Revista Diplomatica 21

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´ Diplomatica Nº21 JUNHO 2015 €7 (Cont.)

BUSINESS & DIPLOMACY

DIPLOMÁTICA 21 • ABRIL / JUNHO 2015

Dossier

O Mar

em português

János Áder

Hungria fiel à mensagem

de Fátima Entrevista

Business:

Luxury Network Destaque

Conflitos e fundamentalismos

Embaixadora da Irlanda "Obrigada Europa!"

Embaixadores analisam causas e consequências:

Alemanha, Andorra, Arábia Saudita, Cuba, Emirados, Dinamarca, Egito, Eslováquia, Irlanda, Israel, Kuwait, Letónia, Palestina, Polónia, República Dominicana, Roménia, Tunísia 1 • DIPLOMÁTICA - JUNHO/JULHO 2008

With English Texts



Assuntos Summary

O Mar da Lusofonia "o nosso maior recurso” The Sea of Lusophone "our greatest resource"

6

Espaço Diplomático: Diplomatic Area: Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha - Diálogo em tempos de conflito Ulrich Brandenburg, Ambassador of Germany - Dialogue in times of conflict Maria Ubach, Embaixadora de Andorra - A consolidação da abertura económica em Andorra Maria Ubach, Ambassador of Andorra - The consolidation of economic openness in Andorra Mansour bin Saleh Al-Safi, Embaixador da Arábia Saudita - Arábia Saudita e as oportunidades de investimento Mansour bin Saleh Al-Safi, Ambassador of Saudi Arabia - Saudi Arabia and investment opportunities Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca - A política externa dinamarquesa centra-se nas pessoas Michael Suhr, Ambassador of Denmark - The Danish foreign policy focuses on people Ali Elashiry, Embaixador da República do Egito - Egito - O Futuro Ali Elashiry, Ambassador of the Arab Republic of Egypt - Egypt: The Future Alda Vanaga, Embaixadora da Letónia - Presidência da Letónia no Conselho da União Europeia Alda Vanaga, Ambassador of Latvia - Latvian Presidency in the Council of the European Union Hikmat Ajjuri, Embaixador da Palestina - A Terra Sagrada necessita da N.U. Hikmat Ajjuri, Ambassador of Palestine - Holy Land needs U.N. Jaime Durán Hernando, Embaixador da República Dominicana - O fundamentalismo Jaime Durán Hernando, Ambassador of the Dominican Republic - Fundamentalism Vasile Popovici, Embaixador da Roménia - O terrorismo gerado pelo radicalismo religioso Vasile Popovici, Ambassador of Romania - The terrorism generated by religious radicalism Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia - A luta contra o terrorismo: um desafio comum Saloua Bahri, Ambassador of Tunisia - The fight against terrorism: a common challenge Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia - Nós e os fundamentalismos religiosos Bronisław Misztal, Ambassador of Poland - Religious fundamentalisms and us Tzipora Rimon, Embaixadora de Israel - Palavras por ocasião do 67º Aniversário da Independência do Estado de Israel Tzipora Rimon, Ambassador of Israel - Words on the 67th anniversary of Israel's Independence

12 14 16 18 22 24 26 28 30 32 35 38

Miroslav Lajcák, M.N.E. e Assuntos Europeus da República Eslovaca Miroslav Lajcak, M.N.E. and European Affairs of the Slovak Republic

40

János Áder - Um Presidente "peregrino" János Áder - The "pilgrim" President

44

Colaboração - O milagre de boas ações Collaboration - The miracle of good deeds

46

Discurso do Presidente da República da Hungria, János Áder, Speech by President of the Republic of Hungary, János Áder,

50

Hungria Hungary

52

Anne Webster, Embaixadora da Irlanda em Portugal - "Obrigado Europa!" Anne Webster, Ambassador of Ireland in Portugal - "Thank you Europe!"

56

Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE Anibal Cavaco Silva started his vistit to Paris with meetings in the OECD

62

A convite da Presidente da Assembleia da República Portuguesa By invitation of the President of the Portuguese Republic Assembly

65

“Venham investir em França”, convida Manuel Valls "Come to invest in France", invites Manuel Valls

66

Na Procura dos Direitos Humanos In Search of Human Rights

68

Comemoração do Dia da Paz e da Reconciliação Commemoration of the Day of Peace and Reconciliation

72

Aníbal Cavaco Silva na investidura de Filipe Jacinto Nyusi Aníbal Cavaco Silva in the endowment of Filipe Jacinto Nyusi

74

A Diplomática - Business & Diplomacy - Uma parceira de luxo Diplomática - Business & Diplomacy A luxury partner

78

Nuno Duarte Lopes - CEO da Luxury Network Lisbon Nuno Duarte Lopes - CEO of The Luxury Network Lisbon

89

Os vinhos da Moldávia - Um segredo bem guardado Moldovan wines - A well-kept secret

91

A aura de Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux The aura of Carlos Medeiros and Fabrice Marescaux

94

Mala Diplomática - Dias nacionais: Israel, Cuba, Emirados Árabe Unidos, Kuwait e Irlanda Diplomatic pouch - National days: Israel, Cuba, United Arab Emirates, Kuwait and Ireland

100

O futuro da língua portuguesa no contexto mundial The future of the Portuguese language in a global point of view

110

Textos em Inglês English textes

112

DIRECTOR: Maria de Bragança PRODUÇÃO: César Soares PROPRIEDADE: Maria da Luz de Bragança EDIÇÃO: Gabinete 1 Editor nº 211 326. Rua de São Bernardo, nº27 A – Lisboa. MARKETING & PUBLICIDADE: Gabinete 1 - e-mail:gabinete1@gabinete1.pt Tel.: 21 099 96 74 Fax: 21 096 49 72 IMPRESSÃO: Gabinete 1 DISTRIBUIÇÃO: Logista - Alcochete - Telefone: 21 926 78 00 Fax: 21 926 78 45 ISSN 1647-0060 – Depósito Legal nº 276750/08 – Publicação registada na Direcção Geral da Comunicação Social com o nº 125395

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ESPAÇO DIPLOMÁTICO

F

undamentalismos religiosos e conflitos. Que

causas? Que consequências? Qual o seu enquadramento num mundo global, na emaranhada teia de relações políticas, económicas e estratégicas entre nações e organizações internacionais?... Quisemos escutar o parecer de Embaixadores acreditados em Portugal. E, assim, ler para crer, convidámos a escrever... ... sem esquecer o Mar e a vocação de Portugal.

Religious fundamentalism and conflicts. What causes? What consequences? What is their framework in a global world, the tangled web of political, economic and strategic relations between nations and international organizations?... We wanted to hear the opinion of Ambassadors accredited in Portugal. Helpfull texts from each country point of view. ... not forgetting the Sea and the future of Portugal.

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O Mar da Lusofonia "o nosso maior recurso”

A teoria do comércio internacional, que assenta nas teorias dos autores clássicos Adam Smith - teoria das vantagens absolutas (1776) - e David Ricardo - teoria das vantagens comparativas (1820) - está amplamente estudada e é conhecida por qualquer economista ou empresário. Muitos anos depois, a base continua a mesma, mas com algumas evoluções, a principal sendo, diria eu, a evolução para a teoria das vantagens competitivas, que resulta essencialmente do aumento global da concorrência. Um País já não se pode “comparar” apenas com outro País, mas tem que produzir e afirmar-se no seio de um mercado global, altamente concorrencial e com uma forte capacidade de em pouco tempo “imitar” e mesmo fazer melhor do que nós. A variável fundamental que, diria eu, temos que adicionar para pensarmos a estratégia de um País (ou mesmo de uma empresa) é a procura. Uma estratégia de crescimento deve ter em conta, muito resumidamente, estes dois factores: 1) as vantagens competitivas - aquilo em que é diferente, os recursos de que dispõe, aquilo que sabe fazer bem e 2) aquilo que o mercado procura. O segredo estará algures no cruzamento destas duas premissas. Podemos até ser muito bons em determinada arte ou ter elevados recursos de determinada matéria, mas se o mercado não procurar esse produto, provavelmente não deve ser o caminho a escolher ou, pelo menos, o investimento não deve estar aí concentrado. O raciocínio ➤

6 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n


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O Mar da Lusofonia

de construir estradas e depois os automobilis-

tas aparecem, já não cola. Pelo menos, não no estado em que Portugal está. A escolha tem que ser acertada e tem que ser consensual. Guardei para sempre a conversa de circunstância que tive com um empresário americano num avião, que me dizia que o problema de Portugal era que queria à força exportar os produtos que os portugueses gostavam e não aquilo que os países de destino procuravam. De facto, aquilo de que gostamos, que só nós sabemos fazer, e que até muitos estrangeiros também gostam, deve servir para atrair turistas, não necessariamente para exportar. Alguma coisa devemos estar a fazer mal. A verdade é que o País não consegue crescer a taxas que sustentem as nossas necessidades e a modernização do nosso tecido empresarial tarda em afirmar-se. A discussão politica nacional gira, invariavelmente, em torno do numerador dos rácios que medem o desempenho económico e esquece recorrentemente o denominador comum, o PIB. Se formos capazes de alinhar os objectivos em torno do crescimento do denominador, em vez de sublinhar as discórdias sobre a gestão do numerador, automaticamente este último deixará de ser tão relevante. E o denominador, só vamos conseguir altera-lo significativamente se tivermos em conta as nossas vantagens competitivas e o que o mercado global procura. Comecemos pela segunda, a procura. Um ensaio sobre aquilo que irá influenciar a procura no séc. XXI daria para encher estas páginas, mas se tivesse que resumir a um principal factor de influência na procura mundial, escolhia a evolução demográfica – até meados deste século vamos ser mais 2 mil milhões de pessoas no mundo! Em consequência deste aumento demográfico, há algumas áreas que terão, obrigatoriamente, de dar resposta e satisfazer o aumento consequente do consumo: A procura de proteína; A procura de energia; A procura de transporte (sobretudo de mercadorias); A procura de tecnologia (como denominador comum a todas as outras).

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Se olharmos então para as vantagens competitivas de Portugal e para os recursos de que dispõe, temos a sorte, talvez única nas últimas décadas, de o nosso principal recurso, aquilo que nos distingue dos restantes países, até geograficamente, o Mar, estar perfeitamente alinhado com as grandes tendências deste século. De facto, é no mar que está grande parte da resposta a esta procura. Por várias razões, pela dimensão incomparavelmente superior do mar em relação à terra, pela sobreexploração e exaustão dos recursos existentes em terra e pelo facto de um novo conhecimento científico e novas tecnologias no permitirem explorar recursos naturais antes inacessíveis. Se olharmos para o mapa de Portugal, é dema-


siado óbvio que o Mar faz parte da nossa geo-

procura no século XXI

grafia. Se tivermos em conta o Mar no mapa de

E temos uma enorme fonte de recursos – o Mar.

Portugal, facto que foi sistematicamente esque-

O leito marinho, as ondas, o vento, as caracterís-

cido até há poucos anos, chegamos à conclusão

ticas biofísicas únicas das nossas águas, quer

que Portugal é, afinal, um país grande, central e

em termos geológicos, quer minerais, a nossa

com um enorme recurso.

biodiversidade marinha, etc, etc...

Somos a maior Zona Económica Exclusiva da

Cruzemos então as duas premissas.

Europa e, com o aumento da nossa plataforma

A procura de proteína

continental, passamos a estar entre os 10 maio-

A FAO (Food and Agriculture Organization) es-

res países do mundo!

tima que, devido ao aumento demográfico, até

Estamos no centro das principais rotas de co-

meados deste século, vamos ter que produzir

mércio mundial e na fronteira entre o Atlântico

mais 70% dos alimentos que produzimos hoje. A

norte e o Atlântico sul, gozando de uma posição

crescente preocupação com temas como a saúde

estratégica na triangulação com o continente afri-

e o bem estar e o surgimento de novas classes

cano e sul americano (e já agora, com os países

médias em países emergentes, representam uma

lusófonos), espaço onde estará uma boa parte da

oportunidade muita clara para a produção de

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O Mar da Lusofonia

pescado, por outras palavras, para a aquacul-

congelado, nas empresas de bacalhau.

tura, já que o peixe que existe no mar não será

A procura de transporte

suficiente para dar resposta a esta procura. An-

Globalização e comércio internacional significa

tes pelo contrário, a tendência a que assistimos

transporte de mercadorias. Ainda mais desde a

é uma redução constante nas quotas de pesca.

descoberta do “ovo de colombo” do transpor-

A hesitação a que assistimos na sociedade de

te - o contentor. 90% do comércio internacional

hoje na aceitação do pescado de aquacultura irá

é feito por mar e este número vai aumentar com

rapidamente desaparecer. Aliás, deixe-me dar-

o crescimento do comércio mundial, influencia-

-lhe uma novidade – o salmão que consumiu este

do também pelo aumento das importações dos

mês era produzido em aquacultura! Mas além da

países emergentes. A União Europeia elegeu o

aquacultura, o aumento do consumo de peixe

transporte marítimo (de curta distância) como o

representa também uma oportunidade para a

meio preferencial para o transporte de mercado-

indústria do processamento. 80% do pescado

rias na Europa. O transporte por navio ainda é o

que consumimos é de alguma forma processado.

meio mais barato e menos poluente das alterna-

Ora, esta é uma tendência com influência directa

tivas que conhecemos e, com o desenvolvimento

nas nossas conserveiras, nas empresas de peixe

da tecnologia, continuará certamente a ser.

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a procura por energias mais limpas, questões como a segurança energética e segurança do abastecimento, estão a influenciar a procura por energias renováveis. Veja-se o caso do Japão, por exemplo, ou mesmo do Reino Unido. E o mar é uma enorme fonte de energia renovável. Energia das ondas, energia das marés e energia do vento. As duas primeiras estão ainda numa fase muito embrionária de investigação, não existindo ainda uma tecnologia fiável que as sustente, mas o mesmo não é verdade com a energia do vento. A tecnologia existe e funciona. O vento offshore é uma realidade! E Portugal teve um papel fundamental na fase de teste e prova de conceito da tecnologia flutuante. No mar temos mais vento e este é mais constante. A dimensão do Mar de Portugal pode ser um activo único na geografia energética do futuro. A procura de tecnologia A tecnologia é o elemento agregador e transversal a todas estas tendências. É a tecnologia que nos dá as ferramentas de acesso ao Mar e que nos permite gerar valor com o Mar. É com tecnologia que desenvolvemos energia mais limpa, que teremos motores menos poluentes, que retiramos mais valor do pescado (através da biotecnologia marinha), que seremos mais eficazes na produção de alimentos. Também aqui, Portugal está bem posicionado. Desde a Expo 98 que o País investiu bastante na investigação e conhecimento do Mar. Hoje temos mais de 50 centros ➤

Todas estas tendências representam uma opor-

de investigação e conhecimento dedicados às

tunidade para os nossos portos e comunidades

temáticas do Mar, o que nos permite antecipar

portuárias (operadores portuários, estivadores),

o surgimento de novas empresas e novos pro-

para as empresas de Shipping, mas também para

dutos. Se devidamente apoiados e incentivados,

as indústrias navais, no caso português mais

estes centros de conhecimento podem ser o

concretamente para a manutenção naval e servi-

Pinhal de Leiria do Séc.XXI e o que nos permitirá

ços associados.

de novo explorar o nosso Mar.

A procura de energia

Portugal tem uma oportunidade única para voltar

A procura por energia não é novidade. O ele-

a ter um papel de relevo na economia mundial.

mento novo neste caso é o mar. O esgotamento

Nesta revolução, pela primeira vez, temos o

dos recursos terrestres está a empurrar a in-

recurso principal. É preciso apenas um plano

dústria de oil&gas para o offshore. A maior fatia

consensual que implemente esta visão (que é de

de investimento (capex) desta indústria está na

longo prazo!) e começaremos a ver os resultados

exploração offshore. O número de descober-

no denominador comum muito em breve.

n

tas de poços no offshore tem dobrado a cada 5 anos desde o início do século. Por outro lado,

Miguel Herédia é sócio fundador da Ocean Vision Business and Investment Advisory – mh@oceanvision.pt

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ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Ulrich Brandenburg, Embaixador da Alemanha Diálogo em tempos de conflito

"

A GLOBALIZAÇÃO ECONÓMICA,

TECNOLÓGICA E DIGITAL NÃO É POR SI SÓ UM GARANTE PARA UMA MAIOR APROXIMAÇÃO POLÍTICA,

NEM MESMO PARA UMA CONTINUIDADE ORGANIZACIONAL.

"

Qualquer analista político cons-

existem demais demagogos no

divergentes, existe um deno-

tata que o mundo em 2015 está

mundo, que nos querem vender

minador comum para todos os

repleto de profunda instabilidade:

respostas fáceis como supostos

demagogos: todos culpabilizam

desde a Líbia, a Síria e o Ira-

antídotos para estes fatores de

os “outros”. Criam símbolos de

que, e não esquecendo o próprio

incerteza. Alguns reclamam que

hostilidade, tão erróneos como

continente europeu. O conflito

a culpa reside na classe de po-

perigosos. Inimizades são res-

na Ucrânia suspende a respira-

líticos no poder; outros que está

quícios de mundos passados.

ção na Europa e os atentados

na comunicação social dominan-

Constatamos que num mundo

de fundamentalistas islâmicos

te; outros ainda que culpabili-

cada vez mais interconectado, os

em solo europeu trazem até bem

zam os crentes religiosos. Estas

opostos colidem. A globalização

perto de nós as problemáticas

receitas fáceis só servem para

económica, tecnológica e digital

globais, que até há bem pouco

radicalizar ainda mais o discur-

não é por si só um garante para

tempo eram-nos geograficamente

so mundial, subsequentemente

uma maior aproximação política,

distantes.

conduzindo a uma escalada da

nem mesmo para uma continui-

A política internacional é a ten-

violência.

dade organizacional. Até dentro

tativa de racionalizar a incerte-

Contudo, apesar de originarem

da Europa cresce a tendência de

za sobre o futuro. Infelizmente

em mundos supostamente tão

culpabilizar o “outro” pelos

12 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


ódio?; e como conseguimos

partilha de um projeto comum

A religião acaba por ser um

reintegrar estes jovens na nossa

e na agência social que molda

instrumento abusado para le-

sociedade? As respostas a estas

um mundo melhor para as novas

var à polarização da sociedade,

perguntas serão geradas no tão

gerações.

quando deveria ser exatamente

precioso diálogo intercultural

O desenvolvimento das insta-

o oposto, nomeadamente um

e inter-religioso, bem como no

bilidades mundiais gera graves

instrumento para nos ensinar a

esforço redobrado de integra-

repercussões na perceção mútua

tolerar o desconhecido e o outro.

ção nas nossas sociedades. Tal

entre as populações. Repercus-

O ataque à redação do Charlie

pressupõe a disponibilidade das

sões essas, que os decisores

Hebdo em Paris demonstrou

próprias comunidades imigrantes

políticos e a sociedade civil

que nenhum sítio no mundo está

em se integrar – paradoxalmente

devem combater. Um estudo re-

imune à ameaça terrorista. Mas

é a precisa comunicação global

cente da Fundação Bertelsmann

não nos devemos esquecer que

que favorece uma tendência à

trouxe um dado bastante preocu-

nenhuma região do mundo sofre

criação de “sociedades para-

pante: mais de 60% dos alemães

tanto às mãos do terrorismo

lelas”. Mas simultaneamente

consideram que o Islão não é

fundamentalista, como o próprio

também é necessário que as

compatível com o mundo ociden-

mundo islâmico. Estudos referem

sociedades maioritárias nos Es-

tal. Certamente que as imagens

que mais de 80% das pessoas

tados em questão estejam cons-

de conflito do Médio Oriente mol-

vítimas do fundamentalismo islâ-

cientes do facto que a imigração

daram essa perceção num deba-

mico nos últimos anos são elas

não só é uma realidade, como é

te demasiado polarizado. Con-

próprias muçulmanas. Ou seja,

do interesse de todos nós que a

tudo, há que sublinhar, tal como

os estados europeus, ocidentais

integração seja um sucesso.

o Ministro federal das Relações

e árabes têm que trabalhar em

Em 2014, a Alemanha apresen-

Externas, Frank-Walter Stein-

conjunto para combater esta

tava o segundo valor mais eleva-

meier, o afirmou num recente

ameaça.

do do mundo em imigração. Em

discurso perante uma plateia de

Neste domínio não existem res-

matéria de asilo político, saliento

universitários na Tunísia, “Existe

postas nem simples nem rápidas.

que no ano transato foram co-

democracia que dá espaço ao

Afinal de contas, a segurança de

locados 202.834 novos pedidos

Islão e existe um Islão que dá

uma sociedade depende do grau

ao Estado alemão. Só em Ja-

espaço à democracia”.

de estabilidade interna do qual

neiro de 2015, 25.042 pessoas

O dia-a-dia da democracia não

pode usufruir. Os cidadãos têm

solicitaram asilo à Alemanha.

só é compatível com a religião,

que poder confiar nos agentes de

Estas estatísticas evidenciam os

como esta acaba por contribuir

segurança – polícias, militares e

desafios nesta matéria que se

para o próprio desenvolvimento

justiça – para que esta estabili-

colocam tanto à Alemanha como

da democracia. Uma mesquita,

dade seja realmente sustentável.

a outros países parceiros, que

uma igreja ou uma sinagoga

Independentemente da quantia

partilham esta realidade.

– em Frankfurt, Túnis ou Lis-

de dinheiro e esforço injetado, a

É impossível debater a questão

boa – existe não só para a sua

verdade é que será impossível

da segurança sem tocar no

comunidade, como faz parte do

a qualquer Estado monitorizar

cerne das nossas sociedades:

património democrático de to-

todos os seus cidadãos passí-

democracia e sociedade civil. As

dos. Desta forma, a religião que

veis à radicalização. Por isso é

estruturas formais da democracia

não exclui nem se fecha sobre

essencial que nos coloquemos

– parlamento, governo e admi-

si mesma acaba por fortalecer

as seguintes duas questões:

nistrações públicas – formam o

toda a sociedade. Eis o terreno

como é possível que tantos

esqueleto do nosso sistema so-

fértil onde religião e democracia

jovens que cresceram no nosso

ciopolítico. A vivência da demo-

se encontram: na atribuição da

seio se sentem atraídos pela

cracia reside na confiança dos

liberdade ao ser humano para

mensagem dos pregadores de

seus cidadãos, no sentimento de

fazer o bem.

problemas endógenos.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 13


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Maria Ubach, Embaixadora de Andorra A consolidação da abertura económica em Andorra

"

ANDORRA ASSUMIU UM FORTE COMPROMISSO DE ABERTURA ECONÓMICA E DE TRANSPARÊNCIA

"

Andorra decidiu, em 2012, avançar

cia. Este facto é muito importante

andorrano, o IRS, o modelo fiscal

determinadamente para a abertu-

para os mais de 10.000 portugueses

está completo, estando sujeitos a

ra económica e competitividade,

residentes no país, o segundo país

tributação os lucros das empresas,

através da adopção da Lei sobre o

do mundo com maior percentagem

os salários dos trabalhadores, as

Investimento Estrangeiro. Esta lei fa-

de residentes portugueses depois do

pensões, os rendimentos de activida-

cilita, desde então, aos investidores

Luxemburgo.

des económicas e profissionais, e os

estrangeiros investirem directamente

A política de abertura económica faz

rendimentos de capital.

em Andorra.

parte de um projecto nacional que

O país fez uma aposta colectiva

Até Junho de 2012, um investidor

visa consolidar Andorra como um

para abrir a sua economia, facilitar a

estrangeiro apenas podia deter no

país com uma carga tributária mode-

instalação de empresas estrangeiras

máximo 49% de uma sociedade em

rada, com uma economia centrada

em Andorra, criando novos sectores

Andorra. Actualmente, pode deter

na inovação e no valor acrescido e

de actividade e novos postos de

100% do capital das empresas, ao

plenamente integrada nos mercados

trabalho. Foi um esforço colectivo

mesmo tempo que os direitos eco-

internacionais. Agora já podemos

para estabelecer um novo modelo

nómicos dos residentes são equipa-

afirmar que, com a entrada em vigor

fiscal homologável, sanear as contas

rados aos dos andorranos desde o

a 1 de Janeiro de 2015 do último

públicas, e iniciar o caminho para a

primeiro dia da obtenção da residên-

imposto aprovado pelo Parlamento

diversificação económica.

14 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Paralelamente, nestes últimos

de euros, dos quais 60 milhões,

ranos, profissionais e empresas de

anos, realizou-se um trabalho de de-

que correspondem a 2,4% do PIB,

Andorra aceder sem limitações ao

senvolvimento de uma rede de acor-

tornaram-se efectivos. Dos investi-

mercado interno europeu, tal como

dos para evitar a dupla tributação e,

mentos estrangeiros autorizados, 1%

o fazem actualmente os membros

deste modo, favorecer a internacio-

são de origem portuguesa.

não per-tencentes à UE do Espaço

nalização da economia andorrana.

Andorra assumiu um forte compro-

Económico Europeu (EEE). Andorra

Andorra assinou o primeiro acordo

misso de abertura económica e de

espera que este acordo respeite as

para evitar a dupla tributação com

transparência. Doravante, a nossa

espe-cificidades do país, tal como

França em Abril de 2013, o segundo

prioridade é dar a conhecer aos

consta na Declaração 3 do artigo 8

com o Luxemburgo em Junho de

agentes económicos internacionais

do Tratado de Lisboa , e que seja a

2014, e o terceiro com Espanha em

esta importante evolução do nosso

con-firmação da aposta de Andorra

Janeiro de 2015. Durante a Cimeira

enquadramento fiscal e jurídico.

na abertura e competitividade.

Ibero-americana que teve lugar em

Por esta razão, realizaram-se vinte

Com mais 8 milhões de visitantes

Veracruz em Dezembro de 2014, o

missões económicas e apresen-

por ano, o turismo continua a ser a

Chefe de Governo de Andorra, Dr.

tações em vários países, entre os

principal alavanca para a construção

Antoni Martí, e o Primeiro-Ministro

quais Emirados Árabes Unidos,

de novos sectores económicos. Com

português, Dr. Pedro Passos Coelho,

França, Espanha, Colômbia, Brasil,

efeito, Andorra pretende melhorar

acordaram lançar as negociações de

Chile, Rús-sia e China. Em Maio de

a sua oferta turística através do

uma Convenção para Evitar a Dupla

2014, a Iniciativa ACTUA e a AICEP

turismo de saúde e bem-estar, e da

Tributação entre Portugal e Andorra,

(Agência para a Inovação e Comér-

criação de experiências únicas na

com o objectivo de assinar esta Con-

cio Externo de Portugal) organizaram

vertente do lazer e das compras. O

venção por ocasião de uma visita a

uma missão económica em Lisboa,

Cirque du Soleil apresentou o Scala-

Andorra do Primeiro-Ministro portu-

que contou com uma participação

da, um espectáculo exclusivo exibido

guês antes do Verão de 2015. Neste

expressiva de empresários portugue-

em Andorra nos Verões de 2013

sentido, nos passados dias 26 e 27

ses e andorranos. Nesta ocasião,

e de 2014. Devido ao grande êxito

de Fevereiro teve lugar a primeira

o Ministro de Assuntos Exteriores

deste evento, o Governo andorrano

ronda de negociações.

de Andorra e outros membros do

decidiu renovar a sua parceria com a

A Iniciativa ACTUA é o programa

Governo andorrano e da Iniciativa

empresa canadense, que vai realizar

responsável por coordenar todas as

ACTUA fizeram uma apresentação

um novo espectáculo exclusivo no

acções voltadas para a diversifica-

sobre o processo de abertura econó-

Verão de 2015.

ção da economia de Andorra, dando

mica do país. Outras iniciativas priva-

O número de turistas portugueses

apoio ao empresário andorrano e

das estão a aprofundar as trocas

tem aumentado ao longo dos anos,

aos investidores estrangeiros. A

comerciais entre Portugal e Andorra.

e o mais recente estudo de mercado

diversificação da economia realiza-

Neste âmbito, destaca-se a inicia-

realizado revela que os portugueses

-se através dos clusters nos sectores

tiva conjunta da Portugal Foods e

vêem Andorra principalmente como

da tecnologia e inovação, da saúde

de um centro co-mercial andorrano,

um destino de Inverno que tem uma

e bem-estar social, de e-health, da

que já organizaram duas edições de

vasta oferta para a prática do esqui;

cosmética e produtos de beleza, e

“Sabores de Portugal” com o objecti-

e como um país que combina as ac-

da educação, que reúnem mais de

vo de dar a conhecer ainda mais os

tividades de Inverno, a Natu-reza e

320 empresas e mais de 550 profis-

produtos portugueses em Andorra.

as belas paisagens com as compras.

sionais de Andorra e do estrangeiro.

Neste momento, está-se a traba-

Com as reformas já iniciadas, a aber-

Os clusters constituem uma ferra-

lhar no futuro enquadramento das

tura da nossa economia, o sanea-

menta para criar as sinergias ne-

relações entre Andorra e a União

mento das contas públicas, o forta-

cessárias entre o sector público e o

Europeia. O Conselho da União

lecimento dos sectores tradicionais,

sector privado, entre os empresários

Europeia adoptou, em Dezembro de

juntamente com o caminho da diver-

andorranos e os empresários estran-

2014, um mandato de negociação

sificação, estamos confiantes de que

geiros, de maneira que a diversifica-

para um ou mais Acordos de Asso-

a economia de Andorra continuará

ção se torne uma realidade. Desde

ciação entre a UE, Andorra, Mónaco

a recuperar como nos dois últimos

a adopção da Lei sobre o Investi-

e São Marinho. Uma relação estável

anos, e assim reforçaremos também

mento Estrangeiro, foi autorizado um

entre a União Europeia e Andorra

os vínculos com os outros países e,

investimento inicial de 152 milhões

deverá permitir aos cidadãos andor-

em particular, com Portugal.

1 Nesta declaração especifica-se que a “A União terá em conta a situação especial dos países de reduzida dimensão territorial que com ela mantenham relações específicas de proximidade”.

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 15


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Mansour bin Saleh Al-Safi, Embaixador da Arábia Saudita Arábia Saudita e as oportunidades de investimento

"

A SAGIA ADOTOU UM CONJUNTO DE

MEDIDAS QUE CONTRIBUAM PARA A MELHORIA DO CLIMA DE

INVESTIMENTO LOCAL TORNANDO-O MAIS COMPETITIVO, MELHORANDO, ASSIM, A CLASSIFICAÇÃO DA ARÁBIA SAUDITA NOS INDICADORES ECONÓMICOS INTERNACIONAIS

A economia considera-se, hoje

país é uma das economias emer-

em dia, o principal motor das re-

gentes no mundo, com os seus

lações internacionais, e as trocas

enormes recursos financeiros,

comerciais, entre dois países,

elevadas reservas monetárias,

constituem uma base de extrema

economia forte e diversas oportu-

importância para o desenvolvi-

nidades de investimento. Todos

mento das relações bilaterais. A

os países que têm relações di-

seguir a isso, vêm os dossiês po-

plomáticas com a Arábia Saudita

líticos e de segurança. Partindo

procuram aproveitar essas opor-

deste princípio, o Reino da Ará-

tunidades e desenvolver as suas

bia Saudita tem vindo a dar inte-

relações económicas com o país.

resse ao desenvolvimento eco-

Por outro lado, a Arábia Saudita

nómico e aos investimentos com

tem grandes investimentos em

os diversos países do mundo,

diversas regiões do mundo, de

nomeadamente atendendo à sua

leste a oeste, e tem um conjunto

qualidade de membro do G 20. O

de gigantescas

16 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

"


empresas classificadas den-

lamento Executivo do Regime do

tre as maiores empresas a nível

Investimento Estrangeiro, cujos

mundial, nomeadamente no setor

detalhes podem ser consultados

das indústrias petroquímicas e

no portal da Autoridade Geral

petrolíferas, para além de enor-

para o Investimento na Arábia

mes cidades industriais que

Saudita (www.sagia.gov.sa). A

albergam mais de 6400 fábricas.

consulta de tais critérios corrige

Partindo destes factos, a Auto-

muitos conceitos errados sobre o

ridade Geral para o Investimen-

exercício da atividade de investi-

to na Arábia Saudita (SAGIA)

mento no Reino da Arábia Sau-

empenha-se para incrementar as

dita que representa um mercado

oportunidades de investimento

aberto aos investidores estran-

nos diversos setores, nomeada-

geiros que podem começar as

mente os setores do transporte e

suas atividades de investimento

da saúde que têm uma elevada

com uma taxa de propriedade de

atração, enquanto oportunidades

100% na maioria dos setores e

de investimento, para os es-

sem necessidade de um parcei-

trangeiros. O valor dos projetos

ro local como algumas pessoas

nestes setores, para os próximos

pensam. Os investidores estran-

cinco anos, atinge cerca de 140

geiros podem comunicar-se di-

mil milhões de dólares america-

retamente com a SAGIA e sem a

nos. A SAGIA adotou um conjun-

mediação de um advogado, uma

to de medidas que contribuam

vez que este organismo foi criado

para a melhoria do clima de in-

principalmente para fornecer as

vestimento local tornando-o mais

informações necessárias e guiar

competitivo, melhorando, assim,

os investidores para as áreas e

a classificação da Arábia Saudita

as oportunidades do investimen-

nos indicadores económicos in-

to no Reino sem intermediários.

ternacionais, particularmente, nos

Tais facilidades estão ao alcance

setores não petrolíferos, visan-

de todas as empresas, grandes

do aumentar a diversidade dos

ou pequenas, e não se destinam

investimentos locais. Para tal, a

apenas às grandes multinacionais

Autoridade Geral para o Investi-

como muitas pessoas pensam.

mento na Arábia Saudita adotou

A Autoridade Geral para o Inves-

critérios e regulamentos para o

timento na Arábia Saudita aspira

investimento no Reino anuncian-

a atrair investimentos qualifica-

do que os investimentos estran-

tivos que contribuam para um

geiros contribuem, de uma forma

desenvolvimento sustentável num

concreta, para o desenvolvimento

mundo a viver a completividade,

da economia Saudita, tendo sido

oferecendo os seus serviços a

elaborados os critérios respeitan-

todos aqueles que pretendam

tes às condições de concessão

investir no Reino e destacando os

de licenças para o investimento.

sectores-alvo para os investido-

Estes critérios constam no Regu-

res estrangeiros.

"

A AUTORIDADE GERAL PARA O

INVESTIMENTO NA ARÁBIA SAUDITA ASPIRA A ATRAIR INVESTIMENTOS QUALIFICATIVOS QUE CONTRIBUAM PARA UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

"

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 17


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca A política externa dinamarquesa centra-se nas pessoas

"

É DIFÍCIL PARA O HOMEM CONTEMPORÂNEO E DA SOCIEDADE ACTUAL LIDAR COM A CRUELDADE IMPLACÁVEL DA IDADE DAS TREVAS POR PESSOAS DESPROVIDAS DE RAZÃO E DE COMPAIXÃO

"

O novo ano começou mal com os

mortas ou feridas por se levanta-

confiança e não na desconfiança.

ataques inimagináveis e cruéis a

rem em defesa desses mesmos

Devemos reagir, mas não exage-

pessoas inocentes em Paris, na

valores.

rar.

Nigéria, em Copenhaga e noutros

No entanto, por muito horríveis

É claro que o extremismo violento

locais do mundo. Os ataques em

que esses actos sejam, é fun-

deve ser abordado a partir de um

Paris e Copenhaga foram ataques

damental que a nossa reacção

ponto de vista holístico e com um

contra os nossos valores, espe-

seja de viver de acordo com os

amplo número de ferramentas,

cialmente a liberdade de expres-

próprios valores que estamos a

em casa e no exterior. Temos de

são. Isto influenciará o ano de

defender. Este é um desafio que

nos concentrar em como podemos

2015.

não devemos subestimar. É difícil

impedir as pessoas de se irem

Em Copenhaga foram mortas duas

para o homem contemporâneo e

transformando em terroristas, em

pessoas inocentes e cinco polícias

da sociedade actual lidar com a

primeiro lugar. E como podemos

ficaram feridos enquanto defen-

crueldade implacável da idade das

levá-los de volta ao caminho certo,

diam a liberdade de expressão e a

trevas por pessoas desprovidas de

uma vez que foram atraídos para

tolerância da religião. Nos ataques

razão e de compaixão. Contudo,

uma mentalidade de extremismo

atrozes do mês passado em Paris,

é imperativo para nós. A nossa

violento.

muitas pessoas inocentes foram

resposta deve ser baseada na

É por isso que precisamos de tratar

18 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


A nossa segurança não é um dado

porque a Dinamarca e a Europa

social em todos os nossos países,

adquirido. Isso mesmo nos mos-

não podem dar-se ao luxo de se

abordando eficazmente o fenó-

tra os conflitos na Ucrânia, a luta

fecharem em si próprias.

meno de combatentes terroristas

contra o terrorismo e o extremis-

Ao mesmo tempo, o ano de 2014

estrangeiros. Esta é verdadeira-

mo violento. Mas os conflitos são

também trouxe novas perspecti-

mente uma área onde nós precisa-

exemplos da forma como vamos

vas para a política externa dina-

mos de fazer mais colectivamente

lutar pelos nossos valores num

marquesa. Pode dizer-se que o

e com urgência. E eu gostaria de

mundo onde a União Europeia

desenvolvimento no mundo ao

usar esta ocasião para instar a

(UE) se está a tornar relativamen-

nosso redor foi de tal forma rápido

uma cooperação internacional ain-

te mais pequena, quer em termos

e tem exigido um esforço tão

da mais forte de forma a enfrentar

de habitantes, quer economica-

global que, mais do que nunca,

este desafio em conjunto.

mente, e desta forma, devemos

está claro que a responsabilidade

O ano de 2014 foi um ano dramáti-

bater-nos pela nossa prosperida-

da política externa não pode ser

co. Não me recordo de um ano na

de. As nossas três medidas de

suportada apenas pelo Ministério

história recente do mundo com tan-

política externa são mais atuais do

dos Negócios Estrangeiros.

tos conflitos profundos. Foi um ano

que nunca. E não serão realizadas

2014 lançou uma nova luz sobre

terrível para a humanidade e um

por si só.

os actores da política externa

de gangues e marginalização

dinamarquesa e mostrou com

ano difícil para as regras internacionais e os valores universais. O conflito na Ucrânia e o crescimento do extremismo violento sem precedentes foram e são ainda acontecimentos que irão definir os próximos tempos. Acrescentemos o Ébola e os múltiplos conflitos armados em África e na faixa de Gaza. Depois de um ano tão violento, os ministros dinamarqueses dos Negócios Estrangeiros e do

"

O ANO DE 2014 FOI UM ANO DRAMÁTICO. NÃO ME RECORDO DE UM ANO NA

HISTÓRIA RECENTE DO MUNDO COM TANTOS CONFLITOS PROFUNDOS

Comércio e Desenvolvimento

"

clareza que muitos dinamarqueses, hoje em dia, participam nela directa e indirectamente. Políticos, oficiais do governo, diplomatas, militares, especialistas em desenvolvimento, trabalhadores humanitários, associações, empresas, fundações, investigadores e grupos de interesse. Todos fazem um trabalho activo pela Dinamarca e todos ajudam a fortalecer e a aumentar a reputa-

apresentaram as seguintes visões,

Muitas das crises em 2014 vol-

ção da Dinamarca no mundo.

objectivos e prioridades de política

taram a salientar a força e a

2014 mostrou que a política exter-

externa:

importância das nossas alianças

na da Dinamarca é baseada em

A política externa dinamarquesa

transatlânticas. E como é crucial

pessoas, nos valores e experiên-

irá reforçar a nossa segurança, a

trabalhar em conjunto com organi-

cias que elas trazem ao mundo.

nossa prosperidade e promover os

zações multilaterais como a UE, a

Dinamarqueses que trabalham,

nossos valores - para nós mes-

NATO, a ONU e a OSCE. A diplo-

moram ou estudam fora da Dina-

mos e para melhorar o mundo.

macia e a cooperação não serão

marca espelham a nossa história,

A ferramenta transversal para a

menos importantes.

democracia e sociedade e podem

futura política externa bilateral da

A Dinamarca foca-se em ser

ser o nosso melhor activo exter-

Dinamarca deve ser a cooperação

activa nos locais e nos temas

no – um activo que devemos usar

das autoridades com um número

onde somos participantes e onde

mais.

de países seleccionados sobre

podemos fazer a diferença. É do

A defesa dinamarquesa - e de

as escolhas estratégicas entre os

nosso interesse deixar a nossa im-

outros países - teve um grande

diferentes modelos da sociedade e

pressão digital no grande desen-

impacto em 2014. Como tem tido

as melhores soluções em diversos

volvimento no mundo. Devemos

há muito tempo e vai continuar a

sectores.

e temos de ter um papel activo

ter no futuro. Estes países não

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 19


Michael Suhr, Embaixador da Dinamarca

estão sozinhos e os seus esfor-

vezes, 28 países mantiveram-se

Uma outra prioridade principal da

ços não podem ficar isolados. As

firmes sobre as sanções - mes-

Dinamarca é a luta contra o ISIS

intervenções militares podem ser

mo que isso nos tenha afectado.

e o extremismo violento. Vamos

uma necessidade e foram uma

Ao mesmo tempo, apoiamos os

continuar o envolvimento militar

necessidade no Iraque, mas isso

nossos vizinhos e aliados no leste

e os treinos como parte de uma

não constitui uma solução por si

por meio da NATO e de acordos

vasta aliança internacional. O es-

própria, mesmo que a reacção au-

bilaterais.

forço militar significou muito, mas

tomática no debate político e nas

As acções dinamarquesas vão

há um longo caminho a percorrer.

notícias nos períodos de crise exi-

envolver muitos domínios diferen-

O corpo diplomático tem que ser

ja com demasiada frequência por

tes com uma grande variedade

apoiado por acções políticas para

uma resposta forte – com navios,

de participantes. Vamos facilitar a

garantir um Iraque unificado e uma

aviões e tropas de combate.

nossa cooperação para a conver-

solução política na Síria. A Dina-

Quando se pretende alcançar a

são da Política Energética Ucra-

marca apoia totalmente os esfor-

paz são sempre os esforços civis

niana, entre elas, um novo centro

ços da UN.

e os ativistas que são essenciais

energético. A Política Energética é

Será importante, em 2015, refor-

para criar soluções duradouras e avançar durante e depois do conflito. E são os heróis civis dinamarqueses que ajudam outros civis que fazem a diferença. Mesmo que não sejam tão visíveis nem tão atraentes como as nossas forças armadas. É uma grande força para a Dinamarca, para a nossa política externa, que tenhamos tantas medidas, tantos participantes heróicos, e que eles saibam como cooperar

"

SERÁ IMPORTANTE, EM 2015, REFORÇAR

O TRABALHO DE PREVENÇÃO CONTRA OS EXTREMISMOS E

PARAR A ABORDAGEM DE “FOREIGN FIGHTERS” – PARA O NOSSO BEM E O DA REGIÃO

"

çar o trabalho de prevenção contra os extremismos e parar a abordagem de “foreign fighters” – para o nosso bem e o da região. Vai exigir alianças diplomáticas entre a UE, o Médio Oriente e a parte norte da África, em cooperação com muitos outros participantes. A UE tem que desenvolver o apoio às políticas, à educação e melhorar as condições socioecónomicas nas regiões envolvidas. Também é muito importante envolver a so-

entre eles. Isto significa que a

uma área central para o fortaleci-

nossa política pode especialmente

mento da nova Ucrânia.

ter base na sociedade dinamar-

Na Dinamarca focamo-nos na polí-

quesa e parcialmente por meio da

tica e na diplomacia para apoiar a

nossa cooperação, mostrando que

luta contra a propaganda russa e

As acções dinamarquesas apli-

somos uma sociedade forte. Desta

a sua guerra nos meios de comu-

cam-se às autoridades e à socie-

forma, gostaríamos de obter o

nicação social. E uma das grandes

dade civil. Em 2015 focalizamos

respeito e a influência que normal-

prioridades é a nossa presidência

a execução dos planos contra a

mente seria impossível para um

no Conselho Nórdico e na coope-

radicalização e melhoria do novo

país tão pequeno.

ração Nórdico-Báltica neste novo

programa para apoiar a oposição

Para a Dinamarca, os vizinhos do

ano, em conjunto com um peque-

moderada na Síria, reforçar a luta

leste vão ser muito importantes

no círculo de países afins pedimos

não militar contra o ISIS. Também

em 2015. Para a Dinamarca e a

um número de propostas à UE.

vamos tentar espalhar o nosso co-

UE, é importante reforçar um me-

Finalmente, apoiamos as reformas

nhecimento na luta contra a lava-

lhor progresso da Ucrânia e, espe-

políticas na Ucrânia e o contacto

gem de dinheiro e o financiamento

rançosamente, uma melhor rela-

entre as pessoas de Leste e os di-

de terror no Corno de África.

ção com a Rússia, que também

namarqueses. Devemos fazer com

O resto do Médio Oriente também

é muito importante para a nossa

que os países e o seu povo fiquem

vai ser um foco da Dinamarca.

economia. A política da UE tem

mais próximos de nós, nestes es-

Os enormes números de refugia-

muitas vezes encontrado o equi-

forços envolveremos especialistas

dos, a Libéria que não atravessa

líbrio certo. Pare por um segundo

dinamarqueses nas regras legais

um bom período e não apresenta

para pensar sobre a unidade espe-

e diferentes partes da sociedade

sinais de melhoramento num curto

cial que mostrámos na UE. Por 16

civil.

espaço de tempo, e a situação

20 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

ciedade civil na Europa e no nosso país. Também se aplica aos nossos compromissos humanitários.


em Gaza não tem esperança, e

na região Ártica não é uma op-

reservas que a Dinamarca tem na

não podemos esperar paz entre

ção, mas uma necessidade para

cooperação europeia, a reserva

os israelitas e palestinianos. É

a Dinamarca. Por isso, o governo

legal.

importante que a UE esteja pronta

dinamarquês quer melhorar a coo-

A política externa dinamarquesa

para assumir um papel maior se o

peração entre a Gronelândia e as

tem como primeira prioridade

trabalho dos americanos não tiver

Ilhas Faroé sobre o Ártico, particu-

zelar pelos interesses dinamar-

sucesso.

larmente para a futura presidência

queses e contribuir para a segu-

Será um ano crucial na luta pelo

dos EUA no Conselho Ártico. A

rança, prosperidade e valores no

meio ambiente e a transição ver-

gestão do Ártico é uma área-

mundo, mas também se centra

de, num mundo com grandes pro-

-chave e uma prioridade dinamar-

nas pessoas. Os dinamarque-

blemas económicos e com queda

quesa: assegurar que o Ártico fica

ses que podem contribuir e que

dos preços do petróleo, é tentador

numa área sem conflitos, onde os

querem fazer a diferença – é isso

usar cada vez mais petróleo e

estados coexistem em paz. Inde-

que faz da Dinamarca um país

não investigar os recursos alter-

pendentemente das divergências

valioso para os nossos aliados,

nativos. Nós que lutamos por uma

países emergentes e países em

transformação sustentável neces-

crescimento.

sária temos nos empenhar mais para fazer a diferença em 2015 – e trabalhar mais para assegurar um bom resultado na COP21 em Paris. Isto aplica-se aos governos, às organizações, aos líderes empresariais, académicos e líderes de opinião. Numa perspetiva bilateral, a Dina-

"

A NOSSA POLÍTICA ESTÁ LIGADA AOS NOSSOS ESFORÇOS PARA A SEGURANÇA ENERGÉTICA E PREVENÇÃO DE CONFLITOS

"

marca quer continuar o trabalho de cooperação com a China na

Vamos continuar a desenvolver o nosso projeto - nas zonas de confronto mas não menos importante no trabalho em curso e nas mudanças difíceis. Os esforços mais importantes da política externa dinamarquesa acontecem realmente dentro e fora das crises mundiais. Na nossa ajuda ao desenvolvimento, nos nossos esforços nos estados mais frágeis, nas nossas

área da energia e 20 especialistas

sobre a Ucrânia com a Rússia de-

políticas verdes e ecológicas, na

dinamarqueses viajaram para a

veremos continuar a cooperação

nossa pragmática mas clara apro-

China. Na Turquia trabalhamos

pacífica no Ártico, como previa-

ximação para reforçar os direitos

na urbanização sustentável, ali-

mente acordámos. Pessoalmente,

humanos, na nossa política ativa

mentos na Colômbia, a saúde no

vou trabalhar para incluir cada vez

no Ártico, na nossa cooperação

Brasil, e as condições de trabalho

mais a UE no caso Ártico.

com empresas dinamarquesas e

no Bangladesh. Focamo-nos mais

A quinta prioridade é a UE, que é

muito mais.

do que nunca na diplomacia eco-

uma cooperação onde nós preci-

O desenvolvimento global reen-

nómica.

samos de obter as competências

força que a política externa se

Ao mesmo tempo, a Dinamarca

dinamarquesas e os participantes

tornou demasiado grande para

tem uma política muito activa rela-

para trabalhar juntos. Um dos de-

os diplomatas isolados. A política

tivamente ao meio ambiente antes

safios mais importantes, como ci-

externa da Dinamarca tem que

da reunião COP21, com foco,

tado antes, envolve a UE e requer

estar enraizada no parlamento

entre outras coisas, na criação de

quer soluções dinamarquesas,

dinamarquês, na administração

uma aliança entre os países do

quer europeias. As novas institui-

central e em toda a sociedade

norte e os países do sul. Continua-

ções começaram bem e também

dinamarquesa. É importante para

mos a trabalhar por uma transição

com alguns projetos ambiciosos

nós, diplomatas, chegar a todas

verde ambiciosa, bilateral e na

nas áreas do crescimento, energia

as frentes mobilizadas fora da

UE. A nossa política está ligada

e uma UE mais efetiva. É impor-

Dinamarca, com todos os espe-

aos nossos esforços para a segu-

tante que nós influenciemos o

cialistas, todas as empresas e

rança energética e prevenção de

resto da UE com os nossos co-

todos os líderes de opinião no

conflitos.

nhecimentos, valores e posições.

esforço para promover as priori-

Para nós, o Ártico é a quarta

Ao mesmo tempo vai ser um ano

dades dinamarquesas no domínio

grande prioridade. A cooperação

onde tentaremos alterar uma das

da política externa.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 21


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Ali Elashiry, Ambassador of the Arab Republic of Egypt Egypt: The Future

"

EGYPTIANS ARE ALSO COGNIZANT THAT A HEALTHY DEMOCRACY MUST BE BASED ON SUSTAINABLE ECONOMIC AND SOCIAL DEVELOPMENT, AND ON SOCIAL JUSTICE

"

The Egyptian people have demons-

remains aware that as it undertakes

efforts we seize the opportunity of

trated, through the revolution of

its political transformation, and pur-

building on the special partnership we

January 25, 2011, and June 30, 2013,

sues economic and social develop-

have with the Kingdom of Saudi Ara-

that they are determined to work

ment it does so in a turbulent regional

bia and the United Arab Emirates, to

towards establishing the democratic

context suffering from considerable

convene the “Egypt Economic Deve-

system they aspire to. In this regard,

security challenges.

lopment Conference”. The conference

the political road map, announced in

Egypt has for many decades assu-

will launch Egypt’s macroeconomic

the wake of June 30, has achieved

med a special responsibility in brin-

reform program, affirm the goal of

the adoption of the new constitution,

ging about peace and stability in the

achieving inclusive economic and

the holding of presidential elections,

Arab World and Middle East. Egypt

social prosperity for all Egyptians, and

and will culminate in Parliamentary

firmly believes in its responsibility to

open up big possibilities of coopera-

elections due to be held in the near

the region and recognizes that the

tion with our partners for the prosperi-

future.

sustainable economic and social

ty and stability of our region.

In parallel to this effort, Egyptians are

prosperity of all its countries lies on

The invitation to participate in this

also cognizant that a healthy demo-

peace and stability, as well as on

conference was extended to lea-

cracy must be based on sustainable

Egypt’s assumption of its responsibili-

ders of many countries including the

economic and social development,

ty in this regard.

leaders of the 28 European Union

and on social justice. Likewise, Egypt

As we drive towards achieving these

countries.

22 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


The economic conference will be

waterway to 97 ships/day in 2023 up

increasingly inspired by ISIS. These

held in Sharm el Sheik from 13th to

from 49 ships/day at present; dee-

groups are waging a lethal campaign

15th March 2015. The conference

pen and widen the Canal in order to

against the Egyptian people, security

agenda has been formulated to in-

accommodate vessels with 66 feet

and military forces and threaten to

clude two main themes; First with the

draft in both directions; encouraging

undermine progress toward prosperity

participation of leaders and senior offi-

national, Arab and foreign capital

and democracy.

cials from government, and interna-

investment to participate in the imple-

Egypt’s military and security forces

tional and regional development and

mentation of the master plan of the

have made significant progress

financing institutions, deals with deve-

project. The general framework inclu-

against transnational militant groups.

lopment policies, encompassing: the

des: car assembly plants, electronics,

Over the past several months,

announcement of the comprehensive

manufacture and repair of containers,

Egyptian military and security forces

development vision of the Egyptian

oil and refining industries, petroche-

have arrested or killed thousands of

government; the requisite develop-

mical industries, light metal industries,

terrorists, seized thousands of wea-

ment programs for its implementation;

distribution and redistribution logistics

pons and confiscated tons of explo-

the funding needs for their execution

centres and bunkering.

sives. Additionally, Egypt destroyed

in the coming years; the contributions

Besides the Suez Canal, the gover-

thousands smuggling tunnels that

of development partners therein,

nment of Egypt has launched also a

had operated for years with impunity,

whether direct or indirect as well as

series of mega development projects,

supplying weapons, resources and

legislative reforms to be adopted in

among which is the project to esta-

personnel to terrorist groups targeting

the coming period to improve the

blish the Logistic Centre for Trade,

Egypt and neighbouring countries.

investment climate, and investor pro-

Handling and Processing of Cereals

Under President El Sisi, Egypt conti-

tection. Second; wherein participation

and Grains in Damietta. The master

nues to build an effective democratic

is focused on leading local , regional

plan is set for the logistic Centre in

political system that will provide a bet-

and international investors, deals

Damietta over a land area of 3 million

ter future for all Egyptians. In a short

with the investment and business

square meters with a total storage

period of time, the country has moved

sector, where available investment

capacity of 65 million tons, the Centre

forward significantly, approving via

and business opportunities in priority

will serve for receiving and handling

referendum an amended constitution

sectors will be showcased along with

grains and cereals, unrefined sugar,

that affords Egyptian citizens with

the national mega-projects, the diffe-

oil and other food commodities; esta-

unprecedented guarantees for indivi-

rent opportunities for public-private

blishing state of the art silos and fiber

dual freedoms and gender equality,

partnerships, as well as providing an

glass domes with the latest ventilation

establishes a political system based

opportunity for exploring investment

systems to store the grains; Re-ex-

on accountability for political leaders,

and cooperation prospects among

porting grains, cereals and processed

and provides additional civilian oversi-

business attendees.

food commodities.

ght of Egypt’s military. The amended

The government has already laun-

Damietta has been chosen to host the

charter also ensures the separation

ched a number of megaprojects that

Centre due to the great advantage

and balance of powers, enumerating

will transform the Egyptian economic

it enjoys mainly being connected by

powers for a strong parliament with

landscape including the expansion of

road, by railroad and by river of 15

significant oversight over executive

the Suez Canal project with the cost

Governorates producers of grains;

actions.

of US$8.5Billion. The Egyptians have

and by being connected to the majo-

We look forward to the active parti-

raised EGP64Billion Pounds which

rity of Mediterranean, Black Sea and

cipation of Portugal in the upcoming

exceed US$8.5Billion in eight days to

North America ports of grain major

“Egypt Economic Development

fund the mega project which reflects

producers and consumers.

Conference” and the contribution of

the full confidence in the leadership

A golden triangle industry/mining/

Portuguese business or investors

and its vision. The objectives of the

commercial and tourism centre be-

communities to support Egypt’s deve-

Suez Canal development project are

tween Qena and the Red Sea, and

lopment initiatives in order to enhance

creating well developed industrial

the investment of US$1 Billion in new

the bilateral relations between the two

zones and international logistics and

renewable energy projects.

countries, especially trade relations

commercial centre; increasing the

Egypt is fighting a war on terrorism,

that do not reflect the excellent his-

doubled parts of the waterway by

battling extremist groups such as An-

toric and political relations between

50%; increasing the capacity of the

sar Bayt al-Maqdis, whose tactics are

Egypt and Portugal.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 23


Alda Vanaga, Embaixadora da Letónia Presidência da Letónia no Conselho da União Europeia

Europa competitiva, digital e empenhada No dia 1 de Janeiro de 2015, pela

Enquanto a UE ainda se recupera

primeira vez, a Letónia assu-

da crise e novos desafios surgem,

me a Presidência do Conselho

a Presidência da Letónia vai conti-

da União Europeia. O objetivo,

nuar o trabalho intensivo na pro-

durante os próximos seis meses,

moção do crescimento, para criar

estará centrado na construção

empregos e fomentar a competi-

de uma Europa mais competitiva,

tividade para garantir e promover

digital e empenhada. O caminho é

a posição da Europa na economia

a estreita colaboração com todos

global. A Presidência da Letónia

os Estados-Membros. A Presidên-

também irá trabalhar na constru-

cia da Letónia está pronta para

ção de uma base industrial forte

realizar os objectivos fixados pelo

e internamente competitiva para

programa do Trio de Presidências

colocar a indústria da Europa ou-

(Itália, Letónia e Luxemburgo) e

tra vez no caminho do crescimen-

continuar o trabalho iniciado pela

to. Para garantir um crescimento

Presidência Italiana.

sustentável, a Presidência vai

24 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


concentrar-se na elaboração e

promover o seu papel como um

a celebração de novos acordos

conclusão do programa de facili-

actor global – o objectivo será o

comerciais estratégicos que pode-

tação do investimento, no forta-

de facilitar a estabilidade, segu-

rão trazer-nos novos empregos e

lecimento do mercado único da

rança e desenvolvimento. Uma

crescimento.

UE e na promoção da segurança

parte importante do programa da

Ao mesmo tempo, a Presidência

energética.

Presidência será dedicada a áreas

de Letónia está empenhada em

Durante a Presidência da Letónia,

cruciais da política da EU como

lidar com outros problemas no

as questões da Agenda Digital

a vizinhança, desenvolvimento,

âmbito das políticas da UE, em

serão umas das principais priori-

migração, comércio, segurança e

busca duma abordagem equili-

dades. O objetivo da Presidência

defesa e políticas de alargamento.

brada e de soluções aceitáveis e

letã será explorar ao máximo o

Portanto, a Presidência da Letó-

apoiadas por todos os Estados-

potencial de avanço tecnológico e

nia irá facilitar as avaliações da

-Membros.

trabalhar para aproveitar as opor-

política europeia de vizinhança e

O logotipo da Presidência Letã

tunidades do mercado único digi-

a actualização da estratégia da

baseia-se na mó dos moinhos

tal. Será dada especial atenção

UE para a Ásia Central. A Presi-

que, nos tempos passados, foi

à promoção da confiabilidade do

dência da Letónia também acolher

uma inovação significativa e um

mercado único digital e à seguran-

a Cimeira da Parceria Oriental em

gatilho de mudança nos lares de

ça no ambiente digital. A Presi-

Riga, em Maio de 2015.

toda a Europa. De forma seme-

dência da Letónia está a organizar

Em termos de comércio a Presi-

lhante, a Presidência da Letónia

a Assembleia da Agenda Digital

dência da Letónia vai trabalhar

vai continuar o trabalho e realizar

em Riga em Junho de 2015.

para o benefício de todos os

novas iniciativas focadas no cres-

Tendo em conta a prioridade da

Estados-Membros, no sentido de

cimento económico que possam

Presidência – apoiar a construção

garantir a competitividade da UE,

trazer novas perspectivas e con-

duma Europa mais empenhada e

a abertura do nosso mercado e

fiança aos cidadãos europeus.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 25


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Hikmat Ajjuri, Ambassador of Palestine Holy Land needs UN

"

TWENTY YEARS OF VAIN

NEGOTIATIONS, HAVE SO FAR BEEN ELAPSED, SINCE THE EXCHANGE OF THE LETTERS OF RECOGNITION

"

Israel has constantly and gravely

Winston S. Churchill III;

breached international law, inclu-

"We’ll make a pastrami sandwich

ding

of them. We’ll insert a strip of

humanitarian and human

rights law, flagrantly violated

Jewish settlements in between

United Nations resolutions and

the Palestinians, and then ano-

arrogantly ignored the interna-

ther strip of Jewish settlements

tional will and demands. Israel´s

right across the West Bank, so

continued settlement coloniza-

that in 25 years, neither the Uni-

tion schemes in the Occupied

ted Nations, nor the U.S.A, nobo-

Palestinian Territories, including

dy, will be able to tear it apart”.

East Jerusalem, over the goal of

Until today, Israel has built more

peace and security. Settlements´

than 550 settlements and trans-

construction is an Israeli strategy

ferred illegally to them more than

to thwart any possibility of esta-

600 thousand of its citizens.

blishing a Palestinian state. For-

It does not matter when the deci-

mer Israeli Prime Minister Sharon

sions were taken or acts perpe-

Ariel Sharon in 1973 wrote to

trated by successive Israeli

26 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Governments, whether in 2015,

1996 Netanyahu was elected

Clinton´s said in 2011 “Netanya-

or 1973, settlement activities in

prime minister of Israel, three

hu is not interested in Middle

the Palestinian Territories, occu-

times on a manifesto to destroy

East peace deal”.

pied since 1967, including East

the Oslo agreement. Ehud Barak

The Palestinians in November

Jerusalem, are internationally

has never approved the Oslo

1988, recognized Israel on the

illegal and constitute the major

agreement. Sharon in addition

pre- 1967 borders, a rather 78%

obstacle to peace. The Fourth

to been the master of the settle-

of historic Palestine. All Arab and

Geneva Convention, namely

ments activities, he was found un

Muslim countries offer to norma-

Article 49 (6), is clear about this,

fit for public office by an Israeli

lize relations with Israel in return

as are Additional Protocol I to

commission due to his respon-

for the land it has taken by force

the Geneva Conventions, Article

sibility of the Sabra and Shatilla

in 1967 (Arab initiative 2002).

85 (4), and the Rome Statute of

Massacre in Lebanon in 1982.

The Palestinians´ commitments

the International Criminal Court,

Most of influential world leaders

to non-violent means, in their

Article 8(2) (b)(viii).

if not all know that Netanyahu is

quest, to end the Israeli 47 year’s

Indeed, the confiscation and co-

not interested in peace and acts

military occupation of their terri-

lonization of the land of another

against it.

tories, have no choice, but to go

people and their forced displa-

to the UN and its agencies and

cement and transfer from that

The Israeli political analyst

of course to return to the Secu-

land constitute war crimes under

Amira Hass, commenting on

rity Council, to uphold its duties

international law and cannot be

Netanyahu’s speeches; “The

vis-a-vis the Palestine question

justified or excused under any

mouth speaks peace while the

and to contribute genuinely to

pretext.

hand drives the bulldozer - the

the efforts, to resolve the Israeli-

Ironically, Israel continues de-

essence of Israeli policy”. (Hair-

-Palestinian conflict and forge a

fying the International community

nets Newspaper)

credible path for peace.

and its laws, despite the fact that

Former Shin Bet (Israel Security

Based on the aforementioned

the United Nations Organization

Agency) chief, Yaakov Peri, says

narrative and the fact that that

created Israel based on 56% of

in an interview with The Jeru-

neither Netanyahu the expected

historic Palestine to the Jews

salem Post on Monday 26 Jan

in coming Prime minister nor any

and the rest for the Palestinians.

2015. “There will be no peace

of his opponents are expressing

(Resolution 181)

agreement with the Palestinians,

in their election campaigns any

Twenty years of vain negotia-

whether regional or bilateral, if

realistic peaceful plan. The Inter-

tions, have so far been elapsed,

Benjamin Netanyahu remains

national community

since the exchange of the letters

prime minister”.

represented by the UN. must

of recognition, in 1993 between

Regrettably, the Security Council

have the courage to enforce its

the late leaders Arafat and Ra-

and upon pressure from the Ame-

endorsed two states solution un-

bin.

rican administration was unable

der chapter 7 of the UN charter.

Since the assassination of late,

on the 30th of December,2014, to

It is the only effectual means to

Rabin, in 1995, negotiations,

rise to the occasion, to uphold its

end the histor-ic injustice inflicted

have lost their values and failed

duties towards world peace and

on the Palestinians since the es-

to deliver any favourable end to

security, to resolve the Israeli-

tablishment of the state of Israel.

the Israeli Palestinian, conflict

-Palestinian conflict and forge a

It is as well an effectual means to

and became a smoke screen

credible path for peace. All In an

dry up resources for terrorism. .

to perpetrate the current status

utter contradiction of both Presi-

President Clinton said on the

quo. It is because all elected

dent Obama´s convictions, ”the

21st of Sep. 2010 “Solving the

Israeli Prime, ministers who

world will be more just with two

Israeli Palestinian conflict would

succeeded Rabin until this date

states living side by side ,in pea-

take away much of the motivation

are not ready for peace. Since

ce and security” . and President

for terrorism around the world”.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 27


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Jaime Durán Hernando, Embaixador da República Dominicana O fundamentalismo

"

OS PIORES ATOS DE VIOLÊNCIA QUE

DIRIGEM HOJE AS GRANDES POTÊNCIAS, SÃO TAMBÉM EXPRESSÕES DE FUNDAMENTALISMO

POLÍTICO, A GUERRA EM AFEGANISTÃO, IRAQUE, LÍBIA E SÍRIA SÃO EXEMPLO

"

Dá-se o nome de fundamentalismo

ram a sua mais intensa operação

foi iniciada a 8 de Julho de 2014,

aos movimentos de caráter religio-

militar contra um território palesti-

enquanto as primeiras incursões

so, étnico, económico e político. É

no desde a Guerra dos Seis Dias,

terrestres contra Gaza acontece-

a estrita aderência a um conjunto

em 1967.

ram a partir do dia 17 do mesmo

específico de doutrinas. Está pre-

Operação Pilar Defensivo, também

mês. A 26 de Agosto, os comba-

sente nos atos de extrema violên-

conhecida como Operação Coluna

tes se encerraram depois de sete

cia, como as ofensivas militares

de Nuvem foi uma operação de

semanas.

das Forças de Defesa de Israel

ataque à Faixa de Gaza, realizada

As operações são expressões de

contra a Faixa de Gaza.

pelas Forças de Defesa de Israel

fundamentalismo político mais do

A Operação Chumbo Fundido é

(FDI) entre 14 e 21 de Novembro

que religioso. Depois de 50 anos

uma grande ofensiva militar das

de 2012.

de guerra, Palestina é hoje ape-

Forças de Defesa de Israel, rea-

A chamada Operação Margem

nas a Faixa de Gaza e Cisjordâ-

lizada na Faixa de Gaza, a partir

Protetora também chamada,

nia.

do dia 27 de Dezembro de 2008.

Guerra em Gaza de 2014, foi uma

Os piores atos de violência que

Todavia, na maior parte do mundo

campanha militar lançada pelas

dirigem hoje as grandes potências,

árabe, a ação israelense é referida

Forças Armadas de Israel contra a

são também expressões de funda-

como Massacre de Gaza. Inicia-

Faixa de Gaza. A operação aérea

mentalismo político, a guerra em

28 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria

rias com a Ásia. Perante os sécu-

são exemplo.

los XVI a XVIII, o vértice europeu

Não são os atos de guerra arma-

deste imenso conjunto de cadeias

da, são também os atos económi-

de trocas comerciais assenta nas

cos de expropriação ilegal de bens

principais potências navais e polí-

de um pais ou de um Estado por

ticas, Portugal, Espanha, França,

outro Estado, como é o caso das

Inglaterra, e Holanda.

chamadas Sanções Económicas.

Europa, explorou, conquistou e co-

As organizações mais conhecidas

lonizou África e América. Extraiu

assinaladas como fundamentalis-

em seu benéficio todas as suas

tas são :

riquezas materiais e humanas.

Al-Qaeda, também Al-Qaida, é

O sistema esclavista foi imposto

assinalada a organização fun-

desde o principio até o fim.

damentalista islâmica mais co-

O comércio de hoje é pelo menos

nhecida. Foi considerada como

quadrangular e planetário. Não

promotora principal do terrorismo

para benéficio de uns a custa

internacional, responsável dos ata-

dos demais, mas para beneficio

ques de 11 de Setembro de 2001.

equilibrado de tudos. Sempre

Perseguida foi debilitada e disgre-

serão possiveis associações tri ou

gada. Seu líder Osama Bin Laden

bilaterais.

foi eliminado. A sua força hoje é

Nos séculos XVIII e XIX o colo-

muito fraca, sem chefe.

nialismo entrou em crise. América

O chamado Estado Islamico de

atingiu a sua independência.

Iraque e do Levante, EIIL, tam-

O mundo hoje tem mudado muito.

bén chamado Estado Islamico,

A diferença entre a América do

IES, é considerado seu substituto

Norte e Latinoamérica e Caraibas

e descendente. A sua força mi-

é notável. A diferença entre os

litar é notável, surgida e armada

Estados da Europa não é tanta. O

ao serviço de potências estran-

poder da China determina que a

geiras para fazer a guerra a Síria

Ásia não seja secundária mas uma

em primeiro lugar, e depois a

das primeiras.

Iraque. Seus promotores e chefes

Algumas comparações podem ser

teriam perdido o dominio sobre

úteis.

eles. São a principal organiza-

PBI Continente Território População 731 10 32.7 Europa 30 1.7 Africa 100 21 6.9 A.L. Caraibas 600 9.37 17,400 T Estados U. 308.7 9.6 17,600 T China 1,338

ção terrorista e fundamentalista de hoje. As relações económicas e políticas entre as Américas, Europa,

"

EUROPA, EXPLOROU, CONQUISTOU E COLONIZOU ÁFRICA E AMÉRICA. EXTRAIU EM SEU BENÉFICIO TODAS AS SUAS RIQUEZAS MATERIAIS E HUMANAS

"

Países 50 54 33

África e Ásia.

Respeito e benefício mútuo, fluxo

O Comércio Triangular do Atlân-

tão livre como possível continuam

tico é a expressão utilizada para

a ser regras imprescindíveis. Um

designar um conjunto de relações

elemento perturbador são as cha-

comerciais dirigidas por Europa

madas sanções económicas por

entre as metrópoles e os vários

razões políticas, impostas por uns

domínios ultramarinos, em África

estados contra outros unilateral-

e América, com relações secundá-

mente e fora da lei.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 29


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Vasile Popovici, Embaixador da Roménia O terrorismo gerado pelo radicalismo religioso

"

EM VEZ DE LEVAR A UM PROCESSO DEMOCRÁTICO, A PRIMAVERA ÁRABE FALHOU, COM A

EXCEPÇÃO DA TUNÍSIA, GERANDO EXCESSOS, CAOS OU NOVAS FORMAS DE DITADURA

"

A Primavera árabe deveria ter

a um processo democrático, a

são desastrosos para o mundo

reduzido a tensão no que respei-

Primavera árabe falhou – com a

civilizado. De certo modo sur-

ta à situação dos países árabes

excepção da Tunísia – em ex-

preendente, a Europa parece

e ter trazido no palco político

cessos, caos ou novas formas

ocupar o lugar dos EUA, como

de Maghreb, Mashreq e Médio

de ditadura. Hoje, a Líbia, a Síria

alvo principal para os islamitas.

Oriente as forças políticas perse-

e o Iémen encontram-se num

A proximidade para com as zo-

guidas pelos regimes ditatoriais

estado muito mais grave do que

nas que se encontram sob o con-

da Tunísia, do Egipto, da Líbia,

antes da eclosão das revoltas

trolo dos islamitas radicalistas

da Síria si do Iémen no âmbito

populares. No terreno aberto pe-

como também o recrutamento de

de um processo de normalização

los movimentos populares rapi-

jihadistas europeus via Internet

progressiva das respectivas so-

damente se instalaram as redes

são fenómenos para os quais a

ciedades. A situação não decor-

jiadistas, que transformaram o

Europa deve encontrar soluções

reu minimamente como podía-

Iémen numa base Al-Qaida, a

comuns. É pois claro que estas

mos esperar. As forças islamitas,

Líbia num espaço de prolifera-

soluções não podem ser apenas

perseguidas por muito tempo nos

ção da AQMI, a Síria (Iraque) no

soluções de segurança: o reforço

seus países, passaram por sua

Estado Islâmico.

do controlo fronteiriço, a unifica-

vez a perseguir. Em vez de levar

Os efeitos destas evoluções

ção das informações sobre os

30 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


fluxos de passageiros, a coo-

países empobrecidos, apesar de

territorial da Ucrânia, quando a

peração estreita dos serviços de

ricos em recursos, saíram quase

Ucrânia consentiu ao seu de-

informação dos países-membros,

completamente do circuito eco-

sarmamento nuclear, em 1994,

a aplicação de penas mais du-

nómico internacional. A África

após a implosão da URSS. A in-

ras no que respeita aos crimes

subsaariana e toda uma área

vasão da Ucrânia não é apenas

ligados à actividade terrorista

geográfica situada nas rotas do

um problema russo-ucraniano,

etc. É preciso identificar mais

contrabando do Golfo da Guiné

mas sim europeu, que o recen-

profundamente as causas que

até ao Mediterrâneo estão tam-

te acordo Minsk não solucio-

gerem o fenómeno islamita. As

bém fora de qualquer controlo, o

na, apenas o torna crónico, na

mesmas são tanto de ordem ge-

que representa um grande obs-

melhor das hipóteses, segundo

ral – a ignorância e o ignorar dos

táculo para a cooperação eco-

o modelo da Transnístria, e isso

preceitos do Islão, religião do

nómica e para os investimentos.

no caso dos territórios do Leste

amor e também do cristianismo;

Todos estes factores encarecem

da Ucrânia, porque a situação

a exploração dos sentimentos

a factura da crise económica

na Crimeia é ainda mais grave.

de frustração para com a opu-

actual. Politicamente, a recru-

Se a Geórgia foi um motivo in-

lência da civilização ocidental,

descência do terrorismo islamita

centivante para a intervenção na

a leitura à letra do Corão etc. –,

serve os interesses dos partidos

Ucrânia, a pergunta que teremos

como também de ordem local,

extremistas, antieuropeus, das

que responder é a seguinte: que

tendo cada país europeu a sua

democracias ocidentais. Eis um

outra nova agressão russa nos

própria comunidade muçulmana,

muito rápido panorama das con-

espera, amanhã ou depois, a

mais ou menos integrada, mais

sequências da intensificação do

actual intervenção na Ucrânia,

ou menos a viver em guetos. Um

fenómeno islamita que vivemos

que ficou sem uma resposta

problema que tem que encontrar

hoje.

conforme?

n

uma solução, que tenha também em conta os interesses palesti-

A invasão russa da ucrânia

nianos é o problema israeliano-

É um erro enorme acreditar

-palestiniana. O adiamento de

que a anexação de territórios à

uma solução representa uma das

Ucrânia por parte da Federação

causas profundas de frustração

Russa representa um problema

popular no mundo árabe, sendo

afastado e ainda por cima um

um preço demasiado alto, que

problema limitado do ponto de

a comunidade judia no mundo

vista geográfico. A invasão da

paga no âmbito de um conflito

Geórgia pelas forças militares

generalizado. O preço deste

russas, de Agosto de 2008, que

conflito prolongado é demasiado

teve lugar na ausência de qual-

alto inclusive para o Ocidente. A

quer medida significativa por

resolução da situação do Médio

parte do Ocidente, foi um motivo

Oriente não pode ficar apenas à

incentivante para a anexação

consideração dos radicais israe-

da Crimeia e para a invasão das

litas e palestinianos, caso quei-

forças militares russas no Leste

ramos eliminar uma das causas

da Ucrânia, pois é isso que se

do terrorismo que ameaça os

passa verdadeiramente naquela

interesses mundiais.

zona, às fronteiras da Europa.

É evidente que, o mundo inse-

Digamos ainda, como uma enor-

guro no qual vivemos tem custos

me ironia, que a Rússia é, con-

altíssimos, económicos e polí-

juntamente com os EUA e o Rei-

ticos. A Líbia, o Iraque, o Irão,

no Unido, o fiador da integridade

"

QUE OUTRA NOVA AGRESSÃO RUSSA

NOS ESPERA, AMANHÃ OU DEPOIS, A ACTUAL INTERVENÇÃO NA UCRÂNIA, QUE FICOU SEM UMA RESPOSTA CONFORME?

"

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 31


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Saloua Bahri, Embaixadora da Tunísia A luta contra o terrorismo: um desafio comum

"

O EXTREMISMO ISLAMITA AFIRMA-SE

CADA VEZ MAIS COMO UM ÚLTIMO REFÚGIO FACE ÀS FRUSTRAÇÕES ECONÓMICAS, SOCIAIS E POLÍTICAS

"

A subida galopante do terrorismo e

Aqmi, Boko-Haram, EI, EL Qaeda.

dos seus efeitos adversos sobre a

A erupção do islamismo radical e

paz social, a segurança e o de-

do Jihadismo, mobilizando milha-

senvolvimento económico é cada

res de jovens na maioria dos casos

vez mais um tema de importante

sem perspetivas de futuro e usan-

preocupação para os Estados.

do a instrumentalização do islão

A frequência e a natureza mortí-

para fins políticos, o que alimentou

fera dos ataques nos países alvos

a amálgama entre Islão e terroris-

(carros armadilhados, bombas nos

mo, fazendo dos muçulmanos, a

locais públicos, ataques de institui-

sua principal vítima, como bem o

ções, tomada de reféns, violações

descreveu Paul Balta no seu livro

de mulheres, massacres coletivos,

« Islão e islamismo »: cuidado com

decapitações), são indicações da

as amálgamas ».

sofisticação dos grupos terroristas,

O extremismo islamita afirma-se

cujo número é cada vez mais im-

cada vez mais como um último re-

portante sob diferentes apelações:

fúgio face às frustrações económi-

o movimento de Ansar Acharia,

cas, sociais e políticas. As seitas

32 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


islamitas fundamentalistas apare-

zamento de elementos jihadistas

dicalização assim como aos meios

cem como refúgios naturais face à

recorrendo ao terrorismo :

para dar um impulso ao reforço da

ausência de perspetivas.

- Uma ordem regional fragmentada

cooperação regional e internacio-

O Sahel tornou-se a placa giratória

marcada por desigualdades nas

nal, da confiança mútua, da troca

do terrorismo internacional desig-

etapas do processo democrático.

de informações entre todos os

nado « arco integrista do Saara »

- A ameaça salafista no Sahel com

atores envolvidos e as medidas a

e servindo de base de retaguarda

os tráficos de todo o género.

tomar nomeadamente em matéria

às redes de grupos terroristas ; as

- O enfraquecimento da coopera-

de controlo de conteúdo ilegal dos

fronteiras não sendo nem mate-

ção entre os parceiros chaves à

sites internet pelos ativistas radica-

rializadas, nem controladas, o que

escala regional e internacional.

listas.

favorece os tráficos ilícitos: armas,

- A degradação da situação eco-

Também o todo securitário para o

droga, cigarros, resgates, extorsão,

nómica e social aumentando as

securitário tem as suas limitações.

branqueamento de dinheiro… e

capacidades dos grupos terroristas

É imperativo atacar a essência do

rende fortunas aos grupos mafio-

em termos de doutrinação e de

problema que é o co-desenvolvi-

sos.

recrutamento.

mento, e não as aparências, como

Também, a Líbia erigiu-se enquan-

- A pobreza e o crescimento do de-

o mostrou um recente estudo do fó-

to refúgio terrorista, entregue à

semprego atingindo principalmente

rum Económico Mundial que alerta

lei das milícias em rivalidade pelo

os jovens.

contra as desigualdades em maté-

controlo das armas e dos tráficos.

- A dispersão dos meios e a ausên-

ria de riquezas, de educação, de

Representando uma ínfima minoria

cia de estratégia coerente e global

saúde e de mobilidade social assim

em relação aos cerca de 1,5 mil

de luta contra o terrorismo, fede-

como as perniciosas consequên-

milhões de muçulmanos, esses

rando os meios securitários mas

cias do desemprego especialmente

radicalistas, pelos seus clamo-

também económicos e sociais com

nos jovens.

res e pelas suas violências, têm

o objectivo de implementar ume

Face a esta situação dá-se a

deformado a religião muçulmana

estratégia de segurança global e

urgência de adaptação das es-

e a civilização arabo-islâmica e

humana.

tratégias de desenvolvimento, de

os seus múltiplos contributos em

- O claro enfraquecimento dos Es-

cooperação regional e internacional

todas as áreas de conhecimento:

tados na luta contra o terrorismo

na base de uma verdadeira parce-

matemáticas, medicina, filosofia,

Face à complexidade da ameaça

ria em benefício de todos para agir

física e química… nomeadamente

terrorista, ameaçando a segurança

eficazmente sobre os eventos de

durante o período do século VIII ao

nacional e regional e acentuando o

maior importância e enfrentar os

século XIII.

fosso e as amálgamas, a resposta

futuros desafios.

O agravamento dos desequilíbrios,

ao problema deste flagelo está in-

A revisão em curso dos instru-

as injustiças sociais, a ausência de

dubitavelmente ligado à tomada de

mentos da política de vizinhança

progressos económicos e sociais,

consciência do perigo deste fenó-

e de apoio à realização concreta

favorecem os comanditários e o

meno, à valorização da cooperação

dos programas económicos, e de

desenvolvimento do terrorismo,

coletiva, cultural e humana sobre

cooperação securitária, é chamada

conjugadas à estigmatização dos

bases convergentes e determi-

a dar uma resposta; a luta entre o

muçulmanos, ao racismo e à xe-

nadas nomeadamente no espaço

terrorismo na sua dimensão securi-

nofobia no ocidente alimentando o

euro-mediterrânico, implementando

tária, cultural, económica e preven-

choque ocidente-islão e favorecen-

uma nova abordagem global que

tiva constitui um desafio comum,

do a doutrinação e o recrutamento

tem em conta as duas dimensões:

como bem o anunciou a Senhora

dos executantes.

segurança e desenvolvimento sus-

Federica Mogherini, Alta Represen-

Também importa salientar vários

tentável e equilibrado.

tante da União Europeia para a Po-

fatores internos aos países que

Neste contexto, uma atenção

lítica Externa e Segurança aquan-

passam por processos revolucio-

particular deve ser dada ao desafio

do da sua primeira visita à Tunísia

nários, que favorecem um enrai-

que representa a luta contra a ra-

a 13 de fevereiro de 2015.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 33


Saloua Bahri, Ambassadeur Tunisie La lutte contre le terrorisme: un défi commun La montée galopante du terrorisme et de

la religion musulmane et la civilisation

collective, culturelle et humaine sur des

ses effets néfastes sur la paix sociale, la

arabo-islamique et ses multiples ap-

bases convergentes et déterminées no-

sécurité et le développement économi-

ports dans tous les domaines du savoir:

tamment dans l’espace euro-méditerra-

que devient de plus en plus un sujet de

mathématiques, médecine, philosophie,

néen, en mettant en place une nouvelle

préoccupation majeure pour les Etats.

physique, chimie... notamment durant la

approche globale qui tient compte des

La fréquence et la nature meurtrière des

période du VIII au XIIIème siècle.

deux dimensions : sécurité et développe-

attaques dans les pays cibles (voitures

L’aggravation des déséquilibres, les

ment durable et équilibré.

piégées, bombes dans les lieux publics,

injustices sociales, l’absence de progrès

Dans ce contexte, une attention parti-

attaques d’institutions, prise d’otages,

économiques et sociaux, jouent en fa-

culière doit être accordée au défi que

viols des femmes, massacres collectifs,

veur des commanditaires et du dévelo-

représente la lutte contre la radicalisation

décapitages), sont des indications de la

ppement du terrorisme, conjuguées à

ainsi qu’aux moyens pour donner une

sophistication des groupes terroristes,

la stigmatisation des musulmans, à la

forte impulsion au renforcement de la

dont le nombre devient de plus en plus

montée du racisme et de la xénophobie

coopération régionale et internationale,

important sous différentes appellations :

en occident, alimentant le choc occident-

de la confiance mutuelle, de l’échange

le mouvement de Ansar Acharia, Aqmi,

-islam et favorisant l’endoctrinement et le

d’informations entre tous les acteurs

Boko-Haram, EI, EL Qaeda...

recrutement des exécutants.

concernés et les mesures à prendre

La percée de l’islamisme radical et

Aussi, force est de constater que divers

notamment en matière de contrôle du

du Jihadisme, mobilisant des milliers

facteurs internes aux pays qui connais-

contenu illégal des sites internet par les

de jeunes dans la plupart des cas

sent des processus révolutionnaires,

activistes radicalistes.

sans perspectives d’avenir et utilisant

favorisent un enracinement d’éléments

Aussi, le tout sécuritaire pour le sécu-

l’instrumentalisation de l‘Islam à des fins

jihadistes ayant recours au terrorisme,

ritaire a des limites. Il devient impératif

politiques, ce qui a alimenté l’amalgame

Un ordre régional fragmenté marqué par

de s’attaquer à l’essence du problème

entre Islam et terrorisme, faisant des

des inégalités aux étapes du processus

qu’est le co-développement, et non aux

musulmans, leur principale victime, com-

démocratique.

apparences, comme l’a montré une

me l’a bien décrit Paul Balta dans son

La menace salafiste au Sahel avec les

récente étude du Forum Economique

livre « Islam et islamisme » : gare aux

trafics en tous genres.

Mondial qui met en garde contre les iné-

amalgames ».

L’affaiblissement de la coopération entre

galités en matière de richesses, d’éduca-

L’extrémisme islamiste s’affirme de plus

partenaires clefs à l’échelle régionale et

tion, de santé et de mobilité sociale ainsi

en plus comme ultime refuge face aux

internationale.

que les conséquences pernicieuses du

frustrations économiques, sociales et po-

La dégradation de la situation écono-

chômage spécialement parmi les jeunes.

litiques. Les sectes islamistes fondamen-

mique et sociale amplifiant des capaci-

Face à cette situation se pose l’urgence

talistes apparaissent comme des refuges

tés des groupes terroristes en termes

d’adaptation des stratégies de dévelop-

naturels face à l’absence de perspectives

d’endoctrinement et de recrutement.

pement, de la coopération régionale et

d’avenir.

La pauvreté et la croissance du chômage

internationale sur la base d’un vrai parte-

Le Sahel est devenu la plaque tournante

touchant principalement les jeunes.

nariat «gagnant gagnant» afin d’agir effi-

du terrorisme international appelé « arc

La dispersion des moyens et l’absence

cacement sur les évènements majeurs et

intégriste du Sahara » et servant de

de stratégie cohérente et globale de

relever les défis qui se posent.

base arrière aux réseaux des graou-

lutte contre le terrorisme, fédérant les

La révision en cours des instruments de

pes terroristes ; les frontières n’étant ni

moyens sécuritaires mais également

la politique du voisinage et l’appui à la

matérialisés, ni contrôlés, ce qui favorise

économiques et sociaux afin de mettre

réalisation concrète des programmes

les trafics illicites : armes, drogue, ciga-

en œuvre une stratégie de sécurité glo-

économiques, et de la coopération

rettes, rançonnage, racket, blanchiment

bale et humaine.

sécuritaire, est appelée à donner une

d’argent… et rapporte des fortunes aux

Le net affaiblissement des Etats pour

réponse ; la lutte contre le terrorisme

groupes mafieux.

lutter contre le terrorisme.

dans sa dimension sécuritaire, culturelle,

Aussi, la Libye s’est érigée en foyer terro-

Face à la complexité de la menace

économique et préventive constitue un

riste, livrée à la loi des milices en rivalité

terroriste, menaçant la sécurité nationale

défi commun, comme l’a bien annoncé

pour le contrôle des armes et des trafics.

et régionale et creusant le fossé et les

Madame Federica Magherini, Haute Re-

Ne représentant qu’une infime minorité

amalgames, la réponse au problème de

présentante de l’Union Européenne pour

par rapport à environ 1,5 milliard de

ce fléau tient incontestablement à la prise

les Affaires Etrangères et la politique de

musulmans, ces radicalistes ont par leurs

de conscience du danger de ce phéno-

sécurité lors de sa première visite en

clameurs et leurs violences, déformé

mène, à la valorisation de la coopération

Tunisie le 13 février 2015. n

34 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Bronisław Misztal, Ambassador of Poland Religious fundamentalisms and us

"

FUNDAMENTALIST PHENOMENA RESULT FROM EXCLUSION AND INSULAR

SOCIAL POSITION OF VARIOUS, FREQUENTLY NUMEROUS, MINORITY GROUPS

"

In many ways the now prevalent

rights or entitlements. The decaying

forms of denominational

moral authority and –relatively and

fundamentalisms across the world

subjectively- declining legitimation

surprise observers, politicians,

of Western democratic regimes

governments and public opinion.

has encouraged various forms of

Emergent fundamentalisms rest on

contention.

several important pilars. Let us look

Second, fundamentalist

at some of them.

phenomena result from exclusion

First, they result from the civic

and insular social position of

disobedience and, most of all, from

various, frequently numerous,

the growing disrespect to the social

minority groups. Allowing large-

order and to public good. Social

scale migrations, whether resulting

contract, in the way most Western

from political violence or from

societies have implemented this

economic impoverishment across

Hobbesian idea, was meant to be

the large swaths of the world was

a form of self-limitation, of auto-

not tantamount to merging those

control and responsibility vis a vis

groups with established indigenous

legal order and universal human

societies. In fact, ethnic ghettos

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 35


Bronisław Misztal, Ambassador of Poland

have emerged and transformed

Christianity--which is considered

suburbs and regions in most

to be a carrier of liberal values,

Western societies into areas of

including citizenship rights, or

hereditary deprivation. It has

against the affluent socio-economic

created the world of two speeds, or,

orders--which are considered to

in fact, produced a part of society

be the menace to traditional and

that is immobilized, while another

insular societies. The classical,

part is enjoying the fast progress.

Popperian dilemma of non-

Third, the protracted temporality

tolerance that wins over tolerance,

and peripheralization that resulted

or of self-defeating democracy and

from the breakdown of colonnial

liberal philosophy has suddenly

political and moral order has

become a reality of the 21st

created a cognitive vacuum

century.

amongst peoples and tribes

The most common error is to

inhabiting Southern and Eastern

believe that fundamentalist

hemispheres that remained

violence can be fought and

suspended in development and

eradicated with sheer force.

growth. Whith the 20th century

Likewise, the belief that millions of

project of secularization of

people who live in insular bubbles

identity coming undone, identities

can be rapidly reprogrammed

of millions of people became

to accept the core values of the

fragilized, fragmented and

West is probably structurally

fractured, and thus exposed to

and historically wrong. Hence,

some forms of resacralization,

the strategies of dealing with the

frequently only formal, that

21st century’s fundamentalisms

validate violence in the name of

have to be diversified and to

restoring some form of centrality.

include: containment, i.e. physical

In fact, most forms of action and

protection of the Western world

social struggle by fundamentalist

against spreading violence;

groups has been aimed at gaining

engagement, i.e. overcoming

notoriety and central position in

the civilizational backwardness

the social consciousness of the

and non-belonginess of those

West, frequently at the expense of

populations and groups that

violence and bloodshed.

have been left behind when the

The combined effect of those

colonial order was breaking up;

three groups of factors not only

re-signification, i.e. improving the

has rendered several societies

way people build their imaginary

susceptible to the fundamentalist

social worlds, and peaceful

ideologies and mobilization, but

transformation, i.e. defusing now

also has left Western societies

established hatreds and cultural

basically helpless vis a vis

prejudices through long term social

repeated, conspicuous acts of

programs. This is a task for the

violence skewed either against

remainder of the century.

36 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n

"

THE MOST COMMON ERROR IS TO BELIEVE THAT FUNDAMENTALIST VIOLENCE CAN BE FOUGHT AND ERADICATED WITH SHEER FORCE

"


Bronislaw Misztal, Embaixador da Polónia Nós e os fundamentalismos religiosos

As atuais formas predominantes de

tantes da rutura da ordem política

fundamentalismos denominacionais

e moral colonial criaram um vácuo

do mundo inteiro surpreendem, de

cognitivo entre os povos e tribos

muitas maneiras, observadores, po-

que habitam os hemisférios Sul e

líticos, governos e a opinião pública.

Leste, que permaneceram suspen-

Os fundamentalismos emergentes

sas no desenvolvimento e cresci-

assentam em vários pilares impor-

mento. Com o projeto do século XX

tantes. Vejamos alguns deles.

de secularização da identidade por

Primeiro, resultam da desobediên-

terminar, as identidades de milhões

cia civil e, sobretudo, do crescente

de pessoas tornaram-se fragiliza-

desrespeito pela ordem social e o

das, fragmentados e fraturadas, e,

bem público. O contrato social, na

portanto, expostas a algumas for-

forma como a maioria das socieda-

mas de ressacralização, frequente-

des ocidentais têm implementado

mente apenas formais, que validam

esta idéia hobbesiana, era suposto

a violência em nome da restauração

ser uma forma de auto-limitação, de

de alguma forma de centralidade.

auto-controlo e responsabilidade a

Na verdade, a maioria das formas

par da ordem jurídica, dos direitos

de ação e de luta social por grupos

humanos universais e soberanias.

fundamentalistas foi destinada a

A autoridade moral decadente e

conquistar notoriedade e uma posi-

o – relativo e subjetivo - declínio

ção central na consciência social do

da pura força. Da mesma forma, a

da legitimação dos regimes demo-

Ocidente, frequentemente à custa

crença de que milhões de pessoas

cráticos ocidentais têm incentivado

de violência e do derramamento de

que vivem em bolhas insulares

várias formas de contenção.

sangue.

podem ser rapidamente repro-

Em segundo lugar, os fenóme-

O efeito combinado destes três

gramadas para aceitar os valores

nos fundamentalistas resultam da

grupos de fatores não só tornou

fundamentais do Ocidente é prova-

exclusão e da posição social insular

várias sociedades suscetíveis às

velmente estrutural e historicamente

de vários, frequentemente nume-

ideologias fundamentalistas e à mo-

errada. Assim, as estratégias para

rosos, grupos minoritários. Permitir

bilização, como também deixou as

lidar com os fundamentalismos do

as migrações em larga escala,

sociedades ocidentais, basicamente

século XXI têm que ser diversifica-

resultantes seja da violência política

desprotegidas face aos repetidos

das e incluir: contenção, ou seja, a

ou do empobrecimento económico

atos visíveis de violência tanto

proteção física do mundo ocidental

de grandes áreas do mundo, não

contra o Cristianismo – considera-

contra a violência que se espalha;

significa a fusão desses grupos com

do o portador dos valores liberais,

compromisso, ou seja, ultrapassar o

as sociedades indígenas estabele-

incluindo os direitos de cidadania,

atraso civilizacional e a não perten-

cidas. Na verdade, guetos étnicos

como contra as ordens socioeco-

ça destas populações e grupos que

apareceram e transformaram os

nómicos afluentes – considerados

foram deixados para trás quando

subúrbios e as regiões da maioria

como ameaça para as sociedades

a ordem colonial chegou ao fim;

das sociedades ocidentais em áreas

tradicionais e insulares. O dilema

re-definição, ou seja, melhorar a for-

de privação hereditária. Criou-se

clássico popperiano da não-tolerân-

ma como as pessoas constroem os

um mundo a duas velocidades, ou,

cia que ganha sobre a tolerância, ou

seus mundos sociais imaginários;

de fato, produziu-se uma parte da

da democracia auto-destrutiva e da

e transformação pacífica, ou seja,

sociedade imobilizado, enquanto

filosofia liberal de repente tornou-se

desarmar ódios agora estabelecidos

a outra parte aprecia o progresso

uma realidade do século XXI.

e preconceitos culturais, através de

rápido.

O erro mais comum é acreditar que

programas sociais de longo prazo.

Em terceiro lugar, a temporalidade

a violência fundamentalista pode

Esta é uma tarefa para o que resta

prolongada e periferização resul-

ser combatida e erradicada através

do século.

"

OS FENÓMENOS FUNDAMENTALISTAS RESULTAM DA EXCLUSÃO E DA POSIÇÃO SOCIAL

INSULAR DE VÁRIOS, FREQUENTEMENTE NUMEROSOS, GRUPOS MINORITÁRIOS

"

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 37


ESPAÇO DIPLOMÁTICO

Tzipora Rimon,, Embaixadora de Israel Palavras por ocasião do 67º Aniversário da Independência do Estado de Israel

Foto Maria Inês

"Celebramos hoje o 67º Aniversá-

nologia, incluindo as tecnologias

rio da Independência do Estado de

de informação, a agrotecnologia

Israel.

avançada, a medicina e a biotec-

O país é próspero e moderno,

nologia, para mencionar apenas

dotado de um amplo espectro de

algumas.

culturas e de tradições, e beneficia

Todas essas inovações contribuí-

de uma natureza exuberante de

ram para que Israel expandisse,

características excepcionais.

cada vez mais, a sua cooperação

Durante os 67 anos da sua exis-

e o intercâmbio com vários paí-

tência, Israel tem vindo a mani-

ses em todo o mundo. Ao mesmo

festar uma cultura de inovação e

tempo, Israel partilha a sua expe-

de criatividade coroada de êxitos,

riência na arena internacional e

liderando uma extensa actividade

nas Nações Unidas, participando

de investigação e desenvolvimen-

na agenda global dos desafios e

to, com excelentes resultados

esforços nas áreas da segurança

produtivos nas áreas da alta tec-

alimentar, no combate à pobreza,

38 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


no confronto perante os desas-

aprofundamento do ensino do

tres naturais e muito mais. Israel,

Holocausto nas escolas, donde se

por exemplo, levou por diante

retiram lições valiosas na negação

algumas das suas iniciativas, que

do racismo, do preconceito e do

resultaram na adopção de reso-

anti-semitismo.

luções da ONU, cujos objectivos

Há cerca de uma semana entre-

são: a promoção dos investi-

gámos uma medalha e um certifi-

mentos no sector da água e da

cado de honra do “Yad Vashem” à

agrotecnologia, da inovação e do

família do Padre Joaquim Carreira,

empreendedorismo nos países

que salvou judeus em Roma du-

subdesenvolvidos.

rante a Segunda Guerra Mundial,

No que concerne às relações

tornando-se no quarto “Justo entre

bilaterais entre Israel e Portugal,

as Nações” português.

as partes continuam a desenvolver

Israel é uma democracia situa-

uma actividade conjunta ligada

da na vanguarda da luta contra

à agricultura e à Economia Azul,

o terrorismo, que irá continuar

como é o caso dos campos de

a defender-se a si própria e aos

tratamento de água e a promoção

seus cidadãos respeitando a lei in-

de empreendimentos ligados à

ternacional. Nos últimos anos, em

biotecnologia marítima. Para além

várias ocasiões, Israel confrontou-

disso, a cooperação científica e

-se com milhares de lançamentos

na área das Start-ups tem vindo a

de mísseis contra a sua popula-

truição do património cultural da

progredir positivamente e estamos

ção civil, como sucedeu no verão

humanidade.

também a estudar as oportunida-

passado, lançados pelo Hamas

Israel, tal como outros Estados,

des de cooperação no campo da

e outras organizações terroristas

preocupa-se com o programa e

Cibersegurança.

que controlam a Faixa de Gaza.

as infraestruturas nucleares do

Por outro lado, o turismo continua

Em todo o Médio Oriente a vio-

Irão e, apesar das negociações

a ser um grande desafio por parte

lência e o fanatismo alastram,

em curso nesta área, persiste um

de ambos os nossos Estados, no

enquanto as forças islamistas

grande medo de que, num ponto

sentido de aumentar o volume de

radicais inundam a região. Os

ou noutro, o Irão consiga atingir

turistas visitantes.

jihadistas estão a envenenar os

a capacidade de produzir armas

Não queria ainda deixar de referir

espíritos dos jovens, ensinando-

nucleares.

que temos levado a cabo variadas

-os a odiar e a actuar de formas

Israel quer alcançar uma paz

actividades, expondo a vibrante

brutais.

genuína com os Palestinianos e é

e rica cultura de Israel. Exemplo

Presenciamos a deterioração da

óbvio que a única forma de insta-

disso foi a exposição «Out of the

segurança de muitas comunidades

lar a paz entre os dois lados é à

Box» do Design Museum de Holon,

civis espalhadas pela região, onde

mesa de negociações – em diálo-

que apresentámos recentemente

existem graves crises humanitá-

go directo. A nossa esperança é

no Palácio Nacional da Ajuda.

rias.

a de que a liderança palestiniana

Em breve, a Europa assinalará

O Daesh – o Estado Islâmico e

escolha o caminho das negocia-

os 70 anos do final da Segunda

outros grupos extremistas buscam

ções, em vez de actuar, como até

Guerra Mundial e é neste contexto

a hegemonia, a limpeza étnica e o

aqui, junto das organizações inter-

que gostaria de enfatizar a impor-

desmantelamento da presença da

nacionais, procurando o reconhe-

tância dos Actos de Recordação

comunidade cristã, dando origem a

cimento, no intuito de fugir dessas

das Vítimas do Holocausto e do

multidões de refugiados e à des-

mesmas negociações."

"

ISRAEL É UMA DEMOCRACIA SITUADA NA VANGUARDA DA LUTA CONTRA O TERRORISMO, QUE IRÁ CONTINUAR A DEFENDER-SE A SI PRÓPRIA E AOS SEUS CIDADÃOS RESPEITANDO A LEI INTERNACIONAL

"

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 39


OPINIÃO

Miroslav Lajcák, M.N.E. e Assuntos Europeus da República Eslovaca Não tenhamos medo da reforma do sector de segurança Tal como a maioria dos navegadores raramente vê mais do que um sexto do iceberg saliente à superfície, também certos temas da política externa permanecem ocultos para a maioria das pessoas na enchente de notícias de conflitos armados, catástrofes, desmoronamento das velhas e formação de novas alianças. Não obstante, muitos dos temas menos visíveis atravessam continentes, países desenvolvendo-se em contextos históricos. Um exemplo típico é a reforma do sector de segurança (Security Sector Reform – SSR)), que na sua definição mais simples significa reforma ou criação das estruturas de segurança e justiça eficazes e financeiramente acessíveis, subor-

imediatamente após o descarre-

há problemas e é necessário falar

dinadas ao Estado de direito, que

gamento ou ao longo do caminho

abertamente sobre eles para os

respeitam direitos humanos, com o

é roubada por homens armados e

resolver. Mas ao mesmo tempo

reconhecimento de que as forças

corruptos.

é de realçar, que a nossa própria

de segurança e justiça têm um

Em todos estes lugares a SSR é

experiência transformadora com

efeito directo e significativo sobre

necessária.

a mudança do regime depois de

todas as outras reformas (econó-

Há oito anos atrás submetemos

1989, é apreciada internacio-

mica, social e de democratização).

aos fóruns mundiais, ideias sobre

nalmente como uma história de

Em todos os lugares, onde os agri-

a reforma do sector da segurança,

sucesso, no início da qual foi a

cultores não podem cultivar e criar

quando a escolhemos como um

reforma do exército, da polícia, dos

porque os ladrões lhes roubam as

dos principais pilares da nos-

serviços secretos e a sua sub-

colheitas e o gado nas quintas ou

sa Presidência do Conselho de

missão ao controlo democrático

a caminho do mercado.

Segurança da ONU. Levou-nos

cívico. E temos muitos exemplos

Em todos os lugares, onde as

a esta escolha o conhecimento

no passado e nos dias de hoje,

raparigas com medo de serem rap-

da incapacidade de muitos paí-

que demonstram ao que nos leva

tadas ou violadas preferem ficar

ses em garantir a segurança dos

quando as forças armadas e de se-

em casa e não ir à escola.

seus próprios cidadãos, prevenir o

gurança tomam o poder.

Em todos os lugares, onde os

derramamento de sangue, afastar

Na ONU a Eslováquia tem cons-

investidores estrangeiros reconsi-

uma queda em espiral de conflitos

truído a sua liderança: somos co-

deram a sua presença porque no

que tenham como consequência a

-presidentes do Grupo de Amigos

país há conflitos armados, a força

desestabilização posterior de toda

da SSR, que fundámos em 2007 e

da lei não funciona e os seus in-

a região.

lideramos um grupo analógico tam-

vestimentos – ou até as sua vidas

Muitos leitores dirão agora que:

bém na OSCE. Em Julho de 2014,

– estariam em perigo.

a Eslováquia deseja ser sábia,

organizámos uma conferência em

Em todos os lugares, onde a ajuda

ensinar e orientar, quando em

Viena, juntamente com a Suiça,

humanitária não pode ser entre-

casa tem problemas de corrupção

sobre as possibilidades de coope-

gue aos seus destinatários, porque

e atrasos na justiça? Sim, houve e

ração entre a ONU e a OSCE

40 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


especificidades do país em ques-

nutrida e medo do futuro, geram

vários eventos internacionais de

tão) e onde as principais decisões

o desespero, impasse e violência

sucesso ao mais alto nível sobre o

estão nas mãos dos líderes polí-

consequentes, então é nosso

desenvolvimento das abordagens

ticos – são eles que devem fazer

dever fazer tudo o que pudermos

regionais ligados à SSR (Cidade

as mudanças e investir os meios

para evitar os conflitos. SSR é

do Cabo, Jacarta, Buenos Aires,

necessários à reforma, envolver o

uma corrida de longa distância, as

Nairobi); dedicámos um painel

sector não-governamental, ganhar

mudanças ocorrem lenta e gra-

especial a este tema na Conferên-

o apoio da opinião pública; nós só

dualmente. Contudo, é importante

cia GLOBSEC 2014 em Bratislava,

oferecemos o nosso know-how, a

perceber, o sector da segurança

com a participação de represen-

nossa experiência. Tal como na

eficaz e sob controlo cívico como

tantes da ONU, UE, OSCE e da

Sérvia, Montenegro, Bósnia-Her-

instrumento de manutenção da

União Africana. Em Novembro do

zegovina, tal como oferecemos à

paz, não apenas como um meio

ano passado em Adis Abeba, eu

Ucrânia e Moldávia auxiliando na

de compensação dos desequíli-

co-presidi ao Fórum Africano sobre

formação das forças de segurança

brios do passado, mas também

a SSR que preparámos em coo-

locais, polícias, gestão do controlo

como uma das respostas para os

peração com a União Africana; em

e protecção das fronteiras, transfe-

desafios de segurança do futuro,

Fevereiro realizou-se a reunião do

rindo a nossa experiência.

incluindo a pobreza, desemprego,

Grupo de Amigos SSR na sede da

O sentido desta ajuda é inques-

criminalidade ou os conflitos.

ONU em Nova Iorque.

tionável: se reconhecermos que a

Neste sentido a Eslováquia de-

Em geral sobre o “sector da se-

incerteza económica e social com-

seja levar este compromisso ao

gurança” entende-se o exército, a

binada com uma economia sub-

máximo.

na área da SSR; co-organizámos

n

polícia, as autoridades prisionais, os serviços de informação, a protecção das fronteiras, os serviços aduaneiros, o Ministério Público e a justiça. O sector da segurança também compreende os actores de segurança não governamentais, pessoas que legislam sobre segurança ou supervisionam orgãos de segurança, como por exemplo os comités parlamentares e ministérios, mas também elementos da sociedade civil que acompanham as actividade do sector da segurança (ONGs, média, grupos de interesse). Não existe apenas um modelo de reforma unificado aplicado universalmente: as condições de cada país são específicas e diferentes. Por isso no caso da SSR, deve valer incondicionalmente o princípio da voluntariedade e da “propriedade” (i.e. a identificação de um amplo espectro político da sociedade política e civil com o modelo das reformas, baseado nas

Com o Secretário-Geral da ONU

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 41




CAPA

János Áder Um Presidente "peregrino" "O mal só poderá triunfar se os homens bons nada fizerem!!!". A verdade é simples e humilde, como o foi a recente vinda a Portugal do presidente da Hungria. Em Fátima, casa da Mãe, como um filho que vem rezar pelo irmão que já partiu. János Áder, chefe de Estado magiar, veio agradecer e prestar homenagem à vida e obra de Luís Kondor, seu compatriota, missionário do Verbo Divino, defensor e das mensagens de Fátima, vice-postulador da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto até ao dia em que fechou os olhos, em 2009.

De passagem por Lisboa, o presidente

pelo benemérito sacerdote da Hungria e de

húngaro, advogado e sociólogo, eleito

Portugal", convidando "quantos o conhece-

pelo Parlamento em 2012, cumprimentou

ram e amaram a seguir o rasto por ele deixa-

primeiro o seu homólogo português, Aníbal

do no seu multiforme, jubiloso e incansável

Cavaco Silva, com quem esteve reunido no

serviço à difusão da mensagem de Fátima". A

palácio de Belém, e de quem recebeu, com

celebração foi presidida pelo cardeal D. Péter

sua mulher, testemunhos do maior apreço

Erdo, primaz da Hungria, ladeado pelo Núncio

pelo legado do "bondoso padre Kondor".

Apostólico, D. Rino Passigato, por D. António

Também o Papa Francisco fez questão de

Marto, bispo de Leiria-Fátima e pelo padre

unir-se "de bom grado à Eucaristia de sufrágio

Carlos Cabecinhas, Reitor do Santuário. ➤

44 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Chegado a Portugal em 1954, nomeado

as estações do exílio, flagelados pela noite

vice-prefeito da sua congregação, o padre

escura do comunismo anticristão.

Kondor "uniu a diáspora húngara no Oci-

Durante mais de meio século, Fátima, a

dente, através da definição de uma missão"

sua Mensagem e as suas gentes foram

e "teve um papel fundamental na constru-

acarinhadas pela "aparição" de um sacer-

ção (há 50 anos, em Fátima) da Capela

dote húngaro de visita à Mãe do Céu. Nes-

de Santo Estevão e do Calvário Húngaro -

sa terra fez seu lar e aí, agora, repousa em

uma Via Sacra erguida no "Altar do Mundo"

bronze, firme como o exemplo, boa praça

com os donativos e devoção de milhares

de seu nome. ■

e milhares de húngaros que percorreram

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 45


Collaboration the miracle of good deeds

While many people believe that diplomats’ life is about sipping champagne at cocktails all day long, ordinary diplomatic life can be a lot of dull office work. Ambassadors are therefore all the happier if they can do something outside the daily routine. It is especially true if this concerns the legacy of their countryman whose work was appreciated in the country of their posting. As the Ambassador of Hungary I had the good fortune to work on such a project in the past couple of months while I learned a lot about the history of the Hungarian community in Portugal as well as about Fatima, a community that is so important in this country. The connecting person was a Hungarian priest called Padre Luís Kondor or Kondor Lajos atya as we Hungarians would call him – a priest who left the war-torn and Soviet-occupied Hungary and through Germany and Austria came to Portugal in 1954 on the orders of

Descerramento da estátua do Padre Kondor na Praça Luís Kondor, Fátima Presidente

his order, the Verbo Divino. The

da Hungria, János Áder, Presidente da Câmara Municipal de Ourém, Paulo Fonseca

46 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Hungarian community in Portugal,

tiny village of Hungary, only wanted

particularly the Associação Portugal

to be a priest, never sought to be a

– Hungria para a Cooperação,

famous person whose statute would

and their many Portuguese friends

stand on one of the main squares

wished to commemorate him with

of Fátima. However I believe he

a statute and I felt I had to support

became a “celebrity” in Fátima

this project.

because he stayed what he was – a

Padre Kondor died five years ago

priest, a priest who was dedicated

and since March 7th, 2015 his

to his task and to his community,

statute stands on the square named

his beloved Fátima. If one asks the

after him in Fátima. The significance

local people about him they start

of his lifetime work was honoured

mentioning that their children were

by the presence of the President

christened or married by him. For

of Hungary, János Áder and the Cardinal Primate of Hungary, Péter Erdő. All those who were there at the unveiling of the statute of the prominent sculptor and painter, Arquitecto Sousa Araujo felt that they were taking part in a beautiful Portuguese-Hungarian feast. One could think that it was a bit of overrepresentation to have two such high standing personalities from Hungary at the ceremony. I disagree. I strongly feel that we need such civil moments outside politics. The young Kondor, coming from a Miguel de Pape, Presidente da Associação Portugal-Hungria com o Arquitecto Sousa Araújo, autor da estátua do Padre Kondor

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 47


fifty years he was part of Fatima’s

daily life. But he did much more. He became the vice-postulator of the Pastorinhos during the process of their beatification and was instrumental in bringing the ceremony of beatification to Fátima. From a Hungarian point of view it is equally important that he became the engine of the creation of the Calvário Húngaro just outside Fátima. This beautiful way of the cross was finished just 50 years ago, in 1964. Taken the fact that

Calvário Húngaro - a caminho da Capela Santo Estávão

roman catholic tradition has it that our founding king, King Saint Stephen I offered Hungary to the Holly Virgin, it is not surprising that in 1956 émigré Hungarian roman catholic priests started a movement in Fátima to create a Calvary to help liberate Hungary from Soviet occupation. This was done with the donations of Hungarians all over the world. Walking along the Calvário Húngaro, one can see plaques with the names of those Hungarians, who actually donated the money for that given station of the Calvary. Where did these Hungarians live then? They lived in Calgary, or in Ohio, or in London, all over the world – without the hope of ever being able to go back to Hungary.

Calvário Húngaro, Capela de Santo Estêvão-Presidente János Áder e Primeira Dama Anita Herczeg, Embaixadora Klára Breuer

So for them, Fátima became a symbolic home. In his inaugural speech President János Áder reminded us that Padre Kondor did a lot to make Fátima a well-known place of pilgrimage and for the beatification of the Pastorinhos. But he did a lot of good for us, Hungarians, too. He always welcomed the Hungarian pilgrims as his brothers, and he considered himself a Hungarian. He helped the Hungarians living outside Hungary by putting a task for them. He knew that the Calvary would be a common

48 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

Missa na Capela de Santo Estévão, Calvário Húngaro - com D. Péter Erdõ, Presidente János Áder, Primeira Dama Anita Herczeg, Américo Amorim, Cônsul-Geral Honorário da Hungria


place of worship for all those

who had to live far away from their country. President Áder added that the Calvary could only be built with the miracle of good deeds and collaboration. Cardinal Erdő said that after the defeat of the revolution in 1956, many among the émigré Hungarians felt that finally the Hungarians can only trust the help of the Holly Virgin. As Primate of the Hungarian Roman Catholic Church stressed that the motherly Pál Rudas; Cardeal-Primaz da Hungria, D. Péter Erdõ; Bispo de Leiria-Fátima, D. António

love of the Holly Virgin was not a

Mato; Primeira Dama da Hungria, Anita Herczeg; Presidente da Hungria, János Áder;

weak support, but a quiet, however

Embaixadora da Hungria, Klá

history forming, irresistible power. Who would have thought that for what many sacrificed their blood would succeed in a peaceful way many decades later, he asked. Cardinal Erdő added that we should be grateful for Padre Kondor that he made us taste the secret of Fatima. I believe that Padre Kondor once again made us work together. Such a small embassy as the Hungarian in Lisbon could not have succeeded alone in staging this one day long Portuguese-Hungarian celebration. The Portuguese-Hungarian

Oferta da Associação Portugal-Hungria ao Museu de Arte Sacra de Esztergom cópia do

Association for Collaboration

baixo-relevo da 15ª estação do Calvário Húngaro

could not have succeeded alone either. The local civil and church organisations as well the local community backed the project all the way through. Whenever I went to have talks in Fátima before the event, I always felt that this community is returning to us the friendship, the love that Padre Kondor gave to very many in Fátima. Lajos Kondor has helped us bring the two counties closer to each other and I am convinced that many more research, touristic, church or other programs can stem from his legacy in the future. I am very grateful to him.

Almoço comemorativo – Américo Amorim, Cônsul-Geral Honorário da Hungria com

n

Klára Breuer, Embaixadora da Hungria

Dom Duarte Pio de Bragança

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 49


Discurso do Presidente da República da Hungria, János Áder, na cerimónia de inauguração da estátua de homenagem ao padre Luís Kondor O poeta húngaro János Pilinszky escreveu assim: As boas ações são praticadas, sobretudo, em segredo. Nenhum instrumento as deteta, nenhum aparelho estatístico elabora gráficos sobre elas. Mas a sua presença é tanto mais real e verdadeira. Poucas palavras se escreveram sobre a bondade nos livros da história. Mas se as ações de bondade deixassem de fazer parte da nossa vida na Terra, isso seria um flagelo, uma calamidade tão grave e insuportável como se o nosso Globo perdesse, de um momento para o outro, a sua atmosfera. A presença da bondade faz lembrar o milagre das madrugadas, o sol invisível que embora ainda encoberto pela escuridão, já está presente com uma força inigualável. Luís Kondor, caros presentes, amava “o milagre das madrugadas”. Aqueles que o conheceram, sabem que muitas vezes, ainda antes do nascer do dia se apressava em direção à colina do calvário. Gostava de saudar os primeiros raios de sol com uma missa na Capela dos Húngaros. Quem sabe se nesses momentos se lembrava da sua infância, da sua humilde aldeia de nascimento, Csíkvánd, onde, na ausência de uma igreja edificada, apenas a igreja da alma se lhe abria as portas. Aos domingos, na companhia dos seus pais e irmãos fazia longas caminhadas através da floresta, para chegar à terra vizinha, Gyarmat, para poderem ouvir a missa. Poderão ter sido esses longos quilómetros percorridos que fizeram dele um peregrino eterno de espírito missionário. De qualquer modo, uma coisa parece certa: a dedicação à construção de igrejas foi uma herança que recebeu dos seus pais. A família Kondor deu tudo para conseguir que a minúscula aldeia que habitavam viesse ter uma igreja. Foi essa dedicação que tornou possível a construção da igreja de Csíkvánd, dedicada a Santo Estevão, primeiro Rei da Hungria. Luís Kondor tinha, nessa altura, 16 anos. Foi com esta lição que a sua família e comunidade o prepararam para a vida. E bem precisou dessa bagagem cheia de fé, amor e esperança para enfrentar o longo e difícil caminho que se estendi à sua frente. Comprometeu-se a servir Deus e as pessoas numa época em que os representantes húngaros da ditadura comunista consideravam inimigos do povo a todos aqueles que escapavam ao seu controlo. Mas quem é que pode ficar acima de Deus? Qual é o poder temporal capaz de controlar o espírito da fé, a voz da consciência e aqueles que seguem as leis da moral? A sombra da ditadura comunista que encobriu a Europa Central não conseguiu vedar a luz matinal dos olhos do Padre Kondor, essa luz que o chamava todos os dias. Assim, indiferente ao espírito da época, tomou a decisão de seguir o caminho do amor e do serviço ao próximo. Em 1946, com 16 anos de idade, entrou na Congregação do

50 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Verbo Divino na cidade húngara de Kõszeg. Fez os primeiros

vam que valia a pena orar pelo futuro da humanidade.

votos passados dois anos, mas quando se tornou evidente o

Passados 13 anos, as autoridades eclesiásticas reconhece-

destino que estava reservado para a Hungria, ocupada mes-

ram como dignas de crédito as aparições de Fátima. Nessa

mo depois da guerra, o seu superior mandou-o para a Áustria.

altura dois dos videntes já tinham sucumbido à gripe espa-

Lá, estudou filosofia, primeiro em Mödling, a seguir em Salz-

nhola. Mas Lúcia sobreviveu. Professou como Doroteia e

burgo e, já na Alemanha, teologia. Foi ordenado sacerdote na

dedicou a sua longa vida à reparação.

cidade de Bona.

Foi em 1956 que o Padre Kondor conheceu a Irmã Lúcia que

Corria o ano de 1953. No ano seguinte foi enviado para Por-

mais tarde teve um encontro com o Papa João Paulo II que

tugal e em Fátima foi nomeado vice-prefeito da sua congrega-

divulgaria ao mundo a terceiro segredo de Fátima. Nas suas

ção. Nessa altura provavelmente nem suspeitava que Fátima

revelações a Virgem partilhou uma visão de grande sofrimen-

se viria a tornar a sua casa, o seu lar para o resto da sua

to, de perseguição à Igreja, aludindo aos horrores do século

vida, mantendo, ao mesmo tempo, a sua identidade de padre

XX, causados pelos pecados da humanidade e pelo seu

húngaro.

desvio do caminho da paz.

Ao longo de toda a sua vida, o Padre Kondor seguiu e trans-

A mensagem de Fátima foi lentamente encontrando o seu ca-

mitiu para os seus próximos o princípio da bondade. Fez o

minho até aos corações – veiculada através do resplendor da

bem através do seu trabalho relacionado com as aparições.

pureza dessas crianças e da humildade das suas condições.

Devemos-lhe a ele também o facto de as mensagens de paz

No fundo, as mensagens e os segredos transmitiram-nos a

transmitidas pelos três pastorinhos terem chegado a todas

mesma verdade: Que através da fé e perseverança e das

as partes do mundo, tornando Fátima num centro de peregri-

orações pela paz podemos acabar com as guerras. Que o

nação cada vez mais procurado. Fez o bem através do seu

mal só poderá triunfar se os homens bons nada fizerem. Que

trabalho dedicado aos peregrinos: ano após ano, milhares e

o nosso planeta poderá ser salva da destruição do mesmo

milhares de pessoas que falam línguas diferentes mas procu-

modo que podemos salvar as nossas almas das chamas do

ram as mesmas verdades eternas encontram a fonte do seu

inferno e da perdição.

fortalecimento espiritual em Fátima.

Não é fácil falar de milagres. Depende da fé de cada um

Luís Kondor fez o bem através do seu trabalho dedicado a

de nós até que ponto os deixamos de se aproximarem de

nós, húngaros, considerando-se nosso irmão e compatriota.

nós. Um dos segredos de Fátima só poderá ser entendido e

Uniu a diáspora húngara no Ocidente, através da definição de

assimilado através da nossa alma, da nossa fé. Mas Fátima

uma missão para eles. Teve um papel fundamental na cons-

revela um outro segredo também, esse acessível a todos.

trução da Capela de Santo Estevão e do Calvário Húngaro.

Quem chegar aqui, levará consigo um pedaço desse segre-

Sabia que as estações do calvário representarão um lugar de

do, independentemente das suas convicções. Porque aqui

oração partilhado mesmo para aqueles que viviam afastados

encontramos também o milagre de um Gólgota erguido por

da sua pátria.E quis dar o exemplo de como um húngaro, filho

húngaros a milhares de quilómetros da sua pátria. O milagre

de uma nação pequena mas que aspira o bem poderá dar o

da união, das vidas vividas com dignidade, do bem praticado

seu contributo ao enriquecimento do nosso mundo.

pelos homens. E a vida digna de admiração do Padre Kon-

Luís Kondor fez muito pela beatificação dos pastorinhos de

dor que trabalhou incansavelmente para que a indiferença e

Fátima. Até ao fim da sua vida foi um arauto dos milagres de

implacabilidade do mundo que nos rodeia não nos sufoque.

Fátima, das mensagens que Nossa Senhora nos enviou em

Na sua mensagem para o Quaresma, o Papa Francisco pede-

1917.

-nos para superarmos a vertigem da indiferença.

Em 1917, ano em que os povos da Europa derramavam

O padre Kondor nunca ficou indiferente aos seus próximos.

sangue num massacre que já durava havia três anos. Foi

Foi um bom homem, foi um bom pastor. Foi um daqueles que

nessa altura que Jacinta, Francisco e Lúcia tiveram a visão

souberam estabelecer laços de compreensão e amor nas

de uma Senhora vestida de branco e brilhante que lhes pediu

comunidades.

orações pela paz e reparação dos pecados. Ao princípio a

Nós, húngaros, constatamos com os nossos corações cheios

notícia não foi bem recebida, nem pelos próprios pais dos

de gratidão que o Padre Kondor encontrou uma casa aqui em

pastorinhos. Por terem insistido na verdade das suas visões e

Fátima onde viveu a sua vida rodeado de respeito, trabalhan-

na promessa da Senhora de os visitar no dia 13 de cada mês,

do no Secretariado dos Pastorinhos. Devemos-lhe muito.

até tiveram que passar pelo cativeiro. Seguiram em tudo as

Muito mais do que as palavras poderão alcançar. A partir de

recomendações e pedidos da Senhora que acabou por lhes

agora, esta estátua fará uma homenagem eterna à sua obra.

revelar ser a Virgem Santíssima, Mãe de Jesus. Na última

Abençoada seja a sua memória e que o seu exemplo encon-

aparição foram muitos milhares que presenciaram o milagre

tre muitos seguidores. n

do sol e acreditavam terem testemunhado uma advertência vinda do céu. Acreditavam no milagre. E, sobretudo, acredita-

János Áder, Presidente da República da Hungria Fátima, 7 de março de 2015

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 51


Hungria A Hungria (Magyarország, em húngaro) é um país encravado na planície da Panónia, na Europa Central. Rodeado pela Áustria, Eslováquia, Roménia, Ucrânia, Sérvia, Croácia e Eslovénia, é um país com uma longa e complexa história e muitas maravilhas artísticas e naturais.

A seguir aos períodos de ocupação céltica (após 450 a.C.) e romana (de 9 a.C. até o século IV), considera-se que as bases da fundação do Estado húngaro foram estabelecidas no século IX, pelo chefe magiar Árpád, cujo bisneto Estêvão I ascendeu ao trono com uma coroa enviada por Roma em 1000. O Reino da Hungria existiu sem interrupções por 946 anos e, em diversos momentos, foi visto como um dos centros culturais do mundo ocidental. Uma potência significativa até os anos de 1910, a Hungria perdeu mais de dois terços de seu território (e 3,3 milhões de húngaros étnicos) devido ao tratado de Trianon, de 1920. Sucedeu ao reino um regime comunista (19471989) durante o qual o país recebeu ampla atenção da comunidade internacional por conta da Revolução de 1956 e, posteriormente, a abertura de sua fronteira com a Áustria (em 1989), que acelerou o colapso

52 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


Palácio Keszthely, perto do lago Balaton

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 53


Hungria

Basilica Santo Estevão

do Bloco Oriental. Desde aquele ano, o país é uma

fronteira e até adopta o húngaro como língua oficial.

república parlamentarista. Em 1 de janeiro de 2004,

Durante o Império Austro-Húngaro, a Hungria foi o

a Hungria ingressou formalmente na União Europeia.

principal território utilizado para a agricultura. As vas-

Até 31 de dezembro de 2011 chamava-se oficialmente

tas planícies que cobrem 90% do país e as terras fér-

República da Hungria (Magyar Köztársaság). Com a

teis em abundância, comuns nessa parte da Europa,

entrada em vigor da nova constituição, seu nome pas-

favoreceram a intensivo uso da agricultura em toda a

sou a ser apenas "Hungria". O país é também membro

sua história. Durante o período socialista, a agricultu-

da OCDE, OTAN, UE e do Grupo de Visegrád, e é um

ra foi mecanizada e modernizada. Mas com o fim da

Estado Schengen.

URSS, a agricultura húngara perdeu o apoio que tinha

Com 93 000 km², a Hungria é um dos maiores países

do estado e sofreu de uma crise, só igualando a sua

da Europa Central mans não é densamente populado.

produção de 16 milhões de toneladas de grãos no sé-

A sua população é estimada em cerca de 10 milhões

culo XXI. Durante o regime socialista, a Hungria pas-

de habitantes, ou seja, sensivelmente o mesmo núme-

sou também por uma forte industrialização, através de

ro que Portugal. A maior cidade é a capital Budapeste,

projetos que usufruíam melhor dos abundantes recur-

que na sua região metropolitana tem 2,5 Milhões de

sos naturais do país. Na década de 1980, a Hungria

habitantes; e a segunda maior, com apenas 200 mil

foi considerada o país mais moderno industrialmente,

habitantes, é a cidade universitária Debrecen, em

exportando bens de consumo até para grandes países

Hajdú-Bihar. A população é muito uniforme e a língua

industrializados como Alemanha e Estados Unidos. O

oficial é o húngaro, uma língua fino-úgrica, relaciona-

crescimento da economia húngara entre 1996-2006

da com o finlandês e o estónio. Devido à sua história,

que se manteve constante, na média de 4,3%.

quando países vizinhos faziam parte do mesmo país,

Depois da queda do regime socialista, com o fim da

existem minorias húngaras significativas em países

União Soviética, o país sofreu um revés com a entra-

vizinhos como Romênia (na Transilvânia), Eslováquia,

da e adaptação ao regime capitalista. No entanto, de-

Sérvia (em Voivodina), Ucrânia, Croácia (na Eslavô-

vido à sua economia já ser voltada para a exportação,

nia) e Áustria. A Eslovénia, no entanto, tem um núme-

o país sofreu um menor viés na sua economia do que

ro muito grande de húngaros nas cidades próximas à

os outros países ex-soviéticos. Entre 1990 e 1993, a

54 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


comités parlamentares e tem de ser formalmente aprovado pelo presidente. A Assembleia Nacional, uni-cameral e com 386 membros (o Országgyűlés), é o mais alto órgão de autoridade do estado e propõe e aprova legislação com o aval do primeiro-ministro. Um partido tem de conquistar pelo menos 5% dos voSzéchenyi Gyógyfürd - Spa termal em Budapeste

tos para poder formar um grupo parlamentar e existe um Tribunal Constitucional de 12 membros com poder de contestar a legislação com base em inconstitucionalidades. As eleições parlamentares nacionais acontecem de quatro em quatro anos. O actual presidente da república é o advogado János Áder. Casado, de formação católica, foi criado na pequena cidade de Csorna em Györ-Moson-Sopron. A partir de 1978, estudou direito na Faculdade de Direito e Ciências Políticas da Universidade Eötvös Loránd (ELTE) em Budapeste. De 1986 a 1990, trabalhou como investigador no Instituto de Investigações Sociológicas da Academia de Ciências da Hungria. Foi co-fundador da Fidesz, no momento de uma coa-ligação liberal dos democratas (ainda que tenha se deslocado para o centro-direita

Castelo de Budapeste

a partir de 2012). Em 1987, János Áder participou da "reunião Lakitelek" (lakiteleki találkozó), a primeira

economia húngara recuou 18%, frente à, por exem-

plo, 40% da Bulgária. Em 1994, após algumas reformas económicas reagiu e, desde 1996 a taxa média de crescimento do PIB é de 4,3%. Em 2006, o PIB fechou em 197,1 Mil Milhões de dólares, sendo 80% vindo de capital privado e fortemente influenciado pelas altas taxas de capital estrangeiro aplicada no país. Actualmen-

reunião da oposição húngara para pedir um sistema multipartidário. Participa da Mesa Redonda (Ellenzéki Kerekasztal) da oposição, que representa toda a oposição nas conversas com o Partido Comunista Húngaro em 1989, nas quais negociou o final do sistema de um só partido na Hungria. Ainda foi membro da Comissão Eleitoral Nacional e membro do Parlamento húngaro (Országgyűlés) de 1990 a 2009,

te, a maior parte do PIB da Hungria vem da área de

assim como presidente da Assembleia Nacional da

serviços, que sofreu um forte crescimento na década

Hungria e líder da Fidesz, na oposição de 2002 a

de 1990, com a capitalização da economia. A inflação

2006. Em 2011, teve um importante papel na elabo-

e o desemprego diminuíram substancialmente desde

ração do projeto-lei que mudou o papel do Judiciário

1998 - era de 13%, hoje é 7,4%. As medidas de refor-

húngaro junto da Comissão Europeia. Na eleição

ma económica, tais como a reforma da saúde, tributária

do Parlamento Europeu de 2009, tornou-se membro

e do financiamento da administração local, ainda não

do Parlamento Europeu e eleito vice-presidente da

foram postas em prática pelo atual governo. Em 1º de

Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Se-

janeiro de 2004, junto com outros países do leste, a

gurança Alimentar em 2012. A 16 de abril de 2012,

Hungria entrou na União Europeia e o país prepara a

Áder foi eleito pelo Fidesz e pelo primeiro-ministro

economia para a adoção do euro, facto que se previa

Viktor Orbán, para tornar-se o novo presidente da

inicialmente ocorrer entre 2010 e 2014.

Hungria após a renúncia de Pál Schmitt. Foi final-

Na Hungria, o Presidente da República, eleito pelo

mente eleito a 2 de maio para um mandato de cinco

parlamento de quatro em quatro anos, tem um papel

anos com 262 votos a favor e 40 contra. Apenas

sobretudo cerimonial, mas os seus poderes incluem

votou a seu favor seu partido e contra Jobbik. O

a nomeação do primeiro-ministro. O primeiro-ministro

resto dos partidos não participaram na votação como

escolhe os membros do governo e tem o direito exclu-

forma de protestar pela eleição unilateral da Fidesz.

sivo de os dispensar. Cada um dos nomeados para

Esteve recentemente em Portugal, numa visita de

o governo deve apresentar-se perante um ou mais

Estado ao santuário de Fátima.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 55


DIPLOMACIA NA 1ª PESSOA

Anne Webster

por Maria de Bragança e J.U.Tavares-Rodrigues, fotos Maria Inês

Embaixadora da Irlanda em Portugal "Obrigado Europa!" Anne Webster, a Embaixadora da Irlanda em Portugal, tem um percurso bastante incomum: antes de ter abraçado o Serviço Diplomático Irlandês, especializou-se em Biologia Marinha, o que pode, de facto, ter beneficiado a sua subsequente carreira diplomática, ao proporcionar-lhe uma perspectiva azul-marinho e um mar verde de soluções perante os muitos desafios e oportunidades que encontrou ao longo dos anos! Um exemplo flagrante é o seu olhar positivo sobre o "velho continente" e a adesão da Irlanda à União Europeia que, acredita, trouxe importantes benefícios ao seu país.

56 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


➤ Anne

nomeações em Paris, Sydney e

pelo que depressa aprendi a

filhos adultos. Adora viajar e

na Missão Permanente da Ir-

reservar bilhetes para espectácu-

as suas missões ao serviço da

landa junto das Nações Unidas,

los com antecedência!

diplomacia irlandesa deram-lhe

em Nova Iorque. Posteriormen-

Os seus filhos vivem consigo?

uma extraordinária oportunida-

te, servi como Embaixadora no

Não, mas vêm visitar-me fre-

de de viver e trabalhar em mui-

Uganda, com segunda acredita-

quentemente. Já são adultos: o

tos países e cidades, incluindo

ção no Ruanda, até 2013, quan-

Greg leciona na Universidade de

Madrid, São Francisco, Pequim,

do fui nomeada Embaixadora

Wuhan, na China (sim, voltou a

Paris, Sydney, Nova Iorque e

em Lisboa - certamente uma das

China!), o Geoff trabalha para

Kampala, antes de, em Setembro

mais belas cidades do mundo.

uma multinacional americana - e

de 2013, ter chegado a Lisboa

Também estou acreditada junto

minha mais nova, a Laura, vive

como Embaixadora da Irlanda

do Reino de Marrocos. Todos os

na Irlanda, onde é professora

em Portugal - um país que ama

que me conhecem podem con-

do método pedagógico de Maria

de verdade...

firmar que adoro Portugal e sou

Montessori, apostado na forma-

Primeiro capítulo: Origens

muito feliz aqui!

ção da auto-confiança.

Nasci na costa sudeste da Ir-

O que mais gosta em Portugal?

Há quanto tempo está em Lis-

landa, no Condado de Wexford,

Em primeiro lugar, as pessoas.

boa?

e desde a mais tenra infância

Todos os que visitam Portugal

Moro aqui há já um ano e meio,

desejava viajar. Mas, como diplo-

podem atestar que os portugue-

mas o tempo voa. Gostaria que

mata, tive um percurso pouco

ses são as pessoas mais ami-

passasse mais lentamente, para

ortodoxo: formei-me em Biologia

gáveis e calorosas do mundo.

melhor desfrutar cada momen-

Webster é mãe de três

to...

Marinha e, nesse âmbito, trabalhei no Museu de História Natural de Londres, seguindo-se uma pós-graduação na Universidade Nacional da Irlanda, em Galway, antes de me juntar o Ministério

"

OS PORTUGUESES SÃO O POVO MAIS CALOROSO DO MUNDO!

dos Negócios Estrangeiros irlan-

"

Falemos agora sobre a crise europeia. Quais são as semelhanças entre os nossos dois países? Tanto a Irlanda como Portugal viveram crises económicas sem

dês, como Terceira Secretária.

Como sabe, tenho viajado muito

precedentes - no caso da Irlan-

Desde então, passei a maior

e, mal aqui chegue, pensei: "Es-

da, desencadeou uma grave e

parte da minha vida profissio-

tou em casa!"

longa recessão, que se prolon-

nal fora do meu país. A minha

Muitos embaixadores em final

gou por três anos, de 2010 a

primeira missão no estrangeiro

de carreira escolhem viver em

2013. Para resolver a crise foi

foi como delegada irlandesa ao

Lisboa, no Estoril ou no Algar-

necessário, não só, que am-

Basket 3, da então Conferência

ve...

bos os Governos tomassem

de Segurança e Cooperação na

E não admira - Portugal tem,

difíceis decisões políticas, mas

Europa [actual OSCE], que le-

realmente, muito a oferecer –

exigiu também firmeza e de-

vava a cabo a revisão dos Acor-

É, de facto, país maravilhoso.

terminação aos nossos povos.

dos de Helsínquia, em Madrid.

Adoro a cidade de Lisboa: o seu

Essencialmente, acredito que

Seguiu-se a nomeação como

charme, a sua história, a cultu-

tanto a Irlanda como Portugal

Vice-Cônsul [e, posteriormente,

ra, as artes... O Teatro de São

responderam à crise de forma

Cônsul Geral em Exercício] no

Carlos, a Gulbenkian, o Centro

eficaz, o que, por sua vez, teve

Consulado Geral da Irlanda em

Cultural de Belém, o Museu do

como resultado a saída limpa

San Francisco, abrangendo treze

Oriente, o Museu de Arte Antiga,

dos dois países do programa da

Estados do Oeste dos EUA.

o Jardim da Estrela - para citar

Troika - no caso da Irlanda, em

Após cinco fascinantes anos,

apenas alguns: tal riqueza de

Dezembro de 2013 e, em Maio

regressei a Dublin, à Divisão

teatros, galerias, museus... É

de 2014, Portugal. As reformas

Económica do Ministério, durante

realmente maravilhoso. Também

permitiram, também, a ambos os

três anos. Seguiram a nomeação

constatei o enorme interesse dos

nossos países, o resgate anteci-

como Vice-Chefe de Missão na

portugueses em participarem e

pado dos empréstimos do Fundo

Embaixada em Pequim - e outras

assistirem a eventos culturais,

Monetário Internacional. Isso tem

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 57


Anne Webster

➤ fortalecido

a confiança interna-

cional na economia da Irlanda e de Portugal, o que, entre outros benefícios importantes, resultou em baixas taxas de juro sobre a dívida, sem precedentes, permitindo economizar milhares de milhões de Euros em taxas de reembolso. Diz-se, agora, que foram cometidos erros... É verdade que a austeridade que se seguiu às reformas em ambos os países foi particularmente dolorosa. Mas não posso afirmar que houve erros: as medidas implementadas por meio dos programas de ajustamento vieram beneficiar as economias dos nossos países. A União Europeia tem sido um parceiro essencial no apoio aos países em dificuldades económicas. Medidas como a União Bancária são muito importantes na prevenção de novas crises, e em conter quaisquer crises que possam ocorrer no futuro. A economia irlandesa recuperou após a profunda recessão, com um aumento significativo do PIB, da produção industrial, do crescimento das exportações, da confiança dos consumidores; o desemprego caiu e estamos a exportar mais do que nunca. Provámos que apesar da dor - e além da dor - e num intervalo de tempo relativamente curto, fortalecemos as nossas economias, reduzimos os nossos custos e mantivemo-nos atractivos para os investidores. Tal como o

Então, a dor é transformada

num sólido crescimento e criação

vosso grande poeta Fernando

em sucesso, em felicidade?

de emprego. A nossa economia

Pessoa disse:

Sim, acredito que a dor da

teve o crescimento mais rápido

“Valeu a pena?

austeridade foi transformada

da União Europeia em 2014, com

Tudo vale a pena,

através do relançamento de uma

um aumento do PIB de 5%, e

Se a alma não é pequena.

economia mais forte. No caso

esperamos manter esta posição

Quem quer passar além do Bo-

da Irlanda, a recuperação eco-

de liderança em 2015. A taxa de

jador

nómica ganhou um forte impulso

desemprego caiu, rondando ago-

Tem que passar além da dor.”

nos últimos 12 meses, com base

ra os 10%, depois de ter atingido

58 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


um pico máximo de 15,1%, e

de juros sem precedentes. Os

Tal como a Irlanda, que também

continua a baixar de forma cons-

consumidores, empresas, inves-

enfrenta o vasto Oceano Atlânti-

tante. Os níveis de exportação

tidores e os mercados mundiais

co, Portugal tem uma ligação ao

são agora mais altos que antes

renovaram a confiança no nosso

mundo de valor inestimável. E,

da crise. As finanças públicas

futuro económico.

pelas suas ligações históricas, e

encontram-se numa base estável

Com a ligação ao mar e à CPLP,

proximidade aos países lusófo-

e duradoura e temos acesso ao

Portugal tem armas que a Euro-

nos, através da CPLP, Portugal

financiamento normal no merca-

pa não valoriza... Muitas possi-

tem um acesso privilegiado a

do financeiro, com baixas taxas

bilidades a explorar, não acha?

muitas das economias e

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 59


Anne Webster

O que acha da Europa, desta

Sim, acredito na Europa. Teste-

crescimento no mundo, com

nova Europa?

munhei, em primeira mão, como

enormes e prósperos mercados

Com 28 países membros da

a integração europeia contribuiu

que representam o futuro.

União Europeia, acredito que o

para a transformação do meu

Devo acrescentar, que considero

mais importante é concentrarmo-

próprio país. Isso não nos impe-

que o povo português é extraor-

-nos em construirmos os valores

de de sermos irlandeses, com as

dinariamente modesto, se con-

que nos unem como Europeus.

nossas próprias características,

siderarmos a sua história e as

Quando fui nomeada delegada

as nossas tradições, a nossa

extraordinárias e fortes parcerias

à Conferência de Segurança e

língua, a nossa história... Antes,

e amizades que Portugal tem

Cooperação na Europa, no início

éramos uma pequena ilha, ao

construído ao longo dos anos – e

dos anos oitenta, havia uma con-

lado de outra, muito maior; am-

que continuam a florescer.

figuração política e económica

bas geograficamente separadas

Acha que esta crise poderá

muito diferente na Europa: por

do continente Europeu. Des-

fazer-nos bem?

um lado, havia a União Soviética

de que entrámos para a União

Gostaria que nunca tivesse

e os países do Pacto de Varsóvia

Europeia, já não estamos tão

acontecido, quero deixar isso

e, por outro, a NATO e a Europa

isolados, partilhamos um patri-

bem claro. Mas aconteceu, e

democrática: a Irlanda, membro

mónio comum, somos uma parte

populações de mais rápido

sim, na nossa determinação para enfrentarmos a crise, acredito que conseguimos resultados fortes, que devem proteger-nos de uma repetição dos horrores com que fomos confrontados

intrínseca de um projecto único,

"

PENSO QUE, DE FACTO, SAÍMOS DA CRISE MAIS FORTES!

na sequência das crises econó-

"

que é a NOSSA União Europeia. E isso melhorou a vida do povo irlandês. Por essa razão, tenho que dizer: Obrigado, Europa! Quais são as ligações entre Portugal e Irlanda?

micas. Mencionei a criação da

da então Comunidade Europeia,

Temos laços históricos muito for-

União Bancária como uma con-

era militarmente neutra. É fácil

tes. Agora, que é possível avaliar

quista fundamental do processo

esquecer que, há apenas 25

a origem dos povos através de

de reforma; outras medidas, tais

anos atrás, muitos dos países

testes de ADN, veio a descobrir-

como testes de stress, também

que hoje fazem parte da União

-se que grande parte da base

trouxeram importantes reforços

Europeia estavam do outro lado

genética do povo irlandês tem

à Zona Euro. Dito isto, é por

do muro, na zona da "cortina de

origem nas comunidades celti-

demais evidente que a Irlanda e

ferro". Pense em países como a

béricas, portanto em Portugal

Portugal sofreram com o impacto

Polónia, a Hungria, as Repúbli-

e Espanha. Até há pouco tem-

das medidas de austeridade e o

cas Bálticas, a então Checoslo-

po, acreditava-se que os celtas

grave desemprego dos últimos

váquia, a Bulgária, a Roménia...

gaélico-irlandeses provinham

anos.

Na época dos trabalhos da

do Médio Oriente. Além disso,

As coisas vão estabilizar?

CSCE, em Madrid, não imaginá-

ao longo dos anos houve uma

Sim, não há dúvida que a Irlan-

vamos que esses Estados, num

importante actividade comer-

da estabilizou economicamente,

período de tempo relativamente

cial entre a Irlanda e Portugal.

mas há toda uma geração que

curto, viriam a integrar a nova

Vínhamos aqui comprar prata,

ficará marcada para sempre:

Europa. É uma extraordinária

vinho, especiarias. Também, ao

as pessoas na faixa dos 30 e

transformação e algo que valo-

decorrer dos séculos, Portugal

40 anos compraram casas que

rizamos ainda mais ao testemu-

foi o porto seguro, uma nova

valem, hoje, uma fracção do

nharmos o que está a acontecer

casa, para muitos refugiados

que pagaram no auge do boom,

na Ucrânia. Espero, portanto,

irlandeses, perseguidas por mo-

muitas perderam os empregos,

que as novas gerações de jovens

tivos religiosos, principalmente a

muitas outras viram-se forçadas

europeus continuem firmes na

nobreza e o clero.

a emigrar... Felizmente, há indí-

construção dos sólidos alicerces

E, mais recentemente?

cios credíveis de que estamos a

que temos estabelecido na nossa

Tradicionalmente, a 17 de Mar-

entrar numa nova, e mais susten-

União Europeia.

ço, Dia de São Patrício, celebra-

tável, fase da nossa caminhada.

Vejo que acredita na Europa!

mos o nosso Dia Nacional

60 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


➤ em

todo o mundo. Nos últimos

estabeleceram seus negócios.

São Patrício, o belo espetáculo

anos, as celebrações incluíram

A cor verde tem uma grande im-

do “Greening” de emblemáticos

o “Greening” de alguns dos mais

portância sentimental e histórica

monumentos em Portugal foi

belos monumentos, em mais de

para a Irlanda – pode dizer-se

transmitido a muitos milhões

120 países do mundo: “inundam-

que é a nossa cor nacional. Não

de pessoas a nível internacio-

-se” de verde, entre outros, o

é por acaso que a Irlanda é co-

nal - via televisão e os media

Empire State Building, o London

nhecida como a Ilha Esmeralda.

sociais - num momento em que

Eye, as Pirâmides do Egipto, a

Como foi isso conseguido?

muitos planeiam activamente os

Grande Muralha da China, as

É fácil trabalhar quando há boa

seus destinos de férias. Além

Cataratas do Niágara, a Ópera

vontade, e se for por uma boa

disso, vários artigos sobre o

de Sydney. Em Portugal, co-

causa.

“Greening” em Portugal foram

meçámos no ano passado. O

Trabalhámos em estreita cola-

publicados em sites e lidos por

Palácio Museu dos Condes de

boração com a Câmara Munici-

milhares entre a importante

Castro Guimarães, em Cascais,

pal de Lisboa; com o Reitor do

diáspora portuguesa, recebendo

foi o primeiro edifício a iluminar

Santuário de Cristo Rei, e, com

níveis recordes de "Gosto". Por

os céus de verde. Este magní-

já havia acontecido em 2014,

isso, a parceria luso-irlandesa

fico palácio evoca uma ligação

com o Director do Museu Con-

do “Greening” teve um resultado

histórica particularmente impor-

des de Castro de Guimarães e

muito positivo e construtivo este

tante para a Irlanda: foi cons-

o Município de Cascais - para

ano - e esperamos perpetuar a

truído, no final do século XIX,

transformar estes belos monu-

tradição em anos futuros.

por Jorge O'Neill, descendente

mentos.

Voltando à balança comer-

dos Príncipes de Tyrone e Clan-

As excelentes relações que, fe-

cial...

-Boy. Este ano, além do Palácio

lizmente, existem entre Portugal

No ano passado, 2014, o volume

Museu, também foram ilumina-

e a Irlanda, foram um importante

total das trocas comerciais entre

dos o Santuário de Cristo Rei e

factor adicional. Mas existem,

os nossos dois países atingiu

a estátua do Duque de Terceira,

também, outras vantagens que

€598,401,000. A Irlanda importa

no Cais do Sodré - a zona onde,

vale a pena mencionar, incluindo

de Portugal sobretudo vinhos

originalmente, os comerciantes

uma ampla promoção de Portu-

finos, vestuário e calçado. Qua-

irlandeses radicados em Lisboa

gal: durante as celebrações de

se metade das exportações da Irlanda para Portugal são produtos médicos e farmacêuticos. Outras exportações incluem carne e preparados de carne, componentes de máquinas e óleos essenciais. Em que proporção? A Irlanda mantém uma vantagem significativa nas trocas comerciais com Portugal, cerca de 2.5 para 1. Mas temos vindo a trabalhar em conjunto para aumentar e equilibrar esses números. No turismo, por exemplo, Portugal é o segundo destino preferido dos irlandeses. E - com apenas quatro milhões de habitantes – a Irlanda está em quinto lugar em termos de dormidas em Portugal. Damos, assim, damos uma contribuição significativa para o turismo de Portugal.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 61


VIAGENS DE ESTADO

Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE

O Presidente da República deslo-

trou-se com o Secretário-Geral da

guesa em França.

cou-se a 16 e 17 de março a Paris,

OCDE, Angel Gurría, participou

No dia seguinte,Cavaco Silva reu-

numa visita que teve por objetivo

num seminário com peritos desta

niu com duas dezenas de empre-

o estreitamento das relações entre

organização e numa reunião com

sários e investidores franceses e

Portugal e França, país onde resi-

membros do conselho, o órgão

com o homólogo francês, François

dem mais de 1,1 milhão de portu-

mais importante da OCDE.

Hollande, no Palácio do Eliseu, em

gueses e lusodescendentes. Uma

No final, o Presidente da Repúbli-

Paris.

comunidade que Aníbal Cavaco

ca e o Secretário-Geral da OCDE

Cavaco Silva levou a França um

Silva apresentou como “dinâmica,

fizeram declarações conjuntas à

discurso centrado na recuperação

bem integrada na sociedade” e

imprensa.

de Portugal e nos esforços de Por-

que “ganhou influência e visibilida-

O chefe de Estado encontrou-se

tugal em sair da crise e esforçan-

de nos mais variados domínios”.

com alguns portugueses residen-

do-se para passar a imagem de

Aníbal Cavaco Silva deslocou-

tes em França, com presidentes

um país com a economia a crescer

-se à sede da Organização para

de associações empresariais,

e a criar empregos e no qual é

a Cooperação e Desenvolvimento

deputados eleitos pelo círculo da

seguro investir.

Económico (OCDE), naquela que

Europa, com Paulo Pisco (PS) e

A visita a França do Presiden-

será a primeira visita oficial de

Carlos Alberto Gonçalves (PSD).

te Português teve por objetivo o

um chefe de Estado português à

Cavaco Silva fez uma intervenção

estreitamento das relações entre

OCDE.

durante o encontro com os repre-

Portugal e França onde têm ativi-

sentantes da comunidade portu-

dade mais de 40 mil empresas

O Presidente português encon-

62 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


detidas ou geridas por portugue-

ca disse que Portugal “está a fazer

cresceu. Modificou-se, mas acima

ses.

tudo o que lhe compete” para sair

de tudo, ganhou influência, visibili-

Por outro lado, cerca de 600 em-

da crise, nomeadamente desenvol-

dade nos mais variados domínios.

presas francesas têm investimen-

vendo “políticas de crescimento e

Desde logo na política, na vida

tos em Portugal, sendo a França

de criação de emprego”. Mas de-

cívica, mas ganhou influência na

já o segundo parceiro comercial

fendeu que o quadro europeu tem

economia e também na cultura.

português, a seguir à Espanha.

que “acompanhar” o país nesse

Mas nunca perdeu a sua ligação

Em cada um dos encontros, Aníbal

esforço, sob pena deste “não ser

a Portugal, até os de segunda

Cavaco Silva - que esteve acom-

suficiente”.

e terceira gerações e isso é um

panhado pelo secretário de Estado

“O que depende de Portugal e dos

motivo de orgulho para todos nós”,

das Comunidades Portuguesas,

portugueses continuará a ser feito,

elogiou o Chefe de Estado.

José Cesário, e pelo secretário

cumprindo os nossos compro-

Num discurso para uma sala com

de Estado das Finanças, Manuel

missos”, prometeu Cavaco Silva,

algumas centenas de pessoas,

Rodrigues - não se cansou de

pedindo à OCDE que se mantenha

Cavaco Silva pediu para não

referir que Portugal está a sair da

ao lado do país “como parceiro

deixarem de apoiar com o voto

crise, com a economia a crescer e

estratégico”.

aqueles que se candidatam a um

a criar empregos.

O otimismo do Chefe de Estado

lugar na vida política francesa e

A todos, o Presidente da Repúbli-

português assenta na recente

destacou a importância do elevado

ca afirmou que o país equilibrou

quebra do preço do petróleo e na

número de empresários portu-

as suas contas externas, baixou o

depreciação do euro que pode-

gueses e lusodescendentes pelo

défice das contas públicas e au-

rão levar a uma revisão em alta

contributo que dão ao “crescimen-

mentou as exportações, passando

da taxa de crescimento para este

to económico e social” de França.

a mensagem que Portugal recupe-

ano.

As associações, clubes e coletivi-

rou a credibilidade dos mercados

E apesar de deixar a promessa

dades de raiz portuguesa existen-

externos e de que é seguro inves-

que Portugal continuará a cumprir

tes naquele país foram também

tir no país.

os seus compromissos, deixou no

lembradas pelo Presidente no seu

A deslocação começou na sede da

ar um recado: “O nosso sucesso

discurso, pelo trabalho desenvol-

OCDE, naquela que foi a primeira

só poderá ser efetivo e completo

vido nas áreas social, cultural, do

visita oficial de um Chefe de Esta-

se a Europa, a União Europeia, a

desporto e da língua portuguesa

do português à organização.

Zona Euro, e de alguma forma, a

e por manterem “as ligações a

Cavaco Silva encontrou-se tam-

comunidade internacional, com o

Portugal”.

bém com o Secretário-Geral,

G20 à cabeça, também fizerem a

O Presidente da República ates-

Angel Gurría, participou num semi-

sua parte de reformas estruturais

tou o seu apreço, às autoridades

nário com peritos da organização

para uma prosperidade partilha-

francesas, “pela hospitalidade que

e discursou para os membros do

da”.

têm demonstrado em relação aos

Conselho da OCDE, num deba-

O segundo ponto da agenda de

portugueses”, fruto também da

te que se centrou em temas da

Cavaco Silva levou-o até à re-

imagem que estes têm passado

atualidade económica mundial e

sidência do Representante Per-

ao longo dos anos, de uma comu-

portuguesa.

manente de Portugal junto da

nidade de gente “séria, honrada,

Fonte da Presidência da Repú-

OCDE, Embaixador Paulo Vizeu

trabalhadora”. “A vossa reputação

blica referiu que esta visita à

Pinheiro, para um encontro com

em França é enorme e isso tem

OCDE teve em conta não apenas

os altos funcionários portugueses

ajudado Portugal”, elogiou Cavaco

a importância que a organização

na OCDE, entre os quais Álvaro

Silva.

tem vindo a adquirir, mas ainda o

Santos Pereira, ex-ministro da

Cavaco Silva visitou a delegação

estreitamento das suas relações

Economia e atualmente diretor no

da Fundação Calouste Gulbenkian

com Portugal.

Departamento Económico daquela

em Paris estando para o receber

Portugal a “fazer tudo” para sair

organização internacional.

personalidades portuguesas da

da crise

Comunidade ganhou influência e

cultura, ciência e investigação que

No discurso aos representantes

visibilidade.

residem na capital francesa. Duran-

dos países membros do Conselho

“Nos últimos 50 anos, esta nos-

te a visita, o Presidente percorreu a

da OCDE o Presidente da Repúbli-

sa comunidade mudou bastante:

exposição ali patente dedicada ao

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 63


Anibal Cavaco Silva iniciou visita a Paris com encontros na OCDE

livro e à sua relação com a arte.

François Hollande, o Presidente

país que “conheceu uma auste-

A fechar a agenda, Cavaco Silva

referiu um Portugal que mantém

ridade muito dura”, mas está “no

reuniu-se na parte da tarde, no

com a França, relações “sólidas e

caminho do crescimento”. E ainda

Palácio do Eliseu, com o presiden-

amigas”, mas defendeu que ainda

uma afirmação de que as relações

te da República francês, naquele

é possível tirar mais partido do

económicas entre os dois países

que foi o primeiro encontro entre

potencial dessas relações.

mantêm-se de ‘saúde’. “Queremos

os dois chefes de Estado e que

De Hollande, Cavaco Silva ouviu

juntos desenvolver a perspetiva

se centrou em assuntos da agen-

um elogio ao percurso feito por

de crescimento”, concluiu François

da bilateral e internacional. Com

Portugal nestes últimos anos: um

Hollande.

n

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

64 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


VISITA OFICIAL

A convite da Presidente da Assembleia da República Portuguesa

O Presidente da Câmara dos De-

mónia de Boas Vindas e revista

dias, o Senhor Mars di Bartolo-

putados do Luxemburgo, Mars di

à Guarda de Honra, o Presiden-

meo teve oportunidade de se reu-

Bartolomeo, efectuou uma visita

te da Câmara dos Deputados

nir com alguns dos representan-

oficial a Lisboa nos dias 5 e 6 de

do Luxemburgo se reuniu com

tes da vida política portuguesa,

Fevereiro de 2015, a convite da

a Presidente da Assembleia da

entre os quais o Primeiro Ministro

sua homologa portuguesa, Maria

República Portuguesa. No almo-

de Portugal, Pedro Passos Coe-

da Assunção Esteves.

ço que se seguiu, participaram

lho, o Secretário Geral do Parti-

O Presidente da Câmara dos

os dois presidentes e respectivas

do Socialista, António Costa e o

Deputados fez-se acompanhar

comitivas, tendo o Presidente di

Secretário Geral da UGT, Carlos

pelo deputado Claude Wiseler,

Bartolomeo assisitido depois à

Silva.

por Inês Luna do Departamento

Sessão Plenária.

Um almoço oferecido pelo Presi-

de Relações Internacionais da

No primeiro dia da sua visita, o

dente da Comissão de Negócios

Câmara dos Deputados e pelo

Presidente da Câmara dos Depu-

Estrangeiros e Comunidades

Embaixador do Luxemburgo em

tados participou ainda num jantar

Portuguesas da Assembleia da

Portugal, Paul Schmit.

oferecido pelo Presidente do

República encerrou a visita oficial

A visita oficial começou com

Grupo Parlamentar de Amizade

do Presidente da Câmara dos

uma deslocação à Assembleia

Portugal – Luxemburgo.

Deputados do Luxemburgo a

da República onde, após a ceri-

Durante esta visita oficial de dois

Lisboa.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 65


VISITA OFICIAL

“Venham investir em França”, convida Manuel Valls

O primeiro-ministro de França, Manuel Valls, perante uma sala cheia de empresários portugueses e franceses, diz sempre “umas palavras” na língua dos países que visita. No encontro organizado pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a mensagem que deixou foi clara: “Venham investir em França!”.

Porquê? Porque não só França será o país “mais

neficia da confiança dos investidores”, assegurou

povoado da União Europeia”, como está a desenvol-

o primeiro-ministro francês, notando que Portugal

ver medidas para “tirar todos os freios e obstáculos”

tem sido uma escolha das empresas francesas. São

à competitividade, capacidade de contratação e

cerca de 750 instaladas no país, que garantem 58

investimento das empresas, com destaque para as

mil empregos e um volume de vendas de 9,5 mil

pequenas e médias empresas, “que são aquelas que

milhões de euros por ano, disse o primeiro-ministro,

podem criar emprego”. E é da criação de emprego

destacando o investimento da Vinci na ANA e o da

que a Europa precisa para não sucumbir ao “cep-

Altice na PT Portugal. “Outros investimentos são

ticismo” e ao “populismo” sublinhou Manuel Valls:

possíveis nos processos de privatização de empre-

“Se não fizermos com que o desemprego diminua,

sas públicas ou concessão de serviços públicos”,

nomeadamente o desemprego jovem, não consegui-

adiantou, dizendo-se favorável “a uma presença ain-

remos que o projeto europeu sobreviva”, afirmou. A

da mais forte de França em Portugal”. Mas no cená-

Europa não pode limitar-se a políticas orçamentais,

rio oposto haverá ainda muito a fazer. Destacando o

porque é também um projeto civilizacional e econó-

exemplo da Renova, que vai construir, em Auvergne,

mico e vive um momento crucial em que deve apos-

a primeira fábrica fora de Portugal, Valls notou que

tar todas as fichas na promoção do investimento

em França há apenas 200 empresas portuguesas,

e do emprego. Nesta estratégia, Portugal também

que empregam 3500 pessoas. França está a fazer a

deve fazer parte. “Os olhares de fora” conseguem

sua parte para facilitar a vida às empresas: aumentar

ver que, em Portugal, a “economia está a crescer”,

a flexibilidade nas regras da contratação, tornar mais

as “finanças públicas melhoram” e Portugal “be-

fluído o diálogo social com um projecto-lei que

66 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


deverá ser conhecido antes do Verão, reduzir os

cimeira de Madrid, em Março, onde Portugal, Espa-

custos do trabalho e o impacto da carga fiscal em

nha e França debateram projetos para reforçar as

cerca de 40 mil milhões de euros em três anos,

interconexões energéticas, Valls sublinhou que os

sem esquecer a diminuição dos impostos da clas-

países devem “intensificar os seus esforços” neste

se média, que abarcará nove milhões de famílias a

domínio. Projectos como o cabo submarino no Golfo

partir de Setembro, a redução do défice para os 3%

da Biscaia, os cabos de alta tensão para atravessar

exigidos pela UE … tudo isto sem pôr em causa os

os Pirenéus e o gasoduto entre Espanha e Fran-

compromissos com o saneamento das contas públi-

ça “devem ser abrangidos pelo Plano Juncker” - o

cas, assegurou o governante.

plano da Comissão Europeia para mobilizar investi-

Lutar contra a quebra do crescimento

mentos públicos e privados num montante de 315 mil

“Disse-o em Bruxelas e digo-o em Lisboa: não

milhões de euros em grandes programas de infraes-

aceitaremos medidas orçamentais que venham

truturas, nos próximos três anos. E ainda na área

quebrar o crescimento”, afirmou o primeiro-ministro

de energia, a propósito da Cimeira do Clima, que se

da segunda maior economia do euro, que espera um

realizará em Dezembro, em Paris, lembrou que “o

aumento do Produto Interno Bruto (PIB) 1,5% este

crescimento verde” é uma oportunidade que a econo-

ano. É preciso “vigilância, vontade e firmeza”, mas

mia e as empresas “devem aproveitar plenamente”,

em França não estão em cima da mesa medidas

quer pelo potencial das energias renováveis, quer

como reduções do salário dos funcionários públicos,

pelo desenvolvimento e inovação tecnológicas que

garantiu. E sectores como a educação (onde está a

estão associados ao sector. “Cidades conectadas,

prevista a criação de 60 mil lugares de professores)

redes inteligentes”… a Europa “tem de liderar estes

e as forças de segurança “são uma prioridade”. “As

movimentos” de investimento, disse. E tudo isto deve

medidas de austeridade aplicadas em Portugal não

interessar aos jovens, porque só se conseguirá “vol-

têm nada a ver com as de França”, reconheceu.

tar a dar sentido ao projecto europeu se a juventude

“Isso pode afastar as nossas populações”, na medi-

acreditar nele”. Para isso é preciso que “a Europa

da em que a diferença de situações na Europa “favo-

reaja e fale ao coração dos europeus”, que aposte

rece o eurocepticismo, o egocentrismo e a afirmação

na economia, mas também na preservação da sua

dos populismos”.

cultura e identidade, porque a Europa “também é um

Uma mensagem de amor

modo de vida que deve ser preservado”, conclui.

“Os destinos de Portugal e França estão intimamen-

n

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

te ligados”, um milhão de franceses são os filhos e os netos dos emigrantes portugueses e “Portugal e França sabem que podem contar um com o outro em caso de dificuldades”, disse Valls, que veio a Lisboa trazer “uma mensagem de amor e amizade”. Há vínculos fortes e próximos que devem ser reforçados e há, também, a responsabilidade comum de preservar o tesouro europeu. Se o custo da energia é um dos trunfos franceses na atração de investimento (graças à aposta no nuclear que continua a ser um sector com futuro), é também na energia que Portugal e França têm outro interesse comum. Recordando a

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 67


ATUALIDADE

Na Procura dos Direitos Humanos

Num mundo global, como o nosso, sair, regressar ou permanecer noutro país deveria ser um ato comum, mas não é assim. A Europa é uma fortaleza, os conflitos armados intensificam-se e, inimaginavelmente, em pleno século XXI trava-se uma luta desesperada pela sobrevivência em demasiados pontos do globo.

Um grupo de amigos está sentado nos bancos do

sabe falar português porque esteve três anos em

jardim da Gulbenkian, riem, conversam animada-

Angola, era dono de um restaurante. Várias vezes

mente, aproveitam o inverno ameno que se faz

assaltado e ameaçado de morte pediu asilo a Por-

sentir. É a primeira vez que vêm a este jardim.

tugal. “Em Angola eram muito racistas para com os

Este grupo de jovens está alojado no Conselho

estrangeiros.” Aqui queria aprender melhor a língua,

Português para Refugiados (CPR) da Bobadela,

conhecer melhor o país, ter a sua própria casa,

são refugiados e vieram assistir ao 11.º Congresso

trabalhar e fazer amigos. “Tenho medo porque não

Internacional sobre o tema “Mediterrâneo, Última

sei se os portugueses querem falar comigo, não sei

Fronteira”, na Fundação Calouste Gulbenkian em

como são… No CPR da Bobadela em contacto uns

Lisboa.

com os outros usamos muito os nossos dialetos;

Abdulah (nome fictício) é um jovem da Guiné Co-

assim, não praticamos português”, desabafa No audi-

nacri, de sorriso fácil, o mais expansivo do grupo,

tório, Pedro Calado, Alto Comissário para

68 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


as Migrações, inicia a sua intervenção com alguns

A maioria que regressa está em idade ativa (18-60

dados estatísticos: “mais de “3000 mortos regista-

anos). A crise que Portugal vive é uma das explica-

dos no mar Mediterrâneo, só em 2014, mais de 165

ções, a par do desenvolvimento económico regista-

mil refugiados cruzaram o Mediterrâneo, mais 100

do no Brasil e o incentivo monetário que é atribuído

mil do que em 2013, segundo dados do ACNUR, e

nalguns casos.

os números não param de aumentar.” Pedro Cala-

Luís Carrasquinho acrescenta que o Programa

do defende que “a situação é ainda mais dramática

apoia com o regresso ao país de origem e, quan-

quando não há nenhum país na Europa que possa

do possível, com um apoio à reintegração:“Após

dispensar a imigração. O problema da Europa não

uma análise profunda da situação de cada caso,

é só económico, mas também demográfico. Em Por-

faz-se uma avaliação para saber se é dado ou

tugal, desde 2007, 600 mil portugueses deixaram o

não um subsídio de ajuda para que a pessoa que

país e nos próximos anos o país perderá cerca de

retorna possa começar de novo. Os casos, que

dois milhões de habitantes”. O alto comissário para

foram apoiados desde 2009, com planos de negócio

as migrações ressalva ainda que “em Portugal 61%

implementados, têm uma taxa de sucesso de cerca

dos imigrantes são população ativa, contra 47% da

de 90 a 95%.”

população residente, 5,2% dos empregadores em

Arnaldo (nome fictício) decidiu recorrer ao retor-

Portugal são imigrantes, contra 3,8% de empre-

no voluntário. Este Brasileiro foi na sua terra um

gadores residentes e o saldo líquido dos descon-

empresário de sucesso, com 42 pessoas a trabalhar

tos para a segurança social feito por estrangeiros

por sua conta. Mas, ao fim de quase vinte anos,

mantém-se positivo em cerca de 253 milhões de

todo o império veio abaixo: ficou sem casa, mulher

euros. No entanto, “Portugal, a par da Finlândia, é o

e família, vítima de perseguição de agiotas, chegou

país que recebe menos refugiados na Europa.”

até a ser mendigo. Em 2010, vem para a Europa,

Luís Carrasquinho presta aconselhamento na

chega a Itália mas, numa operação rotineira, é apa-

Organização Internacional para as Migrações

nhado sem documentos pelas autoridades italianas

(OIM), em Lisboa. Uma organização intergover-

e obrigado a regressar ao Brasil.

namental que tem sede em Genebra e várias mis-

A três dias da viagem de regresso volta para Por-

sões espalhadas por vários países. Em Portugal,

tugal e, desde aí, tem trabalhado na construção

a OIM trabalha principalmente na área do retorno

civil. Dorme em casas em construção, no arero-

assistido. Luís Carrasquinho explica-nos que as

porto, em albergues, até ao relento. No sítio onde

pessoas que ali recorrem são nacionais de paí-

vive atualmente, “não tenho gás, água canalizada e

ses terceiros, “que querem regressar aos seus

eletricidade. Ainda por cima o Inverno está a chegar

países de origem por uma situação migratória

e, provavelmente, vou ficar sem trabalho…” Nesta

que correu mal. São, muitas delas, pessoas em

altura quer voltar para o Brasil. “Mas se não tiver

situação desesperante que não têm rendimentos,

apoio financeiro, não vale a pena regressar…”

nem emprego; e, quando tudo o resto falha, vol-

Para Delmar Gonçalves, escritor, poeta, professor

tar ao país de origem é a última alternativa, mas

e, atual presidente do Círculo de Escritores Mo-

não têm posses nem meios para o fazer.” Dados

çambicanos na Diáspora (CEMD), “o mundo global

fornecidos pela OIM sobre o Programa de Apoio

não está a funcionar. A Europa não se pode fechar

ao Retorno Voluntário e à Reintegração mostram

sob pena de outros países africanos em retaliação

que só em 2013, regressaram ao país de origem

fecharem também as suas fronteiras.” Considera

692 pessoas sendo que cerca de 86% eram cida-

que é necessário haver uma desconstrução do mito:

dãos de origem brasileira, os que mais recorrem

“os imigrantes que chegam de países completa-

ao retorno voluntário. A maioria (358 pessoas –

mente destruídos pela guerra vêem a Europa como

52%) estava em situação irregular, aquando do

um El Dourado, porque há paz. Não pensam em ter

retorno, contudo, o número de pessoas em situa-

uma vida de luxo, querem sentir-se seguros.” Como

ção regular que quer voltar tem também aumen-

homem das artes que é, sente que a cultura tem um

tado (312 pessoas – 45%).

papel muito importante na vida do migrante.

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 69


Na Procura dos Direitos Humanos

Maria Teresa Tito Morais, Presidente da Direcção do Conselho Português para Refugiados

Os moçambicanos, por exemplo, para onde quer

patrulha e salvamento no mar mediterrâneo e a

que vão levam a sua cultura, aquilo que marca a

destruição dos barcos de traficantes antes desses

sua nacionalidade. Ainda há muito trabalho a fazer

serem usados, naquela que é uma decisão inédita

na área da cultura e literatura, áreas fundamentais

no combate à emigração clandestina.

de inclusão. “Em Moçambique, os artistas, espe-

No entanto, de fora ficou a ideia de imposição de quo-

cialmente os escritores, não têm oportunidade de

tas migratórias para a distribuição proporcional dos

mostrar o seu trabalho, então, têm de sair do seu

refugiados, proposta apresentada por Jean Claude

país para, a partir do exterior, tentarem ser reconhe-

Juncker que lamentou a falta de ambição dos 28.

cidos”. Em Portugal, sente-se como um diplomata

O primeiro Ministro britânico, David Cameron,

da cultura moçambicana.

anunciou ainda o envio de um navio almirante com

O mundo atual é um lugar de múltiplas fraturas;

três helicópteros, mais dois navios patrulha para

desde o choque entre regimes autoritários ou demo-

ajudar nas operações. François Hollande por sua

cráticos, ricos ou pobres, muçulmanos ou judeus,

vez afirmou que é preciso corrigir os persistentes

curdos ou turcos. Há, por isso, números que não po-

erros do passado, já a chanceler alemã Angela

dem ser ignorados. Os conflitos armados no Iraque,

Merkel, defendeu que, no imediato o mais importan-

Síria, Líbia e Egito desde 2003 já vitimaram entre

te é salvar vidas. Para Donal Tusk um dos grandes

150 a 200 mil pessoas.

problemas será abdicar de interesses nacionais a

No passado dia 23 de Abril, na sequência do naufrá-

favor da política de imigração, por isso alerta que

gio que vitimou cerca de 800 imigrantes no mediter-

sera necessário o reforço da solidariedade europeia

râneo, Donal Tusk Presidente do Conselho Europeu

e a responsabilidade comum de todos . No Segundo

convocou uma reunião extraordinária com os líde-

semestre do ano, Malta será palco de uma cimeira

res da União Europeia, entre as decisões saídas

organizada pela União Europeia e União Africana

do conselho Europeu está o reforço do orçamento

para tratar das causas da emigração clandestina.

da missão Tritão, responsável pelas operações de

70 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n

Ana Maria Brás Gonçalves



ÁFRICA +

Comemoração do Dia da Paz e da Reconciliação Embaixador Marcos Barrica apela à defesa da identidade e cultura angolanas

Embaixador José Marcos Barrica

O embaixador angolano em Portugal, José Marcos

dos êxitos alcançados pelo país nos 13 anos de paz,

Barrica, apelou, neste sábado, na Moita, arredores de

Cecília Baptista reconheceu algumas dificuldades, mas

Setúbal, à comunidade angolana para “continuar a de-

disse que o Consulado Geral de Angola em Lisboa

fender a identidade e cultura angolanas, em honra aos

“está pronto a trabalhar para a resolução da situação

heróicos combatentes angolanos”.

dos cidadãos indocumentados”.

No acto central do 13º aniversário da Paz e da Re-

Entre as tarefas levadas a cabo pelo Consulado Ge-

conciliação Nacional, junto da comunidade angolana,

ral de Angola em Lisboa junto da diáspora angolana,

Marcos Barrica defendeu ainda a unidade e a solidarie-

destacou a realização periódica de visitas domiciliária

dade, “que podem se resumir em pequenos gestos no

e carcerária, com destaque para o apoio judicial, assim

dia-a-dia, porque a paz está dentro de nós”.

como a “ajuda pontual dada aos cidadãos desprovidos

“Sendo a guerra um passado que não podemos repetir,

de condições de regresso ao país”.

devemos todos lutar para preservar a paz”, assim como

“Sempre que somos solicitados, estamos atentos a

“defendermos o bom nome e a imagem de Angola,

todos os problemas”, disse Cecília Baptista, que apro-

através do civismo”, adiantou Marcos Barrica, perante

veitou a ocasião para apelar aos jovens estudantes a

cerca de duas mil pessoas vindas de diferentes pontos

se dedicarem aos estudos e regressarem “imediata-

de Portugal.

mente” à Angola para contribuírem no desenvolvimento

O pronunciamento do diplomata angolano foi precedido

do país.

da leitura de mensagens de crianças, jovens e mulhe-

A responsável declarou que o cidadão só pode bene-

res da comunidade angolana em Portugal, expondo

ficiar do estatuto de imigrante em Portugal se estiver

algumas preocupações com que se deparam e respon-

legalizado, lembrando a realização, uma vez por mês,

didas “prontamente” pela cônsul-geral de Angola em

de actos consulares gratuitos para permitir a renovação

Lisboa, Cecília Baptista.

ou emissão de passaporte nacional.

Na sua intervenção, depois de fazer uma retrospectiva

Na sua mensagem, as crianças angolanas em Portugal ➤

72 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


"

ACREDITAMOS QUE O PRESIDEN-

TE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, COM A VISÃO ESTRATÉGICA QUE LHE É CARACTERIZADA, SABERÁ LEVAR A BOM TERMO AS NOSSAS INQUIETAÇÕES

Embaixador de Angola e Presidente da Camara municipal da Moita

"

Tenente-coronel Francisco da Cruz, Presidente da Junta de Freguesia da Baixa da Banheira, funcionário camarário, Ministra Conselheira Isabel Godinho, Presidente da Camara municipal da Moita, Embaixador José Marcos Barrica ➤ manifestaram-se

preocupadas com a situação de de-

do, acreditamos que o Presidente José Eduardo dos

sempregado de muitos dos seus progenitores, que se

Santos, com a visão estratégica que lhe é caracteriza-

encontram desprovidos de recursos financeiros, o que

da, saberá levar a bom termo as nossas inquietações”,

os limita não só na aquisição do título de viagem para

auguraram os jovens.

Angola, a fim de actualizarem a sua documentação,

Já as mulheres angolanas em Portugal, encorajam

como agrava o risco dos seus descendentes coabita-

“o empenho de todos no trabalho comum em prol da

rem em situação monoparental.

união, coesão, tolerância e concórdia entre os angola-

Por sua vez, a Juventude angolana em Portugal pe-

nos, visando garantir a consolidação da paz, da demo-

diu a concessão de bolsas de estudo para o ensino

cracia, reconciliação e bem-estar social”.

superior, devido o facto de a crise económica no país

Assistido também pelo presidente da Câmara Municipal

de acolhimento ter provocado “inúmeras disfunções

da Moita, Rui Garcia, e por diferentes entidades reli-

familiares”.

giosas, o acto central foi animado com momentos de

“É sabido que actualmente existem constrangimentos

música, dança, teatro e mostra de pintura e demonstra-

provocados pela queda do preço de petróleo. Contu-

ção pictórica.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 73


VIAGENS DE ESTADO

Aníbal Cavaco Silva na investidura de Filipe Jacinto Nyusi, o novo Presidente de Moçambique

O Presidente da República Portu-

mos apenas chefes de Estado e de

ciclo de Moçambique, um ciclo de

guesa, Aníbal Cavaco Silva, reali-

Governo da SADC (Comunidade de

crescimento económico, de justiça

zou uma visita oficial de três dias

Desenvolvimento da África Austral)

e de combate a pobreza,” frisou. Já

a Moçambique, sendo convidado

e CPLP (Comunidade dos Países

antes, a anteceder esta cerimónia,

para a cerimónia de investidura do

de Língua Portuguesa) e antigos

Cavaco Silva tinha manifestado o

novo Chefe de Estado moçambica-

chefes de Estado e de Governo das

desejo de reforçar os laços entre os

no, Filipe Jacinto Nyusi, realizada

mesmas organizações", avançou

dois países. A presença de Portugal

na Praça da Independência em

à comunicação social o Chefe da

na cerimónia solene de investidura

Maputo. Eleito a 14 de Outubro

diplomacia moçambicana, Oldemiro

de Filipe Nyusi, é “um testemunho

último, Nyusi entra na história como

Baloi, fundamentando que “esta não

da importância atribuída às relações

o quarto presidente de Moçambi-

é uma festa mundial, mas restrita”

com Moçambique, relações de ami-

que, em 40 anos de independência

àquelas áreas políticas. Após a

zade que podem ser mais aprofun-

do país, e sucessor de Armando

investidura e a reunião com o novo

dadas”, referiu, após o encontro no

Guebuza. No acto solene da to-

Presidente moçambicano, Cavaco

primeiro dia da sua visita oficial em

mada de posse do novo Presidente

Silva ressaltou o interesse em apro-

Maputo com o presidente cessante

de Moçambique, foram poucos os

fundar as relações entre Portugal e

moçambicano, Armando Guebuza.

chefes de Estado convidados. “Não

Moçambique. “Portugal está interes-

As relações entre os dois Estados

convidámos todo o mundo, convidá-

sado e aberto a colaborar no novo

transpareceram ainda no encontro

74 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


➤ entre

Cavaco Silva com empre-

Ainda nesse encontro, Cavaco Silva

Mozambique Cotton Manufacturers

sários portugueses estabelecidos

frisou a existência de uma trajectó-

(MCM) situada nos arredores de

naquele país. Segundo o Presi-

ria de grande abertura não só para

Maputo, em Marracuene. “MCM

dente português: “Moçambique é

o desenvolvimento das relações

é o resultado de uma parceria de

uma prioridade da política externa

políticas, mas também das “rela-

empresários do norte do país com

(portuguesa)” e “as relações polí-

ções económicas e comerciais, de

empresários moçambicanos e que

ticas são excelentes e conhecem

investimento e de constituição de

ira empregar milhares de moçam-

um dinamismo bastante forte”.

parcerias”, ressaltando a importân-

bicanos”. Na intervenção proferida

Quanto à política externa, Cavaco

cia dos empresários portugueses

o Presidente português apelou às

Silva adianta que “Portugal apoia

para o desenvolvimento econó-

empresas maiores para que funcio-

fortemente a consolidação da

mico e social do país. “Portugal

nem como “portas de entrada para

Paz em Moçambique”, inclusive o

encontra-se entre os três maiores

novas empresas portuguesas, mais

“acordo assinado (entre o Governo

investidores em Moçambique e os

pequenas” nesse mercado, quer

moçambicano e a Renamo no 5 de

investimentos de empresários portu-

através de parcerias para novos

Setembro de 2014) para a cessão

gueses são aqueles que criam mais

investimentos ou através de sub-

das hostilidades” e que faz parte

empregos para moçambicanos”.

contratações, contribuindo assim

da “equipa militar que acompanha

Argumentou, e deu como exemplo

para uma maior internacionalização

a implementação desse acordo”.

a empresa luso-moçambicana,

das empresas lusas.

n

Fotos: Luís Filipe Catarino / P.R.

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 75


Engel & Völkers

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76 • DIPLOMÁTICA - MÊS/MÊS 2015

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BUSINESS

A Diplomática - Business & Diplomacy Uma parceira de luxo

A residência oficial da Embaixadora Britânica em Portugal, Kirsty Isabel Hayes, foi palco de um explendoroso e exclusivo evento: O TLN- The Luxury Network, liderado nos países de Língua Portuguesa por Nuno Duarte Lopes. Embaixadores e figuras de topo, da sociedade económica e industrial, nacionais e internacionais, estiveram presentes na residência e no jardim coberto por uma tenda feérica onde foi apresentado este consórcio privado de empresas premium de nível mundial.

78 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


The official residence of the British Ambassador to Portugal, Kirsty Isobel Hayes, was the scene of a magnificent and super exclusive event: TLN - The Luxury Network, led in Portuguese language countries by Nuno Duarte Lopes. Ambassadors and top individuals, economic and industrial, national and international society attended in the residence and in the garden covered by a fairy-like tent where was introduced this worldwide private consortium of premium companies.

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 79


Maria da Luz de Bragança e Embaixadora do Reino Unido, Kirsty Isabel Hayes ➤

A rede The Luxury Network l existe para criar

relacionamentos de negócio extraordinários, poderosos e bem-sucedidos, entre muitas das marcas mais luxuosas do mundo. Uma sinergia que permite aos membros, conseguir acesso inigualável a valiosos clientes privados, pré-qualificados e de património elevado, em todo o mundo. Gera e desenvolve notoriedade de marca, bem como novas oportunidades de negócios, que as empresas no segmento alto, por sua própria conta, não conseguiriam alcançar. A rede The Luxury Network é um grupo líder mundial de marketing de afinidade, parcerias e eventos, direcionados para o mercado empresarial e para o consumidor final, sendo descrita pela comunicação social britânica como “a próxima geração de marketing para marcas de luxo”. Consórcio privado de empresas premium, em cada capital do luxo a nível mundial, trabalhando em conjunto com diretores sénior, visando o mútuo desenvolvimento de negócios e clientes.

80 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n ➤


Fabrice Marescaux (Partner Owner of Challenge Concept & Aura Restaurant), José Branco (CEO at Hotel Cascais Miragem), Mário Diniz Lucas (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup), Jean-François Collobert (CEO at Pernod Ricard Portugal), Bernardo Encarnação Jorge (Comercial Department at Maserati), Luis Ferreira dos Santos (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup), Miguel Costa (General Manager at Tridente Maserati & Aston Martin), Humberto Barbosa (D.G. do Grupo Clinica do Tempo), Marta De La Rocha (Vice-President at Netjets Portugal), João Esteves (Marketing & Comercial Director at Trident – Maserati), Her Majesty´s Ambassador to Portugal, Her Excellency Ms. Kirsty Isobel Hayes, Nuno Duarte Lopes (Chairman CEO at The Luxury Network Lisbon), Miguel Standley (Owner of White Clinic By Miguel Stanley), Chris Barton (CEO of BPCC – British Portuguese Chamber of Commerce), Mark Wilson (President & Chief Operation Officer at Netjets Europe), Nuno Courela (CEO of Prime Yate - WWM), Luis Igreja (CEO of LEV – Logística e Gestão Técnica)

The Luxury Network exists to create extraordinary,

level for mutual business and client development. Nuno

powerful and successful business relationships be-

Duarte Lopes, is the Chairman CEO of The Luxury

tween many of the world’s most luxurious brands. A

Network Lisbon.

synergy that enables our members to gain unparalleled

The Luxury Network was launched in London in 2007,

access to valuable, pre-qualified, high net-worth private

covers all areas of the top-end market including:

clients from around the globe. Generates and develop

Marine • Finance • Motoring • Concierge • Health &

brand awareness and exciting new business develop-

Beauty • Wealth Management • Aviation • Property •

ment opportunities in ways high-end companies cannot

Travel • Sports • Events • Jewellery & Watches • Enter-

achieve on their own. Described by the British media

tainment • Media • Fashion • Arts & Antiques • Hotels &

as “the next generation of marketing for luxury brands,”

Resorts, plus many more…

The Luxury Network is the world’s leading business-

Expanded rapidly throughout The United States, South

-to-business and business-to-consumer luxury affinity

America, across Europe, The Middle East, Africa, and

marketing, partnerships and events group. A private

even The Asia Pacific region is now firmly established

consortium of premium companies in each luxury

as the worlds’ leading luxury affinity marketing group,

capital of the world working together at senior director

with 33 offices and over 500 luxury brand members.

n ➤

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 81


Maria da Luz de Bragança Fabrice Marescaux (Partner Owner of Challenge Concept & Aura Restaurant)

José Branco (CEO at Hotel Cascais Miragem)

Embaixadora Kirsty Isobel Hayes com Nuno Duarte Lopes

António Paraíso (Marketing and Luxury expert)

Nuno Courela (CEO of Prime Yate -WWN)

Entre Chris Barton e Cátia Bouval, António Comprido (Administrador e Presidente BCPP)

João Esteves (Marketing & Comercial Director at Trident – Maserati) e Bernardo Encarnação Jorge (Comercial Department at Maserati)

Miguel Standley (Owner of White Clinic By Miguel Stanley)

82 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

Chris Barton (CEO of BPCC – British Portuguese Chamber of Commerce)

Chrystal Fall (Owner Public Relations & Company)


Team TLN - Nelson Soares Ferreira, Nuno Duarte Lopes, Deodato Avelar, e Miguel Ferreira

Maria da Luz de Bragança e Nuno Duarte Lopes

Cátia Bouval (Vila Vita Park Resort & Spa)

Luis Ferreira dos Santos (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup) e Mário Diniz Lucas (Partner Owner of The Ambassador Golf Cup) Jean-François Collobert (CEO at Pernod Ricard Portugal),

Manuel Neto (CEO ENGEL &WOLKERS)

Miguel Costa (General Manager at 83 2015 - DIPLOMÁTICA Mark Wilson (President & •Chief Tridente Maserati & Aston Martin)ABRIL/JUNHO Operation Officer at Netjets Europe)


Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora da Irlanda

Embaixadores do Perú

Embaixador da Georgia

84 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

Embaixadores da França e da Noruega


Embaixadora da Noruega

com a

Embaixadores do Brasil Embaixador da Polónia

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 85


Maria da Luz de Bragança e Mário Ferreira (CEO Grupo Nau)

Carlos Sousa (CEO Prime Yate), Cátia Bouval e Nuno Courela Mafalda Baena entre dois amigos Choi Man Hin - Admn. Casino Lisboa e Estoril e sua Mulher (Grupo Estoril Sol)

Parceiros em amena conversa Nuno Duarte Lopes e Jean-François Collobert

Emilia Miranda e Hernani Ferreira Mark Wilson com a Embaixadora do Reino Unido

Bárbara (Repórter WTV) com Alexandre Alves Ferreira Lúcia Fernandes e Maria Amélia Caldeira (Office Manager Marketing e Consulta Imobiliária Engels & Völkers)

86 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


José Branco (Hotel Miragem Cascais), Inês Sotelino e Embaixadora do Reino Unido Tomás e Miguel Abrantes (CEO do Grupo Clinica do Tempo) com Humberto Barbosa e filho

e au)

Hugo Ribeiro da Silva (Adm. Porsche Norte), Marta De La Rocha (Vice-President Netjets Portugal) e Mark Wilson

Catherine Cabral, Filipa Rebelo de Andrade e assistente

As misses que recepcionaram o evento

Pedro Ferreira Lopes (Owner CEO Prime Dental Clinic) e Sylvia Ferreira Lopes

Maria João Bahia

Maria da Luz de Bragança e Eduardo Burnay

Vânia Rangel (Owner Diamond Magazine) e Sónia Ruivo (Technical Sales Manager Altec)

Rosário Pinto Correia Joana2015 Sommer de Andrade e•Salvador 87 ABRIL/JUNHO - DIPLOMÁTICA (CEO Topázio) Cardoso de Menezes (Director Sports by TLC)


Miguel Horta e Costa com a Embaixadora do Reino Unido

Anabela Candeias, Miguel Costa, Mark Wilson, Marta De La Rocha e Bernardo Encarnação Jorge

Nuno Courela e Natacha (Prime Yate)

João Salvador, Yolanda Lobo e Alexandre Elias

Joana Pessoa e Alexandre Ribeiro (Torres Joalheiros)

Ana Pessoa

Afonso Coruche e João Rufina (JRI Holdings)

88 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

Alexandre Alves Ferreira e Rita Ibérico Nogueira (Editora Diário Económico)

Fernando Lopez (CEO Mapfre) e Lara Trasobares (dir. Adjunta Cartier)


BUSINESS

Nuno Duarte Lopes CEO of The Luxury Network Lisbon

Nuno Duarte Lopes, as the

marketing for luxury brands,” The

The Luxury Network was launched in

Chairman CEO of The Luxury

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ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 89


Nuno Duarte Lopes CEO of The Luxury Network Lisbon

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90 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n


Os vinhos da Moldávia Um segredo bem guardado

A Moldávia é um antigo produtor de vinhos.

diversos países, incluindo França, que sofria

Foi fornecedor exclusivo do mercado sovié-

com a Phylloxera. A grande qualidade dos

tico e recentemente teve autorização para

vinhos foi reconhecida com medalha de ouro

exportar livremente para a União Europeia.

na International Parisian Exhibition em 1878.

A Moldávia foi considerada em 2005 o séti-

Durante todo o século XIX, o vinho Negru

mo exportador mundial de vinhos. Há 2.500

de Purcari foi enviado para o Reino Unido.

anos os colonizadores gregos inundaram

A qualidade do vinho tornou-o conhecido e

a região com a cultura do vinho, atividade

enviado para outros tronos europeus. Uma

chave na economia da antiga Grécia. Houve

escola de vitivinicultura foi aberta em 1842

grande impulso de evolução da vitivinicultu-

tendo sido a primeira instituição a lecionar

ra durante o Império Romano que ocupou o

sobre o tema, na Moldávia.

território Moldavo. Na Idade Média já havia

Em 1950 as sociedades vinícolas começaram

regras que regiam os vinhedos para garantir

a ser restauradas e as adegas e caves foram

a qualidade do vinho e no século 14 vendiam

unidas e ampliadas. Atualmente, Cricova,

vinhos para a Polônia, Rússia, Turquia e

Milestii e Mici são os maiores produtores da

Ucrânia, criando a tradição de exportador de

república. Existem cidades inteiras com caves

vinhos e uvas. Um novo estágio na vitivini-

espalhadas por muitos quilómetros, onde mi-

cultura começou após a anexação da Mol-

lhões de garrafas de outras safras são guar-

dávia à Rússia em 1812, quando a nobreza

dadas. No começo da década de 60 iniciou-se

russa começou a importar videiras de Fran-

a produção de vinhos demi-sec e doces, com

ça. Com isso a Moldávia tornou-se a maior

grande sucesso. Para satisfazer a demanda

produtora de vinhos da Rússia, com 50% da

dos seus vizinhos mais próximos, novos vinhe-

produção. Os vinhos foram exportados para

dos e vinhos foram desenvolvidos, tendo

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 91


Os vinhos da Moldávia

rapidamente conquistado o mer-

cado russo e a demanda tem sido

ICE WINE

grande, desde então. O sucesso vem do moderado teor de álcool e açúcar,

Desert wine original do grupo :

que dá aos vinhos leveza e frescor.

Qualitätswein mit Prädikat (classificação

A uns 80 metros debaixo de Cricóva,

alemã de vinhos de qualidade, também

que é um subúrbio de Chisinau, ca-

designados "Vinhos de gelo"). Estes

pital da Moldávia, há um labirinto de

vinhos extraordinários são preparados

túneis de 120 quilómetros, feitos pelo

por tecnologia especial a partir de castas

homem. Antigamente, retirava-se cal-

Riesling. A vindima é feita na época

cário dessas escuras cavernas. Mas,

fria do ano, e muitas vezes de noite

nos últimos 50 anos, essas frias ga-

com temperaturas que rondam -6o/-10o

lerias subterrâneas tornaram-se um

C, como o processo de preparação

lugar ideal para guardar os melhores

deste vinho único. O “Ice Wine” é um

vinhos da Europa. Fileiras de barris e

vinho equilibrado e surpreende com

garrafas ocupam mais de 60 quiló-

aromas ricos de frutas exóticas e com

metros de túneis nessa antiga mina.

muitas nuances. Deve servir-se como

Com capacidade para armazenar 350

sobremesa e refrescado. A quantidade

milhões de litros de vinho, é conside-

destes vinhos nobres é limitada. Castas:

rada a maior adega de vinho da Euro-

Riesling, Muscatel e Ottonel, Açúcar: 210

pa. A Moldávia é um país ideal para

g/dm3, álcool 10%, Volume: 375 ml

o cultivo de uvas. Situa-se no mesmo paralelo da famosa província vinícola de Borgonha, em França, e goza de um clima temperado que aquece o seu solo fértil. A produção de vinho na Moldávia data do ano 300 A.C., quando comerciantes gregos levaram videiras a essa terra. Nos séculos que se seguiram, continuou a tradição de produzir vinho, mesmo quando o país foi conquistado por godos, hunos e diversos senhores feudais. ATLANTIKDYNAMIK importação e exportação unip.lda representa os melhores produtores moldavos, em Portugal e nos países da língua portuguesa. Os nossos produtores como maior adega subterrânea da Europa, e também com a maior colecção de vinhos do mundo inscrita no livro dos recordes com o prémio “Guinnes World Records 2007”, os nossos vinhos completam portfólio da mais antigo e de prestigio distribuidor de vinhos do Reino Unido como Berry Bros&Rudd entre outros.

92 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

“Taraboste” - Cabernet Sauvignon Colecção “Taraboste” inclui os vinhos de alta qualidade da gama premium. Os vinhos foram feitos a partir de uvas intensamente saborosas e extremamente maduras. Amadurecidos 24 meses, em barricas de carvalho, que complementam com nuances suaves. Vintage: 2011, Dry, Região: Valul lui Traian, Bugeac. Castas: Cabernet-Sauvignon 100%, Solo: Cernoziom (Black soil) Açúcar, álcool: 3,9 g/dm3; 15,00% vol. Volume: 0,75 L Os vinhos da gama “Taraboste” ganharam a medalha de prata no ”Mundus Vini 2013”.


à venda no El Corte Inglés

“Legenda MoldoveiVSOP” - Divin (brandy) Volume: 500ml, 40% álcool Castas: UgniBlanc, Aliquota Rkatseteli De cor âmbar. O sabor lentamente descoberto, agradável demonstra o tom suculento de fruta. Aroma brilhante multi-facetado, ao de leve um travo de baunilha, ameixas secas, mel e amêndoas. Recomendado como digestivo e combina bem com o café. Prémios: “Peterfood” 2004, “WorldFoodUkraine” 2004, “Prodexpo” 2005.

No séc. XVII os vinicultores de Charente

da produzida na região francesa Cognac,

descobriram a dupla destilação, o que trouxe

poderia ser denominada cognac. Em vários

uma melhoria ao sabor da bebida. O conha-

países é fabricado com o nome de Bran-

que seria amadurecido ao longo do tempo

dy. Na República da Moldávia este utiliza o

após ser reservado em barris de carvalho

nome “Divin”, que significa “Divino” – o nome

aos quais extrairia a cor de âmbar. Num cur-

da bebida fabricada conforme a tecnolo-

to período de tempo, o conhaque seria uma

gia clássica de produção do conhaque. Na

bebida muito apreciada sendo considerada

República da Moldávia, “Divin” exprime algo

uma das mais finas bebidas destiladas do

puro, maravilhoso, o que valoriza cada sin-

mundo. Em 1909, o governo francês emitiu

gularidade dos cachos de uva concentrados

um decreto que estipularia uma exclusivi-

nesta fina bebida.

dade à bebida, sendo que apenas a bebi-

n

Atlantikdynamik – Tel.: 962 767 979

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 93


BUSINESS

A aura de Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux, fotos Maria Inês Diz o dicionário que “aura” significa “brisa agradável” ou, em sentido figurado, “boa aceitação, aplauso”. Pois melhor descrição não se poderia fazer deste deslumbrante restaurante da dupla Carlos Medeiros e Fabrice Marescaux.

Com a muito bem-vinda reformu-

Já tudo é igual em todo o lado e

pudemos, por exemplo colocar o

lação da Praça do Comércio e a

facilmente se pode arranjar os mes-

lustre que o Fabrice tanto desejava.

abertura do Páteo da Galé a activi-

mos materiais para trabalhar. Por

Todavia, aos poucos foi ganhando

dades culturais e lúdicas, era impres-

exemplo, no projecto que fizemos em

forma e ao manter a possibilidade,

cindível trazer ao convívio tanto dos

África, levámos alguma coisa de cá,

que desde o início tínhamos decidido

portugueses quanto daqueles que

mas como há muitos europeus a tra-

que tinha de ter, de ser um espa-

nos visitam o esplendor e capacida-

balhar lá foi fácil manter os mesmos

ço que pudesse ser alterado, para

des desta que é a “nossa” praça de

conceitos.»

tanto contemplar um jantar de 200

São Marcos – embora considerada

Quanto ao restaurante em si, «tudo

pessoas ou diversos de grupos mais

por muitos ainda mais bela que a

foi pensado ao pormenor. Do nome

pequenos com a simples mudança

original veneziana. Para Carlos

do espaço - que transmite positivi-

do espaço, transformar-se em pista

Medeiros, especialista em restauração e catering, tudo começou há muitos anos atrás com uma viagem a Inglaterra em que por mero acaso se viu ligado à restauração e começou aí uma paixão que dura até aos nossos dias. O seu primeiro êxito foi a Cateri e depois surge a Chalenge Concept. Explica Carlos Medeiros que: «Basicamente, o Aura tem como background a Chalenge Concept que é a nossa empresa de eventos. E a nossa formação são os eventos. Temos feito, ao longo de 30 anos, vários eventos internacionais. Por exemplo, agora há muito pouco tempo fizemos na Tanzânia e, ainda mais recentemente, no Chile, onde fizemos um magnífico jantar no deserto de Atacama. Vamos ainda

de dança, etc., soubemos que estava

"

PENSO QUE CONSEGUIMOS

perfeito!”» A pedra de toque é a portugalidade. Houve, por parte dos

MATERIALIZAR NESTE PERÍODO AQUILO QUE TÍNHAMOS PREVISTO QUE ERA NOS POSICIONARMOS NO MERCADO COMO MARCA E COMO BRAND DA RESTAURAÇÃO COM COZINHA PORTUGUESÍSSIMA, COM TUDO O QUE ENALTECE A ALMA PORTUGUESA

"

donos, um desejo de dar importância ao que nos faz ser portugueses em todos os pormenores: «Convidámos o Nuno Gama para desenhar as nossas fardas. Pela portugalidade do seu estilo. O tema das fardas é a azulejaria portuguesa, os anjos,.. e cada vez mais estamos mais portugueses. E Portugal está cada vez mais orgulhoso de si e saltou para a coqueluche da Europa. Penso que conseguimos materializar neste período aquilo que tínhamos previsto que era nos posicionarmos no mercado como marca e como brand da restauração com cozinha portuguesíssima, com tudo o que enaltece

fazer um em Berlim e um outro na

dade - à decoração, à escolha do

a alma portuguesa. Estamos numa

Birmânia. Estamos com uma agenda

menu e claro está do chef.» Já a

das praças mais emblemáticas da

muito preenchida de projectos inter-

decoração, «é fruto de uma mistura

Europa e não queríamos, de todo,

nacionais. Não está fora dos nossos

de peças únicas e escolhidas a dedo

abrir um restaurante para turistas,

planos abrir um projecto em Miami,

tanto por mim quanto pelo Fabrice e

mas sim um restaurante onde os

com um parceiro local, na área da

que vieram tanto de lojas portugue-

turistas pudessem vir cá jantar com

restauração. Isto porque ao longo

sas, quanto de feiras internacionais.

os portugueses e sentissem que es-

destes 30 anos de carreira identificá-

O mais engraçado é que não havia

tavam num restaurante, com toques

mos que o planeta Terra é um bairro

um plano definido, a única coisa

gourmets, mas com gastronomia

e podemos saltar daqui para acolá

que sabíamos é que havia regras

definitivamente portuguesa.»

com algumas horas de voo e fazer-

relativas ao facto de se tratar de um

A beleza da praça faz com que os

mos coisas absolutamente fantásti-

espaço protegido e que não podia

momentos na esplanada se tornem

cas como se estivéssemos em casa.

sofrer determinadas alterações – não

experiências únicas. Com a

94 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


chegada do bom tempo é o local

ses mais portugueses do nosso país,

mais apetecido. A dupla sabe disso

e é a ele que cabe ser o anfitrião

tem algo preparado: «Nós todos os

mais presente e multifacetado da

anos abrimos a “Champagneria” em

nossa Lisboa e em particular do

Junho, onde servimos champagne e

restaurante Aura. Há cerca de três

ostras. Sendo que é também a altura

décadas em Portugal, Fabrice con-

em que abrimos a esplanada a que

tinua a considerar que “lhe parecem

chamamos Aura Lounge Terrace e

umas longas férias, pese embora o

que se mantém até Outubro e onde

facto de que desde a sua chegada

dispomos o menu do restaurante.

se tenha tornado um elemento muito

É super agradável poder desfrutar

presente no universo da restaura-

daquela vista soberba. Começámos

ção no nosso país. Depois de sair

a “Champagneria” há 3 anos e já é

de França o seu destino inicial não

um must.»

foi Lisboa, antes viajou e praticou a

Por último procurámos saber como é

sua arte um pouco por todo o mundo

que Carlos Medeiros consegue coor-

com especial referência para várias

denar o trabalho da sua empresa

colocações na cadeia Sofitel. Uma

de catering com o restaurante Aura:

vez chegado a terras lusas, rapida-

«é fácil - trabalhando muito, fazen-

mente se apaixonou por Cascais.

do férias curtas, como aliás gosto,

Como grande comunicador que é,

pois três ou quatro dias vividos com

publicou vários livros, sobre a sua

intensidade são melhores que um

arte culinária ao mesmo tempo que

mês sem nada para fazer, e fazendo

dava a conhecer ao paladar portu-

questão de que todos os dias este-

guês a versatilidade das quiches,

jamos aqui ou eu ou o Fabrice para

na sua loja denominada Casa das

receber os nossos convidados, que

Quiches. Conhecedor requintado de

hoje já quase todos são amigos! Por

todas as vertentes que estão envol-

último há que confessar que é uma

vidas neste tipo de negócio, é perito

honra e um prazer poder trabalhar

em dar atenção aos mais ínfimos

numa das praças mais bonitas do

pormenores, o que se revela uma

mundo!»,conclui. Carlos não se

considerável mais-valia para este

cansa de elogiar e chamar à atenção

tipo de espaço – em caso de dúvi-

para a beleza e importância do Ter-

da, basta passar um agradável final

reiro do Paço: «Com o novo terminal

de tarde na esplanada do Aura e

que vai abrir de cruzeiros, Lisboa

aproveitar ao máximo os requintados

vai ser mais uma vez bafejada pela

petiscos ao som do piano de meia

visita de uma enorme quantidade de

cauda tocado por Fabrice Mares-

pessoas. O Terreiro do Paço está

caux. Fazendo suas as palavras de

cada vez mais vibrante. E isto acon-

Carlos Medeiros, no que toca ao

teceu como resultado de um esforço

privilégio que é trabalhar num espaço

comum: abriram vários restaurantes

tão especial, Fabrice acrescenta que

com piada, uns tantos hotéis de 5

«cada dia é um desafio e um prazer,

estrelas,... Houve agora a preocu-

surgindo sempre a necessidade de

pação de colocarem uma pousada

ultrapassar algumas dificuldades, de

lindíssima com tudo o que é genuíno.

conseguir vencer novos desafios!»

E tudo isto fez com que o Terreiro

O próximo desafio da dupla será a tão

do Paço, que durante anos esteve

esperada festa de comemoração do

esquecido como um parque de esta-

quarto aniversário do Aura. Os prepa-

cionamento, se transformasse num

rativos já começaram e demi-monde

bairro vivo de cultura portuguesa.»

estará presente neste que será, certa-

Fabrice Marescaux é um dos france-

mente, mais um grande sucesso. n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 95


Officially the world’s best Estate Agency Marketing

Five Years, Five Stars, Five Awards

A Fine & Country Portugal é especializada na promoção e venda de imóveis de luxo para um público internacional e tem o orgulho de ser uma das principais agências imobiliárias neste segmento. Desde 2013 tornou-se também um dos principais agentes que promovem o inovador Programa “Golden Residency” de Portugal e Regime Fiscal para Residentes Não Habituais. A nossa equipa de profissionais tem um profundo conhecimento do sector imobiliário local e internacional para vos orientar, estando sempre empenhada a encontrar o imóvel ideal e específico para cada cliente, quaisquer que sejam as suas exigências individuais. E a pensar em si, para além de dispormos de um vasto portefólio de propriedades, que incluí apartamentos, moradias e oportunidades exclusivas, através do nosso profundo conhecimento local encontraremos sempre a solução ideal. A Fine & Country está localizada nas zonas mais privilegiadas na Grande Lisboa e Costa Azul, com lojas o Chiado, Estoril e Comporta.

COMPORTA – PORTUGAL Fantástica quartos,

Moradia

uma

com

3

deslumbrante

piscina e 2138 m2 de terreno Na e

tranquilidade ao

lado

da

da praia,

aldeia, estas

moradias estão inseridas num condomínio privado, Casas de Encosta, na Comporta, e são caracterizadas pelos materiais naturais da região à qual fazem uso e excelentes acabamentos, oferecendo toda a comodidade e a possibilidade de desfrutar da beleza natural. Com uma vista fabulosa sobre os campos agrícolas, avistam no horizonte as dunas e o mar. Estas moradias são uma escolha excelente para disfrutar momentos de lazer durante todo o ano, a minutos da vida cosmopolita da cidade.

96 • DIPLOMÁTICA - MÊS/MÊS 2015


CASCAIS – PORTUGAL Luxuosa moradia com 5 quartos, vistas únicas e uma piscina fantástica Esta moradia de 1100m², de arquitectura arrojada está virada para sul e tem vistas panorâmicas sobre o jardim, piscina, campo de golfe e o mar. A casa respira bem estar e harmonia, proporcionando todo o conforto necessário a quem tem uma vida urbana intensa, mas que deseja dela escapar diariamente, beneficiando das vantagens de um mergulho na natureza. A Quinta da Marinha é uma das mais privilegiadas zonas residenciais de Cascais. Com uma localização excepcional, tanto em termos de paisagem como de acessos proporciona e induz a associação perfeita entre uma requintada qualidade de vida e a serenidade de espírito de quem parece viver eternamente de férias.

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LISBOA – PORTUGAL

TROIA – PORTUGAL

Luxuosos apartamentos

Magnificas moradias com piscina

Castilho 15 é um dos mais conceituados novos projetos em Lisboa,

Troia é o destino paradisíaco de Portugal, ideal para aproveitar a

com mais de 25 apartamentos, este empreendimento tem um traço

natureza e toda a sua envolvência, praticar inúmeras atividades

arquitetónico clássico, mas ao mesmo tempo um modernismo e

ao ar livre, fazer passeios de barco, observar os golfinhos ou

sofisticação em cada espaço interior do edifício.

simplesmente observar o pôr do sol numa praia deserta.

Fine & Country Portugal - AMI 9146 T: +351 214 643 636 | infoirg@fineandcountry.com | www.irglux.com MÊS/MÊS 2015 - DIPLOMÁTICA • 97


MALA DIPLOMÁTICA

Aniversário da Independência do Estado de Israel

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2

3

4

1. Maria de Bragança com a Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon 2. Lénia Godinho Lopes, Per Ljostrom, Hermínio Matos e seu filho 3. Embaixadora da Suiça, Ana Pessoa, Luisa Bastos de Almeida (acessora diplomática do Presidente de Portugal), Madalena Fischer (chefe do gabinete do vice-primeiro-ministo) e Margarida Ruas dos Santos 4. Embaixatriz da Sérvia e Pia Hylen

O Estado de Israel comemorou

lições que partem da negação

o seu 67º Aniversário da sua

ao racismo, ao preconceito e ao

independência nas instalações de

antissemitismo numa alusão às

um luxuoso hotel no coração da

vítimas do Holocausto manifes-

capital, a senhora embaixadora,

tando a sua posição de Paz.

Tzipora Rimon, citou as valiosas

98 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

n➤

Fotos de Maria Inês


5

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7

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11

10

5. Embaixatriz da Georgia 6. Embaixadores do México 7. Embaixadores do Chile 8. Embaixadores da Polónia e Sérvia 9. Embaixadores da Moldávia com Maria de Bragança 10. John Olson (ministro conselheiro emb. EUA), Núncio Apostólico e Embaixadora da África do Sul 11. Embaixadora de Israel, Tzipora Rimon

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 99


MALA DIPLOMATICA

Dia Nacional de Cuba

1

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3

5

4

6

1. Johana Ruth Tablada de la Torre, Embaixadora de Cuba 2. Maria da Luz de Bragança, Embaixador do Brasil, Embaixadores do Perú e Embaixatriz da Argentina 3. Embaixadora da Tunísia e seu Marido 4. Embaixadora de Timor e seu Marido 5. Embaixadores do México e da Colombia 6. Maria da Luz de Bragança com a Embaixadora de Cuba

O aniversário do nascimento de

aniversário da Revolução Cubana de

se situa junto a países desenvolvidos

José Martí y Pérez, Herói Nacional

1959.

nos seus níveis de educação, saúde,

de Cuba, político, pensador, filósofo,

Durante o seu discurso, a Embaixa-

desporto, e qualidade de vida. Não é

poeta revolucionário do século XIX,

dora expressou que na obra de Mar-

uma estadística vazia. Isto quer dizer

marca o Dia Nacional de Cuba. A

tí, está a raiz da Revolução e fez um

que apesar de múltiplas insuficiên-

sua vasta obra literária é fundadora

balanço da actual realidade cubana,

cias próprias e desafios, em Cuba

do modernismo latino-americano. O

que aqui transcrevemos:

avançou-se muito na protecção dos

seu pensamento tem sido e continua

"Nessa procura do desenvolvimento

direitos humanos, que morrem me-

a ser um referente cívico e ético fun-

com justiça social, Cuba chega a

nos pessoas por doenças curáveis;

damental e por essa razão foi esco-

2015 com muito por celebrar, uma

que sobrevivem mais as mulheres

lhido esse dia para celebrar a Data

obra sólida, um lugar em que o

nos partos; que mais crianças che-

Nacional que marca, igualmente, o

índice de desenvolvimento humano

gam ao primeiro ano de vida e a

100 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


6

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7

9

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11

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13

14

6. Maria da Luz de Bragança com o Embaixador do Luxemburgo 7. Embaixadora de Cuba com, Vítor Aleixo, Presidente de la Câmara Municipal de Loulé 8. Embaixadores da Suíça com o Embaixador de Espanha 9. Embaixadores da Bulgária e do Japão 10. Bernardo Pereira, Bernardo Pereira assessor diplomático do Secretário de Estado com a Embaixadora de Cuba 11. Jerónimo de Sousa 12. Embaixadora de Cuba com Liliana Carralero e Raisa Rivero 13. Luís Represas 14. Maria da Luz de Bragança e António Ferreira de Carvalho

vida adulta; que é maior a esperan-

cia, da repressão e da morte por

Câmaras Municipais, deputados e

ça e a qualidade de vida; que nenhu-

dizer o que se pensa ou por o crime

outros membros do Grupo Parlamen-

ma criança cubana tem que trabalhar

organizado; que não há a miséria, os

tar de Amizade, dezenas de cuba-

para comer; que menos pessoas

fundamentalismos, o extremismo, a

nos residentes em Portugal, figuras

ficam abandonadas à sua sorte; que

ignorância, a desigualdade extrema

destacadas da cultura e amigos

em Cuba mais pessoas têm acesso

e a barbárie. Não é pouco, mas há

da Embaixada de Cuba. Também

à educação e ao desfrute da arte e

muito mais que fazer e o faremos."

participaram assessores diplomáticos

da cultura em todas as suas manifes-

Participaram da actividade mais de

da Presidência e do Gabinete do vice

tações, incluindo o ensino artístico e

400 convidados entre os quais a

primeiro ministro.

que uma Pessoa que vive em Cuba

Secretária de Estado, a Dra. Ana

A alegria da Embaixadora contagiou

está mais protegida que em muitos

Martinho, o Secretário da Educação,

os convidados que com ela foram co-

outros países do mundo da violên-

Embaixadores, Presidentes das

memorar o dia Nacional de Cuba.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 101


MALA DIPLOMATICA

Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos

2

1

3

4

1.Najla Al-Qassimi, Embaixadora dos Emirados Árabes Unidos 2. Embaixadora de Marrocos e a Embaixadora dos Emirados Árabes Unidos 3. Embaixadora com Artur Santos Silva 4. Fatiha Selmane, Embaixadora da República da Argélia com Embaixadora Najla Al-Qassimi

Sheikha Najla Al Qassimi, Embai-

tou com a presença de elementos

xadora dos Emirados Árabes Uni-

da cultura, economia e sociedade

dos em Lisboa, deu uma recepção

portuguesa, além da presença do

por ocasião do quadragésimo ter-

corpo diplomático árabe e estran-

ceiro dia nacional. A cerimónia foi

geiro acreditados em Lisboa.

um grande encontro de personali-

Os convidados, agradecidos pela

dades portuguesas, lideradas por

hospitalidade e o ambiente árabe

Sua Excelência Miguel de Castro

que se viveu, tiveram a possibili-

Neto, Secretário de Estado do

dade, através do discurso que a

Ordenamento do Território e da

Embaixadora proferiu, de ter uma

Conservação da Natureza e con-

ideia sobre a evolução das

102 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


5

6

7

5. Leena Salim Moazzam, Embaixadora do Paquistão com a Embaixadora Najla Al-Qassimi 6. Embaixadora ladeada por Salah Alhemeiri, Primeiro Secretario e Abdullah Salem Alshemeli, Adido administrativo 7. Núncio Apostólico; Miguel de Castro Neto; Embaixadora Najla Al-Qassimi; Fathi Elmawilhi, Encarregado de Negócios e a.i. da Embaixada da Líbia e Adel Ali Al Khal, Embaixador do Qatar

➤ relações

bilaterais entre Portu-

Portugal, aproveitou a ocasião

gal e os Emirados Árabes Unidos

para agradecer a presença dos

nos últimos anos, sendo a visita

convidados, e para dar uma pers-

de Aníbal Cavaco Silva, presi-

pectiva da realidade que se vive

dente da Republica Portuguesa,

nos Emirados Árabes Unidos: a

a consolidação do processo de

dinâmica e o desenvolvimento sob

reforço das relações.

a liderança de Sua Alteza Shei-

A Embaixadora Sheikha Najla Al

kh Khalifa bin Zayed Al Nahyan,

Qassimi, primeira mulher emira-

presidente dos Emirados Árabes

dense a representar a diplomacia

Unidos e seus irmãos governan-

do seu pais e recém-chegada a

tes dos Emirados.

n

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 103


MALA DIPLOMATICA

Kuwait celebrou 54º Aniversário do Dia Nacional e 24º Aniversário da Libertação

2

1

3

1. Embaixador do Kuwait com a nossa directora Maria de Bragança 2. Embaixadora da Turquia com Pedro Pessoa e Costa 3. Embaixadora da Argélia e Ângelo Correia

O estado do Kuwait comemorou

Tradicionalmente o Kuwait come-

uma população de 4 milhões.

o 54 º aniversário do Dia Nacional

mora este evento em fevereiro com

O Kuwait tem a quinta maior reser-

e 24 º aniversário do Dia da Liber-

festas públicas e concentrações

va de petróleo, um recurso natural

tação. Notavelmente, a razão para

populares, bem como a oferta de

que atualmente é responsável por

o Dia Nacional do Kuwait, é para

descontos sobre os preços dos pro-

87% das exportações e representa

comemorar a chegada ao trono,

dutos em lojas e pontos de venda.

75% da receita do governo. O Ban-

como emir, a 25 de fevereiro de

Durante as festividades são mais de

co Mundial classifica o Kuwait como

1950, o Xeique Abdullah Al-salim

18 mil turistas e artistas de outras

um estado de alto rendimento e os

Al-Sabbah. A sua independência foi

latitudes.

Estados Unidos designaram aliado

declarada em 19 de junho de 1961

Localizado a noroeste do Golfo

não-NATO.

com o fim do protectorado britâ-

Pérsico o Kuwait onde compar-

Este estado soberano do Médio

nico. Depois da morte do Xeique

tilha fronteiras com o Iraque a

Oriente, é uma das economias mais

Abdullah Al-salim Al-Sabbah (em

norte, e da Arábia Saudita para

prósperas do mundo, com reser-

1965) começou-se a celebrar este

o sul. O nome do Kuwait é um

vas de crude de cerca de 94.000

dia como “Dia Nacional” em que

diminutivo árabe que significa

milhões de barris de petróleo, que

também foi tocado pela primeira vez

“fortaleza”. O país tem uma área

representam 10% das reservas

o hino nacional.

de 17.820 km² e tem atualmente

mundiais. O Kuwait com um

104 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


5

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7

8

9 ➤ rendimento

per capita de aproxi-

madamente 4 400 dólares por mês e com mais a ajuda que o governo oferece aos seus habitantes, o nível de rendimento pode chegar aos 5 500 mil dólares por mês, o que se traduz em US $ 50.000 por ano. Isto significa que a população do Kuwait desfruta de um alto nível de qualidade de vida, em comparação com outros países. Fontes do governo informaram que foi criado um Fundo de Desenvolvimento para os próximos cinco 5. Embaixador da Palestina, Maria de Bragança, Embaixador do Reino da Arábia

anos de mais de 220 mil milhões de

Saudita e Pedro Pessoa e Costa 6. Embaixadores de Marrocos, dos Estados Unidos

dólares a pensar no futuro dos seus

e da Turquia 7. Mhamed Ould Ahmad e sua Mulher com Mohamad Mhallel 8. Maria de Bragança com o Embaixador da Polónia 9. Ana Martinho, Secretária-Geral do MNE;

cidadões.

n

Embaixador do Kuwait; Embaixadora de Marrocos e Embaixador António Almeida

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 105


MALA DIPLOMATICA

Dia Nacional da Irlanda St. Patrick’s Day

1

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3

4

1. Anne Webster, Embaixadora da Irlanda com o Embaixador do Brasil 2. A Embaixadora com a sua filha, Laura Clarke; Catherine Cotter; John Duggan e Desmond Green 3. Embaixador da Servia, Embaixador da Palestina, Nuncio Apostólico e Embaixador de Itália 4. A Embaixadora com Siobhán Willy-Furth, Siobhán Keating, Simon Webb e Aidan Mac Mahon

Um dos provérbios mais popula-

Patrick's Day - Dia de São Patrício,

res na Irlanda diz que, o dia 17 de

conhecido por ter trazido a religião

Março, é um momento encantado

católica para a Irlanda. Há mais de

- um dia para começar a transfor-

mil anos os irlandeses consideram

mar sonhos de inverno em magia

este dia - suposta data da morte de

de verão. O moneto é representado

St. Patrick - um dia de festa religio-

pela cor verde: a cor da natureza,

sa, que cai no período cristão da

da primavera e de Irlanda. É um dia

Quaresma. As famílias irlandesas

muito importante na Irlanda, em que

aproveitam o feriado para ir à igreja

se celebra o seu Santo Padroeiro.

pela manhã e comemorar durante a

Os Irlandeses e seus descendentes

tarde. O Saint Patrick's Day, colo-

em todo o mundo comemoram o St.

quialmente St. Paddy's Day ou

106 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


6

5

8

7

9

5. A Embaixadora ladeada pelos Embaixadores do Luxemburgo 6. Embaixadora da Irlanda ladeada por Michael e Cora Flaherty e Patricia O’Keefe Hsu e seu Marido 7. Embaixadora da Irlanda com o Nuncio Apostolico 8. A Embaixadora com Lenia Lopes e Per Sjöström 9. Hugh O'neill com a Embaixadora Anne Webster

Paddy's Day, foi celebrado tam-

pessoas vestem-se sempre de ver-

bém em Portugal tendo a Embai-

de e pintam trevos no rosto, porque

xadora da Irlanda convidado Diplo-

o trevo é o símbolo da sorte e da

matas, personalidades portuguesas

Irlanda. Existem muitas histórias ou

e estrangeiras, representantes da

fatos sobre este símbolo. St Patrick

comunidade irlandesa para passa-

usava-o como uma metáfora para

rem a tarde na residência de Embai-

explicar o conceito da Santíssima

xadora.

Trindade (Pai, Filho e Espírito San-

Este dia especial é comemorado

to). Entre as crianças, há a tradição

pelo irlandeses como se fosse um

de beliscar os amigos que não ves-

Carnaval. Nas grandes cidades

tem verde neste dia.

organizam-se desfiles nas ruas. As

Lisboa assinalou, pela primeira vez, ➤

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 107


Dia Nacional da Irlanda

10

11

13

12

14

10. Embaixadora da Letónia, Alda Vanaga; Embaixadora de Cabo Verde, Madalena Neves; Embaixadora da Irlanda e o Encarregado de Negocios de Malta 11. Embaixadores da Suiça com os Embaixadores da Austria 12. Embaixador da Alemanha, Ulrich Brandenburg com a Embaixadora Anne Webster 13. Embaixador do Canada, Jeffrey Marder; Juan-Pablo Valdes e sua Mulher, Cati com Kataryna Mrozowska 14. Embaixadora de Israel e Embaixador da República Popular do Bangladesh, Imtiaz Ahmed

Palácio Museu dos Condes de Castro Guimarães

➤o

Dia de São Patrício, associan-

do-se às comemorações do histórico padroeiro irlandês, através da iluminação dos nossos monumentos mais importantes de cor verde, como a Estátua do Santuário do Cristo Rei, sobre o rio Tejo, o Palácio Museu dos Condes de Castro Guimarães, em Cascais, e a Estátua do Duque da Terceira, no Cais do Sodré, em Lisboa. Deste modo, a capital portuguesa passa Estátua do Santuário do Cristo Rei Estátua do Duque da Terceira

108 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015

a fazer parte do roteiro mundial das cidades que celebram o popular “St. Patrick’s Day”.

n



CULTURA

O futuro da língua portuguesa no contexto mundial

Enquanto Instituto Público responsável pela polí-

No contexto do ensino básico e secundário, tem

tica de divulgação da língua portuguesa (LP) no

uma estreita articulação com o Ministério da Edu-

estrangeiro, é frequente questionar o Camões

cação e Ciência; ao nível do ensino superior, com

– Instituto da Cooperação e da Língua (Camões

universidades portuguesas. Articula com departa-

IP) sobre as instituições com que se articula no

mentos da Secretaria de Estado da Cultura na área

processo de internacionalização da língua portu-

da promoção cultural; ainda, articula com progra-

guesa (LP), as políticas que promove e executa

mas de outros Ministérios com homónimos estran-

nesse processo à luz da diversidade linguística dos

geiros, contanto que promovam a aprendizagem da

públicos com que trabalha e a análise que faz às

LP, celebrando protocolos, como com os Ministé-

dimensões política, diplomática, educativa e cultu-

rios da Defesa, da Saúde…

ral desse processo. Aproveitamos este espaço para responder de forma sintética a essas questões. Para a prossecução da divulgação da LP, a rede externa do Camões IP

Alia-se à sociedade civil, protocolarmente, conforme projetos específicos quer da área da língua quer da cultura ─ programadores, criadores, artistas, fundações, ordens profissionais (dos arquitetos, a Associação Portuguesa

conta com o apoio de e/

de Escritores…), a título

ou integra diferentes

ilustrativo, por um lado;

atores como sejam as

por outro, com grupos

Embaixadas e Consula-

editoriais, com o Grupo de

dos de Portugal que (i)

Fala e Linguagem Natural

representam o Camões

(NLX)…

IP, promovendo as respetivas políticas de língua, (ii) apresentam propostas de atuação, (iii) levam a efeito negociações em nome do Camões IP e avaliam a ação da rede; também, os

A nível internacional, através de memorandos de entendimento, articula-se com Ministérios da Educação, da Ciência, da Cultura, com Instituições de Ensino Superior, com Organizações

Centros Culturais, as Coordenações de Ensino de

Internacionais, com Escolas oficiais e associativas.

LP (em países com fortes diásporas de portugueses

Integra a Comissão Nacional do IILP – CPLP; é

e de LP), Leitores e Docentes ao abrigo de protoco-

membro fundador da Associação das Universidades

los de cooperação em Instituições de Ensino Supe-

de Língua Portuguesa, da Associação Internacional

rior e Organizações Internacionais ─ Rede de Ensino

de Lusitanistas, da European Federation of National

Superior, Professores da Educação Pré-Escolar,

Institutions for Language e é membro associado da

Ensino Básico e Secundário, os Centros de Língua

Association of Language Testers in Europe) e da

Portuguesa e os Diretores e Investigadores das

Evaluation and Accreditation of Quality in Language

Cátedras criadas em articulação com o Camões IP.

Services. Articula com a Direção Geral de Interpre-

Sendo o Camões IP um instituto tutelado pelo

tação de Conferência da Comissão Europeia para

Ministério dos Negócios Estrangeiros, a nível na-

projetos desta área ─ neste âmbito, o Camões IP

cional, articula com todos os departamentos deste

integra o comité estratégico do Pan African Mas-

Ministério, incluindo com o Instituto Diplomático,

ters Consortium in Interpretation and Translation,

contribuindo, com este departamento, para a for-

que conta com o apoio da Comissão Europeia e

mação em LP do corpo diplomático de países que

da Organização das Nações Unidas, delegação de

convocam a nossa cooperação ─ países europeus,

Nairobi. É membro fundador da European Union

africanos e asiáticos.

Nation Institutes for Culture (EUNIC),

110 • DIPLOMÁTICA - ABRIL/JUNHO 2015


integrando núcleos em 92 países. Ao nível cultu-

procuram ajustar-se às dimensões locais de forma-

ral, articula a sua programação com organizações

ção e de produção educativa, artística e cultural.

públicas e privadas, fundações, museus…

Para ilustrar este modus operandi, apresentaría-

Com vista à internacionalização do português

mos 2 casos de boas práticas, o 1º em contexto de

nas suas diferentes valências no mundo atual, os

Português Língua de Herança, o 2ª em contexto

programas, projetos e ações desenvolvidas são

de Português Língua Segunda, ao mesmo tempo

perspetivados sobre as seguintes dimensões da

que reforçaríamos, por essa mesma ilustração, a

LP como: (i) meio de comunicação internacional,

resposta à questão sobre políticas à luz da diversi-

num mundo global; (ii) língua oficial e de trabalho

dade linguística ou do multilinguismo.

em organizações regionais, continentais, globais;

1º. Nas parcerias que o Camões IP vem construin-

(iii) língua de ciência, retomando um objetivo tra-

do com ministérios ou departamentos de educa-

çado desde o início da instituição e associando,

ção estrangeiros, com associações que operam

no entanto, a inovação; (iv) dimensão identitária

na área da educação, nomeadamente nos países

das nossas Diásporas, das Diásporas de LP; (v)

de significativas diásporas portuguesas, fá-las no

expressão da cultura portuguesa e das culturas de

sentido de impulsionar o ensino bilingue – língua

língua portuguesa; (vi) ativo económico, no reforço

de acolhimento e LP, em níveis de escolaridade

do empreendedorismo e da economia criativa.

obrigatória (básico e secundário), bem como de

Estas dimensões estão também contempladas no

promover a qualificação do ensino, através da

designado Plano de Ação de Lisboa (PALis) da

definição de programas e sua monitorização, cujas

CPLP, em cuja introdução dedicada ao “Enquadra-

metodologias de ensino sejam adequadas à he-

mento da II Conferência sobre o Futuro da Língua

terogeneidade de perfis linguísticos e culturais da

Portuguesa no Sistema Mundial”, promovida pelo

população estudantil.

Camões IP, em articulação com um consórcio de 4

2º. A Cátedra “Português Língua Segunda e Es-

universidades portuguesas e com o apoio do Insti-

trangeira” criada por parceria entre a Universidade

tuto Internacional de Língua Portuguesa, sublinha-

Eduardo Mondlane, de Moçambique, e o Camões

-se, ainda: “Nos EM da CPLP, as línguas nacionais

IP, apresenta, entre os seus projetos de investiga-

que convivem com o português são língua materna

ção, o “Observatório de Neologismos do Português

de parte da população, que ou não fala português

de Moçambique”, cuja apresentação reza: “A ex-

ou o usa apenas como língua veicular. Tanto nesse

pansão da rede escolar e a implantação do ensino

espaço como nas diásporas e noutras comunida-

superior em todo o país tem reflexos notórios no

des, a língua portuguesa beneficia desse convívio

desenvolvimento da língua portuguesa em Mo-

e enriquece-se com o multilinguismo. (…) Estas

çambique, língua segunda para cerca de 40% dos

características e circunstâncias contribuem para

falantes. No domínio lexical em particular, assiste-

tornar a língua portuguesa atrativa para falantes de

-se ao aparecimento de unidades lexicais novas

outros idiomas, que a estudam e adquirem como

quer ao nível da língua geral como das línguas

língua segunda ou língua estrangeira. Daí resulta

de especialidade. Neste contexto, é de particular

considerável incremento para o seu papel como

importância a criação de um organismo que se

língua internacional.”

ocupe da deteção, recolha e sistematização destas

Politicamente, é pressuposto do Camões IP que,

formas neológicas de Moçambique”.

nos espaços em que está representado e atua,

Um outro programa, designado “Didática do Portu-

construir e proteger um quadro inclusivo das dife-

guês L2”, desenvolve um conjunto de projetos de

renças e transformá-lo em matéria suscetível de

pesquisa destinados a apoiar o ensino da LP no

disseminação de boas práticas e de cooperação

contexto pré-universitário e universitário moçam-

com os meios de contacto no terreno.

bicano, tendo em conta a aquisição do português

Os seus programas, projetos e ações colocam-se

como L2 e o aperfeiçoamento das competências de

como leituras originais dos espaços de contacto e

literacia.

n

Camões, IP

ABRIL/JUNHO 2015 - DIPLOMÁTICA • 111


English texts

6. "The Sea of Lusophone - our greatest resource." Miguel Heredia invites the plunge - and sail - the sea of the future. In Portuguese. Food, transport, energy, technology. The identification and the search for competitive advantage. An ocean of opportunity. Not to be missed. 12. Ulrich Brandenburg, Germany "The economic, technological and digital globalization is not in itself a guarantor of greater political approach, not even an organizational continuity". 16. Mansour bin Saleh Al-Safi, Saudi Arabia "The SAGIA adopted a set of measures that contribute to improving the local investment climate, making it more competitive, thus improving the classification of Saudi Arabia in international economic indicators" 18. Michael Suhr, Danemark "It is difficult for modern man and modern society deal with the relentless cruelty of the Dark Ages, practiced by people devoid of reason and compassion". 22. Ali Elashiry, Egipto "Egyptians are also cognizant that a healthy democracy must be based on sustainable economic and social devevelopment, and on social justice". 24. Alda Vanaga, Ambassador of Letonia commments the «Latvian Presidency of the Uninion Council»; Maria Ubach, Ambassador of Andorra rites abouth «the consolidation of economic openness in Andorra». 26. Hikmat Ajjury, Palestina "Twenty years of vain negotiations, have so far been elapsed, since the exchange of the letters of recognition". 30. Vasile Popovici, Roménia "Rather than lead to a democratic process, the Arab Spring has failed - with the exception of Tunisia - generating excess, chaos or new forms of dictatorship". 32. Saloua Bahri, Tunísia "The Islamist extremism asserts itself increasingly as a last refuge against the economic frustrations, social and political". 35. Bronislaw Misztal, Polónia "Fundamentalist phenomena result from exclusion and insular position of various, frequently numerous, minority groups (...) The most common error is to believe that fundamentalist violence can be fought and erradicated with sheer force". 56. Anne Webster, Ambassador of Ireland in Portugal - " Thank you Europe! " Anne Webster , Ambassador of Ireland in Portugal , has a very unusual career : Before she embraced the Irish Diplomatic Service, she specialized in Marine Biology , which may indeed have benefited from a subsequent Diplomatic career , providing her with a different perspective to find solutions for the many challenges and opportunities found along the years! A flagrant example is her positive view of the " Old Continent " and the accession of Ireland to the European Union that, she believes , brought Iimportant benefits for her country. 68. Searching for the Human Rights Never before have we lived in such a globalized society, however, multiple conflicts alongside the european economic crysis are leading to a closing of the frontiers and consequently thousands of people are risking their lives to enter Europe. Portugal, together with Finland, is the country which takes in the lowest number of refugees and at the same time, because of current demographic policies, in the next few years Portugal might lose around 2 million habitants. Recently, after the sinking that killed about 800 immigrants in the Mediterranean, Donal Tusk, President of the European Council, called an emergency meeting of this Institution, where it was agreed to strengthen the budget allocated to the Triton Mission. In the second half of the year, Malta will be the scene of an European Union Summit on the issue of refugees. 72. Marcos Barrica, Ambassador of Angola Calls for "defense of the Angolan culture and identity" in speech to the 13th anniversary of Peace and National Reconciliation. 74. Cavaco Silva in Maputo The investiture of the new head of the Mozambican state, Filipe Jacinto Nyusi; Assunção Esteves received the President of Chamber of Deputies of the Luxembourg, Mars di Bartolomeo. 100. Irlanda,Cuba, Kuwait and United Arab Emirates celebrate their National day

112 • DIPLOMÁTICA - DEZ. 2014 / FEVEREIRO 2015



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