abdominal, sendo bem exemplificado pelas gorduras mesentérica, omental e retroperitoneal. Os adipócitos constituem a maior massa do TA branco (correspondem aproximadamente a 50% das células). As células remanescentes são frequentemente referidas como células do estroma vascular e compreendem pré-adipócitos, fibroblastos, células endoteliais, pericitos e células imunológicas (monócitos/macrófagos e linfócitos). Vasos sanguíneos, matriz de fibras colágenas e nervos também são estruturas presentes no TA branco. Os depósitos subcutâneos apresentam, em geral, adipócitos de maior tamanho, ao passo que adipócitos menores são mais frequentemente encontrados no tecido visceral. Fisicamente, o TA branco atua como suporte mecânico, provê proteção contra choques mecânicos, é um excelente isolante térmico e, por se encontrar inserido em músculos e vísceras, facilita o deslizamento entre esses tecidos. O TA é o maior reservatório de energia do ser humano e desempenha um papel crucial na regulação homeostática de lipídios, de acordo com as exigências fisiológicas do organismo. Tal regulação se dá em relação a três processos vitais para a manutenção da homeostase orgânica: captação de ácidos graxos (AG), lipólise e lipogênese. Durante os períodos em que a oferta de calorias excede o gasto energético corporal, os adipócitos – os constituintes mais importantes do TA – captam os ácidos graxos livres (AGL) da corrente sanguínea e os armazenam na forma de TAG em gotas lipídicas intracelulares. Por outro lado, durante períodos de jejum e de excessivo consumo energético, os TAG são hidrolisados e liberados na corrente sanguínea, e os AGL podem ser utilizados como substratos metabólicos e moléculas sinalizadoras em tecidos distantes. A capacidade de um adipócito armazenar – processo denominado lipogênese – e/ou liberar – processo denominado lipólise – as moléculas de TAG é regulada por sinais humorais e neuronais, tais como insulina, hormônios da tireoide, hormônio do crescimento (GH), glucagon, catecolaminas, glicocorticosteroides, citocinas, esteroides sexuais e outros, atuando sobre uma gama bastante diversificada de enzimas e proteínas reguladoras específicas.
METABOLISMO DO ADIPÓCITO Lipogênese Para a biossíntese de TAG, o adipócito necessita de glicerol-3-fosfato e de AGL complexado com co-
108-Nutricao e Metabolismo - cap-01.indd 5
enzima A, formando a molécula de acilcoenzima A (acilCoA). A principal fonte de AGL são as lipoproteínas circulantes (quilomícrons e lipoproteínas de densidade muito baixa [VLDL]), que são submetidas à ação da enzima lipase de lipoproteínas (LPL), presente nas células endoteliais dos capilares do TA.17 Assim, os AGL são liberados das partículas de lipoproteínas e captados pelos adipócitos. Há dois mecanismos de transporte de AG através da membrana plasmática celular do adipócito: difusão simples e difusão facilitada mediante um sistema de proteínas transportadoras de ácidos graxos. A maior proporção da captação se dá por difusão facilitada e, entre as proteínas que participam desse processo, foram descritas a CD36, presente em inúmeras membranas biológicas, e a proteína transportadora de ácido graxo (FATP).18 No citoplasma do adipócito, o ácido graxo ligase à proteína ligadora de ácido graxo (FABP), que o transporta para ser acilado com coenzima A. A acilação é executada pela proteína integral da membrana, a acilCoA sintase. Concluída essa etapa, a acilCoA é esterificada com glicerol-3fosfato pela ação das enzimas glicerol-3-fosfato aciltransferase (GPAT) e diacilglicerol aciltransferase (DGAT), e o TAG formado é transferido para a gotícula lipídica citoplasmática.19 Esse processo é a lipogênese clássica e contribui com 80% da quantidade de TAG armazenados no adipócito. O restante dos TAG (20%) é fornecido pela lipogênese de novo, que se refere ao processo de síntese de AG e à subsequente síntese de TAG a partir de uma molécula não lipídica, principalmente carboidratos.20 Quando a glicose é o principal substrato para a síntese de AG, as enzimas da via glicolítica podem ser consideradas uma extensão da lipogênese. As reações da glicólise, do ciclo de Krebs e a síntese de AG por si dão origem ao esqueleto carbônico dos AG e ao glicerol.21 As reações que geram fosfato de dinucleotídio de nicotinamida e adenina reduzido (NADPH) fornecem átomos de hidrogênio para os AG. Nas reações de síntese de AG, as enzimas acetil-CoA carboxilase (ACC - catalisa a conversão de acetil-CoA em malonil-CoA) e ácido graxo sintase (FAS - catalisa a conversão de malonil-CoA em palmitato) estão localizadas no citoplasma e catalisam a conversão de acetil-CoA em palmitato. Sob condições que favorecem a síntese de ácidos graxos, a enzima mitocondrial citrato sintase catalisa a formação de citrato a partir de acetil-CoA e oxaloacetato. A acetil-CoA é formada a partir da ação da enzima piruvato desidrogenase, atuando sobre
5
C o p y r i g h t ©2 0 1 5E d i t o r aR u b i oL t d a . C o p p i n i . Nu t r i ç ã oeMe t a b o l i s moe mC i r u r g i aMe t a b ó l i c aeB a r i á t r i c a . Al g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .
Fisiologia do Tecido Adiposo
12-03-2015 17:46:55