O Velho e o Menino

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O Velho e o Menino Por Fabricio Cantanhede e Mauricio Capistrano

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EXT. MATAGAL - FIM DE TARDE No meio do mato, dois feixes de luz se movimentam através das árvores iluminando o chão e as folhagens alternadamente. GALHOS E FOLHAS SECAS SENDO PISADOS. LUIS(O.S.) Flávio, vamos voltar. Tá ficando tarde. FLÁVIO(O.S.) Deixa de ser mariquinha. FLÁVIO e LUIS, 10 anos, caminham cuidadosamente entre os arbustos. Eles seguram uma lanterna cada um e Luis carrega uma mochila nas costas. Flávio para e faz sinal com a mão mandando Luis parar também. Eles se agacham atrás de um arbusto. FLÁVIO (sussurando) Não te disse? Ele tá em casa. Luis olha através do arbusto, assustado. Ele vê à sua frente uma casa imponente, velha e mal cuidada. Apenas a luz de uma das janelas está acesa. FLÁVIO (sussurando) Abre a mochila. Luis continua estático, olhando para a casa, assustado. FLÁVIO Luis! Abre a mochila! Os feixes de luz das lanternas iluminam a parede da casa. Um balão de plástico estoura na parede deixando uma mancha de tinta azul. INT. SALA - FIM DE TARDE Os móveis da sala estão empilhados no canto oposto da janela, empoeirados. BALÕES ESTOURANDO NA PAREDE. O VELHO, 60 anos, está sentado à mesa, no centro da sala. À sua frente, sobre a mesa, um prato de sopa. Ele toma a sopa com uma colher.


2. VIDRO QUEBRANDO. O Velho para, por um instante, com a colher no meio do caminho entre o prato e a boca. Ele toma mais uma colherada, se levanta e vai em direção à janela. EXT. MATAGAL - FIM DE TARDE Luis olha para Flávio com cara de quem acabou de fazer uma besteira. FLÁVIO Luis! Seu burro! A cortina se abre e os meninos vêem o Velho através do vidro da janela. LUIS É ele!!! FLÁVIO Corre!!! INT. SALA - FIM DE TARDE TELEFONE TOCA. O Velho vê, através da janela, os meninos correndo mata adentro. Os feixes de luz das lanternas balançam frenéticamente. Depois que os meninos desaparecem, o Velho vê o refléxo do seu rosto cansado no vidro da janela. TELEFONE PARA DE TOCAR. INT. QUARTO DO VELHO/CORREDOR/QUARTO DO FILHO - NOITE Ao lado da cama, um abajur ilumina o Velho deitado de olhos abertos. Ele se levanta e, lentamente, caminha em direção ao corredor escuro. CORREDOR O Velho para diante da porta de um quarto e liga o interruptor. A luz não acende. Ele entra no quarto. BARULHO DE PANCADA E OBJETOS DE MADEIRA SE ESPALHANDO PELO CHÃO.


3.

VELHO(O.S.) Droga!!! BARULHO DE INTERRUPTOR SENDO LIGADO. Uma luz se acende dentro do quarto projetando a sombra do Velho na parede do corredor. QUARTO DO FILHO A janela do quarto está quebrada e, no chão, uma pedra cercada por estilhaços de vidro. Um estrado de cama está apoiado, de pé, na parede. Os outros móveis estão cobertos por lençois brancos. Junto a parede, próximo do abajur aceso que ilumina o quarto, uma caixa de papelão virada e vários brinquedos rústicos de madeira espalhados pelo chão. Entre eles um pião, uma perna-de-pau, um palhaçinho trapezista de madeira e um suporte de metal. O Velho pega o palhaçinho e o suporte de metal e olha para eles, um em cada mão. EXT. JARDIM - DIA A extremidade de uma mangueira está próxima à torneira, junto à parede da casa. Do lado da torneira está um velho regador de metal. A mangueira, esticada no chão, atravessa um jardim abandonado. A outra extremidade está próxima a um pequeno cercado de bambu onde estão algumas flores num canteiro de terra bem cuidado. O Velho se aproxima da torneira e atarracha a mangueira. Ele abre a torneira e pequenos jatos de água começam a surgir ao longo de toda a mangueira. VELHO Não acredito! Ele ouve uma RISADA. O Velho olha através da água que jorra da mangueira furada e vê o MENINO, 10 anos, que se esconde atrás de uma árvore. VELHO Eu estou te vendo! Some daqui! O Velho caminha em direção ao cercado de bambu, se debruça diante do canteiro e começa a cuidar das flores.


4.

VELHO Já é a terceira mangueira esse mês! A mangueira continua atarrachada na torneira. O regador não está mais lá. O Menino surge atrás do Velho carregando com dificuldade um antigo regador cheio de água. Ele inclina o regador, quase molha o Velho, e rega uma das flores do canteiro. O Velho se levanta, assustado. VELHO Que negócio é esse? Sai daqui! Estragam minha mangueira e ainda querem matar minhas flores? Ele pega o regador da mão do Menino, coloca-o no chão, derramando água para todos os lados. VELHO Não escutou? Fora!!! Não preciso da ajuda de ninguém! O Menino sai, apressado, em direção ao matagal. O Velho observa ele se afastando e se vira novamente para o canteiro. VELHO (resmungando em voz baixa) E ainda regou tudo errado. Ele pega o regador e molha a terra, calmamente, próximo aos caules das flores. INT. SALA - DIA Sobre a mesa da sala estão alguns objetos de antiquário e algumas ferramentas. O palhaçinho e o suporte de metal estão ao lado do relógio que o Velho conserta sentado em sua cadeira. O Velho usa um monóculo por cima dos óculos. EXT. JARDIM - DIA POV DO MENINO observando pela janela o Velho trabalhando.


5.

INT. SALA - DIA O Velho percebe que alguém o espia. Ele olha para a janela e vê algumas plantas se mexendo. O Velho volta a trabalhar. INT. CORREDOR - DIA POV DO MENINO observando o Velho, desconfiado, trabalhando. O Menino esbarra em uma cadeira. INT. SALA - DIA O Velho ouve um BARULHO, se levanta imediatamente, coloca os óculos em cima da mesa e caminha em direção ao corredor. VELHO Malditas crianças. O Velho ouve uma RISADA e olha para trás. POV DO MENINO usando os óculos com o monóculo do velho. RISADA. O Velho vê o Menino rindo sentado ao lado de sua cadeira usando os seus óculos. VELHO Como você entrou aqui?! MENINO Pela porta, ué! Por onde mais? O Velho caminha em direção ao Menino. VELHO (nervoso) Deixa de ser espertinho. Tira esses óculos e vá pra sua casa. MENINO Mas eu só queria... VELHO (nervoso) Queria roubar meus óculos. Vocês querem roubar as minhas coisas agora! MENINO Não. Eu só vim aqui...


6. VELHO (interrompendo) O quê? O quê tu quer aqui?! MENINO Eu queria... O Menino olha as coisas em cima da mesa. MENINO Eu sei consertar esse palhaçinho. Esse palhaçinho de madeira aqui... Eu tenho um... É só colocar o... O Velho, cada vez mais nervoso, se aproxima do Menino. VELHO (interrompendo) Que consertar palhaçinho o quê! E a tinta na minha parede? E a mangueira furada? E a janela quebrada?! O Menino se assusta com a agressividade do Velho. MENINO Não sei do que tu tá falando. VELHO Não sabe ou não quer assumir a besteira que fez?! Vamos, sai dessa cadeira e vai pra casa. O Velho tira os óculos do Menino e os coloca. O Menino, emburrado, se levanta e fica de costas para o Velho. MENINO Eu só queria ajudar a consertar o palhaçinho. O Velho, irritado, pega o Menino pelo braço e tenta levá-lo até a porta. VELHO Não preciso da ajuda de ninguém pra consertar nada. O Menino começa a chorar. MENINO (chorando) Não disse que tu não consegue consertar sozinho. Eu só queria ajudar.


7.

O choro do Menino assusta o Velho. Ele larga o Menino que diminui o choro. VELHO (apaziguando) Escuta guri, já falei que não quero você nem os seus amigos por aqui. MENINO E eu já disse que... O Menino se vira para o Velho e começar a rir. VELHO Tá rindo de quê?! O Velho usa o monóculo que deixa um olho maior que o outro. MENINO (soluçando) Teu olho tá gigante. VELHO Vai rindo vai... isso é um instrumento de trabalho, não é brincadeira. O Velho dá as costas para o Menino e caminha em direção à mesa. MENINO Mas eu não preciso disso pra consertar o palhaçinho. VELHO Claro, você não tem a minha idade. Você ainda enxergue bem. MENINO (empolgado) Então eu posso arrumar o palhaçinho? O Velho fica sem reação. MENINO Eu não preciso nem pegar o teu óculos emprestado pra consertar ele. O Velho senta em sua mesa e olha para o Menino empolgado.


8.

VELHO Tu tens até às cinco horas pra consertar ele. MENINO Tá bem. O Velho coloca os óculos e o Menino ri. VELHO E sem mais risadas sobre os meus óculos. O Menino tapa a boca com a mão e para de rir. O Velho volta a trabalhar em um velho relógio e o Menino senta na cadeira ao seu lado. EXT. JARDIM - DIA O Velho está debruçado sobre o canteiro e, com uma pequena pá de jardineiro, ajeita a terra. Ele usa um chapéu de palha e luvas de borracha. INT. SALA - DIA O Menino termina de montar o palhaçinho na estrutura de metal e experimenta o brinquedo. O palhaçinho roda algumas vezes e se desprende voando longe. O Menino dá uma GARGALHADA. TELEFONE. EXT. JARDIM - DIA O Velho se levanta e caminha em direção à porta de casa. INT. SALA - DIA O Velho entra em casa e vê o Menino falando ao telefone. MENINO Pode deixar. Eu aviso que você ligou. Tchau. Ele coloca o fone no gancho. VELHO O que você tá fazendo?


9.

MENINO Era o seu filho. VELHO (exaltado) Não quero saber quem era! Você não pode ir atendendo o telefone assim na casa dos outros. O Velho tira as luvas e o chapéu e os coloca sobre a mesa. VELHO Sua mãe não te deu educação? Olha, tá ficando tarde. É melhor você voltar pra sua casa. O Menino olha para o palhaçinho no chão. MENINO E o palhaçinho? VELHO Depois você termina. Anda! É só um brinquedo bobo! Além do mais, ele não vai a lugar nenhum. O Menino caminha em direção à porta e passa pelo Velho. Antes de sair, ele se vira e olha para o Velho. VELHO O que foi agora? MENINO Ele não é nada bobo! É mais legal do que você! O Menino sai e bate a porta. O Velho olha para a porta e suspira fundo. Ele se vira e vai até o telefone, arrancando-o da tomada. CENA 12 - INT. SALA - DIA O Velho está sentado à mesa, de pijamas. À sua frente um copo com café quente exalando uma fumaça branca. CARTEIRO(O.S.) Carteiro!


10. O Velho vê a correspondência sendo empurrada por debaixo da porta. Ele se levanta, pega as cartas e passa uma a uma até parar num cartão postal. Ele olha rapidamente o cartão postal e desvia seu olhar para o telefone com o fio arrebentado. Ele joga com desdém o cartão postal em cima de uma mesa. INT. SALA - DIA O Velho trabalha em um relógio. Ele mexe em uma peça que quebra. Ele atira os óculos sobre a mesa. VELHO (impaciente) Droga! O Velho olha pela janela. EXT. JARDIM - DIA A mangueira está esticada e cheia de remendos feitos com pedaços de panos. O Velho remenda um último furo. Ele caminha até a torneira e a abre. Os primeiros remendos funcionam mas quanto mais a água de aproxima dos últimos remendos a água vai escapando até que vários remendos se soltam esguichando água pelos furos. VELHO (impaciente) Droga! INT. SALA - DIA O Velho volta a trabalhar no relógio. Ele está concentrado mexendo com peças minúsculas usando o seu óculos com o monóculo por cima. VELHO Isso... só mais um pouquinho. E agora... BATIDAS INCESSANTES NA PORTA. O Velho deixa a minúscula peça cair no chão. VELHO (impaciente) Droga! Mas quem será agora?! O Velho abre a porta. Do lado de fora, o Menino está suado e ofegante.


11. VELHO Você de novo? E que pressa toda é essa? MENINO Eles vêm aí! VELHO Quem vêm aí? MENINO Os meninos que quebraram a sua janela! Eles falaram que vão quebrar as suas coisas. O Velho olha para fora, na direção do matagal. VELHO Como você sabe? Tu disse que não era amigo deles. MENINO Não sou. Mas eu sei que eles tão vindo. VELHO Como você sabe? MENINO Meu... minha irmã. Minha irmã conhece eles e me falou. VELHO Tá bom. Entra e se acalma que eu já sei o que fazer. EXT. MATAGAL - FIM DE DIA Flavio e Luis caminham pelo mato. POV do velho vendo eles passarem. O Velho está agachado no meio do mato de pijamas e usa um capacete de piloto de avião da Segunda Guerra. Ele carrega uma arma de água de brinquedo e, nas costas, duas garrafas grandes de refrigerante com um líquido. Um pedaço da mangueira com remendos liga as garrafas à arma. Ele se levanta bem devagar, sem fazer barulho e vai atrás dos meninos. POV DO MENINO em cima de uma árvore, vendo os dois se aproximarem.


12.

VELHO (ameaçador) Êi! Vieram me visitar? POV DO MENINO vendo Flávio e Luis assustados se virarem na direção do Velho. O Velho aperta o gatilho jogando o líquido em Flávio e Luis. Eles saem correndo na direção contrária e passam debaixo da árvore onde está o Menino, segurando um balde. Ele vira o balde cheio de farinha em cima dos dois fazendo uma nuvem de poeira. No meio da poeira baixando surge Flávio e Luis correndo em direção ao Velho. Eles empurram ele no chão. O Menino pula da árvore GRITANDO. Flávio e Luis tentam tirar a sujeira dos olhos. O Menino ajuda o Velho a se levantar. Flávio e Luis olham o Menino e o Velho se levantando. MENINO Corre! Vamos correr! Vamos! EXT. MATAGAL - FIM DE DIA Eles correm pelo mato. O Menino está assustado. O Velho corre e dá RISADAS. BARULHO DE ÁGUA. O Menino diminui o passo. MENINO Que barulho é esse? VELHO Vamos, corre. Tem uma casa abandonada ali perto do rio. O Menino para de correr. O Velho olha para trás e vê o Menino parado. MENINO Eu não quero ir até o rio. VELHO Por quê? Eles vão encontrar a gente.


13.

MENINO Tenho medo. VELHO Deixa de ser medroso. MENINO Medroso é você que não fala com o seu filho. O Velho olha irritado para o Menino. VELHO Isso não é assunto pra criança. Deixa de manha e vem logo antes que aqueles dois achem a gente. O Menino começa a chorar. MENINO Eles não vão mais achar a gente. Eu sei. Não quero ir para o rio. O Velho se assusta com o choro do Menino. VELHO Calma! Calma! O Menino enxuga as lágrimas. MENINO Vamos embora, por favor. VELHO Tá bom. Achei que você queria continuar brincando. INT. SALA - NOITE Na mesa da sala, o Menino está sentado na cadeira diante de um prato vazio. Ao lado, uma cadeira vazia e um outro prato vazio sobre a mesa. O Velho entra na sala trazendo uma panela com sopa, fumegante. Ele serve o prato do Menino e depois o seu, sentando-se logo em seguida. O Menino enche a colher com sopa, sopra-a e a coloca na boca.


14.

Hummm!

MENINO Tá gostoso!

VELHO É uma receita da minha bisavó. Minha mãe me ensinou a fazer quando eu era menino, assim da sua idade. MENINO E você ensinou para o seu filho? VELHO Não... ele não é muito de entrar em cozinha. MENINO Por quê você não fala mais com ele? VELHO A gente brigou há muito tempo atrás. Mas deixa isso pra lá. Ele vê o Menino tomando uma colherada de sopa, saboreando-a. VELHO Depois eu mando a receita pra sua mãe. Afinal, você mora aonde? MENINO Na casa azul, perto da padaria. O Velho se vira e olha para a janela. Está escuro do lado de fora. VELHO Já é tarde. É perigoso você voltar essa hora. Vamos ajeitar um lugarzinho pra você ficar aqui e de manhã cedo você vai pra casa. INT. QUARTO DO FILHO - NOITE O Velho abaixa o estrado da cama. O Menino mexe nos lençois que cobrem os móveis e pega um porta-retratos sobre a mesa. O Velho vê o Menino olhando para a foto e, do lado dele, no chão, a caixa com os brinquedos de madeira. MENINO Ele parece com você. Por quê vocês brigaram?


15.

VELHO Foi bobagem. Já não tem mais importância. MENINO Você sente falta dele? VELHO Escuta aqui! Já passou da hora de criança ir pra cama. Vai lavar o rosto no banheiro! O Menino coloca de volta o porta-retratos e sai. O Velho termina de preparar a cama. Seus olhos estão cheios de água. INT. QUARTO DO VELHO/QUARTO DO FILHO/SALA - DIA O velho acorda e se levanta. Ele vai até o quarto do filho. O velho entra no quarto e vê que o Menino não está mais lá. A cama está arrumada e, sobre o travesseiro, está o cartão postal. Ele pega o cartão postal e o lê. Está escrito: "Pai, você vai ser avô. Venha nos visitar. Te aguardo ansiosamente." INT. QUARTO DO VELHO/SALA - DIA O Velho termina de arrumar a mala, fechando-a. Ele pega a mala e um chapéu velho, sobre a cama. Ele carrega a mala até a sala, vê o relógio antigo sobre a mesa e, do lado dele, o palhaçinho de madeira. Ele se senta e rapidamente arruma o brinquedo, prendendo o palhaçinho na estrutura de metal. EXT. CASA DO MENINO - DIA O Velho anda pela calçada carregando a mala e o palhaçinho de brinquedo, preso na estrutura de metal. Ele para diante da casa azul que parece abandonada. Ele BATE na porta. Coloca a mala no chão, tira o chapéu e enxuga o suor do rosto. Uma MULHER, 40 anos, abre a porta. MULHER Sim?


16.

VELHO Bom dia, eu queria falar com o seu filho? MULHER Eu não tenho filhos. A Mulher tenta fechar a porta, mas o Velho a impede. VELHO É um menino de uns dez anos. Com o cabelo... MULHER Eu moro sozinha. E a família que morava aqui foi embora há uns dois anos. Logo depois do acidente. VELHO Que acidente? MULHER Dizem que o filho deles morreu afogado no rio lá de baixo. O Velho apoia o chapéu contra o peito. MULHER O senhor conhecia ele? O Velho olha para o palhaçinho de brinquedo. MULHER Esse brinquedo era dele? VELHO Como? Ah, o brinquedo... era... quer dizer... não, não. É pro meu neto. O Velho coloca o chapéu. VELHO Muito obrigado, minha senhora. Preciso ir.Tenho uma viagem a fazer. Bom dia. O Velho pega sua mala e caminha afastando-se da casa. FIM


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