criar oportunidades no mercado. Muitos embarcadores exigem caminhões mais novos nas operações, e o autônomo que consegue atualizar sua

Razori, da VolksConfia, acredita que os seminovos são a porta de entrada para o autônomo atualizar a idade do caminhão

frota, mesmo que gradualmente, amplia as chances de conseguir melhores contratos e fretes.

Além disso, o custo-benefício é outro atrativo. “A depreciação de um caminhão seminovo é menor, o que significa que o transportador perde menos dinheiro na revenda. Esse é um ponto muito valorizado por quem tem as contas na ponta do lápis”, reforça Razori.

Mesmo com a lei garantindo o direito de dirigir caminhão, motoristas surdos ainda enfrentam preconceito, falta de informação e barreiras institucionais. Mas, exemplos de sucesso começam a mostrar que inclusão e segurança podem andar juntas

Dirigir caminhão é um sonho que atravessa gerações e move muitos brasileiros. Entre os motoristas surdos, esse desejo é o mesmo. A diferença, são os obstáculos no caminho. Mesmo com a legislação permitindo que pessoas com deficiência auditiva obtenham habilitação nas categorias profissionais, o preconceito e a falta de preparo institucional ainda dificultam o acesso desses profissionais ao mercado de trabalho.

Enquanto isso, projetos e iniciativas de inclusão vêm ganhando força para derrubar barreiras, ampliar oportunidades e mostrar que, embora dirijam em silêncio, esses caminhoneiros têm a mesma paixão, competência e responsabilidade de qualquer outro na estrada. Projetos como o Caminhoneiros Surdos do Brasil, idealizado por Raquel Moreno, mostra que a surdez não é um impedimento para a condução segura. Com treinamento, comunicação visual e vontade de aprender, esses profissionais têm mostrado que competência não se mede pelo ouvido e sim pela dedicação

e olhar atento na estrada.

Raquel Moreno, está à frente dessa luta e busca ampliar as oportunidades e derrubar tabus dentro e fora das transportadoras. “Nosso objetivo é incluir motoristas surdos no mercado de trabalho. Hoje a lei já garante esse direito. Existe também um projeto de lei em tramitação no Senado (PL 2634/21) que busca ampliar ainda mais essa inclusão”, explica.

Ainda em processo de formalização como instituição, o projeto já atua de forma ativa em todo o país, oferecendo apoio e orientação a motoristas que enfrentam dificuldades nos Detrans ou junto às empresas de transporte.

Segundo Raquel, a legislação atual determina que o candidato à CNH profissional pode ter, no máximo, 40 decibéis de perda auditiva no melhor ouvido. O caminho até a habilitação não é simples e alguns fatores impedem os candidatos de concluírem o processo.

“O preconceito é o principal. Muitos questionam como o motorista surdo vai ouvir o pneu estourando ou até mesmo

DANIELA GIOPATO

SILÊNCIO NA ESTRADA

a sirene da ambulância. Mas, vale lembrar que o surdo é extremamente visual e sensível. Ele percebe a vibração de um pneu estourado, enxerga a ambulância pelo retrovisor. A limitação não impede a direção segura”, explica.

Ela relata que um dos maiores entraves está nos órgãos de trânsito. Mesmo que o candidato passe em todos os exames, muitas vezes não é aprovado por falta de preparo. “Tem surdo que não consegue sequer passar da recepção por não haver profissionais que se comunicam em libras. Muitas vezes eu mesma faço videochamadas para intermediar a comunicação entre o médico e o candidato.”

Mas, apesar das dificuldades Raquel acredita em um caminho de maior inclusão. “Hoje estimamos que existam mais de 50 caminhoneiros surdos habilitados no Brasil, mas apenas cerca de 10% realmente estão trabalhando. A maioria que atua profissionalmente tem caminhão próprio. “Temos também relatos de empresas que contrataram motoristas surdos e consideram

seu desempenho excelente.”

Para ela, o caminho para ampliar a inclusão passa pela informação e sensibilização das empresas e dos órgãos públicos. “Falta conhecimento e sensibilização. Quando conseguimos apoio político, como o envio de ofícios aos Detrans, a aprovação de candidatos aumenta. Também precisamos conscientizar transportadoras de que o surdo pode, sim, ser um bom motorista e até ajudar a suprir a escassez de profissionais no setor.”

Para Raquel, o futuro do transporte depende de um olhar mais humano e acessível. “A inclusão, diz ela, é um caminho sem volta e uma oportunidade de mostrar que a competência de um motorista vai muito além da audição”, disse. Mesmo com a legislação brasileira permitindo que pessoas surdas obtenham habilitação profissional e dirijam caminhões, a presença desses motoristas nas transportadoras ainda é rara. Na visão de Sílvio Kasnodzei, presidente do SETCEPAR (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Pa-

Para Raquel

Moreno é preciso conscientizar que que os motoristas surdos são bons profissionais

raná), o principal entrave é o desconhecimento.

“O que ainda impede o avanço da inclusão é a falta de informação sobre como se dá, na prática, a atuação desses profissionais. Muitas empresas têm dúvidas quanto às adaptações necessárias e ao impacto na segurança operacional, o que gera cautela no momento da contratação”, explica.

Segundo ele, embora o preconceito ainda exista em alguns casos, a resistência das transportadoras está mais relacionada a questões técnicas do que a julgamentos pessoais.

“Os fatores predominantes são as dúvidas sobre segurança e integração operacional. Com mais conhecimento e orientações claras, essas barreiras tendem a ser reduzidas, explicou.

O presidente do SETCEPAR acredita que a inclusão de motoristas surdos é um caminho natural e possível, desde que as empresas recebam apoio e informações

adequadas para se sentirem seguras.

“Cada transportadora tem autonomia para avaliar sua realidade operacional. Nosso papel, como entidade representativa, é apoiar o debate e levar informações que reduzam as inseguranças e abram oportunidades”, afirma.

Entre as medidas que poderiam facilitar esse processo, Kasnodzei destaca a importância de treinamentos voltados à comunicação e o uso de recursos visuais. “Há adaptações simples que podem ser aplicadas, como a implantação de sinais visuais, protocolos de operação que favoreçam a integração e o uso de tecnologias de apoio. Tudo isso pode ser feito sem comprometer a segurança”, reforça. Apesar do interesse crescente, o SETCEPAR ainda não registrou transportadoras associadas que tenham motoristas surdos contratados. No entanto, algumas empresas já estudam formas de implementar essa inclusão de maneira estruturada.

“Existem estudos em andamento para entender como essa contratação pode acontecer com segurança e eficiência. É um processo que depende de informação e diálogo”, comenta.

Kasnodzei acredita que a conscientização e o treinamento interno são os principais caminhos para romper o preconceito e construir confiança. “Campanhas de esclarecimento e capacitação são fundamentais. Os incentivos também ajudam, mas o mais importante é criar um ambiente de informação e confiança, mostrando que a inclusão é possível e segura.”

Na visão do dirigente, a legislação atual já garante o direito de motoristas surdos exercerem a profissão, mas ainda há espaço para ajustes que deem mais segurança jurídica às empresas. “A lei permite, mas é importante que o setor produtivo e os órgãos reguladores mantenham o diálogo aberto para aperfeiçoar o processo e dar mais tranquilidade às transportadoras”, observa.

Por fim, ele destaca que a diversidade é um movimento irreversível e que o transporte não pode ficar de fora dessa transformação.

A inclusão de pessoas surdas no transporte rodoviário de cargas ainda é um tema recente, mas empresas como a Rodopiro Transportes vêm mostrando que é possível transformar diversidade em valor e eficiência. A transportadora, especializada em cargas especiais, contratou seu primeiro motorista surdo como parte de uma iniciativa interna voltada à equidade e ao respeito às diferenças.

Segundo Maria Angélica Piro Pires, diretora da empresa, a decisão nasceu de um compromisso genuíno com a valorização das pessoas. “A Rodopiro sem-

Na opinião de Silvio Kasnodzei, do Setcepar, a falta de informação impede que a inclusão no transporte de cargas avance

pre acreditou que a inclusão e a equidade não são apenas responsabilidades sociais, mas também um compromisso com a valorização das pessoas. Nosso primeiro motorista surdo demonstrou grande determinação e desejo de mostrar suas habilidades em um setor tão desafiador como o transporte de cargas especiais. Ao abrir essa porta, estávamos fortalecendo uma cultura de respeito à diversidade e de igualdade de condições para todos”, disse.

A executiva conta que a iniciativa gerou, no início, certo receio natural, já que a contratação de um motorista surdo ainda é rara no setor. No entanto, a receptividade foi positiva tanto da diretoria quanto dos demais colaboradores.

“Foi um desafio natural, afinal, está-

vamos quebrando um paradigma. Mas a diretoria e os colaboradores abraçaram a iniciativa com abertura e disposição para aprender. Investimos na capacitação da equipe, oferecendo cursos de Libras e promovendo diálogos sobre inclusão. Esse processo fortaleceu o espírito de colaboração e respeito entre todos”, explica.

Mais do que uma ação pontual, a contratação faz parte de uma estratégia maior de diversidade e inclusão dentro da transportadora. “Na Rodopiro, acreditamos que a diversidade não é apenas um valor, mas um caminho para resultados mais sustentáveis e humanos. Equipes diversas trazem diferentes perspectivas, enriquecem os processos e tornam o ambiente de trabalho mais colaborativo”, afirma Maria Angélica.

Para garantir igualdade de condições, a empresa fez adaptações nos processos e sistemas internos. Foram criados protocolos visuais, sinalizações específicas

Maria Angelica, da Rodopiro, explica que o desempenho dos motoristas surdos na empresa tem sido excelente tanto em segurança quanto em produtividade

e ajustes nos canais de comunicação.

“Os motoristas surdos demonstram ser extremamente atentos, cuidadosos e comprometidos com cada etapa do trabalho. O desempenho tem sido excelente tanto em segurança quanto em produtividade, mostrando que a inclusão não compromete resultados, pelo contrário, fortalece a operação”, afirma a diretora. A experiência, segundo ela, trouxe aprendizados que foram além do ambiente profissional. A inclusão transformou a cultura da empresa. “Quando damos as condições certas, a deficiência deixa de ser uma barreira e dá lugar ao potencial e ao talento. Como diz uma grande amiga, não somos deficientes, somos eficientes” compartilha.

Questionada sobre os principais obstáculos para ampliar a presença de motoristas surdos no setor, Maria Angélica aponta a resistência cultural como o maior desafio. “Ainda há preconceito e falta de informação sobre a capacidade

Para Daniel Valter o principal desafio é a comunicação. Ele acredita que falta apoio na estrada para mais inclusões

plena de um motorista surdo. A legislação e a burocracia dos Detrans podem apresentar desafios pontuais, mas são contornáveis. O que realmente precisa mudar é a mentalidade dentro das empresas”, ressalta.

Ela acrescenta que, na prática, o maior esforço ainda recai sobre os próprios profissionais surdos, que precisam provar sua competência e encontrar transportadoras dispostas a enxergar o talento antes da limitação.

Em relação à operação, a executiva explica que a empresa faz análises criteriosas antes de cada trajeto, mas o cuidado é o mesmo aplicado a todos os motoristas. “Segurança é e continuará sendo nossa prioridade. Acreditamos que inclusão responsável é justamente isso tratar todos com equidade, sem abrir mão da segurança e da qualidade que caracterizam a Rodopiro. Pretendemos ampliar o número de contratações de motoristas surdos nos próximos anos”.

MOTORISTAS SURDOS LUTAM POR OPORTUNIDADES

Daniel Valter, de Santa Catarina, sempre conviveu com caminhão, por conta do pai, que o incentiva desde os oito anos. “Ele sempre disse que eu tinha capacidade de viajar sozinho e me tornar um caminhoneiro”.

Quando Daniel foi tirar a carteira, teve receio de não ser aprovado no exame médico, mas passou no psicotécnico sem problemas. Primeiro tirou a categoria C e depois tentou a E. Hoje trabalha como caminhoneiro e viaja por Porto Alegre, Santa Catarina, Paraná, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais. A estrada é meu lugar.

“O principal desafio é a comunicação. Mas, eu escrevo mensagens quando preciso, e quando tenho dificuldade, uso mímica ou falo um pouco com a voz. Não sei libras, então adapto. Uma vez, fui parado pela polícia porque meu caminhão tinha uma luz de LED vermelha

Apesar de ter CNH profiissional, William André busca a primeira oportunidade como motorista

atrás. Expliquei por gestos, entreguei os documentos, e resolveram pedindo para eu retirar a luz”, conta.

Para Daniel, ser surdo na estrada exige força, luta e muito aprendizado. “Nós somos visuais, buscamos entender pelo olhar, pela observação. Eu acredito que, com mais apoio e compreensão, poderemos continuar evoluindo e conquistando espaço no transporte.”

William André de Santana, tem 27 anos e é habilitado na categoria D. Seu maior sonho é trabalhar como motorista, viajar pelo Brasil e sentir a liberdade da estrada. “Eu quero ter pertencimento, escolher o caminhão que vou dirigir e poder construir minha vida dentro da profissão”.

Há 28 anos ele trabalha como sepultador no mesmo local e já sinalizou o desejo de dirigir o caminhão da empresa carregado de terra e atender outros cemitérios. Estou nessa função há 28 anos no mesmo cemitério. Sempre

sinalizou o desejo de dirigir caminhão, de carregar terra e atender outros cemitérios com os veículos da própria empresa. “Desde que tirei a minha CNH eu tento essa vaga. Já enviei meus documentos para o RH, na esperança de ser aproveitado como motorista. Mas já se passaram dois anos e nunca me deram resposta”, disse.

Outros colegas, conforme explica William, com carteira B, conseguiram autorização para dirigir os carros da empresa. Para ele, isso é preconceito. “É como se não acreditassem na minha capacidade de dirigir um caminhão. Eu sei que sou capaz. Tenho fé em Deus e sigo acreditando que vou ter uma oportunidade”, desabafou.

Murilo Souza, também se apaixonou pela profissão logo na infância. O primo e o tio trabalhavam com caminhão. “Ficava encantado com aquela vida. Chegava a me esconder na carroceria para poder acompanhar as viagens, porque

não podia entrar na boleia”, lembra.

A surdez é algo hereditário na família de Murilo. A mãe e o avô também eram deficientes auditivos. “Sempre ouvi que surdo não era capaz de dirigir, mas nunca deixei isso me impedir. Quando conquistei minha habilitação e comecei a trabalhar, senti que a responsabilidade era ainda maior. Ser motorista é uma profissão que exige muita seriedade, atenção, coragem e pensamento positivo”, definiu.

Na estrada, Murilo diz se sentir incluído. Faz questão de dizer que não existe diferença. “Meu documento é igual ao deles, minha profissão também. O que muda é apenas a forma de perceber o mundo. Nós, surdos, somos mais visuais, e isso também é uma vantagem”, explicou.

Murilo conta que certz vez em uma viagem para Piracicaba/SP, depois de descarregar ao descer a serra sentiu uma vibração estranha. Ele não ouviu o

Murilo Souza trabalha na Rodopiro e tem o sonho de ver mais motoristas surdos na estrada

barulho, mas percebeu pelo caminhão. “Encostei o caminhão e pedi ajuda a um funcionário do pedágio. Expliquei que era surdo, mostrei meus documentos e pedi para ele avisar a empresa. Ele entendeu, ligou para a transportadora, e logo veio o socorro. Essa situação mostra como a percepção visual e o treinamento são fundamentais”, disse.

Atualmente, Murilo trabalha com cargas pesadas como tratores, peças pré-moldadas e até caminhões de corrida em prancha. Viaja por diversos Estados como Paraná, Minas Gerais, Bahia e sonha em conhecer o Brasil. “Entrei na Rodopiro em 2020 e sou muito grato à empresa, porque acreditaram em mim quando muitos diziam que seria impossível um surdo dirigir caminhão, ainda mais em uma transportadora de alto risco. Eles confiaram, me incluíram e me deram essa chance. Meu sonho é ver mais motoristas surdos tendo essa oportunidade”, agradece.

INSPEÇÃO VEICULAR

Sem inspeção técnica e sem políticas consistentes, o Brasil mantém caminhões ultrapassados e perde em produtividade, segurança e sustentabilidade

VEICULAR GANHA FORÇA

Aobrigatoriedade da inspeção técnica veicular voltou a ganhar força no setor de transporte. O tema, que há anos divide opiniões, foi defendido recentemente por vozes influentes, como Cláudio Sahad, presidente do Sindipeças, Guilherme Afif, conselheiro do governo estadual e Igor Calvet, presidente da Anfavea.

Embora representem diferentes segmentos, todos convergem para um ponto central, que sem inspeção obrigatória, não há renovação real das frotas de caminhões e de ônibus no País.

Para Cláudio Sahad, é ilusório acreditar que os motoristas trocarão espontaneamente caminhões antigos por modelos novos. Segundo ele, a substituição só ocorrerá quando o veículo irregular for impedido de circular. “É a fiscalização que força a renovação”, resume.

O dirigente defende que o processo seja acompanhado de linhas de crédito acessíveis, especialmente voltadas aos pequenos transportadores. Sahad também critica a resistência política a medidas regulatórias, lembrando que fiscalizar não é ser impopular, e sim proteger vidas e reduzir emissões.

Guilherme Afif reforça a necessidade de enfrentar o tema com coragem política. “Muitos acreditam que apoiar a inspeção tira votos, quando na verdade deveria somar”, afirma. Ele lembra que metade da poluição emitida pelos veículos vem de uma minoria da frota, formada por caminhões antigos e sem manuten-

DANIELA GIOPATO

RENOVAÇÃO DE FROTA

A substituição dos caminhões antigos por modelos mais novos é um dos principais problemas do setor de transporte rodoviário

ção adequada. Além disso, esses veículos representam alto risco nas estradas por falhas em freios, pneus e suspensão.

Ampliando o debate, Igor Calvet destaca que a inspeção técnica deve caminhar junto com a reciclagem automotiva e a logística reversa. O presidente da Anfavea lembra que até 2032 as montadoras terão de contabilizar todas as emissões de seus produtos, do “berço ao túmulo”.

Para isso, será necessário criar sistemas formais de desmontagem e reaproveitamento de materiais. “A inspeção é o primeiro passo para identificar os veículos em fim de vida útil, destiná-los a pátios credenciados e combater os desmanches ilegais”, afirma.

Os três líderes concordam que a inspeção veicular não é apenas uma exigência técnica. É uma medida de segurança, saúde e sustentabilidade ambiental. Além de reduzir a poluição e os acidentes, o processo pode estimular a renovação da frota e fortalecer a cadeia de reciclagem automotiva.

O desafio, no entanto, é transformar esse consenso em política pública efetiva, com apoio dos governos federal e estaduais e instrumentos de crédito que viabilizem a troca dos veículos antigos.

Para o conselheiro da Mercedes-Benz e da Viação Águia Branca, Roberto Leoncini, o Brasil mantém nas estradas uma frota envelhecida e ineficiente.

O executivo alerta que, sem governança e fiscalização, o País continuará perdendo em competitividade, segurança e produtividade.

“Enquanto tratarmos a renovação apenas como um problema social, nada vai mudar”, afirma Leoncini, que acompanhou de perto o avanço tecnológico das montadoras e o envelhecimento acelerado da frota brasileira que já ultrapassa 25 anos em média em milhares de caminhões.

Segundo Leoncini, o Brasil tem entre 500 mil e 600 mil caminhões com mais de 25 anos de uso. “É uma ineficiência gigante e uma falta de segurança enorme nas estradas e nas cidades. Enquan-

to ninguém tiver coragem de fiscalizar e tirar esses veículos de circulação, o problema vai continuar.”

Ele critica o modo como o debate é conduzido: “Sempre que se fala em renovação, alguém levanta o argumento de que vai tirar o sustento de 500 mil famílias. Claro que há impacto social, mas é preciso olhar o quadro completo. Renovar significa melhorar produtividade, reduzir acidentes e custos operacionais. É uma questão de eficiência nacional.”

Leoncini rejeita a ideia de que o problema se resolva apenas com crédito. “Não tem dinheiro que tire um caminhão de 25 anos e coloque o dono em outro de 15. O autônomo não tem comprovação de renda para financiar isso. Falar em financiamento, nesse caso, é discutir fumaça.”

Nesse sentido, ele defende um modelo híbrido, que combine políticas públicas e mecanismos de mercado. “É preciso criar um sistema que dê destino aos veículos velhos e ofereça alternativa de renda ao motorista. Por exemplo, o au-

“Enquanto tratarmos a renovação da frota de caminhões apenas como um problema social, nada vai mudar”, afirma Roberto Leoncini

Veja a entrevista completa com Roberto Leoncini acessando este QR Code

tônomo pode vender o caminhão antigo e ser contratado por uma transportadora com outro veículo mais novo. Assim, ele não perde a atividade e o caminhão sai de circulação.”

O executivo lembra que o Brasil já tentou implantar programas de renovação, mas nenhum avançou de forma consistente. “O setor bate nessa tecla há anos. Falta coragem política e coordenação. O governo teme o impacto social, as empresas hesitam em se comprometer e o tema fica rodando. Enquanto isso, seguimos com caminhões velhos, ineficientes e poluentes nas estradas.”

Leoncini ressalta que a frota antiga prejudica a imagem do transporte. “A cada caminhão velho quebrado no acostamento ou envolvido em acidente, o setor perde credibilidade. Isso afeta o valor percebido do transporte e a atração de novos profissionais. Renovar é também comunicar modernidade e segurança”, finaliza.

POTÊNCIA E CON

Nova Sprinter Street 317 une força, tecnologia e dirigibilidade para tornar o dia a dia de trabalho do motorista mais leve e eficiente

Anova Mercedes-Benz Sprinter Street 317 chega com uma proposta clara de unir desempenho, conforto e tecnologia para facilitar a vida de quem faz do volante seu escritório. Com motor mais potente, direção elétrica e pacote completo de segurança, o furgão eleva o padrão de dirigibilidade e eficiência no transporte urbano e de curtas distâncias.

Logo nos primeiros quilômetros rodados, a sensação de leveza chama atenção. A direção elétrica responde de forma imediata, tornando as manobras suaves e precisas, algo essencial para quem encara o trânsito pesado das grandes cidades ou precisa estacionar em docas apertadas. O motorista percebe rapidamente que o esforço físico diminui e o controle aumenta, um detalhe que faz diferença ao longo de um turno inteiro de trabalho.

Sob o capô, o moderno motor OM654 CDI 2.0 turbodiesel entrega 170 cavalos de potência e 40,8 mkgf de torque. É força suficiente para garantir arrancadas rápidas e ultrapassagens seguras, mesmo com o veículo carregado. A resposta imediata do motor também melhora o ritmo de trabalho em percursos urbanos e rodoviários curtos, onde agilidade

ANDREA RAMOS

FORTO URBANO

A parte interna da nova Sprinter traz comodidades como painel com comandos de fácil acesso, volante multifuncional e bom isolamento acústico

e economia caminham juntas.

O câmbio manual de seis marchas tem engates curtos e leves, o que contribui para uma condução prazerosa e sem trancos. A alavanca no painel libera espaço entre os bancos, ampliando a área de convivência e facilitando a movimentação dentro da cabine. Detalhes como esse mostram a preocupação da marca com o conforto e a ergonomia.

Outro destaque é a tração traseira, que garante firmeza em pisos irregulares e melhor distribuição de peso quando o furgão está carregado. Na prática, isso se traduz em mais estabilidade e segurança, especialmente em curvas e frenagens.

A posição de dirigir elevada, típica da Sprinter, oferece visão ampla do trânsito e ajuda o motorista a antecipar situ-

ações. Fator importante para quem passa o dia em meio a motocicletas, carros e pedestres. O retrovisor bipartido reduz pontos cegos e aumenta a segurança nas trocas de faixa.

Por dentro, a nova Sprinter é praticamente um escritório sobre rodas. O painel tem design moderno e reúne todos os comandos ao alcance das mãos. O sistema multimídia MBUX de 10,25 polegadas, compatível com smartphones, facilita o uso de aplicativos e navegação, tornando a rotina mais prática.

O volante multifuncional com controle de piloto automático, vidros e retrovisores elétricos com aquecimento e o bom isolamento acústico reforçam a sensação de conforto. Quem passa o dia inteiro dentro do veículo sente que a

jornada se torna menos cansativa e mais produtiva.

A Sprinter Street 317 vem equipada com o pacote completo de assistência eletrônica da Mercedes-Benz. Entre os principais recursos estão o ESP Adaptativo, Assistente Ativo de Frenagem, Alerta de Fadiga, Assistente de Partida em Rampa e Assistente de Vento Lateral. Esses sistemas atuam discretamente, mas garantem estabilidade, evitam acidentes e ajudam o motorista a manter o controle mesmo em situações imprevistas. O conjunto de freios a disco nas quatro rodas e a calibração da suspensão equilibram conforto e robustez, componentes fundamentais em um veículo que trabalha sob diferentes condições de carga.

Com tanque de 71 litros de diesel e reservatório de 22 litros de ARLA 32, a Sprinter Street 317 oferece autonomia de até 740 quilômetros, segundo dados da fabricante. Ou seja, permite trabalhar o dia todo e percorrer médias distâncias sem paradas frequentes para abastecimento. Essa eficiência é essencial para operações urbanas e regionais, em que cada minuto conta.

Com a nova Sprinter Street 317, a Mercedes-Benz entrega mais do que um utilitário. Mas também um ambiente de trabalho confortável, seguro e tecnologicamente avançado. É o tipo de veículo que ajuda o motorista a encarar a rotina pesada com menos desgaste ao dirigir. O que faz a diferença para quem vive na estrada.

Garantir uma infância segura é dever de todos

Promover uma infância saudável e segura para todas as crianças deve estar sempre em pauta. É fundamental que elas tenham a oportunidade de correr, brincar e ser feliz, além de ter todos os seus direitos básicos garantidos por lei, como o acesso à educação, saúde e segurança. O

Estatuto da Criança e do Adolescente, que completou 35 anos neste ano, estabelece a proteção integral como um compromis so compartilhado entre a família, a sociedade e o

Estado.

Contudo, muitas crianças, infelizmente, vivem em contextos violentos, que trazem sérias consequências para as suas vidas. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, o ano passado registrou o maior número de estupros da história do Brasil, e a maioria das vítimas foram crianças e adolescentes.

e adolescentes no Brasil. Para prevenir e enfrentar essa grave violação dos direitos humanos, precisamos do apoio de todos. Carreteiros e carreteiras têm sido agentes fundamentais nas estradas e por meio do Programa Na Mão Certa, temos formado uma verdadeira aliança em todo o país em prol da infância e da adolescência.

Este cenário mostra que temos um grande desafio na proteção de crianças

É necessário conscientizar ainda mais colegas de profissão sobre a gravidade da exploração sexual que ocorre em pontos vulneráveis nas rodovias brasileiras. Ainda que ocorra em troca de dinheiro, carona ou um prato de comida, jamais deve ser encarado como uma forma de ajuda. A denúncia é a forma mais eficaz de enfrentar esse tipo de crime. Ao perceber qualquer situação suspeita nas estradas, ligue para o Disque 100. A ligação é gratuita, anônima e contribui para que os órgãos competentes sejam acionados.

Para saber mais, acesse: CHILDHOOD BRASIL – www.childhood.org.br PROGRAMA NA

MAIS QUILOMETRAGEM

Novo R167E da Bridgestone chega ao mercado com mais durabilidade, eficiência e tecnologia para atender ônibus e caminhões elétricos nas cidades

ABridgestone apresentou ao mercado brasileiro o R167E, novo pneu voltado para aplicações urbanas, como ônibus, caminhões de coleta de lixo e betoneiras. O lançamento marca uma renovação da linha de pneus

urbanos da marca, trazendo avanços em tecnologia, eficiência e durabilidade, além de já nascer compatível com veículos elétricos, na medida 295/80R22.5.

Lafaiete Oliveira, novo Country Manager da companhia no Brasil, destacou a importância da inovação para atender às transformações do setor de transporte. “O pneu pode parecer simples, mas por trás dele existe muita engenharia, pesquisa e investimento. Nosso objetivo é oferecer qualidade, sustentabilidade econômica e ambiental, além de reforçar a confiança de frotistas em nossos produtos”, afirmou.

De acordo com dados apresentados pela empresa, o Brasil possui atualmente 380 mil ônibus urbanos em circu-

DANIELA GIOPATO

QUILOMETRAGEM

lação, uma das maiores frotas do mundo. A eletrificação também avança: em 2025, a frota verde no país já havia crescido 141%, impulsionada por políticas públicas de mobilidade e redução de emissões.

Segundo Bianca Manzano, Coordenadora de Marketing TBR, esse cenário exige soluções robustas e adaptadas à realidade urbana. “O R167E foi desenvolvido para conectar pessoas com segurança e confiabilidade. Ele pode ser aplicado em todos os eixos e atende tanto ônibus urbanos quanto caminhões que operam em baixa velocidade dentro das cidades”.

Roberto Ayala, Gerente de Engenharia de Vendas da Bridgestone, explicou

que o novo pneu oferece até 20% mais quilometragem em comparação ao modelo anterior. Entre as tecnologias aplicadas, Ayala destacou o composto de baixa resistência ao rolamento, que reduz a geração de calor e prolonga a vida útil da carcaça; nova configuração de cintas, que aumenta a proteção contra falhas comuns em pneus urbanos e reduz o índice de sucateamento precoce.

“A tecnologia Cooling Fin, com desenhos diferenciados no talão, permite o o resfriamento e diminui a temperatura em até 5°C. Além disso, o fato desse novo modelo poder atender a demanda dos elétricos, ele tem maior índice de carga, pensado para suportar o peso adicional e o torque dos ônibus elétricos, que exigem mais dos pneus”, destacou.

Para Marcos Aoki, diretor de vendas da Bridgestone no Brasil , o R167E representa a renovação total da linha urbana da empresa e reafirma nosso compromisso em oferecer soluções de qualidade superior para o transporte coletivo, que é essencial para a vida das cidades. “Estamos entregando um pneu eficiente, robusto, visando uma melhor recapabilidade, e pronto para os desafios do presente e do futuro, incluindo a eletrificação das frotas urbanas”, afirma.

Outra novidade que acompanha o lançamento do R167E são os diferenciais do pós vendas através de dois programas de garantia. Um deles é a Super Garantia, válida por seis meses contra danos acidentais que tornem o pneu inutilizável, como cortes e furos. "Essa é uma cobertura inédita no segmento de pneus comerciais. Temos também a Garantia N3, que assegura a performance da carcaça até a terceira recapagem, ajudando a reduzir o custo por quilômetro das frotas”, explicou Bianca Manzano.

MENOS ROUBO DE CARGA E MAIS PREJUÍZO

Nos últimos anos, o número de ocorrências de roubo de carga apresentou queda em várias regiões do País. À primeira vista parece animador. Porém, estudo conduzido pela ICTS Security, consultoria especializada em segurança e gestão de risco, aponta uma mudança preocupante. Embora as ocorrências tenham diminuído, o valor dos prejuízos aumentou significativamente.

O estudo analisou dados de 2023 e 2024 sobre as ocorrências em todo o país. O levantamento revelou queda de 11% no número total de roubos e prejuízo financeiro de R$1,217 bilhão, um aumento de 21% em relação ao ano anterior.

O Sudeste permanece como epicentro dos crimes, concentrando 83,6% dos prejuízos nacionais. O estado de São Paulo responde por 47,2% das perdas, seguido por Rio de Janeiro (18,7%) e Minas Gerais (14,2%). No entanto, o estudo revela uma redistribuição geográfica do risco: o Nordeste saltou de 8,3% para 11,7% de participação nos prejuízos, com destaque para para os corredores logísticos de Pernambuco, Maranhão e Bahia.

A pesquisa indica uma transformação no perfil das quadrilhas, que vêm priorizando cargas de alto valor agregado e de rápida revenda, como alimentos, cigarros, eletroeletrônicos, medicamentos e cos-

méticos. Essa seletividade tem ampliado o impacto financeiro das ações, mesmo com uma menor quantidade de ataque

Segundo Anderson Hoelbriegel, diretor de negócios da empresa, o roubo de carga é um crime que se transforma constantemente. “O risco é dinâmico. Ele muda de horário, de região, de dia da semana e até conforme datas comerciais. O criminoso também faz análise de risco, como nós”, afirma.

O aumento do e-commerce após a pandemia ampliou a movimentação nos polos logísticos e nas rotas de distribuição, e chamou a atenção de quadrilhas cada vez mais estruturadas. “Os eixos rodoviários que ligam centros de distri-

Apesar das ocorrências registradas terem diminuído, o valor das cargas roubadas cresce e revela a ação de quadrilhas mais estruturadas, que usam tecnologia e inteligência para atacar operações de alto valor

buição a portos, onde circulam cargas de maior valor agregado, se tornaram os principais alvos”, explica.

O levantamento da ICTS mostrou que as ações criminosas se tornaram mais estratégicas. “Hoje o roubo ocorre quando o caminhão está cheio. Isso exige planejamento e estrutura. São quadrilhas que sabem dirigir caminhões, têm equipamentos pesados e logística própria para o transbordo da carga”, diz Hoelbriegel.

Ele cita casos em que os criminosos chegaram a usar retroescavadeiras e equipamentos de bloqueio de sinal, com ações que duram poucos minutos. “No Rio de Janeiro, por exemplo, uma ação

DANIELA GIOPATO

SEGURANÇA

completa leva cerca de cinco minutos. É o tempo de tirar o motorista da rota e levar o caminhão para uma área dominada, onde nem a polícia entra sem operação”, ressalta.

Embora o setor de transporte invista cada vez mais em rastreadores, monitoramento remoto e bloqueios automáticos, a tecnologia, segundo Hoelbriegel, não resolve sozinha.

“A segurança logística depende do equilíbrio de quatro pilares: tecnologia, processos, inteligência e pessoas. Se um desses pilares falhar, o criminoso vai explorar a vulnerabilidade”, explica.

E o elo mais frágil continua sendo o humano. “O pilar de pessoas é onde ocorre o aliciamento, o vazamento de informações e o desvio de processos. Às vezes o problema não é financeiro, é ético. Alguém percebe algo errado e não reporta”, observa.

Para reduzir esse tipo de vulnerabilidade, a ICTS recomenda programas de integridade e treinamentos comportamentais dentro das empresas. “Não basta verificar se o funcionário tem nome no Serasa ou processo judicial. É preciso avaliar o quanto ele é suscetível a desviar um processo, e isso exige apoio de psicólogos e equipes de comportamento in-

Para Anderson Hoelbriegel, da ICTS, uma boa gestão de dados é o primeiro passo para reduzir o roubo de carga

Veja a entrevista completa no QR Code:

vestigativo”, explica o executivo.

A empresa também realiza o chamado background check contínuo, principalmente para cargos de liderança. “Quando há mudança de função ou promoção, é importante reavaliar. O crime organizado está se infiltrando em toda a cadeia, de transportadoras a operadores logísticos”, alerta.

Outra frente de preocupação é o avanço dos crimes digitais no setor. “Hoje existe o que chamamos de roubo estratégico. O criminoso clona placas, falsifica documentos e entra no centro de distribuição sem disparar um tiro. Ele carrega a carreta e sai como se fosse um transporte legítimo”, relata Hoelbriegel. As quadrilhas também usam informações obtidas em redes sociais e na deep web para planejar ataques. “É a ameaça híbrida, o uso de dados digitais para viabilizar ações físicas. Isso só é possível com vazamento de informação interna”, acrescenta.

Para o diretor da ICTS, a gestão de dados é o primeiro passo para reduzir riscos. Afinal, se a empresa não registra ocorrências, não mede, não gerencia e, por fim, não corrige. Ter um sistema de registro, laudos de risco e histórico de sinistros por região, horário e via

ajuda a identificar padrões e criar planos de ação.

“Já tivemos casos em que o bloqueio automático ocorreu com seis minutos, e o crime aconteceu em cinco. Um minuto fez toda a diferença e essa melhoria só vem quando se mede o processo”, conta.

Mesmo com toda a tecnologia e estrutura de segurança, o motorista continua sendo peça-chave na prevenção. “Temos vários relatos de caminhoneiros que evitaram o roubo por percepção de risco. Eles sentiram que estavam sendo seguidos, procuraram um posto policial ou acionaram a torre de controle. Esse comportamento salva vidas e cargas”, diz Hoelbriegel.

Por isso, a ICTS realiza diálogos ma-

tinais de segurança, reuniões curtas antes do início das viagens para relembrar protocolos, compartilhar ocorrências e reforçar condutas em caso de ameaça. “É o mesmo conceito das conversas de segurança no trabalho, mas voltado à prevenção do roubo de carga”, explica. O executivo reforça que o roubo de carga se tornou um crime altamente profissionalizado e tecnológico, e que o setor precisa responder com estratégia, dados e capacitação contínua. “Não há solução mágica. É a integração entre pessoas, tecnologia e inteligência que fortalece a operação. E o poder público também precisa fazer a sua parte com policiamento efetivo nas rotas críticas”, conclui.

Fotos
ENVATO e DIVULGAÇÃO

TRANSPORTE MAIS LIMPO

Com nova tecnologia voltada ao biodiesel, MANN+HUMMEL aposta em inovação para aumentar a vida útil dos motores, reduzir custos de manutenção e impulsionar a transição energética no transporte

Oavanço do biodiesel no Brasil é um passo importante rumo à descarbonização do transporte, mas também traz novos desafios para os motores e sistemas de filtragem. Atenta a esse movimento, a MANN+HUMMEL desenvolveu uma solução específica para o combustível renovável, capaz de prolongar a vida útil dos componentes e aumentar a eficiência das frotas.

“O biodiesel é uma peça-chave na transição energética do setor de transportes, especialmente no Brasil, onde temos uma matriz energética mais limpa e uma forte produção de oleaginosas. Ele contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa e diminui a dependência de combustíveis fósseis.

No entanto, ainda enfrentamos desafios com os sistemas de injeção e filtragem dos motores”, explica Raul Cavalaro, Diretor de Vendas e Marketing da MANN+HUMMEL.

Com a mistura obrigatória de biodiesel no diesel em B15, aumentaram os relatos de falhas prematuras em filtros e sistemas de injeção. A MANN+HUMMEL identificou a necessidade de uma tecnologia adaptada às propriedades do biodiesel e lançou o WK10 Bio, desenvolvido com triplo estágio de proteção.

O sistema atua em três frentes, a separação de água, retenção de partículas e estabilização do combustível. “Essa tecnologia é essencial para manter o desempenho, reduzir falhas e prolongar

Raul Cavalaro explica que a nova tecnologia reduz falhas e prolonga vida útil do sistema de injeção

ma o executivo. Segundo ele, o grande diferencial está na capacidade de lidar com as características específicas do biodiesel, como maior higroscopicidade e tendência à formação de borras. “Nosso novo sistema oferece maior eficiência na separação de água e retenção de partículas ultrafinas, além de maior durabilidade e resistência química”, completa.

O novo produto também representa economia direta para o setor de transporte. “O WK10 Bio prolonga os intervalos de troca e protege componentes caros do sistema de injeção, o que representa redução significativa nos custos operacionais de transportadores e frotistas”, afirma Cavalaro. Testes em campo indicam que o uso da tecnologia pode aumentar em até 50% a vida útil dos motores, dependendo das condições de uso e da qualidade do combustível.

A nova solução integra a linha WK e, segundo a empresa, chega para fortalecer essa família, oferecendo uma so-

de com os sistemas já existentes.

De olho nas próximas etapas da transição energética, a MANN+HUMMEL mantém centros de pesquisa dedicados a novas fontes de energia. “O HVO (Óleo Vegetal Hidrotratado) e os combustíveis sintéticos estão no nosso radar, e já estamos testando materiais e configurações que atendam às exigências desses combustíveis, sempre com foco em sustentabilidade e desempenho”, afirma Cavalaro.

Para o executivo, o papel da inovação em filtragem é fundamental dentro da estratégia global da companhia. “Ao desenvolver soluções que aumentam a eficiência dos motores, reduzem emissões e prolongam a vida útil dos componentes, contribuímos diretamente para um transporte mais limpo e econômico. Nossa missão é ser protagonista na transição para uma mobilidade mais sustentável, e a filtragem tem papel central nesse processo”, conclui.

HISTÓRIAS QUE MOVEM

Projeto cultural da Mobil Delvac transforma relatos de caminhoneiros em livro, documentário e exposição itinerante que percorre o país, valorizando o profissional

MOVEM O BRASIL

Dar voz aos caminhoneiros e eternizar suas histórias é a proposta do projeto “Caminhoneiros do Brasil”, lançado pela Mobil Delvac em parceria com a produtora Barro de Chão, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A iniciativa reúne mais de 80 entrevistas com motoristas de todas as regiões do país, transformadas em livro, documentário e exposição fotográfica itinerante, que percorrerá diferentes estados ao longo de 2025.

O lançamento aconteceu no Posto Graal, em Jundiaí/SP, reunindo motoristas, influenciadores e representantes do setor. O projeto nasceu do desejo de valorizar os profissionais responsáveis por mais de 60% de todo o transporte de cargas no Brasil e revelar o lado humano por trás do volante.

Para Renata Vitiello, coordenadora de marketing B2B da Mobil, a ação reflete o compromisso da marca em reconhecer o papel essencial do caminhoneiro. “Mais de 60% de tudo o que chega até nós vem pela estrada. Esses profissionais construíram o país , da industrialização às rotas de abastecimento, e seguem movendo o Brasil todos os dias. Esse projeto é uma homenagem a essa trajetória”, destaca.

Renata explica que a proposta não é pontual, mas faz parte de uma série de ações culturais da Mobil Delvac. “Esse é o nosso terceiro projeto com a produtora Barro de Chão. Já homenageamos mecânicos e motoboys, e agora chegou

Para Renata Vitiello o projeto valoriza o caminhoneiro e alerta sobre soluções urgentes para a falta de motorista

a vez dos caminhoneiros, que merecem ser lembrados e valorizados. São profissionais que enfrentam muitos desafios, mas que continuam apaixonados pelo que fazem.”

Durante as entrevistas, surgiram relatos que retratam tanto as dificuldades quanto a força da categoria. “Muitos caminhoneiros contaram que não querem que os filhos sigam o mesmo caminho, por conta das longas jornadas e da desvalorização. Mas também encontramos jovens que herdaram a paixão pela boleia e querem manter viva essa tradição”, comenta Renata.

Entre os entrevistados, há motoristas que participaram da construção de Brasília, outros que cruzam a Amazônia de balsa e famílias em que o ofício passa de

PROJETO CULTURAL

Para Marília Goldschmidt o projeto

revela o lado humano e cultural da estrada e a importância do motorista

pai para filho.

A executiva lembra que, apesar da evolução tecnológica dos caminhões, os desafios estruturais permanecem. “O custo do diesel, o valor do frete e a falta de pontos de parada seguros ainda preocupam. Se não houver incentivos e novos entrantes, corremos o risco de um apagão de profissionais nos próximos anos”, alerta.

Para Marília Goldschmidt, gerente executiva de marketing da Moove, empresa responsável pelos lubrificantes Mobil no Brasil, o projeto vai além de destacar o papel econômico da categoria. “As imagens e relatos coletados revelam o lado humano e cultural da estrada, mostrando que cada entrega carrega sonhos, sacrifícios e dedicação”, afirma.

Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), os caminhoneiros são responsáveis por mais de 60% do transporte de cargas no país. Apesar da relevância, enfrentam jornadas longas, riscos constantes e a falta de infraestrutura adequada. O projeto busca justamente lançar luz sobre essa realidade e homenagear os profissionais que movem o Brasil.

A exposição “Caminhoneiros do Brasil” iniciará seu circuito em Paraisópolis (SP), com entrada gratuita, e seguirá viagem por diversos estados ao longo de 2025. “Queremos dar visibilidade aos caminhoneiros e transformar suas vozes em patrimônio cultural do Brasil”, destaca Mauro Rossi, CEO da produtora Barro de Chão. O documentário “Caminhoneiros do Brasil” está disponível gratuitamente no canal da marca no YouTube, e a exposição itinerante seguirá viagem levando ao público as imagens e relatos que transformam o cotidiano da estrada em arte e inspiração.

Paradinha? Só para o café!

Conheça os filtros para BIODIESEL com tripla filtragem da MANN-FILTER

Os novos filtros WK 1060/40 e WK 1060/20 da MANN-FILTER trazem a exclusiva tecnologia de tripla filtragem, criada para suportar as exigências do biodiesel. Com três camadas de filtragem, eles retêm diferentes níveis de impurezas e filtram 99% da água, oferecendo máxima eficiência na proteção do equipamento. Testes em mais de 1 milhão de quilômetros nas maiores frotas do Brasil comprovam sua durabilidade e alto desempenho.

MANN-FILTER. A melhor escolha para sua frota.

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