Conexão Fachesf nº 16

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// NO CONSULTÓRIO

// SEU DINHEIRO

// EDUCAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Os males que afetam os joelhos

Redescobrindo o Lazer que custa pouco

O que é o temido Fator Previdenciário


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// EDITORIAL

// Semeadores de sonhos E se a gente pudesse plantar nossos sonhos? E se fosse possível, tal qual uma planta, cultivar a semente daquilo que desejamos e num dia qualquer de verão, acordar e perceber que o sonho se tornou real? A pergunta surgiu em uma das muitas reuniões realizadas na Assessoria de Comunicação da Fachesf, enquanto divagávamos sobre presente, futuro, conquistas e projetos. Os questionamentos nos levaram a refletir sobre as infinitas possibilidades de olhar o mundo; sobre a necessidade de vivermos o hoje, mas sem perdermos o foco no amanhã, que virá carregado com suas próprias cenas e condições, tantas vezes surpreendentes. Chegamos a várias conclusões e muitas incertezas, mas plenamente confiantes de que, apesar da imprevisibilidade que nos foge ao controle, a vida também nos convida diariamente a traçar rumos e observar alguns nortes. Neste número da Conexão Fachesf, na bela crônica da jornalista Melissa de Andrade, convidamos nossos leitores a também embarcar nesse navio e refletir sobre a própria existência, as forças e fraquezas que cada um vê em si. Essa viagem, tão individual e profunda, é a única forma de não se deixar levar pela maré dos acontecimentos e de ser ativo na construção do próprio futuro e na busca de onde se deseja estar daqui a 10, 20, 30 anos. Um exemplo real de quem driblou as surpresas do destino e redesenhou a vida com as cores que escolheu é a personagem do Foco no Participante desta edição. Aos 47 anos, a aposentada Bernadete Gonçalves deu início a um projeto que mudaria não somente sua rotina, mas a realidade (e o sentimento de esperança) de centenas de pessoas da comunidade do Vale do Gramame, na Paraíba.

O Participante Carlos Gomes também deu um depoimento inspirador sobre como descobriu ser possível nadar contra as convenções sociais e ocupar novos espaços nas cidades. É assim seu modo de conversar com gente diferente, encontrar ambientes menos artificiais e relações mais verdadeiras. Tudo isso com o acréscimo de uma grande economia financeira, pois envolve programações de baixo custo. Para ilustrar essa reportagem, garimpamos dicas de diversão e ouvimos a opinião de especialistas que garantem: é possível, sim, ter lazer bom e barato, desde que se esteja disposto a mudar de opinião e sair do senso comum. Dentro do bloco de matérias sobre educação financeira e previdenciária, desmistificamos o chamado Fator Previdenciário – o que é, como é aplicada e quais os impactos que a regra causa aos aposentados de todo o Brasil – e comemoramos com vocês o primeiro ano da fanpage Realize. Em apenas 12 meses, a página da Fachesf no Facebook já se consolidou como um importante canal de contato com os Participantes e disseminador da importância do planejamento para uma vida financeira equilibrada no presente e na aposentadoria. A edição 16 da Conexão Fachesf traz ainda artigos, matérias de saúde (por que os joelhos doem?), cultura e lazer, mundo animal e uma entrevista com Benigna Nunes, presidente do Conselho Fiscal da Fundação. Para quem não quiser perder nenhum detalhe, o conteúdo mobile vem recheado de vídeos, extras e interatividade. Acesse, conheça, emocione-se. Uma das histórias pode lhe inspirar a plantar um novo sonho ou tornar real o presente e o futuro que você deseja.

Boa leitura, Laura Jane Lima · Editora Geral

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// Conexão Fachesf Gestão e Planejamento

25 No Consultório

Educação Previdenciária

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Ponto de Vista

Especial

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18 // Realize Fachesf: um ano de reflexões sobre o presente e o futuro

Seu Dinheiro

// Fator Previdenciário: vilão ou medida de contenção?

// Em sintonia com a Fachesf

30 // A implacável imprevisibilidade da vida

// Ligações perigosas: os males que afetam os joelhos // O lazer na simplicidade

Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional [Editora Geral] Laura Jane de Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Redação] Naide Nóbrega [Estagiária de Jornalismo] Dayse Brito

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[Colaboraram nesta edição] Aline Matheus, na editoria No Consultório; Izaura Daniel, na editoria Seu Dinheiro; Patrícia Monteiro, na editoria Mundo Animal; Luíza Tiné, na editoria Cultura e Lazer. Fotografia: Damião Santana [Comissão de Pauta] Laura Lima, Nathalia Duprat, Jeane Oliveira, Wanessa Cysneiros e Anita Telles.

[Tiragem] 11 mil exemplares [Impressão] Gráfica Santa Marta [Redação] Rua do Paissandu, 58 Boa Vista, Recife – PE CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 7509 [E-mail] conexao@fachesf.com.br [Projeto Gráfico] Corisco Design [Diagramação] Fátima Finizola


// ÍNDICE

Mundo Animal

51 Fachesf-Saúde

Quiz Fachesf

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59 // Eles também são vítimas

Foco no Participante

39 //O que mudou na saúde suplementar do Brasil

Cultura e Lazer // Sétima Edição

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Passatempos

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// Sustentabilidade que brota do Vale

// Sob as luzes do picadeiro

[Ilustrações] João Lin (capa, p.14-17), Júlio Klenker (p. 9-12, 30-35), Leandro Lima (p.1823), Marcos Lima (p. 25-28), Débora Cabral (p.10-16), Silvino (p. 43-49, Hq Martinha), Damião Santana (p.51-54). Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Clayton Ferraz de Paiva · Presidente José Roque Fagundes da Silva Diretor de Adm. e Finanças Raimundo Jorge de Sousa Santos Diretor de Benefícios

// Caça-Palavras // Martinha

// EXPEDIENTE * Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br Edição 16 · dezembro de 2014

www.fachesf.com.br www.facebook.com/fachesf

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// Ponto de Vista

Sintonia com a Fachesf Formada em Licenciatura Plena em História e pós-graduada em Pedagogia, Benigna Nunes é funcionária da Chesf há 27 anos. Durante sua trajetória profissional na Companhia, passou por áreas como Operação e Recursos Humanos, na Barragem de Sobradinho, período em que também teve forte atuação sindical e políticopartidária. Em 2012, foi eleita pelos Participantes da Fachesf para o Conselho Fiscal, no qual ocupa atualmente a presidência. Em entrevista à Conexão Fachesf, Benigna Nunes falou dos desafios do papel que assumiu, a relação com os outros órgãos de governança da entidade e a relação com os Participantes.

Conexão Fachesf > Qual o papel do Conselho Fiscal em um fundo de pensão, a exemplo da Fachesf? Benigna Nunes > O Conselho Fiscal é parte integrante do sistema de governança das Entidades Fechadas de Previdência Complementar e exerce funções relevantes para o controle interno, fiscalização e monitoramento dos resultados. Cabe ao órgão fiscalizar e emitir pareceres periódicos em cumprimento às normas da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), além de acompanhar os resultados dos planos de saúde, de acordo com o que determina a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). C.F. > No papel de conselheira eleita, como a senhora entende sua atuação 6

no sentido de fiscalizar o patrimônio dos Ativos e Assistidos da Fundação? B.N. > Atuar como presidente do Conselho Fiscal da Fachesf tem sido uma grande responsabilidade e um novo desafio e aprendizado, principalmente em relação aos aspectos da matemática financeira e das ciências atuariais. Nesses dois anos de mandato, tenho participado de seminários, congressos e cursos de educação financeira, e dedicado meu tempo livre a leituras sobre a Previdência Complementar no Brasil. Sou a primeira mulher a ser eleita para o Conselho Fiscal da Fachesf e quero dar o melhor de mim para cumprir o papel que me foi confiado. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história, ao lado de grandes nomes como Maria de Pompéia, primeira mulher a ser eleita para


a Diretoria de Benefícios, Salete Cordeiro, que ocupou esse mesmo cargo de 2010 a 2014, e Elizabete Freire, colega na atual formação do Conselho Fiscal. Não posso deixar de registrar o importante apoio que tenho recebido de colegas do Conselho – a exemplo do ex-conselheiro Crisalvo Couto, grande mestre nessa área –, e funcionários da Fachesf, em especial do Secretário Geral, Carlos Murilo, da Secretária dos Conselheiros, Maria Betania, e da Gerente Econômico Financeira, Maria Elizabete. C.F. > Qual a importância dos processos de fiscalização e auditoria interna e externa (Previc) na Fachesf? B.N. > No caso da Fachesf, por ser um fundo de pensão que administra recursos de terceiros (Patrocinadores, Participantes Ativos e Assistidos), o processo de fiscalização é fundamental devido à sua função de monitorar a entidade a respeito do exercício das boas práticas de governança e do cumprimento das exigências legais. Além disso, o Conselho possibilita o acompanhamento da aplicação dos controles internos necessários para a gestão adequada dos recursos dos planos de benefícios. O Conselho Fiscal e a Previc atuam juntos para garantir que a gestão seja conduzida em prol do perfeito cumprimento do regulamento de cada plano. Podemos considerar que o órgão é uma espécie de extensão da Previc no âmbito da atuação interna, pois as exigências legais que compõem a agenda de atividades dos conselheiros fiscais são totalmente alinhadas às diretrizes e aos objetivos daquela instituição. É importante deixar claro também que, por sua atividade de supervisão e fiscalização, o Conselho Fiscal não

está subordinado a nenhum outro órgão da estrutura organizacional da Fundação – principalmente pelo fato de os conselheiros terem de manter uma relação necessária de independência e imparcialidade enquanto responsáveis pelo controle interno da Fachesf. C.F. > Quais os principais instrumentos de gestão do Conselho Fiscal em seu papel dentro de uma fundação?

"O Conselho Fiscal e a Previc atuam juntos para garantir que a gestão seja conduzida em prol do perfeito cumprimento do regulamento de cada plano."

B.N. > Diante do rol de responsabilidades que cabem ao Conselho Fiscal, destaco os seguintes instrumentos que dão partida ao nosso trabalho de fiscalização e supervisão: • Coletânea de normas legais que são aplicadas à Fachesf (enquanto fundo de pensão e também como operadora de plano de saúde), que são os grandes norteadores dos atos a serem cumpridos pela Diretoria Executiva e monitorados pelo Conselho Fiscal; • Estatuto da Fachesf e seus Regimentos Internos; • Regulamentos dos Planos de Benefícios; • Políticas organizacionais aprovadas pelo Conselho Deliberativo da Fundação, nas quais constam diretrizes, critérios e limites para gestão dos planos de benefícios; • Relatórios de controles internos emitidos pelas diversas áreas da Fundação; • Demonstrações contendo informações técnicas, tais como: financeiras, contábeis, atuariais, orçamentárias e jurídicas; • Relatórios de auditores independentes e de fiscalizações; • Reuniões mensais para acompanhamento dos resultados dos planos de benefícios. C.F. > Por que é importante a paridade dos Conselhos Deliberativo e Fiscal?

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// Ponto de Vista

"É preciso que cada Participante Ativo e Assistido se interesse efetivamente pela gestão de seu plano de benefícios e acompanhe de perto as atividades da Fundação" B.N. > Como já foi dito, a Fachesf administra recursos de terceiros. Por isso, é importante que todos estejam representados nos órgãos de governança de forma equilibrada no que se refere ao poder de voto. A paridade dos Conselhos é uma luta antiga do movimento sindical, que ganhou força com o advento da Lei Complementar 108/2001, quando foram definidas as regras para o funcionamento e a fiscalização das Entidades Fechadas de Previdência Complementar. A existência de paridade permite a participação ativa dos cotistas da Fundação, ao contrário das entidades de previdência aberta, nas quais o indivíduo só tem a liberdade de movimentar os recursos, mas não de tomar parte nas decisões. Na Fachesf, a paridade é observada em dois aspectos: o primeiro, na quantidade de membros de cada Conselho; ou seja, o número de indicados pela Patrocinadora é igual ao de eleitos pelos Participantes. Segundo, no que diz respeito à presidência de ambos os órgãos; no Conselho Deliberativo, a indicação é de responsabilidade da Patrocinadora, enquanto no Conselho Fiscal, o presidente é escolhido entre os membros eleitos pelos Participantes. C.F. > Como tem sido a relação entre o Conselho Fiscal e os outros órgãos de governança da Fachesf, 8

como a Diretoria Executiva e o Conselho Deliberativo? B.N. > O Conselho Deliberativo é a instância máxima da estrutura organizacional da Fachesf, responsável pela definição da política geral de administração da Fachesf e seus planos de benefícios. Já a Diretoria Executiva responde pela gestão da entidade, executando os atos necessários ao seu funcionamento em alinhamento com as boas práticas de governança exigida pela Previc. Ao Conselho Fiscal, cabe o papel de examinar as contas, balancete e as ações da Diretoria, bem como emitir parecer sobre o balanço anual. Como se pode observar, cada órgão possui atribuições específicas, que não se conflitam e são complementares entre si. Portanto, os Conselhos e a Diretoria necessitam de integração constante para alcançar os objetivos da Fundação. C.F. > Como o Participante pode estreitar sua relação com o Conselho Fiscal e qual a importância dessa proximidade? B.N. > É preciso que cada Participante Ativo e Assistido se interesse efetivamente pela gestão de seu plano de benefícios e acompanhe de perto as atividades da Fundação e o desempenho dos seus representantes. A Fachesf disponibiliza várias informações sobre a gestão dos planos, em uma linguagem acessível e com muita qualidade, por meio de diversos canais de comunicação, tais como a revista Conexão Fachesf, o Jornal da Fachesf, a fanpage Realize, as notas eletrônicas e o site. Aproveito a oportunidade para convidar todos os Participantes, dependentes e demais familiares para que dediquem um tempo à leitura e acompanhamento das informações disponibilizadas pela nossa entidade.

C.F. > Que mensagem a senhora deixaria para os Participantes como forma de reflexão para 2015? B.N. > Pediria a todos os Ativos e Assistidos para refletir sobre o papel da nossa Fundação. Afinal, o que queremos dela? Precisamos entender seu verdadeiro objetivo, pois assim como as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, a Fachesf não busca lucros e tem por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário exclusivamente para os empregados da Chesf e Fachesf. Desse modo, não podemos falar em remuneração por serviços ou produtos, pois o que existe é a conjugação de esforços para o custeio dos benefícios previdenciários e assistenciais. A Fundação existe há mais de 40 anos com a missão de contribuir para a qualidade de vida dos seus Participantes e beneficiários. É preciso que todos estejam em sintonia com esse ideal e busquem cada vez mais uma relação de proximidade.


// Educação Previdenciária

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Fator Previdenciário: vilão ou medida de contenção? Entenda o que é o Fator Previdenciário e saiba como a regra interfere na aposentadoria dos trabalhadores brasileiros. Por René Ruschel

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// Educação Previdenciária

O O Fator Previdenciário é uma regra aplicada para o cálculo dos benefícios previdenciários de aposentadoria por tempo de contribuição ou idade.

Fator Previdenciário, instituído pela Lei nº 9.876, de 1999, é uma regra aplicada para o cálculo dos benefícios previdenciários de aposentadoria por tempo de contribuição ou idade e incide somente no Regime Geral de Previdência Social. Durante a Reforma da Previdência Social, efetuada por meio da Emenda Constitucional nº20/98, a proposta de instituição de idade mínima para aposentadoria foi rejeitada pela Câmara dos Deputados. Em contrapartida, foi aprovado o instrumento Fator Previdenciário, que estimula as pessoas a se aposentarem mais tarde, visando a um benefício maior. O intuito de fazer com que as pessoas adiassem a obtenção da aposentadoria, prolongando o tempo de contribuição, foi a forma encontrada para tentar equilibrar as contas da Previdência Social. Antes de sua implementação, um trabalhador com 35 anos de contribuição e

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55 anos de idade que adquirisse o direito de receber R$ 1.000 de aposentadoria, por conta dos cálculos de suas contribuições, receberia exatamente esse valor. Com o Fator Previdenciário, a aposentadoria hipotética desse mesmo trabalhador cai para R$ 720. Por que isso acontece? Pelo seguinte mecanismo: quanto menor a idade do segurado na data da aposentadoria e maior a expectativa de sobrevida, maior será o impacto do Fator Previdenciário; consequentemente, o valor do benefício também será menor. Por outro lado, quanto mais velho e quanto maior o tempo de contribuição do trabalhador, maior será o valor que receberá a título de aposentadoria. Criada com o objetivo de equiparar a contribuição do segurado ao valor do benefício, a regra se baseia em quatro elementos: alíquota de contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social e expectativa de vida do segurado (esta última conforme a tabela do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE). “Não tem escapatória: é a idade mínima ou o Fator Previdenciário”,


afirma o consultor e presidente do Fundo Paraná de Previdência Multipatrocinada, Renato Follador. A lógica, segundo ele, é simples: como não há idade mínima para se aposentar, o homem que completa 35 anos (e a mulher, 30) de contribuição pode parar, mas aí entra o Fator. Se parar muito cedo, ao redor dos 55 anos, o valor do benefício tende a ser baixo e a aposentadoria idem. Se trabalhar mais alguns anos, aumenta o tempo de contribuição, logo, a aposentadoria será maior. A regra penaliza quem se aposenta cedo, daí a importância da previdência complementar na vida de cada trabalhador. "Aliás, esse é exatamente o seu papel: complementar a renda para garantir qualidade de vida após a aposentadoria”, reitera Renato Follador. A aplicação do Fator ocorre da seguinte forma: quem começa a trabalhar e contribuir aos 20 anos, por exemplo, pode se aposentar aos 55 de idade, depois de 35 anos de contribuição, se for homem. Nesse caso, o fator previdenciário será de 0,715. Ou seja, haverá uma perda de cerca de 30% no benefício final. E como o fator não é aplicado sobre os últimos salários (mas sobre uma média dos 80% melhores salários de 1994 para cá), haverá outra perda de 5,78%; resultado: uma aposentadoria mais ou menos 35% menor. Agora, se retardar a aposentadoria para os 65 anos, após 45 de contribuição, não haverá perda e, sim, ganho.

"O Fator Previdenciário penaliza quem se aposenta cedo, daí a importância da previdência complementar na vida de cada trabalhador." // Renato Follador

Alívio nas contas do governo O retardamento das aposentadorias naturalmente alivia as contas do Regime Geral. Com efeito, o grande número de aposentadorias precoces, antes dos 50 anos, ao lado do significativo aumento da expectativa de vida nas últimas décadas, foi o acelerador da crise na Previdência Social, pois, em muitos casos, o tempo de recebimento do benefício era superior ao tempo de contribuição, agravado pelo cômputo de períodos de tempo não-contributivos, como o tempo de serviço rural. Com a aplicação do Fator Previdenciário, o segurado só se aposentará com benefício igual ao que receberia pelo cálculo anterior aos 62 anos de idade e após 35 anos de contribuição, no caso das mulheres, ou 42, no caso dos homens. Quem se aposentar antes, mesmo com o tempo mínimo de contribuição exigido, receberá benefício menor do que aquele que era concedido anteriormente. A redução pode chegar a até 30%. Antes do advento da Lei nº 9.876/99, o cálculo do valor do be11


// Educação Previdenciária

64,73 anos para 67,11 anos (IBGE). Isso significa que a população ficou três anos e meio mais velha.

nefício era feito pela média das últimas 36 contribuições. Após, foi substituído pela média dos 80% dos maiores salários de contribuição do segurado de todo o período contributivo (a partir de junho/1994), multiplicado pelo Fator Previdenciário. Essa expectativa é definida pela tábua completa de mortalidade para o total da população brasileira elaborada pelo IBGE.

Medida não teria atingido seus objetivos

Quer entender mais sobre o Fator Previdenciário? Assista a um video com Renato Follador. Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android).

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Para o ex-secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência, Leonardo Rolim, o Fator Previdenciário tem falhado em seu principal objetivo que é impedir que as pessoas se aposentem cedo demais. Também não conseguiu inverter a tendência de déficit da Previdência Social. Desde que a regra foi criada, em 1999, a idade média dos que pedem esse benefício aumentou cerca de dois anos e três meses, passando de 51,7 anos para 54 anos, segundo dados da Previdência. Para se ter uma ideia, nesse período, os aposentados como um todo – dos setores público e privado, afetados pelo fator ou não – envelheceram praticamente o mesmo tempo: dois anos e pouco mais de três meses, de

“O instrumento que existe hoje [para desestimular a aposentadoria precoce] é o Fator Previdenciário, que não tem adiado a aposentadoria [por tempo de contribuição]”, afirmou Leonardo Rolim. “Olhando apenas os que se aposentam por tempo de contribuição, está mais ou menos estável a idade com que se aposentam. É uma média baixíssima. Em nenhum lugar do mundo, as pessoas se aposentam tão cedo como no Brasil”, diz. Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB), Marcelo Driemeyer Wilbert, doutor em economia e pesquisador do tema, estimular os trabalhadores a se aposentar mais tarde foi a estratégia encontrada pelo governo para equilibrar as receitas e despesas da Previdência Social. No entanto, um de seus estudos publicado em 2012, concluiu que a medida contribuiu para a redução do déficit, mas não foi capaz de equilibrar receita e despesa: "O que posso dizer é que o Regime Geral de Previdência Social tem de ser revisto. Algumas coisas estão sendo proteladas, mas em algum momento vai ser mais difícil adiar essa questão”, diz Marcelo Wilbert. Para ele, o Fator era "politicamente mais fácil" de implementar à época, já que outro caminho para evitar o déficit envolveria decisões bastante complexas, como elevar a alíquota de contribuição e ou os requisitos mínimos para se pedir uma aposentadoria. Vamos aguardar os próximos anos.


Desafios da área de atendimento Um dos maiores desafios para as organizações que possuem centrais de relacionamento é manter a qualidade do atendimento em níveis elevados e realizar permanentes melhorias para alcançar estágios de excelência cada vez maiores na busca da satisfação dos clientes (no caso particular da Fachesf, nossos Participantes e Beneficiários). Atingir esses objetivos exige uma dose extra de dedicação, vontade e profissionalismo, tanto por parte da gestão, como de toda a equipe envolvida no processo. Foi com o propósito de enfrentar esses desafios que o Diretor de Benefícios, Raimundo Jorge, convidou-me para assumir a gerência da Central de Relacionamento (BCR) da Fundação. Tenho a meu favor uma trajetória de 19 anos dedicados à Diretoria de Administração e Finanças da Fachesf, tempo que me trouxe uma experiência singular e maturidade profissional, e me servirá como um facilitador na coordenação da BCR, equipe de vital importância para a Fundação. Afinal, é por meio da Central que os Participantes (Ativos, Aposentados e Pensionistas) e beneficiários, além de toda nossa rede médica credenciada, entram em contato com a Fundação.

artigo

// Educação Previdenciária

atendimento; nos treinamentos e reciclagens das equipes. É nisso que acreditamos e no que estamos investindo. Focados na ideia de levar a Fachesf para cada vez mais perto dos seus Participantes, também estamos realizando uma série de visitas às Agências e regionais da Chesf com o apoio do Diretor Raimundo Jorge e das supervisoras da BCR, Rita de Cássia e Miosótis Soares. Nosso objetivo é identificar as necessidades dos Participantes, conhecer a realidade de cada localidade e trocar ideias com Ativos, Aposentados e Pensionistas. Tudo para nos auxiliar na busca de soluções e aprimorar o atendimento prestado em todas as cidades atendidas pela Fundação.

O trabalho que temos pela frente é intenso, mas conhecendo a fundo nossa entidade, podemos visualizar com exatidão os pontos de melhoria do serviço que prestamos. Com a união e o engajamento de toda a equipe da Central de Relacionamento, buscaremos a excelência no atendimento, pois é pelo Participante e para ele que estamos todos os dias de prontidão.

A BCR é formada pelas equipes de Atendimento Presencial, Teleatendimento, Suporte, Núcleo de Regulação, Assistentes Sociais e 13 Agências regionais. Nosso papel é responder, com rapidez e segurança, as demandas de todos aqueles que nos procuram diariamente, seja para questões de previdência ou de saúde. Para que possamos melhorar cada vez mais nossos serviços e aperfeiçoar o relacionamento com Participantes e Beneficiários, temos que atuar em diversas frentes: na postura do atendimento; na reorganização de fluxos dos processos internos e também dos que envolvem as gerências da Fundação ligadas aos Participantes; nas atualizações dos nossos sistemas; na busca por inovações no Macelo Macedo é Gerente da Central de Relacionamento da Fachesf.

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// Especial

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A implacĂĄvel imprevisibilidade da vida Por Melissa de Andrade

E basta um instante para tudo se transformar completamente.

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// Especial

Cena 1

Marcos recebeu a proposta de emprego dos seus sonhos: vida nova em outra cidade, cargo de diretoria, salário que reconhecia seus esforços de estudo e serviços prestados. Aceitou feliz. O primeiro ano foi tão maravilhoso que ele se animou para ter o segundo filho e comprar a desejada casa própria. Raspou a poupança, colocou a prestação lá em cima (para adiantar logo o financiamento) e aproveitou o bônus para proporcionar a viagem ao exterior que a mulher sempre quis. Na volta das férias, a surpresa: a firma faliu e não pagou ninguém. Quem quiser que busque seus direitos na justiça. 16

Cena 3 Cena 2

Joana e Ricardo fizeram de tudo, por anos a fio, para ter um filho. Tratamento, benzedeira e promessa. Seguiram conselhos das mães, dos médicos, dos amigos. Clinicamente, parecia tudo certo com eles, mas o rebento não vinha. Desistiram. Choraram. Aceitaram. Superaram. Cinco anos depois, Joana passou a ter um sono danado, não tinha noite de sono que desse jeito. Não se concentrava no trabalho e faltava ânimo para qualquer coisa. Por muito custo, resolveu ir ao médico. A “doença” misteriosa viria a se chamar Débora.

Gisele era daquelas pessoas que vivem a vida intensamente. Não que fosse de aventuras, mas sabia estar inteira no presente, como se não existisse o ontem e não importasse o amanhã. Sabia admirar as pequenas coisas e relevar as chateações do dia a dia, pois procurava ver o melhor de todo mundo. Num domingo qualquer, Gisele acordou com um peso estranho no peito. Chamou o marido para ir ao hospital – tinha um medo danado de ficar doente – e deu um beijo nas filhas que ainda dormiam. Entrou para fazer os exames com o pavor de sempre. Horas depois, o médico voltou com o semblante sério e a notícia que ninguém está preparado para receber.


// Especial

Um amigo querido me disse sabiamente: “A única certeza que temos é a da impermanência da vida”. Eu vivia um daqueles momentos em que uma notícia ruim martela na cabeça da gente e que uns minutos de distração são apenas uma trégua para ter um novo susto; em que a perplexidade diante de um assalto violento, o fim brusco de um relacionamento, uma doença incurável, um acidente fatal ou uma morte repentina geram um terremoto particular com incontáveis tremores subsequentes. Quem nunca passou por um instante desses? Já fiquei perplexa diante de deslealdades de quem me parecia absolutamente confiável. Já tive rombo no orçamento, depois de acreditar em quem não merecia. Já fiquei sem reação diante de alguém que, de repente, decidiu ir embora da minha vida sem explicações. Já me angustiei com mal-entendidos irrecuperáveis. Já fiquei revoltada com as tramoias de quem quer crescer no trabalho fazendo intrigas e espalhando inverdades. Já fiquei perplexa diante da morte repentina de gente querida. Depois do choque, vem choro, tristeza, revolta, raiva, angústia, culpa, inconformismo. Só dá vontade de repriorizar a vida, ficar mais esperto, tomar decisões melhores, abraçar apertado as pessoas importantes, parar de se chatear com bobagem, focar nas atividades que fazem bem, dar o devido valor às coisas certas, programar finalmente aquele projeto que estamos adiando há anos, e dizer a quem importa: “Você é muito importante para mim”, “Minha vida é melhor porque tenho você”, “Eu te amo”. Porque o que temos, na verdade, é só o hoje. Imprevisibilidade, teu nome é vida.

Somos todos meio Marco, Joana, Ricardo e Gisele. Não há nada mais frustrante do que tentar controlar todos os aspectos da existência. É uma luta que começa perdida. A incerteza pode parecer algo pavoroso para uma grande parte das pessoas. Para outras, é a riqueza que diferencia uma existência pequena (ou seja, mal vivida) de uma vida plena, aberta para o que há de vir. A incerteza nos dá a ignorância necessária para seguir em frente. Se soubéssemos que uma tragédia estaria por vir, como poderíamos aguentar a espera?

O que precisamos: fortalecer o coração e o espírito para os trancos inevitáveis.

Só que isso não significa ficar parado e esperar o futuro acontecer. Se não podemos impedir a mudança, podemos tentar nos preparar para ela. Tomar decisões mais sábias – financeiras, emocionais, logísticas –, levando em conta a possibilidade de uma mudança brusca. E o que precisamos: fortalecer o coração e o espírito para os trancos inevitáveis. O grande aprendizado é conseguir equilibrar planejamento e flexibilidade. Planejamento para traçar metas, realizar sonhos, proporcionar mimos para a família e para os amigos, investir o tempo livre no que é importante, reconhecer as conquistas, preparar-se para a aposentadoria. Flexibilidade para enfrentar o inesperado, entender a imprevisibilidade como fato inerente à vida, aceitar com mais facilidade a fragilidade da existência, conseguir levar o dia a dia com mais leveza, repensar metas quando os objetivos mudarem, refazer planos quando os atuais não forem possíveis. O imprevisto pode nos encontrar melhor do que já fomos. Quem decide somos nós. 17


// No Consultรณrio

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Ligações perigosas: os males que afetam os joelhos

Responsáveis por conectar os dois maiores ossos do esqueleto (fêmur e tíbia), os joelhos suportam quase todo o peso do corpo humano. O preço desse importante papel, entretanto, é alto: são muitas as situações que colocam as articulações em risco e causam dores quase insuportáveis.

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// No Consultório

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ara Francisco Couto, ortopedista e preceptor do Setor de Ortopedia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e do Hospital Miguel Arraes, ambos localizados na Região Metropolitana do Recife (PE), as lesões nos joelhos são quase inevitáveis na sociedade atual. O motivo? O homem não teria nascido para ser bípede. “Porque contrariamos isso, desenvolvemos problemas como varizes e desgaste das articulações”, brinca o especialista. As dores nos joelhos, via de regra, são ocasionadas por doenças generativas – como as osteoartroses, resultantes do envelhecimento das articulações – ou lesões esportivas. No caso destas últimas, os problemas com menisco e ligamento são os mais frequentes.“Os ligamentos respondem pela estabilidade, evitando que o joelho não saia do lugar. Essa função pode provocar lesões de repetição e levar à degeneração da cartilagem. Nesses casos, o tratamento indicado é a cirurgia”, diz o ortopedista. Lesões de ligamento fazem parte do cotidiano de quem pratica esportes, principalmente futebol. Só para citar um exemplo, dos 56

A " s dores nos joelhos, via de regra, são ocasionadas por doenças generativas ou lesões esportivas."

// Francisco Couto

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jogadores cortados da escalação para a Copa do Mundo de 2014, pelo menos 23 perderam a oportunidade de disputar o campeonato em função de problemas no joelho. No entanto, para Luciano Machado, educador físico e mestre em performance humana, o futebol não deve ser considerado um inimigo da saúde, uma vez que todos os esportes podem ocasionar complicações no joelho – em especial, os de maior contato, como basquete, vôlei e hóquei. Outra atividade que tem chamado atenção dos especialistas para os riscos causados às articulações é a corrida de rua. Estima-se que, atualmente, cerca de 4 milhões de brasileiros sejam adeptos da prática, já considerada a segunda em número de atletas no país. Dados da Federação Paulista de Atletismo mostram que, em 2004, somente na cidade de São Paulo, havia mais de 146 mil praticantes de corridas de rua. Em 2013, esse número subiu para mais de meio milhão de pessoas.

A importância da orientação especializada Excesso de treinamento e falta de alongamento e acompanhamento especializado são as causas mais apontadas tanto pelos médicos quanto pelos educadores físicos para as lesões em corredores. As consequências mais comuns desse exagero são as lesões ligamentares, meniscais, tendinites e distensões musculares. “Na maioria dos casos, as pessoas querem correr cinco vezes na semana, provocando o que chamamos de overtraining. O ideal é dividir os


“A corrida é excelente para saúde. Porém, quando o atleta não tem orientação profissional, a prática pode ser um perigo.” // Luciano Machado

na infância e adolescência, são frequentes as doenças relacionadas ao crescimento e as congênitas”, afirma Fabiana Gouveia, fisioterapeuta e professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). treinos entre atividades aeróbicas e anaeróbicas, sem se descuidar do alongamento”, receita Francisco Couto. “A corrida é excelente para saúde. Porém, quando o atleta não tem orientação profissional, a prática pode ser um perigo”, alerta Luciano Machado. De acordo com ele, o segredo para se manter longe dos consultórios médicos está em fortalecer a musculatura do joelho e melhorar sua estabilidade antes de encarar as ruas. “É preciso combater a sarcopenia, isto é, a perda natural de massa muscular que ocorre com o envelhecimento. Muitas pessoas acham que caminhada, por exemplo, por ser de baixo impacto, não oferece risco de lesão. Mas sem o suporte da massa muscular, mesmo quando realizado de forma leve, esse tipo de exercício pode ser um erro”, avalia. Para fortalecer essa região, a musculação é apontada como uma das

melhores opções. Até os agachamentos, por muito tempo taxados como inimigos dos joelhos, são indicados, desde que haja uma orientação adequada. “Muito se fala sobre isso, mas os problemas de fato só acontecem entre aqueles frequentadores de academia que, em busca de resultados rápidos, utilizam uma carga excessiva sem que a articulação do joelho esteja pronta”, esclarece Luciano Machado. Para ser realizado com segurança, o agachamento deve ser feito de início com peso leve, que será aumentado progressivamente. É importante ressaltar que doenças do joelho não acometem somente quem pratica atividades físicas: todas as faixas etárias, de ambos os gêneros, podem ser pegos pelas famosas dores. No caso dos adultos acima de 50 anos, as lesões mais comuns são as osteocondrais, que acometem toda a espessura da cartilagem e são geralmente de origem traumática. “Já

Entre as mulheres, pesquisas apontam um aumento no número de pacientes com problemas nos joelhos em decorrência do sedentarismo e também pela oscilação de peso. Quando associados, esses dois fatores resultam, em médio prazo, no aparecimento de tendinites e desgaste progressivo das cartilagens. A evolução do quadro pode causar artrite e até levar à implantação de prótese.

// Fabiana Gouveia 21


// No Consultório

Comprometimento com a saúde é o melhor tratamento Condropatia patelar é a queixa de cinco em cada dez pacientes que chegam ao consultório do ortopedista Francisco Couto. A patologia causa no paciente dor aguda (tipo pontada) ao subir e descer escadas ou ao levantar-se de um lugar baixo, em função de um amolecimento anormal da cartilagem articular da patela. Como a cartilagem é um tecido sem potencial para cicatrização ou regeneração, o tratamento varia entre o uso de substâncias conhecidas como condroprotetores (que interrompem o desgaste nas cartilagens), fisioterapia, fortalecimento muscular e infiltrações com ácido hialurônico. “As viscosuplementações são injeções de medicamentos intra-articular à base de ácido hialurônico, que nutrem a cartilagem. São diferentes das infiltrações com corticoide que eram usadas em atletas no passado e que não são mais recomendadas porque muitas vezes agravavam os quadros”, esclarece o ortopedista. No campo das cirurgias de joelhos, as mais comuns são as artroscopias, utilizadas em casos de lesão de cartilagem e meniscal ou nas reconstruções ligamentares. Já as artroplastias são cirurgias de grande porte com a implantação de próteses – cada vez mais demandadas em virtude do envelhecimento da população. “Atualmente há diversas linhas de tratamento, tanto cirúrgico como conservador. Mas não existem tratamentos soluções milagrosas. O que de fato importa para um bom resultado é um diagnóstico precoce e o cumprimento do que foi acordado com o médico. Um paciente comprometido com seu tratamento é fundamental para o reestabelecimento da saúde”, afirma a fisioterapeuta Fabiana Gouveia.

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Lesões em

CRIANÇAS Apesar de estarem associadas a pessoas mais velhas, as lesões nos joelhos em crianças de até nove anos estão se tornando mais frequentes. “Esse danos são resultado das atividades competitivas realizadas cada vez mais cedo. O corpo não está preparado, as articulações não estão amadurecidas e a musculatura não está pronta”, enumera o ortopedista Francisco Couto. Segundo o Instituto do Joelho do Hospital do Coração de São Paulo, o número de fraturas e torções nesse público subiu 15% ao ano na última década. O levantamento da instituição mostra problemas nas cartilagens e nos ligamentos da articulação, o que preocupa os especialistas, porque esse tipo de lesão pode comprometer o crescimento. O reflexo da carga excessiva de treinamento é o encurtamento da musculatura, o que deixa as crianças com pouca flexibilidade, pois não fazem alongamento. De acordo com os especialistas, o ideal seria alternar um esporte de impacto com outros que estimulem o alongamento, como futebol com natação. A alta nas lesões entre crianças está acima da média registrada na literatura internacional e também poder ser atribuída às práticas de atividades apenas nos fins de semana. O mais comum é o descolamento da chamada cartilagem do crescimento, que fica na tíbia e no fêmur, o que pode causar diferença no desenvolvimento dos membros. Na maioria dos casos, o tratamento é cirúrgico e nem sempre os resultados são satisfatórios, o que pode causar um comprometimento para a vida toda.


Depoimentos

“Quando ainda estava na ativa, participei de um grupo de teatro na Chesf. Numa de nossas muitas viagens pelo Nordeste, resolvi fazer um pouco de alongamento. Coloquei a perna em cima de uma cadeira e logo veio uma forte dor no joelho. Senti as pernas pesarem, mas não levei a sério; sequer procurei um médico. Anos depois, porque as dores pioraram, marquei uma consulta. Fui diagnosticada com um tipo de esclerose aguda e tomei diversos medicamentos. O incômodo passava momentaneamente, mas nunca ia embora por definitivo. Em meados de julho de 2014, recebi indicação para cirurgia. Por problemas com o médico e o hospital, o procedimento não foi realizado. Decidi então ouvir a opinião de um novo ortopedista, que desaconselhou o processo cirúrgico e me encaminhou para uma série de aplicações de ácido hialurônico para recompor o líquido que eu havia perdido nos joelhos. Apesar de não sentir mais dores, a sensação de peso continua. Quando terminar o tratamento, o médico vai reavaliar meu caso e decidir os próximos passos, incluindo uma investigação no sistema circulatório. Hoje me arrependo de não ter investigado o problema assim que ele começou. Talvez eu não tivesse chegado a um grau tão elevado de desgaste.”

“Sempre tive uma vida esportiva intensa. Além dos treinos quase diários de futebol, jogava pelada com os amigos nos fins de semana. Em 2003, em um dessas partidas, tive uma lesão na patela do joelho esquerdo. Como as dores que sentia não eram insuportáveis, continuei no mesmo ritmo. Não demorou para que o problema se agravasse. Um ano depois, resolvi tentar fisioterapia para reverter a lesão no menisco. Infelizmente já era tarde demais: diante da gravidade do meu caso, o único caminho era a cirurgia. O procedimento foi bem sucedido e eu fiz minha parte, cumprindo corretamente as sessões de fisioterapia. Mas durante essa fase de recuperação, por um descuido na alimentação, engordei mais de 30kg. O sobrepeso me impediu de retornar às atividades com a mesma intensidade. Em 2007, resolvi optar pela natação, já que era um exercício aeróbico de baixo impacto nas articulações. Aos poucos, com o fortalecimento muscular e a perda gradual de peso, voltei a jogar. Mantive os treinos na piscina por três anos. Consegui perder tudo o que havia engordado e adotei a prática de corrida de rua. Já corri provas de meia-maratona (21km) e estou me preparando para a Corrida de São Silvestre. Como tenho artrose, resultado do desgaste acumulado durante minha vida sempre ativa, aprendi a lição: o cuidado com os joelhos deve ser constante.” Jorge Cavalcanti Participante da Fachesf

Marlene Gomes de Siqueira Participante da Fachesf

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!

// No Consultório

pergunte ao doutor

? Você tem dúvidas sobre anestesia? Alívio e medo. Dois substantivos quase antônimos, mas que ainda andam juntos no imaginário de muitos pacientes quando o assunto é anestesia. A Conexão Fachesf conversou como anestesiologista José Antonio Netto, que explicou as principais dúvidas em relação a esse tipo procedimento, seus riscos e mitos.

1. O que devo fazer antes de uma anestesia eletiva? Assim como os preparativos gerais para uma cirurgia, os cuidados com a anestesia também começam bem antes da entrada no bloco cirúrgico. O Conselho Federal de Medicina recomenda que todos os pacientes sejam submetidos a uma entrevista pré-cirúrgica. Nesse momento, descobre-se, por exemplo, quando há a necessidade de consultas prévias a alergologistas, cardiologistas e endocrinologistas, de modo a evitar problemas futuros. 2. Por que o jejum é tão importante antes do procedimento? A anestesia leva a um estado de relaxamento e perda dos reflexos de proteção da via respiratória. Caso o paciente vomite durante a anestesia, o material gástrico pode entrar no pulmão e causar sérios danos. O número de horas necessárias para o jejum varia de acordo com algumas características, mas o ideal é que haja um intervalo de pelo menos oito horas desde a última refeição sólida. Em cirurgias de urgência, o procedimento não é exigido. 3. Quais as diferenças entre os tipos de anestesia? As anestesias podem ser locais, regionais ou gerais. A local é aquela em que o anestésico é aplicado no local da incisão. É utilizada para retirada de sinais ou sutura de ferimentos. Na regional, o anestésico é injetado no trajeto de um nervo específico ou no neuro-eixo, como a raquianestesia e a peridural, usadas em cesareanas, hernioplastias e cirurgias pélvicas. Já a anestesia geral é a que tem maior variedade de técnicas, devido ao grande leque de substâncias que podem ser usadas. Nesse tipo de anestesia, a consciência do paciente é retirada por meio de uma substância hipnótica, seus músculos são paralisados por debloqueadores neuro musculares, e os reflexos e sensibilidade suspensos por agentes inalatórios e/ ou derivados do ópio.

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4. Quais os principais riscos de uma anestesia? Com o desenvolvimento da indústria farmacêutica e o avanço da tecnologia – tanto nos equipamentos de ventilação pulmonar (respiradores artificiais) quanto nos dispositivos de monitorização –, os riscos decorrentes da administração de drogas ou seus efeitos colaterais foram bastante minimizados. O grande fator de risco a ser avaliado é o estado físico e a patologia que o paciente apresenta. 5. Até quanto tempo uma pessoa pode ficar anestesiada? Não existe essa determinação. Uma anestesia pode ser aplicada e reaplicada durante todo o período de cirurgia. Há pacientes que precisam ser mantidos anestesiados por até 24 horas, sem que exista qualquer risco a mais por conta do tempo. 6. O que é choque anafilático? Reação anafilática é uma resposta do sistema imunológico do paciente a um estímulo externo, quando há grande liberação de histamina na circulação. A magnitude dessas reações vai desde urticária até um broncoespasmo severo e vasodilatação intensa com queda de pressão arterial (podendo chegar a uma parada cardíaca e morte). A história pregressa do paciente com relação a alergias é a melhor forma de evitar o problema, embora não elimine o risco de desencadeamento de uma reação anafilática. 7. Fumantes podem ter problemas quanto à anestesia? Os fumantes representam um grupo de risco para qualquer tipo de procedimento cirúrgico, pois o tabagismo aumenta a incidência de complicações respiratórias – especialmente se o paciente for submetido à anestesia geral, quando é preciso ser entubado.

José Antonio Netto é médico anestesiologista do IMIP e membro do Conselho Administrativo da Cooperativa de Anestesiologia do Estado de Pernambuco.

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// Gestão e Planejamento

Realize Fachesf: um ano de reflexões sobre o presente e o futuro Viver o presente ou poupar para o futuro? A pergunta costuma surgir sempre que o assunto “aposentadoria” vem à tona. Para uns, ter uma boa qualidade de vida hoje é mais importante, afinal, ninguém sabe o que pode acontecer amanhã. Para outros, poupar pensando no futuro ou nas incertezas da vida é a única forma de conquistar a tão sonhada segurança e não ser pego de surpresa pelo destino. A verdade, porém, é que os dois caminhos não precisam ser opostos e podem (e devem) andar lado a lado.

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// Gestão e Planejamento

É

possível, sim, alcançar equilíbrio entre os dias atuais e os que estão por vir, desde que haja consciência do quanto isso é necessário. Para isso, no entanto, é preciso disciplina, conhecimento e planejamento. Sensibilizar os Participantes e seus beneficiários e transmitir esse conceito tem sido o desafio diário da Realize, fanpage do Programa de Educação Financeira e Previdenciária da Fachesf. Com apenas um ano no Facebook, a página já se consolidou como uma fonte de informações diárias, focada em ajudar aqueles que desejam construir um plano de aposentadoria sem sacrificar os desejos do presente. “Nosso conteúdo busca mostrar que, por meio da mudança de hábitos e comportamentos, todo mundo pode manter um padrão de vida satisfatório antes e depois da aposentadoria, sem abrir mão dos sonhos e necessidades atuais e futuras. Sabemos que transformar a cultura do consumismo e do imediatismo, tão propagada pela publicidade e enraizada na mente da maioria das pessoas, não é um processo fácil e rápido. Por isso, desenvolver essa consciência financeira e previdenciária desde cedo é fundamental”, explica Laura Lima, assessora de Comunicação da Fachesf.

"Por meio da mudança de hábitos e comportamentos, todo mundo pode manter um padrão de vida satisfatório antes e depois da aposentadoria." // Laura Lima 26

Desde seu lançamento, em novembro de 2013, a Realize tem apresentado um excelente índice de interação com os usuários. Mais do que curtir posts e fotos que julgam interessantes, as pessoas comentam, compartilham e dividem suas opiniões e experiências. Esse tem sido um diferencial da página, que hoje conta

um engajamento acima da média nacional, segundo apontam as estatísticas dos especialistas em redes sociais. Para Laura Lima, o resultado vem superando as expectativas, pois além de contribuir de forma ampla para a conscientização previdenciária da sociedade, a fanpage abriu mais um canal de diálogo direto com os Participantes, seus amigos e familiares. “Acreditamos que a construção do futuro é um processo coletivo, que deve envolver não somente o indivíduo, mas suas relações próximas. Essa é a razão pela qual diversificamos constantemente o modo de transmitir essas mensagens. Apostamos em canais que se complementam e cumprem esse papel, como a revista Conexão Fachesf, o site e a TV Fachesf”, esclarece.

Conteúdo exclusivo e monitoramento As postagens da fanpage são diárias e trazem dicas, reflexões, resultados de pesquisas, matérias, vídeos e infográficos sobre finanças pessoais e previdência. O objetivo é aprofundar o interesse dos usuários sobre esses temas e cristalizar a ideia de que, ainda que o futuro seja um terreno incerto, chegar até lá sem planejamento é correr o risco de mergulhar em dívidas ou ter que baixar o próprio padrão de vida. E não são poucas as pessoas que vivem essa realidade: dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelam que 69% dos brasileiros não têm qualquer tipo de reserva financeira.


// Gestão e Planejamento

// Nathalia Duprat e Laura Lima

De acordo com a analista de Comunicação da Fachesf Nathalia Duprat, responsável pela gestão da Realize, para a criação do conteúdo, a Fundação aposta em uma linguagem simples e objetiva, que desperte a atenção dos internautas em meio às milhares de mensagens que são publicadas no Facebook a cada segundo. “Com uma identidade visual exclusiva e enxuta, os posts seguem o dinamismo e a velocidade característicos das redes sociais no que diz respeito à atualização, buscando sempre levar a educação financeira e previdenciária a fazer parte do dia a dia dos seguidores da página”, explica.

Filipe Bohrer, sócio da consultoria que dá suporte à Assessoria de Comunicação Institucional da Fundação na manutenção da fanpage, defende que criar um conteúdo atrativo e que tenha a cara da marca é o principal desafio para se destacar no ambiente digital e conquistar o engajamento dos fãs e públicos de interesse. “Para avaliar esse retorno, analisamos os comentários, likes e compartilhamentos recebidos. Se esses fatores estiverem em ascensão, significa que o trabalho está indo bem e precisa continuar. No caso da Fachesf, percebemos que essas participações estão cada vez mais ativas”, diz.

"Com uma identidade visual exclusiva e enxuta, os posts da Realize seguem o dinamismo e a velocidade característicos das redes sociais." // Nathalia Duprat

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// Gestão e Planejamento

Foto | Divulgação

"Percebemos que as participações na fanpage da Fachesf estão cada vez mais ativas." // Filipe Bohrer

Como na internet tudo acontece de forma muito rápida, a Fachesf mantém um monitoramento 24h da fanpage. Além disso, relatórios mensais das atividades são apresentados, de modo a nortear as ações que serão realizadas na rede social. “Acompanhamos de perto o que os Participantes curtem, que tipo de informação desejam e quais suas expectativas. Assim conseguimos corrigir rotas e inovar sempre que possível. Não estamos interessados em volume de número de fãs. Queremos de fato ser relevantes para a consciência previdenciária dos nossos Participantes. A satisfação de sermos apontados como referência dentro do sistema

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de Previdência Complementar nos mostra que estamos no caminho certo”, acredita Laura Lima. Diferentemente da maioria das empresas e instituições, que entram no Facebook para promover suas marcas, produtos ou serviços, a Fachesf resolveu fazer diferente: levantou a bandeira da educação financeira e previdenciária para provar que viver o presente e planejar o futuro não são objetivos de vida contraditórios. Basta ter em mente que, sabendo elencar as prioridades corretas, com responsabilidade e valorização do próprio dinheiro, a plenitude do hoje pode ser prolongada.


// Gestão e Planejamento Depoimentos

O que os curtidores acham do conteúdo da fanpage Realize – Fachesf Feliz aniversário, Realize – Fachesf. Muitos anos de vida. A página está mostrando que é uma ferramenta muito importante não só para os Participantes da Fachesf como também para a sociedade. Atuante, traz temas de nossa realidade com bastante seriedade. André Stêfano

A página está sempre bem antenada com dicas para lá de úteis e práticas para o dia a dia. Janilson Jose de Albuquerque

Sempre muito útil. Jose Gomes

As dicas são de super utilidade. Obrigada, sempre. Aninha Andrade

Sempre acrescenta algo! Leio todas as dicas com atenção. Leda Kronemberger

De muita utilidade. Rose Mary Saraiva Monteiro São dicas valiosas que adoto sempre que possível. Muito bom porque sempre tem uma informação que, além de ser interessante, está dentro de nossa realidade. A página nos ajuda também a repensar outros valores. É simplesmente show. Karina Karla

Roseanne Leão

As dicas são ótimas. Gosto muito de ler todas, pois são de grande utilidade! Feliz aniversário, Realize – Fachesf. Ildete Brito

Ótimas dicas! Não existe distância quando estamos conectados. Gisa Vasconcelos

Ótimas dicas! Salete Cordeiro

Confira um clip com os posts mais comentados na página. Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android).

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// Seu Dinheiro

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O lazer na simplicidade O dia é de folga, a agenda está em branco e o clima convida para ser feliz ou saracotear pela cidade. Porém o dinheiro está curto; não dá para ver aquele espetáculo famoso, almoçar com o amigo no restaurante com vista privilegiada ou fugir para a pousada da praia do momento. Uma ida ao cinema poderia até ser uma boa opção, se a grana do ingresso não fosse fazer falta nas despesas básicas da semana. Mas espere aí. Será mesmo que, para relaxar e se distrair um pouco, é preciso colocar sempre a mão na carteira? A resposta é não. Desde, claro, que se tenha a mente aberta para enxergar além do óbvio.

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// Seu Dinheiro

O

lazer virou uma mercadoria; a cultura e a felicidade passaram a ser encaradas como produtos. Isso é um reflexo da sociedade do hiperconsumo”. A afirmação é da psicanalista Márcia Tolotti, autora do livro As armadilhas do consumo e fundadora da empresa de educação financeira Moddo. Para ela, se é verdade que a diversão entrou na lista de compras, a boa notícia é de que pode ser tirada dali. Basta olhar para os arredores e pesquisar um pouco para concluir que existem, sim, espaços de relaxamento, distração e diversão gratuitos que cumprem sua função de gerar bem-estar tanto quanto os pagos.

leva sua especialidade culinária, participar de trilhas ecológicas em grupo ou mesmo se dedicar a atividades desprovidas de preparação, como sentar e brincar com as crianças. Mas brincar de verdade, sem objetivo nenhum que não seja a mera diversão.

O segredo não está na atividade em si, mas na decisão de ter lazer, sem buscar status e sem focar na promessa de satisfação imediata e extrema. São opções de baixo custo, por exemplo, trocar um super jantar por um lanche com amigos, combinar uma festa onde cada um

Quem gosta de ler, que tal ir a uma biblioteca pública e desfrutar de um bom livro? Para quem é amante do voleibol, basta uma bola, um amigo e alguns metros de chão. E quem se identifica com o mundo da cultura, por que não revisitar o centro histórico da cidade?

Fotos | Divulgação

A psicóloga Lisieux de Araújo Rocha, membro do Laboratório de Estudos Multidisciplinares sobre Ócio, Trabalho e Tempo Livre (OTIUM) da Universidade de Fortaleza (Unifor), define o lazer como um fenômeno sociocultural que precisa ser vivenciado com base nas escolhas do sujeito e não segundo os parâmetros do mercado.

"O lazer é um fenômeno sociocultural que precisa ser vivenciado com base nas escolhas do sujeito e não segundo os parâmetros do mercado." // Lisieux de Araújo 32


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Olhar para os espaços públicos, aliás, é um bom exercício. O livre docente na graduação e pós-graduação em Lazer e Turismo da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Estudos do Lazer (Anpel), Ricardo Ricci Uvinha, afirma que o lazer vem crescendo de maneira expressiva no sistema público, apesar de ainda estar concentrado em algumas regiões das cidades. Na lista de locais de diversão públicos podem ser encontradas quadras esportivas, bibliotecas, museus, espaços com exposições de arte, teatros, parques com atividades culturais e muito mais.

"O foco está no lazer e não no status. Esse é um sinal claro de inteligência emocional e financeira."

// Márcia Tolotti

// Márcia Tolotti

Prazer sem compromisso “Mas é gratuito?”, perguntaria alguém, carregando na entonação negativa da palavra gratuito. Isso porque grande parte da população ainda tem preconceito com o que é para todos e sem custo. A psicanalista Marcia Tolotti lembra, porém, que esse não é o total da sociedade. “Existe uma parcela da população que consegue vivenciar o lazer na sua essência e aproveitar tanto as atividades gratuitas quanto as pagas. O foco está no lazer e não no status. Esse é um sinal claro de inteligência emocional e financeira”, reforça a educadora. O lazer não deveria ter uma utilidade em si, mas apenas gerar a sensação de bem-estar, sem obrigação nenhuma, nem mesmo a de dar prazer. O momento deveria ser o mais próximo do nada a fazer. Como mercadoria de consumo, no entanto, o tempo dedicado ao lazer tem levado às pessoas o

sentimento de que é preciso, sim, divertir-se a qualquer preço para que se tenha a sensação de “lazer cumprido”. Prova disso é o cansaço alegado por quem volta das férias, período que deveria ser de descanso. “Parece insano, mas é algo cada vez mais comum. Costuramos a ideia de felicidade com a de compra. Grosso modo, quando compramos, buscamos adquirir felicidade. Também compramos lazer na tentativa de sermos felizes”, afirma Tolotti, que alerta para a chamada tirania da felicidade, ou seja, a obrigação cobrada pela sociedade de estar feliz todos os dias, o tempo todo. Em seu livro Felicidade, publicado no final de 2011 pela Editora Globo, o sociólogo italiano Domenico de Masi afirma que, em 2020, as horas livres serão tantas que o modo como ocupá-las será um problema. Ele sugere como caminho atribuir sentido às coisas belas do dia a dia, mas que foram depreciadas pelo consumismo do cotidiano.

Para de Masi, o tempo livre pode significar viagem, cultura, erotismo, estética, descanso, esporte, ginástica, meditação, reflexão. “Ou o exercício para descobrir quantas coisas podemos fazer em nosso tempo disponível sem gastar um tostão: passear sozinhos ou com os amigos, ir à praia, fazer amor com a pessoa amada, adivinhar os pensamentos, os problemas, as paixões que se sucedem por trás dos rostos dos passantes, apreciar os quadros expostos em cada igreja, assistir a um festival na TV, ler um livro, discutir com os taxistas e bater papo com os mendigos, admirar a sábia beleza de uma garrafa, de um ovo, dos carros que passam na rua”. Coisas, enfim, muitas vezes simples, feitas de modo simples, com simples recursos.

//Ricardo Ricci 33


// Seu Dinheiro

Depoimento

DIFERENTE

sobre as cidades

O Participante Carlos Gomes poderia dar uma aula sobre passeios interessantes e baratos. Acostumado a vivenciar novos passeios a cada dia, ele dividiu com a Conexão Fachesf o eterno redescobrir do Recife, cidade onde mora com a família.

“Reflito bastante sobre a importância de percebermos o outro e o espaço em que vivem. As pessoas cada vez mais frequentam ambientes artificiais sem se dar conta disso. Um shopping center, por exemplo, tem sua utilidade, mas não é a única possibilidade de diversão urbana, como muitos acreditam. Quando saio com meu filho, aproveitamos para sentir como a nossa cidade se organiza e como os indivíduos se utilizam dela. Quando alguém valoriza um passeio bacana somente por seus custos, sinto que a referência do que realmente importa se perdeu em algum lugar. É um sinal claro do envolvimento no pleno consumo. Todo mundo trabalha tanto, vive sempre com a corda no pescoço com relação à disponibilidade de tempo, que fica mais prático fazer aquilo que alguém já disse que é bom. Ou seja, visitar o que todo mundo visita, ir aonde todos vão, procurar aquilo que já tem uma marca. Sei que buscar novos ambientes e possibilidades de passeios dá trabalho, mas nos força a sair da comodidade. E as possibilidades são tantas! Andar por áreas públicas, ambientes comuns, como os grandes centros urbanos, é sempre algo inspirador, que encanta a criançada, porém muitos pais não o fazem porque alguém disse que é feio, perigoso ou ruim. Lá em casa, exercitamos a prática de conhecer com nossos próprios olhos. São passeios surpreendentes e baratíssimos que você só percebe que existem quando muda os próprios conceitos. Vejo muita gente que, por falta de dinheiro, cruza os braços e prefere não fazer nada. Nessas horas, penso: saiam de casa, passeiem, encontrem diferentes possibilidades.

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Foto | Arquivo Chesf

Um olhar

“Sei que buscar novos ambientes e possibilidades de passeios dá trabalho, mas nos força a sair da comodidade.

// Carlos Gomes

Trabalho na Chesf, que é um exemplo de ambiente seguro e protegido, no qual as pessoas tendem a ficar numa espécie de redoma. Tento viver de outra forma. Acredito que optar por passeios baratos, seja sozinho ou em família, significa ocupar as cidades, ir aos parques, conversar com as pessoas que circulam, ver como as coisas funcionam. É assim que encontramos ambientes menos artificiais e relações mais verdadeiras.” Carlos Gomes Participante da Fachesf


// Seu Dinheiro

Pés no

CHÃO

“Era um domingo nublado, mas de temperatura agradável. Meu marido, meu filho de seis anos e eu saímos para uma volta no bairro atrás da quadra pública. Na minha cabeça, tinha a ideia de viver na prática o tema desta reportagem, de buscar o lazer da simplicidade, aquele pelo qual não se paga, para o qual não é preciso glamour ou uso de roupas bonitas. Chão de areia escura, telas um tanto detonadas, algum verde por perto. Assim é quadra das nossas redondezas, na região Noroeste da cidade de São Paulo. Ali tiramos os calçados para jogar nosso futebol improvisado (pés descalços são sempre melhores, em minha opinião). Saiu um gol, saíram

dois gols. Oba! Aí veio uma corridinha para queimar algumas calorias, uma roda no chão para conversar e deixar a vida passar, um tempo para o pequeno rabiscar seus desenhos com um galho na areia. Outras crianças apareceram por ali e também queriam brincar. Sim, vamos catar a bola no gol! Quase uma hora depois, um vento começou a anunciar a chegada da chuva e mandou a gente de volta para casa. Fomos correndo, sapatos nas mãos, porque a chuva já vinha! Era perto de casa. Folha de árvore caindo na cabeça. Que delícia. E volto a sentir o que já sabia: que o simples e o gratuito também são belos e podem nos fazer felizes.”

Isaura Daniel Jornalista

Nestes endereços, há indicação de atividades gratuitas em cidades brasileiras. Se não houver um canal específico para programação sem custo, digite “gratuito” na busca do portal.

www.guiadasemana.com.br www.catracalivre.com.br www.obaoba.com.br

Vídeo: Participantes dão dicas de lazer barato. Baixe o aplicativo da Conexão Fachesf (IOS/Android).

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// Seu Dinheiro

Para pagar pouco ou

NADA

Que tal inventar um pouco na hora do lazer? Veja a seguir algumas dicas de atividades gratuitas ou de baixo custo que podem ser feitas em qualquer região do Brasil.

1. Piquenique no parque

Escolha um parque nas redondezas, convide os amigos e combine o que cada um pode levar. Basta estender o pano no gramado e curtir alguns momentos de lazer e comilança. Se o local permitir, por que não levar o radinho ou a viola e improvisar uma roda de música?

2. Festa dos chefs

E se cada um cozinhasse sua especialidade culinária para uma noite de degustação entre amigos? É só marcar na casa de quem será o jantar ou almoço. Comida dividida é mais gostosa.

3. Shows ao ar livre

Cantores famosos também fazem shows gratuitos, normalmente patrocinados por grandes empresas, em parques e espaços públicos. Fique atento às divulgações e não tenha preconceito por não haver venda de ingressos.

4. Brincar sem compromissos

Faça tendas com lençóis, crie uma trilha com pedrinhas para uma competição de carrinhos, deixe as crianças soltar a imaginação com tintas e pinceis. Não precisa ter regras ou brinquedos caros. Basta inventar uma diversão e relaxar. 36

5. Mostras de cinema

Fique atento aos anúncios das mostras de cinema, principalmente as menos famosas. A maioria é gratuita ou custa preços simbólicos, menores que os dos cinemas, e exibe preciosidades. Focadas em determinados países ou temas, há muito a desfrutar nelas.


7. Teatros públicos

6. Discoteca em casa

Quer dançar sem pagar ingresso? Reúna um grupo de amigos, escolham juntos a trilha sonora do gosto de todos e pronto: já é uma balada. Para não ter problema com vizinhos e barulho, faça antes das 22h ou promova uma matinê. Cada um traz a sua bebida.

Teatros públicos normalmente trazem peças teatrais a baixo custo, algumas gratuitas. Não é regra. É preciso pesquisar em cada estabelecimento.

10. Leitura gratuita 8. Caminhada fotográfica Quase todo mundo tem câmera fotográfica ou celular com câmera. Reúna alguns amigos e defina um tema ou local para fotografar pela cidade ou campo. É divertido. Uma outra opção é ir de bicicleta.

Sempre há uma biblioteca pública por perto. E mesmo nas livrarias privadas, é possível sentar e folhear livros e revistas sem pagar nada. Uma boa sugestão é levar as crianças e promover uma divertida sessão de contação de histórias.

9. Visitas aos centros históricos

Que cidade não tem pelos menos um cantinho histórico? Mesmo que você já tenha ido até lá, vale voltar para relembrar e procurar novos detalhes na arquitetura, nos monumentos, nos museus, caso sejam gratuitos.

11. Esporte de várzea

Quem não tem uma quadra pública, a do condomínio ou um pedaço do chão desocupado por perto? Tendo uma bola e companhia, está feito o programa. Dá para jogar vôlei, futebol, basquete, handebol, queimado ou o que quiser.

12. Viagem ao interior

Levantar cedo, chamar alguns amigos para dividir a gasolina e fazer um bate e volta de carro a uma cidade charmosa do interior pode ser um passeio diferente. Na cidade visitada, a sugestão é caminhar pelas ruas, conhecer os locais verdes e públicos. Sim, terá algum custo, mas bem menor que um final de semana em um hotel.

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// Seu Dinheiro

Por um ano novo mais leve Estamos chegando ao final de mais um ano, período que se mostra ideal para uma boa reflexão sobre nossas ações e realizações, inclusive na relação com o dinheiro. Como está nosso poder de organização das finanças? Conseguimos equilibrar receitas e despesas? Adotamos práticas sustentáveis de consumo? Estamos mantendo nossas aplicações mensais? Nosso padrão social está coerente com o que podemos? É fundamental que façamos uma autocrítica para recebermos o próximo ano com as promessas em dia, em vez de acrescentarmos desejos aos muitos que já serão incorporados em 2015. Independentemente do ritual festivo que ocorre em dezembro, não podemos esquecer que os dois últimos meses do ano, assim como os três primeiros meses do ano seguinte, trazem custos extras, que têm ficado cada vez mais caros. Esse é, portanto, um bom momento para ajustar algumas questões sobre finanças pessoais. Vamos lá? Primeiramente devemos revisitar nosso orçamento anual e verificar se receitas e despesas estão com os valores atualizados, e se estamos realizando os investimentos programados. Nessa etapa, devemos já incluir as despesas que virão com o raiar do novo ano, tais como IPTU, IPVA, matrícula escolar, fardamento e livros. A partir dessa avaliação, poderemos nos dedicar a outros importantes pontos:

durante e depois das comemorações. Momentos simples e verdadeiros também propiciam satisfação e alegria. Use a criatividade e elabore uma despedida de 2014 à altura das suas condições financeiras e nunca acima do que pode. 4. Não se engane: se as dívidas estão sendo pagas com o auxílio do cheque-especial ou renovação de empréstimos, o orçamento da família está em crise. Algo precisa ser feito para sair desse ciclo vicioso. Não se culpe por não proporcionar festividades ou presentes; quem ama de verdade ficafeliz em saber que a prioridade está em cuidar da sustentabilidade financeira do lar. 5. Troque o status pelo conceito e mobilize parentes e amigos a elaborar mimos artesanais ou belas mensagens como lembranças de fim de ano. O amor está na atitude e não no que o dinheiro compra. 6. E agora, o mais importante: antes de acabar o ano, faça uma avaliação da administração financeira da família e estabeleça as ações necessárias para o alcance dos resultados desejados. Assim, será mais fácil entrar em 2015 com mais leveza e menos dificuldades financeiras.

1. A compra de um novo bem, seja para a família ou uso pessoal, somente deve ser efetuada se houver condições reais para tanto. Não há lei que nos obrigue a renovar tudo o que temos ao final de cada ano. Tente fugir dos empréstimos e do imediatismo. Formar uma poupança ou contratar um consórcio são alternativas interessantes. 2. O 13ºsalário deve ser priorizado para trazer melhores condições financeiras, seja para um investimento ou quitação de uma dívida com boa oportunidade de negociação. 3. O luxo da festa de final de ano está diretamente relacionado à tranquilidade da família vivenciada

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Elizabete Silva é Gerente Econômico-financeira da Fachesf.


// Foco no Participante

Sustentabilidade que brota do Vale

A aposentadoria precoce, em decorrência de um grave acidente de carro, poderia ter lhe dado uma rasteira na vida. Mas a Participante Maria Bernadete Gonçalves resolveu inverter o jogo. Como se diz na linguagem popular, fez do limão uma limonada e reinventou a si mesma: recuperou-se do trauma sofrido e resolveu usar seu tempo, talento e esforços para transformar a realidade de milhares de pessoas da comunidade do Vale do Rio Gramame, na Paraíba.

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// Foco no Participante

A reviravolta para essa história aconteceu em 2001, quando sofri um acidente de carro e passei longos meses em um difícil processo de recuperação. O episódio resultou em uma aposentadoria precoce: em 2003, aos 47 anos de idade, desliguei-me da Chesf, empresa onde atuei por mais de duas décadas, tendo passado pelas áreas financeira, de segurança e medicina do trabalho, recursos humanos e meio ambiente. No meio daquele turbilhão de acontecimentos, recebi o convite de minha grande amiga Maria dos Anjos Mendes Gomes (Doci) para participar de um projeto social voltado à educação de crianças, adolescentes e seus familiares. Sua ideia era montar uma biblioteca no Vale do Rio Gramame, na capital paraibana, e incentivar o desenvolvimento, por meio da literatura, das cerca de três mil famílias que moravam na região.

Um novo projeto, uma nova vida O convite de Doci fez pulsar forte minha veia de assistente social e resolvi aceitar a proposta. Era chegada a hora de pegar a BR 101 definitivamente. Como já estava aposentada, vendi tudo o que tinha no 40

Fotos | Maria Eduarda Andrade

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esde 1993, tenho uma forte ligação com o Estado da Paraíba. Foi naquele ano que, levada por uma amiga, conheci uma livraria em João Pessoa, a qual logo se tornou um dos meus lugares preferidos. Perdi a conta de quantas vezes saí do Recife, onde morava, e peguei a estrada para participar de cursos, palestras e pequenos seminários promovidos no local. Mal sabia eu que, anos mais tarde, viveria na capital paraibana uma grande experiência pessoal.

// Maria Bernadete Gonçalves

Recife e comprei uma casa em João Pessoa. Era lá que abrigaríamos os tantos sonhos que tínhamos em mente. Apostei numa vida nova e sequer imaginava o quanto aquela decisão ajudaria na minha recuperação física pós-acidente. Em 2004, foi oficialmente aberta a Congregação Holística da Paraíba - Escola Viva Olho do Tempo, uma entidade sem fins lucrativos focada no objetivo de melhorar a qualidade de vida daquela comunidade. Não demorou para eu perceber que, quanto mais ajudava as pessoas, mais ajudava a mim mesma. Doci e eu passamos a formar uma dupla: enquanto eu ficava à frente da parte administrativo-financeira do projeto (ao lado de Raquel Carvalho), ela tomava conta das questões pedagógicas e culturais, seu forte desde sempre. Desde o início, oferecemos na Escola aulas de xadrez, música, leitura e outras atividades para manter as crianças longe da ociosidade, um dos fatores de risco para a entrada no mundo das drogas e outras mazelas sociais. Em paralelo, proporcionamos à comunidade acesso ao conhecimento por meio de cursos do Sebrae e palestras sobre agricultura familiar, e participamos da implantação da Agenda 21 local – um instrumento de planejamento


// Foco no Participante

para a construção de sociedades mais sustentáveis. Sempre tivemos em mente que nossa missão é capacitar as pessoas para a vida.

Resgate da cultura e sustentabilidade Um dos trabalhos que realizamos na Escola desde o princípio e que até hoje se mantém forte é o resgate da identidade do nosso povo, por meio dos festejos populares – como o São João rural, a Caminhada de São José, padroeiro dos agricultores, e outros encontros culturais que não somente potencializam a musicalidade dos moradores, mas os envolvem com questões de sustentabilidade. Entendemos que pensar no meio ambiente é investir de forma sustentável nas pessoas, por isso desenvolvemos também um trabalho de preservação do Rio Gramame, que corta as terras da região. Além da questão cultural, também temos buscado atuar na articulação social entre as famílias. Em 2007, por exemplo, ocorreu um fato histórico: chegaram à comunidade, mais de 1.300 novas famílias, o que causou um forte impacto social e uma série de conflitos com os moradores mais antigos. Na ocasião, atuamos como intermediadoras na reorganização popular, que passou a contar com cerca de 7 mil famílias. Atualmente proporcionamos aulas de música, teatro, circo, leitura, patrimônio material e imaterial, memória e inclusão digital (nossa estação digital existe desde 2005, com cursos ininterruptos de informática básica). Dispomos ainda de uma biblioteca ativa, focada na capacitação por meio da literatura, e lidamos com quase 200 crianças, de segunda a sexta-feira.

Nossa diretoria é formada por seis pessoas em um modelo de gestão compartilhada. Para ministrar os cursos e realizar as capacitações, contamos com os educadores sociais, nossos grandes parceiros, a grande maioria da própria comunidade. Sempre fizemos questão de utilizar a mão de obra local, aproveitar seus talentos e gerar trabalho. Temos compromisso social com as pessoas e com o lugar onde estamos.

"Olhamos pra trás e vemos quanta coisa boa já foi construída para transformar vidas e potencializar as expectativas do amanhã."

Nesses dez anos de atividades, mais de 1.500 meninos e meninas já passaram pela Escola. Apesar das dificuldades, sentimo-nos fortalecidos como grupo, porque olhamos pra trás e vemos quanta coisa boa já foi construída para transformar vidas e potencializar as expectativas do amanhã, sempre por meio do desenvolvimento das consciências social, cultural e ambiental.

O desafio de sobreviver No ano passado, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tivemos a oportunidade de fazer uma exposição sobre a Escola Viva Olho do Tempo. Foi o reconhecimento do nosso empenho no resgate das memórias e saberes dos moradores do Vale do Rio Gramame. O evento foi realizado em João Pessoa, na Casa do Erário, na Praça Rio Branco. Foram três meses de sucesso, com registro de mais de duas mil visitas, o que nos inspirou ainda mais e deu novo fôlego, porque não é fácil manter um projeto como esse por tanto tempo. A burocracia é grande e às vezes cansa. A sustentabilidade financeira é sempre o maior entrave, sobretudo para entidades como a 41


// Foco no Participante

nossa, que são apolíticas, rechaçam o assistencialismo e acreditam no crescimento do ser humano, independentemente do seu local de origem. Não viabilizamos entregas de cestas básicas, por exemplo, por não acharmos que essa é a melhor forma de ajuda. Temos uma proposta diferente, simples, mas igualmente grandiosa. Apostamos na prevenção, na educação, no trabalho com as emoções, na capacitação, na cidadania, no desenvolvimento sustentável e na dedicação incansável para que as crianças se tornem bons adultos. E isso só acontece se elas forem estimuladas. Sabemos que um projeto desse porte é um desafio constante; exige de todos nós paixão e perseverança. Mas os resultados nos trazem imensa gratificação. Ver o sorriso dos pequenos, receber abraços deles, sentir que eles melhoram a

"Sabemos que um projeto desse porte é um desafio constante; exige de todos nós paixão e perseverança." cada dia: esses são os estímulos que nos movem. Melhor ainda é acompanhar essas pessoas crescerem, estudarem e ocuparem vagas no mercado de trabalho. Saber que elas têm uma perspectiva diferente é maravilhoso. Tudo isso mudou minha concepção de mundo. Na Chesf, passei por diversas áreas, mas foi no Vale do Rio Gramame – um sonho que virou realidade – o lugar onde eu me encontrei de forma definitiva. Aprendi a nunca desistir e continuar com fé. Estou certa de que tudo valeu a pena. Essa Escola é minha vida.

// Bernadete e as crianças da comunidade

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Acesse a versão mobile e assista ao vídeo com o depoimento da Participante Maria Bernadete.


// Fachesf-Saúde

O que mudou na Saúde Suplementar do Brasil O economista Joaquim Medeiros nasceu em 1956. Aos 30 anos, confirmou o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1, patologia de base genética e hereditária, que já havia acometido seu pai e quatro dos oito irmãos – deixando em três deles, graves sequelas, incluindo a amputação de ambas as pernas. Embora o anúncio da doença tenha sido um baque emocional, ele viveu bastante tempo sem grandes sobressaltos em decorrência da diabetes. Até atingir os 44 anos, quando tudo mudou.

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// Fachesf-Saúde

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oi nessa época que Joaquim viu a diabete ocupar sua vida de forma violenta. Acostumado a realizar consultas médicas apenas durante as baterias de exames periódicos promovidos pelo órgão público no qual trabalhava, de repente o economista mergulhou em um cotidiano cercado por clínicas, hospitais, procedimentos cirúrgicos, fisioterapias e próteses. Logo vieram as amputações e as incertezas da linha tênue que separa a vida da morte. Joaquim Medeiros faleceu no ano passado, depois de uma luta que durou 13 anos de intermináveis peregrinações médicas e que poderia ter levado à falência toda a sua família, não fosse o suporte total e irrestrito do seu plano de saúde de autogestão, garantido pela Lei 9.656/98, promulgada no final da década de 1990. Numa época em que os planos ditavam seus próprios critérios – a exemplo da quantidade de dias autorizados na UTI ou internamento –, a chegada da chamada Lei dos Planos de Saúde funcionou como um impactante divisor de águas no serviço prestado no Brasil, pois estabeleceu, dentre outros fatores, padrões mínimos obrigatórios de cobertura hospitalar. Mas se por um lado a norma beneficiou os usuários dos planos, por outro, foi a responsável por traçar um caminho sem volta nos estratosféricos custos da saúde suplementar do país.

Mais cobranças para operadoras Com a Lei 9.656/98 em pleno vigor, as operadoras tiveram que aumentar suas coberturas hospitalares e 44

arcar com todos os gastos de internamento, que vão muito além das diárias dos hospitais: itens como medicamentos, descartáveis e gases medicinais começaram a pesar nessa balança; detalhes que poderiam passar despercebidos pelos usuários, para a saúde financeira dos planos tornaram-se algozes diários. Aparentemente inocentes, os descartáveis, por exemplo, correspondem a um dos maiores gastos de um paciente no hospital. Isso porque os valores cobrados pelos materiais são determinados pelos próprios fornecedores (e negociados com as operadoras) em livros que eles próprios editam e apresentam ao mercado a cada ano. Somam-se a esse cenário as mudanças trazidas com o avanço a passos largos da tecnologia, que faz as vezes de vilã e mocinha numa mesma novela: “Assim como permitiram a criação de novas máquinas, procedimentos e drogas mais eficientes, capazes de salvar vidas, as inovações tecnológicas também abriram as portas para o surgimento de um sem-fim de aparatos que nem sempre trazem benefícios reais aos pacientes e têm custos muito fora da realidade brasileira”, explica Reginaldo Novaes, superintendente da Regional Pernambuco da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas). Para as operadoras de saúde, manter-se em sintonia com os progressos da tecnologia também custa caro. No caso dos planos de autogestão, que não têm fins lucrativos, como o FachesfSaúde, a conta final pesa no bolso de todos os usuários, uma vez que a modalidade funciona em


// Fachesf-Saúde

A " s inovações tecnológicas também abriram as portas para o surgimento de um sem-fim de aparatos que nem sempre trazem benefícios reais aos pacientes e têm custos muito fora da realidade." // Reginaldo Novaes

regime semelhante ao de um condomínio, em que o custo de todos é rateado entre todos.

Custos em crescimento Em 1986, quando o personagem Joaquim Medeiros, que abriu esta matéria, recebeu seu diagnóstico, ainda não se falava em cirurgias por vídeo, procedimentos de hemodinâmica para problemas vasculares ou lente intraocular utilizada no tratamento de catarata. Os anos, porém, trouxeram as novidades da medicina e ele pôde usufruir desse progresso, o que lhe garantiu uma sobrevida com muito mais qualidade. No entanto, cada intervenção custeada pelo plano, cada moeda investida em tecnologia foi paga não somente por ele, mas por todos os

outros usuários do seu plano. A ciência e a medicina oferecem novas alternativas a cada minuto; o limite da criação é a inteligência humana, e os benefícios disso para a sociedade são incontestáveis. Mas não se pode esquecer que os custos envolvidos nesse processo correm lado a lado ao desenvolvimento. Outro fator que deve ser levado em consideração nessa discussão diz respeito ao aumento da expectativa de vida e o consequente envelhecimento da população. Quando a Lei dos Planos de Saúde foi decretada, quase 20 anos atrás, essa realidade ainda parecia algo muito distante. Em 2010, o país tinha cerca de 131 milhões de pessoas com idades entre 15 e 65 anos e quase 14 milhões acima dessa faixa etária.

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// Fachesf-Saúde

“Precisamos investir para evitar que os beneficiários de hoje, de 30, 40 e 50 anos de idade, não sejam os doentes de amanhã." // Reginaldo Novaes

Ou seja, cerca de dez vezes mais jovens que idosos. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa diferença deve cair para sete vezes em 2020, e para cinco em 2030. No ano de 2050, espera-se que o Brasil some uma população de 138 milhões de pessoas entre 15 e 65 anos e quase 50 milhões acima dos 65. Para as operadoras de saúde, esse cenário representa uma bola de neve: quanto mais idosos, maior o uso dos planos de saúde e maior também o total dos custos envolvidos. No final, a conta pesa no bolso de todos que dependem desse tipo de serviço.

A luz no fim do túnel Quando se olha para o futuro, com projeções de uma população idosa crescente e recursos tecnológicos cada vez mais avançados, que decisões os planos de saúde devem tomar para garantir sua perenidade? Segundo Reginaldo Novaes, da Unidas, o sistema de autogestão tem apontado alguns caminhos interessantes não somente para a saúde suplementar, mas para a saúde pública de maneira geral. “Pelo fato de administrarem uma massa de usuários formada por 20% de pessoas acima dos 60 anos, os planos de autogestão conhecem a fundo um perfil com o qual o Brasil só vai conviver daqui a 20 anos e já estão buscando alternativas nesse sentido”, esclarece.

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Um dos principais pilares que vem norteando o trabalho desse segmento está focado na realização de ações de prevenção à saúde. “Precisamos investir para evitar que os beneficiários de hoje, de 30, 40 e 50 anos de idade, não sejam os doentes de amanhã. Estudos epidemiológicos e exames periódicos são algumas das iniciativas que podem identificar, por exemplo, potenciais diabéticos, cardíacos e hipertensos. Sem dúvida, essa é a luz no fim do túnel para o mercado da saúde manter as contas no azul”, defende Reginaldo Novaes. A gerente de Regulação da Fachesf, Wanessa Cysneiros, endossa o pensamento: “No caso do FachesfSaúde, cerca de 40% da população tem mais de 60 anos e é responsável por 72,73% dos custos dos planos. Investir na medicina preventiva desses 60% restantes é o melhor caminho. É bem verdade que existem patologias inerentes à idade, mas muitas outras podem ser evitadas se o foco estiver na saúde, e não na doença”. Na Fundação, iniciativas nessa linha de pensamento já têm sido desenvolvidas, a exemplo do Programa De Bem com a Vida – que acompanha pacientes diagnosticados com diabetes e hipertensão – e do Estudo Epidemiológico lançado recentemente, cuja análise dos dados tornará possível traçar o perfil dos usuários dos planos. De posse dessas informações, a Fachesf poderá desenvolver ações preventivas ainda mais específicas, que promovam a saúde dos beneficiários e seus familiares e, consequentemente, dos planos. No final, todos serão favorecidos.


// Fachesf-Saúde

Dois momentos que desafiam as operadoras de planos de saúde 1. A judicialização Quando possui alguma solicitação negada – casos de exames ou compras de próteses e medicamentos, por exemplo –, alguns usuários de planos de saúde têm optado por tomar o caminho mais curto da judicialização, sem antes tentar entrar em acordo com a operadora. Em muitas dessas situações, sem uma orientação adequada ou conhecimento dos regulamentos do seu plano, o beneficiário enfrenta processos burocráticos que também terminam em negativas, desgastes e perda de tempo. O superintendente de Saúde da Fachesf, Geraldo von Sohsten, alerta para os riscos que essa prática pode trazer para ambos os lados, usuários e operadoras, e explica que as solicitações negadas têm sempre respaldo na lei: “Seja por que o procedimento (ou medicamento) é desnecessário e não trará qualquer benefício ao paciente, ou mesmo porque ainda não foi legalmente aceito pela Agência Nacional de Saúde e pode comprometer a saúde do usuário, tudo tem uma razão concreta. É preciso que os beneficiários conheçam a fundo os regulamentos dos planos e nos procurem para esclarecer quaisquer dúvidas”. Ao ter um pedido negado, o usuário deve entrar em contato com a Superintendência de Saúde da Fundação e ouvir as razões alegadas. Caso ainda não haja concordância, o Participante pode acionar a Ouvidoria de Saúde da Fachesf, órgão criado especialmente para fins como esse. Por ser do tipo autogestão, sem fins lucrativos, o Fachesf-Saúde tem como objetivo contribuir para o bem-estar dos beneficiários e, ao mesmo tempo, zelar pelo equilíbrio financeiro dos planos. “Se a demanda, de fato, trouxer benefício evidente ao paciente

"É preciso que os beneficiários conheçam a fundo os regulamentos dos planos e nos procurem para esclarecer quaisquer dúvidas.”

// Geraldo von Sohsten

e estiver regulada pela ANS, será aprovada. Nos casos de causas ganhas ao usuário, ele pode até achar que foi beneficiado de imediato, mas em longo prazo, perceberá que não foi tão favorável assim, uma vez que os custos do procedimento serão arcados não somente por ele, mas por todos os outros usuários, mais adiante”, comenta Geraldo von Sohsten.

2. O descredenciamento Uma questão que vem sendo muito discutida entre os usuários dos planos de saúde de todo o Brasil é o crescente número de descredenciamentos médicos. Uma das explicações para esse fato está no aumento da procura por plantões de urgência e emergência e proporcional diminuição dos atendimentos realizados nos consultórios. Com menos pacientes na sala de espera, como manter os custos do consultório e oferecer um atendimento de qualidade? Aumentando os custos por consulta. Porém, como conciliar esses custos com a tabela de preços praticada pelos planos?

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// Fachesf-Saúde

// Wanessa Cysneiros e Geraldo von Sohsten

Segundo Wanessa Cysneiros, gerente de Regulação da Fachesf, essa equação tem levado médicos e clínicas a se descredenciar dos planos e cobrar consultas particulares, de valor bem mais alto. “O Fachesf-Saúde opera com uma das melhores tabelas de mercado. Quando os prestadores se descredenciam do nosso plano, é porque já o fizeram com todos os outros. Mas ainda assim, conseguimos manter uma das melhores redes do país, com cerca de três mil credenciados”, afirma. Para Reginaldo Novaes, superintendente da Regional Pernambuco da Unidas, essa situação é ainda mais complicada para algumas especialidades médicas. “Pediatria é uma delas. Como a remuneração é pequena, a tendência crescente é mesmo o descredenciamento dos planos ou, em último caso, o fechamento de consultórios”, comenta. Outro exemplo

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"O Fachesf-Saúde opera com uma das melhores tabelas de mercado."

// Wanessa Cysneiros

de área que vem enfrentando esse problema é a de citologia e colposcopia. Só no Recife (PE), cerca de 20 consultórios dessa especialidade fecharam as portas nos últimos anos. É preciso ressaltar, entretanto, que o descredenciamento em massa não é um fenômeno que diz respeito apenas ao Fachesf-Saúde ou ao Nordeste do Brasil. É uma realidade nacional e que precisa ser discutida entre a sociedade, as operadoras de saúde e os órgãos fiscalizadores.


// Fachesf-Saúde

Onde está o médico da família? O perfil da sociedade brasileira mudou. Nas últimas décadas, o tempo ficou mais curto e as atividades, mais intensas. Homens e mulheres passaram a trabalhar em ritmo acelerado, equilibrando-se num ininterrupto jogo de cintura entre o cotidiano laboral, os afazeres domésticos, os filhos e o trânsito. Essa transformação cultural, que tirou costumes e hábitos do lugar, também afetou diretamente o mercado da saúde suplementar no Brasil. Do alto de uma vida mais corrida e menos humanizada, as condições de saúde passaram a ser tratadas quase sempre às pressas. Em vez de marcar uma consulta com o antigo médico da família, que tão bem conhecia o histórico do paciente, tornou-se comum ir às urgências e emergências dos grandes hospitais em busca da cura imediata, do alívio para a dor, a tosse, a febre. No lugar das consultas regulares, a solução rápida somente para quando o problema vier. Essa nova realidade não apenas desvirtuou o real sentido do atendimento de urgência – tirando o foco da cura das doenças (e não dos sintomas) –, como contribuiu para inchar as contas de um sistema já sobrecarregado. O médico Geraldo von Sohsten, superintendente de Saúde da Fachesf, lamenta a ausência da figura do médico da família e as novas práticas da medicina moderna. “Infelizmente, a figura desse profissional é rara nos dias atuais. Há 40 anos, a maioria dos diagnósticos era dada com base em exames clínicos, histórico familiar e evolução da doença. Hoje pouco se escuta o paciente, seu passado. Muitas vezes, o médico não chega sequer a tocar no doente, e solicita diversos exames que poderiam ser evitados. Com isso, cai a qualidade do atendimento e sobem os custos da medicina”, desabafa.

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// Fachesf-Saúde

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Cuidado e atenção para os idosos Nos últimos anos, um dos temas que mais tem sido veiculado na mídia é o do aumento da expectativa de vida da população. Esse crescimento repercute diretamente em uma nova realidade: a necessidade de preparação da sociedade para cuidar dos idosos no que concerne a hábitos e atitudes. Isso porque essas pessoas – que passaram a vida suprindo suas famílias, agora precisam da cooperação dos mais jovens para realizar atividades diárias. Mas numa sociedade agitada, em que cada um se vê imerso em seus próprios afazeres, como lidar com essa questão? Corremos o dia todo de um lado para o outro, entre atribuições e compromissos. Onde encontrar espaço nessa rotina para auxiliar um ente querido que precisa ir ao médico acompanhado porque já não tem mais as mesmas habilidades da juventude? Como deixá-lo em casa sozinho, se ele já não tem mais autonomia para atividades simples de higiene, alimentação e lazer? E o que fazer quando, nas piores das circunstâncias, o idoso é acometido de uma doença que não lhe permite mais sair da cama? É nesse instante que aparece o profissional que chamamos de cuidador.

beneficiários do Fachesf-Saúde com o objetivo de melhorar sua qualidade de vida, mediante recuperação no ambiente familiar, pós-período de internação hospitalar – é exigida da família a presença de um cuidador. Ou seja, um parente (ou alguém contratado) que será capacitado pelos técnicos de enfermagem, durante o atendimento domiciliar, para realizar tarefas básicas de assistência à saúde. É importante esclarecer que atividades mais complexas, como administração de medicamentos injetáveis e realização de curativos de maior porte, são de responsabilidade exclusiva dos profissionais de saúde, não do cuidador. Em seu Programa, a Fachesf tem buscado valorizar a presença de cuidadores no sucesso do tratamento dos beneficiários, bem como despertar a atenção da família para sua corresponsabilidade em atuar, ao lado do plano de saúde, na plena recuperação do paciente idoso. Essa união faz toda a diferença para a qualidade de vida de quem carrega uma farta bagagem de momentos, experiências e lembranças.

Cuidador é uma espécie de fiel escudeiro. Ele acompanha o idoso em consultas médicas e sessões de terapias, e dá suporte nos momentos de banho, alimentação, administração de medicamentos orais e mudança de decúbito (troca de posições no leito). Não há exigência de qualquer formação profissional para se tornar um cuidador (apesar da existência de diversos cursos específicos); basta entender que cuidar é prestar o cuidado de forma individualizada, respeitar as particularidades e necessidades do outro. E isso não se restringe à proteção ao corpo, pois além do sofrimento físico decorrente de uma doença, é preciso levar em conta as questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e as emoções da pessoa a ser cuidada. Para que um beneficiário integre o Programa de Atenção Domiciliar da Fachesf – que assiste aos

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Wanessa Cysneiros é Gerente de Regulação da Fachesf.


// Mundo Animal

Eles também são vítimas

Entenda por que, nas últimas décadas, aumentaram os casos de ataques de tubarões na costa do litoral pernambucano. 51


// Mundo Animal

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ram meados da década de 1970, quando um animal marinho assombrou o mundo. Branco, mordaz, faminto e extremamente agressivo, o tubarão ganhou as telas do cinema pelas lentes do cineasta Steven Spielberg. O filme norte-americano de suspense Tubarão, baseado em romance homônimo de Peter Benchley, levou um público de quase 250 milhões de pessoas aos cinemas, sendo 13 milhões somente no Brasil, e se tornou um dos mais vistos de todos os tempos. Em Pernambuco, desde 1992, o que era imaginário cinematográfico, entretanto, ganhou as cores de vida real. Nesse ano, foi registrado o primeiro ataque de tubarão contra humanos na praia de Boa Viagem, no Recife. Desde então, foram 59 ocorrências oficialmente registradas: dos 31 surfistas atacados, quatro morreram. Entre os banhistas, dos 28 casos, pelo menos 20 foram a óbito – incluindo a paulista Bruna Gobbi, a primeira mulher a constar no sinistro ranking dos mortos, em julho de 2013. Atualmente o Estado é o de maior incidência de ataques no Brasil. Outros países do mundo com históricos de casos são Estados Unidos (Flórida e Califórnia), África do Sul e Austrália. Desde o início dos episódios, profissionais do Estado de Pernambuco passaram a estudar formas de evitar as investidas dos animais. Em 2004, foi criado o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), vinculado à Secretaria de Defesa Social do Governo do Estado, para controlar o problema. Em julho deste ano, o órgão apresentou a proposta do decreto-lei nº 40.923, que instituiu áreas de interdição para a prática de surf,

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body boarding, esportes aquáticos de mergulho, natação, atividades náuticas e aquáticas similares, na faixa litorânea que vai de Olinda ao município de Cabo de Santo Agostinho. Segundo a presidente do Cemit e professora do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rosângela Lessa, a lei, apesar de ter sido assim interpretada, não proíbe o banho de mar nas áreas consideradas perigosas, porém torna mais fácil a tarefa de prevenção desenvolvida pelos guarda-vidas; ou seja, quem estiver se expondo a riscos desnecessários pode ser retirado da água e autuado. O decreto anterior, de maio de 1999, era vago pois permitia que as pessoas desobedientes às orientações dos bombeiros não fossem obrigadas a tomar posturas mais seguras. Dessa forma, expunham-se a perigos e não obedeciam aos guarda-vidas, que nada podiam fazer. “Agora esses profissionais passaram a ter respaldo legal para retirar das situações de risco quem estiver se expondo desnecessariamente. Estamos satisfeitos em poder contar com mais um instrumento legal que trará maior eficiência”, explica Rosângela Lessa.

Vítimas do desenvolvimento? Adotadas as medidas legais e efetivas para que as consequências da chegada dos tubarões à orla pernambucana não causem mais tragédias, restam as perguntas: o que causa essa aproximação? O que procuram os animais? Espe-


// Mundo Animal

cialistas consideram que o principal motivo tenha sido a construção do Complexo Industrial Portuário de Suape, ao sul do Recife, apontado como uma das principais locomotivas do desenvolvimento socioeconômico de Pernambuco.

"É necessário desenvolver iniciativas para a recuperação do ecossistema marinho e manter o esforço de vigilância e fiscalização".

Inaugurado na década de 1980 e com funcionamento, a pleno vapor, a partir dos anos 1990, o Porto teria alterado o ecossistema da área, causando a aproximação dos tubarões à costa, uma vez que foi nesse período que começaram a explodir os ataques de tubarões dos animais. O professor graduado em Engenharia de Pesca pela (UFRPE) Fábio Hazin, tido como referência em pesquisa com tubarões, defende essa teoria e afirma que os animais passaram a chegar mais perto em razão do impacto ecológico e da intensificação do tráfego marítimo resultantes do Porto, associados à prevalência das correntes marinhas do Sul para o Norte. “Ao chegar aqui, eles acabam por confundir o ser humano com uma presa regular do seu hábito alimentar. Não há como impedir, portanto, que continuem se aproximando”, explica. Rosângela Lessa complementa a tese, afirmando que tubarões estão em todos os mares e oceanos do mundo e que a falta deles seria muito preocupante. “A presença desses animais indica um ambiente saudável. É uma visão errada pensar que estão onde não deveriam. Os episódios com humanos não geram nenhuma medida de evitar a presença dos bichos, afinal, são eles os donos da casa”, analisa. Ela prefere, inclusive, utilizar a palavra incidente em vez de ataque, uma vez que os tubarões não atacariam

// Fábio Hazin

apenas por motivo de fome mas porque as pessoas cruzam seu caminho. Simples assim.

Medidas de proteção Visto ser inevitável a chegada dos animais à orla – seja devido a fenômenos econômicos, naturais (correntes marinhas e a existência de um canal profundo próximo à costa) ou antrópicos (tráfego marítimo) – o que poderia ser feito para amenizar a tensão dessa tumultuada convivência?

Para Fábio Hazin, a saída está em educar a população para tomar precauções necessárias e, assim, poderem usufruir do mar em segurança. Além disso, os tubarões devem ser monitorados (marcados), removidos das áreas de risco e encaminhados para alto-mar. “É necessário desenvolver iniciativas para a recuperação do ecossistema marinho e manter o esforço de vigilância e fiscalização”, afirma. Tais ações devem ser desenvolvidas pelo Cemit, sob coordenação do Instituto Oceanário, Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), UFRPE e Corpo de Bombeiros. Alguns pesquisadores defendem ainda a proposta de telas de proteção. Sobre esse assunto, Rosângela é enfática: “Isso não resolveria o problema no Recife. Telas são caríssimas e causam grande mortalidade de tubarões e outros grupos de animais, a exemplo do que tem ocorrido na Austrália, onde mamíferos marinhos estão em situação de grave ameaça. Temos grande preocupação com o equilíbrio ambiental e queremos a conservação da nossa fauna, incluindo tubarões, tartarugas e outros peixes ósseos”, justifica. 53


// Mundo Animal

Reis dos mares As três espécies de tubarões mais perigosas do mundo são o branco, o tigre e o cabeça-chata. No Brasil, nunca houve registro de ataques por tubarões brancos (Carcharodon carcharias). Conheça a seguir um pouco mais sobre os dois últimos, que habitam as águas da Região Metropolitana do Recife, de acordo com informações de Elizabeth Cavalcanti, responsável pelo Núcleo de Educação Ambiental do Laboratório de Oceanografia Pesqueira da UFRPE.

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TUBARÃO TIGRE Galeocerdo cuvier

TUBARÃO CABEÇA-CHATA Carcharhinus leucas

Características Pode viver em mar aberto e descer a profundidades em torno de 140m, mas prefere regiões costeiras e águas turvas, próximas a portos e estuários. Seu comprimento médio é de 3m e atinge no máximo 6m. Tem esse nome pelo fato de possuir manchas em seu corpo.

Características Costuma viver em águas raras dos litorais com cerca de 30m de profundidade (podendo variar de 3m a 150m) e possuem comprimento máximo de 3,5m.

Normalmente solitário, pode ser visto em pequenas agregações, se houver oferta de comida. É bastante agressivo.

É geralmente solitário e lento, e de comportamento bastante agressivo.

Hábitos alimentares Alimenta-se de peixes, mamíferos, tartarugas marinhas, aves marinhas e pequenos tubarões.

Hábitos alimentares Possui uma alimentação bastante variada: peixes, caranguejos, camarão, ouriço do mar, aves marinhas, tartarugas marinhas e até mesmo outros tubarões, inclusive da mesma espécie.

Curiosidades É conhecido como lixeiro do mar, pois é comum encontrar em seu conteúdo itens como tampas de garrafa, sacos plásticos e pequenas latas.

Curiosidades Único tubarão capaz de viver tanto em água doce como salgada. Já foi encontrado nos rios Mississipi (EUA), Zambezi (África do Sul) e Amazonas.


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Sob as luzes do picadeiro

Hoje tem marmelada? Tem, sim senhor! Quem nunca ouviu essa famosa frase minutos antes de um espetáculo de circo começar? Quem nunca, ao se encontrar sob o teto colorido de lona, deixou-se levar a um universo mágico? É assim o mundo circense, onde a tristeza não tem lugar e os sorrisos e gargalhadas da plateia são o melhor pagamento para qualquer artista no picadeiro. 55


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N

ão se sabe, de fato, como a história do circo começou; registros do início da arte circense na terra estão espalhados em vários lugares do mundo, como as cidades antigas da Grécia, Itália, China, Índia e Américas. Uma coisa, porém, é certa: da antiguidade aos dias atuais, o circo nunca perdeu o posto de um dos melhores e mais recomendáveis programas em família, sem limites de idade, gênero ou religião. Para o espetáculo acontecer, malabaristas, acrobatas, contorcionistas, equilibristas, mágicos, palhaços e tantas outras figuras inusitadas enchem o picadeiro de cores e alegria. Ao longo dos anos, essa estrutura original ganhou diferentes formas e abriu espaço para o surgimento de espetáculos cada vez mais modernos, a exemplo do renomado Cirque du Soleil.

// Dom Gentileza 56

cional, só mesmo a paixão pelos aplausos que vêm da plateia a cada número realizado no palco. Nos bastidores de uma companhia, entre os integrantes de uma trupe, a convivência reflete a realidade de qualquer família: brincadeiras (e brigas) entre irmãos, fofocas entre tias, o tio ranzinza e carrancudo que sempre tem algo a reclamar, o avô patriarca cheio de conselhos de hora certa. E além de tudo isso, a fraternidade de quem vive e trabalha junto, e passa por altos e baixos sempre no mesmo barco.

Dom Gentileza, Alakazam e Índia Morena

Entretanto, apesar das dificuldades que as trupes de menor porte têm enfrentado para sobreviver a essas mudanças, a velha arte milenar não parece estar perto de entrar em extinção: debaixo das tendas, por trás das lonas, há incontáveis grupos de famílias e amigos que trabalham para manter viva não somente uma tradição de berço, mas a própria magia do circo.

Presentes no Brasil desde meados do século XIX – trazidos por grupos de artistas europeus –, os picadeiros logo ganharam força e se consolidaram no país. Durante a década de 1950, o circo era considerado a maior indústria de entretenimento nacional – além dos espetáculos, reunia atrações paralelas, como parque de diversões, peças de teatro e até mesmo shows de orquestras sinfônicas.

São incontáveis as companhias circenses que percorrem o Brasil, levando sorrisos como meio de garantir a própria vida. E a realidade por trás das cortinas nem sempre é fácil. Ao contrário do que muitos imaginam, as trupes não recebem incentivos econômicos do governo. O que garante a realização dos espetáculos – e o pagamento dos salários dos artistas – é a renda arrecadada na bilheteria. Para dar conta desse tipo de emprego nada conven-

No Nordeste, a arte circense sempre exerceu grande influência sobre a população. Rafael Barreiros, um dos responsáveis pelo Circo da Trindade (originário do Recife/ PE), acredita que esse universo, desde seu início, marcou o imaginário do povo nordestino. Nascido em São Paulo mas residente da capital pernambucana há vários anos, ele conta que começou sua vida no circo em 2000. Também conhecido como Dom Gentileza, é o que se pode chamar de "artista


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de mão cheia": além de palhaço, é malabarista, equilibrista, monociclista, diretor cénico e atualmente está estudando para ser mágico. Quando não está sob as lonas, arrancando gargalhadas e admiração do público, Rafael Barreiros coordena duas companhias circenses diferentes, uma no Recife, outra em Aracaju (SE). Em paralelo, trabalha com um projeto de humanização que leva palhaços a hospitais públicos. Para ele, o público do Nordeste tem uma grande receptividade pelo circo. “As pessoas respeitam, acolhem, deixam a magia ilustrar seus pensamentos", comenta. Apesar de o Estado já ter recebido nomes de peso, como Tihany e Cirque du Soleil, Barreiros cita o Alakazam, que existe há mais de 60 anos, como um dos grupos mais marcantes na história de Pernambuco. Na estrada desde 1974, o Circo Mágico Alakazan é figura presente na infância de muitos nordestinos. Natural da cidade de Surubim, Wilson Ribeiro, criador da companhia, tinha apenas 10 anos quando caiu na estrada e resolveu dedicar sua vida à arte circense. Daquela época até hoje, passou por tantas trupes diferentes que sequer lembra quantas foram. Mas algumas deixaram registros importantes em sua trajetória, como o Circo Rosário, o Circo Garcia, o Gran Mouralves Circo e o Circo Ideal. Sob os holofotes do picadeiro, Wilson aprendeu os segredos do contorcionismo. Nas horas vagas, ajudava nos afazeres do dia a dia, nos bastidores dos espetáculos e na performance dos outros artistas. Em 1954, um grave acidente no giro da morte resultou-lhe em 21 dias de internamento e coste-

// Índia Morena

la, braços e pernas quebrados. A contragosto, teve que abrir mão dos números perigosos e passou a se apresentar como o mágico Alakazam, personagem que dá nome ao circo. Histórias como a de Wilson Ribeiro – ou seria Wilson Alakazan? – entrelaçam-se com a de dona Margarida Pereira de Alcântara, considerada patrimônio vivo do Estado de Pernambuco. Mais conhecida como Índia Morena, dedicou ao circo 55 dos seus 65 anos de vida. Nascida no Recife, ela pisou num palco pela primeira vez em 1952, quando ganhou um concurso para calouros. Desde então, nunca mais se afastou, mesmo contra a vontade da mãe. Durante todos esses anos, Índia Morena passou por mais de 50

A " s pessoas respeitam, acolhem deixam a magia do circo ilustrar seus pensamentos". // Rafael Barreiros

picadeiros diferentes (entre eles, os circos Bertolo, Garcia e o argentino New American Circus). Com as trupes, apresentou-se na Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, realizando números como trapézio voador, escada giratória e arame vertical. Mas foi nos shows de contorcionismo que a artista se consagrou. Atualmente é responsável por liderar o Gran Londres Circo, que reúne cerca de 20 integrantes. 57


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Muda a sociedade, muda o circo Sobre a cena circense do Recife (e Nordeste como um todo), o Dom Gentileza, do Circo da Trindade, afirma que a região passa por um momento de transformação, mas que os obstáculos encontrados no caminho não farão os artistas sucumbir. “O que precisamos, sim, é renovar nosso negócio e encontrar ferramentas para reconstruir o que já conquistamos e achar um novo ritmo. À medida que a sociedade muda, o circo também muda. E assim vamos nos adaptando", comenta. Aparentemente, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas trupes de circo é a chamada especulação imobiliária, que tem tornado árduo o desafio de encontrar um terreno disponível para armar a lona. “Cada vez mais, grandes construtoras estão tomando os espaços urbanos. Há sempre uma construção de obra pública ou privada em andamento, e isso tem diminuído nossas opções disponíveis”, desabafa Rafael Barreiro. No Recife, hoje só existem dois lugares específicos para as companhias: um na Avenida Beira Mar, entre Boa Viagem e Piedade, e outro na Avenida Recife, no bairro da Imbiribeira. O sentimento de Dom Gentileza, Alakazam e Índia Morena parece ser o mesmo: a trajetória não é fácil para quem escolhe o circo como estilo de vida. É preciso estar disposto a conviver com uma série de obstáculos que aparecem no caminho, além de um retorno financeiro não tão satisfatório quando comparado a outras carreiras. No entanto, o calor do público, as gargalhadas sinceras e as palmas que brotam da plateia é o que de fato faz acelerar o coração de quem nasceu para ser artista. 58

Circo legal não tem animal Apesar da alegria que espalham por onde passam, por trás das cortinas, muitos circos ainda escondem a dor de animais, explorados como atração e vítimas de maus tratos intensos e diários. Essa triste realidade, no entanto, tem começado a mudar. Em Junho deste ano, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados decretou o Substitutivo do Projeto de Lei 7.291/2006, que proíbe a utilização de animais em circos em todo o Brasil. Em trâmite desde 2006, a aprovação do projeto foi recebida por ativistas como um importante passo em busca de uma sociedade melhor para homens e bichos. A campanha Circo legal não tem animal percorreu todo o território nacional e milhares de assinaturas e e-mails foram recolhidos para que o projeto fosse levado à Câmara. Ainda faltam algumas etapas até que a Lei seja sancionada, mas estados como Alagoas, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais já proíbem animais de qualquer espécie nos circos. Sob o olhar dos amantes dos bichos e da arte circense, a conquista traz ainda mais magia e mostra que, com criatividade, bom humor e muita dedicação, é possível dar show em qualquer lugar do mundo sem que ninguém precise sofrer com isso.

Assista ao trailer do filme nacional O Palhaço, que retrata as aventuras da trupe circense dos palhaços Pangaré e Puro Sangue. http://tinyurl.com/6x6kgvq


Acesse o QUIZ através do link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c16/quiz/

Para testar seus conhecimentos e saber cada vez mais sobre a Fundação e seus Planos de Previdência, leia com atenção as matérias publicadas nesta edição da revista Conexão Fachesf (nº16) e responda às questões a seguir.

1. Segundo a contabilista Elizabete Silva, o 13º salário deve ser priorizado para:

A Comprar presentes de natal Quem responder até o dia 09 de janeiro de 2015 e acertar todas as respostas ganhará um prêmio especial. Boa sorte!

B Investir ou quitar dívidas C Fazer doações de caridade D Nenhuma das anteriores

2. De acordo com as regras do Fator Previdenciário brasileiro, quanto menor a idade do segurado na data de sua aposentadoria:

A Menor será o valor do seu benefício de aposentadoria.

B Maior será o valor do seu benefício de aposentadoria.

C A idade na época da aposentadoria não altera o fator previdenciário.

D Nenhuma das anteriores

3. Qual o órgão responsável pela regulação dos planos de saúde no Brasil?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa Deposite este formulário na urna localizada na Central de Relacionamento, na Sede da Fundação, ou entregue-o na Agência Fachesf mais próxima. Se preferir, o Quiz também pode ser respondido online, no site www.fachesf.com.br.

B União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde – Unidas

C Agência Nacional de Convênios Médicos D Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS

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4. Segundo o professor de educação física Luciano Machado, o que é a sarcopenia?

D A sensação de que somente pode ser feliz quem tem dinheiro

A Doença que acomete idosos pela falta de atividades físicas regulares

B Perda da massa muscular que ocorre com o envelhecimento

C Estado de felicidade que invade as pessoas no auge de um exercício físico

D Cirurgia realizada para corrigir problemas de perda de cartilagem do joelho

5. Que tipo de anestesia utiliza a maior combinação de substância?

8. Que programa assistencial da Fachesf exige da família do paciente a presença de um cuidador?

A Programa de Bem com a Vida B Programa de Oncologia C Programa de Atenção Domiciliar D Programa de Atendimento Domiciliar

A Raquianestesia

9. A cultura do consumismo imediato é cada vez mais forte em todo o mundo. O que é fundamental para combater esse pensamento?

B Peridural

A Parar de comprar supérfluos

C Geral

B Desenvolver uma consciência financeira e pre-

D Local

videnciária

C Buscar notícias nas redes sociais D Utilizar aplicativos de finanças

6. Qual o papel do Conselho Deliberativo na estrutura organizacional da Fachesf?

A Definir a política geral de administração da Fachesf e seus planos de benefícios

10. Nessa 16º edição da revista Conexão Fachesf, qual a matéria que você mais gostou?

B Gerir a Fachesf e executar os atos necessários ao seu funcionamento em alinhamento com as boas práticas de governança da Previc

C Examinar contas, balancetes e ações da Diretoria Executiva

D Emitir parecer sobre balanço anual da Fachesf

11. O que você achou desta edição da revista?

A Ótima B Boa C Regular D Ruim

7. O que a psicanalista Marcia Tolotti intitula como “tirania da felicidade”?

Por quê?

A A necessidade de postar fotos felizes nas redes sociais

B O desejo de ser feliz, ainda que isso signifique abrir mão do convívio da família

C A obrigação cobrada pela sociedade de que é preciso estar feliz todos os dias

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12. Quais os temas você gostaria de indicar para a próxima edição da Conexão Fachesf?


*& kd i asq // Caça-palavras

Acesse o caça-palavras através do link: https://bit.ly/2MqHAtY

Por que ter um plano de previdência complementar operado por um fundo de pensão?

A pessoa que participa da previdência complementar fechada possui um mecanismo eficiente e seguro de ampliação da proteção social como recompensa pelos esforços contributivos que fez ao longo da vida laborativa ou contra a perda da capacidade laborativa. Assim, além dos benefícios de natureza programada e continuada, como a aposentadoria, geralmente os planos oferecem também proteção contra riscos de morte, acidentes, doenças, invalidez etc.

Quando se fala em previdência, quanto mais cedo se ingressa num plano de benefícios, menor o esforço contributivo ao longo do tempo. Somam-se a isso as vantagens tributárias que tornam o benefício previdenciário melhor, haja vista que as contribuições do Participante e da Patrocinadora podem ser deduzidas da base de cálculo para fins de recolhimento do imposto sobre a renda das pessoas físicas e jurídicas. Além disso, os ganhos e rendimentos das aplicações dos recursos previdenciários submetem-se a regime tributário diferenciado. Nos planos patrocinados, o esforço contributivo do trabalhador tende a ser ainda menor, já que o patrocinador também aporta recursos para auxiliar o participante na constituição de uma reserva que lhe dê uma renda no futuro.

F C X K R P A S A U C I F U T U R O N C H A R A P L I C W Q

C I D Q A L X W R N I E N U U Q D S B H S B D G C S G S N E

N R S A N W V B O X Z T U D Á D I L X B I X I L A M S F Z E

G F B A T D M N I Z N N P B T C U W A K N K G R V C O R C F

Z U W L F B S F D E T I X S V I A H R S G D V C I O Ç S K I

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V P J W I T H T F D G P Ç I C S P O Q G O H Q M A F D L K I

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