FOCA#02 2020

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PANDEMIA: UMA REALIDADE NÃO PREVISTA O novo coronavírus (Covid-19) tem causado diversas mudanças. E, infelizmente, o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking mundial de infectados PÁGINAS 4 E 5

N E S TA E D I Ç ÃO

HOME OFFICE TRANSFORMA REALIDADES PÁGINAS 6 E 7 PANDEMIA ACELERA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL PÁGINAS 10 E 11 ADOÇÃO RESPONSÁVEL DE PETS 14 E 15 FAKE NEWS EM MEIO À PANDEMIA 21 A 23 OS GIROS DA MODA 26 E 27 O SURGIMENTO DO BOLINHO CAIPIRA 30 E 31


ÍN DICE

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PANDEMIA: UMA REALIDADE NÃO PREVISTA SOCIEDADE

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HOME OFFICE TRANSFORMA REALIDADES ECONOMINA

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A PRECOCE REVOLUÇÃO DA MANEIRA DE SE TRABALHAR TRANSFORMAÇÕES

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PANDEMIA ACELERA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NEGÓCIOS

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ENSINO DURANTE A PANDEMIA: O QUE PENSAM OS ALUNOS E PROFESSORESMEIO EDUCAÇÃO

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AMANDA KNOX: QUEM ESTÁ CONTANDO A VERDADE? INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

RECEBIMENTO, REABILITAÇÃO E RETORNO MEIO AMBIENTE

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FAKE NEWS EM MEIO À PANDEMIA TECNOLOGIA E CAOS

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ADOÇÃO RESPONSÁVEL DE PETS CAUSA ANIMAL

VALORANT: O JOGO QUE PODE UNIFICAR O CENÁRIO DOS ESPORTS ESPORTE ELETRÔNICO

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FAMÍLIA REUNIDA VIA WI-FI COMPORTAMENTO

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O SURGIMENTO DO BOLINHO CAIPIRA CIDADES

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A VOLTA DO FUTEBOL ESPORTE

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ENQUANTO A BOLA NÃO ROLA ESPORTE

OS GIROS DA MODA MODA & SOCIEDADE

COLABO RADORES 1 - Andresa Ferreira 2 - Bernardo Costa e Silva 3 -Filipe Alves 4 - Gabriel Duarte 5 - João Lucas Batista 6 - João Pedro Ferreira 7 - Júlia Dias 8 - Laura Stetner 9 - Lavinia Faria 10 - Leonardo do Carmo 11 - Madu Laurindo 12 -Milena Bento 13 - Pedro Bavuso 14 - Rafaela de Oliveira Silva 15 - Rodrigo Almeida 16 - Sonia Niara 17 - Vitor Hugo Freire 18 - Prof. Lucaz Mathias 19 - Prof. Fredy Cunha 20 - Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi 21 - Prof. Marcelo Rodrigues

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EXPEDIENTE JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO (FCSAC) – TURMA 2020 REITOR Prof. Dr. Milton Beltrame Junior DIRETOR DA FCSAC Prof. Msc. Celso Meneguetti COORD. DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira EDITOR-CHEFE Prof. Esp. Fredy Cunha (Mtb 47292) PROJETO GRÁFICO Prof. Esp. Lucaz Mathias e Alunos do 6º período de Jornalismo CONSELHO EDITORIAL Profa. Dra. Vânia Braz de Oliveira, Prof. Esp. Fredy Cunha e Profa. Profª. Dra. Elizabeth Kobayashi Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP Av. Shishima Hifumi, 2.911, Urbanova, São José dos Campos – SP 12.244-000 / Tel.: (12) 3947-1083, www.univap.br Dúvidas e sugestões pelo e-mail: fredy.cunha@univap.br.

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ilustração mit studio shutterstock.com

EDITORIAL

SUPERAÇÃO POR PROF. FREDY CUNHA

Não tem sido tempos fáceis. Vivemos um momento de muitas mudanças. Algumas de comportamento, outras nas maneiras como nos relacionamos e tem, ainda, as mudanças nas rotinas de trabalho e nas formas como lidamos com processos que, antes da Pandemia, eram lidados de forma totalmente diferente do que essa que ‘experimentamos’ agora. Diante das facetas de um problema tão grave de saúde pública – algo que já ceifou a vida de tantos –, nada deve chamar mais a nossa atenção do que a necessidade de, mutuamente, nos cuidarmos. É tempo de focarmos esforços naquilo que precisa ser feito para evitar que os estragos da Pandemia continuem avançando de forma tão galopante. Além deste foco na questão da saúde e da preservação de vidas, vale analisarmos as mudanças pelas quais o mundo passa. São mudanças inevitáveis, que se impõe com a mesma força da propagação do vírus. Os ambien-

tes de trabalho já não são mais os mesmos. Os abraços e apertos de mão (tão apreciados por nós) estão, pelo menos por estes tempos, sendo evitados. Enfim, a vida em sociedade não é (e há quem afirme que jamais voltará a ser), como antes da Pandemia. Nesta edição da revista, entre outros assuntos, você lerá reportagens que abordam exatamente isso: as mudanças pelas quais passamos e estamos passando desde que o Coronavírus impôs uma nova forma de seguirmos. Inclusive o processo de produção e finalização de nossa revista também sofreu uma série de alterações. Não fosse pelo esforço a mais de nosso time de repórteres (alunos do 3º ano de Jornalismo da Univap), essa revista não estaria pronta. Que bom que esse time se superou e, em vez de optar em não seguir com este projeto, preferiu seguir. Resultado: revista pronta, graças a eles! Aproveite este resultado e tenha uma boa leitura!

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SOCIEDADE

PANDEMIA: UMA REAL O NOVO CORONAVÍRUS (Covid-19) tem causado diversas mudanças. E, infelizmente, o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking mundial de infectados, atrás apenas dos Estados Unidos POR ANDRESA FERREIRA

A pandemia obrigou diversas medidas de prevenção em quase todos os países e, com o Brasil, não foi diferente. O isolamento social e a suspensão dos serviços não essenciais obrigaram muita gente a ficar em casa, grandes empresas e fábricas tiveram que fechar as portas, a Bolsa de Valores chegou a despencar 39,28% em menos de dois meses, atingindo recordes negativos históricos. O vírus não escolhe quem vai atingir, ele apenas o faz, desde o mais rico até o mais pobre, homens, mulheres, crianças, de direita ou esquerda, religiosos e ateus, todos estão vulneráveis à pandemia.

“Com certeza, se eu pudesse ficar em casa durante a quarentena, eu ficaria, mas essa não é uma realidade possível. Eu preciso trabalhar”

PEQUENOS COMÉRCIOS LUTAM PARA MANTER PORTAS ABERTAS Donos de pequenos comércios necessitam continuar trabalhando durante a quarentena, para sustentar suas casas. Infelizmente, essas pessoas não têm outra opção e precisam sair do conforto e segurança de seus lares, pois na maioria das vezes são a principal ou, até mesmo, a única fonte de renda de suas famílias. Fabiana Aparecida das Neves é proprietária de uma mercearia, em Caraguatatuba, e tem sofrido bastante com as consequências da pandemia. Devido à quarentena, ela viu o número de clientes diminuindo a cada dia. “As pessoas sentem medo de entrar em locais mais fechados, como aqui, que é mais apertadinho. Também tem a questão de muitas delas não terem dinheiro

Leandro Silva, pedreiro autônomo

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para comprar como comumente compravam”, explica. Outro problema que assola a pequena comerciante são os clientes que possuíam conta na mercearia e pagavam a despesa no final do mês. Mesmo durante a pandemia, ela manteve o estilo de venda, mas, agora, seus clientes já não possuem condições financeiras para pagar a conta. “Muitos clientes chegam e falam: ‘Fabiana esse mês foi difícil. A pandemia não me deixa trabalhar, posso pagar no próximo mês?’. E eu não tenho como dizer não, muitos deles são pessoas simples e se eu não deixar comprar fiado, eles não terão condições de manter suas famílias”, destaca, solidária à situação. Com isso, falta dinheiro para a pequena empresária continuar repondo as mercadorias. “Os boletos vão se acumulando, chega no final do mês e fica difícil de manter o estabelecimento aberto, temos que quase escolher entre comprar um produto ou outro”, compartilha.


AS DIFICULDADES DOS TRABALHADORES AUTÔNOMOS Leandro Silva trabalha como pedreiro autônomo juntamente ao seu pai. Disputar espaço de trabalho com grandes empreiteiras já era um desafio antes mesmo da pandemia, mas eles sempre encontravam alguns serviços pequenos, os chamados ‘bicos’ e, às vezes, trabalhos maiores. Esses trabalhos já eram suficientes para os dois conseguirem ter uma renda fixa, mas agora a pandemia agravou a falta de demanda. “Um dos nossos clientes já havia fechado negócio para a construção de uma casa. O trabalho geraria renda fixa de seis meses a um ano. Mas, devido à quarentena, o cliente teve que cortar gastos e, infelizmente, desistiu da construção”, lamenta. Atualmente, eles trabalham apenas em uma obra, que tem previsão de término em dois meses e, até agora, nenhuma outra oportunidade de serviço apareceu. O medo de ser contaminado pelo vírus também é mais um dos desafios enfrentados por Leandro e muitos que pre-

cisam sair de casa para trabalhar. Segundo ele, a obra em que trabalha está localizada em uma área movimentada. “Eu não sei por qual motivo, mas as pessoas que moram próximas à obra andam muito pela rua, todos desprevenidos e sem o uso de máscaras. Esse tipo de comportamento me apavora, não tem como eu saber quem está contaminado ou não. Nós, literalmente, estamos navegando em um mar de incertezas”. A REALIDADE DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE Outra classe que sofre diretamente as consequências do Coronavírus é aquela que atua diretamente contra ele:

os profissionais da saúde. As mudanças no âmbito hospitalar são visíveis por todos, mas a verdadeira realidade só pode ser vista pelos próprios enfermeiros e médicos. Maria Júlia Navarro, técnica em enfermagem, viu seu trabalho ser intensificado do dia para a noite e comenta as diversas dificuldades enfrentadas por ela e seus colegas. “Agora, os EPIs utilizados são mais reforçados, alguns são tão quentes que fazem a gente passar mal. As máscaras sufocam se usadas durante um longo período. A higiene é mais reforçada e a lavagem das mãos é essencial a cada minuto”. Apesar de toda a situação enfrentada, a técnica em enfermagem não se deixa abater e, quando questionada se pensa em desistir da profissão após a pandemia, a frase ‘enfermagem por amor’ se mostra presente. “Sei que somos linha de frente e estamos correndo um risco enorme, mas ver uma pessoa que passa por tudo isso sair bem do hospital, é a coisa mais gratificante que existe”.

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LIDADE NÃO PREVISTA


ECONOMIA

Home Offic

TRANSFORMA que uma infraestrutura adequa-

POR LEONARDO MORAES

O isolamento social da pandemia do Coronavírus foi um efeito catalisador em 2020 para estabelecer as tendências do futuro

fotos claudio schwarz unsplash

Desde o início da pandemia, a área profissional, em geral, teve de ser rapidamente adaptada, para a economia não entrar em colapso. Assim, um novo ce-

nário de dinamismo de trabalho poderá ser visto como parte do novo “normal” após essa crise epidemiológica. O trabalho home office, há um tempo, vem se tornando realidade no Brasil, principalmente no mundo corporativo. A possibilidade de ter um computador e celular, já garante parte do trabalho em casa, sem gastar tempo se deslocando pelas cidades. HOME OFFICE CORPORATIVO O home office, tão falado nesse período, foi a alternativa para garantir a renda entre empresas e funcionários. Esse modelo vem sendo utilizado, visto

da e a comunicação eficiente podem gerar benefícios, como: redução de custos, economia de tempo, produtividade e motivação aos funcionários. Mas que, também, exige disciplina e preparação, como afirmou Patrícia Kurek, de São José dos Campos, diretora de Marketing e Mestre em Gestão Internacional pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “As empresas deverão implantar soluções tecnológicas e uma mudança na cultura organizacional. Investirão em soluções avançadas e ferramentas de comunicação apropriadas para melhorar a infraestrutura, e tornar o trabalho remoto mais eficiente e seguro, remodelando


ce

assim o ambiente corporativo”, acrescentou Patrícia, que também docente universitário. É o que também afirmou Francisco de Assis, 41, engenheiro de qualidade, também de São José, que trabalha, nesse período, em home office. “As empresas usarão os resultados de produtividade deste período para avaliar a implantação do trabalho remoto. As características e especificidades de cada empresa devem ser levadas em conta, mas muitos paradigmas foram quebrados”. Segundo ele, o rendimento às vezes até aumenta, porém, por outro lado, a troca de conhecimento entre os membros da equipe é afetada, já que o contato ajuda no desenvolvimento profissional, como reuniões rápidas, informações e debates, o que aprimora o crescimento da equipe.

LEIS PARA O TRABALHO HOME OFFICE Apesar dos pontos positivos e negativos do home office, algumas dúvidas sobre os direitos trabalhistas para essa modalidade surgiram durante a quarentena. Após a Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), o home office ou teletrabalho passou a ser regulamentado pela CLT, não se distinguindo de quem trabalha no estabelecimento do empregador. Em relação à sobrecarga de trabalho e direito às horas extras, o advogado Diego Rocha, de São José, esclarece que esse tipo de trabalho é peculiar. “Não são abrangidos pelo regime da duração de trabalho previsto na CLT, ou seja, não teriam direitos a eventuais horas extras, posto que não haveria controle de jornada”. No entanto, completou que “diversas razões são importantes

para que se estabeleça o horário de trabalho, pois o empregador sabe o momento e o período exatos para contar com o empregado, bem como aquele empregado saberá que terá uma jornada efetiva a ser cumprida, e caso haja o excesso, receberá as horas extras”. “Para que de fato o empregado não faça jus ao pagamento das horas extras, não pode haver o controle de jornada, mas se na realidade houver o controle do ‘horário de trabalho’, o teletrabalhador passa a não mais se enquadrar na exceção legal”, acrescentou também. Sobre os custos com aparelhos e gastos com o trabalho em casa, o advogado comentou que a “responsabilidade de eventuais manutenções, fornecimento de equipamentos tecnológicos e despesas é arcada pelo empregador, previstas em contrato escrito”.

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foto david van dijk unsplash

A REALIDADES


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TRANSFORMAÇÕES

A PRECOCE REVOLUÇÃO DA M Entenda como a pandemia vem afetando o modo como as pessoas trabalham e o que antes era visto como comum, agora se tornou obsoleto

foto acervo pessoal

A vida das pessoas mudou, isso não há como negar. Se muitos dissessem até o ano passado que boa parte das pessoas estaria desde o mês de março trabalhando em suas casas e que o modo Home Office seria o “novo hábito” do trabalhador mundial, seriam taxados de loucos. Essa é, porém, exatamente a nova realidade, a realidade pela qual o trabalhador

POR CARLOS SCHON DIAGRAMAÇÃO LAVÍNIA FARIA E MILENA BENTO

brasileiro está passando. Muitos sabiam que o modo de se trabalhar – agora “de antes” –, ficaria obsoleto e monótono, todavia ninguém diria que, em decorrência da doença da COVID-19, o futuro bateria em nossa porta, como estamos presenciando no momento. Dificilmente, imaginaríamos que muitas profissões poderiam ser ensinadas ou ser executadas de casa, por exemplo. Uma delas, com certeza, é a do Personal Trainer – um trabalho essencialmente exercido em locais fechados ou estabelecimentos, como academias ou espaços para a prática adequada de exercícios físicos, em busca de um melhor desempenho e condicionamento do corpo. Marcelo Godoy, caiçara de nascimento e morador de São José dos Campos há 12 anos, é um dos bons exemplos de profissio-

“Isso também acaba sendo caracterizado pela maior mudança na minha rotina atual” Diana D’Onófrio

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nais que ainda não tinham experiências prévias com o ensino e com o trabalho feito de casa. “Eu ainda não tinha a experiência com aulas online no mercado, mas tenho a experiência de prescrição de treinos, mandar o treino para os clientes fazerem, mas a forma de dar treinos online é algo novo para mim. Eu nunca tinha pensado em atuar dessa forma, mas estou gostando e me adaptei muito bem.” Em contrapartida, há também profissionais que, apesar de não terem como rotina principal o Home Office, já tiveram ou têm histórico trabalhando de casa, como a professora de idiomas, Diana D’Onófrio. “Eu já tinha experiência sim, dando aulas por Skype. Como eu ensino, dentre outros idiomas, português para estrangeiros, eu tenho alunos que moraram por um tempo aqui e depois voltaram para os seus países natais, e que continuaram tendo aulas comigo via online. Essa não era, porém, a regra”. DIFICULDADES Mesmo que haja exemplos de profissionais, como Diana, que já tiveram uma experiência prévia


trabalhando de casa, a maioria ainda não tinha esse contato, essa prática. Devido a isso, toda novidade sempre gera um período de adaptação, ou seja, dificuldades àqueles que ainda não estão acostumados com esse “novo estilo de vida”, por assim dizer. Como muitos podem imaginar em uma profissão como a de um Personal Trainer, as dificuldades de se trabalhar de casa podem ser muito grandes e desafiadoras, principalmente quando os alunos não têm disponível em casa todos os equipamentos necessários para um treino, ou quando eles já não têm a mesma rotina de outrora. “A maior dificuldade no início da pandemia foi adequar os treinos, já que geralmente a gente não tem a estrutura toda de uma academia em casa, então tivemos que fazer algumas adaptações, usando cabo de vassoura, quilos de arroz e feijão como pesos, além disso, tenho alunos que usam mochilas cheias de livros, cadeiras, por exemplo. Enfim, essa é uma dificuldade encontrada dependendo do nível de condicionamento físico da pessoa antes de voltar, de se adequar a rotina”. Outro empecilho encontrado por Godoy tem a ver com manter os

“Eu nunca tinha pensado em atuar dessa forma, mas estou gostando e me adaptei muito bem.” Marcelo Godoy alunos motivados, principalmente aqueles que achavam que a pandemia não duraria tanto tempo assim. “Outra dificuldade encontrada, pelo que eu percebi, é de manter a pessoa motivada, porque alguns clientes demoraram um pouco para voltarem a ter aulas, já que eles achavam que a situação da pandemia voltaria rápido à normalidade. Depois que todo mundo percebeu que tudo não se normalizaria tão cedo, muitos alunos voltaram a se exercitar com Personal, com hora marcada, e isso facilita muito.” Além disso, apesar de já ter experiências com aulas online antes mesmo da pandemia, Diana também enfrenta dificuldades na nova rotina, já que em suas aulas ela gosta muito de ensinar por meio de jogos interativos e cartões – algo que é complicado de se fazer por uma tela de compu-

tador. “É mais difícil, porque normalmente uso muita mímica nas aulas e tenho que me virar para fazê-la somente na janelinha do computador. Fora isso, eu usava muitos recursos que exigem contato com os alunos, como cartões e dados, por exemplo, o que não é possível na aula online. Isso também acaba sendo caracterizado pela maior mudança na minha rotina atual”. Apesar de as profissões de Diana e Marcelo serem completamente diferentes, tanto no sentido da forma de se trabalhar como na maneira de ensinar os alunos, o momento atual aproximou-as. Ou seja, a pandemia foi responsável por trazer a todos uma nova maneira de se trabalhar e interagir, independentemente da área de atuação. Isso foi responsável por nos levar a uma realidade que não esperávamos que fosse chegar tão cedo.

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foto acervo pessoal

MANEIRA DE SE TRABALHAR


NEGÓCIOS

PANDEMIA ACELERA A TR POR VITOR HUGO FRÓES

É fato que a pandemia do novo Coronavírus está provocando diversas mudanças na forma como vivemos. Se antes estávamos acostumados a sair aos fins de semana, ir na padaria ou no supermercado, quando estávamos com fome, e

Locais de trabalho precisam mudar seu formato para continuarem ativos no mercado 10

na farmácia, quando precisávamos de algum remédio, vimos que agora tudo precisa ser diferente para respeitar as recomendações da Organização Mundial da Saúde e evitar a disseminação da Covid-19. Porém, é provável que as mudanças mais significativas tenham acontecido na rotina das empresas que não estavam preparadas e tiveram que mudar todos os seus processos para se

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adaptarem ao momento. E, para isso, estão tendo que passar por uma transformação digital não esperada. MAS, AFINAL, O QUE SERIA UMA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL? De forma resumida, essa ideia é descrita como uma reestruturação dos processos das empresas tendo como foco a absorção de cultura digital para ganhar produtividade. É uma reinvenção para aproveitar as oportunidades que existem no mundo da inter-

net, que está sendo uma das únicas formas de vender no momento. Esse processo pode ser percebido, por exemplo, observando a quantidade de corporações que estão colocando pessoas para trabalhar de suas casas, com o objetivo de evitar aglomerações e contribuir com a quarentena. Mas você deve estar se perguntando: o que o home office tem a ver com esse processo de transformação digital? Na realidade, tem tudo. Afinal, quando essa grande quantidade de indivíduos passou a precisar trabalhar de casa, as empresas


tiveram que utilizar ferramentas e recursos digitais (como o Zoom, Skype e outros), para continuarem tendo produtividade, transformando todos os seus processos, seja de vendas ou até do administrativo, em digitais. A Embraer, por exemplo, uma das maiores empresas da indústria da aviação, está passando por esse processo, como conta o estagiário de Gerenciamento de Projetos, Pedro Jun Nagano, 20 anos, que é de São José dos Campos. “Desde o início da pandemia, a Embraer nos solicitou que começássemos a exercer nossas funções diretamente de nossas casas. Para isso, estamos utilizando a Microsoft Teams para fazer reuniões semanais com todos os integrantes de nossa equipe e, praticamente todos os dias, o pacote Office 365, disponibilizado pela própria empresa”, disse o jovem. PORÉM, ESSAS MUDANÇAS NÃO TÊM RELAÇÃO EXCLUSIVA COM O TRABALHO REMOTO As modificações que estão sendo exigidas pela atual situação não possuem relação somente com as adaptações a um novo ambiente de trabalho, mas também com as formas como as corporações se comunicam e disponibilizam o seu produto e/ou serviço aos seus consumidores. Esse está sendo o momento de as empresas tirarem do papel aqueles planos antigos de inserção no mundo digital e se jogarem

de cabeça, aproveitando todos os tipos de canais e recursos possíveis para criar novos meios de continuar no mercado. Foi o que fez a empresária Daniela Duarte que, junto à sua irmã, Graziella Duarte, administra um ateliê culinário focado na venda de cursos e workshops presenciais de confeitaria, localizado na zona sul de São José dos Campos. Com o início da pandemia e a necessidade do isolamento social, as duas empresárias, que precisaram cancelar as aulas, passaram a realizar lives em suas redes sociais e, observando a demanda, perceberam que era possível continuar a partir da realização de cursos através dos meios digitais. “Vimos que o número de pessoas que nos procuravam em nossas redes sociais para saber das lives era muito grande, então percebemos uma oportunidade de modificar a nossa forma de trabalho e continuar vendendo pela internet. Passamos a disponibilizar cursos online em grupos fechados no Facebook e e-books pagos todas as semanas. Por enquanto, está dando muito certo e estamos conseguindo manter os negócios”, contou Daniela. A PANDEMIA SERÁ TEMPORÁRIA, MAS TUDO INDICA QUE A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NÃO Pensar que a transformação digital é algo que merece atenção somente nos meses de isolamento é uma ilusão. Quando

toda essa crise passar, será uma surpresa para muitas pessoas e empresas o quanto as relações de trabalho e com o próprio consumidor serão mais dinâmicas e, como consequência, como os processos e o trabalho ganharão ao se abrirem, de uma vez por todas, para essas modificações. Segundo a especialista em Marketing e ferramentas digitais, Carolina Sanchez, também de São José, a tendência é essa mesma, principalmente por conta da forma como as coisas estão acontecendo. Para ela, a obrigatoriedade do uso das ferramentas digitais, principalmente por pessoas mais conservadoras, que acreditavam que a internet não era necessária, está fazendo com que vejam o quanto os recursos digitais podem ser úteis. “Muitas pessoas tinham receio em comprar na internet e, inclusive, as empresas em vender pelo WhatsApp, por exemplo. Esse momento está mostrando que tudo isso é possível e que pode ser muito benéfico, pensando na economia de tempo e também de dinheiro, já que uma série de processos que antes eram utilizados para venda podem ser cortados a partir do comércio digital”, completou a especialista. Portanto, de fato, essas novas tecnologias estão chegando para ficar e, quem não se adaptar o quanto antes, vai acabar ficando para trás.

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RANSFORMAÇÃO DIGITAL


EDUCAÇÃO

ENSINO DURANT

o que pensam os al O PERÍODO DE PANDEMIA AFETA TODOS OS SETORES DA SOCIEDADE. Seja a saúde, a economia e até mesmo a política , mas quem mais sofre é a população, que fica à mercê de decretos e regras a serem seguidos pelas autoridades. POR PEDRO BAVUSO

Eles buscam a melhor forma de resolver os problemas da educação durante o período de quarentena Uma parcela da sociedade, em específico os estudantes, sofre com a falta das aulas presenciais e a necessidade do uso da tecnologia, como forma de estudo Nesta reportagem, você vai conferir como a pandemia está afetando os estudos de muitos jovens da região e como eles estão se virando para conseguir ingressar em uma faculdade ou até mesmo continuar o seu caminho durante esta fase. Como buscam a tão sonhada entrada na universidade, os estudantes do Ensino Médio são os mais afetados pela pandemia. Segundo Ana Carolina Andrade, de 17 anos, estudante em São José dos Campos , o

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conteúdo via home office tem visado a conclusão da grade curricular. Ela ressalta que o princípio deveria ser qualidade e não quantidade, e que as atividades deveriam ser entregues em prazos maiores. Na questão da qualidade, Ana relata: “Se você gosta de ter mais trabalho, mas ter conforto ao mesmo tempo, o ensino a distância é para você. Eu não vi diferenças boas, sinto falta das explicações, da ajuda direta dos professores e das atividades preparadas com cuidado, sinto falta de aprender e não de copiar páginas e páginas da internet”. Ela afirma, ainda, que se a tecnologia for usada da maneira certa, ajuda muito a vida dos estudantes e que os professores, primeiramente, deveriam entrar em um acordo, pois, segundo ela, alguns professores deveriam ter mais empatia. “Estamos todos passando por um momento difícil” Tendo outra visão do assunto, o estudante de Publicidade e Propaganda da Univap, Gabriel dos Santos, de 20

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anos, acredita que a intenção das universidades e escolas é sempre passar conhecimento, e isso não muda, ou ao menos não deveria mudar com o cenário atual, sem aulas presenciais. Para ele, outras alternativas têm que ser testadas e, aos poucos, tanto alunos quanto professores vão se adaptando. Segundo Gabriel, a tecnologia e a educação devem andar de ‘mãos dadas’, pois estão presentes, diariamente, no trabalho e até nos momentos de lazer. Ainda de acordo com o estudante, o ensino a distância pode melhorar. “Até porque, no Brasil vivemos uma desigualdade muito grande e muitas pessoas sequer têm acesso ao básico para um Ensino. Por exemplo,


TE A PANDEMIA: acesso à internet”, diz o universitário. ROTINA Voltando ao tema da pandemia, Gabriel diz que sua rotina mudou completamente e, além disso, acredita que o deixou mais acomodado. “Estando em casa e, teoricamente, com mais tempo disponível – o que não necessariamente é certo – você fica mais confortável. Acho que o principal desafio é saber ter uma rotina, ou montar uma rotina, e se forçar a fazer as suas atividades”, afirma o estudante. Ele ainda ressalta que o ensino a distância é uma experiência nova para muita gente, e que as pessoas ainda estão se adaptando. Fazendo uma breve compa-

ração sobre os estilos de ensino. Gabriel ressalta que as diferenças para o ensino presencial são enormes, principalmente em cursos mais práticos como medicina, jornalismo ou educação física, ou para crianças do primário que estão em uma fase que o convívio social é um dos principais aprendizados. PROFESSORES Com ouvimos os alunos, nada mais justo que ouvir, também, os professores, que também sofrem com esse período de pandemia, pois, para eles, o ensino tem que ser priorizado para o bem dos alunos. A professora de Inglês, Lara Rubia, de 47 anos, também de São José, acredita que as aulas online, em alguns aspectos,

podem, sim, ajudar no conhecimento, pois mesmo com as aulas online, há sempre a oportunidade de se tirar dúvidas com os respectivos professores das disciplinas estudadas. Mas nada comparado à eficácia das aulas presenciais. Assim, pode haver o entendimento da matéria e, logo, a conclusão da grade curricular. Como professora da Rede Estadual de Ensino, Lara diz estar acostumada com as aulas presenciais e ainda afirma que a qualidade do ensino a distância fica a desejar, por conta das condições econômicas de alguns alunos, pois nem todos têm o acesso devido à internet e a outros meios de comunicação online, o que complica bastante o entendimento deles nas aulas. “Então, para o Ensino Estadual, as aulas presenciais são bem melhores e proveitosas por ambas as partes, no meu ponto de vista”, conclui Lara. A professora ressalta, também, que o Governo deveria criar formas para facilitar o acesso dos alunos menos favorecidos ao ensino a distância, como, por exemplo, criar meios para atender os alunos de alguma forma que não os prejudicasse nesses tempos de pandemia.

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lunos e professores


CAUSA ANIMAL

ADOÇÃO RESPON SOZINHOS NUNCA MAIS! ONGs priorizam cada vez mais a adoção consciente de animais de estimação. POR LAURA STETNER

Com a pandemia do Coronavírus, muitas ONGs aumentaram seu fluxo de adoções. O que muita gente não sabe é a responsabilidade que vem com a adoção de um pet: um animal que pode viver mais de uma década, tem necessidades básicas e precisa de muito amor e carinho. Mas não pense que escolher um pet é tarefa fácil. Existe toda uma ideologia efervescente a respeito de adoção de pets e não mais compra, flexibilização de leis a respeito de maus tratos e crescimento exponencial de ONGs que resgatam e cuidam de animais de rua, abandonados ou maltratados. A adoção é, de fato, a parte mais importante dos processos de uma ONG. É quando o animal que já sofreu poucas e boas, ficou por anos no abrigo depois de ter sido resgatado cuidado e reintegrado, encontra uma família para, finalmente, ter uma vida de amor e muitos mimos. Por que a única coisa possível a

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se fazer quando você se depara com um bichinho é fazer um carinho e falar que ele é a cois a mais fofa do mundo, né? Fala a verdade!

dos. O Projeto sobrevive de doações e se tornou gigante depois que seu fundador viralizou com a causa animal. Participou até do Caldeirão do Huck, mas se

Se você optar pela adoção, provavelmente tomará conhecimento do termo “Adoção Responsável”. Pode parecer fácil pegar um pet para criar, mas existem condições básicas que devem ser fornecidas aos animais, para que tenham qualidade de vida, como por exemplo: abrigo de sol e chuva, comida, água, espaço e recreação, mesmo que seja para brincar sozinho. O que para alguns parece óbvio em relação aos cuidados, para outros, passa batido, por isso o abandono e maus tratos são, hoje, a maior luta das ONGs da causa animal.

consolidou mesmo lá para 2017, na era das mídias sociais. A ONG recebe por dia mais de 100 pedidos de ajuda do Brasil inteiro. Alguns casos são selecionados para receber o auxílio, pois os gastos com clínicas veterinárias são altos. Ademais, a questão monetária é um problema recorrente no mundo dos protetores independentes e projetos sociais voltados para a causa animal.

PROJETO ABRIGO ESCOLA Você sabia que o Estado não oferece respaldo nenhum para animais abandonados? É o caso da ONG Projeto Abrigo Escola, de São José dos Campos, que possui canil e gatil, totalizando cerca de 700 animais resgata-

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ADOÇÃO Os animais resgatados podem ter sido jogados na rua, atropelados ou vítimas de maus tratos. Alguns são medrosos, o que torna o período de adaptação um pouco mais árduo. Mas tudo isso é explicado quando um adotante entra em contato com a ONG. Esses animaizinhos são donos de grandes histórias de superação. O Projeto Abrigo Escola se preocupa em esclarecer todas as dúvidas do tutor antes que a adoção seja finalizada, pois entendem que esta é uma decisão que deve ser tomada com muita responsabilidade. A pessoa deve comprometer-se com tempo, cuidados e manutenção como banhos, possíveis idas ao veterinário, vacinas, remédios, ração e brinquedos para o pet.


NSÁVEL DE PETS

QUARENTENA A experiência de estar em quarentena ainda não tinha sido vivida por essa geração, foi uma experiência global inédita. Como consequência do distanciamento social, muita gente passa um bom tempo em casa e, talvez, tanto tempo sozinho tenha desencadeado a vontade de ter um cãopanheiro. Sendo assim, a quarentena aumentou o fluxo de adoções, tanto que, ainda em março de 2020 (começo da quarentena), foi compartilhada a notícia de que um abrigo nos Estados Unidos havia doado todos os seus animais nesse período. Foi nessa época que a famí-

lia da Karoline Raquel de Aquino, composta por ela, a filha Alicia de 5 anos e o gatinho Tom, decidiu adotar a Bella, do Projeto Abrigo Escola. Karoline, que é de São Paulo, conta que já teve animais de estimação antes e sabe o trabalho que dá, e como seria desafiador adaptar Bella à nova casa, com um irmão felino. Mas queria muito adotar depois da perda de outros dois pets, e não desistiu. “Todos os dias via várias fotos e mostrava para Alicia, ela adorava, mas ainda não era ‘A filha’”, diz. Para ela, a quarentena foi o timing perfeito para adotar, pois estando em casa conseguiu dar toda

a atenção necessária para a adaptação dos animais, criando um laço em família e, principalmente, divertindo os três pequenos.

“Já indiquei para várias pessoas adotarem nesse período. Como sempre tive animais, falo com experiência que este foi, sim, o melhor momento” Karoline Raquel de Aquino

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fotos a imaginativa

“Estamos tirando esses animais de situações de rua e maus tratos, precisamos ter certeza de que estarão cercados por muito cuidado, carinho e amor. Para isso, é disponibilizado um questionário para o adotante que se interessar, contendo dados e informações sobre a família e a casa onde o cachorro ou gato irá morar. Para gatos, por exemplo, a casa ou apartamento deverá ser totalmente telado, para evitar possíveis fugas. Então, após receber os questionários, a equipe de adoção analisa as respostas e, caso seja aprovado, é preenchido um termo de adoção em que o tutor se responsabiliza completamente pela vida do animal”, disse Sabrina Kavalieris, presidente da ONG.


COMPORTAMENTO

FAMÍLIA reunida via WI-FI As mudanças, intensificadas pela pandemia, sobre um dos pilares mais importantes da sociedade

² Matéria da CNN Brasil: “Zoom ultrapassa Microsoft Teams como programa mais usado para teleconferências“ em 01/04/2020 às 18h11.

¹ Matéria do Estadão: “Microsoft diz que número de usuários do Skype aumentou 70% em meio à pandemia“ em 31/03/2020 às 10h55.

POR SONIA NIARA SALES SANTANA

Para muitos jovens, uma das primeiras etapas para a realização pessoal é ter seu próprio espaço e ir morar sozinho, antes mesmo de construir uma nova família. Poder escolher os móveis, organizar as coisas do seu jeito e convidar os amigos, a qualquer hora, é sinônimo de liberdade. Com a independência conquistada é natural que as visitas na casa dos pais venham a diminuir. Mas, e quando toda esta liberdade fica resumida aos 40m² do seu apartamento devido a uma pandemia que está se alastrando pelo mundo todo? Graziele Ribeiro, 39 anos, que mora sozinha em São José dos Campos há mais de 6 anos, sabia bem desfrutar da liberdade da sua vida adulta. Antes da quarentena, ela trabalhava 10 horas por dia como fisioterapeuta, mas também aprovei-

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tava o tempo após o trabalho e os fins de semana para estar com os amigos, tomar um café, fazer uma trilha ou uma viagem curta. Há mais de 2 meses dentro de casa, com uma carga de trabalho 75% menor, Graziele diz que, dentre toda a sua rotina e vida social, “uma das coisas que não imaginaria sentir tanta falta é da família. Vejo que eu poderia até visitá-los mais vezes”. A solução encontrada por ela para diminuir toda esta saudade e necessidade foi: “ver minhas tias, meus primos, meu irmão, e até rever minha tia bisavó, de 102 anos, pelo celular”. TECNOLOGIA A mesma solução encontrada por Graziele é a de milhares de pessoas no mundo, já que empresas como Microsoft, Skype e WhatsApp tiveram aumento

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mínimo de 70% no uso de ferramentas de vídeo, se comparado aos períodos anteriores à pandemia da Covid-19.¹ No caso da empresa e plataforma Zoom, o aumento de usuários foi de 121% só no mês de março de 2020 – um enorme crescimento em relação ao ano passado.² Para Maria Fernanda Craveiro, 21 anos, estudante de Arquitetura e Urbanismo, a tecnologia tem sido a melhor forma de diminuir a distância de sua irmã Clara Craveiro, 18 anos. “Quando eu preciso de alguma coisa ou perguntar algo, agora é só mandar mensagem ou ligar, algo que a gente não fazia muito antes”. Por morarem separadas – Maria Fernanda com o avô de 94 anos e Clara com a mãe –, Mafe diz que ela e a irmã se viam apenas duas vez por semana, quando faziam aulas de pilates juntas, e interagiam mais aos fins de semana na casa do avô. “Agora, nestes dias temos que


VISITA ONLINE Para as mães de primeira viagem, como a Joyce Victor, 32 anos, a palavra descansar pode desaparecer completamente do vocabulário. Na verdade, elas querem mesmo é ter a casa cheia, receber a visita da família, trocar as novas experiências com as amigas e, sim, ver seu bebê ser muito paparicado. Ter o nascimento da Bella em plena quarentena, fez Joyce expressar um sentimento não esperado: “É muito triste porque é seu primeiro filho, é uma emoção nova e você quer mostrar seu filho para todo mundo. Mas aí você ganha seu bebezinho e não tem ninguém ali”. Porém, ainda na maternidade, os pais Joyce e Gustavo apresentaram Bella à família e aos amigos íntimos por meio de visitas online, utilizando a ferramenta de vídeo do WhatsApp. As visitas continuam até hoje e, para ter a ajuda da mãe e da irmã, elas criaram um grupo de WhatsApp, em que a mãe coruja encaminha diariamente fotos, áudios e vídeos da pequena Bella. EXPERIÊNCIA COMUM Segundo a doutora em Psicologia Social, Soraya Souza, “a forma digital ganhou um up grade dentro da estrutura social e familiar, uma vez que deletamos o modo de se relacionar que conhecíamos e passamos, então, a fazer lives, seja

para comunicar um conhecimento ou para se divertir”. Para o casal Ana Paula Romão, 46 anos, e Paulo Maia, 65 anos, a diversão fazia parte da rotina antes da pandemia. Ainda que passassem a semana toda trabalhando juntos, pois Paulo é advogado e Ana Paula estudante de Direito, também dedicavam tempo para o lazer, viagens e passeios com os amigos. Mas, esta convivência excessiva, em tempos de crise, pode trazer mais preocupações e até desentendimentos, afirma Ana Paula. Para o casal, a melhor forma de amenizar este clima é no diálogo e, como ela afirma: “respeitar acima de tudo as opiniões um do outro, ainda que sejam divergentes”. A psicanalista clínica Soraya complementa que este é um momento social para “fortalecer os laços emocionais,

buscar a harmonia no lar, valorização das relações mútuas e reorganização familiar”. Pois, ainda que a família seja uma das instituições mais antigas da sociedade, e também esteja atravessando períodos de reestruturação, ela continua exercendo grande influência sobre o comportamento das pessoas, sobre seu bem-estar, senso de pertencimento, acolhimento e proteção. Afinal, seja qual for o modelo de família, seja ela pequena ou com muitos indivíduos, precisamos concordar com Maria Fernanda: “É a nossa família que vai estar com a gente nos momentos bons e nos momentos ruins”.

“É a nossa família que vai estar com a gente nos momentos bons e nos momentos ruins” Maria Fernanda Craveiro, estudante de Arquitetura e Urbanismo

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Arquivo pessoal - Joyce Victor e sua filha Bella,2020.

estudar bastante. Quando chega a noite, no horário que fazíamos algo juntas, a gente quer descansar”.


INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

AMANDA QUEM ESTÁ CONTA

De um intercâmbio a uma passagem POR JOÃO PEDRO FERREIRA E JÚLIA DIAS

do seu namorado, o italiano Raffaele Sollecito. Ela o conheceu uma semana antes de crime. O casal conta ter assistido ao filme “Amélie” e foi durante o filme que ela teria recebido a mensagem de Patrick Lumumba, seu chefe, avisando que naquele dia ela não precisava trabalhar. Então assim seguiu a noite, os dois juntos.

foto divulgação

CRIME Após voltar para casa, depois de uma festa de Halloween, Meredith foi direto para o seu quarto. Suas colegas de quarto não estavam. Na madrugada da noite do dia 1º de novembro para o dia 2, a jovem foi brutalmente assassinada. Amanda relata que, na noite do crime, estava na companhia

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Na manhã seguinte, Knox voltou para casa, onde ao chegar encontrou a porta de entrada aberta. Ela foi em direção ao banheiro, para tomar banho. Assim que entrou viu algumas gotas de sangue na pia, mas que não despertaram sua curiosidade. Após sair do banho, Amanda deu de cara com uma mancha de sangue maior. Como eram apenas algumas manchas, ela comenta ter imaginado que uma de suas colegas de quarto poderia ter se cortado. A jovem seguiu com suas atividades e, ao terminar, ela percebeu que havia fezes na privada, e define esse momento como o que mais a causou arrepios, pois foi nessa hora que ela teve o pressentimento de ter alguém na casa. Amanda chamou Raffaele e contou o que estava acontecendo. Eles foram ao quarto da Meredith, a porta estava trancada, o que para Amanda era estranho. Ela bateu na porta e chamou pela colega. Sem respostas, começou a bater com mais força e gritar pela Meredith. Foi então que ela pediu que


A KNOX: ANDO A VERDADE?

m com o voo direto para o pesadelo Raffaele arrombasse a porta. Ele tentou duas vezes, sem sucesso. Sollecito liga para a polícia. A princípio, ele relata que a casa está uma bagunça, uma porta trancada e sangue no banheiro. INVESTIGAÇÃO O promotor italiano Giuliano Mignini conta que a cena é algo que que ele tem em sua cabeça até hoje. O fato de o corpo de Kercher estar coberto fez Giuliano pensar: ‘quando uma mulher comete crime contra outra mulher, tende a cobrir o corpo. Um homem não faria o mesmo’. A polícia deu início aos depoimentos. Raffaele revela ter sido muito pressionado em seu interrogatório, e acrescenta que o coagiram ao ponto de acabar mentindo ao revelar que ele ‘não contou a verdade a pedido da namorada’. Que, na verdade, ele estava em casa à noite, mas Amanda não. Neste momento, era preciso provar que Knox tinha saído e, por isso, exigiram seu celular. Amanda foi submetida a interrogatório, assim entregan-

do o seu celular. Ao olhar por todo o aparelho, a polícia encontrou sua conversa com Patrick Lumumba. Foi encontrado a seguinte mensagem de Knox para Lumumba: “Certo. Ci vediamo piu tardi. Buona serata!”, o que significa: “Até mais tarde, boa noite”. A norte-americana tentou explicar, mas a polícia estava irredutível. A pressão da polícia continuou, até o momento em que a garota entrou em colapso e uma confissão apareceu. Amanda alega que Lumumba tinha matado Meredith. O que levou a polícia acreditar que, na verdade, ela e Raffaelle tinham sido cúmplices. Foram presos o casal e o dono do Le Chic. Amanda Knox explica: “O que os meus acusadores não reconheceram era que eu fui coagida a assinar uma declaração escrita pela polícia, que incriminava Patrick Lumumba depois que fui submetida a 53 horas de interrogatório, por cinco dias, em uma língua que eu falava com a ‘proficiência’ de uma criança de 10 anos, e sem acesso a um advogado”. Três semanas após sua prisão,

Patrick apresentou um álibi e foi solto. Sem ter achado a arma do crime, a polícia foi até a casa de Raffaele, onde acharam uma faca que batia com as características da arma usada. O DNA da Amanda foi achado no cabo. E, na lâmina, DNA da Meredith. Três semanas após o assassinato, foram achados vestígios na vagina da Meredith e digitais na cena do crime, e quem teria deixado os vestígios era Rudy Herman Guede, com um histórico de invasão de propriedade à vizinhança. Em uma conversa pelo skype com a polícia, Rudy relatou que na noite anterior tinha passado a noite com Meredith. Rudy foi ao banheiro e ouviu um grito, vendo um homem, mas não conseguiu identificar pois estava muito escuro e ele havia fugido pela porta da frente. Rudy encontrou Meredith no chão, sem vida, e sentiu medo por estar coberto de sangue. Durante a conversa, Rudy falou que Amanda não era culpada, e que a americana nem estava no local. Rudy foi declarado culpado e

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INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

Não é exagero algum dizer que Meredith tocou a vida de todos que conheceram sua personalidade contagiante e otimista, sorriso e senso de humor

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informação pois ele perderia a liderança. Sobre esta fala de Nick, Mylla diz: “O caso Amanda Knox foi cheio de adrenalina, houve a preocupação exacerbada dos jornalistas de diferentes veículos de comunicação em dar o furo de reportagem, o que ocasionou os vários erros cometidos na cobertura”. TRIBUTO À MEREDITH “Eu acho que uma coisa muito legal para você fazer em seu artigo é escrever algo sobre a Meredith. Ela era uma jovem muito atenciosa. Ela gostava de ler romances de mistério e tinha muitos interesses na escola, incluindo jornalismo”, diz Amanda Knox. “Não é exagero algum dizer que Meredith tocou a vida de todos que conheceram sua personalidade contagiante e otimista, sorriso e senso de humor. Nós a amávamos antes. E ainda a amamos”, declarou em suas palavras a irmã de Meredith, Stephanie Kercher.

foto divulgação

sentenciado a 30 anos de prisão pois qualquer novidade era a por sua participação no crime, oportunidade perfeita para sair sendo reduzida para 16 anos na frente do concorrente. Com pela apelação. Até hoje, se declaa autópsia, a polícia relatou que ra inocente pelo o que ocorreu. o crime foi cometido em grupo Dois anos após e que poo crime, Amanderia ter da e Raffaele são ocorrido sentenciados a 25 em um jogo anos e 26 anos de de sexo que reclusão, respecnão deu tivamente. Dando certo. Nick início, no ano serelata que guinte, ao julgaeste ‘furo’ mento de apelação, era o que em que foi autoriele precizada uma revisão Stephanie Kercher sava. independentemenA prote de DNA. Após análise, o ca- dutora-chefe da Record Vale, sal foi absolvido pelo Tribunal Mylla Lustoza, diz que no caso de Apelação. A nova sentença “Amanda Knox” ficou claro que foi apelada à Corte Suprema as informações geradas pela da Itália, tendo o veredito final imprensa foram prejudiciais. como absolvição por “falhas “Posso dizer que naquele peatordoantes” na investigação. A ríodo ela foi massacrada pelo justiça definiu ‘ausência total de conteúdo gerado e os conflitos traços biológicos’ que ligassem da informação desencontrada”. Amanda e Raffaele ao crime. O Nick afirmou que tudo o tribunal afirmou que evidências que foi divulgado na mídia era ainda apontam Rudy Guede como o que foi passado aos jornalisculpado. tas. E ainda diz que seria impossível checar a veracidade da MÍDIA Perúgia é uma cidade pequena e o assassinato gerou muita repercussão. Durante a perícia, ninguém teve consideração pelo corpo e pela distância a ser respeitada. Nick Pisa, um jornalista Freelancer da Daily Mail, comenta que o crime era particularmente horrível: corte na garganta, mulher seminua e muito sangue: “O que você quer mais da história?”, questiona ele. No dia da autópsia, havia muitos jornalistas ‘acampados’,


FAKENEWSEMMEIOÀ

Tome cuidado e se proteja de um antigo problema

“VOCÊ SABIA QUE SE FIZER GARGAREJO DE ÁGUA COM VINAGRE ESTARÁ IMUNE AO CORONAVÍRUS? É verdade!!! Basta colocar água morna em um copo, com uma colher de sopa de vinagre e uma pitada de sal e pronto! Sabe o motivo? Antes de ir aos pulmões, o vírus estaciona em sua garganta por volta de 4 dias e, assim que fizer esse gargarejo, mata completamente o vírus! Repasse para os grupos de família, amigos e salve vidas!”. POR BERNARDO BAITELLI

Já deve ter visto ou recebido esse tipo de mensagem nesse período que estamos vivenciando. Essa notícia foi checada e, realmente, é falsa. O vírus não ‘estaciona’ nas vias respiratórias e essa mistura não realiza nenhuma eficácia para o organismo. Então, fique muito atento a essas notícias que circulam nos canais virtuais. Com o avanço da internet ao longo dos anos, ficou mais fácil e acessível a informação. Pode chegar em segundos à sua casa, mas nem tudo é verdadeiro. Muitas pessoas compartilham notícias falsas sem ao menos ter lido, muito mais na emoção que na razão e, com isso, enviando para outras pessoas

PANDEMIA

TECNOLOGIA E CAOS

que enviam para mais e por aí vai. Na internet, notícias falsas não são novidade. A pandemia do Coronavírus está produzindo o que muitos consideram como a onda mais grave de fake news já registrada, desde que o termo se popularizou em 2016. O número cresce tão rapidamente que as companhias de internet tiveram que rever suas políticas de acesso e gerar procedimentos para tentar deter os boatos eletrônicos. FACEBOOK Em questão disso, as empresas de internet são frequentemente acusadas de não realizar o suficiente para combater as fake news, porém têm reforçado suas defesas. No mês de abril, a rede so-

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TECNOLOGIA E CAOS

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foto shutterstock.com

cial Facebook anunciou que colocará um sistema para notificar os usuários que comentarem ou curtirem notícias falsas sobre a pandemia. O novo método, anunciado pelo diretor-presidente da rede, o americano Mark Zuckerberg, vai redirecionar essas pessoas a fontes autorizadas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS). A medida é a mais recente de uma série de providências tomadas pelo Facebook. A companhia lançou um centro de informações para a COVID-19, que passou a ocupar o topo de seu “feed” de notícias. É o “feed” que determina que notícias aparecerão na página do usuário, com base em suas conexões. WHATSAPP O WhatsApp restringiu o número de vezes que uma mensagem pode ser compartilhada. Desde o dia 7, mensagens repassadas

cinco vezes ou mais só podem ser enviadas para uma conversa por vez. Antes eram até cinco conversas. A companhia também testa uma nova versão de seu aplicativo, que trará o ícone de uma lupa em mensagens muito compartilhadas. Ao clicar no desenho, o usuário poderá pesquisar na internet sobre sua veracidade. PROBLEMAS Em entrevista com João Paulo Sardinha, que é Chefe da Divisão de Imprensa da Prefeitura de São José dos Campos, ele diz estar enfrentado esse problema com muita frequência durante a quarentena e isolamento social. Sardinha reforça, ainda, que tem dias em que precisa ser esclarecida mais de uma fake News, que é criada ‘em nome’ da prefeitura. “São muitas... Tiveram dias que fizemos três artes. Teve um caso que falava que tinha mortes, quando na verdade ainda não tinha”.

João Paulo ressalta, também, que tentam monitorar as postagens para responderem com rapidez, porém, com a velocidade da comunicação, muitas pessoas acabam acreditando nas publicações falsas. E é muito difícil identificar o autor das postagens. INFORMAÇÃO Em conversa com Rafael Vianna, editor da TV Vanguarda de São José dos Campos, conta um pouco mais sobre como um jornalista deve se comportar ao apurar as informações em meio a tanta notícia falsa. “Antes de tudo, é preciso diferenciar uma fake news de uma notícia errada. Qualquer jornalista pode cometer erros. É preciso estar atento às questões

Qualquer jornalista pode cometer erros. É preciso estar atento às questões básicas para evitar os erros. Checar informação, checar novamente, falar com todas as partes envolvidas, refazer contas e checar todos os números e fontes, sempre. Isso ajuda o bom jornalista a se manter longe de erros na notícia”. Rafael Vianna, editor da TV Vanguarda

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EM MEIO ÀPANDEMIA

FAKE NEWS

básicas para evitar os erros. Checar informação, checar novamente, falar com todas as partes envolvidas, refazer contas e checar todos os números e fontes, sempre. Isso ajuda o bom jornalista a se manter longe de erros na notícia”. Rafael comenta que a Rede Vanguarda já ajudou a esclarecer algumas fake news que ganharam proporções preocupantes nos últimos anos. “Um exemplo foi durante a greve dos caminhoneiros de 2018. Naquela ocasião, a falta de abastecimento causou um aumento de preços em vários produtos, principalmente no valor do litro dos combustíveis. Nesse contexto, foi enviado à redação da emissora, através do aplicativo Vanguarda Repórter, uma foto de um totem de um posto em Taubaté”. Nessa foto, havia um funcionário fazendo a troca do preço anunciado no painel, e o preço marcado da gasolina era de 9,99. Aquela imagem teria tudo para gerar uma notícia com grande engajamento, uma vez que o Procon de todo o estado estava multando postos de combustíveis que apresentassem aumentos abusivos nos preços, sem justificativas. Enquanto essa foto ganhou as redes sociais e chegou a ser veiculada por al-

guns jornais, a apuração da Rede Vanguarda checou todos os fatos e descobriu que aquela foto era verdadeira, porém, o fato era falso. A imagem pegou o exato momento em que a troca dos números no preço formou o valor de R$ 9,99, mas não mostrava o fim da troca dos números e o valor real. “Com a checagem apurada dos fatos e ouvindo todos os lados envolvidos, foi possível não só deixar de veicular uma fake news, como também esclarecer algo que vinha ganhando importância na região”, disse Rafael. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse na quinta-feira (21 de maio) que a mídia social está removendo fake news envolvendo o Coronavírus e citou como exemplo a exclusão de um post do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à BBC, Zuckerberg citou um post do presidente brasileiro afirmando que cientistas haviam descoberto a cura para o Coronavírus. “Isso não é verdade e é por isso que a removemos. Não importa quem diga isso”, comentou Zuckerberg. Ele também disse que o Facebook vai remover da plataforma todo conteúdo que cause danos a qualquer usuário. A postagem de Bolsonaro foi excluída do Facebook e do Instagram, também controlada por Zuckerberg. Outrora, o presidente da república Jair Messias Bolsonaro postou mais uma fake news. O presidente publicou em sua rede social uma notícia falsa sobre o número de óbitos de pessoas com doenças respiratórias no Ceará. Logo após, foi excluída do site.

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VALOR ESPORTE ELETRÔNICO

Game reúne elementos de vários títulos populares

O JOGO QUE PODE UNIFICAR VALORANT é um First Person Shooter desenvolvido pela Riot Games, empresa renomada pela produção de League of Legends, conhecido como LOL, um dos games mais populares da história. A produtora anunciou Valorant em outubro de 2019, na época, chamado de Project A, com o objetivo de juntar públicos de diferentes jogos e unir a cena de esportes eletrônicos. POR RODRIGO CHAVES MARTINS ALMEIDA

A proposta do novo título da Riot é de tornar a experiência do usuário fluida e justa. Os servidores serão de alta qualidade para registrar as ações com precisão e minimizar erros durante a jogatina. Valorant foi oficialmente lançado no dia dois de junho deste ano e já tem uma média de três milhões de pessoas logadas diariamente nos servidores (dados divulgados pela Riot no dia 28 de maio). Junto ao lançamento, a Riot anunciou conteúdos bônus, passes de batalha e itens para personalizar armamentos e agentes. ESTILO DE JOGO O jogo é inspirado em uma mistura de vários games populares, de forma que os usuários destes títulos se interessem pelo Valorant e que tenham uma rápida adaptação. Apesar das inspirações, o game tem traços autênticos, como gráficos amigáveis e con-

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trole de conteúdo adulto, para diminuir a sensação de violência na jogabilidade. Leonardo “koli” Pimenta é carioca, tem 20 anos, e se adaptou rapidamente ao game depois de jogar a fase Beta do jogo. Leonardo afirmou que a semelhança entre Valorant e Counter-Strike chamou a atenção dele. “Ser um First Person Shooter no estilo do CS, um dos meus jogos favoritos, mas com suas particularidades que são as skills, fazem a jogabilidade ser completamente dinâmica”, disse koli. O jovem ressaltou a mistura de elementos de vários jogos no game. “Achei muito bom mesclar coisas de vários jogos para fazer um jogo. Valorant se tornou único”. Samir “Gordex” de Moura, jogador amador de Rainbow Six, tem 20 anos, é de São Sebastião, e também avalia positivamente o estilo do game. “Porém, sempre

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RANT

R O CENÁRIO DOS ESPORTS POTENCIAL COMPETITIVO Há uma grande expectativa sobre o cenário competitivo do jogo devido ao sucesso da Riot, que investe no cenário brasileiro de League of Legends. Logo na fase de testes do jogo, um campeonato beneficente com streamers e jogadores profissionais foi organizado, com arrecadação de US$ 50 mil para o combate à Covid-19. Gordex falou sobre o competitivo do jogo e o que espera dele. “A Riot possui um cenário enorme no LOL, acredito que será o mesmo caso do Valorant”. No dia 18 de junho (quinta), a Riot Games anunciou a Série Ignição, um programa de parcerias com cerca de 20 organizações de esports para promover torneios toda semana. Já foram anunciadas parcerias com G2 Esports, Red Bull e RAGE Esports. A expectativa da Riot é ver uma combinação de qualificatórias e eventos com jogadores profissionais, amadores e pesso-

as renomadas. As seguintes regiões farão parte da Série Ignição: América do Norte, Brasil, América Latina, Coreia, Japão, Sudeste Asiático, Oceania, Europa, Rússia, Turquia e Oriente Médio. Com o início promissor, Valorant está agregando para o cenário de Esports como esperado. Quem sabe no futuro, o cenário do game se torne referência para novos games e consolide o formato estabelecido pela equipe do Valorant, unificando várias áreas aos esportes eletrônic

“Acredito que tem um enorme potencial sim, visto que possui uma jogatina parecida com CS, mas que chama mais atenção, com seus gráficos e as variedades que o jogo te traz”. Samir “Gordex” de Moura, jogador amador de Rainbow Six

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mantendo o seu diferencial, para não ficar monótono ou se tornar uma cópia dos outros jogos”.’

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MODA & SOCIEDADE

OSgirosD A evolução e a

influência cultural em seus p refinados. Com influência dos

POR RAFAELA DE OLIVEIRA SILVA

A moda vai além do senso comum de que é uma indústria do vestuário e glamour. Antes de ser industrializada e cíclica, com lançamentos que duram um curto tempo de vitalidade, é uma forma de Verônica de Moura, expressão, com designer de moda influência e representação cultural, que constrói identidades e marca gerações. Com o surgimento para diferenciar os reis dos mais pobres, usavam-se tecidos e cores para distinguir as classes. Quanto maior o status social mais fino era o material usado e mais vibrantes eram as cores. O giro temporal da moda e o padrão de beleza se dão de acordo com o contexto social da época, tendo influência dos principais acontecimentos, como as ondas de feminismo. As tendências demoravam mais para chegar no Brasil. Com o avanço das tecnologias de comunicação, essa diferença de tempo foi diminuindo. Verônica de Moura, 22 anos, moradora de São José dos Campos e designer de moda, expli-

“A moda vai além do vestir, ela é a expressão do que somos, do que sentimos e gostamos.”

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ca o motivo desse atraso: “acontece isso porque o Brasil não participou tão fortemente dos grandes acontecimentos mundiais, como as guerras”. No Renascimento, o vestuário é mais ornamentado, as saias das mulheres passam a ser amplas e ricamente bordadas. Tem-se o nascimento do espartilho, para erguer os seios e proporcionar uma postura mais ereta. Dando início à figura da donzela perfeita. O engessamento feminino ganha maior proporção no século XIX, quando os espartilhos eram tão justos que chegavam a causar desmaios e perfuração de órgãos. Isso acontecia devido à busca incansável de uma cintura cada vez mais fina. Quanto mais rico o homem, mais linda tinha de ser a mulher ao seu lado. Na década de 20, o espartilho é abandonado, o padrão passa a ser masculinizado, a moda agora é usar roupas e acessórios que diminuam os seios e que alarguem os ombros. Isso acontece porque as mulheres começam a buscar igualdade com os homens. Durante as duas Guerras Mundiais, o racionamento de tecidos obrigou estilistas a procurarem outros estilos de roupas. Fibras sintéticas, rayon e viscose tomaram o lugar de tecidos mais

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uniformes de soldados, a moda feminina passou a ter roupas e calçados mais sombrios e pesados. Em 50, os homens voltam para suas casas e a moda pressiona para que as mulheres passem a ser a ‘bela, recatada e do lar’. Lançando o padrão de cinturas finas, seios fartos e vestidos com o comprimento no joelho. TEMPOS DA BRILHANTINA Na década de 60, o padrão era a liberdade de expressão. Tudo que tinha vínculo com autoritarismo, herança dos anos das guerras, era deixado de lado. Roupas nos materiais de couro e jeans passaram a ganhar notoriedade, o que representavam um espírito livre. Com influência do cinema hollywoodiano de filmes como “Bonequinha de luxo”.

Inspirado no movimento hippie, o visual dos anos 70 marcou uma geração inteira. Se fazia comum o uso de vestidos, calças ‘boca de sino’ e acessórios com franjas. O movimento punk também ganhou notoriedade. Tachas, camisetas grafitadas, roupas pretas de couro, coturnos e alfinetes caíram no popular. Com influência da música latina, funk e o soul, a moda nos tempos da discoteca teve seu início no final dos anos 70. Roupas que valorizam o colo feminino tomaram a juventude.


DAmoda

períodos mais marcantes

colagem estudiocao.com.br

Os anos 80 ficaram marcados pelo exagero. A chegada de mulheres a cargos de chefia mudou a moda da época. A alfaiataria e ternos com ombros mais largos se destacavam no vestuário feminino. A saia longa, que antes representava ingenuidade, passou a ser referencial de poder e liberdade. Além das roupas, a indústria publicitária influenciava a utilização de acessórios caros como relógios Rolex. Seriados e programas de tv influenciavam a população a usar vestimentas mais pomposas. Já na década de 90, mostrava-se a diversidade de estilos. Peças mais despojadas, como calças, bermudas largas e camisas xadrez, compunham o visual Grunge. Com a democratização da chegada da tecnologia, a informação passou a ser disseminada de forma mais rápida, o que deu início ao fast fashion. Com a chegada da internet, a população se tornou impaciente e com desejos que se transformavam de forma mais rápida, assim, a moda precisou se reinventar e passar a lançar novidades em menos tempo. Agora, a moda teve de se adaptar a uma pandemia, o que trouxe um padrão necessário do uso de máscaras. “Acredito que através da moda conseguimos entender como era a sociedade em cada período dela”, diz Verônica.

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RECEBIMENTO, REAB MEIO AMBIENTE

UMA PESQUISA FEITA pelo Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), mostra que a cada segundo, quinze animais silvestres morrem por atropelamento nas estradas no Brasil. A maior taxa de mortalidade é na região Sudeste, mais especificamente em São Paulo. POR MADU LAURINDO

Ciclo de cuidados e históricos dos animais silvestres feito pelo CRAS

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No site oficial da CBEE, há um ‘atropelômetro’ que mostra a estimativa atual de mortes dos animais vertebrados terrestres e silvestres. Somente no primeiro semestre de 2020, mais de 216 milhões de animais já foram mortos, mesmo com a pandemia da Covid-19. Essa é a maior causa da morte desses animais no Brasil, superando caça ilegal, desmatamento e poluição. Segundo o site BBC, uma perda que acontece em acidentes, impacta diretamente na ‘engenharia’ do ambiente, em sua biodiversidade. Cada animal presente tem a sua importância na renovação da flora, dispersam semestres e fazem parte de uma cadeia alimentar. Porém, as rodovias que cruzam a região do Vale do Paraíba estão iniciando projetos que visam a diminuição dos atropelamentos nas estradas. A Rodovia dos Tamoios passa por uma série de construções para sua ampliação, o que aumenta o número de acidentes com os animais silvestres. Entretanto, a Concessionária iniciou uma parceria com a Universidade do Vale do Paraíba (Univap), visando os cuidados com esses vertebrados.

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CENTRO DE REABILITAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES Em 2017, o Cras, integrado ao Centro de Estudos da Natureza, da Univap, iniciou sua trajetória para cuidados com os bichos que são encontrados nas beiras de rodovias, os que são vítimas de caça ilegal e, também, aqueles que são fortemente machucados por outros fatores. Este centro visa quatro etapas: recebimento do animal; manutenção; treinamento de pré-soltura e, por fim, retorno ao meio ambiente. “Eles passam por avaliação clínica veterinária para averiguar o estado de saúde e condições gerais. Também é realizada uma avaliação comportamental biológica. Eles permanecem em alojamento individual para o período de quarentena, assim como uma identificação individual. A partir desse momento, recebem alimentação adequada para a espécie e uma avaliação diária é realizada para garantir seu bem-estar”, diz Hanna Sibuya Kokubun, veterinária responsável. É aplicado à equipe do Cras diversos treinamentos para saberem lidar com os animais que são recebidos no local, ainda mais por se tratarem de animais silvestres. E pelo fato de os animais estarem estressados pela situaçvão que passam, podem dificultar o manuseio. “Rece-


BILITAÇÃO E RETORNO os animais, também é necessária a mesma rapidez. Segundo a veterinária Hanna Sibuya, o instinto de não se mostrarem doentes ou fracos agrava a situação, pois só conseguem receber atendimento quando já estão em estado grave ou debilitados. VOLTA AO ‘LAR’ Assim que é feito todo o ciclo de tratamento do animal, ele retorna para ‘sua casa’. Mas ele volta apenas quando o seu bem-estar e saúde não estão em jogo. Se os medicamentos do animal foram suspensos e ele apresentar melhoras, mas ainda continuar em tratamento, é colocado em um ambiente de acordo com as suas características e realiza uma dieta apropriada. Caso esteja 100% bem, é necessário pedir autorização da Secretaria do Meio Ambiente do Estado para que seja encaminhado a uma área de soltura e monitoramento, ou seja solto em área autorizada. “Caso o animal não seja passível de retorno à natureza por uma lesão incapacitante ou alteração grave comportamental, ele será encaminhado para um empreendimento para cativeiro que honre seu bem-estar, como zoológicos ou mantenedores de fauna, todos autorizados via Secretaria do Meio Ambiente do Estado”, conta a veterinária.

“Nossa missão é auxiliar esses animais a retornarem para seu habitat natural.” Hanna Sibuya Kokubun, veterinária responsável.

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bemos aqueles animais em risco iminente de vida, animais órfãos e animais com trauma, mordeduras por cães e gatos, choque elétrico, atropelamento, colisão com vidro, intoxicação, acidente em óleo, ferimento por armas de fogo ou corte por linha de pipa”, relata a veterinária. Esse serviço disponibilizado dentro da Univap conta com a ajuda de órgãos ambientais de fiscalização, como Ibama, Polícia Ambiental, Polícia Federal, Polícia Civil e também a entrega voluntária de munícipes, quando são animais de porte pequeno e que não oferecem risco para o cidadão. Em uma entrevista para a televisão universitária da Univap, a tenente Francine Vaz, do 3º Batalhão da Polícia Ambiental, conta que, em 2019, a atuação desses agentes resultou em mais de 15 mil horas de trilha dentro das matas na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte. Além dos atropelamentos, o tráfico de animais silvestres também é um grande fator para o recebimento dos mesmos no Cras. Ainda segundo a tenente Vaz, a maioria dos animais que são encontrados e encaminhados para os cuidados, não sobrevivem por conta da falta de alimentação regular, higiene e lugar adequado para viverem. Os atendimentos de emergência para os humanos deve ser rápido, logo, para

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CULTURA

bolinho

O SURG

Por que mesmo a iguaria mais famosa da região não tem um local exato de origem?

POR JOÃO LUCAS BRAGA BATISTA

O bolinho caipira é o prato símbolo da região do Vale do Paraíba. Em época de festa junina, o quitute é facilmente encontrado em quermesses e eventos de comunidades locais. Mesmo com variantes de recheio, adaptadas em cada cidade, a receita com farinha de milho, polvilho, sal e água, essencialmente, faz o paladar dos apreciadores palpitar. Sendo muito popular, existem histórias e boatos sobre o local de surgimento do bolinho caipira. Uns dizem ser de Jacareí, outros de São José dos Campos. Mas afinal, como teria sido iniciada a receita e de qual cidade surgiu a iguaria mais famosa da nossa região? Segundo o historiador Alberto Capucci Filho, de Jacareí, o bolinho caipira original seria feito com peixe e

sem fritura. “Ninguém pode afirmar isso com precisão, pois ainda não há documentação a respeito. Sou da opinião que seja uma herança dos povos indígenas que habitavam essa região, de cultura tupi, que até hoje cultivam o milho branco. Como os indígenas não faziam fritura, nem criavam porcos, suponho que a receita original seria com peixe. Com a colonização portuguesa, aconteceu a mudança para a carne suína e, depois,

linguiça”, diz o historiador que, em 2009, liderou o processo de registro do bolinho caipira como Patrimônio Imaterial de Jacareí.

HISTÓRIA Os primeiros relatos de comercialização do bolinho são da década de 20. No ano de 1924, em Jacareí, dona de uma banca no Mercado Municipal, Nicota Gehrke popularizou o bolinho pela cidade. Além do comércio da Dona Gehrke, os botequins também contribuíram para isso. Ali, as pessoas que vinham do campo faziam suas refeições onde saboreavam a iguaria. Em São José, na mesma época, os bolinhos eram vendidos em bancas atrás da igreja matriz. Eram recheados com lambari, uma vez que eram servidos durante a Semana Santa. Por característica, as receitas de cada cidade se diferenciam pelo recheio e pela farinha. Em Jacareí, o bolinho é feito com farinha branca e recheio de carne ou linguiça suína. Em São José, a farinha é amarela e é recheado com carne bovina. Há ainda variantes em nicola gerkhe - arquivo pessoal

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caipira

GIMENTO DO

O bolinho faz parte, justamente, da identidade do Vale do Paraíba. Ele simboliza o estar junto”. Patrícia Cruz, museóloga

mercado municipal de jacareí - arquivo pessoal

outras cidades do Vale. O que dificulta para encontrar um local específico de surgimento é a falta de provas contundentes que possam documentar, precisamente, onde foi criada a receita do bolinho caipira. De modo geral, a importância está em reconhecer que o bolinho é do Vale do Paraíba. Uma tradição da região. Como explica a folclorista do Museu do Folclore de São José dos Campos, Ângela Savastano. “Quando se estuda a origem de uma manifestação cultural, não se identifica apenas uma cidade, mas uma região. Essa é uma característica da cultura popular brasileira, que dependendo da época se come uma comida típica”, diz ela, uma vez que o bolinho caipira é comumente ligado às festas juninas.

INTERIOR Além do paladar e da cultura, o bolinho é associado às quermesses, festas e cerimônias religiosas. Ele é sinônimo de amizade, de interior. “O bolinho caipira é um representante da união entre as pessoas. Ele está ligado às memórias afetivas e culturais’’, diz Patrícia Cruz, museóloga de Jacareí. Mesmo sem local exato de surgimento, o bolinho caipira é a maior contribuição gastronômica do Vale do Paraíba. De sabor ímpar e tradicional, maior felicidade é saber que ele é pertencente a nossa região e tem significado muito maior do que ser apenas um alimento. Representa o povo trabalhador, que vem do campo para a cidade, que vive em sociedade, que mantêm viva a memória do passado, que não se esquece de sua origem humilde e vale paraibana.\

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ESPORTE

A VOLTA DO

Novas regras e principais mudanças impost CLUBES E FEDERAÇÕES tiveram que seguir uma série de medidas para que fosse possível o retorno das partidas mantendo a segurança de todos POR FILIPE ALVES

Depois de mais de dois meses de quarentena durante a pandemia, o dia 16 de maio ficará marcado na história como o dia em que a bola voltou a rolar. A Alemanha foi o primeiro país a promover a volta do futebol em seu território. A primeira e segunda divisão do país voltaram a campo com partidas de portões fechados e muito cuidado na chegada aos estádios. Os jogos e treinos só estão voltando por conta de uma série de medidas que jogadores e os clubes estão tendo que seguir rigorosamente para a segurança e saúde de todos. Essas medidas são essenciais para diminuir ao máximo o risco dos envolvidos e serve de referência para a Bundesliga 1, a Bundesliga 2 (segunda divisão), a 3. Liga (terceira divisão), o Campeonato Feminino e a Copa da Alemanha.

contaminados por dia e vendo que as medidas tomadas que foram eficientes para a proteção de todos os envolvidos nos jogos do campeonato alemão, países vizinhos já retomaram as partidas de futebol em seu território, Portugal dia 3 de junho, Espanha no dia 12 de junho, Inglaterra 17 de Junho, Itália 20 de Junho.

foto shutterstock.com

Para o torcedor brasileiro resta a paciência e a esperança de que tudo isso passe o mais rápido possível para que possa ver seu time em campo

EUROPA Na europa está cada vez mais controlado o número de

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BRASIL No Brasil parte dos estados estão tentando retomar de forma cautelosa suas atividades normais e alguns liberaram os clubes a voltarem a treinar seguindo as medidas, no estado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e no Paraná já estão sendo realizadas reuniões para discutir uma possível retomada dos campeonatos. Em Santa Catarina, os números relacionado ao vírus já es-

tão bem controlados e por isso a federação permitiu a volta das quarta de finais do campeonato catarinense no dia 8 de julho, mas o que tem chamado a atenção de todos nas últimas semanas é a notícia de que alguns clubes junto com a FERJ (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) tomaram a decisão da volta do campeonato carioca no dia 18 de junho, essa foi uma decisão que foi muito debatida pois o número de contaminados continua a crescer. Na imprensa, a maioria dos jornalistas são contra a retomada do futebol no Rio de janeiro e até mesmo no país e o principal argumento utilizado é de que ainda está muito cedo para a retomada do esporte mesmo que sigam as instruções, Edney Santos da Rádio Alternativa disse “Sou totalmente contra qualquer flexibilização


O futebol

tas

para a proteção dos atletas

de volta a uma falsa normalidade no país e principalmente em nosso estado. Quando cogitava-se a volta do futebol em maio onde somente os serviços essenciais eram possíveis, eu dizia que os jogadores não poderiam ser tratados como gladiadores e se arriscarem ao contágio para acabar com o tédio do torcedor em isolamento. Para o torcedor brasileiro resta a paciência e a esperança de que tudo isso passe o mais rápido possível para que possa ver seu time em campo mas sem comprometer a segurança dos jogadores e dos trabalhadores, enquanto isso é possível assistir os grandes jogos de times europeus para se distrair um pouco nesses tempos difíceis.

Essas são algumas medidas importantes para a volta da Bundesliga em meio à pandemia de Covid-19 Os times devem chegar em vários transportes, com um mínimo de 1,5m de distância entre os jogadores. O uso do vestiário deve respeitar a regra de 1,5m de distância mínima, intercalando a utilização entre titulares e reservas. Tempo máximo de permanência de 30 minutos, sempre com máscaras. Entrada no gramado sem crianças acompanhando, cerimônia de abertura, aperto de mão e último papo no campo. No banco de reservas, jogadores devem se sentar com um banco vazio entre um e outro, para garantir o mínimo de distância de 1,5m. Não haverá sala de imprensa ou zona mista. A entrevista coletiva será por ligação de vídeo à distância. Todos no estádio, menos jogadores e árbitro de campo, devem usar máscaras, incluindo os treinadores e os reservas no banco. Bolas precisam ser desinfetadas antes e durante o jogo.

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ESPORTE

ENQUANTO A b

O tédio tem sido grande, a saudade do futebol ainda

COM A PANDEMIA CAUSADA PELO NOVO CORONAVÍRUS, o mundo parou. Com isso, o futebol obviamente foi afetado. Campeonatos por todo o mundo foram pausados ou até finalizados, caso da Liga Francesa. Ruim para os jogadores, para os clubes, para as confederações e, principalmente, para quem o jogo é jogado: os fãs, as torcidas... POR GABRIEL DUARTE

Durante a quarentena, a falta do futebol foi sentida por todos aqueles que se envolvem com o esporte. As quartas-feiras sem jogos, o mercado de transferências parado...tudo mudou. Mas enquanto a bola não volta a rolar (ao menos não completamente, já que alguns dos campeonatos nacionais da Europa retornaram conforme reportagem que você confere nas páginas 32 e 33 desta edição), é possível sim tirar um pouquinho da saudade do futebol e consumir, de casa, conteúdos feitos para os apaixonados por ele. E, detalhe, nada de programas esportivos saturados com assuntos relacionados à pandemia ou VT’s de jogos antigos, como o da final da Copa do Mundo de 2002, que já deve ter sido reprisado pelo menos quatro vezes no último mês nos canais Globo. Na sequência, só o que o audiovisual tem de melhor sobre futebol. E, pra ser melhor ainda, tem tudo na Netflix.

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FUTEBOL COM HISTÓRIA De começo, vamos à Inglaterra no século 19, local e época em que o futebol dava seus primeiros passos como esporte com regras pré-estabelecidas. A minissérie “The English Game”, produzida pela Netflix, baseia-se em fatos reais e se apoia na ficção pra criar uma trama que conta a história do início do futebol regulamentado, de seus primeiros jogadores e do choque de classes crescente da época entre a burguesia e a classe operária – que também rivalizavam dentro de campo. A série traz dois protagonistas com origens distintas: Fergus Sutter, operário escocês considerado o primeiro jogador profissional de futebol da história, e Arthur Kinnaird, aristocrata do sul da Inglaterra e fundador do Old Etonians,

clube do Eton College, que virou papa títulos da então recém-criada FA Cup. Além de todo o contexto histórico e social, o interessante é poder entender como eram os jogos naquele tempo, ainda que a série contenha uma lista de “licenças poéticas” que fazem referência a épocas posteriores do futebol, como preleção, propaganda nos estádios e os hooligans (torcedores violentos de torcidas organizadas). Mesmo assim, pra quem realmente gosta de futebol a série é um prato cheio e fácil de assistir, com seis episódios de cerca de 50 minutos cada que fluem como o Barcelona de Guardiola. “Eu gostei bastante da série, acredito que toda pessoa que gosta de futebol deve assistir. E mesmo pra quem não se interessa muito, vale a recomendação. E legal ainda é que é baseada em fatos reais, o que acaba deixando tudo ainda mais interessante”, contou Luis Fernando Tirone, 20 anos, aluno de jornalismo em Campinas, que completou dizendo que ‘maratonou’ e assistiu a toda série em um único dia.


bola NÃO ROLA

a maior e não dá pra viver só de VT’s de jogos antigos

SUNDERLAND ATÉ MORRER Pra quem é curioso pra saber como é o dia a dia de um clube de futebol, uma boa opção é “Sunderland Till Die”. Na primeira temporada, a série acompanha o Sunderland A.F.C, tradicional clube do nordeste da Inglaterra, em busca do retorno à primeira divisão do campeonato inglês, a Premier League, na temporada de 2016/2017. Bastidores, correria nas janelas de transferências, treinos, entrevistas com jogadores e funcionários, jogos, depoimentos de torcedores e tudo o que acontece no cotidiano do clube e da cidade que ele move. Você vai se emocionar, surpreender-se, torcer muito e certamente vai acabar ‘maratonando’ a segunda temporada. Aos defensores da eternizada frase “não é só futebol”, essa série é pra vocês.

PARA SEMPRE CHAPE O filme “Para Sempre Chape”, dirigido pelo uruguaio Luis Ara, vai além do acidente aéreo com o avião da Chapecoense (em novembro de 2016), e de toda a sua comoção mundial. Ele representa a força e o significado que o futebol pode ter para a sociedade. “Para Sempre Chape, chorei igual uma criança, lembrei do dia do acidente, foi péssimo. Mas as histórias são ótimas, todo mundo deve assistir”, afirmou a jornalista Alice Queiroz, 23 anos, de São Paulo. A narrativa parte de como a Chapecoense conseguiu, antes de tudo, superar as adversidades de um clube pequeno e ter uma rápida ascensão à primeira divisão do Campeonato Brasileiro e, depois, retrata a reconstrução do time após a

tragédia e a união com sua cidade, Chapecó (SC). As entrevistas e os materiais de arquivo, cedidos pelo próprio clube, engrandecem a obra e trazem bons momentos de bastidores. A empatia que já se tinha com o time por tudo o que sua história representa se alinha com uma admiração imensa. E a certeza que fica é a de que a Chape, para sempre, é o time do brasileiro.

“Para Sempre Chape, chorei igual uma criança, lembrei do dia do acidente, foi péssimo. Mas as histórias são ótimas, todo mundo deve assistir”. Alice Queiroz, jornalista de São Paulo.

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