Gastrostomia Endoscópica Percutânea – Técnicas e Aplicações

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nih.gov/pubmed). Um levantamento com base na expressão percutaneous endoscopic gastrostomy mostrou 1.759 trabalhos publicados com exclusividade sobre GEP. A expressão endoscopic gastrostomy revelou 2.098 trabalhos, enquanto o termo gastrostomy em separado resultou em 4.450 referências.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS GASTROSTOMIAS Gastrostomias cirúrgicas (ou abertas) A gastrostomia é uma das mais antigas cirurgias abdominais ainda em uso. Consiste na colocação de uma sonda no estômago, por meio da criação de um trato fistuloso cirúrgico entre a parede gástrica e a parede abdominal, permitindo a introdução de alimentos diretamente na luz gástrica ou sua descompressão.3,4 A ideia de uma gastrostomia cirúrgica eletiva para alimentação foi proposta a princípio em 1837 por Egeberg, um cirurgião da marinha norueguesa. Desde a descrição da primeira gastrostomia cirúrgica, realizada pelo cirurgião francês Seddilot, primeiro em cães (1845) e depois em um ser humano (1849), todos os casos resultaram em óbito pós-operatório dos pacientes, sempre causado por peritonite. Há controvérsia, na literatura, sobre o autor do primeiro procedimento a ser completado com resultado favorável. As primeiras gastrostomias realizadas com sucesso são creditadas a Jones (1875), Verneuil (1876), Schoenborn (1876) e Trendelemburg (1877).3,5 As três principais técnicas de gastrostomia cirúrgica (ou aberta) hoje utilizadas são as de Witzel (1891), de Stamm (1894) e de Janeway (1913).4,6 Elas apresentam, em comum, a fixação (sutura) da parede gástrica anterior na parede abdominal para reduzir o risco de separação do trato da gastrostomia e o extravasamento intraperitoneal do conteúdo gástrico, mas diferem no modo de construção do trato fistuloso para a passagem da sonda. A realização de gastrostomia cirúrgica implica a necessidade de uma laparotomia, com frequência sob anestesia geral, o que limita seu uso em pacientes cujas condições clínicas sejam precárias.6,7 Embora sejam relativamente simples, as técnicas cirúrgicas de gastrostomia têm um grande potencial para causar complicações que evoluam para complexas e fatais.6

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Gastrostomias endoscópicas Até o final da década de 1970, a principal alternativa para a nutrição enteral em pacientes com contraindicação de gastrostomia cirúrgica era o uso de sonda nasoenteral (SNE) ou sonda nasogástrica (SNG). Entretanto, o uso prolongado ou permanente da SNE está associado a várias complicações, como irritação laríngea, refluxo gastresofágico persistente, esofagite, necrose alar nasal e sinusite.8 Além disso, a sonda tem efeito estético e social insatisfatório e, devido ao seu pequeno calibre, fica obstruída com facilidade e é removida por acidente com frequência.9 Em função da técnica de tração, a GEP teve sua origem conceitual no Children’s Hospital, na Filadélfia (EUA), onde o Dr. Gauderer, cirurgião pediátrico em seu período de treinamento (1976 a 1978), impressionado pelo crescente número de crianças com disfagia encaminhadas para a realização de gastrostomias cirúrgicas, buscava um método alternativo para obtenção de acesso enteral minimamente invasivo e com menor morbidade. Gauderer notou que a insuflação do estômago, durante as endoscopias, determinava uma justa aposição da parede gástrica anterior com a parede abdominal, além de deslocar o fígado lateral e cranialmente e o cólon para baixo. Pela abordagem endoscópica, essa manobra poderia permitir a passagem de um cateter do estômago para o exterior, utilizando a técnica de Seldinger e a realização de uma gastrostomia sem a necessidade de laparotomia.10 Entretanto, foi apenas após sua transferência para Cleveland (Ohio, EUA), em 1978, onde foi trabalhar no Rainbow Babies and Children’s Hospital of University Hospitals, que o Dr. Gauderer pôde colocar em prática o procedimento que havia idealizado. A primeira GEP da história foi realizada no dia 12 de junho de 1979, em um bebê de 4 meses e meio de vida, e teve como auxiliares o Dr. Jeffrey L. Ponsky (endoscopista), o Dr. James Bekeney (cirurgião residente) e o Dr. Robert J. Izant Jr. (chefe da cirurgia pediátrica). O procedimento foi feito sob sedação e analgesia endovenosa (EV), sendo considerado um sucesso.10 O relato da inovadora técnica foi publicado em 1980 e obteve uma grande e imediata divulgação, em particular entre os gastrenterologistas (Figura 1).1 Todavia, o que motivou o Dr. Hashiba, com seu espírito inovador e mestre em técnicas de terapêu-

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