O grande confinamento surge com a ruptura da oferta e o colapso da procura
as estimativas continuam a ser revistas em baixa. Estamos perante o Grande Confinamento que, segundo o FMI, implicará uma queda do PIB mundial de 3% em 2020, sendo Portugal uma das economias mais fustigadas. Apesar desta crise ser única, pode ser interessante viajar a um lugar incómodo, a 2008, e analisar até que ponto a situação é distinta. O que refere Carmen M. Reinhart é que desta vez sim é diferente, começando pela natureza da crise. Enquanto em 2008, a GFC (Global Financial Crisis) começou como uma crise do sistema financeiro que colocou em causa o sistema capitalista global, hoje estamos perante uma crise sanitária. Nesse sentido, o Grande Confinamento não surge como um
desastre financeiro estatal, bancário, empresarial ou individual ocasionado pela excessiva acumulação de dívida (uma das razões das crises que vem nos livros), mas sim por uma rutura da oferta e o colapso da procura. Embora pouco importe a foto de final de 2019, o retrato prévio ao início da crise determina a vulnerabilidade ao golpe e a capacidade de recuperação. Álvaro Cabeza, responsável de Vendas da UBS, assinala que “a profundidade de qualquer recessão depende do aumento da alavancagem prévia”. Neste sentido, em 2008 as famílias estavam muito endividadas e os bancos muito pouco capitalizados, enquanto que hoje as famílias e os bancos estão numa situação muito mais saneada. No
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