Conexão Fachesf nº 15

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FACHESF

Revista da Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social

ano 5

Nº15

2014

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Você sabe negociar? // EDUCAÇÃO PREVIDENCIÁRIA

// ESPECIAL

// PONTO DE VISTA

Diversificar investimentos é o melhor caminho

O que os Participantes estão fazendo após PIDV

Os desafios do novo diretor de Benefícios


OUVIDORIA de

SAÚDE F · A · C · H · E · S · F

Elogios · Reclamações Sugestões · Críticas A Ouvidoria de Saúde da Fachesf é um canal exclusivo para tratar de questões relacionadas aos planos Fachesf-Saúde e PAP, e está à disposição daqueles que já registraram sua manifestação (reclamação, elogio, crítica ou sugestão) à Central de Relacionamento e não ficaram plenamente satisfeitos com a resposta apresentada.

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PESSOALMENTE - SEDE Rua do Paissandu, 58 · Boa Vista · Recife · PE Segunda a sexta · 8h às 12h ou 13h30 às 17h30

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// EDITORIAL

// A sinfonia dos desafios Falar de previdência e aposentadoria é caminhar por terrenos quase sempre árduos. Significa lembrar que, dia após dia, o envelhecimento espreita à nossa porta. Em um país como o Brasil, em que a preparação para essa nova fase ainda é pouco praticada, falar sobre tais assuntos sem se deixar levar pela dureza que carregam em si, é um permanente desafio para as áreas de comunicação dos Fundos de Pensão. Mas se é difícil comunicar sobre tais temas, é também um grande prazer encontrar formas de explicar a previdência de forma leve e educativa. A cada reportagem, matéria e artigo – seja na Conexão Fachesf, jornal, site, fanpage ou qualquer outro dos nossos canais de comunicação com o Participante – buscamos novas maneiras para trazer a previdência à tona e falar da importância de semear, no presente, o futuro que se deseja colher. Nesta edição da Conexão, escolhemos a música e suas particularidades para desmistificar as regras que regem a gestão dos Investimentos da Fachesf: se o maestro é o condutor dos acordes que transformam sons de diferentes instrumentos em uma única composição, numa entidade de previdência complementar, são os estudos de ALM que ditam onde as aplicações devem feitas de modo a obter o retorno esperado. Cuidar do dinheiro de modo eficiente, entretanto, não é um papel somente da Fundação.

Todos os trabalhadores são responsáveis pela formação de sua reserva previdenciária e pela gestão de seus orçamentos domésticos. Nesse sentido, ficar atento, negociar sempre que possível, pesquisar preços e não fechar acordos de imediato devem ser hábitos diários. Na editoria Seu Dinheiro, explicamos como isso é mais fácil do que muitos imaginam. Ainda dentro da seara da aposentadoria, ouvimos os depoimentos de três Participantes que recentemente aderiram ao Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário da Chesf (PIDV). Desejamos compartilhar com nossos leitores experiências bacanas de quem se preparou para mudar de fase e hoje continua inventando projetos e realizando sonhos. Nas editorias de saúde, trazemos um alerta sobre os perigos dos sinais da pele e os benefícios das artes marciais para o corpo e mente de seus adeptos. Além disso, convidamos todos a conhecer a história de incríveis museus recifenses e a garantir boas gargalhadas com um vídeo exclusivo para a edição mobile sobre o terror que um certo tipo de inseto provoca por onde passa. Quer saber de quem estamos falando? Descubra e compartilhe sua história com a gente. Boa leitura, Laura Jane Lima · Editora Geral

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// Conexão Fachesf

Seu Dinheiro

No Consultório

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Ponto de Vista

Especial

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19 Gestão e Planejamento

// O manual do bom negociador

34 // Os desafios serão muitos

// Mesmos personagens, novas histórias

// Vamos à luta

// Ouvir, entender, responder

Revista Conexão Fachesf Editada pela Assessoria de Comunicação Institucional

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[Editora Geral] Laura Jane de Lima [Editora Executiva e Textos] Nathalia Duprat [Redação] Cristina Ribeiro [Estagiária de Jornalismo] Dayse Brito

[Colaboraram nesta edição] Patrícia Monteiro, na editoria Mundo Animal; Naide Nóbrega, nas editorias No Consultório e Especial; Isabela Barros, na editoria Seu Dinheiro. Fotografia: Juanpa Ausín [Comissão de Pauta] Laura Lima, Nathalia Duprat, Jeane Oliveira, Wanessa Cysneiros e Anita Telles.

[Tiragem] 11 mil exemplares [Impressão] Gráfica Santa Marta [Redação] Rua do Paissandu, 58 Boa Vista, Recife – PE CEP: 50070-210 Telefone: (81) 3412.7508 / 7509 [E-mail] conexao@fachesf.com.br [Projeto Gráfico] Corisco Design [Diagramação] Fátima Finizola


// ÍNDICE

Cultura e Lazer

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,

fAsEs,

Educação Previdenciária

Quiz Fachesf

47 dOiS fIlHoS. 41

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// Janelas para novos e velhos mundos se abrem no Recife

Foco no Participante

// A cadência dos investimentos

Mundo Animal // Sétima Edição

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Passatempos

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// Um casal, quatro fases, dois filhos // Quem tem medo de barata?

[Ilustrações] Silvino (capa, p.10-16, 34-39, Hq Martinha), Leandro Lima (p. 24-32), Júlio Klenker (p. 19, 41-45), Lucas Falcão (p. 47-49), Damião Santana (p.62-66), Tomaz Alencar (capa). Fundação Chesf de Assistência e Seguridade Social | Fachesf Clayton Ferraz de Paiva · Presidente José Roque Fagundes da Silva Diretor de Adm. e Finanças Raimundo Jorge de Sousa Santos Diretor de Benefícios

// Caça-Palavras // Martinha

// EXPEDIENTE * Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Conexão Fachesf. ** O Participante Ativo que quiser receber sua revista em casa, deve solicitar através do e-mail conexao@fachesf.com.br Edição 15 · julho de 2014

FUNDAÇÃO CHESF DE ASSISTÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL

www.fachesf.com.br www.facebook.com/fachesf

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// Ponto de Vista

“Os desafios serão muitos” Funcionário da Chesf há 31 anos, formado em administração de empresas e gestão de Recursos Humanos, Raimundo Jorge de Sousa Santos é, desde junho, o titular da Diretoria de Benefícios da Fachesf. Após cinco mandatos no Conselho Deliberativo da Fundação, o baiano (de nascimento e por paixão) abraçou o desafio de concorrer à eleição e foi eleito pelos Participantes. Sua missão no novo cargo será, segundo suas palavras, representar os trabalhadores Ativos, Aposentados e Pensionistas, e levar a Fachesf para cada vez mais perto de todos. Em entrevista à Conexão Fachesf, o diretor Raimundo Jorge conta quais os desafios que espera enfrentar, quais serão os principais projetos da área e que mudanças os Participantes podem esperar de sua gestão. Conexão Fachesf > Após cinco mandatos como Conselheiro Deliberativo da Fachesf, o que lhe motivou a concorrer ao cargo de Diretor de Benefícios? Raimundo Jorge > Em 1985, com apenas dois anos de trabalho na Chesf, comecei a militar na luta sindical em defesa dos direitos dos trabalhadores. De lá para cá, nunca mais parei. Além dos cinco mandatos no Conselho Deliberativo da Fachesf, assumi cargos em entidades como o Sindicato dos Eletricitários da Bahia (Sinergia), a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa/Chesf) e a Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar). A experiência que acumulei nessas instituições e o fato de conhecer de perto a realidade das regionais da Chesf me 6

motivaram a tentar a eleição para Diretor de Benefícios da Fachesf. Por se tratar de um cargo executivo, poderei trabalhar de forma mais concreta para lutar por melhores condições para os Ativos, Aposentados e Pensionistas. Foi por acreditar nesse desafio que aceitei abrir mão da minha comodidade – ao lado da minha família e amigos que ficaram em Salvador (BA) – para dar início a uma nova fase de trabalho na Fundação, no Recife (PE). C.F. > Na sua visão, qual o papel do diretor de Benefícios no cumprimento da missão da Fachesf junto aos Participantes? R.J. > O principal objetivo da Fundação é cuidar da previdência dos seus Participantes; ajudá-los a construir


e a manter seu patrimônio, o que lhes será fundamental na aposentadoria. Sob esses aspectos, o papel do diretor não diz respeito somente à gestão dos benefícios em si, mas à formação de uma consciência previdenciária de todos os Ativos e Assistidos. No entanto, para que isso seja possível, é necessário que a Fundação vá até seus Participantes e leve a entidade até eles – e não somente o contrário; o diretor precisa conhecer a fundo todas as regionais, tirar dúvidas, ouvir e orientar as pessoas. Mais do que nunca, temos que dar a segurança aos nossos Participantes de que a Fachesf é uma entidade que existe para servi-los. C.F. > Em seu discurso de posse, o senhor destacou que sua gestão representará os trabalhadores ativos e aposentados. Como pretende atuar nesse sentido? R.J. > Toda minha trajetória profissional esteve pautada na defesa dos direitos dos trabalhadores. Acredito que essa foi uma das principais razões que levaram os Participantes a me eleger para representá-los, o que torna meus desafios ainda maiores. No momento em que recebi a ligação e soube que havia sido eleito, tive a exata noção do tamanho da responsabilidade que estava assumindo. Quero atuar em nome de todos e buscar práticas de excelência para atendê-los da melhor forma possível. Temos uma série de itens que precisam ser revistos e aperfeiçoados e vamos fazê-lo; dentro dos limites da Fachesf e dos regulamentos, mas sempre tentando trazer algo a mais que traga conforto aos Participantes. C.F. > Que mudanças os Participantes da Fundação podem esperar nos primeiros meses de sua gestão em relação à área de atendimento?

R.J. > No nosso desafio de levar a Fachesf para mais perto do Participante, vamos visitar frequentemente todas as regionais da Chesf, conversar com Ativos e Aposentados, conhecer suas demandas e tentar resolver de imediato questões mais simples. Para me auxiliar nesse processo, indiquei o funcionário da Fachesf Macelo Macedo como gestor da área. Sua missão será melhorar o relacionamento com todos os Participantes, seja na Sede ou nas Agências. Queremos implantar uma nova forma de trabalho que aumente a confiabilidade no nosso papel de representar os trabalhadores. Em breve, vamos rever alguns processos, organizar melhor as informações dos atendimentos realizados e treinar periodicamente os empregados do atendimento. Além disso, já abrimos as portas da Diretoria para todos como um modo de estreitar o contato com os Participantes.

"O papel do diretor não diz respeito somente à gestão dos benefícios em si, mas à formação de uma consciência previdenciária de todos os Ativos e Assistidos."

C.F. > Quais os principais desafios que você espera enfrentar no decorrer da sua gestão? R.J. > Os desafios serão muitos. Alguns pontos críticos, como o caso da saúde dos Aposentados, merecerá total atenção. Apesar de não sermos responsáveis pela área de saúde da Fachesf (que é de responsabilidade da Superintendência de Saúde, ligada à Presidência), por ser um assunto que impacta diretamente no atendimento que realizamos, temos todo o interesse em ajudar a buscar soluções para questões críticas, a exemplo da suspensão do financiamento de saúde para os Assistidos. A decisão, imposta pela Previc, deixou muitos beneficiários sem condições de acesso a um serviço médico de consultas e exames. Como resolver isso? Como ajudar essas pessoas? Temos que achar – em conjunto com a Patrocinadora Chesf, Eletrobras, Aposchesf e Intersindical – um caminho viável 7


// Ponto de Vista

"Nosso primeiro desafio é lutar para conquistar um plano para Aposentados e Pensionistas com a participação da Chesf."

para resolver a questão do plano de saúde tanto para os que já estão aposentados quanto para os Ativos, que se tornarão Assistidos no futuro. Todas as pesquisas organizacionais da Companhia mostram que a prioridade do trabalhador é a segurança com a saúde. Por isso, nosso primeiro e maior desafio é lutar para conquistar um plano para Aposentados e Pensionistas com a participação da Chesf. O segundo maior desafio é a aprovação de um piso mínimo digno, similar ao que já vem sendo praticado por diversas fundações. Temos hoje cerca de 2,5 mil suplementados que recebem um benefício ínfimo de aproximadamente R$ 200. Precisamos encontrar uma equação viável que minimize o problema desses Participantes. Já existe um estudo pronto e sabemos, inclusive, o valor que precisará ser aportado. O que falta é vontade política para levar adiante a decisão. O piso mínimo foi aprovado pela Diretoria Executiva da Fachesf, pelo Conselho Deliberativo e pela própria Diretoria da Chesf. Porém, esbarramos numa questão burocrática do DEST. Por conta desses entraves, tenho recebido inúmeras pessoas pedindo para que seja aumentada a margem de empréstimo como medida paliativa para a situação delas, que é bastante difícil. 8

C.F. > Uma vez que o Diretor de Benefícios é eleito pelos Participantes, como eles podem contribuir para uma melhoria do trabalho da área e, consequentemente, da Fachesf? R.J. > Em primeiro lugar, apoiando o diretor de Benefícios, eleito para representar todos os Participantes. Isso nos ajudará a fazer uma melhor gestão. E como se dá esse apoio? Estando mais próximos, trazendo sugestões e críticas que nos mantenham alinhados aos

nossos objetivos. Uma boa parceria com entidades representativas dos trabalhadores, a exemplo da Aposchesf e Intersindical, também são essenciais nesse processo, pois fortalecem nossa relação com a Patrocinadora Chesf e o Governo. Juntos, seremos capazes de encontrar soluções para questões que são de interesse coletivo e que há anos aguardam um desfecho positivo. Aos que desejarem conversar sobre essas e tantas outras questões, estarei sempre à disposição.


Desafios sempre mexem com ideias e conceitos já consolidados. Mas chega um momento em que alguns paradigmas precisam ser mudados. Assim, motivada pela vontade de ampliar conhecimentos, aceitei com entusiasmo o convite do novo Diretor de Benefícios, Raimundo Jorge, para assumir a Assessoria Técnica da área (ATB). Nesses 24 anos de Fachesf, “previdência” foi uma temática mais do que presente em minha trajetória profissional. Durante grande parte desse tempo, tive a oportunidade de viajar pelas Regionais, participando de Programas de Preparação para Aposentadoria da Chesf (PPAs), eventos de integração e reintegração de novos empregados/Participantes e de palestras promovidas pelo Programa de Educação Financeira e Previdenciária da Fachesf. A natureza das minhas atividades oportunizou-me uma maior proximidade e o conhecimento das reais necessidades dos Ativos, Aposentados e Pensionistas, tanto dos que estão se desligando da Chesf, quanto daqueles recém-chegados à Companhia. Tais experiências certamente me serão muito valiosas na condução do trabalho à frente da ATB.

artigo

Assessoria de Benefícios: canal aberto aos Participantes

para a qualidade de vida dos seus Participantes e Beneficiários”.Trabalharemos ativamente para aperfeiçoar nossos produtos e serviços, e buscar a satisfação de todos, sem abrir mão do cumprimento dos processos legais a que são submetidos a Fundação.

Outro ponto de grande relevância para essa Assessoria se refere à consolidação de uma cultura previdenciária. Por entendermos ser de fundamental importância que os Participantes acompanhem de perto seu plano de aposentadoria, conscientes de que a previdência é um projeto de longo prazo que exige disciplina e conhecimento, também estaremos atentos a esta questão. É com esta visão que vamos dar mais dinâmica à Assessoria da Diretoria de Benefícios, tendo como base as experiências exitosas conquistadas no passado, atuando e investindo no presente com vistas a um futuro promissor.

A Diretoria de Benefícios tem total consciência de que é necessário o empenho de todos no sentido de levar a Fundação cada vez mais para junto dos Participantes. Nesse sentido, algumas ações já estão sendo traçadas: visitas programadas, palestras e reuniões. Nossa Assessoria também está sempre de portas abertas para atender a todos que nos procuram. Em consonância com os órgãos reguladores e fiscalizadores, o grande desafio da DB será entender e atender, na medida do possível, aos anseios dos nossos Participantes. Afinal, a Fachesf tem em sua Missão o compromisso de “contribuir

Carla Mirelle Feitosa de Melo é Contabilista e Assessora Técnica de Benefícios da Fachesf.

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// Seu Dinheiro

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O manual dobom negociador Nas lojas, nos bancos ou na hora de comprar a casa própria, é fundamental valorizar o próprio dinheiro e não ter medo de negociar condições e pedir descontos nos preços

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// Seu Dinheiro

E

m junho deste ano, o economista Alex da Ros tinha na agenda um compromisso importante: fazer um churrasco para o dono da loja de móveis planejados que o atendeu na montagem de sua casa, comprada em 2013. O encontro não era apenas um momento de confraternização entre amigos, mas, por incrível que pareça, uma parte da negociação feita entre ambos na ocasião do fechamento do serviço. O acordo entre o economista e o comerciante não surgiu por acaso. Argumentar, pedir descontos e negociar preços e condições é uma prática que Alex da Ros carrega consigo em qualquer situação. “Se estiver em um lugar em que não dá para barganhar desconto antes do pedido, como em um bar, por exemplo, não perco a chance de tentar conseguir pelo menos uma saideira”, diverte-se Alex. A postura do economista certamente mereceria elogios de qualquer especialista em finanças pessoais. Negociar é preciso; um sinal de respeito pelo próprio dinheiro e pelo esforço feito para consegui-lo, embora tanta gente, por motivos variados, tenha pavor de abrir a boca com esse objetivo. De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Valéria Meirelles, especializada em psicologia do dinheiro, mesmo diante de tantas informações a respeito do tema, ainda é grande o número de pessoas que não se sente à vontade para negociar. “Algumas têm vergonha, outras temem passar a impressão de que não têm dinheiro e outras não gostam por crenças diversas ou referências familiares”, afirma. Refletir sobre essas questões, no entanto, faz parte de um processo

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mais amplo de entender o que se deseja da vida no presente e no futuro. A forma como cada indivíduo usa o próprio dinheiro está diretamente relacionada com o modo com que ele cuida de si e dos seus esforços pessoais para consegui-lo. Ou, numa adaptação do velho ditado popular: diz-me como é a sua relação com o dinheiro e eu te direi quem és.

// Valéria Meirelles

Primeiros passos da negociação Sócio fundador do site Dinheirama (http://dinheirama.com/), empresário e autor de livros como Vamos Falar de Dinheiro? e Dinheiro é um Santo Remédio, Conrado Navarro acredita que o primeiro passo para quem deseja realizar uma boa negociação é lembrar que somos nós, consumidores, que detemos o poder diante de uma oportunidade de compra. “Nós é que temos o recurso que o vendedor tanto deseja, e não o contrário”, diz. De posse dessa consciência, Navarro recomenda ao comprador quatro passos que servem como os principais pilares na hora de negociar preços: 1) Estabelecer e respeitar limites financeiros dentro do


Fotos: Divulgação

"O primeiro passo para quem deseja realizar uma boa negociação é lembrar que somos nós, consumidores, que detemos o poder diante de uma oportunidade de compra." // Conrado Navarro

próprio orçamento; 2) Pedir sempre descontos para o pagamento à vista; 3) Evitar armadilhas de consumo e argumentos de vendas como os “super descontos” ou “juros zero”; 4) Nunca comprar itens de consumo não essenciais na primeira visita à loja. E tudo isso sem esquecer outra regra de ouro: não ter pressa. “A pressa é uma das principais inimigas de uma boa negociação e costuma impedir um olhar mais atento às possibilidades de concretizar um bom negócio. Por isso, é comum que as lojas tenham música tocando o tempo todo e que o ambiente de negociação ocorra em balcões abertos e sempre cheios de gente em volta. Tais fatores existem para atrapalhar a concentração do comprador, impedindo-o de pensar em propostas mais inteligentes”, alerta Navarro.

Tommaso, o expert Educador financeiro e autor de clássicos como Os Segredos dos Casais Inteligentes, entre vários outros livros, Gustavo Cerbasi é um grande incentivador da prática da negociação, tema que entrou

na sua vida ainda na infância, ao observar o pai, Tommaso Cerbasi, um expert no assunto. “Meu pai não perdia uma oportunidade sequer de negociar. Mesmo quando não havia espaço para tanto, como no caixa do supermercado, ele fazia alguma gracinha do tipo ‘e à vista, quanto sai?’. Diante da cara de espanto do atendente, ele argumentava: ‘meu filho tem que entender que devemos negociar sempre!’", lembra Cerbasi. Segundo o escritor, se a compra em questão envolvia bens de alto valor, a negociação tornava-se ainda mais interessante: “Sua atitude era de pressionar ao máximo quem estava do outro lado, sem deixar transparecer o interesse naquilo que estava comprando. Quando criança, eu tinha dó dos vendedores que passavam pela frente do meu pai. Hoje sei que a queda de braço com os clientes faz parte do trabalho da área de vendas”. A “briga” a que se refere Cerbasi é, na opinião do economista Alex da Ros, parte do processo. Se o vendedor se mostra irredutível em baixar o preço, por exemplo, a saída do cliente é acionar outros artifícios, como demonstrar que pode comprar mais produtos daquela 13


// Seu Dinheiro

Foto: Daniel Rosa

"Mesmo quando não havia espaço para tanto, como no caixa do supermercado, meu pai fazia alguma gracinha do tipo ‘e à vista, quanto sai?’" // Gustavo Cerbasi

loja no futuro, indicar o local para amigos ou tentar facilitar o ponto de entrega. "É preciso deixar claro ao vendedor que ele tem algo a ganhar que está além daquela venda em si", comenta Alex da Ros. Outro ponto que deve ser levado em consideração é a consciência de que nem sempre a conquista de um preço mais barato significa que foi feita a melhor negociação. O comprador precisa sair confiante de que, acima de tudo, fez uma boa compra. Isso não quer dizer, no entanto, que só o cliente levou vantagem. Uma troca que termina em ganha-ganha entre as partes é muito melhor que um ganha-perde, pois o vendedor tem que ter o seu lucro para poder executar e entregar um bom produto.

Negociação bancária na prática Tendo em mente que negociar é algo positivo para ambos os lados, não um embate, a prática pode (e deve) ser aplicada nos mais variados contextos, seja nas lojas, nos bancos, na hora de comprar um imóvel ou um carro. Aliás, quanto mais alto for o valor do bem, mais 14

margem haverá para pedidos de descontos e barganhas por benefícios agregados e melhores condições de pagamento. No caso específico dos bancos, Conrado Navarro lembra que costuma ser muito eficiente a opção de conversar diretamente com o gerente de relacionamento da conta, que detém autonomia para tomar decisões e conceder algumas vantagens para o correntista. “Mas a conversa deve ser baseada em argumentos sólidos e informações consistentes. O cliente pode, por exemplo, levar dados comparativos e propostas oferecidas por outras instituições. Isso vale principalmente quando o correntista tem muito tempo de casa”, explica. Em relação às tarifas bancárias, é importante que o consumidor consulte o site do Banco Central (www.bcb.gov.br/?TARIFASFAQ) e conheça a regulamentação do Conselho Monetário Nacional sobre o que pode ou não ser cobrado pelas instituições aos correntistas. Para a aquisição de imóveis, Navarro orienta ao comprador pesquisar opções de financiamento oferecidas por bancos públicos, que costumam ter taxas mais baixas para crédito imobiliário.


Dicas para ter em mente na hora de fazer negócio

Sem medo de barganhar

Valorize seu dinheiro e o esforço que fez para consegui-lo. Essa consciência deve existir em todas as fases da vida.

Não tenha vergonha de pedir descontos: se você finalizar a compra, será bom para você e para o vendedor.

Seja simpático e apresente as vantagens da redução do preço, como o fato de que você pode indicar a loja para os amigos e parentes.

Sugira permutas: se você trabalha com webdesign, por exemplo, pode renovar o site da loja cobrando pouco diante de um bom desconto na sua compra.

Quanto mais alto for o valor do produto, mais margem haverá para a negociação. Não hesite em tentar ir além do que é oferecido inicialmente.

No caso da compra de um imóvel, é muito comum pedir descontos da ordem de 30%.

Converse com o gerente do banco para tentar baixar os preços das tarifas que paga. Para ajudar, aponte os valores cobrados pela concorrência.

Obtenha o máximo de informação sobre a compra ou contratação de serviços antes de fechar negócio.

Fuja das compras por impulso. Supermercados e restaurantes usam artifícios para lhe fazer gastar mais.

Nunca tenha pressa na hora de negociar e mantenha o foco na conversa.

Não mostre muito interesse pelo produto; deixe o vendedor pensar que você pode sair da loja a qualquer instante.

Sempre que puder, compre à vista – ajuda a conseguir descontos e evita o endividamento a longo prazo.

Fontes: Alex da Ros, Conrado Navarro e Gustavo Cerbasi

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// Seu Dinheiro Depoimentos “Utilizo bastante a internet para fazer compras. Como há uma grande variação nos preços, é possível fazer bons negócios. No caso dos serviços, acredito que mais importante do que focar somente nos valores cobrados é analisar a relação custo x benefício, pois o resultado de uma mão-de-obra ruim pode ser desastroso. Para serviços em minha casa, contrato sempre um pintor conhecido. Sei que ele cobra um pouco mais que a média, mas por confiar na boa qualidade do seu trabalho, prefiro não correr riscos. No geral, estou sempre atenta a barganhar descontos e melhores condições de pagamento e já obtive muito sucesso. Acho que quem não negocia não valoriza o próprio dinheiro. Depois que me aposentei, que sei o esforço que fiz para ter o que tenho, passei a dar ainda mais importância a tudo isso”. Sandra Marinho Aposentada

“Quem não negocia não é (ou nunca foi) funcionário da Chesf! Sempre que vou comprar algo ou contratar algum serviço, pesquiso preços e analiso se estão compatíveis com minha situação financeira. Na reforma da minha casa, por exemplo, conversei com um profissional para a execução das obras. Como achei os valores muito altos, resolvi pegar outros orçamentos. No final das contas, pesei todas as condições e voltei a negociar com o primeiro, pois já conhecia seu trabalho e sabia que me sentiria mais segura com a qualidade do serviço. Ofereci uma contraproposta baseada nas pesquisas que havia feito e ele aceitou baixar os preços. Por isso é importante barganharmos sempre. Se você aceitar sem questionar o valor que lhe for sugerido inicialmente, corre o risco de pagar caro por algo que, para um bom negociador, sairia bem mais em conta.” Marlene Yamamoto Aposentada

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Com o mesmo sorriso nos lábios Em 2013, a jornalista Isabela Barros visitou uma feira na Turquia e aprendeu o jeito turco de negociar. Saiu do país com uma lição: negociar é um jogo. E para ganhar, deve-se manter sempre um sorriso nos lábios.

Foto: Isabela Barros

“É como um jogo: logo no início, cada parte apresenta seus argumentos. Tudo com muita graça, delicadeza e cortesia. Não se trata de uma briga, mas uma troca que, para funcionar, precisa ser boa para os dois lados. Sou negociadora de preços desde pequena, por conta do meu pai. Porém, somente depois de conhecer a Turquia, foi que me dei conta de como lutar pelos melhores descontos pode ser divertido.

Basta entrar em qualquer loja turca para se sentir bem acolhido. Ser recebido com uma xícara de chá é um cuidado básico. Sorrindo, o paciente vendedor é capaz de revirar o estabelecimento até conseguir apresentar aquilo que você procura, mesmo que seja um lenço apenas. O cliente é convidado a sentar e escolher entre o maior número de opções possível. Como é muito difícil resistir à beleza dos produtos feitos naquele país, as chances são grandes de querer levar alguma coisa para casa. Mas quem simplesmente se dirigir ao caixa para pagar o que escolheu levará prejuízo: os valores são inflacionados para os turistas. Portanto, a dica número um é pechinchar sem medo. Comerciante turco algum vai ficar chateado com isso. Muito pelo contrário: quanto mais você insistir em pagar menos, mais será respeitado, acredite. Com o mesmo sorriso nos lábios com o qual te recebeu, ele vai baixar o preço. Simplesmente porque, ao melhor estilo turco, gosta do jogo. E sabe jogar. Aproveite para aprender com eles.”

// Extras

Acesse a versão mobile e baixe o PDF de um capítulo do livro de Conrado Navarro: https://bit.ly/2WyWKko

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// Seu Dinheiro

artigo

Datas comemorativas, aplicativos e correria: o que isso tem a ver com finanças pessoais Matérias sobre finanças pessoais estão aparecendo com cada vez mais frequência na mídia e redes sociais, seja pelo fato de as dívidas da população estarem aumentando ou porque as pessoas estão buscando uma melhor rentabilidade para seu dinheiro. Nesta edição, trazemos algumas dicas que podem ser úteis para quem deseja atingir seu objetivo de manter as contas da casa no azul, vencendo a dificuldade principal, que é envolver os membros da família. Para iniciar, o ideal é que pessoa à frente da gestão das contas mantenha o controle sobre algumas atitudes de modo a não causar desgaste sobre o assunto. É importante, por exemplo, escolher um dia específico para conversar sobre finanças e não cair na armadilha de falar sobre gastos e dinheiro o tempo inteiro. Eliminar posturas arrogantes e estimular o surgimento de novas ideias para manter ou aumentar o resultado positivo também é uma função do responsável pelas contas da família. A seguir, chamamos atenção para alguns pontos que podem ser decisivos para aprimorar o resultado das finanças a partir de uma rotina familiar: 1. Datas comemorativas, como o Dia dos Pais e das Mães, podem (e devem) ser encarados como uma oportunidade para praticar, em conjunto, o planejamento sobre o presente e a forma de comemoração. Esse cuidado evita a compra de presentes em cima da hora e permite a criação de algo personalizado ou sob encomenda.

conseguiram uma redução média de 60% nas contas de celular graças a esse tipo de tecnologia. 4. É importante observar o comportamento e as habilidades de pessoas da família, no sentido de identificar e estimular uma atitude de empreendedorismo. Talentos pessoais podem ser utilizados como forma de proporcionar um acréscimo na renda da família. 5. Atualmente vivemos apressados e afogados em compromissos. Essa agitação diária também pode acarretar custos desnecessários para a família. Por isso, conversar sobre a necessidade de planejar melhor os compromissos, bem como de manter uma organização sobre os pagamentos a serem liquidados, evita gastos extras com contas pagas em atraso. Sabemos que cuidar das finanças é, em primeiro lugar, deixar a mente livre para uma avaliação sobre os próprios atos. Sendo assim, precisamos adotar comportamentos que sejam praticados dia a dia e não somente quando as contas estiverem no vermelho. São as pequenas atitudes que formam um conjunto de ações em prol de uma melhor relação entre o dinheiro e a família. E sabemos exatamente quando esta relação está bem ou não, porque sentimos na pele os resultados de uma má gestão.

2. Chegamos ao segundo semestre do ano. Significa que sobrevivemos a todos os encargos, taxas e impostos do período anterior. Que tal avaliar a possibilidade de formar uma reserva de recursos para custear ou ajudar no pagamento dessas mesmas despesas que serão cobradas no início do próximo ano? Essa decisão pode aliviar e muito as tensões vivenciadas nos meses de janeiro, fevereiro e março. 3. Gastos com ligações telefônicas podem ser reduzidos com a utilização de aplicativos para smartphones (a exemplo de Whatsapp, Skype e similares), pelos quais a comunicação acontece sem custos com operadoras de telefonia (desde que haja conexão wifi). Pessoas que conheço relataram que

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Elizabete Silva é contabilista, especialista em finanças e gerente econômico-financeira da Fachesf.


// Especial

C

olocar uma mochila nas costas e percorrer o lendário Caminho de Santiago de Compostela, na Europa. Aventurar-se por rotas e trilhas, desenhar novos trajetos. Colaborar, efetivamente, para uma sociedade mais humana e mais cidadã. Escrever um livro. Plantar uma floresta e vê-la cres-

cer. Quantos sonhos você guarda para o amanhã? Para muitas pessoas, esse futuro já chegou. Os desejos citados no início deste texto estão sendo concretizados por Participantes da Fachesf que optaram pela aposentadoria no Programa de

Incentivo de Desligamento Voluntário – PIDV/Chesf. Conheça os relatos inspiradores de Paulino Gonçalves, Manuel Aguiar e Roberto Múcio, personagens da história da vida real. Gente que se planejou, foi previdente, e agora está reinventando os próprios ciclos. 19


// Especial

“Porque a vida é um dia atrás do outro e temos que estar prontos para isso” // Por Paulino Gonçalves

C

omecei a trabalhar muito novo e sempre tive um propósito definido: iria me aposentar o mais cedo possível. Quando entrei na Chesf, em 1975, dei início a um planejamento para sair de cena aos 60 anos. E foi atrás disso que corri. Trabalhei bastante, dediquei-me à vida profissional com seriedade e fiquei atento às oportunidades que cruzaram meu caminho. Há alguns anos, tive chances de me desligar da Companhia por meio do Programa de Desligamento Voluntário. Passei por uns três ou quatro movimentos, mas sentia que ainda não era a hora de sair, pois as condições não eram tão favoráveis. Nesse último PIDV, em 2013, achei que, enfim, estava pronto. Analisei o que a Chesf oferecia e tomei a decisão: depois de 43 anos de contribuição ao INSS, aos 63 de idade, decidi parar.

// Extras Acesse a versão mobile e assista ao vídeo com depoimentos dos Participantes.

Durante minha carreira, trabalhei para viver. Agora quero viver livre; aproveitar ao máximo, enquanto estou bem fisicamente, tudo o que construí. Gosto muito de apreciar os ares do campo e do mar. Tenho uma casa na praia e outra na serra. Quero passar um pouco mais de tempo por lá, conhecer lugares das redondezas, caminhar, conversar com pessoas, dedicar-me mais aos livros que ainda não pude ler.

O mais importante desse momento que estou vivendo, e que deixo como sugestão a quem continua, é a lição de que, independentemente do que aconteça, devemos guardar um pouco do que temos hoje para gastar amanhã, porque a vida é um dia atrás do outro e temos que estar prontos para isso. Ainda não sei se voltarei a fazer alguma coisa profissionalmente. Já recebi convites, porém nada que me instigasse. Meu único compromisso certo no presente é com um antigo sonho: percorrer o Caminho de Santiago de Compostela, na Europa. Já li inúmeros relatos de pessoas que fizeram a viagem e o destino sempre me despertou curiosidade. Decidi embarcar nessa aventura começando em Portugal, terra onde nasci. Em relação ao condicionamento físico, estou tranquilo, pois sempre caminhei, corro e pratico atividades regulares. Quanto às finanças, como se trata de uma viagem internacional, que demanda custos, inclusive com a estrutura de apoio que contratei para o Caminho, planejar-me foi necessário. Por fim, na questão emocional, há uma preparação muito especial. Afinal de contas, sinto que nesses dias de peregrino, viverei uma experiência extraordinária, que, quem sabe, vai me direcionar a outros caminhos, a novos horizontes.

Depois que deu entrevista à Conexão, o Participante Paulino fez o chamado Caminho Português, trecho da peregrinação que cruza o território luso desde a cidade do Porto, entrando na Espanha rumo à cidade de Santiago de Compostela pela região da Galícia. Percorreu 220 quilômetros em 11 dias, sendo o máximo de 32 quilômetros diários. Voltou ao Recife com a certeza de que sonhos são sempre possíveis.

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// Paulino Gonรงalves 21


// Especial

“A aposentadoria é um espaço que você conquista para realizar seus sonhos” // Por Manuel Aguiar

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rabalhei 36 anos na Chesf. No final da minha carreira na Companhia, passei a me dedicar bastante à questão da acessibilidade e inclusão, algo que faz parte do meu propósito de vida. Meu plano era sair da empresa aos 65 anos. Sentia que já tinha dado meu recado e podia partir para cuidar de projetos pessoais e ideológicos; da minha utopia de contribuir para a comunidade que represento e milito. Coincidentemente (ou não?), o PIDV veio nessa mesma época. Aproveitei o momento e dei um passo adiante. Nessa nova etapa, criei uma consultoria que elabora projetos para diversas empresas, oferecendo minha experiência para ações focadas em gestão da diversidade, particularmente no segmento das pessoas com necessidades específicas, como eu, que tenho deficiência visual e uma larga atuação nas áreas da acessibilidade e inclusão. Meu serviço é proporcionar subsídios para as organizações que desejam tornar suas

"O mais importante é que tenhamos sempre projetos de compromisso com o coletivo, com a sustentabilidade e com o desejo de transformar a sociedade para todos."

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estruturas físicas, de comunicação e de convivência acessíveis a todas as pessoas, com deficiências ou não. Diferente do senso comum, acredito que aposentadoria não significa parar, ficar imobilizado, mas viver uma época em que é possível começar e realizar muitos sonhos. Planejar-se com 35 anos de antecipação é algo bem

difícil. No decorrer da vida e do exercício do dia a dia, significa perseguir planos que às vezes podem nascer e morrer, nascer e morrer, incontáveis vezes. O mais importante, porém, é que tenhamos sempre projetos de compromisso com o coletivo, com a sustentabilidade e com o desejo de transformar a sociedade numa sociedade para todos. É por isso que tenho batalhado.


// Especial

“Viva a vida, mas não se esqueça do projeto de aposentadoria” // Por Roberto Múcio

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rabalhei na Chesf por quase quatro décadas. Estava esperando o PIDV somente para 2015, quando eu fecharia um ciclo na minha trajetória profissional. No entanto, o Programa veio em 2013 de forma muito audaciosa e mudou minha vida. Tive que ler e estudar bastante sobre legislação e finanças para entender tudo o que dizia respeito aos investimentos de crédito que eu faria após a saída da Chesf. Acredito que a aposentadoria exige alguns passos de sabedoria. Por essa razão, busquei me planejar financeiramente. Não através de consultorias especializadas ou algo assim. Consultava a mim mesmo, fazia simples cálculos matemáticos. Deu certo: estou satisfeito com as aplicações em investimentos que fiz e o que conquistei – algo que considero fundamental para quem deseja viver com dignidade em qualquer lugar.

Outro projeto pessoal em fase de conclusão é meu livro, Versos do Olimpo, sobre mitos gregos, deuses, semideuses, heróis e representantes de todo o sincretismo religioso, notadamente da cultura afrobrasileira. Na área literária, também fui selecionado pela Cultura Editora para publicar alguns textos no 52º livro anual daquela instituição, o que me deixou muito feliz. Fora tudo isso, estou estudando filosofia e participando de alguns saraus. Pretendo, em breve, fazer oficinas para aprimoramento dos textos e das narrações. A quem estiver entrando na Chesf ou em qualquer empresa que ofereça plano de previdência privada,

sugiro que faça a adesão desde o primeiro dia e acompanhe de perto a fundação, porque o templo flui, independentemente de todos os fatores. Meu conselho: viva a vida, mas não se esqueça de um projeto de aposentadoria. No mais, rezo e agradeço a Deus pela vida que levo com saúde. Acredito no amanhã, acredito no Brasil e acredito na Chesf.

A " credito que a aposentadoria exige alguns passos de sabedoria. Por essa razão, busquei me planejar financeiramente."

Há nove anos, comecei a construção de uma mata. Parece uma frase estranha, entretanto é isso o que ela é: uma pequena floresta.Gosto de acompanhar as plantas desde seu nascimento, por isso, plantei diversas árvores e estou assistindo-as crescerem. Cada uma tem sua história, ligada a um fato, a uma região. O projeto está a caminho e estou adorando me dedicar a isso. Minha proposta não é construir um mero jardim, mas um ambiente que me propicie alegria, traga pássaros livres e outros animais.

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// No Consultório

Vamos à luta!

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atame, octógono, ringue e roda de capoeira são cenários de lutas que, cada vez mais, têm proporcionado aos adeptos das artes marciais uma vida ativa, equilibrada e saudável. Modalidades como jiu-jitsu, judô e boxe proporcionam, dentre outros benefícios, autocontrole, disciplina e contato direto com a superação, além de uma atividade aeróbica que beneficia corpo e mente.

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// No Consultório

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ideia de que as lutas são esportes violentos está ficando definitivamente para trás. A mudança no pensamento é resultado não somente de um excelente trabalho profissional praticado em todo o mundo, mas de uma maior visibilidade das lutas, que entraram na programação das emissoras de TV, páginas de revistas especializadas, sites e redes sociais, conquistando de vez o interesse de novos atletas e adeptos da prática. A legião de fãs de lutadores de MMA, como Anderson Silva, o Spider, é um exemplo disso. Segundo Henrique Kohl, coordenador do curso de Educação Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a desmitificação do estereótipo que envolve as lutas, de maneira geral, é um movimento crescente. “No Brasil, houve um grande aumento no número de escolas e academias que oferecem aulas de artes marciais com foco em treinos responsáveis e inclusão de todas as faixas etárias, gêneros e classes sociais. Homens e

"Homens, mulheres, crianças e idosos, todos podem praticar alguma modalidade de luta e usufruir de seus resultados positivos." // Henrique Kohl 26

mulheres, crianças e idosos, todos podem praticar alguma modalidade de luta e usufruir de seus resultados positivos”, explica. Henrique Kohl entrou no mundo acadêmico em função da capoeira, esporte que pratica há 20 anos. Pesquisador entusiasta da modalidade, ele defendeu uma tese de doutorado, premiada pelo Ministério Nacional dos Esportes, em que comprova o efeito da expressão lúdica da capoeira nas aulas de educação física nas escolas. “Uma luta não deve ser praticada fora do seu contexto filosófico, da sua perspectiva histórica e dos seus princípios. Aplicada dessa forma, sob o acompanhamento de profissionais responsáveis, os benefícios são enormes”, diz o professor. O Participante Augusto Rocha pode falar desses benefícios com conhecimento. Aos quatro anos de idade, começou na escolinha de judô e até hoje, aos 29, não deixou as lutas. Atualmente pratica morganti ju-jitsu, arte cujos golpes são aplicados sobretudo em luta de solo.


"Treino três vezes por semana para manter mente e corpo em equilibrio e harmonia. As artes marciais sempre foram uma paixão." // Augusto Rocha

// Augusto e Carlos Rocha

O foco da modalidade está numa filosofia de crescimento interior do praticante, autocontrole e autoconhecimento.

física também aumenta os reflexos e reforça conceitos como hierarquia e concentração, sendo considerada completa.

“Treino três vezes por semana para manter mente e corpo em equilíbrio e harmonia. Já acumulei medalhas e troféus em judô, jiujitsu e morganti ju-jitsu, mas parei de competir oficialmente porque a vida de atleta exige sacrifícios e renúncias. As artes marciais, para mim, sempre foram uma paixão e não uma forma de ganhar a vida”, conta o Participante.

O professor Henrique Kohl explica que a maioria das lutas engloba movimentações e técnicas nas quais podem predominar movimentos de chão, aéreos e outros; a depender de cada uma, são trabalhados mais os membros superiores, inferiores ou ambos. “A ideia é integrar corpo e mente, sob os conceitos de cada modalidade. Por isso, as academias que dispõem de diferentes opções têm sido tão procuradas”, diz.

Artes marciais para todos Além de proporcionar grande queima calórica, ganho de massa muscular e um melhor condicionamento cardiorrespiratório, a prática regular de artes marciais traz ao praticante bons resultados em termos de flexibilidade, postura correta e estímulo da coordenação motora. A atividade

Prova de que não há idade para começar a praticar algum tipo de luta é a experiência do pai de Augusto Rocha, o também Participante Carlos Rocha. Acompanhando de perto a dedicação do filho aos tatames (e hoje ao octógono), ele decidiu compartilhar da paixão pelo esporte e, mesmo passado dos 60 anos, matriculou-se nas aulas de aeroboxe da academia como uma 27


// No Consultório

forma de complementar o treino de musculação. O aerobox é baseado em diversas artes marciais e desenvolve técnicas de golpes simultâneas ao treinamento físico, principalmente no que se refere à resistência, força, flexibilidade e agilidade. As aulas consistem em movimentos coreografados que funcionam como uma verdadeira ginástica cerebral e resultam em um exercício aeróbico de alta intensidade. E engana-se quem pensa que o Participante não resistiu à intensidade da atividade. Cerca de um ano depois, Carlos Rocha continua firme nos movimentos de socos, chutes e esquivas. “De imediato, senti melhoras no condicionamento cardiovascular e na coordenação motora. Além disso, é uma ótima oportunidade de conviver com pessoas de vários níveis sociais e idades, de aprender a respeitar o adversário e desenvolver a consciência de que todos somos capazes de lutar. No final das contas, é uma grande diversão”, comemora.

Coragem, perseverança, autoconfiança Outra luta bastante praticada no Brasil – e que possui um verdadeiro exército de adeptos entusiasmados – é o jiu-jitsu. No esporte, o atleta utiliza a força do seu adversário para derrotá-lo, o que possibilita ao lutador, mesmo sendo menor que seu oponente, vencer a disputa no ringue. O Participante Marcos Aurélio Leite pratica jiu-jitsu há cerca de 28

// Marco Aurélio (de branco)

17 anos e é um verdadeiro campeão em sua categoria. A coleção de medalhas e troféus é grande, mas, segundo ele, maiores são os ganhos reais em sua vida: “A luta aprimora a coragem e a perseverança, reduz o estresse, alivia a ansiedade, ajuda os tímidos a se desinibirem, trabalha a autoestima e desenvolve a autoconfiança e o caráter”. Para Marcos Aurélio, algumas pessoas têm um pouco de medo de se dedicar a uma luta, porém, vencida essa barreira, os preconceitos a respeito da violência e da agres-

sividade dos lutadores caem por terra. “O receio inicial é inerente, por conta de uma visão equivocada sobre as artes marciais, mas o treinamento é conduzido pela equipe de mestres sem ultrapassar os limites do corpo de cada um. Quando percebe isso, o medo passa e o atleta se entrega ao esporte definitivamente”, defende. Seja nas artes marciais ou em qualquer outro tipo de esporte, o importante é que sejam respeitadas as individualidades de cada praticante a partir de uma perspectiva interdisciplinar e de um


diálogo constante entre treinadores e alunos, que podem avançar em sua modalidade de forma segura.

Paixão desde a infância Em função de complicações em seu nascimento, o Participante Davi Fernando Silva foi acometido de uma grave sequela neurológica, que o acompanharia por toda a vida. Quando ainda era criança, ele passou por diversas sessões de fisioterapia e tratamentos, numa tentativa materna de cercá-lo de boas condições de saúde. Porém, em vez de impor limites ao filho – por conta de sua aparente fragilidade – sua mãe encontrou nos esportes um importante suporte para fortalecê-lo. Foi assim que, aos seis anos, Davi começou a frequentar as aulas de judô na escola em que estudava. Em todo esse tempo, só parou por um período, mas logo voltou a lutar para acompanhar um dos filhos, também adepto da modalidade. “Dei um tempo do judô quando atingi a faixa marrom. Após alguns anos, meu caçula começou a se preparar para fazer o exame da faixa preta e me desafiou a treinar com ele. De lá pra cá, não parei mais. Inclusive, em algumas pesquisas realizadas entre lutadores do Estado de Pernambuco, não encontrei ainda outro faixa preta com deficiência neurológica/ motora como eu”, orgulha-se. Atualmente Davi treina duas vezes por semana e segue acumulando benefícios diários. “Quando comecei a lutar, logo no início dos treinamentos, foram identificados ganhos na minha condição, como

// Davi Fernando Silva (de branco)

avanços no equilíbrio, coordenação dos membros superiores (escrita) e fala. No aspecto emocional, é inquestionável o desenvolvimento da paciência, garra, tolerância e respeito ao próximo. Esses ensinamentos, levarei para sempre", comenta o judoca. Na época escolar, em meados dos anos 1980, Davi foi vice-campeão pernambucano de judô. Em 1994, competindo em jogos internos do antigo CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica (atual IFPE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia), representou o curso de Eletrotécnica e tornou-se

"No aspecto emocional, é inquestionável o desenvolvimento da paciência, garra, tolerância e respeito ao próximo." // Davi Fernando Silva

vice-campeão na categoria pesado e terceiro lugar na categoria absoluto (geral). Apesar de praticar o esporte somente por lazer, o Participante diz que não hesitaria em voltar a competir. No entanto, ainda não existem competições com categorias que o enquadrem. 29


// No Consultório

// A medicina recomenda A famosa citação latina Mens sana in corpore sano (ao pé da letra, mente sã num corpo são) é um princípio perseguido por todas as modalidades das artes marciais. Mas e a medicina, o que diz a respeito? Segundo o especialista em Medicina Esportiva Marcelo Salazar, a prática regular de lutas proporciona saúde e qualidade de vida aos atletas, porém algumas questões merecem atenção. “É preciso diferenciar o esporte de lazer do esporte competitivo. Este último exige planejamento e um atendimento multidisciplinar, envolvendo especialistas de diversas áreas. Já o esporte de lazer não demanda um acompanhamento tão intenso, embora também exija cuidados básicos”, alerta. Fisiologicamente falando, dentre todos os ganhos para os lutadores, a exemplo do controle do peso corporal e das dosagens bioquímicas – como glicemia, colesterol e triglicerídeos –, Marcelo Salazar destaca três benefícios que considera os mais importantes: melhoria na capacidade aeróbica (em maior ou menor escala, a depen-

“É preciso diferenciar esporte de lazer do esporte competitivo. Este último exige planejamento e um atendimento multidisciplinar.“ // Marcelo Salazar

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der da modalidade escolhida), desenvolvimento da força muscular, algo fundamental para pessoas de todas as idades, e combate ao sedentarismo, considerada a “praga maior da sociedade moderna”. Se você ficou animado para correr para um tatame e experimentar dos prazeres da luta, um alerta: nada de começar os treinos sem antes passar por uma avaliação física. A dica é procurar um médico cardiologista ou especialista em Medicina do Esporte e ter certeza de que está apto para a atividade. “Algumas doenças podem ser identificadas nesses exames, o que evita complicações futuras em decorrência da prática de exercícios inadequados ou mal orientados”, esclarece Marcelo Salazar. A chance de morte súbita em decorrência de problemas cardíacos, por exemplo, é algo que pode ser evitado por uma boa avaliação clínica. Uma vez liberado para praticar o esporte escolhido, o lutador precisa estar atento aos desgastes que a atividade causará ao seu corpo e realizar consultas periódicas a um médico esportista ou ortopedista. Pessoas que já tiveram complicações mais sérias, como infarto e outras doenças do coração, devem redobrar esses cuidados preventivos. No caso das competições de artes marciais, devido ao alto nível dos atletas e das lutas, é fundamental que estejam sempre a postos uma ambulância e um médico especialista. Caso seja necessário, o profissional auxiliará o juiz para impedir a continuação da luta, preservando o bem-estar e a vida do praticante.


// Algumas modalidades de luta

AEROBOXE JIU-JITSU Arte marcial que utiliza como principais técnicas os golpes de alavancas, torções, estrangulamentos e imobilizações para que o lutador domine seu oponente. É considerada a mais perfeita e completa forma de defesa pessoal. Proporciona grande queima calórica e trabalha, dentre outros aspectos, as funções cardiorrespiratórias e musculares.

JUDÔ Os fundamentos básicos do judô centram-se em cinco pilares: postura corporal, movimentação do praticante no tatame, giros do corpo, formas de pegadas e amortecimento de quedas. A partir da incorporação de princípios como educação, respeito, equilíbrio e superação, o lutador se torna mentalmente condicionado para proteger seu próprio corpo em circunstâncias difíceis.

Baseado em diversas artes marciais e na ginástica aeróbica, desenvolve técnicas de golpes simultâneas ao treinamento físico, principalmente no que se refere à resistência, força, flexibilidade e agilidade. As aulas consistem em movimentos coreografados que funcionam como uma verdadeira ginástica cerebral e promovem alta queima calórica.

MORGANTI JU-JITSU Um estilo de jiu-jitsu que trabalha três fases de luta: traumatizante, desequilibrante e luta de solo. Reforça autodisciplina, autocontrole e autoconhecimento com foco no crescimento interior do lutador.

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// No Consultório

CAPOEIRA Misto de arte marcial, esporte, música e cultura popular, incorpora movimentos de luta, acrobacias e dança, num diálogo rítmico de corpo, mente e espírito. O jogo da capoeira é praticado sempre em roda ao som de cânticos e batidas do berimbau. Trabalha movimentos ágeis e complexos, a exemplo de chutes, esquivas e rasteiras.

MMA (MIXED MARTIAL ARTS OU ARTES MARCIAIS MISTAS) Modalidade de luta que reúne diversas artes marciais. Os praticantes podem utilizar golpes de judô, boxe e jiu-jitsu, dentre outras lutas. Estimula, sobretudo, a superação, a força, a técnica e a competitividade.

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AIKIDO Arte marcial japonesa baseada nos princípios da não-resistência, não-violência e defesa pessoal. A ideia é neutralizar a força e redirecionar o ataque inicial, utilizando-se de movimentos circulares dinâmicos para desequilibrar o oponente, além de uma variedade de técnicas de projeção, rolamentos ou torções. Não há competições ou disputas.

BOXE Também chamado de pugilismo, é um esporte no qual os lutadores utilizam apenas os punhos para combate. Os golpes são socos na área frontal do adversário, rosto e abdômen, que podem levar o oponente ao chamado nocaute, ou seja, queda no ringue, sem que haja condições para continuar a luta.


Sinais de alerta Assimetria, borda irregular, cor diversa e diâmetro são os principais aspectos que devem ser observados em um sinal (ou pinta) para que não se transforme em um problema. Em entrevista à Conexão Fachesf, a dermatologista Márcia Oliveira explica esses e outros detalhes, quais os principais cuidados que devem ser tomados e como se proteger de um possível câncer de pele. 1. O que é a pinta ou sinal? Pinta ou sinal são termos utilizados para se referir às lesões chamadas pelos dermatologistas de nevos melanocíticos. Estes podem se apresentar de forma planas ou elevadas, de cor que varia do tom da pele a um pouco mais escuro e cujo tamanho pode ser bastante variado (desde pequenos pontos até marcas gigantes). 2. Quando as pintas começam a aparecer? Os nevos podem estar presentes desde o nascimento, sendo chamados de nevos congênitos, ou surgirem após o nascimento, quando são intitulados de nevos adquiridos. Estes últimos podem aparecer na infância, mas é observado um aumento em seu número até a meia idade, quando a tendência é a diminuição do surgimento de novas lesões. Predisposição genética e exposição ao sol são os fatores que fazem com que algumas pessoas tenham mais pintas do que outras. 3. Estresse, ansiedade e depressão podem causar sinais na pele? Não existe uma relação direta entre essas origens para os sinais, porém situações que diminuem a imunidade (estresse emocional ou físico) podem contribuir para o surgimento de diversas doenças de pele ou exacerbar as preexistentes. 4. É normal um sinal coçar? O prurido (ato de coçar) não é um sintoma frequente entre os nevos melanocíticos. No entanto, se uma mancha que apresentava um comportamento estável passa a apresentar coceira, ardência, descamação ou sangramento, é fundamental que um dermatologista seja consultado para avaliar a lesão.

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5. Quando um sinal pode se tornar perigoso?

pergunte ao doutor

// No Consultório

É importante fazer, a cada três meses e com a ajuda de um espelho, um autoexame dos sinais preexistentes e ficar atento ao surgimento de novas pintas. Para identificar lesões suspeitas, recomenda-se observar o chamado ABCD dos sinais: • Assimetria – notar modificações no formato. Se, por exemplo, a pinta era redondinha e mudou de forma, ficando assimétrica.

• Bordas – observar se as bordas dos sinais estão ficando irregulares com o tempo.

• Coloração – identificar se, numa mesma pinta, surgirem cores como preto, azul, cinza, avermelhado ou tons de marrom. • Diâmetro – perceber se a pinta vem crescendo ou diminuindo. 6. Todo sinal pode se tornar um câncer de pele?

O dermatologista é o profissional habilitado para o reconhecimento de alterações que possam significar uma lesão precoce de câncer de pele, portanto, é fundamental que pelo menos uma vez ao ano suas pintas sejam avaliadas por um especialista. 7. Como é possível evitar que um sinal se transforme futuramente em um câncer de pele? Ações de prevenção primária, como proteção contra a luz solar, são efetivas e de custo relativamente baixo para a prevenção do câncer de pele, inclusive dos melanomas. É recomendável que o indivíduo sob risco procure um dermatologista ao primeiro sinal de surgimento de novas manchas ou sinais na pele – ou modificação na cor, tamanho e bordas de lesões antigas –, para identificar possíveis cânceres precocemente.

Márcia Oliveira é médica dermatologista do Hospital das Clínicas de Pernambuco (PE) e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia

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// Gestão e Planejamento

Ouvir, entender, responder C

olocar-se no lugar do outro, ouvi-lo, entender suas inquietações e buscar respostas em tempo ágil. Em resumo, esse é o ponto de partida para o trabalho de uma ouvidoria. O que muitos ainda não sabem, entretanto, é que a atividade vai além das questões de atendimento ao cidadão e cumpre um importante papel na gestão das organizações públicas e privadas.

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// Gestão e Planejamento

Q

uando resolve acionar a ouvidoria de alguma instituição, o cidadão, na maioria dos casos, está no limite de sua insatisfação e incredulidade com o serviço prestado. Críticas, reclamações e desejo de soluções rápidas para problemas que parecem não ter fim estão no topo da lista de motivos que levam alguém a procurar a área. Mas afinal o que difere a atuação da ouvidoria dos outros canais de atendimento de uma empresa?

tempo hábil, mas sem garantias quanto à concretização do pedido. “As pessoas costumam achar que ouvidoria é uma espécie de resolvedoria. A ideia é equivocada, pois o trabalho do ouvidor é prestar esclarecimentos condizentes com cada caso de modo ágil e objetivo. Não podemos prometer soluções, pois essas dependem de regulamentos e normas que precisam ser cumpridos”, diz Karla Júlia Marcelino, vice-presidente da Associação Brasileira de Ouvidores (ABO).

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que uma ouvidoria não substitui o serviço de atendimento – este, sim, o principal responsável pela manutenção do relacionamento com os clientes; seu papel é atuar como última instância, depois que todos os contatos realizados anteriormente falharam.

Quando compreende essas limitações, o cidadão, independentemente do resultado do seu processo, sente-se respeitado pela organização, pois sabe que foi ouvido, e suas queixas, levadas em consideração. “Por ter um tipo de contato mais humanizado, a ouvidoria diminui o ruído e o desgaste entre as partes. O consumidor pode até nem sair satisfeito com o desfecho do seu problema, mas entende que não é possível passar por cima das normas da

Cabe ao ouvidor ouvir os relatos de quem lhe procura, entender a demanda e deixar evidente que sua função é buscar respostas em

"O trabalho do ouvidor é prestar esclarecimentos condizentes com cada caso de modo ágil e objetivo." // Karla Júlia Marcelino 36


Um dos principais benefícios da ouvidoria para ambos os lados é a possibilidade de acordos. empresa ou do direito de outras pessoas. Isso melhora a credibilidade em relação aos serviços e desburocratiza o acesso do cliente à empresa”, comenta Karla Júlia.

Como ser um

ouvidor?

Um dos principais benefícios gerados pela ouvidoria para ambos os lados (quem aciona e quem é acionado) é a possibilidade de acordos que evitem o prolongamento desnecessário de algum problema e, em últimos casos, desdobrem-se em disputa judicial. Pendências resolvidas internamente também ajudam a fortalecer a relação entre a entidade e o cidadão, e a promover uma troca de ideias no sentido de melhorar o atendimento de forma geral. No âmbito organizacional, a atuação da ouvidoria é uma grande aliada para o aprimoramento da gestão. Segundo Karla Júlia Marcelino, ao conhecer profundamente as insatisfações, comentários e opiniões do seu público de interesse – geradas pelos relatórios gerenciais de atendimento repletos de comentários, sugestões e demandas recorrentes –, a alta direção tem em mãos um rico material para analisar oportunidades, mapear riscos, diminuir ruídos de comunicação e melhorar a qualidade dos serviços que presta. Em tempos de redes sociais, em que qualquer informação ganha rapidamente todo o mundo, esse recurso tem se tornado cada vez mais fundamental para o fortalecimento da imagem das entidades perante a sociedade.

Para atuar na área de ouvidoria, é necessário obter uma certificação por meio da Associação Brasileira de Ouvidoria (ABO) para comprovar conhecimento nos processos técnicos exigidos. Profissionais de todas as formações podem fazer o curso preparatório que permite ingresso no setor, mas algumas características pessoais são fundamentais: saber se colocar no lugar do outro (praticar a empatia), ter habilidade para ouvir e comportamento ético e coerente para mediar conflitos, ser sigiloso e, sobretudo, gostar de pessoas. Além disso, é preciso compreender a fundo o trabalho de um ouvidor e exercer o poder de argumentação para sensibilizar os gestores no dia a dia das entidades em que atuam, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços prestados e das informações repassadas aos cidadãos.

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// Gestão e Planejamento

Ouvidoria de Saúde é implantada na Fachesf Desde maio de 2014, os usuários dos planos de saúde administrados pela Fachesf passaram a contar com uma Ouvidoria de Saúde. A iniciativa foi implantada para atender a uma demanda da Agência Nacional de Saúde (ANS) e contribuir para o aperfeiçoamento da gestão da Fundação, baseando-se no tripé formado por Qualidade, Informação e Controle. Em outras palavras, melhorar o serviço, desburocratizar o acesso à informação e monitorar as ações internas para responder adequadamente às solicitações. Para Isabel Tavares, ouvidora da Fachesf, com a decisão de implantar a área, a Fundação conquista uma excelente ferramenta de gestão e transforma o Participante em uma espécie de corresponsável pelo trabalho da entidade. “A partir das experiências trazidas até a ouvido-

// Isabel Tavares

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PASSO-A-PASSO

ria, podemos entender melhor as necessidades gerais dos usuários dos planos de saúde e apresentar à Diretoria Executiva propostas que venham trazer benefícios para os processos executados na Fachesf. No final, todos saem ganhando, beneficiários e também a Fundação”, diz Isabel Tavares.

Atendimento na Ouvidoria de Saúde da

É importante reforçar que a ouvidoria implantada na Fachesf lida estritamente com assuntos relacionados aos planos de saúde. Sua função é dar assistência aos Participantes somente depois de esgotados os atendimentos realizados pela Central de Relacionamento. Nesses casos, os beneficiários podem acionar a ouvidoria presencialmente, na sede da Fachesf (Recife/PE), por telefone (81 3412.7502), pelo site da Fundação ou pelo seguinte email: ouvidoriasaude@fachesf.com.br.

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A Ouvidoria recebe a manifestação do Participante Ativo, Aposentado ou Pensionista;

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De posse das informações coletadas, a Ouvidoria faz triagem da demanda e, tomada a decisão de aceitá-la, registra o caso em um sistema próprio, informando ao solicitante o número de protocolo e o prazo para resposta;

3

A manifestação do requerente é direcionada ao setor responsável da Fundação;

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A resposta da área acionada é encaminhada à Ouvidoria, que comunica a decisão ao Participante.

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Caso a demanda não seja da alçada da Ouvidoria, haverá resposta ao usuário para encaminhá-la ao canal de atendimento pertinente.

Fachesf


Depoimento Há alguns meses, meu marido e eu tentávamos uma solução para um problema com o Fachesf-Saúde. Durante um atendimento na Central de Relacionamento, soube que a Ouvidoria de Saúde já estava em funcionamento e decidimos procurar a área. Relatamos a dificuldade para a ouvidora, que entendeu a situação e prometeu-nos retorno em um prazo de cinco dias. Antes disso, porém, fomos avisados de que nossa solicitação havia, enfim, sido acatada. Não sei quais os caminhos que uma ouvidoria percorre internamente, mas

acredito que seu papel foi decisivo no nosso caso. O ideal seria que esse recurso não fosse necessário e tudo fosse realizado pelo próprio atendimento. Mas imagino que numa entidade grande como a Fachesf, com tantos Participantes e diferentes solicitações individuais, é fundamental que exista uma instância própria para ouvir problemas específicos e dar respostas em tempo mais ágil. Fiquei muito satisfeita com a atenção que tivemos. Se a Fachesf, para mim, já era nota dez, agora é dez com louvor.

"Imagino que numa entidade como a Fachesf, com tantos Participantes e diferentes solicitações individuais, é fundamental que exista uma instância própria para ouvir problemas específicos." // Edna Maria Alcântara

// Edna Maria e Sérgio Alcântara

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// Gestão e Planejamento

Ouvidorias: um pouco de história A figura do ouvidor surgiu no oriente muito antes da era cristã: em 202 a.C., durante a dinastia chinesa Han, já existia uma pessoa designada para representar o cidadão perante o Estado. No ocidente, o ouvidor nasceu sob o termo ombudsman – que vem de ombud (representante) e man (homem) – no início do século XIX, na Suécia, após a guerra com a Rússia que resultou na perda de parte do território sueco (a atual Finlândia) para os inimigos. A exemplo dos orientais, o ouvidor do ocidente (eleito pelo Parlamento) também atuava como interlocutor entre o governo e a população, funcionando como importante elo no fortalecimento dos direitos dos cidadãos diante de um poder estatal. Em 1971, a ouvidoria já demonstrava seu crescimento em todo o mundo, sendo instituída em pelo menos 15 países. Em 2003, segundo dados da International Ombudsman Institute, mais de 120 países contavam com a atuação de ouvidorias. No Brasil, a função surgiu em meados dos anos 1800, mas não tinha o caráter de representação popular. Com a chegada da corte de Dom João VI ao Rio de Janeiro, foi designada uma pessoa da confiança do

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Rei de Portugal para lhe reportar tudo o que acontecia na colônia. Seu papel era representar somente o poder, sujeitando os cidadãos comuns muitas vezes ao descaso. Somente após a criação do Governo Geral do Brasil, nasceu a Ouvidoria Geral como juízo do povo. Sua responsabilidade era receber as queixas da população e encaminhá-las à corte da justiça. Essa função, porém, deixou de existir no período em que a democracia nacional foi abafada pela ditadura e as instituições, submetidas ao silêncio compulsório. Em 1983, com a reabertura democrática do país, os canais de comunicação entre o povo e as estruturas de poder foram retomadas e a atuação das ouvidorias ganhou mais espaço. Em 2004, o Ministério da Educação destacou a existência da área como ponto positivo nas avaliações das instituições de ensino; em 2010, passou a ser um serviço obrigatório em bancos e entidades financeiras. Hoje empresas de diversos segmentos adotam as ouvidorias como forma de estreitar o vínculo com seus clientes e, em contrapartida, coletar importantes informações para a gestão dos negócios. No final, todos saem ganhando.


// Foco no Participante

Um cAsAl,

qUaTrO fAsEs, dOiS fIlHoS. A

história da Participante Verônica Lins é igual a de tantas outras mulheres que, movidas pelo amor, reinventou a própria vida. A diferença, porém, está nos caminhos que ela trilhou para entender que cada família se constroi de um jeito diferente. E único.

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// Foco no Participante

J

acinto e eu já tínhamos ambos 30 anos quando resolvemos casar. Aos olhos de algumas pessoas, pode parecer tarde, fora do padrão. Para nós, foi no tempo certo, pois mal sabíamos o quão maduros deveríamos estar para vivenciar o que nos aguardava enquanto casal. Afinal, por mais que nossa história não tenha sido planejada, cada passo dado foi pensado e repensado.

Os três anos planejados logo viraram cinco. E com eles vieram o sentimento de que nos faltava algo para fazer nosso casamento ainda mais feliz. Quando veio a decisão “vamos ter filhos”, o que era um talvez, entretanto, tornou-se certeza: eu não poderia gerar um bebê naturalmente, mesmo após todos os cuidados que havia tido em relação a minha saúde.

O fato é que, pouco tempo antes do nosso casamento, os médicos me sinalizaram que eu teria pouca ou nenhuma chance de engravidar. Essa não é uma notícia fácil de ser ouvida. Mil coisas passam pela cabeça. Por outro lado, o olhar se abre para fatos e situações antes impensáveis. No meu caso, com a notícia, veio o pensamento: meu futuro marido tinha o direito de escolher ter seus filhos naturais. E assim sugeri não casarmos mais.

Fase 2: filhos sim, gravidez não

Fase 1: vida a dois Ao lado do choque inicial, porém, veio a lição de que programar um casamento com a cabeça mais madura, mesmo fora dos padrões sociais, era um ponto positivo. Esfriamos a cabeça e resolvemos então encarar a situação sem transformar o problema em algo que atrapalhasse nosso relacionamento. Como nossos planos iniciais era ter filhos somente após três anos de casados – e assim, aproveitar ao máximo a lua de mel –, deixamos o tempo cumprir seu papel e nos entregamos a uma vida a dois.

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Apesar de, no meu coração, a adoção ser uma solução real, meu marido era resistente à ideia. Ele tinha vários receios e sentia a influência de uma criação muito tradicional em relação aos valores familiares, na qual se acreditava que a criança é produto de sua origem e não do meio em que vive. Entendia o medo dele porque achava normal sentir medo. Afinal, ter filho é uma grande aventura. E se a criança já chega pronta, então? Como lidar? Achei que o melhor seria não forçar nada e tentar o que fosse necessário até o dia em que defini, intimamente, como um limite. Começamos a buscar tratamentos e procedimentos que viabilizassem uma gravidez. A partir dali, foram incontáveis os sentimentos que vivemos nessa busca por “tentar ter filho”. Mesmo sendo uma profissional da área de saúde, por muitas vezes me vi diante das situações mais inusitadas possíveis. Era tanta a ansiedade em ver tudo dar certo que até a interpretar um exame Beta-HCG (que


// VerĂ´nica Lins


// Foco no Participante identifica se a mulher está grávida ou não), eu desaprendi. Quando chegava o resultado, eu via, entre os números, vírgula no lugar de ponto final, só pela vontade de que fosse positivo. Tinha mais de dez anos de formada em enfermagem! Aquilo era inconcebível e já sinalizava um desgaste emocional. O alerta psicológico então soou. Estava me transformando em uma pessoa que não sou: triste e depressiva. Parei tudo e me perguntei por que estava fazendo aquilo. Propus uma conversa decisiva e franca com meu marido e ele entendeu. Era a hora de definirmos por adotar uma criança ou desistir de vez do sonho de aumentar a família.

Fase 3: um é pouco, dois é melhor A conversa foi um divisor de águas na nossa relação. De forma muito sincera, cada um falou dos seus sentimentos e medos. Decidimos então que, se o último resultado de exame fosse novamente negativo, pesquisaríamos sobre adoção. E esse dia chegou rápido. Surpreendentemente, Jacinto foi o primeiro a tomar uma atitude: ligou para uma vizinha que havia adotado recentemente uma bebezinha e quis entender como funcionava todo o processo. Da minha parte, fiz contato com uma colega, mãe de um filho biológico, um enteado e mais três adotados. Foi ela que me falou sobre uma grávida na comunidade onde tra44

balhava, que não tinha condições de criar mais filhos e desejava colocar as crianças para adoção. O único porém: talvez eu não topasse, pois eram gêmeos. Como assim, não toparíamos? Tínhamos uma lista de nomes prevendo até mesmo trigêmeos por conta dos tratamentos que fiz!

Fase 4: grávidos e pais de verdade A reação do meu marido quando soube da possibilidade foi impressionante. Pegou todos os contatos da grávida, ligou e fez um verdadeiro inquérito para saber tudo sobre sua história. Nessa hora, caiu minha ficha que havíamos invertido os papeis. Ele já parecia grávido. Assim que fizemos a primeira visita à moça, Jacinto comprou dois berços. Mas o combinado era, se nada desse certo, ajudaríamos aquela família enquanto pudéssemos. Ali começava nossa gravidez. E a cada visita, aumentava a ansiedade. Cercados de todos os cuidados, nossos filhos nasceram no dia 29 de junho. Para mim, no entanto, nascemos como pais – e eles como nossos filhos – no dia da alta. Lucas e Daniel vieram para casa há sete anos. Em momento algum tivemos dúvidas dos passos dados e dos planos feitos. Parece que sempre esperamos por eles. No casamento, descobrimos que temos mais em comum do que imaginávamos. Ficamos mais cúmplices. Pessoalmente, sinto-me outra; mais tolerante e pa-


Fotos: Aquivo Pessoal

Em momento algum tivemos dúvidas dos passos dados e dos planos feitos. Parece que sempre esperamos por eles.

// Verônica Lins

ciente. Acredito que há pessoas que vivem bem sem filhos. Nós, não. Todos os dias, aprendemos um pouco com eles, que são gêmeos idênticos, porém criaturas bem diferentes.

Como é grande o meu amor por você Porque queremos criar homens bons e íntegros, nunca escondemos a verdade deles. Durante o processo de adoção, fomos instruídos de que a forma ideal de contar a verdade a um bebê é inserir a informação em canções e fábulas. Por isso, criei uma historinha com os nomes deles para contar às vezes, na hora de dormir e sempre encerro a noite cantando para eles a música “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. Um dia, quando eles tinham uns quatro anos, eu estava na cozinha e os dois brincavam na sala. Comecei a ouvir umas palavras difíceis vindo daquelas pessoinhas tão pequenas. Cheguei perto de mansinho e percebi que estavam cantando a música de Roberto. Nesse instante, tive a certeza de que a historinha de Lucas e Daniel já fazia parte deles. 45


// Foco no Participante

Por dentro da

adoção A palavra adotar vem do latim adoptare, que significa escolher, perfilhar, dar o seu nome a alguém, optar, ajudar, escolher, desejar. Juridicamente, a adoção é um procedimento legal que transfere todos os direitos e deveres de pais biológicos para pais substitutos. O processo é regulamentado pelo Código Civil e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Desde os anos 1990, o poder público brasileiro vem tentando simplificar a adoção no país, aumentando as chances de quem deseja constituir uma família ou fazer parte de uma. Confira abaixo alguns destaques deste processo.

Quem pode adotar • Maiores de 18 anos, independentemente do estado civil; • Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável comprovada; • O adotante deve ser pelo menos 16 anos mais velho que o adotado. • Todos aqueles que tiverem sua habilitação aprovada e estiverem inscritos no Cadastro Nacional de Adoção.

Passo a passo 1) A pessoa interessada em adotar deve ir à Vara da Infância e Juventude de seu município onde recebe informações sobre os documentos necessários para dar continuidade ao processo.

// Extras Confira outros pontos importantes sobre o processo de adoção: https://bit.ly/2HJk9HL

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2) Após análise e aprovação dos documentos, são marcadas entrevistas e visitas de profissionais das áreas de psicologia e serviço social das Varas da Infância e da Juventude. É importante dizer que os candidatos não aprovados nesse processo podem entrar em dois grupos: inaptos e inidôneos. Os inaptos são aqueles considerados insuficientemente preparados para a adoção. Eles poderão ser indicados para alguns serviços de acompanhamento, apoio e re-

flexão e, em seguida, passar por uma nova avaliação. Já os inidôneos são excluídos de forma definitiva do cadastro de pretendentes à adoção. 3) O candidato considerado apto ou habilitado entra oficialmente no Cadastro Nacional de Adoção, sendo comunicado via correspondência. A partir de então, deve aguardar o convite para conhecer a possível criança/adolescente compatível com seu estudo psicossocial. 4) Os profissionais habilitados para o processo confrontam o cadastro de crianças disponíveis à adoção daquela comarca ao estudo psicossocial de cada candidato a adotante. 5) Depois de uma apreciação favorável da criança indicada pelos profissionais da Vara, o pretendente pode se encontrar com ela na própria Vara, abrigo ou hospital, conforme a decisão do Juiz. 6) Correndo positivamente a aproximação gradativa, o juiz inicia o processo de conclusão da adoção. Esse tempo varia, respeitando-se a condição da criança.


// Educação Previdenciária

A cadência dos investimentos na era da diversificação

V

iolinos, fagotes, percussão, flautas. Muitos são os instrumentos que compõem uma orquestra em seu papel de entreter o público. Ao longo de uma apresentação, o maestro define combinações diferentes, cada uma com uma determinada função, seja manter a cadência ou estabelecer o ritmo da música. Assim, hora sobressaem os acordes dos metais, hora é o piano que silencia todos os outros sons e toma conta da melodia. São esses conjuntos de variações que tornam a composição completa e prendem a atenção (e o coração) de quem ouve.

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// Educação Previdenciária

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a mesma forma que o regente coordena a sintonia entre os instrumentos para manter o interesse da plateia, nos Fundos de Pensão, são os estudos de ALM – Asset Liability Management ou, traduzindo para o português, Gestão de Alocação de Recursos) – que definem a combinação ideal das aplicações financeiras. Seu papel é analisar os cenários econômicos e projetar ações em curto, médio e longo prazo que garantam o pagamento de suplementação dos atuais e futuros Aposentados e Pensionistas da Fundação. Na Fachesf, os estudos de ALM compõem a Política de Investimentos, documento que, entre outras funções, estabelece os limites, regras e procedimentos da entidade em relação às suas aplicações no mercado financeiro, porém sem engessar as tomadas de decisão. “No dia a dia, acompanhamos o comportamento dos

// Roque Fagundes 48

investimentos com liberdade suficiente para agir e corrigir rumos, mas sempre dentro dos limites da Política, que são condizentes com as variações econômicas internacionais”, explica Roque Fagundes, diretor de Administração e Finanças da Fundação.

Diversificação é a palavra de ordem Se em uma orquestra os instrumentos musicais podem ser tocados em momentos diferentes para dar criatividade e versatilidade ao repertório, nas Entidades Fechadas de Previdência Complementar, a exemplo da Fachesf, a diversificação dos investimentos é a solução mais utilizada para equilibrar Passivo e Ativo. Segundo Roque Fagundes, diariamente acontecem situações


"Realizamos aplicações em investimentos com menores riscos para garantir o pagamento das suplementações daqueles que já são Assistidos."

// Roque Fagundes

inesperadas e um resultado ruim pode ser compensado por outro ótimo. Nesse aspecto, a diversificação é o melhor caminho parecapturar os movimentos do mercado com o objetivo de obter a rentabilidade final projetada. “Realizamos aplicações em investimentos com menores riscos para garantir o pagamento das suplementações daqueles que já são Assistidos. Para este Participante, não podemos correr riscos, pois não há mais tempo para errar e corrigir a rota. Já para os Ativos, como temos um prazo mais longo para o pagamento do benefício, podemos agir com um pouco mais de ousadia e contratar investimentos que tragam melhores resultados para as cotas”, esclarece o diretor. Tanto para o compositor de uma música como para os profissionais da área de investimentos dos Fundos de Pensão, a preocupação maior está focada em satisfazer o público-alvo por inteiro. Sendo este sempre heterogêneo, formado por diferentes perfis, o desafio torna-se ainda maior. No caso da Fachesf, para conseguir atender as diferentes necessidades atuariais dos Planos BD, CD e BS, o portfólio está dividido em renda fixa, renda variável e investimentos estruturados, no exterior e imóveis, além de empréstimos

ao Participante. Para decidir onde aplicará recursos em busca dos melhores resultados, a Fundação contrata no mercado consultores especializados e discute as decisões no Comitê de Investimentos, composto pela Diretoria Executiva, gerente de Investimentos e um representante da área atuarial.

Volatilidade da renda fixa Dentro da diversificação dos ativos da Fundação, os investimentos em renda fixa (papeis do Governo) têm sido frequentemente questionados pelos Participantes, uma vez que esse tipo de título não tem se comportado da forma equilibrada como no passado. Para Roque Fagundes, essa insegurança não tem bases sólidas e faz parte mais da preocupação de todos com o cenário econômico brasileiro do que com a realidade da Fachesf: “Quando nos perguntam o porquê de mantermos a renda fixa no nosso portfólio, explico que, dentre as opções do mercado, ainda é a que varia menos. Além disso, é importante esclarecer que essa volatilidade negativa ou positiva da renda fixa é virtual, ou seja, somente ocorrerão perdas se os títulos forem vendidos no momento de baixa. Como a intenção da Fachesf é levar os títulos até seu vencimento, o resultado negativo não se concretiza. Por termos uma grande massa de Aposentados e Pensionistas, precisamos trabalhar com investimentos de longo prazo que nos assegurem o cumprimento dos compromissos previdenciários sem afetar os benefícios de que já estão sendo pagos e sem correr grandes riscos”, finaliza. 49


// Educação Previdenciária

Acesso à informação para todos Para auxiliar o Participante no acompanhamento dos investimentos, a Fachesf desenvolveu recentemente um formato mais objetivo para seus gráficos e tabelas. A mudança ressalta as informações mais procuradas nesse tipo de documento, tais como a evolução do patrimônio, a rentabilidade dos investimentos por Plano e o valor da Cota do Plano CD. A nova visualização dos dados é mais um recurso da Fundação no sentido de facilitar o acesso à informação e permitir que todos acompanhem de perto seus investimentos. Confira ao lado alguns exemplos do novo formato.

INVESTIMENTOS POR SEGMENTO Em milhões de Reais · junho2014 (R$ 5.298 milhões)

R$ 782 R$ 279 R$ 246

R$ 25 R$ 10

R$ 3.956

Renda fixa

Renda variável

Inv. estruturados

Empréstimos aos Participantes

Inv. em imóveis

Inv. no exterior

O gráfico mostra como os investimentos da Fachesf estão aplicados: renda fixa, renda variável, investimentos estruturados, imóveis de renda e empréstimos a Participantes.

INVESTIMENTOS POR PLANO Em milhões de Reais · junho2014 (R$ 5.298 milhões)

R$ 1.135 R$ 1.709 R$ 147

R$ 41 R$ 32

R$ 2.239

Plano BD Fachesf-Saúde Mais

Plano CD

Plano BS

Fachesf-Saúde

PGA

O gráfico mostra como os investimentos são distribuídos por Plano, nos montantes e proporções definidas pelos estudos atuariais realizados anualmente.

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EVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO | Em milhões de Reais R$ 5.807 R$ 3.659

2009

R$ 4.323

R$ 4.651

2010

2011

2012

R$ 5.125

R$ 5.298

2013

JUN-14

O gráfico acima mostra o patrimônio consolidado de todos dos planos administrados pela Fachesf. Esses recursos são investidos com objetivo de garantir os pagamentos dos obrigações atuariais atuais e futuras dos Participantes, no curto, médio e longo prazo.

PLANO CD | Rentabilidade Nominal Acumulada de janeiro a junho de 2014 Renda fixa Renda variável

9,63% -2,74%

Investimentos estruturados

10,80%

Investimentos no exterior

1,91%

Segmento de Imóveis

0,18%

Operação com Participantes

6,79%

Rendimento Total

7,71%

Meta Atuarial* calculada para junho/2014

5,35%

Nos seis primeiros meses de 2014, os investimentos do Plano CD apresentam uma rentabilidade nominal total de 7,71%, superior aos 5,35% da meta atuarial calculada para o primeiro semestre. Os Investimentos Estruturados lideram com uma rentabilidade de 10,80%, seguidos da Renda Fixa (9,63%) e Operações com Participantes (6,79%) . No período avaliado, o gráfico abaixo mostra que o mês de junho apresentou uma rentabilidade nula, igual a zero.

PLANO CD | Rendimento nominal mensal 2014 PLANO CD | Rendimento nominal mensal 2014 3,50% 3,50%

1,04% 1,04%

3,43% 3,43%

4,14% 4,14% 0,00% 0,00%

-3,49% -3,49% JAN JAN

FEV FEV

MAR MAR

ABR ABR

MAI MAI

JUN JUN

*A Meta atuarial anual é IGP-M + 5,75%. 51


Janelas para novos e velhos mundos se abrem no Recife

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// Cultura e Lazer

A definição acima é do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Segundo dados da instituição, apesar da importância desses espaços para a formação cultural de um povo, o cidadão brasileiro ainda é carente no segmento: quase 80% dos municípios nacionais não possuem qualquer tipo de museu. Nesse sentido, a capital pernambucana pode se considerar privilegiada. Recife conta hoje com mais de 40 museus, que reúnem sensações, ideias e experiências das mais diversas naturezas. Mais do que casas de preservação da memória, são locais para praticar a contemplação da arte e aguçar os sentidos. A revista Conexão Fachesf traz aos seus leitores um pouco dessa história e convida todos a conhecer de perto alguns dos antigos e novos museus recifenses.

Recife conta hoje com mais de 40 museus, que reúnem sensações, ideias e experiências das mais diversas naturezas.

Instituto Ricardo Brennand - IRB Inaugurado em 2002, foi idealizado por Ricardo Brennand, pernambucano que há mais de 50 anos coleciona obras de arte das mais diferentes procedências e épocas, cobrindo um espaço de tempo entre os séculos XV e XXI. As peças têm origem na Europa, Ásia, América e África, e estão reunidas em coleções de pintura brasileira e estrangeira, armaria, tapeçaria, artes decorativas, escultura e mobiliário. O Instituto está entre os quatro museus mais movimentados do Brasil. Seu complexo é formado pelo Castelo de São João, pinacoteca, biblioteca, galeria, parque de esculturas e jardins. Uma das principais atrações do IRB é o acervo de armas brancas, mapas, objetos e pinturas do Brasil Holandês (16301654). Merecem destaque a maior

coleção do mundo de Frans Post, primeiro paisagista das Américas, peças e pinturas sobre a arte brasileira do século XIX e um museu de cera. A pinacoteca do IRB reúne mais de 60 mil livros, documentos do Brasil Império, periódicos, partituras, discos, fotografias, álbuns iconográficos e uma seção de obras com exemplares do século XVI ao XX, dificilmente encontradas em outras bibliotecas.

SERVIÇO Endereço: Alameda Antônio Brennand – Várzea Telefone: (81) 2121.0352 Horário: terça-feira a domingo, das 13h às 17h

Foto: Paloma Amorim

M

useus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos e pessoas diferentes. Por meio dos museus, a vida social recupera a dimensão humana que se esvai na pressa da hora. As cidades encontram o espelho que lhes revela a face apagada no turbilhão do cotidiano. E cada indivíduo acolhido por um museu acaba por saber mais de si mesmo.

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// Cultura e Lazer

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// Cultura e Lazer

Museu da Cidade do Recife Apesar do nome, o Forte das Cinco Pontas – construído pelos holandeses em 1630 – possui apenas quatro pontas, resultado de uma reconstrução após a guerra que expulsou os europeus do Brasil. É lá que, desde 1982, funciona o Museu da Cidade do Recife. Recentemente o espaço passou por uma grande reforma e, em 2012, reabriu para visitas, oferecendo aos seus visitantes diversos ícones que remontam o período colonial em Pernambuco.

Apesar do nome, o Forte das Cinco Pontas possui apenas quatro pontas. O Museu possui cerca de 150 mil imagens e peças provenientes de antigas residências coloniais e da Igreja do Senhor Bom Jesus dos Martírios, já demolida. Uma visita ao imponente prédio é mergulhar não somente no passado e reviver a época de ocupação dos holandeses, mas entender as transformações que a cidade do Recife passou daqueles tempos aos dias atuais.

SERVIÇO Endereço: Praça das Cinco Pontas, Bairro de São José Telefones: (81) 3355.3108 e 3355.3106 Horário: de terça-feira a sábado, das 9h às 17h

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// Cultura e Lazer

Museu do Estado Situado no coração do bairro das Graças, está instalado há mais de 80 anos no imponente palacete Estácio Coimbra, onde viveu Augusto Frederico, filho do Barão de Beberibe. O Museu do Estado Possui um amplo e variado acervo composto por mais de 14 mil obras, sendo considerado um importante guardião da história de Pernambuco.

O Museu do Estado possui um amplo e variado acervo composto por mais de 14 mil obras. Sua coleção está distribuída entre Arqueologia, Cultura Indígena, Presença Holandesa em Pernambuco, Arte Sacra, Cultura Afro-brasileira, Ex-votos, Iconografia, Mobiliário, Porcelana e Cristais. Entre as peças de pintura, telas de artistas como Cícero Dias, Telles Júnior, Francisco Brennand e Burle Max. Além do palacete, um casarão do século XIX, o Museu do Estado conta com o espaço Cícero Dias – com capacidade para abrigar exposições de médio e grande porte – e uma casa anexa para a realização de cursos e oficinas de arte.

SERVIÇO Endereço: Av. Rui Barbosa, 960, Graças Telefone: (81) 3184.3174 Horário: de terça a sexta-feira, das 9h às 17h / sábado e domingo, das 14h às 17h

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Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães - MAMAM O centenário prédio que abriga o MAMAM já serviu como sede do Clube Internacional do Recife e Prefeitura Municipal. Em 1982, foi transformado na Galeria Metropolitana Aloisio Magalhães. Somente em 1997, após uma reforma no casarão, ganhou status de museu e virou o Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães. Ao longo de seus primeiros anos de existência, realizou exposições de artistas como Goya, Picasso, Gilvan Samico, Jean-Mi-

chel Basquiat, Auguste Rodin, Vik Muniz e Antônio Dias. Às margens do Rio Capibaribe, na tradicional Rua da Aurora, o espaço é dividido em três pavimentos estruturados em madeira e conta com sete salas de exposição. O acervo do museu abriga mais de 1.100 obras, entre pinturas, gravuras e litogravuras produzidas desde 1920. A biblioteca especializada em arte moderna e contemporânea é composta por mais de cinco mil títulos.

O acervo do museu abriga mais de 1.100 obras produzidas desde 1920. SERVIÇO Endereço: Rua da Aurora, 265, Boa Vista Telefones: (81) 3355.6870/ 3355.6871 Horário: de terça a sexta-feira, das 12h às 18h / sábado e domingos, das 13h às 17h

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// Cultura e Lazer

Paço do Frevo Ao percorrer os três andares do sobrado onde funciona o Paço do Frevo, o visitante é levado a mergulhar em um vasto universo de personalidades, ícones, batidas e memórias do ritmo que está arraigado na cultura pernambucana. Instalado no Bairro do Recife, o espaço é dedicado à difusão, pesquisa, lazer e formação nas áreas da dança e música do frevo e suas origens. No térreo, funciona o Centro de Documentação e Pesquisa, um café, loja e exposição permanente. O primeiro e segundo andares abrigam salas de música e dança, além de uma rádio, estúdio de gravação e áreas reservadas para a realização de cursos. No terceiro pavimento, um amplo salão com vistas para o mar, estandartes das mais tradicionais agremiações do carnaval Pernambuco (como Pitombeiras, Elefante, Bloco das Flores e da Saudade) conquistam a atenção de quem se dedica a contemplá-los. Para os visitantes que desejam ir além do ato de admirar de forma passiva o acervo de um museu, o Paço oferece, diariamente, vivências de 20 minutos com 10 passos de frevo, uma mostra real de como o ritmo entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé.

SERVIÇO Endereço: Praça do Arsenal da Marinha, Bairro do Recife Telefone: (81) 3355.9500 Horário: terça, quarta e sexta-feira, das 9h às 18h / quinta-feira, das 9h às 21h / sábado e domingo, das 12h às 19h

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// Cultura e Lazer

Museu do Cais do Sertão No espaço, o visitante é levado a mergulhar na cultura do Sertão em toda a sua diversidade e complexidade. Com menos de um ano em atividade (foi inaugurado no início de 2014), o Cais do Sertão rapidamente despertou a atenção de recifenses e turistas. Considerado um dos mais modernos equipamentos culturais do Brasil, está situado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, de frente para o mar. A proposta do museu é utilizar recursos tecnológicos de última geração para enaltecer e preservar a história e as obras de Luiz Gonzaga, cantor que traduziu com maestria a vida do homem nordestino. No espaço, o visitante é levado a mergulhar na cultura do Sertão em toda sua diversidade e complexidade. O Cais do Sertão é dividido em dois módulos: no primeiro, está instalada a exposição permanente de Luiz Gonzaga. O segundo funciona como centro cultural e possui auditório, salas para oficinas, restaurante, café e espaços de convivência.

SERVIÇO Endereço: Av. Alfredo Lisboa – Porto do Recife (Centro) Telefones: (81) 3084.2074 / 4062.9594 Horário: terça-feira, das 9h às 21h / quarta a sexta-feira, das 9h às 18h / sábado e domingo, das 13h às 19h 60


// Extras

Acesse a versĂŁo mobile e confira a galeria completa de imagens sobre os Museus dessa matĂŠria.

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// Mundo Animal

Quem tem medo de barata?

H

orror, histeria, aversão, nojo ou, no mínimo, repulsa. Que ser apavorante é este que causa tamanhos sentimentos negativos? Seria algo de dimensões superlativas, aparência surreal ou incrível poder ofensivo? Surpreenda-

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-se: ele não mede mais do que dez centímetros, não morde ou pica, foge quando alguém se aproxima e é abatido apenas com um simples e rudimentar instrumento (o chinelo). Isso mesmo, o ser abominável desta crônica é ela, a barata.


O

que justificaria o fato de uma espécie aparentemente vulnerável como a barata ser tão temida? O horror sem razão, responderiam alguns, diante da pura falta de explicações científicas ou mesmo empíricas. Mas há certos fatores que podem esclarecer essa aversão: além de sua onipresença e resistência (elas parecem estar em todos os lugares), de frágeis, as baratas não têm mesmo quase nada. O que se costuma dizer, inclusive, é que a barata é um dos poucos animais a resistir a bombardeios e grandes desastres da natureza como bombas atômicas, acidentes nucleares etc. Boatos à parte, quem é de verdade essa danada da barata? Seu nome científico é Blattaria ou Blattodea. Com corpo ovular e achatado, possui tamanho aproximado de 10 centímetros (as consideradas domésticas; aquelas mesmas que aparecem na sua casa quando você menos espera), cabeça curta e subtriangular. São revestidas por um casco duro de quitina e têm um formato meio achatado, que lhes permite suportar esmagamentos leves sem morrer. Em geral, são de coloração parda, marrom ou negra. Há registros de seres de coloração marrom avermelhada ou até verde e amarela. Considera-se, de forma geral, que as fêmeas são maiores que os machos. Para quem acha que essa informação significa menos aversão ao ser do sexo masculino, uma má notícia: os machos costumam ter as asas mais desenvolvidas. A alimentação de uma barata, como é possível supor, é bastante diversificada. “São insetos onívoros, ou seja, comem qualquer coisa, tendo princi-

As baratas são insetos onívoros, comem qualquer coisa, tendo principal atração por doces, alimentos gordurosos e de origem animal. pal atração por doces, alimentos gordurosos e de origem animal”, afirma Élison Lima, entomólogo e professor assistente da Universidade Federal do Piauí (UFPI) – entomologia é a ciência que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o meio-ambiente.

Sobreviventes Lembram-se das afirmações sobre falta de fragilidade? Pois é, as baratas podem viver uma semana sem beber água e até um mês sem comer. É justamente aquele líquido branco (a gordura), que sai do seu interior depois de uma chinelada, o que protege seus órgãos internos e permite o jejum prolongado. Além disso, com verdadeiros poderes de super-heróis, conseguem perceber o perigo através de mudanças na corrente do ar à sua volta por meio de sensores localizados no dorso. Achou pouco? Saiba então que ela pode ficar horas sem oxigenação, devido a 20 aberturas laterais, os espiráculos, que levam o ar para todo o seu corpo. “É interessante que o ar, no caso de insetos, entra diretamente nos tecidos corporais sem passar por um sangue (como é o nosso caso). O sangue em insetos serve apenas para passar nutrientes para o corpo, mas não oxigênio”, explica Élison Lima. 63


// Mundo Animal

Foto: Divulgação

Não bastasse todo esse aparato de sobrevivência e consequente dificuldade com o convívio de quem a repugna, o que as baratas podem trazer, realmente, de malefício para os seres humanos? Segundo o entomólogo, elas podem atuar como vetores mecânicos de bactérias, fungos, protozoários, vermes e vírus. As espécies domésticas, por exemplo, são responsáveis pela transmissão de várias doenças, por meio de suas pernas e fezes.

Espécies Existem cerca de 4 mil espécies do inseto que vive na Terra há 325 milhões de anos (aproximadamente 650 delas, ocorrentes no Brasil). Menos de 10 são consideradas pragas sérias e apenas cinco são realmente presentes em quase todos os locais que humanos habitam. A maior barata que se tem conhecimento viveu há cerca de 300 milhões de anos e tinha cerca de 45cm de comprimento. Dentre as mais conhecidas, estão a barata americana, Periplaneta americana, a barata alemã, Blattellagermanica, a barata asiática, Blattellaasahinai e a barata oriental. Seus parentes extintos são, possivelmente, as roachoids, como o Archimylacris Carbonífero e o Permiano Apthoroblattina.

// Extras

Confira o PDF do livro 'Metamorfose': https://bit.ly/2QtNhWj

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Além dessa quase onipresença no mundo real, as baratas também dominam as telas do cinema e televisão e a literatura clássica universal: do alemão Franz Kafka, que a fez resultado de uma rara mutação humana em seu aclamado livro Metamorfose, ao clássico infantil O Casamento de Dona Baratinha, passando por filmes

A " s espécies domésticas, por exemplo, são responsáveis pela transmissão de várias doenças, por meio de suas pernas e fezes."

// Élison Lima

como o ícone do terror Baratas Assassinas ou a comédia Joe e as Baratas. Na música, ela também entrou no casting do fenômeno infantil Galinha Pintadinha – como a barata mentirosa que alega ter sete saias de filó – e na trilha popular do pagode de Alexandre Pires e companhia. E não foi só. Se puxar pela memória, certamente muitas outras baratas famosas entrarão nessa lista que, felizmente, nada tem de horror, histeria, aversão, nojo ou repulsa. Ao menos nas artes, as baratas são mera diversão.


A Barata Nome científico Blattaria ou Blattodea

Origem 325 milhões de anos

Espécies Cerca de 4 mil

Revestimento Casco duro de quitina com formato achatado

Tamanho 3 a 10cm

Cores Parda, marrom ou negra

Alimentação Onívoros

Longevidade De 1 a 4 anos

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// Mundo Animal

Curiosidades e boatos Resistência Será mesmo verdade que as baratas resistem a ataques nucleares? Apesar do seu perfil de Highlander, não há comprovações de que isso seja verdade. A lenda surgiu, provavelmente, na década de 1960, com o relato nunca confirmado de que elas teriam sobrevivido às bombas de Hiroshima e Nagasaki. O que se sabe é que, segundo alguns estudos, a barata americana aguenta até 20 mil rads (unidade de radiação absorvida). Uma bomba semelhante a de Hiroshima tem 34 mil rads; ou seja, nem mesmo as baratas sobreviveriam a tamanho impacto radioativo.

Sensibilidade Dotadas de cerdas ultrassensíveis, suas antenas podem captar odores e, de acordo com a espécie, até a presença de água, álcool ou açúcar.

Reprodução Algumas espécies podem produzir até 800 descendentes em seus cerca de quatro anos de vida. Outras, como a germânica, vivem durante um ano e podem gerar até 20 mil filhotes.

Ataque aos seres humanos

As baratas comem praticamente tudo, desde restos de comida e cola a fezes, passando por couro, papel e uma infinidade de outras coisas. Elas podem “atacar” pessoas vivas durante o sono, nas extremidades como dedão e sola dos pés, unhas e palmas das mãos. Como não possuem dentes, usam sua mandíbula para raspar as superfícies. Segundo o entomólogo Élison Lima, há relatos de atração das baratas por secreções nasais e

orais, e o resultado desse contato pode ser edemas oculares e dermatites (inflamações na pele), tais como erupções de bolhas em torno da boca, provavelmente causadas por liberação de secreção pelas baratas. Ele explica que as baratas também podem entrar em ouvidos e narinas, causando infecções e alergias respiratórias que aumentam a sensibilidade à asma. “É importante ressaltar, entretanto, que embora sejam conhecidas por essas características, a quantidade de espécies que efetivamente causam esses tipos de problemas é muito pequena se comparada com a diversidade de baratas”, conclui.

Fontes: Lucy Figueiredo, bióloga especialista em baratas da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (ABCVP); Marcos Roberto Potenza, pesquisador do Instituto Biológico de São Paulo; The CockroachPapers: a CompendiumofHistoryandLor, de Richard Schweid 66


Acesse o QUIZ através do link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c15/quiz/

FACHESF Para testar seus conhecimentos e saber cada vez mais sobre a Fundação e seus Planos de Previdência, leia com atenção as matérias publicadas nesta edição da revista Conexão Fachesf (nº15) e responda às questões a seguir. 1. Segundo a atual Assessora Técnica de Benefícios da Fachesf, um dos pontos de grande relevância para a atuação da área é:

A Realizar visitas programadas, palestras e reuniões. B Conhecer as reais necessidades dos Ativos, ApoQuem responder até o dia 05 de setembro e acertar todas as respostas ganhará um prêmio especial. Boa sorte!

Ativo Aposentado

Lotação Pensionista

sentados e Pensionistas.

C Dar mais dinâmica à área. D Ajudar a consolidar uma cultura previdenciária. 2. A proposta do museu é utilizar recursos tecnológicos para enaltecer e preservar a história e as obras de Luiz Gonzaga. /Oferece aos seus visitantes ícones que remontam o período colonial em Pernambuco. /O visitante é levado a mergulhar em um vasto universo de personalidades, ícones e batidas de um ritmo. / As menções acima fazem referências a quais museus do Recife, respectivamente?

A Museu da Cidade do Recife / Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães / Museu do Estado

B Museu Cais do Sertão / Paço do Frevo / Instituto Ricardo Brennand

C Museu Cais do Sertão /Museu da Cidade do Recife /Paço do Frevo

D Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães / Museu Cais do Sertão / Paço do Frevo

Deposite este formulário na urna localizada na Central de Relacionamento, na Sede da Fundação, ou entregue-o na Agência Fachesf mais próxima. Se preferir, o Quiz também pode ser respondido online, no site www.fachesf.com.br.

3. Como é composto o Comitê de Investimentos da Fachesf:

A Diretoria Executiva, gerente de Investimentos e um representante da área de atuária

B Diretoria Executiva, Conselho Deliberativo e um representante da área de atuária

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FACHESF C Conselho Deliberativo, gerente de Investimentos e Diretoria Executiva

D Um representante da Previc, gestor de Investimentos e Diretoria Executiva

4. Em que ano os bancos e instituições financeiras foram obrigados a oferecer uma área de ouvidoria aos cidadãos?

A 1999 B 2001 C 2010 D 2011 5. Quantas espécies de baratas existem no Brasil?

A 4 mil espécies B 5 mil espécies C 800 espécies D 650 espécies 6. Qual é a dica do especialista em Medicina Esportiva Marcelo Salazar para quem se interessar em experimentar os prazeres da luta e ter certeza de que está apto para o esporte?

A Procurar um médico cardiologista ou especialista em Medicina do Esporte.

B Diferenciar esporte de lazer do esporte competitivo.

C Correr para um tatame. D Controlar o peso corporal e as dosagens bioquímicas.

7. A psicóloga e psicoterapeuta Valéria Meirelles, especializada em psicologia do dinheiro, diz que:

8. O que mais motivou o novo Diretor de Benefícios, Raimundo Jorge, a tentar a eleição para a Diretoria da Fachesf?

A A possibilidade de permanecer no Conselho Deliberativo.

B A experiência que acumulou durante anos e o fato de conhecer de perto a realidade das regionais.

C A vontade de conhecer melhor a Fachesf. D Nenhuma das respostas anteriores. 9. Do que trata o livro Versos do Olimpo, escrito por um dos Participantes que saíram recentemente no PIDV, segundo seu depoimento à Conexão Fachesf?

A Poesia inspirada na cultura greco-romana B Uma releitura das histórias de amor de Afrodite C Mitos gregos, deuses, semideuses, heróis e representantes de todo o sincretismo religioso, notadamente da cultura afrobrasileira

D A vida pós-aposentadoria 10. Nessa 15º edição da revista Conexão Fachesf, qual a matéria que você mais gostou?

11. O que você achou desta edição da revista?

A Ótima B Boa C Regular D Ruim Por quê?

A O comprador tem que entender que ele é o deten-

tor do recurso que o vendedor tanto deseja, e não o contrário.

B Nem todos são aptos a negociar. C É grande o número de pessoas que não se sente à vontade para negociar.

D Barganhar deve ser algo feito sempre em segredo.

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12. Quais os temas você gostaria de indicar para a próxima edição da Conexão Fachesf?


*& kd i asq // Caça-palavras

Acesse o caça-palavras através do link: http://www.fachesf.com.br/conexao/c15/cpalavras/

Fachesf:

Educação Previdenciária

O Programa de Educação Financeira e Previdenciária da Fachesf tem como objetivo mostrar aos Participantes como é importante conhecer profundamente seus planos de benefícios para planejar melhor suas reservas financeiras.

O Programa é realizado em ciclos anuais, após avaliação e aprovação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Os conteúdos são tratados por meio de palestras e treinamentos corporativos, e ganham reforço dos canais multimídia da Fundação (Conexão Fachesf, TV Fachesf, Fanpage Realize), além do apoio de folders, cartilhas e simuladores.

Z C K T H S J S I V L X Z I K T A R K O J S W S G V B U A Z

T H H P I W C Q Q A S A N C R F J F R D A E R Q P P T M C O

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M N Y C D G S B R C O I E J T Y E Q T A D P A W C D C W N L

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S R G T L J O K X U A H B A A V V X V U Z I G C E T F I Z G

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