MANUAL DO PROFESSOR| DIA DE SÃO NUNCA À TARDE

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Roberto Drummond Dia de São Nunca à Tarde

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Sumário

Carta aoS ProfeSSoreS 3

1. ProPoStaS De atiViDaDeS i 6 (para Professores de Língua Portuguesa/Literatura)

1.1 – introdução: esclarecendo algumas posições 6

1.2 – apresentando a obra Dia de São Nunca à Tarde – a pré-leitura ..................... 7

1.2.2 apresentação da obra 9

1.3 – a primeira leitura da obra Dia de São Nunca à Tarde 13

1.4 – a segunda leitura da obra Dia de São Nunca à Tarde 14 1.5 – indo além da novela – a pós-leitura 16

2. ProPoStaS De atiViDaDeS ii 18 (Para professores das áreas de Linguagens, exceto Língua Portuguesa, e Ciências Humanas e Sociais aplicadas)

2.1 – alinhando nossas posições .............................................................. 18

2.2 – a pré-leitura do livro Dia de São Nunca à Tarde 19 2.3 – a primeira leitura da obra .............................................................. 21 2.4 – a segunda leitura da obra 22 2.5 – a pós-leitura da obra .................................................................... 24

3. aProfuNDameNto: a aDJetiVaÇÃo: PeriGoS e riQueZa ..................... 26 (para Professores de Língua Portuguesa/Literatura)

3.1 – Pobreza e riqueza do adjetivo .......................................................... 26 3.2 – facetas da adjetivação em Dia de São Nunca à Tarde 28 3.3 – um capítulo exemplar 30 3.4 – Propostas sobre a produção de textos 30

4. SuGeStÕeS De referÊNCiaS ComPLemeNtareS 32 o diálogo com outras vozes a aVaLiaÇÃo 37

5. BiBLioGrafia ComeNtaDa 39

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Sumário
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Carta aoS ProfeSSoreS

Prezados Professores,

este manual, criado especialmente para vocês, tem a intenção de lhes sugerir discussões e atividades em torno da novela Dia de São Nunca à Tarde, de roberto drummond, publicada postumamente. trata-se de uma colaboração com o que certamente costumam fazer, e depois da leitura, talvez já até tenham pensado em formas de explorá-la com seus alunos, que também já irão recebê-la.

se já leram o livro, possivelmente tenham visto, entre os paratextos, um estudo apresentado ao estudante, com o objetivo de ajudá-lo em uma segunda leitura desta obra, cujos temas são o protagonismo juvenil e a possibilidade de transformação do mundo pela arte.

no texto referido, insistimos na ideia de que fazemos análises e discussões do nosso ponto de vista, e que, na arte, os ângulos de interpretação de uma criação são muitos e fecundos. mas, mesmo adotando um olhar sobre a obra, estamos abrindo possibilidades para outras formas de vê-la, e não imaginando que existe um único foco certo — por acaso, o nosso. uma prova disso vem exatamente da proposta do meC, apresentada no edital de seleção de obras, de que os livros e manuais cheguem a professores de outras áreas, além dos de língua Portuguesa: há uma clara percepção de que, de lugares diferentes, lemos de modo diferente o que está à nossa volta, inclusive — e com mais razão — na obra de arte. É o mínimo que proporciona uma característica fundamental da arte: a plurissignificação.

Chegando a vários e diferentes públicos, entre professores e alunos, a obra terá enfoques distintos; mas, segundo entendemos, complementares, e não exclu dentes. esse não é um problema das manifestações artísticas: é a sua maior riqueza. Podemos dizer que a obra de arte é, mesmo sem saber, democrática e generosa: aceita e aplaude as suas leituras diferentes. Por isso mesmo, umberto eco, um de nossos maiores estudiosos e escritores, fala em “obra aberta”, com muitas entradas e muitas saídas, por onde entrem e saiam seus fruidores, conforme sua história de vida, seu envolvimento com artes e com a literatura.

dada essa complementaridade de enfoques, é fundamental que um bom plane jamento da escola cuide não só da leitura da novela de que vamos tratar, mas também deste manual, de modo que os professores estejam à vontade quanto à organização

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dessa nova experiência de exploração da obra: que áreas a trabalharão, em que sequência, ou se uma só se incumbirá dela. desse modo se garantirá o melhor apro veitamento da obra pela turma, com muitos avanços, mas sem maiores redundâncias.

nesse sentido, sem conhecer os docentes nem o planejamento escolar, nas sugestões a cada grupo de professores, seguiremos a própria organização indicada no mesmo edital do meC/fnde, mas privilegiando, e não impedindo, o movimento dos professores por diferentes áreas: não podemos esquecer que a literatura, como todas as artes, abre possibilidades, e não as fecha.

Pedimos sua licença para voltarmos, já nesta conversa inicial, a alguns pontos tratados no estudo da obra, proposto aos alunos.

no reiterado convite ao estudante para a segunda leitura da obra, nossa intenção ia além de apresentar as razões e vantagens dela. Pretendíamos, sobretudo, garantir a eles o direito que todo leitor tem de uma primeira leitura “independente”, sem intermediários, um encontro aberto com o inesperado, assegurado aos próprios teóricos, especialistas e críticos: o diálogo desarmado entre autor e leitor.

muitas vezes, na ânsia de ganhar o aluno para determinada leitura, falamos dela muito mais do que é necessário para motivá-lo. ao contrário, apresentar informações indispensáveis e criar dúvidas e desafios a respeito da leitura funcionará sempre como motivação, mas nunca como a “sua” leitura da obra. têm toda razão os teóricos que insistem na posição de que, nesse primeiro encontro, é fundamental que chegue ao fruidor, não a voz de outros (nem mesmo a do professor), mas a do criador. essa voz pode soar difícil, prazerosa, polêmica, mas a “tradução” ou análise feita por qualquer outra dificultará as descobertas, questionamentos e opiniões pessoais do seu novo leitor.

Como veremos, a segunda leitura não retifica a primeira: abre horizontes, ilumina ângulos, mas, em princípio, nem sempre muda um dado fundamental: o gostar ou não da obra, elegê-la como uma de suas leituras de cabeceira.

Por isso, é tão fundamental a segunda leitura, propiciada quase exclusivamente pela escola, que tem (ou deveria ter) não somente o objetivo de desenvolver em cada aluno o gosto e a procura espontânea da literatura, mas também o de tornar a leitura do aluno mais qualificada, propiciando nele o desenvolvimento do senso estético, do espírito crítico, do imaginário e da criatividade. É uma das nossas oportunidades de ajudá-lo na percepção mais arguta e sensível não apenas do livro e da arte, mas também do mundo e da vida. esta obra, aliás, proporciona isso de maneira magistral.

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no grande leque de opções oferecidas neste manual, para esta segunda leitura e os desdobramentos dela, a experiência de vocês e os conhecimentos dos alunos é que vão poder definir aquelas que parecem mais adequadas à sua turma do momen to, de modo a ajudar cada um a manter ou descobrir o prazer da leitura literária.

sabemos, como vocês, que esta não é, em geral, uma tarefa fácil. e, como em todo o processo educacional, as mudanças demoram a se evidenciar: afinal, o semear vem muito antes do colher. Por sorte, como disse muito bem roland Barthes, o professor se caracteriza pela teimosia, por não desistir facilmente. e sabemos conviver com as situações difíceis (e driblá-las) de alunos que não gostam de determinada obra lida, ou de literatura, preferindo outras experiências artísticas; ou de alunos que, pela história de vida, leem pouco, ou leem mal: vamos tentando novas estratégias, livros novos, experiências desafiadoras. sabemos perfeitamente que, se os alunos têm o direito de não gostar de ler, nós temos a obrigação de acenar-lhes com a literatura, de achar que será possível, sempre, que eles descubram a arte, autores e obras que valham a pena. e — felizmente! — isso acontece mais do que supomos: muitos depoimentos e pesquisas mostram que a arte — especialmente a literatura — pode ser descoberta tardiamente, por pessoas inimagináveis, por razões impensáveis. afinal, todos nós, humanos, estamos sempre procurando a transcendência. Como disse fernando Pessoa: “a vida não basta” — precisamos saber mais do que somos, onde estamos, para onde vamos, o que nos espera...

desejamos que a seus alunos, mas também a vocês, a leitura e as atividades sobre a obra Dia de São Nunca à Tarde proporcionem momentos de prazer e do melhor encontro com a arte.

equipe técnica da editora Geração

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1.

ProPoStaS De atIVIDaDeS I

(para Professores de Língua Portuguesa/Literatura)

1.1

– introdução: esclarecendo algumas posições

a o apresentar a vocês nossa proposta de desenvolvimento do trabalho a ser feito com seus alunos, com relação à obra Dia de São Nunca à Tarde , cujos temas, aqui muito agregados, são “o protagonismo juvenil” e “o poder transformador da arte”, gostaríamos de reafirmar o que já anunciamos na carta que abre este m anual: nossas observações e sugestões de enfoques e de atividades são nossa colaboração para ampliar as possibili dades de leitura de seus alunos e desenvolver neles o prazer da leitura, que vai garantir leitores para a vida inteira.

Certamente, a atuação de vocês como professores e o conhecimento da turma serão fundamentais para escolherem, dentre nossas várias sugestões para cada momento da explo ração da obra, a abordagem e as experiências mais adequadas aos seus alunos, considerando o perfil do grupo, suas condições de estudo, seu nível e interesse pela literatura.

mesmo antes de chegarmos às atividades, gostaríamos de apresentar-lhes alguns pontos que sempre nos fizeram repensar o que nossa atuação apontava como caminho seguro, nas escolhas que fazíamos.

o primeiro ponto é o fato de que nenhuma atividade, por mais interessante que seja, sobre a obra, substitui a leitura da própria obra. Para assegurar isso, insistimos na primeira leitura independente, de que já falamos. só depois é que cabem as tantas e selecionadas atividades de releitura, tornando o texto ainda mais interessante, ao mesmo tempo em que habilita o aluno a leituras mais amplas e profundas, sob a orientação de profissionais experientes e entusiasmados como vocês.

outro ponto a considerar é que a arte exige sempre, como exige de seus criadores, algum nível de ousadia, de gosto por experiências novas — bem ao contrário da ideia facilitadora de que conhecemos nossos alunos e nos conhecemos, que sabemos o que eles

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podem e nós podemos fazer… e optamos por repetir livros e experiências. dessa forma, diminuímos as chances — deles e nossas — de experimentar e descobrir. nosso conselho, ou convite, é que não duvidem das surpresas vindas da obra, tampouco de vocês e dos alu nos. mudar estratégias e apresentar-lhes o novo e inesperado (o que não significa mudar tudo) pode dar bons frutos.

n a nossa carta, também falamos dos eventuais alunos não adeptos da literatura. n a nossa opinião, o mais importante na atuação com relação a eles é oferecer opções que possam tocá-los, evitar qualquer imposição e nunca afastá-los mais da descober ta do prazer e da importância da literatura. a vida pode, mais adiante, dar-lhes esta oportunidade.

Vamos aqui sugerir atividades para três momentos fundamentais de qualquer expe riência educativa:

a) o da “motivação”: acenando ao leitor com motivos para ler a obra;

b) o acompanhamento do “processo da leitura” (com formas de fazer a segunda leitura);

c) a ampliação de experiências, depois da releitura, seja aprofundando algum ponto distintivo do gênero, ativando a própria expressão pessoal e criativa do aluno, seja propondo o diálogo da obra com outras artes e outras vivências humanas.

Por enquanto, só gostaríamos de lembrar que várias questões afloradas no texto de apoio ao aluno serão mais desenvolvidas aqui, pelo que vale a pena levar em conta as refle xões ou informações lá expostas.

Para outra etapa fundamental do processo de aprendizagem — a avaliação –, gostarí amos de propor-lhes uma reflexão inicial, que poderia ser levada a seus colegas de escola. dela, vamos falar rapidamente no fim da seção 4.

1.2 – apresentando a obra Dia de São Nunca à Tarde – a pré-leitura

este momento inicial de contato do aluno com a obra, por nosso intermédio, é sem pre estratégico. Há alunos considerados automotivados, que vão a bibliotecas ou livrarias para escolherem o que ler. Podem topar com nossa novela Dia de São Nunca à Tarde e optar por sua leitura.

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Dia de São Nunca à Tarde

não é o que acontece mais comumente, e cabe-nos apresentar aos alunos muitas obras que valem a pena serem lidas, e muitas outras que merecem uma segunda leitura.

esta apresentação da obra procura, portanto, criar nos alunos motivos para que a leiam; visa a instigá-los, sobretudo pela curiosidade, a encontrar no texto alguma resposta para uma pergunta de seu interesse e acenar-lhes com algo que tenha significado para eles. Poderíamos dizer o que a Psicologia informa: precisamos criar nos alunos um tipo de necessidade para ler a obra.

essa necessidade pode surgir de muitos pontos, às vezes imprevisíveis, por isso é sempre bom poder falar de vários elementos da obra em foco.

a seguir, sugerimos algumas possibilidades de apresentação da novela Dia de São Nunca à Tarde a seus alunos, muitas delas bastante básicas; outras já usadas por vocês e que, com pequenos ajustes à obra, costumam dar excelentes resultados.Vejam quais poderão funcionar melhor para os alunos que estão à sua frente. eventuais respostas, ou encaminhamento de tratamento de alguma questão, são também apenas sugestões, cuja validade vocês avaliarão.

• uma pequena pesquisa inicial

seria interessante vocês buscarem o depoimento deles sobre seu interesse por histórias que tratem de questões de estudantes como eles, e consultarem aqueles que eventualmente tragam histórias de escolas. Vejam se já leram narrativas desse tipo. talvez alguns tenham lido mesmo O Ateneu, de raul Pompeia — falaremos sobre isso em outro momento –; ou o Conto de escola, de machado de assis, também citado mais adiante.

Vejam se, na televisão, costumam ver filmes ou séries centralizadas em situações escolares. (atualmente, há a série Riverdale em exibição).

Vejam se algum deles tem vivência em internatos ou se já estudou longe de casa.

sugestão de perguntas:

• Quem aqui já leu histórias passadas em escolas?

• No cinema, ou na televisão, já viram filmes desse tipo?

• O que mais aproxima (ou afasta) vocês dessas histórias?

• Algum de vocês já experimentou estudar fora de sua cidade?

• Alguém já passou pela experiência de ter estudado em internato? Se houver alguém, poderia dar um depoimento sobre essa experiência?

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Conforme a discussão, vocês podem ir acrescentando perguntas, ponderações, nar rativas sobre essas situações.

não se trata apenas de obter respostas da turma: importa saber se há uma leitura diferente entre garotas e garotos, e se há algum sinal de más experiências com relação ao assunto, que eles não querem ver abordadas.

tudo isso vai ser um excelente gancho para a apresentação da obra, seu gênero e seu autor.

Comecem a falar da próxima sugestão de leitura: uma obra que traz uma história passada em um colégio, com muitas situações incomuns.

1.2.2 Apresentação da obra

• algumas personagens da história

Nesta apresentação, é importante que as informações criem curiosidade, não deem pistas essenciais.

a quarta capa dos livros costuma despertar a curiosidade dos possíveis leitores. Comecem a apresentação da obra lendo a quarta capa, que indica algumas personagens centrais da narrativa e o ambiente em que vai transcorrer a história. Pergunta inicial: no colégio interno, qual a importância da apresentação de uma menina?

Perguntem aos alunos se, pela quarta capa, eles imaginam quais serão as figuras prin cipais e por quê.

Vejam que argumentos usam para opinar. Se julgarem que os gêmeos podem ser protagonistas, terão razão, dado que aparecem primeiro, com muitos pormenores. Podem achar que o diretor e o carrasco terão alguma importância. Ouçam as hipóteses, mas não adiantem nada da trama.

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Dia de São Nunca à Tarde

informem que esse colégio realmente existiu, assim como o seu diretor. o mais pode ser ou não pura imaginação do autor.

observação da capa

Como todos sabem, a capa de qualquer livro tem a intenção de chamar ao máximo a atenção de leitores para a obra e seu conteúdo, esteja o livro numa biblioteca, sala de aula ou em uma livraria. Por isso, vale a pena falar a respeito dela com seus alunos, procurando aguçar a capacidade de análise desse item, em qualquer circunstância.

• o título: Dia de São Nunca à Tarde

Vejam se os alunos conhecem a expressão mais enxuta e mais comum bem como seu significado: “dia de são nunca”.

– Por acaso já a usaram? Ou conhecem quem a usa, ou já usou?

– E o que acrescenta à expressão o complemento “à tarde”?

– Por que tem especial sentido, pelos dados que a quarta capa apresenta?

Normalmente, por tratar-se de uma expressão popular, tem mais uso nas cidades menores e em situações de muita coloquialidade. Talvez os alunos nunca a tenham usado, e a tenham ouvido de pessoas mais idosas. A expressão acrescida – “à tarde” – é uma forma de reforçar a ideia do que é impossível, ou que não acontecerá, na perspectiva de quem a usa: é como se fosse um superlativo. Talvez “nunquinha” seja uma forma atual da expressão. De toda forma, tratando-se de um colégio religioso, pode significar mais alguma coisa, que não sabemos sem ler a obra.

• a imagem da primeira e da quarta capas

mostrem primeiro a capa principal e vejam se eles percebem um ar de mistério, com um vulto único, mal definido, a lua cheia, sobre a qual há várias crendices, e nuvens muitos escuras, sugerindo algum perigo e certo mistério.

na quarta capa, os alunos podem reforçar a ideia da importância dos gêmeos na his tória. e constatam: eles realmente são muito parecidos.

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Às nossas perguntas ou sugestões, vocês poderão acrescentar outras, suscitadas pelos próprios alunos; ou as que, segundo sua experiência, motivarão seus alunos a mergulharem na leitura.

tratem, em seguida, do autor e da novela.

• apresentação do autor

talvez a turma ainda não conheça roberto drummond. o autor mineiro, já falecido, tem uma obra bastante invulgar, mais interessante e fácil de ler do que classificar e mais dirigida a adultos.

do belo depoimento sobre ele, escrito por outro escritor, luiz fernando emediato, procurem algumas informações que tragam curiosidade e interesse para a turma.

• Conversa sobre a novela

É bom saber que ideia os alunos têm acerca de novela, se acham que tem a mesma característica da novela de televisão, o que seria um equívoco, conforme explicamos no estudo da obra. (Como metáfora, no cotidiano, a palavra nos remete à ideia que tem nas produções televisivas: “ih! ele ficou bravo com o cachorro da vizinha. a briga virou uma novela!”) Vejam se dão exemplos de novelas lidas. Possivelmente, várias delas foram consi deradas romances, ou o inverso, o que é perfeitamente compreensível, pela proximidade entre as duas narrativas, o que traz dúvidas ou polêmicas mesmo entre os estudiosos da área.

se acharem necessário, retomem as características do gênero narrativo, também tratado no texto de apoio à leitura do aluno, abordando sobretudo o conto, a novela e o romance. no referido estudo, abordamos cada um de seus ingredientes. (não vimos necessidade lá, nem vemos aqui, de focalizar outros textos literários que usam estrutura narrativa, como a fábula, ou às vezes a crônica, dado que são muito diferentes, em vários pontos, da novela.)

acreditamos que os dados lá apresentados são suficientes para os alunos perceberem esta narrativa como novela. o estudo que fizemos das personagens, por exemplo, mostra claramente que o número delas, com alguma importância, é muito pequeno, embora os “figurantes” sejam muitos; que todas elas constituem um único eixo, ao contrário do roman ce, que apresenta vários núcleos que se entrelaçam. Por outro lado, temos uma ação muito concentrada, num mesmo lugar, num tempo curto e um único acontecimento dominando toda a narrativa, ao contrário do romance, que se desdobra e se arrasta, até dar um sentido e mesmo consequência a vários núcleos.

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o que gostaríamos de discutir especialmente com vocês é uma questão relativa à novela, mas também a várias criações artísticas — literárias ou não –, marcadas por certo despres tígio injustificável por parte de teóricos e críticos. são rotuladas de gêneros “menores”, a partir de critérios bastante discutíveis. Por exemplo, por sua extensão, ou sua veiculação mais ampla atingir as camadas ditas “populares”, ou por sua construção estar mais próxima da de outras criações. exemplo claro disso é o da crônica: em princípio veiculada em peri ódicos, frequentemente por esse critério tem sua qualidade ou sua constituição literária posta em dúvida. da mesma forma, a comédia, independentemente do veículo (cinema, televisão, literatura, teatro) é considerada muito menos importante do que o drama ou a tragédia, por agradar a um amplo público, como se todo riso fosse pouco nobre. Basta ver, nas grandes premiações, que não estabelecem categorias (como o oscar, no cinema), a quase inexistência de comédias com grandes prêmios. acreditem: há críticos e teóricos que diminuem o valor de um gênero tão antigo e clássico como o conto: sua concisão, em vez de ser considerada uma dificuldade e uma qualidade, é vista como uma facilidade. do mesmo tipo de julgamento ressente-se a novela, por apresentar traços semelhantes e próximos do romance.

obviamente, a imprecisão de classificação ou a proximidade entre os gêneros não pode, definitivamente, ser critério para análise e motivo de certo descrédito de gênero algum.

Como acontece mesmo na crítica mundial, no Brasil há poucos trabalhos específicos sobre novela; e não é rara até a classificação questionável de algumas criações. massaud moisés, um dos nossos grandes estudiosos, por exemplo, considera novelas alguns roman ces clássicos e consagrados, como O tempo e o vento, de Érico Veríssimo; e Memórias de um sargento de milícias, de manuel antônio de almeida.

segundo entendemos, o valor da criação literária não pode estar atrelado a critérios poucos claros e até preconceituosos. o que nos parece definir a qualidade estética de uma obra é a pertinência e adequação dos recursos de que o artista lança mão para criar sua obra — em qualquer gênero que ele tenha escolhido criar. assim, em todos os gêneros, há criações com resultados bons e com resultados ruins. Há romances “maiores” e “menores”, assim como há novelas “maiores” e “menores”.

É com esse critério que pensamos classificar cada obra de arte, cada obra literária; e podemos opinar que Dia de São Nunca à Tarde é uma grande novela, pela alta qualidade dos recursos narrativos e estilísticos que a caracterizam.

nesta apresentação do livro aos alunos, mostrem o que há nele além da novela: uma biografia muito especial — praticamente, um depoimento e declaração de amor a roberto

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Dia de São Nunca à Tarde

drummond; e um estudo da obra, oferecido ao leitor, texto que sugerimos seja lido depois da leitura do texto literário, pelos motivos já bastante ressaltados.

1.3 – a primeira leitura da obra Dia de São Nunca à Tarde

imaginemos que a turma já esteja incentivada a ler a novela. e é hora de começar a primeira leitura. definam com os alunos um tempo razoável para isso. É muito possível que eles façam esta leitura muito rapidamente, seja pela extensão da novela, seja por seus recursos de suspense e curiosidade. mas esse tempo pode variar bastante, em virtude do perfil da turma, o que tem de ser considerado sempre.

no período estipulado para essa leitura, procurem reservar um tempo de suas aulas para perguntar e ouvir sobre como está ocorrendo o envolvimento da turma com a obra:

– Estão gostando da novela?

– Já acabaram a leitura?

– O que eles têm a dizer sobre a história?

esse tempo curto, dispensado aos alunos, faz enorme diferença, tanto na relação deles com a obra quanto com vocês. Vai ajudar vocês a avaliar a recepção da novela e dar a eles segurança quanto à forma como vocês cuidam desse processo de leitura.

Roda de leitura

A roda de leitura é sempre uma experiência interessante para vocês conhecerem a primeira impressão dos alunos a respeito da obra, especialmente desta, que pode levantar posições bem diferentes em torno de comportamentos e formas de ver a vida. ela deve ocorrer, contudo, em um clima de total liberdade de expressão e descontração, no qual todas as opiniões e considerações são levadas em conta e respeitadas, mesmo discordantes, embora possam sempre ser debatidas. Para esquentar a conversa, proponham algumas questões como:

– A leitura foi difícil?

– O que acharam das personagens?

– Que acham importante destacar na narrativa?

– Leram o texto de apoio à leitura?

– Antes, ou depois da novela?

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Os depoimentos verdadeiros, apresentados espontaneamente, são sempre dados a mais para a melhor orientação dos trabalhos seguintes. É um momento importante para a observação de opiniões, reações e pontos de vista diferentes e de garantir o direito das divergências de gosto e de interpretações: afinal, isso é o que caracteriza a arte. Possivelmente, aparecerão questões próximas das que serão objeto de trabalhos posteriores; informem que elas serão tratadas mais adiante. A roda de leitura funciona, em geral, como uma preparação para a segunda leitura.

1.4 – a segunda leitura da obra Dia de São Nunca à Tarde

depois dessa roda de leitura, expliquem a próxima etapa da experiência com a obra: uma retomada da novela, em grupos, para análise de alguns de seus aspectos interessantes. Propomos aqui uma análise de três personagens e o “trio” da novela, para ser tratada por um ou dois grupos, e depois apresentada à turma. sempre que possível, personagens e grupos devem ser de livre escolha da turma. se, eventualmente, tiverem ocorrido a vocês, a partir da roda de leitura ou em outro momento da conversa sobre a obra, outras questões que auxiliem os alunos nessa segunda leitura, sintam-se à vontade para acrescentá-las às propostas que se seguem.

• análise das personagens

Proponham que cada grupo (ou dois) analise as características de uma das personagens (ou do grupo) abaixo.

a) frei Vicente B) frei tanajura C) trio maldito d) gabriela a apresentação das personagens, no livro do estudante, não é completa, exatamente para esse momento de releitura da novela. Cada uma deve ser cuidadosamente observada em cada passagem em que aparece. Certamente, muitos elementos vão surgir, para definir (ou indefinir…) com mais clareza cada uma. o caso do trio, visto em conjunto, é interessante, porque dados vão ser considerados. Por exemplo, gabriel é uma sombra que paira sobre toda a narrativa, mas sua presença é muito curta e de pouca participação. outro ponto: ele (e gabriela),

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além de frei Vicente, é o único que não tem apelido — e, por acaso, chama-se gabriel, nome de anjo. Com relação ao frei tanajura, único com apelido negativo, é bom observar que ele, ao ser chamado pelo frei Vicente para tentar descobrir o mistério do trio maldito, já sabe da troca de gabriel por gabriela, mas não revelou isso, não só porque queria valorizar uma possível descoberta, como também não se denunciar como espectador do banho da menina.

Com as observações mais cuidadosas, proponham questões como:

• Pela construção da narrativa, vocês diriam que o narrador apresenta maior simpatia por uma das personagens?

• Como o autor constrói o perfil de cada personagem: pela ação, pelos pen samentos, por ambos?

este trabalho em grupo é uma excelente atividade, não apenas de linguagem oral, de fala e de escuta, não apenas no pequeno grupo, mas também no segundo momento, envolvendo toda a turma: é um exercício de convivência, debate respeitoso de posições divergentes, incluindo até as dos professores.

se houver mais de um grupo trabalhando o mesmo ponto, é importante que se apre sentem em seguida, de modo que as divergências fiquem mais evidentes e sejam discutidas com toda a turma.

Para a apresentação das conclusões de cada grupo, sugerimos que sejam definidos prazos, assim como o tempo de cada um para tal exposição. sugiram que todos do grupo falem, em vez de um só como representante de todos. insistimos: importa que a turma tenha oportunidade de perguntar, questionar e sugerir interpretações, cabendo a vocês a mediação da atividade.

fundamental também será a avaliação dos trabalhos feita por vocês (não obrigatoria mente com notas), de modo sempre propositivo, com sugestões e elementos que possam fazer avançar a leitura deles. um expediente que mostra muito bons resultados nesse momento é a autoavaliação de cada grupo, antes mesmo da avaliação de vocês. em geral, e até surpreendentemente, ela ajuda a desenvolver alunos mais justos e cuidadosos na emissão de juízos, com relação a si mesmos e aos outros.

Como podem ver, por meio da cuidadosa observação das opiniões e da volta constante à novela, estamos garantindo uma segura segunda leitura.

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1.5 –

indo além da novela – a pós-leitura

nossas experiências como leitores, mas também o trabalho de promoção da leitura, mostram que, fechado um bom livro, ele continua vivendo conosco, sobretudo após a segunda leitura. se seus alunos tiveram um bom envolvimento com a novela, muitas vezes ela voltará à sua lembrança, renovando emoções e propiciando novas reflexões. É um bom momento para enriquecer a experiência nesse desdobramento da leitura da novela. eis algu mas sugestões para esse momento, à escolha de cada aluno ou de grupos, conforme o caso.

a) tom Zé, o maestro do “conjunto” (como as bandas eram chamadas) san francisco serenaders, músico e compositor, além de integrante do trio maldito, é uma homenagem de roberto drummond ao grande músico brasileiro tom Zé, de grande importância e influência na cultura brasileira.

Proponham que procurem conhecer sua trajetória e sua obra musical, tra zendo para a turma algumas composições dele , como: São, São Paulo, Sabor da burrice, 2001, Cachorro do inglês.

B) roberto drummond escreveu outros livros, que, conforme a maturidade da turma e sua experiência de leitura, poderão ser indicados para os alunos mais interessados no autor. embora à primeira vista não pareçam, são obras de grande generosidade e de busca do humano. o primeiro é um de seus livros premiados, e o segundo é o que o consagrou para o grande público, tendo sido levado para a televisão. A morte de D.J. em Paris (Ática) e Hilda Furacão (geração). acreditamos que ambas são apropriadas para leitores mais amadurecidos.

aos que lerem essas obras, proponham a criação de um cartaz, ou um texto que funcionaria como quarta capa do livro lido, para apresentação à turma.

C) os alunos do Colégio são francisco, no segundo dia de castigo imposto a gabriel, fizeram uma rebelião. o próprio frei tanajura avalia que foi muito rígido com ele, não sendo esclarecido o comportamento do aluno que moti vou a reação do frade.

Proponham a discussão em torno do castigo, especialmente os castigos físicos, na família, na escola, em ambientes religiosos e em outros espaços em que ocorram. Valem depoimentos, relatos e opiniões. Consideram que o castigo educa?

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Dia de São Nunca à Tarde

se for possível, proponham que chamem um especialista (psicólogo, por exemplo) para ser entrevistado sobre o assunto.

Dia de São Nunca à Tarde vai continuar a inspirar novas experiências e novos debates ao longo deste manual. Como costumamos dizer, a obra de arte é inesgotável, uma fonte sempre renovável de alimento e reflexões, um convite a rever posições e formas de vermos o mundo e a nós mesmos.

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2.

ProPoStaS De atIVIDaDeS II

(Para professores das áreas de Linguagens, exceto Língua Portuguesa, e Ciências Humanas e Sociais aplicadas)

2.1 – alinhando nossas posições

Caros Professores, nesta seção dedicada a vocês, que lidam com outras disciplinas da área de linguagens e das Ciências Humanas e sociais aplicadas, pedimos que leiam o item 1.1 — Introdução Esclarecendo algumas posições, na página 6 deste manual, dado que os princípios lá expressos não podem ser outros, tratando-se de nossas convicções sobre o trabalho com a literatura na escola.

importa-nos reforçar, também, nossa posição de que os professores interessados e vocacionados podem perfeitamente extrapolar e ousar, valendo-se de atividades indicadas para outras áreas, desde que acertadas as experiências no planejamento da escola: em geral, dadas as oportunidades e derrubadas as barreiras, nossos conhecimentos e talentos afloram, e costumam ir muito além do que fazemos no estrito campo em que atuamos. as indicações de áreas, aqui, são uma orientação inicial, que não nos parecem tão específicas a ponto de se tornarem inviáveis para qualquer área. imaginamos que o planejamento da escola pode reorganizá-las, segundo o perfil dos docentes. desse modo, o aproveitamento das experiências sugeridas se dará, sobretudo, em virtude das peculiaridades dos profes sores e da turma.

aqui também, no desenvolvimento das atividades com suas turmas, usaremos o esquema adotado na seção anterior: criação de motivação, acompanhamento da primeira e da segunda leituras, e atividades após a leitura.

É claro que, se pelo planejamento da escola couber a vocês uma segunda exploração da obra, serão necessárias modificações e até reduções de algumas atividades, para que não se perca tempo com questões já tratadas: há muitas possibilidades de trabalho sugeridas neste manual, além das pensadas por vocês, que certamente poderão fazer uma explora ção da obra de forma diferente e rica, sem repetições sem sentido. nossa esperança é que

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Dia de São Nunca à Tarde

sempre se tire o melhor das características do livro e dos professores interessados nele, e se ofereçam aos alunos elementos que possibilitem o seu desenvolvimento, como pessoas e como estudantes.

2.2 – a pré-leitura do livro Dia de São Nunca à Tarde

apresentamos, mais adiante, atividades específicas de motivação dos alunos para a leitura da obra. no entanto, gostaríamos de reforçar nossa sugestão de se definir, no pla nejamento da escola, como se dará a exploração deste livro. se vocês forem os primeiros a trabalhar com ele, nada impede que utilizem algumas das atividades propostas na seção anterior, destinadas a professores de língua Portuguesa. se não forem, sugestões mais específicas estão mais adiante.

os movimentos naturais de quem vai se decidir a fazer alguma coisa variam pouco. se vamos a uma livraria comprar um livro ou a uma biblioteca escolher um livro, dete mo-nos no título, e também em outras informações da capa: autor, editora, imagem (se houver). Consultamos, inclusive, a quarta capa e as orelhas, caso existam, para sentirmos o que esperar daquela leitura. Podemos também procurar o índice ou sumário, folhear a obra, ler um ou outro parágrafo. temos, assim, alguns dados para nos orientar na decisão.

Quando a escola decide trabalhar com uma obra literária, vocês, professores, vão fazer o papel de um bom vendedor — no caso, de um produto importante na vida dos estudantes. e são esses mesmos elementos de análise que vão ajudá-los a cumprir esse excelente papel. Vale relembrar, ainda, o que vocês já sabem e praticam no cotidiano: a capa de um livro de literatura é construída de modo muito diferente da de um livro informativo ou de pesquisa. Enquanto, no caso destes, a capa e o título devem ser o mais possível referenciais, dando todas as “dicas” do que o leitor encontrará no seu miolo, o livro de literatura quer, em alguma medida, “encobrir” o que há nele: vocês vão conhecer o gênero, mas não que surpresas ele lhes trará. Se a melhor arte vive de criar suspeitas e curiosidades, de insinuar caminhos, isso é decisivo na capa… Por isso, vive sobretudo da linguagem conotativa, e não da referencial, que predomina nas obras essencialmente informativas.

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Caso as sugestões especiais que criamos para vocês se aproximem de trabalhos já realizados pelos alunos sobre a obra com outro professor, sugerimos apenas recuperarem o mais importante, para se deter no que for mais interessante para o enfoque que querem dar na análise da novela.

É importante, neste momento também, passar a palavra aos alunos, pedir o teste munho de cada um ou sua opinião sobre qualquer dado que apresentarem, seja do autor, seja das muitas questões que a novela pode lhes sugerir, e daí fazer surgirem motivos para a turma ler a obra.

• uma discussão inicial possível

se se sentirem à vontade para tratar da discussão que vamos propor, e se acharem que sua turma não se sentirá incomodada em suas convicções religiosas, vejam a posição dos alunos com relação a histórias com seres imaginários, fantasmas, por exemplo, e o que acham dos milagres e mistérios.

• Essas histórias agradam a vocês?

• Vocês acham que mistérios ou milagres são uma questão de desconhecimento, ou são pura imaginação das pessoas, artistas ou não?

• Vocês já leram obras escritas por Júlio Verne?

• Seriam, na época, consideradas impossíveis?

• Leitura do Capítulo 1 e as primeiras linhas do Capítulo 2

informem aos alunos que vocês vão ler o início do livro que estão propondo como próxima leitura da turma. apresentem apenas o título da obra e comecem a leitura.

Consideramos a leitura para os alunos, feita pelo professor, um dos expedientes mais eficazes na conquista dos ouvintes para a leitura de uma obra. Na apresentação da obra, ou em algum momento em que percebemos alguma dificuldade ou equívoco, na relação da turma com a obra, seu efeito é sempre altamente positivo, desde que não improvisada e seja ensaiada em voz alta, para se explorarem todas as possibilidades do texto.

no caso específico desta novela, a estratégia parece interessante: no Capítulo 1 e nas primeiras 6 linhas do Capítulo 2, teremos informações que criam, ao mesmo tempo, muitas perguntas, gerando realmente curiosidade pelos acontecimentos da história.

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depois da leitura, incentivem os alunos a falarem o que imaginam sobre os aconteci mentos da história. O que os intrigou?

• apresentação da capa e do autor depois de ouvi-los, leiam a 4ª capa e mostrem as imagens das duas capas, observando que novos elementos da história aparecem. Peçam que observem as imagens e os elementos que trazem da história.

sobre o autor, digam que uma excelente apresentação dele está no próprio livro que irão receber, mas já apresentem um dado que, mais adiante, na narrativa, vai fazer sentido: ele era cronista esportivo do jornal mais importante de sua época, o Estado de Minas, para o qual escreveu até sua morte, em 2002, e tinha especial interesse e conhecimento de futebol, e era torcedor fanático do Clube atlético mineiro.

2.3 – a primeira leitura da

obra

neste momento, os alunos vão entrar em contato com a obra e fazer sua primeira leitura. É bom combinar um prazo razoável para isso, levando em consideração as carac terísticas da turma. informem, também, a respeito do texto de apoio, no final do livro, observando que o melhor é que o leiam depois da leitura da novela.

Como sempre pedimos, reservem sempre alguns minutos das aulas, até o dia com binado, para os alunos falarem de dúvidas (inclusive relativas ao texto de apoio referido) e dar opiniões, de modo que não se sintam sozinhos na leitura e percebam claramente seu interesse no envolvimento de cada um com a obra e com a leitura em geral.

• roda de leitura

aqui também funciona bem a roda de leitura, atividade em que cada aluno é incen tivado a expor sua opinião sobre a novela com total liberdade: foi ou não interessante; que elemento (positivo ou negativo) destacaria na narrativa? Essa roda é, na verdade, um princípio da “segunda leitura” proposta no texto de apoio feito para eles. Por isso, façam dela uma oportunidade de debate entre ideias e opiniões opostas; permitam as divergências, lembrem passagens da novela, sem coibir nem impor nenhuma opinião — nem a de vocês. Podem aproveitar a roda para ver se algum dos temas a serem tratados mais adiante foi observado por eles e ir introduzindo a ótica que vocês privilegiarão, na segunda leitura da obra.

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2.4 – a segunda leitura da obra

Proporemos aqui uma série de discussões a serem feitas, inicialmente em grupos, definidos preferencialmente pela própria turma.

tais discussões visam a aprofundar questões que esta novela sugere, de maneira mais ou menos explícita. Cada grupo (ou dois grupos, conforme o interesse da turma) discutirá, por um prazo acertado com todos, um dos problemas ou pergunta proposta, para depois levar suas conclusões à turma toda. desse modo, as ideias principais veiculadas na história voltarão à pauta, realizando-se assim a tão importante “segunda leitura”. sempre que pos sível, é bom que cada tema seja de livre escolha dos grupos.

durante a preparação dos grupos, é interessante reservar, de novo, alguns minutos das aulas, para responder a dúvidas e indicar fontes de pesquisa, se for o caso. (a bibliografia indicada ao final prevê a possibilidade de os alunos quererem fazer outras leituras de apoio.)

Combinem com a turma o prazo adequado para o estudo em grupo e o tempo dis ponível para as apresentações, que poderá ser de cerca de 20 minutos, de modo a garantir o debate com a turma toda.

será sempre fundamental o comentário final de vocês, sublinhando acertos e indicando algum ponto que, a seu juízo, mereceria destaque.

• Questões para discussão em grupo

a) o narrador apresenta um dos integrantes do trio maldito, o ruivo, como militante político e adepto do Black Power norte-americano.

Proponham ao grupo (ou grupos) que pesquisem sobre esse movimento e a possibilidade de ser um dos passos para o atual movimento “Black lives matter”, que se espalhou por muitas partes do mundo, inclusive no Brasil.

Nos livros de História e documentos dos “movimentos negros”, os alunos encontrarão material de pesquisa, e certamente terão elementos para relacionar e comparar com os movimentos antirraciais.

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B) o colégio tinha um disciplinador, o frei tanajura, que era também sherloque, aceito ou nomeado pelo próprio diretor. apesar disso, vocês acham que era uma escola rígida? Que argumentos poderão usar para sua resposta?

Parece que o colégio tinha uma abertura razoável: a convivência entre vivos e mortos, o movimento dos alunos contra o castigo imposto a Gabriel, a possibilidade de revolta diante de uma arbitragem ruim no treino de futebol, a existência de um “conjunto musical” e até a “hora dançante” parecem apontar para uma liberdade de reclamações e de divertimento, que não parece comum nos internatos da época.

C) analisando a técnica de antecipação, o narrador desde cedo nos prepara para o papel importante de gabriela na narrativa. Procurem acompanhar cada detalhe da narrativa que prepara os acontecimentos envolvendo gabriela e apresente-os à turma.

Ela aparece na narrativa desde o primeiro capítulo, e, mesmo antes de aparecer no conversível da mãe, fica evidente o sonho não revelado dos alunos de que ela trocasse de lugar com o irmão: além de José Matusalém, ela arranca suspiros de outros. Analisem por que a troca é possível (as roupas dos dois); as suspeitas de Frei Tanajura desde a volta de Gabriel: vê indícios de troca dos dois, no jeito de um e de outro, no olhar trocado, na saída do conversível, no dia 12 de agosto; no baile, nos treinos, onde Gabriel está irreconhecível, até na cena do banho no rio; a paixão de Frei Tanajura e dos dois amigos; e depois o duelo de Ruivo e Tom Zé.

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d ) na novela de roberto drummond, passada num colégio, não são apresentados seus professores, nem informações sobre aulas. Conhecemos, pelo nome ou apelido, poucos alunos e poucos funcionários da instituição. Como justificar isso, ou se trata de uma falha de enredo?

Na verdade, esses dados não fazem falta, dado que o interesse está voltado para os acontecimentos envolvendo a volta de Gabriel e a troca entre os irmãos. A apresentação de outras personagens e situações não contribuiria para o desfecho, e tiraria a tensão criada: se a troca fosse do conhecimento de todos na escola, a história perderia seu interesse.

As escolhas devem levar os grupos que discutem a questão à conclusão de que o autor tem a intenção de escrever uma novela, e não um romance.

2.5 – a pós-leitura da obra

Como sempre dizemos, fechado o bom livro, ele ainda vai fazer companhia por muito tempo ou pela vida toda ao leitor. esta é uma ótima oportunidade para os professores darem munição para essa ressonância. Propomos, neste momento, algumas atividades inspiradas na novela lida e que podem ser feitas por toda a turma. Como sempre, é fundamental a avaliação do que é oportuno para seus alunos.

a) o narrador, sobretudo entrando na cabeça das personagens, ou informando sorrateiramente alguns dados, deixa questões propositadamente pendentes.

Por que informou que o pai de Gabriel e Gabriela tinha sido assassinado?

Por quê, no momento dos milagres, o bom e santo frei Vicente pensa nas pensões e pousadas cheias? Por que Frei Vicente precisa ganhar especialmente do Padre Simala, treinador de um dos times adversários?

Proponham que o(s) grupo(s) procurem hipóteses, plausíveis dentro do contexto, para cada uma dessas situações.

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B) Vários estudiosos dizem que Hitler se tornou o que era porque, naquela época, a sociedade alemã permitiu, ou dava condições para a existência das atrocidades cometidas pelo ditador. no colégio, frei tanajura exercia a função chamada de “sherloque”, mas era, na verdade, um espião. Como avaliar a função dos espiões? Ela é válida nas desavenças internacionais? É válida em outros contextos? O caráter de espião nasce com ele? No nosso cotidiano, em casa ou na escola, existem espiões?

Proponham à turma essa discussão.

Em ambas as questões propostas, o consenso pode não existir. Ele não é o mais importante. Na verdade, tais discussões funcionam como possibilidades de revisão de posições – o que pode não acontecer imediatamente, mas pode alimentar reflexões futuras, capazes de promover mudanças.

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3.

aProfunDamento: a aDjetIVação: PerIgoS e rIqueza

(para Professores de Língua Portuguesa/Literatura)

nesta seção, dedicada sobretudo a vocês, professores de língua Portuguesa, envolvidos com análises mais estilísticas e literárias, vamos tratar de uma questão pouco tratada e que costuma passar despercebida, como elemento determinante para a análise da figura do narrador: o uso do adjetivo e suas variantes, como a expressão adjetiva e a oração (subor dinada) adjetiva.

3.1 – Pobreza e riqueza do adjetivo

Carlos drummond de andrade, inquestionável, aconselhava ao candidato a escritor: se ficar em dúvida no uso de dois adjetivos, jogue os dois fora. Já os romanos tinham uma frase lapidar, quase um “ditado literário”: “o adjetivo é o maior inimigo do substantivo, embora concorde com ele em gênero, número e caso.”

realmente, o adjetivo pode ser a ruína de um texto: os iniciantes na produção de tex tos — inclusive aqueles com intenções literárias — tendem ao uso excessivo de adjetivos, o que, em geral, tende a tornar a página sobrecarregada e primária.

Vocês devem ter essa experiência com a produção escrita de seus alunos, e imaginamos que com frequência os orientem a eliminar vários deles. e, de fato, há usos muito con vencionais do adjetivo, que até se tornam clichês. aliás, os clichês, na sua grande maioria, apresentam adjetivos.

Pois é, o uso do adjetivo exige cuidados de mestre, e é o que o texto de r oberto d rummond mostra: um mestre no uso dele e de suas variantes. Vejamos o que ele nos revela.

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não podemos esquecer as funções que normalmente o adjetivo exerce:

1. adjunto adnominal: quando aparece junto (por isso, “ad”, prefixo que no latim quer dizer “junto”) como modificador de um substantivo.

“um deles sorri alto, está sonhando com batatas fritas na casa materna, que aqui, no internato, a comida é sempre ruim — …

Se entrássemos no quarto, iríamos pegar o bom e santo Frei Vicente em flagrante delito:…”

2. Predicativo: quando, em uma construção com um verbo de ligação, que pode estar implícito. exemplos:

“… saibam que são as folhas dos eucaliptos — quando o vento é forte, elas gemem como gente…”

“… que aqui, no internato, a comida é sempre ruim — …”

“… as vacas leiteiras já não berram tão saudosas de seus filhos.” (por estarem/parecendo tão saudosas de seu filhos)

“… o Colégio são francisco, que, a essa hora, dorme solitário entre árvo res…” (e está solitário)

Estes dois últimos casos formam os famosos predicados verbo-nominais, que não é o caso de explorarmos mais aqui.

Às vezes, na falta de um adjetivo, ou por gosto próprio de cada escritor, uma expressão ou uma oração adjetiva pode ser usada com valor de adjetivo:

“sim, nós sabemos que frei Vicente é um santo, mas num momento de fúria,…”

“o novo costume de gabriel de os tocar com a mão, uma mão que parece não ter ossos, que é só carícia, só loucura:…”

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outra questão importante a considerar no emprego do adjetivo é a posi ção que ele tem com relação ao seu substantivo: ele pode vir posposto ou anteposto.

mais comumente, ele se apresenta posposto, e seu valor é objetivo, referencial. Vejam os casos, acima, dos adjetivos em “batatas fritas” e “casa materna”.

nesses dois adjetivos, não há nenhum valor subjetivo agregado: em geral, vão ser lidas de forma neutra, objetiva, a menos que a casa materna e as batatas fritas criem emoções e lembranças especiais.

Quando anteposto, o adjetivo adquire um valor subjetivo, e quase sempre mais emocional:

... não passa de um pobre filho de uma lavadeira…

Vocês certamente já explicaram a seus alunos a mudança de significado do adjetivo “pobre”, quando posposto e anteposto: posposto, ele significa “sem dinheiro”; anteposto, quer dizer “infeliz”.

Pois bem: isso, que a gramática normalmente explica com relação a alguns adjetivos (pobre, grande, e mais alguns), acontece, em alguma medida, com todos os adjetivos: antepostos, eles sublinham um valor, uma interpretação subjetiva de quem fala.

“Gabriel faz que vai mas não vai, abre as pernas, as douradas pernas,…”

É claro que esse adjetivo, anteposto, sugere o encantamento de quem está olhando — no caso, frei tanajura.

3.2 – facetas da adjetivação em Dia de São Nunca à tarde

agora, vejamos que valor o adjetivo joga, na novela de roberto drummond. lembremos que ele está na fala ou no pensamento de alguma personagem, expresso, mais comumente, na voz do narrador, ou indica o aliciamento que este procura fazer dos leitores. e nesses dois momentos o adjetivo toma as cores mais importantes na trama da novela. e os adje tivos são numerosíssimos! na mão de um professor (ou um editor) inexperiente, o corte deles seria inevitável!

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muitas vezes, o narrador usa ironicamente o adjetivo, sobretudo anteposto, mesmo que a ironia envolva também simpatia, como no caso citado de frei Vicente cometendo um delito. Às vezes, essa ironia vem com o uso de algum adjetivo incomum, ou inade quado ao substantivo, como se se divertisse um pouco com a emoção da personagem. assim, o narrador lembra os incríveis “fulvos cabelos” da louca nordestina, descendente de holandeses; em “corpo louro e hollywoodiano”; em “mágico conversível branco”; em “conversível encantado” da mãe dos gêmeos; em “chegada mágica”; em “nervosismo bom”; em “corte indeciso” do cabelo dos gêmeos — tudo sobre a chegada da família trazida no carro conversível, cinematográfico.

essa ironia é clara, quando o narrador repete inúmeras vezes o mesmo adjetivo para o mesmo substantivo, como se quisesse nos lembrar das características mais que conhecidas da personagem ou da coisa a que ele se refere. desse modo, frei Vicente (ou algum traço dele) é mencionado como: “nosso muito amado diretor”, “sua explosiva, napolitana paixão pelo futebol”, “santo e bom frei Vicente”. o “conversível branco” é citado inúmeras vezes. na cena do banho de gabriela, no capítulo 21, aparecem os adjetivos “louro (loura)” e “nu (nua)”, juntos ou separados: seis vezes, o primeiro, e cinco vezes, o segundo. os “temíveis” e antropófagos índios correm a narrativa toda.

daqui a pouco, vamos ver esse uso irônico, divertido e simpático, em um capítulo todo.

e vocês devem ter-se divertido com a descrição da mãe dos gêmeos: “a mãe de gabriel, que é linda e loura e perfumada e sexy e elegante como as estrelas de Hollywood, vem dirigindo o conversível branco”, numa sequência de cinco adjetivos, mais a comparação, que funciona como remate da descrição apaixonada, sem vírgulas, como se o entusiasmo quase atropelasse a frase…

esta profusão de adjetivos, de que demos apenas alguns exemplos, quase desaparece no capítulo final: nele, resolução e desfecho da narrativa, cabe ação rápida, e o adjetivo só vai aparecer nas últimas linhas, numa estrutura de oração adjetiva, que se repete, assim como se repetem, poeticamente, palavras do campo semântico de canção. o texto diz:

“Tom Zé começa a cantar e é uma canção de unir os homens, de dar fé e esperança aos homens, diante dos últimos acontecimentos — fé aos humilhados, aos ofendidos, que eles continuam a existir na face da terra; a canção diz:

Foi só um sonho que morreu Outros sonhos serão sonhados.

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Todos começam a cantar; convém que cantemos também, e apertemos as mãos uns dos outros; convém não pararmos de cantar, porque diante dos últimos acontecimentos do mundo, convém ter esperança, qualquer esperança serve: cantemos.”

Com a participação dos alunos, vejam outros exemplos do emprego do adjetivo nos capítulos do livro, exceto no capítulo 20, que será trabalhado adiante.

3.3 – um capítulo exemplar

gostaríamos de propor a vocês que trabalhem com seus alunos o capítulo 20, ana lisando sua construção, em termos de adjetivos, numa transmissão que o narrador faz de um treino especial de futebol do estrela solitária: o primeiro depois da volta do suposto gabriel (não sem as dúvidas de frei tanajura). Vejam com a turma os adjetivos-clichês usados na linguagem futebolística (“briosa e aguerrida equipe”, “balão de couro”), mas todos os outros (inclusive uma sequência deles e o valor de cada um), além da descrição das jogadas, fiel à dos locutores de jogos de futebol. Vejam, no treino, as reações dos dois frades: Vicente e tanajura.

antes de fazer com eles esse estudo, peçam que algum aluno acostumado com nar rações dos jogos treine a leitura do capítulo para toda a sala.

Esse exercício de leitura em voz alta, tão descurado na escola, especialmente no Ensino Médio, é importante em muitos momentos de nossa vida, e é uma das melhores formas de percebermos quanto o texto foi compreendido.

3.4 – Propostas sobre a produção de textos

um primeiro exercício que proporíamos é a apresentação de um texto produzido por alunos (de outra ou da própria turma, eliminando-se o nome de autor), com claros usos inadequados do adjetivo e da adjetivação.

Peçam aos alunos que analisem a produção, indiquem as inadequações e que sugiram as mudanças.

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esse mesmo exercício pode ser feito com textos de algum colunista de jornal.

Por fim, proponham uma produção de texto para toda a turma, em que eles tenham de opinar sobre uma situação muito agradável ou muito desagradável na escola, no bairro (um acidente de carro, por exemplo), num evento transmitido pela televisão ou de que participaram.

depois de corrigir as produções, comentem-nas com a turma, sempre realçando acertos e desacertos, com relação especialmente ao adjetivo.

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4.

SugeStÕeS De referÊnCIaS ComPLementareS

o diálogo com outras vozes

insistimos sempre na ideia de que a obra de arte é uma busca de diálogo — primeiro do criador consigo mesmo, procurando entender-se pela expressão; depois, do criador — do músico, do cantor, do escultor, do diretor do filme, do escritor — com o fruidor. nesse diálogo mais próximo, está subjacente uma outra conversa — a do artista com a História — seja a atual, seja a de momentos muito longínquos. dizemos sempre que somos devedores e herdeiros das vidas e do mundo anterior. de algum modo, somos o resultado dele. muitos afirmam, por isso mesmo, que a cultura é sempre intertextual: repetimos todos, inclusive os artistas, muito do que vivenciamos. eles, os artistas, fazem isso com refinamento, e expressam em suas obras inquietações, surpresas e momentos de encantamento com os feitos humanos. muitos abordam os mesmos fatos e feitos. nenhum está sozinho no seu tema, ainda que inove enormemente na sua interpretação ou na forma de abordá-lo. enfim, todo artista, independentemente de sua importância, traz em sua criação, conscientemente ou não, muitas outras vozes e acontecimentos que o inspiraram, assim como a outros artistas e a outros intelectuais, na forma ou no conteúdo.

apresentamos abaixo sugestões de experiências estéticas em várias áreas, que, em nossa opinião, dialogam de algum modo com a novela que acabaram de ler. indicamos uma série de obras — literárias, composições musicais ou filmes, relacionadas com o tema.

Considerem que todas essas atividades devem ser encaradas como escolhas, não apenas por uma questão de gosto pessoal, mas também porque nem sempre estarão disponíveis para a turma no momento do trabalho. alguma, de especial interesse dos alunos, ou que vocês considerem imprescindível, pode ser vista, ou ouvida, ou lida, para uma discussão com todo o grupo. as que forem vistas poderão ser apresentadas à turma pelo aluno ou pelo grupo que teve a experiência. Vale lembrar, ainda, que as obras têm complexidade variada, e talvez seja o caso de uma conversa com cada aluno para ajudá-lo nas suas opções, mas também como forma de vocês mesmos avaliarem os interesses da turma. as sugestões acabam valendo para um longo período da vida deles.

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lembremos, ainda: essas novas experiências poderão ser de pura fruição, sem maiores comentários, nem discussão em sala: já sabemos que a primeira leitura, intuitiva, de puro prazer, compõe parte significativa do repertório de cada um e deixa marcas importantes no seu imaginário.

naturalmente, com cada uma dessas obras o aluno terá condições de fazer uma com paração com a nossa novela, segundo o dado de aproximação com ela: várias questões da escola, do disfarce, e mesmo do futebol.

1. apresentamos sugestões de obras literárias brasileiras e estrangeiras, tan genciando, de alguma forma, questões abordadas pela novela.

a) O Ateneu, de raul Pompeia ateneu é o nome do colégio sobre o qual se conta a história, a partir da visão do protagonista, o estudante sérgio. essa obra clássica da literatura brasileira, que navega, surpreendentemente, entre o realismo/naturalismo e o impressionismo, pode ter sido lida, nos estudos literários da turma. no entanto, por questões de estilo e pela visão pessimista das instituições, sobretudo da escola brasileira, sugerimos sua leitura para os mais velhos e já bons leitores. o livro tem várias edições, por editoras diferentes.

B) Conto de escola, de machado de assis esse famoso conto, publicado inicialmente em Várias histórias, está hoje em diversas antologias e possivelmente alguns até já o conheçam. nele, machado mostra, sobretudo por meio de dois alunos amigos, uma escola intransigente e violenta, e sugere a aprendizagem precoce do suborno e da corrupção.

C) Nunca serei um super-herói, de antonio santa anna, editora dimensão e sse romance do escritor argentino a ntonio s anta a nna, traduzido para o português no Brasil pela e ditora d imensão, foi adquirido pelo me C em um de seus programas de leitura, e deve estar nas bibliotecas das esco las. trata-se de uma belíssima história, narrada pelo estudante a lfonso, envolvendo episódios da escola e da família. a o mesmo tempo divertido e ligeiramente amargo em determinadas passagens, é uma excelente leitura para seus alunos.

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d) A gandula que comeu a bola — Histórias e historinhas do futebol, de luís Pimentel, editora signo

o autor, que pesquisa em profundidade o futebol brasileiro, reúne nesta obra contos com personagens muito variadas, em idade, gênero e cultura, apresentando o lugar proeminente que ocupa esse esporte no imaginário do brasileiro — das estrelas a seus diferentes torcedores.

e) Conforme a experiência de leitura e as histórias pessoais, sobretudo as meninas gostam dos livros de John green. seu A culpa é das estrelas é dos mais lidos e virou filme, bem menos interessante que o livro.

na literatura brasileira, os livros da Coleção “fazendo o meu filme”, de Paula Pimenta, com foco também na escola, despertam um grande interesse entre adolescentes, e costumam continuar a ser lidos no ensino médio, ainda que tenham seu pico de leitoras nos anos finais do ensino fundamental.

façam uma pesquisa entre os alunos sobre as obras desses escritores: quem já leu, se os meninos também leram esses títulos. Peçam depoimentos de todos sobre seus gostos, com relação a livros. se for do interesse da turma, proponham que os que já leram apresentem para a turma a coleção ou um título, sempre privilegiando as questões ligadas a situações da escola.

2. o cinema tem oferecido ótimos filmes centrados em escolas e seus alunos, alguns em internatos. sugerimos vários deles, quase sempre com personagens da idade dos alunos do ensino médio:

a) Entre os muros da escola, de laurent Cantet, 2008

o filme é bastante premiado e tem como originalidade o fato de a grande maioria de seus intérpretes serem os verdadeiros alunos, assim como o professor, de uma escola da periferia de Paris, cheia de problemas. muito verdadeiro e humano.

B) Adeus, meninos, de louis malle, 1987

o filme, também muito premiado, traz a história de um colégio interno católico que, durante a segunda guerra mundial e a invasão da frança pelos alemães, esconde a origem judaica de um dos alunos. louis malle, como

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sempre, de forma contundente, mas muitas vezes lírica, discute as questões éticas e de consciência.

C) Pro dia nascer feliz, de João Jardim, 2005 usando o título da composição de Cazuza, o diretor brasileiro muito premiado João Jardim (o mesmo de Janela da alma), fez esse excelente e premiadíssi mo documentário, que ouve jovens entre 15 e 18 anos, de vários pontos do Brasil, sobre o que lhes oferece a escola brasileira, o que pensam da vida, seus sonhos e as poucas expectativas de progresso e trabalho.

d) Ao mestre, com carinho, de James Clavell, 1967 adaptação do livro, com o mesmo título, do inglês e r. Braithwaite, conta a história de um professor negro que vai lecionar numa escola de londres, inicialmente rejeitado pelos alunos que fazem o correspondente ao ensino médio. além de discutir as questões próprias da adolescência, quase entran do no mundo do trabalho, obviamente encara o problema do racismo, e de modo humano e correto.

e) Gênio indomável, de gus Van sant, 1997

História de um jovem brilhante, especialmente em matemática, que se mostra irascível e antissocial, porque é faxineiro na escola onde estuda, até se sentir tocado por um psicólogo que o ajuda a buscar uma forma adequada de estar no mundo.

f) Sociedade dos poetas mortos, de Peter Weil, 1989

um dos maiores sucessos, sobretudo entre jovens, este filme premiadíssimo conta a história de um professor de inglês que chega a uma escola para rapa zes, absolutamente tradicional e de alunos de alto padrão, e revoluciona a instituição com seus métodos inovadores e pouco protocolares, sob o olhar incomodado da direção e dos pais.

g) Por fim, citamos duas comédias americanas (a segunda, uma comédia musical) que tem um elemento comum com esta novela: o disfarce de gênero, mas por “motivos imperiosos”: na primeira, um pai divorciado e impedido pela ex-mulher de ver os filhos se disfarça de mulher e se passa

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Dia de São Nunca à Tarde

por governanta, para trabalhar na casa deles; na segunda, a cantora de ópera, já ligeiramente decadente, sem conseguir emprego, se disfarça de homem e vai cantar na noite parisiense.

• Uma babá quase perfeita, do diretor Chris Columbus, 1993

• Victor ou Victória, do diretor Blake edwards, 1982

3. Com relação a composições musicais que dialogam com essa novela, suge rimos algumas composições e autores. nenhuma tem a ver com o tema “escola”, mas são citadas nos livros (exceto Fantasia); são clássicos nos seus gêneros e correspondem à cultura musical da época e das “horas dançantes”, correspondentes à do “quebra-joelhos” do Colégio são francisco.

a) Parece-nos imprescindível analisar com eles a composição musical Fantasia, de Chico Buarque de Holanda, que nos remete ao final e ao tema da novela.

B) mesmo que não saibam francês, cabe oferecer aos alunos a oportunidade conhecer um dos clássicos da música francesa, não por acaso a composição preferida de gabriel: La mer, de um dos símbolos da cultura francesa, Charles trenet.

C) Vale também conhecer o bolero Ojos verdes, dos cubanos adolfo utrera e nilo menéndez, também tocado pelo san francisco serenaders em home nagem a gabriel, obviamente por seus olhos esverdeados. a composição foi traduzida e gravada no Brasil, em português, mas cabe também ouvi-la em espanhol, pois a letra é bem simples e seus termos são basicamente próximos do português. o grande cantor americano nat King Cole tem uma gravação antológica da composição, apesar do espanhol sofrível.

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a aVaLIação

Como prometido, voltamos a essa questão, um dos itens obrigatoriamente presentes em toda ação educativa.

e para falar dessa questão, vamos lembrar rapidamente as posições do grande filósofo da educação elliot eisner, que, ao apresentar os objetivos da aprendizagem, considera que a escola trabalha objetivos instrucionais (nos quais a pessoa aprende o que é — e isso ela faz em várias disciplinas e conteúdos, que todos os indivíduos são capazes de aprender); e objetivos expressivos (nos quais a pessoa aprende a analisar, avaliar e, eventualmente, transformar o que é — e ela faz isso em contato com outros tipos de conhecimento, por meio dos quais desenvolve gostos, opiniões, atitudes, crenças e ideais).

nos primeiros objetivos, interessa o resultado; nos segundos, o processo, que é dife rente e tem caminhos próprios para cada um. a literatura, como todas as artes, atende, sobretudo, a esse segundo campo de objetivos. e, obviamente, cada um desses campos tem formas diferentes de avaliar, porque querem pesar coisas diferentes.

Com relação à avaliação da área expressiva e de qualquer experiência envolvendo a arte, questiona-se muito a validade e a pertinência das formas convencionais de avaliação (resumo, provas, fichas, questionários com perguntas “objetivas”). as artes não são ciências exatas: nelas, predomina a subjetividade. Com relação a elas, raramente se tem uma resposta “incorreta”, porque, plurissignificativas por princípio, possibilitam muitas interpretações e reações, criam várias perguntas e várias respostas possíveis, ou até não querem respostas — apenas, a fruição de diferentes emoções, reflexões impensadas — tudo isso diferente para cada um, e até diverso em cada um, em momentos distintos de sua vida.

se concordamos com essa proposta, temos que pensar, nas aulas de língua Portuguesa, por exemplo, em que aprendizagem cabe uma ou outra avaliação. no caso deste manual, o que vale “medir”? Nele, em várias experiências, estamos explorando gostos, opiniões, preferências, crenças (e até determinados talentos), que não são impostos, nem cobrados. dentre as experiências propostas, quais as que podem, realmente, ter uma avaliação obje tiva, merecendo até uma nota? Quando cabe uma autoavaliação adequada?

estas são questões fundamentais que devem fazer parte do melhor planejamento da escola, no tratamento das aprendizagens instrucionais e expressivas, e que mereceriam uma boa discussão entre os professores de sua escola.

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antes de chegarmos à seção final deste manual, com indicações bibliográficas, gos taríamos de expressar nossa esperança de que tenha sido prazerosa para todos a leitura de Dia de São Nunca à Tarde, e que as experiências em torno da obra, assim como as outras, inspiradas nela, tenham valido o empenho de vocês, professores, e, entre os alunos, repre sentem a conquista de novos leitores, cada vez mais críticos e criativos.

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5.

BIBLIografIa ComentaDa

a bibliografia que lhes sugerimos abaixo é, certamente, muito mais extensa do que seria necessário para uma eventual consulta em termos do gênero narrativo e, especialmente, da novela, cujos estudos na teoria da literatura não são tão numerosos, dado que, como vimos, ela é referida quase sempre na sua relação com o romance. mas aproveitamos a oportuni dade para oferecer-lhes algumas leituras que, ao longo de sua atuação, podem ajudar-lhes nas reflexões às quais frequentemente vocês com certeza retomam, para rever posições, ou simplesmente reativar sua energia, na certeza de que estão no caminho certo. assim, há alguns livros sobre a arte em geral e seu significado na formação dos indivíduos e seus reflexos na sociedade; e outros sobre questões mais gerais de literatura, que precisamos ter em mente, quando trabalhamos com qualquer obra literária, em qualquer gênero.

Como verão, os títulos não só têm complexidades e enfoques diferentes, como nem sempre estarão à sua disposição na biblioteca da escola ou em outra da cidade. mas é fun damental tê-los em algum canto da memória, ou em suas anotações, para aproveitarem oportunidades que aparecem para sua aquisição: eles valem muito.

outros, bastante simples, podem até ser indicados a seus alunos, se quiserem apro fundar-se em algum ponto da discussão. mas mesmo esses são interessantes para eventuais revisões de vocês. o comentário de cada obra pode ajudá-los a direcionar as prioridades de cada um.

ALONSO, Dámaso. Poesia espanhola ensaio de métodos e limites estilísticos. rio de Janeiro: inl, 1960. esta obra traz uma reflexão extraordinária (que abrange mais do que a poesia e alcança a obra literária em qualquer gênero) sobre as relações entre o escritor e os vários tipos de leitores: do simples fruidor até o crítico. os três capítulos sobre os diferentes conhecimentos da obra são fundamentais, sobretudo para quem atua como professor/ mediador de leitura.

BRÁS, Luiz. Muitas peles são Paulo: terracota, 2011.

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Dia de São Nunca à Tarde

a obra, composta de vários ensaios, tratando de literatura, autores, editores e crítica, traz uma discussão interessante sobre gêneros literários considerados menores, central no capítulo “duas elites”.

CÂNDIDO, Antônio. “o direito à literatura”. in: Vários escritos. são Paulo: duas Cidades, 1995.

reunindo artigos e ensaios sobre vários autores brasileiros da maior importância, entre prosadores e poetas, o livro torna-se fundamental especialmente por sua reflexão sobre a transcendência do homem, que, em qualquer época e em qualquer idade tanto sonha, como imagina — o que é fundamental para seu desenvolvimento, feita no capítulo indicado.

A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura, v. 24, n. 9, 1972.

___________.

este artigo trata, essencialmente, da mesma questão referida na obra anterior: a literatu ra humaniza o homem, pelo que é essencial para a sua formação. seria importante conhecer um desses dois textos de antônio Cândido, por sua argumentação irrefutável sobre a importância da literatura e da leitura literária.

COHEN, Jean. Estrutura da linguagem poética. são Paulo: Cultrix/editora da universidade de são Paulo, 1974. obra francesa muito importante para os estudos da linguagem literária, está muito bem traduzida para o português. apesar de tratar mais diretamente do texto lírico, tem pelo menos dois capítulos que nos interessam, na análise desta novela: o terceiro, “a predicação”, e o sexto, “a ordem das palavras”, dadas as características de subjetividade do narrador desta novela.

COSSON, Rildo. Letramento Literário — teoria e prática. são Paulo: Contexto, 2006. nesta obra, o autor defende o letramento literário como o grande papel do professor, tornando os estudantes leitores capazes de entender-se, entender seu ambiente e nele atuar. apresenta uma parte prática, que começa exatamente como nós, na criação de motivos para se ler uma obra.

CUNHA, Maria Antonieta A. Mergulhando na leitura literária. Vol. 1. Belo Horizonte: see/mg, 2002.

embora em princípio seja destinada a professores do ensino fundamental, ao analisar textos literários, a obra tem uma introdução que trata de questões importantes sobre razões de ler e objetivos de diferentes leituras; e na educação, trata sobre estratégias de abordagem da arte e da literatura e a avaliação de experiências envolvendo a arte.

ECO, Umberto. “o texto, o prazer e o consumo”. in: Sobre os espelhos e outros ensaios. rio de Janeiro: nova fronteira, 1989.

trata-se de um livro que reúne ensaios e conferências feitas ao longo de pelo menos uma década, quando o autor foi refletindo e reformulando seus conceitos de literatura e outras artes, e representação, imagem e ilusão. Como sempre, vara muitas manifesta ções artísticas, entretenimento e a complexidade das comunicações contemporâneas.

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Dia de São Nunca à Tarde

o capítulo indicado é especialmente importante na discussão entre consumo, arte e prazer.

__________. A obra aberta são Paulo: Perspectiva, 2001. obra fundamental para o entendimento das características fundamentais da arte, especial mente sobre sua incompletude: ela, na verdade, só se “fecha”, se completa, com a participação do leitor, que vai preenchendo, segundo seu repertório de leitura e de vida, as lacunas da obra, deixadas pelo criador, propositadamente. obra essencial.

ESCARPIT, Robert. Sociologie de la littérature. Paris: Presses universitaires de france, 1974. se for possível, leiam a obra desse professor, reconhecido mundialmente por seus estudos sociológicos e históricos envolvendo a literatura. nesse livro, depois de uma intro dução, na qual defende uma abordagem diferente da literatura, baseada nas vias de acesso a ela possíveis para os leitores, ele foca questões primordiais em três grandes capítulos (produção, distribuição e consumo da arte literária), acabando por distinguir “consumidores” de “conhecedores” da literatura.

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas são Paulo: Ática, 2001. além de um pequeno histórico do gênero, a obra trata dos pontos mais importantes de cada ingrediente da constituição da narrativa, detendo-se mais no estudo dos discursos, além de trabalhar conceitos como tema, assunto e mensagem.

GUERRA, Ernesto da Cal. Língua e estilo de Eça de Queiroz. são Paulo: tempo Brasileiro/ editora da universidade de são Paulo.

esta obra tem um extenso capítulo (mais de 40 páginas) sobre o adjetivo e seus diferentes empregos e seu valor estilístico, criando uma “teoria literária do adjetivo”, que pode aplicar-se perfeitamente a autores que tiram especial proveito dessa classe de palavras, ou da expressão adjetiva.

GULLAR, Ferreira. Poesia e realidade. in: Uma luz do chão. rio de Janeiro: avenir, 1978. especialmente esse capítulo fala do escritor (embora fale como poeta), de como só ele é capaz de definir seu texto, independentemente das regras da moda ou das teorias lite rárias. sobretudo, fala da importância do leitor para dar vida ao que o artista escreve.

LEITE, Lígia Chiappini. Reinvenção da catedral são Paulo: Cortez, 2005. documentário, depoimento, reflexão: tudo está presente nessa obra não tão fácil, mas substancial, sobre a longa trajetória da universidade (sagrada como uma catedral), da pesquisa acadêmica para os pares, até aproximar-se da pesquisa necessária para a escola pública. se não puderem ler todo o livro, leiam pelo menos o capítulo “literatura: Como? Por quê? Para quê?”

O foco narrativo são Paulo: Ática, 1988.

________________.

Como sempre faz, a pesquisadora parte de evolução da questão, desde aristóteles, até chegar às indagações de roland Barthes, sempre apontando para a importância fundadora da perspectiva do narrador em qualquer obra ficcional.

MOISÉS, Massaud. A criação literária. Prosa i são Paulo: Cultrix, 2000.

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todo o estudo do gênero narrativo é muito interessante, e, mesmo considerando a novela como um gênero menor e com algumas discutíveis classificações de romances como novelas, tem importantes observações sobre a teoria do gênero.

PENNAC, Daniel. Como um romance. rio de Janeiro: rocco, 1993. esta obra tornou-se um clássico nas questões de promoção da leitura não só na frança. embora seja interessante ser lida o mais cedo possível, por professores que lidam com a leitura literária, não é dirigida especificamente a professores dos primeiros anos de ensino. o autor aborda, sobretudo, a leitura de jovens, a quem são oferecidas (ou melhor: impostas) obras que falam pouco à sua vida, a seus gostos, à sua experiência de leitura (ou de escuta da literatura). importante para todos os educadores dispostos a rever suas práticas de sala de aula, especialmente no tocante à exploração da literatura.

PORCHER, Louis. Educação artística: luxo ou necessidade? são Paulo: summus, 1982. traz uma reflexão extremamente lúcida sobre a importância das artes, em todas as suas for mas, sempre, mas especialmente num tempo do império do mercado, do consumismo e da ligeireza, como o nosso. tem um capítulo excepcional sobre o teatro e a poesia.

SEPPIA, Ofelia et alii Entre libros y lectores I el texto literario. Buenos aires: lugar editorial, 2003. se tiverem acesso a essa obra, não percam a oportunidade de lê-la na íntegra. Criada por um grupo de especialistas argentinos, detém-se nas várias questões que dificultam com frequência que estudantes se aproximem da leitura literária. tem uma excelente conceituação da arte literária e dos gêneros literários e suas características. o capítulo sobre o gênero narrativo é bastante elucidativo.

SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura em curso. Campinas, sP: autores associados, 2003. Professor e pesquisador de peso, o autor há décadas tem refletido não só sobre as questões ligadas à própria situação de professores e bibliotecários (frequentemente sem um gosto pronunciado pela leitura e uma leitura literária sistemática), mas às estratégias de leitura. essa obra, pertencendo a uma “trilogia Pedagógica”, constrói-se quase como um depoimento e uma aguda reflexão sobre suas próprias experiências como educador voltado para a formação do leitor. acaba por se dizer um composto com plexo do que leu e ouviu.

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Dia de São Nunca à Tarde roberto drummond

isBn: 978-65-88438-06-0

Temas: Projetos de vida, inquietações da juventude, Protagonismo juvenil e o poder transformador da arte

Gênero: novela ensino médio Paratexto de apoio ao aluno e material digital: maria antonieta antunes Cunha

EMEDIATO EDITORES LTDA rua João Pereira, 81 são Paulo – sP – 05074-070

1ª edição 2021

Dia de São Nunca à Tarde 43 material digital do P rofessor

Sumário
iSBN (13) 978-65-88438-06-0
material digital do Professor Por Maria Antonieta Antunes Cunha

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