Versátil Magazine - Agosto de 2011

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editorial Caros leitores, Não tem como disfarçar a beleza em nossa capa. A beldade Bruna Lombardi e seu marido, Carlos Alberto Riccelli, conversaram com a gente sobre o filme Onde Está a Felicidade? Eles parecem ter encontrado muita felicidade na realização deste trabalho. A gente também compartilha o sentimento prazeroso de levar até vocês mais uma edição do projeto que, para nós aqui da redação, é motivo de FELICIDADE. Penso não ser exagero discutir frequentemente os problemas ambientais e buscar alternativas ecologicamente viáveis no nosso cotidiano. Que o planeta sofre, isto já sabemos. Mas mudar hábitos para efetivamente diminuir nosso impacto no planeta é difícil, porque não basta ter conhecimento do problema: é necessário experimentar mudanças. Reduzir a quantidade de lixo, economizar água e energia, alimentar-se de forma equilibrada e não utilizar o automóvel para ir à padaria são hábitos ainda complicados. Em cada pessoa existe um nível diferente de consciência e, provavelmente, isto seja decorrente de formação, de educação e de vivências. Separamos lixo, usamos lâmpadas ecológicas, temos cuidado ao usar água e energia e levamos sacolas retornáveis para as compras. Mas ainda é pouco! Temos que despertar nas pessoas a vontade de observar a vida de outra perspectiva, de viver melhor. Quem notou, ultimamente, a maravilha dos ipês cheios de flores pela cidade? Ao rodar (ou parar...) na rodovia Raposo Tavares é possível vislumbrar muitas árvores lindas tornando o dia mais cor-de-rosa. Consciente destas questões, a Versátil Magazine inaugura as Páginas Verdes, que estarão sempre presentes em nossas edição. E inaguramos em grande estilo: nossa repórter especial de Meio Ambiente, a gestora ambiental Juliana Ferrari, entrevistou Paulo Saldiva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo/FMUSP e coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica. Através de suas experiências, veremos como é simples melhorar a qualidade de vida do planeta e, consequentemente, a de seus habitantes humanos. Ainda nas Páginas Verdes, tem arte. Arte do projeto RESPECT, que utiliza material reciclado. Acho que vocês vão tirar o chapéu! Que a revista leve a todos o nosso sentimento de FELICIDADE!

Publisher Claudia Liba claudia.liba@revistaversatil.com.br Diretora Executiva Luana Capobianco Conselho Editorial Alexandre Lourenço Claudia Ramos Lessa Gabriel Leicand Gabriel L. Schleiniger Luana Capobianco

Redação

Valéria Diniz redacao@revistaversatil.com.br

Repórter Especial de Meio Ambiente Juliana Ferrari

Edição de Texto e Revisão

Valéria Diniz valeria@revistaversatil.com.br

Projeto Gráfico e Diagramação

Felipe Ajzenberg bergversatil@gmail.com

Assistente de Arte

Andre Hiro andre.hiro88@gmail.com

Analistas de Redes Sociais

Caio Gasparetto Diniz da Silva Gabriel L. Schleiniger Juliana Ferrari

Colaboradores

Carolina Carvalho De Rose – Bem-Estar F. Marcos – Poesia Gabriel L. Schleiniger – Games Gabriel Leicand – Gastronomia mané-mané – Arte Miriam Mota Rodrigues – Educação Octávio Pella Legramandi – Cotidiano

Versátil Online

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Pré-impressão, impressão e acabamento W Gráfica

Distribuição Butantã, Parque dos Príncipes, Vila São Francisco, Jd. Guedala, Jd. Previdência, Vila Sonia, Jd. Bonfiglioli, Jardim Esther.

Claudia Liba claudia.liba@revistaversatil.com.br www.revistaversatil.com.br twitter @versatilmagazin

PARA ANUNCIAR TELEFONE PARA NÓS (11) 8851 7082 / 3798 8135 ou envie uma mensagem para comercial@revistaversatil.com.br Versátil Magazine é uma publicação mensal, distribuída gratuitamente e não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação fornecida, bem como pelas opiniões emitidas nesta edição. Todos os preços e informações apresentados em anúncios publicitários são de total responsabilidade de seus respectivos anunciantes, e estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. É proibida a reprodução parcial ou total de textos e imagens publicados sem prévia autorização.


sumário

6 Educação O Ensino da Tabuada na Escola Primária

10 Bem-estar Stand Up e Yoga

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12 Cotidiano Em Tarde Ser

14 Páginas verdes São Paulo Travou!

18 Páginas verdes Festival Respect

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20 Arte O Universo Tonal

24 Capa Entravista com Bruna Lombardi & Carlos Alberto Riccelli

30 Gastronomia De Santiago de Compostela

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32 Literatura Menino com Pássaro ao Ombro

34 Cultura Versátil 38 Games Crysis 2

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40 Diversatilidade


educação

O ensino da tabuada na escola primária Tabuadas, como qualquer tabela, deveriam ser construídas e ensinadas para serem consultadas e, no âmbito escolar, se as atividades de construção e consulta forem significativas, é grande a probabilidade de a maioria dos alunos as memorizarem naturalmente, sem esforço ou cara feia.

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primeiro aspecto a ser destacado é o significado da tabuada. O que é uma tabuada? Uma lista de números? Operações? Contas de vezes? Multiplicação? Uma tabela de números? A tabuada é um tipo especial de tabela, que, no ensino primário, está associada à memorização de fatos aritméticos e, em especial, dos fatos da multiplicação. É comum a associação do termo tabuada somente à tabela da multiplicação. Esquecemos, porém, uma diversidade de outras “tabuadas”: adição, subtração, divisão, quadrados perfeitos, potências de 2. As tábuas de logaritmos e as tábuas trigonométricas também são tabelas, ainda que, usualmente, as chamemos de “tábuas”. Estamos cercados por tabelas e, sem perceber, também por tabuadas. Numa padaria perto de minha casa, por exemplo, tinha na parede uma tabela que, no fundo, não passava de uma tabuada do “0,35”: trinta e cinco centavos era o preço de cada pãozinho. Pães - Preço Total 1 R$ 0,35 2 R$ 0,70 3 R$ 1,05 4 R$ 1,40 5 R$ 1,75 Cada vez que alguém pedia certa quantidade de pães, o padeiro, quase sempre, anotava o valor total em um pedaço de papel sem o auxílio de qualquer recurso material como o cálculo escrito ou uma calculadora. Tudo indicava que ele sabia alguns valores “de cabeça” ou, como dizia meu avô, “de cor”. Em geral, nosso padeiro não consultava a tabuada da parede quando os fregueses pediam quantidades como 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10 ou 12 pãezinhos, pois se tratava dos pedidos mais comuns. Mas, se alguém pedia 17 pãezinhos, nosso padeiro – que não tinha a obrigação de saber de cabeça quanto era 17 x 0,35 – virava-se para a parede às suas costas e consultava a linha 17 para ver qual era o valor de 17 pãezinhos. Se o freguês voltasse no dia seguinte e pedisse a mesma quantidade de pães, é provável que nosso padeiro repetisse a consulta. Talvez ele a consultasse novamente na terceira vez, mas, no quarto dia, logo que avistasse o freguês, poderia pensar “lá vem o cara dos


educação

17 pãezinhos”. Mas desta vez seu procedimento seria diferente: ele contaria, ensacaria os pães e anotaria o valor de R$ 5,95 diretamente no papel, sem precisar consultar a tabela. O que teria ocorrido? Tudo indica que nosso padeiro memorizou o fato numérico da 17ª linha da tabuada do “0,35”. E por que memorizou? Porque necessitou, porque aquela operação esquisita (17 x 0,35) passou a ter significado na sua rotina diária. Ou alguém acha que ele levou a tabela para decorar em casa? Muito provavelmente ele nunca mais precise consultar aquela tabuada de padaria, nem mesmo se alguém encomendar 170 pães, o que pode ser facilmente calculado quando se sabe o preço de 17, a não ser que um dia apareça alguém pedindo 43 pãezinhos. E lá vai nosso padeiro de volta à tabuada do 0,35. Para que servem as tabuadas? Tabelas existem para serem consultadas, não para serem decoradas ou reconstruídas a cada momento. Tabuadas, como qualquer tabela, deveriam ser construídas e ensinadas para serem consultadas e, no âmbito escolar, se as atividades de construção e consulta forem significativas, é grande a probabilidade de a maioria dos alunos as memorizarem naturalmente, sem esforço ou cara feia. Desta perspectiva, os fatos aritméticos da multiplicação tendem a ser apreendidos e internalizados pelos alunos tal como já o fizeram com seus nomes, endereços e telefones de parentes e amigos. Existe diferença entre decorar e memorizar ou significam a mesma coisa? Antes de responder a esta questão, pense na seguinte história como metáfora: Dona Lílian foi contratada para ser secretária em uma escola. Dentre suas principais tarefas diárias estava a função de telefonista. Durante um dia de trabalho, ela fez cerca de 80

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telefonemas para diversos órgãos e pessoas: secretaria de educação, editoras, outras escolas, professores, contador, papelaria. Como funcionária nova, ela provavelmente não sabia de cabeça nenhum dos números telefônicos que tinha que discar para fazer as ligações. O que você acha mais sensato: ela leva a lista de telefones da empresa para casa e só depois de decorá-los começa a trabalhar para valer ou ela trabalha normalmente, consultando a lista de telefones sempre que necessitar fazer uma ligação? É claro que a primeira opção é absurda, improvável e inverossímil no mundo real do trabalho. Também é claro que o hábito e a rotina de ter que fazer telefonemas para um mesmo número contribui para que a funcionária memorize os números mais importantes. Em outras palavras, há memorização quando se recorre com certa frequência e ritmo a fatos e/ou informações em situações significativas que enfrentamos por desejo ou necessidade. É isto que desejamos para nossos alunos? Que decorem sem assimilar, sem entender? Que decorem hoje o que provavelmente vão esquecer amanhã? Não. Esse não é o objetivo de qualquer educador que se preze, seja ele construtivista ou não. E também não deve ser o desejo de pais, governantes e até mesmo dos alunos.

Miriam Mota Rodrigues é Coordenadora do Programa Matemática Descomplicada da Planeta Educação, em Guaratinguetá, São Paulo. www.planetaeducacao.com.br

É comum a associação do termo tabuada somente à tabela da multiplicação. Esquecemos, porém, uma diversidade de outras “tabuadas”: adição, subtração, divisão, quadrados perfeitos, potências de 2.



bem-estar

Stand up e Yoga esde que vi o Stand Up pela primeira vez, tive muita vontade de praticar, mas não encontrava lugares que locassem os equipamentos. Para dificultar, morando em São Paulo, vou bem menos à praia. No mês passado resolvi dar uma pausa em tudo e fui para o Balneário Camboriú aproveitar as férias com minha filha. Qual não foi minha surpresa ao chegar ao nosso apartamento e, bem ao lado, encontrar uma loja que, além de locar os equipamentos, dava aulas de Stand Up! Apesar do frio, peguei minha roupa de neoprene, que já estava criando bolor, e encarei o esporte. Foi uma experiência incrível! O mais legal foi que não tive nenhuma dificuldade e, nas várias vezes em que subi na prancha, não caí nenhuma vez. A sensação de “andar” sobre o mar é uma delícia. A água, na maior parte dos dias, estava muito limpa e dava para ver muitas águas-vivas passando bem perto. Mais um motivo pelo qual não perdi o equilíbrio... Tenho certeza que meu equilíbrio se deve muito à prática regular de Yoga. Também achei fundamental para o Stand Up a concentração. Além disso, você fica muito tempo na mesma posição, usando apenas os braços na remada. O Yoga treina tudo isto: permanência, concentração e equilíbrio. Também fortalece toda a musculatura corporal. Manter uma base de equilíbrio é mais fácil para quem tem pernas fortalecidas. Nossa base também está relacionada aos nossos medos. Quanto mais você fortalecer as pernas, maior será a segurança. Um exemplo de como isto funciona pode ser visto em 10


No anos 90, grandes nomes do surf mundial deram Nos N uma modernizada no Stand Up, usando o esporte como treinamento, tanto para pegar ondas como para fazer travessias. Hoje o esporte é uma febre mundial, que chegou ao Brasil para ficar. ar. Fonte: http://esportescomprancha.blogspot.com

situações em que as pessoas sentem medo: a primeira coisa que sentem são as “pernas bambas”. Agora imagine isto em um esporte onde você usa as pernas pra fazer quase todo o trabalho? Se houver insegurança, os tombos – ou as “vacas”, como se diz no mundo do surf – serão a consequência!

FORTALEÇA AS PERNAS - Execute os exercícios na sequência apresentada; - Permaneça 1 minuto, no mínimo, em cada posição; - As posições 1, 2, 3 e 5 são executadas para os dois lados não é necessário repetição; só o mesmo tempo de permanência para cada lado); - Na posição 5, não apóie o ombro na perna; deixe que fique paralelo a mesma; - A respiração é nasal (inspiração e expiração); inspire dilatando o abdome e expire contraindo. BOA PRÁTICA!

Carolina Carvalho De Rose é Professora de Yoga. http://carolina-carvalho.blogspot.com

ONDE PRATICAR STAND UP Winds Clube Náutico. Avenida Atlântica, 5.280, Barra Sul, Balneário Camboriú, (47) 9631 9944 santovento@santovento.com.br

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Estritamente uma ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

EM TARDE SER

cotidiano

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oje acordei mais cedo que de costume, disposto a ser melhor. Tenho vontade de sair de casa vestido em pijama xadrez mesmo, e distribuir gratuitamente abraços afetuosos aos pedestres. Dizer a eles, “vejam, a vida está aí, e não fazemos por merecêla, vamos vivê-la, meus caros, vamos ser.” Não posso: serei considerado um estrangeiro de minhas faculdades mentais. Ou um drogado. Tudo bem. Há outras formas de ser melhor. Lavar a louça, por exemplo. Os copos, os talheres, os pratos, as pequenas vasilhas de inox. Tudo tinindo, brilhante como novo. Ponho-me a observar a espuma do detergente de maçã, tão branca, e as minhas faces, milhões de vezes refletidas na lisa superfície das bolhinhas. Como eu amo fazer bolhas de sabão! É tudo tão nostálgico, e simples, e bonito! Inocente. Continuo o processo. Enquanto percorro o pano seco sobre os utensílios, imagino que será de minha tarde de hoje. Gostaria de sair um pouco, conversar. Mas vivemos num tempo em que as pessoas já não têm tempo para jogar conversa fora; matar tempo. Hoje, temos que resolver nossos tantos problemas do cotidiano,


temos que correr atrás de tudo... Correr atrás do tempo. Hoje, ele é que nos destrói. Ou nós mesmos? Não importa. De qualquer forma, também eu tenho tanto que fazer! Não haverá tempo para ser melhor. Ainda preciso arrumar a casa. Varrer os tantos milímetros de poeira que denunciam minha inadimplência de ontem. Ando pelos cômodos e me esqueço de observar alguns detalhes: o design da cama de solteiro, o trabalho da torneira da pia, o brilho do vidro na mesa de jantar. Os rostos das fotografias penduradas pelas paredes. Não os reconheço mais. Será a ação do tempo? Mais uma vez, ele me passa para trás. Corrói a tinta das imagens, corrói as imagens de minha mente. Por que pensar nisso agora, se ainda há tanto pó para se espanar? Recolho livros do chão, que há muito já não leio. CDs que há muito não ouço. Roupas que há muito não me servem mais. Guardo tudo em seu respectivo lugar. Deixo a claridade do dia entrar pelas janelas, mas já não há

claridade. Caiu a noite. Tranco a porta da frente, contemplo e avalio a arrumação recém-completa. Com a casa organizada, consigo pensar melhor. Mas aí meu dia já se acabou, a louça se lavou, minha casa se arrumou, mas meu pensamento, que fim levou? Continuo aqui, fora dos meus padrões, como um alheio de si. Continuo tentando achar respostas, mesmo sem saber quais as perguntas. Continuo soluçando, mesmo com o copo d’água a meros quatro metros de meus dedos. Continuo sem saber o que fazer hoje à tarde. E a tarde, coitada, já se tornou crepúsculo. Octávio Pella Legramandi é estudante de Medicina da FMB/Unesp, sonhador, escritor de meia tigela e, quando sobra um tempinho, gente.

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páginas verdes

SÃO PAULO TRAVOU! Como resolver o problema do trânsito, da poluição e do estresse diário da cidade que não pode parar?

Na Holanda deu certo. É comum escutar uma buzina de bicicleta se o cidadão, desavisado, olha para o semáforo e esquece a ciclovia. Na Alemanha idem, bem como em várias partes do mundo. Aqui em São Paulo parece um perigo. Um suicídio. Imagine pegar sua bike e andar na Marginal Pinheiros de manhã. Só louco mesmo. Ou não. Paulo Hilário Nascimento Saldiva é médico, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo/FMUSP, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica, e, atualmente, participa de um intercâmbio com o Departamento de Saúde Ambiental da Harvard School of Public Health. No ano passado coordenou o trabalho que resultou no livro Meio Ambiente e Saúde: O Desafio das Metrópoles, escrito também por Evangelina Vormitta, diretora-presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade. De forma simples, ele contou para a Versátil suas experiências. Paulo Saldiva é um exemplo de que existe solução: há quase 40 anos pedala até o trabalho. Nossa repórter especial de meio ambiente, Juliana Ferrari, gestora ambiental e estudante de ciências biológicas, entrevistou o pesquisador.

Se você fizer transporte ativo, como no caso da bicicleta, você reduz emissões, mas também ganha saúde imediatamente. Você não precisa esperar muito tempo pra isto ocorrer.

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Versátil Magazine: O senhor acha que o metrô é a melhor solução para controlar o problema da poluição, uma vez que os ônibus emitem poluentes? Paulo Saldiva: Concordo com o metrô, mas acho que não vai ter, sozinho, a capilaridade que uma malha de transporte precisa ter. Precisará acoplar metrô e ônibus que corram em vias exclusivas. Na Avenida 23 de Maio ou na Radial Leste, que congestionam, o ônibus não tem vantagem, fica preso. O indivíduo vai preferir maior conforto e isto é o maior estímulo para a compra de carros. A melhor propaganda para o transporte coletivo foi feita no México, no Chile, na Colômbia e em algumas cidades da Europa: uma rede de metrôs acoplada à BRTs (Bus Rapid Transit). Como em Curitiba, onde você tem um cruzamento diferenciado para o ônibus, com preferência sobre o automóvel. Aí você consegue colocar ônibus articulados ou ônibus com mais lugares, que podem levar 300 ou 400 passageiros numa viagem só.


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Silvio Sato


páginas verdes

É mais fácil denunciar um crime ambiental na mata do que um crime ambiental na cidade.

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por exemplo, o Borba Gato tinha no século XVIII. Mesmo com a alta velocidade média dos carros do século XXI, temos uma mobilidade média pior do que a do século XVIII. Detonamos a cidade e nem mobilidade ganhamos. Por isto, acho que vai existir um espaço para a bicicleta. E os dois grandes grupos que vão usar serão os jovens, imagino que na USP está um grande grupo que usaria, e gente de baixa renda, pra quem três reais de ida e volta fazem diferença. Terão um ganho, um cobenefício imediato de saúde. Um indivíduo que tem que “matar um leão por dia”, trabalhando nas fábricas, por exemplo, não tem tempo de ir à academia. Fica parado. Se tem diabetes, piora. É aí que a questão da sustentabilidade deve agir. Já usei essa frase várias vezes e, em algumas, fui mal interpretado. Mas é que a mudança de comportamento que se propõe frente às mudanças climáticas não “bate” com o que o homem de fato é. A gente imagina que o homem tem que ser melhor do que ele é. Por exemplo, se você deixar seu carro em casa pra pegar um transporte coletivo ruim, se você ficar no escuro à noite, se você tomar banho de canequinha, se você não comer mais carne vermelha, daqui a cinquenta anos começará a cair o nível dos gases de efeito estufa, e o primeiro beneficiado será o urso polar. Ninguém faz isto. Quando aumentou o preço do etanol, foi todo mundo pra gasolina. Tem um nível de egoísmo intrínseco nosso que tem que ser compreendido. A regra é que, se você fizer transporte ativo, como no caso da bicicleta, você reduz emissões, mas também ganha saúde imediatamente. Você não precisa esperar muito tempo pra isto ocorrer. VM: Claro, e é muito interessante sua posição em relação à população de baixa renda. PS: No dia em que uma empresa entender que, se tiver uma ciclovia adequada, ela vai gastar menos com seguro-saúde, valetransporte, que estará promovendo saúde Silvio Sato

VM: O senhor acha que é possível transformar a cidade para atender os ciclistas no dia a dia? PS: Eu comecei a usar a bicicleta como transporte desde o tempo da escola, quando morava perto do Ibirapuera, no final dos anos 60. Quando entrei na faculdade, em 1971, comecei a ir da USP até a Dr. Arnaldo. Eu era muito novo e, mesmo que quisesse ir de carro, não tinha idade para tirar carta. Além de gostar de andar de bicicleta, me acostumei. Já ouvi várias promessas de ciclovias. A cidade de Sorocaba conseguiu fazer uma rede que proveu uma série de eficiências. E estou falando de uma cidade próxima, não de Madri... Buenos Aires também está montando uma rede bem grande, e a estratégia foi fazer com que a bicicleta não transitasse por avenidas. Se eu fizesse uma ciclofaixa, não a faria nas avenidas e, sim, em ruas secundárias. Nas grandes avenidas eu colocaria uma faixa para ônibus. As cidades que fizeram isto se deram bem. Ouvi a prefeitura dizer que vai pegar ciclistas que fazem caminhos alternativos e procurar saber quais são eles. A Avenida Paulista não é lugar para andar, mas na São Carlos do Pinhal ou na Alameda Santos, é possível. Acho que por aí a gente vai ter a chance de mudar. E por que acho que pode ser que mude agora? Porque já vi muito mais gente se transformar e ter atitudes mais saudáveis nas UTI’s do que em igrejas. Aliás, suspeito até que muita gente vá pra igreja quando a coisa aperta. O Espírito Santo não passa espontaneamente. Só vai quando você está com algum problema. Os problemas dão energia para você mudar. E como a cidade está doente! Comparo a cidade de São Paulo com um paciente que tem febre, porque está esquentando; edema, porque inunda; disfunção arterial e obstrução de vias aéreas, porque tem um ar ruim; diabetes, porque a gente usa mal a energia; insuficiência renal, porque não descarta lixo de forma adequada; diarreia, porque joga o esgoto in natura. A força destas doenças urbanas faz com que a gente tenha um padrão de mobilidade pior do que,


pro seu funcionário!... Eu acho que existe espaço pra bicicleta pro pessoal mais novo e pro pessoal de baixa renda, que usava bicicleta na sua cidade de pequeno porte e que deixa de usar, por medo, quando vem pra cá. VM: Em relação a crimes ambientais, como podemos denunciá-los? PS: Eu acho que a gente tem poucos mecanismos de responsabilização sobre crimes ambientais na cidade. É mais fácil denunciar um crime ambiental na mata do que um crime ambiental na cidade. VM: Eu mesma fui tentar denunciar e ouvi “então você vai falar com a CETESB!”. PS: Pois é. Como o Brasil ainda tem muitas áreas para proteger, toda a nossa legislação vale para áreas remotas e, com a cidade, pode-se fazer o que quiser. Precisa fazer um estudo enorme pra fazer o rodoanel, mas pra fazer ruído, calor, poluição, não. Existe, digamos, uma necessidade de montar o que eu chamo de “sociedade protetora do homem”, que não existe. Por isso não existe uma ouvidoria pra crimes ambientais urbanos, como existe, por exemplo, na polícia florestal. VM: E parece que sempre volta a ideia de meio ambiente como uma coisa distante das pessoas, não acha? PS: Exatamente. Se você trouxer a causa ambiental pra cidade, pro quintal das pessoas, pra sua família, e pra ele próprio, talvez você tenha uma adesão melhor, porque aqueles que já fazem ações responsáveis visando uma melhora daqui a décadas já estão convencidos. Você tem que convencer os outros. Continuamos agindo como se a cidade dos Jetsons fosse existir. Não existe essa solução tecnológica que a gente está esperando. A mudança está em repensar modelos, como outras cidades do mundo desenvolvido fizeram e como algumas cidades da América Latina estão fazendo. Aqui a gente ainda não tomou essa atitude de uma forma consistente. Alguns políticos dizem que vão investir em transporte coletivo e fazem uma pista adicional na Marginal, com um custo enorme, onde não tem uma faixa exclusiva pra ônibus. Gasta-se uma fortuna e está tudo entupido, do mesmo jeito, um ano depois que inaugurou “aquele negócio”. Não tem sentido. Você tem que, de fato, ocupar o espaço, pôr metrô, BRTs, que são mais rápidos, fazer o mais barato! E colocar combustível limpo, por exemplo, eletricidade. VM: Isto diminuiria consideravelmente a emissão de poluentes? PS: Sim, você poderia colocar um ônibus híbrido, ônibus a etanol. Tem ônibus movido a hidrogênio já produzido no Brasil. Poderia fazer várias matrizes mais limpas e fazer com que esses ônibus andem. E fazer ciclovias fora dos ônibus. VM: Fazer com que as pessoas realmente queiram andar de transporte público. PS: Como acontece com o metrô. Tem um adensamento imobiliário ao longo das linhas do metrô. As pessoas até gostariam de ir, mas só vão se for limpo, adequado. Se for uma porcaria, não vão. 17


páginas verdes

FESTIVAL RESPECT MOSTRA ECO-ATITUDE E VAI ALÉM DA MÚSICA PARA AMPLIAR A CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

“Toda a comunicação do evento é elaborada em papel reciclado e, na montagem, são considerados os processos de bioconstrução e ateriais permacultura, utilizando materiais ente.”” que não agridem o meio ambiente.” 18


De festa para festival, o RESPECT faz jus ao nome e dissemina, de forma criativa e consciente, mensagens que ampliam a consciência ecológica, ultrapassando a preocupação de entreter fãs da Cultura Trance nas pistas. Hoje, o evento multicultural é sustentado pela força da música e arte alternativa. Além de levar DJs e produtores em destaque da cena brasileira das vertentes do trance, o RESPECT incentiva e divulga projetos que buscam soluções inovadoras de preservação, fontes alternativas de energia e de autossustentabilidade. E faz isto aliando-se a projetos artísticos que visam a conscientização para o problema do lixo não reciclável, que reciclam resíduos e aumentam seu tempo de vida útil para criar outra alternativa de uso: a atmosfera do festival. Foi aí que o núcleo intitulado ECO-RESPECT ganhou força: segue fiel para a posição de movimento cultural que propõe mudança de comportamento através da arte-educação. Toda a comunicação do evento é elaborada em papel reciclado e, na montagem, são considerados os processos de bioconstrução e permacultura, utilizando materiais que não agridem o meio ambiente. Durante o Festival, a preocupação com o lixo é constante, atitude frisada através da entrega de porta micro-lixos e da troca de latas de alumínio em ficha consumível no posto reciclável do evento. O festival RESPECT foge às classificações convencionais por unir elementos de Teatro, Circo, Body Art, Dança, Happening, Vídeo Art, Artes Plásticas, Cinema e Música. Espelhado nos melhores festivais de arte e cultura alternativa do planeta, desde 2006 age fomentando a cultura alternativa no sudeste brasileiro. Além da pista principal e da pista alternativa & chill out, oficinas, intervenções, práticas da Yoga, happenings e outras formas de expressão ficam espalhadas.

Fonte: Miki Malka

O coletivo de artistas plásticos de “A ILHA” reúne em suas obras materiais pouco convencionais, geralmente descartados por desuso, defeito ou substituídos por nova tecnologia. Lixo eletrônico em geral, como celular, TV, computador, vídeo-cassete e até fax faz parte dessa nova percepção, além de porcas, parafusos, tampas de caneta e garrafa, pontas de lápis, moedas, mangueiras e apetrechos enferrujados. O movimento “MUTAÇÃO ARTE”, criado na Bahia em 2003 por artistas apaixonados pela natureza e arte-educação, transforma embalagens plásticas (PET) em matéria-prima para compor inusitadas esculturas, cenários, decoração temática, performances e oficinas. O trabalho é conhecido por todo o Brasil e já tem olheiros na Espanha e em Portugal. Toda essa iniciativa e criatividade do grupo artístico RESPECT já ganhou participação em importantes eventos de educação ambiental em 2009, como o Viva Mata, que reuniu mais de 75 mil pessoas no Parque Ibirapuera, em São Paulo, além da participação na Semana Mundial do Meio Ambiente de Embu das Artes e nos CEUs administrados pela prefeitura de São Paulo. www.respect.art.br 19


arte

O UNIVERSO TONAL magino que um peixe não saiba que vive dentro da água até que seja retirado de lá. De maneira análoga, estamos mergulhados no Universo Tonal. Os tons que conseguimos distinguir, tanto nas cores como nos sons, revelam a nossa amplitude de percepção, a nossa sensibilidade de afinação pessoal ou coletiva. Isto muda o tempo todo. Às vezes, estamos encolhidos, variando numa gama pequena de tonalidades, monocórdicos, monó-tonos, feito um samba de uma nota só. Em outras vezes, nossos horizontes se ampliam, muda o astral, muda o tom, muda totalmente o espírito da coisa.

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Quando se afina a corda de um em graduações sutis ao longo Às vezes estamos violão para encontrar o tom certo, do dia. Da mesma maneira, o ouvido atento para em determiencolhidos, em relação ao tempo, não nada tensão da corda. O Universo conseguimos perceber nem variando numa é feito de super-cordas-tonais, uma o que é muito rápido (uma gama pequena rede transparente de frequências bala saindo de um revólver, invisíveis e inaudíveis que vibram por exemplo) e nem o que é de tonalidades, além do nosso diapasão. De vez em muito lento, como acompanhar monocórdicos, quando, um de nós entra em sintocom o olhar o ponteiro das nia com essas frequências e pode horas do relógio. monó-tonos, feito tentar a “tradução” da sua viagem Muita gente tentou alargar um samba de uma em linguagem acessível a todos. os horizontes do conheciNormalmente, o que conseguimos nota só. mento humano. Picasso, com ouvir é a gama de sons que se situa o Cubismo, tentava ver coientre os ultrassons e os infrassons sas de ângulos impossíveis, (como, por exemplo, o som da Terra enquanto Einstein imaginava se deslocando no espaço). um Universo com até onze dimensões diferentes, Em termos de cor, o que conseguimos ver é o que está embora para o mais comum dos mortais a percepna faixa mediana entre os ultravioletas e os infraver- ção não passe das três conhecidas: profundidade, melhos, graças à forma como a luz penetra a atmosfera altura e largura. 21


arte

O tempo está ligado ao som. O espaço está ligado à luz. Se Einstein estiver certo ao afirmar que a quarta dimensão é o tempo, e que o tempo pode entortar a luz, então é possível imaginar que a resultante harmônica deva ser gerada por um terceiro elemento que complete o jogo de forças perceptíveis no Universo. O terceiro termo da equação espaço-tempo é o Tom – aquele que modula as frequências de som e luz. Nas pessoas, a velocidade do espírito é controlada pela respiração em compasso binário com o coração, que é um instrumento de corda: um tambor feito de fibras trançadas em músculos arquitetados para suportar esta percussão ao longo da vida, com tramas flexíveis para aguentar as mais variadas frequências, desde o repouso até o esforço máximo. Nosso senso de timing, de tempo, depende da nossa condição cardiopulmonar em sincronia com o resto dos tons do nosso corpo - o TONUS corporal, o tom do corpo, o tom emocional, o tom espiritual. O Tonus corporal equilibra a pressão interna com a pressão externa da atmosfera. A atmosfera, por sua vez, é o tom da Terra, que estabelece o tonus da luz, a intensidade dela em sintonia fina com cada momento, chegando mansamente ao planeta quando o dia nasce, entrando

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aos poucos com os ultravioletas filtrados pela camada de ozônio até o meio do dia, com insolação plena e, à medida que o planeta roda vai mudando a graduação de luz e calor, temperando o clima com os ventos e chuvas, com o peso do ar, com a variação das estações, com a polinização e a fotossíntese, para assegurar a continuidade da vida entre nós. Graças a Deus, a Terra gira e o dia vira noite, se não estaríamos fritos, literalmente. Esse timing é matemático, assim como também os intervalos musicais existentes na música e as frequências das cores em seus diversos comprimentos de onda. O espírito Tonal rege esta orquestra. Desde o nível atmosférico (até mesmo fora dele), sincronizando as influências que atuam sobre nós, desde os mais simples desejos, engendrados pelos instintos, até a mais sublime inspiração que possa iluminar o ser humano, tudo isso são apenas variações biológicas sobre o nosso TONUS. Quem está bem afinado - no corpo, na voz, na postura, nas ideias, na atitude em relação a tudo e a todos em geral se dá melhor na vida. Aprender a pilotar a sua própria luz, o seu tom de voz, saber chegar maneiro com o seu tom, pedir muita licença à tonalidade geral existente em cada ambiente, aprender o momento certo para intervir na frequência dominante, achar o tom da conversa é sinal de sabedoria musical, colorida, sabedoria tonal. Para a alegria geral da orquestra, é bom que cada um ache o seu tom. Amem. Om.

(mané-mané)


Os tons que conseguimos distinguir, tanto nas cores como nos sons, revelam a nossa amplitude de percepção, a nossa sensibilidade de afinação pessoal ou coletiva.

Tonal ( mané-mané) 23


Juan Morgade

entrevista


entrevista

Conversar com Bruna Lombardi e Carlos Alberto Riccelli foi uma delícia. Poderia ficar muito mais tempo absorvendo a tranquilidade, a felicidade que notava nas palavras. A entrevista aconteceu numa tarde em que estavam em São Paulo, atribulados, voltando da cidade de Paulínia. Tive a felicidade de conversar com eles dias após a apresentação do filme Onde Está a Felicidade? – dirigido por Riccelli, escrito e protagonizado por Bruna – e saber da novidade: o longa acabara de vencer dois prêmios no Festival de Cinema de Paulínia naquele final de semana: Melhor Longa de Ficção pelo Júri Popular e Melhor Atriz Coadjuvante para María Pujalte, uma das mais populares atrizes da dramaturgia espanhola. Dava para perceber que eles realmente encontraram, naquele período da vida, mais um pouco do que procuravam. A felicidade! Em mais uma Entrevista Exclusiva, a Versátil Magazine divide a felicidade deste encontro com nossos queridos leitores. Assistam ao filme! Vale, e muito!, a pena.

Versátil Magazine: Bruna, conte-nos sobre a repercussão que o longa Onde Está a Felicidade? teve, recentemente, no Festival de Cinema de Paulínia. Bruna Lombardi: É uma comédia maravilhosa. Eu vou te dizer a reação da plateia. Eram 1.500 pessoas no teatro de Paulínia, mas teve que fazer sessão extra para mais 1.500! Lotou. As pessoas riam e aplaudiam do começo até o final. Foi muito bom. VM: Qual é a sua relação com o tema tratado no filme, que fala da transcendência, do Caminho de Santiago de Compostela... BL: Então, a personagem, que é uma chef de cozinha, descobre que o marido tem um affaire pela internet. Ela tem um programa na TV que ensina receitas afrodisíacas e perde o emprego ao mesmo tempo em que acontece a crise em seu casamento. Então, ela decide mudar e vai fazer o Caminho de Santiago de Compostela. É uma relação de busca da felicidade, de encontro com si mesma e, ao mesmo tempo, o caos da vida. Mas acontece com comédia. O marido é fanático pelo Corinthians, comentarista de futebol e vive em São Paulo. No Caminho, vão o diretor do programa e uma nova amiga, uma espanhola cheia de problemas. Trata-se de uma comédia urbana contemporânea, romântica, bem divertida. Como discute muito o relacionamento de homens e mulheres, os homens também se divertem muito. VM: O Caminho de Santiago é algo já antigo na sua vida? BL: Eu sempre quis fazer esse Caminho, sempre tive vontade. Aí, com a ideia de fazer, foi legal. A gente pensa que precisa ser atleta, mas não. Qualquer pessoa está próxima. E falha e consegue na medida do possível. O filme fala do lado humano das falhas e conquistas que, mesmo falando, a gente aprende. Tudo é uma grande lição, né? 25


entrevista

Ninguém pode ser feliz vivendo de um jeito pesado, buscando desesperadamente a felicidade. Isso é contradição! Tem que aproveitar cada momento. Riccelli

VM: Sem dúvida. E o título é interessante: Onde Está a Felicidade? BL: Sim, claro! É um tema muito atual, porque todo mundo quer ser feliz. Todos se identificam muito com o título, tanto homens como mulheres. E o filme ganhou justamente o prêmio do Júri Popular, do público, que escolheu como o melhor filme. VM: Então, você aguarda uma grande projeção, sucesso nas bilheterias? BL: Sem dúvida. Esse filme tem sido muito abençoado desde o início. Desde a feitura, toda a equipe, com todos que participaram, porque o filme é resultado do trabalho de muita gente.

Sempre tive dentro de mim a felicidade, em todos os momentos. Houve momentos duros, como acontece com todo mundo, mas sei que das crises e dos problemas é que nasce a felicidade.

VM: Quanto tempo houve de trabalho até o lançamento? BL: Ah, uns dois anos, desde o roteiro até a finalização, com trabalho de uma equipe gigante, resultado de um trabalho grande. Rodamos em dois países, passa por muitas cidades, muita gente envolvida trabalhando com paixão. Um filme feito com paixão. VM: Trabalhar com paixão faz as coisas acontecerem de forma diferente? BL: Sem dúvida, faz uma diferença incrível. Que imprime a tela! A gente luta muito pela excelência. Tudo o que a gente faz, a gente procura dar o melhor que a gente pode para o público. A gente quer qualidade, não quantidade. A gente quer dar qualidade para o público. Acho que muitas vezes é possível se contentar com um pouco menos, porque é o 26

que tem. Mas eu acho que todo mundo quer qualidade. As pessoas estão em constante evolução. Nós estamos sempre mudando. As pessoas vão melhorando junto com o produto. Vão melhorando com as minisséries que passam... Às vezes, as circunstâncias fazem com que as pessoas não façam o seu melhor. Mas a gente tem sempre que lutar pra conseguir o melhor.

Aqui deixamos um pouco de conversar sobre o filme e lembrei-me da Bruna em Grande Sertão: Veredas, minissérie que passou na Rede Globo em 1985, interpretando Diadorim. Eu era ainda bem jovem, mas confesso que o trabalho foi marcante. Tive outra visão sobre o livro de Guimarães Rosa, antes nada palatável para mim. Talvez, antigamente, a escola indicasse livros muito complexos sem que estivéssemos maduros para absorvê-los. Mas a série que trouxe a Bruna Lombardi interpretando um homem me levou à obra por um atalho mais interessante. Realmente, é preciso trazer trabalhos de boa qualidade para a TV, o cinema. Popularizar bons textos, não? A conversa seguiu permeando vários assuntos e chegamos à valorização de nosso patrimônio cultural, riquíssimo, das nossas belezas naturais, como as que aparecem no filme: as inscrições rupestres do Piauí. Bruna recomendou a viagem ao Piauí: “As paisagens são lindíssimas e temos um patrimônio da humanidade, um tesouro nacional. Tem um museu de primeiríssimo mundo, o do Homem da América, é maravilhoso!” A atriz também contou um pouquinho do que pode ser visto no filme: “A gente mostra na tela coisas que nunca foram vistas no cinema. Há uma cave de vinhos que aparece pela primeira vez e existe há mais de duzentos anos, das mais antigas da Europa. As pessoas vão ver o nosso esforço de mostrar o melhor.”


VM: Bruna, qual é a sua intenção com o filme? BL: Eu queria mesmo fazer as pessoas felizes. Como já fiz trabalhos que fizeram as pessoas chorarem, se comoverem muito, no mundo inteiro, dessa vez eu queria fazer rir. Sair do cinema leve, feliz. E a gente conseguiu isso.

A gente quer qu uallidade, não quantiidade. A gentte quer dar qualidade para o pú úblico. Brunaa Br

VM: Missão cumprida? BL: Exatamente! Foi isso mesmo que eu disse quando acabou: missão cumprida! Ainda nesse movimento de felicidade, Riccelli continua: “O filme está se comunicando tanto com as pessoas! Elas saem tão felizes do cinema!” Versátil Magazine: Como foi a transição de ator para diretor, Riccelli? Carlos Alberto Riccelli: Acho que dirigir esse trabalho veio naturalmente para mim. Durante as filmagens no set, sempre tive a curiosidade, sempre fiquei observando muito atentamente o trabalho de todo mundo. Adoro ver profissionais trabalhando, pessoas do métier. Isso sempre me encantou e eu procurei conversar com profissionais sempre. Claro que o fato de adorar cinema ajudou muito, porque vou ao cinema com a família a toda hora. Aí, presto atenção. Sou um espectador normal, claro, embarco completamente na história, no filme, choro, rio. Mas ao mesmo tempo sempre tem um outro lado meu que fica atento, observando outros aspectos do filmar, como cenário, figurino e tudo mais. Então, foi uma coisa bem natural mesmo. VM: Podemos dizer, então, que o diretor “vem nascendo” já há algum tempo? É algo que aconteceria de qualquer jeito? CR: Isso é verdade, sem dúvida. Isso desde o programa “Gente de Expressão” (TV Manchete). Nós viajamos muito entrevistando pessoas bem interessantes pelo mundo afora, fazendo reportagens. Isso ajudou muito na profissão. VM: O filme trata de coisas especiais, que são a transcendência, a espiritualidade. Você acha que é preciso fazer algo, como viajar para Santiago de Compostela, para encontrar Deus? CR: Todos os caminhos são caminhos. Evidentemente, lá tem a mística que ajuda as pessoas. É quase uma justificativa, um pretexto pra se dar esse tempo e olhar pra dentro. É um caminho de muito sacrifício, duro. 27


entrevista

VM: É uma caminhada difícil tecnicamente? Precisa ter preparo físico para fazer? CR: É difícil, as pessoas ficam com bolhas nos pés, às vezes torcem o pé ou acontecem coisas mais graves, como quedas. Ao mesmo tempo, é uma coisa bem prazerosa. O que é especial é que você diz “vou fazer esse caminho”. Esse caminho vai demorar de trinta a quarenta dias pra ser feito, em média. Tem gente que demora mais, menos, muito difícil. Tem que ser atleta e ter porte de ferro pra fazer em menor tempo, e há atletas no percurso também. Passar esses dias andando é diferente de férias, quando você sai para se divertir. Vai com essa proposta de olhar dentro de você. O que te faz olhar para os outros também. E os outros também estão imbuídos dessa coisa ancestral de fazer esse caminho, que é feito desde o século IX d.C. O que o torna especial é essa busca à que você se propõe. VM: Você dirige um filme que trata do tema caminhar em busca da felicidade. E você caminhou muito profissionalmente. Foi coincidência ou realmente só agora você se sente maduro profissionalmente e, então, partiu para a direção? CR: A gente está sempre aprendendo, né? Eu sempre digo que tive muita sorte de nascer numa família legal. Sempre tive dentro de mim a felicidade, em todos os momentos. Houve momentos duros, como acontece com todo mundo, mas sei que das crises e dos problemas é que nasce a felicidade. Os seus desafios fazem você mais forte e desafios fazem as pessoas felizes. Se você deu o seu melhor, não existe fracasso. Se você se entregou, se esforçou de fato, o resultado provavelmente vai ser bom. VM: É preciso ter coragem pra alcançar a felicidade? CR: Sem dúvida, tem que ter coragem e se lançar! O bom do filme é isso, mas sempre na forma de comédia. A gente queria uma coisa leve, porque ninguém pode ser feliz vivendo de um jeito pesado, buscando desesperadamente a felicidade. Isso é contradição! Tem que aproveitar cada momento. No filme a gente conseguiu fazer as pessoas chegarem nisso.

ONDE ESTÁ A FELICIDADE? Após crises no casamento e no trabalho, a chef Teodora vive uma jornada de descobertas que farão dela uma nova mulher. Com o amigo Zeca e a espanhola Milena, percorre o Caminho de Santiago de Compostela. Direção: Carlos Alberto Riccelli. Com Bruna Lombardi, Bruno Garcia, Marcello Airoldi, Marta Larralde, María Pujalte, Wandy Doratiotto, Sérgio Guizé, Paulo Federal, Luis Zahera, Pedro Alonso. 28

Rodamos em dois países, passa por muitas cidades, muita gente envolvida trabalhando com paixão. Um filme feito com paixão. Bruna


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de

SANTIAGO de COMPOSTELA

gastronomia

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em sempre aqueles que não são fãs do esporte, das longas caminhadas e aventuras e preferem comer. Estando na Galícia, uma opção é deixar os colegas fazerem a célebre peregrinação de Santiago de Compostela e ficar comendo as comidas típicas da região. Quando todos os peregrinos brasileiros chegarem, mortos de fome, com bolhas no pé, praguejando até não poder mais, mas com um cajado bacana na mão (esta é a única parte que pode dar inveja), você pode estar se deliciando com os frutos do mar, os tapas e a torta batizada em homenagem à cidade. Santiago de Compostela é a capital da Galícia (conjunto de províncias), banhada pelo Oceano Atlântico ao norte da Espanha. O Mar do Norte é frio e, apesar de não ter belas praias, traz pescados maiores do que os do Mediterrâneo. O polvo à galega e as amêijoas são especialidades locais. A torta, batizada de Tarta de Santiago, esta sim é uma especialidade com certas curiosidades. Feita basicamente de amêndoas, ovos e açúcar, seus primeiros registros são de 1577, quando quase não havia amêndoas na região. Era um ingrediente caro e difícil de obter. Dizem que foi feita apenas para a visita de D. Pedro de Porto Carrero à Universidade de Santiago e, por isto, foi utilizado um ingrediente nobre em sua confecção. Na época foi chamada de “torta real”. Fez muito sucesso e continuou a ser reproduzida, com o ingrediente principal se tornando mais popular na Espanha. Pouco a pouco seu nome foi mudando para Tarta de

Santiago, pois todos faziam referência ao local onde foi criada. O sabor lembra uma galette de rois, torta francesa também de amêndoas, com massa por fora e recheio cremoso, feita para celebrar o dia em que o menino Jesus recebeu ouro, mirra e incenso de Balthazar, Gaspar e Belchior. Belchior deu ouro e, obviamente, virou o tio favorito. Balthazar deu mirra e não foi chamado para o próximo batismo. Diferente de todas as outras tortas de amêndoas, o que dá particularidade à torta de Santiago é a cobertura, que leva uma camada de açúcar polvilhado, deixando-a branca, com exceção de uma cruz no centro, característica do Santo e da cidade. Esta característica especial é feita com um artefato local, uma cruz de ferro, que é colocada sobre a torta antes de polvilhar o açúcar. Quando toda a sobremesa é coberta, a peça é retirada e fica a marca. Mas isso não era feito desde que o doce foi criado. É uma invenção de uma doceria chamada Casa Mora, de 1924, que mudou a história desta torta. Desde 2006 ela tem registro de Indicación Geográfica Protegida, o que nós conhecemos como D.O.C., Denominação de Origem Controlada. Como o queijo Camembert ou o vinho Champagne. Só pode ser chamado de Tarta de Santiago se for feita lá e com os ingredientes locais, respeitando as tradições. Isto garante a qualidade e a reputação do produto, além de mantê-lo vivo na história. Gabriel Leicand leicand@mange-toi.com Twitter: @leicand


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literatura

érgio Napp lançou recentemente o livro Menino Com Pássaro ao Ombro, que tem ilustrações de Walther Moreira Santos, pela editora Artes e Ofícios, de Porto Alegre (RS). O autor é gaúcho da cidade de Giruá e tem várias

publicações em jornais de Porto

Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Como compositor, tem um trabalho especial, premiado em diversos festivais. A obra conta a história de um garoto que carrega no ombro um pássaro capaz de observar os fenômenos do cotidiano com muita sensibilidade. A poesia que acompanha o menino faz com que suas aventuras sejam únicas e cheias de beleza. Belas, e também poéticas, são as ilustrações do livro. 32

Duas dezenas de títulos e, agora, Menino com Pássaro ao Ombro: o que ele representa na sua trajetória de ficcionista? Sérgio Napp: Um livro a mais com gostinho de sonhos realizados. Menino nasceu há muitos anos dentro de um projeto amplo (pelo qual nenhuma editora se interessou). Seriam três livros infantis (um para cada irmão), três livros infanto-juvenis com os personagens adolescentes e, por último, um sétimo livro, adulto, com os personagens de volta à fazenda de onde saíram. Os infantis foram escritos: Menino Com Pássaro ao Ombro (Artes e Ofícios) e A Pedra do Conhecimento (Paulinas). O terceiro aguarda por uma boa alma (editora). Selecionei muito as editoras, pois queria os livros com a melhor qualidade possível. E não é que consegui? Outro sonho é a publicação pela Artes e Ofícios, há muito acalentada. Os meninos, hoje, têm o pássaro azul do twitter pousado em seu ombro? Há lugar para o pássaro da poesia e do sentimento nesta realidade de agora? SN: Há. Sempre haverá. Toda a parafernália eletrônica existente não será capaz de vencer o encantamento. E é ele que faz brotar a poesia e o sentimento. Por incrível que possa parecer, as pessoas ainda sonham


Fundamental: não se deve tornar a leitura obrigatória. Cada pessoa é uma pessoa, e ela tem o direito de escolher o que deve ler. hoje em dia. Ainda têm expectativas, esperanças. A eletrônica é uma das formas de canalizar sentimentos. Não é sem razão que as pessoas se ligam, através do twitter e do facebook, a dezenas de outras pessoas na ânsia de se comunicar, de tratar de seus problemas. Cada um deseja alguém que o ouça e, ao mesmo tempo, se propõe a ouvir.

qualquer ilustração seria bem-vinda. Hoje, um livro infantil sem uma ilustração cuidadosa, parece faltar um pedaço. Hoje o livro viaja, e sei que posso encontrar o Menino Brasil afora. A internet, neste sentido, é uma ferramenta de alta qualidade.

A imaginação da garotada viaja para onde hoje? SN: É difícil responder. Mas, se levar em conta meus contatos com a garotada em salas de aula, a imaginação delas continua ativa. Com grandes diferenças, é claro. Quando crianças, ouvíamos rádio e íamos, vez ou outra, ao cinema. Nestas viagens, nossa imaginação brotava levando tudo por diante. Penso que foi aí o meu caminho como escritor. Hoje, a imaginação se faz de forma diferente, mas ainda se faz. Isto é perceptível por onde ando. Não fora assim, de onde os escritores tirariam tantas histórias?

Na sua infância, conforme enfatiza em seu depoimento no livro, não havia quem lhe contasse histórias, mas a força da fantasia suplantou esta realidade. O que falta, afinal, para que o Brasil tenha mais gente lendo e também escrevendo para ser lido? SN: Escritores há de sobra. Para cada um que publique, três ou quatro tentam uma chance. Ninguém deixará de ler por falta de livros. A distribuição é um dos problemas. Há mais editoras que livrarias neste país. Na leitura há algo de mágico: é preciso que alguém se disponha a contar uma história para que esta história seja repetida e recontada, e, muitas vezes, se torne outra história. Não há uma palavra mágica que faça com que mais gente leia (se houvesse, o mundo seria muito chato). É preciso um trabalho cotidiano, dedicado, cheio de boa vontade para transformar alguém em leitor. Fundamental: não se deve tornar a leitura obrigatória. Cada pessoa é uma pessoa, e ela tem o direito de escolher o que deve ler. Se não houver disposição, prazer, alegria, encantamento, não haverá leitores.

“Ninguém pode com um menino que leva um pássaro ao ombro”, afirma o livro. A leitura, o prazer de escrever, a descoberta das tramas da escrita: como incutir nos jovens a busca por uma “vida apetitosa” de que também fala a história? SN: Não há fórmula. É um processo. Vim de uma família que não lia, e eu acabei me tornando um leitor ávido. Ao mesmo tempo, conheço famílias em que os pais são leitores/escritores e os filhos não leem. Ninguém é obrigado a ler, como ninguém é obrigado a gostar de alguém. É um tanto quanto aleatório. Importante é despertar a curiosidade e regá-la com carinho, para que a planta não morra. Os legionários do Harry Potter não me deixam mentir.

As fantasias que povoam os quartos de meninos e meninas nestes tempos de virtualidade são tão fortes quanto as da época da sua meninice? SN: Talvez mais, vai saber. Talvez os sonhos sejam mais intensos, os desejos mais fortes do que os que acudiam meninos do interior em épocas pré-eletrônicas. Nosso mundo, proporcionalmente, era maior. Não havia muros, grades. Não éramos levados à escola, íamos sozinhos ou em grupos. Nossas brincadeiras eram ao ar livre e coletivas. Talvez, tivéssemos mais liberdade, não sei. Não sou passadista (“no meu tempo era melhor”), mas as diferenças são enormes. Gosto de lembrar esta liberdade e estas brincadeiras em meus textos, não para traçar paralelos, mas para que a garotada de hoje saiba que brincávamos, e muito, com o pouco que tínhamos. Talvez as brincadeiras de hoje sejam mais emocionantes. As nossas eram mais simples, com certeza, mas nem por isto menos agradáveis.

O que mudou, desde que se mobilizou para contar histórias em verso e prosa, no mundo da literatura? SN: Muita coisa. A qualidade, o carinho, o trabalho com o livro. Um livro como este, há alguns anos, seria impensável. Antigamente,

Entrevista concedida à Editora Artes e Ofícios.

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cultura versátil

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A HISTÓRIA DO HOMEM. (1) Cyril Aydon. Um novo olhar sobre a evolução social, econômica e cultural da humanidade. O autor aponta acertos e falhas na trajetória iniciada na África e marcada por grandes transformações: o surgimento da agricultura, as ascensões e quedas de impérios e a evolução tecnológica atual. Editora Record.

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conta a história de uma adolescente que, cansada da discriminação em sua aldeia, segue para a cidade a fim de trabalhar como criada na casa de brancos, onde tem seu nome trocado. Editora Pallas. ATRÁS DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA FICA O MAR. (2) Jutta Richter. Cosmo e Novênio vivem nas ruas e sonham em ver o mar. Uma mulher propõe financiar a viagem em troca do anjo da guarda de um deles. A autora é considerada atualmente uma das mais importantes escritoras de literatura infanto-juvenil da Europa. Editora Iluminuras.

A IMPORTÂNCIA DE SER PRUDENTE E OUTRAS PEÇAS. Oscar Wilde. Muito da fama do autor se deve ao romance O Retrato de Dorian Gray, mas foi como dramaturgo que alcançou o maior sucesso em vida. As comédias “Uma Mulher Sem Importância”, “Um Marido Ideal” e “A Importância de Ser Prudente” estão neste volume. Penguin- CONTRA UM MUNDO MELHOR – ENSAIOS Companhia. DO AFETO. (3) Luís Felipe Pondé. O autor tira a filosofia da sala de aula para debatê-la em praça pública. A ÚLTIMA TRAGÉDIA. Abdulai Silá. Uma das mais Como em suas colunas na Folha de S.Paulo, escreve destacadas vozes da literatura africana contemporânea sobre o mundo contemporâneo com perspicácia e 34


sem moralismos, chacoalhando os leitores e libertando- Arequipa (Peru), jornalista e fotógrafo vão ao encontro da nascente do rio Amazonas, na cordilheira dos Andes. Um os da neutralidade. Editora LeYa. relato da diversidade das regiões banhadas pelo rio, com COZINHAR PARA UM OU PARA DOIS. Pía Fendrik. informações sobre temas sociais, ecológicos, históricos, Receitas simples, práticas e saudáveis para os amantes da arte literários e geográficos. Editora Record. de cozinhar. Com dicas sobre congelamento de alimentos, cálculo de medidas de ingredientes e armazenamento. O OLHO DE VIDRO – A TELEVISÃO E O ESTADO DE livro facilita o dia a dia de quem deseja se aventurar como EXCEÇÃO DA IMAGEM. (9) Marcia Tiburi. A filósofa discute as relações entre pensamento reflexivo e imagem a parchef em casa. Fotos: Ângela Copello. V&R Editoras. tir da oposição entre filosofia e televisão, trazendo uma reESCUTA SÓ. (4) Alex Ross. De Bach a Björk, da música flexão lúdica sobre o que está intrinsecamente envolvido nos chinesa aos Beatles, de Brahms a Bob Dylan, o crítico musi- atos que caracterizam uma sociedade visual. Editora Record. cal da New Yorker propõe um novo percurso. Seu texto, livre de jargões, mostra que a boa música não reconhece OS FILMES QUE SONHAMOS. Org.: Frederico Machfronteiras entre gêneros, autores, estilos e épocas ao seduzir ado. Resenhas sobre filmes lançados no Brasil pela Lume Filmes. Clássicos do cinema japonês, trabalhos no leste euouvidos e corações. Companhia das Letras. ropeu durante o período da Cortina de Ferro, obras do CinMEMÓRIAS. (5) Gregório Bezerra. Reedição da autobio- ema Marginal Brasileiro e contemporâneas com a assinatura grafia do revolucionário comunista com momentos vividos de cineastas europeus. Lume Filmes. durante os principais acontecimentos da vida política e social do Brasil no século XX. No início, narra a seca e a es- PALESTINA. (10) Joe Sacco. Lançado originalmente cassez de alimentos que maltrata os nordestinos, e que ele em 1996, inaugurando a reportagem em quadrinhos, o livro recebeu os prêmios mais importantes do mundo dos próprio viveu. Editora Boitempo. quadrinhos, e até o American Book Award, pela importânO JOVEM SHERLOCK HOLMES: NUVEM DA cia como retrato único do drama do povo palestino. Esta MORTE. (6) Andrew Lane. Sherlock Holmes tem só qua- edição traz novos textos, fotos e desenhos. Conrad Editora. torze anos quando, ao caminhar por um bosque, descobre o cadáver de um homem coberto de pústulas. É o começo de ROMPENDO O SILÊNCIO. (11) Alice Walker. Trad.: uma nova vida em que enfrentará espionagens, sequestros e Ana Resende. Trinta anos após denunciar a opressão racial até uma trama que poderá mudar o futuro da Grã-Bretanha. e sexual das negras americanas, Alice relata histórias de pessoas que tiveram o cotidiano atingido por banhos de sangue Editora Intrínseca. no Congo e em Ruanda, regiões assoladas por conflitos O FANTASMA DE CANTERVILLE. (7) Oscar Wilde. políticos e guerras insanas. Editora Bertrand Brasil. Um clássico infantil da época em que se questionava a literatura de terror e escritores e críticos desconstruíam SIRVA O CORAÇÃO EM BANDEJA DE CRISTAL romances góticos. A obra conta a história de um fantasma LÍQUIDO. (12) Laïs de Castro. Em sucessão inesperada que vê o feitiço virar contra o feiticeiro quando passa a e pinceladas curtas, os contos de Laïs levam-nos ao solar, ao bordel, ao carnaval, a lençóis imaculados (e maculados), ser assombrado pelos homens. Casa da Palavra. ao campo rude. Os personagens desejam, amam, deliram e O HORIZONTE DA MINHA PELE. Emilio Bejel. O au- ofendem-se mortalmente. Editora Iluminuras. tor cubano, homossexual, mostra a Cuba pré-revolucionária dos pobres pescadores, dos deselegantes automóveis, a SOLAR DA FOSSA. (13) Toninho Vaz. A pensão localizada Cuba dos fortes laços afetivos, que nem o tempo e os políti- em Botafogo, Rio de Janeiro, foi endereço de poetas, comcos conseguem eliminar. Um fascinante relato autobiográ- positores, jornalistas, artistas plásticos. Toninho, também morador, mostra imagens inéditas e relatos de artistas como fico e poético. Atelier Editorial. Caetano Veloso, Gal Costa, Tim Maia, Betty Faria. Prefácio O RIO. (8) Leonencio Nossa e Celso Júnior. Partindo de de Ruy Castro. Editora Casa da Palavra. 35


cultura versátil

TEATRO

por Claudia Liba e Valéria Diniz

ANDERSEN SEM PALAVRAS. Cinco contos de Hans Christian Andersen – “O Patinho Feio”, “Soldadinho de Chumbo”, “Os Namorados”, “A Menina dos Fósforos” e “O Sapo” – apresentados por técnicas do Teatro de Sombras. Direção: João Bresser. Música: André Abujamra. Com o Grupo Caleidoscópio. Teatro Ruth Escobar. Rua dos Ingleses, 209, Bela Vista, (11) 3289 2358. Até 25 de setembro.

Divulgação

AS BRUXAS DE EASTWICK. Adaptação da obra de John Updick. Duas amigas entediadas sonham com o homem ideal. As esperanças se renovam com a chegada de um sedutor misterioso que desperta a necessidade de liberar “poderes”. Direção: Claudio Botelho e Charles Möeller. Com Eduardo Galvão, Maria Clara Gueiros, Sabrina Korgut. Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. Rua Turiassu, 2.100, Pompeia, (11) 3670 4100. Até 11 de dezembro DENTRO DA NOITE. Adaptação dos contos “Dentro da Noite” e “O Bebê de Tarlatana Rosa”, de João do Rio. Num trem de subúrbio um sádico fala sobre suas taras e, numa biblioteca, um narrador relembra uma aventura erótica de carnaval com desenlace grotesco. Direção: Ney Matogrosso. Com Marcus Alvisi. SESC Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, (11) 3095 9402. Até 27 de agosto. LAMARTINE BABO. Texto: Antunes Filho. Musical sobre um dos mais importantes compositores da Época de Ouro da MPB. Um estranho observador pontua a biografia do músico em meio ao mistério de seu domínio sobre o assunto. Direção: Emerson Danesi. Com o Grupo CPT - Centro de Pesquisa Teatral. SESC Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia, (11) 3871 7700. Dias 08, 06, 13, 20 e 27 de setembro. Rui Mendes

UM PORTO PARA ELIZABETH BISHOP. Texto: Marta Góes. Em 1951 a poetisa norte-americana, deprimida, desembarcou no porto de Santos em escala turística – mas ficou no Brasil por quinze anos. A peça fala sobre o encontro da escritora com o país nos anos 1950 e 60. Direção: José Possi Neto. Com Regina Braga. Teatro Eva Hertz. Avenida Paulista, 2.073, Bela Vista, (11) 3170 4059. Até 25 de agosto.

por Claudia Liba

HANNA. Hanna tem 16 anos e foi treinada pelo pai, ex-agente da CIA, para ser uma assassina. Tem a habilidade e a inteligência de um soldado, mas quer ser apenas uma garota. Em missão, encontra uma agente com informações reveladoras sobre sua história. Direção: Joe Wright. Com: Eric Bana, Cate Blanchett. Estreia: 26 de agosto.

Divulgação

CINEMA

LARRY CROWNE - O AMOR ESTÁ DE VOLTA. Um homem é demitido da empresa em que trabalhava há anos. Sem emprego, volta para a universidade. Famoso pelos discursos em sala de aula chama a atenção de uma professora que perdera a paixão por lecionar. Direção: Tom Hanks. Com Tom Hanks, Sarah Mahoney. Estreia: 26 de agosto. PROFESSORA SEM CLASSE. Uma professora irreverente quer se casar com um bom partido e tenta conquistar um jovem e rico professor assediado por outra mulher. A confusão romântica coloca Elizabeth em situação escandalosa que afeta seus alunos e colegas de trabalho. Direção: Jake Kasdan. Com Cameron Diaz, Justin Timberlake. UM SONHO DE AMOR. Uma história de amor e tragédia em Milão, Itália, na passagem do milênio. É Natal e a família Recchi está reunida com amigos. A mãe se apaixona por um amigo do filho. O preço que pagarão por esse amor será muito alto. Direção: Luca Guadagnino. Com Flavio Parenti, Edoardo Gabbriellini, Diane Fleri. XINGU. Os irmãos Villas-Bôas se alistam na expedição Roncador-Xingu, desbravando o Brasil Central. Defendem os índios e sua cultura, registrando tudo no diário “Marcha para o Oeste”. Eles fundam o Parque Nacional do Xingu – na época, o maior do mundo. Direção: Cao Hamburger. Com Caio Blat, Maria Flor, Felipe Camargo.

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EXPOSIÇÃO

por Valéria Diniz

Aldeia russa, ussa, 1912 19 1912? pintura a óleo sobre s so tela, ela 62,5 2,5 x 80,5 80 cm Acervo o Mu Museu eu Lasar Seg - IBRA Segall IBRAM - MinC

WHAROL TV. A mostra exibe programas de TV criados pelo artista. Fashion, Andy Warhol’s TV e Andy Warhol’s Fifteen Minutes focam moda, artes e entrevistas com celebridades. Há também participações em outros programas televisivos. As obras pertencem ao The Andy Warhol Museum de Pittsburgh (EUA). Grátis. SESC Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, (11) 3095 9402. Até 25 de setembro.

LASAR SEGALL – PROCESSOS. A mostra destaca o processo de criação do artista. Fotos e desenhos foram desenvolvidos, posteriormente, em suas obras. É possível acompanhar a reafirmação do repertório poético e das questões formais, traduzidas nas várias linguagens de que se serviu. Grátis. Museu Lasar Segall. Rua Berta, 111, Vila Mariana. (11) 5574 7322. Até 2012.

Divulgação

CONCERTO

por Claudia Liba

O MISTÉRIO DAS VOZES BÚLGARAS. Regidas por Dora Hristova, 23 cantoras sobrepõem vozes em cadências e escalas pouco habituais, preservando as tradições de voz da Antiguidade com uma proposta de arranjo única. No repertório obras de compositores búlgaros, como Philip Koutev e Ivan Spassov. Teatro Alfa. Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro. www.teatroalfa.com.br Dias 03 e 04 de setembro.

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games

pós o sucesso de Crysis e seus spins-off Crysis Warhead, Wars Crytec e Eletronic Arts lançaram a sua sequência para Xbox 360 PS3 e PC. Escrito por Richard Morgan e Peter Watts, é o primeiro a utilizar a CryEngine 3, fazendo o exemplar não esquecer suas origens e novamente inovar com gráficos surpreendentes. Agora a história se passa durante 2023, numa New York infestada por aliens. Ao contrário do primeiro jogo, você controla “Alcatraz”, o sucessor de Jake “Nomad” Dunn, utilizando a Nanosuit 2.0, que antes pertencia a Laurence “Prophet” Barnes. Mas, como dizia Benjamin Parker, “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Justamente por ter a armadura de Prophet, você será perseguido pela CryNet Systems e, desta vez, os aliens não são somente enormes monstros com tentáculos, mas sim figuras Humanoides fortemente armadas com equipamento da mais alta tecnologia. O jogo exige menos da sua máquina em relação ao primeiro, mas, ainda assim, possui melhor qualidade gráfica – pelo menos é o que dizem lá pela EA. E conta com um surpreendente sistema de multiplayer, onde a classificação não é pela quantidade de mortes, mas pela qualidade destas. Logo, se EA quiser: Adeus, campers! Com visual inacreditável, interface e combates realistas, o jogo tem grandes chances de bater seus antecessores e ganhar o prêmio de game do ano, mesmo sendo uma disputa acirrada, afinal, L.A. Noire, Batman: Arkham City, Gears of War 3 e Dragon Age II, entre outros, estão na disputa! CRYSIS 2 é recomendado para jogadores de ação que procuram aquele algo a mais nos FPSs clássicos. Gabriel L. Schleiniger

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Descontos especiais para terceira idade Atividades criativas para as crianças Pacote promocional para toda a família Venha comemorar seu evento conosco Rua Hugo Carotini, 623 – Butantã Fone 3384 0523


diversatilidade

HOJE EU VIREI ADULTA! empre adotei um estilo alternativo de vida. Ser alternativa para mim era sinônimo de jovialidade. Viajar? Só se fosse de mochila nas costas e com disposição para trilhas. Bares? Só frequentava os consagrados “bares ruins”, segundo Mario Prata, ponto de encontro de intelectuais. Aqueles bares “sujinhos”, que oferecem a cerveja mais barata do pedaço, desde que o freguês aguente um par de petiscos gordurosos. Enfim, uma verdadeira intelectual, descolada e antenada. Como toda jovem alternativa, sentia-me aberta ao mundo e senhora do meu tempo. Parecia mesmo que meu relógio biológico compreendia esta vocação e meu adolescer se estendia como uma fruta madurinha que insistia em não cair do pé: para se ter uma ideia, dava-me ao luxo de comprar peças de roupa de numeração infantil para meu corpinho de sílfide mesmo após alguns anos da formação universitária! Em plena forma, já estava atuando no mercado, lógico, no terceiro setor – não existia melhor alternativa para uma moça tão sacada quanto eu. Batendo de ONG em ONG fui ganhando meu suado sustento, mesmo assim, alternando entre camelôs e lojas de promoção, consegui economizar o suficiente para uma boa alternativa de curso no exterior: um ano inteirinho na Austrália, entre cangurus, surfistas e jovens alternativos do mundo todo! Além do que, isto me traria um benefício extra – sair do país era me ver livre de alguns relacionamentos que já não me deixavam alternativa alguma, aliás, cada tipinho nada alternativo que eu arrumava! Um tal de querer casório! Ufa! Enfim, certo dia, de mala e cuia na mão, disse pra trupe: Helloo... I’ll go to improve my English. Bye-bye, babies! Pequeno parêntese australiano: mulher não gosta de falar de idade; aliás, moça também não! Mas tendo terminado a “facul” a xis anos, trabalhado mais xis aqui e ali, xis mais xis mais xis... Xi! Acho que beirava o limiar das minhas possibilidades juvenis quando o tempo virou naquele país estranho. Estudando por lá já há alguns meses, havia enfrentado calor de mais de 40º C e, de repente, tive de encarar um dia gelado. A Austrália podia ser surpreendente, mesmo pra uma gata disposta a múltiplas alternâncias! Meu desapego jovial, anti-consumista, anti-patricices, a bem da verdade, muito mais preocupada com a estética do dinheiro que dos badulaques, fez com que me contentasse com um único moletom até então: o mesmo eu usava para andar de bicicleta, estudar, trabalhar, às vezes até para dormir. Mas aquele friozinho de 40

ficar o dia todo em casa me fez decidir pela compra de algo mais confortável, aliás, bem alternativo, uma opção razoável antes que o atual se visse em frangalhos. Saí à caça do que lá eles chamam de lojas de “second hand” (segunda mão, mesmo), mas acabei me descolando no Vitória Market, uma espécie de Mercadão da Lapa que vende de tudo, de verdura a sapato. Ao chegar à barraca, perguntei: – How much, please? – AU$ 12,00 Respondi ao dono, em português mesmo, mostrando os dedos das mãos, porque no sexo e no comércio o mundo acaba se entendendo...: Ah, moço... Faz por AU$10,00! O comerciante, sacando que estava diante de uma turista “pé de havaianas”, bem brasileira e capaz de encher muito o saco, decidiu oferecer o desconto. Feliz, comecei a escolher tamanho, cor e modelo: – Achei! Esta calça cinza é o mesmo preço? – Yes! – respondeu rispidamente o homem, pronto para fechar a barraca e tirar as roupas das prateleiras. Eu demoro muito para escolher qualquer coisa, analisando realmente os detalhes! Era uma peça de tamanho M, peguei na mão, medi comprimento, largura e... Nossa! Acho que... Será? Bom, paciência. Até quando eu continuaria usando M? Perguntei ainda tranquila e confiante: É numeração infantil, não é? Com seu mau humor e até certa ironia, ele respondeu: Não senhorita, é numeração de adulto! E pelo visto seu tamanho na verdade é G! Poxa, eu nem tinha notado! Com tantos altos e baixos nas minhas trilhas, experiências descoladas, inteligente, moderna, totalmente underground e politizada. Alinhada com o suprassumo da cultura lado B, passei-me despercebida! Mas bastaram uns quilos a mais, apenas uns quilinhos e pronto! Pulei do M pro G, pior ainda, da numeração infantil para... Céus! Pensei inconformada: Hoje eu virei Adulta! Perplexa, corri para a república, pedalando e tentando ver o lado bom, o conforto da nova calça macia e mais folgada, mas, acima de tudo, planejando quando começaria a usá-la para fazer exercício – muito exercício! Percebi, naquele dia, que os ponteiros resolveram andar e não me restava outra alternativa. Antonio Gomes é músico, compositor e escritor. Contato: (11) 2537 3120 / 6356 1766 antonigomes@gmail.com



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