O portão do não retorno | Release

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O PORTÃO DO NÃO RETORNO Crime e mistério numa África devastada A volta de A. J. Barros, 13 anos depois do best seller “O Enigma de Compostela”

SINOPSE:

O Portão do não Retorno é o terceiro romance do brasileiro A. J. Barros, autor de O Conceito Zero e O Enigma de Compostela. No novo livro, um thriller, ele narra uma eletrizante história de ação internacional envolvendo espionagem e terrorismo, tendo como pano de fundo a trágica história dos povos africanos. Um misterioso telefonema leva Maurício, o personagem, até a sede da Irmandade dos Homens Pretos, no largo do Paissandu, centro de São Paulo, mas não chega a tempo de salvar Geraldo, seu amigo de infância, que acabara de sofrer um atentado. Em seus últimos suspiros, Geraldo lhe passa uma missão enigmática. Na busca dos assassinos, Maurício acaba se envolvendo numa intriga internacional de mistério, ação, suspense e perigo, que segura o leitor desde a primeira página até um final surpreendente. Um livro inusitado que consolida A. J. Barros como o maior escritor brasileiro do gênero.

OPNIÃO DO EDITOR

LUIZ FERNANDO EMEDIATO

O norte-americano Dan Brown costuma fazer uma pesquisa histórica leve e às vezes estapafúrdia para dar um toque de intelectualidade às suas tramas mirabolantes, que o transformaram em bestseller planetário. A. J. Barros, um brasileiro, vai além: passa 10 anos pesquisando o fundo histórico de suas tramas de mistério e um dos resultados é este inusitado romance que entretém e maravilha o leitor com histórias e História. Um caso para ser estudado, sem dúvida. Poucos autores, no mundo, conseguiram tais resultados.

NELSON DE OLIVEIRA

Após protagonizar os romances O Conceito Zero, sobre uma intriga internacional para proclamar a independência da Amazônia, e O enigma de Compostela, sobre uma seita misteriosa que estava assassinando padres, freiras e peregrinos ao longo do Caminho de Santiago, Maurício da Costa e Silva – o astuto protagonista de A.J. Barros – se vê envolvido numa trama que o fará percorrer a África e viver momentos de ação e suspense que prenderão a atenção do leitor desde a primeira página. A espiral de mistérios começa em São Paulo, com o assassinato de um amigo de infância, na Irmandade dos Homens Pretos. Em seus últimos suspiros, Geraldo passa uma missão enigmática para Maurício, que segue para os Estados Unidos à procura do professor Blackburns, da Universidade de Chicago, criador de um movimento radical cujo lema é “A Paz é Branca, mas o Movimento é Negro”. Mas o professor Blackburns também é assassinado e Maurício, há pouco tempo em Chicago, descobre que os assassinos de Geraldo seguiram para a África.

OPNIÃO DO ESCRITOR

Acomodado no luxo que acumulou com a escravidão, o mundo branco se viu de repente sendo cobrado pelos milhões de vítimas da escravidão atlântica, pela destruição de sociedades e reinos evoluídos e pelo roubo de riquezas que deram origem ao desenvolvimento econômico do mundo atual. Este é sem dúvida um romance empolgante, que flui com rapidez, enquanto atropela o leitor com os perigos inesperados que Maurício tem de superar. Sem dar qualquer spoiler, garanto aos leitores que, dezenas de páginas depois, o desfecho de O Portão do Não Retorno fecha de maneira triunfante o círculo de mistérios. A História branca apagou da memória humana os quatro séculos de crimes cometidos contra esse continente. E agora A.J. Barros traz revelações surpreendentes sobre a imponente cultura da África, cuja História antecede a de gregos e romanos. Acompanhar a jornada de Maurício e dos demais protagonistas será recompensador em dois níveis entrelaçados. A tradição clássica ensinava que uma boa obra literária deveria educar e deleitar simultaneamente. Este novo romance de A.J Barros faz exatamente isso: por meio de um thriller de ação internacional envolvendo espionagem e terrorismo, a narrativa nos diverte e nos educa a respeito da trágica história dos povos africanos.

Maurício estava no momento e nos lugares em que ocorreram os dois crimes. Coincidência ou não, esse fato leva organizações criminosas, a CIA e a espionagem internacional a tentar encontrá-lo, para que revele o segredo de Geraldo. Que misteriosa mensagem Maurício está ocultando? Em busca da solução, o protagonista também viaja para a África, no encalço dos assassinos, e é envolvido numa perigosa trama da qual só conseguirá escapar se finalmente desvendar o enigma de Geraldo. Seguido e perseguido, embrenha-se pelas selvas, desertos e savanas, e vai aos poucos descobrindo pontos que se ligam. Nessa jornada, o leitor também vai conhecendo as inúmeras atrocidades que o imperialismo branco cometeu no continente de origem da espécie humana. Aliás, preciso dizer que o romance apresenta um equilíbrio perfeito entre ação e reflexão histórica, com vários lances impactantes. E ultrajantes. É, sem dúvida, uma criação literária, uma obra de ficção, porém baseada em fatos reais e históricos. O autor chegou até Timbuktu, a cidade mais importante da Idade Média, no sul do Saara, visitou as ruínas do palácio da Rainha de Sabá, na Etiópia, passou pelos fortes do Golfo da Guiné, também chamado de Costa dos Escravos, onde ouviu sobre os horrores que os brancos praticavam contra os cativos. Participou do Festival do Vudu, em Uidá, e visitou lugares aonde o turismo ainda nem deu as caras.

Apresentação e entrevista com o autor A. J. Barros E MAIS!

A. J. Barros resgata a história da África em romance de intrigas, mistérios e verdades.

O escritor brasileiro documenta em O Portão do Não Retorno, lançado pela Geração Editorial, como o continente africano foi saqueado durante 400 anos pelo chamado mundo moderno

“A humanidade apagou a história da África”, afirma o romancista brasileiro A. J. Barros, que acaba de lançar seu terceiro romance, O Portão do Não Retorno, publicado pela Geração Editorial (368 páginas, R$ 86,00). “Foi a África que fez toda a riqueza do mundo moderno”, diz Barros, autor de O Conceito Zero (2006) e O Enigma de Compostela (2009), também editados pela Geração. “Todo poder e riqueza atuais têm um gene da escravidão”, completa. Como nos dois livros anteriores, o novo é uma narrativa policial cheia de suspense, mistérios e ação, resultado de rigorosas pesquisas e longas viagens, o autor resgata a história da África. “O norte-americano Dan Brown costuma fazer uma pesquisa histórica leve e às vezes estapafúrdia para dar um toque de intelectualidade às suas tramas mirabolantes, que o transformaram em best-seller planetário”, escreve o editor Luiz Fernando Emediato sobre o livro. A. J. Barros “vai além”, observa Emediato: “passa dez anos pesquisando o fundo histórico de suas tramas de mistério e um dos resultados é este inusitado romance que entretém e maravilha o leitor com histórias e História”. E arremata: “Poucos autores, no mundo, conseguiram tais resultados”.

Na orelha do romance, o escritor Nelson de Oliveira lembra que, “acomodado no luxo que acumulou com a escravidão, o mundo branco se viu de repente sendo cobrado pelos milhões de vítimas da escravidão atlântica, pela destruição de sociedades e reinos evoluídos e pelo roubo de riquezas que deram origem ao desenvolvimento econômico do mundo atual”. Ele continua: “Este é sem dúvida um romance empolgante, que flui com rapidez, enquanto atropela o leitor com os perigos inesperados que Maurício [personagem do livro] tem de superar”. Segundo Nelson de Oliveira, “por meio de um thriller de ação internacional envolvendo espionagem e terrorismo, a narrativa nos diverte e nos educa a respeito da trágica história dos povos africanos”. O leitor vai percorrer uma África sofrida, exótica e misteriosa em cenas cinematográficas de tensão, medo e perigo, na paisagem de países vítimas de sequestro e escravidão, apropriação de bens artísticos e saber científico e intelectual. O romancista detalha: “Durante mil anos mergulhada na escuridão das trevas, a Europa cristã se transformara num animal cruel e selvagem, que viu na predação a maneira mais fácil de romper a miséria da qual tentava sair”. Ele se emociona, toma fôlego e continua: “Foram quatrocentos anos de raptos, destruição de reinos, de sociedades organizadas, de culturas avançadas. Todas as nações europeias se concentraram no único objetivo do rapto humano, numa união de forças nunca vista, contra a qual a África não tinha defesa”.

O ponto de partida do romance é o assassinato de um amigo de Maurício, na sede da Irmandade dos Homens Pretos, no largo do Paissandu, centro de São Paulo. Maurício quase chega a temo de salvar seu amigo, que em seus últimos suspiros, Geraldo lhe passa uma missão enigmática.. Na busca dos assassinos, Maurício acaba se envolvendo numa intriga internacional de mistério, ação, suspense e perigo. Um thriller inusitado e surpreendente que consolida A. J. Barros como o maior escritor brasileiro do gênero.

O portão do não retorno, no Castelo da Costa do Cabo, Gana, África.

Na entrevista a seguir, A. J. Barros detalha o que o levou a escrever O Portão do Não Retorno e como desenvolveu o seu processo de criação.

P – Seu livro é de causar um impacto histórico e literário. Com um thriller cheio de mistério e ação, que segura o leitor desde a primeira página até um final surpreendente, o livro mostra como os europeus destruíram a África e enriqueceram-se com a escravidão. Como surgiu essa ideia?

R – Depois que terminei O Conceito Zero, que é uma intriga internacional para a independência da Amazônia, e O Enigma de Compostela, outra trama cheia de mistérios e crimes no Caminho de Compostela, pensei em escrever sobre Antonio Conselheiro, o herói de Canudos, que é, na minha opinião, a figura mais mística do continente americano. Não se pode falar da Revolução de Canudos sem ler Os Sertões, do Euclides da Cunha. Queria aproveitar a história de Canudos para falar sobre a escravidão, mas senti uma grande frustração ao notar que Euclides da Cunha silenciou sobre os ex-escravos e libertos que acompanhavam o Conselheiro, logo na Bahia, que recebeu mais de um milhão de escravos. Comecei então a me aprofundar nos estudos da África e fui aos poucos construindo a trama de O Portão do Não Retorno.

P – O leitor viaja de um crime trágico no centro de São Paulo e vai parar em savanas africanas, rituais de vodu, universidade americana, castelos, Londres e palácios. Esse crime é ainda uma consequência da escravidão, cuja história está mal contada até hoje?

R – Quando se estuda a escravidão, a pergunta que fica sem resposta é: como um genocídio que sacrificou mais de cem milhões de seres humanos, com requintes de crueldade, pode ter caído no esquecimento? Ao descer a costa da África em busca de um caminho para a Ásia, o europeu imaginava encontrar tribos selvagens e desorganizadas. Quando depararam com um litoral cheio de reinos desenvolvidos e ricos, não acreditaram que tinham descoberto um tesouro inesgotável, fartura, e tudo à sua disposição. Durante mil anos mergulhada na escuridão das trevas, a Europa cristã se transformara num animal cruel e selvagem, que viu na predação a maneira mais fácil de romper a miséria da qual tentava sair. Foram quatrocentos anos de raptos, destruição de reinos, de sociedades organizadas, de culturas avançadas. Todas as nações europeias se concentraram no único objetivo do rapto humano, numa união de forças nunca vista, contra a qual a África não tinha defesa.

P – Toda a parte histórica do livro é verdadeira ou tem imaginação?

R – Como disse Walter Rodney, no livro Como a Europa subdesenvolveu a África: “O mais sério golpe sofrido por um povo colonizado é ter sido removido da História e da comunidade internacional”. É inegável que a humanidade apagou a história da África. Todos os documentos existentes nos reinos africanos foram queimados ou roubados. A África ficou sem passado. Até mesmo para buscar citações que ajudassem na veracidade dos fatos ficou difícil. Mas os fatos citados são verdadeiros e por isso coloquei textos reveladores como epígrafe.

P – O livro traz um romance eletrizante e cenas que parecem saídas de um livro de história (mesmo que ainda não publicado). Os episódios, os fatos, as múltiplas histórias do livro, com detalhes da paisagem de vários países da África, do relevo, da geografia, da fauna e flora, das cidades e da população parecem cenas de filmes. Como foi o seu método de produção desse romance?

R – Para escrever o livro, foi preciso mergulhar em séculos de história. Mas não me limitei a livros e pesquisas. Senti que precisava entrar no coração da África e descobrir o que a história branca esconde. Essa minha busca foi muito gratificante. Nunca imaginei encontrar um povo como os Dogons, na serra de Bandiagara, no Mali, e sua impressionante dança guerreira. Descobrir a cidade bíblica de Ofir, no Zimbabwe; chegar às igrejas monolíticas de Lalibela, nas montanhas da Etiópia, e redescobrir a misteriosa e lendária cidade Timbuktu, a mais importante cidade da idade Média, de uma preciosidade inimaginável, mais culta que Paris e Londres da época; assistir ao Festival do Vodu, em Uidá, no Benim, e muitos outros lugares. Foram mais de dez anos de pesquisas, entrevistas, leituras e viagens ligando distâncias e povos, e fui amadurecendo a ideia de uma trama que mostrasse os horrores da servidão atlântica. Durante essas pesquisas, fui anotando, fotografando e procurando reter na memória todas as emoções, alegrias e surpresas pelas quais passava.

P – De onde saiu o título?

R – Só mesmo quem percorre a Costa dos Escravos e entra nas fortalezas que serviam de armazém (sim, esse é o termo correto) para os cativos, pode compreender o horror que foi a escravidão. Aqueles que sobreviviam eram levados por um corredor até um portão de pedra que atravessavam para nunca mais voltar. Daí saiu o título: “O Portão do Não Retorno”.

P – Por que você sempre escreve sobre temas esquecidos ou ignorados por grande parte da sociedade?

R– O mundo das ideias precisa ser alimentado. O irrealismo não tem limites, mas nós vivemos a realidade e acredito que a narrativa imaginária pode ser usada para recuperar o mundo real. Eu quis criar em O Portão do Não Retorno uma trama rica e complexa, que envolve muita ação, perigos, mistérios que vão revelando uma África monumental e pouco conhecida. Espero ter conseguido.

P – O Dr. Maurício, seu personagem desde o primeiro livro, tem um pouco de grandes investigadores da literatura mundial e do cinema. Como foi desenvolver esse protagonista?

R – Acredito que o hábito de leituras policiais, desde a minha juventude, somado às viagens pelo Brasil e pelo mundo, tenham moldado esse personagem. Era entusiasmado por Edgar Wallace, Maurice Leblanc, Conan Doyle, Agatha Christie, George Simenon e outros. O estudo de literatura, as viagens e os contatos humanos começaram a despertar um certo interesse em escrever e surgiu então a ideia de transmitir essas experiências de uma maneira proveitosa e que também servisse de entretenimento. E assim surgiu o Dr. Maurício, um personagem sóbrio, culto, perspicaz, habilidoso.

P – Até a edição do seu primeiro livro, O Conceito Zero, não havia na literatura brasileira um personagem com o perfil do Dr. Maurício. Pode explicar como você o criou? Seria ele o seu alter ego?

R – Não há dúvida de que o personagem sempre reflete um pouco do seu criador. Acredito que as leituras, a experiência de vida e a imaginação se uniram para criar esse personagem, um homem destemido, que compreende os perigos que vai enfrentar, mas não foge do desafio. Com uma lógica dedutiva impecável, ele vai juntando os fatos e assim chega ao mistério final.

P – Cada abertura de capítulo tem citações, epígrafes de grandes estudiosos da África. Como foi esse processo de escolha?

R – As citações têm a finalidade de mostrar que o europeu destruiu um continente mais rico, mais culto e mais civilizado que ele. Como diz Granville: “Os verdadeiros autores da filosofia grega não foram os gregos, mas as pessoas do Norte de África, comumente chamadas de egípcios”. Esses testemunhos são importantes, como o de Leo Frobenius, quando afirma que: “As revelações dos navegadores dos séculos XV ao XVII dão provas incontestáveis de que a África negra, que se estendia desde o sul do deserto do Saara, ainda estava em plena flor, cheia de civilizações harmoniosas e bem ordenadas. E essa floração fina os conquistadores europeus aniquilaram até onde penetraram no continente. Como a América precisava de escravos, eles foram levados da África: centenas, milhares, cargas inteiras de escravidão. No entanto, o tráfico de negros carecia de uma justificativa, e assim o negro foi feito meio animal, para ser vendido como mercadoria”.

P – Mas o que é mais fascinante é você tratar de um tema tão amplo e complexo, como a escravidão, e ainda colocar a África no centro de uma intriga fantástica entre os Estados Unidos e a China. Embora o tema central seja a escravidão, há uma riqueza de informações sobre o momento atual, que são transmitidas de maneira inteligente e agradável de se ler. Pode-se dizer que o livro é mesmo uma obra de engenharia mental. Como é que conseguiu isso?

R – Todo poder e riqueza atuais têm um gene da escravidão. O processamento das matériasprimas produzidas pelos escravos levou à industrialização, e o acúmulo de riquezas deu o capital. As nações se enriqueceram e com navios mais reforçados e armamentos mais poderosos, suas ambições aumentaram. O Império Britânico destruiu o Império Chinês e surgiram as duas Grandes Guerras Mundiais, que destruíram a Europa e transformaram os Estados Unidos no supermercado do mundo. Para as Américas, tinham ido todos os escravos e de lá saíra toda a produção que dera origem à Revolução Industrial e ao capitalismo. A China ressuscitou e quer o seu lugar de volta. Foi a África que fez toda a riqueza do mundo moderno, que, na verdade, pertence a ela. O leitor vai compreender essa lógica histórica ao terminar o livro.

P – Além dessa questão de que de que foi a escravidão que fez a Revolução Industrial e criou o capitalismo, você contesta que a abolição tenha sido um gesto de grandeza da Inglaterra. Qual o fundamento dessa teoria?

R - É verdade. Eu digo isso. Existe um mito de que a abolição foi um gesto humanitário da Inglaterra, mas na verdade havia um grande interesse econômico atrás dessa proibição do tráfico atlântico. Aliás, fala-se hoje mais em abolição do que na escravidão, como se quatrocentos anos de escravidão pudessem ser apagados com essa lei de Aberdeen. Fato também desumano é que os escravagistas foram indenizados após a abolição e até hoje nenhum escravo recebeu indenização. E temos ainda de lembrar que a Europa não teve mérito no Renascimento, pois sua origem é na África. E esse é um dos lados mais tristes da escravidão, pois, enquanto o mundo se aproveitava desse renascimento cultural, a África, que lhe deu origem, não pôde dele se beneficiar.

P – Seu novo romance surge num momento em que tem sido bastante valorizada a literatura sobre negros, mas em geral ela não tem a elaboração histórica e romanesca como você fez. Como você conseguiu isso e quanto tempo levou para chegar ao texto final?

R – Muito interessante essa observação da literatura sobre os negros. Vou me atrever a algumas observações e talvez seja mal-entendido, pois é difícil até de explicar. O que eu procurei mostrar é um crime continuado de quatrocentos anos que enriqueceu todo o mundo branco. Acho que a literatura deve um esforço maior para mostrar com toda a frieza o que foram esses quatrocentos anos de crimes, torturas, raptos, roubos e destruições, com a finalidade única de enriquecimento. Surgem às vezes filmes contando o heroísmo ou o sofrimento de alguns. Outros fazem romances. Há pinturas, histórias da escravidão, como um noticiário estatístico, outros contam a História da África, mas um genocídio cruel de centenas de milhões de pessoas não é lembrado, como merece a intensidade do tráfico atlântico. Não podemos deixar que a arte sirva de lápide para esse genocídio. A senzala é vista hoje como um elemento cultural, que valoriza muitas fazendas, pelo seu valor histórico. Ali eram amontoados os negros raptados de suas terras, que nunca mais iriam ver suas famílias e os lugares onde nasceram. Esse lado das senzalas é esquecido. Outro exemplo é o pelourinho. Em muitas cidades, ele está na praça, alguns até como um monumento artístico. E o que significa ele hoje? Um ponto turístico, uma curiosidade, mas ele foi inúmeras vezes lavado com sangue, e a morte o enxugou com seu manto preto.

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