Conexão Fachesf nº 8

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Sexo na

Terceira

Idade


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índice

Ponto de Vista | 6 Hélder Rocha Falcão

Especial | 8

Sexo na terceira idade

Educação Previdenciária | 13

Aposentadoria: um plano da juventude

Artigo | 21

Resgatar Reserva de Popupança não é uma boa opção

Seu dinheiro | 22

A viagem que cabe no seu bolso

Artigo | 28

Planejamento Financeiro: quando o dinheiro ainda não é tudo

Teste | 29

Você sabe administrar bem sua vida financeira?

Fachesf-Saúde | 31

Medicina Radioativa: uso na medida certa

No consultório | 34

Um vilão anda à solta: obesidade infantil

Pergunte ao doutor | 42

Conhecendo a Retocolite Ulcerativa

Central de Relacionamento | 43

Rio-São Paulo: uma ponte aérea para o Recife

Planejamento e Gestão | 48

Em busca dos documentos perdidos

Foco no participante | 54

De Campina Grande para o mundo

Cultura e Lazer | 56

Praia do Jacaré: a trilha sonora do pôr do sol

Mundo Animal | 60

A fauna brasileira pede socorro

Artigo | 65

Bicho Esperança

Martinha | 66


[expediente]

edito Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional [Editora Geral] Laura Jane de Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Estagiário de Jornalismo] Diego Lins [Colaboraram nesta edição] Naide Nóbrega, nas editorias: Especial, Seu Dinheiro, Fachesf-Saúde e Cultura e Lazer. Gabriela Santana, nas editorias: No Consultório e Mundo Animal. Sibele Fonseca, na editoria: Gestão e Planejamento e fotografia. Eliane Miraglia, na editoria: Educação Previdenciária. [Comissão de Pauta] Laura Lima, Nathalia Duprat, Valcenir Lisboa, Wanessa Cysneiros, Anita Telles. [Tiragem] 11 mil exemplares

[Redação] Rua do Paissandu, 58 – Boa Vista Recife – PE | CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 7509 [E-mail] conexao@fachesf.com.br Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Clayton Ferraz de Paiva · Presidente Luiz Ricardo da Câmara Lima · Diretor de Adm. e Finanças Maria da Salete Cordeiro de Sousa · Diretora de Benefícios [Projeto Gráfico e Diagramação] Corisco Design [Diagramação] Fátima Finizola [Ilustrações] Damião Santana (p. 22-26), Leandro Lima (p. 34-39, 48-53), Júlio Raphael Klenker (p. 13-20, 54-55, 60-64), Clara Simas (p.28, 43-47, 67). [Impressão] Gráfica Santa Marta

* Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br.


editorial orial Planejamento para o futuro, ações para o presente

Estamos vivendo cada vez mais. Essa é uma verdade que tem sido discutida nas mais diversas áreas da ciência. Da medicina à antropologia, pesquisadores de todo mundo estão buscando caminhos para que essa jornada, que tende a crescer nos próximos anos – somente no Brasil, estima-se que, em 2050, a expectativa de vida deve atingir os 81 anos de idade – seja vivida de forma equilibrada e com o máximo de qualidade possível. Diante desse cenário, torna-se essencial à sociedade uma reflexão sobre a importância da educação previdenciária, uma vez que é o planejamento realizado no presente que permite, no futuro, a conquista de uma condição financeira que dê a essa massa de idosos a tranquilidade necessária para uma aposentadoria confortável e feliz.

troca de fase, pois a busca pelo prazer e pelas experiências a dois permanecem. Nas editorias de saúde, nossa revista alerta para um grande mal que tem atingido crianças e adolescentes em todo o mundo: a obesidade infantil. A doença, que já se configura como um problema social, pode ser a responsável por inúmeras complicações de saúde na fase adulta e deve ser encarada com seriedade desde cedo. Na série Pergunte ao Doutor, um gastroenterologista responde a dúvida de uma Participante sobre o que é a retocolite ulcerativa e quais os tratamentos dessa doença intestinal. Você ainda encontrará, nesta edição, um guia esclarecedor para lhe ajudar a programar sua próxima viagem de férias, uma entrevista com Hélder Rocha Falcão, gerente da DABE, nova divisão da Chesf, e uma reportagem especial sobre como a extinção animal pode afetar a vida humana – afinal, numa época em que nunca se falou tanto em responsabilidade ambiental e sustentabilidade como antes, é preciso começar a enxergar esse alerta como um problema social. A Conexão Fachesf, inclusive, já está tentando fazer sua parte e, atendendo a sugestão de diversos Participantes, substituiu o antigo invólucro de plástico (necessário para o encaminhamento via Correios) por envelopes de papel, ecologicamente corretos e biodegradáveis.

[Nasce uma ideia, cresce uma parceria] Nesta edição da Conexão Fachesf, trazemos um estudo para quem deseja dar o primeiro passo para a construção de uma formação de reservas com fins previdenciários, enriquecido com o depoimento de Participantes que, graças a um planejamento iniciado ainda na juventude, hoje colhem os frutos dessa iniciativa e desfrutam de uma boa estabilidade financeira.

Ainda dentro dessa perspectiva, abordamos a questão da sexualidade após os 60 anos. Afinal, se os brasileiros vivem cada vez mais, está na hora de a sociedade deixar de encarar o sexo na terceira idade como um tabu e começar a perceber que o que acontece nessa etapa da vida é apenas uma

Boa Leitura!

Laura Jane de Lima | Editora Geral

4·5


“Mais agilidade e padronização nos processos” Entrevistado | Hélder Rocha Falcão

O Departamento de Administração de Recursos Humanos da Chesf (DAH) ganhou, em 2010, uma nova Divisão, responsável pelo gerenciamento de todos os benefícios oferecidos aos empregados da Companhia e seus dependentes. Batizada como DABE Divisão de Administração de Benefícios, o setor tem ainda a missão de coordenar todos os processos decorrentes de convênios e contratos, antes operacionalizados por áreas distintas. Devido à própria natureza de suas atribuições, a DABE mantém uma estreita relação com a Fachesf. Para explicar como funciona a Divisão, quais os ganhos que sua implantação resultou para os Participantes Ativos e os desafios para os próximos meses, a Conexão Fachesf conversou com Hélder Rocha Falcão, gerente da DABE.

CF | Em primeiro lugar, na sua opinião, qual a importância de uma parceria permanente entre a Chesf e a Fachesf? HRF | No que se refere à gestão dos benefícios, essa parceria é extremamente importante, pois aproxima a gestão e a normatização da área que operacionaliza os principais processos de benefícios da Chesf. Tal aproximação com a Fachesf possibilita ainda um melhor entendimento dos atos normativos e cria um relacionamento mais profundo entre os empregados de ambas as empresas, trazendo como consequência mais agilidade e padronização dos processos. CF | A criação da DABE pode ser considerada um facilitador para o fortalecimento dessa parceria? HRF | Certamente, pois antes os benefícios estavam descentralizados e eram administrados sem que houvesse uma visão integrada do processo. Isso era um dificultador para a gestão, principalmente quando se lida com uma cesta de benefícios do porte da praticada pela Chesf, cujo orçamento previsto para esse ano é da ordem de R$ 150 milhões, valor superior ao de muitos municípios nordestinos.


CF | Quais os principais ganhos para a Chesf, para a Fundação e para os empregados com a criação dessa Divisão?

bradinho, que estão em fase de montagem, e demos início às obras do ambulatório de Xingó. Além disso, estão em andamento os projetos de ampliação e melhorias dos ambulatórios da Sede da Chesf (Bongi), da Fachesf (Paissandu) e de Paulo Afonso.

HRF | Para a Chesf, essa centralização permite que, através de uma equipe dedicada à gestão dos benefícios, seja dado um tratamento mais detalhado e aprofundado às diversas Oportunidades de Melhorias (OM) identificadas nos CF | O que a DABE tem feito para melhor orienprocessos de gestão desses benefícios. Altar e esclarecer os empregados quanto ao uso gumas dessas OM já foram alvo de planos de racional dos benefícios oferecidos pela Chesf? ação que estão em execução e os resultados começam a surgir. Para a Fundação, a centraliHRF | Estamos fazendo apresentações em todas zação traz maior agilidade aos processos, uma as regionais para divulgar nossas atribuições e alvez que todas as questões guns dados da utilização dos de benefícios são geridas benefícios. Nessas ocasiões, por uma única equipe. E aproveitamos para ouvir supara o empregado – princigestões e críticas, e ressaltar “Estabelecemos uma pal razão da criação dessa a importância do uso racional unidade organizacional – a dos nossos benefícios. rotina de trabalho com criação da DABE permitiu CF | Quais os desafios e proa Fachesf que contempla uma maior proximidade jetos dessa Divisão para os entre ambos os lados, pois reuniões quinzenais com próximos meses? funciona como um canal de todas as equipes ligadas aos HRF | Em parceria com a comunicação e interação com os usuários dos beneFachesf, demos início, em processos dos benefícios fícios, identificando suas março deste ano, à implanpraticados na Chesf.” necessidades e particularitação, ainda em caráter exdades, algumas, inclusive, perimental, de um projeto facilmente incorporadas nas de gestão para fornecimenrevisões dos procedimentos to de remédios, cujos prioperacionais. meiros resultados têm sido muito bons. Nesse momento, estamos em fase de avaliação e negociação para uma primeira expansão, CF | Como a DABE tem contribuído para dar visando no futuro a sua extensão para a totamais fluidez às questões operacionais relaciolidade dos beneficiários do PAP. Além disso, nadas principalmente com a gestão dos benecomeçaremos, ainda em 2011, também em fícios da área de saúde, a exemplo do PAP e dos parceria com a Fundação, um projeto expeambulatórios? rimental de Acompanhamento de Pacientes HRF | Estabelecemos uma rotina de trabalho com Tratamento de Alto Custo no Recife. Após com a Fachesf que contempla reuniões quinzea avaliação dos números obtidos, estabelecenais com todas as equipes ligadas aos processos remos um planejamento para sua expansão. dos benefícios praticados na Chesf. Nesses enAinda em conjunto com a Fachesf, pretendecontros, entre outras atividades, apresentamos mos desenvolver ações para fortalecer o PAP e discutimos as revisões dos Normativos. Com nas cidades nas quais a nossa presença não relação aos ambulatórios, também acertamos é tão forte e onde existem dificuldades com uma agenda de visitas para que juntos possaa rede credenciada local. Pensando em médio mos identificar e avaliar as necessidades de e longo prazos, também estamos estudando cada localidade. Como resultado direto dessas um tema interessante que são os Benefícios ações, já implantamos, neste ano de 2011, os Flexíveis, que permite ao empregado ajustar ambulatórios de Rio Largo e de Milagres. Tamsua cesta de benefícios ao longo da sua vida bém adquirimos os gabinetes odontológicos profissional, pois suas necessidades e prioridapara os ambulatórios de Boa Esperança e Sodes mudam com o passar do tempo.

6·7



Sexo na terceira idade Bom para o corpo, a mente e o coração Em janeiro do ano passado, a comédia romântica intitulada Simplesmente Complicado (It’s Complicated, 2010), de Nancy Meyers, tornou-se rapidamente campeã de bilheteria nas telas de cinema de todo o mundo. Nela, brilhavam de forma magistral os atores Meryl Streep, 62 anos, Steve Martin, 66, e Alec Baldwin, 53, formando um trio amoroso para lá de animado, cheio de vigor, alegria e muito charme. Apesar do sucesso, o filme causou certa polêmica, ao abordar cenas vigorosas de sexo entre os personagens, autênticos representantes da chamada terceira idade, que não deixaram a peteca cair. Mas por que isso ainda causa surpresa em tanta gente?


Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (setembro/2010), os idosos brasileiros já representam mais de 11% da população nacional. Ao total, são mais de 21 milhões de pessoas, cada vez mais preocupadas com a saúde e a qualidade de vida e, por que não, bem dispostos e sexualmente ativos. Saindo das telas do cinema e partindo para a vida real, um exemplo de pessoa que não sentiu o tempo passar para a sua sexualidade é a Pensionista Terezinha Perez, 69 anos, que esbanja saúde e vitalidade. Segundo ela, aqueles que se fecham para o sexo, evitando até mesmo falar sobre o assunto, por falta de informações, acabam mergulhando numa espécie de tabu. “As pessoas ficam mais velhas, mudam de ritmo, mas não podem desistir do amor e da amizade. Temos que aproveitar tudo o que a vida tem para nos oferecer”, comenta a carioca, que foi casada por 34 anos e está viúva há cinco.

“As pessoas ficam mais velhas, mudam de ritmo, mas não podem desistir do amor e da amizade” Terezinha Perez

Apesar de ainda sentir muita falta do marido, com quem costumava sair e “curtir a vida”, Terezinha acredita que a vida continua e que é preciso começar de novo. Foi quando deixou o Recife (PE), onde viviam, e voltou para o Rio de Janeiro, sua cidade natal. “Aqui tenho muitos amigos, saio bastante e voltei a paquerar”, diz sorrindo. A sexóloga Silvana Melo, delegada regional da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), explica que essa energia é fruto de como o sexo foi visto pela Pensionista durante toda a vida. Afinal, na terceira idade – ou melhor idade, como também é denominada a faixa etária acima dos 60 anos – o que acontece com a sexualidade é apenas uma troca de fase, assim como em qualquer outro setor da vida. Isso significa que a libido, a sensualidade e as experiências a dois são uma continuidade do que se experimentou durante a juventude. “O potencial para o prazer erótico tem início ain-

da na vida uterina e se estende até a morte. Se o sexo sempre foi algo gostoso e natural, continuará sendo no futuro. Basta encarar a situação de forma leve e buscar conhecimentos sobre as mudanças físicas que acontecem com o passar da idade”, diz Silvana Melo. De acordo com a sexóloga, no caso dos homens, é fundamental que haja uma adaptação a essas transformações e um melhor entendimento de alguns aspectos. “Posso citar como exemplo a valorização excessiva que nossa sociedade dá à ereção, o que é um grande erro, porque uma relação sexual não está resumida apenas a isso. É preciso ter em mente que a perda de firmeza na ereção, entre outros aspectos, é um processo natural e que não interfere numa relação satisfatória”, exemplifica.

Maturidade Professor e preceptor de Geriatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE), o geriatra Alexandre de Mattos reforça esse pensamento, defendendo a ideia de que o que nós vivemos na maturidade é fruto dos cuidados acumulados com a saúde desde a infância. Por essa razão, uma vida sexual saudável na terceira idade depende de hábitos igualmente saudáveis durante toda a vida. Combater precocemente as doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, diminui riscos para o idoso. Outro ponto importante é tratar as morbidades psicológicas que


Silvana Melo Sexóloga

“O potencial para o prazer erótico tem início ainda na vida uterina e se estende até a morte. Se o sexo sempre foi algo gostoso e natural, continuará sendo no futuro.”

podem começar no adulto jovem, como depressão e ansiedade. Isso pode refletir em um envelhecimento tranquilo em todos os aspectos, inclusive em relação à sexualidade. Para o Aposentado José Aguiar da Silva, ter bons hábitos durante toda a sua juventude foi o grande diferencial para que hoje, aos 75 anos, ele tenha uma vida saudável, mesmo depois de ter enfrentado um câncer de próstata. Segundo ele, que afirma nunca ter bebido ou fumado, também é importante manter-se ativo e continuar se exercitando; por isso, voltou a atuar em uma empresa privada e pensa em entrar numa academia. Casado e pai de cinco filhos, o Participante confessa que sentiu medo quando teve de enfrentar o câncer, mas superado o problema, retomou as atividades cotidianas, inclusive o sexo. “Devido à doença que tive e a minha idade, o ritmo sexual caiu um pouco, mas isso não me impede de ter relações e de viver bem. Estou mais velho, mas estou vivo. E isso é o que importa”.

Avanços A evolução da medicina também tem contribuído para uma maior longevidade sexual da humanidade, de forma geral. No caso das mulheres, tratamentos como reposição hormonal, entre outros, ajudam (e muito) na manutenção de uma vida prazerosa e na diminuição dos efeitos da menopausa.

Já no mundo masculino, a famosa pílula azul e suas similares também têm interferido definitivamente – e para melhor – no quadro sexual dos idosos. Medicamentos como Viagra (sildenafil) representaram um grande marco no tratamento da disfunção erétil dos homens de terceira idade. Diferentemente dos vários mitos que existem, essa classe de drogas é segura e eficaz, desde que devidamente prescritas por um médico capacitado, a partir de uma avaliação prévia do paciente.

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No entanto, é importante lembrar que remédios desse tipo não melhoram a libido e tampouco possuem o efeito de um elixir milagroso da sexualidade. Sua ação está ligada a aspectos fisiológicos específicos que dificultam a ereção. “Vários fatores psicossociais estão envolvidos na saúde sexual de uma pessoa e não podemos creditar toda a solução às medicações para disfunção erétil. Há problemas que envolvem questões de baixa aceitação da nova fase da vida. Nesses casos, o lado psicológico pode atuar como o inimigo número um da satisfação sexual”, alerta Alexandre de Mattos. Essa não-aceitação decorre muitas vezes da criação de expectativas irreais para a nova fase da vida, o que acarreta em sofrimento e frustrações que podem vir a prejudicar a saúde do idoso. Tal cenário faz parte da cultura ocidental contemporânea, na qual inexiste uma preparação para o envelhecimento.

“Estou mais velho, mas estou vivo. E isso é o que importa.” José Aguiar da Silva


Alexandre de Mattos Geriatra

“Uma vida sexual saudável na terceira idade depende de hábitos saudáveis durante toda a vida. Combater precocemente as doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, diminui riscos para o idoso.” A sexóloga Silvana Melo defende que, mais do que nunca, é preciso começar a pensar na terceira idade, inclusive em termos de sexo: “Às vezes, as pessoas encaram as mudanças físicas como verdadeiros indícios de que já estão condenados a perder a função sexual. Mas isso não existe. Todos nós precisamos do amor e do toque, que estimula a produção de endorfina, hormônio que causa uma sensação de prazer. E o que importa, no final das contas, é que se o idoso está feliz, seu sistema imunológico estará mais fortalecido”, afirma. Vários estudos comprovam, inclusive, que uma sexualidade preservada tem relação direta com a própria longevidade, diminuindo riscos de depressão e outras patologias. Por essa razão, a figura do idoso como sinônimo de ser assexuado é um mito que deve ser combatido. “Trata-se de um preconceito contemporâneo denominado de ageísmo, uma vez que, sob a ótica médica geriátrica, não existe prazo de validade para amar e tampouco é a idade cronológica que dita os limites da sexualidade”, garante o geriatra Alexandre de Mattos.

Esta matéria foi uma sugestão da Participante Antônia Maria de Araújo, do Recife/PE.

A Pensionista Terezinha Nunes não somente concorda com a opinião dos especialistas, como defende que uma vida alegre e sexualmente satisfatória pode refletir numa vida melhor em todos os aspectos: “Por que desistir do sexo? Nesse momento da minha vida optei por não arrumar namorado fixo, mas sempre vou com os amigos aos bailes da terceira idade, paquero e me divirto muito. A idade não tira o desejo e o tesão. A gente tem é que tocar a vida para a frente”.


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Aposentadoria Um plano da juventude “Não seremos responsáveis apenas por nós mesmos e nossas famílias, mas pela sociedade como um todo, para que não nos tornemos financeiramente dependentes nem do estado nem de outros durante nossa aposentadoria”. Mark Twigg


O tema “crescimento da expectativa de vida” nunca esteve tão em alta na mídia. Dados divulgados recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU) contabilizam 16% da população mundial na faixa etária acima dos 60 anos de idade e aponta que esse contingente deve chegar a 20% ainda na primeira metade do século XXI.

Cada um conhece a própria realidade e é responsável pelos rumos que deseja seguir. Mas uma coisa é consenso entre especialistas e pensadores de todo o mundo: somente com um planejamento sólido e consistente, traçado desde a juventude, é possível criar as condições ideais para que a chegada da velhice seja um momento de exercício das próprias escolhas e de liberdade.

No Brasil, a população de idosos já atinge a marca de 11%, formando um contingente de 21 milhões de pessoas. E esses números tendem a aumentar: em 2020, serão 30 milhões de indivíduos, levando o País a ocupar a sexta posição no ranking do número de idosos.

A pesquisa O futuro da aposentadoria: o poder do planejamento, recentemente realizada pelo banco HSBC, questiona como os jovens de hoje estão olhando para esse cenário. O estudo ouviu mais de 17 mil pessoas, em diferentes países, inclusive o Brasil. Entre os entrevistados, foram selecionados os chamados “lançadores de tendência financeira”, ou seja, indivíduos com idade ativa entre 30 e 60 anos, com mais educação formal em relação à média, que vivem em áreas urbanas e têm fácil acesso à internet e aos meios de informação.

Não existe, portanto, outra saída: quando os estudos e tendências indicam que a expectativa de vida do homem está aumentando cada vez mais, é preciso parar e refletir sobre os meios necessários para tornar essa jornada pessoal significativa, feliz e colaborativa para si e para todos que compartilharão dessa mesma experiência. Para isso, é fundamental viver plenamente os desafios de cada faixa etária, mas sem perder o foco na ideia de que o envelhecimento é inevitável e, por essa razão, exige que se esteja preparado para a chegada de uma época em que a saúde e o vigor já não serão os mesmos e os hábitos precisarão ser adaptados para acompanhar um mundo em permanente transformação. Trilhar esse caminho, no entanto, não depende de fórmulas prontas ou receitas imutáveis.

Os resultados colocam em evidência o fato de que a maioria das pessoas percebe a aposentadoria como uma época dotada de atributos positivos como felicidade, satisfação e liberdade. Entretanto, para uma parcela ainda grande da população (30%), o período é também temeroso e, diante das incertezas, provoca medo sobre o risco financeiro potencial. A preocupação é causada pela possibilidade de crescimento das despesas decorrentes de estados precários de saúde e, simultaneamente, pela inexistência de uma fonte complementar de rendimentos para fazer frente a esses gastos.


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A essa perspectiva soma-se uma tendência adotada pelos governos mundiais: a redução dos benefícios cobertos pela previdência social, diante do desafio do financiamento de aposentadorias por períodos de sobrevida cada vez maiores. Outro fato que evidencia a importância do planejamento é a forte resistência das pessoas à idéia de trabalhar durante mais tempo para tornar a fase produtiva proporcionalmente compatível com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, aumentar o tempo da formação da reserva financeira necessária ao pagamento de aposentadorias adequadas. O estudo aponta que, em razão desses motivos, o planejamento financeiro com fins previdenciários passará a ser a principal ferramenta que vai distinguir as pessoas que adotam a segurança como estilo de vida e criam, para si e sua família, projetos de vida protegidos contra riscos. A poupança de longo prazo é a melhor forma de fazer essa blindagem porque, como mostram as estatísticas, quem poupa, ao se aposentar, acumula até três vezes mais patrimônio do que aqueles que não se preocupam com o futuro.

Hábitos Em cenários de crescimento da classe média, como o Brasil, a falta de dinheiro não é uma justificativa convincente para fugir ao planejamento

de vida. Nunca, na história do país, os índices de consumo registraram marcas tão altas. Por isso, é importante adotar uma visão crítica e rever os próprios hábitos, suprimir excessos e escolher um padrão saudável e qualificado de consumo. Não é preciso, porém, deixar de consumir, mas estabelecer prioridades e metas. É na esfera individual que começa o exercício de cidadania do homem do século XXI: emancipado, autônomo, independente e consciente das práticas que favoreçam plenamente a sustentabilidade de toda sua vida.

Hábitos equilibrados e bem administrados geram crescimento do patrimônio familiar. A recompensa pelo planejamento financeiro é clara; hábitos equilibrados e bem administrados entre economia e consumo geram crescimento do patrimônio familiar. Além disso, facilitam a formação de ativos de poupança de longo prazo, o que significa independência dos idosos durante a aposentadoria. Para dar um norte a todos aqueles que ainda não despertaram a consciência para a importância de um projeto maduro e consistente, a Conexão Fachesf traz algumas dicas financeiras básicas para o início de uma organização focada em fins previdenciários. A adoção dessas práticas no dia a dia pode ser o grande diferencial entre uma aposentadoria vivida “no aperto” e uma época feliz e tranquila, como acredita a maioria dos brasileiros.


Os dez passos para uma aposentadoria tranquila Comece a poupar desde cedo e evite desperdícios. Quem adota esse hábito ainda na juventude aprende a se proteger e adotar um estilo de vida financeiramente equilibrado, fator essencial para um planejamento de longo prazo. Se você tem filhos, eduque-os a lidar com o dinheiro de forma saudável e consciente.

Invista no aumento do seu nível de instrução financeira. Informe-se. O desconhecimento de alternativas dificulta decisões acertadas, especialmente em momentos críticos.

Agende suas contas e pague-as em dia sempre que possível, fugindo das multas e dos juros por atrasos. Além disso, controle os gastos do seu cartão de crédito e procure quitar mensalmente a fatura. Pagar apenas o valor mínimo significa acréscimo de juros de até 500% ao ano.

Os juros do cheque especial chegam até 9% ao mês. Por isso, a recomendação é para que esse recurso somente seja usado em situações emergenciais e de curto prazo, caso não haja outra alternativa de crédito financeiro que cobre juros menores.

Se você é Participante do Plano CD, opte pela Contribuição Eficiente e, sempre que possível, realize contribuições voluntárias. Essa prática aumentará o valor de seu benefício de suplementação.

Para a aquisição de bens duráveis como imóveis e carro, estabeleça metas, priorize necessidades e calcule todas as despesas. O planejamento financeiro ajuda também no mapeamento de custos correlatos como documentação, impostos, seguros, taxas de financiamento. Esse cuidado evita que você assuma compromissos sobrepostos, aproveitando e negociando prazos para o pagamento de dívidas.

Para sair de situações extremas, é necessário racionalizar e otimizar rendimentos. Utilize férias e pagamentos extraordinários, como o 13º salário e abonos, para se livrar de dívidas e juros praticados pelo mercado.

Estabeleça metas de remuneração também para sua aposentadoria e separe mensalmente parte do seu salário. A independência financeira no futuro é sua responsabilidade permanente.

Uma vida saudável é sempre mais barata do que as despesas com médicos e remédios. Portanto, em todas as fases etárias, faça as melhores escolhas para a manutenção da qualidade de vida e prevenção de sua saúde física e mental.

Planejamento sem ação é ineficaz e resultados são reflexos das atitudes e práticas individuais e familiares conscientes. Programe-se e experimente o melhor que a vida pode lhe oferecer em todas as fases de sua vida.


Educação Previdenciária:

fazendo a lição de casa

A consciência de uma educação financeira e previdenciária já é uma realidade entre os empregados da Chesf. Prova disso é o fato de 92% do quadro funcional fazer parte da Fachesf. São quase cinco mil pessoas que reservam um pouco de seus rendimentos para criar uma proteção de vida para si e para sua família. Dentro de alguns anos, esses profissionais estarão do outro lado da esfera, junto aos mais de sete mil aposentados e pensionistas que já recebem os benefícios de suplementação, de acordo com o que pouparam durante sua vida laborativa. No entanto, ainda há muito a ser feito. Preocupa a Fundação, por exemplo, o baixo índice de Participantes que adotam uma Contribuição Eficiente; isto é, apenas 29% contribuem com o percentual adequado para receber da Patrocinadora, em contrapartida, o máximo que poderiam para a composição de seu benefício futuro. Para minimizar esse problema, a Fachesf tem investido em uma série de ações de conscientização sobre a importância da Contribuição Eficiente para a formação de uma poupança previdenciária, tais como a TV Fachesf, as matérias e artigos publicados nesta revista e no Jornal da Fachesf, e uma série da palestras educativas realizadas periodicamente pela Fundação em todas as regionais da Chesf. Em seu site (www.fachesf.com.br), a Fundação disponibiliza também simuladores e todas as orientações para que o Participante possa projetar o benefício que deseja receber e conhecer a forma mais eficiente de fazer com que sua decisão de poupar seja cada vez mais uma certeza de bom negócio.

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Planejamento certo, aposentadoria tranquila Confira os depoimentos de Participantes que souberam se planejar financeiramente no passado e hoje podem desfrutar de mais tranquilidade na aposentadoria.

“Por ser engenheiro e trabalhar em uma área que me dava direito à aposentadoria especial, sempre tive em mente a ideia de que pararia de trabalhar com 30 anos de serviços prestados. Diferentemente de muitas pessoas, eu queria de fato descansar e fazer as viagens que sempre sonhei. Por isso, desde que ingressei na Chesf, em 1974, tornei-me Participante da Fachesf e passei a fazer alguns investimentos em renda fixa e ações. Acompanhei as mudanças nos Regulamentos da Fundação e, quando surgiu o Plano de Contribuição Definida (CD), fiz todos os cálculos para tentar receber da Chesf o máximo que ela contribuiria por mim. Hoje isso se chama Contribuição Eficiente, mas naquela época ainda não tinha esse nome. Confesso que cheguei a pensar em sacar a reserva de poupança, mas analisei minha situação e achei mais seguro deixar meu dinheiro na Fachesf, que administraria meus rendimentos de forma mais eficiente e garantiria meu benefício no futuro. Foi a decisão mais acertada, pois hoje não tenho do que reclamar. Alguns amigos de trabalho daquela época sacaram suas reservas e, quando se aposentaram e passaram a viver somente com o benefício do INSS, arrependeram-se profundamente. Foi quando deram importância ao trabalho da Fundação. É aquela velha história de só dar valor ao que perde. Acho complicado para quem é funcionário público usar a poupança da previdência para investir em novos negócios, por exemplo, pois quem passa a vida inteira contando com salário e benefícios certos, não sabe o que é ter que matar um leão por dia para ter sucesso empresarial. É preciso ter o perfil de empreendedor. Tento orientar meus filhos sobre a importância de se preparar para o futuro, mas percebo que os jovens de hoje não estão muito preocupados com isso; infelizmente, acreditam que se têm pai e mãe e um patrimônio familiar constituído, não é necessário poupar para a previdência.“

Carlos Augusto Reis Participante · Salvador/BA

Confesso que cheguei a pensar em sacar a reserva de poupança, mas analisei minha situação e achei mais seguro deixar meu dinheiro na Fachesf.


“Minha preparação para a aposentadoria começou nos idos da década de 1970. Naquela época, meus colegas da Chesf e eu, começamos a ouvir os comentários de empregados de outras companhias sobre as dificuldades que enfrentariam quando passassem a depender somente do benefício do INSS, o que certamente causaria uma queda considerável no seu padrão de vida. Como uma forma de resolver esse problema, muitas empresas criaram suas próprias fundações para administrar planos previdenciários que protegessem o futuro dos funcionários. Resolvemos seguir o exemplo e demos início à nossa Fachesf, da qual sou um dos sócio-fundadores. Por ser algo novo, a princípio, muita gente viu a ideia com uma certa desconfiança e alguns desistiram no meio do caminho. Para mim, que permaneci contribuindo até minha aposentadoria, foi o melhor que poderia ter feito, pois hoje tenho uma vida confortável. Infelizmente alguns dos meus colegas que abriram mão da suplementação da Fachesf ainda precisam trabalhar duro para sobreviver dignamente. Durante todos esses anos, venho acompanhando de perto tudo o que acontece na Fundação, desde as mudanças dos planos até a gestão dos Conselhos e da Diretoria, para ter certeza de que nosso patrimônio está em boas mãos. E não podemos reclamar, pois a entidade é bastante sólida e isso me deixa muito satisfeito. Inclusive quando leio que alguns Participantes estão movendo ações judiciais contra a Fachesf, fico preocupado, pois não deixa de ser algo que coloca em risco o futuro da Fundação e o nosso também. Vejo que muita gente não pensa no dia de amanhã. Gostaria que os jovens de hoje, como a nova geração de empregados da Chesf, percebessem a importância de se preparar para a aposentadoria desde a juventude. Sempre que posso, alerto os meus filhos para que pensem no amanhã, quando não puderem mais trabalhar. Isso faz toda a diferença.”

Aelfo Marques Luna Aposentado · Recife/PE

Gostaria que os jovens de hoje percebessem a importância de se preparar para a aposentadoria desde a juventude.


Quando a Fachesf foi criada, em 1972, fui logo me filiar à entidade, pois tinha a certeza de que o meu futuro estaria garantido

“Quando a Fachesf foi criada, em 1972, fui logo me filiar à entidade, pois tinha a certeza de que o meu futuro estaria garantido. Hoje, aposentada há 22 anos, percebo que estava certa. Ai de mim, e dos meus colegas, se não fosse a nossa Fundação. Na nossa idade, os problemas de saúde nos levam à compra de remédios muitas vezes caros. E a irrisória aposentadoria recebida pelo INSS não nos permite bancar altas despesas. Já nem ouso usar a expressão ‘mesmo padrão de vida de quando trabalhava’, mas falo de um pouco de dignidade e conforto. E quem nos oferece essa tranquilidade, sem sombra de dúvidas, é a Fachesf. Precisamos muito da Fundação e peço a Deus que ilumine seus diretores para que saibam administrá-la com eficiência. Afinal, disso dependemos todos nós, Aposentados e Pensionistas.”

Jandyra Soares Laranjeiras Aposentada · Rio de Janeiro/RJ


Resgatar Reserva de Poupança não é uma boa opção Salete Cordeiro

po de participação. Além disso, também é recolhido o equivalente ao Imposto de Renda, e descontado integralmente o saldo devedor de empréstimo, quando o caso. A segunda perda acontece quando o Participante “corta” seus vínculos com a Fachesf e, automaticamente, interrompe uma relação de parceria com uma entidade que trabalha focada na prestação de serviços aos seus associados, procurando solucionar questões das mais variadas, na medida de suas competências e flexibilidade normativa. Renunciando, assim, a essa parceria e à segurança previdenciária da Fundação, que existe há quase quatro décadas. Será que vale a pena?

eiro alete Cord

S

Diretora

fícios da

de Bene

Fachesf

Para levar aos Participantes cada vez mais informações sobre o que significa contribuir para um plano de Previdência Complementar, a Fachesf tem desenvolvido uma série de ações que integram seu Programa de Educação Financeira e Previdenciária. Dentre as diversas atividades programadas para este ano, consta um Ciclo de Palestras recentemente realizado na sede da Chesf e suas regionais. Durante esses encontros, um dos assuntos apresentados foi o Resgate da Reserva de Poupança, que merece ser amplamente discutido, devido a sua importância para a manutenção de uma aposentadoria tranquila. Buscamos, inclusive, o suporte de dados do mercado financeiro para explicar por que o resgate da poupança pode ser desastroso para o futuro de quem faz essa opção. Com o propósito de ampliar esse debate para os mais diversos meios de comunicação da Fundação, trouxemos o tema também para esta edição da Conexão Fachesf. Nossa intenção é alertar sobre as perdas decorrentes do saque da reserva acumulada para fins previdenciários. A primeira perda atinge diretamente o bolso, pois, ao sacar sua Reserva de Poupança, o Participante retira 100% do que ele próprio depositou, corrigido pelo índice IGPM; porém, da parte depositada pela Patrocinadora, só é permitido pelo Regulamento do Plano o saque de, no máximo 90%, de acordo com seu tem-

Outro ponto que merece ser levado em consideração é o destino da renda quando sacada. No caso de aplicação do valor em uma caderneta de poupança ou em outro papel do mercado financeiro, os rendimentos mensais passarão a ser o sustento do grupo familiar. Mas, com as retiradas desses rendimentos e a desvalorização da moeda ao longo do tempo, o valor principal passa a ser insignificante, enquanto a suplementação paga pela Fachesf é corrigida mês a mês, atualizando-se o valor do benefício por índice oficial. Acrescente-se ainda o fato de que o benefício de suplementação é vitalício e, dependendo do Plano, passa para o (a) pensionista – cônjuge, companheiro (a) ou outro dependente na forma da lei. Isso contempla, inclusive, após a nova decisão do Superior Tribunal Federal (STF), os homoafetivos, que passaram a ter o direito à pensão. Ou seja, trata-se de um suporte financeiro que envolve toda a família, por isso, qualquer decisão definitiva merece ser cuidadosamente analisada. Não são raros os casos de Participantes que resgataram suas reservas e hoje estão arrependidos. Se depois desses esclarecimentos, você julgar que ainda tem dúvidas sobre o Resgate da Reserva de Poupança, entre no site da Fachesf, consulte um dos nossos atendentes no 0800.281.7533 ou compareça pessoalmente à Fundação. Estaremos todos disponíveis para esclarecer os pontos que por acaso não estejam bem entendidos e mostrar-lhe porque é mais prudente manter sua reserva previdenciária, oferecendo informações e comparativos com aplicações financeiras em instituições bancárias. O principal objetivo da Fachesf é cuidar do patrimônio dos seus Participantes, de modo que sua aposentadoria seja a mais confortável possível.

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A viagem que cabe no seu bolso De acordo com dados oficiais do Ministério do Turismo, o brasileiro nunca viajou tanto, seja para destinos nacionais ou internacionais. A queda do dólar, a chegada das companhias aéreas low cost (de baixo custo) e as promoções frequentes das agências de viagens, inclusive por meio de sites de compras coletivas, são alguns dos fatores determinantes para esse quadro.


Mas, ao analisar o cenário geral do País, como os cidadãos de classe média têm conseguido viajar mais, se as contas para pagar permanecem e o aumento de salário é um ideal quase nunca alcançado? Para os especialistas – e aqui se enquadram também os viajantes de carteirinha – o segredo é um só: sonhar e planejar. Ou seja, além da vontade de conhecer um destino, é preciso arregaçar as mangas e estudar a melhor forma de tornar a viagem possível. E isso vale para qualquer um, pois existem viagens para todos os tipos de estilo e, inclusive, de bolso. O que não vale é deixar o sonho de afivelar as malas morrer no saguão do aeroporto, na rodoviária ou na garagem de casa. Mediante um planejamento eficiente, realizado em tempo hábil, qualquer pessoa pode se organizar para viajar anualmente nas férias, sem passar aperto, e fazer parte das estatísticas oficiais que contabilizam o aumento dos cidadãos que viajam todos os anos. A Conexão Fachesf conversou com alguns especialistas e “viajantes profissionais”, e detalha, nas páginas a seguir, o que deve ser levado em consideração na hora de se preparar para uma viagem. Mas desde já, vale ter em mente que, acima de qualquer coisa, é preciso ter um tanto de organização, foco e força de vontade.

Planejamento A primeira grande lição para quem quer viajar é estudar o destino escolhido, tendo em conta seus sonhos e possibilidades. Para que não haja frustração, é essencial conciliar esses dois fatores e saber que existem passeios maravilhosos e adequados para cada orçamento. Pensar em conhecer as Muralhas da China ou dar uma volta ao mundo, por exemplo, pode parecer tentador, mas deve-se avaliar cuidadosamente os custos que envolvem aventuras desse porte. O ideal é que os gastos realizados em uma viagem não comprometam o orçamento familiar por muito tempo, causando um desequilíbrio financeiro que venha a se tornar desastroso. Afinal, o objetivo é viajar de férias para relaxar e não passar o tempo preocupado em como vai conseguir pagar as contas na volta.

Para isso, despesas com transportes, hospedagem e alimentação são itens básicos que devem ser analisados desde o início. Se, ao colocar tudo na ponta do lápis, você perceber que tais despesas são viáveis, pode dar continuidade ao planejamento e partir para a elaboração do roteiro. Do contrário, se o voo é mais alto do que as asas podem alcançar, é hora de mergulhar na realidade e descobrir destinos mais próximos ou mais baratos. Vamos utilizar como amostra uma pessoa que mora no Recife (PE), e sonha em passar uns dias de puro descanso e vivenciar experiências inesquecíveis, mas não está com folga no orçamento. Que tal um mergulho no interior do próprio Estado, descobrindo pitorescos paraísos como Bonito, Serra Negra, Buíque, Gravatá, Garanhuns, Caruaru, Triunfo ou Petrolina? Para quem prefere o litoral, balneários como Porto de Galinhas, Carneiros e Maracaípe também oferecem opções incríveis de entretenimento e gastronomia. Esses destinos estão sempre lotados de estrangeiros e isso não é fruto do acaso. Pernambuco possui um dos litorais mais lindos do mundo. A praia de Porto de Galinhas, por exemplo, foi eleita pela conceituada revista Viagem e Turismo (Editora Abril) a Melhor Praia do Brasil por dez anos consecutivos. Mas, por incrível que pareça, ainda existem muitos pernambucanos que não conhecem o lugar ou nunca desfrutaram de todas as suas maravilhas.

Mundo Se o bolso permitir chegar mais longe, os vizinhos da América do Sul são destinos tentadores, diante da queda constante do dólar, que tem batido recordes de baixa. Isso significa passagens aéreas e hotéis com ótimos preços, além, evidentemente, de menor custo de permanência no destino escolhido. Um bom exemplo está bem ao lado do Brasil, na capital argentina. Um churrasco em Buenos Aires, seguido de show de tango e servido com um bom vinho, nunca saiu tão em conta. Além da variação cambial, uma boa dica é buscar as épocas de baixa estação (meses de pouco movimento turístico) de cada destino e adaptar a agenda para sair de férias nesses períodos, quando operadoras aéreas, pousadas, hotéis e


resorts oferecem tarifas bem abaixo do seu valor normal. Mas, mesmo nessas épocas, é preciso ficar atento para acontecimentos festivos, pois no Nordeste, mesmo que junho seja considerado um mês de baixa temporada, a região recebe bastante turistas devido às festividades juninas – o que eleva os preços praticados de maneira geral. O mesmo vale para julho em Campos do Jordão e dezembro em Nova York, quando as cidades recebem milhares de visitantes atraídos pelo festival de inverno e pelas comemorações de natal, respectivamente. Outro ponto importante na diminuição dos custos é a chamada Earling Booking ou brevidade nas reservas. Em outras palavras: quem reserva antes, paga menos. Uma passagem aérea comprada com oito meses de antecedência pode custar dez vezes menos que as adquiridas em cima da hora. A mesma regra vale para os hotéis; por trabalhar com um sistema de cotas – que precisam ser vendidas o quanto antes –, esses estabelecimentos cobram valores mais baratos no início das vendas de cada estação. À medida que as cotas se esgotam, os preços sobem de forma astronômica, uma vez que eles já têm o número de reservas necessárias para cobrir as despesas. Guarde, portanto, essas dicas: escolha um destino, avalie a viabilidade financeira da viagem e reserve transporte e hospedagem. Esse cuidado vai render um dinheiro extra, que pode ser gasto com passeios, espetáculos, delícias gastronômicas e outras experiências interessantes.

Internet Todo viajante de carteirinha costuma ter uma resposta na ponta da língua quando é questionado sobre qual o segredo de uma viagem inesquecível: pesquisar tudo sobre o destino antes de partir. E, nessa empreitada, a internet é um dos melhores aliados. Sites como TripAdvisor (http://www.tripadvisor. com.br/), Viaje na Viagem (http://www.viajenaviagem.com.br) e Viaje Aqui (http://viajeaqui. abril.com.br/) oferecem não apenas dicas e sugestões de destinos de viagens, como também abrem espaço para que os internautas opinem

sobre hotéis onde estiveram e comentem serviços (positivos ou não) de empresas aéreas, restaurantes, pontos turísticos, etc. Essas referências ajudam bastante na hora de fazer boas escolhas e definir os lugares que se deseja incluir no roteiro, fugindo de ciladas e programações duvidosas, como os velhos estabelecimentos do tipo “atrai-turista”, que oferecem normalmente serviços caros e ruins. Uma boa sugestão é consultar também as páginas oficiais que os destinos turísticos costumam manter. Nesses sites, é possível colher informações sobre clima, temperatura, distâncias e serviços básicos, e tomar decisões mais acertadas durante o planejamento. E o melhor: a custo zero, já que estão disponíveis na internet.

A primeira grande lição para quem quer viajar é estudar o destino, tendo em conta seus sonhos e possibilidades. Sites de hospedagem também ajudam na hora de encontrar bons lugares por preços mais baixos do que os praticados pelas agências de viagem que, evidentemente, precisam faturar a sua comissão. Mas, atenção! Esteja atento à localização dos hotéis ou pousadas oferecidos e procure estabelecimentos bem pontuados nos comentários; é fundamental que o local seja seguro e tenha acesso fácil aos pontos que você deseja visitar, de forma a evitar custos desnecessários com transporte e perda de tempo. Prestar atenção a todos esses detalhes é o que faz a diferença entre uma viagem de pesadelo e uma experiência que merece ficar marcada para sempre na memória. E não é preciso ter muito dinheiro: basta estar consciente do tamanho do passo que pode dar, planejar cuidadosamente todas as etapas e entender que, mais importante do que viajar de qualquer jeito, é viajar com a consciência tranquila de que, na volta, não amargará prejuízos financeiros e prestações intermináveis, mas lembranças inesquecíveis e sorrisos felizes que irão estampar os álbuns de fotografia.

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Em excursão ou por conta própria? Na hora de decidir entre fazer uma viagem com uma excursão ou por conta própria (definindo tudo sozinho, sem interferências de profissional do ramo turístico), alguns fatores devem ser analisados. Compare os perfis abaixo e descubra que tipo de viajante você é. Se o seu objetivo, porém, é gastar pouco, a escolha é relativa. Muitas pessoas acreditam que viajar por conta própria é sinônimo de economia. Na prática, isso quase sempre é verdade. Mas fique atento: às vezes, alguns destinos tornam-se mais baratos quando conhecidos por meio de grupos. Pesquise e informe-se. Sua viagem terá início na hora em que você começar a sonhar com ela.

Viagem por conta própria é ideal para quem: Gosta de escolher o que deseja conhecer e fica muito chateado se alguém o interrompe quando está contemplando uma obra de arte ou monumento. Acredita que férias é um momento de viver mais lento, respirar melhor e não olhar para o relógio ou seguir compromissos e horários rígidos. Prefere visitar menos lugares, mas conhecer a fundo o destino desejado. Normalmente, sobretudo nas grandes cidades, a excursão passa de modo muito rápido nos monumentos, museus e pontos históricos. Indo por conta própria, o tempo e os passeios são planejados de acordo com o próprio ritmo.

Viagem em excursão é ideal para quem: Prefere tirar as férias para descansar completamente, sem se preocupar com roteiro, transporte e lugares para almoçar ou jantar, deixando essa tarefa para um profissional do ramo turístico. Gosta de fazer amigos e ter a companhia de um grupo fechado durante todos os lugares que visita para fazer comentários e trocar experiências. Prefere conhecer muitas cidades e atrações em pouco tempo, pagando um preço único de pacote e seguindo um roteiro pré-definido.


Dicas de um viajante O Participante Aluizio Caldas, engenheiro da Divisão de Engenharia Civil da Geração (DECG), é um viajante cheio de histórias para contar. Uma conversa sobre suas experiências de viagens pode ser bem longa, uma vez que o jovem profissional já acumula muitos quilômetros de experiências vividas em destinos variados.

24 · 27 26 25 “Comecei a viajar quando me formei, em 1998, e fui morar em São Paulo, por quatro anos, para fazer pós-graduação. Apesar do dinheiro curto da bolsa de estudos, viajava muito com os colegas da universidade para destinos baratos e próximos – e muito interessantes! – como Campos do Jordão, Búzios, Balneário Camboriú e Blumenau, e nunca mais parei. De lá pra cá, conheci diversas cidades. Hoje, como sou casado e tenho um filho, passei a programar as férias sempre junto com a minha família. Acredito que, em função da nossa cultura, formada principalmente num passado de inflação e salário curto, quando somente dava para pensar em pagar as contas, muita gente ainda entende que viajar é um tipo de lazer supérfluo e caro. Mas em decorrência da grande facilidade de pesquisarmos preços de deslocamentos e hospedagens, principalmente através da Internet, as viagens tornaram-se mais fáceis e baratas.

Sinto muito prazer em visitar os ambientes frequentados pela população comum das cidades e experimentar sua cultura e costumes. Tenho o hábito de conversar com as pessoas e sempre tomar café da manhã em um ambiente onde eu possa ler o jornal local, inteirar-me das notícias, discutir política e futebol. Essa é a melhor forma de conhecermos novas visões de mundo e as diferenças entre elas. Viagens mais curtas também fazem parte dos meus roteiros. Adoro viajar de carro, por dentro de Pernambuco ou para outros estados do Nordeste, repletos de praias e povoados muito bonitos, com pousadas simples, mas confortáveis e limpas, além de uma boa gastronomia. Um bom exemplo é sair do Recife em direção a Maceió pelo roteiro conhecido como Rota do Charme. Você dirige todo tempo próximo à praia e as paradas para refeições são excelentes”.

Planejando da forma correta, acho que é possível, sim, garantir alguns dias de descanso e diversão. Além disso, vale aproveitar os programas de fidelidade das empresas, que incluem resgate de passagens com milhas e pagamento de diárias com pontos, que proporcionam infinitas possibilidades à classe média. Percebo que muita gente gosta de acumular países e carimbos de passaporte. Outros preferem somar quilometragem em seu carro. Já outros não resistem aos famosos cartões-postais. No meu caso, gosto de ver a vida simples de cada lugar que visito e de vivenciar um verdadeiro intercâmbio cultural. Acho muito enriquecedor conhecer lugares que não são muito visitados pelos turistas e reservo pouco tempo para o que chamo de “visitas clichês”. O Participante Aluizio Caldas e sua esposa em uma das incontáveis viagens que realizaram juntos.


Planejamento Financeiro: quando o dinheiro ainda não é tão importante

Maria Elizabete Silva

isso. E nada é tão importante quanto um ambiente familiar em que os pais dão bons exemplos. Sem dúvida, a forma que a família se comporta impacta diretamente na formação do pensamento dos pequenos pois, ao se tornarem adultos, a tendência é que eles repitam o que presenciaram em casa. Se os pais preocupam-se muito com o que seus filhos vão ser quando crescer, devem pensar também na qualidade de vida que os jovens terão no futuro, inclusive para exercer a atividade que vierem a escolher.

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Sabemos o quanto é importante termos uma boa relação com o dinheiro, para melhor lidar com as situações que o crédito pode nos proporcionar e para evitar que problemas venham perturbar nossas noites de sono, a curto, médio ou longo prazo. Não há, porém, uma fase da vida específica para começar a pensar em planejamento financeiro. O melhor momento é sempre agora. É preciso, de alguma maneira, começar. Principalmente aqueles que travam uma luta contra a ansiedade e se deixam levar por ações impulsivas, comprando itens desnecessários que, fatalmente, culminarão em um sentimento de culpa e no aumento das dívidas. Existe, entretanto, uma fase da vida em que a preocupação com o uso racional dos recursos financeiros merece uma atenção especial: a chegada dos filhos. Afinal, para desenvolver desde cedo o senso de responsabilidade no uso do dinheiro, as crianças precisam ser educadas para

Cuidar das crianças visando evitar problemas futuros inclui atitudes familiares voltadas ao planejamento financeiro. É preciso mostrar a elas que os sonhos têm um tempo certo para serem realizados e que sempre haverá um determinado sacrifício hoje para que amanhã ou depois os retornos sejam muito mais relevantes. Ou seja, os métodos que a família utiliza para preparar melhor a criança somente alcançarão resultados positivos se os pais apresentarem exemplos de algo que só conseguiram adquirir com o ato de poupar. Nesse contexto, a criança deve ter clareza sobre as fontes de receitas que a família recebe, no sentido de melhor entender a utilização dos recursos e quais as vantagens de poupar hoje para gastar melhor amanhã. Nesse processo educativo, cabe também aos pais serem previdentes para com seus filhos, revertendo alguma renda para investimentos destinados especificamente ao futuro dos pequenos. Além disso, é fundamental que as crianças tenham total conhecimento do esforço realizado pela família para lhes garantir uma condição confortável e aprendam a dar valor aquilo que recebem. Seguindo esse pensamento, certamente os pais impedirão que seus filhos se transformem em meros sonhadores, em vez de realizadores, e garantam a sua qualidade de vida quando, enfim, virarem “gente grande”.


Você sabe administrar bem sua vida

financeira? 1. Nos últimos cinco anos, o seu patrimônio aumentou, diminuiu ou permaneceu o mesmo?

A Aumentou B Diminuiu C Permaneceu igual D Não sei dizer 2. Considerando apenas o dinheiro que você tem guardado hoje, por quanto tempo conseguiria sobreviver sem a entrada de novas receitas?

A Mais de um ano B Até um ano C De um a seis meses D Menos de um mês

3. Para conseguir realizar um bom planejamento financeiro, quais informações básicas devem constar no seu orçamento doméstico?

A Todas as receitas, despesas, dívidas e investimentos B Somente as despesas C Receitas e investimentos D Somente as receitas

4. O planejamento financeiro é um processo que deve ser:

Responda as perguntas a seguir e descubra se você está no caminho certo para uma vida financeiramente equilibrada hoje e no futuro.

A Mensal B Trimestral C Pontual, feito para atingir um objetivo específico (comprar uma casa ou um carro, por exemplo) D Desnecessário

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5. Ultimamente como você tem utilizado o seu salário?

A Pago as despesas mensais e invisto o que sobra B Pago as despesas do mês, mas não consigo poupar nada C Pago parte das despesas mensais e compro coisas que considero necessárias D Não consigo sequer pagar a metade de todas as minhas despesas mensais

6. Nos últimos 12 meses, quantas vezes você utilizou cheque especial ou atrasou algum pagamento?

A Nenhuma vez B Apenas uma vez

9. Qual é o percentual do seu salário comprometido com empréstimos, financiamentos e carnês?

A Até 10% B De 10% a 30% C De 30% a 50% D Acima de 50%

Parabéns, você faz parte de uma distinta minoria que tem controle sobre a própria vida financeira. Disciplinado, sabe se planejar cuidadosamente e tem foco na realização de seus sonhos e projetos. Continue assim e incentive seus familiares e colegas de trabalho a agir da mesma forma.

C Três vezes, no máximo D Mais de três vezes

7. O que você faz com os rendimentos extras (13°salário, PLR, diárias, etc.) que recebe?

A Analiso qual é o melhor investimento e aplico todo o dinheiro extra

Você está no caminho certo, no entanto não consegue ter total controle de suas finanças e ainda precisa fazer um efetivo controle de seu orçamento. Descubra onde estão suas maiores deficiências e observe que, com algumas correções no percurso e maior disciplina, seu dinheiro pode começar a render num ritmo maior que o atual.

B Separo a maior parte para pagar contas em atraso e coloco o que sobra numa aplicação segura C Realizo um sonho de consumo comprando algo que desejo muito D Não gosto de me planejar com antecedência; decido na hora o que vou fazer

Há vários aspectos a melhorar. É preciso organizar melhor sua vida financeira e ficar mais atento aos seus gastos mensais. Você é consciente dos seus problemas, mas não sabe muito bem como resolvê-los. Seria de grande utilidade procurar se educar financeiramente com leituras especializadas e conversar com colegas mais experientes. Comece agora mesmo.

8. Você acha que ainda é possível melhorar a forma como você cuida de suas finanças?

A Sim, sempre procuro aprender mais sobre finanças e aplicar no meu cotidiano B Talvez ainda precise melhorar um pouco C Estou plenamente satisfeito da forma como está D Não costumo pensar sobre esse assunto

Atenção! Você provavelmente tem sérias dificuldades de lidar com dinheiro e, por não se planejar, vive correndo atrás do prejuízo. Suas contas vivem no vermelho e isso o deixa ansioso e irritado na maior parte do tempo. Respire fundo e acredite que ainda é plenamente possível virar o jogo e viver com mais tranquilidade. Tome as rédeas da situação, converse com sua família e divida as responsabilidades. Chegou a hora de fazer mudanças radicais na forma como você ganha e gasta seu dinheiro.


Medicina Radioativa

uso na medida certa Sem qualquer sombra de dúvida, um dos maiores inventos da humanidade até hoje é a medicina radioativa e suas múltiplas aplicabilidades, a exemplo dos exames de raios-X e tomografias. Através desses procedimentos, equipes médicas podem diagnosticar precisamente graves enfermidades e problemas localizados, caminhando de forma mais precisa para a cura.


Apesar de tantos benefícios, a grande maioria das pessoas (e nesse grupo estão incluídos diversos profissionais de saúde) não está permanentemente alerta para os perigos provenientes dessa poderosa tecnologia que atua como uma potente ferramenta em prol da saúde, mas também pode causar danos irreversíveis ao organismo humano. Segundo o físico João Antônio Filho, doutor em Ciências e Tecnologia Nuclear e professor do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco, a orientação é que quanto menos exposição à radiação, melhor, uma vez que para doses abaixo de um certo limiar, o dano causado é meramente probabilístico. O cirurgião geral e auditor médico Garibaldi Quirino reforça esse alerta e diz que “temos que estar atentos; não que exames de raios-X causem leucemia, por exemplo, em pacientes submetidos às radições, mas tampouco são benéficos para o ser humano pelo seu efeito cumulativo. É preciso utilizá-los com muita racionalidade”, afirma. Em urgências e emergências brasileiras, os procedimentos que antecedem os exames radiodiagnósticos não contemplam questionamentos específicos sobre a carga de radiação que a pessoa recebeu ultimamente. O fato pode não refletir de modo imediato na saúde dos pa-

Garibaldi Quirino Auditor Médico

“Temos que estar atentos; não que exames de raios-X causem leucemia, por exemplo, em pacientes submetidos às radições, mas tampouco são benéficos para o ser humano pelo seu efeito cumulativo. É preciso utilizá-los com muita racionalidade.”

cientes, mas, por outro lado, simples perguntas prévias são capazes de evitar problemas graves no futuro dessas pessoas e até mesmo de suas próximas gerações. “Normalmente quem faz exames de raios-X não é questionado sobre o assunto; apenas as mulheres, sob a possibilidade de uma eventual gravidez. Os médicos precisam evitar maiores cargas de emissão radiológica para o paciente, solicitando exames estritamente necessários e, de preferência, informando-se sobre quantos procedimentos similares a pessoa foi submetida recentemente”, comenta o superintendente de Saúde da Fachesf, Geraldo von Sohsten.

Tecnologia Até a chegada dos aparelhos de ultrassom – que não emitem radioatividade – há cerca de 30 anos, o raio-X era a grande e maior tecnologia em termos de diagnóstico. Mesmo com o surgimento de novos métodos, esse tipo de exame continua sendo uma potente ferramenta médica, tendo passado, porém, a envolver questões de segurança como vazamentos de radiação ou problemas similares. Não era raro encontrar em alguns hospitais (sobretudo os públicos), até um passado recente, máquinas de raios-X obsoletas e danificadas. Atualmente, porém, devido à instalação dos processos de qualidade, essa é uma realidade ultrapassada, o que representa uma boa notícia tanto para os pacientes, quanto para os profissionais que trabalham diretamente com a radiação – estes, por exemplo, passaram a utilizar como controle um dosímetro de radiação que alerta quando a radiação a que estão expostos atinge um determinado índice. De acordo com João Antônio Filho, cuidados desse tipo garantem que casos de vazamento nos setores de radiodiagnóstico sejam muito raros, pois uma vez desligado, o aparelho não emite radiação ionizante. Por outro lado, o mesmo não se dá no manuseio de radionuclídeos, utilizados na Medicina Nuclear de forma líquida, cuja manipulação, ou uso indevido por profissionais não habilitados, pode acarretar sérios riscos de acidentes.


Geraldo von Sohsten Superintendente de Saúde Fachesf

“Os médicos precisam evitar maiores cargas de emissão radiológica para o paciente, solicitando exames estritamente necessários e, de preferência, informandose sobre quantos procedimentos similares a pessoa foi submetida recentemente.” Quando o limite de radiação para o ser humano é ultrapassado, ele torna-se sujeito a efeitos cujo aparecimento depende da quantidade de dose recebida. Esses limiares só ocorrem normalmente em situações de acidentes envolvendo materiais radioativos ou em determinados tratamentos radioterapêuticos. “Entretanto, independentemente do primeiro ou segundo caso mencionado, a manifestação desses efeitos pode ser de ordem somática, no indivíduo que foi exposto à radiação externa, e de ordem genética ou hereditária, aos descendentes de pessoas que foram expostas à radiação”, esclarece o físico. Os efeitos ou danos provenientes de doses elevadas, muitas vezes maior do que os limites estabelecidos pelas normas reguladoras, incluem queimaduras, tonturas, catarata, queda de cabelo e distúrbios do sistema nervoso central, entre vários outros, podendo chegar até a morte. As mulheres, particularmente, devem ser mais cuidadosas, evitando exposição em fase de reprodução, devido à alta sensibilidade do feto durante toda a gravidez, principalmente no início. Por fim, fica a preciosa dica para preservar a sua vida e sua saúde: os exames radiodiagnósticos são certeiros, precisos e muito importantes, mas realize-os com racionalidade. Pergunte ao seu médico sobre a real necessidade dessa exposição e procure lembrar da carga radioativa a que você esteve exposto recentemente. Uma simples informação pode garantir o seu bem-estar e muitos anos de vida.

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Um vilão anda à solta:

Há alguns anos, ser uma criança gordinha, com as bochechas rosadas e várias dobrinhas pelo corpo, era considerado sinal de saúde. Hoje, porém, a condição de estar acima do peso deixou de ser orgulho para os pais e passou a ser uma preocupação. Se entre os adultos, a obesidade já é avaliada como caso de saúde pública, para os pequenos, a doença ganhou status de epidemia, não só no Brasil, como em vários países do mundo.


De acordo com estatísticas da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada dez crianças no mundo é obesa. No Brasil, os dados apresentam grande crescimento da doença ao longo dos últimos anos e são considerados preocupantes pelos especialistas. Estudos do Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos da Pesquisa de Orçamentos Familiares – conduzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2008 e 2009 – apontaram que um total de 33,5% das crianças entre cinco e nove anos estão acima do peso, tendo 14,3% apresentado grau de obesidade. Quando comparado com os dados da mesma análise realizada na década de 1970, verificou-se que, naquela época, apenas 2,4% das crianças nessa faixa etária era obesa. Para chegar a esses números, o IBGE considera índices de altura e IMC (Índice da Massa Corporal) para cada idade e compara os resultados com os padrões limites indicados pela OMS. A situação soa como um alerta e merece ser tratada com atenção pelo Governo e pela sociedade, uma vez que a obesidade não distingue classe social, nacionalidade ou idade, e vai além de meras questões estéticas: muitas vezes subestimado, o excesso de peso está atrelado a outras doenças que estão sendo verificadas precocemente entre os menores. O endocrinologista e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Luciano Teixeira, explica que as crianças obesas estão apresentando, cada vez mais, casos clínicos tipicamente observados em adultos, como doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial. Segundo ele, mesmo quando os pequenos não apresentam tais agravamentos, as chances de desenvolver problemas dessa natureza durante a fase adulta crescem consideravelmente. “É muito provável que uma criança obesa torne-se um adulto obeso, o que fatalmente exigirá dele um cuidado redobrado quanto aos males e complicações que surgem associadas à doença. Pesquisas já indicam, inclusive, uma maior propensão ao câncer entre obesos”, alerta o médico. Indo mais a fundo na questão, é preciso ter em mente que os efeitos prejudiciais da obesidade

não se restringem à parte física e podem ocasionar ainda grandes danos psicológicos, uma vez que crianças com excesso de peso, não raro, são vítimas de discriminação nos ambientes que mais frequentam, como escola, clubes e vizinhança. A exposição a esse tipo de situação cria um cenário propício para que os mais jovens sintam-se isolados e desenvolvam quadros de depressão, baixa autoestima e ansiedade. Pesquisa realizada pela International Association for the study of Obesity (Associação Internacional para o Estudo da Obesidade) indica que mais de 50% das crianças acreditam que a obesidade é algo que está sob o controle da pessoa, o que reforça a associação da doença a estereótipos negativos, como a preguiça. Este tipo de preconceito acaba por criar um estado ainda mais perigoso, pois muitas vezes, quando psicologicamente abalados, obesos tendem a comer mais, como uma espécie de compensação pelo sofrimento.

Influências São diversos os motivos pelos quais uma criança pode tornar-se obesa. Cada pessoa possui uma genética e metabolismo diferenciado e isso poderá influenciar no desenvolvimento de alguns transtornos alimentares. No entanto, a alimentação e o estilo de vida são os principais aspectos relacionados a problemas com a balança antes da adolescência.

Luciano Teixeira Endocrinologista

“É muito provável que uma criança obesa torne-se um adulto obeso, o que fatalmente exigirá dele um cuidado redobrado quanto aos males e complicações que surgem associadas à doença.


Para a nutricionista Cristiana Menezes, especialista em nutrição infantil, a obesidade inicia-se, via de regra, nos primeiros anos de vida da criança, pelos excessos na alimentação, tanto na quantidade, quanto na frequência, ou pelo desequilíbrio nos grupos alimentares. Muitos fatores interferem nessas escolhas: onde comem, os itens que os pais trazem para casa, o que é servido nas escolas e, claro, o que elas desejam. A mídia também contribui de forma incisiva para esse problema. Basta passar alguns minutos em frente à televisão para constatar o grande número de inserções comerciais que vendem cereais açucarados, sorvetes, doces e guloseimas ricas em gordura (e pobres em nutrientes) para um público facilmente influenciável pelo que vê na telinha. Estudo divulgado em 2007 pela Henry J. Kaiser Family Foundation, entidade americana sem fins lucrativos, observou que crianças entre 2 e 7 anos de idade assistem a uma média de 12 anúncios de comida na televisão por dia, ou 4.400 por ano. Crianças entre 8 e 12 anos veem uma média de 21 por dia – mais de 7.600 por ano. Para adolescentes, os números são 17 por dia, ou mais de 6 mil por ano. Metade de todo esse tempo de publicidade nos programas voltados para crianças é dedicado a comidas. E com um agravante: a maioria dos produtos veiculados é de alimentos que os nutricionistas, grupos de monitoramento e órgãos do governo sustentam que devem ser consumidos em moderação ou ocasionalmente em pequenas porções, alerta a fundação. Como, no entanto, os pais podem ter certeza de qual refeição é a mais adequada e qual pode levar à obesidade? Os tipos de comida e os momentos em que esses serão ingeridos devem ser os principais fatores a ser observados. O ideal é que a criança faça refeições completas, três a quatro vezes ao dia, intercaladas por lanches saudáveis. A nutricionista enfatiza ainda a importância na diminuição da ingestão de alguns alimentos que podem ser considerados os grandes vilões da obesidade infantil, como biscoitos recheados, fast-food, refrigerantes, sucos adoçados com excesso de açúcar, frituras e molhos gordurosos. A variedade e a inserção de uma dieta rica e saudável desde a infância também são fundamen-

Cristiana Menezes Nutricionista

“A obesidade inicia-se, via de regra, nos primeiros anos de vida da criança, pelos excessos na alimentação, tanto na quantidade, quanto na frequência, ou pelo desequilíbrio nos grupos alimentares.”

tais para a criação de bons hábitos na mesa. De acordo com o documento Normas Alimentares para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos, elaborado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), os pequenos aprendem a gostar de alimentos que lhe são oferecidos com frequência e da maneira como lhe foram apresentados inicialmente. Assim, se é desejável que a criança – e mais tarde o adulto – aprecie opções com baixos teores de açúcar ou sal, os itens novos inseridos em sua rotina devem igualmente conter baixo nível desses componentes, pois, uma vez acostumada, ela tende a rejeitar outras formas de preparação.

Tratamento A melhor forma de lidar com a obesidade infantil é controlando a questão desde cedo. Nesse sentido, o papel dos pais é fundamental, pois a criança certamente só fará aquilo que ambos permitirem, e cabe a eles dar o exemplo, não apenas proibindo os filhos do que devem ou não comer, mas adotando também bons hábitos alimentares. E isso inclui uma dieta rica em frutas, verduras, cereais e fibras, associada a um consumo moderado dos itens que pesam negativamente na balança, como produtos a base de açúcares e gorduras saturadas. “Pais e mães ativos e com peso adequado devido a uma alimentação equilibrada tendem a evitar o

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sedentarismo infantil e são, em geral, mais cuidadosos na seleção das compras no supermercado e preparação dos alimentos”, acrescenta Cristiana Menezes, que lida com nutrição infantil há 15 anos. O ambiente escolar também deve ser observado com atenção, pois é o local em que as crianças passam boa parte do dia e onde lanches e guloseimas costumam ser vendidas sem maiores controles. Pais devem se informar nas instituições sobre o acesso a esse tipo de alimento e acompanhar de perto a utilização de mesadas para adquirir doces e salgadinhos em excesso.

A prática de esportes e de atividades lúdicas como dança e teatro, são essenciais para combater o sedentarismo e a obesidade em crianças Por fim, vale ressaltar a importância dos exercícios físicos constantes, da prática de esportes e de atividades lúdicas como dança e teatro, essenciais para evitar o sedentarismo e, consequentemente, a obesidade em crianças. Quando o pequeno, no entanto, já está obeso, o tratamento para emagrecer é mais complexo. O endocrinologista Luciano Teixeira orienta que é necessário enfrentar o problema com o auxílio de uma equipe médica, formada por endocrinologista, nutricionista, psicólogo e especialista em educação física. Juntos, os profissionais estabelecem um programa de reeducação que envolve a situação como um todo, trazendo a criança de volta à forma física ideal sem sofrimentos ou métodos agressivos. E não custa nada alertar: remédios e intervenções cirúrgicas, como redução de estômago – hoje bastante frequentes no tratamento de obesos adultos – estão totalmente descartados. Com paciência, disciplina e apoio, não será tão doloroso para a criança se livrar dos quilos a mais.

UPE

Programa para jovens obesos O Departamento de Educação Física da Universidade de Pernambuco (UPE) lançou, no início deste ano, um programa bastante interessante para jovens que pretendem se livrar da obesidade. Totalmente gratuito, o projeto inscreve adolescentes, de 13 a 18 anos, com peso até 120kg, para serem tratados por uma junta multidisciplinar, formada por profissionais da área de nutrição, psicologia e endocrinologia. A única restrição para se inscrever no programa é não ser portador de nenhuma doença decorrente da obesidade como diabetes, hipertensão arterial ou síndrome metabólica. O intuito do projeto é não apenas ajudar os jovens a readquirir a forma física ideal, mas estimular hábitos mais saudáveis para toda vida. As inscrições para o próximo grupo serão abertas em 2012.


A palavra de ordem para evitar a obesidade é a prevenção Amamentação. A mãe que está amamentan-

do deve redobrar os cuidados nas refeições e evitar alimentos que sejam indesejáveis para a criança no futuro, pois é através do leite materno que o bebê adquire suas primeiras percepções de paladar.

Variedade

. A monotonia na alimentação faz a criança rejeitar alimentos novos, passando a considerá-los ruins. Variar o que é colocado no prato ajuda a driblar essa ideia.

Exercícios. Mesmo que a criança coma bastan-

te, quando a atividade física é frequente, ela tende a metabolizar melhor o alimento que ingere.

Escola. Os alimentos fornecidos nas cantinas escolares são, geralmente, contra-indicados pelos nutricionistas. Levar o lanche de casa, sempre acrescentando uma fruta, é a melhor opção.

Frequência

. Não permita que a criança fique mais de três horas e meia sem comer. O ideal é fazer entre três e quatro refeições diárias, com lanches intercalados.

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Por uma vida mais saudável Acompanhe o depoimento de pessoas que encararam de frente o problema da obesidade e estão aprendendo a trilhar novos caminhos para uma vida saudável e feliz.

Amanda e Severina Alves “Minha filha Amanda foi um criança que sempre teve problemas com a alimentação. Como ela não gostava de qualquer tipo de comida, eu acabava sempre comprando o que pedia, porque acreditava que, pelo menos assim, ela se alimentava. Hoje sei que foi um erro, mas, achava que estava fazendo apenas o melhor. Com o tempo, os quilos extras foram se acumulando. Com apenas cinco anos de idade, surgiram os primeiros problemas de saúde: pressão alta, dores de cabeça e olhos sempre vermelhos. Procuramos um pediatra e, após alguns exames, foi detectado que ela precisaria urgentemente de uma mudança na dieta. Na época, seu cardápio era recheado de muitos doces, chocolates e salgadinhos, e quase nenhuma fruta ou verdura. Aos dez anos, tentei colocá-la em um programa de prevenção a saúde para pacientes hipertensos e diabéticos. A Fachesf nos deu todo o apoio, mas Amanda não se adaptou e pediu para sair. Começou então minha luta. Tentei várias vezes conversar com ela e mostrar-lhe as implicações de saúde que teria no futuro, mas não adiantava. Parei até mesmo de comprar guloseimas para nossa casa, mas meu outro filho, que não tem problemas de peso, sentia-se prejudicado. No meio disso tudo, eu sofria muito, porque via minha filha com a autoestima baixa e não podia fazer mais nada. Foi quando buscamos ajuda com uma psicóloga e eu entendi que, em primeiro lugar, o desejo real de emagrecer devia partir dela. Aos 15 anos, quando já era uma adolescente, finalmente, ela topou participar de um

programa oferecido pela Universidade de Pernambuco (UPE), voltado para o emagrecimento de jovens da idade dela, com o qual se sentiu bastante motivada. Após oito meses, podemos ver os resultados positivos aparecendo: Amanda já conseguiu perder peso e está muito animada; inclusive, tem ajudado a mudar a rotina alimentar da nossa família, pois aprendemos juntas a selecionar melhor o que levamos à mesa e a cuidar melhor da nossa saúde.”

Severina Alves Lemos Gomes Participante · Recife/PE

“Quando era criança, nunca me senti mal por conta do meu peso. Só quando fiz 15 anos, passei a me incomodar com isso e resolvi que iria emagrecer. Comecei a fazer umas dietas malucas e a caminhar todos os dias. Mas acabava sempre me chateando e desistia do regime; voltava a comer sem controle e engordava de novo tudo o que tinha perdido. Quando entrei no programa da Universidade de Pernambuco, entendi que, até então, tinha feito tudo errado. Para uma pessoa perder peso de verdade, é preciso ter iniciativa e aprender a se reeducar de forma saudável. Eu, por exemplo, hoje como frutas, verduras e fibras, bebo bastante água e consigo controlar a ansiedade por doces e frituras. Mas não passo fome nem vontade; procuro me alimentar de forma normal e, inclusive, gosto de massas e refrigeran-


te. Mas aprendi a comer com moderação e equilíbrio. Se exagero um pouco mais em um dia, no outro, controlo a ansiedade. Com os profissionais do programa, aprendi também a ler os rótulos dos alimentos e a prestar atenção principalmente na quantidade de gordura saturada, que faz muito mal para a nossa saúde. Minha rotina agora inclui exercícios físicos regulares e aulas de educação física no colégio. Percebo claramente que já não me canso tanto quanto antes. Para acompanhar a evolução do meu tratamento, faço exames periódicos e fico muito feliz quando vejo que estou melhorando. Cada quilo perdido é uma festa! Acho que estou mais bonita e vaidosa.”

Amanda Lemos Gomes – 16 anos Dependente de Severina Alves Lemos Gomes “Samuel foi um bebê gordinho, mas nada que chamasse a atenção. Seu problema com o peso começou na infância devido a uma asma que ele desenvolveu, seguindo a genética da família paterna. Desde pequeno, ele foi submetido a uma série de tratamentos e tomou muita medicação do tipo corticóide, que fez com que engordasse bastante. Somado a isso, veio a mudança na alimentação; por conta dos remédios, ele sentia mais fome e queria comer tudo o que tinha vontade. Em casa, nós tentávamos controlar os doces e frituras, mas quando ele ia para a escola, não tínhamos mais como acompanhá-lo. Era nessas horas que ele consumia as guloseimas que todas as crianças gostam. Aos sete anos, procuramos um endocrinologista, que nos alertou para o aumento nas taxas de colesterol, triglicerídeos e ácido úrico, e o encaminhou para uma nutricionista. Tivemos a sorte de encontrar uma profissional excelente, que estudou o caso dele e receitou uma

Com os profissionais do programa aprendi a ler os rótulos dos alimentos e prestar atenção na gordura saturada. 40 · 41 dieta especial, considerando inclusive as implicações da asma, pois a ingestão contínua dos medicamentos somente piorava o acúmulo de peso. Apesar da boa vontade de Samuel de colaborar para que o tratamento desse certo, às vezes ele não conseguia segurar a ansiedade. Mas, graças a Deus, os problemas respiratórios foram controlados e ele começou a se sentir mais disposto. Até que no início deste ano, já um adolescente, ele viu na TV uma matéria sobre o programa de emagrecimento da Universidade de Pernambuco e pediu para se inscrever. Lá ele aprendeu a escolher cuidadosamente o que leva à mesa, passou a prestar bastante atenção nos rótulos dos produtos e não sofre nem mesmo em festas, quando se comporta sem excessos alimentares. Estou muito satisfeita, pois vejo as transformações do meu filho acontecendo naturalmente. Se antes ele não conseguia subir uma pequena rampa sem cansar, hoje sua disposição está muito melhor. Além disso, percebo que está mais maduro e confiante. Não quero que ele seja um magricelo, mas que seja saudável e tenha boa qualidade de vida. Para isso, acho que é fundamental o apoio dos pais”.

Maria Luíza Vasconcelos – esposa do Aposentado Severino Ramos Vasconcelos e mãe de Samuel Vasconcelos

Maria Luíza Vasconcelos


Esse tema foi sugerido pela Participante Josélia Pereira de Lima, de Paulo Afonso (BA).

Conhecendo a Retocolite Ulcerativa Sofrer de problemas intestinais é uma realidade comum para milhares de brasileiros. O que a maioria não sabe, no entanto, é que existem algumas Doenças Inflamatórias Intestinais que merecem um cuidado especial. A Retocolite Ulcerativa (RCU) é uma delas. Embora não haja uma estatística exata de quantas pessoas são atingidas pela patalogia, já existem grupos de estudo especializados que buscam tratamentos alternativos para atender melhor aos pacientes acometidos pela doença. Para esclarecer o que é a RCU, suas implicações e tratamento, a Conexão Fachesf conversou com o gastroenterologista José Roberto de Almeida. 1. O que é Retocolite Ulcerativa? Retocolite Ulcerativa (RCU) é uma doença inflamatória crônica do intestino, de característica multifatorial, ou seja, ocorre sem uma causa específica, embora estudos apontem um componente genético. Acomete homens e mulheres de qualquer faixa etária, sendo predominante na fase jovem adulta (entre 20 e 40 anos), considerado o primeiro pico da doença, podendo ocorrer também entre 60 e 80 anos (segundo pico). Caracteriza-se por um processo de inflamação que se inicia no reto e passa por todo o intestino, onde as inflamações e as úlceras se formam. 2. Quais são os principais sintomas da doença? O principal sintoma é a diarreia persistente. O paciente com RCU faz cerca de dez evacuações diárias, com ou sem sangue e, algumas vezes, seguidas de muco ou pus. Também são comuns manifestações extra-intestinais como febre, cólica, anemias e artropatias (dores articulares). 3. Como a RCU é diagnosticada? A melhor forma de diagnosticar um paciente com Retocolite Ulcerativa é através do exame clínico realizado por um gastroenterologista, auxiliado por métodos complementares como o exame endoscópico (colonoscopia) e histológico. 4. Existe cura para a patologia? Ainda não temos registro de cura verdadeira para a Retocolite Ulcerativa. Mas existe uma série de drogas que ajuda o paciente a suavizar os sintomas da doença, que pode ficar em “descanso” por grande período de tempo.

5. Já que se trata de um problema intestinal, existe algum tipo de orientação alimentar apropriado? Pacientes com RCU devem ser acompanhados por um nutricionista ao longo do processo de tratamento. A dieta é de suma importância quando a doença está em sua fase crônica, ou seja, adormecida. O controle do consumo de enlatados, leite, condimentos e bebidas fermentadas, por exemplo, é um grande facilitador para fazer com que a doença continue controlada. 6. Existem níveis diferentes da doença? Sim. A Retocolite Ulcerativa é separada em três níveis, classificados de acordo com a intensidade dos sintomas. Nos casos leves e moderados, são controlados por medicamentos. Já para alguns casos mais graves, o paciente pode se submeter a uma cirurgia no intestino. Mas isso só acontece quando ele está na condição de refratário, ou seja, não apresentar melhoras com o uso de medicamentos e possuir complicações graves. 7. Qual a diferença entre a Retocolite Ulcerativa e a Doença de Crohn, ambas caracterizadas por problemas intestinais? Embora ambas sejam doenças inflamatórias intestinais e apresentem o mesmo quadro de sintomas (diarréias, problemas extra-intestinais, artropatias, etc.), o que as diferencia é o fato de a Retocolite Ulcerativa atingir o intestino em um processo contínuo, enquanto a Doença de Crohn permite um espaço entre as lesões.

José Roberto de Almeida José Roberto de Almeida é gastroenterologista, membro-titular e presidente eleito para o próximo biênio da Federação Brasileira de Gastroenterologia, além de professor da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE e da Universidade de Pernambuco - UPE.

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Você tem alguma dúvida sobre questões de saúde? Mande um email para conexao@fachesf.com.br.


Rio-São Paulo: uma ponte aérea para o Recife Apesar de ser conhecida como uma empresa genuinamente nordestina, o alcance da Chesf extrapola os limites da região. Nesse movimento, chesfianos de todas as idades se espalham por diversas cidades do Brasil, concentrando-se principalmente no eixo Rio-São Paulo, para onde se dirigem frequentemente ou estabelecem residência fixa após a aposentadoria.

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Como uma forma de oferecer suporte a esse grupo de Participantes, a Fachesf mantém, nessas duas capitais, Agências descentralizadas, capazes de oferecer um atendimento personalizado e completo, englobando todos os serviços e produtos, de previdência à saúde.

Segundo o gerente da Central de Relacionamento, Valcenir Lisboa, responsável pela gestão de todas as Agências da Fundação, a presença de uma unidade da Fachesf especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo representa uma segurança aos Participantes, por se tratar de importantes centros de desenvolvimento do País, que atraem diariamente centenas de pessoas, seja por motivos de serviço, férias ou tratamento de saúde. “É fundamental, portanto, que a Fachesf esteja presente, oferecendo o apoio necessário para que nenhum Participante ou dependente sinta-se perdido”, explica.

Rio de Janeiro No Rio de Janeiro, a história da Agência FARJ mistura-se à própria história de criação da Chesf, pois foi na capital fluminense, na década de 1940, onde se lançaram os pilares do que viria a ser a primeira hidroelétrica nordestina. Foi lá também que, em 1972 surgiu a Fachesf, cuja primeira sede estava localizada na Rua do Acre, no centro da cidade. Três anos depois, quando a Fundação foi transferida para o Recife (PE), a FARJ passou a funcionar no endereço em que permanece até hoje, na Rua Visconde de Inhaúma, sala 134, Centro. Por ser uma cidade que funcionou durante muito tempo como forte unidade de negócios para a Chesf (atuando principalmente no setor de compras e suprimentos), o Rio de Janeiro tornou-se o lar de dezenas de empregados da Companhia que, mesmo após a aposentadoria, optaram por permanecer no local. Isso explica o grande número de Participantes que até hoje moram na região: aproximadamente 140 Aposentados e Pensionistas (e seus dependentes), além de cerca de 20 Ativos, que atuam não somente na Chesf, mas cedidos em empresas como Eletrobras e Furnas. Para Roberto Santanna, agente da Fachesf há 11 anos, a FARJ representa não somente o lu-

gar onde esses Participantes recorrem para resolver pendências sobre previdência, empréstimos, seguro de vida, reembolsos e saúde, mas também um espaço onde eles são acolhidos longe de sua cidade de origem. “Os Aposentados e Pensionistas lotados aqui, por exemplo, veem a Agência como um elo de continuidade com a Chesf, instituição da qual sentem saudade e eterna gratidão, e com a própria Fachesf, da qual muitos sentem orgulho de hoje serem sócio-fundadores”, conta. Além dos Participantes que moram na região metropolitana, o Rio de Janeiro recebe diariamente a visita de Participantes vindos de diversos municípios do País. Os motivos de viagem mais frequentes decorrem de férias e tratamentos de saúde, uma vez que a cidade é um importante pólo médico do Brasil. Para esses visitantes, ter uma unidade de apoio da Fachesf é uma espécie de porto-seguro, pois lhes dá a garantia de assistência rápida e eficiente. Segundo o agente, esse tipo de relacionamento é o diferencial entre um atendimento-padrão e um atendimento personalizado, focado diretamente nas necessidades de cada indivíduo. Além disso, trata-se de uma excelente oportunidade para criar uma maior aproximação entre a Fachesf e os Participantes e ajudar a difundir sua Missão, Visão e Valores.


No quesito saúde, cabe também aos agentes o papel de acompanhar os beneficiários em tratamento na cidade, agilizando a liberação de autorizações e dando todo o suporte junto à rede conveniada. “Tento monitorar tudo o que acontece para garantir que o Participante ou seu dependente tenha uma assistência adequada”, exemplifica Roberto Santanna.

São Paulo O acompanhamento nas questões relativas à saúde é o principal serviço prestado pela Fundação na cidade de São Paulo (FASP), que existe desde o início dos anos 1970 e funciona dentro do escritório da Chesf, na Alameda Santos, 1800. Os avançados recursos médicos existentes na cidade atraem mensalmente centenas de Participantes, que chegam em busca de tratamentos especializados, exames e cirurgias. Prova disso é o fato de mais de 90% dos atendimentos realizados nessa Agência estar relacionados a problemas de saúde. Esse perfil de público exige um tipo de atendimento que vai além da simples resolução de problemas burocráticos, pois envolve situações que remetem a sentimentos de fragilidade. “Por estarem mais sensíveis, esses beneficiários têm necessidade de uma assistência até mesmo emocional”, diz Nathalia Medeiros, agente da FASP desde 2004. Quando a ida à capital paulista decorre de motivos de saúde, o atendimento começa com o

O agente tem importante papel de agilizar e liberar os processos em tempo hábil. Participante ainda na sua cidade e faz o primeiro contato com a FASP. A partir daí, a agente auxilia na indicação de médicos e clínicas especializadas e no agendamento de consultas e exames realizados através do contrato de reciprocidade com a Fundação Cesp. Cuidados desse tipo transmitem ao Participante a segurança de poder contar com o suporte da Fachesf, independentemente de onde ele esteja. “Sempre que possível, tento ajudar inclusive na busca por hotéis bem localizados que facilitem seu deslocamento aos hospitais e clínicas. Imagino que, para muitos, ir até uma grande metrópole, como São Paulo, em busca de ajuda médica é uma situação bastante delicada e inspira uma atenção especial”, explica Nathalia Medeiros, que se diz apaixonada pelo que faz. O relacionamento com a Fundação Cesp, inclusive, faz parte das suas atribuições no sentido de estabelecer uma parceria com a instituição, uma vez que é grande o número de beneficiários que chegam a São Paulo sem a devida solicitação prévia necessária para a utilização dos serviços médicos. É nesse momento que entra o importante papel da agente, agilizando a liberação dos procedimentos em tempo hábil. Mas vale lembrar que, antes de viajar, – ainda que em razão de férias – o Participante deve entrar em contato com a Central de Relacionamento e solicitar autorização para uso da rede de reciprocidade da região. Essa prática assegura que, se houver algum caso de urgência, ele seja atendido rapidamente nas clínicas e hospitais locais. Além de razões relacionadas às questões de saúde, a cidade de São Paulo também recebe uma grande quantidade de visitantes que vão à capital paulista a serviço. Por estar localizada próxima à Avenida Paulista, um dos maiores centros financeiros e de negócios de todo o mundo, há um grande fluxo de Participantes e a FASP cumpre importante papel prestando um atendimento de excelência, conveniência e praticidade.

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“Em 2008, meu marido precisou se submeter a um tratamento de saúde em São Paulo. Foi nesse momento difícil que pudemos contar com a eficiência, agilidade e humanidade no atendimento da FASP. Tudo o que precisamos foi resolvido com muita rapidez, não deixando nada a desejar. É muito bom saber que temos com quem contar em momentos delicados e ainda por cima longe dos nossos familiares.” “Sempre que precisei da FASP, fui muito bem assistido. Posso dizer até mesmo que a agente Nathalia Medeiros já faz parte da minha família, pois me visita quando estou internado, telefona para saber como estou e resolve diversas pendências ligadas ao atendimento de saúde. Só tenho a agradecer pelo apoio e conforto recebido em alguns momentos bastante angustiantes pelos quais passei”.

Zoé Francelino Lima

Aposentado – São Paulo (SP)

FASP

Lucineide Maria Santos Lira Rego Pensionista – Recife (PE)

“Solidariedade e eficiência são as palavras que posso utilizar para descrever o atendimento que recebi da FASP durante os dez meses que permaneci em São Paulo para o tratamento de câncer da minha esposa. A agente Nathália Medeiros extrapola todos os limites possíveis para bem servir as pessoas que dela precisam e posso dizer que ela é uma grande amiga das horas incertas.”

Zacarias Bezerra Cavalcanti Aposentado – Recife (PE)


FARJ “Agradeço muito a Fachesf pela existência da FARJ. Só tenho elogios para fazer ao trabalho da Agência, onde tudo funciona corretamente, de forma transparente e com um atendimento direto e humanizado, fazendo-se o máximo para conciliar as regras da empresa com o bem estar do Participante. Essa unidade da Fundação é essencial para nós, que moramos distante do Recife.”

Maria José Ferreira Costa “É essencial para nós, aposentados, que precisamos tratar com mais cuidado da nossa saúde, termos uma base que nos auxilie na resolução de problemas que possam aparecer. Já tive câncer de mama e fui muito bem assistida pela FARJ em todas as fases da minha doença. Foi um apoio essencial em um momento delicado da minha vida. O agente Roberto Santanna é uma pessoa abençoada, que trabalha sempre com muito amor e paciência.”

Pedrina Groetaers dos Santos Aposentada – Rio de Janeiro/RJ

Aposentada – Rio de Janeiro/RJ

“Como o Rio de Janeiro atrai muitos Participantes durante o ano inteiro, é muito importante a manutenção de uma Agência da Fachesf na cidade. Todos nós, principalmente quando estamos longe de nossas famílias, gostamos de ter um atendimento personalizado. E na FARJ, posso dizer que me sinto em casa. Utilizo a Agência inclusive como ponto de encontro com outros Aposentados para conversarmos sobre nossa Fundação”.

Geliton Pereira da Silva Aposentado – Rio de Janeiro/RJ

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Você já passou pelo desconforto de precisar com urgência de um documento importante e não conseguiu encontrá-lo? Ou de um número de telefone que não lembra onde anotou? E daquela Nota Fiscal do produto que precisa ser levado à assistência técnica? Situações como essas são comuns no dia a dia de muita gente. Mas para que você não perca oportunidades, tempo ou dinheiro, está na hora de começar a se organizar melhor.


Não tenho tempo para me organizar. Sei me organizar, mas depois de um tempo tudo volta ao normal. Sou organizada, mas meu marido, não. Organizo tudo e meus filhos desarrumam logo em seguida. Não tenho espaço em casa. Não tenho um lugar ideal para guardar e organizar os meus documentos.

Frases como essas costumam ser usadas como desculpa pela maioria dos desorganizados de carteirinha; pessoas que não possuem o hábito de manter em ordem pertences e documentos pessoais e assumem uma espécie de caos como algo inerente as suas vidas, adotando o lema de que são capazes de encontrar tudo o que precisam no meio da bagunça e, por essa razão, detestam que tirem qualquer coisa do lugar. Ainda que nem elas mesmas saibam exatamente que lugares são esses. A situação complica quando a falta de arrumação inclui papéis e documentos, afinal, esse costume pode trazer – além de um grande desperdício de tempo na busca de algo importante – prejuízos para o bolso. Nessa categoria, estão os indivíduos que, por exemplo, atrasam datas de pagamento devido à perda de faturas, pagam contas em duplicidade (e amargam as dificuldades burocráticas de ter seu dinheiro de volta) ou arcam com as taxas exigidas para a retirada de segunda via de documentos. Para quem consegue administrar tudo isso de forma tranquila e disciplinada, não há razões que expliquem tanta desorganização. Já para quem está do outro lado, organização demais pode ser encarado como o sintoma número um dos chatos de plantão. Diante desse impasse, o ideal é que haja um equilíbrio entre os dois lados, de modo que a pessoa não corra o risco de se tornar um bagunceiro compulsivo, nem um neurótico por arrumação. Não existem, no entanto, fórmulas ou receitas prontas para manter os pertences pessoais ordenados. É preciso que cada um desenvolva um método adequado para si, sem que isso se torne mais uma tarefa pesada e chata para o dia a dia. Segundo Marcília Gama da Silva – doutora em história, especialista em arquivologia e consul-

Marcília Gama Consultora de Gestão Documental

“Basta ter em mente que a situação instalada é fruto de uma cultura do ‘deixa para depois’, cuja prática não permite encarar a matriz do problema de forma simples, responsável e continuada. ” tora da área de gestão documental – o mais importante é reconhecer o problema antes de tudo. “Basta ter em mente que a situação instalada é fruto de uma cultura do ‘deixa para depois’, cuja prática não permite encarar a matriz do problema de forma simples, responsável e continuada. Após assumir a desorganização, fica mais fácil tomar alguma atitude e virar o jogo”, explica.

Na Prática Quando se trata de documentos, o primeiro passo é encontrar um espaço onde esses poderão ser armazenados; valem gavetas, armários ou estantes, tanto no ambiente de trabalho, quanto em casa, desde que o local seja de fácil acesso e de rápido alcance. Na hora de arquivar os documentos, uma ordenação prática e simples, por assunto e data, garante rapidez na solução de problemas do cotidiano causados, por exemplo, por operadoras de celular e cartões de crédito, companhias telefônicas, entre outros serviços – campeãs nas queixas dos usuários a respeito de cobranças indevidas. Marcília Gama esclarece também que é importante observar a natureza dos papéis e o tempo em que é necessário mantê-los guardados, para o caso de consultas esporádicas. “Existe uma chamada Tabela de Temporalidade que determina o prazo que cada documento deve ser ar-

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quivado ou descartado. Para as pessoas físicas, a maioria das contas, como luz, água, telefone e planos de saúde, deve ser conservada por um período de cinco anos, a partir da data do vencimento”, esclarece. Uma dica importante para tentar evitar um acúmulo de papéis é ficar atento às correspondências que algumas empresas e bancos fornecem ao final de cada ano, informando sobre a quitação dos débitos referentes ao ano em curso. Esse documento substitui todos os comprovantes de pagamento anteriores e, com isso, permite que seja realizada uma boa limpeza anual para descartar o que já não é mais necessário. Na hora da faxina, porém, é muito importante ter o máximo de cuidado e segurança. O perigo está em jogar fora documentos que forneçam dados pessoais importantes – tais como contracheques, extratos bancários e cartas – que, caso caiam em mãos erradas, revelem informações sobre sua vida privada, seu trabalho e sua rotina. Antes de descartá-los, rasgue-os em pedaços pequenos ou utilize fragmentadores de papel, de modo que a leitura ou junção se torne impossível. Com alguns cuidados e um pouco de disciplina, é possível manter tudo em ordem, sem transformar o hábito em mais uma chata obrigação e, de quebra, ainda poupar tempo para atividades bem mais interessantes que sair em busca de um documento perdido.

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passos para uma boa organização

Local · Escolha uma área específica para

arquivar seus documentos, mesmo que seja apenas uma gaveta.

Divisão por assuntos

· Separe seus documentos por assunto (casa, saúde, pessoal, finanças, etc) e itens (luz, água, IPTU, condomínio, escola, carro, seguros, etc.). O ideal é que o arquivo seja feito em pastas com divisórias. Utilize um arquivo “Diversos” para itens que não se encaixam em nenhuma categoria.

Atualização · Arquive seus documentos recentes pelo menos uma vez por semana.

Lixo

· Revise periodicamente seu sistema de arquivamento e jogue fora os itens que não precisa mais. Também fique atento para os papéis pessoais que descarta no lixo, pois podem conter informações que, em mãos erradas, colocaria em risco a sua intimidade e segurança.

Filhos · Tenha uma pasta para cada filho, com nome completo e toda a documentação referente a ele.

Família

· Oriente todos os membros da família sobre a importância do arquivamento dos documentos domésticos. Crianças educadas por pais organizados tendem a herdar os bons hábitos.


O tempo de cada um Cada documento possui um tempo diferenciado em que deve permanecer arquivado. Fique atento à lista abaixo e saiba a hora certa de descartar papéis inúteis.

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Organização na vida real Participantes contam como conseguem, na prática, manter em ordem documentos e outros papéis do dia a dia.

“Não me imagino viver em meio à desorganização. Sou arquivista da Chesf há mais de 25 anos e sinto uma grande prazer em manter em ordem os meus documentos, sejam de trabalho ou particulares. Separo os papéis em pastas por ordem cronológica, pois assim tenho mais facilidade na hora da busca, e a cada início de ano faço uma boa limpeza em tudo. Os documentos mais importantes, plastifico-os para não ter o perigo de perdê-los. Ainda tenho guardado o meu primeiro contracheque! Meus colegas de trabalho brincam por eu ser tão disciplinado com meus documentos, mas sou muito satisfeito por conseguir ser organizado e tento passar esse hábito para minhas duas filhas”.

Roberto Santos

Participante – Recife/PE

“Para organizar os meus documentos, sigo uma orientação que é prática para mim e para as outras pessoas da minha casa. Os papéis importantes e permanentes, tais como certidões em geral, escritura de imóveis e pagamentos de previdência, entre outros, são arquivados em um arquivo de aço. Já os recibos e comprovantes referentes aos pagamentos mensais (água, luz, telefone, condomínio, TV a cabo, etc.) ficam em pastas classificatórias, separadas pelo tipo de conta e, ao final de cada ciclo de 12 meses, são transferidas para caixas-arquivo, identificadas pelo ano de referência. Passados cinco anos, descarto o que a lei me permite. Também tenho o costume de arquivar materiais de viagens (mapas, cartões-postais, sobras de moedas de países, registros de gastos das nossas viagens) e exames de saúde. Acho que a capacidade de organização não é um dom de nascença, mas algo que se aprende com os pais e acaba se tornando uma prática para toda a vida. Ou seja, uma vez organizada, sempre organizada.”

Valéria Brandão

Participante – Recife/PE


A Fachesf também faz a sua parte Ciente da importância de manter seu arquivo geral organizado e com fácil acesso, a Fachesf contratou, no início deste ano, uma assessoria especializada em gestão documental. O objetivo é implantar, na Fundação, um sistema que permita economizar tempo no acesso às informações, descartar papéis sem valor e com prazos vencidos, otimizar o espaço físico e, principalmente, estabelecer critérios técnicos no tratamento dos documentos. Para Marcília Gama, consultora responsável pelo projeto, a iniciativa vai trazer para a entidade uma realidade informacional mais moderna, competitiva e dinâmica, na qual o fluxo de dados compartilhados será acompanhado desde sua origem até a destinação final, servindo, inclusive para preservar a história da Fachesf ao longo dos últimos 39 anos. Nesse primeiro momento, está sendo realizado um levantamento dos papéis produzidos e recebidos por cada setor, através de entrevistas com os gestores de todas as áreas. Esses dados servirão para construir a Tabela de Temporalidade Documental da Fachesf que, de acordo com Marcília, “trata-se de um instrumento de racionalização da massa documental, que atribui prazos legais de guarda e/ou eliminação para todos os tipos de documentos recebidos pela empresa, evitando assim o acúmulo de papéis desnecessários”. Paralelamente a essa etapa, já está sendo feita a organização física do acervo: limpeza dos documentos, remoção de ligas, clipes e grampos enferrujados e substituição de suportes e caixas. Após essa higienização, será a vez da conferência dos papéis, organização cronológica (por

tipologia e assunto), identificação, catalogação e acondicionamento. Somente após essas fases, os dados finalmente alimentarão o sistema que disponibilizará as informações para toda a Fachesf, viabilizando o acesso, a localização rápida e o controle do acervo.

Acesso

O diretor de administração e finanças da Fundação, Luiz Ricardo da Câmara Lima, explica que o novo processo facilitará a procura e o manuseio dos documentos, principalmente diante da solicitação dos órgãos fiscalizadores: “Antes tínhamos o que podemos chamar de almoxarifado de papéis, que demandava muita dificuldade de consulta e, consequentemente, perda de tempo. Com essa ação contínua, teremos um arquivo moderno, composto apenas dos documentos que realmente necessitam ser arquivados. Em poucos minutos, teremos à mão qualquer informação desejada”, declara.

Câmara Lima

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De Campina Grande para o mundo Da origem de menino humilde, que vendia miudezas na feira de Campina Grande, para a carreira de médico bem-sucedido. Assim foi o caminho vivido pelo Participante Aposentado José Laurindo dos Santos, cuja história é uma grande lição de vida, permeada de muita luta, fé e vontade de dar certo. Autor dos livros Barra de Gramame e mais um pouco de mim e Conversando com Deus, ele divide sua trajetória com os leitores da Conexão Fachesf e conta os prazeres da vida após a aposentadoria.

“Nasci nos arredores da cidade de Campina Grande, na Paraíba, num dia 18 de setembro. O ano, já faz tanto tempo, que nem me lembro mais. O que não tem muita importância, pois como dizia o grande cronista paraibano, nossa idade é aquela que a gente sente e não a que a gente tem. E para viver bem, costumo dizer que basta seguir a fórmula do rejuvenescimento: sorrir sempre, comer pouco, caminhar muito, falar menos e amar demais. Minha infância foi de menino pobre, raquítico e triste, andando pela feira com um balaio na cabeça para vender coisas miúdas e conseguir uns trocados. Naquele tempo, viver para mim era sinônimo de travar, dia após dia, uma verdadeira batalha pela sobrevivência. Foi assim que descobri a importância de ser persistente, ter paciência e saber esperar.

Foto: Arquivo Pessoal

Boa parte desses ensinamentos, aprendi durante os anos em que vivi dentro da Chesf, empresa que se tornou a responsável pela grande oportunidade profissional que eu poderia ter. O ano era 1967 quando ingressei na Companhia, contratado como trabalhador de campo para atuar na limpeza da área onde estava sendo construída a Subestação de Campina Grande. No início dos anos 1970, determinado a crescer e conquistar uma vida melhor para mim e minha


família – na época, eu já estava casado com Maria Rita, minha esposa e mãe dos meus quatro filhos – decidi tentar o vestibular de medicina. Para minha surpresa, fui aprovado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e pude dar início ao meu curso, graças à compreensão da Chesf, que me transferiu para a Subestação de João Pessoa, na qual passei a atuar como vigilante noturno, enquanto estudava durante o dia. Naqueles anos, lutava por um sonho que julgava ser impossível, pedindo forças a Deus, como se tudo dependesse de Deus e, ao mesmo tempo, trabalhava e estudava como se tudo dependesse de mim. Tantas orações e esforços não foram em vão; apesar de achar que seria muito difícil, em dezembro de 1977, tive o privilégio de participar da euforia dos concluintes da turma de medicina na colação de grau da UFPB. Lembro com muita emoção a generosidade dos meus colegas, que me doaram um anel de formatura, e da saudade que senti dos meus pais, que não estavam vivos para ver o seu menino Zé transformando um sonho em realidade. Mas me confortava saber que, de alguma forma, eles estavam presentes ali, e que meus filhos e Maria Rita continuavam comigo. Entre tantas mulheres maravilhosas no mundo, tive a sorte de casar-me com uma que me completa. Em nossas vidas, enfrentamos crises, desemprego e muitas dificuldades, mas estivemos sempre juntos. Comemoramos Bodas de Prata e já nos encaminhamos para as Bodas de Ouro. Apesar de tudo o que sofremos, tenho absoluta certeza de que, se necessário fosse, eu recomeçaria tudo outra vez se tivesse Rita ao meu lado. Existe algo mais lindo do que o sorriso da mulher querida?

Crescimento Em 1979, já tendo concluído o curso de medicina, mas sem condições de fazer uma residência médica, obtive novamente o apoio da Administração Regional da Chesf, que me efetivou como médico da Companhia, transferindo-me para a equipe do ambulatório de Boa Esperança, no município de Guadalupe, no Piauí, onde vivi muitos dos melhores momentos da minha história e tive a honra de ser nomeado “filho adotivo” pela Câmara Municipal.

Permaneci em Guadalupe até o ano de 1995 – tendo atuado também como Secretário Municipal de Saúde – quando me aposentei. Havia chegado, enfim, o final de mais um ciclo na minha vida. Quem poderia ter imaginado que o menino feio e pobre de Campina Grande teria o privilégio de fazer parte da trajetória de sucesso da Chesf, a melhor empresa do Nordeste? Quando parei de trabalhar, pude então dar início a uma nova etapa na minha vida: a terceira idade. Sempre tive grandes expectativas para essa época, na qual as responsabilidades profissionais cessam e é hora de colher os frutos de tanta dedicação. Devido a todos os anos em que contribui para meu plano de previdência na Fachesf, consegui a tranquilidade financeira que me permite, até hoje, viver cada minuto dos meus dias com algum conforto e muita alegria. Sempre sonhei em conhecer famosos templos mundiais e diferentes países e culturas. No ano de 2005, esse desejo tornou-se real. Junto com Maria Rita e um grupo de peregrinos da “Obra de Maria”, parti para uma viagem inesquecível, que incluiu cidades incríveis da Europa, como Veneza, Roma e Paris, e da Terra Santa, em Israel. Foram momentos que guardarei sempre comigo, pois em cada lugar que passava, imaginava como um nordestino de origem humilde e de idade avançada havia conseguido conhecer o primeiro mundo. Sei que sou uma pessoa abençoada por Deus e agradeço a ele tudo o que vivi até aqui. Tenho uma vida boa na Barra de Gramame, praia do litoral paraibano que escolhi para passar a minha terceira idade e onde tenho a serenidade que preciso para registrar essas e outras passagens marcantes da minha história. Afinal estou aposentado, sou um velho homem livre, mas tenho ainda uma infinidade de caminhos diante de mim.”

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Fotos: Ruth Ricardo

cultura e lazer


Todos os anos, a Paraíba atrai cerca de 500 mil turistas de todas as partes do mundo, encantados pela calmaria das suas cidades, boa qualidade de vida, belas praias, destacada gastronomia e novas oportunidades de negócios. Esse fluxo já rendeu ao Estado o direito de entrada definitiva entre as principais potências do turismo nordestino e elevou o pequeno município paraibano de Cabedelo a uma categoria especial nas lembranças de quem visitou o lugar.

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cultura e lazer

mais movimentada; um verdadeiro point, onde gente de todas as idades se encontra, inclusive moradores nativos, que valorizam o ambiente em que vivem e apreciam diariamente a beleza local.

História A agitação que toma conta da Praia do Jacaré teve início nos idos dos anos 1970, quando o lugar era somente uma pequena vila de pescadores de caranguejos e siris. Até que, entre as cabanas humildes, passou a funcionar o pioneiro Bar do Gringo, que logo ficou conhecido pelos petiscos que servia. Não demorou para que os clientes começassem a aparecer, atraídos pelos filezinhos de agulha e pela paisagem nativa. Localizada bem ao lado da capital João Pessoa, a cidade de Cabedelo é conhecida por oferecer um dos mais lindos espetáculos naturais da Paraíba: a vista do belíssimo pôr do sol na Praia fluvial do Jacaré, ponto turístico mais visitado do Estado. Mas o que esse local tem de tão especial, que atrai milhares de pessoas para contemplar a despedida do astro-rei? Imagine o seguinte cenário: por volta das 17h, sob um céu avermelhado, os últimos raios de sol se refletem nas águas mansas do Rio Paraíba. Por trás de um dos decks do local, surge o saxofonista José Jurandir Félix – mais conhecido como Jurandy do Sax – entoando o Bolero de Ravel, uma das obras mais intensas e conhecidas da música clássica mundial. O músico caminha até uma pequena embarcação e segue rumo ao sol, em uma reverência que emociona a todos que assistem à cena. Através de ondas de frequência modulada, o som é replicado em todos os estabelecimentos existentes da orla, num ritual que existe há mais de dez anos e dura cerca de 15 minutos – tempo precioso, que vale cada segundo de espera, além da disputa sempre acirrada por mesas bem localizadas (na posição poente), que fiquem de preferência de frente para o grande palco, onde homem e natureza desenham juntos a obra final. Além dos bares e restaurantes, que dão suporte à espera pelo concerto ao ar livre, servindo deliciosas bebidas e comidinhas, a Praia do Jacaré também abriga lojinhas de artesanato, casas de pescadores e hotéis, o que deixa a região ainda

A fama da praia se consolidou de forma definitiva com a chegada do Bar do Jacaré, cujo proprietário costumava receber os visitantes, no balcão, ao som de clássicos da música erudita, principalmente o famoso Bolero de Maurice Ravel. Um dia, alguém sugeriu amplificar o som para todo o deck, onde as pessoas se reuniam para admirar o pôr do sol. Aos poucos, outros bares se estabeleceram no local, novas ideias foram chegando e, há cerca de dez anos nasceu o concerto ao vivo, conquistando definitivamente as centenas de visitantes diários.

Como chegar O acesso a Praia do Jacaré é feito através da BR-230, Estrada de Cabedelo. Depois de contornar o bairro de Intermares, siga pela Estrada do Jacaré até a chegada ao seu destino. Quem estiver no Recife (PE), deve seguir pela BR-101 rumo à Paraíba.


Uma polêmica que promete trazer melhorias para o local

Apesar da intensa badalação que cerca a Praia do Jacaré, o destino turístico esteve ameaçado de ser interrompido. No último mês de junho, a partir de uma solicitação do Ministério Público, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) efetuou notificações e estabeleceu um prazo para a retirada dos bares e restaurantes do local, alegando que as ocupações eram irregulares, por estarem situadas em área de preservação permanente. O assunto logo se tornou tema de um caloroso debate na Câmara Municipal de Cabedelo. Mas após diversas negociações, o mandado foi revogado. Segundo a Secretaria de Turismo do município, a medida foi baseada no entendimento de que existem formas de possibilitar a integração do ser humano com o meio ambiente, desde que haja uma reurbanização estruturada e capaz de amenizar qualquer problema ambiental causado pelos equipamentos dos estabelecimentos locais. Para isso, de acordo com a Secretaria, está sendo realizado um estudo que prevê o envolvimento de todos os atores do Parque Turístico da Praia do Jacaré em um projeto hidrossanitário que contempla, inclusive, uma estação de tratamento de resíduos que atenderá a toda área. A medida deverá viabilizar a permanência dos bares e restaurantes, permitindo aos visitantes do mundo inteiro desfrutar das belezas oferecidas na região. Após tanta polêmica, espera-se que tudo isso renda frutos positivos e traga melhorias estruturais e ambientais para a Praia do Jacaré, um lugar que, sem dúvidas, carrega em si fortes razões para que tantas pessoas, principalmente de cidades como Natal e Recife, capitais vizinhas, peguem a estrada e rumem à Paraíba apenas para assistir ao pôr do sol. Esse pequeno complexo turístico – uma experiência poética, cultural, lúdica e barata – merece a sua visita. De preferência, muitas e muitas vezes.

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Não é novidade para ninguém que o Brasil tem um potencial ecológico gigantesco, suficiente para abrigar boa parcela da biodiversidade mundial. O País está entre os cinco maiores do mundo em extensão, dono de um território que ocupa quase a metade da América Latina. Mas toda essa proporção e diversidade não garantem ao Brasil o título de “Conservador de suas espécies nativas”. O número de animais inseridos na lista de espécies ameaçadas de extinção cresce a cada ano e esse aumento certamente não representa algo do que se orgulhar.


Semelhante ao surgimento de novas espécies, a extinção é um processo que faz parte da evolução do planeta e acontece geralmente por conta de catástrofes naturais e aparecimento de “competidores” mais eficientes. Esse processo, no entanto, acontece de forma gradual e é extremamente lento, podendo levar milhares de anos para acontecer. Trata-se, portanto, de um desaparecimento equilibrado, esporádico e natural.

Não é isso, porém, o que tem ocorrido nos últimos anos, quando o panorama das espécies em risco tem crescido a olhos vistos: a primeira lista oficial de animais ameaçados, publicada na década de 1960, apontava 44 espécies, enquanto a última, realizada entre 2003 e 2004, já contabiliza 627 (entre vertebrados e invertebrados). Esses números preocupam as autoridades responsáveis pelo estudo e controle da fauna no Brasil, que consideram que a intervenção do homem na natureza seja o principal vetor do aumento no número de animais ameaçados de desaparecer. De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção – elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente em convênio com diversas instituições de pesquisas biológicas – a ameaça sobre as espécies é resultado direto de fatores como: destruição dos habitats naturais, introdução de espécies exóticas invasoras, caça ou perseguição aos animais, pesca predatória e comércio ilegal. Essa situação merece ser encarada com mais seriedade pelas autoridades e pela sociedade, pois a eminente perda de algumas classes de animais pode ter consequências muito mais sérias para a sobrevivência de várias outras, uma vez que existe, na natureza, um tipo de interligação entre os seres que habitam um mesmo ecossistema; ou seja, funcionam juntos como peças de um único jogo. Para o zootécnico e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Ricardo Pessoa, descontinuar essa conexão pode ser bastante prejudicial ao meio ambiente – inclusive ao homem, direta e indiretamente. “A extinção de determinadas espécies pode interromper os ciclos vitais de muitas plantas ou animais, provocando uma reação em cadeia. Isso afeta

também o ser humano, já que há uma diminuição de certas fontes de alimento e possibilidade de proliferação de pragas e doenças”, explica. Além disso, a perda do material genético de algumas espécies, que eventualmente serviriam para pesquisas e estudos, caracteriza outro grande prejuízo para a área científica e para a sociedade.

Ameaças O tráfico de animais silvestres e a caça predatória estão entre as maiores causas para o número crescente de espécies ameaçadas de extinção. Isso acontece, principalmente, pela existência de criadouros de animais que não deveriam conviver diretamente com o homem, mas sim, em seu ambiente natural. Diferentemente dos animais domésticos, que são bem adaptados à vida com os humanos e possuem relações de afeto com as pessoas, os animais silvestres possuem um estilo de vida mais independente, interagindo livremente com outras espécies. No entanto, algumas pessoas insistem em lhes tirar essa liberdade, mantendo-os muitas vezes em locais clandestinos e inapropriados. Tentativas de “domesticação”, porém, são muito estressantes para esses bichos, que sofrem por viver em condições diferentes daquelas para as quais nasceram. A criação de animais silvestres não é proibida no Brasil. Mas, para agir dentro da lei, é preci-

Ricardo Pessoa Zootécnico

“A extinção de determinadas espécies pode interromper os ciclos vitais de muitas plantas ou animais, provocando uma reação em cadeia. Isso afeta também o ser humano, já que há uma diminuição de certas fontes de alimento e possibilidade de proliferação de pragas e doenças.”

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O tráfico de animais silvestres e a caça predatória estão entre as maiores causas da extinção das espécies. so seguir as normas estabelecidas pelos órgãos competentes, a exemplo do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. O zootécnico Ricardo Pessoa enfatiza que tais regras visam, entre outras coisas, o bem estar e a segurança, tanto do animal quanto do tutor. “Criar animais silvestres requer grande responsabilidade: respeito às suas características comportamentais, cuidados com a alimentação, prevenção e tratamento de doenças, fornecimento de abrigo e segurança adequados e respeito às leis”, enumera. Infelizmente, entretanto, o número de pessoas que seguem as orientações do Ibama para criação legal de animais silvestres é muito pequeno. O tráfico dessas espécies ainda é uma atividade

bastante verificada e a consequência disso é uma quantidade enorme de animais mortos ou em condições degradantes de sobrevivência. Segundo um relatório divulgado pelo instituto Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), o mercado ilegal de vida silvestre, no qual se inclui a flora, a fauna e seus produtos e subprodutos, é considerado a terceira maior atividade ilegal do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e drogas. Estima-se que o comércio ilícito desses animais movimente anualmente entre 10 e 20 bilhões de dólares por todo o mundo. Desse montante, o Brasil participaria com cerca de 5% a 15% do total. A mortalidade dos animais durante o processo de captura e deslocamento para serem vendidos em feiras marginais também é muito alta. Com base nos dados oficiais das apreensões de fauna silvestre realizadas pelo Ibama e nos números registrados das feiras de comercio de animais no Estado do Rio de Janeiro, o Renctas chegou a uma alarmante projeção: para cada produto animal comercializado, pelo menos três espécimes são mortas; e para o comércio de animais vivos, a cada dez traficados, apenas um sobrevive.


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O mesmo relatório enumera diversas situações em que os bichos são fatalmente levados à morte: escapam feridos mas acabam falecendo depois ou são descartados pois têm peles danificadas ou que estão fora do “padrão”. Além desses, há um grande número de fêmeas que também são mortas durante a captura de filhotes.

Conscientização É importante citar que todo esse processo devastador para a fauna brasileira pode e deve ser evitado em seu ponto principal: o comprador final. Todos aqueles que adquirem animais em feiras clandestinas e mantêm esses bichos ilegalmente estão na base do problema. De acordo com o biólogo e analista ambiental do Ibama, Edson Andrade, é importante que a sociedade também faça a sua parte e deixe de comprar animais oriundos de criadouros irregulares, que alimentam o tráfico. Edson Andrade afirma que o Ibama tem investido fortemente em campanhas de conscientização e outras ações de combate ao comércio ilegal. “Estamos realizando uma fiscalização di-

reta nos pontos de tráfico, através de operações de repressão, e atuando junto aos governos dos estados e municípios na coibição local. Além disso, tentamos reabilitar os animais que são apreendidos para que voltem à natureza e cumpram seu papel ecológico”, afirma. Quando adquiridos para serem mantidos como bichos de estimação, os animais silvestres, na maioria das vezes, ao ficar adultos, tornam-se agressivos e ariscos. Assim, por não corresponderem às expectativas de seus donos, acabam sendo abandonados à própria sorte ou entregues a zoológicos, contribuindo ainda mais para o crescimento do problema da extinção. Quem deseja criar animais, estando disposto a dar-lhes atenção e os devidos cuidados, deve sempre optar por animais domésticos que, além de já possuírem temperamento propício à convivência com humanos, são mais previsíveis e dóceis. Existem diversos abrigos espalhados pelo Brasil, superlotados de bichinhos carentes à espera de um lar. Quem apostar nessa ideia, certamente receberá em troca a maior de todas as recompensas: uma amizade duradoura, um companheiro fiel e a certeza de ter feito a escolha certa.


Ararinha Blu x o tráfico de animais Engana-se quem pensa que o atual cinema brasileiro é feito basicamente de comédias românticas e de aventuras policiais. O filme Rio, lançado no início deste ano, é uma prova de que a criatividade e o bom humor também fazem parte da filmografia nacional e, de quebra, traz uma importante mensagem sobre a preservação dos animais silvestres.

De forma bastante divertida, o enredo chama atenção de adultos e crianças para os perigos que o comércio ilegal de animais pode causar na natureza. No entanto, conscientizar através de desenhos animados nem sempre é tão fácil como se imagina.

Alguns ambientalistas questionam até hoje a influência que o filme Procurando Nemo causou nos pequenos, pois apesar de não incentivar a pesca, acabou por transformar o peixe-palhaço em objeto de desejo de crianças no mundo inteiro, o que causou o aumento da caça aos peixinhos. Felizmente, isso não deverá acontecer com Rio, afinal o filme coloca os traficantes da história no papel de verdadeiros vilões, assim como eles o são na vida real.

Fotos: Divulgação

Totalmente ambientado no Rio de Janeiro, a película – uma animação de Carlos Saldanha, que já havia feito sucesso no mundo todo com seu trabalho na famosa série A era do gelo – conta a história da Ararinha Blu, que sofre a perseguição de traficantes de pássaros.


Bicho Esperança

forma materialista é o verdadeiro animal, quando conceituamos a espécie animal como os seres irracionais.

Synara Rillo

Convivi e convivo estreitamente junto aos bichos por condição de alma e de profissão. Vi e vejo bicho mordendo bicho; vi e vejo bicho acariciando suas crias. Vejo animais ferozes dando exemplos, por meio de um equilíbrio que os fazem apenas seres que exercem suas condições de espécie.

lo · Synara Ril

a

eterinári Médica V

Vivemos em um século em que nosso Planeta sofre modificações que são inerentes à sua própria evolução biológica e geológica, além das transformações causadas por meio do ser humano. Isso é um grande desafio pessoal e coletivo. É da natureza do ser racional buscar seu equilíbrio interior, assim como é dever de todos nós, componentes ativos de um grupo social, zelarmos pelo bem de todos. Entendo isso como a importância de estabelecermos um elo fraterno entre todos os seres sencientes do Planeta Terra. E de forma urgente. Quando me refiro à urgência desse amor universal, penso naqueles que, perdidos no materialismo cego, agridem a si mesmos, aos outros e a natureza em si. E se dizem – e são por condição de espécie – racionais. Será que há racionalidade naquele que mata, rouba, trai, ofende, magoa, corrompe, traz a maledicência nas palavras, vende uma fé que não pode ter valor monetário, erguendo templos para dar abrigos aos seus próprios demônios? Será racional aquele que polui rios, desmata, descarta seu lixo de forma desordenada, consome por um bel prazer sem sentido? Não creio. A vida que corre veloz diz a quem tiver olhos para ver que quem pensa e age por meio dessa

Nunca vi e nem verei animais que são irracionais por condição biológica trazendo ódio em seus corações que pulsam em sintonia com a mãe natureza. Nunca vi e sei que nunca verei um bicho ofendendo outro bicho; um bicho enganando outro bicho e muito menos verei um bicho atacando um ser humano apenas pelo prazer de ser cruel. Caso ataquem uma pessoa, o fazem tão somente como instinto de sobrevivência e porque esse ser humano ultrapassou o istmo que os separam por cadência natural do movimento universal. Vejo todos os dias, em atitudes daqueles que estão próximos a mim e por meio da mídia, o homem animal encarcerando o bicho puro que, com olhos em espanto, confunde-se na ignorância do homem, seu irmão maior. Quando conseguirmos ter um coração que bate pedindo a paz, respeitando aqueles seres que vieram antes de nós (e por nós), tenham certeza que o homem racional se verá verdadeiramente humano no mais bruto dos animais que estão aqui nesse planeta apenas para nos mostrar e dizer: “É tão simples viver e ser. Por favor, respeitem-se e nos ofereçam o mesmo respeito. Agindo assim, vocês verão que a fraternidade se estabelecerá como flor que desabrocha na hora certa da vida”.

Synara Rillo é Médica Veterinária e autora do livro Cães, donos e dores humanas. Participa do programa de rádio “O outro lado dos animais” (www.radioras.com.br) e mantém um site (www.synararillo.com.br), destinado ao debate sobre animais de companhia.

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Caça-palavras

Encontre no quadro as palavras grifadas no texto abaixo.

Ter uma data comemorativa significa marcar no calendário a IMPORTÂNCIA de que, mais do que em todos os outros dias do ano, algo especial precisa ser lembrado. A FACHESF quis homenagear aqueles que representam a própria essência dos FUNDOS DE PENSÃO, e de forma pioneira no segmento das ENTIDADES Fechadas de PREVIDÊNCIA Complementar, definiu a data 3 de setembro como o DIA DO PARTICIPANTE da Fachesf. A data escolhida resgata a memória histórica da FUNDAÇÃO: foi nesse dia, no ano de 1980, que o então Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social, Jair Soares, aprovou o primeiro ESTATUTO da entidade. Apenas dois anos depois da aprovação, a Fundação já estava entre os maiores fundos de pensão do Brasil, dispondo da quase totalidade dos empregados da CHESF como seus associados e, acima de tudo, PARCEIROS. Para a Diretoria Executiva, a data vem para ressaltar a FORÇA dessa parceria que já dura quase quatro décadas, afinal, a Fundação só existe em função dos Participantes e ASSISTIDOS.



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