FOCA#01 2021

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#01 EDIÇÃO

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FORA DE FOCO O avanço da tecnologia trouxe desafios para quem precisa manter o foco PÁGINA 16 E 17

N E S TA E D I Ç ÃO

O HOMEM X A MAQUIAGEM: A VALORIZAÇÃO DO INDIVIDUAL PÁGINA 4 ABRIL AZUL: MÊS DA CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO PÁGINAS 6 E 7 ERA UMA VEZ... UM PAÍS COM CADA VEZ MENOS LEITORES PÁGINAS 10 E 11 A LIVE TA ON: STREAMERS, LIVE-STREAMERS E O ENTRETENIMENTO SEM PAUSA PÁGINAS 20 E 21 ROLEZINHO E PANDEMIA PÁGINA 23 AUMENTO DO PÚBLICO FEMININO NAS ARTES MARCIAIS PÁGINAS 32 E 33.


ÍNDICE

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O HOMEM X A MAQUIAGEM: A VALORIZAÇÃO DO INDIVIDUAL APARÊNCIA E SOCIEDADE

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CORPO IDEAL ‘COLOCADO’ PELA MÍDIA COMPORTAMENTO

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ABRIL AZUL: MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O AUTISMO SAÚDE

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REALITY SHOW É CULTURA? ENTRETENIMENTO

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A BASE DO FUTEBOL FEMININO ESPORTE

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TWITCH: UMA NOVA ‘RELAÇÃO’ COM A INTERNET TECNOLOGIA

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FUTEVÔLEI AO AR LIVRE TEM ASCENSÃO NA PANDEMIA SOCIEDADE

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A IMPORTÂNCIA DE SE EXERCITAR EM TEMPOS DE PANDEMIA CORPO & MENTE

VOCÊ SABE O QUE É   ‘CONSTELAÇÃO FAMILIAR’? COMPORTAMENTO

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ERA UMA VEZ... UM PAÍS COM CADA VEZ MENOS LEITORES LITERATURA

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A LIVE TÁ ON: STREAMERS, LIVE-STREAMERS E O ENTRETENIMENTO SEM PAUSA INTERNET

O CRESCIMENTO E A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE DELIVERY NA PANDEMIA EM MÃOS

DESFOCADOS: QUANTO MAIS INFORMAÇÃO, MENOS ATENÇÃO SOCIEDADE

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AUMENTO DO PÚBLICO FEMININO NAS ARTES MARCIAIS EM SÃO JOSÉ DO CAMPOS ELAS

ROLEZINHO E PANDEMIA SOCIEDADE

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ISOLAMENTO SOCIAL: PANDEMIA E INTERNET SOCIEDADE

PRATICAR CICLISMO TRAZ BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE? DUAS RODAS

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MEU REFLEXO NA TELINHA SOCIEDADE

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RECICLAGEM DE ALUMÍNIO EM PINDAMONHANGABA SOCIEDADE

NOSSOS COLABORADORES

O CICLISMO EM SÃO JOSÉ ESPORTE

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1 - Ana Vitória Caxias 2 - Bárbara Liz 3 - Bruna Caroline 4 - Débora Nobre 5 - Eduardo Marcucci 6 - Emily Siqueira 7 - Guilherme Faleiros 8 - Guillermo Furtado 9 - João Medeiros 10 - Júlia Nascimento 11 - Julie Petri 12 - Karolina Zanusso 13 - Laisa Rodrigues 14 - Maria Luiza Machado 15 - Matheus Correia 16 - Murilo Chagas 17 - Natan Alves 18 - Rafael Lalli 19 - Rodrigo Cabral 20 - Rogério Barbato Filho 21 - Victória Christina 22 - Prof. Fredy Cunha 23 - Prof. Lucaz Mathias

EXPEDIENTE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2020 REITOR Prof. Dr. Milton Beltrame Junior DIRETOR DA FCSAC Prof. Msc. Celso Meneguetti COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE Prof. Esp. Fredy Cunha (Mtb 47292) PROJETO GRÁFICO Prof. Esp. Lucaz Mathias e Alunos do 6º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Profa. Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: fredy.cunha@univap.br.

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EDITORIAL

OS DESAFIOS DO JORNALISMO IMPRESSO POR PROF. FREDY CUNHA

Esta é mais uma edição da revista ‘Foca’ que foi desenvolvida com algumas diferenças impostas por este longo período de pandemia. É mais uma revista que ‘nasceu’ a distância, sem o encontro dos alunos com os professores envolvidos em mais esta edição. Só esta falta do ‘olho no olho’ já é motivo suficiente para uma série de desafios.

CRÔNICA

RESILIÊNCIA POR RAFAEL LALLI

Encontro-me na difícil situação de tentar escrever em um dia de muitas dores e obstáculos aparentemente intransponíveis. Não só em minha vida pessoal, mas em nosso cotidiano como sociedade, vivemos um tempo em que a luz da esperança parece minguar enquanto os desafios se agigantam no caminho, vindo em enormes ondas de sofrimento, medo, impotência e paralisia. Os bons ventos de outrora sumiram, restando-nos mirar o olho da tempestade a nos engolir irrefreável. Mas não tenho opção. Apesar de tudo, devo escrever. Os prazos batem à porta. O tempo urge. A vida moderna não tolera paradas. Vejo-me, então, obrigado a buscar a contemplação do tão necessário silêncio em meio às palavras. E,

Definir pauta, discutir quem serão os entrevistados de cada reportagem, escolher as imagens e finalizar o projeto com a diagramação é sempre muito prático e fluído quando temos a oportunidade de vivenciarmos estes passos juntos. Lado a lado... Com a necessidade do distanciamento, perdemos um dos principais temperos de uma produção jornalística: as trocas. Mas seguimos adiantes e as aulas presenciais saíram temporariamente de cena, para dar lugar aos encontros por meio das tecnologias de comunicação. Os conta-

tos, antes presenciais, passaram a ser pelas telas dos computadores, tablets e celulares. E, com todas essas barreiras, mas com o esforço de boa parte dos envolvidos neste projeto da revista Foca, publicamos uma nova edição. Que a leitura seja agradável, assim como foi agradável ver o desenvolvimento desta nova série de reportagens, apesar da pandemia, apesar do distanciamento entre nós (professores e alunos), apesar dos obstáculos impostos por essa difícil fase que atravessamos. Tenham, todos, uma boa leitura!

de alguma forma, sinto que isso é bom. Sempre fui dado a ceder às paralisias quando elas me engolfavam, e não me lembro de jamais ter encontrado nelas as respostas de que precisava. A solução sempre me veio num momento posterior, quando enfim me movi. Isso não significa dizer, contudo, que devo engolir o choro e seguir em frente, como se a dor não existisse. Afirmá-lo seria inconsequente e cruel. Seria tentar tornar-me insensível e petrificado, pensando paradoxalmente encontrar na falta de sentimento a minha humanidade. Seria esquecer que as rochas mais sólidas racham sob o furor das intempéries; que as árvores mais rijas são arrancadas inteiras no vórtice do furacão. Não. O que sempre me salvou foi o sopro tênue da vida que escalou discreto debaixo do consciente. Foi a resiliência das coisas frágeis: a força dos troncos delgados que se curvam perante o vento, que

se rendem às suas exigências e, na rendição, permanecem intactos; foi a maleabilidade das águas, que se deixam levar pela corrente, encontrando nela o seu vigor. A solução sempre me veio mergulhada em mares de sentimento, na dor que aflora em lágrima e aduba a terra ao cair. Busco tateando no escuro por respostas que talvez não estejam lá. Caminho só numa estrada invisível construída pelo delicado tecido das minhas palavras. Mas caminhar sempre foi construção; sempre foi tatear com os pés, tropeçando e calejando, em busca do chão mais firme; sempre foi o esforço de um corpo que acredita em um destino, mesmo que não o veja no horizonte. Caminhar sempre foi resistir. Para hoje, a minha resiliência será esta: ter a esperança de que as minhas pequenas palavras, nascidas das minhas pequenas dores, possam servir de luzeiro à beira do caminho para outros que passarem por aqui.

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APARÊNCIA E SOCIEDADE

O HOMEM X

A MAQUIAGEM: A VALORIZAÇÃO DO INDIVIDUAL “Não se trata de uma máscara para me esconder, mas sim sobre ressaltar minha força interior”

A maquiagem e seus impactos na ressignificação da identidade masculina POR VICTÓRIA CHRISTINA

O gênero, diante de suas múltiplas interpretações, pode ser entendido como espelho da sociedade, em que regras têm o poder de escolher o que é, o que não é e o que pode vir a ser, baseadas em aprisionamentos à liberdade individual e princípios antigos de vivência. Logo, o que torna e o que exclui um indivíduo de “ser” masculino? Expressão, identidade e arte. Essas são algumas das vertentes nas quais a maquiagem se destaca em meio a diversos grupos na sociedade, ainda que não usufruídas de forma igual entre alguns deles.

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Vinny Pinheiro, maquiador As questões do gênero e a maquiagem são colocadas em pauta a todo o momento em que um homem se utiliza desses produtos. “O preconceito vem atrelado diretamente a lidar com o mundo da beleza”, diz Vinny Pinheiro, maquiador profissional, de Macaé (RJ). Para Vinny, trabalhar com maquiagem é uma desconstrução diária, tanto dele como também de seus clientes. “Todos nós acabamos julgando uns aos outros, mesmo que involuntariamente. E eu, francamente, ainda não me vejo livre disso”, afirmou. A maquiagem tem o poder de criar possibilidades, de acordo com o humor e energia de quem a usa. Gilberto Alves, um dos fundadores do Acto Comunidade, escola de atores do município de Macaé, no interior do estado do Rio de Janeiro, tem o prestígio de viver isso na pele quando entra em palco.

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“Nas peças teatrais, a maquiagem é um recurso importante para a caracterização da linha do tempo. Não existe maquiagem certa para homens e mulheres. Ela é complemento da expressão de cada personagem”, alegou o ator. Seja por vaidade ou arte, é notório que a configuração da estrutura social vem sofrendo mudanças, e a aproximação do homem à descoberta da ressignificação da própria identidade é uma delas. A masculinidade e a feminilidade não são extremos opostos, sendo a maquiagem um dos agentes que exemplifica todo esse fato. A identidade é fruto do que é essencial e confortável para cada indivíduo, e esse é um dos conceitos que mais faz sentido na vida de Vinny. “Você pode ser quem quiser, quando quiser. É sobre alegria e confiança para apenas ser, sem medo”.


COMPORTAMENTO

corpo ideal

‘COLOCADO’ PELA MÍDIA

A cobrança imposta pelas telas pode acabar com o melhor cartão de visita da mulher: seu corpo

POR ANA VITÓRIA CAXIAS

Há tempos, padrões de beleza mexem com a cabeça e o imaginário popular. Mulheres do mundo todo lotam academias e entram em dietas mirabolantes todos os dias buscando o tal do corpo ideal. Porém, qual seria o corpo ideal? A modelo Plus Size joseense, Débora Fernandes, diz que o corpo perfeito é aquele amado, cuidado e respeitado. “Crescemos sendo bombardeados por imagens dizendo que nosso corpo é errado. Mas é preciso desconstruir os padrões e entender que cada pessoa é única, que um corpo perfeito vai muito além da estética”. Débora finaliza dizendo que “o segredo é se olhar com carinho, reconhecer seu valor, fazer coisas que ama, estar na presença de pessoas positivas, parar de se cobrar e não se comparar”. A imposição de padrões de beleza pela sociedade é reforçada pela mídia são, fatores determinantes para o crescimento de práticas inadequadas para a redução do peso. Na internet, é possível encontrar diversas dietas restritivas, mas não existe mágica. O ideal é uma mudança de hábitos com orientação. Infelizmente, a mídia é, por muitas vezes, ingrata e cruel. Nas telas, corpos perfeitos mostram uma estrutura física de uma mu-

lher maravilhosa que nos dá a entender que qualquer padrão fora daquele perfil ficará longe dos padrões de beleza. A psicóloga comportamental Renata Bueno, de São José dos Campos, discorda e diz que ‘a mulher perfeita é um mito, pois cuidar muito da beleza deixa algumas mulheres escravas de padrões e, isso, só pode acabar quando você pratica a autoconfiança e o amor-próprio’. “Isso é o mais importante para uma mulher do que corpo ideal”. Ela ainda destaca que os padrões estão ficando cada vez menos estigmatizados. O universo do padrão da mulher está mudado com aceitação de tudo e de todos. A psicóloga Renata Bueno e a modelo Plus Size Débora Fernandes decidiram deixar uma dica para todas as mulheres que vão ler esta reportagem. “Tire da cabeça que preto e cores escuras emagrecem, o que emagrece mesmo é uma autoestima elevada e o seu autocuidado. Ame-se, cuide-se e seja feliz”.

UMA PESQUISA FEITA PELO ‘MOVIMENTO CORPO LIVRE’ (SITE QUE TRATA DESTA QUESTÃO) MOSTROU QUE 96% DAS MULHERES ESTÃO INFELIZES COM SEU PRÓPRIO CORPO.

“Um corpo perfeito é um corpo livre, saudável, que te ajuda a realizar seus sonhos e te leva a jornadas extraordinárias. A felicidade pessoal está em se sentir bem com você mesma, independentemente do formato ou tamanho do corpo” Débora Fernandes, modelo.

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abril SAÚDE

MÊS DE CONSCIENTIZAÇ

Uma em cada 160 crianças é autista POR JÚLIA NASCIMENTO

O mês de abril é dedicado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, e sua cor é o azul. A ONU (Organização das Nações Unidas), escolheu em 2007, o dia 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, e o mês todo é voltado para a causa, visando mobilizar a sociedade sobre o tema. Muitos caracterizam os autistas como aqueles que vivem em seus respectivos mundos, com estereotipias se-

VOCÊ SABE POR QUE A COR DO MÊS É AZUL? Não... Então vem que te conto essa curiosidade. O Autismo atinge mais os meninos do que as meninas, numa proporção de 4:1, fato esse que a ciência ainda não consegue explicar.

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veras e que não falam. Mas não é assim, existindo vários graus e condições. Diferentemente do que muitos pensam, autismo não é uma doença, portanto não tem cura. É uma neuro diversidade, podendo afetar a comunicação, comportamento ou interação social.

SINAIS Os sinais apresentados variam de criança para criança. Os mais comuns são dificuldade de comunicação e de interação social, não olhar nos olhos, dificuldade de expressar sentimentos e usar a imaginação. Andam nas pontas dos pés, algumas estereotipias, dentre outros. GRAUS O autismo pode ser divido em três graus: leve, moderado e severo. O leve é conhecido também como autismo de alto funcionamento, quando se consegue viver e trabalhar normalmente, dentro das suas limitações. O moderado é quando o portador necessita de alguma assistência, mas pode ter algum tipo de independência também. E o autismo de baixo funcionamento é o mais severo, pois os portadores necessitam de assistência no

dia a dia, em tarefas consideradas simples.

TRATAMENTO Quanto mais cedo os pais ou responsáveis atentarem-se aos sinais, melhor será o seu desenvolvimento tornando-se adultos independentes. O ideal é que seja descoberto até os dois anos, dando início ao acompanhamento, que pode ser com psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo e, em casos mais severos, que necessitem de algum medicamento, passam por neurologista e psiquiatra, fechando assim um diagnóstico. CAUSAS As causas ainda são desconhecidas, mas acredita-se que seja de origem genética. Porém, é fato que famílias com um filho autista têm mais chances de ter outro filho com o TEA. Os pesquisadores da área trabalham, ainda, com causas ambientais, como possíveis complicações no parto ou uso de medicamentos durante a gravidez. Conversamos com Hilda Nascimento, 46, de São Sebastião, mãe de uma criança autista de 7 anos, caso leve, mais conhecido como Asperger. Ela desco-


azul:

ÇÃO SOBRE O AUTISMO briu os sinais quando ele tinha 3 aninhos e, até hoje, continua com os acompanhamentos. Ela nos contou um pouco como foi a descoberta e a importância de ter o diagnóstico cedo e como ele evoluiu. Disse-nos, ainda, que não conhecia muito sobre o TEA. Confira a entrevista: Como foi a descoberta do diagnóstico? Meu marido e eu o levamos à fonoaudióloga, pois ele não comia nada sólido e diferente. Apenas comida feita em casa e amassada. Após a primeira consulta, ela reparou alguns comportamentos diferentes, como fala em terceira pessoa, andar na ponta dos pés e dificuldade de entender em um diálogo ‘o quê, quando e onde’. Características do autismo, que eu desconhecia. Ela nos indicou uma psicóloga infantil especializada no TEA, a partir daí nossa vida mudou. Como você vê a importância de ter descoberto cedo, e sua evolução? Depois que descobrimos, iniciamos as terapias, com psicóloga, psicopedagoga e duas fonoaudiólogas – uma especializada em dessensibilização do paladar e outra ajudando em sua comunicação. Ele evoluiu muito, é outra

O AUTISMO PODE SER RECONHECIDO POR ALGUNS SÍMBOLOS. Você sabe quais são e seus significados? Veja a seguir: O quebra cabeça colorido é o mais conhecido. Ele representa a complexidade do transtorno e suas dificuldades de compreensão. Foi usado pela primeira vez em 1963 e popularizado pela entidade norte-americana Autism Speaks. A fita de conscientização leva o quebra cabeça colorido como desenho principal. Foi adotada pela primeira vez em 1999 e é um sinal universal da conscientização do autismo. Suas peças de diferentes cores mostram a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o TEA. Você pode reconhecê-la em vários pontos da cidade, como em vagas especiais e placas de fila preferencial. Já o logotipo da neurodiversidade é caracterizado pelo símbolo infinito e carrega as cores do arco-íris. Ele foi colocado como uma alternativa do quebra cabeça, celebrando a diversidade de expressões dentro do espectro.

criança desde que começou os tratamentos. Por isso a importância do diagnóstico cedo. Nós queremos que ele se desenvolva e que seja independente no futuro, podendo estudar e trabalhar, e estamos vendo que ele está no caminho certo. Se não tivéssemos levado cedo, talvez hoje ele não seria assim tão desenvolvido. ARTE De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o TEA atinge uma a cada 160 crianças. No Brasil, estima-se que tenha mais de 2 milhões de autistas.

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ENTRETENIMENTO

REALITY SHOW As polêmicas envolvendo a atual edição do Big Brother Brasil acendem a discussão a respeito desse tipo de entretenimento ser ou não um objeto cultural e social

POR JULIE PETRI

A exibição da temporada 2021 do Big Brother Brasil tem gerado diversas polêmicas, especialmente nas redes sociais. O país todo parece estar acompanhando os desdobramentos do programa, mas há quem critique essa repercussão, afirmando que reality shows são “coisa de gente alienada e sem cultura”. Enquanto isso, alguns telespectadores defendem que esse tipo de entretenimento pode servir como objeto de reflexão cultural e social. A professora Lúcia Magalhães, de 55 anos, de São José dos Campos, faz parte do time de pessoas que prefere não assistir a programas como o Big Brother. “É um programa que usa de manobras para iludir os espectadores”, afirma a professora. “Dentro da casa, eles usam muito palavreado de MÉDIA

32pts

30pts

54%

53%

DE MÉDIA

PARTICIPAÇÃO RIO DE JANEIRO

DE

PARTICIPAÇÃO SÃO PAULO

BIG DOS BIGS A 21° edição do BBB já

bateu recordes de audiência: Fonte: dados do Observatório da TV, referentes a semanas do mês de março

baixo calão, exibição de corpos. Colocam alguns problemas da sociedade induzindo o povo a acreditar na apresentação deles”, conclui. A alienação costuma ser apontada como um dos males dos reality shows. “Programas como esses não agregam em nada para o ser humano”, diz Lúcia. E finaliza: “Só deixam as pessoas com o cérebro parado, sem ver os assuntos reais que precisam de seus argumentos”. UM OUTRO PONTO DE VISTA Nas redes sociais, reality shows costumam gerar discussões que vão desde assuntos simples, como hábitos de higiene, até questões mais complexas, como feminismo, bullying e racismo. A manicure Lívia Faria, de 19 anos, de São José, já assistiu a alguns realities como ‘De Férias Com o Ex’, ‘Casamento às Cegas’ e ‘The Circle’, mas, atualmente, acompanha apenas o Big Brother Brasil. Ela até faz


W É cultura? parte de um grupo no WhatsApp para conversar sobre os assuntos que têm surgido nessa edição. Para a jovem, o que geralmente a faz querer acompanhar esse tipo de programa é saber o que vai acontecer no final. Mas o interesse vai muito além disso. “Reality shows agregam o conhecimento de como as pessoas se comportam em ambientes extremos, com a comida reduzida, falta de qualidade de sono, sem privacidade e vulneráveis ao julgamento do público”, afirma Lívia. A respeito daqueles que tecem críticas aos telespectadores de reality shows, a manicure acredita que tudo é cultura, independentemente se aquilo é bom ou não aos olhos de alguém. Além disso, para ela, as pessoas são livres para escolher o que querem assistir. “Se a pessoa não gosta de reality show, é só ignorar e ir atrás do que ela gosta de ver ao invés de se incomodar com o que os outros estão assistindo”, conclui. CÂMERAS APONTADAS PARA A SOCIEDADE No que diz respeito a um reality poder ou não servir como objeto de reflexão social e cultural, o sociólogo e escritor Francisco Ramires, 46 anos, de São José, afirma que existem pelo menos duas possibilidades de resposta. “A primeira, como produto cultural: o reality show assume a mes-

ma condição que um romance, uma peça teatral, pintura, escultura, música, etc. Trata-se de uma criação cultural e, como tal, tem marcas sociais de seu tempo”, explica. A outra possibilidade se refere a como as pessoas podem refletir sobre o programa no dia a dia. “Se um produto assim chama a atenção de milhões de pessoas, isso diz algo sobre essas pessoas, sobre a sociedade da qual elas fazem parte”, diz Francisco. “Assim, o interesse pelo programa é o interesse sobre nós mesmos, nossas vidas”, finaliza. Para o sociólogo, é importante pensar que gosto deve ser discutido, pois ele pode ser explicado em função de dinâmicas sociais e da formação do indivíduo. A respeito da alienação, Francisco afirma que o reality é sim uma expressão disso. “É uma forma de ópio e, aqui, quero chamar a atenção para uma pergunta feita por um antropólogo chamado Duglas Teixeira Monteiro: ‘na história, que sociedade não precisou de ópio, em suas mais variadas formas?’”, finaliza o escritor, propondo o questionamento. Apesar da polêmica, é evidente que, vivendo em sociedade, você, eventualmente, fica sabendo dos desdobramentos de realities como o Big Brother

Brasil. Afinal, na TV, nas redes sociais e até na fila do banco eles são pauta e rendem assuntos diversos entre as pessoas. E não tem jeito: não tem como julgar, sem antes assistir, para tirar conclusões.

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LITERATURA

Pesquisa brasileira revela que o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019

ERA UMA VEZ... UM PAÍS COM CADA VEZ MENOS LEITORES

POR MARIA LUIZA MACHADO

Quando paramos para pensar nos nomes da literatura nacional e internacional, nossa mente viaja pelos títulos clássicos, contemporâneos e até mesmo infantis. Lembramos de escritores que fizeram parte de diferentes momentos da nossa vida e que preencheram nossas memórias com grandes histórias. Machado de Assis, Jane Austen, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, J.K. Rowling, Paula Pimenta, Paulo Coelho, George Orwell, Thalita Rebouças, Maurício de Sousa, Antoine de Saint-Exupéry... A variação de títulos, gêneros e nacionalidades é infinita. Podemos dizer que existem diferentes tipos de história, para diferentes tipos de público.

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Então, por que motivo, mesmo existindo uma infinidade incalculável de narrativas, o brasileiro continua tendo uma média de leitura tão baixa? Segundo os dados da 5ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, realizada pelo Instituto Pró-Livro, o nosso país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores entre 2015 e 2019. Tendo as maiores quedas de percentual observadas nos perfis mais ricos e escolarizados da nossa sociedade. Porém, entre os entrevistados, 4% alegaram não saber ler, 13% disseram não ter concentração suficiente para manter um hábito de leitura e 9% simplesmente não compreendem o que está sendo lido. O professor de literatura Willian Otegui, de Recife, diz que para esse quadro ser revertido a mudança precisa acontecer não

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apenas na base da alfabetização infantil, mas precisa, também, se estender para a escolarização de jovens e adultos. “Primeiro, precisamos lidar com a realidade da alfabetização dos brasileiros. Ainda temos uma parcela da população que não sabe ler nem escrever, cerca de 11 milhões. Somando-se a esses, temos os analfabetos funcionais que são um grupo ainda maior. Sem erradicação desses índices com investimentos na educação de jovens e adultos não é possível criar um sólido mercado consumidor de literatura.” CINCO POR ANO Segundo a pesquisa, a média de leitura dos brasileiros é de cinco livros por ano, sendo que apenas 2,5 foram lidos até o final. Para fins de comparação, a média da população francesa é


de 21 livros por ano. Esses dados foram divulgados em 2019 pelo Centro Nacional do Livro (CNL). Para a leitora Nivia Araújo, 20 anos, de São José dos Campos, esse baixo nível de leitores no Brasil também é ocasionado devido à realidade trabalhadora do país. “Uma pessoa que sabe ler, mas é de uma classe social mais baixa, que trabalha em dois empregos para manter a família, vai chegar em casa e querer descansar ou descontrair com TV, filmes, etc... Algo que não demande um nível de concentração que vai cansá-lo mais!” REDES SOCIAIS A coordenadora da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, Zoara Failla, em uma entrevista para o portal Agên-

cia do Brasil, complementa as alegações de Nivia dizendo que a maior razão para o brasileiro não possuir um hábito de leitura maior são as redes sociais. “As pessoas estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais. A gente nota que a principal dificuldade apontada é o tempo para leitura e o tempo que sobra está sendo usado nas redes sociais.” Jonathan Moreno, 21, de Jambeiro, não é considerado um leitor pelo Instituto Pró-Livro. Segundo a organização, esse título só pode ser dado a pessoas que leram ao menos um livro completo dentro dos últimos três meses. Quando questionado sobre sua falta de hábito de leitura, Jonathan disse que por falta de

tempo não consegue manter essa rotina, e que quando chega do trabalho está muito cansado para fazer uma atividade que exige tanto a nossa concentração. “Nunca tive o hábito de leitura. E, hoje, trabalhando oito horas por dia com coisas que exigem 100% da minha concentração fica difícil construí-lo. Quando chego em casa, quero relaxar, ficar nas redes sociais, jogar um jogo ou simplesmente dormir.” O baixo nível de leitura diz muito mais sobre uma nação do que as pessoas imaginam. O gosto por essa atividade é sinônimo de um sistema educacional que enxerga a todos, e não apenas os com maior poder aquisitivo. Quer dizer que a população pode se desligar sem nenhum problema e consegue apreciar a arte escrita de forma agradável.

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ESPORTE

A BASE DO

futebol fe POR LAISA RODRIGUES

Sem outros caminhos, muitas meninas que sonham em ser jogadoras de futebol começam a jogar com meninos. Pâmela Dutra, 24 anos, jogadora do Napoli-SC, partilha dessa história. Na primeira escolinha onde treinou, em Jacareí, se deparava com os pais dos garotos, que demonstravam certo preconceito através do descontentamento machista. “Eles não gostavam de ver os filhos deles perderem a posição para uma menina”. Aos 14 anos, Pâmela encontrou oportunidade na base do São José, time que a formou como atleta. Apesar de sempre ter sonhado em ser jogadora, foi no time joseense onde enxergou, pela primeira vez, formas de concretizar esse desejo. “Foi

como um gatilho, né?! Foi quando eu vi que tudo aquilo podia ser real”. Amanda Vital, que tem 15 anos e joga pelo sub-15 do Centro Olímpico, de São Paulo, também conta que, antes da base, não imaginava a possibilidade de jogar profissionalmente, mas agora sonha com a profissão. “Desde que eu entrei no Centro Olímpico, tudo o que eu quero é ser jogadora de futebol”.

O PAPEL DA CATEGORIA DE BASE Com olhar de quem joga profissionalmente, Pâmela conta que é fácil notar quando a atleta passou por um bom time de base. “A leitura de jogo, a visão, a técnica e até a parte cognitiva. A menina chega preparada para treinos

PÂMELA: Quando eu era menor, quando estava na escola, muitas vezes, na aula de educação física eu era questionada sobre jogar futebol, se eu realmente sabia jogar. Todas as vezes que eu chegava para jogar bola com os meninos, era um fato ser escolhida por último, porque não acreditavam que eu sabia jogar. As comparações existem, principalmente com o futebol masculino. E isso nos atrapalha, né? Ninguém gosta de ser comparada. Todos os dias, nós sabemos que temos que acordar e provar, sempre, que somos capazes. Capazes de sermos mulheres, de sermos atletas, de sermos jogadoras de futebol.

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mais intensos. [A diferença] É completamente notável”. As duas jogadoras destacam a formação psicológica, além da questão física. Enquanto a atleta do Napoli fala sobre confiança, capacidade e disposição para entender o futebol com mais frieza, Amanda fala sobre os recursos que adquire atualmente na base. “Eu sei que as meninas que não tiveram uma base vão ter problemas. Inseguranças, por exemplo. É claro que eu também vou ter, mas vou saber lidar melhor”. Pâmela ainda fala sobre a importância da base para a definição da posição da jogadora. “A maioria começa a jogar como atacante. Depois, o treinador, com a experiência dele, vai identificando as características, até de personalidade mesmo, para definir a posição”.

A FALTA DE INVESTIMENTO NA BASE FEMININA Muitas dificuldades seriam resolvidas se houvesse mais investimento na categoria. Enquanto times do interior enfrentam dificuldades financeiras, times de referência no futebol masculino flertam com o descaso à modalidade. Amanda fala sobre a ausência da base nesses times: “não dá pra


A categoria feminina caminha a passos lentos. A base, esperança da modalidade, ainda enfrenta desafios como a falta de investimento

feminino você ter um São Paulo, um Corinthians, Santos e Palmeiras sem categorias de base feminina. Como fazer uma competição sem esses times? Não faz nenhum sentido”. A falta de gestão com visões de investimento em longo prazo culminam na falta de oportunidades para meninas que poderiam ser o futuro do futebol feminino nacional. Falta, também, uma atitude de impulso da Confederação Brasileira de Futebol para com os times. “O que a CBF está oferecendo para que os times vejam vantagem em investir na base? Por que não tem mais competições nacionais e estaduais?”, questiona Pâmela. Amanda também destaca a falta de iniciativa. “Falta um ‘pô, vamos começar um [sub] 15’. É só ver que vai dar certo, vai dar resultado. E quanto mais fizerem, mais meninas vão querer jogar bola. A CBF podia fazer uma seleção sub15. Só tem sub-17. Se tivesse uma sub-15, os times iam ter mais interesse de fazer”. Em cidades interioranas, como São José dos Campos, existem programas e ações sociais da prefeitura que impulsionam diversas modalidades esportivas. É o caso do programa Atleta Cidadão, que alimenta o clube que formou

Pâmela. Para ela, ter um retorno sobre o trabalho feito é importante para fomentar o interesse na criação de mais times. “A prefeitura vê resultado em formar atletas porque, assim, ela também forma cidadãos”.

FUTURO DO ESPORTE O futebol feminino, ainda hoje, encara as mazelas do desprezo e da ignorância. A modalidade, que chegou a ser proibida por lei no país do futebol, ainda corre atrás de um atraso histórico, e é a base o solo fértil para o cultivo das próximas gerações de jogadoras. “A gente vê muitas pessoas apaixonadas pela modalidade. Falta profissionalismo, falta gestão, investimento...nNão tem como pensar que a base não tem a ver com o futebol feminino. A base é o futuro e, se não investem na base, não investem no futebol feminino”, conclui Pâmela.

“Quando você não tem uma base, [no profissional] você vai errar muito mais porque não errou antes” Amanda Vital, que joga no sub-15 do Centro Olímpico

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TECNOLOGIA INTERNET

UMA NOVA ‘RELAÇÃO’ NA INTERNET

A plataforma é um dos sites mais acessados do mundo, ganhando um novo significado e se tornando muito mais que um serviço de streaming POR MATHEUS CORREIA

Alexandre Borba, mais conhecido como “gaules”

Em meio ao intenso e notável crescimento das redes sociais em tempos recentes, é evidente o surgimento de diversas plataformas que buscam inovar e trazer algo de diferente para seus usuários. Criada pelo americano Justin Kan em 2005, a Twitch é uma destas redes que se popularizaram na internet, tornando-se um dos sites

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mais acessados do mundo no ano de 2021. A ideia da plataforma é simples, mas muito bem executada: um local em que as pessoas fazem transmissões ao vivo de variados conteúdos e interagem com o público através do chat. A Twitch, inicialmente tinha foco no streaming de jogos eletrônicos e campeonatos de eSports. Jogos como CS:GO, League of Legends, e Fortnite ganharam grande destaque por conta da plataforma, e também trouxeram muitos usuários a ela. A popularidade do site pode ser destacada pela grande quantidade de espectadores simultâneos: o brasileiro Alexandre Borba Chiqueta, conhecido como “Gaules”, conquistou 300 mil viewers ao transmitir a decisão da BLAST Premier Spring norte-americana de Counter-Strike: Global Offensive. O uso da Twitch para entretenimento pode ser visto como algo parecido com o uso do Youtube. Há um catálogo enorme para escolha do usuário, desde jogos online a jogos focados em história, streams de “Apenas Conversa”, arte, música, e diversas outras categorias. Mas parece que esta proximidade com o streamer e com o próprio público é aquilo que cativou e fidelizou as pessoas à plataforma. O estudante João Paulo dos Santos, 21 anos, de São José, é frequentador das streams

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Live do jogador Neymar Jr.

do canal “Casimito”, no qual também utiliza o serviço de inscrição. Ao ser perguntado sobre sua relação com a Twitch no geral, João Paulo afirmou: “para mim, a Twitch é muito mais interativa que o Youtube, e por isso prefiro ela. As streams geralmente são diárias, enquanto no Youtube, alguns canais demoram muito para postar vídeos.” Além disso, foi possível observar artistas e celebridades de outros meios que migraram mesmo que forma “parcial” para a plataforma durante a quarentena, nomes da música, como o rappern Marcelo D2, a cantora Pitty, e nomes do esporte, como Neymar Jr. A plataforma ultrapassou a barreira de uma comunidade fechada e se tornou um palco para divulgações, podcasts, eventos musicais como shows e até mesmo eventos esportivos, como transmissões de partidas de futebol.


EM MÃOS

O CRESCIMENTO E A IMPORTÂNCIA DOS SERVIÇOS DE DELIVERY NA PANDEMIA Em meio a um ano pandêmico, os serviços de entrega tornaramse quase indispensáveis para a população POR MURILO CHAGAS

Em 2020, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) fez com que muitas áreas funcionassem de maneira diferente. O distanciamento social foi uma das medidas adotadas para tentar conter o contágio pelo vírus. Com isso, muitos restaurantes, bares e lanchonetes precisaram diminuir a capacidade de atendimento presencial, o que afetou drasticamente o faturamento dos estabelecimentos. A impossibilidade de receber os clientes, no entanto, fez crescer de forma considerável o mercado de delivery. Para Gutemberg Oliveira, um dos proprietários da Padaria Elite em São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo, apesar do serviço de

delivery sempre ter sido bastante ativo, nesse momento delicado em que o atendimento presencial está bastante limitado, acabou se tornando o “carro-chefe”. Ele conta, também, que devido ao aumento significativo no ano passado, houve a necessidade da contratação de mais entregadores. Atualmente, a padaria conta com sete motoboys. Vinicius Pires trabalha como motoboy em São Sebastião. Ele diz que, apesar da alta demanda, esse aumento nas entregas favorece bastante a sua renda no final do dia, mas alerta sobre os cuidados necessários para se proteger do vírus. “Além da máscara, é importante higienizar sempre as mãos e, principalmente, a máquina de cartão, sabendo que muitas pessoas terão contato com ela”. Ele também diz que uma ideia interessante é sempre cobrir a máquina com papel filme, para que não haja contato direto com o aparelho, e ir sempre trocando essa proteção. “Isso diminui as chances de a gente e, também, do próprio cliente se contaminar”, completou. Com o crescimento acelerado nos últimos meses, com certeza o delivery foi e continua

sendo um dos grandes aliados da população nesse momento. Além de ferramenta aos que estão isolados em casa, tornou-se uma forma de gerar renda para restaurantes e entregadores. Com isso, até mesmo com o fim gradativo da pandemia, possivelmente esse mercado continuará a crescer cada vez mais futuramente.

“A pandemia ajudou, mais que qualquer outra coisa, a ‘catequizar’ o hábito. As pessoas tinham na cabeça que o delivery era uma ocasião especial, mas durante a quarentena isso virou rotina, necessidade, virou serviço. Hoje, tem gente que pede pão pelo iFood” Felipe Crull, executivo da plataforma iFood, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo

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SOCIEDADE

POR EDUARDO MARCUCCI

Prestar atenção por muito tempo em apenas uma coisa é cada vez mais difícil. A todo instante, somos interrompidos por notificações, alertas de emails ou caímos em uma cascata de links que tiram o foco da atividade que estamos realizando. Fazer mais de uma coisa, simultaneamente, tornou-se bastante comum, até mesmo durante o lazer. Surfar por múltiplas telas é algo que faz parte do dia a dia: assistir à TV

enquanto mexe no celular, dar

ve uma quantidade imensa de

aquela espiada nas redes sociais enquanto espera o computador iniciar ou trocar mensagens enquanto assiste às aulas EAD são bons exemplos disso. Porém, essa quantidade de estímulos acaba sendo prejudicial para o nosso cérebro, causando estresse e afetando a nossa capacidade de foco e de memória. Segundo a psicóloga Nádia Marcucci, de Florianópolis, a chave do problema é a capacidade de processamento do nosso cérebro. “Ele absor-

informação, mas é necessária uma seleção do que focar para ser retido e memorizado”. MENOS ATENTOS QUE UM PEIXINHO-DOURADO Essa dificuldade em focar parece estar ligada ao avanço da tecnologia e a propagação das informações. É o que diz um estudo feito pela Microsoft, que avaliou a capacidade de concentração: em 2000, a atenção média de uma pessoa era de 12 segundos; em 2013, esse valor passou para 8 segundos. Um peixinho-dourado mantém seu foco por 9 segundos. Segundo o artigo “Como a Internet Sabota a Sua Concentração e o que Fazer a Respeito”, a internet é um ambiente convidativo para a distração, com páginas e elementos concebidos para manter o usuário navegando indefinidamente, aba após aba. Isso força o cérebro a entrar num modo multitarefas, ou seja, fazer várias coisas ao mesmo tempo e não prestar muita atenção em nenhuma delas. Aliado a isso, existe a dificuldade de se manter desconectado. “Tornou-se um hábito rolar o feed das redes (sociais) nos momentos de intervalo e de descanso, mas ao invés de descansar, isso leva a uma sobrecarga


O avanço da tecnologia trouxe desafios para quem precisa manter o foco no cérebro”, conta a psicóloga. Assim, cria-se um paradoxo: a informação é o que constrói o conhecimento e desenvolve a inteligência, mas o fluxo constante e cada vez mais rápido dela causa a exaustão do cérebro, trazendo danos para o intelecto. Como consequência, temos uma sociedade hiperconectada e superinformada, mas bastante estressada, ansiosa e desfocada. FOCO A DISTÂNCIA Isso tem repercussões palpáveis no cenário atual em que vivemos. Com as atividades sendo realizadas a distância, estudantes e trabalhadores precisaram encontrar formas de reforçar a disciplina para resistir às distrações do ambiente doméstico. “O ambiente doméstico tira a ‘seriedade’ da coisa. É bem fácil se distrair”, diz o estudante Davi Machado, 22 anos, de São José dos Campos. Para ele, o maior causador de distrações é o celular e suas notificações, o que acaba por levá-lo a se perder nas redes sociais. “Às vezes, eu deixo o celular longe do meu campo de visão pra me concentrar por mais tempo”. No caso do mestrando Giulio Mendes, ficar com o celular longe o distrai mais. “Por vezes, deixo-o ao meu lado, porque saber que não tem nenhuma notificação/chama-

TÉCNICA DE POMODORO

Esse método é bastante fácil e serve para realizar qualquer atividade que precise de mais que alguns minutos de concentração. O princípio é básico: você intercala o tempo em atividade com breves pausas, e segue assim até terminar a tarefa. O tempo clássico é se empenhar por 25 minutos, sem nenhuma distração, e depois descansar por 5; isso conta como um pomodoro. Ao completar 4 ciclos, tire uma pausa maior, de 20 a 30 minutos. Você pode customizar isso de acordo com a sua necessidade, mas nunca tire pausas maiores que 10 minutos, a não ser depois de ter terminado o ciclo de pomodoros.

da me distrai menos do que ficar pensando que pode ter chegado alguma coisa”. Em momentos em que ele precisa de mais concentração, sua técnica é usar uma playlist. “É meio que um ritual, aí o cérebro já sabe que está na hora de focar”, explica Giulio. Para Brenda Rodrigues, estudante de Direito que tem TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), a maior dificuldade está em manter o foco nos estudos. “Agora a faculdade veio pra dentro de casa, então as coisas que estão em casa continuam acontecendo e me tiram o foco”. Para não se perder nos afazeres do dia, Brenda costuma listar as tarefas e estipular horários para fazê-las.

COMO MELHORAR A CONCENTRAÇÃO? Segundo a psicóloga Nádia, é importante focar em uma tarefa por vez e eliminar as distrações. No caso do EAD ou home office, é fundamental exercitar a disciplina, estabelecer regras claras entre os membros da família/conviventes e preparar um espaço adequado para as atividades, dentro das possibilidades de cada um. Quanto ao celular, ela é clara. “Configurar as notificações pra não ser interrompido a todo o momento com coisas pouco importantes seria fundamental pra todos. Inclusive controlar o tempo de uso de aparelhos eletrônicos e redes sociais”, conclui Nádia.

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DIVERSIDADE

MEU REFLEXO POR BÁRBARA LIZ DIAGRAMAÇÃO KAROLINA ZANUSSO

A presença da diversidade nos conteúdos e ambientes de trabalho da maior plataforma de streaming do mundo, e sua repercussão social.

Após uma situação complicada com um alto executivo envolvido em um caso de racismo no ano de 2018, a Netflix centrou seus esforços em evoluir um trabalho idealizado ainda em 2017: o objetivo do projeto em questão era aumentar a representatividade em todos as vertentes possíveis, não somente no seu conteúdo, mas também na sua força de trabalho atuando por trás das câmeras. No início de 2021, o primeiro relatório com os resultados dessa análise foi divulgado à imprensa. Nele, identificou-se que as ações de inclusão reverberaram principalmente no crescimento com relação ao gênero. Em todo o mundo, 47,1% da força de trabalho da Netflix é feminina, incluindo cargos de liderança. Em 2017, as mulheres representavam somente 40% dos colaboradores. Além disso, na sede estadunidense da empresa,

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46,4% da força de trabalho local conta com funcionários de uma ou mais raças e/ou etnias que têm

de cinco anos na área de RH. Em seu emprego atual, está envolvida com a experiência do candidato. Ela aponta que em seu papel, tem

pouca representatividade, incluina oportunidade de ser influente de do comunidades negras, latinas, maneira positiva, acessar seus seindígenas, asiáticas, do Oriente melhantes de forma que se sintam Médio e das Ilhas do Pacífico. representados, mas principalA Netflix pontuou que essas mente, para que se sintam únicos, iniciativas são o começo de uma não sendo somente mais um nújornada que premero dentro do tende agilizar recrutamento da as mudanças na corporação. indústria do enA profissiotretenimento e, nal de recursos por consequênhumanos critica cia, na realidade propostas vazias de quem a conde empresas que some. apenas desejam A Procura da crescer em cima Representativida diversidade. dade Mas explica, que Além da giainda assim, é gante do serviço uma cobrança te l ev i s io n ad o do mercado que de streaming, essas instituinome de quem falou ficou visível nos ções estudem de últimos três anos, a quantidade forma efetiva projetos inclusivos: de instituições e marcas que abra“Diversidade importa! Impacta çaram as causas minoritárias, e diretamente no negócio e traz passaram a estudar essas pautas resultados em sua performance. sociais. Procurando mais do que Quando as empresas começaram compreender seu papel nessas a entender isso, procuraram atrair narrativas, essas empresas tampessoas diversas, que não estavam bém buscam apontar aos seus diem peso no mercado”. versos clientes que eles possuem O importante a ser consideravoz dentro de seu negócio. Porém, do ao citar essas buscas, é que elas até que ponto essas vozes são escufuncionam em uma via de mão tadas? dupla, como comenta Juliana: Juliana Alves, 30 anos, de São “Na caça aos talentos, os talentos Paulo, é graduada em ciências também caçam locais que os resociais pela USP e atua há mais presentem. Eles procuram saber

Na caça aos talentos, os talentos também caçam locais que os representem. Eles procuram saber quais são as demandas que cada empresa possui para trabalhar a inclusão.

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O NA TELINHA quais são as demandas que cada empresa possui para trabalhar a inclusão”. A Quebra dos Padrões A busca por pessoas fora do padrão midiático envolve mais do que o funcionamento interno da empresa. Pessoas diversas têm histórias e pontos de vista diversos, o que impacta diretamente nas escolhas feitas pelos serviços audiovisuais. Elas entregam aquilo que impacta a vida delas, e que por consequência as representa, e a outros indivíduos com realidades semelhantes. “Um time de inclusão e diversidade que olha tanto para dentro da corporação, quanto para fora, dá liberdade para uma criação variada, mas que acompanha as necessidades da sociedade.”, explica Juliana. Dessa forma, quando empresas como a Netflix se prontificam a contar histórias do mundo, para o mundo, elas criam reflexos e repercussões reais. Pensando ainda nos efeitos dentro do próprio local de trabalho, essa representatividade também cria um ambiente mais saudável e mais igualitário, onde a criatividade de uma equipe pode atingir mais pessoas. Futuro da Diversidade Considerando os atuais impactos dessas iniciativas e estudos, é importante o questionamento de: “será que haverá um momento para pararmos de nos preocupar com a diversidade nas telas e nos espaços de trabalho?”. Juliana

aponta que não. “A propagação e absorção da diversidade nos discursos sociais é um caminho longo e com muitas dificuldades. Não é uma linha de chegada para se alcançar, e sim uma caminhada constante e contínua. As noções de representatividade e os diferentes grupos que cerceiam a sociedade, estão sempre mudando. O principal ao inserir em seus ideais o valor de ser uma empresa, ou mesmo uma pessoa interessada na inclusão, é criar um espaço seguro para que toda e qualquer forma de existência possa vivenciar cada detalhe de sua diversidade e representar a sua própria trajetória para o mundo.”

Em uma pesquisa com usuários de streaming, 100% DOS ENTREVISTADOS apontam que consideram o audiovisual um vetor para projetos de inclusão e que iniciativas inclusórias são necessárias no cenário atual. Desses, 63,3% RESPONDERAM QUE “QUASE SEMPRE” identificam os projetosde inclusão da Netflix, o que aponta que a evolução é gradual.

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INTERNET

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A LIVE

Streamers, live-streams e o

A INTERNET FLEXIBILIZOU E VIABILIZOU A PRODUÇÃO E SURGIMENTO DE DIVERSAS NOVAS FOR de live-streams. Sem estúdio, sem equipe de produção e sem cinegrafistas, os responsáveis por esse tipo de e maior número de espectadores simultâneos registrado até então é do espanhol David “TheGrefg” que, dura POR ROGÉRIO BARBATO FILHO Ainda que uma massiva parte dos streamers seja conhecida por transmissões de jogos, os conteúdos dessas streams podem ser dos mais variados – desde culinária até artes, música ou debates. Espalhados pelas mais diversas plataformas (Facebook, Youtube, Twitch, NimoTV), muitos desses criadores de conteúdo encontraram nas streams uma forma de trabalho, cada um usufruindo dos recursos de inscrição e apoio que cada plataforma disponibiliza aos espectadores.

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ONDE ‘STREAMAR’? A plataforma Twitch é o maior nome entre as opções de escolha. Apesar de todas cumprirem a função de conectar os espectadores com quem está transmitindo, o que é a essência dessa forma de conteúdo, a Twitch Tv conquista a maioria nos detalhes. Desde o curto atraso da transmissão aos diversos recursos de interatividade com o público, são nesses detalhes que o site se consagra como ícone de live-streams. Para Felipe Zaghetti (Felps), que trabalha no meio há quase dez anos, “a própria Twitch já tem uma comunidade e uma cultura própria estabelecida. Desta forma, qualquer um que decidir fazer lives será recebido por uma comunidade que já sabe se comportar nelas”. Apesar de ser o melhor espaço interativo para streamers, a plataforma não é o melhor para

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crescer e monetizar, principalmente pela enorme concorrência. É o que aponta Júlia Scochi (Juscochi), que divide seu tempo entre streams e aulas de língua inglesa. Outro fator determinante nessa dificuldade é, segundo Letícia Wexell (Leticinios), “a porcentagem de dinheiro que as empresas ficam para si, mas que entendo ser necessária para que a plataforma exista”. ANTES DA TRANSMISSÃO Como qualquer outra forma de entretenimento, as streams também exigem um preparo prévio. Diferente dos programas de televisão, grande parte dos streamers geram esse conteúdo sentados em seus quartos na frente de um computador. É, então, necessária uma preparação de estrutura, escolha de conteúdo, agenda e até mesmo psicológico, uma vez que você será o


TÁ ON!

entretenimento sem pausa

RMAS DE CONTEÚDO. Uma grande tendência atual são as transmissões ao vivo, também chamadas entretenimento, também chamados de streamers, conseguem manter um público por horas e horas. O ante uma transmissão do jogo Fortnite, foi assistido por 2,4 milhões de usuários. protagonista durante toda a transmissão. “Tudo isso anda muito junto”, conta Leonardo Ferreira (Leonzord_). “Os jogos que eu escolho, geralmente, são jogos que têm algum sentimento para mim, que eu gosto de jogar. Tem dias que não estou muito afim de jogar certo jogo ou não estou com cabeça para abrir a stream”. Cada criador de conteúdo tem um jeito único de se preparar, mas a afinidade do mesmo com o tipo de jogo está diretamente ligada à escolha do conteúdo. “Não adianta nada escolher um jogo que está super em alta, mas que não me interessa”, disse Letícia. “Gosto de escolher coisas que, acima de tudo, me mantenham entretida”. É muito comum que esses streamers recebam sugestões dos próprios espectadores, ou mesmo ‘trombem’ com ideias novas de conteúdo pela internet. Essa flexibilidade de for-

mato é ressaltada como qualidade por todos eles. O SHOW TEM QUE CONTINUAR Uma vez que o sinal de “ao vivo” aparece, esses criadores de conteúdo estão expostos a todo tipo de reação do público e a qualquer situação do ambiente a sua volta. Isso porque a atenção dos streamers se divide entre o jogo que está sendo transmitido e o chat por onde os espectadores trocam mensagens entre si e, às vezes, até com o próprio streamer. Felipe explica que o preparo começa antes das transmissões: “Tento ao máximo focar para começar... E quando começa, a inércia ajuda muito a continuar”. O feedback do público é praticamente instantâneo e a relação de quem está produzindo com quem está consumindo o entretenimento é muito próxima. “É uma via de mão dupla”, explica Letícia.

“Enquanto isso pode ser divertido e interessante, o ao vivo e o feedback em tempo real também dão espaço para erros e ódio”. Felipe ainda complementa: “Feedback instantâneo é ótimo se realmente for usado como feedback, mas, com anonimato, certas pessoas atacam e ofendem os streamers que estão começando”. Apesar disso, esses criadores de conteúdo acreditam muito no lado positivo dessa forma de entretenimento e sentem-se sempre motivados a manter essa comunidade digital que as streams proporcionam de forma única.

“O principal ponto de uma live-stream é a comunidade” Felps (Felipe Zaghetti)

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COMPORTAMENTO

você sabe o que é ‘CONSTELAÇÃO FAMILIAR’? TALVEZ VOCÊ JÁ TENHA OUVIDO a expressão “Constelação Familiar”, mas você sabe o que significa? Trata-se de uma prática de medicina alternativa criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger. Cada vez mais popular, no Brasil é adotada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e pelo Sistema Judiciário. POR BRUNA CAROLINE

Prática analisa comportamentos passados de geração em geração “O método estuda os padrões de comportamento de grupos familiares através de suas gerações, trazendo para a consciência esses padrões e realizando a quebra dos mesmos”, explica a consteladora familiar e advogada, Rebeca Macedo Chuluck, de São José dos Campos. Entre os benefícios proporcionados pela técnica estão o encontro do indivíduo dentro do sistema familiar e a ruptura de comportamentos prejudiciais. “Entender porque agimos de determinada forma nos ambientes em que somos inseridos, é um dos

resultados alcançados pela técnica”, conta a servidora pública Deise Brandes Barcellos Rossini, de São José. Introduzida na técnica como participante, atualmente a servidora também atua como facilitadora de constelações. Ela acrescenta que a ampliação da consciência é o ponto principal do método. “O maior benefício dessa ampliação de consciência é poder se auto conhecer, se auto amar e, o mais importante, se auto perdoar”, explica Deise. SESSÕES As sessões de Constelação Familiar podem ser realizadas em grupo, com participantes que interpretam o sistema familiar, ou individualmente, com o auxílio de bonecos. Rebeca explica que as sessões têm duração de, aproximadamente, duas horas, sendo possível perceber os resultados após a primeira sessão. A consteladora esclarece, porém, que a terapia não pode ser realizada sempre. “Constelação de assuntos diferentes pode ser feita com um mês de diferença. Já de assuntos iguais, o tempo mínimo é de seis meses”. POPULARIZAÇÃO A Constelação Familiar é uma das Práticas Integrativas

O maior benefício dessa ampliação de consciência é poder se auto conhecer, se auto amar e, o mais importante, se auto perdoar” Deise Rossini, facilitadora de constelações e Complementares oferecidas, gratuitamente, por meio do SUS, como complemento a tratamentos. O Sistema Judiciário também faz uso do método. Na Justiça, a técnica é utilizada para ajudar a solucionar conflitos. Vale ressaltar, no entanto, que a prática não tem eficácia científica comprovada. O Conselho Federal de Medicina, inclusive, critica a oferta da terapia, assim como de outras Práticas Integrativas e Complementares, pelo SUS.


SOCIEDADE

ROLEZINHO E PANDEMIA Jovens enfrentam dilemas para balancear isolamento social e momentos de lazer POR RAFAEL LALLI

Carolina Simão é uma jovem aprendiz de 21 anos que gosta de fazer “rolezinhos”. “Eu gosto muito de resenha”, ela diz, e explica o termo: “Sentar, conversar, tomar uma cerveja, eu gosto muito disso. Ouvir uma música, sabe? Acho que a gente acaba esvaziando um pouco a cabeça naquele momento que a gente tá ali”. Os rolezinhos viraram assunto polêmico em São José dos Campos durante a quarentena. Segundo a Secretaria de Proteção ao Cidadão, entre 2019 e 2020, aumentou em 60% o número de reclamações de “perturbação do sossego”, associadas a “aglomerações” de jovens em espaços públicos. Mas o que leva

esses jovens a saírem em tempos de isolamento social? A historiadora Karen Delnia de Assis, de São José dos Campos, pós-graduada em Gestão Cultural e Educação Socioemocional, afirma que existem fatores sociais,

faltam alternativas de lazer em casa, o que leva os jovens a buscarem a rua. Carolina se preocupa com a pandemia: “Acho que é necessário sim o isolamento social”. Ela inclusive assume sua responsabilidade:

econômicos, psicológicos e educacionais envolvidos. “A pandemia trouxe uma lupa para certos problemas que já existiam”, diz. Para a historiadora, “existem casos e casos” e, em se tratando de sociedade, é preciso enxergar as complexidades. No caso de Carolina, a questão psicológica é importante: “Eu sou muito ansiosa, né? Então pra mim ficar em casa é horrível. Horrível mesmo. Eu odeio.” Essa questão foi agravada pela própria pandemia, que afetou sua família diretamente: “Eu fiquei acho que uns dois meses em quarentena mesmo, eu não saía de casa, porque o meu avô tinha 80 anos. Só que o meu avô não respeitou a quarentena. Ele pegou COVID e faleceu em julho do ano passado”. A jovem diz que foi nesse momento que ela começou a sair mais. Segundo Karen de Assis, falta estrutura no Brasil para lidar com o quadro: “A gente não tem um projeto de combate à pandemia”. A historiadora também nota que

“Eu enxergo que eu posso até ter culpa”, diz. Mas garante que está tentando mudar: “De uns tempos pra cá, eu tenho tentado não ir tanto, sabe? Porque eu vejo que a situação tá muito crítica”. A jovem termina lembrando-se da preocupação com a saúde de outros familiares: “Eu sei como é o luto. É um luto muito mais difícil do que eu acredito que seja os outros porque você não se despede da pessoa. Você simplesmente perde a pessoa. Eu acho que eu nunca me perdoaria se eu pegasse COVID e passasse pra alguém da minha família e acontecesse alguma coisa com eles”.

Eu acho que eu nunca me perdoaria se eu pegasse COVID e passasse pra alguém da minha família e acontecesse alguma coisa com eles Carolina Simão

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SOCIEDADE

ISOLAMENT

PANDEMIA E

Especialistas afirmam que o isolamento social causado pela interne POR JOÃO MEDEIROS

No início de 2020 começou o isolamento social, causado pela pandemia do novo Coronavírus. Com isso, as pessoas tiveram suas vidas modificadas com a nova rotina, dos escritórios ao home office, das escolas ao EAD. Porém, estudos realizados pela Universidade de Stanford, nos EUA, mostram que a obsessão pela Internet já estava fazendo com que muitas pessoas passem menos tempo com seus amigos e familiares e mais tempo navegando na internet, desde antes da pandemia. Norman Nie, cientista político da Universidade de Stanford, complementa: “quanto mais tempo as pessoas usam a Internet, menos elas convivem com seres humanos ‘de verdade’”. Especialistas afirmam que a Internet está criando uma onda de isolamento social, ainda maior entre jovens e adolescentes, diminuindo as relações interpessoais presenciais. Rita Silva, 44, psicóloga de Jacareí, que trabalha com jovens entre 12 e 22 anos, afirma que boa parte deles preferem as

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redes sociais, como Instagram e Facebook, a sair com os amigos, desde antes da pandemia começar em 2020. Ela ainda completa: “Há, sim, uma porcentagem desses jovens que preferem se encontrar, confraternizar e estar presente, mas a chegada da pandemia mudou um pouco o cenário, sendo essa a realidade de muitos jovens, hoje, que preferem a rede online à interação social”. Abigail Nascimento, 19, estudante de administração da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), afirma que passa muitas horas por dia nas redes sociais e que acompanha a vida de familiares e amigos através de ‘posts e stories’. Ela ainda diz: “mandar uma mensagem ou reagir a um story é muito mais rápido e prático, consigo saber das coisas o tempo todo sem precisar sair da minha casa e, quando estamos com um tempinho a mais, acontece uma chamada de vídeo com os amigos”. Com a rotina home office, adotada por muitas empresas devido à pandemia, houve

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a união de casa e trabalho, e funcionários começaram a trabalhar mais, sem reduzir a jornada de trabalho normal. A Internet está possibilitando essa nova realidade, mas, a conexão full time, fez com que o tempo que as pessoas passam trabalhando em casa aumentasse. Marcia Coutinho, 66, de São José dos Campos, diz que mora com seu filho de 25 anos, e que ele é muito sociável, porém, pelas redes sociais. “Meu filho sempre gostou muito de ficar em casa. Ele está sempre online conversando com os amigos e sendo muito divertido nas redes sociais. Em março do ano passado, começou a trabalhar de casa, agora, o que era só a diversão virou trabalho também, e, às vezes, estamos jantando e ele ainda está trabalhando pelo celular”. A psicóloga Rita Silva teme que situações como essa virem rotina pós-pandemia e que laços familiares se abalem. O receio que rodeia os especialistas é que milhões de pessoas vivam sem interação social e diminuam, ainda mais, as suas relações interpessoais após o


TO SOCIAL:

E INTERNET

et vem de antes da pandemia e é prejudicial às relações interpessoais isolamento causado pela pandemia, pois a Internet é um meio com grande potencial para aumentar a liberdade. Porém, se continuar sendo usada desta forma, causará um isolamento maior, tendo em vista que comunidades virtuais sejam incapazes de substituir as relações de troca e interações presenciais.

Meu filho sempre gostou muito de ficar em casa. Ele está sempre online conversando com os amigos e sendo muito divertido nas redes sociais. Marcia Coutinho, 66, de São José dos Campos

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RESPONSABILIDADE

RECICLA de alumínio em Pind

Localizada no Vale Paraíba, Pindamonhangaba t fabril, que nesse caso se traduziu em um importa Poucas pessoas sabem, mas a cidade de Pindamonhangaba é referência no Brasil quanto à reciclagem de latinhas de alumínio. Essa tendência começou a tomar forma nos anos 90 com a intensificação do setor industrial na cidade. Assim, com sua força escorada na iniciativa privada, uma grande quantidade de alumínio, que vem de todo Brasil, em forma de sucata, pode ter um melhor destino. Segundo a Associação Brasileira de Alumínio (ABAL), o Brasil é, ao lado do Japão, um dos países com maior aproveitamento de reciclagem de alumínio, em específico nas latas de bebidas. O país consegue reciclar 97,9% de todo alumínio das latas consumidas. E, assim, Pindamonhangabaaparece. Desde 2003, a cidade foi nomeada pela ABAL como capital nacional de reciclagem de alumínio, tendo fundamentalmente as indústrias Novellis e Latasa como

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protagonistas desse processo. Primeiro surgiu a Novellis, utilizando a sucata para a reciclagem, com destino de transformá-la em chapas de aço. Tendo visto o grande impacto e sucesso da iniciativa, a empresa desenvolveu um centro de reciclagem para aumentar a capacidade de produção de seus produtos. Com isso, surgiu também a Latasa, uma empresa especializada na reciclagem deste tipo de material. Essa parceria Novellis-Latasa processa e recupera 70% de sucata de todo Brasil.

foto: natan alves

POR NATAN ALVES

DESENVOLVIMENTO DO SETOR INDUSTRIAL JUNTO À RESPONSABILIDADE AMBIENTAL Como nada é feito de forma individual, vale destacar os bastidores que fazem esse trabalho de reciclagem possível. Produzir cerca de 300 toneladas por ano de alumínio reciclado não é uma tarefa fácil. Dessa forma,

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existe uma grande cadeia por trás desse processo, que se inicia no coletor individual, passando pelos centros de coleta que colaboram com as empresas finais. Hoje, existem 11 grandes centros de coleta espalhados por todo Brasil, e, além disso, a Novellis diz estar planejando a construção de mais três centros. Assim, a empresa investirá consequentemente mais nesse setor, aumentando também a capacidade de reciclagem


AGEM damonhangaba

tem por essência a atividade ante projeto ambiental para aproximadamente 450 mil toneladas de alumínio por ano. Com projetos como esse, o município de Pindamonhangaba tem o setor industrial como sua maior área empregatícia, que, assim, consegue a atenção de mais empresas para se instalarem na cidade. E com iniciativas como essa, a cidade ficou em 6° lugar, segundo estudo feito em 2019 pela revista EXAME, que cita as melhores cidades acima de 100 mil habitantes para se fazer negócio.

IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE Ter uma boa porcentagem de aproveitamento na reciclagem das latinhas produzidas desencadeia uma série de benefícios ao meio ambiente. Primeiramente, quando o alumínio tem um bom destino, ele deixa de ocupar espaço nos lixões do país e, consequentemente, não será necessário um aumento de tempo para o trato do resíduo que poderia estar cheio dessas latas. Por fim, cuidar da matéria-prima gera outro produto, que contribui prioritariamente para o balanço de alumínio presente no meio em forma de objeto. Portanto, dar atenção a esse tipo de reciclagem acrescenta uma melhora contínua em um dos materiais fundamentais a serem reciclados e reutilizados no mundo. Hoje, existem 11 grandes centros de coleta espalhados por todo Brasil. A Novellis planeja a construção de mais três

CONHEÇA O CICLO DA LATINHA DE ALUMÍNIO

UMA LATINHA TEM O CICLO QUE DURA EM MÉDIA 60 DIAS, EM QUE ELA SERÁ: COMPRADA; UTILIZADA; COLETADA; RECICLADA; ENVASADA; E O PROCESSO SE REINICIA.

DENTRO DA INDÚSTRIA FUNCIONA DA SEGUINTE FORMA: Limpeza da sucata, eliminando as que apresentem ferro. Trituração das latas, que em seguida vão para o forno, que queima gás natural com oxigênio chegando perto de 700°C. Obtém-se o alumínio líquido, que será depositado em ‘panelas’ e ficará reservado até o momento da transformação em chapas de aço.

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futev ESPORTE

AO AR LIVRE TEM ASCEN

POR RODRIGO CABRAL

Praticar atividades ao ar livre virou um lazer para as pessoas, e em meio a tudo isso o futevôlei se tornou uma bela opção. O futevôlei se originou na década de 1960 aqui no Brasil e foi criado em uma tentativa de burlar uma regra que proibia a prática de esportes sem rede e espaço delimitado nas praias cariocas. Foi aí que alguns jogadores de futebol de areia tiveram a ideia de fazer um jogo de futebol em uma quadra de vôlei de praia, já que esse era permitido. O jogo é simples e com poucas regras, que mescla o futebol e o vôlei, esse esporte é praticado geralmente por 4 participantes em uma quadra de areia, no jogo 2 pessoas ficam de cada lado da quadra, tendo o objetivo de jogar com o pé ou com a cabeça a bola para o lado do adversário, passando a bola por cima da rede. Com mais de meio século de existência o jogo foi se popularizando cada vez mais, muito por conta dos jogadores de futebol que praticavam o futevôlei

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à beira-mar nos momentos de lazer. Porém estamos passando por um momento muito difícil historicamente, nos encontramos em meio a uma pandemia de Covid-19 que se agrava a cada dia. Em busca de controlar o avanço, o governo soltou algumas recomendações do que se deve fazer, como o uso de máscaras e o distanciamento social. Em cima dessas recomendações, diversas atividades físicas que tivessem contato corporal tiveram que ser suspensas, e o futebol foi uma delas, porém moramos em um país que grande parte da população é apaixonada pelo esporte. Pensado dessa forma os brasileiros viram no futevôlei uma nova paixão, pois é um esporte que se pratica com poucas pessoas (4 jogadores) e não existe quase nada de contato físico, e ainda sim lembra muito o futebol tradicional.

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A estudante Clara Garcia de 19 anos, mora no Rio de Janeiro e foi uma das adeptas ao esporte, “Queria uma atividade física ao ar livre e que não tivesse aglomeração, encontrei o futevôlei e me apaixonei, no começo era só diversão, jogava umas duas vezes por semana, e desde janeiro eu venho treinando seis vezes na semana para poder disputar os próximos campeonatos” Bruno Cainelli de 30 anos, é morador de São José dos Campos e viu no futevôlei uma maneira de deixar a vida mais alegre e principalmente mais saudável, “O futevôlei me trouxe benefícios como a interação, diversão, e a prática de um es-


vôlei

NSÃO NA PANDEMIA porte que querendo ou não desenvolve capacidade pulmonar e movimenta o corpo”. E Bruno não está errado, segundo o educador físico Brandon Renan de 24 anos e que também mora em São José dos Campos, o futevôlei traz muitos benefícios, principalmente no período que estamos, “Se exercitar nesse momento de pandemia é essencial, com o auxílio do esporte o sistema imunológico ganha muita resistência e aumenta a imunidade”. Porém Brandon alerta “Apenas exercícios físicos não tiram as chances de você se contaminar, ele apenas aumenta a capacidade de recuperação caso seja contaminado, por isso é essencial seguir as recomendações passadas”.

Só na cidade do Rio de Janeiro estimasse que mais de 10.000 pessoas jogam futevôlei. Revista VEJA RIO.

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CORPO & MENTE

A IMPORTÂNCIA D

EM TEMPOS D

Atividade física moderada aumenta a imunidade, e a

POR GUILLERMO FURTADO

Para tentar reduzir o contágio do novo Coronavírus, o Governo do Estado e as Prefeituras têm adotado uma série de medidas que visam diminuir a aglomeração e a circulação de pessoas. Diante da ameaça que o novo vírus oferece a nossa saúde e essa nova rotina de isolamento social, manter um comportamento sedentário pode ser muito ruim. A atividade física nesse momento é essencial para ocupar a mente durante este período de quarentena e, também, para fortalecer o sistema imunológico, melhorando a defesa contra diversas infecções, como a Covid-19. Em entrevista com o preparador físico Gabriel Ribeiro, de Ilhabela, ele comenta que as ati-

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vidades físicas devem ser levadas a sério nesse período de quarentena e lembra que os exercícios físicos trazem inúmeros benefícios para a questão imunológica. “Um indivíduo com o sistema imunológico forte tem menos chances de ter um quadro elevado de sintomas do que uma pessoa com o sistema imunológico afetado. Isso varia desde os sintomas mais fracos, como a perda do paladar e do olfato, até o comprometimento do pulmão e a respiração.” EXERCÍCIOS FÍSICOS E A IMUNIDADE O período que estamos vivendo tem gerado muito estresse emocional e muitas outras coisas

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que afetam nosso sistema imunológico e nossa saúde mental. Alguns pontos como compulsão alimentar e depressão ficaram mais evidentes dentro desta fase na população. O preparador físico Gabriel avisa que a atividade física pode ajudar nessas questões e que vai muito além apenas da questão estética. “A atividade física ajuda, e muito, a controlar esses problemas e vai muito além de músculos ou boa aparência. O exercício promove saúde como um todo e saúde mental, principalmente. Quando praticamos atividades, hormônios são liberados, como endorfina e dopamina, que agem diretamente no cérebro das pessoas, deixando-as mais proativas e mais felizes”, afirma o profis-


DE SE EXERCITAR

DE PANDEMIA

ajuda no combate ao Coronavírus e na saúde mental sional, que é formado em Educação Física. “E a prática regular de exercício físico, com intensidade moderada, já é considerada uma grande aliada no aumento da imunidade”. Gabriel ressalta, ainda, que os iniciantes que não tinham costume nenhum de treinar devem pegar leve no início das atividades físicas e, de forma alguma, devem extrapolar o seu próprio limite. Já para quem treina há bastante tempo, pode intensificar o ritmo, mas não todos os dias. “A intensidade acelerada e constante também gera reflexos imunológicos, como a diminuição de células de defesa, chamadas neutrófilos, que são as primeiras barreiras que o vírus encontra no corpo”.

SEM ACADEMIA PARA TREINAR. E AGORA? Para quem estava acostumado a realizar exercícios físicos, todos os dias, em academias, parques e/ou estúdios, o isolamento social provocado pela Covid-19 tem tornado essa prática um grande desafio. Mas, diante desse cenário, como é possível fazer atividades físicas mesmo estando em casa? Gabriel deu algumas dicas de como fazer treinos em casa e como improvisar mesmo sem determinados equipamentos que são usados nas academias. “Com estes espaços fechados, o que nos resta é o nosso corpo. Existem exercícios que podem

ser realizados em casa apenas com o peso corporal, como a flexão, o polichinelo, corridas estacionadas e diversos outros treinos que ajudam a condicionar seu corpo e elevar seu sistema imunológico, diminuindo o risco de contrair doenças”. Uma dica para se fazer em casa, substituindo os halteres da academia, é usar garrafas pet com líquidos e bolsas com roupas, sendo possível realizar uma maior manutenção muscular e adquirir um aumento no condicionamento físico. Por fim, para ele, o mais importante é que as pessoas continuem se exercitando e se cuidando. O vírus ainda circula e, acima de tudo, precisamos estar fortes fisicamente e mentalmente.

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artes ELAS

AUMENTO DO

Sofia Capellari, 21, estudante,

Mulheres buscam cada vez mais o conhecimento e aprimoramento das lutas dentro de ringues e tatames POR EMILY SIQUEIRA

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Já é de se notar que grandes nomes femininos estão conquistando, cada vez mais, grande espaço no mundo dos combates. Amanda Nunes, lutadora de MMA, já trouxe 2 cinturões do UFC para o Brasil. Kyra Gracie ganhou o título de pentacampeã mundial de Jiu Jitsu, Laís Nunes, atleta de Wrestling, foi classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021. Elas e mais uma infinidade de campeãs estão

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sendo grandes exemplos e incentivo para mostrar que esse campo deixará de ser predominado por homens. Desde que o mundo é mundo, as mulheres sempre tiveram que ‘lutar’ por seu espaço em diversas áreas. Combatendo o preconceito nas ruas, dentro de empresas, em academias e até mesmo dentro do seu próprio núcleo familiar. Muitas ainda não têm o espaço de fala dentro de seus próprios lares. Mas a mudança já vem acontecendo, e a vitória de uma representa a luta de todas. Quando a mídia nos apresenta esses grandes nomes, sejam dentro das


marciais

PÚBLICO FEMININO NAS

EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS artes marciais, futebol ou qualquer outro esporte, mulheres do Brasil afora encontram essa representatividade como forma de incentivo para começar a prática de tais modalidades. Sofia Capellari, 21, estudante, de São José dos Campos, conta: “sempre achei o Kung Fu muito bonito, nunca foi só para ‘bater’, mas, sim, pelo Kung Fu tradicional, que é quase uma dança. No decorrer da minha vida, passei por algumas situações na qual precisei utilizar a autodefesa. Se tivesse aprendido a lutar mais nova, não teria

passado por tantos momentos de desespero”. Além disso, Sofia destaca os benefícios que tal arte marcial a proporcionou. “Antes de começar as aulas, eu estava muito desanimada porque tinha parado de dançar fazia um ano e meu corpo já estava pedindo ajuda. Desde que comecei, eu vi diferença na forma de reconhecer a mim mesma. Nunca imaginei que eu poderia ter força suficiente para lutar. Descobri que sim”. Depois disso, acompanhar as lutas (principalmente do público femi-

nino) se tornou uma grande fonte de inspiração para ela. Já o professor de boxe, Daniel Araujo, 38, de São José, relata: “quando comecei na minha academia, há 20 anos, já havia diversas atletas. Mas, hoje, parece que aumentou a quantidade de mulheres que buscam as lutas não só como trabalho profissional, mas, também, como esporte/hobbie”. Ele complementa: “a mulherada está se cuidando cada vez mais, muitas alunas almejam mais do que aprender boxe. Estão buscando atividades didáticas que ajudem no condicionamento físico, saúde e estética”.

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DUAS RODAS

PRATICAR CICLISMO TRAZ BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE? O hábito de fazer um esporte regularmente gera o quê para físico e mente? POR DÉBORA NOBRE

Com a pandemia, a atividade física ficou limitada. Perdemos nossa liberdade plena de ir e vir, trabalho com restrições, escolas fechadas e, principalmente, o lazer que tanto gostamos, com academias fechadas e parques sem acesso. Com isso, o número de ciclistas aumentou nas ruas de forma surpreendente. Mas por que tanta procura? O ciclismo é um esporte individual, em que não há contato corpo a corpo, respeitando o limite e impedindo aglomeração. Com as ruas ainda mais livres nesse momento de ‘lockdown’, surgiram inúmeros interessados nesta prática esportiva.

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Os benefícios de quando praticamos o ciclismo é: liberação da endorfina, que é o hormônio do bem-estar, emagrecimento, ganho de massa magra, vitamina D, melhora na respiração e articulações, alívio de dores na coluna, redução de estresse, resistência física e aumento da imunidade. Mara Brum, 40 anos, de Taubaté, começou a andar na bicicleta do marido, sendo incentivada pelas fotos do irmão e da sobrinha, vendo-os em lugares lindos em contato com a natureza. Logo ela se interessou em fazer parte deste meio e, após 9 meses pedalando, emagreceu 10 quilos, se sente mais alegre e disposta, fez novas amizades e, isso, a deixou na sensação de estar sempre se movendo. “Continuarei pedalando por um bom tempo incentivando os outros”. Já Márcio Honório, 51, de São José dos Campos, teve vontade de andar de bicicleta após

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ver os amigos praticando este esporte. Lembrou-se que, quando criança,gostava muito de pedalar. Aí, tomou coragem e comprou uma bike. “O maior benefício que o ciclismo me trouxe foi algo bastante significativo: pude conhecer vários lugares que jamais um carro, ou uma viagem paga, me levaria para conhecer. Áreas como o Sul de Minas ou a Serra da Mantiqueira são destinos maravilhosos, onde me encontro num bem-estar fenomenal, que não tem explicação para tanta grandiosidade no olhar acima das montanhas”. Márcio também disse que começou a pedalar há cinco anos. Ele chegou a pesar 102 quilos. Certo dia, foi se abaixar para amarrar o sapato e ficou ofegante, a barriga atrapalhando e notou que precisava fazer algo. Foi neste ponto que decidiu virar um ciclista e, de lá pra cá, perdeu 21 quilos. Claro que foi uma perda gradativa, ano após ano, mantendo uma boa alimentação, sem aquelas dietas mirabolantes. Hoje, pesa 81 quilos. Ele finaliza afirmando que é um homem ‘antes’ e outro ‘depois’ do ciclismo. Pedalando semanalmente se sente uma pessoa com mais qualidade de vida e, ainda, influenciou a esposa e amigos, que chamaram outros amigos. O ciclismo trouxe-lhe benefícios que jamais conseguiria em outro tipo de atividade.


ESPORTE

O CICLISM

EM SÃO JOSÉ Infraestrutura e qualidade de vida para os moradores adeptos a esta atividade física POR GUILHERME FALEIROS

Quem já andou pela cidade de São José dos Campos, conseguiu visualizar atletas ou amantes de ciclismo por todo lado, e isso cresceu ainda mais nos tempos atuais. Com a pandemia causada pelo Coronavírus, as restrições com esportes coletivos tornaram-se mais rígidas, consequentemente, o ciclismo vem atraindo novos adeptos, para um contato com a natureza, bem-estar e, principalmente, lazer. Na cidade, existem diversos

grupos de ciclismo e os líderes alertam para o crescente número de novos praticantes, que precisam aprender a respeitar as regras básicas nas áreas urbanas e rurais do município, evitando, assim, acidentes. O analista de seguros Willian Bernardo, de 32 anos, é líder do grupo “San José MTB”, que integra mais de 250 praticantes do esporte. “Juntamos alguns amigos para andar, e o grupo começou a se expandir no começo da pandemia, por conta do fechamento das academias”. Willian ressalta que a cidade é uma das melhores do Brasil para a prática do esporte, tendo muitas ciclovias e com infraestrutura adequada para tal. Apenas alerta que fica difícil com grupos de grande número de atletas. “A cidade é muito boa em infraestrutura, mas se tratando de grupos grandes, temos dificuldades em transições de pontos urbanos, pois o número de ciclistas se eleva. Mas São José, comparando com outras cidades, tem uma malha ciclo viária muito boa”, ressaltou o ciclista. DADOS OFICIAIS A cidade de São José dos Campos, segundo o site da pre-

feitura, conta com mais de 96 km de ciclovias, colocando nesse contexto as ciclofaixas e rotas sinalizadas. A adesão de atletas profissionais no território é alta. Igor Molina, de 21 anos, é natural de Araraquara e veio morar em São José dos Campos para ter um melhor treinamento. “São José possui muitas ciclovias e algumas pistas compartilhadas para treinamento do ciclismo, como podemos ver no Urbanova. A cidade é muito organizada em relação ao trânsito, além de estar localizada no Vale do Paraíba, que é uma região privilegiada para a prática profissional, por conta de suas montanhas, como a Serra da Mantiqueira, e também pelas estradas vicinais, onde o fluxo é menor, oferecendo segurança para nós, ciclistas”. Igor ressalta que representa a cidade de Pindamonhangaba, que também se encontra na região. Para enfrentar a paralisação por conta da pandemia, o estresse causado pelo vírus e, também, a falta de atividades físicas, o ciclismo vem sendo uma solução e a cidade de São José dos Campos está muito preparada para a prática do esporte, contando com infraestrutura e segurança para os praticantes da modalidade.

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Encontro Latino Americano de Iniciação Científica

Encontro Latino Americano de Pós Graduação

Encontro Latino Americano de Iniciação Científica Júnior

Encontro Nacional de Iniciação à Docência

Congresso de Pesquisa Aplicada e Tecnologia

Encontro Nacional de Extensão Universitária

CIÊNCIA, SAÚDE E TECNOLOGIA: AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO DA SOCIEDADE


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