Jornal da Brotero Nº 8 - junho 2012

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Avelar Bro tero :: nยบ8 Junho de 2012

Projeto

Ecomoda 2012 Teatro escolar Poesia Visitas de Estudo Destaque

Empreendedorismo Junho de 2012 Jornal da Brotero 1


Editorial ::

Índice :: 3

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Projetos Ecobrotero Escola eletrão Ecomoda 2012 Atividades Olimpíadas da Biologia Pensar no Feminino Dia Int.da Família e da Luta contra a Homofobia Concurso creating Visitas de estudo Sintra - Olhares Londres Barragem da Aguieira Empreendedorismo Editorial Modesta proposta sobre aquela coisa... Escola e Sociedade: O espírito empreendedor O poder das evidências Opinião LINGUA VULGARIS Os limites morais dos mercados Esta Europa que nos une Outras culturas A taste of Romania Português Língua Não Materna Roteiro Pedagógico Um colóquio... Formação Linguagem Gestual A.C. de Filosofia Exposição imagens@dem.uc Ideias de Descartes e ideias de David Hume Teatro ESAB/ESJF A História bem sucedida das suas representações Dep. de Línguas Oficina de escrita criativa POETRY Creative Writing Poesia Dia Mundial da Poesia Cultura e Lazer Adivinhas Canções de embalar Fotografia Algumas efemérides portuguesas Exposição coletiva de Artes Visuais

Junho de 2012 António Marques (Coordenador) Aires Diniz Artur Costa Emília Melo Helena Gonçalves Hélia Marques Isabel Sá Pedro Falcão jornaldabrotero@esab.pt

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O Empreendedorismo Recentemente empossado como diretor desta escola, começo por saudar toda a comunidade educativa, professores, alunos e restantes funcionários, desejando a todos um trabalho eficiente e um salutar convívio, para que possam atingir os objetivos de realização profissional e pessoal que anseiam. Aludindo à temática deste jornal – O Empreendedorismo – e sendo o povo português, originalmente empreendedor, atualmente designado de pouco arrojado e laborioso, cumpre, a cada um de nós, dar um passo em frente no sentido de imbuir a Escola Brotero de espírito inovador, criativo e proativo, dotando, assim, os nossos alunos de ferramentas que lhes permitam uma integração efetiva no mercado de trabalho e na sociedade, tão mais importante, numa altura em que os tempos de crise económica, mas também de valores, empeçam essa inclusão. De entre as várias vertentes do empreendedorismo, queremos salientar a Social e a Empresarial, de cariz distinto, mas igualmente importantes e complementares, que esta escola tem apadrinhado. Na vertente Empreendedorismo Social, aspeto em que a nossa escola tem sido pioneira, é de realçar, atualmente, a PROMUNDO, associação criada por iniciativa do nosso colega Fernando Castro (que, infelizmente, já não está entre nós), sediada nesta escola e cuja atividade tem sido continuada por via da cooperação de professores, funcionários, alunos e exalunos. Aproveito para fazer um apelo a todos os alunos para que participem ativamente na PROMUNDO, a fim de que a sua atividade possa continuar a ser desenvolvida, em especial na Guiné-Bissau, concluindo os projetos já iniciados e dando início a outros. Ressalvo, no entanto, situações de carência a nível local que não podem nem devem ser esquecidas. Relativamente ao Empreendedorismo Empresarial, é importante referir que um número significativo de Pequenas e Médias Empresas – PME – da região de Coimbra foram implementadas por ex-alunos da Escola Brotero, parte das quais já com dezenas de anos de atividade. Não podemos esquecer que esta vertente do

« cumpre, a cada um de nós, dar um passo em frente no sentido de imbuir a Escola Brotero de espírito inovador, criativo e proativo...» empreendedorismo tem também uma função social na criação de postos de trabalho e estágios, assim como na colaboração em iniciativas de cariz social. Gostaria, ainda, de realçar a participação e a qualidade da prestação da nossa escola nas “Escolíadas 2012”, por iniciativa da Associação de Estudantes. A Escola Brotero pauta-se pela coexistência de Cursos Científicohumanísticos e de Cursos Profissionais, frequentados por alunos com ambições, porventura distintas, mas que pretendem uma formação sólida que lhes possibilite desenvolver o seu espírito empreendedor. Por isso, desafio todos os alunos e professores desta escola a desenvolver projetos que permitam testar capacidades empreendedoras, que poderão ser, no futuro, o fundamento da realização profissional e, consequentemente, pessoal dos nossos alunos. Por último, desejo a todos os alunos que obtenham aproveitamento escolar. Aos que concluem o ensino secundário, faço votos para que continuem a ter sucesso escolar e/ ou profissional, estando a Escola Brotero recetiva sempre que o pretendam.

Manuel Carlos Esteves da Fonseca Diretor da Escola Secundária de Avelar Brotero


:: Projetos

Projeto Ecobrotero O projeto Eco-escolas – Ecobrotero- teve início no ano letivo anterior, com a professora Susana Bugalho, e este ano encontra-se em fase de desenvolvimento, tendo a colaboração da professora Clara San-Bento e de um grupo de alunos do 10º1A e do 10º1E. O principal objetivo do nosso projeto é sensibilizar a comunidade educativa para a necessidade de diminuir o consumo de energia da nossa escola. Uma das estratégias utilizadas foi o da colocação de autocolantes junto aos interruptores das salas de aula, para que à saída ninguém se esqueça de desligar as luzes. De referir que para a reprodução dos autocolantes tivemos o auxílio do professor João Leal.

Projeto Eco-escola

comunidade escolar relativamente ao consumo energético da escola neste ano letivo e ao seu impacto no ambiente. Em Janeiro, por exemplo, que quantidade de energia (em kWh) a escola “gastou”? Em que mês se “consumiu” mais energia? Quanto já pagou a escola à EDP, este ano? A nossa preocupação com o ambiente levou-nos a calcular e a perguntar, de acordo com os dados da International Energy Agency (IEA, 2009) para as emissões de CO2 por kWh de energia elétrica e calor, qual foi a contribuição, em massa, de dióxido carbónico emitido neste ano letivo. Por fim, perguntámos: é possível "poupar" energia na escola? Das respostas obtidas, podemos verificar que a maioria dos inquiridos, sobretudo alunos, deseja contribuir para a poupança de energia. Apesar disso, uma boa parte gostaria de ajudar a "poupar" energia mas não sabe como. É, sem dúvida, importante que todas as pessoas saibam como o podem fazer, pois não nos podemos esquecer que são os pequenos gestos que fazem a diferença. Diminuir a utilização de ar condicionado nas salas, “apagar luzes” desnecessárias ou desligar os computadores são os mais simples e mais facilmente realizados.

Recolha de REEE este ano esteve abaixo da do ano passado Pelo 3º ano consecutivo, a escola participou na recolha de Resíduos de Equipamentos

Elétricos

e

Eletrónicos

(REEE) – lâmpadas, pilhas e acumuladores – , no âmbito do projeto “Escola Eletrão”. Este ano a nossa escola recolheu 920kg de resíduos, um pouco abaixo dos 1.410kg recolhidos no ano letivo anterior, mas acima dos 850Kg recolhidos há 2 anos. A nossa escola é uma das 551 escolas a nível nacional a participar neste projeto, que recolheram, no total, 872.241kg, estando abaixo da média nacional, já que recolheu

menos

de

1.583kg.

Se

compararmos com a média recolhida por Através da instalação de equipamentos de monitorização na escola pela empresa de Coimbra, ISA, Intelligent Sensing Anywhere, Lda iniciou-se, este ano letivo, a recolha automática de dados de consumo energético e de temperatura, humidade e CO2 em algumas salas. O apoio que tem sido prestado e o acesso do EcoBrotero à plataforma de gestão centralizada daquela empresa, permite um estudo mais pormenorizado, há pouco iniciado. A partir da análise dos gráficos conseguimos saber quais os períodos de maior e menor consumo por zonas da escola e compará-los em meses, dias e horas diferentes – durante a noite os consumos por hora variam entre os 20 e 25 kWh, etc. Estamos neste momento a pesquisar quais os equipamentos que não são desligados durante a noite e os que ficam em “standby” (também durante o dia), para tentar perceber as causas para determinados consumos. Através de um pequeno inquérito que elaborámos, disponível online na página da escola (Ecobrotero), procurámos investigar o que pensa a

aluno (2,02kg), estamos muito mais abaixo, com cerca de 0,6kg. Como agradecimento à escola pela sua colaboração, a sociedade responsável pelo projeto (amb3E) ofereceu canetas, que chegaram aos alunos por intermédio dos diretores de turma. As

coordenadoras

deste

projeto

agradecem a toda a comunidade escolar e pedem que esta continue a colaborar com a Uma comunicação deste trabalho foi apresentada por alguns alunos do 10º1A no III MiniCongresso de Ciência por Jovens MC2J, organizado pela escola D. Duarte e pelo Exploratório, realizado a 18 de Maio neste Centro Ciência Viva, em Coimbra.

divulgação deste tipo de campanhas ambientais que promovem a saúde e a qualidade de vida. O projeto termina por este ano, mas…

A equipa Ecobrotero

para o ano há mais! Obrigada a todos pela colaboração,

Andreia Santos Maria Filomena Silva Teresa Fonseca

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Projetos ::

EcoModa-Brotero apoiou a Promundo

Noite

As criadoras responsáveis pelo 1º Prémio Beatriz, Daniela e Marina

memorável! No dia 21 de abril, a nossa escola foi palco de mais um desfile solidário, a favor da Promundo. Foi o culminar de mais um ano de trabalho! Desta vez, o projeto EcoModa contou com a colaboração da Agência de Modelos Paris Fashion Models; de Isabel Cabeleireiros – Estética; do Mr. Pizza; do Estúdio M - Academia de Fotografia; do Atelier Ecodesign Imaginart; da Editora de Moda Sandra Dias e, ainda, com a participação da loja Rosa e Chocolate, que apresentou a coleção primavera-verão.

A escola congratulou-se com a presença da diretora regional do centro, Dr.ª Cristina Oliveira. Estiveram também presentes a Para além do concurso EcoModa, a noite ficou marcada pela participação da professora Mónica Sebastião, que colaborou na homenagem ao fundador da Promundo, Fernando Castro, com a canção Halleujah.

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presidente do conselho geral, Dr.ª Helena Loureiro, o diretor, Dr. Manuel Esteves da Fonseca, a subdiretora, Dr.ª Fátima Valente e o professor adjunto, Dr. António Gomes. A todos agradecemos a disponibilidade e presença.

A criadora responsável pelo 2º Prémio Ana Cunha

Os manequins vestiram coordenados, transformados por jovens criadoras dos cursos de Design de Moda e Artes Visuais. Todos os coordenados foram a concurso, tendo sido selecionados três, por um júri rigoroso. Este ano integraram o júri seis elementos: os professores de Artes, António Baptista, Isabel Pião e Maria do Carmo Almeida; a gerente da loja Rosa e Chocolate, Dra. Cristina Portugal; a Editora de Moda, Sandra Dias; e a designer Carolina Mota, responsável pelo Atelier Ecodesign Imaginart.

As criadoras responsáveis pelo 3º Prémio Mariana, Inês e Maria Manuel

O grupo de dança de salão da nossa escola também marcou presença, com uma excelente participação. A aluna Salomé, encarnando um personagem, o empreendedor, numa reflexão sobre “Projeto-escolaempreendedorismo”.


Os três coordenados vencedores:

1º Prémio Pela qualidade dos projetos, como podemos observar pelas fotos, este ano foram atribuídos dois prémios de mérito. O sucesso motivou as jovens criadoras que, radiantes e empenhadas, já pensam em participar no próximo desfile solidário.

2º Prémio

3º Prémio

Na segunda parte da noite, houve o desfile dos mais pequenos, que apresentaram a coleção primavera-verão, com várias peças da loja ROSA E CHOCOLATE. A alegria dos pequenitos contagiou o público.

O momento da entrega dos prémios.

Criadora Rita com a modelo

OBRIGADA a todos que colaboraram na consecução do desfile solidário! Este proporcionou aos alunos novas experiências e incutiu-lhes, principalmente, a necessidade de serem empreendedores e mais solidários. À professora da área curricular das Artes, Dr.ª Helena Oliveira, um agradecimento especial por ter acompanhado o trabalho das jovens criadoras. Profª Ana Amaral

A modelo com as suas criadoras, Inês e Leonor

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Atividades :: Aluno do 10º 1B entre os 10 melhores classificados de 10ºano José Pedro Delgado, da turma 1B do 10º ano, foi um dos 10 melhores classificados a nível nacional, na 2ª eliminatória das Olimpíadas da Biologia 2012, na categoria 10º ano. Este aluno tinha sido o único aluno da escola apurado para a 2ª eliminatória, entre os 24 alunos inscritos do 10º ano das turmas 1B, 1C, 1D e 1F e 1 da turma 12-1C. Aguarda-se a marcação da data da cerimónia de entrega de prémios que decorrerá no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. A organização convida, para além do aluno, a sua família e os professoras responsáveis pela organização da Olimpíadas na escola. A área curricular de Biologia e Geologia agradece a todos os professores que, direta ou indiretamente, colaboraram com o projeto e permitiram, uma vez mais, que este fosse possível. P/ Área curricular de Biologia e Geologia Andreia Santos

“Pensar no Feminino” A exposição teve lugar na Biblioteca da nossa escola para assinalar o “Dia Internacional da Mulher”, enfatizando o contributo das mulheres quer no pensamento filosófico, quer no pensamento em geral, ao longo da História. Uma vez que poucas são as filósofas propriamente ditas, alargámos o conceito a todas as pensadoras que, apelando a outras linguagens, enriqueceram o nosso modo de compreender e de sentir o mundo. Assim, apresentou-se um pouco da obra de mulheres místicas, investigadoras, poetisas, escritoras, ensaístas, políticas e filósofas. Este ano, o Nobel da Paz atribuído a três mulheres de culturas e países diferentes, ditos subdesenvolvidos, fez com que estas

mulheres também fizessem parte desta exposição, através de trabalhos de alunos e de professores. Finalmente, é de referir que o título da exposição deveu-se não a qualquer preconceito cartesiano de primado do pensamento sobre o corpóreo, mas sim ao facto desta ter sido dinamizada pela Área Curricular de Filosofia, da escola. Professora Helena G. Gonçalves

Dia Internacional da Família e Dia Internacional de Luta contra a Homofobia No dia 15 de maio, Dia Internacional da Família, o Gabinete do Aluno organizou uma sessão para os alunos e alunas de várias turmas do 10º Ano, com o objetivo de assinalar esta data, bem como o dia 17 de maio, Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia. A atividade, que se realizou no Auditório da escola, foi dinamizada por Pedro Pais, ex-aluno da Brotero, da Rede ex aequo, associação de jovens lgbts (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros). Gabinete do Aluno

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Atividades ::

Concurso creating

No

passado dia 25 de Maio, chegou ao fim, com a cerimónia da entrega de prémios, a primeira edição do “Concurso Nacional de Criatividade – Cr3at!ng”. Durante todo esse dia, os alunos da escola, participantes e visitantes tiveram a oportunidade de participar num Workshop de fotografia, com a fotógrafa Ana Pastoria (um dos elementos do júri do concurso), e noutro de programação em “Scratch” por Patrícia Nogueira e Fernando Milagaia (disponibilizado pela TMN, um dos patrocinadores do concurso, que, ao longo do dia, desenvolveu também uma ação de marketing, tendo, entre outras coisas, distribuído, através de passatempos, iPhones e pranchas de Surf). No átrio da escola esteve, ainda, patente, um “estendal”, com todas as fotografias submetidas a concurso, e para quem quisesse “pendurar” a sua contribuição criativa. Paralelamente, foi também realizada uma exposição (que ainda decorre) com uma seleção das 12 melhores fotografias, num formato de maiores dimensões, para exposição na Galeria Vit’Arte, do Centro Comercial “Dolce Vita”. No auditório da escola (local onde decorreu a cerimónia de entrega de prémios), estiveram montadas, ao longo da manhã e princípio da tarde, duas “estações de trabalho” – uma de vídeo e outra de animação –, tendo, aí, os visitantes podido experimentar as técnicas de “ChromaKey” (um efeito especial de vídeo muito utilizado em cinema e em televisão, e que consiste na substituição dos fundos das cenas filmadas por outros reais ou virtuais) e de Animação por “Stopmotion”, onde puderam experimentar a realização de pequenas animações, captando imagens “frame a frame” com recurso ao freeware “AnimatorDv Simple+”, a um computador vulgar e a uma webcam. A cerimónia de entrega de prémios (que contou com a presença de diversos participantes no concurso, acompanhados de professores e Diretores das suas escolas) decorreu a partir das 14h30 e teve a participação do Diretor da Escola Secundária de Avelar Brotero, Engº Manuel Carlos Esteves da Fonseca, que, após a exibição dos

trabalhos premiados, procedeu à entrega dos respetivos prémios. No final da cerimónia, o Diretor da Escola fez um discurso de agradecimento aos participantes no concurso que, ao longo de quase um ano, promoveram a criatividade e levaram o bom nome da Escola ao país inteiro, tendo, amavelmente, entregue medalhas da Escola aos representantes das escolas visitantes (e ainda foi oferecido um pequeno lanche a todos os presentes). A equipa responsável pelo “Cr3at!ng “ agradece a todos os que, de uma forma ou de outra, colaboraram na realização deste concurso – em especial ao nosso Diretor, que disponibilizou os fundos necessários para que este evento pudesse ter acontecido; aos elementos do júri, Ana Pastoria, José Alberto Rodrigues e João Ricardo Neves (que, sem qualquer contrapartida, disponibilizaram o seu tempo e sabedoria pessoais); aos patrocinadores que, entre outras formas de colaboração, forneceram os prémios; e, finalmente, aos participantes, pois sem eles o concurso não teria existido. A todos eles, o nosso muito obrigado! A equipa do Creating: Ana Seco Artur Costa Gonçalo Carnaz João Leal João Sá

Os trabalhos vencedores e outros, podem ser visualizados na página do facebook http://www.facebook.com/ConcursoCr3ating

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Visitas de estudo :: Visita de estudo a Sintra

Roteiro Queirosiano 12 e 13 de março de 2012

Olhares

Foto: Cátia Marques, 11º3A

11º 1D

11º 1B

Sintra…

Sintra é…

… foi por entre o arvoredo que vislumbrámos a beleza de tal vila, que foi palco de muitas emoções.

Um refúgio histórico, um local calmo, um misto de terra e mar, uma vila romântica, uma terra de antepassados, um reflexo de experiência num dia bem passado!

(Pedro Baptista)

… foi um maravilhoso reviver do tempo e do espaço retratados na obra de Eça; foi viver uma experiência empírica dos intensos episódios românticos de “Os Maias”. (João Sequeira)

Toda a beleza de Sintra embelezou a leitura de “Os Maias”. (Joana Torres)

Foto: Inês Melo, 11º 1B

Estar em Sintra é como estar no Mundo das Maravilhas: a maravilha do conhecimento e a maravilha da cultura … (Cláudia Santos) (Inês Melo, Inês Costa, João campos, Pedro Torres) Roteiro Queirosiano - turmas 1B e 3A (Foto: Inês Melo, 11º 1B)

11º 1A

Sintra… … um lugar mítico que ficou parado no tempo. (Bernardo e Manuel Malva)

… mais do que uma vila, um mundo encantado! (Carolina Tavares, Helena Santos, Francisco Silva, Nuno Cruz)

… um lugar maravilhoso, a descobrir! (Maria Morais, João Freitas e Tiago Palma)

O encanto desta vila transcende o nosso olhar… As cores das casinhas ofuscam a nossa mente… Tudo tem um lado perfeito, de fantasia histórica que contrasta com o nosso atual viver… Um fio de água nas pedras húmidas, uma camélia cor-de-rosa na perfeição dos verdes campos… Um comboio na “Vila dos Mil Encantos”… As queijadas não esquecidas, as lojinhas encantadas, o palácio majestoso… (Ana Margarida Costa, Ana Rita Barreto, Joana Rodrigues)

Roteiro Queirosiano - turmas 1A e 3B (Foto: Isabel Sá)

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(Francisca Baptista, Francisco Magalhães, Ana Matos, Bernardo Casaleiro)

Sintra de amor que na terça-feira mostrou o seu esplendor… No verde da floresta, fizemos a festa. Na Regaleira passámos e na Lawrence parámos: aí revivemos a paixão de Carlos e o nosso caminho continuámos. No almoço parámos e com as camélias nos encantámos… Um crime cometemos, pois logo as colhemos.


:: Visitas de estudo Fotos: Cátia Marques, 11º3A

Foto: Cátia Marques, 11º3A

11º 3B

Sintra é linda e, em OLHARES, foi minha… (Ana Carolina Bernardo)

Desde os seus palácios imensos às paisagens deslumbrantes, Sintra é, sem dúvida, algo a repetir. (Andreia Rodrigues, Carlos Branco)

No palácio entrámos e logo nos apaixonámos: nos paços do passado abrimos a nossa imaginação e lá deixámos o nosso coração…

Sintra é uma vila cheia de encantos e com uma história muito bonita!

À Piriquita fomos comprar umas queijadas para a família alegrar, mas infelizmente para Coimbra tivemos que voltar.

A qualidade de Portugal e da sua beleza! Sendo um dos países mais bonitos, a vila de Sintra está acima da média em Portugal. É magnífica!

(Ana Raquel, Carolina, Rita Almeida)

(Carina Vaz)

Sintra é linda, o quadro fantástico… (Rodrigo)

que é um encanto para os olhos, aqueles jardins que nunca parecem ter fim, apesar de dominados por senhoras e senhores ricos, que se misturam com o que é a lindíssima e importantíssima Serra de Sintra, que já encantou - e há de continuar a encantar -, por séculos e por gerações. Pelo mistério e bom ambiente – sossegado -, porque tal Terra nunca conheceu azáfamas ou confusões de maior, e, pelo amor que os seus conterrâneos lhe têm, nunca há de conhecer.

(Bernardo Abreu)

Foi uma experiência “brutal”! (David Pascoal)

Sintra é uma vila lendária! (Cristiano Venâncio)

Sintra é linda, inesquecível, e com uma história muito bonita. (Maryna Tymofyeyeva e Maria João Carrilho)

Foto: Inês Melo, 11º 1B

Sintra é História como nunca ninguém viu: imaginação e memória nas águas se sentiu.

Sintra é um lugar histórico encantador, com paisagens magníficas. (Marina Gomes)

Sintra é uma vila única, amorosa e fascinante!

Por entre a beleza da vegetação quase fomos confrontados: apanhar camélias em Sintra dá punição… E, sem dinheiro para as queijadas viemos com as camélias na mão! (Miguel Carvalho, Francisco Dinis, Margarida Correia, Virgínia Figo)

A primeira vez que ouvi falar de Sintra foi quando a “Setôra” nos propôs essa visita de estudo. Gostei muito de ir: o palácio era belo e grande, as pessoas eram, de um modo geral, simpáticas e conheci coisas novas. (Henrique Almeida)

(Cornélia da Silva)

11º 3A

Sintra, quem és? Sintra… Terra de queijadas, do puro e real verde, de palácios e palacetes, do musgo, da água fresca, do sossego, e, principalmente, do Romance e do Amor. Qual é o Português enamorado que, ao pensar no seu velho Portugal, sem troikas, sem confusão e consternação - ou até mesmo com elas -, não pensa na afamada vila de Sintra? Aqueles cantinhos recônditos que são um regalo para apaixonados e românticos que pensam numa escapadela, para respirar o seu bom ar e ter um simples momento de prazer à antiga…; aquele verde

E então, é o escape de eleição. Porém, não só aos apaixonados ocorre Sintra. Os amantes da Natureza recordam-na pela paisagem, mais uma vez, cheia de verde…, as centenárias árvores…, o som da água a correr e a escorrer... Cascatas. Riachos. Musgo! Os fãs da arquitetura rococó, realista, passeiam-se pelas ruas e recordam o que já não é construído hoje: os umbrais, os brasões integrados em cada casa – apalaçada – que Sintra tem em abundância. O pós-gótico e pré-moderno estão presentes. Mas, qualquer amante de uma boa paisagem tem que passar por lá, para uma fotografia. Porque “Sintra não são só pedras velhas, nem coisas góticas… Sintra é isto, uma pouca de água, um bocado de musgo…”, uns cantinhos sossegados, e é, garantidamente, um “paraíso!”. Texto e fotos: Cátia Marques, Nº 4, 11º3A

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Visitas de estudo ::

Visita de estudo

a Londres Entre os dias 21 e 24 de março de 2012, um grupo de 43 alunos, das turmas 11º 1A, 11º 1C, 11º 2 A, 11º 2 C e 11º 3 A, realizaram uma visita de estudo a Londres, no âmbito da disciplina de Inglês e organizada pelas professoras Clara Rei e Cristina Sousa. As professoras Maria Filomena Faustino, Maria Teresa Fonseca e a Assistente Comenius, Andreea-Maria Sancelean, também participaram como professoras acompanhantes. Durante esta visita, os alunos tiveram oportunidade de conhecer os locais mais emblemáticos da capital britânica e vivenciar de perto uma cultura que a maioria só conhecia dos livros. Mas, quem melhor do que os próprios alunos para descrever esta experiência? Publicam-se, assim, alguns excertos dos diários por eles elaborados durante a visita.

22nd March, 2012

21st March 2012

“ (...) I was inside the plane ready to fly to my paradise city, London! As soon as we arrived my heart was just beating really fast. The smell, the green places, the people, it was all new... The first day was really good!” Diogo Soares (11º 2 A)

“(...) It was only when I got out of the underground and saw the Big Ben, that there was a click in my head : “I’m really in London!!!” Before we got into the London Eye’s cabin, we saw a 4D film about the city... and I cried, because I was finally fulfilling a dream I had since I was 12 years old (...)” Joana Paiva (11º 2 A)

“The day started with a nice English breakfast J Then we went out to another great day! First we visited Tate Modern, a museum of modern art where we can find works by Picasso, Matisse and many others. A great place to visit!“ Ana Beatriz (11º 2 A)

“After some shopping in Oxford Street, we went back to the hotel, had our 6 o’clock tea (we couldn’t get there earlier) and then went to the Hard Rock Café, near Green Park station. It was amazing! I took photos of every single amazing guitar there and I wished I could have played one, but, oh, well… And I also loved the food!” David Fernandes (11º 1 A)

“When I saw the Big Ben I finally thought “I’m in London!”. It was a unique feeling, it is so beautiful and big. Near the London Eye we saw a 4D movie which showed the beauty of London and then we went for a ride in the London Eye. I loved it!” Alexandra Almeida (11º3A)

23rd March, 2012

“I love London!!! The Hyde Park is beautiful… The lake is awesome and I’d like to sail there! We’ve also seen the Changing of the Guard at Buckingham Palace and it was fantastic… There were so many people there… I loved it!” João Madeira (11º 2A)

Já vamos no nº8! Perdeste algum?

Visita a versão on-line em PDF. Podes consultá-los todos, imprimir ou descarregar em www.brotero.com (ou através do link directo: http://issuu.com/esab125)

10 Jornal da Brotero Junho de 2012


:: Visitas de estudo “Today was the day! I started to understand how London works, and started to realize how beautiful London is. I’m certainly going to sleep with a smile on my face today. I had the British breakfast, and I was like: “K, imagine you are in one of those days you wake up and you have lunch right after it… It’s not that bad”, and it was not, the bacon and the beans were delicious (at 7h45am, dude!). We went to St. James’s Park, OMG! It is so perfect, it’s everything we think of when we are in spring. It’s open, clean, with amazing views, awesome animals – I had never seen a pelican before -, we saw a squirrel on the top of a tree trying not to move so that we wouldn’t see him, well, he obviously failed. Ahah. The lake, the water, it was so hot in there I just wanted to jump and swim with the (weird) ducks for a little bit. Some trees were nude, some were flowered. It looked like a good painting of the Renaissance, so perfect and green!” Cátia Marques (11º 3A)

“What I liked most was Covent Garden! It was just awesome; I can’t find words to describe it! The spirit and charm could be seen and felt in the market full of tents with fabulous handicraft, lots of life provided by street artists and the antique but at the same time modern architecture. It was just the kind of neighbourhood I like! (…) Thank you for this awesome experience!” Sofia Gomes (11º 2 A)

24th March 2012

“I have to say I really liked the atmosphere of that city, it all reminded me of Harry Potter, Hogwarts, witches and magic! And our hotel, I found it really cool, It was a traditional old building almost in the centre of the city. I enjoyed it a lot! The underground impressed me very much! Everything was so organized, everyone was in a hurry, all those stairs, all those corridors, all those commuters… One thing I admire about the underground is how simple it is to understand its mechanism, how easy it is to travel by it. “ Inês Santos (11º 3A)

“This was without a doubt one of the best experiences in my life and I’m glad I lived it with everyone that went. London is a truly amazing place and if I could, I would pack my bags and go right back! Thanks for the experience. BYE LONDOOON!” Margarida Duarte (11º 3A)

“What is the most appropriate way to describe the trip to London? The essence of the capital city of the U.K. comprised in a few days: the English breakfast, The London Bridge, the Big Ben, the London Eye, The Buckingham Palace, St James Park, Tate Modern, The Museum of Natural History and the list can go on... It was an amazing experience not only because I had the opportunity to wander on the streets of London, getting a grasp of its pulse each time I turned my head, but also because it helped my bond with the students and the teachers as we shared our excitement and fascination.“ Andreea- Maria Sancelean (Assistente Comenius)

“Let’s remember this trip forever! We loved it! It’s just like in the movies!” Ana Carina (11º 1 A)

Visita de estudo à Central Termoelétrica de Mortágua e à Barragem da Aguieira Os alunos dos cursos profissionais 12º PAC, PER e PSI2 realizaram uma visita de estudo, no âmbito da disciplina de Físico-Química, às centrais termoelétrica e hidroelétrica de Mortágua, no dia 21 de março de 2012. Acompanhados pelos professores de FísicoQuímica e de Tecnologias e Processos, os alunos deslocaram-se de autocarro até Mortágua. Aí, foram divididos em dois grupos

– um, que iniciou a sua visita pela central termoelétrica, e o outro pela Barragem da Aguieira. Nas centrais, os alunos foram acompanhados por um monitor que lhes explicou todo o processo de produção de energia elétrica a partir da biomassa (central termoelétrica) e da água (central hidroelétrica). Desta visita, os alunos puderam concluir que estas fontes energéticas são pouco poluidoras, pois tudo o que é utlizado para a produção de energia ou é a água ou é a biomassa, cujos níveis de CO2, emitidos para a atmosfera, se equiparam aos libertados, se essa biomassa estiver ao ar, nas florestas. Os níveis de produção de energia variam muito nas centrais termoelétrica e

hidroelétrica, sendo a barragem a ter a maior cota de produção de energia, esperando-se que a central termoelétrica, daqui a uns anos, também chegue ao valor médio de produção de uma barragem. Esta visita de estudo foi de grande interesse, pois proporcionou situações de ensino e aprendizagem não formal, estimulou nos alunos a curiosidade científica e o gosto pelo saber, e isso verificou-se no decorrer da visita pelas inúmeras questões que os alunos iam colocando ao monitor e aos professores acompanhantes. Os Professores de Tecnologias e Processos e de Físico-Química João Correia e Susana Bugalho Junho de 2012 Jornal da Brotero 11


Tema de capa ::

Modesta proposta sobre aquela coisa que não vou mencionar Os

colegas e as colegas da equipa do jornal da nossa escola não têm culpa nenhuma. Mas eu que, com alguma dificuldade, confesso, até já tinha umas ideias alinhavadas para um texto sobre o tema deste número, não consigo, por mais que tente, escrever uma linha que seja sobre aquela coisa que não vou nomear. A culpa é de, nesta semana em que acaba o prazo para entregar as nossas contribuições, ter havido alguém, que não vou nomear, que, aparentemente sem corar, achou que, mais do que normal e razoável, era desejável e empolgante afirmar que o desemprego não pode ser visto como uma tragédia, mas antes como oportunidade para mudar de vida (incluindo mudar de país), como uma alavanca para aquela coisa que não vou nomear. A culpa é, também, de ter havido um outro, que não vou nomear, que disse, aparentemente sem corar, que devemos estar todos unidos para combater “o coiso” que é a coisa que cria, em cada um e cada uma de nós, a inspiração para nos tornarmos agentes daquela coisa que não vou nomear. Aquela coisa anda, invariavelmente, de mãos dadas com palavras e expressões que, qual novilínguai, são, hoje, uma presença ubíqua, avassaladora no discurso público. Elas vão de “empregador” a “colaborador”, de “ajuda financeira” a “maturidade cívica dos portugueses”, de “emagrecimento” a “corte nas gorduras”, de “resgate” a “esforço de todos”, de “flexibilidade laboral” a “libertar de mão-de-obra”, de “racionalização de recursos” a 12 Jornal da Brotero Junho de 2012

“valores do mercado”, de “austeridade” a “acordo de concertação”, de “business angels” a “trabalhadores independentes”, de “capital de risco” a “coesão social”, de “guarda-chuva de proteção da zona euro” a “fundos de emergência”, de “sair das zonas de conforto” a “gastar acima das nossas possibilidades”. A coisa que não vou nomear tornou-se num dos fétiches preferidos daqueles que não vou nomear que, nas televisões, nos jornais, nas revistas de entretenimento e nas outras, nos intervalos do cinema, na publicidade, nos folhetos a atafulhar a caixa do correio, mas também, inteligentemente, nas escolas, passam a ideia de que, numa sociedade que deixou há muito de ter povo para passar a ter consumidores e clientes, são as pessoas individuais que “têm de fazer pela vida”, a ideia de que direitos adquiridos e responsabilidade do estado para com os seus cidadãos e cidadãs são chavões démodés, a ideia de que os patrões, perdão, os empresários são uma extensão da santa casa da misericórdia, beneméritos criadores de postos de trabalho apesar dos momentos muito difíceis por que estão a passar, coitados, e, mesmo assim, ainda têm a lembrança de se preocupar connosco e, no nosso dia, como quem oferece um cravo, dumpingar produtos a 50% numa “politica agressiva de vendas” que só pode mesmo é servir de (bom) exemplo aos que estão a pensar seriamente em optar por aquilo que não vou mencionar e que, aliás, foi posto em prática por alguns jovens que, no último 1º de maio, açambarcaram carrinhos de compras


:: Empreendedorismo

para depois os “passar” a dez euros cada. Esses, que não vou nomear, passam, igualmente, a ideia de que as pessoas bem-intencionadas e incapazes de cometer … crimideiasii, só têm é de escolher aquela coisa que não vou nomear, e fazer de conta que o quê, como, com que dinheiro, com que acesso a que mercados e circuitos de distribuição, com que fiscalidade não são algumas das perguntas que têm de formular antes de abraçar “riscos financeiros, psicológicos e sociais” para depois colher (quando, não interessa nada) as “recompensas da satisfação económica e pessoal.” Ao tornar estas ideias e estas palavras “naturais” e de “senso comum”, ensináveis, de preferência acriticamente, em contexto escolar, está-se a manter, entre outras coisas, o status quo da rigidez social e da diferença de classes. Tendo tudo isto em conta, aqui adianto a minha modesta propostaiii: que mais não seja por uma questão de higiene verbal, comecemos a admoestar os alunos e as alunas que as digam em tom audível nos corredores, movamos processos disciplinares a docentes e discentes que as utilizem na sala de aula e, com caráter de urgência, avisemos os pais que é em casa que este trabalho deve ser iniciado, se preciso for com recurso a velhos métodos, comprovadamente eficazes, como a pimenta na língua. Antes do primado desta novilíngua, antes de ser possível equacionar melhor escola e melhor sociedade com aquilo que não vou mencionar, o que é que ensinávamos aos nossos alunos e às nossas alunas, para além dos saberes académicos? Que estudassem, que

trabalhassem, que fossem pessoal, social e intelectualmente honestos. Que fossem felizes, que vivessem uma vida decente e que, um dia, contassem aos seus filhos e filhas umas boas histórias sobre tudo isso, como diz Jorge de Senaiv, numa cadeia de que eles serão um elo (ou não serão) e que já foi (para muitos, para muitos…) “de ferro e de suor e sangue e algum sémen” a caminho do mundo que [muitos] sonham. A coisa que não vou mencionar e o sistema que a criou não passarão de um ruído nessas histórias, de um percalço nesse caminho. Maria Helena Dias Loureiro

i

Novilíngua é um idioma fictício criado pelo governo autoritário no romance 1984, de

George Orwell,1949. ii

iii

Crime ideológico, pensamentos ilegais na Novilíngua.

A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being

a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Publick, geralmente citado apenas como A Modest Proposal (Para impedir que os filhos das pessoas pobres da Irlanda sejam um fardo para os seus progenitores ou para o país, e para torná-los proveitosos ao interesse público ou Uma Modesta Proposta), é um panfleto satírico escrito por Jonathan Swift em 1729. A obra tornou-se hoje um dos paradigmas da sátira e a frase corrente “uma modesta proposta” provém dela. http://pt.wikipedia.org/ wiki/Uma_Modesta_Proposta. iv

Jorge de Sena (Lisboa, 2 de Novembro de 1919 — Santa Barbara,Califórnia, 4 de Junho

de 1978), Carta a meus filhos sobre os Fuzilamentos de Goya (deMetamorfoses, 1963/ Poesia-II, 1978). http://www.triplov.com/poesia/jorge_de_sena/carta.htm.

Junho de 2012 Jornal da Brotero 13


Empreendedorismo ::

ESCOLA E SOCIEDADE:

o espírito empreendedor

O

espírito empreendedor é um dos fatores fundamentais na promoção do desenvolvimento económico e social de um país, associado, indefetivelmente, ao seu desenvolvimento científico e tecnológico. O empreendedor é um verdadeiro agente de mudança em diversos setores da sociedade. O termo “empreendedor” nasceu em França, por volta do século XVII, para designar as pessoas mais ousadas que estimulavam o progresso económico mediante novas e melhores formas de gerar negócios lucrativos, através de ações inovadoras e criativas. Mas o conceito de “empreendedorismo” só mais tarde seria popularizado, em 1950, pelo economista checo, Joseph Schumpeter. O empreendedor é, em parte, um visionário do futuro, descobrindo possibilidades em relação ao que parece impossível a outros, e, em parte, um conhecedor das condições reais de investimento no presente, mobilizando o capital económico necessário para concretizar o seu empreendimento, o seu “sonho”. Ele deve ser um sujeito autoconfiante e com elevada autoestima e desenvolver atitudes positivas no planeamento da sua vida. Deve ter intuição e, simultaneamente, capacidade de análise racional. Segundo Meredith, professor da universidade brasileira de Santa Catarina, o empreendedor é aquele que tem a

14 Jornal da Brotero Junho de 2012

capacidade de ver antecipadamente e de avaliar oportunidades de negócios, mover recursos necessários para pô-los em prática e iniciar a ação apropriada para assegurar o sucesso e fomentar o progresso . Sendo altamente motivado, o empreendedor é mesmo capaz de correr riscos para atingir os seus objetivos. Assim, o que falta, muitas vezes, é motivação que incentive a tomada de decisão para um indivíduo se tornar empreendedor. Os riscos são também um dos fatores mais importantes que inibem o surgimento de novos empreendedores: é, por isso, necessário que se aprenda a geri-los. A maioria das pessoas, se for estimulada, pode desenvolver interesses e capacidades que lhes permita empreender. É útil e necessário que a Escola promova, então, atitudes e comportamentos favoráveis ao desenvolvimento de uma cultura empreendedora com a formação, que de qualquer modo já integra nos seus diversos currículos escolares, relativamente à autonomia, espírito de iniciativa, autoconfiança, vivência com novas situações, criatividade, motivação e leve os jovens a descobrir uma vocação assim como a construir um projeto de vida ideal, centrado em determinados valores fundamentais. Ajude os jovens a identificar oportunidades e a selecionar recursos úteis para transformar as oportunidades em negócios de sucesso, fornecendo os instrumentos técnicos e teóricos


:: Empreendedorismo O empreendedor é, em parte, um visionário do futuro, descobrindo possibilidades em relação ao que parece impossível a outros, e, em parte, um conhecedor das condições reais de investimento no presente, mobilizando o capital económico necessário para concretizar o seu empreendimento, o seu “sonho” necessários para transformar ideias em projetos que, com sucesso, deem origem a empresas: a capacidade de gerar novas ideias é fundamental para o espírito empreendedor. A frequência da escolaridade, como formação base, uma formação complementar e a experiência em diferentes empresas e setores, são fundamentais para promover, nos alunos, a capacidade do empreendedorismo. A Escola pode ajudar nesse caminho ministrando conhecimentos, fornecendo experiência e facilitando a especialização em diversas áreas, aspetos necessários para se ter sucesso no mercado de trabalho e ser competitivo. A iniciativa, a coragem de enfrentar o desconhecido, as capacidades de decisão, organização e direção, a perseverança e determinação são fundamentais para que os jovens se tornem empreendedores. E sendo embora, algumas, caraterísticas da personalidade são igualmente capacidades que a Escola pode ajudar a formar e a desenvolver. Devem existir, a par de uma Escola de cariz humanista e científico, áreas de ensino técnicoprofissional com disciplinas específicas dirigidas para a formação dos alunos no âmbito do empreendedorismo. Esse será o futuro da Escola e da nossa sociedade. A nossa escola Brotero tem todos os meios para concretizar estes objetivos, nomeadamente com os Cursos Profissionais de que dispõe como oferta

formativa. Os estágios que promove, em Portugal e no estrangeiro, facilitam a experiência necessária, talvez insuficiente, para que, a par dos conhecimentos teóricos, os nossos alunos possam desenvolver o desejável espírito empreendedor e integrar-se, com sucesso, no mercado de trabalho. O que se aprende na escola e as experiências que se realizam no seu seio, inclusivamente a nível de relações humanas fixam-se, de modo indelével, no espírito dos jovens e é com esse “capital” adquirido que a sua vida futura se encaminhará no sentido do sucesso … ou não. Pedro Falcão

Devem existir, a par de uma Escola de cariz humanista e científico, áreas de ensino técnicoprofissional com disciplinas específicas dirigidas para a formação dos alunos no âmbito do empreendedorismo. Junho de 2012 Jornal da Brotero 15


Empreendedorismo ::

O poder das evidências Tal

como o álcool e o tabaco eram anestésicos essenciais para aliviar a dor e o desconforto, a superstição e a magia serviam para aliviar a infelicidade (M. Shermer, 2007). Na feira de Nova Iorque, em 1939, um grupo de cientistas, incluindo Albert Einstein, defendia que a feira não se devia limitar às grandes exposições, mas que o conhecimento científico, com os seus métodos, deveria ser apresentado ao grande público, pois estes cientistas estavam convencidos de que a compreensão popular da ciência serviria de «antídoto para a superstição e a intolerância» e seria «uma suprema conquista contra a ignorância». Puro engano, já que não houve praticamente lugar para o conhecimento científico. É um facto que desde o homem primitivo, dominado pelo pensamento mítico até aos nossos dias, predominou mais a pseudociência, dado que fornece respostas fáceis e impede que a dúvida se instale. Hipócrates de Cós, pai da medicina, introduziu no diagnóstico das doenças as bases do método científico quando apelou à observação cuidadosa e meticulosa: «Não deixeis nada ao acaso. Não descureis nada. Associai observações contraditórias». Foi por este caminho espinhoso e com inúmeros obstáculos que a ciência evoluiu e se fundamentou em evidências, alicerce de paradigmas científicos, que dão vida e salvam vidas e, assim, continuará a ser, no futuro, procurando respostas para novos problemas que se colocarão à sobrevivência da humanidade, até que um dia a vida se extinga no planeta azul. Contudo, a pseudociência é mais fácil de forjar e, consequentemente, mais fácil de se instalar na maioria das consciências adormecidas, dado que os seus padrões de argumentação não passam pelo crivo das provas como os da ciência. Antes de séc. XVII, «ninguém negava a influência dos céus sobre o tempo ou contestava a relevância da astrologia na 16 Jornal da Brotero Junho de 2012

medicina ou na agricultura», como refere o historiador Keith Thomas. A astrologia e a magia apresentavam-se como auxiliares dos homens nos seus problemas do dia-a-dia, ensinandoos a evitar o infortúnio ou a lidar com ele quando lhes caía em cima. A ciência nasceu da magia, mas a sua função é combater o pensamento mágico. Assim, a astronomia substituiu a astrologia, a química sucedeu à alquimia e as probabilidades acabaram com a crença na sorte e na fortuna do “Euromilhões”. Galileu duvidava de que alguma vez Aristóteles se tivesse certificado da verdade da afirmação «os corpos mais pesados caiem mais depressa» através da experiência. Mas a grande interrogação que se nos coloca é como as pessoas acreditaram, durante dois milénios, naquilo que lhes diziam sem se darem ao trabalho de o verificar. A prova apresenta-nos o poder das evidências em relação aos argumentos de autoridade. Isto é óbvio, tal como o defendeu Francis Bacon na sua obra Nova Atlântida, 1626, em que afirma: «O propósito da nossa fundação é o conhecimento das causas e dos mecanismos secretos das coisas e o alargamento das fronteiras do império humano para o efeito de todas as coisas possíveis». Foi graças a esta persistência e obstinação que chegámos às galáxias e às estrelas. Mas, infelizmente, apesar de todos os progressos e das evidências científicas que lhe servem de suporte, ainda hoje, o mundo é mais fiel e leal a Aristóteles do que a Galileu. É que, em tudo na vida, como afirmava um famoso político inglês, «a mentira voa e a verdade tropeça». José Armando Saraiva Fontes: O mundo Infestado de Demónios, Carl Sagan, Gradiva, e Ideias Optimistas, coordenação de Jonh Brockman, Tinta da China.


:: Opinião

LINGUA VULGARIS e outras vulgaridades... Lingua vulgaris, é termo que designa o latim vulgar, discurso do povo, linguagem popular, por oposição ao latim clássico, linguagem dos mais instruídos 1. Sabemos que, com o tempo, essa lingua vulgaris deu origem a todas as línguas românicas da Europa, tão diversas como o Italiano, o Francês, o Espanhol, o Português e o Romeno. Enquanto falante de uma dessas línguas românicas, recordo este passado linguístico e constato, por essa e outras razões, que tínhamos mesmo de ser europeus e não apenas portugueses, pois uma língua, na sua diversidade, conduziu à união do Velho Continente. O que me traz aqui, hoje, não é uma apologia da União Europeia, tão abalada que tem sido pela crise económica e pelos resgates a vários países à beira de e/ou na bancarrota. O que trago hoje é mesmo a língua portuguesa, o que ela representa no mundo e o que fazemos dela. Contando com cerca de 272,9 milhões de falantes no mundo inteiro, a língua portuguesa é a quinta mais falada a nível mundial e a mais falada no hemisfério sul. A colonização e a emigração fizeram o trabalho de expandir e fixar a nossa língua, pelo que poderemos encontrar a nossa marca linguística um pouco por todo o lado. Além disso, organizações, como o Instituto Camões, têm investido no ensino e divulgação da nossa língua nos cinco continentes, nos recantos mais improváveis, quer a nível do ensino básico, quer no superior. Ainda há poucos dias gravei uns ficheiros áudio de um manual de Português para vietnamitas da Universidade de Hanoi (!), onde o meu irmão se encontra a lecionar a nossa bendita língua. Bom, e agora falta saber: o que temos feito dela, da língua de Pessoa e de Camões? Na minha perspetiva, apenas uma coisa:

delapidá-la. Não me refiro ao Acordo Ortográfico que, de um modo mais ou menos aceitável, trouxe alguma uniformidade e mesmo lógica à forma como grafamos a língua que falamos. A delapidação a que me reporto é mesmo no que concerne os registos de língua. Cedo fui ensinada a reconhecer e reproduzir registos de língua, de acordo com as várias situações sociais: cuidada, corrente, familiar e popular. Esta última subdivide-se em regionalismos vários e calão. Recentemente, enquanto Diretora de Turma, vi-me diretamente confrontada com uma realidade que não podemos mascarar: há alunos que usam calão em contexto de sala de aula, como se fosse perfeitamente adequado. Recentemente, um dos meus alunos usou, numa outra disciplina, um termo popular que designa os homossexuais e, tendo usado uma palavra derivada, ou mesmo um diminutivo, considerou que tal não era grave. A perda da noção do contexto social é tão grande que, não fora o nosso papel regulador com a redação de participações de ocorrência, a sala de aula poderia tornar-se num lugar de displicência lexical, obviamente não desejado. Além da vulgaridade da linguagem, sempre refreada, é a vulgaridade nas posturas, constantemente combatidas na sala de aula: as pernas cruzadas em cima da cadeira, os pés descalços (!), as costas viradas para o professor, a posição “de esplanada”, enfim… Infelizmente, a vulgaridade não se fica por aqui. Como já mencionei em crónica anterior, ninguém pode negar os impropérios que pululam pelos corredores e demais espaços públicos dos estabelecimentos escolares, espaços que se querem sãos, promotores de cidadania e todos os valores a ela adjacentes. Temos ouvido da boca de muitos alunos a palavra “C******” que, «[…] tal como todas as expressões que se referem às partes

genitais, pertence atualmente a um campo do léxico fortemente tabuizado, geralmente sujeitas a interdição linguística e banidas da conversação entre gente educada» 2/3.

«...há alunos que usam calão em contexto de sala de aula, como se fosse perfeitamente adequado.» Afinal, somos ou não somos “gente educada”? Queremos ou não queremos um ensino que fomente a dimensão humana dos nossos alunos? É este o registo que se pretende para a Escola? Não querendo repetir -me, digo: algo tem de ser feito… Mónica Sebastião

1

”língua vulgaris” http://wordinfo.info/unit/1193/page:3. 2

Kröll, Heinz (1984), O Eufemismo e o Disfemismo

no Português Moderno, Colecção Biblioteca Breve, 84, ICALP, http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/ biblioteca-digital-camoes/doc_download/131-oeufemismo-e-o-disfemismo-no-portuguesmoderno.html. 3

Casagrande Júnior, Osmar (2010), "Cu é lindo – o palavrão como recurso do erotismo na lírica contemporânea brasileira", REVELL – Revista de Estudos Literários da UEMS Ano 01 (1), ISSN 21794456.

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Opinião :: O presente texto é um excerto da mais recente obra de Michael Sandel, What Money Can’t Buy – The Moral Limits of Markets, 2012. Nela, Michael Sandel, um dos mais brilhantes filósofos contemporâneos, desafia a ideia, tantas vezes repetida, de que os mercados são moralmente neutros. Lendo-a, entre muitas outras coisas surpreendentes, ficaremos a saber que um foguetão russo, pintado com o emblema da Pizza Hut, foi o primeiro a fazer propaganda no espaço e que a escritora britânica Fay Weldon escreveu, em 2001, um romance em que menciona, por uma dúzia de vezes, as jóias Bulgari, já que o romance tinha sido encomendado e financiado pela famosa marca italiana de moda, acessórios, jóias e perfumes. Perceberemos também muito melhor por que razão um dos mais belos, originais e premiados estádios do mundo não é, simplesmente o Estádio Municipal de Braga, mas antes o Estádio AXA…

O Que O Dinheiro Não Consegue Comprar:

Os Limites Morais Dos Mercados (excerto) Ninguém gosta de estar numa fila. Há muito que se sabe que, em restaurantes finos, uma gorjeta simpática ao chefe de mesa pode abreviar o tempo de espera numa noite concorrida. Estas gorjetas são uma espécie de suborno, entregues e recebidas com discrição. Não há, afixado na parede, nenhum aviso que prometa um lugar vago imediato, pelo facto de se ter metido na mão do anfitrião uma nota de banco. Mas, recentemente, o ato de vender o direito de se passar à frente numa fila, saiu da obscuridade e passou a ser uma prática que nos é familiar. As longas filas nos controlos de segurança dos aeroportos tornam viajar de avião um tormento. Mas nem toda a gente tem de esperar. As pessoas com bilhetes de primeira classe ou executiva podem usar acessos prioritários que as levarão até à frente da fila para o controlo de raio x. A British Airways chama-lhe Fast Track, um serviço que também permite a esses passageiros passar à frente no controlo de passaportes e de imigração. Mas, a maior parte das pessoas não tem possibilidade de voar em primeira classe e, por isso, as companhias aéreas começaram a oferecer aos passageiros de classe económica a oportunidade de comprar, à la carte, o privilégio de passar à frente nas filas – no aeroporto de Luton, por exemplo, os clientes podem pagar £3 (€3,8) e passar para a frente da fila de controlo de segurança. 18 Jornal da Brotero Junho de 2012

Os parques de diversão também já começaram a vender o direito de fugir às filas. Para evitar ofender os clientes comuns, alguns parques encaminham os visitantes “de primeira” para portas traseiras ou separadas, outros fornecem acompanhantes para facilitar o acesso aos visitantes VIPs quando estes passam à frente das outras pessoas. Esta necessidade de discrição sugere que pagar para passar à frente nas filas – ainda que seja num parque de diversões – vai contra um persistente sentido de justiça que nos diz que devemos esperar pela nossa vez. Para um economista as longas filas de espera por bens e serviços equivalem a desperdício e ineficácia, um sinal de que o sistema de preços não conseguiu equilibrar a oferta e a procura. Deixar que as pessoas paguem, nos aeroportos e nos parques de diversão, para ter serviços mais rápidos melhora a eficiência económica ao permitir que essas pessoas atribuam um preço ao seu tempo. Mesmo onde não é permitido comprar o salto para o topo da fila, pode-se, às vezes, contratar alguém para esperar em vez de nós. Todos os verões o Public Theatre de Nova Iorque leva à cena Shakespeare, ao ar livre, em Central Park. Os bilhetes para as representações noturnas ficam disponíveis à uma hora da tarde e a fila forma-se com horas de antecedência. Em 2010 quando Al Pacino fez o papel de Shylock, no Mercador de

Veneza, a procura de bilhetes foi particularmente intensa. Muitos nova-iorquinos tinham vontade de ver a peça mas não tinham tempo para ir para a fila. Este problema deu origem a uma instância de empreendedorismo – pessoas que se ofereciam para ir para a fila esperar, a fim de garantirem os bilhetes daqueles dispostos a pagar por este privilégio. Estas pessoas publicitavam os seus serviços em vários sítios da net. Em troca de estarem na fila e aguentar uma longa espera, puderam cobrar aos seus muito ocupados clientes até $125 (€98) por bilhete do que era uma representação grátis. Na China, o negócio de pagar a pessoas para irem para as filas tornou-se uma rotina em hospitais de referência. As reformas dos mercados operadas nas últimas duas décadas resultaram em cortes no financiamento de hospitais e clínicas públicas, especialmente em zonas rurais. Por isso, os doentes da província têm, agora, de se deslocar aos hospitais centrais em Beijing, criando longas filas de espera nos guichets de aceitação de doentes. As pessoas fazem filas durante a noite, por vezes dias a fio, para conseguirem uma consulta. As consultas custam uma pechincha – apenas 14 yuan (€1,50) mas não são fáceis de arranjar. Em vez de acampar à porta do hospital durante dias e noites, alguns doentes, precisando desesperadamente de


:: Opinião

uma consulta, compram senhas a candongueiros. Estes contratam pessoas para estar nas filas e, de seguida, voltam a vendêlas por centenas de euros – mais do que um camponês médio consegue amealhar em meses de trabalho. Há algo de particularmente incomodativo no mercado negro de senhas de consultas. Por um lado, o sistema recompensa intermediários pouco recomendáveis em vez daqueles que prestam o serviço. Por outro lado, os médicos poderiam muito bem interrogar-se sobre as razões que levam a que, sendo as consultas tão valiosas, o dinheiro vá para os candongueiros em vez de para eles ou para os hospitais. Os economistas concordariam e aconselhariam os hospitais a aumentar os preços. Na verdade, alguns hospitais de Beijing já criaram guichets especiais em que as consultas são mais caras e as filas muito mais curtas. Mas, independentemente de quem beneficia com o excesso de procura – os candongueiros ou o hospital – o sistema fast track levanta uma questão mais básica: deverão os doentes poder passar à frente de outros nos cuidados de saúde simplesmente porque podem pagar mais? Nos aeroportos, nos parques de diversão e nas salas de espera dos hospitais, a ética de fazer uma fila – “primeiro a chegar, primeiro a ser servido” está a ser substituída pela ética do mercado –

“pagas, tens”. Por que razão é que nos deveremos preocupar por estarmos a caminhar em direção a uma sociedade em que tudo está à venda? Por duas razões: uma prende-se com a desigualdade, a outra com a corrupção. Numa sociedade em que tudo está à venda, a vida é mais dura para aqueles de mais modesta condição. Quanto mais possa o dinheiro comprar, tanto mais importará a riqueza (ou a falta dela). Mas, de igual modo, atribuir um preço às coisas boas da vida pode corrompêlas. Dar dinheiro às crianças para as pôr a ler mais, poderá levá-las a ler, mas também as poderá induzir a ver a leitura como uma tarefa em vez de como uma fonte de satisfação intrínseca. Às vezes os valores do mercado abafam outros valores, que não são de mercado, mas que vale a pena acarinhar. Já se verificou que os incentivos financeiros podem anular o espírito de dever público. Todos os anos, num dia designado por “Dia para Doar”, os alunos do ensino secundário de Israel vão de porta em porta pedir donativos para causas merecedoras – investigação sobre o cancro, ajuda a crianças portadoras de deficiência, etc. Dois economistas fizeram uma experiência no sentido de determinar o efeito de incentivos financeiros nas motivações dos alunos. Dividiram os alunos em três grupos. A um grupo foi feito uma alocução breve e inspiradora sobre a importância da causa em

questão e, de seguida, foram mandados para o terreno. Ao segundo e terceiro grupos foi feito o mesmo discurso mas também lhes foi dado um prémio monetário em função da quantia que conseguissem amealhar – 1% e 10% respetivamente. Os prémios não seriam deduzidos das doações, antes viriam de uma fonte externa. Que grupo é que, acham, recolheu mais donativos? Se pensam que foi o grupo a quem nada foi dado, acertaram. Esses alunos receberam em donativos mais 55% do que aqueles a quem foi oferecida uma comissão de 1%. Aqueles a quem foi oferecido 10% tiveram melhor resultado do que o grupo de 1%, mas piores do que o dos alunos que nada receberam (os voluntários não pagos fizeram mais 9% de que aqueles com maior bónus). Qual é a moral da história? Os autores do estudo concluíram que, se se vai usar incentivos financeiros para motivar as pessoas, então, ou se “paga o suficiente” ou “não se paga nada”. Embora possa ser verdade que pagar o suficiente obterá o resultado que se pretende, não é só isto que esta história nos ensina. Pagar aos alunos para fazerem boas ações mudou a natureza da atividade. Ir de porta em porta pedir donativos com fins caritativos passou a ser menos um gesto de dever cívico e mais um modo de ganhar uma comissão. O incentivo financeiro transformou uma atividade cívica num trabalho remunerado. A introdução de normas do mercado desviou ou, pelo menos, atenuou o seu empenho moral e cívico. Área Curricular de Formação Cívica

Tradução de Maria Helena Dias Loureiro

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Opinião ::

Esta Europa

que nos une P

ouco tempo passado após as várias eleições europeias, o prato forte do dia, ainda, e de novo, arrefecendo sobre a mesa. A famosa ‘Crise à moda do Velho Continente’, eternamente requentada pela Comunicação Social e pelos principais dirigentes europeus, mesmo não sendo merecedora de uma das “Sete Maravilhas de Qualquer Coisa”, já tanto azeda como se deste escrutínio fizesse parte. Diz-se que é a Crise, e que passámos um ano em Crise, e ele quer resolver a Crise, e o outro beneficia com a Crise, e o outro perdeu o tapete e o chão com a Crise, e a outra em Crise de meia-idade que mais se parece com uma Crise da adolescência, e no fim uma valente Crise de Asma e toda uma complexidade em crise que começa a gastar o juízo aos que se dedicam a seguir a Novela Jornalística da Noite. No fundo, paciência e indulgência, amigos! Desespero não contribui e, neste momento, “não contribuintes” é a última coisa de que as Finanças precisam. Mas sendo que a Crise é um tema que provavelmente os leitores dispensam (e também eu dispensaria, pois já sobre ele me pronunciei), simplesmente olhemos, por alguns momentos, para a Europa. Veremos naturalmente a Crise, decerto, mas, e antes da Crise? As manchetes dos jornais, os acontecimentos e os eventos, as pessoas …sim, as pessoas? Afinal, era a elas que procurávamos. Onde estão? Nos seus precários empregos, entre o betão e as flores primaveris. O que fazem? Em França e na Grécia, até há bem pouco tempo, escolhiam o seu futuro. Digo França e Grécia por terem ganho maior notoriedade ao nível da comunicação social, embora tantos outros países dessa tarefa se tenham igualmente ocupado. Como cidadã minimamente esclarecida, creio entender que numa eleição política (como foram as enunciadas), mais do que uma personalidade, do que um partido, elege -se um futuro. Basta um simples traço num quadrado, e tanto poder em si encerra… É 20 Jornal da Brotero Junho de 2012

indubitavelmente uma imensa responsabilidade. E foi assim que aconteceu nas mais noticiadas eleições europeias. Em França, mais do que novas caras, novos hábitos. Na Grécia, a velha história não acalenta esperanças de viragem no seu panorama. E à custa da União concretizada pelas nossas pontes e não pelas nossas fronteiras, em tudo os novos episódios da Série Europeia prometem abalar o cenário continental. Se positiva ou negativamente, ainda não poderemos adiantar. Entretanto, no palco, a representação decorre: Pretendem estimular o Crescimento Económico! (ecoam vozes no Parlamento Europeu) Pretendem acabar com a recessão! (exclamam em coro) Querem pôr fim à austeridade! (gritam em uníssono) Qualidade de vida! (exigem) Postos de trabalho! (reclamam) O fim da Crise! (persistem) Mas, até que ponto estaremos a proceder bem? Já por várias vezes me questionei seriamente. Quando será que nos aperceberemos do verdadeiro responsável pela Crise? Quando conheceremos, por fim, o pérfido precursor do atual estado da Economia, da Política de cada nação?... Vamos finalmente chamálo à luz da ribalta? Quem é?... Mas… Será? Não, mas no entanto… Poderá ser? Creio que já antes ouvi dizer… Contaram-me que é Desumano, o nome do vilão. De fato e gravata, os valores da Bolsa na memória e a pasta executiva na mão. A ele não interessa o Homem, o ser humano. Preza o Individualismo e admira profundamente o Capitalismo. Era dantes o Homem o legítimo governador. Todo o conhecimento alcançável, toda a criação e poder realizáveis. Mas assistimos, porém, à desumanização! Interessa o Crescimento Económico, o enriquecimento egoísta de muitos responsáveis (que perderam, certamente, o significado dessa palavra). Inte-

ressa parecer e ter. Então, onde está a humanidade? Não é por ela que tanto trabalhamos? Não foi por ela que tanto evoluímos, tanto estudámos e investimos? Onde a encontramos no meio dos pequenos e caprichosos interesses que viram gregos contra gregos (ou ‘troikanos’)? Onde encontramos esta nossa humanidade na reivindicação constante por tantas legítimas exigências? Cumprimos a nossa responsabilidade em relação à comunidade? Se sim, podemos avançar e reivindicar. Mas, com que direito reivindicamos nós algo que não soubemos devidamente merecer, ou melhor, fazer por merecer? Se, como tantos dirigentes, não soubemos encarar as nossas responsabilidades, também, como tantos dirigentes, não merecemos a credibilidade. É, sim, pela Humanidade que devemos empenhar os nossos esforços de recuperação. Antes de mais, com responsabilidade. Mais do que ‘ganha-pão’, o nosso trabalho é um serviço a toda uma comunidade. A família? Mais do que um teto e quatro paredes, é o berço, a incubadora da sociedade. Dela surgem as suas futuras formas e cores, valores e princípios. A sua Humanidade: solidariedade, responsabilidade, comércio justo, família, ambiente, paz e vida … sim! Toda a sua humanidade! Estes sete sins recordam-me, em especial, um evento em que recentemente participei - era o dia doze de maio. Estávamos juntos. E não por pouco! Estávamos ‘Juntos pela Europa’. Declarámos sete sins, expressámos o nosso propósito. No final, até as distâncias encurtámos. Mais do que os quilómetros que nos afastam, as cores, raças, línguas e convicções que nos separam, mais do que as nossas divergências e inconsequentes ambições, temos a humanidade que nos une. A capacidade de comunicar, debater, respeitar, ‘ser’! Por mais diferentes que sejamos, sempre partilhamos esta Europa que nos une. Inês Morgado – 11º 2A


:: Outras culturas

A Taste of Romania A special evening spent with special people

On 13th April, at 18:30, a unique event took place in the school canteen of Escola Secundária de Avelar Brotero. Part of other similar activities about Romanian culture and civilization organized by the Comenius Assistant, "A Taste of Romania" was different in what concerned the people invited to the event and its structure. Not only the students from Escola Secundária de Avelar Brotero were invited, but also the English teachers, the principal, the teachers working in the principal’s office and other members of the school staff, an English teacher from Escola Secondaria Infanta D. Maria, Mrs. Paula Abreu, with whom the Comenius Assistant has collaborated during her activity and last, but not least, some special guests: the former principal of Escola Secundária de Avelar Brotero, the Assistant's mother and a Romanian couple who live in Coimbra. As this event was meant to be a relaxing evening bringing together two cultures – Romanian and Portuguese – some of the guests decided to come accompanied by family members, which made the whole experience even more meaningful and special.

The event consisted in a PowerPoint presentation about Eastern customs in Romania, followed by the degustation of traditional Romanian food like: coloured eggs, sarmale, apple cake and walnut and grapes cake, prepared by the Comenius Assistant together with her mother. During dinner the participants also had the chance

to watch a collage of videos which included images and customs from Romania, traditional music and dances and also contemporary music inspired by the Romanian folklore. At the beginning of the event each guest received a flyer with the menu and the planning of the event, which also consisted of information about the food served and the collage of videos. More than this, the guests had the chance to see Romanian folk costumes in real life, as the Comenius Assistant wore a traditional costume from her region - Mures, Transylvania, and also some miniature hand embroidered folk costumes, both for men and women.

All in all, the evening was a success, resembling a relaxing and cosy dinner where friends from two different countries and cultures came together in order to build a bridge over Europe, which we believe will certainly last in time. And as many of the guests fell in love with the Romanian dishes they tasted and asked for the recipes, we wanted to make sure that they have the chance to include them in the Portuguese cuisine:

Sarmale Ingrediente/ Ingredients/ Ingredientes: 500 g carne tocată (porc şi vită) /500 g minced meat (pork and beef)/500 g de carne picada (vaca e porco) o varză creaţă mare / a big curly cabbage/ 1 couve lombarda grande o ceaşcă orez / 1 cup of rice/1 chávena (almoçadeira) de arroz 3 cepe / 3 onions/3 cebolas 2 linguri bulion roşii/ 2 spoons of tomato sauce/ 2 colheres de sopa de concentrado de tomate 2 linguri ulei / 2 spoons of oil/2 colheres de sopa de azeite 1 linguriţă mărar / 1 teaspoon of dill/ 1 colher de chá de endro 1 linguriţă cimbru /1 teaspoon of thyme/ 1 colher de chá de tomilho sare şi piper/ salt and pepper/ sal e pimenta

Se pune apă la fiert într-o oală mare şi se adaugă o lingură de sare. Se scoate mijlocul verzei, după care aceasta se scufundă în apa care fierbe. (Boil water in a big pot and add a spoon of salt. Remove the middle part of the cabbage and dip the cabbage in the boiling water. /Ponha água a ferver numa panela grande com sal e, quando ferver, ponha as folhas da couve a cozer/. Se îndepărtează cu atenţie fiecare frunză şi se lasă toate frunzele să fiarbă timp de aproximativ 10 minute. Se aleg frunze întregi de varză, se îndepărtează cu grijă părţile groase şi se taie în două dacă sunt prea mari. (Remove carefully each leaf and let them boil for about 10 minutes. Choose whole leaves, cut out carefully the harder parts and cut them in two if they are too big./ Deixe cozer durante Junho de 2012 Jornal da Brotero 21


Outras culturas :: cerca de 10 minutos, retire cuidadosamente os caules das folhas e corte-as em duas partes, se forem muito grandes. Ceapa se toacă mărunt şi se căleşte uşor în ulei. După ce se ia ceapa de pe foc, se adaugă carnea tocată, orezul, mărarul, cimbrul, sare şi piper. Se pune amestecul în frunze, se înfăşoară sarmalele şi se aşează în cratiţa în care s-a pus un strat de varză tăiată fâşii subţiri. După ce se clădesc sarmalele, se acoperă cu varză tăiată şi se toarnă apă amestecată cu bulion şi puţină sare, cât să acopere puţin sarmalele. Se lasă să fiarbă înăbuşit, acoperite cu capac, la foc mic timp de 1 oră. Se servesc cu ardei iuţi sau smântână. (Chop the onions into small pieces and sweat them in oil. Remove the onion from the cooker and add the minced meat, the rice, the dill, the thyme, the salt and pepper. Put the mixture on leaves, roll them and start arranging them in layers in a pot where you have already put a layer of shred cabbage. At the end cover them with another layer of shred cabbage and pour the tomato sauce mixed with a little bit of salt and some water so that it barely covers the sarmale. Let them boil slowly for about 1 hour. They are served with chilly or sour cream. / Pique as cebolas e refogue com o azeite. Retire a cebola do lume e junte a carne picada, o arroz, o endro, o tomilho, o sal e a pimenta. Coloque esta mistura nas folhas de couve, enrole-as e comece a dispô-las em camadas num tacho onde já colocou couve cortada em tiras finas. No final, coloque por cima dos rolos de couve recheados mais couve cortada, junte-lhe o concentrado de tomate misturado com um pouco de sal e cubra com água. Deixe cozinhar em lume brando durante cerca de uma hora. Pode ser servido com natas frescas ou molho picante.

Prăjitură cu mere (Apple Cake/ Bolo de Maçã) Ingrediente/ Ingredients/ Ingredientes: 1 ou (1 egg / 1 ovo) 8 linguri zahăr (8 spoons of sugar/ 8 colheres sopa de açucar) 8 linguri ulei (8 spoons of oil/ 8 colheres sopa de óleo) 8 linguri lapte (8 spoons of milk/ 8 colheres de sopa de leite) 8 linguri făină (8 spoons of flour/ 8 colheres de sopa de farinha) 1 linguriţă bicarbonat de sodiu stins cu oţet (1 teaspoon of sodium bicarbonate mixed with vinegar/ 1 colher de chá de bicarbonate de sódio misturado com vinagre) scorţişoară (cinnamon/ canela) 1 linguriţă esenţă de rom (1 teaspoon of rum essence/ 1 colher de chá de essência de rum) 2 kg mere (2 kg of apples/ 2 kg de maçãs) Se pune într-un bol făina, la care se adaugă pe rând laptele, uleiul, zahărul, oul şi bicarbonatul de sociu stins cu oţet. Se frământă amestecul, după care se împarte în două şi se întind cu sucitorul două foi. (Put the flour in a bowl, add one at a time the milk, the oil, the sugar, the egg and the sodium bicarbonate mixed with vinegar. Knead the dough, split it in two and shape two sheets with the rolling pin/ Ponha a

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farinha numa taça, junte o leite, o óleo, o açúcar, o ovo e o bicarbonato de sódio com o vinagre. Bata os ingredientes, estenda com o rolo da massa e corte em duas partes iguais). Se spală merele, se dau pe răzătoare şi se storc. Se adaugă zahăr după gust, scorţişoară şi o linguriţă de esenţă de rom. (Wash the apples, grate them and squeeze out the juice. Add some sugar, cinamonn and a teaspoon of rum essence/ Lave as maçãs, rale-as e esprema o sumo. Junte o açúcar, a canela e a essência de rum). Se pregăteşte tava, se unge cu unt şi se tapetează cu pesmet. Se aşează prima foaie de aluat, se întind merele, după care se adaugă cea de-a doua foaie. Se dă la cuptor pentru aproximativ 1/2 de oră la 200 °C. (Prepare the tray, grease it with butter and cover it with bread crumbs. Lay the first dough sheet in the tray, lay the apples on top and then lay the second sheet. Let it bake for about 1/2 hour at 200 °C/Num tabuleiro, untado com manteiga e coberto com pão ralado, coloque a primeira parte da massa, o preparado de maçã e, por fim, a outra parte da massa. Leve ao forno a 200º C durante 1/2 hora).

Andreea-Maria Sâncelean


:: Outras culturas

Português Língua Não Materna Existem, na nossa escola, quatro alunos a frequentar a disciplina de Português Língua Não Materna – a Ksénia e o Artem, integrados no 10º 3A, e a Oleksandra e a Shahrobonu, no 10º PDM. Com a ajuda da professora de Português e do tradutor russo, eles decidiram colaborar com o jornal da escola e escreveram alguns artigos (alguns deles acompanhados da tradução russa), para nos apresentarem curiosidades do seu país de origem.

Chamo-me Ksénia, nasci na Rússia, em Engels, e tenho 16 anos. Estudo nesta escola há dois anos e adoro estar em Portugal. Decidi escrever sobre um dia importante que se comemora no meu país.

12 de Junho O Dia da Rússia Nesta data, foi assinada a “Declaração de Soberania da República Socialista Federativa Soviética da Rússia”. Por todo o país, no dia 12 de junho, feriado nacional desde 1992, é comemorado o Dia da Rússia, em homenagem à assinatura da “Declaração de Soberania da República Socialista Federativa Soviética da Rússia”, em 1990. Em 1994, o primeiro presidente russo,

regulamentou este dia. Embora o país continuasse a fazer parte da União Soviética, esta declaração foi um dos primeiros passos oficiais dados, por uma nova geração de políticos russos, no sentido de diminuir o poder do Partido Comunista. O documento destacava a importância da Constituição da República Socialista Federativa Soviética da Rússia sobre os atos normativos da URSS. Embora, muitos vejam o acontecimento com desaprovação, como um ato que contribuiu para o desmantelamento da URSS, trata-se, sem dúvida, de uma data importante que abriu uma nova era da Rússia atual.

Os jovens comemoram o Dia da Rússia nas ruas de Kazan, capital da república russa do Tataristão.

Patriótica na União Soviética e os Estados pós -soviéticos). Este dia, foi, inicialmente, celebrado em quinze Repúblicas da União Soviética, após a assinatura do documento de rendição, no final da noite de 8 de maio de 1945, em Berlim, e o anúncio pelo governo soviético da vitória a 9 de maio. Neste dia, tradicionalmente, os veteranos depositam coroas de flores no Túmulo do Soldado desconhecido, monumento da Glória e Valor. Também se realiza uma parada da vitória na Praça Vermelha com a participação do exército e de aviões militares.

Chamo-me Artem Lepekhin, tenho 20 anos, e nasci na Rússia, na cidade de Kizel.

Dia de Vitória na Segunda Guerra Mundial

Boris Yeltsin, assinou um decreto que

O Dia da Vitória Soviética, ou 9 de maio, marca a capitulação da Alemanha Nazista à União Soviética, na Segunda Guerra Mundial (também conhecida como a Grande Guerra Junho de 2012 Jornal da Brotero 23


Outras culturas ::

Chamo-me Olesandra Mysyura, tenho 16 anos e vim da Ucrânia. Vivo em Portugal há 1 ano e 5 meses e gosto muito deste país.

Меня зовут Олександра Мисюра ,мне 16 лет . Я приехала с Украины . В Португалии я уже 1 год и 5 месяцов , и мне очень здесь нравится .

Dia Internacional da Criança Международный день детей Na Ucrânia, o primeiro dia de verão é o Dia Internacional da Criança. Este é um dos mais antigos feriados, que resultou da decisão da “Conferência Mundial de BemEstar Infantil”. No Dia Internacional da Criança, comemora-se também o dia da bandeira. Esta apresenta num fundo verde, simbolizando o crescimento, a harmonia, o frescor e a fertilidade da Terra, figuras humanas de várias cores – vermelho, amarelo, azul, branco e preto –, que simbolizam a diversidade e a tolerância. O Sinal da Terra, localizado no centro, é um símbolo da nossa casa.

Если сегодня природа подарила теплый солнечный день, то становится радостно вдвойне — потому что в первый день лета во многих странах отмечается Международный день детей (Interna onal Children's Day). Этот праздник многим россиянам знаком как Международный день защитыдетей.Международный день детей — один из самых старых международных праздников. Решение о его проведении было принято в 1925 году на Всемирной конференции, посвященной вопросам благополучия детей, в Женеве. История умалчивает, почему это детский праздник было решено отмечать именно.У

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Международного дня детей есть флаг. На зеленом фоне, символизирующем рост, гармонию, свежесть и плодородие, вокруг знака Земли размещены стилизованные фигурки — красная, желтая, синяя, белая и черная. Эти человеческие фигурки символизируют разнообразие и терпимость. Знак Земли, размещенный в центре, — это символ нашего общего дома.

Navruz No meu país, em vez do Natal, festejamos o Navruz, que é feriado em Mahalla. Navruz, em persa, significa Novo (nav) Dia (ruz). Assim, este feriado, comemorado a 21 de março, é visto como o início de algo novo, sendo, por isso, considerado o início do ano, onde, em regra, as pessoas dançam para se divertirem. Em geral, acredita-se que Navruz é um símbolo de prosperidade, pelo que, para os agricultores, é dia de esperança de uma colheita abundante. E é, também, o feriado mais importante do povo uzbeque.

Chamo-me Shahrobonu Ahmadova, tenho 15 anos e nasci no Uzbequistão, na cidade de Samarkanda. No meu país, fala-se Russo e Persa. Estou em Portugal há dois anos e gosto muito de viver neste país. Меня зовут Шахробону Ахмадова,мне 15 лет. Я родилась в Узбекистан город Сама рканд,но сейчас жыву и учусь в Португал ии. В Узбекистане разговаривают на чети ре язиках Узбекский, Русский, Таджиский и Персидский Навруз ‐ это праздник не одного человека, это праздник семьи, праздник махалли, праздник народа. Навруз с фарси переводится как Новый день ("нав" ‐ новый, "руз" ‐ день). Поэтому этот праздник воспринимается как начало всего нового. Как правило из покон веков считалось, что Навруз ‐ это символ достатка и изобилия. По традиции в эти дни земледельцы начинают весенние работы с надеждой на обильный урожай. Навруз, который отмечается 21 марта, считается началом нового года. Как известно, 21 марта ‐ это день весеннего равноденствия. Продолжительность дня и ночи одинакова ‐ 12 часов. 21 марта Земля вступает в период всемирного астрономического равенства.


:: Roteiro Pedagógico

Um Colóquio sobre a Cultura Portuguesa Quando

cheguei, cansado, ao Rio de Janeiro, e só por muito pouco ter dormido, logo parti para o Formule 1. Sabia que era perto do Real Gabinete Português de Leitura. Após o checkin, dirigi-me para o meu quarto. Tomei um banho, desci e logo perguntei pelo Gabinete Português de Leitura, mas recebi um “Não sei” do jovem empregado da receção, o habitual nestas paragens. Contudo, uma colega sua disse-me que era bem perto. Mais tarde, quando acordei e fui tomar o café da manhã, observei, da janela, o ar decidido com que muitos vendedores ambulantes passavam, empurrando os seus carrinhos de venda, e até carrões, mostrando uma enorme vontade de viver. Quando atravessei a rua e passei junto ao Teatro João Caetano, vi a porta, já aberta, do Real Gabinete Português de Leitura. Aí me senti viver num outro mundo, ou seja, na imponência de um edifício centenário, inaugurado em 1887. Aconteceu 50 anos depois de ter sido pensado por quem tinha “o intuito da sua ilustração, da ilustração geral e de concorrer para restaurar a glória literária da sua pátria!”1 Explicando-o, Augusto de Lima Júnior informa: “os mercadores portugueses do Brasil caracterizaram-se, singularmente, por acentuada predileção pelas coisas do espírito e marcavam sua passagem pela vida com instituições de beneficência e cultura.”2 Era assim porque “Rocha Cabral e outros fundadores do Gabinete Português de Leitura haviam emigrado de Portugal porque as suas ideias liberais lhes não haviam permitido conservarse ali durante o domínio do absolutismo”.3 Foi neste lugar especial que estive no 6º Colóquio do Pólo de Pesquisa de Relações Luso-Brasileiras, de 9 a 13 de abril, ouvindo muitas comunicações sobre múltiplos saberes e sensações variadas, ligando-me aos que

tanto em Portugal como no Brasil vão fazendo o que podem pelo progresso das duas Pátrias. Na verdade, o facto de os dois povos terem uma matriz comum, une-os também à África e aos seus problemas. Estive, por isso, como moçambicano por nascimento, em sessões em que o tema era “Moçambique”. Anteriormente tinha falado sobre” O porto franco de Lisboa e o comércio luso-brasileiro”, uma ideia apenas, como mostrou recentemente o “The Economist”. O Colóquio terminou com uma sessão musical, em que ouvi o chorinho, uma música popular carioca, e, no dia seguinte, numa feira de artesanato que se realiza todos os segundos sábados de cada mês, pude ouvir de novo esta música e muitas outras formas musicais que animavam a Rua do Rosário. Pude ainda aí saborear os pratos tradicionais e comprar livros no restaurante, que era um sebo, designação local de alfarrabista. Depois, numa livraria especializada em temas sobre África e sobre cultura popular brasileira, vi, com agrado, a entrada de crianças que vinham, num corrupio alegre, comprar livros. Entretanto, uma brasileira, acompanhada por uma amiga, entrou perguntando pelo livro de Stephan Zweig, “Brasil, País do Futuro” e acabámos os três a conversar e a beber, enquanto ouvíamos mais chorinhos. Por fim, fomos ver a exposição de pintura de Tarsila do Amaral, no Centro Cultural do Banco do Brasil, uma vez que, até então, eram tantos os jovens que a queriam ver que as filas pareciam intermináveis. Curiosamente, uma das brasileiras reparou num miúdo que empenhadamente tentava copiar um quadro, aprendendo, fazendo a arte de Tarsila. Era tarde, quando saímos. Despedimo-nos e eu fui caminhando para o Hotel, enquanto observava que na rua 1 de Março eram muitos os casamentos e, quando cheguei ao Hotel, reparei nos muitos

convidados que aí se alojavam. No dia seguinte, fui ver o Museu de História Natural, sito na Quinta da Boavista, aonde cheguei de Metro, saindo na estação de S. Cristóvão. Aí se juntavam, alegres, muitas famílias no arvoredo que marca a paisagem. Chegados ao Museu, fomos animadamente observar as expedições ao Antártico, os dinossauros e ainda a forma como os índios brasileiros vivem e os trajes tradicionais que usam. Por haver referências a outras culturas, era um lugar de estudo de muitas outras civilizações, pois muitas crianças, jovens e menos jovens andavam por ali aprendendo, dando-lhe um toque de vida cultural intensa. Simpaticamente, e de modo bem brasileiro, um dos funcionários mostrou-me ainda como este Museu, com a sua requalificação, se ia inserir nos eventos mundiais do Campeonato do Mundo e dos Jogos Olímpicos, que alargarão ainda mais os horizontes do Brasil como potência emergente. De facto, o Brasil é um país do futuro, como o previu Stephan Zweig, pois no espírito ativo e empreendedor dos seus jovens está a certeza de que o vai conseguir. Aires Antunes Diniz

1

António Augusto Mendes Correa – Real Gabinete Português de Leitura,Rio de Janeiro, 1937, p. 3. 2 Idem, p. 21. 3 Ibidem, p. 12.

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Formação ::

LÍNGUA GESTUAL

Formação de Professores Entre

os dias 28 de janeiro e 17 de março de 2012, foi realizada, na Escola Secundária de Avelar Brotero (Escola de Referência para o Ensino Bilingue de Alunos Surdos), sob a tutela do Centro de Formação Minerva, uma Ação de Formação na modalidade “Curso de Formação”, com um total de 25 horas e atribuição de 1 crédito, denominada: “Iniciação à Língua Gestual Portuguesa” – (Nível1), que contou com 20 participantes, 17 dos quais professores da ESAB, de diferentes Áreas Curriculares. Teve por base as orientações constantes nos diplomas legais: Art.º74, alínea h) da Constituição Portuguesa (Lei Constitucional nº1/97, de 20/09, artigo 74.º, alínea h), onde se reconhece o dever de proteger e valorizar a Língua Gestual Portuguesa, enquanto expressão cultural e instrumento de acesso à educação e da igualdade de oportunidades dos sujeitos surdos; Art.º23º, do documento orientador da Educação Especial (Dec.-Lei n.º3/2008,

26 Jornal da Brotero Junho de 2012

de 07/01), onde se define o funcionamento das Escolas de Referência para a Educação Bilingue de Alunos Surdos e se dá relevância à divulgação e ensino da Língua Gestual Portuguesa a toda a comunidade educativa na qual estas se inserem, bem como valores e cultura da comunidade surda, contribuindo para a integração social da pessoa surda (alíneas e) e f) do n.º22 do art.º23º). Neste sentido, foram objetivos desta formação a difusão dos valores e a promoção da cultura da comunidade surda, contribuindo para facilitar a integração social do sujeito surdo, através da aquisição de competências comunicacionais específicas da Língua Gestual Portuguesa, do conhecimento das regras de comunicação com uma pessoa surda,

da identificação dos parâmetros envolvidos na produção de um gesto e da utilização de vocabulário básico que permita a interação comunicacional, da compreensão e utilização de expressões do quotidiano (de acordo com o estabelecido no Quadro Europeu de Línguas adaptado à LGP). Esta Ação enquadra-se nos objetivos do Projeto Educativo e Projeto Curricular de Escola e permite o acesso ao Curso de Formação – (Nível 2) a realizar no próximo ano letivo.

Paula Constantino (Professora de Educação Especial e Formadora)


:: A.C. de Filosofia

Exposição imagens@dem.uc Entre os dias 26 de Abril e 11 de Maio, esteve patente, na Biblioteca da Escola, a exposição imagens@dem.uc. A iniciativa, resultante da colaboração entre a Área Curricular de Filosofia e o Coordenador da Biblioteca, pretendeu mostrar, através

Ideias de Descartes

e ideias de David Hume

de imagens, produto da investigação científica do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que o desvelamento científico abre a mundos onde a estética está omnipresente, seja

(1) Se a verdade queres descobrir E não sabes por onde começar, Pela razão deves partir.

nos modelos construídos, seja nos resultados dessa

(2) Do que ela está a falar Não deverás tu ouvir: Se a verdade queres descobrir, A experiência deves observar.

abordagem, afastando da ciência o estereótipo de atividade “objetivamente desincarnada”. Os nossos profundos agradecimentos ao Professor Doutor Manuel Carlos Gameiro da Silva, docente da faculdade supra referida, pela amável cedência gratuita de materiais e recursos técnicos e huma-

(3) Se tu estás sempre a duvidar, É porque consegues pensar, E é como ser pensante Que levas a tua avante. O cogito estou a transmitir, Duvidar, pensar é existir.

(4) Se conhecimento queres adquirir, Do conhecimento, de facto, te deves servir, Porque se as relações de ideias eu utilizar, Ao conhecimento verdadeiro não irei chegar.

(5) Se a verdade queres obter Há um critério que tens de saber… A evidência te vou apresentar: De conhecimentos claros e distintos estou eu a falar.

(6) Alguns conteúdos do conhecimento tens de ter: Impressões atuais Ou recordações brutais, Se a minha teoria queres entender.

(7) Partimos de uma dúvida racional E não deixamos nada de fora, Sendo esta hiperbólica e radical E bastante purificadora.

(11) A causalidade vou defender? É uma relação necessária, a sua definição. Mas será que, com a experiência, podemos provar esta relação? A resposta é “Não!”

nos disponibilizados para o efeito. Agradecemos também à Direção da Escola, especialmente à Dra. Fátima Valente, a pronta disponibilidade e incentivo para o desenvolvimento dos procedimentos necessários em ordem à realização do evento. Especiais agradecimentos ao professor Coordenador da Biblioteca da Escola pelo seu profissionalismo e insubstituível colaboração na concretização desta actividade. Feliciano Paquim, professor do Grupo 410 – Filosofia

(8) A existência de Deus posso provar Como ser imperfeito que sou. Em mim, a ideia de perfeição Deus colocou.

(12) Deste princípio vou duvidar, Pois é através de desejos Que ele se vai realizar.

(9) Deus é perfeito como ser, Logo, Deus tem de existir Para perfeição conseguir.

(13) A causalidade não vou aceitar; Todavia, se daqui com vida quero sair, A sua necessidade tenho de admitir.

(10) E eu, um ser imperfeito sou Já que de tudo duvido. Alguém tem de nos dar um sentido E por isso Deus nos criou.

(De duas teorias estivemos a falar. Mas, com alguma nos revemos? Isso pode esperar, Porque, a Filosofia, boa nota queremos!) Ana Carina Santos e Carolina Gonçalves -11º1A

Junho de 2012 Jornal da Brotero 27


Teatro ::

Democracia, Rousseau, Maria Antonieta, Austeridade e Dr. Einstein Pato

Grupo de Teatro ESAB/ESJF

A História bem sucedida das suas representações UMA “AULA VIVA” DE HISTÓRIA

O laboratório onde tudo foi “concebido”

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Pelo 3º ano consecutivo, o grupo de teatro das Escolas Secundárias de Avelar Brotero (ESAB) e José Falcão (ESJF) participou na Mostra de Teatro Escolar, a VIII, que decorreu de 7 a 11 de Maio, na Oficina Municipal de Teatro, em Coimbra. Desta vez, e na sequências das duas anteriores “Histórias não tão Reais – a 1ª, “As histórias não tão reais da Implantação da República”; a 2ª, “História não tão Real do Foral de Coimbra – Versão Pirata” –, este grupo interescolar levou à cena a “História não tão Real de JeanJacques Rousseau”. O grupo (constituído por 15 alunas e alunos de ambas as escolas), encenado pelas professoras Isabel Ferreira, da ESJF, e Susana Pereira, da ESAB, proporcionou-nos, mais uma vez, vários momentos deliciosos de humor, mas também de importantes informações históri-

cas. Desta vez, e a propósito da comemoração do tricentenário do nascimento de Rousseau, é o Dr. Einstein Pato, habitante de Marte, que captura, com as suas experiências, algumas personalidades terráqueas, antes da queda de um meteorito na Terra, em dezembro de 2012. Doutor Pato tem, então, uma missão impossível: a de perceber por que é que Rousseau refere que «a natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável» (importante, principalmente hoje, para entendermos o século XVIII, para nos entendermos a nós mesmos e voltarmos a refletir sobre o seu Contrato Social). De facto, este grupo conseguiu já, quanto a nós, construir uma “imagem de marca” – exercer uma função didáticopedagógica, ensinando sem que os espe-


:: Teatro Ficha Técnica Argumento: Clube de Teatro da ESAB & ESJF Encenação: Isabel Ferreira e Susana Pereira Espaço cenográfico: Clube de Teatro da ESAB & ESJF Figurinos: Clube de Teatro da ESAB & ESJF

Uma perspetiva de todo o grupo

Caracterização: Clube de Teatro da ESAB & ESJF Vídeo e Apoio Técnico: José Vieira Colaboradores: António Marques e Mariana Caldwel Personagens e Intérpretes: Dr. Einstein Pato – Eduardo Figueiredo; E56 – Susana Costa; H22 – Lucy, Zé Povinho, Zeca Sócrates, Rousseau e Dr. Pato

tadores/alunos se apercebam de que estão a aprender. Deste modo, toda a “verdade” histórica se (des)envolve num cenário de ficção – por um lado, fantástica, por introduzir extraterrestres e personalidades ressuscitadas, mas, por outro, apenas não tão real, porque há outras personagens que remetem para figuras públicas, ainda vivas, da sociedade portuguesa. Ora, são precisamente estas últimas que, nas “mãos” de um cientista saudavelmente louco, irão entrar na “Casa dos Enredos” (numa analogia perfeita com um programa televisivo). E eis que surge uma nova linha de ação: a interação entre as personagens que, de tão bem caracterizadas, facilmente as identificamos com as figuras reais que lhes correspondem. Terminamos, referindo dois aspetos: o primeiro é que, embora o grupo esteja

Ana Beatriz Catarino;

todo de parabéns, seríamos injustos se não destacássemos aqui a prestação individual de Eduardo Figueiredo (Dr. Einstein Pato), já que é, de facto, ele que funciona como “motor” de toda a ação; o segundo é o texto (uma vez mais, um original do Grupo), pois, tal como nas outras “Histórias não tão reais”, prima pela excelência.

R21 – Margarida Carvalho; Jean-Jacques Rousseau – Maria João Sá; Zé Povinho – Joana Guerreiro; Lucy Viiktoria – Ana Raquel Ribeiro; Zeca Sócrates – Pedro Oliveira; Futre Ronaldo – Alexandra Rodrigues; Freira – Mariana Mendes; Maribel – Juliana Heleno; Austeridade – Mariana Riquito; Democracia – Inês Ferreira; Maria Antonieta – Francisca Matias; Jornalista – Adriana Martins; Fãs – Afonso Loureiro e Hugo Ruas.

António Andrade Marques

Junho de 2012 Jornal da Brotero 29


Dep. de Línguas ::

Oficina de escrita criativa Um exercício de expressão “artística” Este ano letivo, mais uma vez, um grupo de professores que leciona a disciplina de português (António Marques, Carla Mendonça, Graça Alves, Isabel Monteiro, Maria Emília Melo) levou a cabo a atividade “Oficina de Escrita Criativa”, no dia 7 de Março, no auditório da nossa escola.

A oficina, que teve a adesão entusiástica de mais de 200 alunos, de turmas dos 10º, 11º e 12º anos, tem acontecido, porque cremos que são atividades deste género que conseguirão despertar, ou reforçar, nos nossos alunos, o gosto pela palavra escrita. Se encararmos o texto criativo como um exercício de expressão “artística”, de forma despretensiosa, evidentemente, este tipo de criação de texto pode tornar-se bem sedutora. Pegando na irreverência própria dos nossos jovens alunos, podemos desafiá-los a expressarem as suas ideias “contestatárias”, numa espécie de texto “marginal”, através do recurso a figuras de estilo, que podemos encarar como saudáveis “infrações” às regras da gramática. O texto criativo, tal como a “arte” em geral, oferece-nos um novo mundo, um mundo apetecível e onde tudo é possível, onde podemos ter os sóis que quisermos, onde as árvores podem ser da cor do céu e este da cor do fogo… 30 Jornal da Brotero Junho de 2012

Desta forma, é possível motivar os nossos jovens para a experimentação da criação do texto escrito e, simultaneamente, estimular, neles, a fruição estética que os textos literários de autores consagrados nos proporcionam. Assim, foi-lhes proposto que experimentassem a criação de variados tipos de texto, desde a poesia visual ao texto narrativo, baseada em variadíssimas situações, das mais banais às mais absurdas, onde a tónica era colocada na criação, ou seja, na composição de um “produto” que surpreendesse pela novidade e pela beleza estética. Desejamos que o gosto e o envolvimento que os alunos demonstraram nesta atividade sejam o alicerce para futuros apreciadores da arte, em geral, e da literatura em particular e, quem sabe, para prazerosos e atrevidos “escrevedores” ou, mesmo, bons escritores. Destes produtos, revelamos alguns exemplos que se seguem. Maria Emília Melo


:: Dep. de Línguas Exemplo 1

Exemplo 2 Sou Alfa, habitante de um longínquo planeta chamado Namec. Estou de visita ao planeta Terra e tenho a missão de descrever a espécie que domina este planeta – os humanos. Ontem, decidi dar uma vista de olhos pelo planeta azul. Sobrevoei baixinho uma cidade. Os humanos tinham uns retângulos com uns círculos no chão que os faziam deslocar-se, por uns longos tapetes cinzentos. Havia também uns objetos presos no ar que mostravam cores, a que os retângulos reagiam. O vermelho parava-os, o amarelo fazia-os abrandar e o verde levava-os a avançar sem parar. Estes estranhos objetos andavam incessante e rapidamente de um lado para o outro sem parar e formando longas filas ou grandes amontoados… Os humanos são mesmo estranhos!

Mas até gostava de ter um retângulo destes cor-de-rosa. Sabrina Salguinho

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Dep. de Línguas ::

POETRY Creative Writing Ao

longo das aulas assistidas das professoras estagiárias do Núcleo de Estágio de Inglês, a turma 10º1F tem usufruído de novas dinâmicas no que diz respeito à produção escrita em Inglês. Foram exemplo disso dois momentos em particular em que os alunos tiverem oportunidade de produzir poesia em inglês de uma forma inovadora. A professora estagiária Tatjana Ferreira propôs a escrita de poesia concreta,

a partir do tópico lecionado “friendship”, criando com as palavras formas gráficas relacionadas com o tema. Os poemas foram depois expostos na Biblioteca Escolar, ficando aqui um dos poemas resultantes dessa atividade. Noutro momento, a professora estagiária Sara Portugal trouxe uma nova abordagem - o “5W poem” – consistindo num poema em que cada verso respondia às perguntas “who”, “what”,

“when”, “where” e “why”. Indo ao encontro dos temas abordados “teen plastic sugery” e “self-image”, os alunos foram convidados a escrever pequenos poemas que focassem essas temáticas, obedecendo à estrutura anteriormente referida. Ficam aqui alguns trabalhos do 10º1F e do 10º2A. Afinal, não é assim tão difícil pôr alunos a escrever poesia em inglês! M.S.

Guilherme Carvalho, Rita Fernandes e Rúben Neves (10º1F)

Beautiful Sarah does a lot of surgery in an operation room when it’s raining because when it’s sunny she’s at the beach Mariana Santos, 10º1F

Susan is ashamed of herself in the streets sometimes because she has a disfigured face.

Susan was so beautiful in that show when she first appeared because beauty isn’t what we look like but how we are

Florbela Dias, 10º1F Ana Santos, 10º1F

Girls feeling fat do everything to be thin it happens everywhere while they are perfect, but they don’t open their eyes Pedro Oliveira, 10º2A

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Nicolette got a nose job when she was a teen in a hospital because people picked on her. Miguel Santos, 10º2A


:: Poesia

O dia Mundial da Poesia é celebrado a 21 de março e foi criado na XXX Conferência Geral da UNESCO, em 1999, cujo grande objetivo é promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia através do mundo. Era uma vez uma aula de Português… Não! Era uma vez uma professora de Português… Não! Era uma vez uma turma que não gostava muito de Português. Essa turma tinha uma professora que não gostava nada de telemóveis, estava sempre a mandar calar e sempre a exigir: comportamentos, pensamentos, leituras e escritas. Num belo dia cinzento de chuva, logo pela manhã, a turma leu no quadro a palavra Poesia. A professora pediu para que aos alunos dissessem muitas outras palavras que o seu pensamento relacionasse com Poesia. Em conjunto construíram aquilo que lhes parecia ser uma “árvore de palavras”. Poesia. A professora, não contente, pediu-lhes “Silêncio!” e o Silêncio foi chegando de mansinho, passo a passo, para não importunar a agitação. O Silêncio chegou, instalou-se, sentou-se lá atrás a um canto, sorriu para a turma boquiaberta e sorriu para a professora que, agora sim, estava preparada. “Com estas palavras, e outras que o vosso Pensamento quiser, definam Poesia; mas atenção, muita atenção, não se esqueçam do Coração…” Ao impor a tarefa de definir poesia, a professora percebeu, pelos olhares absortos à sua frente, que era um desafio de supremacia. Percebeu que definir poesia era uma tarefa quase impossível. Tão impossível quanto definir o próprio impossível. Tão impossível como definir palavras do quotidiano. Definir as próprias palavras, o próprio quotidiano. Definir dia, tempo, sombra, sonho, madrugada, pôr-do-sol, vida. Definir flor, cheiro, almofada, pranto, carícia, alma, grito. Definir dor. Definir amor. Definir verdade, palavra, beijo, pessoa, pensamento, crença, Deus, Universo, anjos e demónios. “Definir o que se sente é quase impossível.”- pensou. É quase tão difícil definir o que se sente,

como é difícil sentir, se esse sentir amargurar, penetrar a consciência, falar em nós, gritar em nós até o rouco do nosso grito ensurdecer a esperança, a vida que, no fundo, é a esperança de alcançar, alcançar seja o que for. A vida é a esperança de alcançar seja o que for. Tudo isto, todas as palavras, são signos linguísticos responsáveis pela representação das ideias. Responsáveis pela representação da própria realidade. Estamos presos a eles, precisamos deles para nos definirmos enquanto gente. Gente. Gente é multidão. Multidão é pessoas. Pessoas. Pessoa é alguém que pensa e sente. Alguém pode ser ninguém, como pode ser pessoa. Alguém. Estes signos são as próprias palavras que, por intermédio da capacidade humana de falar e escrever, associamos a determinadas ideias, pelo menos às ideias que conhecemos, aquilo que nos chega pelos cinco sentidos e mais um. Aquilo que nos chega. Todos estes signos são uma ferramenta, um utensílio, um instrumento que nos possibilita comunicar e representar a concretização linguística da realidade, diferenciando, distinguindo. Eles são tudo aquilo, e mais alguma coisa, que nos chegou e que o nosso cérebro armazenou ao longo do tempo. Estão estratificados na mente, no consciente e no subconsciente. E na mente de cada um, eles ligam-se ao coração pelas memórias, experiências, sentimentos, pela vida. Os signos distinguidos são difíceis de definir porque ao fazê-lo definimos apenas o que são. E são no mais básico de ser: é assim! Define-se assim! Significa isto! São impostos por uma língua e uma cultura estabelecidas, pré-estabelecidas. Trazer estes signos para o coração e pensá-los é tarefa quase impossível.

A Poesia é um signo. A Poesia é um signo que está no coração. A Poesia está no coração. A Poesia é o coração em teias de consciência, numa dança sensual de entrega. Um tango. A Poesia é um par de bailarinos, Coração e Razão a dançar um tango. A poesia é um tango. A turma em silêncio continuava e o Silêncio observava, calmo e sereno, as letras que pairavam no ar. Bailavam até serem palavras e estas serem ancoradas a um qualquer pensamento, de um qualquer aluno da turma, numa frase que seria sempre simples demais, num texto que seria sempre insuficientemente rico para definir Poesia. * P.O.E.S.I.A A.I.S.E.O.P P.A.S.O.E.I P.O.E.S.I.A

Eunice Pimentel

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Poesia ::

Desilusão Busquei o sol mas encontrei a lua A escuridão e não a claridade A noite nebulosa e sem estrelas Traição de mascarada lealdade. Por instantes um brilho desusado Um céu de felicidade vislumbrei Sorri feliz da auréola lunar Perdida na ilusão, no engano, errei. Recuso acreditar noutra miragem Iludir-me com sombras fugidias Encantos ilusórios ou magias. Eu quero as nuvens claras, luminosas O dia e o azul p’ra caminhar Poder rir do meu ser e não chorar

Presente Delineei o caminho e a meta Segui sempre direito sem parar Afirmei que não haveria curvas Fiz-me rainha do meu caminhar. No meio houve encruzilhadas, becos, Esquinas, vielas, algum desencanto, Mas encontrei sem querer outras ruas, Certezas e convicções no meu pranto. Sem ser para rumar e aprender Não importa seguir pelo passado Erro, ilusão que a vida faz doer! Por fim vence o presente este duelo E vivo a vida rejeitando escárnios Um castelo de todos o mais belo.

Bairro Gosto do meu bairro onde vivem as mesmas pessoas há décadas e transportam consigo o rosto dos tempos, as rugas do que aconteceu com elas e comigo e com todos. O meu bairro que tem ecos de silêncio o meu bairro que não é meu, que é dele

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e do outro e de ninguém. O meu bairro vulgar onde nada acontece onde só por vezes alguém deixa de existir sem deixar de ser. O meu bairro onde não cabe o acontecimento de uma reportagem e que por isso mesmo é bonito. O meu bairro é velho, é pobre, é mundano, é banal, vulgar, mas tem marcas da nossa identidade de sermos nós por dentro e por fora de cabermos inteiros num “bom-dia!” acompanhado de um sorriso redondo. Gosto do meu bairro que tem o Gil, a Isabelinha e a Maria… Comungo esta partilha e esta magia com os outros enquanto caminhamos diariamente para o futuro envelhecendo sabiamente. Graça Alves Nota da redação: poema publicado no Diário de Coimbra, no dia 30 de abril de 2012

Elegia Num olhar cansado de fim de tarde O tempo esfuma-se e perde-se... Os minutos correm em silêncio rumo ao fim… E perguntam… Fim, onde estás? Num sofisma de risos e dança A vida agoniza… É impossível deter o tempo, É impossível evitar o fim… Os sons vão perdendo densidade… As palavras não têm mais sentido. E apesar da louca insistência de alguns... A tarde vai, aos poucos, morrendo... Ah! Se fosse só a tarde a morrer... Não é… Eu morri para ti também!

Circo Não quero usar palavras, que não entendo! Não quero criar história sem enredo! Não quero ser... o que os outros são! Quero ser eu mesmo, De alma e coração! Quero sentir-me livre, para sentir o vento, quando eu quiser, quando for o momento! Por isso eu teimo, sempre em afirmar, que poeta não sou, nem me quero chamar! Somos artistas, deste circo imenso, onde se articulam palavras de incenso! Mágico-trapezistas, com truques na mão! passeamos pelo palco, exibindo o coração! Recolhemos aplausos, apupos e saudações, somos palhaços, Por entre as multidões!

Sonhar... Sonhar, é criar um castelo de nuvens com bolas de algodão! É acreditar que o Pai Natal existe. É acreditar que o Sol é azul e tem raios cor de laranja. É acordar todos os dias como se fosse o primeiro da tua vida! Sonhar, é acreditar que o amanhã existe, e vem embrulhado em folha de rebuçado, com um cheiro fresco de mentol! É sentir crescer em redor, a primavera, e só te dar conta quando chega o inverno!


:: Poesia É ser um pouco muito, um pouco além! É manter eternamente, nos teus olhos... aquela névoa de cavaleiro andante, de armadura alva e reluzente, que recolhi nos Almanaques de criança sonhadora! É sentir ainda aquele cheiro a terra e a mar. É ver ainda ao longe aquele arco-íris, que em menino juraste escalar! Mas, que apesar de saber que o Pai Natal não existe...! Que o Amanhã não cheira a mentol, que a primavera não tem o brilho de outrora, Se mesmo assim te permitires sonhar...? Então, sim! Conheces o sentido da vida! Fernando Paula Barroso

uma ajuda… Mas acabo apenas por me entrelaçar com o pânico. Preciso de um advogado. Preciso, aliás, de defesa. Preciso de amor. Preciso… de ajuda. Onde estão as tuas doces palavras? Um dia apercebi-me de que a amizade é um casamento - até os votos se fazem: “Estarei aqui, sempre”. E estou. E estarei. Aqui. Para sempre. A divagar. Estarei para sempre à espera de uma oportunidade. Estarei à espera que tenhas tempo para me salvar. Ainda não desisti, pois ainda existem as linhas do doloroso fio e ainda existe a tinta de meu sangue. Porém… O amanhã é tão certo como uma conta de somar. Mas… E se a tivéssemos aprendido ao contrário?

Rabiscos Escrevo e desenho. Desenho palavras. Esta dor. E continuo a escrever… As palavras voam, saltam dentro de mim… Escorrem pelas escadas, colam-se às janelas, passam a correr pelas pessoas, sem as cumprimentar, aparecem no meu olhar… Escrevo quando me dói a barriga. Ou quando uma rosa desabrocha e, essa sim, me diz “Olá”. Rio-me, talvez. Rumo a casa, as palavras espetam-se em mim. Ou calam-se; qualquer coisa estranha. … Uma mancha de água com palavras que se despeja em mim… E lá vai ela, escorrendo, sempre, pela madeira estalada.

Desistir… … é querer chegar perto do teu ouvido e suplicar: “Ajuda-me!”. Pessoas… Eu já não sei onde está a força que me erguia. Tateio no escuro por uma mão,

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E se não houvesse uma pomba branca, uma barriga da sorte onde esfregar ou um quadrado sagrado? Se assim fosse, saberias dizer-me o que é certo e o que é errado? As minhas leis fui eu quem as definiu… E o que está errado é a definitiva súplica de ajuda. Sem resposta. Sem dor. Sem dádiva. Sem partilha. Sem… ajuda! Rodopios… Nos próprios tornozelos. Obrigada, Se pensas que bem poderias ser tu a escrever este poema.

Ser poeta Ser poeta é coisa de um segundo. É ser um meteorito caído no vasto chão, ser o fumo que percorre o invisível. Eu já fui poeta… No segundo mais bonito da minha vida.

Ser poeta é não ser nada mais do que o seu próprio leitor. É fazer, e ler. E depois de ler, de novo fazer. Ser poeta é crescer em cada verso. É seguir um outro poeta através dos seus próprios gestos; gestos esses - palavras - que se encavalitam desde o húmido solo até à Lua. Enfim, ser poeta… É apenas não saber aquilo que se é.

Um poema com um nome óbvio Mãe. Mãe como Amor. Mãe como Dor. Mãe como Senhora do Mundo. Mãe como Enfermeira. Mãe como Alimentação. Mãe como Felicidade. Mãe como Preocupação. Mãe como Mulher. Mãe como Amiga. Mãe como Ouvinte. Mãe como Fotógrafa. Mãe como Família. Mãe como Sonho. Mãe como Exigência. Mãe como Pensamento. Mãe como Palavra. Mãe como Ação. Mãe como Poema. Mãe até deixar de fazer sentido. Mãe até esgotar os dicionários. Mãe. Mãe como mãe. Como tudo. Maria João, 11º 2C

Ser poeta é ser pequeno: poucas palavras, muitas palavras - o leitor escolhe que facilmente parecem encaixar. Junho de 2012 Jornal da Brotero 35


Segundos, minutos e horas… Olheiras que me pesam nas têmporas da alma Recordações espalhadas pelo chão roído Já não sei se há mais tinta dos meus olhos se da minha caneta. Escorre… Degrau a degrau Escorre… Subindo pelas árvores: cada folha é uma gota.

E são as memórias mas vazias que me fazem (re)viver apenas o que desejar. Morre… A cada bafo Morre… Subindo pela eterna cruz sem um sepultado: cada cruz é a morte da Arte. Para onde terei ido? Terra esta que me faz florescer. Posso ter uma maçã da tua alma para trincar e saborear? Gostava de saber o quão perdido estás, avô. Para talvez me conseguir encontrar e compreender. É a tua ausência, porém, nunca antes presente… Tua ausência. Escorro… Pela marca que deixaste nas escadas, pela tal recordação. Corro… Quando expludo, fujo Atrás de ti, pisando os estúpidos humanos que não te souberam dar o devido valor que eu sei que tens. Morro… A cada letra me perco, deixo de fazer sentido: afinal… estar morto é estar vivo? Maria João, 11º 2C

Adivinhas Portuguesas 1.- Sem cabeça, tem pescoço Tem braços e não tem mãos. O seu corpo não tem osso. E troca-se entre irmãos.

2.- No minuto ela vem Uma vez em cada mês Momento, duas vezes tem, No ano, nenhuma vez.

3.- A chuva, eu sei que tiro, Mas tiro também o sol. Com vento, por vezes viro, Se me abro em girassol.

4.- Foge a vida, nunca para. Vai vincando nosso rosto, Deixando, em cada cara, As marcas de um desgosto.

5.- Eu me vejo em maus dentes, Mas lá, os meus são prestáveis. Dou comida a doentes, E dou também a saudáveis.

Seleção de Pedro Falcão

1.- camisa. 2.- letra M 3.- guarda-chuva. 4.- rugas. 5.- garfo.

O porquê eu já não sei. O preto, eu já o associo à vida, os sinos, eu já os declaro como melodia. Porquê, então? Corre… Pé ante pé Corre… Descendo a rua pela calçada: cada pedra é uma pessoa.

Soluções:

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Canções de embalar

Cultura e lazer ::

Poesia ::

1.- O meu menino tem sono E o sono não lhe quer vir Venham os anjos do céu Ajudá-lo a dormir

2.- Dorme meu anjinho Dorme meu amor Quantas vezes canto A chorar de dor

3.- Embala, José, embala Embala este menino Ele não chora de sono Chora porque é pequenino

4.- Não há caminha mais doce Que o colo da mãe querida Quem sempre criança fosse Que dormisse toda a vida

5.- Quando eu era solteirinha Usava fitas e laços Agora que sou casada Trago o meu filho nos braços Seleção de Pedro Falcão


:: Cultura e Lazer :: Fotografia

Fotografias enviadas por José Ferreira

:: Português ALGUMAS EFEMÉRIDES

PORTUGUESAS

10 de Junho

de 1580 faleceu o poeta Luís de Camões

19 de Julho de 1886 morreu o poeta Cesário Verde, vítima de tuberculose.

13 de Junho de 1888, nasceu Fernando Pessoa:

04 de Maio

de 1905 nascia em Mortágua o escritor Branquinho da Fonseca. Cultivou diferentes géneros literários mas talvez tenha sido o conto aquele em que mais se destacou. É autor de O Barão, conto inicialmente publicado sob o pseudónimo António Madeira. 19 de Maio

de 1890 nascia Mário de SáCarneiro. Disse Fernando Pessoa, seu amigo: «...O Sá-Carneiro não teve biografia: teve génio.O que disse foi o que viveu.» 1 de Junho

Morreu, em 1890, o escritor Camilo Castelo Branco, autor de obras como Doze Casamentos Felizes e Amor de Perdição. 4 de Junho

Jorge de Sena, professor e escritor, faleceu a 4 de Junho de 1978. 9 de Junho

O escritor José Gomes Ferreira nasceu a 9 de Junho de 1900

O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.

16 de Junho

de 1996 faleceu o escritor David Mourão-Ferreira

18 de Junho

António Feliciano de Castilho, conhecido escritor ultrarromântico, faleceu a 18 de Junho de 1875. 4 de Julho

de 1908 nasceu, no Porto, o poeta e ensaísta Adolfo Casais Monteiro

6 de Agosto Jorge Amado, um dos mais célebres escritores brasileiros, morreu aos 89 anos, a 6 de Agosto de 2001, na cidade de Salvador.

16 de Agosto No ano de 1900, morreu, em Neuilly, o escritor Eça de Queirós, após prolongada doença. No mês de Setembro, o corpo do escritor foi trasladado para o cemitério do Alto de S. João, em Lisboa.

29 de Agosto 18 de Julho

Faleceu, em 1697, o Padre António Vieira. Missionário jesuíta e diplomata, morreu em São Salvador da Baía, no Brasil, aos 89 anos

2 de Agosto O conhecido cantor Zeca Afonso, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos de seu nome, nasceu a 2 de Agosto de 1929.

Em 1980, morreu Bernardo Santareno, um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX.

Seleção de António Marques

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Artes ::

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:: Exposição

Exposição coletiva de Artes Visuais «[…] construir é partilhar. E esse ato de partilha tem uma dimensão moral, social, metodológica e subjetiva» VIDAL, Carlos, Definição da arte política, 1997.

Partindo desta ideia de partilha, realizou-se uma exposição coletiva de artes visuais, com produções dos professores, da área das artes, a lecionarem na escola: Alexandra Matos, Anabela Fortuna, Antonino Neves, António Batista, Cristina Leal, Isabel Pião, João Ricardo, José Vieira, Carmo Almeida Isabel Pais, Susana Baptista e Valdemar Mendes. A exposição distribuiu -se por vários espaços da escola e abrangeu várias técnicas artísticas, como a pintura, a fotografia, a cerâmica, a escultura em pedra, o vídeo e instalação. Neste nosso sistema de ensino, as práticas de ensino-aprendizagem nas disciplinas artísticas requerem uma formação académica superior, também ela artística, em boa parte, experimental e prática. Essa formação proporciona, em alguns casos, a posteriori, uma continuidade de produção e a consequente evolução de competências técnicas e conceptuais. A exposição apresentada não obedece a qualquer critério temático ou de seleção – as obras expostas são da opção do seu autor e permitem a observação da referida continuidade de produção artística. Como contemporaneamente se considera, mais do que verificar estilos e capacidades técnicas, importa considerar a diversidade sensitiva que permite o processo de comunicação com as referidas técnicas e aqueles materiais e equipamentos, compreendendo, assim, o processo criativo e artístico como uma abordagem conceptual que inclui a sistematização de um método e a consequente exposição do produto. Valdemar Mendes Junho de 2012 Jornal da Brotero 39


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