Conexão Fachesf nº 24

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Revista da Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social

ano 10

N 24

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Os quatro pilares para envelhecer bem Uma entrevista com Alexandre Kalache, especialista em longevidade

Seu Dinheiro Pense mais, consuma menos

Educação Previdenciária Uma porta de entrada para a Previdência Complementar

No Consultório Reconecte-se com a natureza


Construímos juntos o amanhã A Fachesf atualizou recentemente sua Missão, Visão e Valores como parte das ações do atual Planejamento Estratégico. Mas o foco continua o mesmo: trabalhar cada vez mais e melhor por todos os Participantes.

Oferecer soluções de previdência complementar e assistência à saúde, contribuindo para a qualidade de vida dos Participantes e Beneficiários.

V I S Ã O Ser referência na gestão de previdência complementar e assistência à saúde e ampliar seus mercados de atuação.

V A L O R E S

Ética

M I S S Ã O

Foco em resultados

Perenidade

Equidade


Ponto de Vista

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Os quatro pilares para envelhecer bem

Seu Dinheiro

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Educação Previdenciária

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No Consultório

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Pense mais, consuma menos

Planos Associativos: Uma porta de entrada para a previdência complementar

Reconexão com a natureza

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Foco no Participante

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Cultura & Lazer

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Mundo Animal

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Passatempos

Recomeço em qualquer tempo

A vitalidade de uma artista incansável

Um mar de lixo no futuro dos oceanos

Caça-palavras, Quiz e Martinha

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Expediente

Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional Produção

[Editora Geral] Laura Jane de Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Redação] Maria Eduarda Andrade [Produção] Dayse Brito [Estagiária de Jornalismo] Giselle Cahú [Redação] Rua do Paissandu, 58 Boa Vista, Recife – PE CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 3412.7509 [Ilustrações] Leandro Lima (capa, p. 06-11), Silvino (p.20-25), Corisco Design (p. 30-32), Clarissa Cabral (p. 50-55).

[Tiragem] 11 mil exemplares [Impressão] Gráfica Provisual [Projeto Gráfico] Corisco Design Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Helder Rocha Falcão Presidente Luiz da Penha Souza da Silva Diretor de Administração e Finanças Raimundo Jorge de Sousa Santos Diretor de Benefícios Edição 24 /Setembro.2018

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Iniciativa reconhecida: fanpage Realize Fachesf

Contribuíram para esta edição

Rene Ruschel (Educação Previdenciária) Olívia Mindêlo (Cultura & Lazer) Mariana Mesquita (Mundo Animal) * Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br


De que adianta viver mais se não for para viver bem?

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o passado, a vida mais curta podia ser comparada a uma corrida de 100 metros: como dava para enxergar a reta final, corria-se com todo o gás para chegar lá. Já a vida mais longa dos nossos tempos é uma maratona; exige estratégia e planejamento. Esse tempo a mais pode ser maravilhoso, mas pode também se transformar num fardo se você não se preparar corretamente.” A inquietação acima, do médico Alexandre Kalache, é quase um guia para ler esta edição da Conexão Fachesf. Do alto da experiência de quem já cruzou mais da metade da própria existência, o especialista em longevidade provoca-nos a alma e convida para uma reflexão sobre que tipo de futuro queremos, diante da ideia de um futuro cada vez mais amplo. Afinal de contas, de que adianta viver mais se não for para viver bem? Para essa equação do tempo fazer sentido, quatro fatores fundamentais entram na conta: boa saúde, conhecimento, equilíbrio financeiro e relacionamentos afetivos reais. Sem qualquer um desses elementos, a jornada pelos anos pode se

tornar mais árdua e carregada, principalmente à medida que o corpo e as necessidades já não são as mesmas da juventude. Nosso papel, enquanto fundação de previdência complementar, é, sobretudo, olhar para o futuro e contribuir para que nossos Participantes criem suas próprias condições para realizar sonhos e projetos. Na prática, porém, queremos ir além. Desejamos conversar sobre o presente, a importância da construção de memórias e as projeções do amanhã. Acreditamos na troca de experiências como uma fonte para o crescimento coletivo, seja como pessoas ou como entidade. Juntos, somos mais fortes. Nesta edição, vamos abordar não somente questões sobre longevidade e envelhecimento, mas sobre como podemos nos enxergar como indivíduos numa sociedade que tende a desprezar os mais velhos e valorizar o imediatismo. É disso (e muito mais) que fala Alexandre Kalache em sua entrevista exclusiva para a Conexão Fachesf. É também disso que trata a matéria sobre planos instituidores e o desafio da Fundação para os próximo meses

de oferecer soluções em previdência e saúde para o grupo familiar dos seus Participantes. A sustentabilidade – dos indivíduos, da vida financeira e do meio ambiente – também está presente em cada uma das matérias que você vai ler a seguir. Está na editoria No Consultório com um alerta para a importância de resgatarmos o convívio com a natureza em busca de saúde para o corpo e a mente. Está na campanha “Pense mais, consuma menos”, sobre os excessos que acometem o bolso e destroem o planeta; nos artigos sobre finanças pessoais, investimentos e previdência; está ainda na vitalidade de Tereza Costa Rego em sua busca diária pelo belo e nos pedidos de socorro da vida marinha que pouco a pouco padece em meio ao lixo. Esperamos que, ao chegar à ultima página, seu espírito esteja revigorado de novos conhecimentos, reflexões e pensamentos sobre o hoje e os dias por vir que, esperamos, sejam ainda melhores. Boa leitura, Laura Lima Editora Geral

Nathalia Duprat Editora Executiva

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Os quatro pilares para envelhecer bem ENTREVISTADO

Alexandre Kalache

O médico carioca Alexandre Kalache é um dos mais importantes especialistas em envelhecimento do mundo. Há mais de 40 anos, defende com paixão que “envelhecer é bom, morrer cedo é que não presta”. Sua trajetória profissional fala por si: fez mestrado e doutorado nas universidades de Londres e Oxford – onde ensinou políticas públicas relacionadas à longevidade – e dirigiu por 13 anos o programa global de envelhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), na Suíça. Hoje atua como consultor internacional para agências da Organização das Nações Unidas (ONU), governos e universidades do Brasil, Canadá, Espanha, Cingapura, Filipinas e Austrália.

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urante toda sua trajetória profissional, Kalache escutou e observou os idosos. Até que se tornou um deles. Hoje, aos 73 anos, vive na prática o discurso que há décadas defende; é um exemplo de alguém que escolheu envelhecer ativamente. O especialista apresenta um programa na rádio CBN, profere inúmeras palestras e preside o Centro Internacional de Longevidade (CILs) Brasil, organização dedicada a produzir conhecimento para soluções relacionadas ao envelhecimento populacional. Em sua rotina, pode passar por cinco cidades diferentes em uma única semana. Tudo isso sem perder a leveza. “Trabalho porque me motiva e me emociona.

Foto: Maria Eduarda Andrade

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Com minha idade, não preciso provar mais nada a ninguém. O que quero é deixar um legado”, diz. Depois de mais de 30 anos morando no exterior, em 2012, Alexandre Kalache voltou a morar no Rio de Janeiro para cuidar da mãe, Lourdes, 100 anos. Apesar de ter residência em Copacabana, costuma passar mais tempo entre aviões e aeroportos: é co-presidente da Aliança Global de CILs, sediada em Londres e composta por centros de longevidade presentes em 17 países. De passagem rápida pelo Recife, ele conversou com a reportagem da Conexão Fachesf sobre o tema que tanto lhe fascina.


1) O senhor diz que estamos vivendo uma revolução na longevidade. O que isso significa em termos práticos? Alexandre Kalache: Estamos aumentando a expectativa de vida de forma extraordinária. Em 1945, quando nasci, essa estimativa era de 43 anos. Hoje passamos de 76. Costumo dizer que são 33 anos a mais de vida, não 33 anos de velhice. No passado, a vida mais curta podia ser comparada a uma corrida de 100 metros: como dava para enxergar a reta final, corria-se com todo o gás para chegar lá. Já a vida mais longa dos nossos tempos é uma maratona; exige estratégia e planejamento. Esse tempo a mais pode ser maravilhoso, mas pode também se transformar num fardo se você não se preparar corretamente. Afinal de contas, de que adianta viver mais se não for para viver bem? 2) O senhor defende a necessidade de investir no processo de envelhecimento. Existe um manual para envelhecer bem? AK: Precisamos observar a velhice a partir de uma perspectiva de curso de vida. Não se fica velho de repente; você vai ser velho de acordo com as escolhas que faz ao longo do tempo. Isso é o que difere duas pessoas que chegam à mesma idade com situações distintas. Para envelhecer bem, são necessários quatro capitais essenciais. O primeiro deles é a saúde, que deve ser uma prioridade desde cedo. O segundo é o capital de conhecimento, fundamental para continuar sendo um recurso ativo para a sociedade; quem não permanecer aprendendo ficará obsoleto não aos 70, mas aos 40 anos, quando provavelmente perderá o emprego porque parou no tempo. O terceiro pilar é o capital social, as relações afetivas. Pode ser que, no fim da vida, você precise de alguém que lhe cuide. Se não tiver pessoas que sustentem uma rede de apoio, isso vai ser complicado. O quarto capital para

envelhecer bem é o financeiro, o que nos garantirá uma velhice confortável. Claro que isso é um enorme desafio pois, além da profunda desigualdade social brasileira, não temos a cultura de poupar pensando no futuro. Depois disso tudo, ainda tem uma questão essencial: precisamos ter um propósito de vida. Senão, para que envelhecer? 3) O que o senhor chama de propósito de vida? AK: Propósito é saber por que acordamos de manhã e perceber a diferença que fazemos na vida de quem amamos e de quem nos ama; é pensar no que podemos fazer pelo bem-estar coletivo daqueles que não têm os privilégios que temos de acesso à educação, saúde, cuidados básicos. Vivemos num país com muitas necessidades sociais. Sempre há algo importante a ser realizado. E não precisa ser advogado, médico ou engenheiro para deixar um legado. Você pode fazer diferença na sua comunidade sendo mecânico de automóvel ou garçom. O essencial é desenvolver, no cotidiano, pequenas ações que desencadeiem o bem coletivo. Acredito que o somatório dessas ações talvez possa ajudar nosso país a sair da mediocridade que vivemos. 4) O que o senhor diria para alguém de 60 anos que não se preocupou em acumular esses quatro capitais necessários para o bem envelhecer? AK: Sempre repito o mantra: quanto mais cedo você começar a se preparar, melhor; nunca é tarde demais. Não começou nos 20? Inicie aos 30. Também não foi aos 30? Que seja nos 50. Quem deu esse primeiro passo mais cedo vai ter mais ganhos, claro. No entanto, não significa que um sedentário, que come mal e está fazendo tudo errado, não possa dar uma melhorada. Mas é imprescindível termos políticas pú-

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Os quatro pilares

blicas que incentivem hábitos mais saudáveis de vida. 5) Como o senhor vê o impacto trazido pelas mudanças no sistema nacional de previdência para os brasileiros? AK: A seguridade social nasceu na Alemanha e alguém traduziu o termo do alemão de um jeito absurdo: em português, a palavra virou aposentadoria, o que é uma perversidade. Sabe aquelas casas antigas que tinham um aposento lá no fundo? Era ali onde ficava o velho, excluído da sociedade, esquecido. Eu quero sair do aposento; quero ir para a sala da frente, participar, ser protagonista da minha família e da sociedade. Isso implica também em ter deveres, não só privilégios. E um dos deveres é continuar ativo, sendo um recurso para a comunidade. Que egoísmo é esse achar que você pode trabalhar 25 anos e depois viver mais 40 como aposentado?

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Precisamos, com urgência, debater o sistema previdenciário brasileiro. É uma pena que a discussão sobre a reforma tenha sido encaminhada de forma tão equivocada, abrindo exceções para determinados grupos. Nossa idade média de aposentadoria (54 anos) é insustentável para a expectativa de vida que temos. Chegaremos em 2050 com uma população de 64 milhões de pessoas acima de 60 anos. O Brasil não conseguirá dar certo se mantivermos, por exemplo, privilégios de aposentadorias precoces. 6) Quais os benefícios do convívio entre jovens e idosos? AK: Experiência é uma coisa que você só adquire experimentando; a vida se faz vivendo, o caminho se faz caminhando. Essa é a melhor troca. Meu interesse hoje é deixar um legado, ajudar, inspirar, ser mentor; coisas que, aos 30, eu não

tinha oportunidade de fazer porque ainda não tinha vivido tudo isso. Mas nem toda pessoa idosa tem essa experiência para compartilhar. Você tem que aceitar novos desafios para que possa contribuir nessa troca intergeracional. 7) Durante o último congresso brasileiro de Geriatria e Gerontologia, o senhor falou sobre resiliência. O que isso tem a ver com velhice? AK: Resiliência é um conceito chave para que você possa envelhecer bem. Trata-se da capacidade de dar a volta por cima, de ultrapassar os desafios que a vida coloca no caminho e de seguir aprendendo. Se eu amasso uma flor de papel, ela fica amassada. Se eu amasso uma flor de plástico, ela volta mais ou menos ao seu formato inicial. Isso é resiliência; essa capacidade de encarar os desafios e as perdas que a longa vida promete.


8) O brasileiro pensa em velhice? AK: No geral, nossa cultura é imediatista, o brasileiro empurra as coisas com a barriga. Queremos o prazer do agora sem pensar nas consequências que chegarão depois. Isso vale tanto para nossa péssima educação financeira quanto para a falta de cuidado com a saúde. Há uma palavra que combina muito com longevidade, que é a solidariedade. Precisamos exercer essa solidariedade com as pessoas que estão ao nosso redor e também conosco. Precisamos aprender a gostar mais de nós mesmos porque, no fim, isso é o que vai definir nossa qualidade de vida. Como é possível praticar o autocuidado se você não gosta de si? Sem amor próprio, fica difícil envelhecer bem. 9) Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil é o país com a segunda maior taxa de cirurgias plásticas e procedimentos estéticos faciais do mundo. Por que temos tanto medo de envelhecer? AK: Isso fala muito do hedonismo de nossa sociedade: quanto mais esticado, melhor. Vemos muitas pessoas indo às academias de ginástica não para se manterem saudáveis e poderem envelhecer melhor, mas para atingirem o objetivo de ficar saradas, bonitas e atraentes. Precisamos aprender a termos orgulho de ficar velhos. Essas rugas que você vê em mim predizem um passado de experiências maravilhosas; falam das experiências que eu não poderia ter tido aos 20 ou 30 anos. Porém em vez de valorizarmos e celebrarmos essas conquistas, tentamos esconder nossa idade. Devemos abraçar o envelhecimento focando no que ele traz de bom porque essa é a melhor coisa que pode nos acontecer; ou então sua única alternativa é morrer cedo.

10) Mesmo para quem consegue envelhecer ativamente, a velhice é uma época de perdas de familiares e amigos. Como lidar com a iminência da morte?

AK: No Brasil, não se discute a morte; fazemos o possível para evitar essa questão, mesmo sendo nossa única certeza na vida. Os profissionais de saúde não estão preparados para assistir o paciente na hora da morte e isso precisa ser trabalhado. Não quero morrer num centro de tratamento intensivo com tubos em todos os meus orifícios, prolongando em alguns dias ou semanas a minha partida. Para evitar isso, converse com seus familiares e amigos mais próximos. Também deixe instrumentos legais, por escrito, que expressem sua vontade caso passe por situação de inconsciência. É o que chamamos de diretrizes da vontade antecipada. 11) O senhor diz que precisamos desenvolver uma “cultura do cuidado”. O que é isso? AK: É ter responsabilidade social e coletiva pelo outro desde a infância até a velhice. Com uma expectativa de vida crescente, teremos cada vez mais pessoas precisando de assistência. Precisamos fomentar a cultura do cuidado, pensando, inclusive, sob uma perspectiva de gênero. No Brasil, é a mulher quem cuida. Quando criança, enquanto me deram uma pistola para atirar e uma bola para chutar, minha irmã ganhou bonecas. Cresci ouvindo que “menino não chora”. Sabe o que acontece? O menino cresce e, 60 anos depois, quando tem uma dor no coração, fica calado porque não pode mostrar fraqueza. Eu precisei me auto educar para saber que também sou parte do cuidado, não somente um recebedor dele. E não digo isso por ser médico. Os homens têm de participar dessa revolução e passar a cuidar mais dos outros.

Mobile

Confira o vídeo exclusivo para a Conexão Fachesf: https://bit.ly/2MgDww0

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Comida, roupas, carros, eletrônicos, passagens de avião, o cafezinho depois do almoço. Estamos constantemente comprando coisas ou pagando por serviços. Mas será que pensamos antes de realizar cada um desses desejos? Ou agimos no automático sem prestar atenção no porquê dessas escolhas?

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Seu Dinheiro

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ábitos de consumo têm um imenso impacto na saúde das pessoas e do planeta. Basta olharmos ao redor para constatar que trabalhar exaustivamente para comprar uma infinidade de coisas não está dando muito certo. Estamos esgotando os recursos naturais e entrando num ciclo social em que ter é mais do que ser.

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Saiba dizer não a si mesmo

Foi sob essa ótica que a Fachesf publicou, na fanpage Realize, a campanha Pense mais, consuma menos, focada em trazer reflexões sobre nossas formas de consumo e suas consequências. A ação, realizada de 15 a 20 de maio deste ano, fez parte da 5º Semana Nacional de Educação Financeira promovida pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef).

Quer realizar sonhos maiores e atingir metas na vida? Aprenda a dizer não para si mesmo antes de gastar dinheiro com o que não é prioridade. Aquela roupa incrível, o smartphone de lançamento, a TV nova do quarto, o quinto par de tênis no armário: esses são exemplos de gastos que fazem seu dinheiro “desaparecer” e encolhem as possibilidades de investir em coisas e projetos maiores.

Para a Fundação, o esforço conquistou um resultado positivo: mais de 170 mil pessoas acompanharam as postagens no Facebook e quase 5 mil registraram curtidas, comentários e compartilhamentos, comprovando que o tema tem atraído cada vez mais atenção. Confira também aqui, na Conexão Fachesf, como é possível ajudar a construir um mundo mais saudável a partir de pequenas ações cotidianas.

Você sonha com uma viagem para Europa? Quer estudar fora do país? Para ralizar desejos dessa natureza, vai ser preciso economizar e dizer não às tentações diárias do consumo impensado. Ou até mesmo abrir mão de escolhas feitas no passado, como trocar o carro pelo transporte público durante um tempo ou mudar para um apartamento cujo aluguel é mais barato.


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Menos plástico, mais consciência O plástico surgiu para tornar nossas vidas mais práticas. Mas aos poucos, o material se tornou um dos grandes vilões do bolso e do meio ambiente. Além de encarecer o custo dos produtos devido às embalagens cada vez mais sofisticadas, o plástico mal descartado se acumula na natureza, prejudicando faunas e floras ao redor do mundo. Só no Brasil, são mais de 1,5 milhão de sacolas plásticas distribuídas por hora. A Europa sozinha produz cerca de 25 milhões de toneladas de lixo plástico por ano, e apenas 30% disso é reciclado. Você já pensou nisso?

Além de encarecer o custo dos produtos devido às embalagens cada vez mais sofisticadas, o plástico mal descartado se acumula na natureza, prejudicando faunas e floras ao redor do mundo. Com pequenas ações, no entanto, você pode ajudar a mudar esse cenário. Como? A gente explica: Evite usar canudos plásticos; Prefira fósforos a isqueiros; Ande com sua própria garrafa de água em vez de gastar com embalagens descartáveis; Sempre que possível, faça compras a granel. Há diversos empórios que oferecem grãos, farinhas e sementes por preços mais em conta que os empacotados industrialmente; Dê preferência ao sabão em pó em caixas; Para pequenas reuniões em casa, dispense os descartáveis e use seus próprios copos, talheres e louça; Na farmácia, abra mão dos saquinhos; Use suas próprias sacolas ecológicas nos supermercados.

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Para fugir da armadilha de ver o dinheiro acabar antes do mês, uma dica é inverter a ordem e pagar a si mesmo em primeiro lugar. Como? Reserve, antes de tudo, o que você vai destinar para poupar e adeque seus custos fixos a partir disso.

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Pague a si mesmo primeiro “Pague a si mesmo primeiro” é o mantra dos especialistas em finanças pessoais. E isso não é à toa. Para muita gente, depois de quitar todas as contas, não sobra nada no final do mês para investir na previdência ou outras aplicações financeiras. O caminho para mudar o resultado dessa balança é se perguntar: para onde está indo meu dinheiro? Na maioria dos casos, os pequenos gastos são os grandes vilões, pois ocorrem fora do programado e não aparecem no orçamento. São as saídas de fins de semana que não estavam planejadas, os produtos desnecessários adquiridos na promoção, as despesas “invisíveis” como ticket de

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estacionamento, revistas logo descartadas, itens de supermercado que logo perdem a validade. Para fugir da armadilha de ver o dinheiro acabar antes do mês, uma dica é inverter a ordem e pagar a si mesmo em primeiro lugar. Como? Reserve, antes de tudo, o que você vai destinar para poupar e adeque seus custos fixos a partir disso. Por último, e quando possível, vêm os supérfluos. Planejamento financeiro não serve somente para o futuro; é algo que faz diferença no presente e precisa ser praticado diariamente, com grandes ou pequenos gastos. É como educar crianças: se você se preocupa em dar bons exemplos no dia a dia, elas certamente crescerão com uma base sólida para se tornar adultos honestos e independentes.


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Ter um alto poder de compra mas não agir de forma consciente pode ser um atalho rápido para o endividamento e a frustração. Essa dependência pelo consumo impulsivo, também conhecida como “shopping terapia”, começa com uma intenção de bem-estar, porém quase sempre termina de forma negativa. Em outras palavras: compra-se algo para se sentir melhor e, logo em seguida, vem a culpa (e as dívidas) por ter caído em tentação.

Da próxima vez que voltar do supermercado, faça o seguinte teste: olhe para suas compras e observe os alimentos que colocou no carrinho. Há mais itens para desembalar do que para descascar? Se você respondeu sim, saiba que esse hábito pode causar uma grande diferença não somente na sua saúde como no seu bolso.

Você sofre de shoppingterapia?

O dinheiro traz, sim, satisfação; entretanto, sozinho, não garante felicidade. Prova disso é que há quem seja rico com um salário mínimo e há quem esteja afogado em dívidas mesmo ganhando R$30 mil por mês. O que separa ambas as pessoas? O equilíbrio. “Quem desfruta mais precisa comprar menos. Se as crianças tivessem menos presentes e os presentes fossem mais desejados e aguardados, talvez fossem desfrutados com mais zelo e por mais tempo. Gostaria que meus filhos entendessem que o trabalho serve não para comprar coisas, mas para proporcionar situações”, analisa Gustavo Cerbasi, especialista em educação financeira com mais de 2 milhões de livros vendidos no Brasil.

Desembale menos, descasque mais

Produtos processados como enlatados, congelados, sucos de caixinha, salgadinhos, refrigerantes, embutidos, biscoitos recheados, queijos processados e macarrão instantâneo são considerados os grandes vilões da alimentação atual. Esses itens, vendidos pela publicidade como opções práticas e gostosas para o dia a dia, são na verdade repletos de açúcares, adoçantes, gordura, conservantes e espessantes, e têm baixo valor nutricional. Além disso, na hora de passar no caixa, representam quase sempre o maior peso na conta total. Por isso, sempre que possível, opte por uma alimentação baseada em produtos naturais como frutas, vegetais, grãos integrais e raízes. Com imaginação e poucos dotes culinários, qualquer pessoa pode criar combinações saudáveis, equilibradas e nutritivas sem gastar tanto e sem comprometer a própria saúde.

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Seu Dinheiro

Coisas são apenas coisas, por mais legais que possam parecer. A real sofisticação está na simplicidade e na capacidade de ser feliz ainda que ninguém esteja olhando. Pense nisso. E consuma menos.

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O melhor da vida não são as coisas Com o boom das redes sociais, veio também uma onda crescente de ostentação e felicidade a qualquer preço. Mais do que nunca, pessoas têm comprado coisas das quais não precisam (com um dinheiro que, muitas vezes, não têm, mas parcelam em 12x no cartão) somente para se sentirem inseridas em uma falsa ideia de sucesso e riqueza. Sabe aquela história de que a grama do vizinho é mais verde? Pois é.

bacana, muita gente tem acumulado dívidas, frustrações e, não é exagero dizer, lixo para o planeta. A verdade, porém, é que nem a roupa nova, nem a versão mais atualizada do aparelho celular ou o computador trocado pela terceira vez em menos de cinco anos fazem grande diferença na vida. Coisas são apenas coisas, por mais legais que possam parecer. A real sofisticação está na simplicidade e na capacidade de ser feliz ainda que ninguém esteja olhando. Pense nisso. E consuma menos.

Nessa busca frenética por postar o look do dia em frente ao espelho do elevador ou o prato do restaurante

As fotografias presentes nesta matéria foram retiradas da campanha educativa criada para a 5ª Semana de Educação Previdenciária, veiculada na fanpage da Fundação.

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Artigo

Seu Dinheiro

Planejamento e liberdade financeira

Foto: Alcione Ferreira

Elizabete Silva Gerente econômicofinanceira da Fachesf

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esmo depois de muito esforço para equilibrar as finanças você ainda não consegue ter uma reserva financeira relevante? Acredite, isso é algo comum. Para esses casos, minha dica é: volte ao ponto de partida do seu planejamento. Esse período de reorganização das contas demanda força de vontade da família, principalmente pelas restrições que precisam enfrentar. Por isso, é natural que, ao cumprir o plano de quitação de dívidas, você se sinta surpreendido pela sensação de liberdade financeira e interrompa o controle. Mas ainda não é hora de relaxar.

Com as contas em dia, inicia-se a fase do observatório, ou seja, o período para ter certeza de que o orçamento está equilibrado. Para isso, você deve ter em mente que não poderá voltar a consumir como antes e deve se acostumar a viver de acordo com suas reais condições financeiras. Além disso, seja criterioso com as opções de crédito disponíveis e evite seu uso desnecessário. Tais recursos só devem ser acionados quando não há reserva financeira para situações inesperadas. Os dois mais fortes indicadores de má gestão das finanças pessoais são: a) Pagamento frequente de multas e juros atrasados; e b) Utilização de cheque- especial, empréstimo ou cartão de crédito para gastos com coisas de rotina, tais como combustível, alimentos, manutenção da residência e plano de saúde.

Quando necessário, escolha apenas uma opção de crédito com um limite que racionalmente esteja dentro de sua realidade. Conseguiu equilibrar as contas e está vivendo dentro de um padrão possível à sua remuneração? Ótimo, mas também ainda não é hora para relaxar. Agora é preciso agir rápido para formar ou aumentar sua reserva de emergência. O valor mensal para essa reserva deve ser o maior possível que você possa destinar sem comprometer suas necessidades de rotina. É bom deixar claro que essa quantia deve ser a primeira retirada da renda, não o que sobrar no mês. Quando sua reserva alcançar um valor igual ou três vezes maior que sua renda mensal, você pode se considerar uma pessoa preparada para uma emergência e estará livre dos caros sistemas de crédito. Porém não esqueça: uma vez utilizada a reserva, aja rapidamente para recompor o montante. A manutenção de uma reserva financeira é o início do exercício em família para propiciar melhores condições para o pensamento estratégico futuro, seja em relação a aplicações financeiras, investimentos em previdência complementar ou investimentos imobiliários. O foco, no entanto, deve estar sempre na busca de boa qualidade de vida no presente e também no amanhã. Não conseguiu chegar onde queria? Volte ao início e acerte os pontos. Nunca é tarde para buscar o equilíbrio.

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Educação Previdenciária

Plano Instituidor Uma porta de entrada para a previdência complementar

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Plano Instituidor Uma porta de entrada para a previdência complementar Nunca se falou tanto em aposentadoria como nos

últimos anos no Brasil. Se, por um lado, esse contexto surgiu devido às inquietações frente a uma reforma Nunca se falou tanto em aposentadoria no Brasil previdenciária, outro, trouxe consigo uma janela de como nospor últimos anos. Se, por um lado, esse oportunidades para os fundos de pensão, quea podem, contexto surgiu devido às inquietações frente uma com seus planos instituidores, ser parte importante reforma previdenciária, por outro, trouxe consigo uma da solução uma conta que nunca fechar. janela dede oportunidades paraparece os fundos de pensão, que podem, por meio da Previdência Associativa, ser parte importante da solução de uma conta que parece nunca fechar.

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Educação Previdenciária

A

s novas relações de trabalho e as mudanças no comportamento das gerações de profissionais mais jovens – cada vez menos propensas a fazer carreira em uma única empresa – trouxeram um novo contorno ao segmento de Previdência Complementar Fechada no Brasil. Até então, o sistema, operado por meio dos chamados fundos de pensão, atuava somente via iniciativa patronal, ou seja, quando empresas ofereciam aos seus empregados uma segurança adicional à aposentadoria oficial do INSS. A importância dessa medida para o trabalhador era (e é) a possibilidade da formação de uma reserva financeira de caráter previdenciário a ser revertida, no futuro, em aposentadoria programada, pensão por morte, invalidez ou pecúlio. A partir de 2001, com a Lei Complementar 109/2001, o acesso a esse privilégio se tornou possível a um número maior de brasileiros por meio dos chamados planos instituidores. Neles, os benefícios da previdência complementar podem ser usufruídos também por trabalhadores filiados a sindicatos, associações, cooperativas ou órgãos de classe. Na prática, qualquer instituição interessada em oferecer um plano dessa natureza aos seus associados podem criar sua própria Entidade Fechada de Previdência Complementar (EFPC). Essa opção, porém, envolve custos elevados de operação e riscos maiores, uma vez que nem todas estão aptas a entender as peculiaridades do mercado e investir com segurança o patrimônio dos associados. A segunda opção para as associações que desejam se tornar institui-

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dores de planos de aposentadoria é vinculando-se a fundações de previdência complementar existentes. A vantagem, nesse caso, está em poder contar com a solidez de uma estrutura em pleno funcionamento e com expertise para gerir planos de benefícios de longo prazo. Além disso, há ganhos de escala, menores custos administrativos e ausência de tributação sobre os rendimentos dos investimentos, o que proporciona mais rentabilidade ao plano. Esse tem sido o caminho tomado por dezenas de instituições em todo o Brasil. Segundo dados do Informe Estatístico Trimestral (março/2018) elaborado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar – Previc, já existem no Brasil 65 planos instituídos previdenciais, distribuídos em 21 fundações. Foto: Maria Eduarda Andrade


Porque pensar na aposentadoria Mas por que o trabalhador deve considerar aderir a uma entidade fechada de previdência complementar em vez de investir suas economias em outras carteiras do mercado aberto (bancos e instituições financeiras, por exemplo)? Essa é uma pergunta frequente quando se fala sobre a opção pelos planos instituídos. Antes de entrar nesse mérito, é preciso voltar no tempo e entender as configurações econômicas que moldaram a realidade atual. Para o atuário Luiz Jurandir Simões de Araújo, professor de graduação em atuária, mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP), com a implantação do Plano Real, em 1994, o Bra-

sil passou a conviver com uma série de desafios e obrigações que atingiu toda a sociedade. Dentre esses, a necessidade de cada cidadão planejar seu futuro a fim de garantir a estabilidade financeira, principalmente na fase pós-aposentadoria. “Não podemos responsabilizar apenas o governo por nossa independência financeira. Em nenhum país do mundo foi possível encontrar uma fórmula que garantisse a todas as pessoas tais benefícios. O que precisamos é de uma atitude individual; uma tomada de decisão pessoal”, afirma Luiz Jurandir. A questão, segundo Araújo, é que a cultura previdenciária do país não raciocina no longo prazo: “É muito difícil para um cidadão comum, de forma isolada e individual, poupar a fim de garantir um acúmulo de capi-

Não podemos responsabilizar apenas o governo por nossa independência financeira. Em nenhum país do mundo foi possível encontrar uma fórmula que garantisse a todas as pessoas tais benefícios. Luiz Jurandir Atuário

Grupo de trabalho da Fachesf elabora Plano Instituidor. 2018

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Educação Previdenciária Foto: Maria Eduarda Andrade

Queremos que todos possam contar com a Fachesf para cuidar do futuro daqueles que amam. Helder Falcão Presidente da Fachesf

tal para ser usufruído após a aposentadoria pelo INSS”, diz o especialista. Nesse contexto, entram os planos instituidores como possibilidade de caminho a ser trilhado. “Um taxista, por exemplo, teria não só dificuldade em poupar, como pouca motivação ou meios de buscar investimento em previdência complementar. Mas sua associação ou sindicato poderia fazer esse papel”, explica Araújo. O especialista lembra ainda que a maioria dos brasileiros não trabalha em grandes corporações, mas sim em pequenos comércios ou indústrias que precisam de um suporte para ajudar a mudar a consciência previdenciária. Daí a importância dos programas de educação financeira que vêm sendo desenvolvidos pelas fundações no sentido de apresentar a previdência complementar como uma forma de favorecer os trabalhadores descobertos por esse guarda-chuva social. 24 ·

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Dados recentes do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, em março de 2018, as micro e pequenas empresas foram responsáveis pela geração de 47,4 mil novos empregos no país. Esse número corresponde a 84% do total das 56,1 mil vagas criadas. As médias e grandes empresas contrataram 5 mil pessoas e a administração pública, 3,6 mil. Em resumo, é enorme o potencial de trabalhadores que podem aderir a uma proteção previdenciária caso tenham oportunidade. Os planos de instituidores se diferenciam dos demais planos previdenciários logo na sua origem, pois nascem do interesse do próprio trabalhador em buscar melhores benefícios previdenciários. É importante ressaltar que não existe a figura de empresa patrocinadora para compartilhar riscos e gestão, já que os planos de natureza associativa estabelecem uma relação jurídica direta apenas com seus participantes. Sua principal vantagem é que, com a capacidade de acumulação de recursos da entidade que o administra, haverá sempre melhores condições de rentabilidade na negociação de taxas e juros junto ao mercado financeiro. A segunda diz respeito aos aspectos tributários, uma vez que as contribuições efetuadas pelos participantes são dedutíveis em suas respectivas bases tributárias para o cálculo do Imposto de Renda em até 12% da renda bruta anual. A terceira é que, caso o participante queira transferir seu patrimônio previdenciário acumulado para outro plano de sua titularidade não haverá incidência de tributações ou contribuições de qualquer natureza. Por ser do tipo Contribuição Definida, o participante é quem define o valor de sua contribuição, de acordo com o benefício desejado no futuro.


As contas são individualizadas e representadas por quantidade de quotas. O patrimônio do plano instituidor é segregado e isolado dos patrimônios da própria associação instituidora e da entidade contratada para fazer a sua gestão. Outras vantagens de um plano instituidor são taxas de administração mais competitivas se comparadas às previdências abertas (banco e seguradoras) – dada a ausência de fins lucrativos dos fundos de pensão – e o ingresso de familiares ao plano na condição de titulares. Esse diferencial, sem dúvida, democratiza o acesso de mais pessoas à previdência complementar fechada, considerada atualmente uma das formas mais seguras e eficientes de o trabalhador proteger o seu futuro.

Planejamento estratégico Em 2017, a Fachesf incluiu nas metas de seu Planejamento Estratégico a abertura para novos mercados de saúde e previdência. Segundo o presidente da Fundação, Helder Falcão, a Fachesf alinhou-se a uma tendência que vem sendo praticada por Entidades de todo o país. “Vivemos um tempo de mudança nas relações profissionais. Esse cenário aponta para uma necessidade crescente de planejamento por parte do trabalhador, de modo a conseguir a manutenção de sua qualidade de vida após a aposentadoria. Encaramos o momento como uma janela de oportunidade para a Fundação se apresentar como parte da solução”, afirmou. Existente há 46 anos no segmento de previdência complementar, a Fachesf tem uma sólida trajetória de cumprimento de suas obrigações com os Participantes, experiência

que coloca a Fundação na posição de forte candidata para gerir planos de benefícios para outras entidades e seus associados. De acordo com o presidente Helder Falcão, essa possibilidade de ampliação fortalecerá ainda mais a Fundação, uma vez que os novos planos ajudarão futuramente a diluir os custos administrativos, ainda que os planos instituidores operem de modo completamente independente dos demais planos da Fachesf. Para dar início aos estudos de criação de um plano instituidor, a Fachesf constituiu um grupo de trabalho dedicado a analisar o cenário atual, medir o impacto na estrutura da entidade e desenhar planos de aposentadorias adequados aos potenciais públicos. “De imediato, nossa prioridade será oferecer um plano que atenda às famílias dos nossos Participantes e Assistidos. Queremos que todos possam contar com a Fachesf para cuidar do futuro daqueles que amam. Num segundo momento, quando nosso plano instituidor estiver consolidado, expandiremos essa cobertura para novas entidades de classes, associações, sindicatos e federações”, explicou Helder Falcão. As análises para viabilizar o plano instituidor da Fachesf já estão em andamento. Além da segurança previdenciária, os novos participantes poderão aderir também ao Fachesf-Saúde. “Vemos isso como uma grande vantagem, pois nosso plano tem uma ótima relação com todos os beneficiários. Por outro lado, essa oxigenação com a entrada de mais pessoas será muito importante para a sustentabilidade do Fachesf-Saúde”, concluiu o presidente. 2018

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Educação Previdenciária

Foto: Maria Eduarda Andrade

Chesfiana que inspira Silvia Albuquerque

“Não dá para pensar em aposentadoria às vésperas. Precisamos agir enquanto jovens, porque nosso esforço repercutirá durante anos”.

As pequenas escolhas feitas no presente podem ter um grande impacto no futuro. É por isso que a construção de uma aposentadoria tranquila precisa começar o mais cedo possível. A Participante Silvia Albuquerque é exemplo de quem internalizou essa ideia. Atenta à importância de um planejamento previdenciário, ela optou por praticar a contribuição eficiente ao Plano CD desde que entrou na Chesf em 2009. Na época, tinha apenas 26 anos. Com o nascimento dos filhos Beatriz e Henrique, Silvia entendeu que precisava ir além, rever os próprios planos e fortalecer sua reserva. Ela aumentou ainda mais seu percentual e fez a mudança caber no orçamento familiar.

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Por sua atitude e cuidado com seu futuro, Silvia é uma Chesfiana que inspira. Ela é protagonista do primeiro vídeo de uma campanha da Fachesf para inspirar outros Participantes a serem mais ativos na gestão de seus Planos e na construção de seus planejamentos de vida para a aposentadoria. Os depoimentos serão divulgados mensalmente na TV Fachesf e na página do Facebook - Realize Fachesf.

Conhece chesfianos(as) que podem inspirar outras pessoas a conquistarem um futuro confortável? Mande e-mail para comunicacao@fachesf.com.br

Mobile

Assista ao depoimento de Silvia Albuquerque: https://bit.ly/2wna5xL


Artigo

Previdência

Os planos associativos, o desafio da Fachesf

Q

uando resgatamos a história da Previdência Complementar no Brasil, observamos que o momento de maior crescimento no setor ocorreu na década de 1960, justamente com a criação dos grandes fundos de pensão, antecedendo a Lei 6435 de 1977 que a regulamentou. Naquela época, os planos eram restritos aos empregados das empresas que criavam suas próprias entidades fechadas. Com essa configuração, o vínculo empregatício com a empresa patrocinadora das entidades era a única condição para a participação dos trabalhadores nos planos; eram os denominados planos empresariais. Com o passar do tempo, as empresas ficaram receosas de criar esse benefício para seus empregados devido aos compromissos e riscos que assumiriam automaticamente.

Foto: Maria Eduarda Andrade

Raimundo Jorge Diretor de Benefícios da Fachesf

O setor foi evoluindo e, em maio de 2001, com a edição da Lei Complementar 109, regulamentada mais tarde pela Resolução CGPC 12/2002, foram autorizados os planos oriundos de Instituidores, no qual o vínculo associativo seria determinante para a adesão aos planos. Assim foi criada a Previdência Associativa, que abrange os trabalhadores vinculados a entidades representativas como sindicatos, cooperativas, associações, órgãos de classe e demais entidades de caráter classista e profissional, sendo também ampliado para o multipatrocínio por meio dos planos empresariais.

Com a criação desse novo modelo de previdência fechada, estava disponível a opção para os empregados de empresas que não criaram seus fundos de pensão em poder ter um plano complementar de previdência, fomentando o sistema e oportunizando aos trabalhadores o acesso a uma previdência complementar. Sendo assim, a previdência associativa se completou e o trabalhador passou a ter acesso à Previdência Privada de duas maneiras: por associações ou por sua empresa associada à sua entidade de classe. Atualmente, o Sistema de Previdência Complementar Fechado passa por um período de estagnação, com o número de participantes estacionado. O fomento passou a ser, portanto, o tema mais falado no setor, no qual voltar a crescer se tornou o maior desafio. A Fachesf, em seu Planejamento Estratégico, visando sua perenidade, decidiu agregar a administração de outros planos, sejam empresarias ou associativos. Para isso, está se preparando para o que será o seu maior desafio nesses 46 anos de vida, pois revolucionará sua forma de agir: se antes tratava com um mercado cativo dos empregados da Chesf e da Fachesf, em breve tratará com um mercado diferenciado e que traz diversidade de culturas, ambições, visões e, principalmente, concorrência. O momento é de avançar. A Fundação está revisando seus conceitos empresariais e processos operacionais para que se possa fazer mais com o mesmo – o que será, sem dúvidas, um grande desafio.

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Artigo

Investimentos

Foto: Maria Eduarda Andrade

Os

planos de previdência oferecidos pelas Entidades Fechadas de Previdência Complementar no Brasil são nas modalidades: Benefício Definido (BD), Contribuição Definida (CD) e Contribuição Variável (CV). As principais características desses planos são:

Luiz da Penha

Diretor de Adminstração e Finanças

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a) Nos planos BD, as contribuições são feitas pelo Participante* e pela Patrocinadora em conformidade com as regras de cálculo definidas em seu regulamento para atender ao valor do benefício futuro. Existe uma reserva matemática, atuarialmente calculada, para atender aos benefícios a conceder e outra para atender aos benefícios concedidos. Em caso de superávit ou déficit que ultrapassem os limites definidos pelas normas do Conselho Nacional de Previdência Complementar, esses serão encargos (no caso de déficit) ou direitos (no caso de superávit) dos Participantes, Assistidos e da(s) Patrocinadora(s). O excesso de retorno dos investimentos, quando ocorre, é incorporado ao patrimônio do plano em conta coletiva e poderá compensar um eventual déficit atuarial do Plano ou ser distribuído com todos os Participantes, Assistidos e Patrocinadora(s) em caso de superávit;

b) Nos planos CD, em geral, a contribuição da Patrocinadora é calculada em função da contribuição definida pelo Participante, conforme regra estabelecida no regulamento do Plano. O valor do benefício é calculado em função do saldo acumulado na conta individual de cada Participante. Nesse plano (CD puro), o benefício é pago em cotas ou por prazo determinado, não existindo compromisso com benefício vitalício nem também com um valor de benefício. Também não há uma reserva matemática atuarialmente calculada para benefício concedido e/ou benefício a conceder, por isso não há em que se falar de déficit ou superávit em um plano CD (puro). O excesso de retorno dos investimentos é totalmente incorporado às contas individuais dos Participantes; da mesma forma, os retornos abaixo do objetivo de rentabilidade ou meta do Plano afetam negativamente os saldos das contas individuais dos Participantes, podendo reduzir o valor dos benefícios dos Assistidos; c) O plano CV funciona como um CD durante o período laboral do Participante e como BD quando o Participante passa a ser Assistido;


Investimentos

A impossibilidade de déficit no plano CD (puro) elimina o risco atuarial, o que é particularmente importante para as patrocinadoras. Já a característica híbrida do plano CV trouxe algumas vantagens para Participantes e Patrocinadoras. A possibilidade de o Participante definir sua contribuição, podendo inclusive fazer aportes extras e, portanto, maximizar o valor acumulado em sua conta individual, visando um benefício maior no futuro, é uma particularidade importante do plano CD e também do plano CV. A ausência de compromisso com déficit atuarial relativo ao benefício a conceder se reflete na redução de riscos para Participante e Patrocinadora. Ou seja, com o plano CV, procurou-se ter o que há de melhor no CD e no BD, simultaneamente. Como tudo na vida, não há ganhos sem uma contrapartida correspondente, ou seja, na linguagem do mercado financeiro, não há “almoço grátis”. No caso específico do plano CV, o Participante precisa ter educação financeira e previdenciária, para definir e maximizar o valor da sua contribuição tomando essa decisão o mais cedo possível, pois o tempo é o maior aliado na formação do saldo da sua conta individual.

O excesso de retorno dos investimentos no plano CV é incorporado à conta individual do Participante**, gerando um benefício vitalício maior quando comparado com aquele calculado considerando um retorno dos investimentos igual ao objetivo de rentabilidade/meta. O Participante precisa ter consciência de que, em tese, esse excesso de retorno dos investimentos, com um consequente valor adicional sobre o benefício esperado, poderá ser necessário para cobertura de um eventual déficit técnico atuarial na fase de Assistido. O Participante, em geral, não tem o esclarecimento necessário sobre essa questão e acaba incorporando ao seu orçamento esse ganho adicional no valor do benefício gerado pelo excesso de retorno dos investimentos.

*De acordo com a legislação Participante é o participante do plano ainda na ativa e Assistido é o participante do plano já em gozo de benefício (aposentado); **Excesso de retorno dos investimentos no plano BD é destinado à formação de superávit que poderá ser utilizado no futuro para cobrir um eventual déficit.

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No Consultório

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Foto: Alcione Ferreira

Reconexão com

a natureza

Em ambientes urbanos, os espaços de moradia e trabalho são separados do mundo natural por paredes de concreto e estruturas de aço. Apartamentos, carros, elevadores, salas fechadas, ar-condicionado. Nesse cenário, muitas vezes é fácil esquecer-se do óbvio: a natureza é fundamental para a vida. Dela vem tudo o que preci-

samos para nos manter vivos: ar, água, comida, diferentes fontes de energia. Além de fornecer as necessidades básicas do ser humano, a natureza também tem um aspecto fundamental para o bem-estar físico e a saúde mental. Mas qual é o espaço que damos para o contato com a natureza em nosso cotidiano?

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No Consultório

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os tempos mais remotos, a humanidade vivia em conexão visceral com a natureza. Caçar, plantar e colher o próprio alimento eram questões de sobrevivência. Com o avanço das tecnologias e o movimento de urbanização das cidades, a relação entre homem e o meio ambiente sofreu mudanças drásticas e abriu espaço para um novo tipo de vivência. Segundo dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010), cerca de 84% da população brasileira vive em zonas urbanas que, em sua imensa maioria, cresceram desordenadamente sem políticas públicas de preservação do patrimônio natural de seus entornos. Para muitos especialistas, é preciso, portanto, dar alguns passos para trás e estreitar o contato com a natureza não somente em benefício da saúde humana, mas também do planeta. Em 2016, a Organização Mundial de Saúde (OMS) compilou evidências científicas que apontam para o impacto positivo na saúde pública atribuído à disponibilidade de espaços verdes em áreas urbanas. De acordo com o relatório, a interação com o meio natural desencadeia uma série de fatores que contribuem para a qualidade de vida da população: facilita a prática de atividade física e reduz obesidade, problemas cardiovasculares e o risco de desenvolvimento de doenças como diabetes tipo 2. Além disso, diminui os níveis de estresse e ansiedade, favorecendo a saúde mental.

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Bom para saúde, bom para o planeta Não é à toa que países como Inglaterra e Estados Unidos têm políticas específicas para estimular a interação das pessoas com a natureza. O governo britânico estima que se todas as famílias tivessem fácil acesso a espaços verdes, o custo com cuidados de saúde no país poderia ser reduzido em £2.1 bilhões de libras. O pediatra Daniel Becker, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em saúde pública, defende que essa proximidade é importante sobretudo para as crianças, pois fortalece o sistema imunológico dos pequenos, ajuda no desenvolvimento físico e na coordenação motora, diminui alergias e melhora a capacidade de concentração. O especialista também aponta uma convergência direta entre saúde e sustentabilidade. “Tudo que faz bem à saúde faz bem ao meio ambiente e vice-versa. Andar de bicicleta faz bem ao corpo e à cidade porque reduz engarrafamento e poluição. Comer alimentos orgânicos faz bem ao corpo e também aos rios, a Terra, aos animais. Tudo se retroalimenta de forma positiva, criando círculos viciosos”, avalia o médico em palestra na plataforma online TEDx.

Carência de Sol Apesar da importância do vínculo entre as crianças e o meio ambiente, o tempo de brincadeiras em áreas abertas – como parques e praças – diminuiu ao longo dos anos. Essa desconexão, chamada


Foto: Alcione Ferreira

O contato com a natureza ajuda a fortalecer o sistema imunológico e desenvolvimento físico das crianças.

por alguns especialistas de “confinamento da infância”, é resultado de diversos fatores, sendo um deles bastante evidente em cidades brasileiras: enquanto faltam espaços públicos bem cuidados e de qualidade, sobra distração fácil em telas de smartphones e televisão. Pesquisa realizada com duas mil crianças entre 5 e 12 anos de idade no Reino Unido apontou que 74% passa menos de uma hora por dia brincando em ambientes abertos. O estudo compara o resultado com as orientações da Organização das Nações Unidas de que pessoas encarceradas em presídios devem gozar de pelo menos uma hora diária de exercí-

cio físico ao ar livre. A constatação é assustadora: crianças têm menos acesso a atividades ao ar livre do que presidiários. Segundo o pediatra Daniel Becker, essa falta de contato com a natureza pode desencadear uma série de problemas. “Estamos confinando nossas crianças em espaços fechados e deixando-as distraídas com aparelhos digitais. Impedimos que tenham momentos de consciência. O tédio é fundamental na infância; é o berço do mais importante para nós: a criatividade e a imaginação. E nós estamos amputando isso dos nossos filhos com o pecado do confinamento e da distração permanente”, pontua o especialista.

A OMS compilou evidências científicas que apontam para o impacto positivo na saúde pública atribuído à disponibilidade de espaços verdes em áreas urbanas.

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No Consultório As crianças e também os adultos têm colhido outro grave fruto desse confinamento: a carência generalizada de vitamina D, já considerada epidemia em todo o mundo. Conhecida como “vitamina do sol”, a D3 é essencial para a regulação do sistema imunológico e ajuda na prevenção de diversas patologias no organismo. Pesquisadores da área de saúde concordam que um dos principais fatores dessa falta está relacionada à baixa exposição aos raios UV-B, elemento que estimula a produção da vitamina no corpo. Para garantir a ingestão diária de vitamina D, o Ministério da Saúde recomenda, além de consumir aliFoto: Alcione Ferreira

Cláudio Avellar Participante

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mentos como leite, fígado e peixe, uma exposição ao sol de quinze a vinte minutos pelo menos três vezes por semana, sem protetor solar, até 10h ou após as 16h. Parece algo simples, principalmente em regiões quentes como o Nordeste, mas que na prática, não se observa com frequência.

Vida ao ar livre O Participante Cláudio Avellar é exemplo de alguém que decidiu ir na contramão desse cenário e trazer mais natureza para seus dias. Há 10 anos, mudou-se com a família para Aldeia, região metropo-


Foto: Arquivo pessoal

Diva Nobre Participante

litana do Recife (PE) conhecida por seu patrimônio ambiental. “Tenho o privilégio de proporcionar a minha filha uma vivência no meio ambiente desde o início de sua vida. Acredito que isso terá um forte impacto em sua percepção do mundo. De nossa casa, podemos observar saguis, aranhas, insetos e outros animais. Andamos descalços na grama e temos muito verde ao nosso redor. Aqui não temos concreto ao redor, carros passando, som alto. Usufruímos de um ambiente mais tranquilo e silencioso”, diz. Esse contato com o meio ambiente, porém, não é restrito a quem

opta por morar em regiões menos urbanas. Nos grandes centros, também é possível encontrar espaços e formas para fugir do burburinho e colocar o rosto ao sol. Para a Participante Diva Nobre, ocupar as ruas do Recife e praticar exercícios ao ar livre é o modo que escolheu para se sentir mais inserida no meio ambiente. Apesar de praticar musculação porque considera importante, a Participante não abre mão das pedaladas na companhia dos grupos de ciclismo urbano que frequenta de três a quatro vezes por semana. “Adoro mato, natureza. Pedalar à noite é uma experiência

Adoro mato, natureza. Pedalar à noite é uma experiência diferente. A gente consegue até sentir a mudança de clima quando passamos por bairros mais afastados. Diva Nobre Participante

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No Consultório

Quanto mais próximo da natureza você estiver, mais ela vai lhe amparar nos seus processos de saúde. Tereza Guimarães Psiquiatra

diferente. A gente consegue até sentir a mudança de clima quando passamos por bairros mais afastados. Em alguns fins de semana, fazemos passeios mais longos, de até 70km até Gravatá”, conta. Diva mora num apartamento na zona norte do Recife, mas tem uma casa na praia que lhe garante mais contato com a natureza. Segundo ela, um de seus planos para a aposentadoria é passar mais tempo no litoral, curtir o mar e praticar mais stand up paddle (esporte marítimo que mistura surf e remo e é praticado de pé numa prancha).

Prevenção e cura pela natureza A psiquiatra Tereza Guimarães é uma defensora da natureza como fonte de tratamento. Médica pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fez residência em um hospital psiquiátrico no Recife na década de 1980. “Na época, à medida que descobria mais sobre a forma tradicional de tratamento de doenças mentais, mais eu me distanciava da psiquiatria. Não acreditava naquilo; não era a forma pela qual gostaria de tratar os pacientes. Cheguei a desistir da profissão”, relembra.

Foto: Maria Eduarda Andrade

Tereza Guimarães Psiquiatra

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Foto: Alcione Ferreira

Mesmo nos centros urbanos, é possível encontrar formas de se aproximar mais do verde.

Ao conhecer formas alternativas de medicina, Tereza se especializou em homeopatia e voltou a cuidar de pessoas. Também estudou terapias florais e kinesiologia, uma abordagem holística que investiga fluxos de energia no corpo como forma de proporcionar equilíbrio e funcionalidade.

se fortalece e passa a reconhecer esse meio de cura. Assim, quando você precisar de uma interferência alopática tradicional, seu sistema vai reagir mais rapidamente porque os produtos usados anteriormente não esgotaram sua vitalidade, mas a fortaleceram”, avalia.

Segundo a médica, a sociedade precisa desenvolver um diálogo mais amplo com o meio ambiente natural. E essa troca inclui olhar os indivíduos de dentro para fora. “Quanto mais próximo da natureza você estiver, mais ela vai lhe amparar nos seus processos de saúde. Se desde a infância, os cuidados são naturais, com produtos vindo de plantas para tratar as doenças comuns da infância, seu sistema

Em março deste ano, o Ministério da Saúde do Brasil ampliou a lista de práticas integrativas e complementares oferecidas a pacientes do SUS. Atualmente, 29 procedimentos estão disponíveis à população, grande parte com recursos terapêuticos vindos diretamente da natureza, como a apiterapia, baseada no uso de produtos das abelhas (como pólens e mel); aromaterapia, recurso que utiliza compostos

Adotar hábitos de um estilo de vida mais conectado com a natureza beneficia diretamente a saúde e contribui para a preservação ambiental.

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No Consultório Foto: Alcione Ferreira

A prática de esportes ao ar livre é benéfica à saúde do corpo e da mente.

extraídos de plantas aromáticas; e geoterapia, tratamento baseado no uso de argila. “Essas práticas são investimento em prevenção para evitar que as pessoas fiquem doentes. Precisamos continuar caminhando em direção à promoção da saúde em vez de cuidar apenas de quem fica doente”, ressaltou o então Ministro da Saúde Ricardo Barros.

Mudança de hábitos

Mobile

Confira vídeo da palestra com o pediatra Daniel Becker: crianças, já para fora! https://bit.ly/1GYnmil 38 ·

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Seja com uma horta na varanda do apartamento, nas pequenas caminhadas pelo bairro, em passeios de bicicleta ou brincadeiras a céu aberto com as crianças, adotar hábitos de um estilo de vida mais

conectado com a natureza beneficia diretamente a saúde e contribui para a preservação ambiental. Para garantir que as próximas gerações tenham um bom planeta para morar, é urgente repensar a relação com a natureza. O cientista americano Jonas Salk (1914-1995), pesquisador que descobriu a primeira versão da vacina contra a poliomielite na década de 1950, coloca a relação do homem com o meio ambiente em perspectiva: “Se todos os insetos desaparecessem da Terra, todas as formas de vida no planeta acabariam em 50 anos. Se todos os seres humanos desaparecessem da Terra, em 50 anos, todas as formas de vida prosperariam”, afirmou. Já é passada da hora de levarmos essa questão a sério.


Pergunte ao Doutor

Palpitação: quando o coração se faz ouvir Você costuma sentir seu coração bater? A palpitação cardíaca é muito comum, porém mais de 20 milhões de brasileiros, sobretudo idosos, são acometidas anualmente por arritmias cardíacas, um descompasso responsável por cerca de 320 mil mortes súbitas todos os anos no país. Para esclarecer esse assunto, conversamos com o cardiologista André Gustavo Santos. 1. O que é a palpitação? Por definição, é quando sentimos nossos batimentos cardíacos. A maior parte das palpitações não são reflexo de doença cardíaca. Mas é preciso ficar atento aos sintomas, pois alguns casos podem ser arritmia. 2. Quando devemos prestar atenção às palpitações? Quando houver fatores associados a desmaio, tontura, escurecimento da vista, cansaço agudo, falta de ar, dor no peito e batimentos descompassados (diferente da frequência cardíaca normal de 50 a 100 batimentos por minuto) ou fora da ordem que não melhoram em até uma hora e intensificam com o tempo. 3. Qual é a principal causa de palpitação? A principal causa é o estresse, condição que aumenta a adrenalina, a frequência cardíaca e a pressão arterial, provocando a arritmia. A palpitação pode aparecer, por exemplo, durante uma crise de pânico e ansiedade. 4. O que é a arritmia? Uma palpitação com características anormais e relacionadas a problemas cardíacos é chamada de arritmia. Quando o paciente tem arritmia, sua frequência cardíaca pode estar maior que 100 ou menor que 50 batimentos por minuto. 5. Existe tratamento para a palpitação? A palpitação espontânea é relacionada à adrenalina, nesse caso, o indicado é combater o estresse. Uma dica é ficar em um quarto escuro, relaxar, escutar uma música e controlar a respiração. Se a pessoa apresentar algu-

ma característica de doença cardíaca, ela deve procurar um cardiologista para avaliar a parte elétrica do coração. Só depois de diagnosticado o tipo de arritmia será prescrito o tratamento. Qualquer receita alternativa, como água com açúcar, gera um efeito placebo. Mas os chás são preocupantes, visto que alguns, como o chá preto, podem piorar o quadro. 6. Existe alguma forma de evitar palpitações e arritmias? Atividades físicas regulares ajudam o coração e o sistema cardiovascular a se adaptar e criar automaticamente mecanismos de proteção. 7. Quais são os exames indicados para investigar as palpitações? O eletrocardiograma é realizado em toda avaliação de rotina. Além dele, há o ecocardiograma, que avalia a parte mecânica do coração, e o Holter, realizado quando o eletro não identifica a arritmia num paciente com alta frequência de arritmia. É importante que quando o paciente sabe que pode ser uma palpitação de origem cardíaca, ele procure uma unidade de saúde e faça o eletro na hora da crise. 8. É possível associar a palpitação à pressão alta e/ou baixa? Pressão alta ou baixa é outro tipo de mecanismo, mas tem relação quanto aos sintomas. Por exemplo: se o paciente está numa arritmia em que o batimento é muito rápido ou muito devagar, a pressão pode cair e ele pode ter tontura, escurecimento visual e até desmaiar. Contudo, palpitações não patológicas normalmente não alteram a pressão. Foto: Giselle Cahú

André Gustavo Santos Lima Médico cardiologista intensivista do Hospital das Clínicas de Pernambuco.

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Foco no Participante

Recomeço em qualquer tempo A Participante Maria Emília Vieira já tinha cruzado a faixa dos 70 anos de idade quando assumiu um novo compromisso consigo mesma: concretizar o antigo sonho de estudar medicina veterinária e oferecer atendimento popular aos animais. No início dessa caminhada, aprendeu que se reinventar, apesar de difícil, é uma forma incrível de se sentir viva. Em um depoimento emocionante à Conexão Fachesf, a aposentada falou sobre a juventude, o envelhecimento e a descoberta de si mesma como uma inspiração para outras pessoas.

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N

asci em Petrolândia, em 1944. Caçula numa família de sete filhos, passei a infância numa casa às margens do Rio São Francisco, onde aprendi a nadar e tive o primeiro contato com o universo da Chesf – que eu abraçaria anos depois. Por ter crescido no Sertão, sempre estive rodeada de bichos e desenvolvi cedo uma forte sensibilidade à dor dos animais abandonados. Colecionei, ao longo dos anos, incontáveis histórias de amor com cadelas resgatadas das ruas e transformei esse sentimento em um propósito: aos 72 anos, aposentada, resolvi me matricular no curso de medicina veterinária. A decisão veio do único desejo de fazer a diferença na vida dos bichos em situação de vulnerabilidade. Minha meta é abrir uma clínica veterinária com um dos meus filhos, que é zootecnista, e promover atendimento popular a animais em situação de abandono. Vou me especializar em dermatologia e cuidar dos meus vira-latas. Ainda que muitos não entendam essa motivação, foi ela que me levou a entrar como portadora de diploma na Unibra, uma universidade particular com campus no bairro da Boa Vista, centro do Recife, e a sair de minha casa, em Aldeia (município de Camaragibe), para enfrentar diariamente um percurso de 20 km, no transporte público, às 6h30 da manhã. O primeiro ano do curso foi difícil. Ao meu redor, via apenas jovens entre 20 e 30 anos de idade, nenhum idoso. Isso pesava. A maioria das pessoas acha que os velhos não têm mais nenhuma pretensão na vida. Eu me sentia remando contra a maré. Mui-

tas vezes, questionei a mim mesma: ‘o que estou fazendo aqui?’. Confesso que cheguei a pensar em desistir, mas decidi focar no meu objetivo e seguir em frente.

Aos poucos, o convívio com os colegas se tornou mais fácil e natural. Hoje escuto que sou um exemplo, uma referência; que admiram minha vitalidade e disposição para o estudo. Imagino se, de alguma forma, também não sou para eles uma espécie de espelho. Será que olham para mim e se perguntam o que estarão fazendo das suas vidas aos 74 anos? Tenho aprendido diariamente com os mais jovens. Passei a ser mais tolerante com opiniões diferentes das minhas e revi alguns conceitos. Coisas que hoje são vistas com normalidade eram consideradas absurdas na minha juventude, então precisamos estar abertos a esse novo. Estamos aqui para melhorar sempre, não é? Devo concluir o curso em pouco mais de dois anos. Costumo brincar que dançarei a valsa do baile de formatura nem que seja de bengala. Estudar é uma forma estimulante de manter a mente ativa, de fazer a gente se sentir parte integrante de um todo. Depois que decidi cursar medicina veterinária, algumas amigas na minha faixa etária também voltaram a estudar. Acredito que isso contagia. É bonito de ver.

Vida que segue Sempre fui inquieta diante da vida. Não tenho medo do movimento. Em Petrolândia, fui a primeira mulher a se desquitar. Em 1966, isso era algo abominável. Aos 22 anos e já mãe, o escândalo me rendeu a suspensão 2018

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Foco no Participante Fotos: Maria Eduarda Andrade

Posso dizer que aproveitei cada fase da vida; tive muitos amores e ainda sigo de coração aberto, acreditando que o sentimento não tem prazo de validade.

da matrícula no ginásio. Só retomei os estudos por influência do meu pai, que conseguiu a interferência do major Wellington Martins de Albuquerque, autorizando meu retorno. De Petrolândia, mudei para Paulo Afonso (BA) com o intuito de cursar Pedagogia. Em agosto de 1967, tive a oportunidade de entrar como auxiliar de escritório na Chesf, que vivia uma fase de grande efervescência. Trabalhei 28 anos na Companhia. Para uma mãe desquitada como eu, ter o suporte do trabalho foi fundamental. Já naquela época, quando uma mulher 42 ·

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se separava, caía sobre ela toda a responsabilidade financeira e emocional dos filhos. A Chesf foi meu alicerce para seguir adiante. Olho para trás e sinto orgulho da jovem sem receio de buscar a própria felicidade. Vejo muitas mulheres casadas e infelizes em seus casamentos, empurrando as coisas com a barriga por conta da família. Separação não é fácil, mas

meu conselho é: a vida passa rápido, os filhos crescem; em pouco tempo, chegam à idade que tivemos e compreendem que essa busca pela plenitude é um direito individual.


Marcas do tempo Modéstia à parte, fui uma jovem bonita e admirada. Talvez por isso, lidar com o envelhecimento não tenha sido simples. Perceber que seu corpo nunca mais será como antes pode ser doloroso. Às vezes, isso me entristece. Nesses momentos, busco fotografias antigas e penso na minha história, em quem me tornei e em como isso é incrível. Procuro focar no que de fato importa: meus estudos, meus bichos, meus filhos, minhas amigas e meus projetos de vida. Ainda há tanto por fazer! Continuo uma mulher vaidosa. Adoro me vestir e tenho coleções de brincos, colares, anéis, pulseiras. Precisei aplicar botox porque minhas pálpebras estavam caindo e comprometendo a visão, mas decidi não cair na tentação das cirurgias plásticas para disfarçar a idade. Tenho orgulho das rugas no

meu rosto; cada uma delas guarda muitas histórias. Chegar à velhice é um privilégio. Acho bonito saber que você tocou a vida das pessoas ao seu redor e vai deixar histórias de afeto nos outros.

Além de me aperfeiçoar em tudo o que fiz – sou formada em secretariado, comunicação social e relações públicas –, posso dizer que aproveitei cada fase da vida; tive muitos amores e ainda sigo de coração aberto, acreditando que o sentimento não tem prazo de validade. Para mulheres da minha idade, recomeçar uma relação romântica não é tão fácil, porém preservo a disponibilidade emocional de compartilhar meus dias com um companheiro. Acredito na paixão e gosto de pensar nas surpresas que o tempo nos traz.

A escolha pela Fachesf Em 1972, ano de criação da Fachesf, eu ainda não pensava em aposentadoria. Na época, nós, chesfianos, precisávamos optar entre o Regulamento 001 e Regulamento 002 e aquilo me parecia muito confuso. Cheguei a pensar em não me associar. Foi meu chefe, Iran Barreto de Menezes, que me pegou pela mão e disse: “Emília, isso vai garantir não somente seu futuro, mas o de seus filhos.” Hoje agradeço a ele pelo conselho.

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Confira o depoimento em vídeo da Participante na versão digital da revista. https://bit.ly/2JL9FJZ

Investir na previdência complementar foi uma das melhores decisões que to2018

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Foco no Participante Olho para trás e sinto orgulho da jovem sem receio de buscar a própria felicidade.

mei. Não fosse pela Fachesf, meu estilo de vida seria diferente. Sem o benefício de suplementação, eu não teria, por exemplo, condições financeiras de pagar uma formação em medicina veterinária. A Fundação também me dá um grande suporte na área de saúde. Meu filho mais velho sofreu um acidente grave e a assistência que recebemos foi impecável. É natural para os jovens não pensar no futuro, querer viver só o presente. 44 ·

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Eu também não me imaginava velha. Mas num piscar de olhos, a vida passa. Tive a sorte de ter feito boas escolhas e poder seguir com disposição para aprender coisas novas. Sentir que sou uma inspiração para meus colegas de turma é gratificante; significa que podemos envelhecer sorrindo. Qual o segredo dessa vitalidade? Ter consciência do próprio tempo, aceitar a chegada da idade e fazer o possível para expandir conhecimentos.


Cultura & Lazer

A vitalidade de uma artista incansĂĄvel

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ram quase duas horas da manhã e Tereza Costa Rêgo ainda estava pintando. Com ajuda do neto Daniel, seguia madrugada adentro dando as últimas pinceladas na tela que entregaria a um comprador ansioso dali a poucas horas. “Fiz uma coisa doida da minha cabeça. É um bicho encarnado com uma cabeça de lagartixa que vai, vai, vai e termina com dois tatus. Fiquei emocionada quando assinei esse quadro”, conta a artista plástica, buscando descrever a obra recém-concluída de 1 m de altura por 2,5 m de largura. Parece algo simples ao dia a dia de uma pintora, não fosse ela uma mulher de 89 anos que subverte qualquer previsão da medicina e expectativa de uma vida comum nessa faixa etária. Basta olhar para Tereza e perceber, sem muito esforço, seu brilho, e vitalidade: está no olhar que tudo observa, na conversa rápida, na mente sagaz. Dona de uma força e beleza impressionantes, é uma sedutora profissional. E transmite isso ao que pinta. O vermelho marcante de suas telas atrai quem se dispõe a contemplá-las e entrega a personalidade intensa de Tereza. A cor rubra é, para ela, uma verdadeira obsessão. Em sua casa, está por toda parte: das paredes repletas das telas assinadas por ela às xícaras, pratos e toalha de mesa. A artista cultiva um cuidado fora do comum pela estética e tem um senso de espaço onde nada se põe ao acaso, nada passa batido. Tereza Costa Rêgo também é inquietude da cabeça aos pés, a própria encarnação da vontade de viver e isso não vem de hoje. Nascida no Recife, em 28 de abril de 1929, a artista rompeu, ainda jovem, com o destino

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reservado a pessoas como ela, vindas ao mundo pelo seio da aristocracia pernambucana e destinadas a reproduzir a própria condição social. Única mulher de uma família de cinco filhos – a “mais moça”, como ela diz –, conta ter escolhido “o voo, em vez do ninho”, como seu lema de vida.

Vocação para fênix No início dessa história, porém, a bela e jovem Terezinha rezou a cartilha dos bons costumes: casou-se com um jurista com quem figurava nos principais eventos e colunas sociais da cidade. “Tinha uma porção de criados aos meus pés, 24 horas por dia”, recorda, sem nenhuma nostalgia. Desse casamento, nasceram suas duas filhas, Maria Tereza e Laura – foi mãe cedo, aos 20 anos. Depois, quis Terezinha, contudo, que seu destino fosse diferente, atirando-se contra a maré que já a enredava dentro dos padrões da “bela, recatada e do lar”. Ela já era casada e pintora da Escola de Belas Artes do Recife quando conheceu o líder comunista e engenheiro Diógenes Arruda, que depois de ser perseguido na Era Vargas, enfrentaria a segunda ditadura do país, nos anos 1960. Eles se conheceram em um dos eventos sociais da casa de Tereza e, a partir dali, tudo mudaria na vida da artista. “Foi uma coisa muito violenta. Fiquei doida e ele também; a danação foi enorme”, conta a artista na sua biografia Tereza Costa Rêgo, uma mulher em três tempos, escrita por Bruno Albertim e recém-lançada pela Cepe Editora. Tempos depois desse encontro, ela se lançava com Diógenes na vida clandestina. Desquitou-se e partiu, deixando no Recife o ex-marido e as


Fotos: Daniel Rozowykwiat

Fiz uma coisa doida da minha cabeça. É um bicho encarnado com uma cabeça de lagartixa que vai, vai, vai e termina com dois tatus. Fiquei emocionada quando assinei esse quadro.

filhas, com as quais viria a se encontrar eventualmente. Sua escolha, claro, teve uma reação: sofreu todos os rechaços sociais, sobretudo em sua familia, na qual imperava a tradicional moral cristã. Foi mal falada e praticamente eliminada de todo o convívio. Seguindo seu caminho sob o codinome de Joana, a companheira de Diógenes começou a dar passos de independência e assumiu um papel de vanguarda nos tempos de um Brasil extremamente conservador. Morou em São Paulo, exilou-se no Chile e, posteriormente, fixou-se na França. Nesse período de luta e solidão, gra-

duou-se em História e concluiu mestrado em Sorbonne, conceituada universidade de Paris. Ela só voltou ao Brasil no processo de redemocratização política, em fins dos anos 1970. Desta vez, a vida lhe deu um golpe tremendo e inesperado: o casal estava saindo do aeroporto de São Paulo, recém-chegado da Europa, quando Diógenes teve um infarto fulminante, vindo a morrer aos 64 anos de idade. Ficção alguma parece dar conta da dor de Tereza, decidida a deixar de ser “mulher de alguém” para ser apenas Tereza Costa Rêgo. 2018

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Cultura & Lazer “Eu tinha duas mãos e a pintura”, narra a artista. Em sua vocação de fênix, escolheu morar num sobrado em ruínas na Rua do Amparo, na cidade de Olinda. Retornava, assim, às suas origens. Era começo da década de 1980 e, naquela época, a Cidade Alta já era reduto de artistas, a quem ela decidiu se juntar para dar continuidade à carreira de pintora. Aos 50 e poucos anos, nascia como uma nova mulher.

A receita da vitalidade é uma taça de vinho e um pote de creme.

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O segredo da vitalidade

2,20 m), na qual uma mulher ruiva se debruça despida sobre o cadáver de seu amado, numa alusão direta à morte precoce de Diógenes. O processo do trabalho foi uma catarse para Tereza, pois o fundo do quadro é feito com colagem das cartas que o companheiro lhe escrevera. Em 1983, ela pintaria outro clássico de sua trajetória: Mulher nua com gatos (óleo e acrílica sobre madeira, 0,8 m x 1,20 m), seu primeiro nu frontal. Dali em diante, não pararia mais, amadurecendo um inconfundível estilo pictórico.

No sítio histórico, Tereza se reinventou como pessoa (agora mãe e avó) e artista. Em seu novo ateliê, pintou, no ano de 1981, a obra A partida (técnica mista sobre madeira 0,80 m x

Vem dessa época o mergulho definitivo no vermelho. A cor é o ponto de partida e chegada de suas pinturas, feitas sobre uma superfície coberta inicialmente de preto para só depois


se tornar rubra, pois foi assim que Tereza descobriu a técnica de como alcançar o tom certo de sua paleta. Desse recurso estético, enveredou mais a fundo na arte modernista, pintando obras célebres, como o painel Boi voador (acrílica sobre madeira, 1,60 m x 4,40 m), de 1992; Batalha dos Guararapes (acrílica sobre madeira, 1,60 m x 4,40 m), de 1999; Ceia larga brasileira ou a Pátria nua (óleo sobre tela, 2,45 m x 5,55 m, 1999); e a monumental Apocalipse de Tereza, uma grande serpente feita em tinta acrílica sobre uma superfície de madeira medindo 1,60 m de altura por 12 metros de largura. A obra marcou seu aniversário de 80 anos e, desde então, ela já produziu

outros trabalhos de grandes dimensões, incluindo outro painel magistral, Mulheres de Tejucupapo, com 2,2 m x 8 m, que demorou cerca de quatro anos para ser concluído. Qual o segredo para continuar tão ativa perto dos 90 anos? Tereza brinca, dizendo que a receita da vitalidade é uma taça de vinho e um pote de creme. Além disso, gosta de conviver com pessoas mais jovens. Seu projeto para o ano que vem é criar uma série baseada nos sete pecados capitais, desdobrando os temas bíblicos que continuam a perseguir, de forma crítica, como assunto inesgotável de sua obra. Não resta dúvidas de que é a arte que a mantém de pé, com muita bravura.

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Mundo Animal

Um mar de lixo no futuro dos oceanos Em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. A estimativa, divulgada em relatório conjunto do Fórum Econômico Mundial e Fundação Ellen Mac Arthur, traz um alerta: precisamos urgentemente mudar nosso consumo e a forma de descartar resíduos na natureza.

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cenário é assustador. A Eastern Garbage Patch, um agrupamento de lixo flutuante do tamanho do estado americano do Texas, atualmente se espalha a meio caminho entre o Havaí e Califórnia, no Oceano Pacífico, sem que tenha condições de ser drenada. No Brasil, mais precisamente em Pernambuco, centenas de tartarugas e outros seres marinhos estão morrendo ao ingerir restos de plástico por confundi-los com algas. Até mesmo na Antártida, em áreas que se pensava estar isoladas e preservadas, já foram encontrados resíduos poluentes. Atualmente, cerca de 13 milhões de toneladas de plástico chegam todos os anos aos oceanos, prejudicando mais de 600 espécies marinhas e matando cerca de 100 milhões de animais no mundo inteiro. Sua origem está no descarte indevido, gerado por uma sociedade que se acostumou a consumir cada vez mais, sem questionar o que isso pode causar para o meio ambiente. Para desequilibrar ainda mais essa equação, soma-se a ausência de políticas públicas eficientes que consigam controlar o crescimento exponencial do problema. “De maneira geral, a poluição causada pelos plásticos é uma das principais causas de óbito de animais marinhos. Todos os anos, observamos uma alta quantidade de mortes relacionadas à presença de lixo no mar e nas praias”, conta a veterinária Luciana Ramch, consultora da ONG Ecoassociados. A instituição atua desde 1998 no monitoramento, proteção e reabilitação de tartarugas marinhas no litoral pernambucano, com destaque para a região de Porto de Galinhas.

A veterinária explica que, ao flutuar, as sacolas descartadas no mar lembram águas-vivas ou anêmonas, os alimentos preferidos de várias espécies. Quando ingeridos, os materiais provocam nos bichos uma morte lenta e dolorosa. “Já encontramos tartarugas engasgadas com lacre de garrafa, pedaço de canudo, restos de corda e outros tipos de lixo”, enumera. Pedaços de corda e restos de redes das embarcações também podem se enroscar nos bichos e mutilar seus membros, além de, em determinados casos, impedi-los de subir para respirar, ocasionando morte por afogamento. Para piorar a situação, as tartarugas geralmente vivem a uma profundidade oceânica e só se aproximam da costa para reproduzir ou desovar. A maioria dos animais afetados, portanto, são fêmeas ou filhotes, o que tem contribuído para o risco de extinção de várias espécies. Foto: Alcione Ferreira

Todos os anos, observamos uma alta quantidade de mortes relacionadas à presença de lixo no mar e nas praias.

Luciana Ramch Consultora da ONG Ecoassociados

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Mundo Animal Foto: divulgação

Um século de trabalho Segundo Mônica Costa, professora do departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a questão do plástico tem dois pontos focais: os pedaços maiores, possíveis de serem enxergados a olho nu, e os micro plásticos, fragmentos com tamanho inferior a cinco milímetros. “O que é visível pode ser recolhido, triado e reciclado, impedindo que se degrade no meio ambiente. Já os menores, que se perdem na natureza, demandam grande investimento em pesquisas e ações de políticas públicas. São poluentes com os quais vamos ter que conviver por muito tempo, pois atualmente não há tecnologia para dar conta deles”, alerta. Enquanto os pedaços maiores podem matar um animal de diversas formas, os micro plásticos intoxicam de forma 52 ·

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lenta, pois os resíduos se acumulam no organismo dos bichos e tendem a trazer aderidos em si outros poluentes, já que o plástico absorve substâncias nocivas. Na sequência, os peixes e outros animais marinhos contaminados podem vir a ser consumidos por seres humanos, prejudicando os próprios responsáveis pela poluição. Em outras palavras, o mal volta para quem o praticou. “Para sairmos dessa situação crítica, é fundamental que as lideranças tratem o problema como prioridade, uma vez que será preciso um século de trabalho pela frente para limpar os resíduos já dispersos no meio ambiente”, explica a especialista.

Consciência ambiental Em Pernambuco, há quem não espere o apoio do governo para buscar


soluções para o problema. É o caso de Luan Costa Júnior, que realiza um trabalho inspirador na praia de Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho. Apaixonado pelo bodyboarding (esporte náutico praticado com uma prancha retangular específica), Luan trabalha como guarda-vidas e, nas horas vagas, mantém, com recursos próprios, o Mudra Board, projeto social que há três anos oferece aulas de esporte e cidadania às crianças da região. Uma vez por mês, Luan faz ações chamadas de mergulho reciclável nas praias da região. Os mergulhos são realizados em águas rasas, com no máximo três metros de profundidade, geralmente em piscinas naturais ou no trecho próximo ao terminal de ônibus de Gaibu, área em que há lixo compostado nas pedras. Do fundo do mar, Luan e seu grupo retiram plástico, ferragens e restos de vidro em grande quantidade. Mesmo sem material suficiente (óculos e snorkel de mergulho, por exem-

Foto: Alcione Ferreira

Tento explicar às crianças a importância da ação do ser humano sobre o meio ambiente.

Luan Costa Júnior Guarda-vidas plo), ele permanece firme em seu propósito de proteger os mares que tanto ama. “Tento explicar às crianças a importância da ação do ser humano sobre o meio ambiente”, resume o guarda-vidas. Nunca o nome de uma profissão fez tanto sentido. Foto: Divulgação

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Mundo Animal

Como proteger os oceanos e os animais que vivem nele? 4) Não jogue nenhum tipo de lixo nos vasos sanitários. A água contaminada despejada pelos encanamentos das cidades segue pela rede de esgoto e muitas vezes é jogada no mar.

1) Tente diminuir a quantidade de produtos plásticos em sua rotina. Se possível, siga o pensamento: não pode reutilizar? Recuse. 2) Opte por itens com pouca embalagem e use suas próprias sacolas, preferencialmente de pano ou papel. 3) Faça uso consciente da água, energia e derivados do petróleo. A queima de combustíveis fósseis acelera o aquecimento global e gera mudanças no habitat marinho. Quanto mais água limpa você usa, mais desperdiça um recurso que é precioso, aumentando o risco de poluir os oceanos.

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5) Descarte adequadamente os restos de tinta, solventes, produtos de limpeza, óleo de motor, herbicidas, pesticidas ou outros químicos, bem como objetos com mercúrio (como lâmpadas, baterias velhas de celular e outros equipamentos eletrônicos). Este lixo é tóxico e mesmo que não seja jogado diretamente na água, escoa pela terra e afeta rios e mares. 6) Escolha produtos e alimentos que não exploram a vida marinha. Atenção à pesca não-sustentável (responsável pela extinção de diversas espécies) e à extração predatória de materiais utilizados para confeccionar artesanato, bijuterias etc.


9) Não toque nem tente socorrer um animal encalhado. Ele geralmente está com problemas graves. Acione os órgãos ambientais para que seja prestado o socorro adequado. 7) Na praia, use produtos não-tóxicos e biodegradáveis. Alguns ingredientes de óleos bronzeadores, protetores solares e cremes de cabelo prejudicam os corais, seres vitais para o ecossistema marinho. E não esqueça de levar sacos para recolher qualquer lixo que você possa produzir ou encontrar. Tambném não retire nada do ecossistema local, como pedras e corais. 8) À noite, evite acender luzes na praia. As tartarugas se orientem em direção ao mar pelo brilho da lua. Na presença de iluminação artificial, os animais ficam confusos e terminam perdidos ou atropelados.

10) Ensine as crianças a terem consciência ecológica desde cedo. Cultive nos pequenos o amor e o respeito pela natureza, explicando a importância de cuidar do oceano. 11) Se possível, faça doações de tempo ou dinheiro para organizações que se dedicam a conservar o meio ambiente e participe de grupos de limpeza das regiões de praias.

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Passatempos

Caça-palavras Missão, visão e valores Acesse o caça-palavras neste link: http://fachesf.com.br/conexao/c24/cpalavras/

Confira a Missão, Visão e Valores da Fachesf atualizados no recente ciclo do Planejamento Estratégico. Missão Oferecer soluções eficientes de PREVIDÊNCIA complementar e assistência à SAÚDE, contribuindo para a qualidade de vida dos PARTICIPANTES e Beneficiários. Visão Crescer e ser REFERÊNCIA na gestão de previdência complementar e assistência à saúde nos MERCADOS de atuação. Valores ÉTICA, EQUIDADE, Foco em Resultados, PERENIDADE, Satisfação do Participante e Beneficiário, TRANSPARÊNCIA.

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Quiz Acesse o QUIZ neste link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c24/quiz/

Deposite este formulário na urna localizada na Central de Relacionamento, na Sede da Fundação, ou entregue-o na Agência Fachesf mais próxima. Se preferir, o Quiz também pode ser respondido online, no site www.fachesf.com.br. DATA PARA ENVIO DO QUIZ: 30 de outubro

1) Quais são os capitais essenciais para envelhecer bem, segundo o médico Alexandre Kalache? Saúde, conhecimento, equilíbrio financeiro, relações afetivas Relações afetivas, propósito de vida e dinheiro Propósito de vida, boa alimentação, trabalho e amizade Nenhuma das alternativas 2) Por causa do descarte indevido, milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos anualmente, prejudicando mais de 600 espécies marinhas e matando cerca de 100 milhões de animais no mundo inteiro. Esse descarte é gerado principalmente por: Desinteresse do governo na coleta seletiva de lixo Falta de locais adequados para o descarte do lixo Desinformação sobre reciclagem Uma sociedade que consome cada vez mais sem se preocupar com as consequências desse consumo no meio ambiente. 3) Qual é a porcentagem da população brasileira que vive em zonas urbanas segundo dados do Censo Demográfico do (IBGE/2010)? 92% 58% 84% 76% 2018

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Passatempos

Quiz 4) Segundo Luiz da Penha, diretor de Administração e Finanças da Fachesf, o que elimina o risco atuarial em planos do tipo Contribuição Definida (CD)? O cenário econômico atual A impossibilidade de déficit A falta de controle do Participante Nenhuma das alternativas acima 5) Qual é o mantra dos especialistas para quitar as dívidas e ainda sobrar dinheiro para investir? Guarde dinheiro num cofrinho e só quebre em situação extrema Antes de tudo, quite suas dívidas Pague a si mesmo primeiro Nenhuma das alternativas 6) Com quem a Participante Maria Emília Vieira pretende abrir uma clínica veterinária para cuidar dos animais em situação de vulnerabilidade? Com seu filho, que é zootecnista Com sua filha, que também é veterinária Com um de seus netos, que é administrador de empresas Com sua melhor amiga do curso de medicina veterinária

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7) Os planos de instituidores devem ser sempre do tipo: Contribuição Definida (CD) Benefício Definido (BD) PGBL O participante é quem define 8) Qual é a dica que a gerente econômico-financeira da Fachesf, Elizabete Silva, dá para quem não consegue equilibrar as finanças e ter uma boa reserva financeira? Observe se o seu orçamento está equilibrado Seja criterioso com as opções de crédito disponíveis Volte ao ponto de partida do seu planejamento Procure um consultor em finanças 9) O que você achou desta revista? Ótima Boa Regular Ruim

10) Por quê?

11) Que temas você gostaria de sugerir para a próxima edição?


Martinha

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