FOCA#02 2021

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#02 EDIÇÃO

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PÁGINAS 18 A 20

ASTROS NAS REDES Como a internet revolucionou a veiculação dos mistérios da astrologia no mundo contemporâneo

N E S TA E D I Ç ÃO

AUMENTO NO CONSUMO DE ANIMAÇÕES EM PLATAFORMAS DE STREAMING PÁGINA 4 HIPERCIFOSE: SAIBA COMO TRATAR PÁGINA 6 ORGANIZANDO AS FINANÇAS PESSOAIS PÁGINA 10 GELO, COPOS DIFERENTÕES CAFÉ E A GERAÇÃO TIK TOK PÁGINA 14 QUEM CUIDA DOS PROFESSORES NA PANDEMIA? PÁGINA 21


ÍNDICE

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HIPERCIFOSE: SAIBA COMO TRATAR SAÚDE

DESINFORMADOS: A IGNORÂNCIA NA ERA DA INFORMAÇÃO COMPORTAMENTO

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AUMENTO NO CONSUMO DE ANIMAÇÕES EM PLATAFORMAS DE STREAMING ENTRETENIMENTO

GELO, COPOS DIFERENTÕES CAFÉ E A GERAÇÃO TIK TOK REDES SOCIAIS

CONDUZIR UM VEÍCULO AOS 18 ANOS AUTO ESCOLA

ASTROS NAS REDES ASTROLOGIA

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ROLA UM D20! CULTURA

MULHERES SOBRE DUAS RODAS COMPORTAMENTO

NOSSOS COLABORADORES

E-SPORTS E PROFISSIONALIZAÇÃO DOS JOGOS ELTRÔNICOS GAMES

PREPARADO PARA OS NOVOS ESPORTES QUE ESTREIAM NAS OLIMPÍADAS ESPORTE

QUEM CUIDA DOS PROFESSORES NA PANDEMIA? SAÚDE

ORGANIZANDO AS FINANÇAS PESSOAIS ECONOMIA

ROTINA DE TREINOS AUXILIA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS SAÚDE

UM PERÍODO PARA REPENSAR O JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL ESPORTE

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1 - Ana Vitória Caxias 2 - Bárbara Liz 3 - Bruna Caroline 4 - Débora Nobre 5 - Eduardo Marcucci 6 - Emily Siqueira 7 - Guilherme Faleiros 8 - Guillermo Furtado 9 - João Medeiros 10 - Júlia Nascimento 11 - Julie Petri 12 - Karolina Zanusso 13 - Laisa Rodrigues 14 - Maria Luiza Machado 15 - Matheus Correia 16 - Murilo Chagas 17 - Natan Alves 18 - Rafael Lalli 19 - Rodrigo Cabral 20 - Rogério Barbato Filho 21 - Victória Christina 22 - Prof. Fredy Cunha 23 - Prof. Lucaz Mathias

EXPEDIENTE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2021 REITOR Prof. Dr. Milton Beltrame Junior DIRETOR DA FCSAC Prof. Msc. Celso Meneguetti COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE Prof. Esp. Fredy Cunha (Mtb 47292) PROJETO GRÁFICO Prof. Esp. Lucaz Mathias e Alunos do 6º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Profa. Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: fredy.cunha@univap.br.

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EDITORIAL

INFORMAÇÃO, OPINIÃO OU PITACO? POR PROF.º FREDY CUNHA

Há uma confusão grande entre o que é informação, opinião ou pitaco. Na atual fase, essa bagunça se acentuou ainda mais. E quem sente com isso são os profissionais de Comunicação, em especial do Jornalismo. Não é difícil ouvirmos frases do tipo “a mídia é responsável por tudo o que acontece”, “mas eles só ouvem o que querem ouvir” ou “esse veículo manipula tudo o tempo todo”. Fato é que, assim como no futebol, o Jornalismo também conta com uma “torcida” grande e pronta para dizer o que é certo ou erra-

do na profissão. Sou daqueles que continuam acreditando que a formação acadêmica ainda é o melhor caminho (senão o único), para a formação de profissionais desta área. Para além disso, temos os pitaqueiros. Mas vale esclarecer que informação é fato. É verdade. É reportar algo que aconteceu da maneira como aconteceu. Sem interpretação, sem manipulação, sem preferência... Mas pra se fazer isso é preciso investigar e apurar ao máximo a informação. Aqui não cabe preguiça ou fazer de qualquer jeito.

Agora, quando falo o que penso, com meus “óculos culturais”, com minha percepção e baseado em minhas escolhas, estou dando uma opinião. Quer você concorde ou não, ok. É minha opinião. E ela também faz parte do Jornalismo. Tem, ainda, os pitacos. Esses são bem perigosos, podendo ser destrutivos. Podem vir carregados de maldade e temperados de mentiras (daqui nascem as Fake News). Estes não são toleráveis no Jornalismo. Não são Jornalismo! E não podem ser tratados como tal. E isso é fato!

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ENTRETENIMENTO

AUMENTO NO CONSUMO DE ANIMAÇÕES EM PLATAFORMAS DE STREAMING

Durante a quarentena, jovens e adultos buscam os d

POR EMILY SIQUEIRA

2020 foi recheado de lançamentos de novas animações e de plataformas de streaming. Os desenhos animados resistiram durante a pandemia justamente pela forma de produção, que permite que os conteúdos sejam realizados em home office. A Disney Plus, que tem filmes e séries familiares, está produzindo cada vez mais. Como os cinemas e escolas estão fechados, as crianças acabam ficando em casa, então é o cenário perfeito para que os players comecem novas animações. Ted Sarandos, co-CEO da Netflix, declara em uma entrevista para Variety. “Estamos caminhando para lançar seis longas-metragens de animação por ano, coisa que nenhum grande estúdio já fez, fora a lista de séries animadas que já estão indo

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muito bem”. Eduardo Capellari,14, estudante, afirma: “Sempre assisti a desenhos animados na televisão, mas depois que minha família assinou a Netflix comecei a assistir bem mais. É super prático ver pelo meu próprio celular e agora, na quarentena, acabo tendo mais tempo para fazer maratonas”. Muitas portas se abriram ao mundo audiovisual e diversos players entraram no cenário. No mês de novembro a Disney Plus estreou no território brasileiro, seguida pelo lançamento do Premiere (no Telecine) e de novos planos/ pacotes no Globo Play e Amazon Prime Video. Quando chegaram ao Brasil, as plataformas eram restritas às classes mais altas, mas acabaram se popularizando em pouco tempo. Até mesmo as TVs por assina-

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tura foram trocadas porque não permitiam o acesso de qualquer conteúdo a qualquer momento por um preço mais baixo. Além da presença dos desenhos como entretenimento, as produtoras notaram um aumento na demanda de programas e peças publicitárias que adotaram a animação como alternativa para as produções não pararem. Embora esse cenário tenha sofrido mudanças, o sócio da Combo Estúdio, Marcelo Pereira, afirma que a única mudança significativa foi a procura de serviços brasileiros pelas produtoras do exterior. PANDEMIA Por conta de a pandemia ter causado uma mudança inesperada na vida de todos, como forma de escape, a maioria correu em direção a essas plataformas.


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desenhos animados como forma de entretenimento Os adultos estão preferindo conteúdos que os distanciem, de forma leve, das notícias do período atual. Então filmes e séries de animações ganharam mais audiência durante a quarentena. Segundo Pedro Macedo, 21, estudante de artes cênicas “as animações abordam temas que estão presentes na nossa realidade, que têm um certo peso moral/ cultural. Transformando em algo lúdico e mais confortável de ser digerido em vez de relatar um tema de maneira explícita e visceral. Isso me faz optar por assistir cada vez mais”. Como recordista entre as plataformas, a Netflix atingiu cerca de 200 milhões de assinaturas no ano de 2020, tendo 37 milhões de novos usuários somente no ano passado. O Brasil entra em segundo lugar

no ranking de maior número de assinantes da plataforma, com 17,9 milhões de usuários ativos. Uma pesquisa realizada pelo Kantar IBOPE Media mostrou que o aumento de consumo diário de séries e filmes em streamings foi de aproximadamente 37 minutos por pessoa, totalizando cerca de 1h49 minutos por dia. Ao redor do mundo, o aumento de assinante foi de 26%, gerando um total de 232 milhões de novas contas e 1,1 bilhão de assinaturas. “O distanciamento social e a procura por novas formas de lazer indoor levaram as pessoas a experimentar mais e a encontrar na tecnologia a solução para alguns dos impasses do momento, incluindo outras formas de se divertir e de compartilhar momentos com outras pessoas, mesmo que a

distância”, pontua Arthur Bernardo Neto, diretor de desenvolvimento de negócios para media owners da Kantar IBOPE Media, em entrevista. O estudante Pedro também cita a importância das animações para a formação do desenvolvimento pessoal. “Em dias que estou cansado, tenho o hábito de assistir a um desenho para distrair a cabeça. O mais interessante é que mesmo descansando em um fim de semana, acabo aprendendo muito vendo os diversos temas apresentados nas animações. Há muita filosofia presente em desenhos para adultos como por exemplo ‘Rick and Morty’, que aborda o niilismo durante a série. Também me ensina a lidar com adversidades e eventos posteriores da melhor maneira possível”.

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SAÚDE

Hipercifose: saiba

O mau hábito postural pode ser responsável pelo surgimento d

POR MARIA LUIZA MACHADO E VICTÓRIA SALERMO

Engana-se quem pensa que problema na coluna advém somente dos sinais inerentes ao avanço da idade. A hipercifose, conhecida popularmente como “corcundez”, é uma deformação que pode ser observada em qualquer fase da vida, se mostrando, porém, cada vez mais presente entre adolescentes e jovens adultos. Devido a hábitos posturais inadequados, má formação das vértebras da coluna e assimetria na musculatura, a condição se instala trazendo sintomas perceptíveis a olho nu, sendo o principal deles o aumento exagerado do arqueamento posterior das costas. “A cifose é uma normalidade da coluna torácica, porém, qualquer curvatura acima de 50 graus é considerada hipercifose”, explica Luiz Aurélio Costa Ferreira, médico ortopedista de Macaé (RJ). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a hipercifose atinge cerca de 8% da população mundial, podendo ser diagnosticada por meio de radiografias e exames clínicos realizados por profissionais especializados. De acordo com Thaline Brandão, de Rio das Ostras (RJ), fisioterapeuta e portadora da condição, muitos dos casos que chegam a ela para serem

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tratados têm o mesmo motivo: a má postura ao usar o celular. Quanto mais inclinação for feita para enxergar a tela do aparelho, mais impacto será exercido sobre as vértebras, gerando a médio e longo prazos desgaste nas articulações. “É como estar segurando 5kg em cima da coluna vertebral”, afirmou.

sentindo aceito tem a tendência à introversão social. Ele não quer correr o risco de se tornar alvo de bullying ou ser notado apenas por essa característica. Sendo assim, a terapia é uma das alternativas de cuidado que pais e mães podem adotar na vida do filho”, disse a psicóloga.

SINTOMAS Além da curvatura acentuada na coluna, as pessoas com PSICOLÓGICO a condição podem observar ouA hipercifose é comum tros sintomas, sendo eles: dor entre os adolescentes, acome- nas costas, principalmente na tendo cerca parte sude 10% de perior da meninos e coluna; meninas em dificulidade escodades de lar. A psicómanter o loga Viviane corpo em Martins, de uma posiSão José dos ção ereta; Thaline Brandão, fisioterapeuta Campos, dificuldacontou um des para pouco sobre respirar como essa condição pode afetar ou até mesmo fraqueza e formipsicologicamente adolescentes gamento nos membros superioe jovens adultos, e qual o papel res e inferiores. A hipercifose da escola e dos pais após o diagse não tratada adequadamente nóstico. pode acarretar piora ao logo do “Naturalmente, a fase da tempo. adolescência já é conflituosa Em tratamento, especialispor si só. Ela é caracterizada tas costumam recomendar a pela falta de aceitação e pelo prática de esportes que forta‘não’. E se você adquire, por leçam os membros superiores, maus hábitos, uma deformi- tais como: musculação, hidrogidade, tudo fica muito mais nástica, natação ou até mesmo complicado. Esse jovem não se remo.

“Incomodava-me quando algum desconhecido tentava arrumar minha postura na frente das pessoas”

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como tratar

de desvios anormais na coluna

SEGUNDO ESPECIALISTAS DA ÁREA, A CIFOSE TEM ÂNGULO CONSIDERADO NORMAL ENTRE 20° GRAUS E 40° GRAUS, NECESSITANDO DE TRATAMENTO QUANDOULTRAPASSADOOS50° GRAUS. ASSIM ATENTANDO A MEDIDADASVÉRTEBRASC7ET12. “É importante o fortalecimento das cadeias posteriores, ou seja, das escápulas e peito. Em vez de fecharmos essa cadeia, nós abrimos. Graças à minha vida física ativa, não tenho mais essas dores, mas se fosse sedentária, com toda certeza, seria de outra forma”, conta Thaline. Já para casos mais graves são consideradas outras práticas, como: a fisioterapia com acompanhamento profissional, o uso de um colete ortopédico ou até mesmo a cirurgia em quadros severos durante a infância e adolescência, para realizar a reversão dos desvios. “A hipercifose pode, sim, deixar sequelas. Em determinados graus, a doença pode ser progressiva. As deformidades na coluna vertebral vão progredindo conforme a pessoa cresce, ou seja, no momento que ela para de crescer a doença para de progredir. Porém, em graus

mais acentuados, mesmo com a parada do crescimento, o avanço pode continuar”, explica Dr. Luiz. Para evitar, é importante que desde pequena a criança seja estimulada a desenvolver uma boa postura, demandando menos dos músculos das costas, consequentemente protegendo a espinha dorsal. Após esses hábitos serem adotados, é ideal que a pessoa continue se observando minuciosamente a vida inteira. Tais medidas podem colaborar com uma boa saúde vertebral. Manter o peso dentro dos padrões ideais para a altura e idade, evitar o sedentarismo, adotar alimentação saudável podem se tornar diferenciais para que a condição não se instale.


AUTO ESCOLA

AUTO ESCOLA

CONDUZIR U

AOS 18

Jovens em busca da sonhada independência de ir POR DÉBORA NOBRE

Andar na chuva, pegar ônibus lotado, pagar Uber diariamente, chegar atrasado, pedir carona aos pais, esperar a tal carona amiga e pensar que está incomodando. Jovens em busca da sua liberdade de ir e vir atrás do volante. Como conseguir a tão sonhada independência aos 18 anos. Vamos ver como se faz para tirar a carteira de habilitação de carro, e quais são as melhores formas para atingir esse objetivo, passo a passo, com êxito. Beatriz Fulaneto, de São José dos Campos, disse que a melhor coisa que fez foi tirar a carteira de motorista aos 18 anos. Na parte da

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prova teórica, ela disse que estudou e foi fácil, apesar de que sentiu dificuldade com o seu instrutor da autoescola, e foi reprovada na primeira prova. Mas persistiu e, com o apoio da família, garantiu sua independência. O que a motivou foi o fato de ajudar os pais, ter sua liberdade e dar carona à irmã mais nova. Dicas de como se dar bem nas aulas teóricas da autoescola, para se destacar na prova prática, e encarar o trânsito na vida real, respeitando a sinalização. Nesse texto você encontrará os caminhos para alcançar o sonho da maioria da população. Isabelle Brum, que é diretora

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de ensino de uma autoescola em Taubaté, disse que a maior procura para tirar a CNH é de jovens entre 18 e 21 anos, e esse processo todo leva em média seis a sete meses para ser concluído. Fatores que ajudam a ter um maior desempenho durante a autoescola são: - Não faltar às aulas teóricas, pois todo conteúdo ministrado pelo instrutor se aplicará no exame. Após concluir as aulas marque imediatamente a sua prova teórica. - Provas simuladas são essenciais para conseguir atingir a aprovação. Você pode ir praticando diariamente pelo simulado de múltipla escolha do aplicativo do Detran. Esse exercício será de grande ajuda para se concentrar no conteúdo. - Você deverá estudar conhecimentos como legislação, sinalização, infrações, meio ambiente, segurança, direção defensiva, primeiros socorros e até sobre o funcionamento do veículo. Pense sempre qual atitude certa terei como um bom condutor.


UM VEÍCULO

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r e vir: o que saber para tornar esse sonho possível - Imprima uma foto das placas de trânsito para ir decorando as principais cores são: amarelo, vermelho, branco e preto. Indicam o que é permitido fazer e o que você jamais deverá fazer diante de uma situação como bom motorista. - Peça a seu familiar ou amigo próximo umas aulas práticas num bairro com pouco movimento, arrume o banco, coloque o cinto, ajuste os espelhos, ligue o carro, tire o freio de mão, primeira, segunda marcha, mantenha 20 km/h, dê voltas nas quadras e estacione o carro repentinas vezes, realizando a baliza. - Há limites de velocidade dentro das cidades, para você que está preocupado com os outros carros apressados. Eles também têm que seguir as normas de trânsito, isso é bastante monitorado na região com vários radares de velocidade. - Prepare o bolso: o valor para tirar a carteira de habilitação B, custa em média R$ 1400 a R$ 1900. Isso inclui o valor das aulas da autoescola, sendo matrícula, aula teórica, prática, taxas de im-

posto como R$ 96 do médico para avaliar sua visão, R$ 112 psicoteste, R$ 187 taxa Gare do Estado, mais a emissão da CNH. Não se preocupe! Esse valor pode ser parcelado durante o momento que você estará no curso, por isso é sempre importante pesquisar.

CONFIRA ALGUNS DEPOIMENTOS QUE PODEM TE ENCORAJAR NESSA JORNADA: Camila de Almeida, de Taubaté, disse que tirou a carteira de habilitação assim que completou 18 anos. Durante as aulas ficou bastante apreensiva por ter receio de acertar o mínimo de questões na prova teórica, mas se manteve calma até o momento da prova prática e foi motivada por ter a última aula prática antes da prova. Ela teve medo de reprovar e não conseguir alcançar o seu objetivo, e o que mais mudou em sua vida foi ter a tão sonhada independência e praticidade no dia a dia. Ester Alves, de São José, tirou carteira assim que completou 18 anos. Ela conseguiu finalizar o

processo em três meses. Pelo fato de só o seu pai ter habilitação, se sentiu mais segura sendo uma segunda pessoa da casa a ter essa autonomia para resolver algum problema que precisasse do carro. Ela disse que estudou para a prova teórica com o auxílio do app do Detran, e que durante a prova prática estava bastante nervosa. Quando o instrutor carimbou ‘aprovada’, a emoção foi tanta que chorou de alegria, e se pudesse também tinha tirado a carteira de moto. Tome cuidado após pegar seu documento de CNH, você terá a permissão para dirigir, e não poderá cometer infrações de trânsito ou levar multa. Somente ao passar um ano, sua carteira se tornará definitiva.

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ECONOMIA

ORGANIZANDO AS FI POR BRUNA CAROLINE

SE VOCÊ TERMINOU O MÊS QUE SE PASSOU COM SALDO NEGATIVO, saiba que não está sozinho. Chegar ao fim do mês com dinheiro sobrando não é uma tarefa fácil. Mas a organização financeira pode ser a chave para o sucesso. Por meio de passos simples, você pode deixar de fechar o mês no vermelho e passar a fechar o mês investindo.

Confira dicas para fechar o mês no positivo e investindo 78% dos brasileiros até conseguem terminar o mês com todas as contas quitadas, mas em 33% dos casos acaba não havendo sobras no orçamento, aponta um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), publicado em 2020. Ainda de acordo com a pesquisa, quase metade (48%) dos consumidores brasileiros não controla o seu orçamento. Dos que controlam

(52%), apenas um terço planeja o mês com antecedência. Mas planejar só o mês não é suficiente. “Devemos fazer projeção de pelo menos um ano das nossas fin @gmsinvestimentos anças”, afirma o pós-graduando em MBA de Investimentos e Private Banking, Mauricio Arellaro, de Pedreira (SP). Ele explica que planejar o orçamento é importante para evitar imprevistos financeiros. E organizar o orçamento não tem segredo. Mauricio conta que prefere trabalhar com planilhas, mas os aplicativos de orçamento pessoal e até mesmo o papel são boas opções. O importante é se planejar para que os gastos não sejam maiores do que as rendas.

“Devemos fazer projeção de pelo menos um ano das nossas finanças” Mauricio Arellaro, pós-graduando em MBA de Investimentos e Private Banking

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COMEÇANDO A INVESTIR Mauricio explica que o primeiro passo para investir é estruturar uma reserva de emergência. “Se você for registrado, pelo menos 6 meses do seu custo de vida mensal. Se for autônomo ou empresário, 12 meses do seu custo de vida mensal”. Junto a isso é preciso buscar conhecimento. “Estudar as opções que existem a partir do perfil de investidor da pessoa e do seu apetite de risco”, afirma Mauricio, que também é administrador e cofundador da página @gmsinvestimentos no Instagram, voltada para investimentos e finanças. Ele explica que os investimentos são divididos entre renda fixa e variável. Sendo que “renda fixa são os produtos em que conseguimos saber da rentabilidade que teremos antes mesmo de investir, conseguimos ter uma previsibilidade. Renda variável é o contrário, quando a rentabilidade é imprevisível, pode ser muita ou pouca, depende do momento do mercado”. Não é necessário, porém, ter muito dinheiro para começar a investir. Títulos do Tesouro Direto, CDBs (Certificados de Depósito Bancário), Ações e Fundos de Investimentos Imobiliários são exemplos de produtos que podem ser adquiridos com pouco dinheiro. SÓ POUPAR NÃO DÁ “Depois de terminar a faculdade eu percebi que controlar as


INANÇAS PESSOAIS contas no excel não era suficiente pra um planejamento financeiro e que poupar apenas o que sobrava e quando sobrava não me levaria muito longe”, conta a engenheira química Jéssica Kelly Cruz Freire, 29, de Pindamonhangaba. Ela explica que, a partir daí, começou a estudar sobre finanças por meio da internet e de livros. E depois de formar sua reserva de emergência, começou a investir por conta própria por meio de uma corretora. “Meu primeiro investimento foi em um título público e, hoje, meu esposo e eu temos uma carteira dividida entre investimentos de renda fixa e variável”, relata Jéssica. Ela destaca que para o sucesso nos investimentos é necessário conhecimento, mas os resultados são satisfatórios. “Correr riscos e abrir mão de um prazer imediato por um prazer futuro faz parte do processo, mas o resultado chega para aqueles que têm disciplina e paciência”, acrescenta.

NÃO POUPE - ME POUPE

Mesmo em meio à pandemia, a poupança teve captação recorde em 2020, segundo o Banco Central. Mas você sabia que a poupança não é a única opção para guardar dinheiro? E muito menos para investir. A queridinha dos brasileiros não é considerada investimento por especialistas. Mauricio Arellaro, pós-graduando em MBA de Investimentos e Private Banking, explica que a poupança está em desvantagem no que tange a liquidez, risco e rentabilidade quando comparada a outros investimentos, como o Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária e contas remuneradas de bancos digitais. Sendo os três produtos citados uma opção melhor do que a poupança para colocar a reserva de emergência.

COMO PLANEJAR O ORÇAMENTO PESSOAL? - Anote todas as suas receitas e despesas (fixas e variáveis); - Projete as despesas para o próximo ano (não esqueça do IPTU, IPVA, seguros e outros gastos anuais); - Subtraia todas as despesas das suas receitas (o saldo não pode ser negativo).

DICAS:

- Coloque seus investimentos como despesas fixas; - Invista o que sobrar no fim do mês; - Tenha uma reserva de emergência. Fonte: Mauricio Arellaro, pós-graduando em MBA de Investimentos e Private Banking

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CULTURA

ROLA UM RPG: o jogo onde você pode ser o que quiser

POR ROGÉRIO BARBATO FILHO

De longe, os vários dados com mais lados que o normal e as fichas cheias de informações e números podem até assustar quem não os conhece, mas a verdade é que os RPGs são fundamentados num conceito bem comum a nós: a imaginação. Com sua primeira aparição em 1974, com o sistema Dungeons & Dragons, o RPG (role-playing game) trouxe ao mundo uma experiência completamente nova no que diz re s p e i to a jogos de estratégia. Isso p o r qu e ,

além dos fundamentos de um jogo de tabuleiro, o RPG levou a jogatina para o “além mesa”. Imagine um jogo onde as regras, o tabuleiro e as peças são levemente deixados de lado e são substituídos pela sua imaginação e por suas palavras. Foi isso que o RPG proporcionou pela primeira vez: uma narrativa levada pelo conflito de decisões entre os jogadores, uma mistura entre jogos de tabuleiro e toda a teatralidade de uma peça. De forma mais simplória, os RPGs são quase que “histórias jogáveis”, nas quais suas decisões de fato alteram o curso da jogatina, afinal, o narrador dessa história também é um jogador. Para Carlos Ximu, 47, jogador de RPG desde os 13 anos, esses tipos de jogos tiveram um impacto enorme na infância, principalmente em sua criatividade. “Ajudou-me muito em minhas relações sociais, me deixou mais desinibido. E, de quebra, comecei a aprender outra língua, pois os livros eram importados”, conta ele. O JOGO Para uma sessão de RPG, o mais importante são as pessoas. As regras vão variar com o sistema escolhido e com a

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história que se quer seguir. Existem sistemas apropriados para aventuras futuristas, como o Cyberpunk 2020, ou o clássico D&D (Dungeons & Dragons), geralmente usado para narrativas medievais. Além disso, você vai precisar de um grupo de jogadores e de um Narrador. Esse narrador, usando as regras como fundamento, será o responsável por construir toda a história, ambiente e situações que os jogadores serão inseridos. Os jogadores, por sua vez, devem pensar nos seus personagens e desenvolver fichas com as características, atributos e histórias. A imaginação vira protagonista já na preparação do jogo. Cabe aos jogadores usarem da criatividade para inserirem seus personagens criados no contexto apresentado pelo narrador e, muito além disso, incorporarem esse personagem em suas decisões, ações ou mesmo falas. Uma vez iniciada, a sessão de RPG pode durar o tempo


M D2 que os jogadores estiverem dispostos a contar aquela história. Durante essa sessão, o jogo se desenrola com o Narrador submetendo os jogadores a conflitos e situações e, ao mesmo tempo, tendo que fluir a história a partir das decisões dos outros jogadores. O último ponto crucial nessa experiência são os tão simbólicos dados. Desde os com quatro faces até o famoso D20 (vinte lados), os dados são os responsáveis por determinar o quão efetivas serão as ações e decisões dos jogadores. Rolar um número baixo ao tentar

realizar uma ação, como um ataque, pode resultar em um ataque falho, bem como uma rolagem alta durante um teste de percepção pode revelar detalhes que o Narrador tinha escolhido esconder.

O CENÁRIO BRASILEIRO Os RPGs vêm acumulando uma legião de fãs, inclusive no Brasil, que já conta com vários sistemas próprios de jogatina. O maior nome do cenário nacional é o sistema Tormenta 20. Criado em 1999, apenas como um universo para sessões de RPG, o universo de Tormenta acabou se expandindo e, hoje, já tem livros-base de regras e rendeu diversas obras de ficção. No início de 2021, o site Jovem Nerd conseguiu emplacar o maior financiamento coletivo da história do Brasil com a campanha Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu. A campanha tinha como base a expansão do universo criado durante sessões de RPG do grupo, registradas em forma de podcasts e publicadas nos últimos anos. Com quase vinte mil apoiadores, a campanha acumulou R$ 8.519.827,00 e trará esse universo para outras mídias,

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como livros, quadrinhos e áudio-books. Carlos Ximu se vê muito otimista com o cenário brasileiro. “Apesar da pandemia ter travado os eventos, onde as pessoas mais se conheciam e faziam contato, muita gente voltou-se ao seu projeto guardado na gaveta e aproveitou bem o tempo em casa. Acho que temos um material humano excelente e, agora, editoras competentes para absorver o material desses profissionais. A modalidade de Financiamento Coletivo também deu muita viabilidade a estes projetos. A profissionalização do RPG ainda é um sonho, mas está muito mais perto de acontecer”, comentou ele.


REDES SOCIAIS

GELO, COPOS D CAFÉ E A GERA POR KAROLINA ZANUSSO

Jovens do mundo todo transformaram a internet na maior – e mais estilosa – cafeteria do planeta em meio à pandemia Fica difícil não se apaixonar pelos vídeos esteticamente bonitos ao som de músicas agradáveis em que jovens apresentam bebidas cheias de texturas, cores e muito café. Esse é o universo do iced coffe, assunto que tem bombado nas redes sociais - principalmente no Tik Tok - durante a pandemia. Mas o que está por trás dessa nova tendência? De alguns anos pra cá, a popularização do café e dos seus mais diversos métodos de extração e moagem tornaram-se uma crescente, isso porque os chamados cafés especiais – de qualidade superior aos encontrados nos supermercados, vendidos muitas vezes ainda em grãos e com torra e notas sensoriais diversas – passaram a ser mais facilmente encontrados,

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e uma das grandes responsáveis por isso são as cafeteiras que funcionam a partir de cápsulas. Se você é apreciador ‘raiz’ do bom e velho café com leite pode estar achando toda essa história uma grande bobagem, afinal, por que gourmetizar algo tão simples, democrático e delicioso? Para a jornalista e amante de café Monique Baraúna, São José dos Campos, 38, beber café sempre fez parte da rotina das pessoas, principalmente no Brasil, mas a criação frenética de conteúdo nas redes sociais faz os consumidores buscarem um aperfeiçoamento de qualquer que seja o tema, e no caso do café, com o surgimento de novos métodos de preparo, e do conhecimento mais aprofundado, foi preciso criar, por exemplo, vídeos ensinando como fazer em casa o que a princípio só os coffee shops poderiam fazer. Ela ainda comenta que, segundo dados do Google Trends - ferramenta que apresenta gráficos com a frequência que um termo particular é procurado na web -, no último ano as buscas por “café” quase triplicaram “basicamente porque a gente ficou em casa e começaram a divulgar. Um fez, o outro fez e aí

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DIFERENTÕES AÇÃO TIK TOK a gente vive em bolhas dentro das mídias sociais”. A proprietária de uma cafeteria especializada em cafés especiais em Taubaté, Sofia Androulidakis, 42, diz que percebeu um aumento na procura pelos iced coffees nos últimos meses em seu estabelecimento, e que antes quase ninguém pedia por eles, mas salienta que o público mais jovem gosta mesmo é de bebidas bonitas e instagramáveis, que fiquem bem na foto, e acabam não dando tanta importância ao paladar: “o sabor passa a ser um item mais relevante conforme a idade aumenta”. O TIKTOK Em ranking criado pela AppAnnie – empresa de consultoria de mercado –, o aplicativo chinês foi o mais baixado do mundo em 2020, englobando usuários do iOS (Apple) e da Play Store (Google). Tamanho sucesso é inúmeras vezes ligado ao momento difícil que todo o mundo enfrenta por conta da pandemia do novo Coronavírus, o que faz jus à missão encontrada na aba “quem somos” da rede social: “O TikTok é o principal destino para vídeo móvel no formato curto. Nossa missão é inspirar a criatividade e trazer alegria”.

Ao procurar no Google “café” e “tiktok” vários são os links que surgem relacionados às receitas ensinadas no app – inclusive em outras plataformas, como o Youtube e o Instagram -, entre elas a queridinha do momento, de café cremoso gelado, antes encontrado apenas em cafeterias. NO BRASIL Por aqui, o principal perfil relacionado é o da gaúcha Nina Castanheira, de 20 anos, que soma mais de 3 milhões de seguidores nas redes, e somente no TikTok tem mais de 84 milhões de curtidas. Os números, claro, são chamariz para grandes empresas produtoras do café tradicional, como a gigante 3 Corações, que tem apostado em publicidade com a influenciadora. Nos vídeos despojados de 15 a 60 segundos, Nina faz e ensina receitas de bebidas – geladas ou quentes –, a maioria à base de café, o que a rendeu o título de “a menina do café” na internet. Ao rolar o feed da garota no aplicativo é possível perceber que pouco a pouco ela insere conteúdo mais diverso, mostrando mais da sua vida, como tour pela casa em que mora, ideias de looks, dancinhas e informações sobre livros, fanfics e a banda favorita, a britânica One Direction.

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COMPORTAMENTO

Desinfor a ignorância na e POR MATHEUS CORREIA

Atualmente, é cada vez mais comum encontrar fake news ou desinformação na rede. O que poderia explicar este fenômeno justo na era da informação? De acordo com estudo feito pelo IDC (International Data Corporation), em 2020, existem mais de 500 quadrilhões de informações armazenadas no universo digital. Um levantamento da Domo, empresa especializada em computação na nuvem, afirma que 41 milhões de mensagens são trocadas no WhatsApp a cada minuto. O estudo também apontou que, ainda em 2020, 4,5 bilhões de pessoas têm algum nível de acesso à Internet. Estes dados nos dão a confirmação de algo que é óbvio em nossa sociedade: vivemos na era da informação. É quase impossível ficarmos mais de uma hora sem consu-

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mir nenhum tipo de conteúdo, notícia, dado ou qualquer conhecimento proveniente deste “entrelaçado” de diferentes veículos que produzem e divulgam informações. O mundo está mais conectado do que nunca. Entretanto, uma das adversidades desta não tão nova realidade é uma das grandes questões sociais nos últimos anos: a desinformação, evidenciada pelas fake news, que são criadas de maneira desmedida e, consequentemente, espalhadas sem uma apuração ou verificação de seu conteúdo. O Brasil é um dos países mais afetados por isso. Um estudo chamado “Iceberg Digital”, do grupo Kapersky, indica que 62% dos brasileiros não conseguem reconhecer uma notícia falsa. Em tempos de pandemia e quarentena, este problema se tornou ainda mais preocupante. Uma pesquisa da Avaaz aponta que sete em cada dez internautas brasileiros, cerca de 100 milhões de pessoas, acreditam em ao menos uma notícia falsa a respeito do coronavírus. O que pode explicar tanta ignorância e desinformação em uma era em que se tem tanto acesso à informação?

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Existem alguns estudos científicos que tentam explicar este comportamento. Um deles, de George Pearson, da Universidade de Ohio, aponta que “estar exposto constantemente a uma mistura de notícias e entretenimento faz com que usuários se atentem menos às fontes do conteúdo, tornando fácil a confusão entre uma sátira e algo real”. Já Jay Van Bavel, um professor de psicologia e ciência neural na Universidade de Nova Iorque, constatou que: “nós tendemos a rejeitar fatos que ameaçam nosso senso de identidade; quando você tem um compromisso realmente forte com um grupo ou crença e obtém informações que contradizem o que já sabe, você constrói novos caminhos de pensar sobre essas informações em vez de repensar e atualizar sua crença”. O oposto também ocorre, verificando-se uma tendência das pessoas de darem credibilidade a uma informação falsa que confirme o


rmados: era da informação seu modo de pensar. Van Bavel reforça seu ponto com um famoso trabalho social do psicólogo social Leon Festinger, que se infiltrou em um culto “apocalíptico” que tinha crenças em uma espécie de “juízo final” para ver o que aconteceria quando o mundo não acabasse na data que o líder do grupo havia previsto. Em vez de abandonar o culto quando a previsão não se concretizou, os seguidores fizeram o oposto: eles “dobraram” suas crenças, propagando-a com ainda mais fervor. A facilidade de disseminação de uma informação na rede cibernética é também sem dú-

“Algumas pessoas compartilham fake news porque, muitas vezes, reforçam seus conceitos e crenças, como vemos nesta ‘guerra’ de ideologias políticas que vivenciamos no Brasil” Mateus Rodrigues, professor de português vidas um grande fator contribuinte. A facilidade que temos para criar uma notícia falsa e espalhá-la como verdade para uma grande quantidade de usuários é preocupante. E é com isso que alguns veículos e plataformas criam formas de tentar minimizar este problema. Em março deste ano, o Facebook lançou uma ação com o intuito de lutar contra as fake news em sua plataforma. Ocorreu o banimento de mais de 1,3 bilhões de contas falsas entre outubro e dezembro de 2020, além de medidas como a redução de alcance das publicações deste tipo. Quando se trata de notícias falsas sobre a Covid-19, a rede elimina o conteúdo permanentemente. “Apesar do acesso à informação ser necessário para exercemos nosso papel de cidadão, acredito que, neste momento, devería-

mos educar as pessoas a usar este direito da maneira responsável. Creio que existe uma certa euforia quando as pessoas adquirem acesso a celulares, computadores, internet e acabam consumindo muito conteúdo de maneira apressada e sem filtros”, afirma Mateus Rodrigues, professor de português de São José dos Campos. Mas será que existe alguma espécie de hábito ou técnica que possamos desenvolver para apurar informações? “É difícil afirmar”, diz Mateus. “As pessoas que estão no ramo do jornalismo geralmente tem mais facilidade e costume nesta questão, mas é difícil exigir que a população em geral adquira este hábito. Acho que a maneira mais viável é educar as crianças e os jovens sobre a importância de apurar uma informação. Acredito que se tornará algo inevitável futuramente”.

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ASTRONOMIA

ASTROS N

Como a internet revolucionou a veiculação dos m POR BÁRBARA LIZ E JULIE PETRI

O interesse humano pelos astros é milenar, e mesmo em meio aos avanços científicos e tecnológicos, a astrologia não perde seu espaço. Com a internet, surgiram ferramentas para fazer mapa astral e diversos perfis nas redes sociais voltados para o tema. Esses perfis acumulam milhares de seguidores e buscam se destacar em meio a conteúdos genéricos e pouco embasados que podem ser encontrados em diversas plataformas digitais. Amanda Evelin, 26 anos, de Jundiaí, fez um curso técnico sobre astrologia na escola Gaia, em São Paulo. Atualmente, ela administra um perfil no Instagram sobre o assunto. “Meu objetivo é que as pessoas compreendam qual o real intuito da

Perfil de Amanda no instagram

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astrologia, que é uma linguagem milenar e que vem desde então fazendo parte da história da humanidade”, conta Amanda. Segundo a jovem, há na internet muito conteúdo superficial sobre astrologia. “Generalizações acabam tirando o mérito desse saber tão poderoso e profundo”, diz Amanda, que busca criar um conteúdo bem embasado para seus seguidores. “Gosto de explicar, detalhar, dar os aspectos e, a partir daí, contextualizá-los, explicando o que cada um pode significar e representar”, diz ela, que também explica que a astrologia é propagada de acordo com a visão e mapa do astrólogo. Atualmente, Amanda não fatura com seu perfil no Instagram, mas tem planos futuros de fazer interpretação de mapa astral e atendimentos. “Pretendo, sim, fazer minha propaganda para mais futuramente, quando estruturar minhas leituras, poder divulgar”. E finaliza: “Mas o principal intuito é o de compartilhar a informação e assim agregar na vida das pessoas, ajudan-

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do-as e trazendo consciência de alguma maneira”. AMANTES DA ASTROLOGIA A youtuber Camila Curcio, 25, que mora em Los Angeles, conta que seu interesse pela astrologia surgiu há muito tempo, mas foi com um término de relacionamento, pelo qual passou em 2018, que ela aprofundou seus estudos e interesse pelo assunto. O que mais chamou sua atenção foi a questão dos traços de personalidades, que na astrologia está relacionada ao mapa astral e aos quatro elementos regentes dos signos: fogo, terra, ar e água. “Óbvio que todo mundo é diferente e não só a astrologia forma personalidade, mas é bem interessante observar os padrões”, diz Camila. “Nem toda pessoa de Touro vai ser fiel e nem toda pessoa de Leão vai ser extremamente egoísta, então tem que achar um meio termo”, comenta. Camila, assim como muitas pessoas apaixonadas por astrologia, acompanha o perfil de uma


NAS REDES

mistérios da astrologia no mundo contemporâneo “É como se a astrologia fosse um mapa e a vida fosse uma cidade. Óbvio que não dá pra saber o que vai rolar na cidade, mas o mapa ajuda como um guia” Camila Curcio, youtuber

astrologia fosse um mapa e a vida fosse uma cidade. Óbvio que não dá pra saber o que vai rolar na cidade, mas o mapa ajuda como um guia”, finaliza a youtuber.

astróloga no Instagram. “Acho ela massa porque ela usa uma linguagem bem leve, fácil de entender e posta, diariamente, então fica fácil acompanhar”, diz. “Ela falou sobre a pandemia antes de acontecer e fiz meu mapa astral com ela, foi surreal. Ela conseguiu ver coisas que nunca contei pra ninguém. Hoje, eu sei por experiência própria que eu não posso me basear só nisso por inúmeros motivos. Mas é como se a

INOVAÇÃO NO ATENDIMENTO Nos últimos anos, os astrólogos encontraram um formato de divulgação de seu trabalho e da própria história da astrologia por meio das redes sociais, conseguindo assim atingir ainda mais pessoas. Um exemplo dessa inovação no mundo das previsões astrológicas e leituras é o Rodolfo Mhauro, 56, do website ‘Espaço Rodolfo Mhauro’ que, atualmente, faz suas consultas tanto no modo presencial quanto no online. Muitas pessoas se perguntam se existe al-

guma diferença nos dois estilos de atendimento. Rodolfo explica que não. “Na astrologia não houve mudanças. Houve mudanças na divulgação, propagação e facilidade de consulta”. Além de informações sobre seu consultório, agendamento de consultas e cursos online, o site do astrólogo conta com textos pessoais, informativos e com curiosidades para quem busca aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. Assim como Rodolfo, que trabalha com astrologia há 22 anos, muitos astrólogos também fazem atendimento online, inclusive por mensagens em redes sociais, como o Instagram. Outra forma de faturar com a astrologia na internet é a venda de mapa astral. Muitos sites oferecem o mapa e o horóscopo gratuitamente, mas o conteúdo pago costuma ser mais personalizado, com interpretações profundas que levam em conta diversos aspectos da astrologia, como o ascendente e, até mesmo, as relações geométricas entre os planetas no momento do nascimento.

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ASTRONOMIA

DE ONDE VEM A ASTROLOGIA? Uma matéria da revista Galileu sobre o embate entre a astrologia e a astronomia aponta que “a arte de se guiar pelo céu” é antiga, e os estudos da astrologia remetem antes dos estudos astronômicos por si só, sendo inclusive, um pai dessa ciência. “Ao contrário dos astrônomos, que estudam cientificamente os astros, os astrólogos os enxergam como elementos simbólicos que traduzem os ciclos da natureza e representam a influência direta do cosmo em nossas vidas”, aponta a matéria de André de Oliveira. O redator conclui que há, na astrologia, a tentativa de responder o impossível e prever situações conforme as ocasiões que estão ao redor, assim como fazem meteorologistas e outros profissionais que trabalham com as possibilidades. A astrologia foi fundamental para que povos antigos aprendessem a observar e interpretar o céu. Hoje, ela preserva sua importância por servir como uma ferramenta de autoconhecimento, mantendo sua relevância especialmente nas redes sociais, espaço propício para que as pessoas tentem encontrar o lugar que ocupam na sociedade e no mundo.

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Revistas e editoriais de jornais utilizam de uma visão mais genérica na propagação do horóscopo de cada signo

Almanaques trabalham mais profundamente as características de cada signo e fazem uso de uma leitura mais recente dos astros

Consultas com astrólogos levam em conta a construção do mapa astral e uma análise mais aprofundada. Costumam trazer o que há de mais antigo nos estudos da astrologia

Perfis nas redes sociais fazem uso de estilos de divulgação mais modernos e produzem um conteúdo diferenciado, podendo abranger assuntos mais gerais ou fazer atendimentos individuais, pagos ou gratuitos


SAÚDE

O que precisa mudar? “Eu acho que a gente precisa, precisa urgentemente, de um apoio emocional. A gente precisa desse apoio emocional de várias formas, por parte da escola, por parte da família, por parte da sociedade” Professora Karen Delnia de Assis

Sobrecarga, adaptação ao modo online e pressões emocionais desafiam docentes em todas as faixas de ensino

QUEM CUIDA DOS PROFESSORES NA PANDEMIA


SAÚDE

POR EDUARDO MARCUCCI E RAFAEL LALLI

A pandemia de COVID-19 trouxe novas pressões para todas as pessoas. Uma das áreas que mais sofreram com o impacto causado pelas medidas de distanciamento social foi a Educação, sendo difícil mensurar as sequelas que afetarão o futuro dos estudantes. Mas, além do prejuízo sofrido pelos alunos, os professores, parte essencial de todo o processo de aprendizagem, também enfrentam novas dificuldades. A sobrecarga é a questão mais evidente. “Tem dia que eu bato 16 horas na frente do computador, dando aula e preparando aula”, conta o professor recém-formado Leonardo Oliveira, 26, de São José dos Campos. “Se você dá aula presencialmente, você prepara um slide e usa o seu jogo de cintura, a sua técnica corporal para chamar a atenção do aluno. Agora no computador, além de gastar tempo com o slide você também tem que gastar tempo com animação e outras coisas”. Para a professora Helena Cabral Siqueira, 48, de São José

O professor Leonardo Oliveira, 26, em seu escritório adaptado para dar aulas a distância

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dos Campos, o trabalho dobrou: “A gente prepara as aulas, daí grava as aulas, aí depois dá aula online...”. Professora de escola pública, Helena nota ainda os desafios da desigualdade social no acesso dos alunos: “Tem aquelas crianças que não conseguem nem entrar online nem assistir à videoaula. Não têm equipamento adequado. Então você tem que elaborar atividades impressas pra eles, sabe?”. ADAPTAÇÕES A adaptação do espaço para dar aulas e o contato com novas ferramentas também foi um desafio. A professora Karen Delnia de Assis, 42, de São José dos Campos, conta que, embora conhecesse algumas tecnologias, precisou adquirir equipamentos, lidar com novos softwares e transformar seu quarto em área de trabalho: “Se você perguntar pra mim como foi a transição, ela foi dolorosa, preocupante, estressante e cara”. Para o professor Leonardo, a tecnologia não foi um empecilho, mas ele também teve que fazer mudanças em sua casa: “Transformei o meu escritório num estúdio que tem luz primária, luz secundária, rebatedor, captador de som, sabe? Tem um fundo. Então assim, tudo para poder melhorar a qualidade de aula, isso faz parte agora da estratégia pedagógica”. Quanto às modalidades de aula adotadas no momento, Leonardo aponta os problemas do sistema híbrido, que restringe as ferramentas que ele poderia usar numa aula 100% a

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distância: “Eu tenho que tentar chamar atenção do aluno pela minha postura, mas isso só funciona com os alunos que estão na sala de aula e não naqueles que estão em casa”. Karen até discorda da nomenclatura: “A educação híbrida não tem a ver com uma galera no computador e outra galera em classe. A educação híbrida tem todo um desenvolvimento. Ela não é assim. Isso daí que a gente está fazendo é ‘semipresencial’, vai. O sistema de ensino híbrido é diferente”. DISTANCIADOS Na falta do contato direto, os professores buscam outras formas de se relacionar com seus alunos. Mas a professora Miriele Aparecida Amorim, 30, também de São José, diz que é mais difícil ter contato através da internet: “Eu vejo muita dificuldade na interação com os alunos nesse modo online porque muitos não querem ligar a câmera”. Ela explica: “A gente gosta de estar ali, olhando na cara dos nossos alunos e, de certa forma, acaba dificultando a aula”. Porém, Miriele lembra que os próprios alunos têm sofrido com as mudanças da pandemia. Muitos a procuram para desabafar: “Eu tenho lidado muito com esse tipo de situação, de aluno que não vê mais sentido, não sabe o que vai ser daqui em diante. Tá bem complicado”. A professora Helena nota que o aprendizado foi afetado, em particular na fase de alfabetização: “Seria para estar concluindo essa fase escrita, em que eles já tão escrevendo as palavras corretamente, produzindo


texto, já lendo com autonomia, sabendo interpretar texto. E eu estou vendo que essa turma que chegou agora pra mim, no segundo ano, nossa eles estão assim... Como se fosse um primeiro ano inicial”. Helena acrescenta que estimular os pais a participar do processo tem sido trabalhoso: “A maior dificuldade não são as crianças, são as famílias. É fazer elas entenderem que elas também fazem parte desse sistema. Que os filhos precisam delas nesse momento. Que sem elas nada será possível, a gente não consegue trabalhar sem esse apoio”. No Ensino Médio, a professora Karen vê outro problema – a fiscalização dos pais sobre o conteúdo de aula: “Eu sou professora de história, de filosofia e de sociologia, não há nada que eu fale que não seja polêmico”. Ela diz que essa dinâmica tem lhe feito ‘muito mal’: “Imagina que você vai trabalhar todos os dias com um fiscal anotando tudo o que você fala, pensa, sente, escreve, faz... E vai mandar pro seu chefe. Você gosta de trabalhar assim? Quem gosta de trabalhar assim? Ninguém”.

Para as professoras, essa sobrecarga se soma ao trabalho doméstico. Segundo a professora Helena, há “uma cultura do Brasil, que ainda tem essa coisa de que a função é da mulher. Sabe? O cuidar de casa, o cuidar dos filhos, ainda é da mulher”. Esposa e mãe de dois filhos, ela diz que não há cobranças explícitas, mas esse trabalho ‘sobra’ para ela: “Embora eles ‘ajudem’ ali, eles fazem o mínimo. E o mínimo que eles fazem, eles acham que estão fazendo muito”. IMPACTO Tudo isso afeta o psicológico e a qualidade de vida. Karen chegou a não sair do quarto: “eu não via a luz solar, eu só ficava nessa luz. Eu passei a ver demais a minha imagem”. Miriele sentiu um impacto nítido em sua saúde mental: “Eu sofro de transtorno de ansiedade, e isso pegou muito forte na pandemia”. No caso de Miriele, houve um agravante – o luto: “A gente imagina que a pandemia, que o vírus não vai chegar perto da gente, mas infelizmente chega, ele chegou e levou o meu pai. Em fevereiro, o meu pai faleceu de COVID, e aí eu precisei voltar

O que precisa mudar? “Ah, eu acho que principalmente a infraestrutura das escolas, porque mesmo trabalhando em colégios particulares, a gente vê que falta essa infraestrutura porque muitos colégios voltaram pela incapacidade de manter as aulas online” Professora Miriele Aparecida Amorim

O que precisa mudar? “A primeira coisa que teria que melhorar para os professores, além do nosso salário, que seria um incentivo, [seria] melhorar os equipamentos, eles teriam que oferecer pra nós os equipamentos” Professora Helena Cabral Siqueira pra casa da minha mãe pra ficar com ela”. Para encarar essa realidade, há profissionais que desenvolvem seus próprios métodos. Karen organizou sua agenda de forma a liberar os fins de semana: “Eu estou proibida por mim mesma de trabalhar sábado e domingo. Proibida”. Ela aproveita as folgas para fazer caminhadas e escolh e muito bem as suas distrações: “Eu sei que parece estranho, mas eu, professora Karen de história, filosofia e sociologia, não assisto a nenhum filme que tenha a ver com o meu trabalho”, conta a professora. Já Miriele encontra suporte com os colegas de profissão e na equipe gestora das escolas em que atua. “A gente sempre se ajuda. Nós temos aí grupos no WhatsApp, a gente sempre pede socorro quando alguma coisa não tá dando certo”. E conclui: “A gente vê um individualismo nesse momento de pandemia, a gente vê um egocentrismo muito evidenciado, mas a gente também vê solidariedade, também vê humildade em muitas pessoas”.

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COMPORTAMENTO

MULHERES SOBR POR ANA VITÓRIA CAXIAS E RODRIGO CABRAL.

Usar a moto para complementar a renda em serviços de delivery é algo que vem ganhando espaço entre o público feminino Com o aumento dos aplicativos de delivery, o número de entregadores cresce cada dia mais, pois é visto nessa profissão uma oportunidade de emprego fixo ou uma renda extra. Segundo o Detran SP, em uma área majoritaria-

m e n t e masculina, as mulheres representam 25% do total de motociclistas no Estado de São Paulo e buscam seu espaço enfrentando desafios diários sobre duas rodas. De janeiro de 2019 a janeiro de 2020, houve um aumento de 8% no número de mulheres habilitadas em todas as categorias para a condução de moto-

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cicletas, passando de 2,2 milhões para quase 2,5 milhões. A motogirl Bruna Monique é uma destas mulheres. Moradora de São José dos Campos, viu a moto como uma oportunidade de renda após ficar desempregada lá em 2011. Ela foi convidada pelo seu irmão, que na época já era motoboy. “A rotina é bem puxada e os desafios são grandes, já cheguei a trabalhar mais de 10 horas direto, houve ocasiões que fiz 50 entregas no mesmo dia, mas independentemente disso as entregas m e ajudaram muito como fonte de renda, além de me fazer conhecer a cidade inteira”, conta ela. Quando perguntada sobre outras mulheres na profissão, Bruna nos relatou: “São poucas mulheres que trabalham como motogirls, acredito que muitas mulheres têm receio em fazer este tipo de serviço por ser um universo masculino, mas eu não me importei, já levei muitas fechadas, tive medo de cair, mas com o tempo su-

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perei e até me acostumei a ser chamada de motoboy”.

Um levantamento feito pelo Infosiga SP, banco de dados do Programa Respeito à Vida, gerenciado pelo Detran.SP, apontou que somente 6,3% dos casos de acidentes de trânsito envolvem mulheres na direção (todos os modais), um percentual 16 vezes menor do que o número de acidentes com homens. As condutoras do sexo feminino representam 40% dos motoristas de todo o Estado, um total de cerca de 26 milhões de condutores. De janeiro de 2016 a janeiro de 2021, 407


RE DUAS RODAS motofretistas homens perderam a vida no Estado, enquanto entre mulheres motofretistas três óbitos foram registrados. “O baixo número de mulheres na categoria somado à prudência feminina contribui para a baixa estatística de acidentes. As condutoras do sexo feminino definitivamente são mais prudentes no trânsito”, analisa Sílvia Lis-

boa, especialista do Detran SP. Mas isso não é uma regra para todos os casos. ACIDENTES Há quatro anos atuando como motogirl, Deborah Braga, moradora de São José dos Campos, conta que está há pouco mais de um mês parada, pois sofreu um a c i d e n t e enquanto trabalhava, e detalhe: o motorista do carro não p a r o u para

prestar socorro. “O trânsito está cada dia mais perigoso, as pessoas não querem saber do próximo, não tem respeito nenhum com os motociclistas. Amo o que faço, mas depois desse acidente vou repensar um pou-

mente em delivery de aplicativos. “Pela necessidade, por estar desempregada na ocasião,

aceitei o desafio de ser motogirl, entreguei pizza, exames médicos, docuco mentos e, hoje, faço entregas por sobre a aplicativo”, conta ela. “Não é uma profissão”. tarefa fácil porque as pessoas ainCom a pandemia e a da são muito egoístas no trânsito e necessidade de fechamento do não respeitam, mas é um trabalho comércio, a demanda por serviços importante principalmente neste de delivery cresceu ainda mais e se período de pandemia. E que bom tornou uma opção para as pessoas que há mais mulheres de moto que perderam ou tiveram a renporque elas são mais cautelosas, da reduzida. Há pouco mais principalmente no corredor, o que de um ano atuando como faz um trânsito melhor”. motogirl, Nadine HerNo país, o número de mulhereira , moradora res motociclistas cresceu 96% em d a zona sul de nove anos, de acordo com dados S ã o José dos do Denatran (Departamento NaCampos, conta cional de Trânsito), analisados que quand o pela Abraciclo (Associação Bracomeçou a fazer sileira dos Fabricantes de entregas em um Motocicletas, Ciclomotorestaurante, quase não res, Motonetas, Bicicletas e havia mulheres prestando Similares). Até novembro este serviço e ficou apredo ano passado, eram 7,8 ensiva. milhões, enquanto em Com a pande2011 elas somavam 4 mia, ficou mais milhões de carcomum enteiras de habilicontrá-las, PROGRAMA tação na categoria MOTOFRETISTA princiA. SEGURO pal-

O Programa Motofretista Seguro é uma iniciativa do Governo de São Paulo e do Detran.SP, que oferece crédito, facilidade no financiamento e formação para criar uma rede de proteção da categoria, além de contribuir com a segurança de quem exerce essa atividade. O objetivo da ação é atender os profissionais que necessitam adequar a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para o exercício da atividade, com a regularização de documentos.


SAÚDE

rotina de AUXILIA NA PREVEN Pesquisa mostra que manter o corpo ativo ajuda na prevenção de doenças consideradas agravantes para a Covid-19

POR JOÃO MEDEIROS

Uma pesquisa divulgada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em novembro de 2020, com pessoas confirmadas com a Covid-19, por meio de teste molecular e sorológico, mostra que a prevalência em hospitais por conta do vírus foi 34,3% menor entre pessoas que se consideravam “suficientemente ativas”, ou seja, aquelas que, antes da pandemia, praticavam semanalmente pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de alta intensidade.

Juliane Almeida, 44, auxiliar de enfermagem no Hospital Regional de Taubaté, disse que, desde que foi instalada a ala de tratamento para Covid-19, acompanhou de perto muitos casos, e informou que pessoas que realmente mantinham uma rotina de exercícios mostravam quadros menos graves: “Assim que começamos a

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atender na ala Covid, acompanhei diversos pacientes. Uns mais, outros menos tempo, mas a maioria que tinha uma rotina de treinos e se preocupava com a saúde ficava menos tempo internada”. Com as academias, box de crossfit e studios com restrições, a busca por equipamentos e acessórios para treinos em casa aumentou significativamente desde março do ano passado. Alguns itens chegaram a marca mais alta de 2.500% a mais, em relação ao período anterior à pandemia, segundo o site da Netshoes. O HomeGym é uma tendência que se intensificou por conta do isolamento social, e consiste em montar um espaço fitness adequado para treinos em casa, pois as pessoas têm buscado a segurança e comodidade de poder se exercitar sem o uso da máscara. O personal trainer Luciano Junqueira, 27, de Caçapava, comentou esse aumento pela busca por atividade física depois que começou o isolamento social. “Com a chegada da pandemia, muitas pessoas começaram a trabalhar de casa e ter mais tempo ocioso. Assim, quem tinha


e treinos NÇÃO DE DOENÇAS condições de comprar equipamentos ou pagar um personal para treinar em casa, começou a treinar com mais frequência. Isso é um sinal muito bom, tendo em vista que a atividade física traz dezenas de benefícios, para o corpo e para a mente, ajudando a prevenir vários tipos de comorbidades”. SAÚDE REFORÇADA Amabile Silva, 33, de São José dos Campos, é Consultora de Marketing Pessoal e seu passatempo favorito desde a infância é nadar. Como tem uma piscina em casa, chega a passar cerca de 15 horas semanais nadando. Ela contraiu o vírus por volta da segunda quinzena de julho de 2020, passou quatro dias internada no Hospital Municipal de São José dos Campos e contou que não precisou de tratamento intensivo. “Contaminei mais ou menos no dia 17 de julho, no dia 23 precisei ser internada pois minha saturação estava baixa demais, mas em quatro dias eu estava melhor e fui para casa, não precisei de respiradores nem intubação. Os médicos disseram que o que colaborou meu corpo a combater o vírus foi minha rotina de ativi-

dade física que me ajudou a ter uma saúde mais reforçada”. A COVID-19 é uma doença viral infecciosa que pode progredir para casos inflamatórios mais graves. Como ainda não existe um medicamento específico para combater o vírus SARS-CoV-2, o tratamento hospitalar consiste em lidar com os vários sintomas da infecção e dar suporte respiratório aos pacientes, se necessário, que foi o que aconteceu com a Amabile em 2020. VANTAGENS DE ‘SE MEXER’ Manter uma rotina de treinos tem uma série de vantagens, dentre elas a melhora no sistema cardiovascular, respiratório, melhora no sono e aumento da imunidade, que auxiliam na prevenção de uma série de problemas de saúde. Vale ressaltar que a prática de atividades físicas ajuda a manter o peso e a prevenir doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, consideradas fatores de risco para o agravamento da infecção pelo SARS-CoV-2, mas não auxilia na prevenção da contaminação.

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GAMES

E-SPO

E A PROFISSIONALIZAÇÃO D

O crescimento dos jogos eletrônicos fez com que os jogadores não POR GUILLERMO FURTADO E MURILO CHAGAS

O mundo dos videogames em geral cresceu muito nos últimos anos. Passamos de jogos com gráficos bem simples e jogadores offline para verdadeiros simuladores que comportam jogadores do mundo inteiro atuando ao mesmo tempo. Ou seja, as pessoas que antes jogavam sozinhas em suas casas ou em grupo no mesmo console, agora podem jogar online, interagindo e competindo com jogadores de todo mundo. A profissionalização desses jogos online está crescendo cada vez mais como uma possibilidade de carreira. Desde a popularização dos jogos online, ainda nos anos 2000, era uma questão de tempo que começasse a haver competição em nível profissional no ramo. Conforme os anos foram passando, cada vez mais jovens e adolescentes jogam videogame de forma competitiva em busca de prêmios multimilionários e

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prestígio no cenário do E-Sports. E-Sports. O que é? Esportes Eletrônicos ou E-Sports (o termo mais usado atualmente no mundo) é uma nova modalidade surgida há poucos anos, que vêm dominando o mercado de games e atraindo legiões de jovens no mundo. São competições disputadas em games eletrônicos em que os jogadores atuam como atletas profissionais de esportes tradicionais e são assistidos por uma audiência presencial e/ou online, por meio de diversas plataformas de stream online ou TV. Não bastasse o jogo em nível profissional, vale também falar de como esse segmento se tornou uma possibilidade de carreira para quem simplesmente transmite e/ou comenta. As pessoas que fazem streaming desses jogos de E-Sports, sejam profissionais ou não, geram milhões de visu-

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alizações a cada vídeo e receitas também milionárias, a ponto de virarem celebridades no cenário. Com a ampliação do acesso à internet, diversos públicos passaram a acompanhar lives de jogos e a popularizar tal ação. Assim, o reconhecimento dado aos jogadores permitiu que eles utilizassem as lives como principal fonte de renda, elevando o ato de jogar ao patamar de profissão. Dessa forma, os E-Sports se tornaram torneios de alta audiência, comparado a esportes tradicionais como o futebol, no qual existe uma legião de torcedores que acompanham os jogos simultaneamente. Além disso, com a realização desses eventos, a maioria de grande porte, há boa movimentação de profissionais atuando direta e indiretamente na realização dos jogos, trazendo uma expressiva quantidade de espectadores. Em entrevista, o atleta profissional de Fifa, Felipe Barreto, da


ORTS

DOS JOGOS ELETRÔNICOS

o jogassem apenas para se divertir. Agora, o jogo virou profissão equipe MGCF E-Sports nos contou um pouco como é ser um “pro player” do jogo Fifa, o que o levou a seguir essa carreira e suas dificuldades no E-Sports. Perguntado sobre o que o fez se tornar um jogador profissional de Fifa, Felipe diz que sempre gostou muito de jogar o jogo e começou a se destacar com muitas vitórias no modo de jogo competitivo dentro do Fifa (Ultimate Team). “Sempre levei o Fifa como hobby, mas no Fifa 19 comecei a jogar o modo Ultimate Team e, em janeiro de 2020, consegui fazer 27 vitórias na Weekend League, e com o tempo fui evoluindo e me destacando.” O QUE É A WEEKEND LEAGUE NO FIFA? A Weekend League é uma competição online mais importante do modo FIFA Ultimate Team. Ela é composta por 30 par-

tidas no total e o objetivo é conseguir o máximo de vitórias possíveis. Ao conseguir a classificação para o evento, os participantes terão a oportunidade de jogar contra os melhores players de sua região e disputar por recompensas no FIFA. Além disso, o campeonato é o principal caminho para todos aqueles que desejam se tornar um jogador profissional e participar da Global Series, que poderá abrir portas para as maiores competições de FIFA 21, como a CONMEBOL eLibertadores e a FIFA eWorld Cup. Felipe Barreto também nos contou de onde consegue a sua renda no jogo e como é o suporte que os times dão aos atletas. “O Fifa no Brasil está mais atrasado comparado ao restante do mundo. Atualmente, eu recebo grande parte da minha renda com premiações de campeonatos, com o meu time que me dá suporte e com coachs de Fifa que faço com

alunos”. Sobre o suporte dos times aos atletas: “Posso falar do meu time, que conheço de dentro, temos psicólogo, game house, coach e ajuda financeira. Além de conseguirmos treinar com jogadores bons diariamente”. Para finalizar, o “pro player” Felipe Barreto nos contou as dificuldades encontradas de seguir essa carreira e de se manter em alto nível em um jogo que está em constante mudança todo ano. “Tenho dois lados sobre a questão de ser pro player. Como eu tenho 16 anos, hoje em dia é algo que consigo fazer um dinheiro, porém ocupa grande parte do meu dia. Jogar campeonatos, treinar e estudar o jogo é muito difícil porque, infelizmente, o Fifa é um jogo que está em constante mudança, então temos que nos adaptar sempre. Chegar ao topo é difícil, mas se manter é mais difícil ainda.”

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PREPARADO PARA OS NOVOS E

POR JÚLIA HELENA E NATAN ALVES

Em julho deste ano de 2021, no Japão, ocorrerá, depois de muitas incertezas por conta da pandemia, as Olimpíadas de Tóquio 2020, já confirmadas pelo Comitê Olímpico Internacional. E haverá novidades quanto ao quadro de esportes. Serão cinco novas modalidades, que vão de acordo com a visibilidade mundial que esses esportes têm ganhado nos últimos anos. São eles: Beisebol/Softbol, Escalada, Karate, Surf e Skate, sendo todas elas com categorias femininas e masculinas e, essas duas últimas, as mais conhecidas entre os brasileiros. Também terá a inserção do Basquete 3x3, dentro da modalidade de

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basquete, e o BMX Freestyle, no ciclismo. CLASSIFICAÇÃO Apenas o Beisebol/Softbol e a Escalada não têm representantes brasileiros. Diferente desses esportes, o Basquete 3x3 tem uma seleção, mas está em busca da tão sonhada classificação para Tóquio. Já o Karatê está definindo seus atletas.

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Nas modalidades de surf e skate, há grandes possibilidades de medalhas, seja de ouro, prata ou bronze. O surf já tem os nomes confirmados desde de 2019, sendo


ESPORTES QUE ESTREIAM NAS

a Tatiane Weston-Webb, Silvana Lima, Ítalo Ferreira e Gabriel Medina. Enquanto no skate, o esportista Luiz Francisco (Luizinho) já está classificado para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A seleção poderá levar até 12 atletas. Outros possíveis nomes a garantire m a vaga são: Pâmela Rosa, Rayssa Leal, Letícia Bufoni, Dora Varella, Yndiara Aspas, Pedro Quintas, Pedro Barros, Kelvin Hoefler. PÚBLICO Quando chega a época dos jogos olímpicos, todos param para assistir, seja crianças, adolescentes, jovens, adultos ou idosos, todos entram na onda e curtem. Diante desse cenário, realizamos um formulário online, que foi respondido por 53 pessoas de ambos os gêneros e das mais diversas faixas etárias, em que foram descobertas tendências so-

bre o interesse e a opinião das pessoas com relação à entrada desses novos esportes no programa olímpico. Entrevistamos, também, duas pessoas com perfis e idades diferentes, para que fosse feita uma comparação, do público-alvo das olimpíadas. Nossos entrevistados são Liedge Ribeiro Xisto, 28, que mora em São Sebastião, e Juarez Silverio, 46, morador de Pindamonhangaba. Mais da metade das pessoas que respondeu o formulário, disse ter o costume de acompanhar as olimpíadas, com isso, 62% delas já viram pelo menos dois jogos olímpicos no decorrer do tempo. Ainda assim, muitos não se sentem empolgados em assistir à competição deste ano em específico, que teve um pequeno desencontro de datas por conta da pandemia, transferindo a competição de 2020 para 2021. Esse impasse e desconhecimento são vistos em números. Cerca de 11% da pesquisa demonstrou não saber que haveria olimpía-

das neste ano. Liedge assiste às olimpíadas desde 2000, que ocorreu em Sidney (Austrália). Para esse ano, ela está empolgada, mas não tanto quantos nos outros, por conta da pandemia. “Eu gostava do clima de olimpíadas, se juntar para assistir a alguns jogos, comemorar com outras pessoas quando o Brasil ganhava. E também porque era algo que eu costumava fazer com minha vó, que já faleceu. Era meio que uma tradição assistirmos a jogos juntas, principalmente vôlei, esporte que ela era apaixonada”. NOVOS ESPORTES Dessa forma, o padrão de gostos esportivos dos entrevistados foi se desenhando até chegar à parte da inserção dos novos esportes. Juarez disse estar animado com os jogos, mas ainda sente desconfiança quanto ao desempenho dos brasileiros até nos esportes mais tradicionais. “Pra falar a verdade, estou 80% empolgado. Mesmo assim,

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Uma das competições esportivas mais tradicionais da história se moderniza e traz novas atrações para o público neste ano

“Eu considero esporte, pois ambas as modalidades precisam de muita dedicação e preparo, assim como os outros esportes” Liedge Ribeiro Xisto

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acredito que a maioria dos esportes brasileiros não é tão forte quanto os das potências mundiais, então, não estou tão animado por isso. Exemplo disso é a ginástica, que sempre vemos os Estados Unidos ganhando as maiorias das medalhas.” Essa desconfiança no potencial esportivo brasileiro, vista na fala de Juarez, repercute também no interesse dos votantes nos novos esportes. Cerca de 35% das pessoas não sabia que teriam novos esportes nesta edição dos jogos. Assim, por familiaridade dos entrevistados, os esportes mais citados por eles, tendo algum nível de proximidade, seja com o ato de assistir ou praticar, foi o Surf e o Skate. Dessa forma, o surf é o esporte que deverá receber mais audiência dentre os que estrearam nessa edição de Tóquio, segundo o levantamento. Contudo, em uma parte mais específica do formulário foi questionada sobre o real significado do Skate e Surf para as pessoas. Há muito a ser conquistado por estes esportes a fim de um dia terem tamanho reconhecimento no Brasil, comparados com modalidades que já estão no cotidiano do brasileiro, como o futebol e o vôlei, por exemplo. Ainda que 35% dos entre-

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vistados não soubessem da presença destes esportes nas olimpíadas, cerca de 90% afirmara que eles deveriam ser mais reconhecidos e valorizados. PARALELO DE GERAÇÕES Juarez disse guardar memórias olímpicas apenas do futebol. Assim, quando questionado sobre o interesse nos novos esportes, ele explicou ter curiosidade em observá-los nas competições, porém, os enxerga de uma maneira pouco profissional. “Eu vejo essas práticas como Surf e Skate como uma atividade para lazer. Entendo que tenha o lado profissional dessas modalidades, mas não considero necessários serem esportes olímpicos. Não os vejo com a ‘cara’ das olimpíadas”, concluiu. Já Liedge pensa diferente. “Eu considero esporte, pois ambas as modalidades precisam de muita dedicação e preparo, assim como os outros esportes”. Diz, ainda, que pretende assistir a essas novas modalidades, não apenas os esportes tradicionais. Portanto, a valorização destes esportes tem sua chance aumentada com transmissão em nível mundial, em que tanto os mais velhos quanto os mais novos possam observar essas modalidades com bons olhos.


ESPORTE

UM PERÍODO PARA REPENSAR O JORNALISMO ESPORTIVO NO BRASIL Comunicação esportiva na pandemia: como os profissionais alteraram suas atividades?

POR GUILHERME FALEIROS E LAISA RODRIGUES


ESPORTE

O jornalismo esportivo sempre foi uma das principais editorias dos mais variados meios de comunicação. Não à toa, sempre o vimos presente em jornais, revistas, na rádio e na televisão. Com a pandemia, porém, ele precisou ser reinventado, quase que reestruturado: a Covid-19 afetou as pautas, as coberturas e a forma de se fazer jornalismo esportivo.

“Os treinos não são mais abertos à imprensa, para evitar o risco de transmissão do vírus...

tar”, afirmou Danilo. ESPORTE DE FORMA ONLINE aos jornalistas, uma forma de não seguir os padrões básicos de fontes e checagem de veracidade da informação. Dentro desse contexto, os mais desafiados foram os profissionais que produzem esse material: tudo mudou no esporte, o público demanda conteúdo e como é que o jornalista se vira nesse tão falado – e empurrado, goela abaixo – novo normal? “Passamos a acompanhar como os atletas estavam se virando durante o período de paralisação para manter a forma física, como estavam as discussões para o retorno dos campeonatos e quais cuidados eram necessários... Além disso, aproveitamos o período para fazer matérias mais frias (aquelas que podemos soltar em qualquer momento, não é factual). Por exemplo: fizemos

Danilo Sardinha

Dessa forma, o foco do jornalismo esportivo precisou se adaptar, acompanhando o que foi feito pelos atletas e comissões das mais diversas práticas esportivas. E não só deles, porque o público também mudou: agora, todos os olhos estão voltados para a pandemia e seus efeitos. Quem sempre acompanhou o esporte passou a se preocupar com a forma como as modalidades resistiriam a esse momento. Danilo Sardinha, 30 anos, de São José dos Campos, é repórter do site “Globo Esporte”, e afirma que o que mais afetou no seu serviço foram as restrições. “Os treinos não são mais abertos à imprensa, para evitar o risco de transmissão do vírus. Isso dificulta para acompanhar o dia a dia das equipes. Os jogos, embora seja permitida a presença de um número limitado de jornalistas no local, também têm mais restrições. Essas limitações, entretanto, são necessárias neste momento de pandemia. Danilo Sardinha Precisamos nos adap-

“É difícil prever como será o futuro. Acredito que as entrevistas via skype podem continuar com mais frequência nos programas esportivos de TV após a passagem da pandemia.

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no GE do Vale do Paraíba uma série para contar as histórias de equipes de futebol da região que disputaram competições estaduais e, hoje, não existem mais”, contou Danilo.

“Passamos a acompanhar como os atletas estavam se virando durante o período de paralisação para manter a forma física

TANQUE SEM COMBUSTÍVEL Em 2020, quando a Danilo Sardinha doença se espalhou de Wuhan, na China, para o restante do mundo e os eventos esportivos, como tantas outras atividades, FAKE NEWS: precisaram ser interrompidos, UMA REALIDADE o que alimentava o trabalho da QUE CRESCEU cobertura esportiva deixou de O esporte, como todos os ser praticado. Era quase um nichos ligados ao jornalismo, tanque sem combustível e foi sofreu com a frequência de preciso mudar as estratégias, matérias ligadas às mentiras. A encontrar uma maneira de dar demanda do esporte ficou megás para esse veículo que não nor, muitos jornalistas da área podia nunca parar. foram até deslocados para ouEste novo momento exige tras funções, para auxiliar na muito mais precaução dos jor- cobertura da pandemia. nalistas esportivos em adquiMatérias, pautas e formarir conteúdo de maneira re- tos de jornalismo esportivo mota, todos foram desafiados que antes eram ignorados, ena se reinventar diariamente traram na agenda nos períodos para levar de forma mais segu- quando não se havia material, ra o melhor das suas matérias, por conta de cancelamentos de forma online e cada vez de eventos esportivos. As emismais rápida. soras esportivas priorizaram A distância entre a comu- matérias sociais digitais, connicação online e a ‘vida real’ tando histórias de atletas, que ficou evidente, também na muitas vezes já haviam sido forma de apresentação das no- passadas, dicas de treinamentícias, que em muitas ocasiões tos para aliviar o estresse profoi feita por repórteres em sua vocado pelo isolamento social própria residência. A respon- e também reprises de jogos, sabilidade para manter o nível eventos e coberturas antigas, de qualidade ficou aparente, por exemplo as copas de 70, 82, pois o desafio trouxe o com- 86, 90 e 94 que ganharam uma prometimento da rotina diária série, contendo todos os jogos modificada. no SporTV.

Uma nova era se aproxima? O fim da pandemia, pelo menos no Brasil, não é visto nem de perto, mas o pós para o jornalismo esportivo pode ser voltado pela introdução da tecnologia. Um exemplo são as chamadas por vídeo para entrevistas mais rápidas e dinâmicas. “É difícil prever como será o futuro. Acredito que as entrevistas via skype podem continuar com mais frequência nos programas esportivos de TV após a passagem da pandemia. Na cobertura do dia a dia, acho que pode ser que volte a ser mais próximo do que era antes da pandemia. Mas é difícil saber o que voltará e o que continuará”, reafirmou Danilo. Os profissionais de comunicação esportiva conseguiram, por obrigação, a oportunidade de pensarem no papel que exercem para o esporte. Com a modificação de estrutura do seu cotidiano, a visão que eles têm dos esportes transmitidos e associados, não pode ser apenas para eventos presenciais.

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