FOCA#04 2020

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A pandemia da Covid-19 obrigou cerca de 32 milhões de estudantes a terem aulas remotas e as famílias sentirem como é uma educação domiciliar.

N E S TA E D I Ç ÃO

EDUCAÇÃO EM CASA VS. EDUCAÇÃO DOMICILIAR

EM CASO DE SAUDADE, USE MÁSCARA PÁGINA 4 JUNTAS SOMOS MAIS FORTES PÁGINAS 6 SKINCARE E OS PASSOS PARA A PELE PERFEITA PÁGINA 10 A PAUSA DO RUGBY E SUAS CONSEQUÊNCIAS PÁGINA 16 I DE INFLUENCER E INCLUSÃO PÁGINA 24 EXPERIMENTO DE APRISIONAMENTO DE STANFORD PÁGINA 34


ÍN DICE

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EM CASO DE SAUDADE, USE MÁSCARA CRÔNICA

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JUNTAS SOMOS MAIS FORTES MULHERES E SOCIEDADE

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EDUCAÇÃO EM CASA VS. EDUCAÇÃO DOMICILIAR EDUCAÇÃO

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SKINCARE E OS PASSOS PARA A PELE PERFEITA BELEZA E CUIDADO PESSOAL

OS CUIDADOS QUE O ALBINISMO EXIGE SAÚDE

AUTOMAÇÃO CORRIDA ELEITORAL NO ESCURO! POLÍTICA

HÁ FUTURO PARA AS PISTAS? FESTAS E EVENTOS

DESAFIO DE GERAÇÕES TECNOLOGIA

AMOR POR DUAS RODAS ESPORTE E LAZER

A PAUSA DO RUGBY E SUAS CONSEQUÊNCIAS ESPORTE

TUDO JUNTO, MAS SEPARADO! NÚMERO DE “GAMERS” DISPARA NO ISOLAMENTO JOGOS E TECNOLOGIA

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TIKTOK ALEGRIA DURANTE A PANDEMIA REDES SOCIAIS

EXPERIMENTO DE APRISIONAMENTO DE STANFORD SOCIEDADE

I DE INFLUENCER E INCLUSÃO SUPERAÇÃO

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MARÇO DE 2020: INÍCIO DE UMA SAUDADE CRÓNICA

READAPTAÇÃO MUSICAL EM MEIO A PANDEMIA ARTES E ESPETÁCULO

COLABO RADORES 1 - Andresa Ferreira 2 - Bernardo Costa e Silva 3 -Filipe Alves 4 - Gabriel Duarte 5 - João Lucas Batista 6 - João Pedro Ferreira 7 - Júlia Dias 8 - Laura Stetner 9 - Lavinia Faria 10 - Leonardo do Carmo 11 - Madu Laurindo 12 -Milena Bento 13 - Pedro Bavuso 14 - Rafaela de Oliveira Silva 15 - Rodrigo Almeida 16 - Sonia Niara 17 - Vitor Hugo Freire 18 - Prof. Lucaz Mathias 19 - Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi 20 - Prof. Marcelo Rodrigues

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EXPEDIENTE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2020 REITOR Prof. Dr. Milton Beltrame Junior DIRETOR DA FCSAC Prof. Msc. Celso Meneguetti COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE Prof. Esp. Marcelo Machado (Mtb 67.944 / SP) PROJETO GRÁFICO Prof. Esp. Lucaz Mathias e Alunos do 6º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Profa. Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: fredy.cunha@univap.br.

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EDITORIAL

PARADOXO POR PROF. MARCELO MACHADO

Ninguém faz nada sozinho. Mas é sozinho, diante da tela, que cada foca precisou se concentrar e escrever as matérias que estão aqui, nessas páginas. A construção coletiva de 4 bimestres num laboratório de jornalismo, a troca com fontes e convidados, dois professores diferentes no conteúdo, um outro professor na diagramação, duas professoras no conselho editorial e 16 jovens cabeças fervilhando de ideias. E, no fim das contas, o paradoxo: a hora de escrever é individual. E talvez a beleza do jornalismo esteja aí. Você vai ver e ouvir de tantas frentes,

suas leituras e referências são sempre boas guias, os amigos da turma podem e devem te aconselhar, os professores vão segurar a sua mão... Mas a outra, a mão que assina, a que diz para todo mundo “olha meu texto, aí”, é a sua. Boa Focas, vocês assinaram mais uma grande revista. Foi um ano e tanto. Me orgulho que a gente esteja assim, cada um fazendo a própria estrada e, ainda assim, juntos. É o pedacinho do outro, dentro de nós, que faz da gente um indivíduo.

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CRÔNICA

EM CASO DE

USE MÁ POR GABRIEL DUARTE

Viajar de avião durante a pandemia requer cuidados e escancara falhas de protocolos de segurança. Ainda assim, com bons motivos vale a pena Espaço que só e um mar de gente no maior aeroporto do Brasil, de Cumbica, em Guarulhos. Passageiros indo e retornando como sempre, mas são tantos buscando seus voos que até faz parecer que a pandemia causada pela Covid-19 não existe e é invenção da mídia. De acordo com dados da ANAC, a malha aérea no Brasil foi reduzida pela queda da demanda de voos ao longo de 2020, porém há crescimento se comparada aos últimos meses. Em setembro mais de 3 milhões de pessoas voaram pelo país, o que representa um aumento de 805 mil passageiros em relação ao registrado em agosto. Vim de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, num ônibus com dois terços da sua lotação e cheguei ao aeroporto de Guarulhos por volta das três da tarde pra pegar um voo para Porto Alegre, um dos destinos com maior queda na demanda de voos se-

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gundo a Fraport (administradora do aeroporto Salgado Filho), às 17h40. Depois de praticamente oito meses em quarentena - e sigo o isolamento a rigor, saindo de casa apenas quando necessário a saudade gritou. Não a de viajar, nem a de andar de avião, mas a saudade por amor. Os clichês que me perdoem, mas minha namorada faz muita falta no meu dia a dia, e digo isso porque namoramos à distância e eu não a via desde o ano passado. Alexia, o nome dela. Linda, gentil, determinada, forte. Só ela pra me fazer pegar um voo por agora. Tinha alguns receios, pensava quando poderia ser o melhor momento para viajar e por isso acabava adiando nosso encontro num pensamento otimista de que “logo isso (a pandemia) passa”, enquanto ela, insistente que é - há de ser dito - queria a minha vinda logo, já que não nos víamos há meses. Pra quem ama, há momentos em que esperar sentado cansa e a saudade se torna incômodo dos mais irritantes. Todo o cuidado com a pandemia é importante, mas, pleno de amores e após tanta enrolação, decidi ir.

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Voltando ao aeroporto, estava cheio, não lotado, mas bem cheio. Famílias com dois, três filhos, crianças e adolescentes, turistas de excursões clássicas da CVC, casais, idosos, gente que parecia viajar à trabalho e também quem viajava pra curtir momentos relaxantes nos resorts do nordeste, tinha de tudo. Diversas também eram as máscaras. Ali, em meio a tantas pessoas, passei a perceber que a máscara foi inserida de vez na vida em sociedade, e rotineira que passou a ser, é claro que rolaram variações pra que se adaptasse ao estilo de cada um. Mais que um acessório de segurança, ela se tornou um reduto da moda na pandemia para uma galera. Tinha quem usasse as renda, de pano, as hospitalares, transparentes, as coloridas com várias estampas e também havia os “nudistas” - apelidados por mim assim já que pareciam evitar seu uso a todo custo e não se apegam nem à moda nem à saúde. Ao passar nos detectores de metal, o primeiro sinal claro de que distanciamento era opcional. Linhas laterais delimitadas por faixas indicando para onde deví-


E SAUDADE,

ÁSCARA amos seguir e marcações no chão mostrando a distância segura que as pessoas deveriam tomar entre si. E é óbvio que serviram apenas para pisar em cima. A maioria estava amontoada na extensa fila ignorando as marcações e esperando para passar no equipamento de raio X. Passando por lá, fui até meu portão de embarque. Cheguei por volta das 16h40 e fiquei de pé esperando para embarcar. Até então poucas pessoas estavam aguardando pelo voo, mas aos poucos foram chegando mais e minha percepção de que o voo estaria vazio foi voando pra longe. Por volta das 17h, quando começavam a se formar as filas para embarque, uma funcionária da companhia aérea gritou “Precisamos de 20 passageiros que desejam despachar suas bagagens gratuitamente. O voo está com 100% da capacidade e poderá não ter espaço para todas as bagagens no compartimento de malas dentro do avião”. Voo lotado, nenhum distanciamento - previsível - mais uma vez.

Entrei no avião e já fui me acomodando no meu assento, 27A, quase no final, mas ao menos do lado da janela. Enquanto as pessoas entravam, os comissários iam alertando, “enquanto buscam seus assentos no corredor do avião, respeitem a distância de 1 metro para o outro passageiro”. Nesse momento ficaram ainda mais em

cheque alguns dos protocolos de segurança. Distanciamento no corredor da aeronave deve ser feito, mas nos assentos, não? - Já que os assentos eram divididos em duas colunas de três poltronas coladas umas nas outras. Sentadas nos assentos ao meu lado foram mais duas moças novas, por volta dos 26 anos. Uma delas tossiu algumas vezes antes do avião decolar, mas depois ficou bem. Apesar do meu desespero interno, acho que ela deve ter engolido algum fio ou poeira de dentro da máscara, o que também aconteceu comigo logo ao pousar na capital gaúcha e causou a mesma tosse chata. Voar de avião durante a pandemia foi uma novidade. Diferente, com uma certa apreensão no começo, mas deu certo. E com a Alexia foi tudo maravilhoso. É bom demais tirar um pouco dessa saudade e passar um tempo com ela, e sem distanciamento algum. Relacionamentos à distância são difíceis, mas se você sentir que vale a pena, arrisca. E se for pegar um voo por agora, tenha um bom motivo e não esquece da máscara.

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MULHERES E SOCIEDADE

juntas somos M o lema que se tornou import POR LAVÍNIA FARIA

Quase toda mulher que você conhece já passou por algum tipo de assédio. Seja em casa, no trabalho, em uma festa ou até mesmo dentro de um ônibus. Essa mulher pode ter sido sua amiga, tia, avó, você e ela também sou eu. Foi ao passar por situações como essas, que compreendi o quão importante é ter uma rede de mulheres próximas a mim. Isso foi muito significante, já que se não fosse por elas, talvez eu não entenderia a gravidade dessas coisas. Para a estudante Laura Stetner, 21, ter convivido com mulheres desde o seu nascimento foi muito importante para sua formação. “Ter sido criada por mulheres me deu um suporte, como uma força mesmo. Essa experiência passada de geração em geração é a

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única coisa que me mantém de pé é saber que eu tenho a honra e a força de todas as mulheres que passaram pela minha vida”, diz. Ao ser questionada se já sofreu algum tipo de assédio, ela indaga: “que mulher não, né?”. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo todo, 1 em cada 3 mulheres já sofreu algum tipo de violência, seja ela física ou sexual. Isso corresponde à 35% da população feminina, que sofre abusos diariamente em seus lares, ambiente de trabalho ou nas horas de lazer. E vez ou outra passamos por assédios, mas não nos damos conta da gravidade dessas atitudes abusivas. E dentro disso podemos contar com: assovios na rua, beijos forçados e até mesmo coisas mais graves, como

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o stealthing, que é a remoção forçada da camisinha no meio de uma relação sexual sem o consentimento da parceira (o), que aliás, é um crime. Com indignação na voz, Laura complementa: “É horrível o sentimento, tanto individual como o coletivo de saber que toda mulher já passou e vai passar por isso. Acho que já passou da hora disso ser visto como absurdo pela sociedade”. FREUD EXPLICA Em relação aos pequenos abusos que nós sofremos, ao abordar as teorias psicanalistas, a psicóloga Ana Izabelli Araki, 24, fala sobre Sigmund Freud, o pai da psicanálise. “Ele dizia que as mulheres nasciam com um ‘defeito’, que é a falta do falo, a imagem do órgão reprodutor masculino. Inconscientemente, os homens


Ele (Freud) dizia que as mulheres nasciam com um ‘defeito’, que é a falta do falo, a imagem do órgão reprodutor masculino. Ana Izabelli Araki, psicanalista

MAIS FORTES tante para a união feminina teriam esse poder, justamente por ter um órgão diferente no corpo. E as mulheres, por consequência, se sentiriam submissas”. É importante falar sobre o assunto, principalmente com um profissional da área, mesmo que não seja fácil. A Ana é especialista em imagem corporal e autoestima da mulher e ainda diz que para lidar com o abuso, não é necessário que a mulher avise o homem, mas sim, se impor diante da situação. “Eu costumo dizer para as minhas pacientes que é preciso se conectar, encontrar a própria essência, para então conseguir impor sua imagem a ponto de que esses abusos, seja uma cantada na rua ou qualquer coisa do tipo, não tenham o mesmo peso caso você esteja com uma baixa autoestima”. Ou seja, ter uma autoestima elevada não

resolve nossos problemas, mas nos ajuda a passar por eles com menos dificuldades. MULHERES, UNAM-SE Ter uma rede de apoio de mulheres numa sociedade tão machista é muito importante. “O ser humano necessita de apoio, de estar em grupo, e muitos deles são criados a partir de temas em comum, como a maternidade e a violência. As mulheres tendem a se acolher já que são situações muito difíceis”, diz Ana. Foi ao me abrir para minhas amigas que percebi que nesta caminhada eu não estou sozinha, pelo contrário, estamos todas juntas. E infelizmente, temos muitos pontos em comum em nossas histórias. Mas é com as nossas dores que diariamente vou fortalecendo e estreitando as nossas relações.

Parece ser triste, porém, é uma das coisas que mais ajudam a me erguer, e falar abertamente sobre isso. Porque sei que não sou a única. A Laura enfatizou várias vezes que ter sido criada por mulheres foi muito importante para formação dela. E o que mais marcou foi “para mim, penso que ser mulher é sagrado”. E de fato é. Porque como nós, não existe nada parecido. Este texto não é só para as mulheres que estão lendo, mas também para os homens que precisam rever seus comportamentos. Porque nós não queremos desculpas pelas suas atitudes. Nós queremos respeito. E se você tem um amigo, tio, avô que não respeita uma mulher e fica em silêncio, saiba que você também faz parte do problema. Não ser conivente é também respeitar.

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EDUCAÇÃO

A pandemia da Covid-19 obrigou cerca de 32 milhões de estudantes a terem aulas remotas e as famílias sentirem como é uma educação domiciliar. SIM, INICIAREMOS ESTE TEXTO com o assunto mais impactante de 2020: a pandemia da Covid-19, o famoso coronavírus. POR MADU LAURINDO

A ideia de vida normal foi questionada e transformada ao longo de toda a quarentena, pois até o modo de como consumimos foi modificado. Uma parte das pessoas que tinham preconceito com compras online, por exemplo, passaram a investir em diversos cursos, itens de casa e até assistiram eventos ao vivo e por meio da internet. Além dos costumes mais corriqueiros, uma das bases da estrutura de uma boa sociedade foi questionada e, de certo modo, forçada a ser modificada, estou falando da educação. Um dado divulga-

do pelo Senado brasileiro em agosto de 2020, diz que entre os quase 56 milhões de estudantes matriculados na educação básica e superior, cerca de 32 milhões passaram a ter aulas remotas. Esse fato fez com que a grande parte dos pais, que têm crianças ou adolescentes dentro de casa, tivessem uma breve experiência de como é o ensino domiciliar, conhecido também como “homeschooling”. A prática de ter um tutor particular ou os próprios pais ensinando a criança dentro de casa foi julgada, em

2018, pelo Tribunal Superior Federal (TSF) e decretado o homeschooling constitucional, mas ainda falta a apreciação pelo Congresso Nacional. Além disso, foi apontada como uma das metas prioritárias para os 100 dias de governo de Jair Bolsonaro, em 2019. Entretanto, de acordo com Associação Nacional de Educação Domiciliar, cerca de 17 mil famílias, que são adeptas a esse tipo de ensino, ainda encontram grandes dificuldades para aplicar o homeschooling. MAS O QUE É HOMESCHOOLING? As primeiras escolas brasileiras foram criadas quando os jesuítas vieram para o país e catequizaram os índios. Mas antes do conceito “educação institucionalizada” ser criada pelos europeus, por muitos anos foi utilizado o ensino domiciliar não apenas na Europa, mas


Sendo a favor ou contra a essa prática de educação, milhões de estudantes e famílias brasileiras estão passando por essa realidade de transformar a casa em um amostra de estudo e trabalho. O homeschooling está caminhando para a legalidade e apoio de leis, mas por enquanto, são poucas cidades e estados que possuem esse amparo às famílias.

VS. EDUCAÇÃO DOMICILIAR

PRÓS E CONTRAS É uma prática que não é 100% regulamentada, mas também não é ilegal. Esse fato fez com que opiniões de especialistas se dividissem

entre prós e contras. Esses são alguns temas que entram em discussão entre eles: personalização do ensino; convívio e socialização; aprendizado através da experiência; segurança; liberdade de ensino; avaliações e certificados. Passando entre os principais tópicos, é observado na argumentação de profissionais que o método tradicional das escolas coloca os indivíduos em uma mesma régua, sendo que são pessoas diferentes. Já a educação domiciliar, pode abrir brechas para apenas uma visão de mundo e defasagem na socialização, já que cada vez menos crianças brincam fisicamente umas com as outras. A PANDEMIA ACABOU, E AGORA? De acordo com a National Home Educators Research Institute (NHERI), em 2019 eram cerca de 2,5 milhões de estudantes adeptos ao homeschoolers nos Estados Unidos. Entretanto, a previsão é de que o pós pandemia gere 10% mais adesão das famílias.

EDUCAÇÃO EM CASA

na grande parte do globo. O termo homeschooling pode parecer novo, mas é sobre ter uma educação feita em casa. De acordo com um artigo divulgado pelo blog Elos, essa prática tem como objetivo um ensino além da escola, fazendo com que a criança ou adolescente tenha a sua particularidade respeitada e seguindo seus métodos e práticas. Ainda segundo Elos, as metodologias criadas para o aprendizado não se prendem a dentro de quatro paredes, mas sim aos ambientes externos como museus, praias, cidades, jardins, etc. Uma das mães adeptas a essa prática é a influenciadora digital Gabriella Ferreira, da cidade de São José dos Campos. A partir de sua atuação no mundo virtual, deu início ao compartilhamento das ideias e a pedagogia que escolheu para utilizar com o filho, que possui menos de 4 anos, para o auxiliar na fala. “Educação domiciliar não pode ser levada como um horário onde você senta pra ensinar. Isso fazem na escola. Educação domiciliar é quando você transforma a atmosfera da sua casa para o aprendizado da criança”, compartilhou a influenciadora.

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BELEZA E CUIDADO PESSOAL

Skincare E OS PASSOS CUIDAR DA PELE É UM HÁBITO QUE FAZ PARTE da rotina de muitas mulheres, agora, o processo de dedicar um tempo especial para cuidar da cútis ganhou várias etapas e um novo nome: Skincare! POR ANDRESA FERREIRA

O termo significa “cuidados com a pele”, traduzido literalmente do inglês, e inclui uma rotina, passos e produtos usados no cuidado diário com a cútis, tanto de manhã quanto à noite, para manter uma pele saudável. Exibir uma pele bonita atualmente diz muito mais sobre os tratamentos e cuidados que a derme recebe do que sobre camadas e mais camadas de maquiagem para

esconder as imperfeições. O foco que antes era das makes agora mudou para os cuidados faciais e o método vem fazendo a cabeça não só da mulherada, mas também de homens mundo afora. O influenciador digital Victor Gabriel Soares de Souza, compartilha sua rotina de cuidados com 18 mil seguidores no Instagram.

Seu perfil @peledevictor é totalmente dedicado ao skincare e às resenhas de produtos que ele usa no dia a dia. Victor conta que ficou surpreso com a quantidade de pessoas que consomem este tipo de conteúdo “Eu resolvi criar o “Pele de Victor” porque eu estava iniciando nesse mundo do skincare, estava gostando dos produtos e dos resultados que eles estavam me proporcionando. Então quis compartilhar para mais pessoas, afinal, muitas delas possuem pele acneica como a minha. Porém, eu não fazia ideia da imensidão do público que consome esse conteúdo.” O influenciador ainda destaca o quanto seu perfil cresceu só neste período de isolamento. “Desde que começou a pandemia eu ganhei mais de 10 mil seguidores”, encerrou Victor E não foi só ele quem notou esse interesse do público. Acompanhando a alta no mercado brasileiro, marcas como O Boticário e Quem Disse Berenice? lançaram durante a pandemia, linhas de produtos desenvolvidos especialmente para as etapas de cuidados com a derme. MENOS MAQUIAGEM, MAIS SKINCARE Para as mulheres, a maquiagem ficou menos frequente no dia a dia durante este período de pandemia, mas exibir uma pele bonita na tela dos celulares durante as reuniões online ainda é uma ques-

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S PARA A PELE PERFEITA MERCADO EM ASCENSÃO Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, só em 2019 o setor movimentou mais de 29 bilhões de dólares. Já a procura pelo termo “skincare” teve um aumento nas buscas do Google a partir de abril deste ano, atingindo seu pico de popularidade em julho, segundo dados do Google Trends. (final do box) Diferente das pessoas

que descobriram esse método agora, a maquiadora Rute Paulino da Silva é adepta da rotina de skincare há cerca de sete anos. Foi ao trabalhar com uma dermatologista que tudo começou e o skincare se fixou na rotina dela. “Antes, protetor solar para mim era só quando ia à praia. Mas depois de trabalhar com a dermatologista, ela começou me dar dicas e desde então, comecei a usar os produtos que cabiam no meu orçamento. Aos poucos fui investindo cada vez mais em itens diferentes”, destaca.

Ela completa que possui inúmeros produtos, incluindo anti-idade, creme para hidratação, vários protetores solares, tônico, óleos e argila. E ressalta que gostaria de investir em produtos coreanos, mas lamenta que o valor deles seja elevado. A marca coreana Cosrx, vende um gel de limpeza facial que é encontrado no Brasil por cerca de R$159,90, já o gel da marca norte-americana CeraVe, que segue os mesmos princípios, é encontrado aqui na média de R$39,90.

tão de cuidados pessoais. A maquiagem pode até ser um ponto de fuga para disfarçar aquelas imperfeições indesejadas, mas não ter que depender dela é libertador. “É muito bom sair sem maquiagem. Estar com a pele em dia me deixa mais segura para sair de cara limpa” desabafa Rute. Com tantas opções de cremes antienvelhecimento, séruns, protetor solar, hidratantes, máscaras, vitaminas, entre outros produtos disponíveis no mercado, os dermocosméticos conquistam o público por conta de seus componentes e ativos nas fórmulas, que prometem tratar desde espinhas a preencher rugas. Mesmo com as tecnologias

e ativos que parecem trazer a solução de problemas estéticos, ter uma rotina de skincare sem cuidar da alimentação pode não trazer os benefícios esperados. O relato de Rute prova que tudo isso é um processo “Quando eu só cuidava da pele e não me alimentava nem tomava água direito, parecia que minha pele dava uma estagnada. Depois que passei a comer alimentos mais saudáveis e tomar mais água minha pele ficou maravilhosa”. Além da alimentação, é importante utilizar produtos específicos para cada tipo de pele, pois assim, eles podem agir da forma correta e proporcionais resultados esperados.

4º O MAIOR MERCADO CONSUMIDOR DO MUNDO US$ 29,6 BILHÕES 4,2% CRESCIMENTO NOMINAL EX-FACTORY 3º EM LANAMENTOS DE PRODUTOS NO MERCADO GLOBAL (1º EUA, 2º CHINA) FORÇA NAS EXPORTAÇÕES 174 PAÍSES

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SAÚDE

OS CUIDADOS QUE O

e os desafios de uma mãe par PARA MUITAS PESSOAS O SOL PODE SER fonte de vitamina D e um agente contra doenças. Porém, nem todos podem se expor aos raios solares. Os albinos não possuem a proteína melanina, que produz pigmentação na pele quando expostos ao sol, desprotegendo a pele e trazendo riscos para a saúde. POR LEONARDO MORAES

Se proteger do sol em um país tropical e quente como o Brasil não é só questão de conforto, mas especialmente, questão de saúde. É no calor do dia a dia, que as pessoas devem tomar cuidado com a pele. Segundo uma pesquisa da Universidade de Itajubá (UNIFEI), o Brasil é um dos países com a maior incidência de radiação solar do mundo. Dessa maneira, os filtros solares são essenciais como proteção para o uso diário, não apenas para o cuidado com a pele, mas também, para a saúde de quem é albino. São esses os cuidados que a

Flavia dos Santos (37) de São José dos Campos, precisa ter com seus dois filhos albinos todas as vezes que vai sair de casa. Ela passa o protetor solar a cada duas horas, coloca óculos escuros para proteger os olhos claros e o boné contra a luz direta do sol nos filhos. Apesar dessa rotina que sempre precisa seguir, não acha trabalhoso por entender que faz parte da proteção deles, visto que nasceram albinos. “O meu filho já entende e ele mesmo já se cuida, faz parte da rotina dele quando saía para escola, antes da pandemia. A escola

também tinha esse cuidado especial, mas ele sabe que precisa passar protetor, usar o óculos, boné, principalmente, quando vai para o parquinho.” Quando a Flavia teve o primeiro filho, para a surpresa dela e toda a família, o menino nasceu albino. Isto acontece, quando os pais carregam no material genético (DNA), os genes recessivos que expressam o albinismo. Quando o gene do albinismo da mãe encontra-se com o gene do albinismo do pai, a probabilidade desse casal de ter filhos albinos é maior. É por este motivo, que o albinismo não é comum em muitas pessoas. ILHA CURIOSA A Ilha dos Lençóis no estado do Maranhão, é uma ilha de aproximadamente 500 habitantes, afastada e formada por pescadores. A ilha já registrou 3% de sua população albina. Um índice elevado devido à frequência dos casamentos consanguíneos, ou seja, casamentos entre pessoas com parentesco próximo que portam os genes de albinismo. ALBINOS X SOL Mas por que os albinos devem tanto se proteger do Sol? Segundo o Dr. Pedro Carneiro, bacharel em ciências biológicas em genética, mestre e doutorando em biofísica pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), a explicação é pela falta de pigmentação que se

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O ALBINISMO EXIGE

ra proteger os filhos albinos dá pela melanina na pele, cabelos e olhos, cuja função é a proteção contra a radiação solar. “A falta de pigmentação faz com que o organismo fique mais suscetível a queimaduras solares e envelhecimento precoce da pele, além do desenvolvimento de câncer. O albinismo também é associado com um número de defeitos de visão, como fotofobia, nistagmo e astigmatismo, dependendo do grau.” No entanto, tudo isso pode ser evitado seguindo todos os cuidados e orientações médicas. Para a surpresa ainda de Flavia dos Santos e Ivanildo Pereira, cinco anos depois do nascimento do primeiro filho, a segunda filha nasceu também albina. “Eu não quero mais filhos, tenho meu casalzinho que amo muito. Poderiam vir três, quatro, cinco albininhos, mas se viesse um moreninho ia se sentir fora da casinha, né? Agradeço à Deus que meus filhos tem muita saúde”, completou Flavia.

Ele (filho) sabe que precisa passar protetor, usar o óculos, boné, principalmente, quando vai para o parquinho. Flavia dos Santos, mãe de duas crianças com albinismo

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ESPORTE E LAZER

AMOR POR D Medidas de isolamento social contra o Coronavírus impulsionaram as vendas de bicicletas. Médicos pedem cuidado para quem quer pedalar na pandemia. POR BERNARDO BAITELLI

Para nosso organismo, a realização de atividades físicas são essenciais para o funcionamento completo no corpo humano. Corridas, caminhadas, treinos fazem diferença, tanto fisicamente quanto mentalmente, para que você possa se aceitar junto ao seu corpo. No entanto, por normas de segurança, lugares com ambientes fechados ou que possam causar aglomerações, foram fechados temporiamente por conta do novo Coronavírus. Com esse motivo, andar de bicicleta foi uma das soluções para esse

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problema. O aumento no número de ciclistas foi considerável. Segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, as vendas do setor cresceram muito nos últimos meses. Entre maio e junho, a alta foi de 20%, em relação ao mesmo período de 2019. Entre junho e julho, a alta foi ainda mais expressiva: 118%. Em conversa com Fábio Rodrigues de Andrade, 45 anos, ciclista e vendedor na loja de bicicletas Cicle Dois Irmãos em Resende, Rio de Janeiro, disse que o número foi tão grande que não conseguiram contabilizar os dados. “Eu não sei a respeito de porcentagem, mas teve um aumento bem significativo, podemos comparar com o Natal e até mais. Foi uma procura muito grande sendo que hoje a gente já está em falta de alguns modelos.” “São pessoas assim de meia idade, alguns mais idosos,

adultos também, mas eles costumavam falar que não faziam nenhum exercício e aí veio a pandemia, nesse caso então partiu para o ciclismo”, complementa Fábio sobre a faixa etária das pessoas que compram a bicicleta.

AUXÍLIO MÉDICO Para o médico clínico geral Rogério Gehardt, 55, afirma que ter a prática do ciclismo beneficia diversas partes do nosso organismo tais como evitar a obesidade e o sobrepeso, controle melhor da glicemia, da pressão arterial, melhorar a qualidade de vida, humor, socialização, diminuir o estresse da vida diária, entre outros. Perguntado sobre tomar os devidos métodos de saúde, doutor Gehardt comenta que não se deve descuidar da doença. “Em tempos de pandemia o mercado do ciclismo cresce mais de 120%, com isso se vê muitos grupos com muitos ci-

“Foi uma procura muito grande sendo que hoje a gente já está em falta de alguns modelos”

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DUAS RODAS clistas juntos, isso não é legal. No entanto quando se pedala com critério e com o afastamento adequado em grupos menores de 3 a 4 pessoas sem problemas. Não se deve descuidar das medidas preventivas.” Além do mais, Gehardt, que anda de bicicleta nas horas vagas, comenta sobre o traje necessário para praticar o esporte. “Pra quem está começando deve se tomar os cuidados básicos quais são: roupa adequada, óculos de proteção, capacete, luvas, sinalizador traseiro e dianteiro, respeitar as leis de trânsito, andar sempre na mão, manter a manutenção da bike em dia ( freios e marchas regulados ) e demais itens da bike”, esclarece o médico. Gehardt finaliza dizendo que os ciclistas ainda não têm o tratamento adequado, por isso, causando aumento no número de ocorrências entre ciclistas. “É um esporte em evidência já a alguns anos e que vem crescendo enormemente na pandemia, mas, infelizmente não temos a contrapartida dos nossos governantes, para que tenhamos ciclovias com segurança pois,

é um esporte também com alto índice de acidentes!”

BIKE PARA A VIDA Você já deve ter presenciado alguém que começou a pedalar há pouco tempo, não é verdade? A Camila da Silva Ferreira, 37, pedagoga, que atua como Orientadora Educacional é uma delas. Camila conta que já tinha uma familiarização com a bike, porém, não pelo âmbito esportivo. “Não enxergava a prática de pedalar como uma modalidade esportiva. Utilizava a como meio de locomoção.” E com uma força dos amigos, abriu esse leque de usufruir a magrela com outro intuito, “Devido ao isolamento social as academias foram interditadas, então, recebi o convite de um casal de amigos, que praticavam o pedal com a finalidade esportiva”, diz a pedagoga. A Camila comprova na prática o que diz doutor Gehardt anteriormente, faz o uso de vestimentas e acessórios adequados quando pedala como roupas apropriadas, tênis, capacete e luvas, para fazer um

trajeto cheio de segurança. Conforme as recomendações de Órgãos de Saúde, o uso de máscaras é obrigatório nessa era pandêmica. Outrora, o Projeto de Lei 4646/20 desobriga as pessoas do uso de máscara facial no período da pandemia de Covid-19 por pessoas que estejam ao ar livre ou praticando atividades físicas, mantidas as regras de distanciamento mínimo de segurança e é justamente o que Camila faz. “Não utilizo a máscara no momento que estou pedalando, pois não tem contato físico com outras pessoas e é uma prática realizada ao ar livre, porém sempre a levo no bolso caso haja alguma necessidade de utilização, respeitando sempre as normas de saúde contra o COVID-19”, disse a ciclista. Para finalizar, a pedagoga diz que pegou gosto de pedalar, pretende continuar pedalando e já traça seus planos para o futuro. “Pretendo sim continuar, como tenho duas metas: superar os 76 km já percorridos em 2h40min e trocar a minha bicicleta de aro 26’ por um de aro 29’.”

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ESPORTE

A PAUSA D

E SUAS CONS

Equipe de alto rendimento enfrenta pandemia com a POR JOÃO LUCAS BRAGA BATISTA

O surgimento da pandemia da COVID-19 prejudicou de modo geral toda a população. Além das profissões mais comuns no dia a dia, os esportistas se depararam com o cancelamento de jogos e a descontinuação de todo um planejamento físico elaborado para atletas de alto nível. E agora, como lidar com a pausa dos jogos, e de qual maneira o corpo reage a este período atípico? Para contextualizar, vários campeonatos de grande repercussão, como por exemplo a Série A e B do Campeonato

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Brasileiro de Futebol, retornaram após meses suspensos. Trazendo a discussão para o Vale, o rugby, esporte no qual equipes da região têm obtido destaque nacional, não retornou com os jogos, suspendendo os torneios da modalidade. O Jacareí Rugby, está sem disputar jogos oficiais desde março, por determinação da Confederação Brasileira de Rugby. Por conta disso, todos os envolvidos com a agremiação precisaram se adaptar, principalmente os jogadores que fisicamente mais sofrem com a

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paralisação. Matheus Cruz, jogador do Jacareí Rugby e da Seleção Brasileira de Rugby diz que a atual situação é de adaptação. ‘’Primeiramente os treinamentos, você ter que se readaptar para treinar em casa é muito difícil, poucos tem uma boa estrutura para se manter em boa forma. Você está treinando na academia com pesos, cargas adequadas e depois se adaptando com mochila e saco de arroz. ’’ Outro fator agravado pela pandemia é a falta de estímulo, já que atletas de alto nível e em competições constantes estão buscando a melhor forma física e o aprimoramento de seus fundamentos no jogo. A pressão da torcida, necessidade de acumular vitórias e a disputa por posição são os principais combustíveis para o foco do atleta se manter em boa forma. Vivendo esse momento incomum, o atleta Eliel Silva explica a importância de manter a esperança de que a fase atual tenha o quanto antes, um desfecho. O jogador ressalta a importância de manter o foco neste período sem jogos. ‘’ É


DO RUGBY

NSEQUÊNCIAS

adaptações na rotina e comprometimento dos atletas muito difícil manter o foco e o entusiasmo, porém, devemos nos apegar às coisas que nos fizeram chegar até aqui. [...] Temos que nos preparar para tudo o que vier’’, afirmou Eliel. Como os relatos dos atletas puderam exemplificar, o cancelamento dos jogos causou uma adaptação nos treinamentos, assim como impactos no foco e estímulo dos atletas. Ainda sobre eles, outra grande preocupação do clube é dimensionar como a paralisação dos jogos podem afetar fisicamente os jogadores. Segundo Renato Costa, fisioterapeuta do Jacareí Rugby, a importância maior é dar atenção aos atletas que voltaram recentemente de lesões. ‘’Os músculos que já sofreram com alguma lesão recentemente são os músculos mais afetados por conta da paralisação dos treinamentos. ’’ Renato também explica que a retomada de aptidão física e resistência dos atletas devem ser feita com um planejamento visando o reinício dos jogos e uma extensa pré-temporada para minimizar os danos esportivos.

RETOMADA Ainda não uma data estipulada oficialmente pela Federação Paulista de Rugby ou pela Confederação Brasileira de Rugby para o retorno dos jogos oficiais. Enquanto isso, o treinador da equipe Arthur Mota, tem se dedicado a passar instruções aos jogadores de maneira remota, já que os treinos foram suspensos desde o início da pandemia. “Estamos fazendo encontros virtuais e estimulando os jogadores para estarem por dentro das questões teóricas que envolvem o rugby em si. Assistindo nossos jogos passados, tentando explo-

rar esse mundo tecnológico para se manter em contato com o pessoal.’’ Comentou o técnico. Definitivamente, a pandemia causou prejuízos no planejamento das equipes para a atual temporada o que provavelmente acarretará em efeitos negativos para a próxima. O Jacareí Rugby terá o desafio de retornar para os jogos tentando minimizar os contratempos ocorridos neste ano, visando manter a competitividade e, apesar de não ser o ideal, devem usufruir da tecnologia para suprir as dependências geradas pela inesperada paralisação.

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POLÍTICA

Corrida eleitor

Pandemia e novas regra POR RAFAELA DE OLIVEIRA SILVA

Alterações na legislação somadas ao combate ao Coronavírus obrigaram candidatos e partidos a repensarem estratégia política O período eleitoral deste ano teve início em 11 de agosto, quando as emissoras de rádio e televisão ficaram proibidas de transmitir programas apresentados ou comentados por pré-candidatos, ou seja, concorrentes a cargos de prefeito ou vereadores não poderiam dar entrevistas. A data do 1° turno passou a ser 15 de novembro e para as cidades que tiveram 2° turno o evento ocorreu em 29 do mesmo mês. No dia da votação das 7h às 10h era horário preferencial aos idosos e grupos de risco, estendendo até às 17h para o restante dos eleitores. Medidas de proteção foram estabelecidas para minimizar o contágio da COVID-19. O uso

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de álcool em gel 70% estava presente durante todo o período de votação, disponível em vasilhames espalhados pelas zonas eleitorais. O Tribunal de Justiça Eleitoral solicitou que cada indivíduo estivesse com documento e caneta (azul) para uso ao longo do processo. Um dos candidatos à reeleição para à Câmara Municipal de Jacareí foi Valmir do Parque Meia Lua (DEM). “Este ano devido a pandemia teve muitas mudanças, em anos anteriores podíamos fazer reunião nas residências nessas eleições não podia. Mas sou um Vereador que trabalhou quatros anos sem parar ,então a população sabia do meu trabalho.” REFORMA ELEITORAL DE 2019 Ocorreram mudanças na elaboração e entrega da prestação de contas de candidatos e de partidos políticos e na atualização do limite de gastos de campanha para prefeito e vereador. A reforma também limitou o montante de recursos próprios que os candidatos podem empregar em suas campanhas. O autofinanciamento poderá ser realizado até o total de 10% do limite de gastos de campanha do cargo disputado.

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Outro item da lei, permite que tanto essas despesas quanto outras de campanha, como confecção de material impresso e aluguel de locais para a promoção de eventos eleitorais, possam ser pagos com recursos do candidato, do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), também conhecido como Fundo Eleitoral. A outra mudança foi na data final para o envio à Justiça Eleitoral das contas do exercício financeiro do partido. Antes o prazo-limite ia até 30 de abril e, agora, passou para até 30 de junho do ano seguinte ao do fechamento do balanço. Segundo Osair Vasconcelos, jornalista e comunicador político, “criar uma campanha com menos tempo, menos dinheiro e sem poder fazer o corpo a corpo foi o grande desafio na eleição Municipal deste ano, porque o tempo ficou reduzido ainda mais por ter tido muitos candidatos. Um exemplo: em São José dos Campos foram 11 candidatos à prefeitura, então diminuiu o tempo de participação na TV e pulverizou a participação nas redes sociais. Isso então exigiu primeiro um esforço de seleção dos temas e das ideias a serem abordadas, porque cada candidato tem muitos temas, ideias e propostas.”


ral no escuro!

as marcam eleições 2020 O jornalista que vivenciou outras campanhas completou a resposta dizendo “a questão de menos dinheiro, que é uma realidade nas campanhas brasileiras já há alguns anos, aumentou o desafio anterior porque cada campanha contou com menos profissionais e muitas vezes os profissionais mais qualificados custam caro e as campanhas não podem contratar. Então houve uma redução de pessoal.” RESULTADOS Os candidatos eleitos apostaram em utilizar redes sociais e oferecer mudanças para as cidades. Em São José dos Campos

o candidato à prefeitura Felício Ramuth (PSDB) foi reeleito com 58,21% dos votos válidos. Atrás dele estava Coronel Eliane Nikoluk (PL) com 15,95% e Wagner Balieiro (PT) com 10,25%. Os vereadores eleitos com mais votos foram Dulce Rita (PSDB) com 8.459 votos válidos, Petiti da farmácia comunitária (MDB) com 7.711 e Dr. Elton (MDB) com 7.395. Para a prefeitura de Jacareí foi reeleito Izaias Santana (PSDB) com 50,98% dos votos válidos, seguido por Marco Aurélio (PT) 19,14% e Fernando da Ótica (REPUBLICANOS) 8,56%. Os vereadores eleitos com mais votos válidos da cidade foram Valmir

do Parque Meia Lua (DEM) com 3.178, Sônia Patas da Amizade (PL) com 1.987 e Edgar Sasaki (DEM) com 1.908. Já em Taubaté nenhum dos candidatos alcançou mais da metade dos votos, por isso ocorreu segundo turno entre José Saud (MDB) com 28,81% dos votos válidos do primeiro turno e Loreny (CIDADANIA) com 25,40%. O novo prefeito da cidade, Saud (MDB), foi eleito com 65% dos votos válidos. Os vereadores com mais votos válidos eleitos foram Douglas Carbonne (DEM) com 3.261 votos válidos, Talita Cadeirante (PSB) com 2.900 e Rodson Lima Bobi (PSDB) com 2.787.

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FESTAS E EVENTOS

“Sinto [falta] especificamente dos shows! Eu amo ir em shows, amo ver pessoas, conversar com pessoas, achei que não ia sentir tanta falta, mas estou.” Julia Rodrigues

HÁ FUTURO PARA

a pista? PLANO SÃO PAULO PARA EVENTOS, CONVENÇÕES E ATIVIDADES CULTURAIS

fase vermelha: não permitido fase laranja: não permitido fase amarela: sim, com 40% do público e ressalvas. (estamos aqui) fase verde: sim, com 60% do público e ressalvas. fase azul: ainda não chegamos :(

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POR LAURA STETNER

O ramo de eventos sofreu um grande choque com a pandemia do coronavírus. Um setor formado em sua grande maioria por aglomerações, grandes ou pequenas, ficou totalmente impossibilitado de exercer sua função. Festas, feiras, convenções e workshops foram proibidos de acontecer até que a cidade chegasse pelo menos à fase amarela do Plano São Paulo, quando é permitido atuar com 40% da lotação máxima, porém ainda proíbe que o público fique em pé. NINGUÉM AGUENTA MAIS LIVES Com isso, os produtores precisaram reinventar sua maneira de realizar eventos e continuar levando a música para o público. As festas de música eletrônica, em sua maioria, são calorosas, formada por pessoas que gostam de dançar e suar na pista, que tem apreço pelo DJ e pela organização. Mas como fazer uma festa sem pista? Começaram a aparecer em São Paulo coletivos que ousaram desconstruir toda a ideia do evento, para poder continuar próximo da galera. Foi o caso da Gop Tun, da Carlos Capslock e do Caos, casa noturna de Campinas que adaptou seu espaço físico para dar as boas vindas ao novo formato “Caos vai ao bar”. Para esse novo modelo as regras sanitárias são como para o funcionamento de um bar. O DJ fica distante, as mesas ficam dispostas a 1,5M de distância e todas contendo álcool em gel. Quanto ao uso de máscaras, é

obrigatório para circular no ambiente, mas na mesa não. Não é perfeito, mas já é um gostinho da saudade de juntar a turma para se divertir. BARZINHO Não só festas e casas noturnas sofreram com as restrições implicadas pela Covid-19, bares e restaurantes também se viram obrigados a usar e abusar da criatividade. Foi o caso do SantOnofre, bar, restaurante e balada de São José dos Campos, que vinha numa crescente em relação aos eventos, como a Farra do Santo e Zazueira, que posteriormente se tornaram “Farra em Casa” e “Zazueira Live”, antes da liberação para bar. O diretor do estabelecimento, Carlos Henrique Nunes, confessa que não esperava que a pandemia se estendesse por tanto tempo. A primeira alternativa foi iniciar os trabalhos com delivery e manter uma forte presença nas mídias sociais, para seguir em contato com o público, o que foi fichinha, considerando a conta com 43,3 mil seguidores no Instagram. Com o avanço da cidade à fase verde e agora de volta à fase amarela, ele diz “A gente foi trabalhando conforme era permitido. [...] Na pandemia

cada semana era uma novidade, a cada duas semanas as coisas mudavam, foi um momento bem desafiador. [...] Temos que estar atentos o tempo todo em relação a isso e usar a criatividade dentro do que é possível.”. GALERA Carlos afirma que a procura por esse tipo de atividade vem crescendo conforme a flexibilização do Plano SP. Foi o que confirmou a estudante de 22 anos, Beatriz Macedo: “Estou indo de acordo com a retomada, sempre consciente. Mas confesso que estava difícil ver os amigos só pela tela do celular”. Quando perguntada sobre o evento que mais sente falta a resposta foi certeira: shows e festas universitárias. Dá saudade de uma aglomeração né @? Mas vale de tudo para ver a galera? A jornalista, também de 22 anos, Julia Rodrigues conta que chegou ir num evento estilo “festa que virou bar”, mas não curtiu tanto, por que o público do local não estava respeitando as regras estabelecidas. “Eu fiquei super receosa e demorei para sair. Confesso que estou indo em bares, mas ainda tenho medo, mesmo ficando nas áreas abertas, tento ao máximo ficar longe das pessoas”, diz.

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TECNOLOGIA

Desafio de

Novas tecnologias da comunicação mexem POR PEDRO BAVUSO

Palavra constantemente usada nos dias em que vivemos, a tecnologia está presente em quase tudo ao nossos redor, seja nos negócios, relacionamentos, mobilidade, refeição e em muitos outros momentos importantes do nosso cotidiano. Em constante evolução, a velocidade das mudanças impressionam. Desde as chegada dos vídeos games, vídeo cassetes, câmeras fotográficas e de vídeos e até mesmo a televisão, novas gerações de eletrônicos vão aperfeiçoando sistemas ano após ano. Atualmente, com apenas um celular, conseguimos fazer

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tudo o que precisamos no dia a dia, como ir ao banco, comprar roupas, automóveis, itens de alimentação e até mesmo se relacionar com pessoas de todo o mundo, através de sites e aplicativos de namoro. Mas, no âmbito do jornalismo, como vêm se saindo gerações de jornalistas que seguem na ativa há mais de 40 anos no mercado? A tecnologia ajuda, mas ao mesmo tempo pode atrapalhar com suas ‘mágicas’, quando o simples e intuitivo ficam distantes no manejo dos recursos. O jornalista José Guilherme Ferreira, de 61 anos, afirma que

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participou de uma geração que viveu justamente os momentos de transição do jornalismo: a mídia migrando para o digital. E que diante de uma nova realidade, o mundo impresso virando eletrônico, foi preciso rever conceitos. Apesar de ter vivido a transição da tecnologia, ele diz também que o ritmo das mudanças assusta, mas que as questões técnicas, ou seja, o domínio das novas ferramentas, se aprende “aos trancos e barrancos” e para isso existem os help-desks. “O maior desafio não é compreender o novo papel da imprensa diante da internet, que é na verdade uma infraestrutura, como


e gerações

m com a vida de “jornalistas das antigas” compreendem os papas do MIT. A tese de convergência das mídias já não é mais tese, é realidade. E por isso não adianta mais apenas transpor o que é impresso para o digital”, completa José Guilherme. Entre outros pontos e ainda de acordo com o jornalista, é preciso reformular a linguagem, usar todos os recursos disponíveis e nunca esquecer que a comunicação agora é em rede, não mais em broadcasting. Diante da nova realidade cognitiva, veteranos e jovens jornalistas repensam como a profissão vai caminhar diante dessa monumental e desafiadora infraestrutura. A meta é ir além de distri-

buir notícias. Na visão do apresentador Glauco Turzi, de 60 anos, a tecnologia é o produto final de ideia, estudo e muitas tentativas. “É também ousadia e investimento. E usar ferramentas para agilizar procedimentos e acelerar conhecimento”, completa. Por mais “magico” que possa parecer, o Word, Excel, Google e Internet não nasceram como são hoje e nem serão o mesmo daqui a um ano. “Gradualmente, a adaptação de quem usa os softwares foi acontecendo. É para quem quer, e aí, fácil ou difícil é uma questão secundária, completa Turzi.

TEU PASSADO TE EXPLICA Glauco gosta de lembrar de como as coisas eram “na sua época”. Ele conta que que a tecnologia funcionava da mesma forma que hoje, só que com menos canais de divulgação e um português infinitamente melhor, já que o famoso “Ctrl C/Ctrl V” não existia. Par ele, a arte de copiar soma pouquíssimo conhecimento contextual e nenhuma capacidade interpretativa. E por conta disso, defende o célebre bloco e caneta e ainda usa algumas tecnologias como gravador de voz, analógico ou digital. Para quem tem conteúdo, a tecnologia vai ser sempre coadjuvante do bom jornalismo.

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SUPERAÇÃO

I de Influenc A história de um jovem deficiente que se tornou exemplo na comunidade gamer POR RODRIGO ALMEIDA

As redes sociais se desenvolveram nos últimos anos e junto a essa expansão uma profissão se popularizou: criador de conteúdo. Esse produtor compartilha ideias, expressões, comportamento e até técnicas. O material é voltado para redes sociais e internet no geral. Porém, existe um obstáculo nessa cena que torna o sonho de algumas pessoas mais difícil, a baixa acessibilidade para deficientes. Apesar das dificuldades enfrentadas por estas pessoas, alguns exemplos mostram que é possível ser criador de conteú-

e Inc do. Gabriel Machado, conhecido como Machadinho, é um jovem de 20 anos natural de Mogi das Cruzes e streamer (pessoa que faz transmissões ao vivo regularmente) e possui amiotrofia muscular espinhal, doença que causa atrofia muscular. Com grande representatividade no cenário dos jogos, sua influência tem chamado a atenção de projetos grandes. INTERAÇÃO COM TECNOLOGIA “Sou apaixonado por jogos desde pequeno. Por não poder fazer muita coisa, sempre fui

ligado a tecnologia”.Eu não senti dificuldade alguma para entrar na Internet. sempre foi algo natural pra mim”. Mesmo com a facilidade de Machadinho, o acesso à internet é complicado para essa parcela da sociedade, pois 99% dos sites não estão aptos para receber PCDs, segundo uma pesquisa do movimento Web para Todos. Gabriel tinha dificuldade quando ia para eventos presenciais de games, por conta da dificuldade de locomoção e gastos. Mas graças a uma campanha beneficente em 2019, pessoas influentes no cenário de


cer

clusão esports, como Gabriel “Fallen” Toledo (jogador profissional de esports) e Alexandre Gaules (um dos maiores streamers no Brasil), ajudaram Machadinho a bater a meta de R$ 20 mil para comprar uma cadeira adaptada e motorizada. “Não vou mais depender de veículos grandes para me locomover. Vou ser mais independente”, completou.

CARREIRA DE STREAMER O jovem começou a se destacar na Internet ao fazer lives e vídeos jogando Rainbow Six Siege, um game conhecido pela ampla complexidade tática e estratégica. “Já imaginava ser criador de conteúdo. Era meu sonho desde meus 11 anos e sabia que um dia ia realizar isso”, concluiu. Sobre as dificuldades de se tornar um criador de conteúdo, Gabriel disse que vai além da deficiência. “A dificuldade é o preconceito em si, não só com a estrutura física e sim pela capacidade de que um PCD tem. Também varia muito

da pessoa querer pelo fato da grande exposição na mídia”. No mês de julho deste ano, a DETONA Gaming, uma das maiores organizações brasileiras de esporte eletrônico, anunciou Machadinho como seu streamer oficial. “A sensação de ser chamado por uma organização foi a realização de um sonho. Sempre quis entrar em um time de esports porque acompanho o mercado desde 2015. Não ver a contratação de uma pessoa com deficiência me deixava muito triste” afirmou. A influência do streamer e outros PCDs no mundo dos games motivou o Teleton, uma maratona televisiva realizada pelo SBT com o objetivo de mobilizar a sociedade em prol da causa da pessoa com deficiência física, a criar uma programação voltada para os jogos. A Liga Teleton 2020 aconteceu no dia 06 de novembro e reuniu estrelas do cenário, a fim de arrecadar fundos para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente).

INCLUSÃO E FUTURO Para Gabriel Machado, PCDs necessitam de mais importância dentro das empresas. O artigo 93 da lei 8.213/91 afirma que o número de vagas para deficientes varia de acordo com o tamanho da empresa. A partir de 100 funcionários, as empresas devem a seguinte proporção legal: até 200 funcionários, 2% devem ser portadores de deficiência; de 201 a 500, 3%; de 501 a 1000, 4% e de 1000 em diante, 5%. “Marcas e organizações devem apoiar um cenário 100% voltado para deficientes. Elas precisam mostrar que realmente se importam com os deficientes no dia-a-dia, não só em datas especiais”. Ele ressaltou o orgulho que sente de representar uma fatia da população. “Eu fico orgulhoso de saber que represento uma comunidade imensa e ainda mais de inspirar tantas pessoas”. Mesmo sem condições financeiras, Machadinho pretende criar projetos de incentivo e divulgação, para que mais pessoas possam seguir seu caminho.

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ARTES E ESPETÁCULOS

POR VITOR HUGO FROÉS

Luana Mascari, há quase 20 anos no mercado, precisa se reinventar para viver da música durante o isolamento.

De fato, um dos setores mais impactados pela pandemia da COVID-19 é o das artes e espetáculos. Desde o dia 18 de março, shows foram cancelados, peças de teatro desmarcadas e apresentações de qualquer tipo foram proibidas ou adaptadas. Assim, toda a classe artística ficou sem fonte de renda e enfrenta dificuldades, já que, desde então, não temos uma perspectiva para o retorno (total e) seguro dessas atividades. Diante desse contexto, não sobrou outra alternativa: os profissionais da música precisaram se reinventar. Cantora autoral há 17 anos, Luana Mascari (32), de Caraguatatuba, afirma que a chegada da pandemia foi um “balde de água fria” em todos os planos para a sua carreira em 2020. Segundo ela, o planejamento para esse ano estava pautado no lançamento de um EP com clipes, que

seriam disponibilizados ao longo do ano e divulgados nos shows. “Em janeiro, gravei o primeiro clipe do EP no estúdio da Fatec de Tatuí e o planejado era que todos os outros fossem gravados até o final de março. Porém, assim que eu recebi o clipe pronto, veio a pandemia e todo o meu plano de divulgação e, posteriormente, gravação, foi por água a baixo. “, disse a cantora. Novo formato de gravação Luana conta que, ao se deparar com a situação de ter pouca verba por causa do cancelamento dos shows, buscou alternativas para evitar que todo o planejamento dos clipes não fosse cumprido. “Como não tinha mais o dinheiro dos eventos, precisei aprender todos os ofícios. Virei a fotógrafa, a maquiadora e a diretora de arte” A saída encontrada pela cantora foi continuar trabalhando

READAPTAÇÃO

em meio à p

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no EP, mas com um formato totalmente diferente, focando no lançamento nas mais diversas plataformas de streaming e utilizando o online como maior meio de divulgação, o que não acontecia anteriormente. Luana disse que, inclusive, alguns clipes de músicas que já estavam marcados precisaram ser produzidos levando em consideração as limitações impostas pela pandemia. “O clipe da música Antídoto, por exemplo, foi feito em

parceria com uma artista de Minas Gerais e, para evitar que precisássemos furar a quarentena, pedimos que alguns dos nossos fãs gravassem vídeos dançando em suas casas e montamos o vídeo com o que recebemos.”, explicou Luana. E o resultado disso tudo? Mais de 60.000 reproduções nas mais diversas plataformas desde o dia 21 de outubro, data oficial do lançamento.

STREAMING CRESCE NA PANDEMIA Um levantamento realizado pela Counterpoint Research, empresa especializada no estudo dos principais aplicativos e sites do mundo, mostrou que as assinaturas de serviços de streaming de música apresentaram um crescimento de 35% no primeiro semestre de 2020, o que evidencia os resultados al-

cançados por Luana a partir do momento que passou a dar mais valor nessas plataformas. Serviços como Spotify, Apple Music, Amazon Music e YouTube Music alcançaram um total de 394 milhões de assinaturas. Parte dos fatores para esse crescimento está ligada às medidas de isolamento social, já que a grande maioria das pessoas permaneceu em casa e acabou buscando alternativas para sair do tédio. De acordo com Luana, a pandemia trouxe o aprendizado de que as plataformas online podem ser muito mais importantes do que os músicos pensavam. Segundo a cantora, essas mudanças chegaram para ficar e novas músicas devem ser lançadas ainda neste mês, todas seguindo a mesma linha de divulgação, publicação e gravação das anteriores.

musical

pandemia

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TIKT REDES SOCIAIS

ALEGRIADURAN

Aplicativo consolida de vez seu espaço no Br POR JOÃO PEDRO FERREIRA

O Tiktok foi criado como uma rede social de compartilhamento de vídeos pela ByteDance, empresa chinesa de tecnologia, em 2016. No ano seguinte, em 2017, avançou para o mercado internacional, com lançamento nas lojas virtuais (Play Store e App Store) com o objetivo de desbancar Facebook e Twitter. Mas ninguém imaginava que iria a se transformar no que é conhecido hoje. Com o passar dos anos, a ferramenta foi dominando par-

cela importante da sociedade, especialmente entre os mais jovens. O fenômeno ganhou mais força em 2018, quando foi o software mais baixado nos Estados Unidos. A partir de 2019, um usuário do Tiktok, conhecido como Lil Nas X enviou uma música intitulada “Old Town Road”, que se tornou viral com memes no aplicativo, atraiu gravadoras, e surgiu o famoso hit que é conhecido pela internet. Nesse mesmo ano, a plataforma atingiu a

marca de 1,5 bilhões de usuários mensais se tornando a quarta maior rede social do mundo. Para Monique Baraúna, analista de mídias sociais e professora da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), a imensa diversidade de conteúdos que a plataforma tem e o formato diferente foram um diferencial na conquista deste espaço: “Sem falar que toda nova mídia digital entrega muito dos conteúdos produzidos por usuários aos seguidores”, explica Monique. O aplicativo permite que os usuários possam realizar vídeos personalizados com variáveis temas, acelerado, com filtro, com música e que você pode compartilhar no próprio Tiktok e por outras mídias sociais. Nos últimos meses o aplicativo se tornou à startup tendo uma quantia de mercado estimado no valor de US$ 75 bi-


TOK:

NTEAPANDEMIA

rasil e traz leveza em meio ao caos sanitário lhões e já ultrapassou mais de 2 bilhões de downloads. Pelo próprio aplicativo, os “Tiktokers” usam o dinheiro de verdade para ganhar moedas virtuais, como por exemplo uma gorjeta para os criadores de conteúdo, com essa ideia o Tiktok teve um lucro de US$ 5,5 milhões apenas no mês de fevereiro de 2020 com os usuários comprando suas moedas virtuais. Monique fala sobre como é o processo de engajamento pelo Tiktok “Deve conhecer seu público-alvo saber que tipos de conteúdos conquistam eles e trabalhar sempre com contéudos”. Mas não é só de coisas boas que a ByteDance é lembrada. No início de 2020, a empresa foi acusada de infringir a lei americana de proteção de privacidade das crianças online. Por coletar nomes, e-mail e outras informações sem o con-

sentimentos dos pais, teve que pagar uma multa no valor de US$ 5,7 milhões para a Federal Trade Comission ( FTC) que é agência de direitos do consumidor Nos EUA. Pandemia O Tiktok atinge 41% das pessoas entre 16 e 24 anos, exatamente o foco do aplicativo. É uma faixa etária que costuma realizar ou consumir humor e entretenimento e acaba usando a ferramenta com dublagem de músicas, tutoriais de maquiagem e outros conteúdos que possam ser consumidos rapidamente. Aliado ao público tão identificado, a triste pandemia que o mundo atravessa acabou potencializando os números, já que os espaços públicos estão limitados por medidas sanitárias e a tela do celular virou uma especial forma de interação. Segundo a Forbes, no último mês de abril, a receita da

ByteDance foi recorde, na casa de US$ 78 milhões. Já o número de downloads de janeiro até outubro superou 500 milhões, ao redor do mundo No Brasil, o Tiktok virou o queridinho e, quem passa um tempo por dia usando a ferramenta, logo percebe a quantidade e pluralidade de conteúdo, refletindo as muitas culturas do nosso país e aliviando os dias tão difíceis, pois traz informação sobre etnias de uma forma mais interessante e particular, como é a vida do brasileiro.

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JOGOS E TECNOLOGIA

TUDOJUNTO,M

NÚMERO DE “GAMERS” DI POR FILIPE PEREIRA DA SILVA ALVES

Jogos multiplayer aproximam pessoas e aumentam faturamento de empresas, apesar da queda na economia mundial Por conta da pandemia as pessoas tiveram que fazer o isolamento, com isso veio a necessidade em achar meios de passar o tempo e se distrair, já que ninguém sabia exatamente quanto tempo seria necessário ficar em casa. Enquanto uns assistiram séries, outros optaram por estudar um novo idioma ou aprender a tocar um novo instrumento, mas muitas das pessoas recorreram aos jogos de consoles (Playstation 4, XBOX One e o Nintendo Switch), em computadores ou até mesmo no celular. Para se ter uma ideia em números, as três principais

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marcas de consoles alcançaram resultados impressionantes no segundo trimestre do ano, o mais afetado pela pandemia. Em relação ao mesmo período de 2019, a Sony aumentou seu faturamento no segmento de games em 149%. Entre abril e junho, foram vendidos 91 milhões de jogos para PlayStation 4, alta de 83% na comparação anual. Na Microsoft, o faturamento da unidade de games (venda de consoles, jogos e assinaturas) disparou 65%. A Nintendo viu os pedidos pelo console Switch mais que dobrarem seu faturamento, para US$ 3,4 bilhões, e fez seu lucro crescer 428%, chegando em US$ 1,4 bilhão, frente ao mesmo mês de 2019. Falando sobre todas as plataformas, a consultoria Comscore, especializada na medição de audiência, registrou no Brasil um salto de 20% no uso de jogos multiplayer entre as semanas de 9 e 22 de março, quando as medidas de restrição começaram a ser adotadas. Em junho, 84,1 milhões, dos 122,7 milhões de brasileiros conectados, consumiram esse


MASSEPARADO!

DISPARA NO ISOLAMENTO tipo de conteúdo. Normalmente as grandes empresas gastam milhões e levam anos pra fazer um jogo com gráficos realistas e com uma jogabilidade complexa, durante a quarentena o que chamou a atenção dos especialistas foi que os dois jogos que explodiram, tanto o Fall Guys e o Among Us, são de empresas pequenas que não usaram tanta verba para fazer o jogo, já que os gráficos e a jogabilidade são bem simples, apostando numa dinâmica muito divertida para jogar com amigos. Para quem está meio por fora e não conhece os jogos, vale uma explicação começando pelo Fall Guys. O jogo é no estilo das “Olimpíadas do Faustão” e começa com 60 jogadores. A cada fase que passa vai diminuindo o número dos que avançam para a próxima etapa até chegar a última fase “e só um jogador sai como vencedor, já o Among Us, os 10 jogadores estão em uma nave com 2 impostores e durante o jogo a missão dos tripulantes é ir fazendo as tarefas para consertar a nave e descobrirem quem são os impostores antes que eles matem todos.

A psicóloga Aline Dalacqua conta se os jogos multiplayers são uma boa companhia durante o isolamento. “Se pensarmos no ponto de vista da ajuda que os jogos podem proporcionar, para evitar o sentimento de solidão durante o isolamento, com toda certeza teríamos uma resposta positiva, pois os jogos distraem, proporcionam ao jogador uma noção de preenchimento do tempo, felicidade, adrenalina e muitos até desenvolvem diversas habilidades do ponto de vista cognitivo e motor do jogador”, comentou. A profissional ainda fez um alerta sobre o tempo de jogo. “Precisamos pensar que, como tudo na vida, os jogos precisam ser administrados com equilíbrio, pois passar muitas horas dedicado exclusivamente a essa atividade causa malefícios a saúde física e mental do jogador. É importante lembrar que os jogos também podem causar dependência, então para mais essa atividade precisamos sempre ter bom senso e dosar, pois tudo em excesso faz mal”. E clichê, mas é real. Na pandemia ou fora dela, o equilíbrio é necessário.

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SOCIEDADE

EXPERIMENTO DE AP

STANF Controversa pesquisa foi interrompida após sair do controle e guarda semelhança com realidade das cadeias do Brasil POR JÚLIA DIAS PEREIRA

Experimento de aprisionamento de Stanford, um experimento de cunho psicológico dos anos 70 conduzido pelo psicólogo Philip Zimbardo, onde 24 estudantes homens aceitaram passar por uma simulação de presídio no porão da renomada Universidade de Stanford, Califórnia. Zimbardo pretendia analisar quão tênue é a linha que separa o bem do mal. E com o objetivo de entender as origens dos conflitos no sistema penitenciário norte-americano, o governo dos Estados Unidos acabou por financiar o estudo. Para isso os jovens foram divididos entre presos e guardas.

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VOLUNTÁRIOS: Para recrutar aqueles que participariam do experimento foi fixado pelas paredes da universidade um comunicado oferecendo US$ 15 por dia para aqueles que estivessem dispostos a passar duas semanas em uma prisão falsa. Os interessados não deveriam apresentar antecedentes criminais, uso de drogas ou histórico de violência. Isso porque Zimbardo pretendia analisar de que maneira eles agiriam com apenas influência do ambiente prisional.

NÚMEROS, NÃO PESSOAS Ambos os grupos receberam caracterização própria. Os guardas receberam cassetetes, farda e óculos de sol para que assim evitasse contato visual. Os prisioneiros passaram a usar uma espécie de manta, meia calça em sua cabeça a fim de simular o cabelo raspado e correntes nos pés, além de passarem a responder por um número e não seu nome. O ato de não reconhecer os presos por o seu nome foi uma das maneiras usadas pelos carcereiros para distanciar a relação humana entre

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eles, reduzindo a responsabilidade do seus atos. Apesar de terem se passado 50 anos desde o fim do experimento e das experiências vividas por aqueles que participaram do estudo, nos Estados Unidos, o Brasil guarda muitas semelhanças com a realidade encontrada até hoje em nossos presídios. Antonio Rosa, preso por tráfico entre os anos de 2017 e 2019, comenta a sua relação com os guardas: “Não vou dizer que todos, mas para um boa parte dos agentes penitenciários não somos reconhecidos como pessoas”. INTERRUPÇÃO DO EXPERIMENTO Os guardas foram encorajados por Philip para que agissem como agentes penitenciários em uma prisão de verdade. Ele deixou claro que a integridade física dos prisioneiro deveria se manter intacta, mas que os guardas deveriam tentar criar uma atmosfera onde os presos se sentissem “impotentes”. “Após o final do primeiro dia, eu disse: Não há nada aqui. Nada está acontecendo. Os guardas tinham essa mentalidade


APRISIONAMENTO DE

FORD anti-autoridade. Eles se sentiam estranhos em seus uniformes. Eles não entraram na mentalidade de guarda até que os prisioneiros começaram a se revoltar”, relata Zimbardo. Dave Eshleman, um dos guardas, diz ter chegado à conclusão de que o experimento era sobre provar um ponto sobre as prisões serem lugares cruéis e desumanos. E foi pensando nisso que decidiu por agir como alguém arrogante e agressivo, a fim de atingir os resultados esperados. A maioria dos atos violentos partiam de Dave, e apesar de hesitarem, seus colegas acabavam por ceder a truculência e violência do companheiro de grupo. Os detentos eram insultados, despidos, privados de sono e forçados a usar baldes de plástico como banheiro, entre outras atitudes tomadas por aqueles no “poder”. O psicólogo Bruno Vieira, de São José dos Campos, explica em que momento as atitudes daqueles a nossa volta podem alterar o nosso modo de agir e pensar: “Pode alterar desde que a pessoa em questão avalie como o seu comportamento será interpretado pelo grupo em que faz parte. Geralmente agimos di-

ferente em grupos, buscando adequar as nossas ações nesse meio”. “No dia em que chegaram, aquilo era uma pequena prisão instalada em um sótão com celas falsas. No segundo dia, era um presídio de verdade, criado na mente de cada prisioneiro, de cada guarda e das outras pessoas envolvidas”, contou Zimbardo à BBC em 2011, quando o experimento completou 40 anos. Com o decorrer dos dias os envolvidos passaram a ter muitas mudanças significativas em seus comportamentos ao ponto do experimento precisar ser interrompido, muito por conta do poder degradante e humilhante exercido pelos guardas sobre os prisioneiros, que por sua maioria obedeciam sem questionar as condições que lhe foram colocadas.

REALIDADE “Acredito plenamente que, quando trabalhamos em uma profissão que gostamos e que nos orgulhamos em fazê-la (e este é o meu caso!), o trabalho se torna engrandecedor e gratificante”, diz o diretor técnico da Penitenciária de Potim II, Gustavo Costa.

Ele ainda acrescenta que durante todo o período em que trabalhou como agente penitenciário não tenha lhe causado qualquer tipo de impacto psicológico.

NEM É TUDO COMO NOS FILMES, A ROTINA DE UM AGENTE PENITENCIÁRIO. A rotina do agente penitenciário consiste em manter a ordem, a disciplina e a vigilância dos detentos, tanto dentro dos presídios quanto fora -- o que normalmente acontece em audiências judiciais, atendimento médico, por exemplo. O agente penitenciário é responsável por fazer revistas pessoais nos presos, além de revistas mecânicas nos visitantes e terceiros à Administração e em seus respectivos veículos, apreensões de itens ilícitos e controle de rebeliões. - Gustavo Costa, Diretor técnico III - Penitenciária de Potim II

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CRÔNICA

Março de 20 o início de uma SAUDADE POR SONIA NIARA SALES SANTANA

“Devia ter amado mais Ter chorado mais Ter visto o sol nascer Devia ter arriscado mais / E até errado mais / Ter feito o que eu queria fazer”.

Foto de arquivo pessoal

Epitáfio, Titãs Para muitas pessoas, a música dos Titãs, Epitáfio, pode ter virado tema dos últimos 8 meses e dos próximos que virão. Talvez, a geração Z - que mal deve conhecer essa canção - nunca tenha imaginado vivenciar uma pandemia. Mas, ela chegou em meio à tanta tecnologia, robôs, inteligência artificial… Será que o algorítmo não poderia ter previsto que estávamos bem mais próximos desse caos do que imaginávamos? O vírus, invisível, chegou e nos colocou, todos - ou quase todos, trancafiados dentro de nossas casas. A maioria de nós deixou aquela rotina de levantar cedo; pegar o transporte; reclamar do trânsito; e de não ter tempo nem para uma refeição rápida, menos ainda para uma longa conversa olho no olho.

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Nós, universitários (sejam alunos, sejam professores) tínhamos que ultrapassar barreiras físicas e emocionais de um dia inteiro e, quando parecia ser a hora de desacelerar, ainda faltavam as 3 horas e meia de aulas na faculdade. Eu também fazia essa correria toda. Mesmo depois de passar por tantas experiências na vida e prometer para mim mesma não viver mais tão afobada. Porém, tinha dia que eu vivia. Pelo menos eram alguns dias, não todo dia. Eu também me esforçava para não reclamar dos 40 minutos de estrada na volta para casa, pois sabia que havia colegas e uma amiga bem próxima, a Andresa, que en-

frentava um trajeto mais longo do que o meu e tinha menos horas de sono do que eu. Mas, afinal, mesmo percorrendo uma saga única, individual e diária, era ali que encontrávamos nossos amigos, nossos professores, e quem sabe até alguns amores. Era subindo as rampas da FCSAC que compartilhávamos sentimentos, projetos e também fracassos. Os intervalos sempre movimentados de vestimentas distintas, uns certinhos demais, outros diferentes demais - dependendo da ótica de quem vê. Quando os professores nos seguravam alguns minutinhos a mais, para passar uma atividade


020:

se apresentaram impotentes e dependentes do álcool em gel. Para muitos, foi um ano duro e de perdas. Perdas financeiras que ainda buscam ser reerguidas. Perdas materiais que se mostraram não tão importantes. Perdas intelectuais, que só os autodidatas não se sentiram assim para trás. E perdas de pessoas tão amadas e queridas que nunca mais serão esquecidas. Talvez, o ano mais difícil para quem entrou ou para quem estava saindo da faculdade. Mas, ainda que nosso coração esteja inundado do sentimento da saudade, podemos seguir com esperança. Podemos sonhar com o dia em que a universidade estará movimentada de novo e pelo novo. Podemos sonhar com a alegria de novamente nos encontrarmos. Pois, mesmo depois da pandemia, a verdade é que tudo continuará sendo como antes e exatamente como Titãs cantou: “Cada um sabe a alegria e a dor que vai no coração”.

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Foto retirada da internet

ou tirar um dúvida que poderia ser de todos - ainda que nem todos prestassem mais atenção - já podíamos ouvir os burburinhos pelos corredores e, em muitos dias, o som do carrinho da Katê, das Tortelícias. (Se você se lembra disso, provavelmente salivou junto comigo agora.) Foi então, que o ciclo natural da vida comum e universitária foi interrompido. Como profissionais da comunicação, já sabíamos do avanço da pandemia do novo coronavírus (covid-19) pela China e seu início abrupto na Itália. Mas, quando chegou em território brasileiro, coincidentemente depois do carnaval e pela bodas do casamento da irmã da Gabriela Pugliesi - nos assustamos. Era real! O confinamento chegou trazendo preocupação e nos tirando o bem mais precioso que tínhamos - o presencial. Para alegria de alguns, era bom estar em casa. Era bom estar com a família. Era bom estar isolado em seu próprio quarto. Tudo o que tínhamos de concreto passou a brilhar pelas telas eletrônicas. Amizades foram provadas e aprovadas. Relacionamentos abalados ou sustentados. E o ensino? Esse teve que provar o seu poder à distância. Ainda que o empenho dos professores tenha sido o mais intenso, a mudança das aulas abalou a todos. Nós, alunos, com o foco dividido; com a atenção rasa e insis-

tente. Mesmo pelas telas frias era possível ver o triste olhar dos professores, porém em todo o tempo persistentes. A conexão instantânea que só acontece pelas retinas, agora enfrentava o delay da oscilação da rede da internet. Ou era interrompida pela ausência dela. Muitos precisaram ir à casa de algum parente bem próximo - menos os avós e grupo de risco - para usar a internet. Outro, com a ajuda dos pais, até ao morro mais alto subiu para achar o tal sinal. A ausência, a adaptação e a ansiedade que achávamos que durariam pouco mais de um mês, virou saudade. Saudades do açaí e do pão de queijo da cantina. Saudades do bate-papo e das intrigas. Saudades das risadas e dos amigos. Até dos professores, que a troca era rápida ou nos corredores, a saudade apertou. Era real! Para quem confiava nas previsões do futuro, elas deixaram de existir. Para quem confiava no poder de suas mãos, elas



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