Revista Versátil

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Versátil é atual, lev leve e traz tr tudo o que você gosta de ler. E leva a sua marca a 20.000 leitores ores do Butantã, Morumbi e Vila Madalena. Nada com como ser V Versátil! ersátil! O melhor melhor conteúdo, par para os melhores lei leitor leitores.. Versátil (latimversatilis, (latim rsatilis, -e)) ad adj. 2 g gén. én. Que tem vária várias qualidades ualidades ou u utilidades ou qu que pode fazer ou apre aprender der várias coisa coisas. = polivalente.



editorial Caros leitores,

Direção Geral Claudia R. Lessa

Aqui na redação, a gente fica pensando sempre sobre a capa. É nossa “cereja do bolo” conversar com pessoas que consideramos contribuir para a cultura do nosso país, do mundo. Nesta edição, foi a vez do músico Naná Vasconcelos. Não gostamos nada nada de algumas músicas que têm feito sucesso e que muitos veículos de grande circulação - logo, de grande importância no cenário do país - insistem em reproduzir. Entendemos que a classe artística brasileira é criativa e rica o suficiente para alimentar a fome de cultura, arte, música, dança, teatro do país inteiro, e ainda exportar. De alimentar com o “leite bom”, como disse Caetano em “Vaca Profana”: Deusa de assombrosas tetas Gota de leite bom na minha cara Chuva do mesmo bom sobre os caretas Nós também tentamos fazer algo útil, que reflita a nossa preocupação com a cidadania e a cultura do Brasil, apresentando o que pensamos ser o que todos merecemos: o melhor. Trazemos artigos interessantes, como o da fonoaudióloga, cantora e preparadora vocal do CoralUSP, Beth Amin, e o da Claudia Lessa, que escreve sobre a dificuldade que algumas pessoas têm de se desligar da rotina do trabalho e viver as férias com prazer. Não percam as dicas de livros, cinema, teatro, exposições.

Conselho Editorial Alexandre Lourenço Antonio Gomes Gabriel Leicand Gabriel L. Schleiniger

Foto de Capa

Otavio de Souza

Redação

Valéria Diniz redacao@revistaversatil.com.br

Edição de Texto e Revisão

Valéria Diniz valeria@revistaversatil.com.br

Projeto Gráfico e Diagramação

Felipe Ajzenberg bergversatil@gmail.com

Analistas de Redes Sociais

Caio Gasparetto Diniz da Silva Gabriel L. Schleiniger Juliana Ferrari

Colaboradores

Alexandre Lourenço Beth Amin F. Marcos Mané Brito

Versátil Online

www.revistaversatil.com.br twitter @versatilmagazin

Pré-impressão, impressão e acabamento W Gráfica

Distribuição Butantã, Morumbi, Parque dos Príncipes, Vila Madalena, Vila São Francisco.

Ainda dá tempo para aproveitá-las nesse finalzinho de férias. Vamos ao que São Paulo, em seus 458 anos, oferece de melhor! Boa leitura! PARA ANUNCIAR ENTRE EM CONTATO (11) 8851 7082 / 3798 8135 ou envie uma mensagem para comercial@revistaversatil.com.br Versátil é uma publicação mensal, direcionada a mailing Vip, e não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação fornecida, bem como pelas opiniões emitidas nesta edição. Todos os preços e informações apresentados em anúncios publicitários são de total responsabilidade de seus respectivos anunciantes, e estão sujeitos a alterações sem prévio aviso. É proibida a reprodução parcial ou total de textos e imagens publicados sem prévia autorização.


6 Saúde Voz, o Outro o Esp spel e ho da Al A ma

12 Cotidiano Onof On ofre of re,, o Su re Supe pers pe rsti rs tici ti cios ci oso os o

6 14 Férias Féri Fé riias as, Pra Pra Qu Pr Quee Te Que uero r ?! ro

16 6 Capa Naná Vas asco conc co ncel nc elos el o : Brav avvo, Retumbantte

12 12 22 Culttura Versátil

27 Livros

30 Poesia 16

Grat Gr atia at iaacqu ia ua

32 Negócios Qualidade e Marketing: O Exe xemp mplo mp lo da Ma Maçã çã

34 4 Div i ersatilidade Podia Ser Pior

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saúde

VOZ,

O OUTRO ESPELHO DA ALMA

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A voz não precisa ser bonita, não precisa ser melodiosa, mas precisa carregar em si a verdade de quem fala ou de quem canta. Se ela é honesta, chega direto no coração das pessoas. 7


saúde

m dia desses, assisti a uma palestra do Tom Zé, direcionada a fonoaudiólogos, professores de canto e otorrinolaringologistas, com a mesma criatividade, sensibilidade e inteligência que caracterizam suas performances. Ele iniciou, com uma Bíblia na mão, citando o Gênesis: “E Deus disse: faça-se a luz”. Logo em seguida, nos maravilhou com suas reflexões. Olhou-nos de frente e, com os olhos brilhantes, os braços abertos e a força da sua eterna juventude, soltou mais uma de suas pérolas: “Deus disse; Deus não fez. Vocês não podem nunca se esquecer de que trabalham com uma coisa poderosa, maravilhosa e preciosa, que é a voz!”. Fiquei arrepiada com aquela simples observação, tão carregada de sentido pra mim. Sempre adorei meu trabalho. Acho que o escolhi antes mesmo de aprender a fal Minha lar. Mi h mãe ã sempre di diz que eu, aos nove meses de idade, entoava canções com a melodia correta, sem saber articular uma palavra sequer. Sempre me maravilhei com os sons que a laringe humana é capaz de produzir, sempre imitei vozes de atores, de cantores, de personagens dos desenhos animados da minha infância. Fazer faculdade de música/canto e de fonoaudiologia foi decorrência natural deste interesse precoce. Trabalhar na área de Voz Profissional aconteceu quase que obrigatoriamente. Sou professora de canto, orientadora vocal do CoralUSP, cantora e fonoaudióloga especialista em voz. Sou intitulada Singing Voice Specialist nos EUA. Para mim, no entanto, é tudo a mesma coisa, a mesma pessoa, com um interesse quase obsessivo pelo estudo do fenômeno da voz humana em toda a sua plenitude, desde sua complexa fisiologia até os efeitos que ela causa na pessoa que a ouve.

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Na palestra do Tom Zé, ainda não havíamos recebido a triste notícia do câncer laríngeo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Lula é o exemplo do alcance deste fenômeno. A voz não precisa ser bonita, não precisa ser melodiosa, mas precisa carregar em si a verdade de quem fala ou de quem canta. Se ela é honesta, chega direto no coração das pessoas que a ouvem, sem rodeios, sempre causando algum tipo de reação. Nunca deixa indiferença no ar. Lula é a prova concreta disto. Torço pela sua completa recuperação! Nesses mais de 25 anos de experiência, trabalhando como professora de canto na habilitação de pessoas para o canto - ou como fonoaudióloga, reabilitando cantores - me encanto todos os dias, como se cada aluno ou paciente me trouxesse uma novidade. E é exatamente isto que acontece, pois a voz de cada um deles é um novo universo, i cheio h i d de galáxias, sóis, luas e estrelas. Agradeço a todos eles por tudo o que me fizeram aprender sobre o ser humano, sobre a voz humana e sobre mim mesma. São todos especiais em minha trajetória, sejam cantores profissionais, amadores ou pessoas que procuraram a minha ajuda para uma enfermidade mais complexa. Todas têm em comum o amor pelo canto, o desejo de cantar e a necessidade de se expressar através da voz e, portanto, merecem de mim atenção e respeito. Poderia fazer aqui milhões de relatos, desde o de um paciente idoso com Doença de Parkinson, prestes a gravar um CD com as músicas que canta de maneira tocante, ou o de um menino de oito anos, que chega praticamente sem voz e, após cinco sessões, canta lindamente no espetáculo de teatro da escola, com os olhos rasos d’água, sem acreditar na própria voz.


Poderia ainda relatar sobre centenas de alunos do CoralUSP, que, em uma parceria profícua comigo, desenvolveram e continuam desenvolvendo suas vozes, emocionando plateias desta enorme cidade. vozes cidade Sou eternamente agradecida a todos eles. Escolhi, no entanto, um relato que acabo de publicar no Boletim do CEV (Centro de Estudos da Voz) um importante instituto fonoaudiológico da área de voz (sob direção da Dra. Mara Behlau) - que tem causado grande repercussão entre os profissionais da área. Com a permissão da aluna (nomes e fatos foram alterados), resolvi contar sua história, tão tocante e tão ilustrativa de como a voz e a pessoa são uma coisa

só, inseparáveis, indissociáveis e, juntas, traduzem a perfeição que é cada ser humano. Apesar dos termos específicos da área, o texto ilustra de maneira simples como a laringe e, e concon sequentemente, a voz humana, estão à mercê dos acontecimentos da nossa vida. Ilustra, ainda, como o cantor é um instrumento musical diferente dos outros, pois anda, chora, tem indisposições físicas e mentais e tudo isto traz implicações e impactos importantes na vida de um profissional da voz, muitas vezes impedindo-o de expressar-se livremente nas tarefas mais corriqueiras de sua profissão.

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saúde

Relato

VOZ E EMOÇÃO: IMPACTOS NA VOZ DE UMA CANTORA Era o quinto velório no período de dois anos. O primeiro foi o do irmão, com quem mantinha uma relação difícil. O segundo, de uma prima, falecida há um ano após anos de luta contra o câncer. O terceiro, foi o de seu pai, que faleceu após anos a fio de uma depressão profunda. O quarto, de uma sobrinha, que, por erro médico, acabou sendo levada por uma septicemia após uma cirurgia de pequeno porte. Agora, uma tia querida faleceu por complicação de uma doença crônica, que até então estava controlada. Neste último velório, Luciana chorou por todas as perdas de sua vida, por tudo e por todos. Chorou por ela mesma e pelo casamento, que já há algum tempo passa por uma dura crise. Cantora profissional, Luciana havia me procurado meses atrás, com queixas vocais que evoluíram progressivamente após a morte do irmão. Apesar de ter relatado problemas na voz falada, sua maior queixa era relacionada à voz cantada. Havia perdido completamente o controle da mesma. Cantar, que outrora era simples e prazeroso, se tornara tarefa quase dolorida. Antes de me procurar, passou por um otorrinolaringologista, que não encontrou alterações importantes, relacionando suas queixas a questões de ordem emocional. Ao avaliá-la, observei a voz falada apresentando leve soprosidade - vulgo “ar na voz” - e canto bastante prejudicado, apesar do timbre agradável, com dificuldades em toda a extensão. O registro de peito era comprimido e os agudos fracos e tensos. Extensão e tessitura estavam diminuídas, já que a produção da voz com alguma qualidade se resumia a menos de uma oitava. A afinação, frente a estas dificuldades, estava bastante imprecisa, com tendência a baixar. Na passagem de um registro para o outro (principalmente em melodias descendentes), apresentava uma importante quebra involuntária, que, segundo ela, não acontecia anteriormente em seu canto. Sua expressão facial durante estes momentos dava a impressão de que ela sentia muito desconforto e dor, o que efetivamente não acontecia.

Beth Amin é fonoaudióloga especialista em voz, cantora, professora de canto e musicista.

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Durante três meses trabalhei suas dificuldades. Apesar de diminuírem bastante, não desapareceram. Relaxamento, massagem laríngea, tubo finlandês, um exaustivo trabalho de liberação do fluxo aéreo, fraseado e dinâmica. No final de cada sessão, sempre estava muito melhor, mas na sessão seguinte começávamos de novo, não do zero, mas do “3”. Em uma recente sessão, depois de ter chorado muito no dia anterior, sua voz estava completamente balanceada, sem quebras do fluxo aéreo e do registro durante a execução da canção. O registro de peito estava fácil e livre, assim como o de cabeça. Assim como eu, ela se surpreendeu com “a volta” repentina de suas habilidades no canto. Não pude deixar de refletir sobre o caso. Desde o início, eu vi o sofrimento de Luciana, tanto que a encaminhei para psicoterapia. Ela a procurou e vem sendo acompanhada desde então. Luciana havia deixado de dizer muitas coisas. Tinha, literalmente, algo “entalado” em sua garganta. Era nítido o sofrimento vocal quando passava da voz de cabeça para a de peito. Neste momento, o trato vocal parecia “trancar-se”. Como já escrevi em outras vezes, observo, nestes anos todos de trabalho com cantores, a intrínseca relação do registro de peito com a expressão, com o dizer. Vejo o tireo-aritenóideo - músculo que é o corpo das “cordas vocais” e responsável pela produção do registro de peito - como o músculo “do verbo”, do falar, do gritar, do chamar. Em Luciana, parecia estar impedido de agir livremente. Não sei como ela retornará nas próximas sessões, mas ambas sabemos que seu instrumento é perfeito. Tão perfeito, que não conseguiu ser refratário à vida. Estamos juntas nesta batalha, que, tenho certeza, Luciana vencerá.


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cotidiano

ONOFRE,

nofre não era muito supersticioso, mas não dava mole. Tinha sempre consigo uma corrente benzida por uma velha tia, negra baiana. Levava também uma pequena figa de ouro que ganhara de sua madrinha quando fez quinze anos. A madrinha já era morta há tempos, e ele, com carinho e lembrança, sempre antes de casa sair a beijava. Olhava para o céu, pedia bênção aos anjos e a bênção da madrinha pedia. Este ritual repetia todos os dias. E naquela terça-feira não fora diferente. Caminhando pela viela que dava para a avenida central, de repente teve seu caminho cortado por um gato branco, não desses gatos de rua, mas um angorá, gordo, bem tratado. Sorriu e disse para si, “o dia promete”. Parou na padaria, onde sempre tomava o café, cumprimentou a galera com um sonoro bom dia e percebeu que lá estava o apontador do jogo do bicho. Fez sua fé, 53, gato do primeiro ao quinto e jogou no coelho 37, também do primeiro ao quinto, afinal, o gato era branco. Pagou, com o troco tomou seu café e partiu para a cidade. Seu trabalho, se é que aquilo que exercia era trabalho, eram pequenos golpes, vendendo coisas compradas por 10 e vendidas por 50, “uma pechincha”, ele sempre dizia ao comprador incauto. Ou, então, corretagem de imóveis para pessoas desprovidas de documentos ou recursos. Assim ele levava a vida. Sua tarde era sempre no bilhar, com outros trapaceiros como ele. Foi lá que soube que ele havia ganhado uma boa grana, pois dera coelho na cabeça e em segundo o gato. Correu até o bicheiro, pegou a grana, passou na Candelária, deixou um tanto de esmola, passou no barbeiro, fez barba e unhas, pois à noite sabia que tinha a gafieira e que talvez encontrasse Maria Helena. 12


Maria Helena, mulata fogosa, há tempos com ele flertava, apesar de ser do Alfredão, negro alto, forte e dado a boas brigas. Mas hoje era seu dia de sorte. Voltou de táxi para casa, engraxou os sapatos, tomou um bom banho de cheiro e vestiu sua melhor roupa. Estava nos trinques. Olhou no espelho, se sentiu forte, viril, lindo e de muita sorte, afinal, o que tinha no bolso era dinheiro de meses. E lá foi ele, sem antes beijar a figa e pedir a bênção da madrinha. Caminhou pela viela, chegou à avenida, pegou uma lotação. Queria dar um tempo para não ser o primeiro a chegar à gafieira. Parou no centro, tomou um quebra gelo, encheu o peito e foi. A música corria solta; casa lotada. Entrou abrindo o paletó. Deu uma geral na casa e, lá no fundo, estava Maria Helena, sozinha. Olhou ao redor e não viu o Alfredão. Era seu dia de sorte. Maria Helena estava divina, com um vestido justíssimo, curto e com as costas à mostra. Perfumadíssima, quem diria que essa mulher, diziam as más línguas, ganhava a vida de maneira fácil. Mas quem era ele para julgar. Cumprimentou-a com um aceno de cabeça e um sorriso; ela retribuiu. Ele foi até o bar, pediu uma garrafa de vodca e dois copos e com a mulata foi sentar. Ela agradeceu a gentileza e começaram a conversar. Nesse interim entrou na gafieira um amigo do Onofre, que morava na mesma viela. Estava com o ar abatido, pode-se dizer até que de poucos amigos, mas como soube que o Onofre lá estaria, resolveu entrar. Buscou-o pelo salão e, ao vê-lo no fundo com Maria Helena, pediu para sentar. Claro, disse o amigo, estou aqui para festejar. Onofre aproveitou para mais perto de Maria Helena sentar e assim poder esfregar sua perna na perna dela. Ela riu quando percebeu a gentileza de Onofre. A noite seguia e, vez ou outra, Onofre convidava Maria Helena para dançar, deixando o amigo ali com seus pensamentos e tristezas. Eis que lá pela meia noite, com a garrafa já no final, Onofre foi ao banheiro e, por uma coincidência, nesse exato momento, o Alfredão chegou. Ao ver Maria Helena com um cara à mesa, enlouqueceu e partiu para cima do amigo do Onofre. Alfredão distribuía porradas a torto e a direito. Onofre saiu do banho e, ao ver o amigo apanhar, entrou na briga também. Resumindo a estória, foram todos para a delegacia, que ficava a duas quadras do salão. Seu amigo apanhou à beça; ele também uns bons sopapos levou e teve a roupa rasgada, sua única roupa de festa. O delegado começou a tomar os depoimentos e, pelos fatos já narrados acima, acabou liberando o Onofre, seu amigo e a Maria Helena, que também levou uns petelecos. Deteve apenas o Alfredão, um já conhecido da casa. Saíram os três. Maria Helena quis voltar ao baile, pois queria ganhar algum. Onofre e seu amigo voltaram para casa.

O amigo, no caminho, a lamentar, disse que esse dia devia apagar, pois tudo de mal lhe acontecera. Pois até o seu angorá branco, que ele adorava, havia fugido. Onofre gelou. Despediram-se, cada um seguiu para sua casa. Onofre tomou um banho, pôs umas ataduras nos ferimentos que ainda doíam, beijou sua figa e foi deitar. Pela manhã, quando acordou, seu corpo estava moído. Precisava comer algo. Vestiu sua roupa do dia a dia, abriu a porta, beijou sua figa, pediu a bênção à madrinha. Deu cinco passos, olhou o chão, viu um chaveiro com um pé de coelho ali perdido. Parou, pensou. Deu meia volta, entrou em casa, fechou a porta e se jogou na cama. Lembrou-se de uma frase da madrinha: “Com a sorte não é bom brincar”. Beijou a figa outra vez. F. Mar M cos Um m cara que acredita em sonnhos e planta amigos..

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FÉRIAS, PRA QUE TE QUERO?! 14

férias

oltos na natureza, vivendo o tempo telúrico marcado pelos movimentos da Terra, do sol e da lua, livres para pescar, caçar, colher, correr pelos campos: assim viveram nossos ancestrais neste planeta de meu Deus. O nascimento das fábricas e a Revolução Industrial trouxeram o sonhado progresso, que capturou nosso tempo e nos confinou ao espaço do trabalho. Nosso “tempo-vida” é vendido para empresas em troca de salário - “ganharás o pão com o suor do teu rosto”, nos diz a profecia bíblica, que se cumpre no ingresso do trabalhador no mercado de trabalho. Cabe apenas decidir o que fazer em sábados, domingos e feriados, mesmo assim, quando não vendemos as horas extras. Na labuta diária, cuja rotina embala nossa vida e nossos sonhos, as férias podem representar oásis. Digo “podem”, pois nem todos sentem conforto nesta conquista. Na história do trabalho, as férias foram uma surpresa para o trabalhador, que, até então, reivindicava melhores salários e redução da jornada de trabalho. O jurista Clóvis Beviláqua, em 1889, quando as férias foram instituídas para uma categoria, considerou-as um acinte aos interesses do progresso e uma ameaça ao regime democrático, já que aumentavam os poderes do proletariado. Só em 1925 as férias foram incorporadas à lei como o período anual de descanso remunerado. Em 1883, Paul Lafargue, revolucionário jornalista francês, lançou seu livro-manifesto, O Direito à Preguiça, em meio a efusivos discursos que faziam apologia do trabalho. Segundo o genro de Marx, o trabalhador deveria ter uma jornada máxima de três horas diárias, sob pena de perder a identidade humana e transformar-se em máquina: “A preguiça é o bálsamo das angústias humanas”, defendia. A expansão do capitalismo e da sociedade de consumo moldou nossa natureza ao trabalho. Todos anseiam por um bom emprego, sabendo que isso exige dedicação. Mas poucos conseguem encontrar no trabalho uma fonte de satisfação: a maioria despende “horas-vida” fazendo o que não gosta, consumindo tempo em rotinas e deslocamentos, restando a oportunidade de um mês de férias depois de doze trabalhados. O retorno ao paraíso perdido, com o trabalho sendo feito por máquinas, ainda não se concretizou, ou melhor, mudou um pouco a sua configuração perante a grande revolução tecnológica - e o mundo produtivo-tecnológico continua

a exigir o esforço humano em novas atividades. Por outro lado, as férias que vemos em filmes ou romances diferem das férias de hoje, que são pacotes programados, pagos em suaves prestações, que nos levam a ilhas de fantasia e consumo, domesticando nosso prazer. O mundo agitado e a falta de segurança não permitem mais que os pais acompanhem seus filhos nas férias escolares e nas viagens de lazer a fazendas, montanhas, praias. Os privilegiados vão a acampamentos coletivos para vivenciar atividades complementares, como aprender idiomas e praticar habilidades em informática - faça chuva ou faça sol. Em pesquisa feita por uma revista especializada em trabalho, observou-se um percentual representativo de pessoas que não gostam das férias. São pessoas que foram aclimatadas de tal forma ao mundo do trabalho, que se distanciar dele causa desconforto. Alguns revelaram insegurança e medo de perder o emprego, ou perder momentos representativos para a carreira. Outros, desacostumados com o convívio fora de rotinas e normas do trabalho, consideram desgastantes as atribulações e improvisos do tempo de férias. Sentem saudades do ar-condicionado, dos papos com os colegas de trabalho, do happy hour no final do expediente. Para estas pessoas, as férias em família tornaram-se uma aborrecida obrigação e sentem o ambiente de trabalho como seu verdadeiro habitat.


Podemos concluir que o mundo mudou e mudaram as pessoas. A aceitação da diversidade inclui aceitar novas condutas e costumes e, no caso das férias, resta o saudosismo da visita anual aos parentes do interior, que nos esperavam com as comidas da roça; o apito do trem no seu ritmo “café com pão manteiga não”; o cheiro da maresia e o rosto cheio de pomada para compensar as queimaduras de sol e até mesmo o piquenique com toalha xadrez e sanduíches de mortadela com guaraná para aqueles que não podiam viajar, mas que tinham muito a contar sobre a temporada livre para viver, pensar e amar, distante do som estridente do despertador chamando para o trabalho. A palavra estresse ou stress era desconhecida, mas hoje tudo é diferente: os naturebas suportam a falta de férias tomando noz-vômica; os demais, com prozac. Férias, para que te quero?!

Claudia Ramos Lessa é especialista em orientação profissional e planejamento de vida e carreira. www.planejamentodevidaecarreira.blogspot.com crlessa@terra.com.br

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Otavio de Souza


entrevista

eu nome é Juvenal de Holanda Vasconcelos, nascido em Recife, em 1944. Já iniciou a profissão de músico com 12 anos, com seu pai, numa banda marcial em sua cidade natal. Mas parece que foi o berimbau que o tornou um “encantador de gente”. Ver Naná Vasconcelos no palco é uma experiência inenarrável. Ele tem o poder de absorver o público e transportá-lo a um modo diferente de entendimento, de sensações que podemos ter a partir da música. Surge outro mundo - do qual, às vezes, não nos damos conta. Nos espetáculos, o público interage com a música, produzindo sons que complementam e tornam o trabalho de Naná único e envolvente. Ele tem um currículo impossível de resumir. Será que é mais importante o Naná ter projetos através dos quais ensina música para crianças, ou saber que ele toca quase todos os instrumentos de percussão? Ou que é reconhecido mundialmente como um dos maiores percussionistas, que acompanhou grandes nomes do cenário nacional e internacional, como Milton Nascimento e B.B. King? Ok: Naná é tudo isto e bem mais. Ele participou do III Festival Internacional da Canção, em 1967, onde conheceu Luiz Eça, Wilson das Neves, Gilberto Gil. Em 1968, acompanhou Geraldo Vandré no show “Pra não dizer que não falei das flores”, censurado na mesma época. Na década de 1970, viajou para Estados Unidos e Europa, mudando-se para Paris. Também atuou ao lado de Paul Simon, Jon Hassel, Egberto Gismonti, Pat Metheny, Jean-Luc Ponty, Evelyn Glennie e Jan Garbarek. Em 2011, foi agraciado com o Grammy Latino - na categoria Melhor Álbum de Música Regional - pelo seu mais recente trabalho, o álbum Sinfonia & Batuques, na categoria Álbum de Música Raízes Brasileiras. A Versátil apresenta um bate-papo informal com o músico, que mostra toda a sua genialidade misturada com toda a sua simplicidade - sem dúvida, onde há uma, está a outra. Naná Vasconcelos mostra isto ao dizer “quero sentir-me útil”.

Versátil: Naná, sua relação com a música se iniciou na infância. Como foi este encontro? Naná Vasconcelos: Sabe, eu nunca fiz nada em minha vida que não fosse música. Formalmente, nunca fiz nada, porque desde 12 anos de idade já era profissional. Tocava em casas noturnas onde tinha que pedir autorização do Juizado de Menores. E tinha que ter a autorização, porque, na época, as crianças eram crianças. V: Queria a sua opinião sobre o ensino de música nas escolas. NV: Na minha época, tinha música, canto orfeônico. Ouvíamos e aprendíamos sobre VillaLobos. Depois, desapareceu a música das escolas. Das artes todas, a música é a mais importante,

porque é a mais imediata. Ela mexe com as emoções, é o momento, vai do choro ao grito, educa, faz sonhar, ficar contente, chorar. Não quer dizer que é a maior das artes, mas a mais imediata. Minha vida toda foi com a música, mas nunca estudei. Hoje, eu vou a conMinha música servatórios ministrar vem do povo, cursos, workshops, mas minha melhor escola faz parte da vida foi a da vida. Convivi com diferentes tipos de música e músicas, folclórica, contemporânea. Nunca fiz nada além da música. V: Em 2010, vi seu

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entrevista

V: Em 2010, vi seu show no X Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros e notei que você faz um trabalho com o público. Esta interatividade é intencional em suas apresentações? NV: É isso. Foi o primeiro festival. Minha música é assim porque eu trabalho assim e minha música vem do povo, faz parte da vida. Aquilo lá foi maravilhoso. É o show que sempre faço, que construí, evidentemente, fora do Brasil, porque teria sido difícil, ou impossível, construir um show se eu estivesse ficado por aqui. V: Por quê? NV: Se eu tivesse ficado, teria acompanhado canários! Sou percussionista, não teria nem a oportunidade de sequer pensar em um show como percussionista. Não canto, não sou da palavra, então, o fato de ter ido para fora fez com que eu organizasse a minha vida como músico. É muito difícil fazer um show de percussão que seja musical. Aí vem a história de que mostro a história sem palavras, com a potência visual que existe na música. Meu trabalho é baseado em tudo o que ouvi de Villa-Lobos, que é muito visual. Ele pretende mostrar a você cenários do Brasil. Quando você escuta “O trenzinho do caipira”, você parece estar na janela do trem, vendo a paisagem. Peguei muito esse lado como inspiração. Sendo percussionista, sem palavras, tentava fazer um show que mostrasse os cenários do país. V: Então é intencional essa característica em seu trabalho? NV: Sim. É tentar fazer um espetáculo de percussão sem que vire uma competição de quem toca mais rápido.

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V: Há algumas músicas mais difíceis de ouvir. NV: Não sei bem se é isso. É um som do Brasil que o Brasil não conhece porque não toca no rádio. Mas são o verde e o amarelo que estão lá. É juntar os extremos, a coisa popular e folclórica, e tocar com sinfônica. Já toquei um concerto pra berimbau, que compus em 1980, na Alemanha, juntando os extremos: do primitivo, folclórico, seja como for chamado, com orquestra e tudo. A música instrumental ficou menos importante aqui, porque o Brasil sempre foi da palavra. Os movimentos no Brasil sempre foram mais da palavra do que da música. A bossa nova foi pra falar do amor, da solidão, do barquinho. O tropicalismo, de coisas suburbanas. A palavra sempre foi muito importante. Muito mais do que a música, o instrumental. V: Em relação a popularizar, a oferecer a música instrumental de forma democrática, houve algum avanço? NV: Houve um bom trabalho feito lá fora com Hermeto Pascoal, Egberto Gismonti e eu. Mas o Brasil nunca vai mudar, porque o Brasil é o país da palavra. Mas agora é muito mais um “ooô”, um mexe a bundinha pra cá, mexe a bundinha pra lá. Tem pra todo mundo! V: Existe música boa e música ruim? NV: O que tem é música popular e música “pra pular”! Mas a qualidade das duas é excelente, o Brasil tem essa qualidade. Você não vai dizer que a música da Ivete Sangalo, da Margareth Menezes, da Daniela Mercury é “pra pular”, porque é de uma qualidade excelente de harmonização, de produção, não é


V: O que acha de Michel Teló, que está em primeiro lugar no iTunes e em revista de distribuição nacional como o tradutor da cultura popular? NV: Quem? E ele fez o quê? V: Uma música que diz “Ai se eu te pego...”, que é o título da música também. NV: Isso daí é lixo. De certa forma, não vai levar a lugar nenhum. Isso daí não é música popular e nem “pra pular”. É oportunismo, como a lambada foi. Passa, tem nada a ver.

Daqui a pouco vai outro dizendo “posso não, vou não, quero não, sua mãe não deixa não...”. V: Por que esse tipo de fenômeno gera tanto dinheiro? NV: Porque é fácil e ainda tem os camelôs, a divulgação. V: E por que é “fácil”? NV: Pela falta de cultura do povo. O povo não lê, engole isso, ouve isso na praia. Isso não tem nada que ver com nada. É só aproveitação da falta de cultura que existe entre nós. A juventude não lê nada, uma pobreza cultural incrível. A minha geração leu e se politizou, foi presa, torturada até. V: O seu trabalho com crianças tem a ver com isso? É a sua forma de mudar as coisas? NV: Mudar o mundo, não! O ABC Musical me motiva. É um jeito de usar o que sei fazer para dar algo positivo, não uma solução.

Meu trabalho é baseado em tudo o que ouvi de Villa-Lobos, que é muito visual. Otavio de Souza

lixo! Tanto como a música popular.

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Otavio de Souza

João Rogério

Se o negro pensar ‘sou bonito, faço rastafári de butique, Abraçar toco tambor’ e pensar quequem isso é se ama, no

cultura... Não é!

sentido amplo

Tem que falar sobre cinema, do significado política, teatro. amar, Tem que ler. é algo revigorante. 20

João Rogério

extremamente


entrevista

O que quero é que o que eu sei fazer sirva de meio para despertar o sentimento de cidadania. V: Pode nos contar resultados legais deste seu projeto? NV: A cidadania. A música vai do silêncio ao grito. As crianças que participaram do ABC Musical nunca vão esquecer! A música mexe com as emoções, disciplina. Faz sorrir, chorar, fazer coisas juntos, meditar, dormir. A música tem essa potência. Faço isto porque fui uma criança pobre. Eu vou embora daqui a pouco, mas fazendo isso me sinto útil para o próximo. A criança é o futuro. E tem o sentimento de que eu sirvo para alguma coisa, o que sei fazer serve para alguma coisa. Não quero resolver o problema do mundo. Isso não vai ser possível. V: Você utiliza muito o termo “afro-culturismo”. Pode defini-lo pra gente? NV: Só pode fazer nexo se o afro tiver lido, tiver intelecto. Se o negro pensar “sou bonito, faço rastafári de butique, toco tambor” e pensar que isso é cultura... Não é! Morei nos Estados Unidos por 27 anos e lá o negro se politizou, se intelectualizou pra lutar pela igualdade. Então, o ponto principal é se educar. Tem que falar sobre cinema, política, teatro. Tem que ler. Esse termo é furado se você pega um negrão rastafári, bonitão e diz vem cá e pergunta: você sabe o que está acontecendo com a política, com o cinema, com a cultura? Não se pode fazer parte dessa burrice intelectual, de uma grande ignorância. V: Naná, você está satisfeito, feliz com seu trabalho? NV: Sinto que estou quebrando barreiras para encontrar oportunidades de fazer o que faz me sentir útil. Saber que o que faço é importante pro meu país. O que quero é que o que eu sei fazer sirva de meio para despertar o sentimento de cidadania, porque a criança é o futuro do mundo.

V: Qual o sentimento de ser premiado com o Grammy Latino 2011? NV: Em primeiro lugar, nunca esperava receber. Eu não tinha gravadora. Foi alguém anônimo que levou o CD e o maior gol está aí: não foi uma gravadora que empurrou, é muito mais gratificante por isso! Há dois anos, deixei de ganhar o Grammy Latino na categoria World Music. Não perdi nada, mas deixei de ganhar. Venceu a Daniela Mercury, que tem uma gravadora e é mais World Music do que eu. O que ganhei agora - numa categoria que não tinha nada que ver, porque era Música Regional - tenho que agradecer, porque é gratificante, maravilhoso. Tem coisa minha publicada em revistas me considerando como o melhor percussionista do mundo, mas eu não vou parar. Vou continuar fazendo o que sei fazer, o que pode ser útil, porque tô indo embora daqui a pouco. Quero ser útil. Tô muito contente, claro! Naná finaliza a entrevista dizendo: “Nunca desista de seus sonhos”.

A música instrumental ficou menos importante aqui, porque o Brasil sempre foi da palavra.

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cultura versรกtil

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MÚSICA ASSIS VALENTE NÃO FEZ BOBAGEM – 100 ANOS DE ALEGRIA. Celebrando o centenário do compositor (19111958), que, dos anos 1930 aos 1950, fez melodias e letras que são verdadeiras crônicas de costumes de seu tempo. Sua ironia, a paixão pelo samba e pelo Brasil estão nas vozes de Maria Bethânia, Carmen Miranda, Moreira da Silva. CLARA SVERNER PIANO – CHOPIN. Clara Sverner. Após dedicar-se a compositores brasileiros (Glauco Velasquez, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth), a pianista gravou a prestigiada integral das Sonatas de Mozart. A pianista traz interpretações de rara sensibilidade: peças intensas, romantismo e melodias esplêndidas. EDUARDO GUDIN & NOTÍCIAS DUM BRASIL - 3 TEMPOS. O primeiro DVD do compositor apresenta um retrospecto de sua trajetória de mais de 40 anos de carreira e 15 discos lançados. Com o grupo Notícias dum Brasil e participação de Mônica Salmaso, Fabiana Cozza e Renato Braz. Gravado ao vivo no SESC Pompeia em 2010. SINFONIA & BATUQUES. Naná Vasconcelos. O percussionista reuniu elementos da música brasileira de raiz e ritmos tradicionais em construções musicais inovadoras, com arranjos criativos de cordas, sopros, voz e percussão. O CD demonstra por que Naná é referência absoluta da percussão mundial. Vencedor do Latin Grammy 2011. UM DIA. Elis Regina. Registro completo, gravado ao vivo, dos shows realizados em 1979 no “Montreux Jazz Festival”. São dois CDs - um com a apresentação feita à tarde e outro com a feita à noite. Em 1982, o CD exibiu apenas uma delas. Agora, é possível ouvir versões inéditas de “Triste” (Tom Jobim) e “Corrida de Jangada” (Edu Lobo e Capinan).

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TEATRO

Bob Sousa

cultura versátil

HAIR. Um HAIR Uma ma comunidad comunidade de de hippies nova-iorquinos nova-iorq nova--iorquinos prega preg a liberdade, a paz, a esperança, p ança, o amor e a tolerância cia nas décadas dee 1960 e 1970. Dentr Dentre as 35 músicas, “Aqu “Aquarius” e “Let Let The Sun Shine”, ine”, e”, em que o manifesto manifesto daquela geração continua cont nua bem representado. entado. ntado. L Letra:: Ge Gerome ome Ragni e James Rado. M Música: úsicaa: Galtt MacDermot. MacDerm Versã Versão Ver brasileira: sileira: Claudio Botelho. Di Direção o: Charles harless Möller. Com Kiara Sass Sasso, Fernando rnando Rocha Roch e ggrandee elenco. T elenco Teatro Frei ei Ca Cane Caneca. Shop Sh ppingg Frei Caneca. Caneca Rua Frei Caneca, a, 569, Consolação (11) 3472 2226. 226. Até 29 de abril.

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Rinaldo Martinucci

FE IM DIABÓLICO. FESTIM DIAB LICO. Texto: o: Patrick Hamilton. Hamilton A peça, baseada ba da em fat fatos reais,, m misturaa cinema e teatro ao contar contar ar a história de dois jov jovens ens que ttransformam formam ormam teorias acadêm acadêmicas icas eem uma realid realidade eal ade arrepiante. arrepiante. Direção: D Direção ão:: Carlos Porto de And Andrade A dra e Jr. Com mA André An dré Fusko, Fusko o André Anndré Hendges, Hendges, es, Carlos Capeletti, Cape tti, Lu Lulii Miller, Patr Patrícia Pa ícia Vilela e Ricardo R Homuth. H uth Teatro o Nair N Bello Bell Bel ello. Shopping hopping Frei Caneca. Rua R Frei Caneca, 569, Consolação, Consola Co ação, (11) 3472 347 2414. Até 18 de d março. rço.

Guga Melgar

C MO SE COMO E TORNAR TORNA UMA SUPER MÃE EM EM 10 LIÇÕES LIÇÕES. Baseada ada no Manu Manua da Manual d Mãe Judia, de Dan Greenburg. rg. Um U filho judeu udeu tenta da dar umaa palestra, mas a mãe mãe o interrompe rrom pra ra saber sab r se está com roupas de frio. Ele rresolve lve contar o que fazz uma u edu educação ão superprotetora. Texto: xto: Paul Fuks. Tradução: Clara Carva Carvalho. o. Direção: Alexandr Alexandre Reinecke. Com Ana L Lúcia Torre, D Danton nton Mello, ello, Ary Ar Franç França, Flávia Ga Garrafaa e Luciano Gatti. Tea Gatti. Teatro Gazet Gazetaa. Avenida da Pau Paulista, 900, Bela Vista, sta, ((11) (11 32 4102. At 3253 Atéé 02 de junho. h

João Caldas

17 7 X NELSON ON - SE NÃO É ETERNO E ERNO NÃO É AMOR AM AMOR. Texto: Nelson R Rodrigues. Ro rigues. ues. Em um único nico espetáculo, um uma visão vi da obra teatral a d de Nelson elson Rodrig Rodrigues. es. São 60 personagen personagens ns e fragmentos de 177 peças com om tramas tra as familiares e tabus. s. Direção e adaptação: Nelson Baske Baskerville. C Com Adilson A A Azevedo, evedo, vedo Gabriela Ga iela Fontana, Michel Wa Waisman. aisman. Teatro de Arena Eugênio ugêni ên Ku usnet net. Rua Teodor Teodoro Baima, ima, 94, República, (11) 325 3256 9463. 946 Atéé 23 de fevereiro. evereiro


João Caldas

EXPOSIÇÃO

Ce a de Gnawa Cena aw

DANÇA DAS IM IMAGENS MAGENS – EXPOSIÇ EXPOSIÇÃO ÃO DE FOTOS OS DA SÃO PAULO COMPANHIA DE D DANÇA. NÇA. Um olh olhar para ara a diversidade, ersidade, para a força forç dos conjuntos tos e para a individuindi in idualidade de ccada bailarino da São Paulo Companhia de Dança Dan a é a tônica da exposição, xposição, que que reúne fotos de espetácul espetáculos espetáculo em m estações de m metrô. trô. Janeiro: Estação Brás. Fevereiro: Fevereiro: Es Estação ção Paraíso araís . Março: Mar Estação L Março Luz. “Calle de Barcelona”, de JJoaquín Torres G Garccia

“Paisagem”, m” de d Tar Tarsila do Amaral

JOAQUÍN TORRES GARCIA: GEOMETRIA, OMETRIA, CRIAÇÃO E PROPOR PROP RÇÃO. O uruguaio PROPORÇÃO. uruguai urugu Torres Garcia (1874-1949) é um dos mais expressivos e pressivos artistas lati latin latino-am latino-americanos mericanos da primeira prim m metade do século XX. X. Cercaa dee 150 obra obr obras, entre e tre pinturas, aquarelas, aqu colagens, desenh desenhos hos e afrescos escos scos cos estã estão nna mostra. stra. Pinacoteca acotec do E Estado o de São Paulo. Praçaa da d Luz, L Lu 2, Luz (11) 3324 1000. 1000 Até 26 de fever fevereiro. ro. O RETORNO DA COLEÇÃO TAMAGNI: TAMA NI: ATÉ A AS ESTRELAS ST TRELAS T RELAS PO POR CAMINHOS DIFÍCEIS. DIFÍCE . Doação Do oação póstuma uma ma de Carlo Tamagni, Tama ni, colecionador e conse conselheiro heiro do museu, aC Coleção ção tem obr obras modernistas de Tarsila do o Amaral, Ama Aldo Bonadei, B onadei, Franc Francisco c sco Rebolo, bolo, e da vanguarda de 1940-50, 940-50, 40 50 com m Fernando Lemos, emos, Livi Li Livio Abramo, Arnaldo Pedroso d’Horta. d’H rta. Grátis du durante urante ante as férias escolares: e ares: 12/01 a 22/02. MAM MAM.. P Parq que do Ibirap Ibirapuera, puera, uera, Avenida Pedro Pedro Álvares Cabral, abral, s/nº, portão po 3,, Ibirapuera, Ibir ra, a, (11) 5085 1300. 1300. Até 11 de m ma março. arç OS P PRIMEIROS RIMEIROS 10 AN ANOS. Comemorando ndo do 10 anos, o Inst In Instituto Tomie Tom ie Ohtake exibe um u panorama panoram daa arte arrte brasileira rasileira do iinício nício do século éculo XXI. X São cerca rca de 50 expoentes ex ente tes da nova ge geraçã gerração, o, como Carl com Carla Chaim,, Eduardo Edu Berli Berliner, er, Felipe Felip Cohen, C hen, Luc Lucas Arruda, Rodrigo Ar drigo Bivar, Bivvar,, Thiago T Martins Mart ns de Melo, M Tia Tiago T Tebe bet. IInstituto o Tomie Oh Ohta Ohtak ake ke. Avenida F Faria ria Lima, Lim 201, P Pinnhei eiros, (11) 2245 45 1900. Até 2266 de fev fevereiro.

Ana Elisa A El EEgreja, PPoça, 2011, Ól Ó Óleo sobre b tela, l 200 X 300cm

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cultura versátil

ROMA - A VIDA E OS IMPERADORES. Quadros e esculturas retratam a vida social e familiar do povo romano. É possível acompanhar a trajetória do Império Romano da fundação ao declínio. O acervo veio do Museu Arqueológico Nacional de Florença, do Museu Nacional Romano e da Galeria Uffizi. Curadoria: Guido Clemente, professor de História Romana da Universidade de Florença. MASP. Avenida Paulista, 1.578, Bela Vista, (11) 3284 0574. Até 01 de abril.

Cícero, Arquivo da Galeria Uffizi

SETE VEZES CIDADE. Comemorando o aniversário de São Paulo, a mostra exibe 35 obras de sete artistas com visões diversas da cidade. Gregório Gruber, Marilda Passos, Rubens Ianelli, Carlos Bracher, G. Fogaça, Marcelo Solá e Laura Michelino refletem sobre a organização dos espaços e a heterogeneidade social. Grátis. CAIXA Cultural São Paulo. Avenida Paulista, 2.083, Cerqueira César, (11) 3321 4400. Até 04 de março.

“Avenida” de G. Fogaça

CINEMA A IINVENÇÃO NVENÇÃO DE HU HUGO UGO CA CABRET. ET. Baseado nnaa obra dee Brian Selz Selznick. S k. Hugo, 12 anos, perde erde rde os pais e vive com com um m tio t numa estação de trem em de Paris. Conhece Conhece a garota Isabelle, Isabelle que uee o ajuda a solucionar soluciona o mistério stério que qu envolve e ve o pai e um robô. bô. Direção: Martin Scorsese. Scorseese. Com: om: Ben Kingsley, Jude Jude Law, Laaw, Helen McCrory. McC ory. Es Estreia: 17 de fevereiro. AN ANÔNIMO. NÔNIMO. ÔNIM Quando a Inglaterra terra ac acompanha acompanha a sucessão da Rainha Elizabeth I, su surge ge a te teoria ia de que Edwa Edward Dee Vere, re, Conde Co de Oxford, é o autor das peças assinadas assinad assin das p por Shakespeare. Um Sh Um investigador invest gado dor tenta descobrir deescobrir a verdade. ve verdad Direção: Roland Emmerich. Emmer E merich. Com Rhy Rhys Ifans, fans, ns, Vanessa Redgrave, R Sebastian ebastian Armesto. E Estreia: reia: 17 de fevereiro. O PORTO. Escritor ritor se exila exi volunta voluntariamente amente e vira engrax engraxate, ate, prof profissão ão que lhe dá o sentimento de d proximidade das pessoas. ssoas. O destino põe em seu caminho uma ma criança cria negra e ele ttem m que suportar a indiferença diferen humana. mana. Direção: Direção: Aki Kau Kaurismäki. Kauurismäki. mäki. Com Co André Wilms, Kat Kati Outinen, utinen, Jean-Pierre Je n-Pierre Darroussin. D n. Estreia: Estreeia: 033 de d fever fevereiro. verei o. SETE DIAS COM MAR MARILYN. RILYN. Colin olin Clark, Clark empreg empregado de Sir Laurence Olivier, O vier, documenta docume documenta ta a tensa nsa interação entre o diretor dire dee cinema e M Marilyn Monroe na sem semana de pro produção dução d do filmee “O Prín ríncipe Encantado”. tado”. Direção: Direç Simon mon Curtis. Curt Com m Michelle Williams, Wil W e, Julia Ju a Ormond, Ormo E Emma Emma Watson, Wats son, Kenneth th Branagh, Bran Jim Carter. Carte Estreia: 10 de fevereiro.

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LIVROS A LUA NO CINEMA E OUTROS POEMAS. Org.: Fábio Zimbres. De Caetano Veloso a Sophia de Mello Breyner Andresen, de Manoel de Barros a Fernando Pessoa, a coletânea reúne autores da poesia de língua portuguesa e realiza um mapeamento poético dos séculos XX e XXI. Destinado especialmente aos jjovens. Companhia das Letras. AS MELHORES HISTÓRIAS DA MITOLOGIA CELTA. A. S. Franchini. A autora acompanha as histórias criadas e legadas pelos celtas em suas andanças por terras que hoje se denominam Bélgica, Itália, Espanha, França, Grã-Bretanha e Irlanda, onde se fixaram. Com glossário para facilitar a leitura. Editora Artes e Ofícios. BANANAS PODRES. Ferreira Gullar. Maior poeta brasileiro da atualidade, Ferreira Gullar apresenta neste livro, em textos manuscritos, uma reunião de seus poemas intitulados “Bananas podres”, acompanhados por uma série de pinturas e colagens inéditas feitas por ele especialmente para esta edição. Casa da Palavra. BIODIVERSIDADE EM QUESTÃO. Henrique Lins de Barros.

A obra apresenta a história da vida na Terra e sua atual degradação ambiental, propondo uma nova abordagem para a preservação dos ecossistemas ainda não destruídos, entendendo-a num sentido global, indissociável da cultura e da cidadania. Editora Claro Enigma. CAMINHANDO NA CHUVA. Charles Kiefer. Edição comemorativa de 30 anos da obra. Túlio, um jovem pobre, vive numa pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Com a literatura na alma, escreve e conta a própria história: medos, amores, sonhos, desilusões. Livro de estreia do autor, um clássico juvenil. Editora LeYa.

COM OLHOS DE MENINA. Encarnació Martorell i Gil. A autora tinha 12 anos na época da Guerra Civil na Espanha e escreveu um diário sobre tudo o que ocorria em meio a bombardeios. Comparado a O Diário de Anne Frank, o livro se distingue por ter sido escrito quatro anos antes e pelo destino menos trágico da autora. Editora Record. CONTOS MACABROS - 13 HISTÓRIAS SINISTRAS DA LITERATURA BRASILEIRA. Org.: Lainister de Oliveira Esteves. Mestres da literatura brasileira, como Machado de Assis, Aluísio Azevedo e João do Rio, fazem do terror sua lição principal. Não se escapa à sedução do mesmo, sutil ou sanguinolento, travestido de palavras. Escrita Fina. CRUZ E SOUZA. Paola Prandini. Nascido quando a escravidão ainda existia no Brasil, Cruz e Souza é um de nossos maiores escritores, mas, por ser negro, teve grandes dificuldades para sobreviver, morrendo de tuberculose. O livro analisa sua obra, o engajamento a favor da abolição, a vida marcada pelo preconceito. Selo Negro. DIÁRIO DA TUA AUSÊNCIA. Margarida Rebelo Pinto. Uma história de amor entre uma mulher e um estrangeiro, que, em situação improvável, se encontram só para terem de se afastar. A narrativa é uma carta comovente, um desabafo escrito por uma mulher que, devido à sua fé no amor, nunca desisti de amar. Bertrand Brasil. DIÁRIO DE OAXACA. Oliver Sacks. Trad.: Laura Teixeira Motta. Oliver Sacks acompanhou um grupo de botânicos e cientistas amadores em excursão no México. Observando o grupo, revela que a ciência nasce do interesse genuíno e apaixonado de amadores cuja erudição não supera a vontade de descobrir fatos novos. Companhia das Letras. DRIVE. James Sallis. Livro que inspirou o longa estrelado por Ryan Gosling. Um cara misterioso, conhecido como “Piloto”, é o melhor dublê de cenas automobilísticas em Los Angeles, mas acaba virando um motorista de fuga, que, após um roubo mal-sucedido e com uma mala com milhares de dólares, se envolve numa caçada em que é o alvo. Editora LeYa. 27


cultura versátil

ESCRITOS EM VERBAL DE AVE. Manoel de Barros. O poeta retrata a morte de Bernardo, personagem importante de sua obra. Ele escrevia em verbal de ave, e seus escritos são encontrados. Fala, com voz inocente, da mania de “luxúria das palavras”, da paixão pela natureza e a compreensão dos animais. Editora LeYa. FAB – A INTIMIDADE DE PAUL McCARTNEY. Howard Sounes. Trad.: Patrícia Azeredo. Autor de Down the Highway H – The Life of Bob Dylan, Sounes investigou aspectos da vida e obra do ex-Beatle através de mais de duzentas entrevistas com pessoas ligadas ao astro. A biografia mais rica e abrangente já escrita sobre Paul. Editora Best Seller. FURACÃO ELIS. Regina Echeverria. Biografia revista e ampliada. Elis Regina é considerada por alguns críticos a melhor cantora brasileira. A autora relata a trajetória não apenas da música de Elis, mas de um país que tinha na voz da Pimentinha um motivo para protestar. Inclui a discografia completa da cantora. Editora Leya. HISTORIETAS ASSOMBRADAS PARA CRIANÇAS MALCRIADAS. Victor-Hugo Borges. O projeto nasceu como um curta-metragem e já ganhou vvários prêmios. Personagens do folclore brasileiro, monstros e criaturas estranhas estão nas histórias da Vó-Vovó, que fazem qualquer criança malcriada correr para debaixo da cama. Editora LeYa. NOVOS VELHOS. Léa Maria Reis. A jornalista fala do envelhecimento da população e como isto afeta as políticas previdenciárias. Trata de como os idosos são inseridos ou marginalizados na sociedade atual. Para entender os novos velhos, que exercem a cidadania, votam, produzem, decidem, participam, agem. Editora Record. 28

O CADERNO DE MAYA. Isabel Allende. Diferentemente de seus tradicionais romances, este se passa nos dias atuais e apresenta a trama de uma garota americana de 19 anos que encontrou refúgio em uma ilha remota da costa do Chile depois de cair em uma vida de drogas, crime e prostituição. Bertrand Brasil. O GANSO, O MARISCO E OUTROS PAPOS DE COZINHA. Breno Lerner. São 36 contos desvendados v de forma divertida, permitindo ao leitor conhecer e entender melhor o que se come e por quê. O primeiro livro de receitas, a primeira receita escrita conhecida e algumas outras histórias curiosas estão no livro. Editora Melhoramentos. O MAL LIMPO. Michel Serres. Trad.: Jorge Bastos. Em seu novo ensaio, Serres mostra que, para se apropriar de um lugar, homens e animais irracionais marcam território com excrementos e dejetos. Por que é necessário poluir? Um livro de filosofia simples e contemporâneo que aborda um tema que afeta a todos. Bertrand Brasil. OS MENINOS DA CONGADA. José Santos. A cor e a beleza da Congada de Ilhabela na festa de São Benedito, que há mais de 100 anos se mantém viva. A Congada conta a luta entre os cristãos e os mouros na África, no reino do Congo. As fotografias de Maristela Colucci contemplam momentos importantes da festa. Grão Editora. OS MONSTROS DO CARTÓGRAFO. Rob Stevens. Walter Bailey e seu sobrinho Hugo são cartógrafos de um navio e analisam ilhas misteriosas. Walter é capturado por um rato gigante e Hugo, com a ajuda de criaturas estranhas, tem que salvar o tio enfrentando seres maravilhosos, como os temidos bufalogros. Bertrand Brasil.


PÁGINAS DO FUTURO – CONTOS BRASILEIROS DE FICÇÃO CIENTÍFICA. Org.: Braulio Tavares. Rachel de Queiroz, Rubem Fonseca e outros apresentam o melhor dessa literatura entre o real e o imaginário. Do romance científico à literatura pulp, da especulação filosófica ao avanço científico da robótica e informática. Casa da Palavra. PIXINGUINHA, O GÊNIO E O TEMPO BRASILEIRO. André Diniz. Biografia do músico carioca que imprimiu modernidade e sofisticação ao nosso repertório, criando clássicos como “Carinhoso” e “Rosa”. Com cerca de 200 imagens e CD com músicas gravadas por grandes nomes da música brasileira. Casa da Palavra. POR QUE OS HOMENS PREFEREM AS DIVAS. Miss Piggy. A musa de Hollywood, que assumirá a direção da Vogue Paris em 2012, fala às mulheres como transformar sapos em príncipes. Um consultório sentimental em que Piggy responde dúvidas que vão da moda ao amor, distribuindo alfinetadas para os homens de plantão. Editora LeYa. REVISTA SERROTE 9. A revista traz, entre vários ensaios, narrativas de escritores frente a Paris pela primeira vez. William Faulkner (1897-1962), Paulo Mendes Campos (1922-1991) e Julio Cortázar (1914-1984) descobrem a cidade de formas diversas e revelam o fascínio que exerce sobre os escritores. Instituto Moreira Salles. SAMBURÁ DE LENDAS. Blandina

Franco. O peixe de um menino pescador é roubado. Ao procurálo na Floresta Amazônica, o garoto encontra personagens de lendas do Norte, muitos desconhecidos do público. As folhas, barcos, flores e animais ganham formas lúdicas, que recheiam as páginas com um estilo único. Editora Leya.

TCHAU CHUPETA. Taciana Barros, Edgard Scandurra, Arnaldo Antunes e Antonio Pinto. O livro sugere que largar a chupeta pode ser algo divertido e inicia uma consciência ecológica, mostrando quanto tempo a chupeta e outros materiais levam para se decompor e a importância da reciclagem. Ilustrações: Cláudia Briza. Editora LeYa. UM CORAÇÃO CHEIO DE ESTRELAS.

Alex Rovira e Francesc Miralles. Um garoto órfão que nunca conheceu os pais é a criança mais feliz do orfanato, pois tem um segredo: o sorriso de Erin, sua melhor amiga, por quem é apaixonado. Ela entra em coma e uma senhora diz a causa: falta de amor devido ao abandono. Editora Lua de Papel. UM FIO DE AZEITE. Rosa Nepomuceno. Com roteiro da região da Úmbria em direção à Toscana, Rosa passa por cidades como Perugia, Assis e Lucca. Entre degustações de pratos e azeites, conta a história do óleo de oliva e dos seus processos de produção. O livro mostra por que a Itália produz azeites fantásticos. Casa da Palavra. UMA PATADA COM CARINHO.

Chiquinha. Histórias da personagem Elefoa cor-de-rosa marcam a estreia em livro da cartunista Fabiane Langona, a Chiquinha, que já teve trabalhos publicados na Folha de S. P Paulo e no Le Monde Diplomatique. Um recorte dos dilemas femininos com o humor áspero e às vezes cruel da autora. Editora LeYa. ZUM. Primeira edição da revista de fotografia do Instituto Moreira Salles. Zum mostra toda a amplitude do universo fotográfico com ensaios inéditos de fotógrafos como Julio Bittencourt, que fotografou a praia de Ramos sem retoques, e Jeff Wall, que abriu as portas dos museus para a fotografia. IMS.

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Santas águas g que vêm das chuvas, q

Bem-aventuradas sejam as nuvens, assim na terra como no céu.

E q que os ventos da Atmosfera f espalhem p suas g graças molhadas p por todo p planeta, garantindo a umidade no p g ponto ideal para aqueles p q q que vivem na Terra.

E q que a sua inteligência g mineral não seja jamais superada p p por ações desvinculadas dessa grande harmonia. Amém.

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negócios

QUALIDADE E MARKETING: O EXEMPLO DA MAÇÃ

Para todos os produtos, sempre é possível afirmar que nunca são os melhores, que sempre existe a possibilidade de receber a melhor maçã.

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Esta é a história de um cozinheiro de mediana experiência que se vangloriava de fazer boas iguarias. No hotel cinco estrelas onde começou a trabalhar, uma de suas principais incumbências foi preparar uma maçã assada para uma senhora milionária e muito exigente, que todas as manhãs pedia aquela refeição. Ele afirmava: “Vou cozinhar a maçã assada mais saborosa do mundo!”. O maitre e o cozinheiro chefe, veteranos de experiência, sorriam incrédulos. No entanto, após o desjejum, a senhora disse que realmente havia comido a melhor maçã assada do mundo. Espantados, o maitre e o cozinheiro perguntaram qual era o segredo. Após fazer charme, demorar na resposta – utilizando o que os publicitários chamam de teazer, que significa cutucar, despertar, criar curiosidade –, o cozinheiro respondeu: “Simples, eu coloquei o recheio de duas maçãs em uma só. Em decorrência, a maçã ficou mais estufada, o recheio mais saboroso e em maior quantidade e qualidade. Deu o dobro do trabalho, é verdade. Mas ganhei uma cliente cativa e fiel ao meu produto”.


A histĂłria serve para ilustrar o que ĂŠ possĂ­vel com trabalho dedicado, utilizando o conceito de marketing expresso pela frase “o consumidor como razĂŁo de ser da empresa.â€?. Para todos os produtos, que na realidade sĂŁo mercadorias, serviços e ideias, sempre ĂŠ possĂ­vel afirmar que nunca sĂŁo os melhores, que sempre existe a possibilidade de receber a melhor maçã. Este recheio da maçã pode significar aquele algo a mais que diferencia um produto em relação a seus concorrentes (aparentemente iguais), e que leva o cliente a ter fidelidade de marca. Neste recheio, o fator qualidade ĂŠ fundamental.

Ernani Beyrodt ĂŠ administrador de empresas, advogado, Mestre e Doutor pela EAESP-FGV na ĂĄrea de Marketing, consultor e professor universitĂĄrio.

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Figueiredo - Ricardo - Maria JosĂŠ Rua Alvarenga, 1203 ButantĂŁ SĂŁo Paulo SP Fone (11) 3815 7687


diversatilidade

stavam à deriva. O barco que haviam usado para passear trincara o casco, e, antes que afundasse, foram obrigados a ocupar um minúsculo bote salva-vidas para quatro pessoas. Todos os oito ocupantes. Amontoados e apreensivos, temiam que a instável barquinha os lançasse naquele mar sem fim. — Não acredito que estamos os oito num barco para quatro pessoas! — disse Red Angus. — Podia ser pior, tio — disse docemente Poliana, que sempre tinha um bom pensamento para uma situação de desespero — imagina se fôssemos 12 pessoas! — Sim... — foi obrigado a admitir o tio, desarmado pela lógica impertinente e pelo otimismo virtuoso de Poliana. Já tia Isária estava agoniada demais para prestar atenção à conversa. Numa explosão de desespero, desabafou em voz alta: — Deus do céu! Tira a gente desse inferno! Estamos há três dias sem comida e sem água! — Calma, Isária! — disse Bartonella, procurando acalmar a irmã. Mas foi Poliana quem soltou a palavra amiga: — Tia, pense que podia ser pior. Imagine se estivéssemos há mais de uma semana em alto mar... Sim, era verdade. Uma verdade inegável: uma semana era pior que três dias. Mas isso não tornava aqueles três dias particularmente confortáveis sob um sol tórrido. Um silêncio pairou no ar. Todos ali queriam reclamar da situação, soltar um desabafo, evocar uma praga, vociferar um resmungo, algo que aliviasse o espírito da opressão do momento. Mas a presença da pequena e virtuosa Poliana os inibia. Perfírio, irmão de Isária, resolveu mexer na água com os dedos para compensar uma imprecação que sua boca ansiava vomitar para fora. Súbito, gritou: — Oh, meu Deus! Esse peixe desgraçado comeu meu polegar! Todos olharam para ele estupefatos. O sangue brotava da sua mão tal qual a água de uma fonte. Rapidamente Quézio arrancou um pedaço de sua camiseta e tentou fazer um torniquete para estancar a sangria. Quando ele conseguiu estabilizar o vazamento, tio Perfírio praguejou e fez uma expressão de dor. Poliana interveio: — Tio, olhe as coisas sobre outro ângulo: imagine se o peixe tivesse comido sua mão inteira! O senhor teria ficado maneta! Sim, podia ser pior. A mão, talvez o braço. “Ou a sua língua, menina dos infernos”, pensou Perfídio. Sempre certa na sua lógica impecável, Poliana exercia um tipo de filosofia diabólica, escondendo sob um manto de otimismo impoluto uma forma de embrutecer a sensibilidade humana. Impedidos de expressar os sentimentos à flor da pele, as pessoas se calavam sob o peso da culpa, pois afinal, podia ser pior. E não era moralmente aceitável se lastimar, se havia pessoas em situação mais angustiante. O otimismo tornava-se uma obrigação, já que era uma virtude. — Ela tem razão, — disse Barnacopos — não sei o que o atacou, mas poderia ter levado sua mão inteira ou seu braço. Perfírio não aguentou: — Não suporto mais o otimismo irritante dessa menina!

— Perfírio! — exclamou Barnacopos. Nessa hora todos notaram que um dos lados da barquinha estava levemente inclinado. — Está entrando água no barco! Vamos afundar! — disse Red Angus. — Ainda bem! — retrucou Poliana. — AINDA BEM O QUÊ, MENINA?! — gritou Barnacopos, perdendo a paciência que demostrara há apenas um minuto. — Ainda bem que todos sabem nadar! Podia ser pior... Um clima estranho começou a tomar conta de todos no barco enquanto tentavam tirar a água de dentro com latas de leite em pó. Enquanto isso, Perfírio virava os olhos e caía no ombro de Nazária. — Ai, Jesuis! Ele desmaiou! Quando atentaram, perceberam que Perfírio se finara. O sangramento havia sido muito forte. — Perfírio... coitado... bateu com a alcatra na terra ingrata... — lamuriou-se Isária. — E agora, menina? Continua otimista? PERFÍRIO ESTÁ MORTO! — disse irritado Barnacopos. — Mas nós estamos vivos. E isso é uma bênção! Sim, era verdade. A sua lógica diabólica funcionava mais uma vez. Não consolava sobre o fato de estarem à deriva, de terem perdido Perfírio e do barco estar afundando, mas realmente podia ser pior, e todos se calavam diante da verdade. Quando o barco afundou por completo, sete almas lutavam para se manter flutuando no mar. O sol escaldante cozinhava a cabeça de todos. Nazária não suportava mais: — Não aguento mais este sol a queimar-me os miolos! — Tia Nazária — retrucou docemente Poliana — pense que podia ser pior: já imaginou se a senhora fosse careca? — EU SOU CARECA! — gritou Barnacopos com os olhos injetados de ódio — meu couro cabeludo está parecendo um carpaccio! Um silêncio de alguns segundos pareceu finalmente sepultar as intervenções da pequena Poliana. Ledo engano. — Tio Barnacopos, pelo menos o senhor está vivo. Tio Perfírio está morto. — E VOCÊ VAI PRO MESMO LUGAR QUE ELE! — Calma! — Não, Barnacopos! — gritou Red Angus. Quézio e Nazária, meio contrariados, seguraram Barnacopos antes que ele fizesse alguma besteira. Enquanto isso, Poliana, cada vez mais Poliana, sentenciava: — Gente, melhor morrer em companhia que morrer solitário, vocês não acham? Nessa hora, um imenso tubarão branco que serpenteava há algum tempo abaixo do grupo subiu e, numa abocanhada única e certeira, engoliu a virtuosa e edificante Poliana. Nem rastro de sangue ele deixou. Todos se entreolharam espantados, se bem que aliviados. Mais tarde, já em terra firme, eles ficariam sabendo que o tubarão se chamava Eleanor H. Porter. Alexandre Lourenço é veterinário, microbiologista, professor, bípede, mamífero e, agora, escritor. Não necessariamente nesta ordem. duralex@uol.com.br - www.microbiologia.vet.br



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