Conexão Fachesf nº 19

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ano 8

N 19

2016

O estrangeiro que se apaixonou pela Chesf

Uma entrevista com o presidente da Chesf

Fachesf lança Programa Pró-Equidade

Câncer colorretal: um mal silencioso


1O ATITUDES CRUCIAIS NESSE COMBATE. Sempre jogue no lixo, copos plásticos, tampinhas de garrafa, embalagens de alimentos ou outros objetos que possam acumular água em seu interior. Se você os abandonar em qualquer lugar, abrirá espaço para que o mosquito deposite ali seus ovos.

Pratos descartáveis ou sacos plásticos também podem servir de criadouros para o Aedes aegypti. Se não for reutilizá-los, deposite-os na lixeira mais próxima.

Cultive plantas apenas em vasos de areia. Caso utilize prato sob o vaso, esse também precisa estar com areia.

Se você precisa armazenar água, lave o recipiente com água e sabão pelo menos uma vez por semana. Isso também vale para pratinhos de alimentação de animais.

Use tela na caixa d’água e deixe-a bem tampada.

Coloque o lixo em sacos plásticos e deixe a lixeira sempre fechada.

Se guardar garrafas destampadas, mantenha-as sempre com a boca para baixo.

Use telas nos ralos do banheiro para impedir o acesso do mosquito à água.

Vasos sanitários fora de uso devem ser tampados e checados semanalmente.

Lonas de cobertura devem ser esticadas para evitar poças d’água.

Não seja vítima do mosquito causador da dengue, zika e chikungunya. Use repelente diariamente.


// EDITORIAL

// Carrossel de conexões Quando desembarcou no Brasil, aos 20 anos, vindo da distante Letônia, Guilherme Butler era mais um dos tantos estrangeiros que imigravam em busca de oportunidades. Aqui se quedou de encantos pelo país, desbravou terras e chegou até Paulo Afonso (BA), onde fincou os pés nas obras da Usina da Chesf que se erguia imponente sob a força de Rio São Francisco. Um apaixonado, era como ele se dizia a respeito do país. Passou a vida colecionando experiências e lembranças do povo que o acolheu e, até hoje, anos após sua morte, continua espalhando histórias que são recontadas e passadas adiante. Em uma dessas muitas idas e vindas da palavra, os causos de Mr. Butler chegaram até nós. “Vocês querem ouvir um relato incrível sobre um gringo que caiu de amores pelas usinas da Chesf?”, perguntou-nos o jornalista René Ruschel, parceiro da Conexão Fachesf. A um convite desses, obviamente, não se diz não. Logo mergulhamos nos vidros cheios de água de rios brasileiros, recolhidos nas tantas viagens que o andarilho europeu acumulou em suas memórias e diários. E foi assim que os registros publicados na imprensa local daquela época atravessaram o tempo e chegaram até as páginas que você lerá a seguir. Dividir com nossos leitores histórias dessa dimensão sempre foi um de nossos ideais. Queremos partilhar impressões, enxergar possibilidades, desvendar sentimentos que são visíveis somente para quem se dispõe a ouvir;

para quem consegue suportar com paciência os cinco minutos de escuridão depois que as luzes se apagam e antes que a vista se acostume ao breu e tudo pareça claro novamente. A esse desejo – que podemos chamar de empatia ou exercício de escuta, tanto faz –, juntamos um carrossel de conexões que se encaixam para transformar pessoas em personagens, fatos em cenários, detalhes em pequenos tesouros preciosos capazes de rebulir sentimentos e recordações. E do alinhavar desses pedaços de coisas e gentes, vão nascendo imagens, segredos e sonhos; certezas, invenções, revelações. Enredos que se cruzam, emocionam, mudam algo em alguém. Nesta edição da Conexão Fachesf, a força narrativa está em Guilherme Butler e as matérias que ele escreveu sobre as riquezas da Chesf; está nos depoimentos corajosos de quem sobreviveu a um câncer com altivez e coragem; está nos amigos de Chico Science, que ousaram imaginar um novo futuro para ele; está nas palavras estampadas nas camisetas do Comitê de Gênero e Raça da Fachesf, que pregam um mundo em que sejamos todos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. Se você também gosta de uma boa história, a viagem está garantida. Boa leitura.

Laura Jane Lima · Editora Geral

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// Conexão Fachesf Educação Previdenciária

30 Ponto de Vista

Especial

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Especial

Seu Dinheiro

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// Mulheres Possíveis e suas histórias

// A " Fundação tem sido uma grande parceira"

// O estrangeiro que se apaixonou pela Chesf

No Consultório

36 // Encontre um novo jeito de economizar

// Socialmente iguais, humanamente diferentes, totalmente livres

// Câncer colorretal: um mal silencioso

Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional [Editora Geral] Laura Jane de Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Redação] Naide Nóbrega

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[Colaboraram nesta edição] René Ruschel, na editoria Especial. Aline Matheus, nas editorias No Consultório, Planejamento e Gestão. Isabela Barros, na editoria Seu Dinheiro. Patrícia Monteiro, na editoria Mundo Animal. Marcelo Cavalcante, na editoria Cultura e Lazer. Produção e fotos: Dayse Brito

[Comissão de Pauta] Laura Lima, Nathalia Duprat, Jeane Oliveira, Wanessa Cysneiros Anita Telles e Isabel Tavares. [Tiragem] 11 mil exemplares [Impressão] Gráfica Santa Marta [Redação] Rua do Paissandu, 58 Boa Vista, Recife – PE CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 7509 [E-mail] conexao@fachesf.com.br [Projeto Gráfico] Corisco Design


// ÍNDICE

Cultura e Lazer

55 Planejamento e Gestão

Foco no Participante

Quiz Fachesf

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67 // Um caranguejo com cérebro que sacudiu a música e as artes

// Quando o céu é o limite

// Ambulatório Paissandu: requalificação voltada para a prevenção

Mundo Animal

60 // O mosquito mais famoso do planeta

[Ilustrações] Luciana Maia (capa, 6-12), Aurora Creative (p.30-34), Leandro Lima (p.36-42, 55-59), Milena Severi (p.60-65), Silvino (p.16-23, 51-54, 70). Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Mozart Bandeira Arnaud · Presidente José Roque Fagundes da Silva Diretor de Adm. e Finanças Raimundo Jorge de Sousa Santos Diretor de Benefícios

I H B Ã Ò B À F M G Z Z V O X U J G U O

O R U T U F Ú Ú A Q D V P R Á S Ô Ò T B

D É R V Ç S Ó S X Z B M À R Ò Ú Ü N G Ô

A L O S M P Ü E Ã X E Ü B G B É E D S Y

S B Z K A Ã U T E T G C J Â I M E S T S

S G Ú Ú Ü A R N P H J T U E A Ã X P Á X

A P Ô P G Õ O C D Ê K Y O Â D J F A Ç A L Á K G B K Passatempos M Á Ó D O Ó V Â O J S X É W U O T Ã Z O Ó C É À N V Á Q À P E S E R P F Ú V Ô P M S J P É I T Í A Ò L Ã F Ó L A S A Ô L Ô Á R Ô N I Ê B V Ò V E E B H H V D J Í P L I P I L Z Â Ô T Y R Ú P R Z Q R K V Ü Ü Á Y Á N M Y A X // À Caça-palavras F Z F N O Ne Q Martinha T Y D F Ô Ç H À P Ü F W D G C Ü

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// EXPEDIENTE * Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br Edição 19 · maio de 2016

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Ç J Ô K K Ò Q O Ã Ç A C U D E À V J O R

Á S N Â W Ô N A P O S E N T A D O R I A


// Especial

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Quando avistou pela primeira vez a hidrelétrica de Paulo Afonso, em 1954, Guilherme Butler teve um impacto visual que ficaria registrado para sempre em suas memórias. Mais de 60 anos depois, sua filha relembra a história do andarilho que veio da Letônia e se apaixonou pelo Brasil.

O andarilho estrangeiro que se apaixonou pela Chesf

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// Especial

Fotos: acervo pessoal

sil em 1900 para assumir a direção de uma escola na colônia de imigrantes letos em Rio Novo, Santa Catarina. Em 1903, decidiu estudar nos Estados Unidos. Protestante, cursou Teologia no The Newton Theological Instituiton da Universidade de Nova York e, finalmente, na Universidade de Columbia. Em 1913, retornou ao Brasil e atuou como professor do Seminário Batista do Rio de Janeiro. Em 1920, desembarcou em Curitiba para ser pastor na Igreja Batista local. No ano seguinte, foi aprovado em concurso e nomeado professor catedrático de inglês e alemão no Ginásio Paranaense, hoje Colégio Estadual do Paraná. Lá, exerceu a função durante 30 anos, até se aposentar em 1951.

Além da cátedra, Guilherme Butler tinha uma grande paixão: o Brasil.

A

imagem esguia com ares caucasiano, olhos azuis, cabelos brancos e formalidade nos trajes quase escondiam a natureza do verdadeiro andarilho em busca de histórias e conhecimento. Seria difícil imaginá-lo embrenhado em matas, selvas, rios ou na caatinga nordestina. Mas bastava o contato com a natureza, a flora, fauna e sua gente para o semblante sisudo do mestre se transformar na alegria de um menino em busca de aventura.“Meu pai foi apaixonado pelo Brasil”, lembra a médica Helen Anne Butler Muralha, 85 anos, guardiã da memória do professor Guilherme Butler. Nascido na Letônia, em 15 de julho de 1880, Mr. Butler chegou ao Bra-

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Além da cátedra, Guilherme Butler tinha uma grande paixão: o Brasil. Mesmo as dificuldades de transporte e as precárias condições de locomoção da época não o impediram de percorrer o país e conhecer todos os estados existentes até então. Seu interesse, porém, nunca foi as grandes metrópoles, mas os interiores mais longínquos. Butler visitou aldeias indígenas no Amazonas, Pará e Acre. Conviveu com os índios Xavantes no rio das Mortes; com os Paacas-Hovas no rio Guaporé e os Carajás no rio Araguaia. Percorreu os chapadões de Goiás e Maranhão. Apaixonado pelo Nordeste, rasgou o sertão para ver de perto a seca e a miséria de seu povo. Não conseguiu, porém, realizar dois sonhos: conhecer o capitão Virgulino Ferreira, o Lampião, e padre Cícero Romão Batista. As anotações das andanças de Butler Brasil afora ficaram registra-


Fotos: reproduções René Ruschel

// Coleção de frascos contendo água que Butler colheu de diversos rios brasileiros.

das em diversos artigos publicados nos jornais da época. Nas incursões realizadas enquanto exercia o magistério, o velho mestre nunca deixou de relatar aos alunos o que vira e aprendera. Como um bandeirante em busca de riqueza, o professor de inglês e alemão se transformou em historiador. De cada região, ele trazia lembranças. A mais original descansa hoje sobre o piano que fica na sala do apartamento da filha: uma caixa com pequenos frascos contendo porções de água dos rios por onde navegou. “Veja esse. É do Rio São Francisco. Tirei um pouco da sua energia. Esse outro é água barrenta do Rio Amazonas”, mostrou Butler ao repórter do jornal Diário do Paraná, em novembro de 1956.

Paixão pela hidrelétrica As águas do velho Chico foram colhidas por Butler em 28 de outubro de 1954, no exato local onde se erguia a Hidrelétrica de Paulo Afonso. A viagem foi minuciosamente relatada em dois longos artigos publicados no jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, em dezembro de 1954, sob o título “Meu último passeio pela Terra Maravilhosa”. Ele conta que o trajeto de 478 quilômetros entre Salvador e Paulo Afonso foi feito “no carro oficial do presidente da Companhia Hidro Elétrica do Rio São Francisco (Chesf), Dr. Antonio José Alves de Souza, (...) que no dia anterior havia retornado da obra com o ex-presidente da república,

As águas do velho Chico foram colhidas por Butler em 28 de outubro de 1954, no exato local onde se erguia a hidrelétrica de Paulo Afonso.

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// Especial

// Anne Butler Muralha, filha de Guilherme Butler

Marechal Dutra, convidado pelos engenheiros para inspecionar o local antes da inauguração”. Com grande riqueza de detalhes, Butler descreve o relevo e os aspectos físicos da paisagem baiana: “As praias de Salvador, que apresentam trechos de dunas e mangues, são guarnecidas por largas franjas dos famosos coqueiros”. Após 100 quilômetros, “começa a zona do agreste, que se estende até o Rio Itapicuru, quando tem início a caatinga, que ocupa uma enorme área na Bahia”. Ele elogia as melhorias efetuadas na rodovia, tendo em vista a necessidade de transportar material pesado para as instalações da Hidro Elétrica do São Francisco, e registra sua chegada à Casa de Hóspede, abrigo construído pela Companhia para receber seus visitantes. 10

Na manhã seguinte, Butler escreveu em seu diário: “Quando contemplei a paisagem, pensei que presenciasse uma miragem. Onde 18 anos antes não avistei nenhuma choupana, vejo agora uma cidade moderna, com casas de alvenaria e água tratada, iluminação, ruas pavimentadas, telefones, postos de saúde, escolas e estação aérea. Este milagre acontece desde 1948, ano que a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco começou a construção da poderosa usina”. A população do município, à época, era de 15.311 habitantes. Mr. Butler sabia que a importância da obra não estava restrita à Bahia, mas a todo país. Por isso, fez questão de visitá-la. “A importância da usina é indiscutível. Será a chave que abrirá as portas do progresso não só para o Nor-


// Mr. Butler fez história nos jornais da época

deste, mas para o Brasil, elevando o padrão de vida pelo trabalho melhor remunerado e a possibilidade da instalação de novas indústrias, que irão gerar mais emprego. Com isso, essa gente heroica que esperou por dias melhores será recompensada”, escreveu no jornal Diário do Paraná. Numa linguagem não técnica, mas de um professor interessado em contar à população sulista tudo o que viu, descreveu com minúcia o projeto de construção da usina. A obra “foi precedida de duas medidas acessórias, mas imprescindíveis: o desvio do rio e o levantamento das barragens. A barragem leste tem 2.585 metros de comprimento (...) e a barragem oeste, 1.346 metros. A casa de força subterrânea possui 60 metros de comprimento e 15 de largura e foi construída a cerca de 80 me-

tros de profundidade”. Segundo ele, o custo total, incluindo os acampamentos, usina e linhas de transmissão, foi orçado em mais de 1 bilhão de cruzeiros. “Dinheiro bem empregado. Dos seus juros, aproveitará toda a nação brasileira”, acrescentou.

Obra construída por brasileiros Apesar de não ser brasileiro nato, mas naturalizado, Guilherme Butler tinha um sentimento nacionalista muito forte. “É comovente ver seu entusiasmo pelo Brasil. O amor, a crença no futuro da pátria que elegeu como sua, merece admiração e apreço de quantos nela nasceram e lutam para dar-lhe um destino melhor”, escreveu o então governador do território do Amapá, Janary Nunes, em 1955,

"É comovente ver seu entusiasmo pelo Brasil. O amor, a crença no futuro da pátria que elegeu como sua, merece admiração e apreço de quantos nela nasceram e lutam para dar-lhe um destino melhor." // Janary Nunes

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// Especial

A " importância da usina é indiscutível. Será a chave que abrirá as portas do progresso não só para o Nordeste, mas para o Brasil."

Acervo Chesf

// Mr. Butler

por ocasião da visita do professor a Macapá. O ufanismo de Butler pode ser sentido no trecho em que ele exalta o papel de todos aqueles que ajudaram a construir a hidrelétrica. “Trata-se de uma obra essencialmente nacional, projetada e executada por brasileiros. Dos 24 engenheiros, apenas 7 são estrangeiros. Todos os cargos de direção e chefia estão nas mãos de brasileiros” escreveu. Ele explicou ainda que o projeto consistiu de 60 mil desenhos e foi aceito por 24 das 25 empresas estrangeiras que participaram da concorrência para o fornecimento de máquinas e equipamentos. O professor também não esqueceu de enaltecer os operários, quase todos recrutados na pró12

pria região. “São antigos vaqueiros, pequenos lavradores, almocreves, plantadores de algodão e mandioca. Homens rudes que se integraram ao trabalho orientados por engenheiros e outros técnicos e com isso acabaram se tornando eletricistas, mecânicos, especialistas em obras de concreto, técnicos, motoristas, entre outras profissões”, detalhou. Após cinco semanas de imersão no local, Guilherme Butler deixou a Bahia entusiasmado, dizendo-se cheio de satisfação e gratidão. Sentia-se mais brasileiro do que nunca. Prometeu voltar com a convicção de que a obra era uma prova irrefutável da perícia e capacidade dos técnicos brasileiros e garantia segura do futuro do país. E estava certo. Ele faleceu em 13 de fevereiro de 1963, em Curitiba (PR), aos 82 anos.


// Ponto de Vista

Fotos: Severino Silva/Chesf

"A Fundação tem sido uma grande parceira"

O engenheiro eletricista José Carlos de Miranda Farias ingressou na Chesf em 1976. Na Companhia, ocupou diversos cargos, dentre esses a Superintendência de Planejamento da Expansão e a Superintendência de Comercialização de Energia. De fevereiro de 2005 a junho de 2015, atuou como Diretor de Estudos da Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética, de onde saiu para assumir a presidência da Chesf. Nesta edição da Conexão Fachesf, ele fala sobre o relacionamento entre a Patrocinadora e a Fachesf, os desafios da Fundação para os próximos meses e a importância da interação das equipes de comunicação das duas entidades.

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// Ponto de Vista

"Não há dúvidas de que uma parceria permanente entre a Fundação e sua Patrocinadora é de fundamental importância."

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Conexão Fachesf – Apesar de terem gestões independentes, a Chesf é corresponsável pelo êxito e perenidade da Fachesf. Qual é a importância de uma parceria permanente entre a Fundação e sua patrocinadora, e o que tem sido feito para estreitar essa relação? José Carlos de Miranda - Não há dúvidas de que uma parceria permanente entre a Fundação e sua Patrocinadora é de fundamental importância. Essa relação chega a ser vital para ambas, dado o objetivo da Fachesf, que se vincula ao bem-estar e tranquilidade dos funcionários da Chesf quanto ao futuro, com garantia de uma renda digna na fase pós laboral. Como Patrocinadora da Fachesf, a diretoria da Chesf tem frequentemente discutido assuntos rele-

vantes e temas estratégicos com os dirigentes da Fundação. CF – Na sua opinião, a Fundação tem cumprido bem seu papel como entidade de Previdência Complementar? José Carlos de Miranda – A previdência complementar fechada é uma importante ferramenta dentro da política de Recursos Humanos das empresas, seja no sentido de oferecer um atrativo a mais para a retenção de talentos, de contribuir nas estratégias de programas de desligamento voluntário ou de incentivar a constituição de um planejamento de aposentadoria. A Fundação tem cumprido muito bem seu papel e tem sido uma grande parceira da Chesf nesse aspecto.


CF – As ações judiciais contra a Fachesf têm sido um motivo de preocupação constante para a Diretoria Executiva da Fundação e também da Chesf. Como o senhor vê essa questão? José Carlos de Miranda – Vivemos um momento em que há uma judicialização desmedida e até gananciosa. Certamente isso nos preocupa muito, tanto em termos de riscos para a Fundação, como para os empregados da Chesf. Ainda que, no geral, as reservas previdenciárias de cada um sejam construídas individualmente, a entidade lida com um patrimônio que é coletivo. Muitas vezes, as pessoas acionam a Justiça por desconhecimento ou entendimento equivocado de algumas regras. É importante, portanto, que os Participantes, antes de tomarem esse caminho, conversem com a Fachesf e tirem suas dúvidas, uma vez que ações judiciais implicam em custos administrativos que causam impacto nos resultados dos planos e afetam toda a coletividade. CF – A Chesf recentemente vem investindo na melhoria dos seus ambulatórios, tanto o do Paissandu (Recife) quanto das regionais. O que a Companhia busca com ações dessa natureza? José Carlos de Miranda – Em primeiro lugar, deseja-se que os ambulatórios ofereçam melhores condições de atendimento odontológico e médico aos Participantes Ativos, Assistidos e seus dependentes. Por isso, nosso desafio é proporcionar ambientes modernos, confortáveis e seguros, que atendam com qualidade e eficiência à finalidade a que se destinam. Em segundo lugar, acreditamos

que investimentos dessa natureza conseguem reduzir as despesas com saúde da Chesf e Fachesf, algo essencial nos últimos anos, dada a elevação significativa dos custos da saúde privada no Brasil e no mundo. CF – A Fachesf mantém um Programa de Educação Financeira e Previdenciária voltado aos Participantes Ativos e Assistidos da Fachesf, que vem se consolidado a cada ano. Como a Chesf, na condição de Patrocinadora, pode contribuir para o fortalecimento de um projeto desse tipo? José Carlos de Miranda – Iniciativas como a da Fachesf, de promover a educação financeira e previdenciária de forma mais estruturada, são necessárias, uma vez que esse tipo de conhecimento impacta diretamente na qualidade de vida futura. Como patrocinadora, a Chesf pode e deve incentivar que todos os seus empregados se envolvam nessas ações e busquem cada vez mais conhecimentos sobre tais questões. Isso certamente ajudará o Participante a tomar decisões que refletirão na sua aposentadoria, bem como a melhor entender e avaliar as ações da Fundação.

" Iniciativas como a da Fachesf, de promover a educação financeira e previdenciária de forma mais estruturada, são necessárias." periodicamente os Participantes sobre as ações realizadas e os benefícios oferecidos pela Companhia, bem como dos resultados alcançados na administração do patrimônio da Fundação. Um trabalho feito em parceria e a utilização dinâmica dos meios de comunicação de ambas as entidades podem potencializar os ganhos em termos de conhecimento e ampliar o acesso à informação.

CF – Desde que assumiu a presidência da Chesf, o senhor tem sido um grande incentivador da aproximação mais efetiva entre as áreas de comunicação da Chesf (Coordenadoria de Relações Institucionais - CER) e Fachesf (Assessoria de Comunicação - ACI). Por que isso é importante? José Carlos de Miranda – Entendo como de fundamental importância que as áreas de Comunicação da Fachesf e Chesf unam esforços no sentido de melhor informar

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// Seu Dinheiro

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Criatividade em foco: encontre um novo jeito de economizar Não há dinheiro sobrando e você, aparentemente, já cortou todas as despesas que podia. Que tal analisar o orçamento com boa vontade e descobrir formas diferentes de enxugar as contas do mês?

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// Seu Dinheiro

O

lhar para o próprio orçamento e fugir do óbvio na hora de cortar gastos requer disposição e flexibilidade. Mas com boa vontade, garantem os experts em finanças, qualquer um pode chegar lá. Nunca houve tantas oportunidades para inovar na hora de poupar. Dentro de casa, via internet, nas redes sociais, rodas de amigos, bazares e achados de bairros: o leque de possibilidades acessíveis é imenso. O único segredo é fazer valer a máxima de que o poupador deve ser, antes de tudo, um criativo. Em tempos de aperto financeiro, o hábito de reduzir despesas não deve ser restrito a quem está com as contas no vermelho. Toda cautela é importante, e estar atento ao próprio consumo, acompanhando de perto possíveis excessos, pode fazer uma grande diferença na manutenção de um orçamento equilibrado. Nesse cenário, uma novidade tem chamado a atenção de milhares de pessoas em todo o país: a chamada economia colaborativa. Do que se trata? De práticas que estimulam o compartilhamento de bens e serviços entre pessoas, conhecidas

"O atual cenário econômico brasileiro não permite muitos gastos de dinheiro. A força do compartilhamento das redes tem sido de grande ajuda".

// Paulo Fabio Gallo

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Fotos: Divulgação

ou não, transformando isso em negócio. Imagine que você precisa de um cortador de grama, mas não pode ou não quer investir em uma aquisição no momento. Por que não alugar de algum vizinho em troca de uma quantia simbólica? Dessa forma, você evitaria acumular um bem desnecessário, economizando dinheiro e espaço. O inverso também é válido. Ou seja, se você tem algo que não está usando, empreste para quem precisa e seja pago por isso. Um exemplo desse tipo de troca é o sistema no qual é possível alugar o próprio quarto, casa ou apartamento para viajantes de qualquer parte do mundo, seja por um dia ou temporada. Já há várias empresas que intermediam os contatos entre proprietários e hóspedes. A mais famosa delas oferece hospedagens em cerca de 34.000 cidades, espalhadas em 190 países. Tudo é acertado via internet e há opções para todos os bolsos e preferências, muitas bem mais em conta que hotéis e pousadas. Outra prática que tem conquistado jovens brasileiros são os escritórios compartilhados ou coworkings. Nesse modelo, profissionais liberais dividem espaço físico e recursos como mobiliário, internet, sala de reunião, fax, equipamentos etc – o que barateia os custos e permite, inclusive, a criação de uma cadeia de relacionamentos que abre portas para diversas oportunidades de negócios. Segundo pesquisa realizada pelo blog Ekonomio, especializado em coworking, no Brasil já existem 238 espaços ativos, principalmente das áreas de negócios sociais, design, educação e moda.


"É possível estimular a criatividade poupadora em família com ações simples, como o brainstorming".

// Luiz Alberto Machado

Fora os formatos citados, a economia colaborativa abrange compartilhamento de carros, ferramentas, brinquedos, roupas e o que mais a criatividade permitir. A lógica é movimentar o mercado, permitir o consumo de modo mais sustentável e consciente, e, por que não?, conectar pessoas e fortalecer as relações humanas.

O ABCD das despesas As redes sociais, nas quais, todos os dias, milhares de usuários expõem seus gostos, vidas e opiniões, também podem ser uma excelente ferramenta para economizar de forma criativa. Isso porque não faltam páginas e grupos de troca de produtos e serviços, vendas de objetos usados, dicas de promoções e indicações de fornecedores que cobram preços mais acessíveis (como marceneiro, eletricista, encanador etc). Segundo Paulo Fabio Gallo Garcia, professor de Finanças da Pontifícia Universidade Católica (PUC) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ambas de São

Paulo, o atual cenário econômico brasileiro não permite muitos gastos de dinheiro. Nesse sentido, a força do compartilhamento das redes tem sido de grande ajuda. “Nas redes, é possível descobrir, por exemplo, quem está indo viajar para o mesmo destino no final de semana, e assim garantir uma carona; ou quem está vendendo um carrinho de bebê usado da mesma marca que você procura. Vivemos tempos bicudos. Todo mundo vai ter que entrar nisso, até mesmo pela escassez de recursos para a humanidade. Essa é uma economia necessária”, defende. Além de ficar de olho nas trocas e compras diretamente de outros consumidores, o especialista recomenda a análise do orçamento a partir da divisão das despesas em quatro letras: A, B, C e D. A letra A se refere aos gastos com alimentação; B com o básico do orçamento (contas de água, energia, telefone, transporte); C representa o que é contornável (TV a cabo, academia etc); D é tudo que pode ser considerado desnecessário (a revista comprada e quase nunca lida, o clube pouco frequentado, a décima bolsa preta pendurada no guarda-roupa, quando as ou-

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// Seu Dinheiro

"Faço tudo o que for possível para aproveitar a iluminação natural. Abro cortinas e janelas, e persigo lâmpadas acesas em excesso." // Maria das Graças Pontes

tras nove nem são tão usadas assim). “Diante dessa análise, fica mais fácil descobrir onde cortar custos”, orienta Paulo Gallo Garcia. Para a Participante Maria das Graças Pontes da Motta, o esquema de diminuir excessos e manter as despesas sob controle é mais simples e intuitivo: ela pesquisa antes de efetuar qualquer compra, dispensa itens de grife, evita supérfluos e raciona o uso de energia, o que já lhe rendeu até um apelido em casa. “Faço tudo o que for possível para aproveitar a iluminação natural. Abro cortinas e janelas, e persigo lâmpadas acesas em excesso. Minha família me chama de morcego. Mas vale a pena a economia”, diverte-se Maria das Graças. 20

Tempestade de ideias Para o economista e membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Luiz Alberto Machado, é possível estimular a criatividade poupadora em família com ações simples, como o brainstorming. O termo em inglês, que significa literalmente tempestade de ideias, é utilizado pelos publicitários como sinônimo de uma dinâmica de grupo que tem o objetivo de juntar pensamentos diferentes e espontâneos para buscar soluções, desenvolver projetos ou exercitar o pensamento criativo. “A partir das sugestões surgidas nesse brainstorming em família, fica mais fácil seguir adiante usando um processo criativo”, explica o economista.


// Seu Dinheiro

Na casa dele, inclusive, é assim que as coisas funcionam. “Somos três: minha esposa, meu filho e eu. Tempos atrás, precisamos rever nossos hábitos de consumo e propus um brainstorming, no qual cada um apontou cortes nas despesas dos outros. Depois consideramos tudo, identificamos as propostas em comum e estabelecemos prioridades sem alterar em nada nosso estilo de vida”, conta. O saldo dessa ação em conjunto: uma redução significativa nas despesas com internet e TV por assinatura. “Percebemos que estávamos pagando muito por utilizar duas empresas diferentes e partimos para uma renegociação: unificamos os serviços, reduzimos custos e ganhamos eficiência”, diz Luiz Alberto Machado. Quem conhece o lado amargo das contas no vermelho, mas conseguiu sair dele foi o coreógrafo

// Fly Vagner

Fly Vagner, conhecido por atuar como dançarino da apresentadora Xuxa. Depois de contrair dívidas superiores a R$ 80 mil decorrentes do investimento num negócio que não deu certo, ele arregaçou as mangas, estruturou-se financeiramente e deu uma guinada na vida: não só aprendeu a lição, como virou consultor de finanças pessoais, com direito a palestras em todo o Brasil. Ele costuma contar, em suas consultorias e apresentações, os erros que cometeu até chegar ao endividamento e como conseguiu sair dele. Nesse processo, a criatividade foi sua grande aliada. Hoje, ele anota tudo o que entra e sai de sua conta bancária diariamente, frequenta um supermercado que cobra preços melhores mas só aceita pagamento à vista, e fica sempre de olho nas dicas dos amigos. “É uma regra básica da educação financeira: em momentos de crise, corte o que é supérfluo, como o pacote extra da TV a cabo, e monitore os pequenos gastos”, diz o coreógrafo. Segundo ele, atitudes simples, como se programar para comprar ração para os animais quando o petshop estiver em promoção ou fazer as unhas nos dias em que o serviço custa menos no salão, podem representar uma grande economia no bolso no final do mês. Quer mais uma dica? Prestar atenção em coisas que estão à sua volta, mas para as quais você dá pouca importância, pode mudar seus valores em relação a infinitas situações. É preciso se dar a chance de mudar o olhar e inovar na forma de fazer o mesmo. A economia, afinal, pode estar nos pequenos detalhes.

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// Seu Dinheiro

Seja criativo e economize 1

| As redes sociais são suas aliadas: há muitas páginas e grupos específicos para troca e venda de objetos usados.Pesquise e encontre o que você precisa.

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6 | Nas festas das crianças, cuide sozinha da decoração e divida com parentes e amigos o preparo das comidas. Sai mais barato e pode ser um momento divertido em família.

| Coworkings ou escritórios compartilhados são ambientes ótimos para fazer contatos e conhecer outros profissionais da sua área.

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| Vai viajar? Dispense o hotel e alugue um apartamento ou quarto num site de compartilhamento de imóveis. O Airbnb é um dos mais conhecidos do gênero.

4 | Incentive seus filhos a usar sobras de materiais para fazer os trabalhos escolares. Reciclar, Reutilizar e Reaproveitar (RRR) são formas criativas e sustentáveis de aprender e brincar.

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| Se houver espaço em casa, plante árvores frutíferas e cultive uma horta (vale até mesmo na varanda). Além de economizar, você vai consumir alimentos mais saudáveis.

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| Descubra os dias em que o salão de beleza do seu bairro ou ao lado do seu trabalho oferece descontos.

8 | Faz sentido pagar por aquela revista que você não lê? Muitas publicações disponibilizam o conteúdo integral na internet no mês seguinte. Ou seja, é só esperar um pouco para ler tudo de graça.


9 | Grandes redes de supermercados costumam oferecer um dia de descontos para itens de hortifruti. Fique atento. Feiras livres também são sempre boas opções de compras.

13 | As roupas do seu filho foram pouquíssimo usadas e já não cabem mais? Há diversos sites especializados em que você pode desapegar de itens e fazer um dinheiro extra.

10 | Lojas que combinam atacado e varejo, vendendo em quantidade, podem ter boas oportunidades de pechincha.

14 | Se você tiver equipamentos em casa como furadeira, cortador de grama, filmadora etc, avalie a possibilidade de compartilhar com os vizinhos por preços simbólicos. Tomar emprestado deles também é bacana.

11 | Havendo compatibilidade de endereço e horário, por que não revezar o volante com algum colega na hora de ir para o trabalho? 12 | Organize bazares em casa com os amigos. É um jeito divertido de desapegar e, ao mesmo tempo, renovar o guarda-roupa.

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| Já pensou em alugar brinquedos? Crianças muitas vezes se desinteressam rapidamente por algo. Hoje é possível alugar brinquedos por temporada e evitar compras desnecessárias e acúmulo de coisas em casa.

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// Seu Dinheiro

artigo

O que a crise econômica pode nos ensinar Por causa da turbulenta situação econômicofinanceira do Brasil, estamos todos vivenciando uma das fases mais desafiadoras na nossa relação com as finanças pessoais. A busca pelo equilíbrio orçamentário, portanto, tornou-se questão de ordem relevante para indivíduos e famílias. Mas engana-se quem pensa que a administração do próprio dinheiro está relacionada apenas a contas, planilhas e fórmulas mágicas para gastar menos e ganhar mais. Existem aspectos psicológicos, sociais e culturais que devem ser levados em consideração. Precisamos ficar atentos às armadilhas mentais que criamos, como, por exemplo, a tentativa de autoconvencimento de que a crise econômica é geral e que por isso é normal nós também estarmos em total desarmonia com o dinheiro; que a instabilidade é do país (como se nós não pertencêssemos a esse país) e que não há oportunidades de crescimento financeiro. Devemos estar em constante movimento. Não é hora de ninguém ficar parado, vendo a banda passar.

É hora de ir mais fundo no exercício das habilidades artesanais, educacionais (lecionar em instituições de ensino ou oferecer aulas particulares), artísticas, comerciais, de costura, culinária, estética, assessoramento financeiro ou cuidados com crianças e idosos. Muitas atividades que complementam a renda podem ser executadas no próprio lar; e quando são realizadas por vocação, proporcionam muito prazer e aos poucos atraem mais parceiros. Dois cuidados, entretanto, são essenciais nessa empreitada: a sobrecarga de atividades (a saúde e a atenção à família vêm em primeiro lugar) e a cilada psicológica de pensar que, porque a renda aumentou, já é possível relaxar no controle das contas e consumir além do inicialmente planejado. Uma crise econômico-financeira deixa marcas forte no país e cicatrizes em seu povo, mas essas também podem se tornar lembranças positivas de como inovação e criatividade são capacidades de todos.

Estar em meio a uma crise requer muito mais empenho na administração das finanças pessoais, principalmente pelo fato de aumentarem as incertezas para o futuro. Nossos planejamentos precisam ser revisados para continuar garantindo os resultados esperados. Ou seja, é o momento de repensarmos nosso atual padrão de vida para não sacrificarmos o que será necessário no futuro (aposentadoria, independência financeira, realização de sonhos). Porém, não se pode ficar preso à questão única da redução de gastos, como se somente essa atitude fosse suficiente para mudar alguma coisa. Estar em movimento também significa buscar oportunidades para obter mais receita. Ampliar o olhar sobre a situação atual é se permitir enxergar novas fontes de renda, sejam estas temporárias ou mesmo um segundo emprego que consuma parte de horários livres.

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Elizabete Silva é gerente Econômico-financeira da Fachesf.


// Especial

O Programa Fachesf Pró-Equidade de Gênero, Raça e Minorias Sociais foi submetido oficialmente à Secretaria de Políticas para as Mulheres em fevereiro de 2016. Sua proposta é promover a igualdade de oportunidades profissionais que vão além das questões de gênero e raça, implantando ações que enxerguem outras minorias, a exemplo dos homoafetivos e pessoas com deficiência.

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// Especial

E

m fevereiro deste ano, a Fachesf se juntou ao grupo de instituições públicas e privadas que aderiu à sexta edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, uma iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Ministério das Mulheres, da Igualdade Social e dos Direitos Humanos em parceria com a ONU Mulheres e a Organização Internacional do Trabalho.

za da vida está justamente nessa diversidade. Devemos todos ser socialmente livres para vivermos em um ambiente que preza a equidade. A partir de agora, temos um compromisso com esse desafio, que é uma ação de baixo custo, mas que deixará um grande legado”, disse. Para o diretor de Benefícios, Raimundo Jorge, a Fachesf já passou por muitas transformações que fizeram a entidade evoluir e a adesão a essa causa simboliza mais um desses momentos.

Criado em 2005, o Programa contou, em sua edição anterior, com a participação de 83 empresas de médio e grande porte, sendo 68 delas (incluindo a Chesf) contempladas, ao final de um ciclo de dois anos, com o Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça. Isso significa que essas entidades cumpriram de forma satisfatória as ações propostas no sentido de buscar a igualdade de gênero e raça em suas relações de trabalho, combatendo e diminuindo práticas discriminatórias.

O evento contou com a participação do diretor de Administração e Finanças da Fachesf, Roque Fagundes, e mais de 80 colaboradores do quadro, além de membros da CER/ Chesf e Fátima Pires, vice-coordenadora do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Chesf “Fico muito feliz de ver essa causa ser construída também na Fachesf, pois uma das nossas ações era conseguir incentivar a Fundação a ter seu próprio Comitê. Sabemos que o trabalho que se inicia aqui será lento e gradual. Mas é preciso que seja contínuo. O resultado coletivo valerá a pena”, declarou Fátima Pires.

Durante a solenidade que apresentou a iniciativa, em primeira mão aos colaboradores da Fundação, o presidente Mozart Bandeira Arnaud fez questão de reforçar a importância do momento para a história da entidade. “Nenhum ser humano é igual ao outro e a bele-

// Fátima Pires

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Fotos: Olga Wanderley

"Fico muito feliz de ver essa causa ser construída também na Fachesf, pois uma das nossas ações era conseguir incentivar a Fundação a ter seu próprio Comitê."

Igualdade nas diferenças O conhecimento da Fundação a respeito do Programa surgiu a partir de uma interação com a Chesf, sua Patrocinadora, que abraçou o projeto em 2007. Por ter pilares como Transparência, Integração e Responsabilidade Social entre seus valores, a Diretoria Executiva da Fachesf despertou o interesse de aderir ao movimento e trazer à luz dos seus públicos um debate sobre tais questões, essenciais para a


"Nenhum ser humano é igual ao outro e a beleza da vida está justamente nessa diversidade."

// Mozart Bandeira Arnaud

construção de um ambiente de trabalho justo, equilibrado e harmonioso. A diversidade – seja em termos de raça, gênero, orientação sexual, religião, idade e afins – é um elemento imprescindível em qualquer coletividade. No meio corporativo, a promoção da equidade fortalece o capital humano e melhora a qualidade dos processos de gestão. Por acreditar nisso, o objetivo da Fachesf, ao se inscrever na 6ª edição do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, foi promover a busca de um ambiente de trabalho que reconheça as pessoas em suas diferenças e assegure igualdade de oportunidades entre todos, pautada na ética, confiabilidade e dignidade individual. Uma das principais parcerias da Fachesf se dará com a Chesf, cujas experiências práticas e avanços têm servido como inspiração. Uma vez que os públicos envolvidos são, em grande parte, comuns às duas organizações, será possível o desenvolvimento de ações conjuntas que se com-

plementam e fortalecem. A Fundação também pretende buscar parcerias com instituições que atuam no segmento (ONGs, universidades etc), como forma de valorizar o conhecimento e as experiências oriundos da região Nordeste, onde a Fundação tem suas raízes e principal atuação. Para coordenar o Programa, foi criado o Comitê de Gênero e Raça da Fachesf, formado por empregados de áreas distintas da entidade, como forma de garantir a representatividade de todo o quadro funcional. Laura Lima, coordenadora do Comitê, esclarece que, além das questões de gênero e raça, o Plano de Ação construído pelo grupo, com aval da Diretoria Executiva, ampliou esse recorte para enxergar outras minorias, a exemplo dos homoafetivos e pessoas com deficiência: “Entendemos que não somente pontos de desequilíbrio entre gênero e raça precisam ser discutidos e revistos, mas todos aqueles que lidam com as diferenças entre os indivíduos. Por essa razão, nomeamos nosso programa como 27


// Especial

// Integrantes do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fachesf

A Fundação pretende transformar iniciativas em processos permanentes da cultura organizacional, favorecendo a convivência em um espaço que prioriza o respeito à diversidade.

Pró-Equidade de Gênero, Raça e Minorias Sociais”. A partir da implantação de um projeto que abarca ações em diversos eixos, a Fundação pretende transformar iniciativas em processos permanentes da cultura organizacional, favorecendo a convivência em um espaço que prioriza o respeito à diversidade em todos os seus aspectos e combata quaisquer práticas discriminatórias. A partir da inscrição, submetida à Secretaria de Políticas para as Mulheres em fevereiro deste ano, a Fundação terá dois anos para cumprir seu Plano de Ação. Uma das propostas, inclusive, já foi cumprida: a ampliação da licença-maternidade para 180 dias, um antigo pleito das funcionárias e prática já reconhecida e aplicada na Chesf. O Plano da Fachesf contempla cinco diferentes eixos (Recrutamento e Seleção, Capacitação e Treinamento, Ascensão Funcional e Plano de Cargos e Carreira, Política de Benefícios e Programas

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de Saúde e Segurança), todos focados em transformar iniciativas em processos permanentes da cultura organizacional, não somente para colaboradores, mas para Participantes, parceiros e a sociedade de forma geral. “Precisamos criar agentes que ajudem a disseminar o pensamento de que o equilíbrio passa pela aceitação do outro em sua essência. Esse é o único caminho para alcançarmos um mundo em que sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”, finalizou Mozart Arnaud.

Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android) e confira o vídeo sobre diferenças, exibido no lançamento do Programa da Fachesf: https://bit.ly/2YR9zUT


O Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça do Governo Federal Criado em 2005, o Programa é direcionado para empresas de médio e grande porte, com personalidade jurídica própria e ênfase em três pilares: 1) Promoção da cidadania e combate à discriminação no acesso, remuneração, ascensão e permanência no emprego de mulheres e homens. 2) Compromisso com a igualdade de gênero e raça, priorizando a gestão de pessoas e a cultura organizacional da empresa/ instituição. 3) Difusão de práticas exemplares entre as empresas e instituições que promovem a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens dentro das organizações.

Parcerias: Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), Comitês Ad hoc e Técnico-Institucional, ONU Mulheres e Organização Internacional do Trabalho (OIT). Está na 6ª Edição, com participação atual de 124 empresas e organizações. As organizações participantes englobam quase 1 milhão de trabalhadoras e trabalhadores brasileiros, incluindo estagiários(as), terceirizados(as) e jovens aprendizes. No programa, com relação à raça e etnia, as mulheres brancas representam 72%, as negras 16,5%, as amarelas e indígenas somam 1,36% e 0,18% no total (dados da 5º edição) Ações de Destaque: Adequação de uniformes e EPIs para mulheres; criação de mecanismos para promoção de carreiras e ascensão profissional; incentivo à entrada de mulheres em áreas tecnológicas; adoção de linguagem inclusiva nas documentações da Organização; garantia da presença de mulheres negras nas peças publicitárias; disseminação da cultura de equidade de gênero e raça para as empresas de relacionamento; ampliação das licenças-maternidade e paternidade; extensão de benefícios para casais homoafetivos com relacionamento estável.

A campanha na Fachesf

O Programa Pró-Equidade de Gênero, Raça e Minorias Sociais da Fachesf ganhou identidade visual própria, criada especialmente para as ações da Fundação. Na marca, a letra E, de equidade, ganha os contornos de um abraço, criado para promover a inclusão e a igualdade entre todos. O espectro de cores – que vai do azul da Fachesf ao lilás do programa do Governo Federal – mistura os tons entre si, apontando para a miscigenação que um programa dessa natureza se propõe a discutir. Já a tipografia exclusiva busca incorporar à marca o espírito de tudo o que é manual, pessoal, inacabado até – assim como o próprio processo de amadurecimento individual e coletivo, que não deve nunca ter fim.

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// Educação Previdenciária

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R

osa, Vânia, Luísa, Gil, Teresinha e Karine são mulheres imaginárias mas que poderiam fazer parte da vida de qualquer um. Poderiam ser sua mãe, tia, irmã, vizinha, amiga. Ou até você. Fortes, dedicadas e sensíveis, sabem aonde querem chegar. E acordam todos os dias em busca do que desejam. Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a Realize-Fachesf, página da Fundação no Facebook, preparou uma semana especial de boas histórias para dividir com seus Participantes. São exemplos de pessoas diferentes umas das

outras mas com algo em comum: a certeza de que, com planejamento, disciplina, força de vontade e pé no chão (mas o coração nas alturas), a vida pode, sim, seguir o caminho do equilíbrio no presente e no futuro. Em apenas sete dias, a ação alcançou mais de 130 mil pessoas, 6.112 curtidas, 225 comentários e 252 compartilhamentos, um resultado excelente de engajamento e interação com o público da página. Confira a seguir o que essas mulheres tão inventadas (e ao mesmo tempo tão reais) têm a ensinar.

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// Educação Previdenciária

Rosa

Rosa nasceu em 8 de março de 1936, há exatos 80 anos. Como hoje, naquela época também já se comemorava o Dia Internacional da Mulher. Mas aqueles não eram tempos de muita liberdade para elas. Rosa pouco estudou e nunca teve emprego formal. Ainda assim, costurava para fora e contribuía nas despesas de casa. Foi desse modo que pagou os estudos dos nove filhos, hoje crescidos e encaminhados na vida. Aos domingos, todos se reúnem à mesa da família para ouvir histórias do passado, rir e contar piadas. Com eles, Rosa nunca sentiu que precisava mais do que isso para ser feliz. Parabéns para Rosa e todas as outras mulheres do mundo que nunca mediram esforços para fazer o que julgavam ser melhor para aqueles que amam.

Luísa

Luísa aprendeu a poupar desde pequena, com seu pai, que lhe incentivava a guardar moedas num cofrinho. Cada centavo era conquistado com alegria. Cada centavo significava um passo em direção a um brinquedo que desejava ou um passeio à livraria, de onde voltaria carregada de boas histórias. Quando cresceu e começou a ganhar seu próprio dinheiro, Luísa continuou poupando parte do que recebia. Foi assim que conheceu vários lugares, aprimorou seus estudos e conseguiu um bom emprego. Aos 32 anos, Luísa está grávida de seis meses. Quando chegar a hora certa, ela já sabe uma das coisas que vai ensinar ao pequeno Pedro: o amor pelo próprio futuro. De quem você lembra quando imagina Luísa?

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Gil

Esta é Gil. Gil tem 22 anos, é solteira e trabalha como empregada doméstica desde os 18. Ela ajuda nas despesas de sua casa, onde mora com a mãe e três irmãos, e junta parte do que ganha para realizar um grande sonho: ser veterinária. Sua meta é começar a estudar daqui a dois anos. Gil sabe que precisará se esforçar até atingir seu objetivo, por isso valoriza cada dia de trabalho, faz o melhor que pode e conhece seus direitos e deveres. Sempre que consegue, pega um serviço extra de diarista para engordar a poupança. Gil tem uma vida corrida e pouco tempo para si mesma. Mas ela sabe que quando estiver formada e pronta para ajudar a salvar vidas, tudo terá valido a pena. Gil é uma das muitas mulheres determinadas do Brasil. Com quantas outras Gil você já cruzou?

Vânia

Vânia é gerente econômico-financeira de uma multinacional e dá aulas em uma faculdade particular. Seus dias e noites são preenchidos com cálculos, contas, planilhas e balancetes. Profissional reconhecida em sua área, ela sabe como ninguém explicar a importância do planejamento para o equilíbrio financeiro seja de um negócio ou de uma família. Mas não é só de números que Vânia entende. Casada e mãe de dois filhos, ela também aprendeu que aproveitar cada momento com sua família é a melhor forma de investir na felicidade.

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// Educação Previdenciária

Terezinha

Esta é Terezinha. Terezinha dedicou a vida inteira à carreira de advogada. Após 40 anos de serviço, sentiu que havia chegado a hora de se aposentar. Já há algum tempo, preparava-se para esse momento: investia na previdência privada e fazia planos para o futuro. Assim, quando bateu seu ponto pela última vez, Terezinha não sofreu. Um ciclo se encerrava, mas outros se abririam. O equilíbrio financeiro duramente conquistado em décadas de trabalho lhe permitiu condições para viver sem ostentação, mas com tranquilidade. Hoje Terezinha se divide entre caminhadas no parque, cafés com as amigas e tardes voluntárias numa creche, onde lê para crianças carentes. Mal sabe ela que sua própria vida também daria uma bela história com final feliz.

Karine

Esta é Karine. Karine tem 38 anos e é a filha do meio de uma família de cinco irmãos. Desde adolescente, ela sonhava em ser mãe e ter uma casa cheia igualzinha a de sua infância. Quando casou com Clara, Karine ganhou alguém para dividir o sonho com ela. Juntas, começaram a poupar para realizar uma inseminação artificial. Apesar do valor alto para o que ambas recebiam como jornalistas, conseguiram o que precisavam. Já na primeira tentativa, Karine engravidou e deu à luz Maria. Ao segurá-la nos braços, ela entendeu cada sacrifício, cada noite virada em trabalhos extras. Hoje Maria fez dois anos e mesmo tão pequena já mostra o orgulho das mães que tem.

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Diretoria de Benefícios: foco no relacionamento com o Participante Vamos resgatar um pouco da história da Fundação e explicar algo que é desconhecido por muitos de nossos Participantes: o porquê do cargo de diretor de Benefícios ser o único escolhido pelo processo de eleição. Até 1986, esse cargo era indicado pela Chesf. Porém, no acordo coletivo de 1985, os empregados da Patrocinadora conquistaram o direito de eleger um participante para a diretoria executiva da Fachesf. Assim, a primeira eleição ocorreu em 31/03/1987, sendo a posse do candidato eleito realizada em 14/05/1987 para um mandato de três anos. Em 2001, entretanto, a Lei Complementar nº108 do Governo Federal instituiu que o mandato, a partir de 2002, passaria a ter duração de quatro anos. Para os Ativos, Aposentados e Pensionistas da Fundação daquela época, ter um representante eleito por eles na diretoria da Fachesf foi algo muito importante. Desde então, vários diretores de benefícios já passaram pelo cargo, cada um com suas peculiaridades e objetivos, sempre focados em contribuir para o aprimoramento dos serviços da Fachesf e o relacionamento com os Participantes. Em 2017, celebraremos, portanto, a marca de 30 anos da implantação do processo legítimo de eleições desse representante. Sob tais aspectos, após um estudo das necessidades e demandas apresentadas pelos Participantes, iniciamos, por meio da Central de Relacionamento e agências da Fachesf, um programa de melhorias no sentido de buscar a otimização e padronização do atendimento. Com isso, implantamos diversas inovações tecnológicas, revisamos processos, investimos em monitoramento de gestão e treinamentos de qualificação dos empregados. O resultado já aponta para avanços substanciais na qualidade dos serviços prestados pela Fundação e reforça que ampliar e intensificar o relacionamento com o Participante tem sido o ponto forte de nossa gestão.

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// Educação Previdenciária

Um dos pilares desse projeto é a descentralização dos atendimentos para todas as regionais, que vem propiciando visitas a várias instalações da Chesf, com participações em reuniões setoriais, criação de novos pontos de atendimentos e reformas estruturais em algumas agências. Com a missão de levar “A Fachesf cada vez mais perto de você”, temos buscado facilitar o acesso de todos e criar mecanismos que possam esclarecer dúvidas e prestar orientações sobre os produtos e serviços disponibilizados pela Fundação. É com essa visão que a Diretoria de Benefícios tem trabalhado: a perspectiva de melhoria contínua no relacionamento com o Participante, buscando soluções às suas necessidades, projetando um futuro de oportunidades, ampliando a acessibilidade de canais de relacionamentos e fortalecendo a confiança e segurança daqueles que são a essência da nossa Fundação.

Raimundo Jorge é diretor de Benefícios da Fachesf.

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// No Consultรณrio

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Câncer colorretal: um mal silencioso Doença é curável quando descoberta em seu estágio inicial. Por isso, é preciso vencer o preconceito contra a colonoscopia e buscar bons hábitos de vida.

S

egundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em 2016, cerca de 34.280 brasileiros serão diagnosticados com câncer do intestino grosso, também chamado de câncer de cólon e de reto ou câncer colorretal. A doença está entre os três tipos de câncer mais comuns – atrás de próstata e mama – e tem crescido entre 10% e 15% a cada ano. Os números podem parecer assustadores. Mas a boa notícia é que, se descoberto precocemente, esse câncer tem 90% de chance de cura. A maior incidência de câncer colorretal no mundo (55%) ocorre em países da Europa e América do Norte, e na Austrália. Sua causa está relacionada diretamente ao estilo de vida do indivíduo, uma vez que estão mais propensas a desenvolver a patologia pessoas a partir de 60 anos cujo hábito alimentar é rico em carnes vermelhas e embutidos, e pobre em frutas, legumes e verduras. Obesidade, sedentarismo, consumo de álcool e tabagismo são outros comportamentos que favorecem o surgimento dos tumores num segmento do intestino grosso (o cólon)

e reto.Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, bem como as hereditárias, a exemplo da polipose adenomatosa familiar, aumentam a lista do que pode ser considerado fator de risco. Segundo Eduardo Inojosa, oncologista clínico do Hospital de Câncer de Pernambuco e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, a herança genética também tem de ser considerada, mesmo que 80% e 90% dos casos ocorram casualmente. “O aumento da incidência reflete ainda o envelhecimento da população. Ou seja, quanto mais se vive, maior o risco”, explica. Assim como na maioria dos demais tipos de câncer, a adoção de uma vida saudável diminui de modo substancial as chances de surgimento de tumores malignos no intestino. Estudos apontam que o consumo de alimentos ricos em fibras – como frutas, hortaliças e cereais – e a prática regular de atividades físicas estão entre as formas mais eficazes de prevenção. Isso explica o porquê da doença ser pouco comum nos países do Oriente.

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// No Consultório

Examinar para prevenir O médico especialista para tratar o câncer colorretal é o coloproctologista. Na maioria dos casos, porém, a doença é diagnosticada por clínicos gerais, profissionais aos quais a população em geral tem mais acesso. São eles que indicam os exames de rastreamento e encaminham para uma consulta mais detalhada com um coloproctologista. Desde que se estabeleça um programa de rastreamento precoce, esse tipo de câncer é 100% evitável, afirma Maurício Matos, presidente da Sociedade Pernambucana de Coloproctologia e chefe do serviço no Hospital Barão de Lucena, Maurício Matos. Para ele, exames de fezes anuais são importantes aliados para detecção de sangue oculto, além de realização de colonoscopia a cada 10 anos, a partir dos 50 anos de idade. “Essa é a forma mais barata e eficaz de se prevenir da doença. É assim que os Estados Unidos têm diminuído a incidência no país. Infelizmente, no Brasil, poucas pessoas seguem a orientação”, diz. O oncologista Eduardo Inojosa defende que a colonoscopia en-

A colonoscopia deve entrar na rotina de homens e mulheres com mais de 50 anos.

// Eduardo Inojosa

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tre na rotina de homens e mulheres com mais de 50 anos, assim como acontece com a mamografia para a investigação do câncer de mama. Segundo ele, os intervalos entre um exame e outro deve diminuir caso o primeiro detecte algum problema. A colonoscopia se assemelha a uma endoscopia digestiva, só que por via retal. Por meio da câmera que existe na ponta do equipamento utilizado no procedimento, é possível fazer uma varredura no reto, intestino grosso e parte do delgado, identificando a presença dos chamados pólipos ou verrugas – lesões benignas presentes na mucosa do intestino que, caso não retiradas, podem se transformar em tumores malignos. Esse processo leva de 10 a 15 anos para acontecer. Quando identificados pela colonoscopia, esses pólipos são retirados durante o exame, sem a necessidade de uma cirurgia posterior. Entretanto, quando o procedimento é feito tardiamente e revela tumores malignos, há a necessidade de cuidados mais profundos. A classificação se o achado da colonoscopia é um pólipo ou tumor se dá por meio da biópsia do material recolhido durante o exame. “Muitas pessoas têm preconceito em relação a esse exame por ser considerado invasivo e ter um preparo chato, pois é preciso passar dois dias à base de uma dieta restrita e uso de laxantes para limpar o intestino”, admite o coloproctologista Maurício Matos. Sua realização, porém, é fundamental para um diagnóstico precoce que possibilite um início imediato do tratamento, uma vez que esse tipo de câncer só


apresenta sinais na fase avançada da doença, quando o índice de mortalidade atinge entre 40% e 50%. Nesse estágio, os principais sintomas são sangramento, mudança do hábito intestinal – quem tem constipação passa a ter diarreias e vice-versa, dor abdominal, perda de peso e anemia.

De acordo com Maurício Matos, o câncer colorretal é diferente dos outros tumores que acometem o aparelho digestivo, especialmente por sua possibilidade de cura por meio cirúrgico, mesmo nos casos de diagnóstico em fase avançada. “O intestino tem em média 1,2m de comprimento. Durante o procedimento, costuma-se retirar 20cm ao redor do tumor. Quanto à técnica, a cirurgia pode ser convencional, dependendo do tamanho e da quantidade de tumores, ou por via laparoscópica, com a mesma eficácia na cura, menos complicações e recuperação mais fácil”, afirma. Entre 20% e 25% dos pacientes de câncer de intestino desenvolvem tumores no reto, que são os 15cm finais do órgão. Em média, 15% desses vão precisar da colostomia definitiva – exteriorizaçãode parte do intestino que passa a ficar ligado a uma bolsa por onde as fezes e os gases passam a ser eliminados. Apesar do inconveniente, os pacientes podem ter vida social e profissional normal. “Cada vez menos pessoas precisam da colostomia definitiva. No passado, 50% das pessoas que passavam pela cirurgia ficavam com a colostomia”, comemora o coloproctologista.

Fotos: Juanpa Ausín

Cirurgia e Tratamento

"O câncer colorretal é diferente dos outros tumores que acometem o aparelho digestivo, especialmente por sua possibilidade de cura por meio cirúrgico".

// Maurício Matos

A quimioterapia também tem papel importante na redução desses números. No caso do câncer no reto, o tratamento geralmente é iniciado com a quimioterapia como forma de reduzir o tamanho do tumor e a área a ser amputada. O coordenador de Cirurgia Geral do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), João Alberto de Oliveira Barros, esclarece que a técnica aumenta as chances de os pacientes com tumores no reto superior ficarem livres da colostomia definitiva. “Na rotina atual do HCP, somente 30% precisam ser submetidos à colostomia definitiva. Nos demais, a colocação da bolsa excretora se dá por tempo determinado somente para a cicatrização da cirurgia de retirada dos tumores e depois é retirada”, explica. Em geral, a ordem a ser seguida no tratamento do câncer do intestino grosso é definida nas primeiras consultas de forma conjunta pelo cirurgião – coloproctologista ou oncologista – e o oncologista clínico. O direcionamento que será dado depende da localização e do tamanho do tumor. “Pode ser primeiro a quimioterapia e radioterapia para diminuir o tamanho do tumor e, em seguida, a cirurgia; ou primeiro a ci39


// No Consultório

Quando o tumor é descoberto logo e retirado na cirurgia, a quimioterapia é utilizada para diminuir a chance de a doença voltar.

rurgia e depois quimioterapia e, se necessário, a radioterapia”, afirma o oncologista Eduardo Inojosa.

mento pode ser interrompido até que a pessoa tenha uma melhora do seu quadro geral.

A duração do tratamento não tem tempo definido. Quando o tumor é descoberto logo e retirado na cirurgia, a quimioterapia é utilizada para diminuir a chance de a doença voltar. Esse processo dura, geralmente, seis meses. Caso a doença seja metastática – tiver se espalhado para outros órgãos – a duração vai depender da tolerância e da resposta de cada paciente. Em algumas situações, o trata-

A boa notícia é que o avanço da medicina tem permitido que os tratamentos ocorram sem interrupções, pois já existem medicamentos que controlam as reações adversas da quimioterapia, como as náuseas. “A maioria das pessoas tem boa tolerância. Sem falar que as drogas são menos agressivas, tanto que nem há mais queda de cabelo intensa”, esclarece Eduardo Inojosa.

Otimismo que influencia na cura O diagnóstico de um câncer nunca é digerido facilmente. Para muitas pessoas, ainda é encarado como sentença de morte e associado a dor, sofrimento e vergonha. Há até quem se recuse a dizer o nome da doença, tão arraigado é o preconceito que existe.

// João Alberto de Oliveira

Por outro lado, os avanços nas técnicas de tratamento e as histórias de cura têm mudado esse panorama. Cada vez mais, é possível ver pessoas encarando o câncer com coragem e, literalmente, lutando contra a doença. Tamanha disposição, atestam os médicos, surte efeitos bem positivos. “Otimismo ajuda muito. Quem encara a doença de frente não se abate, pois decide focar na busca de um prognóstico melhor. O pensamento proativo interfere, sim, no sistema imunológico e permite que o paciente enfrente de forma mais tranquila todas as fases do tratamento. Já quem desenvolve uma depressão acaba tendo mais chan-

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ces de ter a doença novamente”, acredita o coloproctologista Maurício Matos. O médico João Alberto de Oliveira Barros endossa o pensamento e afirma que a questão psicológica é um diferencial no processo de cura do câncer: “Não existem muitos estudos ainda, mas percebemos que há uma relação direta com a imunidade. Quando o paciente não aceita a própria condição, a doença tende a ser mais agressiva, por causa da imunidade baixa, e implica até em uma piora na cicatrização”. Lutar contra o câncer não é fácil. Mas a todo ser humano foi dada a capacidade de se adaptar às más situações e sair delas fortalecidos. Isso tem nome: chama-se resiliência. Com acompanhamento psicológico que ajude o paciente a compreender sua patologia e apoio de familiares e amigos, caminhar a estrada da cura pode se tornar algo mais leve.


Depoimentos

“Em agosto de 2004, percebi raios de sangue nas minhas fezes. Inicialmente desconfiei de hemorroidas, mas o avanço do sangramento acendeu um sinal de alerta. Fiz uma colonoscopia e recebi o diagnóstico da presença de pólipos. Logo em seguida, realizei uma cirurgia e retirei as lesões, que se revelaram malignas. Como o câncer foi extirpado, não precisei de quimioterapia ou radioterapia. Mas passei a seguir um acompanhamento rigoroso com gastroenterologista e cancerologista, e exames a cada quatro meses. Não vou negar: a colonoscopia é um procedimento chato, mas fundamental. Ninguém pode descuidar da saúde, ainda mais quem já passou por um câncer, que é uma doença traiçoeira e silenciosa. Se você relaxar, aparece em outras partes do corpo. Antes de mim, só tivemos

um caso de câncer na família, meu avô materno, que morreu da doença. Por isso, não era um problema com o qual eu me preocupava. Hoje sei que o diagnóstico precoce foi essencial para minha cura. Quando recebi a notícia, só pensei no pior; não sabia da extensão real do problema, se o tumor estaria localizado ou não. Mas mantive a calma e a determinação. Essa postura, além do apoio da minha família e amigos, fez toda a diferença para que eu driblasse o câncer. Acho que o paciente tem de encarar a doença de frente, com otimismo. Saber que perdeu uma batalha, mas não a guerra. É preciso seguir, não esmorecer.” Ércio Dias Participante da Fachesf

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// No Consultório

Depoimentos

“Todos os anos, faço exames periódicos. Só percebi que havia algo errado comigo quando notei sangue nas minhas fezes. O primeiro diagnóstico foi o mais óbvio: hemorroidas. Mas eu sentia dores no baixo ventre e o sangramento continuava. Aquilo não era normal. Fiz uma ultrassonografia, que nada detectou. O médico então solicitou uma colonoscopia, cujo resultado acusou pólipos no cólon descendente, já próximos ao reto. A biópsia deu negativo para câncer. Ainda assim, fui indicada a fazer uma cirurgia, que eu acreditava ser apenas preventiva. No dia 12 de setembro de 2012, foram retirados 17cm do meu intestino grosso. A operação foi tranquila, sem grandes traumas ou dores. Não vou dizer que a recuperação foi fácil, mas tirei de letra. Dez dias depois, veio a certeza: era mesmo câncer. Até aquele momento, tinha convicção de que o teste não apontaria nada ruim. O impacto então foi enorme; pensei que iria desmaiar. Apesar do susto, porém, eu sa-

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bia que ficaria curada. Fiz quimioterapia por sete meses. Foi um tempo difícil; emagreci quase 10 quilos. Mas tive fé e levei adiante, com muita força positiva e clareza. Eu dizia a todo mundo que estava em tratamento; não escondia nada de ninguém. Acho que falar sobre câncer com sinceridade é muito importante. Mesmo quando estava com a bolsa da colostomia, não deixei de caminhar com meu cachorro, ir ao supermercado e ao shopping. Saía para passear, dançar, e tomava minha cervejinha. Aproveitava (e aproveito) todas as oportunidades que a vida me oferecia. Não tive vergonha ou culpei alguém. Hoje faço acompanhamento regular com consulta, colonoscopia, exame de sangue e tomografia. Tenho 64 anos e muita vida pela frente.”

Fátima Monteiro Beneficiária da Fachesf


Entenda por que hemorroida não é doença Você sabia que as hemorroidas não são uma doença, mas estruturas comuns do corpo humano? Para desmistificar essa ideia, a Conexão Fachesf conversou com a proctologista Maria Ivna Vanderlei. Confira a seguir. 1. O que são as hemorroidas? Hemorroida é uma estrutura anatômica presente no canal anal de todos os indivíduos. É formada por elementos vasculares e musculares, constituindo o chamado coxim hemorroidário, fundamental no mecanismo de contenção anal. 2. Por que se costuma acreditar que a hemorroida é uma doença? É muito comum confundir a estrutura anatômica com os sintomas relacionados a ela. Para entender melhor, podemos fazer um paralelo com as amídalas palatinas, o apêndice vermiforme e a vesícula biliar, estruturas que também fazem parte do corpo humano e, eventualmente, podem desenvolver doenças correlatas, como amidalite, apendicite ou cálculo biliar. No caso da hemorroida, fatores externos podem provocar uma crise com aparecimento de manifestações clínicas. 3. O que causam essas manifestações? Há dois fatores de risco: os predisponentes, que já nascem com os indivíduos, como a constituição das paredes das estruturas vasculares; e os desencadeantes, que são os que decorrem de hábitos da vida, cujo mais incidente é a constipação. 4. Álcool e condimentos são fatores de risco? Sim, ambos são vasodilatadores e podem levar a uma dilatação das estruturas vasculares com diminuição do fluxo sanguíneo, propi-

ciando o surgimento de trombos e suas consequências clínicas. 5. O problema é comum na gravidez? Durante a gestação, vários fatores juntos predispõem ao aparecimento de sintomas relacionados às hemorroidas. A constipação, o aumento no volume do útero dentro da pelve (o que ocasiona a diminuição do retorno venoso) e as alterações hormonais são alguns deles. 6. Beber água ajuda a prevenir complicações nas hemorroidas? Sim. Uma vez que a obstipação (prisão de ventre) é um dos principais desencadeantes dos sintomas hemorroidários, é importante a prática de uma alimentação saudável, com alta ingestão de fibras e líquidos. Atividades físicas regulares também são fundamentais. 7. Quais os tratamentos dos sintomas hemorroidários? O tratamento é baseado em medidas higienodietéticas que, se bem orientadas e seguidas, trazem um resultado bastante eficaz. Medicamentos por via oral e de uso tópico são indicados somente quando há trombose hemorroidária para tirar o paciente da fase aguda. Procedimentos ambulatoriais como ligadura elástica, escleroterapia e crioterapia também podem ser recomendados. Se nenhuma dessas ações forem efetivas, o paciente é encaminhado para a cirurgia.

Maria Ivna Vanderley é proctologista, professora da UFPE da disciplina cirurgia abdominal e membro titular da Sociedade Brasileira de Proctologia.

pergunte ao doutor

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// Planejamento e Gestão

Ambulatório Paissandu requalificação focada na prevenção

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O

ferecer mais conforto durante os atendimentos médicos: essa foi a proposta da requalificação do Ambulatório da Fachesf, no Paissandu (Recife/PE), concluída em dezembro de 2015. Depois de cinco meses de reforma, realizada em parceria com a Chesf, o espaço ganhou uma estrutura mais moderna e novos equipamentos, e ampliou sua capacidade de atendimento para cerca de dois mil usuários por mês, entre consultas, procedimentos cirúrgicos e de enfermagem. A melhoria na unidade do Paissandu segue uma tendência mundial dos modelos de saúde que enxergam os ambulatórios como portas de entrada dos pacientes com foco na prevenção de doenças ou seu agravamento. Na Europa, o termo utilizado para definir essa atuação chama-se gatekeeper (Guardião do portão em tradução literal); ou seja, ao ser acompanhado de modo permanente por uma equipe médica ambulatorial, o usuário não somente previne-se de diversas patologias, como evita a procura por atendimentos hospitalares que dispõem de serviços mais complexos, mas que nem sempre são necessários – e custam muito mais caro.

" As pessoas, em geral, buscam logo os hospitais. Por isso foram criadas as Unidades de Pronto Atendimento, que são uma tentativa do Brasil de se enquadrar em um sistema mais moderno. // Geraldo von Sohsten

Segundo o superintendente de Saúde da Fachesf, Geraldo Von Sohsten, em vários países da Europa, esse modelo tem conseguido reduzir o número de internações dos pacientes e, em contrapartida, os custos hospitalares, cada vez mais crescentes. “As pessoas, em geral, buscam logo os hospitais. Por isso foram criadas as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), que são uma tentativa do Brasil de se enquadrar nesse sistema mais moderno, eficiente e de menores custos. Porém, a alta demanda de pacientes no país acaba dificultando o atendimento”, explicou.

Mais inovação e acessibilidade O prédio onde funciona o Ambulatório Paissandu foi inaugurado na década de 1980. De lá para cá, apenas uma reforma substancial havia sido feita. O beneficiário Jeronymo Cordeiro de Morais Filho, 89 anos, acompanhou toda a transformação e ficou satisfeito com o resultado: “Uso o Ambulatório há mais de 30 anos. A nova estrutura está uma maravilha. Sou muito bem atendido aqui”, afirmou, enquanto aguardava um parecer cardiológico. Seu filho, o engenheiro aposentado da Chesf Fernando Tavares, reforçou a opinião. “Achei tudo muito bom. Só gostaria que tivesse mais especialidades médicas”, apontou. A demanda do Participante é uma meta da Chesf/Fachesf. Atualmente o ambulatório dispõe de uma equipe de nove médicos que oferecem atendimento em sete especialidades (clínica geral, dermatologia, endocrinologia, gastro-

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// Planejamento e Gestão

acessibilidade arquitetônica em todos os detalhes, incluindo uma plataforma elevatória que leva os pacientes com mobilidade reduzida ao pavimento superior, dispensando o uso da escada.

" Uso o Ambulatório há mais de 30 anos. A nova estrutura está uma maravilha." // Jeronymo Cordeiro

enterologia, ginecologia, cardiologia e cirurgias ambulatoriais), mas há um desejo de ampliação do quadro para 12 profissionais. Todas as consultas realizadas no local obedecem a uma marcação prévia, feita por telefone pela Central de Relacionamento. “Além dos agendamentos, temos uma escala de pronto-atendimento para os casos em que o paciente passa mal e precisa de consulta imediata ou orientação. Existem estudos que indicam que, em qualquer comunidade, algumas pessoas precisam desse tipo de atendimento. Por isso, estamos preparados”, afirma o superintendente de Saúde. O serviço de pronto-atendimento, inclusive, ganhou um consultório exclusivo. “Antes o médico utilizava a sala que estivesse disponível. Agora, temos um espaço específico no térreo, garantindo o acesso para idosos e cadeirantes”, comemora a supervisora de Enfermagem do Ambulatório, Adriana Gabriel de Oliveira. De acordo com ela, cerca de70% das pessoas que utilizam o prédio são idosas. Esse perfil foi um ponto de destaque no projeto de requalificação, que contemplou

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Além de estrutura e mobiliários novos, o Ambulatório passou a contar com equipamentos de saúde mais modernos. Um dos itens que merece ser citado é a mesa ginecológica, que permite regulagem automática de altura e pode ser utilizada de forma mais simples por mulheres cadeirantes e idosas. “A facilidade beneficia não somente a paciente, como também a médica, que pode realizar os exames com mais segurança”, esclarece a supervisora.

Por uma boa relação médico x paciente A relação de proximidade entre médicos e pacientes é outro diferencial do serviço prestado no Ambulatório. O histórico de atendimento de cada beneficiário está registrado nas milhares de fichas, arquivadas na área administrativa do prédio, podendo ser rapi-

// Adriana Gabriel


damente localizadas. Cada uma delas permanece guardada por até 25 anos, a contar da última consulta; passado esse período ou em caso de óbito do usuário, o documento é destruído. A vantagem de uma relação próxima entre os usuários do serviço e os profissionais de saúde, entretanto, está além dos prontuários. Só quem teve que mudar de médico depois de anos com um mesmo especialista sabe a sensação de desamparo que sente. Principalmente, caso este seja o que cuida da saúde da mulher. Especialista nessa área, Silvana Aires atua como ginecologista na Fachesf há 18 anos. No Ambulatório, realiza consultas de rotina e faz exames preventivos ao câncer de colo do útero, biópsias e retiradas de pequenos pólipos. Ao longo dessa história, ela estima ter feito mais de 15 mil preventivos (colposcopia e citologia); só em 2015, foram 440. "Atendo várias beneficiárias que estão comigo há muitos anos. Considero essa proximidade entre médico e paciente algo muito positivo, pois a ginecologia lida com a intimidade e sexualidade das pessoas. Para que a relação dê certo, é fundamental que exista confiança", acredita Silvana. Outra especialidade cujo acompanhamento regular implica diretamente na qualidade de vida do paciente é a cardiologia. No Ambulatório Paissandu, o médico orienta os beneficiários sobre a importância de checkups anuais para avaliação funcional e o cumprimento de uma série de exames de rotina. "Trabalhamos muito a questão da prevenção. Para isso, a cada consulta, fazemos uma análise do paciente, seu histórico

familiar, taxas e condições clínicas, e averiguamos se há qualquer sinal que sugira complicações como infarto, AVC e angina. Dessa forma, podemos nos antecipar e encaminhar o beneficiário para um tratamento mais adequado", explica o cardiologista Aydano Marcos Pinheiro Júnior. A prevenção é mesmo um dos pilares mais fortes do Ambulatório Paissandu, que também sedia o Programa de Bem com a Vida. Sua proposta é oferecer orientações nutricionais, atividades físicas (em parceria com o Sesi), palestras mensais, remédios e exames de rotina para beneficiários do Fachesf-Saúde diagnosticados com diabetes e hipertensão. “Procuramos fidelizar nosso público pela qualidade do serviço prestado e confiança. Todos os exames solicitados pelos nossos médicos são de fato necessários. Nosso foco é o bem-estar do paciente. Por isso, buscamos tratamentos eficientes, sem que isso represente custos muitos altos para todos”, sintetiza Geraldo von Sohsten.

Busca pela qualidade Selma Morais Gomes sempre acompanha o pai, Antônio Gomes Filho, 85 anos, operador de subestação aposentado, nas suas visitas ao Ambulatório do Paissandu. “O atendimento é excelente, das recepcionistas aos médicos. Meu pai é atendido pelo cardiologista, clínico geral e dermatologista. Gosto de fazer várias perguntas sobre a saúde dele e todos me respondem com atenção. A reforma tornou o serviço ainda mais aconchegante”, avalia.

Horário de atendimento do Ambulatório Paissandu (Recife/PE): Segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 17h30 Telefones para marcação de consultas: 0800.281 7533, Hicom 629.7533 ou 4020.7533 (ligações a partir de celular). Dias de marcação de consultas: Clínica geral, endocrinologia, gastroenterologia, e cirurgias ambulatoriais – última segunda-feira do mês Ginecologia, cardiologia e dermatologia – última quarta-feira do mês

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// Planejamento e Gestão

// O beneficiário Antônio Gomes é usuário do Ambulatório Paissandu.

"Não poupamos esforços para proporcionar aos nossos beneficiários um atendimento de referência, com qualidade e dentro de custos adequados à nossa realidade." // Geraldo von Sohsten

Quem precisa dos serviços de enfermagem também está sentido a diferença. A sala de curativos, onde é possível fazer suturas de lesões simples, foi ampliada e recebeu um moderno esterilizador de instrumentos capaz de realizar a lavagem do material cirúrgico de modo mais rápido e eficiente. “Na vida dos Participantes e seus dependentes, isso significa menos riscos de infecção”, explica a enfermeira Adriana Gabriel. Novos equipamentos foram instalados ainda na sala de cirurgia – local específico para procedimentos de pequeno porte, como retirada de sinais e tumores de pele, drenagem de abcessos, entre outros – e no consultório odontológico, que recebe pacientes em processos de perícia. Todo o maquinário possui regulagem de altura e pode ser facilmente

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acessado por idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida. “Tentamos contemplar todos os detalhes importantes para um bom atendimento. No consultório odontológico, até a luz do foco usado pelo dentista foi trocada por uma de LED para aumentar a visibilidade da área. Não poupamos esforços para proporcionar aos nossos beneficiários um atendimento de referência, com qualidade e dentro de custos adequados à nossa realidade”, finalizou o superintendente Geraldo von Sohsten. O Ambulatório Paissandu, situado na sede da Fundação (Recife/ PE), atende Participantes Ativos, Aposentados e seus dependentes diretos (filhos de até 23 anos, pai e mãe) e funciona de segunda a sexta-feira com consultas marcadas e pronto-atendimento.


“Mais qualidade e menor custo” Conexão Fachesf – Qual a importância dos ambulatórios para os empregados e aposentados? Hélder Falcão – Os ambulatórios têm uma importância fundamental e estratégica para empregados e aposentados, pois permitem um atendimento rápido, humano e eficiente. Para os procedimentos e especialidades ofertadas nos ambulatórios, conseguimos proporcionar um serviço com mais qualidade e custo menor, quando comparado ao praticado na rede de saúde do mercado.

Fotos: Severino Silva/Chesf

CF – Qual o papel dos ambulatórios dentro das estratégias de RH da Chesf?

A Conexão Fachesf conversou com Hélder Falcão, diretor Administrativo da Chesf, que falou sobre a importância dos atendimentos realizados pelos ambulatórios da Fachesf, tanto para a saúde dos beneficiários como enquanto processos de gestão.

Hélder Falcão – O papel do ambulatório é de vital importância principalmente devido ao seu caráter preventivo para os empregados e dependentes da Chesf. Com uma atuação eficaz em termos de prevenção, temos condições de desenvolver ações direcionadas para as necessidades levantadas, tendo como consequência uma redução nas despesas com a rede credenciada do nosso plano de saúde. CF – Os ambulatórios atuam como ferramenta de gestão no controle dos gastos com saúde? Hélder Falcão – Sim, com certeza. Para os procedimentos ofertados pelos ambulatórios, temos um atendimento com qualidade igual ou superior à rede credenciada e custo mais baixo. Temos um indicador que compara os atendimentos efetuados nas nossas unidades com os serviços prestados pela

rede credenciada e, de uma forma geral, observamos que os ambulatórios Fachesf são sempre mais sustentáveis do ponto de vista de qualidade e custo. Estamos estudando, em parceria com a Fundação, a ampliação da nossa atuação, como por exemplo, a inserção de prestação de serviços de aquisição e distribuição de remédios de alto custo para os beneficiários do PAP, e realização dos exames laboratoriais e cardiológicos para o periódico da Chesf. CF – Na inauguração das obras de requalificação do Ambulatório Paissandu, você falou sobre o desejo da Chesf de padronização dos ambulatórios das regionais. Existe algo já planejado nesse sentido? Hélder Falcão – Sim, pretendemos ter um padrão de atendimento nos ambulatórios da Chesf, entendendo claro, as diferenças e particularidades entre cada um deles. O ambulatório do Complexo Sede – Ed. André Falcão tem demandas e perfil bem diferentes dos ambulatórios do Paissandu e Boa Esperança.Planejamos avançar nessa direção durante o ano de 2016, levando em conta os custos x benefícios para cada unidade.Faremos esse trabalho de forma gradual até atingirmos todos os ambulatórios. Já em relação à padronização do atendimento, essa é uma meta que estamos constantemente buscando, e o envolvimento da Chesf e da Fachesf será fundamental para que possamos atingir a excelência em todos os ambulatórios.

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entrevista

// Fachesf-Saúde

Por que a saúde custa caro no Brasil? Em palestra proferida recentemente para o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o ex-ministro da Fazenda e professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA – USP), Antônio Delfim Netto, falou sobre os custos exponenciais do setor de saúde em detrimento dos demais. Segundo ele, a saúde é um bem desejado por todos, mas é algo que custa muito caro na atualidade, no Brasil e em todo o mundo. Muitas são as variáveis que envolvem essa conta. Uma das mais significativas diz respeito ao envelhecimento da população, que provoca uma utilização cada vez mais intensa dos serviços de saúde e, em paralelo, levanta a necessidade de investimentos em tecnologia que tornem exames e procedimentos mais minuciosos e assertivos. Podemos confirmar essas informações nos dados divulgados pelo IESS no que concerne à variação dos custos médico-hospitalares nos últimos 12 meses, encerrados em junho de 2015: as despesas de operadoras de planos de saúde com consultas, exames, terapias e internações tiveram alta de 17,1%. Quando comparado com a inflação geral do Brasil no mesmo período (8,9%), observamos que os custos de saúde tiveram um crescimento muito superior aos demais medidos pelo IPCA, como alimentação, transporte etc.

alguns artifícios de controle como: aquisição de órtese, prótese e materiais especiais diretamente ao fornecedor (reduzindo em média 30% do custo em relação às compras via hospitais); autorização de procedimentos eletivos por meio de uma central de Regulação, a fim de evitar a realização de procedimentos indevidos ou desnecessários; auditoria médica e de enfermagem nas faturas de cobrança apresentadas pelos hospitais, na qual é analisado o que consta em prontuário com o que está sendo cobrado e com o que de fato foi utilizado; criação de programas assistenciais, voltados às patologias que necessitam de maior controle, entre outros. Na Fachesf, além de todas essas práticas, temos buscado conscientizar nossos beneficiários sobre a importância de atuarmos todos como agentes fiscalizadores dos planos Fachesf-Saúde. Como cada um pode ajudar? Ficando alerta para cobranças pouco esclarecidas pelos credenciados de saúde, utilizando os serviços de acordo com a necessidade real da situação e, sobretudo, procurando a Fundação sempre que estiver com alguma dúvida. Entendemos que esses hábitos são fundamentais para o equilíbrio financeiro do plano, que funciona como um condomínio: as ações de cada usuário refletem para todo o grupo.

Mas afinal, do que se trata esse custo médico hospitalar (CMH)? O índice é definido como as despesas realizadas pelo grupo de beneficiários de um plano de saúde durante um determinado período. Em outras palavras, é quanto custa, em média, prover aos beneficiários os serviços por eles contratados. Esses gastos vêm crescendo aceleradamente no setor da Saúde Suplementarnas últimas décadas. De acordo com estudos da consultoria Mercer Marsh, o Brasil é o segundo país latino com maior inflação médica, ficando atrás apenas da Argentina. Como forma de equilibrar esse cenário, as operadoras de planos de saúde brasileiras dispõem de

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Wanessa Cysneiros é gerente de Regulação de Planos de Saúde da Fachesf.


// Foco no Participante

Quando o céu é o limite Desde a infância, quando corria de pés descalços pelas ruas de Garanhuns e Arcoverde, no interior de Pernambuco, o então menino Reginaldo já era apaixonado pela liberdade e pelo direito de perseguir seus sonhos. Anos depois, em Paulo Afonso (BA), a vida o levou a morar nas ruas da cidade. Dormia ora aqui, ora ali. Estica-

va o corpo no coreto, olhava para o céu, contava estrelas. Apesar das dificuldades, conheceu a solidariedade e fez grandes amigos. Quando cresceu, porém, o menino resolveu mudar o próprio destino. Conheça a história do Participante Reginaldo Barreto, o piloto que voou alto porque nunca tirou os pés do chão.

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// Foco no Participante

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asci em Garanhuns (PE), em 1941. Aos cinco anos de idade, minha família se mudou para Arcoverde (PE) e, em dezembro de 1948, seguimos para Paulo Afonso (BA), onde meu pai trabalhava como motorista da Chesf, companhia que eu já aprendia a admirar. Aos 11 anos, porém, após a morte da minha mãe e o novo casamento de papai, nossa casa ficou cheia e já não havia mais espaço para mim. Acabei indo morar nas ruas. Para viver, vendia picolé, limpava os ônibus das empresas do município, fazia pequenos serviços que me rendiam uns trocados. Isso pode até parecer triste, mas eu não era infeliz. Guardo memórias muito boas dessa época, como as brincadeiras, os jogos de bola com os amigos que eu fazia a cada dia. No fundo, era uma sensação de liberdade e aventura. Lembro de dormir nos coretos da cidade, muitas vezes admirando o céu; do sabor do pão doce quentinho com manteiga que eu ganhava dos donos da padaria. E assim, eu ia crescendo, aprendendo muita coisa nas vivências desafiadoras. Mesmo morando na rua, nunca deixei de estudar. Primeiro no Colégio Adozindo Magalhães; depois, no Colepa (Colégio de Paulo Afonso). Aos 14 anos, um colega que trabalhava na biblioteca do Clube de Paulo Afonso (CPA) me ofereceu uma vaga lá. Eu ainda não sabia, mas aquilo mudaria o rumo da minha história. Na Biblioteca, meu primeiro desafio foi organizar uma montanha de cerca de dois mil livros. Vi que podia fazer um bom trabalho, mantive meu foco no serviço e entreguei, pouco tempo depois, todo o acervo organizado e cata-

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logado por títulos, autores e editoras. Até fichário tinha! Rapidamente ganhei novas tarefas: tomava conta da sinuca, da sorveteria e até da limpeza do Clube. Nessa mesma época, o Coronel Humberto Luz de Aguiar, então chefe da aviação da Chesf, percebeu que eu me destacava em matemática e me convidou para ajudar seu filho com a matéria. Aos 17 anos, meu dia era inteiro preenchido com estudos e as atividades as quais eu me dedicava. A recompensa do esforço viria no dia 9 de março de 1959, quando ingressei oficialmente no setor de aviação da Chesf, de onde só sairia em 16 de janeiro de 1991.

A aviação e eu Entrei na aviação como servente. Ganhava, lembro bem, 12 cruzeiros e 50 centavos por hora, o que dava 3 mil cruzeiros por mês. Trabalhava na Chesf durante o dia e à noite continuava estudando. Em dezembro de 1868, finalizei o curso técnico de Contabilidade. Nessa época, passei de servente para auxiliar de almoxarifado e, em seguida, para auxiliar de escritório. Mais tarde, num grande passo profissional, tornei-me secretário da aviação. Aquele era um papel que eu desempenhava com muita dedicação e responsabilidade. Recebia as solicitações de voo, fazia as vezes de secretário geral, almoxarifado e até de ferramenteiro. Além de mim, a equipe contava apenas com os pilotos, capitaneados pelo Coronel Humberto, primeiro chefe da aviação da Companhia. A cada dia, aquele universo me absorvia mais e mais. O céu e os


// O piloto Reginaldo Barreto

aviões tomavam conta da minha vida, o que só aumentava a minha admiração pelo ofício de piloto. Decidi então passar do desejo à ação: se pilotar era meu objetivo, estudaria para isso; dedicariatodo tempo possível à realização daquele sonho. Passei então a frequentar aeroclubes, receber instruções e acumular horas de voo. Sempre que podia, pegava carona nos aviões da Chesf para me aproximar ainda mais do meu objetivo. Se íamos buscar algum empregado em Aracaju (SE), Salvador (BA), Recife (PE), muitas vezes eu voltava de ônibus, mas não perdia a oportunidade da viagem. Quando a razão do voo era levar alguém a outro destino e não havia espaço suficiente, eu ia por terra e voltava pelos ares. Um belo dia, dez anos após eu entrar no setor de aviação da Chesf, o Coronel Alberto Murad, chefe à

época, olhou nos meus olhos e disse que eu tinha condições de ser um bom piloto. Por enxergar em mim o potencial para me tonar um deles, decidiu me presentear com apostilas técnicas. Debrucei-me nelas todos os dias. Estudava incansavelmente, além de me dedicar ao inglês para dominar a profissão que almejava. Contavam a meu favor a experiência burocrática adquirida nos procedimentos operacionais e as horas de voo acumuladas numa escola de pilotos em Campina Grande (PB). Em 1971, conquistei a formação de piloto privado (amador). A partir daí, foram muitos cursos e aprimoramentos práticos em escolas da Paraíba, Ceará e Pernambuco. Um ano depois, vivi algo que marcou minha vida para sempre: uma carta do Coronel Alberto Murad ao General Bragança, então diretor de Operação da Chesf, atestava que eu reunia todas as condições

para substituí-lo em seu cargo. Senti que, se alguém como ele apostava no meu trabalho, eu poderia, sim, chegar lá.

De servente a piloto Quando pilotei um avião sozinho pela primeira vez, a sensação foi inesquecível. O instrutor do aeroclube (talvez pra me deixar mais confortável) disse que me ajudaria a comandar a aeronave. Nem foi preciso. Com a teoria que eu tinha adquirido, a viagem virou um passeio, com um balançado suave. Eu sabia que estava fazendo tudo certo. Sempre vou lembrar aquele misto de euforia e incredulidade que senti. Em 1973, concluí a formação de piloto comercial, com 200 horas de voo. Nessa época, passava meus fins de semana treinando incan53


// Foco no Participante

savelmente em um aeroclube em Maceió (AL). Eu sabia que meu esforço seria recompensado na hora certa. E não demorou. No início de 1974, comecei a voar como freelancer para a Chesf. No dia 1º de novembro daquele ano, foi homologada a transferência do meu cargo. Eu me tornava, enfim, um piloto de avião da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Aos 33 anos de idade, sob coordenação do Major Coutinho, tornei-me um dos cinco pilotos da Chesf; eu, que havia entrado na aviação aos 17 anos, como servente. Aquilo me enchia de alegria e sensação de dever cumprido. Foi uma época inesquecível. Cada decolagem e pouso eram instantes de realização. Daquele dia em diante, acumulei milhares de horas de voos, que me fizeram chegar, em 1985, ao cargo de comandante-chefe do Serviço de Aviação da Chesf, o SOAV.

"É difícil ser piloto?" Ainda hoje, muita gente me pergunta como enxergo minha história. Costumo responder da mesma forma: tudo isso é muito simples. Eu tinha um sonho e corri atrás para realizá-lo. Aconteceu comigo, mas poderia ter sido com qualquer um. Acho que minha vida é um relato de progressão, fruto de muito esforço. Digo sempre aos meus filhos que tudo depende da vontade que se tem, seja de crescer ou de voar. Durante toda minha trajetória de piloto, o medo nunca se fez meu companheiro. Já minha esposa, Alda Maria (que foi professora da 54

Chesf por 30 anos), brinca dizendo que somos doidos. Sempre morreu de medo de que algum acidente acontecesse comigo ou com Jean Pierre, um de nossos três filhos, que também abraçou a carreira da aviação. O risco, claro, está lá. Mas as recompensas são enormes. Para mim, nada supera o fato de saber que pude ajudar muitos colegas da Chesf, pessoas que precisavam se deslocar em situações de emergência. Olho pra trás e lembro as tantas histórias emocionantes que levarei pra sempre comigo. Quando me aposentei da Chesf, montei uma empresa de táxi aéreo no Recife e pilotei até março de 2015. Já na reta final das minhas empreitadas pelos céus, um pai quis presentear seu filho com um voo panorâmico. No passeio, o menino de olhos brilhantes pareceu-me observar muito mais do que a paisagem lá fora; olhava o painel e todos aqueles botões com atenção. Até que se encheu de coragem e me perguntou: é muito difícil ser piloto? Fiquei em silêncio por alguns segundos. Até que sorri e respondi-lhe: não, meu rapaz; se é isso o que você quer, basta perseguir o sonho e torná-lo real. Voar pode ser muito mais simples do que se imagina.

Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android) e confira o depoimento do piloto Reginaldo Barreto: https://bit.ly/2YXWeKt


// Cultura e Lazer

Um caranguejo com cérebro que sacodiu a música e as artes Em 2016, Chico Science estaria comemorando 50 anos e sua revolução rítmica continua na memória dos fãs "Um passo a frente e você não está mais no mesmo lugar". A frase pinçada da música Um passeio no mundo livre pode ser uma síntese do que foi seu autor, o cidadão do mundo, o malungo Francisco de Assis França. Ou simplesmente, Chico Science.

Inquieto e visionário, o cantor e compositor pernambucano foi um homem à frente do seu tempo. Era um cara destemido que permitia se arriscar e valorizava cada um dos seus atos; o primeiro passo de uma caminhada já significava uma conquista. 55


// Cultura e Lazer

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oi assim que Chico não se refutou a unir o som da guitarra à batida de uma alfaia. Foi assim que o rock, a cibernética, a psicodelia, o maracatu, a ciranda, o caboclinho e tantas outras sonoridades se misturaram no mesmo caldeirão sonoro manuseado por Chico Science e sua Nação Zumbi. O cantor brilhou de forma intensa na década de 1990. Ele e sua trupe lançaram duas obras importantes que revolucionaram a música brasileira: Da lama ao caos (1994), um álbum que enaltecia a raiz da música pernambucana, flertando com o rock pesado; e Afrociberdelia (1996), que manteve a proposta do primeiro disco, mas trouxe elementos pop e eletrônicos. Com esses trabalhos, Science mostrou que o Brasil também fazia world music ao alcance de todos e elevou a cidade do Recife ao posto de referência de uma cultura efervescente.

Entre músicas, caranguejos e misturas Francisco de Assis França foi um garoto comum que perambulava pelas ruas do Recife, brincando, divertindo-se e catando caranguejo. Enquanto atolava os pés na lama, mergulhava também no cenário musical pernambucano. Na adolescência, frequentou os mais diversificados movimentos de música urbana do Recife, do break e rap ao pop e funk.

Foto: Acervo pessoal

A carreira promissora de Chico Science, porém, foi interrompida em fevereiro de 1997, quando seu veículo colidiu com um poste

na divisa entre Recife e Olinda, num final de tarde de um domingo, quando ele seguia para a folia carnavalesca das ladeiras de Olinda. Se vivo estivesse, estaria celebrando 50 anos. E o que poderia estar saindo do cérebro do inquieto Francisco de Assis França hoje em dia? Difícil imaginar. Mas pode-se ter uma ideia ao conhecer um pouco de sua história e sua passagem avassaladora pelos palcos do mundo afora.

// Chico e o amigo Paulo André

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Enfeitiçado pela batida, o menino Chico foi em busca de mais informações e elementos sonoros para construir seu universo. Naquela época, ele já tinha uma banda, chamada Loustal, com influências do funk, ska e rock. Mas a virada aconteceu quando conheceu o bloco percussivo olindense Lamento Negro. Foi daí que veio a ideia da mistura de ritmos que abriu as portas para o surgimento da banda Chico Science&Nação Zumbi (CSNZ). A princípio, o grupo era formado por muitos músicos; aos poucos, porém, a banda foi se lapidando até ficar com oito integrantes: Lúcio Maia (guitarra), Alexandre Dengue (baixo), Gilma Bola 8, Jorge Du Peixe e Gira (tambores), Canhoto (caixa), Toca Ogam (percussão) e, claro, Chico Science. A proposta inicial da CSNZ era ligar os sons regionais com o que se ouvia no mundo. O projeto ganhou ainda mais força por conta da inquietude de Chico, que pouco tempo depois, lançou com o parceiro Fred 04, vocalista da banda Mundo Livre S/A, o Manifesto Mangue, que cobrava o ressurgimento cultural recifense, alertando: “Emergência! Um choque rápido, ou o Recife morre de infarto!” Apaixonado pela obra do sociólogo Josué de Castro, Chico Science calcou seu trabalho nas crises sociais do povo recifense. Fazendo analogia aos livros do escritor de Geografia da fome e Homem Caranguejo, ele criou letras que se transformaram em clássicos de uma geração: "Ô Josué, nunca vi tamanha desgraça, quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça", diz o cantor em Da lama ao caos. Já na música A cidade, Chico dispara: "A cidade não para, a cidade só cresce. O de cima sobe e o de baixo desce".

Em 1994, o disco Da Lama ao caos da CSNZ saiu do cenário restrito do Recife e chegou às lojas de todo o país sob a chancela da Sony, uma grande gravadora multinacional. O fato tornou-se um divisor de águas no movimento musical então vigente, chamando atenção para a guitarra alucinada, a forte batida do tambor e as letras ácidas e instigantes da banda.

Do Recife para o mundo O trabalho de Chico Science tinha a alma pernambucana e a mente em todos os lugares. Em 1995, sua trupe arrumou as malas e fez a primeira apresentação fora do Brasil. No Central Park, em Nova Iorque, Chico e a Nação se apresentaram ao lado de Gilberto Gil. Foi um estouro que balançou as estruturas do palco e reverberou no Recife. O brilho dos mangueboys era intenso, no entanto, não ofuscava ninguém. Do contrário, tornou-se um catalizador de outras artes. Ao eletrificar o maracatu, o coco de roda e o caboclinho, Chico colocou em evidência a potencialidade dos artistas locais e serviu como ponte para que nomes como Mundo Livre S/A, Querosene Jacaré, Jorge Cabeleira, Mestre Ambrósio, Cascabulho, Eddie e tantos outros conquistassem espaço. E esse impulso não se restringiu à música. Os acordes do mangue de Chico e sua trupe também fizeram eclodir um movimento que chegou ao cinema, às artes plásticas e à moda, fazendo do Recife um grande celeiro cultural – o que deixou um grande legado para o Estado de Pernambuco.

Quase 20 anos se passaram desde a morte de Chico Science. Nesse espaço de tempo, a porta do mundo se escancarou com o advento das redes sociais e o conceito de estar conectado ganhou novos significados. Se vivo estivesse, certamente Chico ainda estaria levando a música pernambucana para povos que nunca imaginou ver e ouvir a batida do tambor com a vibração do maracatu. Com sua Nação Zumbi, estaria fazendo experiências com elementos inusitados e sacodindo os mais variados públicos pelo mundo afora. Como nunca, ele estaria gritando alto: "Pernambuco debaixo dos pés e minha mente na imensidão”.

Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android) e confira o documentário Ocupação Chico Science, produzido pelo Itaú Cultural: https://bit.ly/2WcxbXg

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// Cultura e Lazer

Conversamos com algumas pessoas que eram muito presentes na vida de Chico Science e perguntamos como elas acham que ele estaria hoje aos 50 anos.

O que Chico Science estaria aprontando hoje? Jorge Du Peixe

Foto: Jair Magri

Vocalista da Chico Science & Nação Zumbi e grande amigo de Chico Chico era um cara curioso demais. Um caranguejo elétrico mesmo, com fome de tudo. Gostava de Ficção científica, cibernética, cultura afro. Falava disso o tempo inteiro. Se estivesse com a gente, estaria viajando nas mais diversas sonoridades, utilizando as mais variadas ferramentas para fazer um som diferente. Quando ele morreu, foi um baque enorme. Eu havia perdido um amigo, um irmão. Então, paramos um ano. Ficamos sem tocar. Mas seguimos. Foi uma missão difícil substitui-lo. Nesses anos todos, lutamos para fazer um disco diferente do outro. Certamente, Chico estaria conosco. Cantando e conectado com o som que fazemos hoje em dia.

Paulo André Produtor cultural e um dos primeiros empresários da banda Chico Science & Nação Zumbi

Foto: Divulgação

Chico era um cara focado, que sabia o que queria. Em dois anos e dez meses de trabalho, o disco Da lama ao caos foi lançado no Japão, Espanha e Estados Unidos. Nenhum artista da sua geração teve trabalhos espalhados pelo mundo de forma tão rápida. Isso se devia muito ao seu perfil corajoso. Acredito que hoje ele estaria tocando com a Nação Zumbi e morando em algum lugar como Nova Iorque, Berlim ou Amsterdã. Certamente ele estaria super conectado com o planeta de forma ainda mais intensa. Ele era muito de sair e fazer contatos, conhecer novas pessoas. Já era assim sem as redes sociais, imagina como seria hoje?!

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Fred Zeroquatro Líder da banda Mundo Livre S/S e fundador, ao lado de Chico Science, do Movimento Mangue

Marcelo Pereira jornalista Cultural Chico Science era uma pessoa muito antenada com o que estava acontecendo. Era curioso e, ao mesmo tempo, dava valor às tradições, mas sem purismo. Ele adoraria a cena musical de Pernambuco de hoje, pois veria que tem muita gente produzindo coisas legais, que não ficaram paradas no tempo. Chico certamente estaria conectado a tudo o que fosse novo e pudesse trazer informações diferentes, que fugissem da mesmice. Creio que ele teria novos parceiros e projetos. Curtiria o que a Nação Zumbi anda fazendo e estaria querendo trabalhar com os produtores do Brasil e do mundo. Seria um dos artistas brasileiros de maior visibilidade na música mundial.

Foto: Heudes Régis

Aos 50 anos, Chico estaria conectando todo mundo, mergulhado em tudo o que fosse de mais avançado em termos de tecnologia. Ele foi o primeiro cara que apresentou o Drumbass (ritmo eletrônico originado dos Estados Unidos) no Recife. Por isso, acho que ele estaria lutando para equacionar o trabalho da banda com outras sonoridades. Chico não era um cara que se contentava apenas em ter uma boa ideia. Ele só sossegava quando as coisas aconteciam. Vivia sempre antenado e queria todos se dando bem. Ele era agregador, não impunha as suas ideias e estava sempre disposto a ouvir. Quando morreu, Chico era o grande compositor do momento. E continuaria sendo até hoje.

Renato L.

Foto: Divulgação

Jornalista e amigo de Chico Science Vamos imaginar a cena: um senhor calvo de 50 anos, garimpando novidades e revisitando os clássicos como a maior parte dos seus contemporâneos. Tudo serviria para isso: vídeos no You Tube, CDs presenteados pelos amigos, arquivos em MP3, reedições em vinil e até mesmo fitas cassetes. É assim que ele acompanharia a cena pernambucana desde São Paulo, onde residiria há quase 15 anos, mas sem perder contato com os velhos companheiros da cena mangue. Faria shows por todo o planeta, do Recife a Tóquio, incluindo a nata dos festivais europeus e norte-americanos. A Chico Science&Nação Zumbi ultrapassaria as fronteiras dos palcos reservados ao antigo “terceiro mundo”, apresentando-se ao lado de bandas de rock ou grupos de eletrônica. Acho que ele teria, enfim, começado as aulas de natação e corrida para se condicionar melhor. Afinal, aos 50, segurar o peso sonoro de uma tonelada de maracatu afrociberdélico não seria moleza, não.

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// Mundo Animal

O mosquito mais famoso do planeta Conheça a origem, håbitos e curiosidades do Aedes aegypti, inseto que alastrou uma epidemia de arboviroses no Brasil e virou notícia mundial.

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N

o fim do século XX, os brasileiros viviam os incômodos de uma epidemia de dengue.Vinte anos depois, a arbovirose – tipo de doença transmitida por mosquitos e ácaros – não somente cresceu (foram identificados 1,5 milhão de casos em 2015), como ganhou reforço da chicungunya e zika, viroses causadas pelo mesmo vetor da dengue, o temido mosquito Aedes aegypit. O cenário colocou em alerta governantes do país e chamou atenção de todo o mundo principalmente devido à possibilidade de relação entre o zika vírus e o aumento de registros de bebês nascidos com microcefalia, doença caracterizada por uma condição neurológica em que a cabeça e o cérebro da criança são menores do que o convencional. Segundo pesquisas, a patologia seria transmitida pela mãe infectada durante a gravidez ao feto, através da placenta. Juntas, dengue, zika e chicungunya têm levado milhares de pessoas a lotar as emergências de hospitais públicos e particulares, com números de notificações crescentes a cada dia e impacto até mesmo na economia. Segundo recente pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), quase 80% das 144 empresas pesquisadas tiveram funcionários afastados por arboviroses. Por trás do surto das doenças, que não dá indícios de ser erradicado tão cedo, está o Aedes aegypti, mosquito que ganhou ares de vilão de norte a sul do Brasil. Não é de hoje, é verdade, que um inseto consegue atingir de forma intensa as defesa dos seres humanos. No início do século passado, por exemplo, a malária, transmitida pelo mosquito Anopheles, chegou a infectar 10 de cada 100 trabalhadores encarregados da

construção do Canal do Panamá. Mas como um ser tão pequeno consegue esse poder?

A origem do Aedes aegypti Para compreender essa questão, é preciso entender, antes de tudo, que o Aedes aegypti não é um vilão, mas um mosquito com hábitos, ciclo de vida e reprodução que, no momento, estão sendo favorecidos pela estrutura urbana, e muitas vezes precária, da maioria das grandes cidades. Ou seja: o mosquito apenas encontrou um ambiente propício em que pode viver bem e se proliferar em escalas cada vez maiores. O Aedes aegypti linnaeus é um díptero da família Culicidae, originária da Etiópia, na África. Ele foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, no Egito. Por isso, ganhou o nome de Culex aegypti (mosquito egípcio). Tempo depois, em 1818, quando o gênero Aedes foi conhecido, verificou-se, na verdade, que ele apresentava características morfológicas e biológicas mais semelhantes ao Aegypti. A partir de então, portanto, seu nome ficou estabelecido, definitivamente, como Aedes aegypti. Ao sair de sua região de origem, o vetor dispersou-se para áreas onde a ocupação e organização do espaço geográfico, bem como o clima, contribuíram para sua proliferação. Hoje a espécie se encontra distribuída nas regiões tropicais, subtropicais e mais temperadas da Terra, principalmente em ambientes urbanos, onde está extremamente adaptado.

Juntas, dengue, zika e chicungunya têm levado milhares de pessoas a lotar as emergências de hospitais públicos e particulares. 61


Hábitos e ciclos de vida

Foto: Divulgação

"o mosquito precisa apenas de recipientes preenchidos com pouca matéria orgânica para o desenvolvimento de suas formas imaturas."

O ciclo de vida do Aedes aegypti segue uma ordem peculiar: acasalamento, desenvolvimento do embrião (dois dias), crescimento da larva (cinco dias), maturação/ eclosão (dois dias) e, 24 horas depois, esse mosquito crescido acasala. Do ovo à forma adulta, o processo completo varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimento e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, mas costuma levar aproximadamente 10 dias. Por isso, é importante eliminar a água desses ambientes favoráveis à reprodução pelo menos uma vez por semana, interrompendo o ciclo.

// Ana Paula de Araújo

A tecnologista em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz de Pernambuco (Fiocruz-PE), Ana Paula de Araújo, explica que, nas cidades, o mosquito precisa apenas de recipientes preenchidos com pouca matéria orgânica (água limpa) para o desenvolvimento de suas formas imaturas. Assim, ele acaba encontrando facilmente muitos ambientes propícios para sua reprodução, como caixas d’água, tanques, tonéis, barris e jarras, destinados ao armazenamento permanente ou temporário de água potável (principalmente nas regiões com abastecimento precário), e objetos como garrafas, pneus e vasos de plantas. Somem-se a isso problemas comuns nas cidades brasileiras – como falta de saneamento básico e coleta de lixo – e está montado o cenário perfeito para uma propagação endêmica do Aedes aegypti.

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Após a cópula, a vida adulta de um mosquito dura em média 50 dias. Depois do acasalamento, entretanto, o comportamento de machos e fêmeas se diferencia. Enquanto o macho sobrevive de seiva e néctar, a fêmea alimenta-se de sangue. Deste modo, somente ela é capaz de transmitir doenças, caso pique primeiro uma pessoa infectada. Por ser um animal antropofílico, isto é, atraído preferencialmente pelos odores corporais, a fêmea foca seu alvo em seres humanos, mas também pode picar animais e transmitir, por exemplo, febre amarela em macacos. Segundo a entomologista e pesquisadora da Fiocruz-PE, Cláudia Fontes, a fêmea do Aedes aegypti tem hábitos diurnos e normalmente pica pela manhã, o que não significa, porém, que não pode atacar à noite. Conhecer esses hábitos do vetor e saber


// Mundo Animal

Foto: Divulgação

"Todos os repelentes à base de DEET e Icaridin são considerados eficientes." // Cláudia Fontes

identificá-lo é fundamental para se proteger das doenças que ele transmite. Quanto ao aspecto físico, por exemplo, é fácil diferenciar o Aedes Aegypti do mosquito comum: enquanto o primeiro é preto com escamas prateadas nas patas e tórax, o segundo é marrom. Já para identificar o gênero do vetor, uma dica é observar seu tamanho; as fêmeas, que medem cerca de 3mm x 5mm, são sempre maiores que os machos, com 2mm x 4mm aproximadamente.

A importância da prevenção O ser humano, alvo preferencial do Aedes aegypti, possui uma larga vantagem em relação aos demais animais: a possibilidade de se proteger dos ataques dos moquitos. Um dos seus principais recursos é o uso frequente derepelentes, que mascaram os

odores naturais da pele e entopem os microscópicos poros das antenas dos insetos quando eles se aproximam. Como as antenas são os órgãos que os mosquitos utilizam para saber onde estão, ficam perdidos. Segundo Cláudia Fontes, todos os repelentes à base de DEET e Icaridin são considerados eficientes. “Vale lembrar que os caseiros também funcionam. Uma dica é a mistura de álcool, cravo da Índia e óleo mineral, que ainda possui a vantagem de não apresentar contraindicações”, ensina a entomologista. Outra forma de combate à epidemia desencadeada pelo Aedes aegypti é a modificação genéticado mosquito. Recentemente, animais foram criados para suprimir sua própria espécie em uma abordagem semelhante à técnica do inseto estéril, reduzindo o risco de propagação de doenças. “Dessa forma, seus descendentes passam a ser inviáveis reprodutivamente”, explica Cláudia Fontes. No Brasil, a proposta já foi aprovada para lançamento em todo o país pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas ainda não há confirmação quanto à data em que será, efetivamente, utilizada. É preciso alertar, entretanto, que, se empregada, a técnica poderia gerar uma inviabilidade reprodutiva dos insetos e, em longo prazo, seu extermínio. 63


Curiosidades sobre o Aedes aegypti

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Diferentemente de outros mosquitos, o Aedes aegypti tem hábitos diurnos, mas com a presença de luz artificial, pode picar à noite também, e somente a fêmea transmite a doença.

A duração da vida adulta de uma fêmea do Aedes aegypti tem em média 50 dias.

Enquanto o pernilongo comum voa alto, faz zunido e alimenta-se à noite, o Aedes aegypti costuma voar abaixo de 1,2m e picar preferencialmente, pés, pernas e joelhos.

Em geral, o mosquito suga somente uma pessoa a cada lote de ovos que produz. Ele é capaz, entretanto, de picar mais de um ser humano para esse mesmo lote.

A fêmea do mosquito se alimenta de sangue porque precisa dele para amadurecer seus ovos. Uma vez infectada, ela carrega o vírus para o resto da vida e pode transmiti-lo para várias pessoas.

O Aedes aegypti se acostumou a viver perto do homem. Ele se prolifera em áreas urbanas, especialmente naquelas com grande densidade populacional e prefere viver em ambientes internos.

No momento de transmissão do vírus, a fêmea contaminada perfura a pele humana com as maxilas e mandíbula, que são pequenos estiletes de sua estrutura física.

A Dengue e a Chikungunya, em 30% dos casos, não possuem sintomas. Por isso, algumas pessoas já foram infectadas, mas não sabem disso.

Enquanto a picada do pernilongo causa coceira e deixa a pele avermelhada, a do Aedes aegypti não traz sinal algum.

Contra o Aedes aegypti, a OMS recomenda os repelentes à base de DEET, IR3535 e icaridina.


// Mundo Animal

A trajetória do Aedes aegypti no Brasil

As teorias mais aceitas apontam que o Aedes aegypti tenha se disseminado da África para o continente americano por embarcações que aportaram no Brasil para o tráfico de escravos. Há registro da ocorrência da doença em Curitiba (PR) no final do século XIX e em Niterói (RJ), no início do século XX. No fim da década de 1950, o mosquito Aedes aegypti foi considerado eliminado em quase toda a

América, com exceção dos Estados Unidos, Suriname, Venezuela, Cuba, Jamaica, Haiti, República Dominicana e uma pequena parte da Colômbia. No Brasil, as primeiras ações para essa eliminação aconteceram entre 1930 e 1940, notadamente no Norte e Nordeste após uma campanha pública contra a doença, liderada por Oswaldo Cruz, que teve início no Rio de Janeiro, de 1902 a 1907, e depois se expandiu. Em 1955, o país foi considerado livre da espécie, mas, poucos anos depois, novos focos foram encontrados na Bahia, Pará e Maranhão. Em 1973, novamente o Aedes aegypti foi tido como erradicado do território brasileiro. A novidade, porém, também durou pouco tempo, pois três anos depois, o mosquito foi identificado no Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Segundo a tecnologista em Saúde Pública da Fiocruz-PE, Ana Paula de Araújo, o fato foi ocasionado por falhas na vigilância entomológica e devido às mudanças sociais e ambientais ocasionadas pela

urbanização acelerada que o país vivia à época. Ainda na década de 1970, o Minis tério da Saúde (MS) iniciou campanhas esporádicas para o controle do vetor, sem que houvesse ainda registros oficiais de casos de dengue. Em 1990, a então recém-criada Funasa (Fundação Nacional de Saúde) foi incumbida de executar uma série de ações de combate, após a doença adquirir importância epidemiológica. Em 2015, o Governo Federal criou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia com diferentes ministérios e órgãos trabalhando conjuntamente, em parceria com estados e municípios. Sua meta é reduzir o índice de infestação por Aedes aegypti para menos que 1% nos municípios brasileiros até o final de junho de 2016. O Plano atua em três frentes: prevenção e combate ao mosquito, melhoria da assistência às gestantes e crianças e realização de estudos e pesquisas na área.

Fachesf entra no combate ao mosquito Engajada nas campanhas nacionais de erradicação do mosquito transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya, a Fachesf constituiu um comitê de combate e prevenção ao Aedes aegypti. Seu papel será desenvolver uma série de ações educativas (internas e externas) para prevenção ao mosquito, além de fomentar processos de conscientização de colaboradores, Participantes e parceiros.

Dentre as iniciativas que já estão sendo implantadas, estão a criação de uma brigada formada por empregados voluntários e um plano de comunicação focado em educar colaboradores e comunidades do entorno da sede da Fundação. O grupo é coordenado pela Assessoria de Comunicação (ACI) e formado por representantes da Central de Serviços (FCS), Ambulatório (SGA), Central de Relacionamento (BCR), Comissão de Empregados e Superintendência de Saúde (PSS).

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Como o Aedes nasce e cresce 1. A reprodução cio

Iní

No acasalamento, o macho deposita os espermatozoides na fêmea, que os guarda por toda a vida. A partir daí, a alimentação com sangue humano ajuda a desenvolver os ovos.

Postura dos ovos Acasalamento

Desenvolvimento do embrião (2 dias)

Vida adulta (50 dias)

Ele:

antenas mais plumosas e palpos longos. Alimentase de néctar e seiva. Tamanho: 2mm x 4mm.

Crescimento da larva (5 dias)

Ela:

possui antenas com pelinhos curtos. Alimentase de sangue e é maior do que ele (3mm x 5mm).

Acasalamento (24 horas depois)

Maturação e eclosão (2 dias)

2. A transmissão do vírus

3. As doenças

Ao picar um ser humano infectado, a fêmea leva o vírus na saliva. Em contato com outro ser humano, ela solta a saliva para dilatar os vasos e impedir sua coagulação enquanto suga o sangue para se alimentar. A saliva contaminada transmite as doenças.

O mosquito Aedes Aegypti é o transmissor da dengue, chicungunya e zika. Os sintomas se assemelham, mas possuem algumas características específicas. 1. Dengue: Possui 4 sorotipos. O ser humano é imune apenas ao que já contraiu. Causa tonturas, dor atrás dos olhos e na cabeça, náuseas e vômitos, febre alta. 2. Chicungunya: Apresenta febre alta, inchaço e dores intensas nas articulações, que podem durar meses. 3. Zika: Seus principais sinais são febre leve (ou ausente), olhos vermelhos, aversão à luz. Pode causar complicações neurológicas.

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Para testar seus conhecimentos e saber cada vez mais sobre a Fundação e seus Planos de Previdência, leia com atenção as matérias publicadas nesta edição da revista Conexão Fachesf (nº19) e responda às questões a seguir. Acesse o QUIZ através do link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c19/quiz/

Quem responder até o dia 30 de maio de 2016 e acertar todas as respostas ganhará um prêmio especial. Boa sorte!

1. Quem escreveu o livro Geografia da fome?

A Machado de Assis B Chico Science C Josué de Castro D José Alencar 2. Qual a distância entre Salvador e Paulo Afonso, ambas na Bahia?

A 874 quilômetros B 478 quilômetros C 275 quilômetros D 422 quilômetros 3. Quais os cinco eixos do Plano de Ação do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça?

A Recrutamento e Seleção, Capacitação e Treina-

mento, Ascensão Funcional e Plano de Cargos e Carreira, Política de Benefícios e Programas de Saúde e Segurança

B Recrutamento e Seleção, Benefícios, Bem-estar, Deposite este formulário na urna localizada na Central de Relacionamento, na Sede da Fundação, ou entregue-o na Agência Fachesf mais próxima. Se preferir, o Quiz também pode ser respondido online, no site www.fachesf.com.br.

Assistência e Treinamento

C Recrutamento e Seleção, Capacitação e Treina-

mento, Ascensão Funcional e Plano de Cargos e Carreira, Política de Benefícios e Bem-estar

D Nenhuma das anteriores

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4. O que é possível afirmar sobre o mosquito Aedes aegypti?

A Sua picada causa coceiras e deixa a pele avermelhada

8. O que significam as letras ABCD no esquema de análise do orçamento, segundo o consultor Paulo Gallo Garcia.

A Alimentação, Básico, Contornável, Desnecessário

B Somente o macho é capaz de transmitir vírus da

B Alimentação, Bebidas, Custos fixos, Despesas

C Costuma voar abaixo de 1.2m e picar pernas, pés

C Altos juros, Baixos juros, Custos fixos, Despesas

D Seu nome significa Deus Egípcio

D Altos juros, Básico, Contornável, Desnecessário

dengue, zika e chicungunya e joelhos

5. Qual o especialista mais indicado para tratar o câncer colorretal?

A Proctologista B Oncologista C Coloproctologista D Clínico geral

6. Quantas especialidades médicas são disponibilizadas atualmente no Ambulatório Paissandu?

A 2

rotativas rotativas

9. Em que ano tomou posse o primeiro diretor de Benefícios eleito da Fachesf?

A 1984 B 1987 C 1992 D 2001

10. Nessa 19º edição da revista Conexão Fachesf, qual a matéria que você mais gostou?

B 4 C 6 D 7

11. O que você achou desta edição da revista?

A Ótima B Boa

7. Segundo o presidente da Chesf, José Carlos de Miranda Farias, como o Programa de Educação Financeira e Previdenciária da Fachesf ajuda os Participantes?

C Regular D Ruim Por quê?

A Ensina noções de aplicações em investimentos financeiros

B Contribui na tomada de decisões que refletem na aposentadoria

C Promove cursos rápidos D Capacita a investir na bolsa de valores

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12. Quais os temas você gostaria de indicar para a próxima edição da Conexão Fachesf?


*& kd i asq // Caça-palavras

Acesse o caça-palavras através do link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c19/cpalavras/

Avaliação Atuarial

A avaliação atuarial é feita com base em hipóteses biométricas, demográficas, econômicas e financeiras, que devem ser adequadas às características do plano de benefícios, da sua massa de participantes, assistidos e beneficiários, ao ambiente econômico e à legislação em vigor, bem como à atividade desenvolvida pelo patrocinador ou instituidor.

Essas hipóteses representam expectativas de longo prazo, pois se destinam a prever os compromissos futuros até o encerramento do plano de benefícios. Além de considerar as hipóteses correntes, faz-se necessário incorporar as tendências futuras nos procedimentos atuariais. Por exemplo, deve-se levar em conta a taxa de juros corrente, mas também a provável tendência de redução, que vem sendo prevista para os próximos anos. Da mesma forma, é recomendável observar as expectativas atuais de mortalidade e longevidade do conjunto dos participantes e assistidos, bem como considerar as tendências de aumento da expectativa de vida que ocorre no mundo, inclusive no Brasil. (Fonte: Guia Previc Melhores Práticas em Fundos de Pensão)

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e Abrsasce e rama! prog Programa Ecoeducação, Cultura, Memória e Tecnologia Há uma década, a Escola Viva Olho do Tempo desenvolve ações com a comunidade do Vale do Rio Gramame (PB) com foco no resgate dos valores culturais e socioambientais de crianças, jovens e adultos.

Seja um doador: Banco do Brasil AG: 1636-5 C/C 20859-0

www.olhodotempo.org.br Rua Telegrafista Geraldo Fagundes de Araújo, n10 | Gramame, João Pessoa - PB 83 3220.1138 | escolavivaolhodotempo@yahoo.com.br


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