Revista Versátil

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Informe Publicitário

“Uma nova abordagem para o turismo na região costeira brasileira”

Paraty Bungalows Hotel & Bar Construído com influência do estilo arquitetônico e decorativo do litoral americano da década de 1960, contrastando com interior moderno e confortável, o Paraty Bungalows Hotel & Bar faz parte de um segmento exclusivo na região da costa carioca. A decoração é temática, inspirada no “Classic Hollywood”, com inspiração permanente da coleção de itens raros sobre música e cinema. Conta com layout diferenciado, inspirado no estilo boutique: possui oito bungalows individuais com bastante espaço, bem iluminados e divididos em dois ambientes. Cada um com: banheira Jacuzzi para duas pessoas, sistema de água pressurizada e aquecida a gás, TV de LCD, DVD player, TV a cabo, micro system estéreo, closet, camas king-size com colchões ortopédicos, cortinas blackout, ar-condicionado com regulagem para quente e frio, internet wi-fi gratuita e minibar.

muitos outros materiais cedidos por grandes nomes do cinema mundial. Seleção das melhores bebidas importadas e locais. Complementando, ainda há uma biblioteca contendo vasta seleção de livros sobre filmes e programas de TV clássicos, artigos exclusivos e autênticos sobre Country-Music, Clássica e Rock and Roll. Também é aberto para não hóspedes, entretanto, devem ser feitas reservas. Já a piscina conta com a mais moderna tecnologia de purificação da água sem presença de cloro, totalmente iluminada, bar com assentos de aço inoxidável e mesa, Jacuzzi aquecida, deck feito com pedra natural e serviço de bar disponível. Na área da

piscina há também a sauna e o bar Whisky & Cocktail. Outra vantagem é a de estar a dois quilômetros do centro, na praia Jabaquara. A diária para casal sai por R$390,00 e o hotel está oferecendo hospedagem para 3ª pessoa grátis no mesmo quarto. A tarifa inclui ainda café da manhã e um welcome drink no Riviera Hotel Bar.

Paraty Bunga

lows Hotel &

Bar

Rua D. Pedro I Praia Jabaquar a Paraty/Rio de Janeiro (24) 3371-263 8 Diária: R$390 ,00 (o casal) Promoção 3ª pessoa grátis em cama roll in www.paratyb ungalows.com

O Bar conta com temática voltada ao cinema, com uma enorme coleção de itens raros e autênticos sobre famosos filmes produzidos em Hollywood: pôsteres autografados, LPs, fotos, contratos de atuação e 3


Caros leitores A Versátil está de cara nova. Mudamos, criamos, reinventamos a maneira de trabalhar, de se relacionar, experimentando a vida de novas formas. Assim, é possível melhorar, desenvolver e sedimentar o conhecimento e a sabedoria absorvida ao longo do tempo. Sempre procuramos oferecer o melhor para nossos leitores, anunciantes e todos que continuam acreditando e apoiando a expressão dos pensamentos e ideias de nossos colaboradores. Apresentamos em nossa capa a atriz Bárbara Paz, atualmente na peça Hell, com direção de Hector Babenco. Ela nos conta um pouco sobre a composição da sua personagem, que vivencia situações depressivas, obscuras e opressivas. Nosso mais novo colaborador, Claudio Soares traça o panorama de um ano em que o piano está em foco, com grandes instrumentistas nacionais e estrangeiros se apresentando na capital. Em Negócios, Claudia Lessa fala da importância de planejar a vida e a carreira levando em conta as novas formas de atuação no mercado de trabalho. Na seção Cultura, as melhores indicações de livros, exposições, filmes, shows, CDs e peças teatrais para todos. Boa leitura! Claudia Liba

Publisher Claudia Liba claudia.liba@revistaversatil.com.br Conselho Editorial Alexandre Lourenço Antonio Gomes Claudia Ramos Lessa Gabriel L. Schleiniger Juliana Jamilles Foto de Capa Marcelo Correa Jornalistas Claudia Liba MTB 66658SP Valéria Diniz MTB 66736SP Redação, edição de texto e revisão Valéria Diniz redacao@revistaversatil.com.br Projeto gráfico e diagramação Mauro Souza

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Assistente de arte André Hiro Colaboradores Alexandre Lourenço Antonio Gomes Claudia Ramos Lessa Claudio Soares Mané Brito Analista de rede social Gabriel L. Schleiniger Departamento comercial Maria Maistrello comercial@revistaversatil.com.br Versátil Online www.revistaversatil.com.br twitter @versatilmagazin Pré-impressão, impressão e acabamento W Gráfica

Distribuição Butantã, Morumbi, Parque dos Príncipes, Vila Madalena, Vila São Francisco. PARA ANUNCIAR ENTRE EM CONTATO (11) 8851 7082 / 3798 8135 ou envie uma mensagem para comercial@revistaversatil.com.br Versátil é uma publicação mensal, direcionada a mailing Vip, e não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação fornecida, bem como pelas opiniões emitidas nesta edição. Todos os preços e informações apresentados em anúncios publicitários são de total responsabilidade de seus respectivos anunciantes e estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. É proibida a reprodução parcial ou total de textos e imagens publicados sem prévia autorização.

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O truque é a trOca

Quando o Lula colocou 50 reais circulando em cada cantinho distante do país, a economia geral do Brasil acordou. Porque o dinheiro – energia tão rápida quanto o sexo e as drogas – não pode ficar parado. Não é esta a sua natureza. Entrando cinquentinha aqui, cinquentinha ali, o Lula azeitou a capacidade de troca de todos, especialmente nesses cantinhos mais isolados onde a moeda não circulava. Pensando bem, a gente precisa de pouco dinheiro para viver bem. Vou dar um exemplo: eu te convido para um passeio de barco em minha escuna, sairemos de Ilhabela às 9h do sábado em direção a Paraty, levando a bordo doze pessoas que vão tomar cerveja, comer muqueca no convés, batucar modinhas, tomar banho de mar à noitinha e jantar à noite num simpático restaurante de Paraty. Dormiremos sob a coberta do tombadilho, olhando estrelas e filosofando um montão. Absurdaremos muito, comemoraremos a vida com alegria, irmanados pelos companheiros de navegação. No domingão estaremos de volta a Ilhabela e, de lá, todos alegrinhos back to Sampa. No final do passeio, entrego 500 reais ao timoneiro e despeço-me do barco sem apegos. Não tenho de pagar marina, marinheiro, diesel, coisa e tal... Sou rico com pouco e é exatamente onde reside a graça da coisa.

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Devemos tudo a todos porque somos tribo e cada um de nós, sozinho, é extremamente infantil, inconsciente, frágil e vulnerável!

Aí eu pergunto: o que é ser rico no Brasil? Ter o barco? Mansão na praia para ir uma vez ao ano? Sítio com cavalos decorativos? Não retemos o troco na caixinha da padaria, no restaurante, no posto de gasolina, o que complementa o salário baixo financeira e espiritualmente. O caráter tribal prevalece sobre o individualismo. Sem conhecer o frentista do posto, tenho um elo espiritual com ele. Talvez seja a minha culpa sentindo a fragilidade dele, ou a minha própria, sei lá. Sentimos empatia

e o troco muda de mãos. O troco geral é o truque, perdoamos nossas dívidas assim como somos perdoados por aqueles a quem devemos. Devemos tudo a todos porque somos tribo e cada um de nós, sozinho, é extremamente infantil, inconsciente, frágil e vulnerável! Mas a moeda é forte e tonifica o sistema. E quando estivermos todos devendo uns aos outros – e em função disto soltando o troco – a conta já estará paga. Financiaremos uns aos outros rolando nosso inconsciente coletivo econômico entre nós. Ela será então diminuída, esgarçada, engraçada, incorporada ao nosso dia a dia com graça, manha e raça, mastigada, moída, temperada e digerida por todos nós. A gente come um pedaço da pizza, paga a pizza e mais uma mordida ao próximo, amortizando o peso entre nós – ao contrário dos EUA, onde a coisa travou porque a troca espiritual e a troca financeira não estão andando lado a lado. O truque é a troca, o troco miúdo falando grosso, fazendo a moeda girar. O truque é o trocado nosso de cada dia, troca-trocando tudo! Bora fazer troca-troca! (mané-mané) 7


Como ficam os planos de Se enganam os profissionais que deixam de correr atrás de melhorias para o seu currículo, acreditando que a experiência será suficiente para mantê-lo empregado e em crescimento. Diante destas resistências, o tempo muitas vezes torna-se o inimigo, não permitindo a recuperação e o encontro de um novo posicionamento profissional. Com frequência, ouvimos pessoas dizendo que gostariam de trabalhar em empresas com plano de carreira. Alguns ainda reforçam – plano de carreira sólido e garantido – como se isto estivesse facilmente acessível no mercado. Podemos afirmar que esta prática mudou muito nos últimos anos, assim como vem mudando o modelo de gestão das organizações. No passado quase que recente, os profissionais eram avaliados pela confiança, fidelidade e pelo conhecimento das práticas empresariais acumulado ao longo do tempo. As empresas necessitavam da experiência de seus profissionais para assegurar os seus processos. Era comum se ouvir “fulano é que toca a empresa”, “ele é que sabe de 8

tudo”, “se sicrano adoecer a empresa para”, ou, ainda, “ele é o braço direito” do dono. Daí a valorização do tempo de casa, com o pressuposto de que quanto mais tempo estivesse na empresa, maiores seriam os conhecimentos sobre o trabalho. A chegada da tecnologia alterou o culto ao tempo de casa, e, por conseguinte, aboliu a evolução de carreira por antiguidade. A valorização da meritocracia – tão aspirada pelos bons profissionais para alcançar melhores posições na hierarquia – tornou-se escassa na estrutura enxuta das organizações. O alto custo da tecnologia no Brasil adiou a fase de inovação, mas, diante da necessidade de agilizar processos, baratear

produtos para fazer frente à concorrência e assegurar a sobrevivência no mercado, as empresas aceleraram a busca pela automação e informatização dos processos organizacionais. O movimento de modernização e inovação das empresas caminha para a redução progressiva do quadro de pessoal. Grandes empregadoras passaram a contar com estruturas menores e pontuadas por especialistas com pleno domínio para implementar e operar o ambiente tecnológico. Vemos com surpresa jovens ascenderem rapidamente a cargos de gestão e direção, quando no passado deveriam ter “anos de janela” para chegar a tais posições. Esta substituição de antigos

carreira? e experientes profissionais por jovens recém-saídos das escolas é motivo de polêmica, mas os resultados e o sucesso no volume de negócios apresentados pelos novos profissionais amenizam a discussão e demonstram que, de fato, vivemos em outros tempos. O conhecimento necessário à operação das empresas, antes acumulado na cabeça dos bons profissionais, hoje vem sendo incorporado pela tecnologia e pelo desenho sistemático de seus processos. Podemos observar as mudanças em diversos segmentos: na manufatura, robôs e máquinas substituem profissionais formados ao longo de anos, operando tornos, prensas e aparelhagem de solda; no agronegócio, os boias-frias

estão sendo substituídos por máquinas de aragem, plantio e colheita, já movidas à distância por controle remoto; no campo da prestação de serviços, os atendentes são substituídos pelo autosserviço movido à tecnologia. Economicamente, investir em tecnologia passa a ser rentável, pois as máquinas funcionam 24 horas e não exigem a infraestrutura necessária para o trabalhador. Os planos de carreira das empresas tornaram-se limitados, e a oferta de ascensão ocorre apenas por disponibilidade de vaga, não mais como premiação. Os salários, contabilizados como custos fixos, exigem máximo controle para evitar comprometer a rentabilidade das empresas. Sensibilizadas 9


Não podemos temer o mercado de trabalho e a falta de fartas oportunidades de carreira. Temos que compreender esta realidade e repensar nossa vida e carreira para aproveitar as novas modalidades de trabalho e profissões nascentes para a construção de nossa vida profissional.

Há uma grande oferta de programas de qualificação profissional e uma injeção de recursos para incrementar e estimular a abertura de pequenos negócios. Trace seu perfil considerando suas competências e expectativas profissionais, e desenhe sua própria carreira.

em função do apelo dos empregados na procura de maiores ganhos, algumas empresas estão compensando o esforço adicional do trabalhador, oferecendo um salário variável por atingimento ou superação de metas. Esses valores adicionais são calculados de forma a serem autossustentáveis, não comprometendo o custo fixo, pois não são incorporados à remuneração.

em crescimento. Diante destas resistências, o tempo muitas vezes torna-se o inimigo, não permitindo a recuperação e o encontro de um novo posicionamento profissional.

É importante a conscientização do trabalhador diante desta nova realidade. A modernização não deve ser demonizada, mas compreendida e incorporada. A evolução de carreira deve ser gerida pelo próprio trabalhador, verificando as possibilidades de ascensão na empresa onde atua, ou saindo ao mercado na busca de atividades de maior complexidade e maior remuneração. Para o salto de carreira o profissional deverá analisar aspectos pessoais como idade, estágio de vida, formação, conhecimentos e habilidades para se posicionar frente ao 10

mercado de trabalho. Manter a empregabilidade é fundamental para facilitar a movimentação da carreira e, neste exercício, deve o profissional projetar o futuro de sua atividade e dos negócios futuros da empresa escolhida. Na era da globalização e da internet, muitos postos de trabalho desapareceram ou estão sucumbindo à modernização. O medo da perda leva o profissional a não enxergar a morte ou diversificação de sua atividade no mercado. Assim como os profissionais gostariam de ignorar as mudanças do mercado, empresários fazem vistas grossas à entrada de produtos similares a baixo preço e continuam investindo na produção esperando uma reversão no mercado que nunca vai ocorrer. Ambos devem buscar a adaptação, pois se enganam os profissionais que deixam de correr atrás de melhorias para o seu currículo, acreditando que a experiência será suficiente para mantê-lo empregado e

A fusão de empresas e a globalização fazem com que as mesmas atividades, antes exercidas com primor, necessitem de profissionais com fluência em outro idioma, ideias inovadoras e domínio da tecnologia para enfrentar desafios. Como exemplo, podemos citar a área de vendas, que, no passado, exigia o corpo a corpo e a sedução da figura do vendedor. Hoje, as empresas de e-commerce negociam virtualmente com os consumidores, colocando diferentes produtos e serviços no mercado via internet. Por trás desta atividade de vendas, existem profissionais com diferentes especializações, como web designers, fotógrafos, jornalistas e especialistas em logística, e não mais os vendedores tradicionais.

Não podemos temer o mercado de trabalho e a falta de fartas oportunidades de carreira. Temos que compreender esta realidade e repensar nossa vida e carreira para aproveitar as novas modalidades de trabalho e profissões nascentes para a construção de nossa vida profissional. Para nosso conforto, enquanto trabalhadores estamos vivendo uma época privilegiada com o crescimento da economia e de novas frentes de trabalho aguardando profissionais especializados. Há uma grande oferta de programas de qualificação profissional e uma injeção de recursos para incrementar e estimular a abertura de pequenos negócios. Trace seu perfil considerando suas competências e expectativas profissionais, e desenhe sua própria carreira. Claudia Ramos Lessa

é especialista em orientação profissional e planejamento de vida e carreira. crlessa@terra.com.br www.planejamentodevidaecarreira.blogspot.com

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“Virtude”, segundo o dicionário Aurélio, é “a disposição constante de praticar o bem e evitar o mal”. Já segundo a Wikipédia, “a virtude revela mais do que uma simples característica ou uma aptidão para uma determinada ação boa: trata-se de uma verdadeira inclinação”. Citando Sêneca, “... toda a virtude assenta na justa medida... pode acrescentarse alguma coisa àquilo que é perfeito? Nada.” Neste ponto, você se pergunta: “Qual a relação de 2012 com a virtude?” Respondo, caro leitor. Neste ano, alguns seres que representam bem este termo visitarão o nosso país e darão mostras do bem-fazer musical e de toda a sua virtuosidade. Dois nomes justificam esta introdução: Lang Lang, que, segundo o The New York Times, 12

é “o artista mais quente da música erudita”, e Evgeny Kissin, um dos pianistas mais surpreendentes de sua geração. Quem ouve a gravação dos dois concertos de Chopin, realizada quando Evgeny Kissin tinha 12 anos, tem a certeza de tratarse da interpretação de um pianista maduro, que domina perfeitamente a linguagem musical do período romântico. Agora, que é um jovem senhor de 40 anos, certamente terá mais coisas a dizer e poderá surpreender ainda mais. Os recitais solo ocorrerão nos dias 04 e 27/06, na Sala São Paulo, dentro da temporada internacional da Sociedade de Cultura Artística. Lang Lang também fará parte desta temporada. Certamente, quem for à Sala São Paulo nos dias 20 e 22/05 13


Sugiro ao leitor assistir à apresentação de Joyce DiDonato, nos dias 03 e 04/09, para entender por que o Times londrino disse que sua voz é “ouro puro”. Ela será acompanhada pelo conceituado pianista francês David Zobel.

Arnaldo Cohen, outra de nossas melhores virtudes, finalizará a série de recitais da OSESP no dia 21/11. Você gritará “BRAVO” ao final da interpretação da Sonata n°7 de Prokoffiev, não por isto parecer adequado, mas porque ficará completamente hipnotizado por sua estonteante interpretação.

não se arrependerá, e sairá deslumbrado com a técnica estonteante deste jovem chinês de 29 anos que em 2009 esteve na lista da Times como uma das 100 pessoas mais influentes do planeta. Ele é uma celebridade! Não se engane, caro leitor: a Sociedade de Cultura Artística não ficou só com estes dois virtuoses. Nos dias 24 e 25/04, abre a sua temporada internacional com a Orquestra Nacional Russa, tendo como solista Nelson Freire. Sim, senhor, nós também temos as nossas virtudes! Nelson Freire possui a mesma virtude de Evgeny Kissin, Lang Lang e outros (dos quais falarei adiante), e voltará aos palcos nacionais nos dias 12, 13 e 14/07 para, junto à OSESP, interpretar o Momoprecoce – fantasia para piano e orquestra de Villa-Lobos. Quanto à Orquestra Nacional Russa, a revista Gramophone considerou a gravação da Sinfonia n° 6 de Tchaikovsky, realizada em 1991, a melhor de todas as feitas até hoje. Detalhe: a orquestra foi criada um ano antes. Fica a dica: no dia 25/07, interpretará a Sinfonia n° 4 de Glauzunov e a Serenata para cordas de Tchaikovsky. É sempre bom ouvir um autor russo interpretado por uma orquestra russa, pois a interpretação difere das realizadas por orquestras europeias e americanas. Ok, você deseja algo mais tradicional, que tenha como

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herança toda a tradição das orquestras criadas no século XIX? Então, deve ir à Sala São Paulo nos dias 15 e 16/05 para assistir à Orquestra Nacional do Capitole de Toulouse, criada no início do século XIX. A dica fica para o dia 16, em que teremos obras de Mussorgsky e Prokofiev. O regente, Tugan Sokhiev, vem recebendo muitos elogios pela interpretação destes compositores frente à orquestra. Nos dias 02 e 03/07, é a vez do Ensemble Intercontemporain, que infelizmente, não terá Pierre Boulez, seu criador, à sua frente. Mas, em compensação, Fanny Ardant, uma das maiores atrizes do cinema e do teatro francês, acompanhará o grupo, que interpretará a obra Cassandre, de Michael Jarrell (a música contemporânea também tem os seus virtuoses). Em agosto, nos dias 06 e 07, Dang Thai Song interpretará o Concerto n°2 de Chopin, com a

Orquestra da Suíça Italiana. Quem for entenderá por que o pianista vietnamita venceu o Concurso Chopin em 1980. Então a virtude é algo inerente apenas aos pianistas? É claro que não! Por isto sugiro ao leitor assistir à apresentação de Joyce DiDonato, nos dias 03 e 04/09, para entender por que o Times londrino disse que sua voz é “ouro puro”. Ela será acompanhada pelo conceituado pianista francês David Zobel. Não se convenceu ainda? Então, vá novamente à Sala São Paulo nos dias 07 e 08/11 para reverenciar a voz de Renée Fleming. Vale a pena! Já o Mozarteum Brasileiro trará à Sala São Paulo a virtude do David Gazarov Trio, nos dias 28 e 29/05. É jazz interpretado por um pianista que estudou na mesma academia de Evgeny Kissin. Não fica devendo nada para os seus companheiros de virtude. Vá conferir! Se preferir um programa mais tradicional, ok: o Mozarteum Brasileiro não se esqueceu de você. A Orquestra Sinfônica Nacional de Washington, regida por Christoph Eschenbach, se apresentará nos dias 25 e 26/06 no nosso querido e recém-reformado Theatro Municipal de São Paulo. Também o pianista austríaco Rudolf Buchbinder exibirá toda a sua virtude (e não é pouca) nos dias 30/07 e 01/08 na Sala São Paulo. Ele mostrará por que Beethoven e Chopin foram considerados virtuoses

em suas épocas. Após escutá-lo, tenho certeza de que o ouvinte desejará estar no próximo recital deste pianista, de joelhos! Para finalizar, dentro da série de recitais da OSESP, destaco três virtudes: Marc-André Hamelin, no dia 31/07 julho: após sua interpretação da Sonata n°2 de Rachmaninov, você não terá dúvidas da virtuosidade do pianista. Nenhuma dúvida! András Schiff, no dia 28/08, mostrará as virtudes da linguagem musical do período clássico, adequadamente interpretadas. Arnaldo Cohen, outra de nossas melhores virtudes, finalizará a série de recitais da OSESP no dia 21/11. Você gritará “BRAVO” ao final da interpretação da Sonata n°7 de Prokoffiev, não por isto parecer adequado, mas porque ficará completamente hipnotizado por sua estonteante interpretação. Quer apostar? Que todas estas virtudes nos inspirem a seguir o caminho do bem! Cláudio Soares klaus.soares@gmail.com

Quem ouve a gravação dos dois concertos de Chopin, realizada quando Evgeny Kissin tinha 12 anos, tem a certeza de tratar-se da interpretação de um pianista maduro, que domina perfeitamente a linguagem musical do período romântico.

Nelson Freire possui a mesma virtude de Evgeny Kissin, Lang Lang e outros, e voltará aos palcos nacionais nos dias 12, 13 e 14/07 para, junto à OSESP, interpretar o Momoprecoce – fantasia para piano e orquestra de Villa-Lobos. 15


Bárbara Paz O romance Hell, best-seller em vários países e fenômeno editorial na França, marcou a estreia da jovem escritora Lolita Pille, em 2003, quando tinha apenas 21 anos de idade. A obra encantou a atriz Bárbara Paz, hoje protagonista da peça homônima em cartaz no Teatro Eva Herz. A adaptação do livro para o teatro é inédita, realizada pelo cineasta Hector Babenco e Marco Antônio Braz. Hell e Andrea, seu amado (Ricardo Tozzi), são personagens de uma história trágica, misturada com álcool, drogas, consumismo e incapacidade de lidar com a afetividade.

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Versátil: Bárbara, como foi o seu encontro com a arte de interpretar?

Bárbara Paz: Acho que ao longo da minha vida fui me encaminhando para as artes. Pintura, poesia. Mas acho que a construção de personagens começou aos 12 anos, no universo circense. Animava festas infantis vestida de palhaça. V: Pode contar pra gente como foi a sua vivência no CPT (Centro de Pesquisa Teatral), sendo dirigida por Antunes Filho? Qual a importância do CPT em sua vida profissional e não profissional? BP: Foi minha grande formação como atriz. Antunes me apresentou o universo da literatura, da música, do cinema. Ele faz os atores irem a exposições, concertos, cinema. «Ver as melhores obras educa os olhos.» Li muito, e aprendi que ser ator é muito maior do que se imagina. Para navegar pelo desconhecido, é preciso estudar muito. Para conhecer o ser humano, uma vida é pouco.

V: Aproveitando a deixa, como é atuar sendo dirigida por Hector Babenco, que, além de um grande diretor, é seu marido? BP: Foi realmente maravilhoso. Ele é um mestre. V: Como foi o processo de compor a personagem Hell? Que dificuldades ou facilidades encontrou?

BP: Começamos com o trabalho de mesa. Adaptação de texto, entendimento da história, dos personagens. E todo o processo de criação foi através da improvisação dos atores. Ensaiamos muito. O tom verborrágico foi a maior dificuldade que encontrei. Mas o não movimento, a partitura foi o lado mais prazeroso. Quase como uma dança.

V: O texto da peça Hell é, digamos, “pesado”: são muitas palavras em uma velocidade grande, com trocas de figurino. Como você se prepara para enfrentar estas tarefas antes de entrar no palco?

BP: Chego muitas horas antes no teatro. Digamos quatro horas. Preparo a voz com aquecimento, exercícios fonoaudiológicos. E depois o corpo. É quase como um mantra. Uma reza. Teatro pra mim é sagrado e a ele devo toda minha devoção e respeito. V: A personagem Hell se droga, tem uma vida de ilusões, é dramática, tem dificuldade de viver laços afetivos e, depois da morte de seu amor, passa a refletir sobre a vida. É uma mudança difícil de interpretar? BP: Acho esse o maior desafio. Ir de um estágio para o outro durante uma hora e quinze de espetáculo. Sem pausa.

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Chego muitas horas antes ao teatro Preparo a voz depois o corpo É quase como um mantra Uma reza Teatro pra mim é sagrado V: Muitos são os atores e atrizes que dizem que o teatro é fundamental para o aprendizado e desenvolvimento da profissão. O que pensa a respeito, já que também faz TV e cinema? Como você diferenciaria estas linguagens? BP: Sem dúvida, o teatro é uma grande bagagem para o ator. O palco é do ator. A TV e o cinema não dependem só de você. Tem a arte maior do diretor, produtor, e tudo que envolve um set. E tem sua magia por isso. Eu acho que as três linguagens se complementam.

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V: Sabemos que o patrocínio, no Brasil, não é algo fácil de conseguir. Como pensa esta questão? BP: Por esta razão se desiste muitas vezes de um projeto. Sem patrocínio dificilmente hoje conseguimos deixar uma peça em cartaz. Pelos valores do aluguel do teatro, pelo custo operacional de tudo. Antigamente uma casa cheia se mantinha mesmo sem patrocínio. Hoje é difícil. Por isso é importante que as leis funcionem bem, e ter o direcionamento certo para aprovação de projetos. V: Recentemente, na novela Viver a Vida, seu personagem também era psicologicamente complicado, havia a questão do alcoolismo. Acha que a TV, no caso, as novelas, devem trazer à tona questões como a do alcoolismo e outras? BP: Sem dúvida. A televisão tem essa obrigação. De educar. De trazer à tona os problemas da população. Da reflexão. V: O que diria para os jovens que buscam a carreira artística hoje? BP: Não é fácil. É um caminho árduo, longo, mas muito prazeroso. É ao longo de uma vida que ele se constrói. Por isso, comece.

V: Que personagens e projetos deseja fazer em sua carreira? Algum específico, sobre o qual poderia comentar? BP: No teatro ainda quero dar vida a um personagem de Tennessee Williams, pois o considero um dos maiores dramaturgos que já existiu. Na TV, um personagem de época seria muito bem-vindo, sempre. No cinema, qualquer drama me fascinaria.

HELL. Da obra de Lolita Pille. Hell é rica, fútil, arrogante. Niilista, despreza a natureza e o único credo é que seja bela e consumista. Um afeto verdadeiro e a inabilidade para lidar com ele é o fio narrativo da transposição do romance à cena. Adaptação e direção: Hector Babenco. Com Bárbara Paz e Paulo Azevedo. Teatro Eva Herz. Conjunto Nacional. Avenida Paulista, 2.073, Bela Vista, (11) 3170 4059. Até 15 de abril.

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A CURVA DA CINTURA Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra gravaram com o artista maliense Toumani Diabaté, que toca uma espécie de harpa de 21 cordas, a kora. As músicas falam da realidade cotidiana dos malienses. Gravado em São Paulo e Mali, o CD promete trazer um choque harmônico das duas culturas.

KISSES ON THE BOTTOM Paul McCartney. O álbum do eterno Beatle vem com duas músicas inéditas, com participações de Eric Clapton e Stevie Wonder. Mas o foco do CD são standards dos anos 50, como “Home - When Shadows Falls”, “It’s Only a Paper Moon” e “The Inch Worms”, com direito a coral infantil. HORIZONTE VERTICAL Lô Borges. Gravado em oito meses, o CD reflete a tática de Lô Borges nos anos 2000: “Descobri que tinha poucos discos de inéditas; decidi deixar um pouco a estrada e investir na composição”. Nas letras, parceiros tradicionais, como Márcio Borges, Ronaldo Bastos e Nando Reis. Da parceria com a escritora e musicista Patricia Maês surgiram belas canções de amor.

ZIMBO TRIO Box com seis CDs. Uma viagem musical que vai de 1964 a 1969. Remasterizados e ouvidos pela primeira vez em décadas, os CDs resgatam um capítulo fundamental na história da música brasileira. Canções que podem finalmente ser descobertas por uma nova geração e redescobertas por quem há muito não as ouvia. VILLA-LOBOS SUPERSTAR Pau Brasil. O grupo Pau Brasil, criado em 1978 e composto por Nelson Ayres, Rodolfo Stroeter, Paulo Belinatti, Teco Cardoso e Ricardo Mosca reinterpreta Villa-Lobos mostrando todo o seu universo musical, com origem na música popular e folclórica brasileira.

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A APARÊNCIA E OS VESTÍGIOS DO ENIGMA Taisa Nasser expõe 20 telas em que utiliza diversas técnicas e texturas, tendo como traço marcante os contrastes cromáticos. Sua pintura originouse no movimento abstrato informal e expressionista, que, no Brasil, teve conotação filosófica e anímica e investiga estados sutis da mente. Grátis. Espaço Cultural Citi. Avenida Paulista, 1.111, Bela Vista, (11) 4009 3000. Até 13 de abril.

ÍNDIA! A mostra reúne arte antiga, popular e contemporânea, sendo a maior exposição da cultura indiana já realizada no Brasil. As obras são de mais de 20 artistas indianos que se destacam no cenário internacional. Fotografias, esculturas, pinturas, vídeos e instalações expressam momentos distintos da cultura indiana. SESC Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, (11) 2076 9700. Até 29 de abril.

GUERRA E PAZ, DE CÂNDIDO PORTINARI Os painéis foram encomendados pelo governo brasileiro para presentear a sede da ONU em Nova York. Portinari trabalhou neles de 1952 a 1956. Por meio do retrato das vítimas, o pintor representa a guerra numa das maiores obrasprimas contemporâneas. Grátis. Memorial da América Latina. Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, (11) 3823 4600. Até 21 de abril.

MOMENTOS E MOVIMENTOS Oportunidade de apreciar obras de fotógrafos como J. R. Duran, Otto Stupakoff, Bob Wolfenson. Para mostrar a diversidade das temáticas, a mostra se divide nos segmentos Moda, comportamento e estilo; O corpo e suas formas; O retrato: atitudes e atuações diante do aparelho; Experimentação e sonhos. Grátis. Museu de Arte Brasileira da FAAP. Rua Alagoas, 903, Higienópolis, (11) 3662 7200. Até 29 de abril.

O SERTÃO: DA CAATINGA, DOS SANTOS, DOS BEATOS E DOS CABRAS DA PESTE A mostra tem aproximadamente 800 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, ex-votos, roupas, fotografias, instalações e documentos, reproduzindo o ambiente no qual vive o homem sertanejo. Grátis. Museu Afro-Brasil. Parque Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, (11) 3320 8900. Até 20 de maio.

QUERO SER MARYLYN MONROE! 125 obras de arte e filmes de uma das principais estrelas do cinema. Entre as peças, trabalhos de artistas consagrados, como Andy Warhol e Henri CartierBresson. Estão expostas, entre outras, a foto “Red Velvet Pose”, de Tom Kelley, para a “Playboy”. Grátis. Cinemateca Brasileira. Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, (11) 3512 6111. Até 01 de abril.

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DESVIO. A ação se passa dentro de uma sala da polícia federal, onde dois executivos de uma consultora financeira estão detidos sem previsão de quando serão liberados. Direção: Pedro Garrafa. Trilha Sonora: Diego Trindade. Com: Alexandre Ogata, Guilherme Magalhães, Juliana Gonçalves e Rogério Rizzardi. Viga Espaço Cênico. Rua Capote Valente, 1.323, Pinheiros, (11) 3801 1843. Até 15 de abril.

A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS Adaptação da obra de Júlio Verne. A aventura de Mr. Fog e Passepartout, que resolvem dar uma volta ao mundo em 80 dias. Na trama surge Mr. Fiz para atrapalhá-los. Os atores usam técnicas de acrobacia e dança. Direção: Carla Candiotto. Com Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, (11) 5693 4000. Até 01 de abril.

PARAÍSO Um casal acerta contas de um longo relacionamento, em um espaço indefinido, onde devem viver para sempre. Durante o convívio eterno, mostram cruamente agressões, crises, delírios e paixões possíveis nos relacionamentos amorosos. Texto: Dib Carneiro Neto. Direção: Antonio Abujamra. Com Miguel Hernandez e Nathália Corrêa. SESC Belenzinho. Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, (11) 2076 9700. Até 08 de abril.

Divulgação

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Foto: Jackeline Nigri

PEDRO E O LOBO A fábula musical do compositor russo Sergei Prokofiev reúne orquestra, mestre de cerimônias, bonecos e elementos cênicos para contar a história do menino que, ao desobedecer às ordens do avô, enfrenta e captura o lobo que aterroriza a região. Direção: Muriel Matalon. Regência: Carlos Moreno. Com Giulia Gam. Teatro Tuca. Rua Monte Alegre, 1.024, Perdizes, (11) 3670 8455. Até 27 de maio.

NISE DA SILVEIRA – SENHORA DAS IMAGENS O espetáculo multimídia conta a história de uma das mulheres mais importantes do século XX, que revolucionou a psiquiatria através das artes. A chegada ao Rio de Janeiro, a amizade com Manuel Bandeira, a prisão e a aproximação com Graciliano Ramos e Jung estão na narrativa, que culmina na consagração internacional das obras de seus pacientes. Direção: Daniel Lobo. Com Mariana Terra. Teatro Eva Herz. Conjunto Nacional. Avenida Paulista, 2.073, Bela Vista, (11) 3170 4059. Até 29 de março. PELO TELEPHONE Do primeiro samba gravado às criações de Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa, Tim Maia, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Herbert Vianna, Nando Reis e outros. Um grande repertório para contar a história do telefone em situações cotidianas bemhumoradas. Com Marilice Cosenza, Luis Araújo e o músico Bruno Elisabetsky. Teatro Itália. Avenida Ipiranga, 344, Centro, (11) 3255 1979. Até 11 de abril.

BUDDY GUY A lenda do blues mostra o CD Living Proof, que teve participações especiais de B.B. King e Carlos Santana. Embora Buddy seja associado ao blues, há canções que demonstram o alcance de suas habilidades, como “Much too soon” e a instrumental “Skanky”. Via Funchal. Rua Funchal, 65, Vila Olímpia, (11) 3846 2300. Dia 12 de maio.

ANDRÉ MEHMARI E CONVIDADOS Lançamento do CD Canteiros, com participações de Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Tiago Pinheiro, Sérgio Reze. O repertório traz a primeira incursão do multiinstrumentista, compositor e arranjador pelo universo da canção. SESC Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, (11) 3871 7700. Dias 24 e 25 de março.

ROGER HODGSON O músico fundou a banda Supertramp em 1969. Recentemente recebeu dois prêmios da ASCAP (Sociedade Americana de Compositores, Autores e Editores) por suas músicas estarem entre as mais tocadas na história. No repertório, a inesquecível “It’s Raining Again”. Via Funchal. Rua Funchal, 65, Vila Olímpia, (11) 3846 2300. Dia 26 de abril. 25


A DANÇARINA E O LADRÃO O presidente do Chile decreta anistia, e um dos presos quer se vingar de abusos sexuais sofridos na prisão. Ele também planeja um assalto, mas tudo se complica com a chegada de uma bailarina cujos pais foram assassinados na era Pinochet. Direção: Fernando Trueba. Com Abel Ayala. Estreia: 30 de março.

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BLACK GOLD Adaptação de Arab, de Hans Ruesch. Nos Emirados Árabes, em meio às grandes descobertas de petróleo, um jovem príncipe fica dividido entre seguir as ideias do pai, um conservador, ou do sogro, um liberal. Direção: Jean-Jacques Annaud. Com Tahar Rahim, Mark Strong, Antonio Banderas. Estreia: 23 de março.

DRIVE Adaptação da obra de James Sallis. Um motorista trabalha como dublê e também participa de roubos conduzindo o carro para assaltantes. Depois de traído pelos comparsas e quase morrer, torna-se um justiceiro implacável para se vingar. Direção: Nicolas Winding Refn. Com Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Cranston.

PODER SEM LIMITES Três adolescentes conquistam superpoderes após uma incrível descoberta, mas não sabem como lidar com os dotes. A princípio, se divertem. Mas terão que adquirir responsabilidade, pois seus lados sombrios se revelam. Direção: Josh Trank. Com Dane DeHaan, Alex Russell, Michael B. Jordan.

O SESC Vila Mariana apresenta o projeto A semana de arte moderna, 90 anos depois, buscando trazer para os dias de hoje o espírito desta importante época artística. O mês de março traz atividades em música e literatura, oficinas de cultura digital, turismo social e artes plásticas, todas ligadas ao tema. SESC Vila Mariana. Rua Pelotas, 141, Vila Mariana (11) 5080 3000. Até 25 de março.

• Dica de leitura. 1922 A SEMANA QUE NÃO TERMINOU. Marcos Augusto Gonçalves. O jornalista dá vida aos personagens e descreve as jornadas que animaram o Theatro Municipal nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, no festival que ficou conhecido como Semana de Arte Moderna. Com fotos e reproduções. Companhia das Letras.

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ADORO PROBLEMAS Michael Moore. Trad.: Carlos Szlak. Moore conta episódios de sua infância e juventude antes de se tornar documentarista. Nas 24 histórias, apresenta ao leitor os passos que o levaram a se tornar um profissional. As histórias mantêm o mesmo tom de humor e cunho político vistos em seus documentários. LeYa.

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL NAS CRÔNICAS DA REVISTA DO BRASIL Maria Inês Batista Campos. Análise de 17 crônicas publicadas na Revista do Brasil, de autores como João Ribeiro e Sérgio Milliet. Ao final, o leitor encontra seis crônicas de arte de Mário de Andrade até hoje conhecidas só por estudiosos. Olho d’Água. A ESTRELA MAIS BRILHANTE DO CÉU Marian Keyes. Trad.: Maria Clara Mattos. Um misterioso espírito paira sobre o edifício número 66 da Star Street, em Dublin, com a missão de mudar a vida dos moradores. A autora demonstra sua técnica como uma das grandes contadoras de histórias da atualidade. Bertrand Brasil.

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A RESPOSTA Kathryn Stockett. Trad.: Caroline Chang. Eugenia, ansiosa para tornar-se escritora, tem uma ideia brilhante e perigosa: escrever sobre a relação entre empregadas domésticas negras com patroas brancas do Mississipi na década de 1960. O filme “Histórias Cruzadas” é baseado na obra. Bertrand Brasil.

BAÚ DE OSSOS Pedro Nava. A obra reconstitui a genealogia dos antepassados, divididos entre Minas e o Nordeste, e os primeiros anos da infância do autor. Além de uma mera crônica autobiográfica, Nava traça um panorama da sociedade e da cultura brasileiras no século XIX e no início do século XX. Companhia das Letras.

BALÃO CATIVO Pedro Nava. Segundo volume das memórias de Pedro Nava. A morte do pai, a descoberta do sexo, da literatura, a amizade de novos colegas e o dia a dia do Rio antigo movem esta narrativa autobiográfica baseada nas múltiplas metamorfoses da memória. Companhia das Letras.

BOLA DE SEBO Guy de Maupassant. Trad.: Paola Felts Amaro e Adriane Sander. Na guerra franco-prussiana, moradores de Rouen fogem numa diligência. Com eles, que representam a sociedade, vai a prostituta Élisabeth Rousset, que, apesar de generosa, quando deixa de ser útil, volta a ser desprezada. Artes e Ofícios.

CAIU DO CÉU Heidi W. Durrow. Raquel, única sobrevivente de uma tragédia familiar, é forçada a mudar para uma cidade estranha com sua tutora, uma avó muito severa. A jovem se pergunta por que tem de ser definida pela cor de sua pele e qual justificativa existe para que rótulos digam mais sobre o que ela é. Leya. O CRIME DESCOMPENSA Nilton Bonder. O rabino propõe uma reflexão fundamental sobre ética, cidadania, corrupção e impunidade a partir de ensinamentos judaicos milenares. Com argumentos capazes de fazer frente ao conceito social de impunidade, Bonder mostra que o crime não só “não compensa”, como “descompensa”. Editora Rocco.

CLARICER LISPECTOR – FIGURAS DA ESCRITA Carlos Mendes de Sousa. Reedição do texto publicado em Portugal em 2000, pela Universidade do Minho, em que o crítico literário português se debruça sobre toda a obra de Clarice em suas diferentes modalidades: romances, contos, crônicas, cartas e entrevistas. Instituto Moreira Salles. CORRUPÇÃO E SISTEMA POLÍTICO NO BRASIL Leonardo Avritzer e Fernando Filgueiras. Discussão sobre o impacto da corrupção na cultura política brasileira que propõe questões como: a corrupção ameaça o estado de direito e as liberdades fundamentais? Como degrada a legitimidade e a qualidade da democracia? Civilização Brasileira. 29


JARDIM BOTÂNICO DE SÃO PAULO Juan Esteves. As fotografias de Esteves e o texto de Maria Guimarães convidam o leitor a explorar o espaço do parque, localizado no meio de uma reserva de mata atlântica, que preserva a nascente de um dos córregos que dão origem ao riacho do Ipiranga, o Pirarungáua. Terceiro Nome.

DOMINGO PARA SEMPRE E OUTRAS HISTÓRIAS SOBRE NUNCA MAIS Celso Gutfreind. Histórias como a da avó que engasga o lobo para livrar a neta de uma mágoa revelam o pensamento infantil. A obra traz experiências e sentimentos que podem acompanhar as pessoas pela vida. Ilustração: Martina Schreiner. Artes e Ofícios. FESTA NO COVIL Juan Pablo Villalobos. Trad.: Andreia Moroni. A vida de um chefe do narcotráfico é narrada pelo filho. O pequeno herói, que vive trancado num “palácio” sem saber a verdade sobre o pai, reconta sem filtros morais o que presencia ou conhece pela boca dos empregados e pela TV. Companhia das Letras.

DICIONÁRIO DE LUÍS DE CAMÕES Vitor Manuel de Aguiar e Silva. A obra conta com mais de 200 artigos que buscam estudar as relações da obra de Camões com a pintura, a música e as artes plásticas. O autor concede especial atenção às relações com a literatura castelhana e a italiana dos séculos XV e XVI. LeYa. 30

EDWIGE, A INSEPARÁVEL Edgar Morin. Trad.: Nícia Bonatti. Uma homenagem à sua esposa, com quem partilhou a vida por 30 anos. No livro também está presente a tristeza de Morin, impotente frente ao câncer enfrentado pela esposa. Por anos, os dois enfrentaram médicos, hospitais, além de xamãs e feiticeiros. Bertrand Brasil.

FORMOSURAS DO VELHO CHICO Lalau. A fauna e a flora da bacia do rio São Francisco - que nasce na serra da Canastra, em Minas, e deságua no Atlântico, entre Sergipe e Alagoas - são o tema do livro. Além da fauna e flora, o livro inclui as figuras míticas e o folclore da região. Ilustração: Laura Beatriz. Peirópolis. HANNAH ARENDT PENSADORA DA CRISE E DE UM NOVO INÍCIO Eduardo Jardim. O livro reflete sobre a atitude de desconfiança de tudo o que é público e plural na atualidade, discute a visão renovadora da política e considera os últimos textos da filósofa, que relacionam atividades espirituais às do pensar. Civilização Brasileira.

HISTÓRIAS DE PRINCESAS E PRÍNCIPES (E DE SAPOS TAMBÉM) Beatriz Viégas Faria. Cinco histórias da literatura mundial para crianças integram o livro: Cinderela, A Bela Adormecida, Branca de Neve, Rapunzel e A Princesa e a Ervilha, todas vertidas para o português a partir da tradução inglesa de Margaret Hunt. Artes e Ofícios.

MARCELO NO MUNDO REAL Francisco X. Stork. Marcelo tem uma condição próxima ao autismo. Seu pai, não acreditando nas diferenças do filho, coloca-o para trabalhar em seu escritório, onde a foto de uma jovem com o rosto pela metade o conecta com o mundo real: o sofrimento, a injustiça, e o que pode fazer para mudar isso. Record.

LÁ VEM TODO MUNDO: O PODER DE ORGANIZAR SEM ORGANIZAÇOES Clay Shirky. Com a revolução das redes sociais, as pessoas têm meios de se organizar sem intermediação de empresas, partidos, instituições. Um dos mais influentes pensadores da web analisa esta transformação e suas consequências. Jorge Zahar.

O FESTIM DOS CORVOS George R. R. Martin. Os senhores do Norte lutam entre si, os Homens de Ferro emergem como uma força implacável e a rainha Cersei tenta manter a força dos leões em Porto Real. No meio da intriga, surgem histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo. Da coleção Crônicas de Gelo e Fogo. LeYa.

LADRÃO DE OLHOS AS AVENTURAS DE PETER NIMBLE Jonathan Auxier. Nimble é um jovem órfão e cego que aprendeu a sobreviver no mundo do crime. Com seu companheiro - um cavaleiro transformado em uma combinação de cavalo e gato - e com a ajuda dos olhos mágicos, fará uma aventura para descobrir seu destino. LeYa.

LOTTE E ZWEIG Deonisio da Silva. Escritor austríaco judeu, crítico do nazifascismo, Zweig refugiouse no Brasil com a esposa, Charlotte, em 1940. Escreveu Brasil, país do futuro, em que retratou o país. Em 1942 foi encontrado morto ao lado da esposa em Petrópolis. O fato não se esclareceu: suicídio ou assassinato? LeYa.

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YALU - A BEIRA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL Jörg Friedrich. Os episódios vividos de 1945 a 1955 quando Rússia e EUA se preparavam para uma guerra de extermínio. Na guerra da Coreia, o comandante das forças norte-americanas, MacArthur, exigiu o lançamento de 60 bombas atômicas sobre cidades chinesas. Record.

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O SEGREDO DO RIO Miguel Sousa Tavares. Um garoto sempre brinca à beira do riacho próximo de sua casa e esconde um segredo surpreendente: uma carpa que sabe a língua dos homens. Seu pai, então, percebe a importância de preservar a vida no riacho, que sofre com uma forte seca que assola a região. Companhia das Letrinhas.

VIAGEM SOLITÁRIA João W. Nery. O livro conta a história de João W. Nery, transexual masculino. Ele narra a infância triste e confusa de um menino que foi tratado como menina, da adolescência transtornada, iniciada com a “monstruação” e o crescimento dos seios, de seu processo de autoafirmação e até a paternidade. LeYa.

PIXINGUINHA O GÊNIO E O TEMPO André Diniz. Biografia de um dos mais notáveis mestres da cultura nacional, que imprimiu modernidade e sofisticação à música brasileira, criando clássicos como “Carinhoso” e “Rosa”. Com CD com interpretações de grandes músicos brasileiros, todas com arranjos originais. Casa da Palavra.

RETRATO DO BRASIL Paulo Prado. Publicada em 1928, a obra é um ensaio interpretativo que buscou fustigar o entusiasmo dos ufanistas e apontar a origem histórica dos entraves que tolhiam o desenvolvimento da nação. A presente edição foi complementada por resenhas que o livro recebeu. Companhia das Letras.

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O afago da mão pesada do Estado* “A burocracia é um poder gigantesco exercido por pigmeus.” Honoré de Balzac Prezados senhores, Esta carta é o resultado final de um longo, tortuoso e gigantesco pesadelo burocrático que se iniciou com uma decisão trivial e prosaica. Tudo começou há seis meses, quando decidi levar meus alunos do 5º ano do fundamental ao zoológico. Uma atividade muito positiva para as crianças, pois além de elas aprenderem sobre os bichos e a importância da conservação do meio ambiente, é um passeio lúdico e divertido. Certamente elas se lembrariam dessa visita com saudade, assim como eu e tantos outros de minha geração nos lembramos com carinho de eventos desse tipo, que nos marcavam por fugir do convencional, deslumbrando-nos com animais que só havíamos visto em programas de televisão. Queria programá-la para o mês seguinte, mas ao conversar com a diretora da escola, descobri que não seria fácil assim. Segundo ela me informou, o governo federal decidiu “... centralizar uma série de processos e deliberações para que haja mais transparência no processo pedagógico e isso possa ser acessado pela Internet por qualquer pai de aluno para confirmar as informações prestadas pela escola, preservando assim a integridade física, mental e espiritual das crianças em face ao mundo adulto alheio e hostil, frequentemente eivado de interesses financeiros escusos e brutalidade mercantilista”. Espantado com a retórica persecutória, não imaginava o que viria a seguir. Primeiro, um longo formulário existente no site do governo deveria ser preenchido com a proposta da visita, impresso e entregue para o Comitê Intra-Escola de Avaliação Pedagógica (CIEAP) para análise e aprovação. Em seguida, eu teria que obter, de cada aluno, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de Atividade Lúdica (TECOLESAL), assinado e com firma reconhecida de cada pai de aluno. Algo

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surreal, pois a atividade era optativa. Mesmo assim, tive que recolher 60 folhas apenas para autorizar uma simples visitação, o que me pareceu uma extravagância. Digo 60, mas na verdade foram 180, pois uma cópia ficaria retida com cada pai, outra ficaria arquivada na escola e a terceira ficaria comigo. Isso já representava um trabalho e tanto, mas era só o começo. A escola teria que emitir, então, um Termo de Consentimento Oficial (TECO) em que autorizaria essa visita, devidamente assinado pela diretora e três testemunhas (todos com firma reconhecida). Mais ainda: teríamos que obter do zoológico um Termo de Consentimento de Visita Pedagógica (TECOVIP), devidamente assinado e com firma reconhecida de um diretor geral e de um diretor científico. Não bastasse isso, a escola seria obrigada a contratar um serviço de seguro para cada criança. (Desnecessário dizer que o custo financeiro disso torna essa atividade proibitiva para escolas com poucos recursos). E paralelamente a esse seguro, deveríamos contratar um serviço de enfermaria volante que pudesse acompanhar as crianças na eventualidade de uma delas passar mal. Finalmente, eu teria que enviar toda essa documentação para o Ministério da Educação, setor “Ensino fundamental”, para que a CAADIL (Comissão de Avaliação de Atividades Didáticas e Lúdicas) pudesse avaliar o mérito do pedido. A despeito dessas colossais dificuldades, abracei a causa e perdi um mês alinhavando tudo o que fora solicitado. Meu pedido foi e voltou três vezes, num espaço de cinco meses, sempre com ressalvas quanto a pendências: deveríamos utilizar o formulário de solicitação

exatamente como se encontrava no site do governo (tivemos a inocência de modificar a formatação, embora o conteúdo fosse igual); a empresa que contratamos para fazer a enfermaria volante tinha dívidas com o INSS; o nome de nossa diretora apareceu com as letras trocadas em uma das folhas; deveríamos detalhar os objetivos gerais, os objetivos específicos e os objetivos infraespecíficos dessa visita, fundamentando, com bibliografia, o seu caráter transdisciplinar e interdisciplinar, contemplando a verticalidade e a horizontalidade do processo pedagógico-cognitivo; a bibliografia não estava na formatação adequada. Quando finalmente consegui obter a autorização para realizar a visita, me dei conta de que a resposta havia demorado mais de seis meses e estávamos no inverno, quando é muito frio e chuvoso, tornando a visita desaconselhada. Fiquei frustrado, assim como as crianças, que não entendem que uma simples visita exija um trâmite tão demorado e complexo. Minha frustração transformou-se em agonia quando descobri que os pedidos de visitas a zoológicos expiram em duas semanas depois da liberação do pedido, forçando-nos a repetir TODO o processo novamente no próximo verão. Finalizando: as crianças tiveram que se contentar com fotos de animais vistas em um tablet. Muito obrigado por zelarem por nossas crianças. *Pode não parecer, mas esta carta é ficção.

Alexandre Lourenço é veterinário, microbiologista, professor, bípede, mamífero e, agora, escritor. Não necessariamente nesta ordem. duralex@uol.com.br www.microbiologia.vet.br

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