Diplomática 22

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´ Diplomatica D BUSINESS & DIPLOMACY

Nº22 SETEMBRO 2015 €7 (Cont.)

Aniversário

DIPLOMÁTICA 22 • SETEMBRO 2015

Destaque

Kirsty Hayes Embaixadora do Reino Unido

Dossiers:

Philippe Lhuillier Embaixador das Filipinas

CPLP

Murade Murargy

Investir em Portugal

Secretário Geral CPLP

Embaixador do Brasil

Recebe Estátua da Verdade

1 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/JULHO 2008



Assuntos Summary

Diplomática comemora o seu 7.º aniversário no Palácio de Oeiras Diplomática celebrates its 7th birthday at Palácio de Oeiras

5

Kirsty Isobel Hayes, Embaixadora do Reino Unido em Portugal Kirsty Isobel Hayes, Ambassador of the United Kingdom in Portugal

16

Dia da Rainha Queen's Official Birthday

22

Espaço Diplomático Diplomatic Area Jean-François Blarel, Embaixador de França - Estabilidade ou plasticidade das instituições europeias Jean-François Blarel, Ambassador of France - Stability or plasticity of the European institutions Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia - As três lógicas da Europa Bronislaw Misztal, Ambassador of Poland - Three logics of Europe Paul Schmit, Embaixador do Luxemburgo - As prioridades da Presidência Luxemburguesa do Conselho da União Europeia Paul Schmit, Ambassador of Luxembourg - Priorities of Luxembourg Presidency of the Council of the European Union Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos - Um Africano ligado a África Karima Benyaich, Ambassador of Morocco - An African linked to Africa Johana Ruth Tablada de la Torre, Embajadora de Cuba en Portugal - Estados Unidos – Cuba en busca de una nueva relación Johana Ruth Tablada de la Torre, Ambassador of Cuba in Portugal - United States-Cuba looking for a new relationship

24 26 28

30 32

Missões comerciais para promoção das exportações: o papel da diplomacia Commercial missions to promote exportations: the role of diplomacy

36

Investir em Portugal - A escolha certa no momento certo Investing in Portugal - The right choice at the right time

39

Esperança e otimismo na celebração de Portugal Hope and optimism on the celebration of Portugal

44

Philippe Jones Lhuillier - Embaixador das Filipinas Philippe Jones Lhuillier - Ambassador of the Philippines

56

CPLP - Uma Comunidade virada para o Futuro CPLP - A Community focused for the Future

62

Embaixador Murade Murargy - A CPLP enfrenta diversos desafios e oportunidades Ambassador Murade Murargy - CPLP faces several challenges and opportunities

66

Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal President of Mozambique - State Visit to Portugal

71

Aníbal Cavaco Silva na Bulgária - Um futuro com mais cooperação Aníbal Cavaco Silva in Bulgaria - A future with more cooperation

74

Cavaco Silva na Roménia - Construindo pontes entre dois países latinos Cavaco Silva in Romania - Building bridges between two latin countries

76

Philipp Niemann - Director-Geral EMEA da Engel &Völkers Philipp Niemann - General Diretor EMEA of Engel & Völkers

78

Van Cleef & Arpels - As jóias das celebridades Van Cleef & Arpels - Celebrities' jewelry

82

Mala diplomática - Dia de França, Dia Luxemburgo, Dia Polónia e Dia Marrocos Diplomatic pouch - France's National Day, Luxembourg's National Day, Poland's National Day and Morocco's National Day

88

Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias Agencia EFE presents 75 years of History in photographies

96

Pedro Ferreira Lopes por Maria Bragança - Um empresário de referência Pedro Ferreira Lopes by Maria de Bragança - A businessman of reference

100

João Pestana Dias - Eventos de excelência com alma portuguesa João Pestana Dias - Excellence events with Portuguese soul

104

Textos em Inglês English texts

110 www.diplomaticaonline.com DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 3



DIPLOMÁTICA comemora o seu 7.º aniversário no Palácio de Oeiras

Foi no final de junho de 2008 que o primeiro número da DIPLOMÁTICA saiu para as bancas. Passados sete anos, a revista continua a ser publicada, tentando merecer cada vez mais respeito e admiração por parte de Embaixadores, políticos e empresários. Faz sentido, desse modo, que se comemore a passagem destes anos e o sucesso que eles têm significado. ➤

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Diplomática comemora o seu 7.º aniversário

O Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, foi o belíssimo cenário onde se realizou a festa que assinalou os sete anos da DIPLOMÁTICA e os 34 anos da ELES&ELAS. Dezenas de personalidades das mais diversas áreas de atividade celebraram o êxito e a longevidade destas publicações. Embaixadores e empresários de sucesso, que são os protagonistas e a razão de ser da DIPLOMÁTICA, estiveram igualmente presentes para comemorar com a Diretora da revista, Maria da Luz de Bragança, e para conviver com os seus pares, num ambiente descontraído mas elegante. Primeiro, foi servido um cocktail no pátio, onde os convidados foram trocando as primeiras impressões e observando a decoração preparada pela equipa de João Pestana Dias, da FADUS Special Events. Seguidamente, e como acontece anualmente em todas as festas de aniversário, Maria da Luz de Bragança fez a atribuição da Estátua da Verdade. No discurso que antecedeu a entrega do troféu, a Diretora da revista explicou as razões que a levaram a fazer a escolha da personalidade. “Aqui há anos entreguei a Estátua da Verdade ao Embaixador Dário Castro Alves, que, depois de ter sido Ministro dos Negócios Estrangeiros do Brasil, foi colocado como Embaixador em Portugal. Hoje tenho o enorme prazer de entregar a Estátua da Verdade, que este ano é uma belíssima obra da Vista Alegre, ao Embaixador Mário Vilalva, Embaixador do Brasil em Portugal. Quem lê a DIPLOMÁTICA sabe bem o porquê desta nossa homenagem”, disse Maria de Bragança, antes de Mário Vilalva subir ao palco para receber o prémio. O Embaixador do Brasil, debaixo de uma onda de aplausos, mostrou-se ➤

6 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

Embaixadores do Brasil


Embaixadores do México

Embaixadora da Geórgia

Embaixadores do Luxemburgo

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 7


Diplomática comemora o seu 7.º aniversário

Ana Pope, José Mattos e Silva com Alexandra Figueiredo

Embaixadora da Irlanda

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Bebé e José Mesquita

Isabel Medina

Teresa d' Arriaga

Vergínia D'Almeida Gerardo e Flávio Caramelo


Leila Nirop e Olivier Matieux

João de Castro e José António Campos e Matos

Paula Franzinni e Alexandre Mateus Ferreira

Teresa Pinto Coelho e António Villar

Maria João Gama

Jezica Ellen e Nuno Duarte Lopes

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 9


Diplomática comemora o seu 7.º aniversário

Patrick e Pia Siegler Lathrop

Claúdia Madur, Valeria Galizzi e Eduardo Burnay

Embaixadores do México e Maria de Bragança

Embaixadora da Geórgia e Maria João Gama

10 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Maria de Bragança, Luís Freire Gameiro, Anne Taylor e João Pestana Dias

Teresa Guilherne e Nicolau Breyner duas personalidades portuguesas ligadas à arte e ao espectáculo!

Bruno Vaqueiro

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Diplomática comemora o seu 7.º aniversário

muito grato e emocionado com a

distinção, agradecendo à Diretora da revista, à sua mulher, Vânia Vilalva, bem como aos restantes elementos do corpo diplomático presente em Portugal, com quem o Embaixador tem mantido uma relação de amizade e cooperação. Depois desta homenagem, seguiu-se um excelente jantar preparado por Zulmira Sena no interior do Palácio. A beleza oitocentista dos

12 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


salões, decorados por belís-

simos azulejos, altos-relevos e estátuas, conferiu a grandiosidade adequada a esta noite, que prosseguiu num ambiente descontraído. Na oportunidade, a revista ELES&ELAS, também editada por esta empresa, premiou as carreiras de duas personalidades do teatro e da televisão: Teresa Guilherme, cujo percurso televisivo começou com o programa “O Eterno Feminino” e que desde aí não parou como produtora e grande apresentadora de programas populares, e Nicolau Breyner, que é produtor, realizador, autor e um dos maiores atores de Portugal.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 13


Diplomática comemora o seu 7.º aniversário

Mário Vilalva, o Embaixador do

O atual Embaixador já havia servido

tacado pelo seu espírito empreen-

Brasil

em Lisboa como conselheiro, entre

dedor e interventivo e pela sua

Mário Vilalva tem seguido

1991 e 1993. Em 2010, depois de

dedicação aos projetos em que está

os passos do saudoso Dário

ter representado o Brasil no Chile,

envolvido, como na promoção das

Castro Alves, que, mais do que

chegou a Portugal como o mais

exportações brasileiras e do inves-

Embaixador do Brasil em Portugal,

alto representante da República

timento externo no Brasil. Em 2003

foi um amante e defensor dos dois

Brasileira, na companhia da sua

foi agraciado pelo então Presidente

países, um admirador da literatura

mulher.

português, Jorge Sampaio, com o

portuguesa e da língua destes dois

Ao longo do seu percurso na Diplo-

Grande-Oficial da Ordem Infante D.

povos irmãos.

macia, Mário Vilalva tem-se des-

Henrique.

14 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015



DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Kirsty Isobel Hayes

por Maria de Bragança, fotos Maria Inês

Embaixadora do Reino Unido em Portugal Diplomata há 16 anos, Kirsty Hayes é a mais alta representante do Reino Unido em Portugal. Estudou arqueologia, mas acabou por enveredar pelo rumo da Diplomacia, que a levou à descoberta de Hong Kong e Washington. Casada, mãe de dois filhos e apaixonada por cavalos, aprecia a abertura e simpatia dos portugueses, o Fado e a nossa gastronomia. Nesta entrevista, na qual insistiu em falar português, mostra-se muito otimista quanto ao futuro de Portugal e reforça a importância da cooperação luso-britânica.

16 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Nasceu na Escócia, de onde é

uma influência enorme no Vinho do

necessário e também com piscina

natural a sua família. Quando tinha

Porto. Recentemente, três vinhos

e animais para as crianças. É muito

dois anos de idade, foi para Ingla-

portugueses ganharam grande

interessante e está quase concluí-

terra, o que explica a ausência de

destaque e dois deles têm ligações

do! Foi inteiramente feito graças ao

sotaque escocês. Representando o

britânicas.

trabalho de voluntários. Há também

Ministério dos Negócios Estrangei-

E há britânicos que ainda lideram

uma outra organização (Madrugada)

ros de Sua Majestade, serviu em

muitas casas de vinhos há séculos.

liderada por uma senhora britânica,

Hong Kong, nos Estados Unidos da

Penso que eles têm orgulho nas

que ajuda doentes que precisam de

América e em Londres, envolvendo-

suas raízes mas também estão

cuidados paliativos. Há muitos indi-

-se em áreas como a União Euro-

satisfeitos por estarem em Portugal

víduos que estão a dar de si para a

peia, política do meio ambiente,

a desenvolver os seus negócios.

comunidade portuguesa.

recursos humanos e comunicação.

Gostaria de falar da grande im-

Vamos falar um pouco sobre a

Mais recentemente chefiou o Depar-

plantação de ingleses no Algarve

nossa Europa. Libra e Euro.

tamento das Organizações Inter-

e da grande ajuda que eles têm

Por toda a Europa estamos a assis-

nacionais no MNE Britânico, sendo

dado aos portugueses?

tir a movimentos novos e diferentes.

responsável pelas políticas britâni-

Existe claramente essa comunidade,

De um modo geral, muitos povos

cas no âmbito das Nações Unidas,

que é muito grande. Quando estou

estão cansados das políticas eu-

da Commonwealth e da OSCE.

no Algarve e falo com os britânicos

ropeias seguidas até agora, e por

Fale-me dos seus estudos em

que lá moram, alguns deles há 10,

isso o nosso Governo está a ten-

Arqueologia.

20 ou 30 anos, acho muito interes-

tar introduzir reformas na UE que

Os meus estudos focaram-se na

sante quando me dizem que têm

sejam vantajosas não apenas para os britânicos, mas também para

cultura Moche, que é pré-inca. Mas entretanto comecei a trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Tinha esperança de ser colocada na América do Sul mas ainda não será agora, talvez mais tarde… Talvez se apaixone por Portugal e acabe por cá, tal como muitos Em-

"

A DIPLOMACIA COMERCIAL É UMA PRIORIDADE PARA AS EMBAIXADAS DO REINO UNIDO.

"

os restantes cidadãos europeus. Pretendemos criar uma Europa mais competitiva, porque, como sabe, neste momento o crescimento está muito fraco. Precisamos de concluir o mercado único em serviços, na área digital e na área energética,

baixadores em fim de carreira…

já ligações muito profundas com

que é muito importante para Portu-

Estamos a tentar, dentro do Minis-

a região. E cada vez mais temos

gal e para muitos outros países. As

tério, fazer com que os diplomatas

novos residentes. É verdade que a

questões da emigração e imigração

usem mais o vosso idioma. De facto,

crise fez diminuir um pouco o seu

continuam a ser claramente uma

a língua portuguesa é uma das mais

número, mas também é interessan-

preocupação dentro do Reino Unido.

importantes do mundo. Comecei a

te ver que agora estão britânicos a

Os tratados garantem a livre circula-

aprendê-la no início do ano passa-

chegar ao centro de Portugal, que é

ção de pessoas - mas para trabalhar

do, primeiro em Londres e depois no

uma área geográfica nova neste fe-

ou estudar, não com o objectivo de

Porto.

nómeno. Em geral são familias mais

ter acesso aos benefícios sociais.

E o Porto?

jovens, que querem estabelecer

Esse é outro dos nossos objetivos

Gosto muito do Porto. Tento visitar

relações fortes com as comunidades

no âmbito da reforma da UE.

cidades além de Lisboa porque acho

portuguesas e integrar-se comple-

E os serviços médicos?

muito importante não ficar sempre

tamente. Algo que nem sempre

Os nossos serviços são muito bons

na capital. Temos tantas ligações

aconteçe em zonas onde há um nu-

e podemos orgulhar-nos disso. No

históricas com a cidade do Por-

mero elevado de residentes britâni-

entanto, temos problemas, nomea-

to, como também temos ligações

cos. Também no Algarve há vários

damente no que toca a pagamentos.

atuais. Por exemplo, visitei recente-

projetos muito interessantes. Por

Ainda temos custos elevados, espe-

mente uma empresa tecnologica bri-

exemplo, há um casal britânico que

cialmente porque, como acontece

tânica – a BLIP -, muito inovadora,

dirige um centro (Centre Algarve)

noutros países da Europa, a nossa

que reflecte bem o interesse dos

onde famílias com crianças com de-

população está a tornar-se mais

investidores britânicos pela inovação

ficiência profunda podem ter férias

velha. Tal como em Portugal, temos

em Portugal. Os britânicos têm tido

normais, com todo o equipamento

muitos idosos. E por isso é preciso

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Kirsty Isobel Hayes

garantir serviços de saúde exce-

lentes e tentar remediar os custos. A nível comercial, como está a balança de pagamentos entre Portugal e Inglaterra? Em geral, o balanço das relações bilaterais é muito positivo para ambos os lados. Há muitos turistas aqui em Portugal e cada ano temos cerca de dois milhões de visitantes! E é interessante ver que são cada vez mais os turistas que vêm aqui para visitar mais locais que não o Algarve. Visitei recentemente Guimarães e Braga e adorei. Estamos muito satisfeitos com o relacionamento que há entre nós. Temos muitos investidores portugueses no Reino Unido em diversos setores, como a energia, o agro-alimentar, financeiro e mais recentemente empresas de base tecnológica. Aqui em Portugal temos por exemplo a Vodafone, que tem um programa de investimento de cerca de 500 milhões de euros em fibra ótica. Gostariamos de encorajar outros países a usarem mais estas plataformas. O que planeiam fazer com a Diplomacia no futuro? Durante este período de austeridade, os governos estão a avaliar os serviços diplomáticos e a ponderar

18 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


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Kirsty Isobel Hayes

mia está a crescer. Devo dizer que

Falamos da sua família?

é que, no Reino Unido, o Governo

nós também temos muitas expetati-

Sou casada, e o meu marido tam-

decidiu não reduzir a nossa rede

vas quanto a um futuro positivo aqui.

bém é diplomata. Temos dois filhos.

diplomática, mas sim expandi-la.

Na Embaixada, por exemplo, criá-

Para além disso, temos dois cavalos

O que foi diferente daquilo que os

mos um novo centro para recursos

e dois cães, que nos fazem muita

outros países fizeram. E há razões

humanos, que contratou quase 20

companhia.

que explicam isto. Uma delas é

pessoas, para prestar serviços às

Mensagem ao futuro?

o facto de o Governo e o nosso

restantes Embaixadas espalhadas

Como já disse, estamos otimistas

primeiro-ministro terem a opinião de

pela Europa, e também na Rússia e

quanto ao futuro de Portugal, e uma

o seu futuro. O que é interessante

que o executivo tem um papel im-

na Ásia Central.

das razões para tal são os jovens.

portantíssimo no exterior, para criar

De que gosta mais em Portugal?

Embora seja um país pequeno, há

maiores oportunidades de negócio e

É muito difícil dizer, mas gosto da

muita tecnologia e os jovens dão-

investimento. Por isso abrimos mais

história e da cultura. É difícil porque

-lhe utilidade. E existem também

missões diplomáticas, por exemplo

há tantos sítios em Portugal que não

importantes projectos de investi-

na China, na Índia e noutros merca-

são conhecidos no Reino Unido mas

mento britânico em Portugal que

dos que estão a crescer rapidamen-

que nós adoramos… para além do

confirmam esse otimismo, dos quais

te. Claramente a nossa economia

Porto, Lisboa e Algarve…

eu gostaria de destacar por exemplo

não se iguala a novas economias,

temente visitei Tomar, que é uma

a empresa McFarlane que cultiva

mas temos uma história muito rica e

cidade incrível, lindíssima! E antes

papoilas no Alentejo para fazer

valores muito fortes que partilhamos

de chegar aqui nunca tinha ouvido

medicamentos, trabalhando com os

com outros países, como Portugal.

falar sobre este sítio extraordinário.

produtores locais. Gosto deste pro-

A Diplomacia comercial é uma priori-

Gosto muito da comida, penso que

jeto porque é um pouco diferente, é

dade para as Embaixadas do Reino

deveria ser muito mais conhecida

bonito e ajuda a população local.

Unido. Temos redes internacionais

fora do país! Aprecio muito o Fado,

Além disso, existem outros britâ-

que são quase únicas e continua-

que nunca tinha ouvido antes de

nicos que se têm mantido muito

mos a ter um papel muito ativo no

aprender português e é um estilo

activos em diversos sectores em

Conselho de Segurança da ONU.

de música lindo. Adoro cavalos

Portugal, como por exemplo o pro-

Acreditamos que o Reino Unido

lusitanos; são, na minha opinião, os

jecto de vela adaptada para pes-

possa ser uma força para um futuro

melhores do mundo. Essencialmen-

soas com deficiência em Cascais.

positivo, e a Diplomacia é vital para

te, os portugueses são tão abertos,

Estou sinceramente convencida que

isso. O serviço diplomatico precisa

tão prestáveis e amáveis que é um

Portugal terá um futuro promissor. E

de mudar um pouco, daí termos feito

prazer estar aqui, quer no contexto

penso que os portugueses merecem

um investimento significativo na área

pessoal quer no lado profissional.

o melhor.

das línguas. Temos mais diplomatas com experiência fora do serviço diplomático, temos mais diversidade entre os nossos Embaixadores, e os funcionários têm posições altas em Londres. Temos mais senhoras, mais pessoas de minorias étnicas, estamos a fazer um esforço para incluir as diferenças. Acredita num futuro feliz para Portugal? Sim, claro! O facto de várias empresas britânicas continuarem a investir e a expandir-se aqui em Portugal, e várias empresas portuguesas escolherem o Reino Unido como seu destino de investimento, é um sinal de otimismo. Mostra que a econo-

20 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

Recen-

n


MALA DIPLOMÁTICA

Dia da Rainha

A propósito da celebração do aniversário oficial da sua Rainha, a Embaixadora britânica em Portugal abriu as portas da sua residência oficial em Lisboa. Numa grande receção realizada nos jardins da sua habitação, Kirsty Hayes acolheu muitas figuras do corpo diplomático creditado em Portugal, bem como empresários dos dois países e políticos, de que se destaca a presença do Secretário de Estado da Cultura

com a permanência da Escócia na

Estados, muito importante perante

português, Jorge Barreto Xavier.

união.

todos os desafios políticos e econó-

Esta comemoração assinalou a lon-

No seu discurso, proferido nos idio-

micos que o futuro reserva.

gevidade de Sua Majestade Isabel

mas dos dois países, a Embaixado-

Embora Isabel II comemore verda-

II, que já soma 89 anos de vida. Foi

ra Kirsty Hayes lembrou a relação

deiramente o seu aniversário a 21

também a primeira celebração em

histórica que existe entre Portugal e

de abril, os festejos nacionais ocor-

honra da Rainha depois do referen-

o Reino Unido, os mais antigos alia-

rem sempre à entrada do verão,

do escocês, realizado em setembro

dos do mundo, e apelou à preserva-

onde o bom tempo permite que a

do ano passado, que culminou

ção desta proximidade entre os dois

festa se faça nas ruas.

n➤

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 21


Dia da Rainha

2

1

4

8

3

5

6

9

7

10

1. Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora do Reino Unido 2. Paulo Cardoso e Luísa Prado 3. Embaixadores da Suíça com o Embaixador de Espanha 4. Embaixadores Cabo Verde 5. Maria da Luz de Bragança e a Sec. Embaixador EUA 6. Embaixadora Kirsty Hayes com Jorge Barreto Xavier e o artista Kenton 7. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador de Itália 8. Maria de Bragança com Emma e Clive Gilbert 9. Embaixadores de França 10. Nuno Lopes, Jezica Ellen e Bruno Vaqueiro

22 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Passaram vinte anos desde o lançamento de Pour Homme, a primeira fragrância Dolce&Gabbana para homem e a personificação do homem Dolce&Gabbana num aroma. Elegante e vibrante. Hoje Domenico Dolce e Stefano Gabbana apresentam uma moderna reinterpretação desse homem, acentuando a sua personalidade e intensidade na nova fragrância Intenso. Intenso é o instinto puro, o poder de uma emoção que é livremente expressa. É a força de um homem determinado, com um coração enraizado na tradição que, ainda assim, atua no mundo moderno. Intenso representa idealmente a nova geração do homem Dolce&Gabbana, que vive no presente e que expressa as suas emoções com naturalidade e intensidade. “Sinceridade é a chave da elegância do homem Dolce&Gabbana. Ele é forte embora seja capaz de revelar as suas fragilidades. É bonito, moderno e repleto de vida, tal como Intenso, a fragrância que lhe dedicamos”. Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Intenso é uma fragrância aromática amadeirada que abre com luminosas notas aquáticas e verdes aromas de Manjericão e Lavanda. A sua profunda sedução é definida por uma nova descoberta no mundo do olfato: o acorde de Maçaranduba-Africana recriado a partir das flores e folhas da planta lenhosa Sapotácea da África do Sul através do uso da tecnologia Headspace. O acorde de Maçaranduba-Africana oferece a assinatura e o caracter à fragrância, envolvendo-a em luxuosos aromas florais, balsâmicos e de mel. A masculinidade do tabaco é adicionalmente definida através de suaves notas secas de Feno e Farelo. A sua intensidade e força surgem da profunda combinação de Labdanum (nome comum Esteva), Sândalo e Cipreste. Um contraste de fresco, quente e rico, que completa a composição da fragrância e enfatiza o seu charme amadeirado. ■

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 23


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Jean-François Blarel, Embaixador de França Estabilidade ou plasticidade das instituições europeias

"

É NECESSÁRIO FAZER MAIS PARA DAR À ZONA EURO – QUE É A SEGUNDA POTÊNCIA

ECONÓMICA MUNDIAL – UMA SOLIDEZ A TODA À PROVA

"

ção da organização europeia, das

assinatura do Tratado de Lisboa, no

forma vítima do seu sucesso, foi

reivindicações dos seus diferentes

dia 13 de Dezembro de 2007, a sua

obrigada a gerir simultaneamente

actores, das mudanças no ambien-

entrada em vigor no dia 1 de Janei-

dois processos indissociáveis: o

te geopolítico... e das crises que a

ro de 2010, abrem uma nova página

do alargamento a novos Estados-

Europa atravessa.

na história da Europa. Com uma

-membros, e o do aprofundamen-

As reformas principais dos tratados

Europa a 27 e depois 28 membros,

to das suas competências e dos

fundadores foram realizadas com a

e perante a amplitude dos desafios

seus procedimentos institucionais.

adopção sucessiva em

que os países europeus devem en-

Tratava-se – e ainda se trata – de

1986 do Acto Único Europeu, em

frentar em comum, quer seja a crise

satisfazer às expectativas legítimas

1992 do Tratado de Maastricht, em

financeira e económica, o desafio

dos Estados candidatos sem pre-

1997 do Tratado de

da competitividade, a recomposição

judicar a eficácia operacional das

Amesterdão, do Tratado de Nice

do ambiente geopolítico, marcado

instituições comuns. Consequente-

em 2001, e por fim do Tratado de

pelo rápido aumento do poder dos

mente, o acordo colectivo instituído

Lisboa (2007).

países emergentes, a luta contra as

pelos tratados fundadores evolui

Depois de cinco anos de incerteza

mudanças climáticas, ou as novas

ao longo do tempo de maneira

institucional, aberta pela rejeição

ameaças em termos de segurança

pragmática em função da composi-

da Constituição para a Europa, a

internacional, era necessário

1. A organização europeia, de certa

24 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


instituições mais adaptadas ao

novo contexto.

seio da União Económica e Mone-

incompleta. Subsistem importan-

tária ("Pacto Orçamental") ou então

tes divergências no seio da zona

Assim, o Tratado de Lisboa permi-

o tratado instituindo o Mecanismo

euro, cujas crises dos últimos anos

tiu tornar a Europa mais eficiente,

Europeu de Estabilidade (MEE), ou

colocaram em evidência as fraque-

mais democrática e mais forte. Mais

ainda a União Bancária, cuja cria-

zas. É necessário fazer mais para

eficiente: uma presidência estável,

ção está ligada aos ensinamentos

dar à zona euro – que é a segunda

confiada ao senhor Van Rompuy,

da crise da zona euro. A União Ban-

potência económica mundial – uma

e depois ao senhor Donald Tusk,

cária é vista como a maior etapa

solidez a toda à prova. Por conse-

novas regras de funcionamento,

para um federalismo europeu desde

guinte, propõem medidas concretas

mais decisões tomadas com maioria

a criação do euro. Trata-se de

a implementar em três fases: algu-

qualificada, a possibilidade para os

definir melhor os contornos de uma

mas das acções consideradas (tais

países mais determinados empe-

visão política de conjunto através

como a introdução de um sistema

nharem-se em cooperações reforça-

da qual deveriam ser concebidas as

europeu de garantia dos depósitos)

das. Mais democrática: uma repar-

próximas etapas institucionais.

serão implementadas rapidamen-

tição dos papéis melhor definida

A crise grega permitiu revelar que,

te nos próximos anos e serão

entre a União e os Estados-mem-

graças à existência destes tratados,

seguidas mais tarde por outras

bros, o reforço do papel legislativo e

e nomeadamente do MEE e União

medidas (tais como a criação de

orçamental do Parlamento Europeu,

bancária, a Europa, e principalmen-

um futuro Tesouro da zona euro)

uma voz mais activa dos parlamen-

te a zona euro, podia apoiar-se em

que irão mais longe em matéria

tos nacionais, sem esquecer uma

instituições sólidas, que lhe per-

de partilha de soberania entre

Carta dos Direitos Fundamentais e

mitem enfrentar de maneira mais

Estados-membros que adoptaram

uma faculdade de iniciativa popular

eficaz as crises monetárias que a

o euro. Estas medidas inscrevem-

em benefício dos cidadãos. Mais

atingem. A decisão de manter a

-se na visão dos cincos presidentes

forte: com a presidência estável, e

Grécia no euro é uma decisão tanto

segundo a qual convém passar de

as novas funções do Alto Represen-

política como económica.

um sistema de regras a um sistema

tante, agindo como um ministro dos

3. Assim, a Europa, num mundo

baseado nas instituições a fim de

negócios estrangeiros, a Euro-

globalizado, adapta as suas institui-

garantir que a UEM se apoia numa

pa pôde coordenar melhor as

ções e cria outras novas para res-

arquitectura transparente e robusta.

suas acções e defender os seus

ponder a um contexto económico,

O Presidente da República france-

interesses. Estes progressos eram

financeiro, social e político e cons-

sa, François Hollande, depois do

necessários para que a Europa

tante evolução. Os "cinco presi-

acordo alcançado entre a Grécia e

mantenha as suas hipóteses de ser

dentes" (o presidente da Comissão

os seus parceiros europeus, con-

o actor do seu próprio destino, num

europeia, Jean-Claude Junckers,

siderou que era necessário ir mais

século de explosão demográfica e

com o presidente da cimeira da

longe na consolidação do edifício

de mutações profundas na reparti-

zona euro, Donald Tusk, o presi-

europeu, e nomeadamente na zona

ção internacional do trabalho e das

dente do Eurogrupo, Jeroen Dijs-

euro, a fim de assegurar a estabi-

riquezas.

selbloem, o presidente do Banco

lidade, a prosperidade e a protec-

2. Com a prática assistimos a uma

Central Europeu, Mário Draghi, e o

ção. Anunciou, numa entrevista por

estabilização da articulação entre os

presidente do Parlamento Europeu,

ocasião da Festa Nacional do 14

grandes órgãos da União, o Con-

Martin Schulz) imaginaram medidas

de Julho, que iria estabelecer "um

selho, a Comissão e o Parlamento.

para um aprofundamento da União

documento" partilhado com os seus

Por outro lado, para enfrentar as

Económica e Monetária (UEM).

"amigos alemães" para fixar as

crises financeiras da zona euro, vá-

Segundo os cinco presidentes

bases de um "governo económico

rios tratados de dimensão governa-

europeus, não obstante os progres-

europeu" e evocou "um orçamen-

mental foram implementados, quer

sos realizados nos últimos anos,

to próprio para a zona euro assim

seja o tratado sobre a estabilidade,

em particular a implementação da

como a ideia de um Parlamento da

a coordenação e a governança no

União Bancária, a UEM continua

zona euro".

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 25


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia As três lógicas da Europa

"

A LÓGICA DAS INSTITUIÇÕES

CENTRAIS É ALTERNAR ENTRE PRESSIONAR O TRAVÃO E O ACELERADOR

Os acontecimentos do verão de

muns. O seu melhor exemplo

2015 têm demonstrado existên-

foi dado por Garret Hardin, que

cias diferenciais entre as expecta-

sugeriu que os atores individuais

tivas individuais dos estados-na-

percepcionam as instituições

ção, as expectativas coletivas da

comuns como pastos e que a

família dos 28 países membros e

lógica individual é mais suscetí-

as expectativas, institucionalmen-

vel de se envolver em tentativas

te articuladas, das instituições

do que ele chamou de “pastoreio

europeias que atuam centralmen-

excessivo”, ou seja, a tendência

te. É óbvio que estas três lógicas

do ator individual para negociar

são intrinsecamente diferentes e

uma isenção ou exceção, ou,

devemos reconhecer o facto da

na ausência da existência dos

sua separação.

mesmos, apenas para ter uma

A lógica dos estados-nação é

chance de começar um. O re-

ditada por aquilo que, na lite-

sultado da política de aprovação

ratura económica, é chamado

da presente lógica é: “por favor,

o dilema (ou tragédia) dos co-

conceda-me isenção, é mais

26 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

"


barato do que o pastoreio ex-

cessivo.” As expectativas coletivas da

Bronislaw Misztal Three logics of Europe

família dos 28 Estados membros são opostas: em vez de permitir

The events of summer 2015 have demonstrated that there

isenções, o grupo está interes-

is a differential between individual expectations of nation-

sado em não os permitir, inde-

states, collective expectations of the family of 28 member

pendentemente dos fundamentos

countries, and expectations, institutionally hinged, of the

reais e do raciocínio dos atores

European institutions that act centrally. It remains clear that

individuais. A lógica por trás disto

the three logics are intrinsically different and that we should

é eleitoral, portanto, de natureza

recognise the fact of their separateness.

política: cada autoridade teria

The logic of nation-states is dictated by what in the economic

de enfrentar os próprios eleito-

literature is called the dilemma (or the tragedy) of the

res e explicar por que existia ali

commons. Its best example was given by Garret Hardin,

um diferencial em tratamentos,

who suggested that individual actors perceive common

requisitos, ou seja: um diferencial

institutions as pastures and that individual logic is most

na magnitude das medidas da

likely to involve an attempt of what he called “overgrazing”,

austeridade considerada inevitá-

which means individual actor’s tendency to negotiate an

vel. Cada tentativa nesse sentido

exempt, or exception, or in absence of which, to just take a

seria considerada como causa

chance of getting one. The policy result of adoption of this

perdida politicamente, resultando

logic is:”please grant me exemption, it is cheaper than the

numa diminuição ou vazamento

overgrazing effect.”

de capital político. “Sem exce-

The collective expectations of the family of 28 member states

ções” é, portanto, a política dos

are opposite: rather than allowing exemptions, the group is

países membros apresentada

interested in disallowing them regardless of the actual pleas

tanto para o interior como para o

and reasoning of individual actors. The rationale behind them

exterior.

is of electoral, hence political nature: each authority would

As expectativas institucionais, no

have to confront own constituents and explain why was there

entanto, são de natureza dife-

a differential in treatments, requirements, read: a differential

rente, dizendo respeito à lógica

in the magnitude of austerity measures deemed unavoidable.

da sobrevivência e continuidade

Each such attempt would be considered lost cause politically,

organizacional da União. Pri-

as it woud result in diminishing or leaking of political capital.

meiro, têm de equilibrar o custo

“No exceptions” is thus a policy of member countries

entre a probabilidade de sobre-

presented both inwards and outwards.

vivência ou a falha dos Estados

The institutional expectations however, are different

membros. Caso haja a hipótese

in nature, as they pertain to the logic of survival and

de um estado não prevalecer, a

organizational continuation of the Union. First, it has to

lógica é aliviar pressões. Mas a

balance the cost between the likelihood of survival or failing

mesma lógica dita que se reforce

of member states. Should the chances of having a failing

e revalide as instituições centrais

state prevail, the logic is to relax pressures. But the same

assim que se evite a falência ime-

logic dictates to reinforce and revalidate central institutions

diata do estado. Assim, a lógica

as soon as the immediate failing of the state can be avoided.

das instituições centrais é alter-

Hence the logic of central institutions is to alternate between

nar entre pressionar o travão e o

pressing the brake and the accelerator intermittently. “We

acelerador de forma intermitente.

need to keep going” is the logic of the institution.

“Temos de continuar” é a lógica da instituição.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 27


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Paul Schmit, Embaixador do Luxemburgo As prioridades da Presidência Luxemburguesa do Conselho da União Europeia

"

A CREDIBILIDADE DA UE DEPENDE DA

SUA CAPACIDADE EM DAR UM SEGUIMENTO APROPRIADO ÀS DECISÕES E AOS COMPROMISSOS ASSUMIDOS.

No segundo semestre de 2015,

Europeia, influenciam a nature-

o Luxemburgo assume pela 12ª

za do exercício da presidência.

vez a Presidência do Conselho

Tendo em conta as novas com-

da União Europeia, num con-

petências atribuídas à UE pelos

texto institucional que sofreu

Tratados, o exercício deste tipo

alterações significativas desde a

de presidência será uma estreia

entrada em vigor do Tratado de

para o Luxemburgo.

Lisboa. O papel de coordenação

O processo de nomeação do

e de dinamização da presidência

Presidente da Comissão e, em

semestral mantém-se inalterado

particular, o papel do Parlamen-

em diversos aspetos; contudo,

to Europeu neste contexto, con-

a Presidência Permanente do

tribuiram para a emergência de

Conselho Europeu e o papel da

novos equilíbrios institucionais,

Alta Representante da União Eu-

que trazem outras perspetivas

ropeia para os Negócios Estran-

em termos de cooperação entre

geiros e Política de Segurança

as instituições. A credibilidade

e Vice-Presidente da Comissão

da UE depende da sua

28 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

"


capacidade em dar um segui-

legislativo transparente e eficaz.

mento apropriado às decisões e

Esforçar-se-á para aprofundar o

aos compromissos assumidos.

diálogo inter-institucional sobre

Nesse sentido, ela necessita

o conteudo dos programas de

de instituições fortes e deter-

trabalho anuais da Comissão.

minadas, com capacidade para

O programa estratégico para

alterar o curso dos eventos e dar

a União na Era da mudança,

prioridade aos grandes desafios,

adotado pelo Conselho Europeu

na Europa e fora dela.

de 26 e 27 de junho de 2014,

A Presidência Luxemburguesa,

retoma as prioridades princípais

muito ligada à construção euro-

para a UE para os próximos

peia, aos valores e princípios da

cinco anos e destina-se a orien-

União, comprometeu-se a assu-

tar os esforços de programação

mir uma abordagem aberta: ouvir

das intituições. A Presidência

os cidadãos, apoiar as empre-

Luxemburguesa elaborou um

sas, cooperar com os parceiros e

programa com o objetivo de

as instituições para agir em prol

continuar a implementar esta

do interesse europeu.

agenda, tendo igualmente em

O cidadão é a prioridade do

conta as orientações políticas

projeto europeu. De acordo com

do Presidente da Comissão, do

as suas tradições e convicções,

Programa de Trabalho Anual da

a Presidência Luxemburgue-

Comissão e dos trabalhos do

sa esforçar-se-á para colocar

Trio.

o cidadão no centro das suas

Em resumo, as prioridades da

preocupações e trabalhará no

Presidência Luxemburguesa do

sentido de garantir a defesa

Conselho da União Europeia são

dos interesses dos mesmos no

as seguintes:

âmbito das decisões tomadas em

Disponibilizar investimento para

termos de políticas europeias.

contribuir para o crescimento e a

Nesse sentido, contribuirá para a

criação de emprego

aplicação correta dos princípios

Reforçar a dimensão social eu-

de subsidiariedade e de propor-

ropeia

cionalidade. A atualização do

Gerir a migração, aliar liberda-

acordo inter-institucional “Legis-

des, justiça e segurança

lar Melhor”, com base na propos-

Renovar a dinamica do mercado

ta apresentada pela Comissão,

interno apostando na era digital

insere-se nesse contexto; per-

Inserir a competitividade euro-

mitirá igualmente formalizar as

peia num quadro global e trans-

modalidades de uma melhor coo-

parente

peração inter-institucional. Em

Promover o desenvolvimento

função da disponibilidade das

sustentável

outras instituições que deverão

Reforçar a presença da União

participar no processo, a Presi-

Europeia no mundo

dência Luxemburguesa trabalha-

O programa da Presidência

rá no sentido de fazer avançar

Luxemburguesa, que não se

as negociações com vista a es-

pretende exaustivo, é também a

tabelecer as bases de um acordo

expressão da vontade do Luxem-

que assegurará uma legislação

burgo de contribuir plenamente

de qualidade, num contexto

para a nova dinâmica do pro-

de desenvolvimento sustentá-

cesso de integração europeia,

vel, resultante de um processo

iniciado no último ano.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 29


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos Um Africano ligado a África

"

O PAPEL DE MARROCOS COMO

TRAÇO DE UNIÃO ENTRE O CONTINENTE AFRICANO E A EUROPA, O SEU PAPEL INDISCUTÍVEL PELA PAZ E SEGURANÇA

" Em maio-junho de 2015, Sua

dar o espirito da Conferência de

montam ao comércio das cara-

Majestade o Rei Mohammed VI

Casablanca quando o falecido

vanas e aos Almorávidas e que

efectuou a sua terceira tournée

Rei Mohammed V reuniu à sua

mergulha as suas raízes no Sul

africana, marcada por visitas de

volta, há mais de meio século,

saariano profundo, vêm também

trabalho e de amizade a 4 paí-

os líderes da Africa militante e

comprovar que Marrocos é, mais

ses : o Senegal, a Costa do Mar-

os heróis da liberdade e da inde-

do que nunca, uma potência afri-

fim, a Guiné-Bissau e o Gabão.

pendência.

cana com laços antigos e estrei-

A visita à Guiné Bissau, onde

Estas Tournées que dão segui-

tos com a Africa subsaariana.

foram assinados 19 acordos de

mento a numerosas Deslocações

O Périplo africano de 2015

parceria e de cooperação, é a

Reais, caracterizam-se pela sua

coloca na agenda a força do

primeira que dá um novo impulso

duração que lhes imprime uma

Discurso Real de Abidjan do ano

a uma relação de amizade e de

dimensão singular no contexto

passado, sobre a necessidade

entendimento sempre vivaz com

diplomático e estratégico actual.

para o Continente de libertar as

o conjunto dos países lusófo-

Estes périplos que prosseguem

sua energias. A este respeito,

nos. A homenagem prestada,

uma tradição politica constante

uma frase deste Discurso resu-

em Bissau, por Sua Majestade

da diplomacia marroquina, tecida

me toda a visão e a ambição que

a Amílcar Cabral e aos mártires

desde há séculos pelos laços

Sua Majestade o Rei nutre por

da libertação africana fez recor-

humanos e espirituais que re-

Africa : «A África tem menos

30 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


necessidade de assistência e

e por África, Marrocos posicio-

sólida em matéria de reformas

precisa mais de parcerias que

na-se já como « hub » regional

políticas e religiosas.

sejam mútuamente benéficas”,

através de dois principais ac-

Isto explica os numerosos pedi-

relembrou.

tores : o grande centro finan-

dos formulados por países tais

No centro desta ambição está

ceiro Casa Finance City (CFC)

como o Mali, a Guiné Conakry,

um processo integrado de de-

e a companhia aérea Royal Air

a Costa do Marfim, a Nigéria,

senvolvimento sustentável que

Maroc. Esta última dispõe já de

o Gabão, a Líbia e a Tunísia

coloca o elemento humano no

mais de 30 linhas aéreas aber-

para que os seus imames sejam

centro das preocupações com o

tas e escritórios de representa-

formados em Marrocos segundo

melhoramento das condições de

ção em 11 países do continente.

os preceitos do Islão moderado e

vida, do ambiente, da educação,

Um posicionamento que será

tolerante e para se impregnarem

da formação de estudantes e

reforçado pela negociação em

dos valores da moderação, do

da juventude, conferindo assim

curso dos parceiros estratégi-

diálogo intercultural e do respei-

um forte impulso aos diferentes

cos, incluindo a implementa-

to intereligioso de solidariedade,

aspectos de uma cooperação

ção progressiva de zonas de

reconhecidos no Reino.

Sul-Sul solidária e dinâmica.

comércio livre com a CEDEAO

Esta visão Real é reforçada

(Comunidade Económica dos

É nesta inspiração que intervêm

também por uma vontade de de-

Estados de África Ocidental) e a

as doações do Santo Corão e

senvolver a cooperação econó-

CEMAC (Comunidade Económi-

os donativos humanitários reali-

mica com os Estados da região

ca e Monetária dos Estados da

zados regularmente durante as

subsariana. Uma cooperação

Africa Central). Por outro lado, o

Deslocações Reais, e mais parti-

que associa os actores públicos,

Reino consolida a sua penetra-

cularmente a criação, este mês,

as empresas e os investidores

ção na África Ocidental desen-

da Fundação Mohammed VI dos

privados marroquinos que enten-

volvendo as suas relações com

Oulémas (Sábios e teólogos)

dem, no que lhes diz respeito,

a União económica e monetária

africanos. Fruto da criatividade

beneficiar, com uma parceria

ocidente-africana (UEMOA) que

marroquina, inabalável ao longo

vencedora-vencedora, com os

corresponde a um mercado de

dos tempos, esta nova estrutura

acordos concluídos para reforça-

mais ou menos 70 milhões de

terá como objectivo unificar e

rem a sua implantação. A partir

habitantes.

coordenar os esforços dos Oulé-

de agora grandes grupos tais

Nesta mesma lógica, a classifi-

mas muçulmanos, em Marrocos

como Maroc Telecom, o Oficio

cação da Conferência das Na-

e nos outros Estados africanos,

Nacional da Água e de Electrici-

ções Unidas sobre o Comércio

para dar a conhecer os valores

dade, ou ainda estabelecimentos

e Desenvolvimento (CNYCED),

do Islão tolerante, de os difundir

bancários (Attijariwafa Bank,

coloca Marrocos entre os primei-

e consolidar.

Banco marroquino do Comércio

ros investidores em África. É o

No total, estes Périplos Reais,

Externo), companhias de segu-

segundo investidor africano no

que associam ambições eco-

ros (CNIA-Saham), sociedades

continente depois da África do

nómicas e estratégicas a preo-

imobiliárias (Addoha, Alliance)

Sul e apresenta-se hoje como

cupações de desenvolvimento

estão implantadas em mais de

primeiro investidor na África

humano e espiritual, confirmam

uma vintena de países subsaria-

Ocidental.

a implantação de Marrocos em

nos.

A tudo isto acresce o empenha-

África. Explicam igualmente o

Tudo isto vem de uma metodolo-

mento constante de Sua Majes-

papel de Marrocos como tra-

gia bem definida : iniciar projec-

tade o Rei Mohammed VI, Amir

ço de união entre o continente

tos, voltar mais tarde para veri-

Al Mouminin (Comandante dos

africano e a Europa, o seu papel

ficar o andamento dos projectos

Crentes), para a promoção da

indiscutível pela paz e seguran-

iniciados durante as visitas pre-

imagem autêntica do Islão, o que

ça na região sahelo-sariana e na

cedentes e lançar novos projec-

suscita a estima e consideração

luta contra o terrorismo e ou-

tos. Esta abordagem, já aplicada

em vários destes países africa-

tras actividades que constituem

em Marrocos, dá os seus frutos

nos. Estes últimos vêem no Rei-

ameaças para a nossa estabili-

mesmo no estrangeiro.

no não só uma fonte de inspira-

dade e para o nosso desenvolvi-

Neste empenhamento em África

ção mas também uma referência

mento comum.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 31


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Johana Ruth Tablada de la Torre, Embajadora de Cuba en Portugal Estados Unidos – Cuba en busca de una nueva relación

"

EL RESTABLECIMIENTO DE RELACIONES DIPLOMÁTICAS Y LA REAPERTURA DE EMBAJADAS DESPUÉS DE 54 AÑOS MARCAN UN PRIMER E IMPORTANTE PASO PARA ACORDAR HERRAMIENTAS Y

MECANISMOS QUE PERMITAN AVANZAR Y DESARROLLAR, SOBRE BASES DE IGUALDAD Y RESPETO MUTUO, UN DIÁLOGO BILATERAL

"

Muchos se sintieron testigos de un

prisioneros.

mejoramiento de las relaciones. Se

cambio de época cuando el pasado

Para la mayoría de los cubanos sin

han establecido nuevos instrumentos

17 de diciembre se produjo en simul-

embargo, el momento más emotivo

que permiten ampliar el diálogo y

táneo el anuncio de los presidentes

e inolvidable de aquella jornada fue

se han abierto embajadas sobre la

Raúl Castro y Barack Obama de la

la liberación y dramático retorno

base del compromiso mutuo de los

decisión de avanzar hacia el recono-

de Gerardo, Ramón y Antonio, los

respectivos Jefes de Estado de res-

cimiento mutuo, el restablecimiento

tres restantes jóvenes que junto a

petar los propósitos y principios de

de relaciones diplomáticas y embaja-

Fernando y Rene sufrieron más de

Derecho Internacional y las normas

das, y el fortalecimiento del dialogo

15 años de injusta prisión y eran

de la Convenciones de Viena de

bilateral en nuevas áreas de interés

conocidos mundialmente como “Los

Relaciones Diplomáticas y Consula-

común. Conocimos con sorpresa

Cinco”.

res. Estados Unidos reconoció que

que este proceso estuvo acompaña-

Desde esa fecha hasta hoy, se han

su política fracasó, Cuba fue sacada

do por la intervención oportuna del

registrado nuevos progresos siendo

oficialmente de la lista que EEUU

Papa Francisco, y la hospitalidad y

tal vez el más importante el hecho

elabora donde se incluyen Estados

discreción de Canadá como sede

de que ambos países demostraron,

que patrocinan el terrorismo inter-

de las conversaciones secretas y

con sus actos más recientes, que

nacional, a la que nunca en realidad

la secuencia de un intercambio de

tienen voluntad de avanzar hacia el

perteneció, y se anunciaron pocas,

32 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


pero positivas medidas de flexi-

convertirse en “agentes del cambio”

desarrollar, sobre bases de igualdad

bilización en áreas específicas de

y llegar, alguna vez, a gobernar

y respeto mutuo, un diálogo bilateral

aplicación de las sanciones unilate-

nuestro país. En franca violación

que conduzca a un proceso hacia la

rales de EE.UU. contra la Isla como

del Derecho Internacional, Estados

normalización de relaciones, capaz

las telecomunicaciones, algunas

Unidos trata de justificar estas políti-

de solucionar toda una serie de

operaciones bancarias y la amplia-

cas, inaceptables para cualquier país

problemáticas sustanciales acumula-

ción de las categorías de los viajes,

soberano, utilizando un discurso que

das durante más de 5 décadas y que

que permitieron alcanzar a mitad del

desconoce la realidad de Cuba y en

están pendientes de solución.

año 2015 la cifra de 90 mil visitan-

particular ignora el desempeño real

Para comprender el proceso que

tes estadounidenses que viajaron a

del país en la protección y respeto a

transcurre y continuará en los pró-

Cuba en todo el 2014 sin contar los

los Derechos Humanos. Sobra decir

ximos meses, se debe recordar que

más de 300 mil cubanos emigrantes

que Cuba no tiene interés alguno

estas relaciones están profunda-

en EE.UU. que visitan cada año su

en intervenir en el ordenamiento

mente marcadas por hechos histó-

país de origen.

interno de Estados Unidos, aún

ricos como el no reconocimiento de

En este periodo Cuba y EE.UU han

cuando tiene serias diferencias y

los Estados Unidos a la soberanía

sostenido diálogos sobre derechos humanos, trata de personas, seguridad aérea, asuntos migratorios, medio ambiente, protección contra derrames de hidrocarburos y de control epidemiológico entre otros. Sin embargo, el bloqueo económico comercial y financiero sigue en vigor, Estados Unidos continúa ocupando, contra la voluntad del pueblo y gobierno de Cuba, una parte de su territorio y están pendientes otros importantes problemas como las reclamaciones respectivas por los

de Cuba durante más de un siglo,

"

LOS CUBANOS SOMOS CELOSOS DE NUESTRA SOBERANÍA E INDEPENDENCIA, Y PERSISTENTES Y VALIENTES EN LA BÚSQUEDA DE SOLUCIONES PARA NUESTROS PROPIOS PROBLEMAS

"

expresada en la agresión en todos los órdenes (invasiones, aislamiento y terrorismo), el uso abusivo de sanciones unilaterales que, infelizmente, se mantienen en vigor tras la reapertura de las Embajadas. Aunque el Secretario de Estado pida a los cubanos confianza, no temer nada y afirme que desean ser buenos vecinos, todo lo anterior genera desconfianza o cuando menos cautela en nuestra población atenta a lo que viene. Los cubanos somos celosos

efectos de las nacionalizaciones

opiniones críticas en relación con el

de nuestra soberanía e independen-

cubanas a propiedades de Estados

ejercicio de los Derechos Humanos

cia, y persistentes y valientes en la

Unidos y el costo económico de las

y la democracia, con el sistema

búsqueda de soluciones para nues-

sanciones estadounidenses contra

estadounidense y sus políticas de

tros propios problemas. En consulta

Cuba, temas medulares que de no

salud y educación, con la exclusión

permanente con el pueblo se han

solucionarse serían suficientes para

social y la discriminación racial, con

realizado importantes transformacio-

obstaculizar o impedir cualquier

el uso extendido de armas de fuego

nes y será el pueblo el que continua-

avance en la normalización de las

que cobran miles de vidas cada año,

ra determinando los cambios de todo

relaciones bilaterales.

el uso y abuso de la pena de muerte

aquello que se deba cambiar para

Por la parte estadounidense, perma-

y con el sistema electoral que otorga

garantizar avanzar hacia un futuro

nece también la política de injeren-

mayor valor al dinero que a la demo-

próspero, sostenible y socialista.

cia y subversión que atenta contra

cracia y la voluntad popular, etc.

En las próximas semanas comenza-

el orden constitucional de Cuba y

El restablecimiento de relaciones

ra a sesionar una comisión bilateral

promueve artificialmente y financia

diplomáticas y la reapertura de

Cuba- EEUU en aras de continuar

a cubanos que mejor respondan a

embajadas después de 54 años

avanzando. Para Cuba, ese diálogo

sus intereses, con la esperanza de

marcan un primer e importante paso

supone lograr finalmente el cese del

que gracias a esa “ayuda” (más de

para acordar herramientas y me-

bloqueo, rechazado unánimemente

20 millones de USD al año) puedan

canismos que permitan avanzar y

por la comunidad internacional y la

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 33


Johana Ruth Tablada de la Torre

so, dirigido a mostrar una supuesta

los principales instrumentos en los

del territorio y la Bahía Guantána-

fortaleza de carácter en política

que descansa la política hacia Cuba.

mo (117 km cuadrados) ilegalmente

exterior revela, cuando menos, una

Paradójicamente, de no hacerlo,

arrebatado a Cuba durante la ocu-

errada interpretación del sentir del

actuaría en aparente concordancia

pación del país por tropas estadou-

electorado, e ignora sucesivas en-

con su discurso político contrario a

nidenses entre 1898 y 1902, entre

cuestas en las que más de un 70%

las sanciones contra Cuba, pero el

otros asuntos.

de la opinión pública estadounidense

bloqueo se mantendría todavía ya

Sinceramente, me parece que

apoya el restablecimiento de relacio-

que esta política descansa también

existen condiciones diferentes para

nes con Cuba y más de un 50% el

en otros instrumentos legales que

avanzar en este proceso a partir de

levantamiento del bloqueo.

deben ser revocados o modificados.

la voluntad política que por primera

Son bien conocidas las tres declara-

A su vez, esta ley de 1917, utiliza-

vez expresa abiertamente un Pre-

ciones del presidente de los Estados

da hoy solo para Cuba, es la que

sidente de los Estados Unidos, que

Unidos pidiendo al Congreso el fin

otorga al Presidente las prerrogati-

ha solicitado al Congreso que ponga

del bloqueo contra Cuba. Aunque

vas presidenciales para modificar e

fin al bloqueo. También ayuda la

nuestros dirigentes lo han expre-

incluso invalidar la aplicación de las

creciente comprensión de la opinión

sado en múltiples ocasiones y en

sanciones del bloqueo como lo ha

devolución de una parte importante

hecho hasta el momento,.

pública sobre aspectos muy relevantes de la política contra Cuba que no se sostienen ante la prueba del sentido común, la verdad y la reciprocidad. Me refiero concretamente al hecho de no existir ninguna medida semejante de Cuba como las que

"

aun EE.UU. aplica todavía contra nuestro país. - Cuba no tiene en vigor ni practica ninguna política discriminatoria contra ciudadanos o empresas estadounidenses; -Cuba no aplica ninguna medida coercitiva de ninguna naturaleza unilateral, económica

ESTADOS UNIDOS DEBERÁ MOSTRAR

SI ESTÁ PREPARADO PARA DEJAR ATRÁS LAS POLÍTICAS QUE PERSIGUEN AISLAR Y CASTIGAR A LOS PAÍSES QUE NO SE LE SUBORDINAN O DIFIEREN EN SU MODELO DE DESARROLLO

contra EE.UU; -Cuba no ocupa nin-

"

Cuba espera que en los próximos meses el Presidente haga amplio uso de esas facultades entre las cuales podría permitirle a Cuba, sin que medie acción congresional alguna, por ejemplo: utilizar el dólar en sus transacciones internacionales, y acceder a los créditos y servicios de organizaciones financieras internacionales en los que EEUU prohíbe la participación de Cuba como el Banco Mundial y el Banco Interamericano de Desarrollo. El presidente podría también permitir a Cuba exportar hacia e importar

guna porción de territorio de Estados

fórums bilaterales y multilaterales,

desde los EE.UU. todo aquello que

Unidos.

es menos conocida y comprendida

decida beneficie a su interés nacio-

No se le debe pedir a Cuba alguna

la existencia de una amplia gama de

nal, mediante licencias generales o

concesión a cambio de la eliminación

prerrogativas legales que le permiten

específicas. Estados Unidos puede

de tales prácticas y medidas coerciti-

al Presidente de los Estados Uni-

permitir que otros países exporten a

vas que son unilaterales y deben ser

dos vaciar de contenido el bloqueo

Cuba productos que contengan más

levantadas unilateralmente. Estados

contra Cuba en las próximas sema-

de un 25% de productos de EE.UU.

Unidos deberá mostrar si está pre-

nas y meses, con o sin apoyo del

y podría también permitir a terceros

parado para dejar atrás las políticas

Congreso. De hacerlo, ganaría en

exportar productos a Estados Unidos

que persiguen aislar y castigar a los

coherencia y acercaría mucho más

con componentes cubanos. En re-

países que no se le subordinan o

su discurso a la realidad. Dependerá

sumen hay solo cuatro aspectos que

difieren en su modelo de desarrollo.

de su voluntad política y capacidad

el Presidente no puede modificar sin

También pesan en muchos análisis

de utilizar dichas prerrogativas, el

una ley del Congreso y ellos son:

sobre este tema las promesas de los

alcance de este proceso.

- El presidente no puede decretar el

aspirantes republicanos a la Casa

Es posible que la próxima semana

fin del bloqueo. Solo puede hacerlo

Blanca más recalcitrantes que pro-

el Presidente Obama decida, por

el Congreso. El presidente sin em-

meten a sus contribuyentes, romper

primera vez, no extender por otro

bargo, puede desmontar el bloqueo

las relaciones con Cuba y revertir

año más la aplicación de “la Ley de

mediante sucesivos decretos presi-

todo el proceso iniciado. Este discur-

Comercio con el Enemigo”, uno de

denciales de manera que

34 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


lo haga casi inefectivo y lo convier-

un empresario de Portugal, de Es-

ranza de que sea por última vez, el

paña, de Francia, de América Latina,

apoyo de la comunidad y la opinión

ejemplo, las medidas que anunció en

de China o de Canadá, que uno

pública internacional para la reso-

el área de las telecomunicaciones,

de los Estados Unidos por el sim-

lución cubana en favor del levanta-

se podrían imitar en muchos otras

ple hecho de que hasta ahora este

miento del bloqueo, noble causa sin

esferas que afectan y comprometen

último no cuenta con una decisión de

cuya solución perdería sentido lo que

el bienestar del pueblo de Cuba.

su gobierno y de su Congreso que

ha sido alcanzado hasta hoy.

- El presidente de Estados Unidos

le permita invertir en la economía

Un diálogo respetuoso y constructivo

no puede permitir inversiones en

cubana o comerciar con Cuba, más

nos trajo hasta aquí. Las rondas de

propiedades que están sujetas a

allá del estrecho y condicionado seg-

intercambios que culminaron en el

reclamaciones por empresas de

mento aprobado para las ventas de

restablecimiento de las relaciones

Estados Unidos por haber sido

alimentos desde hace 15 años. No

diplomáticas entre Cuba y Estados

nacionalizadas. En este tema es im-

es Cuba la que impide a los empre-

Unidos y la reapertura de las Em-

portante recordar que Cuba recono-

sarios participar de esas oportunida-

bajadas demostraron que se pudo

ce el derecho a que las compañías

des.

comenzar a alterar el curso de la

estadounidenses sean compensadas

El próximo otoño Cuba volverá a pre-

historia. Si Estados Unidos se sienta

y tiene leyes que respaldarían esta

sentar su resolución ante la Asam-

a la mesa con voluntad política, res-

negociación. Pocos conocen que

blea General de las Naciones Unidas

peto y enfrenta estas negociaciones

ta en un cascarón sin contenido. Por

de buena fe, podrán superarse en

Cuba negoció hace más de 30 años acuerdos de compensación los cuales honró hasta el último centavo con otros países como España, Suiza, Holanda, Reino Unido, Canadá o Alemania algunas de cuyas empresas fueron nacionalizadas al inicio de la Revolución. Muchas de esas empresas hoy invierten en Cuba. - El presidente de Estados Unidos no puede permitir el turismo de esta-

"

los próximos meses algunos obstá-

POCOS CONOCEN QUE CUBA NEGOCIÓ

culos históricos y, por primera vez, ambos países podríamos comenzar

HACE MÁS DE 30 AÑOS ACUERDOS DE COMPENSACIÓN LOS CUALES HONRÓ HASTA EL ÚLTIMO CENTAVO CON OTROS PAÍSES

dounidenses a Cuba. Solo lo puede

a coexistir con nuestras profundas diferencias en una relación civilizada y de beneficio mutuo para nuestros pueblos. Estados Unidos y Cuba deben

"

enfrentarse al reto de construir una relación totalmente diferente que no deje espacio a la intromisión

hacer el Congreso y en este momen-

exigiendo el fin del bloqueo econó-

sin límites de Estados Unidos en

to avanzan proyectos bipartidistas

mico, comercial y financiero que, a

los asuntos internos de Cuba que

en la Cámara de Representantes y

diferencia de ediciones anteriores de

ha marcado nuestra historia desde

en el Senado para lograrlo. En este

esta votación, hoy lo aplica un país

muchos años antes del triunfo de la

aspecto ya se agotaron las faculta-

con el cual restableció relaciones

Revolución; una nueva relación que

des de Obama cuando convirtió en

diplomáticas, mientras le impide, con

debe dejar a un lado la pretensión de

licencias generales las 12 categorías

sanciones alucinantes, desarrollarse

tomar decisiones, que legítimamente

de viajeros establecidas por las leyes

a su máxima capacidad.

corresponde a los cubanos tomar,;

que impulsaron congresistas anticu-

Para llegar hasta aquí ha sido de-

una relación respetuosa que respon-

banos hace más de una década.

terminante la resistencia del noble y

da mejor a los vínculos históricos,

- Por último, el presidente de Esta-

heroico pueblo de Cuba, la sabiduría

culturales, profesionales y familiares

dos Unidos no puede permitir las

de sus líderes y el apoyo solidario

existentes entre ambos países. Si

ventas de alimentos a Cuba con

de la América Latina y el Caribe, y

por el contrario, Estados Unidos solo

créditos porque eso está regulado

de la inmensa mayoría de los países

pretende modificar la táctica y man-

e impedido por una ley congresional

del mundo, incluido Portugal y de

tiene como objetivo primordial derro-

ni el comercio de Cuba con subsi-

muchos estadounidenses y cubanos

car a la Revolución y buscar nuevas

diarias estadounidenses en terceros

residentes en Estados Unidos que

fórmulas de injerencia en los asuntos

países.

persistieron durante años en sus

internos de Cuba, volverá pronto a

Mientras muchos de estos aspectos

esfuerzos para que Cuba y Estados

sufrir el fracaso y el aislamiento. Esa

no se modifiquen,

Unidos tuvieran una mejor relación.

política que no funcionó a las malas,

Cuba pide nuevamente, con espe-

no va a funcionar a las buenas.

para Cuba será

más interesante y práctico recibir a

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 35


BUSINESS & DIPLOMACY

Ilustra Missões comerciais para promoção das exportações: o papel da diplomacia Gilberto DF António, Adelino AS Muxito, autores do livro “A internacionalização das empresas angolanas, o papel da diplomacia comercial”, a ser publicado em Outubro de 2015

Apesar dos vários dispositivos tecnológicos que

uma pré-condição para os empresários participarem

facilitam as comunicações internacionais, as inte-

nas missões comerciais .

racções face-a-face continuam a ser importantes

As missões comerciais dão acesso aos tomadores

para avaliar a complementaridade e a capacidade

de decisão dos sectores público e privado, que são

de parceiros de negócios. Elas facilitam a aquisição

difíceis de alcançar. Assim, podem ser vistas como

de conhecimento experimental e o desenvolvimento

uma ferramenta para estabelecer bases para futu-

negócios em novos mercados. Missões comerciais para promoçãoros das exportações: o papel da As empresas participam numa missão comercial As missões comerciais permitem aos participantes para encontrar parceiros e criar uma rede que irá obter conhecimento da cultura de um país diplomacia estrande relações duradouras .

geiro através do contacto directo com os empresá-

ajudá-las a fazer negócios no estrangeiro.

Gilberto DFeAntónio, Adelinodo ASgoverno Muxito,. autores do livro “A internacionalização dasmercado empresas Explorar as oportunidades de é uma das rios locais representantes Permitem angolanas, o papel da diplomacia comercial”, publicadorazões em Outubro de 2015 nas missões copara participar uma avaliação, em primeira mão, das oportunida-a ser principais des de mercado, o estabelecimento de contactos

merciais. Quando as empresas estão a considerar

a realização de negócios num mercado-alvo, muidirectos e ter uma visibilidade do mercado-alvo, Apesar dos vários dispositivos tecnológicos que facilitam as comunicações internacionais, as tas vezes precisam de experimentá-lo em primeira entre outros . interacções face-a-face continuam a ser importantes para avaliar a complementaridade e a mão. A missão comercial é, nesse caso, uma boa O objectivo das missões comerciais é o de incenticapacidade de parceiros de negócios. Elas facilitam a aquisição de conhecimento experimental oportunidade para ter especialistas e residentes a var os participantes, na maioria das vezes pequee o desenvolvimento de relações duradouras1. nas e médias empresas, a adquirir conhecimentos

guiá-los através das oportunidades e obstáculos do

As missões comerciais permitem aos participantes obter conhecimento da cultura de um país mercado, o que minimiza os custos de exploração sobre vários mercados estrangeiros - a maioria estrangeiro através do contacto directo com os empresários locais e representantes do governo2. de oportunidades de negócio num mercado-alvo . culturalmente distantes do mercado interno. Podem Permitem uma avaliação, em primeira mão, das oportunidades de mercado, o estabelecimento ajudar as empresas, que geralmente associam a de contactos directos e ter uma visibilidade do mercado-alvo, entre outros3. exportação com maior complexidade e dificulda-

missão comercial no exterior, onde os exportadores

As missões comerciais funcionam como um tutorial no local, pois permitem às empresas adquirir viajam para mercados externos . processo de exportação . Podem ser o meio preinformações e ampliar seus conhecimentos sobre o processo de exportação5. Podem ser o meio ferencial para incentivar as empresas que equapreferencial para incentivar as empresas que equacionam entrar em mercados externos a fazêSegundo o foco sectorial cionam entrar em mercados externos a fazê-lo. A lo. A existência de oportunidades de mercado parece ser uma pré-condição para os As missões comerciais diferem em seu foco. ➤ existência de oportunidades de mercado parece ser empresários participarem nas missões comerciais6. Ilustração 1: O que os exportadores aprendem participando nas missões comerciais

Como os negócios são conduzidos no exterior

Serviços e produtos disponíveis

Explo com alvo, caso opor opor

A. T

Tipo de missões comerciais

O das missões comerciais é o de incentivar os participantes, Segundo o destinona maioria das vezes de,objectivo a obterem informação crítica, dando-lhes uma pequenas e médias empresas, a adquirir conhecimentos sobre vários mercados De uma forma geral, existemestrangeiros dois grandes- a tipos de aprendizagem que seria dispendiosa e prolongada comerciais: as missões comerciais recebise feita sob sua iniciativa . maioria culturalmente distantes do mercado interno. missões Podem ajudar as empresas, que geralmente onde as a empresas um país estrangeiro visiAs missões como um tutorial e das, associam a comerciais exportaçãofuncionam com maior complexidade dificuldade, obteremde informação crítica, 4 tam o país de acolhimento; e o tipo mais utilizado, a no local, pois permitem às empresas adquirir indando-lhes uma aprendizagem que seria dispendiosa e prolongada se feita sob sua iniciativa . formações e ampliar seus conhecimentos sobre o

As em irá a

Receptividade dos potenciais compradores

Extensão do compromisso e recursos necessários para exportar

Conhecimento sobre os mercados estrangeiros e o processo de exportação

Fonte : Autor, a partir de Wilkinson T. J., Brouthers L. E., An evaluation of state sponsored promotion programs, Journal of Business Research 47 (3), 2000.

tomadores de decisão dos sectores público e privado, que são difíceis de alcançar. Assim, podem ser vistas como uma ferramenta para estabelecer bases para futuros negócios em novos mercados.

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36As • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015aos missões comerciais dão acesso

Segu


Ilustração 2 : Missões comerciais externas e internas rante uma só missão comercial, aumentando o seu

Visitas de exportadores nacionais a mercados seleccionados ou constituídas por grupos de homens de negócio nacionais que viajam a mercados estrangeiros para recolher market intelligence e assinar contratos

Visita de empresas estrangeiras (potenciais compradores, clientes, importadores) aos exportadores nacionais, no país anfitrião.

Papel da diplomacia comercial Os programas de promoção das exportações são utilizados pelos países em desenvolvimento como Internas

Externas

valor e permitindo fazer um uso eficaz do tempo .

mecanismo de desenvolvimento económico, e pelos países industrializados como meio de reforçar a competitividade individual das empresas. São um conjunto de medidas públicas que visam o aumento das exportações e pretendem ser desenvolvidas numa lógica industrial e de empresa. Pretendem melhorar a performance exportadora

As empresas participam numa missão comercial para encontrar parceiros e criar uma rede queatravés da melhoria das capacidades, recursos e ➤ Podem ser muito gerais, como no caso de deestratégias das empresas e da sua competitividairá ajudá-las a fazer negócios no estrangeiro. legações empresariais que integram as visitas de de global . Estado e número deprincipais participantes elevado, Explorar as oportunidades decujo mercado é uma das razões para éparticipar nas missões Igualmente ajudam as empresas a superar as barou muito específicas e focadas num determinado comerciais. Quando as empresas estão a considerar a realização de negócios num mercado- reiras que enfrentam no processo de internacionalisector ou produto . zação. Ao fornecer-lhes uma série de actividades, a alvo, muitas vezes precisam de experimentá-lo em primeira mão. A missão comercial é, nesse As missões sectoriais são mais concentradas e promoção das exportações aumenta a rentabilidade caso, uma boaorientadas oportunidade para ter especialistas e residentes a guiá-los através das às empresas com objectivos já estabee reduz riscos. Assim, aumenta a probabilidade de lecidos em relação ao país de acolhimento. Servem sucesso de empresas nacionais nos mercados exoportunidades e obstáculos do mercado, o que minimiza os custos de exploração de para explorar oportunidades de negócio reais com ternos e contribui para a melhoria das exportações oportunidades de negócio num mercado-alvo7. resultados tangíveis, sendo mais eficazes do que as

de um país .

multi-sectoriais .

Globalmente, a promoção das exportações au-

As missões sem tema específico integram empre-

menta a propensão das empresas se envolverem

sas que pretendem explorar um novo mercado. São

nelas, pois justificam a sua importância. Uma

menos eficazes e menos bem-sucedidas, porque

atitude positiva em relação às exportações e a

A. Tipo de missões comerciais

Segundo o destino não têm o foco necessário. A falta de foco é com-

perspectiva de benefícios e os riscos associados

pensada no tamanho, escopo, publicidade (atrai

às operações internacionais são benéficas para a

As missões comerciais podem ser oficiais, patroci-

promoção constituem uma variedade de serviços

nadas pelos governos no planeamento, organização

que ajudam as empresas a superar os obstáculos

e financiamento, ou semioficiais, organizadas e

que enfrentam na expansão das suas actividades

De uma forma mais geral, existem dois grandes tiposde de missões comerciais: atenção no país origem), etc .as missões comerciais economia . recebidas, onde as empresas de um país estrangeiro visitam o país de acolhimento; e o tipo maisEm segundo lugar, a fim de aumentar as exportaSegundo os organizadores entre os exportadores actuais, os esforços de utilizado, a missão comercial no exterior, onde os exportadores viajam para mercados externos8ções .

Segundo o foco patrocinadas sectorial por associações industriais ou comerciais ou câmaras de comércio, podendo ser finan-

As missões comerciais diferem em governos seu foco. Podem ciadas pelos . ser muito gerais, como no caso de delegações empresariais que integram as visitas de Estado e cujo número de participantes é Segundo o foco geográfico elevado, ou muito específicas e focadas num determinado sector ou produto9. Uma missão comercial não precisa necessariamen-

te de um único país, em particular quandojáos As missões sectoriais sãovisitar mais concentradas e orientadas às empresas com objectivos potenciais mercados estão geograficamente disestabelecidos em relação ao país de acolhimento. Servem para explorar oportunidades de tantes e/ou possuem características comuns. Uma negócio reais com resultados tangíveis, sendo mais eficazes do que as multi-sectoriais 10. viagem para a Ásia daria aos participantes a oportu-

internacionais. De forma semelhante, podem incentivar os exportadores fracassados, fornecendo-lhes serviços personalizados que irão ajudá-los onde eles falharam no passado. A diplomacia comercial tem um papel fundamental na promoção das exportações, incluindo na organização de várias actividades que são geralmente muito dispendiosas para as empresas. Organizar e patrocinar missões comerciais e visitas ao mercado externo é fundamental para apoiar os negócios no

de visitar China,que Japão e Coreia do novo Sulmercado. du- exterior. ■ As missões semnidade tema específico integramaempresas pretendem explorar um São menos eficazes e menos bem-sucedidas, porque não têm o foco necessário. A falta de foco é compensada no tamanho, escopo, publicidade (atrai mais atenção no país de origem), etc11. JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 37

Segundo os organizadores



DOSSIER

Investir em Portugal A escolha certa no momento certo

P

ortugal, 2015. A escolha certa no momento certo. Um país na Europa voltado para a

América, com uma riquíssima Zona Económica Exclusiva e um sistema de ensino muito concorrido nas áreas da engenharia e produção. Portugal está, igualmente, de portas abertas para outros países do globo onde a Língua Portuguesa é o idioma oficial. Além disso, este pequeno Estado no sudoeste da Europa está, diz a OCDE, no 12º lugar na lista mundial de países com melhores infraestruturas de transportes. E além disso dá-se muito bem com tecnologias: com a Via Verde, que inventou, com a rede Multibanco, com a banda larga e com a fibra ótica.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 39


Investir em Portugal

Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP

São indicadores que mostram

cer mais incentivos às empresas

tas de contribuir para a Segurança

como a crise, que chegou violenta-

a nível financeiro, tecnológico e

Social durante 36 meses, desde

mente em 2011 e trouxe inspeção

de recursos humanos. Através do

que assinem um contrato sem termo

internacional consigo, parece estar

IEFP, as companhias sediadas em

com jovens à procura do primeiro

cada vez mais distante. Nos últimos

Portugal podem contratar novos fun-

emprego ou com desempregados

anos, o Governo e outras organiza-

cionários entre os 18 e os 30 anos

inscritos nos centros de emprego há

ções têm-se empenhado em dotar

em regime de estágio, por um perío-

mais de um ano. No caso destes úl-

o país e a população de melhores

do de nove meses, recebendo em

timos, a sua contratação pode valer

condições de vida e trabalho, atra-

troca uma bolsa mensal do Estado.

à entidade empregadora um apoio

vés da implementação de cerca de

O valor a receber depende do grau

anual de mais de 5 500 euros.

500 medidas e reformas estruturais.

de instrução do trabalhador, o que

As novas reformas também têm em

E esse esforço parece já estar a dar

funciona também como incentivo à

consideração o talento de expatria-

frutos.

prossecução de estudos superiores.

dos qualificados. Uma vez inseridos

As mudanças passaram por ofere-

As empresas estão também isen-

em atividades com alto valor

Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP

40 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


acrescentado, em profissões

científicas, artísticas ou técnicas, ou sendo membros de quadros superiores, os estrangeiros residentes em Portugal usufruem de uma taxa fixa de tributação de 20% durante 10 anos. Estas novas possibilidades oferecidas às empresas ajudam Portugal a continuar o seu caminho de recuperação económica. Segundo dados que a AICEP reuniu, as exportações e o volume de investimento têm subido, ao mesmo tempo que o desemprego tem diminuído. A soma de todas estas variáveis resulta no crescimento económico do país, que já é uma realidade. Falamos de Portugal, aquele país à ➤ Fontes: OCDE

Fontes: Governo de Portugal, AICEP

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 41


Investir em Portugal

42 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP

beira mar plantado que é hoje o

dores usufruem do apoio fornecido

O Presidente da AICEP, Miguel

36º país mais competitivo do mundo

pela AICEP. A agência tem pontes

Frasquilho, deixa uma mensagem

e o estado-membro da União Euro-

estabelecidas com países dos qua-

aos empresários: “Portugal está a

peia onde mais facilmente se criam

tro maiores continentes do mundo,

caminhar para se tornar um dos paí-

empresas. Vale a pena arriscar. E,

estando presente em todos os

ses com um ambiente de negócios

no momento de o fazer, os investi-

países que fazem parte da CPLP.

mais favorável do mundo”.

n

Fontes: Governo de Portugal, INE, Banco de Portugal, Comissão Europeia, AICEP

Gonçalo Coelho DISCLAIMER: Este documento tem fins meramente informativos. Toda a informação nele contida foi elaborada de boa fé pela AICEP, utilizando fontes públicas, consideradas confiáveis. No entanto, a Agência não garante a exatidão dos conteúdos, declinando responsabilidade por quaisquer erros ou omissões. Embora esta apresentação reflita parcialmente a legislação que rege os incentivos ao investimento em Portugal, não a retrata na sua totalidade, nem substitui a necessidade da sua análise. A AICEP está disponível para avaliar planos de negócios específicos e para determinar de que forma determinado plano de investimento poderá ou não enquadrar-se num pacote de incentivos ao investimento. A divulgação ou cópia, total ou parcial, deste documento não é permitida sem autorização.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 43


Esperança e otimismo na celebração de Portugal

O relógio marcava as 10 horas da manhã quando tiveram início as cerimónias comemorativas do Dia de Portugal. No Largo da Feira, em Lamego, Aníbal Cavaco Silva presidiu uma cerimónia militar onde entraram elementos representantes dos três ramos das Forças Armadas e também antigos combatentes. Neste primeiro evento do dia 10 de junho, o Presidente da República, que é simultaneamente o chefe supremo das Forças Armadas, lembrou a importância que os militares têm assumido ao longo de toda a história do país: “Portugal tem para com os seus combatentes uma dívida que não pode ser esquecida”, disse, acrescentando que, ainda assim, parece existir na sociedade portuguesa a ideia de que a utilidade das Forças Armadas é hoje quase inexistente. O Presidente lembrou as reformas de que elas têm sido alvo na sequência do programa de ajustamento, “sendo a área do Estado que mais se transformou nos últimos quarenta anos”. O setor passou por reduções de

44 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 45


Esperança e otimismo na celebração de Portugal

30% no orçamento e de 35% nos seus efetivos.

Na Sessão Solene Comemorativa do Dia de Portugal, que decorreu no Centro Multiusos de Lamego pelo meio dia, Cavaco Silva proferiu o seu último discurso de 10 de junho enquanto Presidente. Perante as mais altas figuras de Estado, mostrou-se muito otimista quanto ao futuro de Portugal, garantindo ter recebido sinais de confiança vindos de “empresários, trabalhadores e parceiros sociais, jovens empreendedores, cientistas e académicos, autarcas, instituições de solidariedade e comunidades portuguesas”. Os parceiros europeus, os investidores e o comportamento dos mercados atestam igualmente este otimismo que se tem verificado em torno da recuperação económica de Portugal. Cavaco Silva fez questão de afirmar que, para esta situação de retoma, em muito contribuiu o empenho de jovens agricultores, cientistas, investigadores, universidades e institutos politécnicos, salientando que “o futuro passa muito pela boa articulação entre a educação, a investigação e a inovação, por um lado, e a atividade das empresas, por outro”. Na mesma Sessão Solene, e como acontece todos os anos, o Chefe de Estado condecorou com graus das Ordens Honoríficas Portuguesas um vasto leque de personalidades, pessoas que “não se acomodaram nem se resignaram” e que se distinguiram nas mais diversas áreas. Para memória futura, foram estes os condecorados pelo Presidente: com a Ordem Militar de Cristo, o

46 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Prof. Dr. Fernando Teixeira dos Santos e Prof. Dr.

José Mariano Gago; com a Ordem Militar de Avis, o Vice-Almirante José Alfredo Monteiro Montenegro e os tenentes-generais Frederico José Rovisco Duarte e António Afonso dos Santos Allen Revez; com a Ordem de Sant’Iago da Espada, o Mestre Querubim Lapa, a Dra. Fátima Cardoso, o Dr. Henrique Veiga-Fernandes, a Dra. Isabel Silveira Godinho, o Dr. Pedro Mexia, o Prof. Dr. Vítor Cardoso, a Dra. Zita Martins e Alexandre Farto (Vhils); com a Ordem do Infante D. Henrique, o Mestre António Lagarto, Júlio Pereira, António Zambujo, Carlos Gil, o Dr. João Diogo Pinto, o Dr. Felipe Oliveira Baptista, o Eng. Francisco Lopes, o Eng. Francisco Maria Pinto Balsemão, José Pracana, Nuno Baltazar, Nuno Gama, a Dra. Sara Pereira e Dinis Sousa; com a Ordem da

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 47


Liberdade, Bruno Neto e a Associação Portuguesa

de Apoio À Vítima; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Agrícola, o Dr. Arlindo Marques da Cunha, o Prof. Orlando da Costa Lourenço, o Dr. Filipe Cameirinha Ramos e o Eng. Luís Sabbo; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Industrial, a Dra. Ana Paula Rafael e Eurico Manuel da Silva Ferreira; com a Ordem da Instrução Pública, o Prof. Doutor Francisco Artur de Vaz Tomé Laranjo; com a Ordem do Mérito Empresarial – Classe do Mérito Comercial, o Dr. Miguel Neiva e o Mestre Miguel Pina Martins; por fim, com a Ordem do Mérito, o Dr. António Travassos, o Dr. João Pedro Mendes de Almeida Lopes, o Eng. António Manuel Leitão Borges, o Dr. Francisco José da Conceição Espadinha, Hernâni Almeida, o Dr. José Mário de Almeida Cardoso, a Dra. Maria Teresa Osório Mesquita Montes, o Dr. Miguel Pavão, a ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias e o Centro Cultural “Os Serranos”. O Presidente da República também agraciou cidadãos estrangeiros e personalidades da diáspora portuguesa com condecorações. A respeito dos portugueses que se encontram fora do país, Cavaco Silva chamou-lhes “verdadeiros embaixadores da

48 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


portugalidade” e disse que constituem “uma das

grandes vantagens competitivas” de Portugal. “Conheci e contactei com portugueses notáveis, uma verdadeira comunidade de talentos que muito nos orgulha e enriquece como Nação”, confessou Cavaco Silva, numa declaração destinada precisamente aos emigrantes portugueses num dia que também os homenageia. Lamego, cidade com cerca de 27 mil habitantes que já fazia parte das fronteiras originais do Condado Portucalense, foi por um dia a capital de Portugal. Depois das cerimónias, Cavaco Silva acedeu ao convite do Presidente do município para um almoço na Quinta da Pacheca. O Presidente da República não deixou de falar na importância da redescoberta do interior, com o apoio do programa de fundos comunitários Portugal 2020: “devemos mapear os valores endógenos de cada lugar do interior, mobilizar empresários, fomentar o empreendedorismo e atrair investimento”, lembrou Cavaco Silva. No seu último 10 de junho enquanto Chefe de Estado e depois de ter passado um ano sobre a saída da Troika de Portugal, as comemorações deste ano tiveram um tom de esperança. O Presidente da República diz que há, hoje, “razões fundadas para encararmos o futuro com mais otimismo e mais confiança”.

n

Gonçalo Coelho

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 49


Esperança e otimismo na celebração de Portugal

Discurso do Presidente da República Sessão Solene das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas

Comemoramos hoje o Dia de Por-

juntos, todos, para comemorar

pela crítica destrutiva sem apre-

tugal, de Camões e das Comuni-

uma Pátria que existe devido a

sentar soluções ou alternativas,

dades Portuguesas.

uma razão: a vontade de vencer

devemos mostrar o exemplo do

Celebramos Portugal na nobre

do nosso povo.

nosso povo, que ao longo da

cidade de Lamego, cujas raízes

Somos um Estado soberano e

História sempre conseguiu vencer

milenares são bem testemunho

independente porque, mesmo nas

adversidades e encontrar cami-

da nossa identidade coletiva,

alturas mais difíceis, em tempos

nhos de futuro.

forjada durante séculos.

de graves crises, não nos deixá-

Se os nossos antepassados se

Celebramos Portugal neste ponto

mos abater pelo desânimo e pelo

tivessem deixado abater pelo

de observação privilegiado do

pessimismo.

pessimismo, teríamos baixado

que somos como nação europeia

Comemoramos o Dia de Portugal

os braços, voltando as costas

e como comunidade de destino

porque nunca perdemos a con-

ao Atlântico e aos mundos que

dispersa pelas sete partidas do

fiança num futuro melhor.

demos ao Mundo.

Mundo.

Alguns têm a tendência para não

Se nos tivéssemos resignado,

Ao longo da sua História multis-

acreditar no futuro, para duvidar

não teríamos resistido aos in-

secular, Portugal viveu tempos de

da capacidade e da força do nos-

vasores estrangeiros nem tería-

abundância e de acalmia que al-

so povo. Há mesmo quem faça da

mos conquistado a liberdade e a

ternaram com períodos de escas-

crítica inconsequente um modo

democracia.

sez e de convulsões profundas.

de vida, um triste modo de vida.

Mas aqui estamos hoje, neste

Aos que preferem dizer mal de

Portugueses,

Dia de Portugal. Aqui estamos,

tudo e de todos, aos que optam

Portugal viveu recentemente

50 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


sociedade, posso, neste Dia de

para uma Economia Dinâmica»,

que tivemos de enfrentar deixou

Portugal, dar testemunho dos

tenho tido contacto com múltiplas

sequelas profundas em muitos

sinais de confiança no futuro que

empresas industriais de dimensão

Portugueses, algumas das quais

tenho encontrado junto de empre-

intermédia, empresas que soube-

ainda persistem. Os níveis de

sários, trabalhadores e parceiros

ram adaptar a sua produção às

desemprego mantêm-se dema-

sociais, jovens empreendedores,

exigências dos novos mercados,

siado elevados. Muitas famílias

cientistas e académicos, autar-

com um impacto muito positivo

continuam privadas de um nível

cas, instituições de solidarieda-

na criação de emprego local, na

de vida digno.

de e comunidades portuguesas

capacidade exportadora do País

Com o esforço e sacrifício de

dispersas pelo Mundo.

e no crescimento económico.

todos, ultrapassámos a situação

De igual modo, podem colher-se

Emergem também sinais de espe-

de quase bancarrota a que o

sinais de confiança no futuro do

rança da cultura de responsabili-

País chegou no início de 2011 e,

nosso País observando a nova

dade que impera na generalidade

nos últimos tempos, tem vindo

atitude dos nossos parceiros

dos parceiros sociais, um ativo da

a verificar-se uma recuperação

europeus e dos investidores e o

maior relevância para a realiza-

gradual da nossa economia e da

comportamento dos mercados

ção das reformas indispensáveis

criação de emprego.

financeiros.

ao reforço da coesão social e de

Os Portugueses foram exempla-

Os empresários e os agentes

competitividade das empresas

res na atitude, na coragem e no

económicos não se acomodaram

portuguesas.

sentido de responsabilidade.

nem se resignaram. Desde logo,

Aqui, junto ao Vale do Douro,

Portugal tem hoje motivos de es-

importa sublinhar o aumento de

onde se reúnem de forma parti-

perança num futuro melhor.

10 pontos percentuais do peso

cularmente frutuosa alguns dos

Se, para além da estabilidade

das exportações na produção

melhores vinhos do Mundo, uma

política e da governabilidade do

nacional, entre 2010 e 2014. Um

gastronomia de exceção e paisa-

País, forem asseguradas orienta-

valor como este atinge-se com

gens de ímpar beleza, não posso

ções de política económica que

trabalho e coragem, e não com

deixar de sublinhar o sucesso dos

permitam a realização de quatro

descrença ou conformismo.

operadores turísticos na melhoria

grandes objetivos, estou certo

Nos encontros que frequentemen-

e diversificação da oferta, que se

de que poderemos olhar o nosso

te mantenho com os nossos em-

tem traduzido em múltiplas dis-

futuro coletivo com confiança,

presários, tenho constatado a sua

tinções internacionais atribuídas

independentemente de quem

firme determinação em aumentar

ao nosso País e, sobretudo, no

governe. Esses quatro grandes

a produção de bens e serviços de

número recorde de visitantes que

objetivos são: em primeiro lugar,

qualidade, capazes de ombrear

procuram Portugal como destino.

o equilíbrio das contas do Estado

com os melhores do Mundo e de

Os empresários e os trabalhado-

e a sustentabilidade da dívida

conquistar novos mercados.

res, verdadeiros heróis a quem

pública; em segundo lugar, o

Destaco a aposta no conheci-

Portugal tanto deve na ultrapas-

equilíbrio das contas externas e

mento e na inovação que tem

sagem da recente crise, poderão

o controlo do endividamento para

sido realizada pelas empresas

agora olhar o futuro com melho-

com o estrangeiro; como terceiro

portuguesas, as quais, em alguns

res perspetivas.

grande objetivo, a competitivida-

sectores, são líderes europeias

Aumentou significativamente o

de da nossa economia face ao

na produção de bens e de tecno-

número de jovens empreende-

exterior; e finalmente, um nível

logias. Registo o extraordinário

dores que, nas mais diversas

de carga fiscal em linha com os

aumento do número de empre-

áreas, mostram a sua ambição e

nossos principais concorrentes.

sas que satisfazem os exigentes

vontade de vencer. São jovens de

Só desta forma será possível as-

critérios de seleção para integrar

coragem que, desafiando o risco,

segurar o crescimento económico

a rede PME Inovação da COTEC,

abraçam uma ideia inovadora

e a criação de emprego.

associação a cuja Assembleia

e procuram transformá-la numa

Pelos meus contactos com os

Geral tenho a honra de presidir.

atividade rentável, criadora de

mais diversos sectores da nossa

Através da iniciativa «Roteiros

emprego. São o fermento de uma

tempos muito difíceis. A crise

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 51


Esperança e otimismo na celebração de Portugal

dos laboratórios e dos centros

o papel essencial que as autar-

mica, orientada para o mercado

de investigação, e a qualificação

quias tiveram no apoio aos mais

global, que aposta na inovação

e o talento das novas gerações,

atingidos pela crise. O esforço do

e que sabe que o sucesso não

dão-nos motivos de confiança no

poder local juntou-se a uma rede

pode basear-se em subsídios

nosso futuro coletivo.

imensa de instituições e voluntá-

ou privilégios concedidos pelo

Sinais de confiança resultam

rios que, pela sua ação em prol

Estado.

também da ação desenvolvida

dos mais vulneráveis da socie-

Permitam-me que destaque os

pelos nossos autarcas, a quem é

dade, conquistaram a admiração

jovens agricultores que assumem

devida uma palavra de reconheci-

dos Portugueses. Posso testemu-

a gestão de empresas familiares

mento pelo trabalho feito.

nhar o trabalho verdadeiramente

e lhes dão novos rumos, aplican-

Pelos meus frequentes contactos

excecional que foi feito pelas

do técnicas inovadoras e conse-

com Presidentes de Câmara de

instituições de solidariedade e

guindo melhorias significativas da

todo o País, posso afirmar que

por milhares de cidadãos, com

produtividade. Devemos saudar

o poder local, uma das grandes

dedicação e generosidade exem-

e incentivar este sangue novo

conquistas do Portugal democrá-

plares.

que está a chegar às explorações

tico, dispõe hoje de uma nova ge-

Destaco ainda, a este propósito,

agrícolas e que contribui já, de

ração de autarcas que conhecem

os agentes económicos que, em

forma significativa, para o cresci-

os problemas das suas terras e

resposta a um apelo que lhes

mento das exportações do sector

das suas gentes, mas possuem

dirigi, se congregaram em torno

e para a redução do nosso défice

uma perspetiva mais abrangen-

da associação “Empresários para

alimentar.

te e integrada dos desafios que

a Inclusão Social” no combate ao

Noutro domínio, o do ensino

emergem no quadro da União Eu-

abandono e ao insucesso esco-

superior e da investigação cientí-

ropeia. O País possui atualmente

lar.

fica, temos assistido a um au-

um poder autárquico dinâmico,

As nossas comunidades disper-

mento significativo da quantidade

informado e motivado.

sas pelo Mundo, que saúdo com

e da qualidade da nossa produ-

Sou testemunha de que os au-

especial afeto, um dos ativos

ção académica. Ainda recente-

tarcas são hoje agentes ativos

estratégicos do País, são uma

mente, há poucos dias, cem mil

do desenvolvimento económico e

razão acrescida para termos con-

engenheiros químicos de toda

social do País. Empenhados no

fiança no futuro.

a Europa elegeram um jovem

fortalecimento da base produtiva

Nos encontros que tenho realiza-

português como o melhor inves-

dos seus municípios e na criação

do com os Portugueses e Luso-

tigador europeu na sua área de

de emprego, promovem a capta-

-descendentes da diáspora, tenho

especialização. Não se trata de

ção de investimento, o apoio à

constatado a sua firme vontade

um caso isolado; exemplos como

competitividade das empresas,

de contribuir para o desenvolvi-

este ocorrem frequentemente,

a difusão da cultura do em-

mento do País e para vencermos

sendo os cientistas nacionais dis-

preendedorismo e da inovação,

os desafios que temos à nossa

tinguidos pela excelência do seu

o aproveitamento dos recursos

frente.

trabalho e das suas pesquisas.

das suas regiões, a preservação

O Conselho da Diáspora Por-

Na economia global, onde impera

do ambiente e a recuperação do

tuguesa, constituído sob o meu

uma forte concorrência, o futuro

património histórico e cultural.

patrocínio e que reúne Portugue-

passa muito pela boa articulação

Cabe agora às autarquias desem-

ses que, nos países onde vivem,

entre a educação, a investiga-

penhar o papel catalisador indis-

se destacam pelo seu mérito nas

ção e a inovação, por um lado,

pensável ao bom aproveitamento

áreas da ciência, da cultura, da

e a atividade das empresas, por

dos recursos disponibilizados

economia e da cidadania, tem

outro. A esta prioridade nacio-

pelo programa “Portugal 2020”,

vindo a contribuir para a difusão

nal dediquei várias jornadas dos

contribuindo para a redução das

da imagem positiva de Portugal,

meus “Roteiros” pelo País.

assimetrias territoriais de desen-

dando a conhecer ao Mundo as

A ação das nossas universidades

volvimento.

realizações e as potencialidades

e institutos politécnicos, a par

Vale a pena lembrar, igualmente,

do nosso País.

classe empresarial mais dinâ-

52 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


todos os pontos do globo afluem

o caminho de solicitar o auxílio

e dos contactos que mantenho

notícias de dramas humanitários,

do exterior. E nem todos conse-

com governantes, representantes

alguns dos quais bem perto de

guiram, como Portugal, Irlanda e

de instituições internacionais e

nós, Portugal atravessou, sem

Espanha, ultrapassar as dificul-

investidores estrangeiros, posso

sobressaltos profundos, um dos

dades.

assegurar como se alterou, em

mais exigentes períodos da sua

Na aplicação do programa de

sentido positivo, a atitude em

História recente.

assistência financeira, fomos

relação a Portugal. Somos vistos

É certo que, no passado, na

obrigados a fazer grandes sacri-

como um destino atrativo e, aci-

primeira década da nossa demo-

fícios. A dado passo, foi neces-

ma de tudo, como um destino em

cracia, o Estado português se

sário alertar para a existência de

que se pode confiar.

vira já, por duas vezes, obriga-

limites aos sacrifícios impostos

Somos elogiados pela correção dos

do a recorrer ao auxílio externo

aos Portugueses. Por outro lado,

graves desequilíbrios económicos

de emergência. Na memória de

chegou a existir o risco de o País

e financeiros que quase levaram

muitos ainda existe a recordação

entrar numa espiral recessiva.

o País a uma situação de rutura,

da pesada fatura que tivemos de

Felizmente, conseguimos pôr-lhe

pelas reformas levadas a cabo para

suportar, quando à crise eco-

cobro.

a melhoria da competitividade das

nómica se associou uma crise

Nesse tempo, foi necessário dar

empresas, pelo caminho de cres-

social com fortes tensões e uma

voz aos que não tinham voz – aos

cimento económico e criação de

elevada conflitualidade, por vezes

desempregados, aos excluídos,

emprego que temos vindo a trilhar,

muito violenta.

aos reformados e pensionistas.

pelo cumprimento das regras de

Agora, diferentemente do que

É certo que ainda temos um

disciplina orçamental que aprová-

ocorreu nas intervenções exter-

longo caminho a percorrer. Mas

mos no âmbito da União Europeia.

nas do passado, a crise econó-

existem hoje razões fundadas

As taxas de juro dos títulos da dívida

mica e social surgiu num tempo

para encararmos o futuro com

pública portuguesa desceram muito

em que as expectativas de bem-

mais otimismo e mais confiança.

significativamente. Portugal é reco-

-estar são muito mais elevadas

Da mesma forma que nunca vendi

nhecido como um destino competi-

do que há trinta ou quarenta

ilusões ou promessas falsas aos

tivo para o investimento estrangeiro

anos. A qualidade de vida dos

Portugueses, digo claramente:

e os nossos recursos humanos são

portugueses aumentou de uma

não contem comigo para semear

procurados e valorizados. A quali-

forma significativa, os padrões

o desânimo e o pessimismo quan-

dade dos produtos portugueses é

e os hábitos de consumo altera-

to ao futuro do nosso País. Deixo

apreciada em mercados particular-

ram-se, as legítimas ambições

isso aos profissionais da descren-

mente exigentes.

dos cidadãos tornaram-se mais

ça e aos profetas do miserabilis-

Por outro lado, no âmbito da

vastas.

mo.

União Europeia, reforçada que

Foi neste contexto que, após uma

Se fizermos o que nos compete

foi a capacidade para enfrentar

década de reduzido crescimen-

– e ninguém o fará por nós –, se

crises financeiras e de supervi-

to económico, Portugal chegou

assegurarmos a estabilidade po-

são dos Estados-membros, existe

a uma situação que qualifiquei

lítica e a governabilidade, se de-

agora um claro empenho numa

como «explosiva». Em maio de

finirmos, num horizonte de médio

agenda de crescimento económi-

2011, fomos obrigados a recorrer

prazo, uma linha de ação favo-

co e de criação de emprego.

ao auxílio do exterior para satis-

rável ao crescimento económico,

São sinais positivos que nos che-

fazer as necessidades de finan-

à criação de emprego, à susten-

gam do exterior e que contribuem

ciamento do Estado e da eco-

tabilidade das finanças públicas

para reforçar a nossa confiança

nomia. Sem o apoio externo, o

e à promoção da justiça social,

no futuro de Portugal.

País teria entrado numa situação

poderemos festejar este dia que é

de rutura, com consequências

o nosso, o Dia de Portugal e dos

Portugueses,

sociais catastróficas. Aliás, não

Portugueses, com confiança no

Num tempo marcado por tantas

é por acaso que outros países

futuro.

incertezas, em que de quase

da zona euro também seguiram

Muito obrigado.

Das minhas visitas ao exterior

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 53


Esperança e otimismo na celebração de Portugal

Discurso da Presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, Prof.ª Doutora Elvira Fortunato Hoje faz precisamente 135 anos que foi comemorado pela primeira vez o dia 10 de Junho, como Dia de Portugal, celebrando-se a história da nação mais antiga da Europa e prestando simultaneamente homenagem ao príncipe de todos os poetas: Luís Vaz de Camões. No último ano do seu mandato, o Senhor Presidente da República quis homenagear e lembrar mais uma vez a riquíssima história de Portugal, tornando a cidade de Lamego testemunha viva do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Contam as lendas, e por vezes as lendas também são história, que se realizaram aqui as célebres cortes de Lamego que elegeram D. Afonso Henriques como Rei de Portugal. Se é verdade ou não, não sabemos, contudo sabemos que Lamego com o passar dos séculos foi ganhando cada vez mais importância para a qual muito contribuiu o incremento do comércio do vinho generoso do Douro, tendo sido criadas, pelo Marquês de Pombal, a Região Demarcada do Douro e a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do

inclusivamente resistido heroicamen-

últimos 41 anos. Podemos dizer que

Alto Douro.

te a uma cilada. D. Miguel de Portu-

o caminho percorrido ainda é curto,

Nesta ocasião, e porque estamos

gal morreu em Lisboa em 1644, com

mas os resultados já alcançados

em Lamego, não podíamos deixar

a consciência do dever cumprido e

demonstram que estamos no cami-

de lembrar uma das personagens

com a certeza de ser um Português

nho certo e um país que não aposte

mais importantes desta cidade e de

de um Portugal independente.

no conhecimento e desenvolvimento

Portugal: D. Miguel de Portugal. Foi

É com a grandeza destes homens

científico é um país que vai ficar

há precisamente 374 anos que D.

que se fez e se continua a fazer a

pobre para sempre!

Miguel de Portugal, Bispo de Lame-

história de um país e são eles que

E porque estamos a falar de Ciência,

go, foi nomeado “embaixador ex-

nos fazem unir num sentimento co-

não podia hoje deixar de recordar o

traordinário” e enviado a Roma por

mum da nossa diáspora, em particu-

Prof. José Mariano Gago, que nos

D. João IV com o objectivo de obter

lar no Dia de Portugal, de Camões e

deixou no passado dia 17 de Abril,

o reconhecimento do Papa Urbano

das Comunidades Portuguesas.

e que teve a visão e a ousadia de

VIII para a independência de Portu-

É para mim uma grande Honra po-

fazer uma aposta na área da Ciên-

gal, conseguida a 1 de Dezembro de

der estar hoje aqui, e se me é permi-

cia, como mola motora do desen-

1640. Muito embora não tenha con-

tido gostava de agradecer ao Senhor

volvimento e criadora de riqueza

seguido ter sido recebido pelo Papa

Presidente da República neste seu

substantiva. Se calhar, eu hoje estou

face a todos os problemas vividos

décimo 10 de Junho, ter querido

aqui devido a ele. Teve um papel in-

na altura com o Reino de Castela,

assinalar e reconhecer desta forma

terventivo e muito assertivo na área

sabe-se que enfrentou com grande

a Ciência e o Conhecimento, que se

da ciência, não só em Portugal mas

coragem vários obstáculos, tendo

foram alicerçando em Portugal nos

também na Europa. Esteve na

54 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


tugal conseguiu nestes últimos anos

é sobretudo um incentivo a que

Europeu de Investigação, destinado

dar um salto quantitativo e qualita-

continuem o bom trabalho e a que

a apoiar a investigação de alto nível,

tivo na área da formação de jovens

continuem a ser relevantes na nossa

génese da criação do Conselho

através da atribuição de bolsas a

recursos humanos extremamente

sociedade, dando o seu melhor e al-

cientistas de topo de qualquer nacio-

especializados e competentes, e que

mejando estar ao nível dos melhores

nalidade. Este movimento foi lidera-

muitos deles estão a ficar esquecidos.

que nos antecederam.

do pela Iniciativa para a Ciência na

Não podemos desperdiçar esta mais

O dia de Portugal, de Camões e das

Europa, dirigida então por Mariano

valia e há que tirar retorno do grande

Comunidades Portuguesas faz-nos

Gago.

investimento que foi feito, caso contrá-

sentir grandes e, acima de tudo,

Para além da política científica, Ma-

rio outros farão isso por nós. Não

transporta-nos até às memórias dos

riano Gago criou, na minha opinião,

podemos deixar que jovens altamente

nossos navegadores, que há 500

o que de melhor se fez em Portugal

especializados abandonem Portugal.

anos mostraram ao mundo a garra,

em prol da Divulgação Científica,

Podem fazê-lo por opção mas não

determinação e brio em chegar mais

que foi o Ciência Viva. Com o pro-

por obrigação. Mais, devemos saber

longe. Fomos os maiores empreen-

grama Ciência Viva, nas suas várias

cativa-los e fazer com que os cria-

dedores, assim como tivemos a

vertentes, foi e é possível levar a

dores e empreendedores potenciem

melhor escola de engenharia à data,

ciência à escola, levar a ciência aos

todo o seu dinamismo a construir um

descobrimos o mundo e mostrámos

cidadãos, levar a ciência à socieda-

Portugal de futuro que queremos e

ao mundo que mesmo sendo um

de. Por tudo isto, obrigada Mariano

ambicionamos para todos.

país pequeno, conseguimos ser

Gago, a Ciência ficou muito mais

A criação de valor através do Co-

grandes.

rica e agradece tudo o que conse-

nhecimento é hoje um dos ativos

Temos hoje, como tivemos no pas-

guiu fazer.

mais importantes do nosso País. O

sado, Portugueses que se destacam

Gostaria aqui de destacar algumas

nosso futuro passará pela transfe-

entre os melhores do mundo nas

áreas (e perdoem-me por não fazer

rência das qualificações dos nossos

mais distintas áreas. E devemos

referência a todas) em que investi-

jovens para as empresas, para que

sentir um orgulho sem limites nestas

gadores portugueses contribuíram

produzam resultados concretos na

gerações que marcam o nosso quoti-

de forma decisiva, quer em sectores

criação de técnicas e de produtos

diano, dando-lhes todas as oportuni-

mais emergentes como seja o caso

inovadores, estimulando a economia

dades para que possam alcançar o

das ciências farmacêuticas com o

e a criação de emprego.

sucesso.

desenvolvimento de novos produtos,

A nossa maior e quiçá única riqueza

E porque a poesia é o alimento da

ou na área dos materiais multi-fun-

são as pessoas. Não temos ouro,

alma, não posso deixar de invocar

cionais avançados para uma miríade

petróleo nem diamantes, mas temos

Fernando Pessoa, com este poema:

de aplicações trans-sectoriais, que

um legado para deixar às novas

Para ser grande, sê inteiro: nada

vão das tecnologias de informação

gerações, legado esse que pode

Teu exagera ou exclui.

à área da saúde, tornando possí-

ficar seriamente comprometido, pois

Sê todo em cada coisa. Põe quanto

vel muitas das aplicações que hoje

a universidade no seu todo está

és

conhecemos, como mostradores

demasiado envelhecida, não tem

No mínimo que fazes.

interactivos ou sistemas de teste e

havido rejuvenescimento nos últimos

Assim em cada lago a lua toda

diagnóstico avançados, ou mesmo

anos, e vai chegar uma altura em

Brilha, porque alta vive.

em sectores mais tradicionais onde

que grande parte do conhecimento

Portugal tem uma história da qual

a investigação e tecnologia tiveram

construído durante as últimas gera-

nos orgulhamos, e a história não se

um papel decisivo, como seja o caso

ções não será transmitido às futuras.

apaga, antes pelo contrário, faz-nos

da indústria do calçado, renascendo

Peço a quem de direito que não

recordar que nunca deixaremos de

uma outra indústria competitiva em

vacile nesta aposta de futuro: nos

ser Grandes no presente e no futuro.

termos internacionais, ou mesmo

jovens, nos portugueses!

Parafraseando João Bénard da

no caso da indústria do vinho, onde

Hoje o Senhor Presidente da Repú-

Costa:

para se manter a qualidade secular

blica vai distinguir um conjunto de

“Senhor Presidente: muito obrigada

adquirida há que recorrer à investi-

jovens que se destacaram em di-

por me ter dado a palavra

gação e tecnologia.

versas áreas: na Ciência, nas Artes,

Minhas Senhoras e Meus Senhores:

E porque estamos a falar de futuro,

na Agricultura e no Empreendedo-

muito obrigada por me terem escu-

não nos podemos esquecer que Por-

rismo Social. Este reconhecimento

tado.”

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 55


DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Philippe Jones Lhuillier Embaixador das Filipinas por Maria de Bragança Diplomata e empresário Philippe Jones Lhuillier é o mais alto representante das Filipinas em Portugal. Geograficamente muito distantes mas unidos por uma história rica e pela viagem de Fernão de Magalhães à volta do mundo. Assume o seu papel com a mais apaixonada intenção de reestabelecer a ligação entre os dois países. Amante de ténis e detentor de uma contagiante boa disposição, é casado e pai de sete filhos igualmente bem-sucedidos.

56 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Que diferenças encontra entre o

africanos de língua portuguesa.

pensamos nos vinhos franceses. É

trabalho que desempenhou na

Acha que as Filipinas são um bom

preciso, portanto, educar as pes-

Itália e aquele que está a realizar

país para viver?

soas e habituá-las a procurar outras

agora em Portugal?

Sim. As Filipinas são hoje um dos

opções no que respeita ao vinho.

Fui Embaixador em Itália durante 11

Novos Tigres Asiáticos. Desenvol-

Portugal precisa de promover agres-

anos. Era um cargo extremamente

vemo-nos imenso nos últimos anos,

sivamente a sua marca.

importante tendo em conta que é um

temos cerca de 100 milhões de

O que espera alcançar com esta

país com uma enorme comunidade

habitantes, e 15 milhões de filipinos

sua passagem por Portugal?

de filipinos, são mais de 200 mil. Em

que vivem fora do nosso país. Estas

Estou aqui para aprender. O anterior

Portugal há apenas cerca de dois mil

pessoas enviam cerca de 25 mil

Embaixador foi espetacular mas teve

filipinos. Os números são diferentes,

milhões de dólares em remessas.

de sair por estar próxima da idade de

mas a Diplomacia é a mesma. O

São pessoas que saem do país

reforma. Eu vim com a ideia de que

meu maior objetivo ao aceitar este

de origem, mudam-se para locais

não ficaria demasiado tempo por-

cargo era o de voltar a aproximar

longínquos à procura de trabalho e

que não sigo a habitual carreira de

Portugal e as Filipinas. Sinto que

depois enviam para as suas famílias

Embaixador. Não pertenço a nenhum

nos esquecemos um do outro, e

aquilo que ganham para as ajudar. E

partido político. Estou em serviço

temos uma ligação que remonta aos

este é um motivo de orgulho! Estou a

há 18 anos, e é muito interessante.

tempos de Fernão de Magalhães.

tentar abrir portas e estabelecer con-

Estou muito feliz por ter sido coloca-

Acredito que Portugal pode vir a ser

tactos para futuros negócios entre

do em Portugal. Estou a ensinar a

muito importante para as Filipinas

as Filipinas e os demais países. Aqui

minha Embaixada a pensar como eu

e vice-versa. Mas ainda existem

em Portugal, por exemplo, já falei

penso, porque só dessa forma será

desafios. O primeiro deles é que não há uma Embaixada portuguesa nas Filipinas, e isso dificulta o estabelecimento de relações e de contactos. Houve uma Embaixada portuguesa no meu país, mas foi encerrada. Da mesma forma que não havia Embaixada filipina em Portugal até dois anos antes de eu ter vindo. Houve

possível concretizarmos os nossos

"

QUERO ABRIR UM CAMINHO ENTRE OS DOIS PAÍSES PARA ESTABELECER UMA TROCA E RELAÇÃO QUE SEJAM MUTUAMENTE BENÉFICAS

"

sempre algum descrédito, mas eu

objetivos. Juntei-me ao Governo porque o apoio e porque, enquanto empresário, fui bem-sucedido. Quero oferecer o meu tempo ao Governo, quero fazer o possível para melhorar o meu país. Dezoito anos a representar e a ajudar um país, portanto acho que vai chegar o momento em que voltarei para casa para gerir os

disse “Enviem-me para Portugal e

com a Vista Alegre. Vou ter uma reu-

meus negócios.

mostrarei como pode ser importante

nião com eles para ver que produtos

Quando pensa retirar-se da sua

para as Filipinas”. E até agora tenho

poderemos vender nas Filipinas. Por

função de Embaixador?

provado que tinha razão. Não só por

vezes questionam-me por que razão

Mais um ano, em princípio. Estou de-

Portugal e pela sua importância, mas

promovo Portugal nas Filipinas tanto

pendente do resultado das próximas

pela importância de Portugal como

como as Filipinas em Portugal. Ape-

eleições [30 de junho de 2016] e da

porta de entrada para os países de

nas quero abrir um caminho entre os

vontade do próximo Presidente. Eu

língua oficial portuguesa. Estamos

dois países para estabelecer uma

acredito que a nossa vida se compõe

a trabalhar muito para estreitar as

troca e relação que sejam mutua-

por capítulos. Eu sou filho, marido,

relações entre os dois países. É

mente benéficas.

pai, empresário, e agora sou Embai-

necessário! Os filipinos conhecem e

E não pensa em apostar, por

xador.

adoram Fátima, por exemplo!

exemplo, no vinho português?

O que é que prefere em Portugal?

A CPLP. Já pensaram em ingres-

Infelizmente não temos um bom

Acho que o povo português é

sar na CPLP, como país observa-

distribuidor de vinhos nas Filipinas.

fantástico. As pessoas são muito

dor?

Estou à procura de um que seja

simpáticas. Sinto-me em casa. Nas

As autoridades filipinas estão a

bom. Ainda assim, há outro desafio.

Filipinas temos uma cultura latina,

discutir essa possibilidade. Estão

Quando pensamos em vinho, e mais

e eu estive em Itália, o berço dessa

também a discutir a possibilidade de

concretamente em vinho barato,

cultura, com milhares de filipinos

dar ao Embaixador em Portugal o

pensamos em Espanha ou no Chile.

que lá viviam. Tive de conhecê-los,

poder de lidar com alguns dos países

Quando pensamos em vinho caro,

falar com eles, viver como eles. E

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 57


Philippe Jones Lhuillier

por isso foi fácil adaptar-me cá. O

com Portugal e com a União Euro-

clima é maravilhoso. A gastronomia

peia para isso acontecer.

é também muito boa.

Portugal tem uma coisa que os ou-

E o que prefere nas Filipinas?

tros países da União Europeia não

Sou um Filipino, portanto adoro o

têm: o mar. Em Portugal fala-se

povo filipino! Toda a minha família

português, mas no Brasil também,

está lá. Estou a tentar impulsionar o

em Cabo Verde…

turismo nas duas direções e a fazer

Uma das primeiras coisas que

com que os filipinos vejam Portugal

fiz quando cheguei a Portugal foi

com maior interesse. Infelizmente,

concretizar uma parceria entre a vila

o nosso orçamento para este tipo

de Sabrosa, onde nasceu Fernão

de publicidade é muito reduzido. O

de Magalhães, e a cidade filipina de

parceiro de turismo nas Filipinas não

Cebu, onde ele morreu. Agora são

está tão focado na Europa pois pre-

cidades geminadas. O Presidente

fere apostar em destinos asiáticos,

de Sabrosa, o doutor José Manuel

que são mais próximos e baratos. É

de Carvalho Marques, está a or-

claro que se tivéssemos uma Phi-

ganizar uma celebração em forma

lippine Airlines ou uma TAP a voar

de roteiro pelos lugares por onde

diretamente para os dois lados seria

Magalhães passou (Brasil, Argentina,

muito melhor. Mas temos tempo para

entre outros tantos). Vai acontecer

mudar esta situação. Roma não foi

entre 2018 e 2022, porque Fernão

feita num dia… A minha filosofia de

de Magalhães morreu em 1521. Os

vida passa muito por conhecer novas

Presidentes dos municípios desses

pessoas e trocar ideias com elas.

lugares estão até reunidos numa

Aprende-se mais assim do que lendo

associação, a Rede Mundial das

um livro. Em outubro vou um mês e

Cidades Magalhânicas.

meio para as Filipinas e trarei comigo

Em Portugal parece que há um ví-

alguns produtos. Uma das minhas

cio pelas tecnologias. As pessoas

maiores ideias um ponto central de

compram constantemente novos

passagem dos produtos Filipinos

telefones e aparelhos. Nas Filipi-

para a Europa e para os países de

nas há também esta loucura?

língua portuguesa. Portugal será,

Nas Filipinas há onze empresas que

de facto, o nosso showroom perma-

são muito avançadas a esse nível, e

nente. Os outros países poderão ver

nós tentamos reuni-las para retirar o

quem somos e o que temos. Há 15

melhor de cada uma e exportar. Uma

anos desenvolvi esta ideia em Itália e

coisa que me impressionou em Por-

agora vou deslocá-la para Portugal.

tugal foi a incubação de tantas start-

Estou muito otimista!

-ups, aqui em Lisboa, Braga, Évora e

Como estão as Filipinas em ter-

Aveiro. Estou a tentar organizar start-

mos tecnológicos?

-ups filipinas para se juntarem às de

Estão muito bem! O nosso nível de

Lisboa. E também estou a trabalhar

tecnologias de informação tem subi-

em mais geminações: Lisboa com

do nos rankings e já ultrapassámos

Manila, Coimbra com Dumaguete, e

inclusivamente a Índia no que respei-

também quero ligar Braga a uma das

ta à indústria dos call centers. Temos

nossas cidades.

resorts de casinos que são, talvez,

As Filipinas não pensam em ex-

des. Faz roupas de grande qualidade

melhores do que os de Macau. Te-

portar tecnologia para Portugal,

e, só nas Filipinas, emprega oito mil

mos mais de sete mil ilhas. O turismo

além dos produtos manufaturados

pessoas. Um dia recebi uma chama-

está aberto ao investimento estran-

que enviam para aqui?

da deles a perguntar-me como era

geiro. Mas há ainda muita coisa que

Talvez não saiba, mas há uma em-

Portugal e se era um bom sítio para

podemos desenvolver. E contamos

presa filipina a funcionar em Pare-

investir. Respondi que era. E eles

58 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


vieram para cá, procuraram um

que estão felizes e que planeiam

para tentar concretizar esse meu ob-

local em Paredes com o apoio da

aumentar o número de empregados.

jetivo. Os meus primeiros oito meses

Câmara e abriram a fábrica. Agora

Além disso, espero que possamos

cá foram passados a percorrer o país

empregam 200 funcionários. Tudo

fazer intercâmbios a nível escolar.

em encontros e reuniões.

isto em dois anos. Tornei-me amigo

Fazer troca de talentos. Já tive en-

Que relação mantem com os habi-

do dono da empresa e ele diz-me

contros com Presidentes de câmaras

tantes do seu país de origem?

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 59


Philippe Jones Lhuillier

Em Itália, ia todos os domingos

anos, era conhecido por “o filipino

No primeiro ano, tivemos apenas cer-

visitar pelo menos três comunidades,

mais feliz”. A cada dois anos, faze-

ca de 300 candidaturas. No segundo

para lhes agradecer. Davam-me

mos um concurso para procurar o

ano, 13.000 filipinos competiram pelo

sempre comida em troca. O típico

“Pinoy” (filipino) mais feliz. A Procu-

título de Happiest Pinoy e este ano,

filipino prepara uma refeição para as

ra do Filipino Mais Feliz (Search for

estou muito feliz por anunciar que

visitas poderem depois levar. O meu

the Happiest Pinoy) é uma campa-

recebemos mais de 280.000 candi-

motorista está sempre preparado

nha nacional de Cebuana Lhuillier

daturas.

com uma mala de plástico. Este ano, decidi não abrir as comemorações do nosso Dia Nacional ao público. Quis ser diferente. Convidei os filipinos que estão em Portugal para passar algum tempo num bom hotel. Prefiro gastar o meu dinheiro e investir o orçamento de que disponho com eles. Afinal, este é o dia deles. Esse é um gesto muito bonito da sua parte.

"

Agora, tenho 35 mil a concorrer.

ESTOU A

O primeiro vencedor é hoje o meu

ENSINAR A MINHA EMBAIXADA A PENSAR

COMO EU PENSO, PORQUE SÓ DESSA FORMA SERÁ POSSÍVEL CONCRETIZARMOS OS NOSSOS OBJETIVOS

"

É porque eu amo o que faço. Faz-

porta-voz. E os seus filhos? Tenho sete filhos. É quase uma equipa de basquetebol, com treinador incluído. Um dos meus filhos é como eu, a 100%. Adora jogar ténis e é o responsável do Davis Cup nas Filipinas. Costuma convidar grandes nomes para irem lá jogar. Eu também jogo, mas a minha mulher

-me feliz. Se não estamos felizes,

que pretende promover os valores

é melhor do que eu! Mas desde que

só temos de esquecer aquilo que

do otimismo, resiliência, e o impacto

entrei na Diplomacia, deixei de jogar

estamos a fazer e seguir em frente.

positivo nos Filipinos no meio dos

devido ao pouco tempo que resta

Na minha empresa, há cerca de 10

diferentes desafios da vida.

para praticar.

60 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

n



DOSSIER

Uma Comunidade virada para o Futuro A Comunidade dos Países de

dos seus Estados-membros e de

rido no passado mês de junho,

Língua Portuguesa (CPLP) foi

um maior protagonismo na cena

em Maputo.

fundada a 17 de julho de 1996.

internacional.

No âmbito da atividade da Orga-

No próximo ano de 2016, por al-

O avanço da CPLP nos últimos

nização, a CPLP nasceu baseada

tura da XI Conferência de Chefes

anos tem-se pautado pelo ob-

na partilha de um passado históri-

de Estado, a realizar-se no Brasil,

jectivo de torná-la “mais sólida e

co comum e da afinidade cultural

vai comemorar o seu 20º aniver-

útil para os Estados-membros e

baseada na Língua Portuguesa.

sário. Passados dezanove anos

cidadãos, para posicionar a nossa

Foi um projecto pensado e so-

desde a sua criação, a CPLP tem

Comunidade ao nível das melho-

nhado por muitas personalidades,

vindo a ganhar protagonismo, fru-

res Organizações Internacionais”,

que ganhou um impulso defini-

to das actividades desenvolvidas,

afirmou o Secretário Executivo,

tivo nos anos oitenta através da

dos novos estágios de desen-

embaixador Murade Murargy,

articulação de José Aparecido de

volvimento económico e social

num encontro empresarial decor-

Oliveira, na altura ministro da

62 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Cultura da República Federati-

pelo estabelecimento de relações

va do Brasil. Depois dos sete paí-

com outras organizações interna-

ses fundadores – Angola, Brasil,

cionais, como a União Europeia,

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Por-

União Africana, CEDEAO ou

tugal, Moçambique e São Tomé e

mesmo a OIF.

Príncipe – acordarem, em 1989, a

Com especial significado ao nível

criação do Instituto Internacional

politico-diplomático, destaca-se

da Língua Portuguesa (IILP), a

também os convites endereçados,

CPLP ganha na cimeira de 1996,

desde a cimeira fundadora, à par-

em Lisboa, Portugal, formalizan-

ticipação da resistência timorense

do-se a criação da CPLP. No seu

antes da independência deste

acto constitutivo, os Chefes de

Estado-membro. Timor-Leste,

Estado declaram diversos prin-

independente, integra a Organi-

cípios, dando à CPLP um vasto

zação a 31 de Julho de 2002, na

leque de temas para poder atuar.

cimeira de Brasília.

Apesar de produzir anualmente

Nesta reunião de cúpula, mere-

um importante normativo institu-

cem ainda destaque os acordos

cional, de uma maneira muito sin-

assinados em matéria de circula-

tética podem-se destacar alguns

ção de determinadas categorias

momentos neste 19 anos de exis-

de pessoas, os quais tardam,

tência. Ao nível político-diplomáti-

ainda, em ser implementados na

co, desempenhou um papel deter-

sua plenitude, dificultado, desta

minante na crise na Guiné-Bissau

maneira, uma maior apropriação

em 1998/99 e, desde então, tem

do Espaço da Comunidade pelos

sido um ator internacional de

cidadãos dos seus Estados-mem-

relevo nas sucessivas situações

bros. Neste sentido, em julho de

de instabilidade verificadas neste

2015, a XX reunião de ministros

Estado-membro, pautando a sua

dos Negócios Estrangeiros e Re-

atuação pela defesa do Estado de

lações Exteriores, decorrida em

Direito e das instituições demo-

Díli, reiterou “a necessidade de

cráticas. A situação na Guiné-Bis-

acelerar a aplicação dos Acordos

sau justificou no passado e ainda

de Brasília e dos Acordos sobre

justifica, no presente, a presença

a Concessão de Visto para Estu-

de um Representante Especial

dantes Nacionais dos Estados-

da CPLP no terreno, enquanto

-membros da CPLP e sobre a

interlocutor privilegiado, com as

Cooperação Consular entre os

estruturas nacionais e outras

Estados-membros da CPLP, com

organizações internacionais igual-

vista a facilitar a circulação de

mente no país.

pessoas no Espaço da CPLP,

No plano da concertação, des-

etapa fundamental para tornar a

tacam-se ainda a permanente

Comunidade um espaço de afir-

defesa destes valores com o

mação da cidadania dos seus”.

envio de Missões de Observação Eleitoral às eleições nos Estados-

Uma Organização útil

-membros, a crescente capacidade de se fazer ouvir nos palcos

É neste caminho para tornar a

da ONU e de eleger altas perso-

Organização mais útil que surgem

nalidades dos seus países para

novos campos de atuação, recor-

cargos dirigentes do sistema das

rendo a uma postura mais espe-

Nações Unidas. De igual maneira,

cializada na Cooperação, traçando

tem também pautado a sua acção

nos últimos anos estratégias

´ Africa +

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 63


Uma Comunidade virada para o Futuro

comuns para domínios de sobeja

zação de um estudo e reflexão

seus cidadãos. Tal facto ocor-

importância socioeconómica, como

sobre a Nova Visão Estratégica

re com o consenso gerado com

a Saúde, a Igualdade de Géne-

da CPLP. “Trata-se de uma nova

uma estratégia comum para a

ro ou os Oceanos, estes últimos

visão estratégica virada para o

Educação, realçando a formação

alavancadores de progresso pelos

futuro, que tenha em conta os

e a aquisição de competências

potenciais repositórios de recur-

paradigmas económicos, sociais,

como a base incontornável para o

sos marinhos e energéticos, pelo

culturais e tecnológicos contem-

Desenvolvimento, e um plano es-

turismo, transportes, investigação

porâneos neste mundo globaliza-

tratégico para o Ensino Superior,

científica e reforço de regiões

do”, afirmou o embaixador Murar-

Ciência e Tecnologia ambicionan-

costeiras.

gy. Assim, a CPLP coloca-se na

do a cooperação multilateral para

Por se vislumbrar uma CPLP que

busca de uma reforma institucio-

alcançar a comunidade acadé-

não é indiferente às tendências

nal que lhe permita ganhar corpo

mica e cientifica dos Estados-

de uma sociedade globalizada,

para consubstanciar os vastos

-membros, promovendo a inter-

tecnológica e exigente de susten-

preceitos da sua Declaração

nacionalização do Conhecimento

tabilidade ambiental e energética,

Constitutiva.

em Língua Portuguesa e alcançar

a presidência em exercício da

Nos últimos dois anos, a CPLP

um «Espaço de Ensino Superior,

Comunidade, timorense no biénio

consolidou a aposta na capacita-

Ciência e Tecnologia da CPLP».

até julho de 2016, fixou o lema

ção humana, quer seja aos níveis

No ano de 2015, a CPLP lançou

“CPLP e Globalização”, numa ci-

técnicos ou tecnológicos, ambi-

ainda uma nova dimensão de

meira realizada em Díli, a primei-

cionando o crescimento económi-

potencial influência: a Energia –

ra reunião de cúpula da CPLP na

co dos seus Estados-membros, a

dado o forte posicionamento dos

Ásia, onde foi decidida a reali-

melhoria do bem-estar social dos

seus países e o impacto que este

64 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


domínio poderá ter em matéria

de sinergias empresariais e económicas. É, precisamente, no domínio da economia e dos negócios que a Organização parece ganhar um novo fôlego. Com os seus Estados-membros a integrarem diferentes blocos económicos regionais, podem-se observar inúmeros condicionalismos criados pelas políticas económicas regionais e sub-regionais. Neste sentido, após o Conselho de Ministros da CPLP, 2002, em Brasília, ter aprovado o Conselho Empresarial da CPLP - não tutelada pelos órgãos deliberativos da Comunidade - em 2010, verificou-se a sua evolução para uma Confederação Empresarial. Esta estrutura tem, nos últimos anos, sido um ator para o desenvolvimento da cooperação entre estruturas empresariais associativas dos Estados-membros da CPLP, procurando sinergias e circuitos de cooperação. Dezanove anos após a sua fundação, a CPLP protagoniza uma nova dinâmica na diplomacia entre espaços geograficamente descontínuos. Para tal, a Organização abriu-se a novos Estados e às Sociedades Civis desde 2006, concedendo estatutos de Observador Associado e Consultivo. Este alargamento tem sido constante, desde então, tendo sido à data

projectando-a no mundo e ambi-

de Guiné Equatorial tornou-se o

atribuido os estatutos de Obser-

cionando torná-la mais relevante

nono Estado-membro de pleno

vador Associado às Mauricias,

no plano global.

direito da CPLP, após acolher os

Senegal, Geórgia, Japão, Namí-

Aos factos sinteticamente enun-

princípios e valores da Comuni-

bia e Turquia, e de Observador

ciados anteriormente, junta-se

dade – onde se incluiu uma mo-

Consultivo a cerca de cinquenta

um outro sinal de abertura a

ratória sobre a pena de morte.

instituições das sociedades civis

novas perspetivas no processo

Um país onde já existe um noti-

dos Estados-membros.

de construção e permanente

ciário em português na televisão

Paralelamente a esta abertura,

consolidação da Organização.

nacional e para o qual estão em

desde 2008 que a CPLP tem pro-

Na X Conferência de Chefes de

curso definições e ações con-

movido conferências internacio-

Estado e de Governo, decorrida

juntas de promoção e difusão da

nais sobre a Língua Portuguesa,

em Díli, em 2014, a República

Língua Portuguesa.

´ Africa +

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 65


DIPLMOMACIA NA 1ª PESSOA

Embaixador Murade Murargy A CPLP enfrenta diversos desafios e oportunidades Dezanove anos após a fundação, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) está mais atuante. Quem o afirma é o embaixador Murade Murargy em entrevista à Diplomática. O diplomata moçambicano, à frente do executivo da Comunidade há três anos, considera existirem condições para uma evolução desta organização internacional, tornando-a mais útil para o desenvolvimento económico e social dos Estados-membros e populações.

Qual o balanço que pode fazer

verificada hoje em dia. Este quadro

mento social dos Estados-membros.

após três anos de mandato à

evoluiu e a CPLP, com a experiên-

A CPLP está, então, mais actuan-

frente da CPLP?

cia institucional adquirida nestes

te?

Quando assumi a função de Secre-

quase 19 anos, pretende vislum-

Sim, a CPLP está mais credível

tário Executivo, encontrei uma obra

brar novos espaços de actuação,

e, nos últimos três anos, foram

em progressão, com alicerces bas-

como a cooperação empresarial, o

adoptados Planos Estratégicos nas

tantes sólidos e que era preciso dar

reforço do potencial económico da

áreas da Segurança Alimentar e

continuidade. Porém as actividades

Língua Portuguesa e a criação de

Nutricional, na Cultura, no Ensino

desenvolvidas até à data permitem-

redes de conhecimento. Queremos

Superior, Ciência e Tecnologia,

-nos ambicionar mais. Na altura da

apostar na mobilidade de pessoas e

para além da Educação. Como

fundação da nossa organização,

na formação de recursos humanos

podemos verificar, sem capacitação

a situação nos nossos Estados-

qualificados para intervirem no cres-

do homem não temos desenvolvi-

-membros era muito diferente da

cimento económico e no desenvolvi-

mento.

66 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Para consolidar a cooperação,

diversas vertentes. Será, também,

a preocupação com a estabilidade,

institucionalizamos a dimensão

um espaço para eventos culturais e

com a Defesa da Democracia e do

da Energia e empenhamo-nos na

empresariais.

Estado de Direito, uma área onde

cooperação económica, estreitando

Com carácter de alguma maneira

a nossa actuação tem merecida

ainda mais os laços com a Confe-

mais pontual, por exemplo, temos

evidência, onde incluo as nossas

deração Empresarial da CPLP. Ao

um Representante Especial na

missões de observação eleitoral.

nível da concertação, onde somos

Guiné-Bissau, o qual acompanha a

A estabilidade é imprescindível para

ouvidos nos grandes palcos interna-

situação neste Estado-membro da

a consolidação das instituições e

cionais, desempenhámos um papel

CPLP junto das autoridade nacio-

para o desenvolvimento económico

relevante no apoio à estabilidade

nais e dos parceiros internacionais

e social. Também para um bom am-

na Guiné-Bissau, em conjunto com

com presença no terreno.

biente de negócios. Nesta matéria,

os Estados-membros. Igualmente,

Temos a noção que para sermos

não esquecemos as atribuições de

admitimos um nono Estado-membro

atores globais de referência, temos

cooperar na Defesa e Segurança.

de pleno direito e mais quatro Es-

de nos posicionar localmente com

Neste campo, realço o papel da

tados como observadores associa-

maior proximidade. Está em cima

CPLP na relação desenvolvida com

dos. A nossa Organização posi-

da mesa a potencial abertura de ou-

os Estados-membros para garan-

ciona-se, cada vez mais, como um

tras Representações nos Estados-

tir o respeito pelas instituições, a

ator global: “CPLP e Globalização”

-membros…

independência nacional e a integri-

foi, precisamente, o lema eleito por Timor-Leste, pela presidência em exercício da nossa Comunidade. Sim, fala-se de uma CPLP global há já algum tempo. Porém, vemos também o reforço da presença nos Estados-membros… Efectivamente. No passado mês de julho, à margem do XX Conselho de Ministros, inaugurámos a Repre-

dade do território, a liberdade e a

"

segurança das populações. De igual

ESTOU SATISFEITO PELA CPLP SE TER

maneira, permito-me evidenciar o papel da CPLP enquanto actor

AFIRMADO SOB O LEMA DA GLOBALIZAÇÃO, COM A ACTUAL PRESIDÊNCIA EM EXERCÍCIO DE TIMOR-LESTE

"

sentação da CPLP em Timor-Leste,

de relevo na cena internacional, traduzida nos entendimentos com diversas organizações regionais e sub-regionais e no quadro do sistema das Nações Unidas, para além de outros sujeitos de direito internacional.

a qual reveste-se de uma significa-

A CPLP tem, assim, reforçado a

Referiu-se no início desta entre-

tiva importância estratégica. Tem

cooperação para o Desenvolvi-

vista à adesão da Guiné Equato-

uma dimensão extracomunitária ao

mento e a concertação político-

rial como membro de pleno direi-

estabelecer-se na Ásia, propiciando

-diplomática?

to. Como está esse processo?

maior proximidade para o desenvol-

No âmbito da cooperação para

A Guiné Equatorial foi admitida por

vimento intra-regional de relações

o desenvolvimento, temos dado

unanimidade, após um minucioso

culturais e socioeconómicas - ala-

passos sólidos e produzido um

processo de adesão iniciado em

vancando o potencial reforço das

importante normativo, ao longo

2010, recordando que a obtenção

sinergias entre as sociedades e

destes anos. Para além das aborda-

do Estatuto de Observador Consul-

economias no espaço de integração

gens estratégicas nos domínios já

tivo aconteceu em 2006. A Língua

económica em que Timor-Leste

referidos, sublinho ainda a rele-

Portuguesa é uma das três línguas

está naturalmente posicionado. Vai

vante cooperação que a CPLP tem

oficiais da Guiné Equatorial a par do

conferir maior visibilidade à CPLP

vindo a tentar erguer em matéria

Espanhol e do Francês. A efectiva e

no contexto nacional de Timor-

de Oceanos, Juventude ou Saúde,

generalizada utilização da nossa lín-

-Leste e no âmbito intracomunitário,

entre outras, existindo planos estra-

gua comum é um desafio na Guiné

assumindo-se como um ponto de

tégicos enquadradores.

Equatorial, tal como ainda é em al-

informação e educação sobre a

No campo da concertação, muito há

guns dos nossos Estados-membros.

CPLP junto da comunidade timo-

a destacar. Vou realçar a nossa ca-

São processos morosos, temos de

rense e estrangeira neste país,

pacidade mobilizadora para colocar

conceder um período para fomentar

exponenciando a curiosidade e

cidadãos dos nossos países em im-

o uso da língua porque é neces-

colmatando a prestação atempada

portantes cargos do Sistema Inter-

sário tempo de aprendizagem e

de conteúdos informativos nas suas

nacional. Naturalmente, partilhamos

prática de uso. Já foi firmado um

´ Africa +

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 67


Embaixador Murade Murargy

Equatorial tem sido total.

conformação com os nossos objec-

ca entre a Guiné Equatorial e o

Estive na primeira semana em

tivos, refiro que a moratória da pena

Instituto Internacional da Língua

Malabo e na inauguração da nova

de morte também já foi ratificada

Portuguesa para a implementação

cidade administrativa de Djibló,

pelos parlamento e senado. O es-

de um Plano de Ação da difusão da

em Oyala. Pude constatar a actual

forço para falar português é visível,

Língua Portuguesa naquele país no

implementação do plano de desen-

sendo que já existe na televisão na-

período até 2020. Neste processo

volvimento nacional, com duração

cional um noticiário em português,

de adesão, o empenho da Guiné

prevista até 2020. Em matéria da

emitido em horário nobre. Em

convénio de cooperação técni-

68 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


matéria de disseminação da Língua Portuguesa e da Cultura dos nossos países nestes Estados. No passado mês de junho, por exemplo, o Japão participou e esteve muito empenhado na nossa conferência internacional sobre Energia. Os Estados que beneficiam do estatuto de Observador Associado têm participado nas Cimeiras de Chefes de Estado e de Governo, bem como no Conselho de Ministros, podendo ainda apresentar comunicações e ser ainda convidados para Reuniões de carácter técnico e outras actividades da Organização. Estamos cientes que podemos optimizar o seu papel. Após 19 anos da sua existência, a CPLP enfrenta a necessidade de munir a organização com instrumentos e mecanismos capazes de estimular uma actuação mais dinâmica no processo de desenvolvimento dos Estados-membros. As estruturas orgânicas e o posicionamento da CPLP têm beneficiado de alguma evolução desde a sua fundação, tendo-se verificado uma sólida abertura institucional ao exterior. Porém, consideramos que não chega. Na Nova Visão Estratégica da CPLP, uma reflexão aprofundada que está a decorrer internamente após incumbência da passada cimeira de Díli, vamos com certeza estar em condições de melhor compreender e enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades. Com os olhos postos no futuro, estamos a debater e reflectir sobre as imperfeições e as dificuldades encontraconjunto, vamos continuar a

como Israel, a Ucrânia, Marrocos ou

das ao longo deste percurso de cer-

trabalhar para a plena integração

o Uruguai, entre outros. Os nos-

ca de 19 anos. A nossa experiência

deste Estado-membro na CPLP.

sos observadores associados têm

colectiva, enquanto comunidade,

Falou, também, de países ob-

participado em parte dos trabalhos

deve permitir identificar e fortalecer

servadores associados, como

da CPLP: Em julho, Japão, Tur-

as áreas de maior debilidade, con-

a Turquia, Geórgia, Namíbia e o

quia e Geórgia participaram no XX

sensualizar e recentrar as nossas

Japão…

Conselho de Ministros, relatando os

atenções nos assuntos de maior

E temos alguns interessados tais

enormes avanções registados em

relevância e envidar esforços

´ Africa +

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 69


Embaixador Murade Murargy

numa agenda que valorize os

empresários estão mais próximos e

A CPLP é um sonho?

objectivos prioritários dos Estados

que estamos a trabalhar na melho-

É já uma realidade muito palpá-

membros.

ria do ambiente de negócios entre

vel que não inviabiliza o sonho

E, em matéria de economia e

os nossos países.

de sermos ainda mais atuantes e

negócios? A CPLP tem avançado

Como?

relevantes para os nossos Estados-

para algo como uma União Eco-

Temos apostado em áreas impor-

-membros e seus cidadãos. Estou

nómica?

tantes: já realizámos a primeira

satisfeito pela CPLP se ter afirmado

A evolução da CPLP para outro for-

reunião de ministros da Energia,

sob o lema da Globalização, com

mato de Organização Internacional,

reunimos a ministerial das finanças

a actual presidência em exercício

nomeadamente, para uma Organi-

e voltámos a recordar a importância

a cargo de Timor-Leste. Por ser

zação Internacional de Integração

estratégica comum nas tutelas dos

uma Organização sólida e consa-

não parece plausível no curto/

Oceanos. Vamos reunir, em Outu-

grada pelos seus valores e pela

médio prazos, apesar de ser este o

bro próximo, em Díli, os ministros

sua acção, acredito que os nossos

modelo que de facto é mais “senti-

do Comércio e ver concretizado um

Estados vão ter um papel internacio-

do pelas pessoas”. Não temos um

fórum económico global.

nal de crescente relevância. Nesta

carácter supranacional, assente em

A Confederação Empresarial da

nova Ordem Internacional de certa

órgãos independentes para além

CPLP (CE-CPLP), organização

maneira indefinida, a integração

dos intergovernamentais, não temos

associativa autorizada mas não

dos Estados membros da CPLP em

poder normativo com repercussões

tutelada pelos nossos Estados-

Comunidades Regionais, com forte incidência económica, mas também

directas na ordem jurídica interna, não temos um poder jurisdicional obrigatório com a institucionalização de tribunais independentes que salvaguardem a ordem jurídica que rege o espaço da CPLP. A estes factos, acresce óbvia dificuldade da CPLP caminhar para um Tratado de Integração, onde iria completar as fases de integra-

"

A CIRCULAÇÃO DE PESSOAS, BENS E CAPITAIS SERÁ POSSÍVEL DESDE QUE HAJA UMA VONTADE POLÍTICA FIRME NESSE SENTIDO

"

ção económica para uma Zona de

politica, comporta um vasto conjunto de oportunidades para a CPLP, se soubermos ser complementares nos esforços de integração e um veículo de interligação entre as diversas Comunidades Regionais, potenciando a realização das suas políticas e ações de forma sinérgica com as medidas adotadas pela CPLP. São novos tempos?

Comércio Livre, depois para uma

-membros, tem-se revelado um

Estamos perante novos tempos, em

União Aduaneira, seguindo-se o

importante parceiro na procura de

constante mudança e interligação

Mercado Comum, após o qual se

sinergias e identificação de barrei-

mundial, catalisados pelo fenómeno

consolida a União Económica, onde

ras que urgem colmatar. Ainda no

da globalização e pela descoberta

verificamos a harmonização de

passado mês de julho, verificou-se

de novos repositórios de recursos.

outras políticas económicas nacio-

a constituição da União de Bancos,

Esta dinâmica contemporânea

nais. É muito difícil, sobretudo, se

Seguradoras e Instituições Finan-

permite ambicionar e atingir no-

pensarmos numa união económica

ceiras da Comunidade de Países de

vos níveis de crescimento, criando

total, com a harmonização global de

Língua Portuguesa (UBSIF-CPLP),

condições propícias para o desen-

políticas monetárias, fiscais, sociais

precedida pela criação da União de

volvimento económico e social dos

e anti cíclicas, a serem aplicadas ao

Exportadores da CPLP (UE-CPLP),

nossos Estados-membros e da

todo integrado por um Órgão central

destinada a desenvolver os laços

CPLP.

dominante.

institucionais e comerciais entre

Temos pela frente diversos desafios

No entanto, a circulação de pes-

este tipo de instituições como forma

e oportunidades. Estou confiante

soas, bens e capitais será possí-

de potenciar o desenvolvimento

que, juntos, vamos conseguir ala-

vel desde que haja uma vontade

económico, a partilhar as melhores

vancar as sinergias e obter com-

política firme nesse sentido. Acre-

práticas e a fomentar reflexões do

petitividade em múltiplos sectores,

dito que, no curto-prazo, vamos ter

sector financeiro. Uma constituição

posicionando a CPLP e os seus

a livre circulação de determinadas

que mereceu a aprovação prévia

Estados-membros no rumo ao de-

categorias profissionais de pessoas.

por parte do Comité de Concertação

senvolvimento socioeconómico e ao

Tenho a certeza que os nossos

Permanente da CPLP.

bem-estar dos cidadãos.

70 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

n


VISITAS DE ESTADO

Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal

No ano em que se assinala o 40.º aniversário da independência de Moçambique, o Presidente da República deste país, Filipe Jacinto Nyusi, realizou uma Visita de Estado a Portugal. Esta foi a sua primeira visita bilateral a um país fora do continente africano. Aníbal Cavaco Silva recebeu o Chefe de Estado moçambicano e a mulher deste, Isaura Nyusi, no Palácio de Belém, onde lhes foram prestadas honras militares. Seguiu-se uma reunião de trabalho entre os dois Presidentes e encontros com o Primeiro-ministro português e com a Presidente da Assembleia da República. Ao fim do primeiro dia de visita, o casal presidencial português ofereceu à delegação moçambicana um Jantar de Estado no Palácio Nacional da Ajuda. Por essa ocasião, Cavaco Silva proferiu um discurso onde sublinhou a “imprescindível vontade política para promover o aprofundamento do nosso relacionamento bilateral e para facilitar um contacto cada vez mais próximo” entre as instituições e os povos dos dois países.

´ Africa +

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 71


Presidente de Moçambique em Visita de Estado a Portugal

As relações entre Portugal e Moçambique ultra-

Retrospetiva de 40 Anos da Independência de Mo-

passam o domínio económico, pois fundem-se “na

çambique - Artistas Moçambicanos em Portugal”, na

amizade e no respeito mútuo”, como lembrou o Chefe

Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa.

de Estado português. Os dois países fazem parte

A última etapa desta visita foi um jantar oferecido

da CPLP e mantêm entre si negócios cada vez mais

pelo Chefe de Estado moçambicano a Cavaco Silva

volumosos – o investimento direto português já ultra-

e à Dra. Maria Cavaco Silva, que decorreu no Palácio

passou 1,7 mil milhões de euros e criou 42 mil postos

Nacional de Queluz. O Presidente português aprovei-

de trabalho.

tou a oportunidade para elogiar o empenho do líder

Estes três dias de contacto resultaram na assinatura

moçambicano no processo de reconciliação do seu

de um Memorando de Entendimento entre os go-

povo e mostrou a sua disponibilidade para auxiliar o

vernos das duas Repúblicas no domínio da Parceria

governo de Moçambique no processo de desenvolvi-

de Apoio Programático, que vai vigorar entre 2015

mento em que se encontra.

e 2019. Ficou igualmente decidida e agendada para

“É minha firme convicção de que o continuado apro-

2016 a realização da III Cimeira Bilateral entre Portu-

fundamento dos nossos laços de amizade e de coo-

gal e Moçambique.

peração será mutuamente benéfico para os nossos

O programa da visita oficial incluiu igualmente um

povos”, assinalou Cavaco Silva, convidando todos os

fórum de negócios, que reuniu empresários dos dois

presentes a celebrar, com um brinde, a cumplicidade

países, e uma passagem pela exposição “1975-2015 –

entre os dois países.

72 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

n


MÊS/MÊS 2015 - DIPLOMÁTICA • 73


VIAGENS DE ESTADO

Aníbal Cavaco Silva na Bulgária Um futuro com mais cooperação

O Chefe de Estado português, Aníbal Cavaco Silva, realizou uma visita oficial de dois dias à cidade de Sofia, capital da Bulgária. Nesta viagem de Estado, o Presidente da República fez questão de levar um pouco de Portugal até aos Balcãs, viajando com alguns dos mais distintos empresários portugueses e presenteando o país anfitrião com um pouco de Fado.

Na sua chegada à Bulgária, Cavaco Silva foi recebido

do século XX, “está ainda muito aquém das potenciali-

com honras militares pelo seu homólogo, o Presidente

dades existentes”, em particular ao nível económico e

Rosen Plevneliev, numa cerimónia oficial que decorreu

comercial.

na Praça S. Al. Nevsky. De seguida, os dois Chefes

Na tentativa de estabelecer uma maior proximidade

de Estado e as respetivas delegações reuniram-se em

entre as duas nações, na comitiva portuguesa viajaram

privado, antes de o Ministro dos Negócios Estrangeiros

20 empresários de vários setores da economia nacio-

português, Rui Machete, e o Vice-Ministro dos Negó-

nal, que participaram no Fórum Empresarial Bulgária-

cios Estrangeiros búlgaro assinarem um programa de

-Portugal, um dos pontos mais importantes da agenda

cooperação cultural.

do segundo dia da visita oficial. “São empresas que

Numa declaração proferida durante um jantar na sede

ilustram bem o Portugal de hoje, um país moderno e

da Presidência da República da Bulgária, o Chefe de

acolhedor”, garantiu Cavaco Silva, que expressou a

Estado português reconheceu que o relacionamento

sua confiança em como as empresas portuguesas têm

bilateral entre os dois países, que remonta ao começo

muito a oferecer à Bulgária. ➤

74 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Cavaco Silva sublinhou igualmente a importância do conhecimento mútuo das línguas e das culturas para consolidar ainda mais a amizade entre os dois países. “É com emoção que registo o interesse pela língua portuguesa manifestado na Bulgária e apraz-me verificar o muito que já foi feito no ensino do português, quer a nível universitário, quer a nível do ensino secundário”, disse o Presidente. A delegação portuguesa teve a oportunidade de visitar dois liceus cujo programa de estudos inclui o ensino da língua portuguesa, bem como a Universidade de Sofia, onde se leciona a cadeira de Filologia Portuguesa. Nesta instituição, Cavaco Silva condecorou três professores búlgaros que ensinam a língua de Camões com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique. ➤

O Fórum pretendia divulgar oportunidades de negó-

O Presidente português também se reuniu com o

cio e de investimento que pudessem interessar aos

primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borisov, e com a Pre-

empresários dos dois países. Foi igualmente assinado,

sidente da Assembleia Nacional da Bulgária, Tsetska

por esta ocasião, o acordo de constituição da Câmara

Tsacheva. A viagem de Estado à Bulgária, que desde

de Comércio Portugal-Bulgária. “Estou convicto de que

2007 faz parte da União Europeia, terminou com uma

Portugal e a Bulgária saberão apostar num futuro de

atuação de Ana Moura, que levou o Fado até àquele

mais cooperação”, manifestou o Presidente português.

país dos Balcãs.

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 75


VIAGENS DE ESTADO

Cavaco Silva na Roménia Construindo pontes entre dois países latinos O Presidente da República Portuguesa prosseguiu a sua viagem pelos Balcãs com uma visita oficial à capital da Roménia, Bucareste. A estada de Aníbal Cavaco Silva durou dois dias, durante os quais o Chefe de Estado reforçou os laços culturais e económicos entre estes dois países com sangue latino, levando na sua delegação um conjunto de empresários e a fadista Ana Moura.

Foi com honras militares que o Presidente português

A nuvem negra que pairava sobre o Palácio do Parla-

foi recebido na capital da Roménia pelo Chefe de

mento não impediu que o Presidente português concre-

Estado deste país, Klaus Werner Iohannis. A cerimónia

tizasse todos os objetivos da sua agenda. Entre eles

oficial de boas-vindas decorreu no Palácio Cotroceni,

estavam encontros com os Presidentes do Senado e

onde Cavaco Silva se reuniu com o seu homólogo e

da Câmara dos Deputados, bem como com os líderes

onde, posteriormente, as delegações dos dois paí-

dos grupos parlamentares romenos e com o primeiro-

ses se juntaram. Começou assim a visita de Estado

-ministro em exercício, Gabriel Oprea. Cavaco Silva

portuguesa à Roménia, num momento em que este

deu também início ao Fórum Empresarial Roménia-

país se debatia com uma crise política provocada por

-Portugal, no qual participaram empresários e membros

acusações de corrupção, branqueamento de capitais

dos governos dos dois países. Este evento tinha como

e evasão fiscal sendo o principal suspeito o primeiro-

objetivo estreitar ainda mais as ligações económicas e

-ministro, Victor Ponta.

comerciais entre os dois Estados, ambos membros da

76 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


que tem o “estabelecimento de parcerias estratégias” entre as empresas dos dois países, para que o melhor de cada um deles possa ser aproveitado. A visita de Cavaco Silva também pretendia consolidar o papel da cultura portuguesa. Na Biblioteca Central Universitária, onde decorreu o colóquio “Portugal e Roménia: um eterno retorno”, o Chefe de Estado concedeu diplomas de mérito cultural a tradutores e editores romenos que se dedicam à publicação de livros ➤

União Europeia, uma vez que já existem mais de

na língua portuguesa, fazendo a ponte entre “os dois

100 empresas portuguesas com negócios estabeleci-

países latinos geograficamente mais distantes entre si,

dos na Roménia.

no espaço da Europa”, como proferiu o Presidente no

O Presidente fez questão de visitar os trabalhos de

discurso de encerramento da conferência.

construção do centro comercial Park Lake, em cujas

Aníbal Cavaco Silva despediu-se da Roménia ofere-

obras participa precisamente a empresa portuguesa

cendo ao seu homólogo um concerto de Ana Moura, a

Sonae Sierra. Nesse contexto, Cavaco Silva aprovei-

que se seguiu uma receção em sua honra. Neste seu

tou para elogiar as capacidades das empresas nacio-

último ato em solo romeno, o Presidente falou para os

nais: “as empresas portuguesas vivem uma fase sem

portugueses que residem no país e reuniu-se com três

precedentes de afirmação estratégica, sustentada

militares da Força Aérea destacados para uma missão

na inovação e na internacionalização”, garantiu. O

da NATO na região, a segunda mais pobre da União

Chefe de Estado expressou igualmente a importância

Europeia.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 77


GESTORES INTERNACIONAIS

Philipp Niemann Director-Geral EMEA da Engel &Völkers Um gestor entre continentes ➤

78 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Philipp Niemann iniciou a sua carreira em Consultoria de Gestão, tendo seguidamente

ingressado na Engel & Völkers em 2008. Começou a trabalhar na Divisão Comercial e criou o sistema de franquia para a Alemanha, a Áustria e a Suíça. Em janeiro de 2014 passou a exercer o cargo de Diretor-Geral, com a missão de dar apoio aos franchisados nos setores Residencial e Comercial existentes nas regiões da EMEA (Europa, Médio Oriente e África), Ásia e América do Sul. Em 2015, o Sr. Niemann assumiu adicionalmente a responsabilidade das atividades de Expansão para essas regiões.

Fale-me da Engel & Volkers e

Institute (DKI) e a revista financei-

consultoria em leasing e vendas

do caminho seguido pela em-

ra “Euro am Sonntag”. Além disso,

constituem as principais compe-

presa.

a Engel & Völkers foi vencedo-

tências dos seus cerca de 5.900

A Engel & Völkers é uma das

ra na categoria “Best Company

colaboradores.

empresas de serviços líderes do

Brand”, no “Marken Awards der

A divisão Yachting é especializa-

mundo, especializada na venda

Immobilienbranche” (“Prémios de

da na compra e venda de iates

e arrendamento de imóveis resi-

Marca da Indústria Imobiliária”) or-

exclusivos, à vela e a motor, bem

denciais de luxo, imóveis comer-

ganizado pelo ImmobilienScout24.

como no comissionamento e re-

ciais, iates e aeronaves. Criada

Em que consiste a visão, a

conversão de novas embarcações

em 1977, e com mais de 35 anos

missão e os valores da Engel &

e no fretamento de iates.

de experiência, assenta princi-

Völkers?

A mais recente divisão de negó-

palmente na solidez da marca e

A nossa visão é satisfazer as as-

cios Engel & Völkers Aviation é

no seu sistema de prestação de serviços. A Engel & Völkers é uma das primeiras empresas alemãs a ter sucesso no desenvolvimento de um sistema de franquias, baseado no conceito de serviço de uma marca forte, que opera à nivel internacional. Na realidade,

especializada na venda e freta-

"

OS INVESTIDORES PROCURAM CADA VEZ MAIS IMÓVEIS DE LUXO, COMO UM INVESTIMENTO DE CAPITAL SEGURO

"

graças a este sistema a Engel &

mento de aeronaves particulares e comerciais. A carteira inclui desde pequenas aeronaves de hélices a grandes super jatos. Além da atividade de fretamento de aeronaves para viagens individuais e do comércio de aeronaves, a Engel & Völkers Aviation opera como

Völkers é a única empresa sedia-

pirações de pessoas exigentes em

mediadora no fretamento a longo

da na Alemanha que se classifica

todo o mundo – seja no contexto

prazo de aeronaves a empresas e

entre as 100 maiores empresas

privado seja no contexto comer-

particulares e através de regimes

de franquia mundiais (classifi-

cial – com total paixão.

de propriedade fracionada. Além

cação direta de Franquia 2011).

Quanto aos valores fundamentais

disso, a divisão comercial fornece

Atualmente opera em 39 países

da empresa são Competência,

serviços completos de consultoria

nos cinco continentes. Programas

Exclusividade e Paixão.

jurídica e fiscal, gestão de aero-

de formação intensivos na sua

Quais são os produtos e os

naves, financiamentos estrutura-

Academia e o elevado nível de

serviços que estão à disposição

dos, bem como gestão de riscos e

garantia de qualidade que rege a

dos clientes?

seguros.

sua prestação de serviços sis-

Cerca de 570 lojas de mediação

O que é que distingue a E& V

tematicamente estruturada são

de imóveis residenciais, especia-

dos seus concorrentes?

fatores essenciais que explicam o

lizadas em imóveis residenciais

Os nossos USP (Unique Selling

sucesso da empresa. Em 2014, a

de luxo e 65 lojas de mediação

Points/Pontos de Venda Exclusi-

Engel & Völkers foi nomeada “Top

de imóveis comerciais, espaços

vos) mais importantes situam-se

National Employer” pela revista

de retalho e industriais, blocos de

na nossa rede internacional. A En-

de notícias alemã “Focus”. No

apartamentos e escritórios multiu-

gel & Völkers está representada

mesmo ano, a empresa conquis-

sos e carteiras de propriedades

em mais de 600 localizações, em

tou a primeira posição nas listas

oferecem aos clientes privados e

39 países no mundo inteiro.

de classificação de mediadores,

institucionais uma gama de servi-

Como definiria o mercado na-

publicadas pelo German Customer

ços profissionais. Os serviços de

cional e global?

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 79


Os diferentes mercados imobi-

sobretudo em localizações privi-

potenciais clientes.

liários em todo o mundo encon-

legiadas, classificam-se entre as

O primeiro MC foi inaugurado

tram-se em diferentes fases de

oportunidades de investimento

em Barcelona, em 2013. Foram

desenvolvimento. No entanto,

mais estáveis.

criados outros Market Centers em

de um modo geral, assiste-se a

Na verdade, 2014 foi o ano de

Nova Iorque, Madrid, Bogotá, Vie-

uma enorme procura de imóveis

maior sucesso para o nosso

na, Valência, Dubai e Malta.

residenciais. Os investidores

Grupo. Aumentámos as nossas

Como são definidas as estra-

procuram cada vez mais imóveis

receitas em comissões do Grupo

tégias atuais do Grupo para

de luxo, como um investimento de

de 10,1%, para 300,3 milhões de

garantir um futuro sustentável?

capital seguro em regiões interna-

euros, estabelecendo mais uma

A Engel & Völkers prevê um forte

cionais interessantes. Atualmente

vez um novo recorde na história

crescimento adicional em todas

os mercados que registam o maior

da nossa empresa, que remonta

as divisões de negócios no resto

crescimento incluem Espanha,

há quase 40 anos. Este acen-

do ano 2015. A tendência positiva

Itália, Alemanha, Bélgica, França

tuado crescimento das receitas

nos mercados veio para ficar e a

e Portugal. O mercado imobiliá-

revela que estamos no caminho

nossa rede global vai continuar a

rio norte-americano também tem

certo com a nossa estratégia de

expandir-se.

beneficiado de um enorme nível de

expansão.

Está programada a abertura de

procura por parte dos compradores

Quais os projetos concretos em

mais Market Centers este ano,

internacionais, nos últimos anos.

que a empresa está a trabalhar

por exemplo, em Roma, entre

Em termos globais, a população

e projetos futuros?

outros locais. Juntamente com

mundial está a aumentar e a economia acompanha essa tendência de crescimento. Isto significa que cada vez mais pessoas ricas podem dar-se o luxo de adquirir e possuir imóveis em localizações cobiçadas, cuja oferta é, no entanto, limitada e não pode ser

este novo conceito, o sistema de

"

A POPULAÇÃO MUNDIAL ESTÁ A AUMENTAR E A ECONOMIA ACOMPANHA ESSA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO

"

ampliada nem reproduzida. É por

loja, que tem tido muito sucesso, continuará a contribuir para o forte crescimento do grupo. O nosso desenvolvimento empresarial envolve a procura de franchisados em todas as regiões do mundo e a colaboração eficiente com a nossa marca nos respetivos mercados.

isso que os mercados de imóveis

O foco atual da Engel & Völkers é

Este crescimento também se

residenciais de luxo continuam a

a expansão internacional. Além da

traduz numa necessidade muito

crescer, independentemente das

criação, com sucesso, do sistema

grande de trabalhadores qualifica-

flutuações económicas.Como é

de Licence Partner em 1998, a

dos. Portanto, procuramos 2000

que a empresa está a reagir a

Engel & Völkers introduziu, em

novos consultores imobiliários,

estes difíceis tempos económi-

2013, o conceito de Market Cen-

até ao final do ano, nos 39 países

cos e financeiros globais?

ter (MC). A licença para um MC

onde estamos presentes.

A nossa receita de sucesso

abrange toda a região geográfica

Como CEO de uma multina-

baseia-se no nosso sistema de

de uma metrópole. Isto significa

cional, o que pensa da relação

prestação de serviços e na nossa

que o seu volume de transações

entre o poder político e o poder

rede global. Na nossa experiên-

é equivalente ao conjunto de 10 a

económico?

cia, as turbulências nos merca-

20 lojas e escritórios tradicionais

No nosso negócio observa-se

dos financeiros e as dúvidas que

da Engel & Völkers.

uma correlação forte, e muitas

rodeiam a estabilidade de moedas

Além de um espaço de escritório

vezes decisões políticas influen-

como o Euro podem impulsionar

central com capacidade de rece-

ciam diretamente no nosso negó-

a procura no mercado imobiliário

ber até 300 consultores imobiliá-

cio. Acompanhamos de perto as

de luxo. Em tempos de incerteza

rios, o conceito prevê a abertura

tendências, dado que as decisões

económica, os investidores pri-

de vários Property Lounges, em

políticas e os regulamentos relati-

vados e institucionais estão mais

locais estrategicamente rele-

vos aos impostos sobre o patrimó-

dispostos a investir em ativos

vantes em toda a cidade. Estes

nio, ou a legislação aplicável aos

corpóreos estáveis como o imo-

espaços destinam-se a servir de

consultores imobiliários afetam

biliário. As propriedades de luxo,

pontos de contacto iniciais para

muito a nossa atividade diária.

80 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015



VALORES

As jóias das celebridades Tudo começou com a belíssima história de amor de Alfred Van Cleef e Estelle Arpels. A paixão que nutriam um pelo outro levou-os a dar asas ao sonho de abrir uma loja de joias em Paris. O sucesso foi quase imediato. Hoje, a marca Van Cleef & Arpels é das mais conceituadas na conceção e produção de peças de joalharia. A inovação e a criatividade são aquilo que a tornam única. ➤

82 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 83


Van Cleef & Arples

A história de uma das mais prestigiadas casas de

joias do mundo começou graças ao amor. Este poderia ser o ponto de partida para um filme romântico ou para um conto de fadas, mas trata-se mesmo da vida real. Decorria o ano de 1896 quando Alfred Van Cleef se casou com Estelle Arpels. Ele, com 24 anos, descendia de uma família de artesãos holandeses habituados a talhar pedras preciosas. Ela, que ainda tinha 19 anos, era filha de um negociante que lidava com os mesmos minerais. Impossível celebrar-se a união de duas pessoas com mais a dar uma à outra: Estelle e os seus irmãos sabiam os maiores segredos destes minerais tão valiosos, e Alfred herdou do seu pai a arte da joalharia. As duas famílias juntaram esforços com a intenção de criar algo que permanecesse na História. Numa empreitada liderada por Alfred e na qual vieram a participar os cunhados Charles, Julien e Louis Arpels, foi criada a marca “Van Cleef & Arpels”, em 1906. Instalaram-se na Place Vendôme, em Paris, exatamente em frente ao magnânimo Hotel Ritz. A partir de então, começaram a criar e a vender peças de joalharia. A Cidade Luz foi o berço ideal deste projeto. Na capital francesa, crescia uma luxuosa elite política e económica. Ao mesmo tempo, cada vez mais turistas procuravam

Alfred e Estelle Van Cleef, 1895

84 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

Duquesa de Windsor

Soraya, Rainha da Pérsia


As formas humanas fazem sempre lembrar fadas e bailarinas, figuras graciosas do universo dos sonhos. As influências da Arte Deco estão presentes na sobriedade e geometria das peças, que se tornam tão perfeitas que nem parecem ter sido esculpidas por graça humana. Além das pedras preciosas pormenorizadamente trabalhadas, Alfred também foi visionário ao inventar novos objetos e técnicas de trabalho. Ele percebeu, por exemplo, a necessidade que as senhoras tinham de possuir uma malinha onde pudessem arrumar os objetos que eram parte das suas vidas – o batom, o pó de arroz, o pente, o perfume – visto que os guardavam Paris para umas férias fausto-

em caixinhas de metal, nada prá-

sas. Neste ambiente de requinte, o

ticas nem elegantes. Surgiu assim

negócio de joalharia de Van Cleef e

a Minaudière, uma bolsinha feita

associados solidificou-se, e a pró-

de metais preciosos que depressa

pria Praça onde estavam localiza-

passou a ser um acessório obriga-

dos tornou-se símbolo de elegância

tório. Além de guardar vários obje-

e classe.

tos, possuía joias incrustadas que

Essa é a palavra certa para des-

poderiam ser removidas e utilizadas

crever as peças desenvolvidas

à parte. Essa polivalência é um

pela empresa. O design das joias

atributo comum das peças desta

muitas vezes representa flores,

marca, pois os elementos que as

plantas, flocos de neve ou animais.

compõem podem ser removidos da ➤

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 85


Van Cleef & Arples

peça original e usados à parte.

Outra das inovações trazidas pela empresa foi a técnica “Mystery Setting”, que consiste em colocar uma pedra de cada vez para criar uma joia com uma determinada forma, sem que seja possível ver a estrutura onde essas pedrinhas estão assentes. O império de Van Cleef & Arpels começou a ser construído com a abertura de outras boutiques em

86 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


estâncias balneares, como Monte

do Mónaco, foi a famosa marca de

da empresa existe um momento

Carlo ou Nice. Hoje, 109 anos

Paris que criou muitas peças de joa-

curioso em que Portugal e França

depois do nascimento da marca,

lharia que abrilhantaram a cerimó-

se uniram. Em 1998, Manoel de

a loja mãe da Van Cleef & Arpels

nia. O sucesso das criações levou

Oliveira, um dos nomes maiores

mantém-se no número 22 da Place

a Van Cleef & Arpels a tornar-se a

do cinema português, gravou uma

Vendôme. Preserva ainda o sen-

fornecedora oficial do Principado do

cena do filme “La Lettre” na loja

tido de familiaridade que provem

Mónaco.

mãe, na Place Vendôme.

da união das famílias fundadoras

Há mais celebridades fiéis a estas

Há cerca de 500 anos, o autor italia-

e, nascida no seio de uma relação

criações, como Elizabeth Taylor,

no Baldassare Castiglione escreveu

amorosa, a empresa está muito

Sharon Stone, Brigitte Bardot, Céli-

que “a verdadeira arte é aquela que

presente em celebrações de casa-

ne Dion, Mariah Carey ou Jacqueli-

não parece arte de todo”. E os joa-

mentos reais. O último xá do Irão,

ne Kennedy. A marca está presente

lheiros da Van Cleef & Arpels sem-

Reza Pahlavi, casou-se três vezes

em muitos países do mundo e nas

pre levaram esta máxima à letra. As

com três belíssimas senhoras. A

cidades mais luxuosas e elegantes,

peças, que mesclam criatividade e

todas elas ofereceu frequentemente

como Genebra, Milão, Nova Iorque

requinte, parecem caídas do céu,

peças muito valiosas da Van Cleef

ou Dubai.

do reino dos Deuses. Provam como

& Arpels, carregadas com diaman-

A Van Cleef & Arpels não possui

os dedos humanos têm perícia para

tes e rubis. Quando Grace Kelly

ainda um espaço de venda em

fazer obras de outro mundo.

se casou com o Príncipe Rainier

território lusitano, mas na história

G.C. Arquivo Revista Eles & Elas

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 87


MALA DIPLOMÁTICA

Festa Nacional de França

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A Festa Nacional francesa foi novamente comemorada com uma fantástica receção no Palácio de Santos. Cerca de mil personalidades, portuguesas e estrangeiras, foram convidadas pelos Embaixadores de França para marcarem presença nesta celebração. Na ocasião, o Embaixador Jean-François Blarel proferiu um discurso onde lembrou os desafios com os quais a França tem lidado nos últimos meses, nomeadamente os

1. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador de França

“atentados perpetrados por terroris-

2. Embaixadores da Polónia e Sérvia

tas fanáticos”. Agradeceu igualmente

3. Pia Siegler e Maria de Bragança

aos portugueses a solidariedade e o

4. Emílio Rui Vilar e Carlos Monjardino

apoio demonstrados depois destes ataques e elogiou a cooperação entre os dois países: “as nossas relações políticas, económicas,

88 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

5. Maria da Luz de Bragança e Maria de Belém 6. Marie France e Embaixatriz da Bélgica


Intervenção do Embaixador Jean-François Blarel Boa tarde a todos, a minha Mulher e eu agradecemos a vossa presença no Palácio de Santos para comemorar a festa nacional francesa. Agradeço também aos numerosos e generosos mecenas que permitiram fazer desta noite um sucesso e uma festa de excelência. Esta festa em honra dos nossos valores de liberdade, igualdade e fraternidade, acontece numa época conturbada e difícil. Em Janeiro e em Junho, a França foi alvo, à semelhança de outros países, de atentados perpetrados por terroristas fanáticos. Agradeço novamente às autoridades portuguesas e ao povo português a solidariedade demonstrada, nestas circunstâncias, para com o meu país. As nossas relações políticas, económicas, culturais e migratórias com Portugal reforçaram-se ainda mais. No passado mês de Abril, recebemos a visita do Primeiro-Ministro francês em Lisboa. Manuel Valls recordou nomeadamente que a França iria respeitar os seus compromissos enquanto país da zona euro e que iria prosseguir a redução das suas despesas públicas. Neste contexto de cortes orçamentais, perdemos muitos colaboradores da Embaixada e tivemos de fechar o nosso Consulado Geral no Porto em Abril. A França prepara-se para acolher no final do ano a Conferência de Paris sobre o clima. As nossas autoridades estão a fazer todos os esforços para mobilizar governos, empresas, cientistas, autoridades religiosas e a sociedade civil para chegar a um acordo. Em Portugal, um debate cidadão e uma Conferência-debate foram organizados com a nossa ajuda a 6 e a 24 de Junho. Esta recepção tem como tema o cinema francês, para anunciar a realização neste Outono, em Lisboa e em 20 outras cidades portuguesas, de uma nova edição da Festa do cinema francês.

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7. Afonso Loureiro e Katarzyna Mrozowska 8. Fernando Bessa e Naushad Kanji 9. Inês Mena Mendonça e Maria de Bragança 10. Embaixador do Japão com Maria da Luz de Bragança 11. Sérgio Godinho e Carlos do Carmo

te ano, e falou ainda da próxima

lares, em 1789, um dos primeiros

tugal reforçaram-se ainda mais”,

edição da Festa do Cinema Francês

momentos da Revolução Francesa.

salientou.

em Portugal, que, aliás, serviu de

A partir de então, a sociedade deste

culturais e migratórias com Por-

Na sua intervenção, o Embaixador

tema para este final de tarde.

país firmou-se em torno de três va-

mencionou a Conferência de Paris

Este dia, também conhecido como

lores essenciais: liberdade, igualda-

sobre o clima, que vai acontecer

Dia da Bastilha, celebra o episódio

de e fraternidade, que têm inspirado

entre novembro e dezembro des-

da Tomada da Bastilha por popu-

muitos povos ao redor do mundo.

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JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 89


MALA DIPLOMÁTICA

Festa Nacional do Luxemburgo

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1. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador do Luxemburgo 2. Embaixadores do Perú e do Chile 3. Anton Murphy com a Embaixadora da Irlanda 4. Embaixatriz Ana Rocha Páris, Embaixador

A Embaixada do Luxemburgo em

os convidados puderam apreciar o

Lisboa fez questão de assinalar a

talento e a sensibilidade do pianis-

Festa Nacional do Grão-Ducado

ta luxemburguês Francesco Tris-

com uma receção oficial. Paul Sch-

tano, que espalhou a sua música

mit, o Embaixador, abriu as portas

pelos jardins da Embaixada. O

da sua residência a dezenas de

artista interpretou os hinos do Lu-

convidados, entre os quais esta-

xemburgo, de Portugal e também

vam homólogos seus de outros

o da União Europeia, impressio-

países e também empresários.

nando os cerca de 350 convidados

Neste fim de tarde de celebração,

e abrindo o apetite para as suas

90 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

do Uruguai com Maria da Luz de Bragança 5. Teresa Guimarães e Diana Polignac 6. Maria de Bragança com a Embaixatriz do Luxemburgo 7. Filipa Castello Branco e José Soares de Albergaria


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8. Pianista luxemburguês Francesco Tristano 9. Van Uden, Dom Duarte de Bragança e Miguel Horta e Costa 10. Teresa Guimarães e João de Castro 11. Condes de Nova Goa 12. Paula Taborda 14. Mira Amaral e Luís Queiró

atuações seguintes. Francesco

um decreto assinado em 1961. O

Tristano tocou algumas das suas

atual monarca, Henrique de Lu-

próprias composições e homena-

xemburgo, nasceu a 16 de abril,

geou Bach ao interpretar algumas

mas as festividades continuam a

das suas árias.

realizar-se em junho, altura do ano

Esta comemoração realiza-se a

em que se verificam, no peque-

propósito do aniversário oficial de

no Estado, melhores condições

Sua Alteza Real o Grão-Duque. A

climatéricas que tornam possível o

celebração foi fixada para ocor-

festejo.

rer no dia 23 de junho graças a

n

Gonçalo Coelho

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 91


MALA DIPLOMÁTICA

Dia Nacional da Polónia

2

1

3

4

1. Os convidados a assistir ao

5

concerto do conceituado pianista polaco Krzysztof Dutkiewicz 2. Condecorado Prof. João Carlos Espada 3. Condecorado Dr. Sebastião Francisco Seruca Emídio 4. Condecorado Prof. João Carlos Espada com convidados 5. Embaixador da Polónia, Prof. Bronisław Misztal; Embaixatriz Anna Kostrzewa Misztal com os condecorados: Prof. João Carlos Espada, Dr. Sebastião Francisco Seruca Emídio e Dr. José Mendes Bota

O Dia Nacional da Polónia foi assina-

co, o senhor Eugeniusz Grzeszczak,

e Polónia “nunca tiveram relações

lado em Portugal com uma receção

que, à semelhança do Embaixador,

tão próximas, tão intensas” como

oferecida pelo Embaixador do país,

proferiu um discurso. Grzeszczak

as que têm agora. Bronislaw Misztal

Bronislaw Misztal, no Palácio Foz,

elogiou as relações de amizade

lembrou ainda a importância de lutar

em Lisboa. Foram muitas as perso-

existentes entre os dois países e

sempre pelas liberdades dos dois

nalidades convidadas a marcar pre-

aplaudiu os três cidadãos portugue-

povos.

sença neste evento de celebração da

ses condecorados com Ordens de

A receção foi abrilhantada por um

República polaca, como representan-

Mérito polacas: José Mendes Bota,

recital de piano do conceituado

tes do Governo português, membros

deputado e antigo Presidente de

músico polaco Artur Dutkiewicz, na

do corpo diplomático creditado em

Loulé, o médico Sebastião Francisco

Sala dos Espelhos do Palácio Foz. O

Portugal, empresários e representan-

Seruca Emídio e o professor João

Dia Nacional da Polónia comemora o

tes de várias instituições nacionais.

Carlos Espada.

aniversário da constituição de 1791,

A receção contou com a presença do

O Embaixador também se dirigiu aos

considerada a primeira constituição

Vice-Presidente do Parlamento pola-

convidados afirmando que Portugal

moderna da Europa.

92 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Discurso do Embaixador da Polónia, Prof. Bronisław Misztal Por ocasião do aniversário da constituição polaca (“a Constituição de 3 de maio”) Reunimo-nos aqui para um momento de

nós, é tão importante que nos tornemos

recordação,para refletir sobre o papel da

embaixadores das nossas liberdades e

constituição na vida política e social de

das vossas. Era esse o lema de vários

uma nação. Nós, na Polónia, comemorá-

patriotas polacos: dos generais Tadeusz

mos na semana passada o 223º aniver-

Kosciuszko e Kazimierz Puławski que lu-

sário do que foi considerada o segundo

taram pela liberdade dos Estados Unidos.

regulamento constitucional moderno no

Essa foi a motivação do nosso famoso

mundo, a Constituição de 3 de maio de

emissário Jan Karski, cujo 101º aniversá-

1791.

rio de nascimento se comemorou há duas

No 25 de abril, a República de Portugal

semanas. Karski deu os seus melhores

celebrou o 39º aniversário da sua pró-

anos à luta contra o Holocausto e lutou

pria Constituição, que foi aprovada pela

por uma correta memória histórica. Esse

Assembleia Constituinte a 2 de abril de

foi também o destino de Lech Wałęsa, e

1976. A nossa foi uma constituição, que

na semana passada tivemos a mostra de

ofereceu uma conclusão a um determina-

um filme recente que falava da sua fé e

do período, concebida para consertar a

esperança, frequentemente envolvido em

estrutura social na Polónia do século 18,

ativismo político. Nós somos os últimos

com um sentido de realismo político. A

românticos da Europa. Mas também

vossa foi uma constituição, que iria abrir

somos realistas. Nós demos à Europa

um capítulo da história. A Constituição

uma nova liderança, na pessoa de Donald

polaca tinha 11 artigos, em comparação

Tusk, e demos à Europa sangue novo e

com os 296 do documento português. O

novo capital intelectual já que centenas de

co-autor da Constituição polaca, Hugo

milhares de nós, polacos, estão espa-

Kołłątaj, considerou-a um primeiro passo

lhados por todo o lado. Oferecemos à

para legislar as regras da operação de um

Europa, o nosso forte sentido de respon-

Estado moderno. Era suposto ter surgi-

sabilidade moral, solidariedade e visão.

do leite, indústria de hardware, indústria

do depois a Carta Económica e a Carta

E recebemos de João Paulo II um forte

marítima e representantes da indústria da

dos Direitos Morais. Estes acabaram por

sentido de justiça social.

defesa que estiveram aqui em Lisboa nos

nunca ter sido escritos, devido ao curso

Senhoras e senhores,

últimos meses. Notamos com satisfação

acelerado da história que fez com que,

À medida em que participo na comemo-

que a Polónia é um país que goza não só

alguns anos mais tarde Polónia, tivesse

ração dos dias nacionais de vários países

de sucesso económico, mas também da

sido vítima de divisões. Desde então, e

aqui em Lisboa, vou escutando os anún-

confiança dos investidores estrangeiros,

especialmente desde que recuperámos a

cios de visitas e eventos que marcam o

com o Português a ser um importante

nossa independência, em 1989, sofremos

vínculo de Portugal com os países estran-

segmento. Os nossos eventos culturais e

um síndrome muito forte de soberania

geiros. Ficamos orgulhosos por dizer que

eventos de diplomacia pública, e temos,

cívica. Nós, como nação, nunca fomos

Portugal e Polónia nunca tiveram relações

em média, um evento por semana, atraem

totalmente derrotados nem dominados, e

tão próximas, tão intensas e tão multidi-

grandes audiências. Vemos mais estu-

qualquer que tenha sido a administração

mensionalmente bilaterais como as que

dantes a irem de um sítio para o outro.

estrangeira implementada sobre nós, ela

temos experimentado ao longo dos quase

Não há melhor testemunho da qualidade

nunca vingou plenamente. Quase um

três anos do meu mandato aqui. Portugal

das nossas relações bilaterais.

ano depois de a Constituição ter sido

é considerado um sério ator internacio-

Hoje também acolhemos três excepcio-

aprovada, o embaixado russo na Poló-

nal, um responsável, e isso reflete-se

nais cidadãos de Portugal: o Sr. José

nia entregou uma nota ao ministro dos

no número e grau de visitas. Tivemos o

Mendes Bota, o Sr. Emidio Seruca e o

Negócios Estrangeiros polaco, acusando

Presidente, o Primeiro-Ministro, o Ministro

Prof. João Carlos Espada que, após a

o novo estado de alegadas perseguições

dos Negócios Estrangeiros, um grupo de

minha recomendação, receberam a mais

a grupos religiosos ortodoxos russos, e o

ministros constitucionais, parlamentares e

elevada Ordem de Mérito polaca pelo

exército da Rússia, com 90 mil pessoas,

empresários a visitar Portugal da Polónia.

Presidente da Polónia. O intercâmbio

entrou no país com o pretexto de prote-

Só hoje temos a sorte de ter connosco

de pessoas a nível individual é o melhor

ger a minoria russa. Junto vieram 20 mil

o Vice-Presidente do Parlamento da

indicador das nossas relações bilaterais.

separatistas, que assinaram o chamado

Polónia, Sr. Eugeniusz Grzeszczak, e

Não há melhor forma de apreciar o que

acordo confederação.

um grupo significativo que representa o

têm estado a fazer do que ter o vice-pre-

Minhas queridas senhoras e senhores,

Câmara de Comércio polaca portuguesa.

sidente do Parlamento polaco a entregar

Sem dúvida, reconhecerão que certos

Várias indústrias estão interessadas em

essas condecorações. Esta é a nossa

acontecimentos históricos se repetem

esforços comuns de mercado. Temos pro-

maneira de dizer “obrigado Portugal”. Viva

ao longo do tempo. É por isso que, para

dutores de têxteis e de vestuário, indústria

a Polonia. Viva Portugal. n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 93


MALA DIPLOMÁTICA

Dia Nacional de Marrocos Celebrou-se a monarquia e a amizade com Portugal

1

2

3

4

A Embaixadora de Marrocos em Portugal ofereceu uma receção oficial a propósito da Festa do Trono marroquino. Compareceram muitos políticos portugueses, bem como representantes do corpo diplomático creditado em Portugal, empresários e académicos dos dois países, entre outras personalidades que não recusaram o convite de Karima Benyaich. Na receção, a Embaixadora proferiu um discurso onde elogiou o esforço realizado pelo monarca marroquino, o Rei Mohammed VI, na modernização do país. Karima mostrou-se igualmente orgulhosa a respeito da relação de amizade que se mantem ➤

94 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

1. A Embaixadora de Marrocos proferindo o seu discurso 2. Karima Benyaich com Maria da Luz de Bragança 3. Maria de Belém e Maria do Rosário Braga da Cruz 4. Dom Duarte Pio


5

7

6

8

9

10

há várias décadas entre Portugal

e Marrocos, atestada nesta ocasião pelo convívio saudável entre personalidades dos dois países. Os convidados tiveram a oportunidade de saborear pratos típicos deste país norte-africano e desfrutar de música tradicional, num fim de tarde agradável e bem-disposto. Este dia assinalou o 16.º aniver-

5. Embaixadores da Indonésia, Qatar, Países Baixos, Grécia e Palestina

sário da ascensão ao trono de

6. Embaixadores do Senegal, Major General Manuel Fernando Rafael Martins

Mohammed VI, acabando por ser,

e Esmeralda Martins 7. Nuno Crato e sua filha, Inês 8. Laila Dakir e Abderazzak Kadess 9. Embaixadores de Cabo Verde e Embaixadora da Argélia, Fatiha Selmane 10. Os músicos

desse modo, o Dia Nacional do Reino de Marrocos.

n

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 95


MEMÓRIA

Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias Pela primeira vez, os portugueses tiveram a oportunidade de apreciar as melhores fotografias do arquivo da agência de notícias EFE, numa exposição que, depois de visitar as principais cidades espanholas e a maioria dos países da América Latina, chegou a Lisboa uma recordação dos acontecimentos que marcaram a história dos últimos 75 anos.

Lisboa, 25-4-1974.- Aspeto das ruas da capital portuguesa depois do Golpe de Estado do chamado 'Movimento das Forças Armadas', que estabeleceu a Junta de Salvação Nacional, presidida pelo general António de Spínola. A revolução do 25 de abril derrubou o Presidente do Conselho de Ministros Marcello Caetano sem derramamento de sangue. EFE

Rostos familiares como o lendário jogador Eusébio,

dos com figuras, lugares e acontecimentos de todo

o escritor José Saramago, a fadista Amália Rodri-

o mundo, em fotografias igualmente carregadas de

gues ou o recentemente eleito melhor jogador do

história.

mundo Cristiano Ronaldo, acolhiam os visitantes da

Uma imagem do encontro entre Franco e Hitler em

Galeria dos Paços do Concelho.

Hendaye (França), em 1940, chama a atenção por

Das 75 fotografias da exposição, 25 delas tinham

se ter sido modificada, recorrendo a técnicas dispo-

Portugal como protagonista e testemunham ainda

níveis na altura para favorecer a figura de Franco e

momentos como a Revolução dos Cravos, a assina-

introduzir militares na fotografia.

tura da adesão de Portugal à Comunidade Econó-

Momentos raros, como aquele em que um raio

mica Europeia ou a última visita oficial dos reis de

acerta em cheio da mão da estátua do Cristo Re-

Espanha.

dentor no Rio de Janeiro e imagens inesperadas,

Na segunda sala, os espectadores eram confronta-

como a de um menino despido debaixo de uma

96 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


1

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1. Espanha, 21-9-1939.- Dois meninos levantam os braços em saudação fascista perante um cartaz com a foto do chefe de Estado, Francisco Franco, pouco depois de terminar a guerra. EFE 2. Rio de Janeiro (Brasil), 2-7-1950.- O avançado da seleção espanhola de futebol Telmo Zarraonandía, "Zarra", marca o golo que deu a vitória a Espanha e a classificação para a quadrangular final do Mundial de 1950, no Estádio do Maracanã. EFE 3. Cascais (Portugal) 1-7-1948.- O infante Juan Carlos, filho dos Condes de Barcelona, visita o monólito erguido em honra do General Sanjurjo, falecido num acidente de aviação junto à Boca do Inferno, em Cascais. EFE 4. Madrid (Espanha), 6-10-1957.- A atriz Sara Montiel posa para promover o seu filme “O Último Couplet”, dirigido por Juan de Orduña. EFE 5. Madrid (Espanha), 3-9-1959.- O guerrilheiro argentino Ernesto "Che" Guevara assiste a uma

5

corrida de touros na praça de Las Ventas durante a sua visita a Madrid. EFE/Hermes Pato

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 97


Agência EFE mostra 75 anos de história em fotografias

7 6

8

9

6. Hendaye (França), 23-10-1940.- Fotografia “modificada” do encontro de Franco e Hitler em Hendaye. Franco levanta o braço em saudação, mas as figuras de ambos os ditadores foram retiradas de um ato anterior e coladas sobre o original de Hendaye. Os militares que aparecem atrás de Hitler também foram “colados”. EFE 7. Madrid (Espanha), 19-9-1964.- O ativista dos direitos civis Martin Luther King ensaia com a guitarra pouco depois da sua chegada ao aeroporto de Barajas, vindo de Roma, acompanhado pelo seu ajudante Ralph David Abernathy (d). EFE/Luis Alonso 8. Pedernales (República Dominicana), 19-8-2007.- Um menino despido debaixo da intensa chuva após a passagem do furacão 'Dean', no meio da estrada que une a localidade com a capital dominicana. EFE/Orlando Barría 9. Madrid (Espanha), 19-6-2014.- O Rei Felipe VI durante o seu discurso, na cerimónia de proclamação, perante as Cortes Gerais. EFE/J.J.Guillén

intensa chuva, após a passagem do furacão

os seus 75 anos de existência poderá ser visitada

'Dean' pela República Dominicana, disputam o

gratuitamente até dia 17 de fevereiro, no edifício

olhar dos visitantes.

dos Paços do Concelho, em Lisboa.

Recordações de conflitos recentes, como o atentado

A Efe é a quarta agência de notícias mais importan-

do 11 de Setembro em Nova Iorque, os confrontos

te do mundo e a primeira em espanhol. Conta com

na Ucrânia e a tensão entre Israel e a Palestina,

mais de três mil profissionais distribuídos em mais

completavam a exposição “EFE: 75 anos em fotos”.

de 120 países, produzindo mais de cinco mil notí-

As imagens, escolhidas a partir do arquivo de mais

cias por dia em plataformas de texto, foto, áudio,

de 17 milhões de fotos recolhidas pela EFE durante

vídeo e multimédia.

98 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015

n


Um surpreendente conhaque da Moldávia No séc. XVII os vinicultores de Charente descobriram a

da, sendo que apenas a bebida produzida na região

dupla destilação o que trouxe uma melhoria ao sabor

francesa Cognac, poderia ser denominada cognac.

da bebida. O conhaque seria amadurecido ao longo do

Em vários países é fabricado com o nome brandy. Na

tempo após ser reservado em barris de carvalho aos

República da Moldávia este utiliza o nome “Divin”, que

quais extrairia a cor de âmbar. Num curto período de

significa “Divino” – o nome da bebida fabricada confor-

tempo, o conhaque seria uma bebida muito apreciada

me a tecnologia clássica de produção do conhaque. Na

sendo considerada uma das mais finas bebidas des-

República da Moldávia, “Divin” exprime algo puro, ma-

tiladas do mundo. Em 1909, o governo francês emitiu

ravilhoso, o que valoriza cada singularidade dos cachos

um decreto que estipularia uma exclusividade à bebi-

de uva concentrados nesta fina bebida. ■ Atlantikdynamik – Tel.: 962 767 979

“LegendaMoldoveiVSOP” - Divin (brandy) Volume:500ml, 40%alc Castas: UgniBlanc,Aliquota Rkatseteli De cor âmbar. O sabor lentamente descoberto, agradável demonstra o tom suculento de fruta. Aroma brilhante multi-facetado, ao de leve um travo de baunilha, ameixas secas, mel e amêndoas.

Recomendado como digestivo e combina

bem com o café. Prémios:”Peterfood”2004, “WorldFoodUkraine”2004,”Prodexpo”2005.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 99


WELNESS

Pedro Ferreira Lopes por Maria Bragança Um empresário de referência

Desde os dois anos que desejava ser dentista. Ainda não sabia pronunciar a palavra e já sonhava em oferecer sorrisos novos e brilhantes às pessoas. Pedro Ferreira Lopes, licenciado em Medicina Dentária e especialista em Implantologia, fundou a Prime Dental Clinic. É feliz a trabalhar em Portugal e não se imagina a estender o seu negócio a outros países, porque ele recebe clientes de todo o mundo. A sua experiência já o levou a Paris, onde discursou e foi aplaudido de pé.

100 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Nasceu em Lisboa, tendo família

outro lado do mundo, pessoas que

uma agenda para dois meses. Se

de todo o mundo. Tem origens fran-

vêm do Brasil, Angola, Moçambi-

fizer isso, torna-se insuportável e

cesas e inglesas, o que ajuda a ex-

que, França, Suíça, à procura do

não dá. As pessoas querem marcar

plicar, possivelmente, os olhos claros

meu trabalho, porque nessa busca

consulta e digo que só tem consul-

e o cabelo loiro. Sempre teve uma

constante da perfeição acabámos

ta para daqui a seis meses. Não

educação muito rígida, e mostra-se

por nos tornar uma referência in-

é confortável. A pessoa não pode

satisfeito por tal ter acontecido.

ternacional de qualidade. Então, as

querer ser ambiciosa e gananciosa

Onde estudou?

pessoas que procuram a qualidade

demais, e muitas vezes as pessoas

Nos Salesianos. Primeiro frequentei

e que podem, obviamente, vêm a

mandam-se para a frente porque

o colégio Pinheirinho, na Parede.

Portugal fazer os tratamentos, o que

têm uma ambição e uma ganância

Depois fui para os Salesianos.

acaba por ser curioso. No entanto,

desmesuradas e não percebem que

Estive ainda num colégio que era o

abrir fora, não! Porque as pessoas

melhor que o dinheiro é a pes-

Luísa Sigea, no Estoril, e mais tarde

têm a tendência da megalomania,

soa ganhar algo bem ganho, com

fui para o Colégio Portugal, até que

e a megalomania tem um efeito

honestidade, e dormir bem à noite.

tirei o curso de medicina dentária.

que pode ser negativo. Consigo

Saber que o que faz é bem feito.

Porquê a medicina dentária?

estes resultados porque sou eu que

O que é que gosta mais de fazer?

Sempre gostou disso?

faço grande parte dos trabalhos, e

É melhor perguntar-me o que é que

Sempre! Olhe, por incrível que

aqueles que não sou eu que faço

não gosto de fazer! Gosto imenso

pareça, e isto contam-me, porque

estão sob a minha alçada e eu

do que faço, e é muito difícil dizer

não me lembro, desde os dois

aquilo que gosto mais de fazer. Há

anos e qualquer coisa que quero

coisas que, por uma questão de

ser dentista. Começou muito cedo. Porquê, não faço ideia… Não tenho ninguém na família dentista, não sei, não faço ideia. Quando perguntavam o que queria ser, eu nem dentista sabia dizer bem, dizia que

"

tempo, já não faço, como limpezas,

NA MINHA CLÍNICA TENHO PESSOAS QUE ME PROCURAM VINDAS DE TODO O MUNDO.

era “dentita”. E sempre passei todo o meu trajeto de vida com esse objetivo de ser dentista. Tenho o jeito

desvitalizar dentes… Tenho outros médicos que fazem esse tipo de trabalho. Tenho uma higienista, que

"

faz a parte da higiene oral, e tenho uma médica que faz a especialidade de endodontia, que são desvitalizações e restaurações. Estou mais vocacionado para aqueles

manual, toda a parte manual da

controlo aquilo que é feito. Quando

tratamentos mais complexos, como

dentária, e gosto muito de tudo por-

nós expandimos, não consigo estar

as coroas, os implantes, a ortodon-

que é sempre diferente, são sempre

em dois sítios ao mesmo tempo,

tia, que são os aparelhos dentá-

trabalhos diferentes, e acaba por

e então vou estar a desvirtualizar

rios. Quando comecei a trabalhar,

ser sempre um desafio constante.

aquilo pelo qual sou conhecido, que

dediquei-me essencialmente à parte

Claro que não há nenhuma boca

é o tipo de atendimento ao paciente

cirúrgica e estética e delegava a

igual…

e a qualidade que oferecemos. Para

ortodontia. Acontecia que muitas

Exatamente! E como sou muito

muitas pessoas acaba por ser um

vezes queria estruturar um trata-

perfecionista, pois procuro a perfei-

tiro no pé, porque depois estragam

mento e mandava para a ortodontia,

ção em tudo aquilo que faço, esse

a imagem que têm e pela qual são

e quando chegava não estava como

desafio acaba por ser maior a nível

conhecidos. Hoje em dia, e apesar

eu gostava. Assim, comecei tam-

técnico.

de haver a dita crise, tenho cada

bém a fazer ortodontia e consigo as

Por enquanto está em Portugal,

vez mais trabalho, cada vez mais as

coisas exatamente como quero.

um dentista, um profissional mui-

pessoas procuram qualidade, e isso

Às vezes as pessoas não enten-

to respeitado. Está a pensar em

mostra-me que estou no caminho

dem, mas os problemas dentários,

abrir ou já abriu algumas delega-

certo.

além dos problemas de saúde que

ções fora de Portugal?

Podia estar em Portugal e ir para

poderão ter, podem trazer riscos

Não. Na minha clínica tenho pes-

fora de vez em quando…

acrescidos, como doenças cardio-

soas que me procuram vindas de

Sim, poderia acontecer, mas repare:

vasculares, enfarte, AVC, doenças

todo o mundo. Tenho pessoas

estamos no fim de Fevereiro, só te-

autoimunes… Os problemas dentá-

vindas da Austrália, que fica do

nho vagas para o fim de Abril, tenho

rios agravam os problemas

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 101


Pedro Ferreira Lopes

legas portugueses quer dos france-

zer um tratamento caro, decidiu que

vezes não sabem.

ses, porque fui mostrar abordagens

ia tratar deles, e fê-lo em boa hora.

Além de toda a parte social, a

diferentes e fui a única pessoa

Temos na clínica um tratamento

pessoa quando não tem dentes

aplaudida de pé.

One Day Solution. Pessoas que têm

sente-se diminuída, constrangida.

Consegue fazer um resumo do

poucos dentes, com indicação para

autoimunes, e as pessoas muitas

Noto que, cada vez mais, as pes-

que apresentou nessa palestra?

extração, ou que não têm dentes

soas depois de chegarem ao fim do

Foi um caso de um senhor muito

vêm e nós colocamo-los todos no

tratamento dizem-me que mudei a

influente na nossa praça, não muito

mesmo dia. Entra sem dentes e sai

vida delas. E isso é curioso, como

conhecido mas muito influente, que

com dentes fixos a mastigar uma

mudar um sorriso muda a vida de

tinha uma deformação congénita.

maçã, por exemplo. As pessoas

uma pessoa. E isso acontece com

Não tinha articulação num dos lados

pensam que vão ter muitas dores.

grande frequência porque faço tra-

da mandibula. O maxilar dele não

Não vão. Até é engraçado, as pes-

tamentos muito grandes, de bocas

encaixava num dos lados em cima,

soas dizem “eu não tive dores, você

inteiras, e as pessoas sentem que

então tinha uma deformação facial

andou aqui a mexer e não tenho

mudámos a vida delas, o que é

dentária e maxilar muito grande de-

dores”, ou quando vêm dizem “eu

fantástico.

vido a essa deformação de nascen-

acho que vai doer” e chegam ao fim

Nunca sonhou criar uma escola

ça. Tinha os dentes muito estraga-

e dizem “não doeu”.

ou ser professor?

dos. Fizemos uma abordagem para

Que recado gostaria de dar aos jovens?

Sim, cheguei a dar aulas na faculdade, quando acabei o curso, o que me diferenciou das outras pessoas. Estive um ano e meio a dar aulas mas deixei por dois motivos. Primeiro, por uma questão de tempo, pois comecei logo a ter muito trabalho,

"

fruto da tal momentânea qualidade do trabalho que demonstrava aos pacientes. Depois, acabei por não

A prevenção é fundamental. Para

AS PESSOAS NÃO ENTENDERAM QUE

evitar problemas futuros, e a pre-

PARA USUFRUÍREM DE TRATAMENTO COM DIGNIDADE E COM QUALIDADE, NÃO EXISTE O LOW-COST

me enquadrar bem no sistema uni-

"

venção não chega, é preciso ir ao dentista de seis em seis meses e fazer higiene oral, e se se fizer isso primeiro é mais fácil evitar situações futuras. Quantas vezes devemos fazer higiene oral por ano? Duas vezes! A pessoa deverá fazer

versitário porque achei que era um

restabelecer a função, a estética e

de seis em seis meses. Existe muito

pouco desorganizado, e como sou

o equilíbrio funcional do lado que

a ideia de que o dentista é mui-

uma pessoa extremamente orga-

não tinha articulação. Corrigimos,

to caro. Um tratamento sim, mas

nizada e de pés na terra achei que

fizemos um estiramento muscu-

tratamentos pontuais não, até é em

não era bem aquilo que eu queria.

lar progressivo para restabelecer,

conta. Na clínica temos uma linha

Para dar aulas penso que deveria

como se fosse uma fisioterapia,

de crédito.

ser uma coisa mais à séria. Queria

para abrir o maxilar, e isso demorou

E a família?

mais e melhor, mais empenho de

oito meses. Nunca ninguém tinha

Sou casado com uma sul-africana.

ambas as partes, dos alunos e dos

feito esse tipo de abordagem para

Conheci-a em Portugal através

colegas. Acabei por deixar.

aquele tipo de situação, daí ter sido

de um amigo. Estava no Algarve,

Quando for mais velho não pensa

aplaudido. Depois disso colocámos

fomos jantar e foi amor à primeira

arranjar um querubim, chamar

implantes.

vista. No dia em que nos conhece-

um dentista e ficar perto dele só

O senhor ficou fantástico e deu um

mos começámos a namorar e oito

para ele aprender?

testemunho de agradecimento, pois

meses depois estávamos casados,

Acabo de alguma maneira por

andou 50 anos com esse proble-

faz quinze anos! Temos dois filhos.

fazer isso, de vez em quando dou

ma, que agora está resolvido. Ele

Sente que a vida lhe tem corrido

cursos. Ainda o ano passado em

próprio vivia bem com a situação,

bem?

Paris dei um curso de implantologia,

mas acabou por querer tratar-se

Tenho uma abordagem da vida um

num evento internacional onde fui

porque uma vez o filho perguntou-

pouco peculiar. Acho que acima de

convidado para dar uma palestra.

-lhe porque é que ele não tratava os

tudo temos de ser felizes, e a felici-

Foi muito interessante e tive uma

dentes. Sensibilizado, e até porque

dade passa por muita coisa. Vive-

aceitação fantástica, quer dos co-

não tinha qualquer problema em fa-

mos numa sociedade materialista

102 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


e as pessoas têm a ideia de que

a felicidade passa pelo material. Obviamente ter dinheiro e uma vida estável é importante, e até era um pouco ridículo dizer o contrário. Mas não é tudo! Importante é a saúde! Se uma pessoa não tiver saúde não tem nada! A saúde é a base da nossa felicidade, depois é a família, e o dinheiro é um complemento, pois ajuda-nos a ter acesso a coisas que não teríamos. Mas, como vivemos numa sociedade muito materialista, as pessoas muitas vezes fazem coisas de que não gostam só por razões financeiras. Era incapaz de fazer isso. Faço isto porque gosto, e sou feliz. Se não fizermos aquilo de que gostamos nunca vamos sentir o pleno de felicidade. É isso que digo aos meus filhos. Façam aquilo de que gostem. Em que países mais gostou de estar? Gosto muito de viajar e até à data gostei de todos os países em que estive. Já estive no Brasil, e acho que é um país que tem muito a ganhar com o turismo. Estive também nos EUA, que é um país

fazer. Acho é que existe um exces-

devido às nossas leis. Acabam por

interessantíssimo. Gosto muito de

so de dentistas, isto é, existem cer-

pagar fortunas.

Nova Iorque, mas gosto mais de

ca de nove mil dentistas para uma

Então ainda não fez tudo, certo?

Londres, pois é mais europeu. Gos-

população de 10 milhões em que

Tem mais algo a dizer?

to também imenso de Paris. E da

possivelmente apenas dois milhões

Na minha clínica, as pessoas

África do Sul, Indonésia, República

foram ao dentista. A África do Sul

quando aqui vêm têm tudo. Não

Dominicana…

tem 60 milhões de pessoas e exis-

precisam de sair dela. Tenho má-

Se tivesse de ir agora de férias ia

tem 4500 dentistas. Aqui em Portu-

quina de TAC, máquina de pano-

para onde?

gal, como existem muitos dentistas,

râmica, raio-x digital, no gabinete

Estou a pensar onde nunca fui,

entrou-se numa política de low-cost,

também. A maior parte das clíni-

e quando se tem filhos é sempre

o que fez surgir uma coisa chama-

cas não tem porque são máquinas

penoso ir para longe. Mas era para

da low quality, baixa qualidade. E

muito caras. Eu invisto nela. Todos

a Tailândia. O problema é que, nos

as pessoas ainda não entenderam

os anos invisto. Vou sempre a fei-

operadores turísticos, existe muito

que para usufruírem de tratamen-

ras internacionais, estou informado

pouca informação em relação à Tai-

tos com dignidade, com a mínima

de tudo o que é novo. O importan-

lândia. Mas gosto muito de comida

qualidade, não existe o low-cost. As

te é passar a palavra de que, em

tailandesa e oriental.

pessoas são mal servidas, andam

todo o mundo, quem quer quali-

Não ficou desiludido por ter sido

anos a pagar o tratamento e depois

dade é aqui que vem. Passando a

dentista, mas diga-me: vai fazer

não têm dinheiro para pagar outros.

palavra...

coisas novas? Está quase tudo

Há clínicas que abrem e depois

feito? Não está?

fecham, abrindo com outro nome,

Não, há sempre muita coisa para

e as pessoas perdem o dinheiro

Prime Clinic Tel.:213833444 www.primeclinic.net

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 103


BUSINESS

João Pestana Dias Eventos de excelência com alma portuguesa

João Pestana Dias tomou as rédeas do seu próprio fado e fundou uma empresa que proporciona momentos e emoções inesquecíveis às pessoas. Com a Fadus Special Events, já trabalhou em vários países da Europa e do Médio Oriente. Tem levado a criatividade e a excelência que existe em Portugal além-fronteiras. A Eles & Elas deve-lhe a fantástica organização da nossa festa de aniversário.

104 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


Estudou no Colégio Militar.

rava diferentes fados/destinos na

tir a sensação do “primeiro beijo”.

Por que razão a sua família o

área dos eventos.

É preciso viajar muito, conhecer

colocou nesta instituição?

Grande parte da sua clientela

muita gente interessante, ver

O meu pai era Ranger e Comando

não é de Portugal. O que tem a

eventos distintos, ouvir música

e na altura estava na Guerra, mas

sua empresa de extraordinário

diversa, para conseguir dizer “ex-

fui eu quem mostrou interesse

para atrair as atenções de es-

pect the unexpected”.

em ingressar no Colégio Militar.

trangeiros? O que a diferencia

O período de crise pelo qual

A quantidade e diversidade de

dos seus concorrentes?

Portugal e a Europa ainda estão

desportos era algo que me fasci-

Somos competitivos na excelên-

a passar está a prejudicar o

nava. Além dos populares Fute-

cia. Esse é também o ADN de

funcionamento da empresa?

bol, Andebol, Natação, Atletismo,

Portugal. Fazer bem, às vezes,

Penso que nos abalou a todos há

Ginástica, etc, existia Esgrima,

sem as condições, leia-se o orça-

cerca de dois anos. Obrigou-nos

Remo, Equitação, Tiro desportivo,

mento, para o fazer. Foi isso que

a reequacionar as prioridades e

Aeromodelismo e tantos outros

nos fez ganhar concursos em lo-

a concentrar-nos no que verda-

desportos que me encantaram.

cais extremamente competitivos,

deiramente é importante. Há um

De que forma o modelo de ensi-

como Paris, Londres, Antuérpia,

ditado que diz “se não nos mata,

no do Colégio Militar o marcou

Istambul, Barcelona, Amã, Doha

torna-nos mais fortes”, e foi exac-

enquanto pessoa?

ou Belfast, onde a preferência

tamente isso que aconteceu. Mas

O Colégio Militar é muito mais

seria pelas empresas locais.

tem a ver muito com a confiança

do que uma instituição de ensino

Com tantos trabalhos que acei-

que os clientes têm no nosso

académico. É uma Escola que

ta desempenhar no estrangeiro,

trabalho e as parcerias estabele-

tenta formar Homens e que exalta

nunca pensou em deslocar a

cidas.

as virtudes de Portugal, o tal país

sua empresa para fora do país

De todos os trabalhos que a

que Pessoa diz que hoje é “o

ou abrir delegações noutros

Fadus Special Events teve de

cansaço de uma alma forte”. Há

Estados?

concretizar, qual foi o mais de-

ex-alunos do Colégio que comba-

Temos parcerias estratégicas na

safiante e marcante?

teram contra Napoleão, há cinco

Bélgica, França e na Turquia e

Tivemos ao longo destes 16 anos

Presidentes da República e vultos

uma representação no Qatar. Não

vários eventos especiais para

de grande prestígio em todas as

é rentável hoje em dia abrir um

mim. Talvez o primeiro tivesse

áreas que, independentemente do

escritório fora de Portugal, tendo

sido a inauguração dos Armazéns

caminho que seguiram, a todos

em conta a estratégia internacio-

do Chiado, uma vez que assisti

unia o amor ao Colégio. É algo

nal que desenhámos.

ao incêndio e relatei-o, na altura

que não se explica por palavras…

A criatividade é uma peça fun-

como jornalista estagiário. De-

Quando era criança, que profis-

damental no modus operandi

pois o primeiro evento fora de

são desejava ter?

da sua empresa. De onde surge

Portugal, em Antuérpia. Logo a

Apresentador de televisão e

a criatividade para os vossos

seguir, eventos como o Euro2004,

jornalista, algo que mais tarde

trabalhos?

os Laureus Sport Awards, o

acabou por acontecer, em parte.

A criatividade tem muito a ver

America’s Cup, e o convite da

Como surgiu a ideia de fundar

com a forma como arrumamos as

Google americana para o lança-

a Fadus Special Events, em

nossas memórias e lhes damos

mento mundial do sistema An-

1998?

cor. A criatividade tem muitos

droid, em que a FADUS foi men-

Fui o responsável de uma casa de

nomes. Por vezes chama-se

cionada no Wall Street Journal. O

Fado em Cascais, o Amália Clube

trabalho, inspiração. Passa por

meu primeiro evento em Istambul

de Fado, onde cantava eu, Mafal-

escutar e olhar de modo diferente

e o casamento do filho do Emir do

da Arnauth, Rodrigo Costa Félix,

as coisas e aplicar a máxima de

Qatar foram inesquecíveis, mas,

Miguel Capucho, Pedro Moutinho,

Pessoa, que dizia que o verda-

utilizando um chavão, o mais mar-

entre outros. Quando essa aven-

deiro português é universal. Hoje

cante é o que está para vir!

tura terminou, e após dois anos

em dia, só qualidade não basta.

Como vai desenvolver a empre-

em horário nobre na SIC como

A maioria dos nossos clientes já

sa nos próximos anos? Planeia

cantor/actor, decidi enveredar por

viu tudo o que havia para ver. É

experimentar novas técnicas,

um caminho diferente, que mistu-

preciso criar algo único e transmi-

chegar a novos mercados,

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 105


João Pestana Dias

106 • DIPLOMÁTICA - JULHO/SETEMBRO 2015


alargar o público a que a em-

presa se dirige…? Small is beautiful. Não tenho aspiração a ter uma empresa grande. Basta ser uma grande empresa. Fazer bem, de forma séria, criativa, inesquecível e fora do país, honrar o nome de Portugal nos mais pequenos detalhes. Procuramos sempre aquilo que está para vir. O espectáculo que vai directo ao coração, o detalhe que abre os olhos e o pormenor que nos faz tremer de emoção. A última experiência é a parceria com o departamento de investigação do Cirque du Soleil, relativamente a um novo e revolucionário espectáculo de drones, algo nunca visto! Afirmam-se como uma empresa que aposta no luxo como forma de oferecerem ao cliente o melhor possível. O que pensa de produtos e serviços de luxo em Portugal? Para nós, luxo tem a ver com exclusividade, nada mais. Há clientes que são tão “pobres” que só têm dinheiro. Hoje em dia temos a sorte de muitas vezes podermos escolher os nossos clientes, o que nos permite trabalhar os seus sonhos de forma única. Hoje em dia, mais do que o ROI (Return on Investment) estamos interessados no ROE (Return on Emotions) porque são as emoções que dizem onde vamos, com quem vamos e quanto dinheiro vamos gastar.

"

Falando concretamente da

A MAIORIA DOS NOSSOS CLIENTES JÁ

festa de aniversário da Eles &

VIU TUDO O QUE HAVIA PARA VER. É PRECISO CRIAR ALGO ÚNICO

"

Elas, que ideia definiu para a festa? A Eles & Elas é um marco incontornável das revistas sociais de prestígio em Portugal, por isso o conceito teria de ser algo com muito estilo, criatividade e exclusividade.

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 107


João Pestana Dias

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Que avaliação faz da noite da

festa? Foi um evento único, cheio de glamour, e que ultrapassou a expectativa dos convidados. Continuou a perpetuar o nome da Eles & Elas. Tem família? Tenho, e é uma das razões principais pelas quais sou um homem de sorte. Uma mulher e mãe de sonho e três filhos que superaram tudo aquilo que podia imaginar. Quando pretende desligar-se do seu trabalho, em que é que se refugia? Tenho uma vida muito preenchida. Jogo ténis três vezes por semana, faço parte do board of directors do American Club e digamos que faço Filantropia de forma activa. Mas a minha grande paixão é Portugal. A nossa História e o nosso futuro, porque é lá que vamos passar o resto da nossa vida. Que balanço faz da sua vida até ao momento? Tem sido feliz? A felicidade é feita de momentos. A vida é a arte das escolhas. Eu tenho feito as escolhas certas e tenho tido muita sorte, porque tenho aprendido com os erros. O que espera do futuro de Portugal? Sou um otimista informado. Temos de correr mais riscos na inovação, cada país tem características distintas. Só seremos

"

NÃO TENHO ASPIRAÇÃO A TER UMA EMPRESA GRANDE. BASTA SER UMA GRANDE EMPRESA

grandes quando seguirmos o caminho da criatividade, determinação, excelência. Temos muitos portugueses de excelência. Falta um líder que os mereça. Acredito

"

do fundo do coração que a “hora” é criada por nós. D. Sebastião não irá aparecer no nevoeiro, e teremos de ser nós a reinventar-nos. Vamos ser um case study mundial!

JULHO/SETEMBRO 2015 - DIPLOMÁTICA • 109



English texts

Diplomatic Party - 5 DIPLOMÁTICA celebrated its seventh year in an elegant party hosted in Palácio Marquês de Pombal, in Oeiras, where we presented the Ambassador of Brasil, Mário Vilalva with the Statue of Truth. The event was attended by people from the Portuguese art world, businessmen and accredited members of the diplomatic corps.

Kirsty Hayes, United Kingdom Ambassador - 16 Kirsty Hayes spoke to us about her work as an Ambassador, about Portugal and about the United Kingdom’s current situation. The Ambassador appears to be optimistic in regards to Portugal’s future and gave the example of British citizens that have been investing in the country.

United Kingdom Day - 22 The celebration of the Queen’s Day took place, not only in the streets of London, but also in Lisbon, with a reception hosted by the British Ambassador, in the gardens of her official residency.

Diplomatic Area - France - 24 The French Ambassador in Portugal, Jean-François Blarel ponders about the management that the European Union must do to satisfy the expectations of the applying members without jeopardizing the functioning of the institutions. The new challenges that the Union has faced demand institutions that are better adapted, in order to give to the Eurozone the stability that it needs.

Diplomatic Area - Poland - 26 Bronislaw Misztal, Polish Ambassador in Portugal, states that there are three logics in the midst of the Union: the one of the nation-states, the one of the collective family of the 28 member states and the one of the European institutions. This situation demands a balanced management of all these wills.

Diplomatic Area - Luxembourg - 28 Seeing as, at the moment, Luxembourg takes on the presidency of the Council of the European Union, the Ambassador of the Grand Duchy in Portugal makes some considerations on the new challenges that Europe is trying to face. Paul Schmit advocates that the continent requires strong institutions that focus on the citizens’ needs.

Diplomatic Area - Morocco - 30 The Ambassador of Morocco, Karima Benyaich, claims that her country is an African power, the second biggest investor in the continent and a country with tight connections with Sub-Saharan Africa. The Ambassador also praises the efforts made by Her Majesty and the King Mohammed VI in promoting a tolerant Islam.

Investing In Portugal - 39 This dossier illustrates Portugal’s current situation through graphs and information useful for who runs a business and is in search of a country in which to develop or expand them. In 2015 Portugal is the right choice at the right moment.

Portugal Day - 44 The celebration of Portugal National Day, with the speeches given by the participants and with individuals distinguished by the President.

Philippe J. Lhuillier, Philippines Ambassador - 56 In this interview, the Ambassador of the Philippines presents himself as someone who is committed to building bridges between his country of origin and Portugal, previously connected by history. Philippe J. Lhuillier informed us that he has been contacting autarchies and companies in order to create partnerships that are beneficial to both countries.

A Community dedicated to the future - 62 The Community of Portuguese Language Countries, marks in July of the next year, 20 years of existence.

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English texts

Throughout this period, the organization has earned some relevance and importance due to the activities

developed by them and to the concern with economic and social development of its member states. CPLP is a community that works more and more with a future-oriented goal.

Interview with Ambassador Murade Murargy - 66 In this interview, the Ambassador Murade Murargy, Secretary-General of the Community of Portuguese Language Countries tells us that the CPLP is more and more active and has gained more credibility, but he reveals to us new areas in which the organizations should operate, such as the promotion of the economic potential of the Portuguese language and the development of knowledge networks. Murargy appears to be satisfied with the investment in globalization, the current presidency of Timor and the admission of Equatorial Guinea as a member with full rights.

Portuguese President in Romania - 76 Aníbal Cavaco Silva paid a state visit to Bulgaria, where he had meetings with the highest political figures in the country. Within his committee traveled Portuguese businessmen.

Philipp Niemann – E&V - 78 Philipp Niemann, the general director at Engels & Völkers, presents in this interview the companies’ products and its mission and recognizes that investors increasingly search for luxury properties, making this one an expanding market.

France Day - 88 The French National Celebration, on the 14th of July, took place in Palácio de Santos with a reception hosted by the French Ambassador and was attended by an ample variety of personalities.

Luxembourg Day - 90 The celebration of Luxembourg’s National Day brought together people from the culture, the diplomatic corps present in Portugal, businessmen and politicians, invited by the Ambassador Paul Schmit.

Poland Day - 92 Celebration of Poland National Day, at Palácio da Foz. On this occasion, the Vice-President of the Lower House of the Polish Parliament, Eugeniusz Grzeszczak, attended by invitation of the Polish Ambassador.

Morocco Day - 94 The Ambassador of Morocco, Karima Benyaich, invited dozens of personalities to a reception that celebrated the Throne Day, in honor of King Mohammed VI.

Agency EFE shows 75 years of history in pictures - 96 The exhibition “EFE: 75 years in photographs” has arrived in Lisbon to present us with dozens of photographs captured in many outstanding moments throughout history, such as the Revolução dos Cravos, an encounter between Franco and Hitler or the attempt on September 11th. These are some of the images of the vast archive of the news agency EFE.

Pedro Lopes - 100 In this interview, Pedro Ferreira Lopes, explains his work as a dentist and talks about his clinic, Prime Dental Clinic. He also sheds some light into his childhood and his personal life, leaving suggestions to a good oral hygiene.

João Pestana Dias - 104 João Pestana Dias is the founder of FADUS Special Events, a Portuguese company that organizes events and that has earned the attention and confidence of foreign companies. In this interview, João Pestana Dias talks to us about his work and also about his private life.

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ELES & ELAS | 1


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